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Análises clínicas: o glossário:

Ácido úrico
Este composto é o produto da metabolização de proteínas. O aumento da
concentração de ácido úrico no sangue (hiperuricemia) pode surgir em
consequência de doenças metabólicas ou renais, da ingestão de alimentos
ricos em proteínas, como efeito secundário da administração de alguns
fármacos ou excesso de ingestão de álcool, entre outras. A hiperuricemia está
associada à gota e ao aparecimento de cálculos renais.

Albumina
É a proteína mais abundante no sangue. Regula a pressão osmótica e serve de
transportadora para várias hormonas. Um défice desta proteína pode indicar
uma nutrição desadequada e, como é sintetizada no fígado, o seu valor pode
estar alterado nos casos de doença hepática.

Colesterol
É uma molécula esteroide encontrada em todas as células do organismo. O
colesterol é essencial para a formação das membranas celulares, síntese de
hormonas, digestão das gorduras, produção de bílis, metabolização de
vitaminas A, D, E e K, entre outras funções. O colesterol que se encontra no
organismo tem duas origens possíveis: produção endógena pelo fígado ou
obtido através da alimentação. O colesterol doseado mais frequentemente nas
análises clínicas é o LDL (Low Density Lipoprotein), o HDL (High Density
Lipoprotein) e o colesterol total. Ao HDL é atribuído um papel
protetor. Contrariamente, níveis elevados de LDL podem contribuir para a
formação e desenvolvimento de placas ateromatosas nas paredes das
artérias - aterosclerose. Estas conduzem progressivamente à diminuição do
diâmetro do vaso, podendo chegar à obstrução total e consequente isquemia
dos respetivos órgãos afetados.

Creatinina
É um indicador importante da função renal pelo facto de a creatinina ser
produzida de forma constante pelos músculos e eliminada através dos rins. A
insuficiência renal causa aumento de creatinina sérica, pois esta não é
eliminada nas quantidades normais e acumula-se no sangue.

Eletrólitos
São minerais com carga elétrica que se encontram nos tecidos e sangue do
organismo sob a forma de sais dissolvidos. Mantêm um equilíbrio hídrico
saudável e ajudam a estabilizar o nível de pH no organismo. O ionograma
sérico determina a concentração dos iões: Sódio (Na+), Potássio (K+) e Cloro
(Cl-), que provêm da alimentação sendo excretados através dos rins. O médico
pode ainda solicitar o doseamento do cálcio, do fósforo e do magnésio. Os
eletrólitos são utilizados na avaliação dos doentes com pressão arterial
elevada, insuficiência cardíaca, doença hepática e renal.

Glicose
A determinação da glicemia constitui o exame laboratorial mais frequente no
diagnóstico e tratamento da diabetes mellitus. Um valor de glicemia em jejum ≥
126 mg/dl (ou ≥ 7,0 mmol/l) é muito sugestivo de diabetes. No entanto, o
diagnóstico numa pessoa assintomática não deve ser realizado tendo como
base um único valor anormal de glicemia de jejum, devendo ser confirmado
numa segunda análise, após uma a duas semanas.

A monitorização da glicemia é fundamental no doente diabético, pois valores


persistentemente elevados podem conduzir a complicações, tais como a
retinopatia diabética e a nefropatia diabética, entre outras. A hipoglicemia (valor
baixo de glicose no sangue) é uma situação aguda, que se manifesta através
de sintomas que podem incluir desorientação, dificuldade em falar, confusão,
tremores e fadiga, perda de consciência e que em casos extremos pode
mesmo levar à morte.

O risco de hipoglicemia é maior em diabéticos que comeram menos do que é


habitual ou que ingeriram bebidas alcoólicas e tomaram a medicação
antidiabética prescrita. Entre outras possíveis causas estão a insuficiência
renal, doenças hepáticas, hipotiroidismo e infeções graves.

Hemograma
É uma análise ao sangue que identifica o número de glóbulos vermelhos
(hemácias ou eritrócitos), de glóbulos brancos (ou leucócitos) e de plaquetas, e
que os caracteriza. Salientam-se alguns dados mais relevantes:

 Eritrócitos: Traduz o número de glóbulos vermelhos.


 Hemoglobina: É uma proteína que se encontra no interior dos
eritrócitos, responsável pelo transporte de oxigénio e é a forma mais
precisa de avaliar uma anemia.
 Volume Globular Médio (VGM): Mede o tamanho dos glóbulos
vermelhos. Um VGM elevado indica hemácias grandes. Este dado
ajuda a diferenciar os vários tipos de anemia. Por exemplo, anemias
por carência de ácido fólico apresentam hemácias grandes, anemias
por carência de ferro apresentam hemácias pequenas.
 Leucócitos: São as células de defesa responsáveis por combater as
infeções e que fazem parte do nosso sistema imunitário. Incluem
vários tipos de células, tais como os neutrófilos (em média cerca de
45% a 75% dos leucócitos em circulação. São especializados no
combate a bactérias), os eosinófilos (responsáveis pelo combate de
parasitas e pelo mecanismo de alergia), os basófilos (um aumento
dos seus níveis indica processos alérgicos e estados de inflamação
crónica), os monócitos e os linfócitos. Os linfócitos são responsáveis
pela produção dos anticorpos. São o segundo grupo de leucócitos
mais comum em circulação, mas nos casos de infeção viral podem
ultrapassar o número de neutrófilos (inversão da fórmula leucocitária).
 Plaquetas: São as células que intervêm no processo de hemóstase,
agrupando-se no local da lesão e formando um trombo com o objetivo
de parar a hemorragia. Quando existe um valor baixo de plaquetas
(trombocitopenia) podem surgir hematomas e hemorragias
espontâneas. Ao aumento dos níveis de plaquetas dá-se o nome de
trombocitose.

Serologias virais
As mais frequentemente solicitadas são as da hepatite B e C e do vírus da
imunodeficiência humana (VIH). O teste ao VIH só deteta uma infeção pelo
VIHcom certeza decorridos três meses que se seguem ao comportamento de
risco. Se fizer o teste antes do final dos três meses (que se recomenda que
aguarde), pode acontecer que seja ainda muito cedo para ter resultados fiáveis:
um resultado (ainda) negativo, pode na realidade tornar-se positivo se repetido
depois do período de três meses.

Ureia
É o principal produto do catabolismo das proteínas; forma-se principalmente no
fígado, sendo filtrada pelos rins e eliminada sobretudo na urina. Se o
funcionamento do rim estiver comprometido, como acontece por exemplo na
doença renal crónica, a ureia tem tendência a acumular-se no sangue e o seu
valor surge aumentado. A ureia pode estar alterada em casos de desidratação,
uso de diuréticos, ou hemorragia digestiva, entre outras causas.

Urina
A análise sumária à urina inclui a avaliação de características gerais, como a
cor, o aspeto e o pH. A densidade urinária traduz a capacidade do rim para
concentrar ou diluir e o nível de hidratação. É também documentada a
presença de elementos anormais.

 Proteínas: A deteção de uma quantidade anormal de proteínas na urina


(proteinúria) é um indicador de doença renal, mas também pode ser
transitória; na gravidez ou associada a exercício intenso.
 Glicosúria: A glicosúria (glicose na urina) pode surgir na diabetes
mellitus, na gravidez, ou em casos de disfunção tubular renal.
 Corpos cetónicos: A cetonúria (corpos cetónicos na urina) pode surgir
na diabetes e ainda em situações de febre, após exercício físico
intenso ou exposição ao frio e em dietas com restrição aos hidratos de
carbono ou jejum prolongado. Os corpos cetónicos resultam do
metabolismo dos ácidos gordos, quando estes são utilizados para
compensar e satisfazer as necessidades energéticas do organismo.
 Bilirrubina A presença de bilirrubina na urina sugere que possa existir
obstrução ao fluxo de bílis (colestase) ou uma alteração do
metabolismo hepático.
 Urobilogénio Um aumento da excreção de urobilogénio na urina pode
estar associado a algumas anemias, a patologia hepática ou nos
quadros de febre e de desidratação.
 Leucócitos: A sua presença pode indicar infeção ou inflamação em
algum ponto do trato urinário. A confirmação de uma infeção
bacteriana deve ser efetuada com a análise bacteriológica de uma
amostra de urina.  

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