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Doenças do sistema digestivo parte 1

1. Cirrose Hepática

O fígado, maior órgão do corpo humano, é essencial em manter o organismo


funcionando adequadamente. Ele remove ou neutraliza toxinas do sangue,
produz agentes imunológicos para controlar infecções e remove germes e
bactérias da circulação. Além disto, produz proteínas que regulam a coagulação
do sangue e produz bile para ajudar na absorção de gorduras e vitaminas. A vida
não é possível sem um fígado funcionante.

Na cirrose, um tecido fibroso substitui o tecido hepático normal, bloqueando o


fluxo sanguíneo através do órgão e impedindo que o fígado exerça suas funções
como deveria. A cirrose é uma doença com altos custos em termos de
sofrimento, perda de produtividade e tratamento, além de ser a oitava causa mais
frequente de morte por doenças nos Estados Unidos.

Causas

A cirrose hepática tem várias causas. O alcoolismo e a hepatite C são as mais


frequentes em nosso meio.

Doença hepática alcoólica: Para muitas pessoas, cirrose é sinônimo de


alcoolismo. Na verdade, o abuso alcoólico crônico é apenas uma de suas
causas. A cirrose hepática alcoólica geralmente se desenvolve depois de mais
de uma década de etilismo pesado. A quantidade de álcool que pode danificar o
fígado varia muito de pessoa para pessoa. Em mulheres, beber tão pouco quanto
duas a três doses de bebida por dia tem sido considerado suficiente para
desenvolver a doença. Em homens, três a quatro doses. É importante lembrar
que não há relação entre embriaguez e dano hepático. Ou seja, o fato de a
pessoa não ficar embriagada não significa que seu fígado não esteja sofrendo.

Hepatite crônica C: É uma das causas mais frequentes de cirrose, ao lado da


doença hepática alcoólica. A infecção por este vírus causa inflamação e danos
de forma lentamente progressiva ao fígado, o que após vários anos pode levar
à cirrose.

Hepatites crônicas B e D: O vírus da hepatite B é provavelmente a causa mais comum de


cirrose se considerarmos o mundo inteiro. É frequente principalmente no Oriente. A hepatite
B, como a C, causa inflamação e danos que ao longo dos anos pode levar à cirrose. O vírus da

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hepatite D é mais um vírus que infecta o fígado, e ocorre somente em pessoas


que já possuem o vírus B.
Hepatite autoimune: Este tipo de hepatite é causado por problemas no sistema
imune.

Doenças herdadas: Deficiência de alfa-1 antitripsina, hemocromatose,


doença de Wilson, galactosemia e doenças do armazenamento do glicogênio
estão entre as doenças herdadas que interferem com a maneira como o fígado
produz, processa e armazena enzimas, proteínas, minerais e outras substâncias
de que o corpo necessita para funcionar adequadamente.

Esteato-hepatite não alcoólica: Na esteato-hepatite, há um acúmulo de gorduras


no fígado. Isto pode inflamá-lo e levar à formação de tecido fibroso – que, com o
tempo, pode levar à cirrose. Este tipo de hepatite parece estar associado com
diabetes, obesidade e excesso de colesterol no sangue, entre outras condições.

Obstrução dos ductos biliares: Quando os ductos que levam a bile para fora do
fígado estão bloqueados, a bile fica estagnada e pode danificar o tecido hepático.
Em bebês, esta obstrução é mais comumente causada por atresia biliar, uma
doença na qual os ductos biliares estão ausentes ou danificados. Em adultos, a
causa mais frequente é a cirrose biliar primária, uma doença na qual os ductos
se tornam inflamados, bloqueados e fibrosados. A cirrose biliar secundária pode
acontecer depois de uma cirurgia de vesícula biliar, se os ductos forem
inadvertidamente lesados.

Drogas, toxinas, e infecções: Reações intensas a medicamentos, exposição


prolongada a toxinas presentes no meio ambiente, e congestão hepática
prolongada (por exemplo em casos de insuficiência cardíaca) podem levar à
cirrose.

Sintomas

Muitas pessoas com cirrose, nos estágios iniciais da doença, são


assintomáticas. Entretanto, com a progressão da substituição das células
normais do fígado pela fibrose, a função do órgão começa a ser afetada e o
indivíduo pode apresentar os seguintes sintomas:

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✓ Exaustão
✓ Fadiga
✓ perda do apetite
✓ náusea
✓ fraqueza
✓ perda de peso

À medida que a doença avança, complicações podem aparecer. Em algumas


pessoas, elas podem ser os primeiros sinais da doença.

Complicações da Cirrose

A perda da função hepática afeta o organismo de diversas maneiras. A seguir,


estão problemas comuns, ou complicações, causados pela cirrose.
Edema e ascite: Quando o fígado perde a capacidade de produzir uma proteína
chamada albumina em quantidade suficiente, líquido se acumula nas pernas
(edema) e na cavidade abdominal (ascite).
Sangramentos: Quando o fígado diminui a produção de proteínas necessárias
para a coagulação do sangue, o indivíduo passa a apresentar sangramentos e
equimoses (“roxos”) com mais facilidade.
Icterícia: Icterícia é um tom amarelado dos olhos e da pele que aparece quando
o fígado não consegue mais processar e eliminar as bilirrubinas de maneira
eficiente.
Prurido: Produtos da bile depositados na pele podem causar prurido intenso
(coceira).

Toxinas no sangue ou cérebro: Um fígado danificado não consegue remover


toxinas do sangue, causando seu acúmulo na circulação. Isto pode perturbar o
funcionamento do sistema nervoso central, causando mudanças de
personalidade, coma e até mesmo a morte. Sinais do acúmulo de toxinas no
cérebro incluem perda do cuidado pessoal, esquecimentos, problemas de
concentração, mudanças no padrão de sono e confusão mental.

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Sensibilidade às medicações: A cirrose diminui a capacidade do fígado de “filtrar”


os medicamentos do sangue. Como o fígado não remove as drogas da
circulação na velocidade habitual, elas agem por mais tempo do que o esperado
e podem se acumular no organismo. Isto torna as pessoas mais sensíveis aos
medicamentos e mais propensas a apresentarem efeitos colaterais.

Hipertensão portal: Normalmente, o sangue proveniente dos intestinos e do baço


é levado ao fígado pela veia porta. No entanto, a cirrose dificulta o fluxo de
sangue através desta veia, aumentando a pressão dentro dela. Esta condição é
denominada hipertensão portal.

Varizes de esôfago: Quando o fluxo de sangue através da veia porta está


dificultado, o sangue proveniente do baço e dos intestinos é desviado para outras
veias, que passam pelo estômago e pelo esôfago. Como estas veias não foram
“projetadas” para receber tanto sangue, elas acabam por se dilatar, formando
varizes. O problema é que estas varizes podem se romper, causando
hemorragias graves, com elevada taxa de mortalidade.

Problemas em outros órgãos: A cirrose causa problemas no sistema imune,


deixando a pessoa mais vulnerável a infecções. O fluido no abdome (ascite)
pode se infectar com bactérias normalmente presentes nos intestinos. A doença
pode também causar alterações na função dos rins – levando até mesmo à
insuficiência renal.

Diagnóstico

O médico pode diagnosticar cirrose com base nos sintomas, exames


complementares, pela história médica do paciente, e pelo exame físico. Por
exemplo, durante o exame físico, o médico pode perceber que o fígado está
maior ou mais endurecido do que o habitual e pedir exames de sangue que
demonstrarão se há doença hepática presente.

Exames de imagem como ultrassonografia, tomografia computadorizada podem


trazer dados adicionais, assim como a inspeção do fígado através da
videolaparoscopia. O diagnóstico pode ser confirmado pela realização de uma
biópsia hepática ou de testes não invasivos como a elastografia.

Tratamento

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O dano hepático da cirrose geralmente é pouco reversível, mas o tratamento


pode interromper a progressão da doença e reduzir suas complicações. O
tratamento dependerá da causa da cirrose e das complicações presentes. Por
exemplo: cirrose causada pelo álcool é tratada pela cessação do consumo de
álcool.

Tratamento de cirrose decorrente de hepatites envolve medicamentos usados


para o tratamento destas, como antivirais para hepatites por vírus e corticóides
para hepatite auto-imune. Ou seja, o tratamento dependerá da cusa subjacente.
Em todos os casos, independente da causa, seguir uma dieta saudável e editar
o álcool são essenciais, pois o corpo necessita de todos os nutrientes que puder
obter, e o álcool levará apenas a mais dano hepático.

O manejo das complicações, quando presentes, também faz parte do


tratamento. Por exemplo, para ascite e edema, o médico poderá recomendar
uma dieta pobre em sódio e o uso de diuréticos, que retirarão fluidos do
organismo. Antibióticos serão prescritos para infecções, e vários medicamentos
podem aliviar o prurido.

Proteínas levam à formação de toxinas no aparelho digestivo, e por isto uma


dieta pobre em proteínas ajudará a diminuir o acúmulo de toxinas na circulação
e no cérebro. O médico poderá também prescrever laxantes para evitar a
absorção de toxinas a partir dos intestinos.

Para a hipertensão portal, poderão ser prescritos medicamentos que diminuem


a pressão no sistema porta, como beta-bloqueadores. Se as varizes sangrarem,
pode ser realizado tratamento endoscópico com esclerose ou ligadura elástica.
Estes tratamentos estarão indicados tanto para fazer parar o sangramento
quanto para prevenir ressangramentos.

Quando não se consegue controlar as complicações ou quando o fígado foi


danificado a ponto de sua função se tornar gravemente comprometida, um
transplante hepático estará indicado. No transplante, o fígado doente é removido
e substituído por um sadio. Atualmente, de 80 a 90% das pessoas sobrevivem
ao transplante.

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As taxas de sobrevivência têm melhorado muito nos últimos anos em virtude do


uso de drogas como a ciclosporina e o tacrolimus, que suprimem o sistema
imune e impedem que ele ataque e danifique o novo fígado.

2. Colelitíase

Colelitíase é o termo médico que significa a presença de cálculos na vesícula


biliar (as chamadas "pedras na vesícula"). Os cálculos biliares se formam quando
o líquido armazenado na vesícula biliar se cristaliza em um material semelhante
a uma pequena pedra.

A bile contém água, colesterol, gordura, sais biliares, proteínas e bilirrubina. Os


sais biliares desmancham as gorduras, e a bilirrubina confere às fezes sua
coloração característica. Se o líquido biliar contiver muito colesterol ou
bilirrubina, sob algumas condições ele pode se solidificar formando os cálculos.
Os dois tipos de cálculos biliares são os cálculos de colesterol e os pigmentares.
Os de colesterol são geralmente amarelo-esverdeados e são formados
basicamente de colesterol cristalizado. Compreendem cerca de 80% dos
cálculos. Os cálculos pigmentares são pequenos e escurecidos, compostos por
bilirrubina.

Os cálculos podem ser pequenos como um grão de areia até grandes como uma
bola de golfe. Na vesícula podem se desenvolver apenas um grande cálculo,
centenas de cálculos pequenos, ou qualquer combinação destes.
O diagnóstico do problema pode ser feito através de exames de imagem, mais
frequentemente o ultrassom.

Fatores de Risco

❖ Sexo feminino
❖ Idade acima de 60 anos
❖ Obesidade
❖ Gestações
❖ Dieta rica em gorduras / colesterol e pobre em fibras
❖ Pessoas com histórico familiar de pedras na vesícula
❖ Diabetes
❖ Perda rápida de peso

Sintomas estão associados à colelitíase

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Os sintomas decorrentes dos cálculos biliares são freqüentemente chamados de


"crise" de cólica biliar pois ocorrem subitamente. Decorrem habitualmente da
obstrução transitória do canal de saída da vesícula (o ducto cístico) por um cálculo. Um
ataque típico pode causar:
❖ Dor persistente no abdome superior (geralmente do meio para a direita)
que aumenta rapidamente de intensidade e dura de 30 minutos a várias
horas
❖ Dor nas costas, entre as escápulas
❖ Dor no ombro direito
❖ Náuseas e vômitos

Os ataques freqüentemente se seguem a refeições gordurosas, e podem ocorrer à noite.

Muitas pessoas com cálculos biliares não têm sintomas. São os chamados
"cálculos silenciosos". Eles não interferem no funcionamento da vesícula, fígado
ou pâncreas. O médico decidirá se há necessidade de tratamento nestes casos
- na maioria das vezes, o tratamento é desnecessário.

Possíveis complicações

Numa minoria dos casos, os cálculos podem obstruir o fluxo normal de bile se
eles se alojarem em qualquer dos ductos que levam a bile do fígado ao duodeno.
Isto inclui os ductos hepáticos, que trazem a bile do fígado; o ducto cístico, que
leva bile à vesícula e pelo qual ela se esvazia; e o ducto biliar comum (ou
colédoco), que leva a bile ao duodeno.

A obstrução destes ductos pode levar a inflamação de diferentes partes do


sistema biliar. O ducto pancreático se une ao colédoco próximo ao duodeno,
onde eles desembocam num orifício comum - a papila. Se o cálculo bloquear a
saída do ducto pancreático, as enzimas pancreáticas ficam "aprisionadas" no
pâncreas, causando uma doença potencialmente grave chamada pancreatite
aguda.

Se qualquer destes ductos persistir bloqueado por um período significante de


tempo, pode ocorrer a infecção das estruturas do sistema biliar - o que pode ser

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grave e até mesmo fatal. Sinais de alarme de problemas sérios são febre,
icterícia e dor persistente.

Tratamento

Cálculos assintomáticos ("silenciosos") não requerem tratamento habitualmente.


Para pessoas com doença sintomática, há dois métodos cirúrgicos para remoção
da vesícula e seus cálculos, sob anestesia geral:
Colecistectomia aberta: é o tratamento cirúrgico clássico. Este procedimento
requer uma incisão no abdome. O paciente permanece no hospital por cinco a
sete dias em recuperação.

Colecistectomia videolaparoscópica: é o tratamento cirúrgico atual, em que a


vesícula é removida através de uma pequena incisão abdominal usando um tubo
com iluminação. O cirurgião vê o procedimento inteiro através de um monitor de
televisão. Como não há cortes grandes através da musculatura da parede
abdominal, o período de recuperação é consideravelmente menor.

Quando há cálculos nas vias biliares, o tratamento pode incluir a endoscopia,


através de um procedimento chamado Colangiopancreatografia Endoscópica
Retrógrada.

As pessoas não precisam de suas vesículas?

Felizmente, a vesícula não é um órgão vital. Perdê-la não irá requerer nem uma
mudança na dieta. Uma vez que a vesícula é retirada, a bile flui diretamente do
fígado ao duodeno pelos ductos biliares, ao invés de ficar armazenada na
vesícula.

Entretanto, como não há o armazenamento, ela flui com maior freqüência ao


intestino e sem sincronia com a passagem de alimentos, causando diarréia em
alguns casos.

3. Colangite Biliar Primária

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A Colangite Biliar Primária (CBP) é uma doença que lentamente destrói os


ductos biliares no fígado. A bile, substância que ajuda a digerir as gorduras, deixa
o fígado através destes ductos. Quando os ductos estão danificados, a bile se
acumula no fígado e causa lesões ao tecido hepático. Ao longo do tempo, a
doença pode levar à cirrose e à insuficiência hepática.

A causa da CBP é desconhecida. A doença afeta principalmente mulheres,e


geralmente ocorre entre os 30 e os 60 anos de idade. Algumas pesquisas
sugerem que a doença poderia ser causada por um problema no sistema imune.
O anticorpo anti-mitocôndria está presente em 90% dos casos, e muitas vezes
há outros problemas auto-imunes associados.

No início, a doença é assintomática. Os sintomas que podem aparecer mais


comumente são prurido (coceira) e fadiga. Outros sintomas incluem icterícia
(coloração amarelada dos olhos e da pele), depósitos de colesterol na pele,
retenção de líquidos, e boca e/ou olhos secos. Algumas pessoas com CBP
também apresentam osteoporose, artrite e problemas de tireóide.

A CBP é diagnosticada através de exames laboratoriais. Algumas vezes a


biópsia hepática pode ser necessária. O tratamento envolve o uso de ácido
ursodesoxicólico, que pode controlar a doença (mas não a cura). São também
empregados vitaminas e suplementos de cálcio e remédios para alívio dos
sintomas. O transplante hepático pode ser necessário se o fígado estiver
intensamente danificado.

4. Constipação:
Constipação (obstipação, intestino "preso" ou "ressecado") refere-se a uma
condição em que a freqüência de evacuações é baixa, com fezes
freqüentemente endurecidas e secas.

Isto geralmente decorre de absorção excessiva de água a partir das fezes, em


virtude da passagem lenta do bolo fecal pelo cólon. Qualquer alteração ou desvio
da rotina normal pode resultar em alteração do hábito intestinal.

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Certos medicamentos, incluindo ferro, analgésicos opiáceos, alguns anti-


hipertensivos e muitos outros podem produzir constipação.
Muitas pessoas na verdade acham que tem constipação quando na verdade o
ritmo intestinal é normal. Por exemplo, acham que é necessário evacuar todos
os dias, e caso isto não ocorra procuram ajuda médica ou automedicam-se.
Considera-se ritmo intestinal normal, as evacuações numa freqüência de três
vezes por semana até três vezes por dia. Além disto existem pessoas que por
natureza apresentam as fezes mais endurecidas, sem com isto caracterizar
constipação.
Por vezes, todos nós apresentamos curtos períodos de constipação, seja por
causa da dieta pobre ou sedentarismo (ausência de exercício).
A maioria das pessoas constipadas são mulheres e com idade acima dos 50
anos. A gravidez pode favorecer a constipação, um problema comum após o
parto e cirurgias .

outros sintomas:

As pessoas com constipação freqüentemente reclamam de empachamento. Elas


também podem notar pressão retal ou desconforto. "Gases", distensão
abdominal e a sensação de evacuação incompleta também são queixas
freqüentes.

O que mais eu devo saber sobre constipação?


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Um erro comum é ingerir grandes quantidades de fibras quando o corpo não está
acostumado a isto. Neste caso, alguns defeitos colaterais (principalmente
"gases") podem aparecer e desencorajá-lo no tratamento.

Evite laxativos estimulantes (óleo mineral, bisacodil, etc). Um supositório ou um


enema (medicação administrada via retal) são melhores se a constipação se
tornar acentuada. Lembre que a constipação é um efeito colateral de vários
medicamentos comumente utilizados, e isto pode ser revisto com seu médico.

Estas medidas simples geralmente trazem um resultado satisfatório.


Trate bem seu aparelho digestivo, e ele será legal com você .

O que causa a constipação?

Para entender constipação, é fundamental conhecer como o cólon


(intestino grosso) trabalha. Ao chegar no início do cólon, as fezes apresentam-
se como uma pasta líquida (conteúdo de 90% água).

Com os movimentos da parede muscular do intestino (peristalse), esta pasta é


compactada, e principalmente, a água é absorvida. São os movimentos
peristálticos que empurram as fezes em direção da saída (reto).

Fezes endurecidas e secas típicas da constipação ocorrem quando a peristalse


está muito lenta e o intestino absorve muita água. Causas comuns de
constipação:Baixa ingesta de fibra.
✓ Baixa ingesta de água.
✓ Sedentarismo.
✓ Medicamentos.
✓ Síndrome do Intestino irritável.
✓ Mudanças no estilo de vida, viagem, idade.
✓ Gravidez.
✓ Uso abusivo de laxantes.
✓ Não respeitar o reflexo (vontade) de evacuar.
✓ Acidente vascular cerebral.

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✓ AVC (derrame cerebral)


✓ Problemas do cólon e reto.
✓ Baixa ingestão de fibra.
A causa mais comum de constipação é a baixa ingesta de alimentos com fibras
e o grande consumo de gorduras.

As fibras, tanto solúveis como insolúveis, fazem parte das frutas, vegetais e
cereais. Elas não são digeridas e também não são absorvidas pelo intestino
delgado (órgão especializado na absorção dos nutrientes).

As fibras solúveis dissolvem na água tornando-se macia e pastosa. Já as


insolúveis passam através do intestino sem alterar muito sua forma. Além disto,
a fibra tem a capacidade de reter água, fazendo com que o bolo fecal tenha
aspecto macio e volumoso. Isto ajuda a prevenir que as fezes tornem-se duras
e secas, facilitando seu transporte.

Baixa ingestão de líquido.


Líquidos adicionam água ao intestino e incrementam o bolo fecal, tornando os
movimentos peristálticos mais fáceis e eficientes. Já bebidas contendo cafeína
e álcool apresentam efeito desidratante.

Sedentarismo
Ausência de atividade física favorece a constipação, embora não se saiba
especificamente por quê. Por exemplo, é muito comum a constipação em
pessoas que ficam acamadas por longo tempo e não podem se exercitar.

Medicações

Alguns medicamentos podem causar constipação:


✓ Analgésicos (especialmente narcótico).
✓ Antiácidos a base de alumínio e cálcio.
✓ Antihipertensivos (bloqueadores do canal de cálcio).
✓ Medicamento para o Mal de Parkinson.
✓ Antiespasmódicos.
✓ Antidepressivos.
✓ Suplementos de ferro.

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✓ Diuréticos.
✓ Anticonvulsivantes.

Síndrome do Intestino Irritável (SII)

Pessoas com a SII, tem dificuldade na evacuação devido a episódios de


espasmo do intestino que acaba atrapalhando o movimento de propulsão das
fezes. Alteração entre diarréia e constipação, distenção abdominal, flatulência
também são outros sintomas.

Embora os sintomas possam atrapalhar a qualidade de vida, jamais evoluem


para alguma doença que ponha em risco a vida. Geralmente piora com o período
de estress, ansiedade, entretanto não há nenhuma alteração encontrada em
exames de sangue, fezes, exames de imagem, colonoscopia ou mesmo biópsia.

Alteração na rotina de vida

Durante o período de gravidez, a mulher pode tornar-se constipada devido a


alterações hormonais e pela compressão do útero aumentado de tamanho sobre
o intestino grosso.
Idade avançada também afeta a regularidade do cólon pois geralmente cursa
com diminuição do metabolismo e com isto diminuição da atividade do cólon e
tônus muscular.
Além disto, pessoas frequentemente têm dificuldade na evacuação ao viajar em
virtude da mudança de rotina, horário e alimentação.

Uso abusivo de laxantes

Mitos sobre constipação levam ao uso abusivo de laxantes. Isto é frequente em


pessoas que têm a preocupação do dever de evacuar diariamente.

Laxativos não são de maneira geral necessários e podem acabar por tornar-se
um hábito. O intestino grosso acaba por depender do uso de laxantes para ter
seus movimentos peristáticos.

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Com o tempo, os laxantes podem danificar as células nervosas da parede


intestinal responsáveis pela coordenação dos movimentos, interferindo com a
capacidade normal de contração do cólon (peristalse).
Da mesma maneira, o uso constante de enemas pode levar a perda da função
normal do cólon.

Ignorar o reflexo (vontade) de evacuar


Pessoas que ignoram a vontade de evacuar podem eventualmente parar de
sentir este reflexo, tornando-se constipada. Alguns têm dificuldade de evacuar
em banheiros fora de casa, outros não vão ao banheiro por que estão ocupados
ou por estress emocional. Tudo isto acaba por atrapalhar o hábito intestinal
regular.
Doenças específicas

Doenças que causam constipação incluem alterações neurológicas, metabólicas


e endócrinas e outras doenças sistêmicas que acabam por alterar o
funcionamento global do organismo. Estas alterações diminuem a
movimentação das fezes através do cólon, reto e ânus.
Segue a relação destas alterações:
✓ Alterações neurológicas
✓ Esclerose múltipla
✓ Doença de Parkinson
✓ Pseudo - obstrução intestinal idiopática
✓ Acidente vascular cerebral (derrame cerebral)
✓ Esclerose múltipla
✓ Lesões na medula espinhal
✓ Alterações metabólicas e endócrinas
✓ Diabetes
✓ Doenças da tireóide (Hiper ou hipotireoidismo)
✓ Uremia (mau funcionamento dos rins)
✓ Hipercalcemia (excesso de cálcio)
✓ Alterações sistêmicas
✓ Amiloidose
✓ Lúpus eritematoso sistêmico

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✓ Esclerodermia
✓ Problemas com o cólon e o reto.

Obstrução intestinal, aderência, diverticulose, tumores, estenose coloretal


(estreitamento do intestino) e doença de Hirschsprung.

Problemas com a função intestinal (Constipação intestinal crônica idiopática)

Algumas pessoas têm constipação intestinal que não responde ao tratamento


convencional. Esta condição rara, conhecida como constipação idiopática
(origem desconhecida) pode estar relacionada com problemas na função
intestinal (movimentos) decorrente da desregulação hormonal ou com o sistema
de nervos e músculos responsáveis por toda função motora do órgão. Esta
constipação dita funcional atinge todas as idades, sendo mais freqüente nas
mulheres.

Inércia colônica e trânsito intestinal lento (retardado) são dois tipos de


constipação funcional causados pela diminuição da atividade muscular. Estas
alterações podem afetar todo o intestino grosso ou apenas sua parte final (cólon
sigmóide).

Os quadros de constipação funcional decorrente de alterações ao nível de reto


e ânus são conhecidas por alterações anoretais ou anismus. Estas alterações
tendem ao não relaxamento da musculatura anoretal, responsáveis pela
permissão da passagem das fezes nas evacuações.
A consulta deve ser considerada quando ocorre qualquer mudança sustentada
no hábito intestinal. Outros sintomas que indicam uma consulta sao: perda de
peso, dor abdominal severa ou sangramento retal. Estes sintomas podem estar
sinalizando algum problema mais sério.
Muitas doenças comuns de nosso sistema endócrino também podem levar à
mudança no ritmo intestinal (diabetes e problemas na tireóide, por exemplo).

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