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Gordura no fígado: sintomas, tratamentos,

dieta e mais
Popularmente conhecida como “gordura no fígado”, a esteatose hepática é uma doença crônica do
fígado muito comum e que vem acometendo um número cada vez maior de pessoas.

Confira os principais assuntos do nosso artigo:

É claro que esse número de casos vem crescendo devido às solicitações ultrassonográficas de abdômen
com maior frequência por parte dos médicos, um exame de imagem que costuma detectar o problema,
mas também pelo aumento da obesidade da população (cerca de 80% dos pacientes com gordura no
fígado são obesos), assunto que vamos falar no decorrer do artigo.

O problema da gordura no fígado é que, com o tempo, seu acúmulo pode causar um processo de
inflamação no corpo, que se não for identificado e tratado, pode evoluir para um quadro de cirrose.

Neste artigo você vai entender melhor o que é a esteatose hepática, quais são as causas, fatores de risco,
sintomas, possíveis complicações, medicamentos, dieta, entre outros. Acompanhe!

O que é esteatose hepática?

A esteatose hepática ocorre quando as células de gordura (triglicérides) penetram as células do fígado,
por isso o nome popular “gordura no fígado”. Com essa penetração em excesso, o fígado se torna pesado
e volumoso.

Vale lembrar que um fígado saudável também é composto por gordura como colesterol, ácidos graxos e
até mesmo os triglicérides. O grande problema é o excesso dessa gordura: quando superior a 5%, o
fígado já se encontra com o teor de gordura fora do normal, ocorrendo a esteatose hepática.

A boa notícia é que para reverter esse quadro, a mudança de estilo de vida pode ser uma grande aliada,
como veremos adiante no artigo.

Causas: o que causa gordura no fígado?


A doença é dividida em dois tipos de acordo com suas causas: esteatose hepática alcoólica e esteatose
hepática não alcoólica.

Esteatose hepática alcoólica:


Como o próprio nome já diz, é causada pelo consumo de álcool em excesso. Alcoólatras são pessoas
propensas a desenvolverem esse quadro.

Nosso fígado é capaz de metabolizar as moléculas de etanol (álcool) para expulsar a substância do nosso
organismo, mas quando ingerido em grande quantidade ou em um curto espaço de tempo, os
subprodutos do processo ficam concentrados e causam toxicidade para as células hepáticas.

Com o tempo, as funções do órgão ficam comprometidas.

Esteatose hepática não alcoólica:


A causa majoritária desse quadro é a má alimentação, que causa sobrepeso e obesidade. Quanto maior o
sobrepeso, maior o risco de se contrair esteatose hepática não alcoólica.

Outras doenças estão ligadas à essa causa, como diabetes, colesterol alto, triglicérides alto, hepatites
virais e inflamações crônicas no fígado.

A doença também pode ser causada por sedentarismo e perda ou ganho muito rápido de peso.

Fatores de risco para gordura no fígado


O corpo feminino produz naturalmente o hormônio estrógeno, o que facilita o acúmulo de gordura no
fígado, logo, as mulheres podem correr o risco um pouco maior de desenvolver a esteatose hepática.

O consumo excessivo de álcool também é um fator de risco não só para a esteatose hepática, mas para
outras doenças no fígado.

A tendência à obesidade, diabetes e o colesterol alto são heranças genéticas que podem oferecer risco de
gordura no fígado. A dependência de álcool também entra na lista.

O uso de medicamentos como corticosteroides, tamoxifeno, estrógeno e amiodarona, por exemplo,


também oferecem risco, uma vez que eles causam lesões no fígado que, consequentemente, evoluirão
para um quadro de esteatose hepática.

Alguns outros fatores de risco:

• Síndrome do ovário policístico


• Uso de esteroides anabolizantes;
• Hipotireoidismo;
• Hipogonadismo;
• Síndrome metabólica;
• Lipodistrofia;
• Apneia do sono;
• Hepatite crônica pelo vírus C.

Gordura no fígado: sintomas


O diagnóstico da esteatose hepática costuma ser feito apenas acidentalmente através de exames de
imagem solicitados para outros fins, uma vez que todos os pacientes não apresentam sintomas. Ou seja,
a gordura no fígado é uma doença silenciosa.

Entretanto, quando surgem, alguns pacientes relatam que possuem fadiga e desconforto no lado direito
superior do abdômen, mas não existem evidências de que esses sintomas são decorrentes da esteatose
hepática.

Pode haver o aumento do tamanho do fígado em alguns pacientes com a doença.

Complicações
Quando não tratada, a esteatose hepática pode evoluir para uma inflamação no fígado conhecida como
“esteato-hepatite”, e quando essa inflamação também não é tratada, pode evoluir para um quadro de
cirrose hepática.

Caso a cirrose continue avançando, existem casos onde é necessário fazer um transplante de fígado.

A cirrose também é um fator de risco para o câncer de fígado, que causa dor abdominal e deixa a pele e
os olhos amarelados

Diagnóstico de gordura no fígado


Como comentamos há pouco, o diagnóstico costuma ser feito de forma acidental ao realizar outros
exames como o ultrassom abdominal.

Apesar de ser possível fazer uma biópsia, esta costuma ser deixada para pacientes com indicação de
cirurgia, devido a sinais de lesões no fígado. Pacientes com esteatose hepática leve, dificilmente farão
uma biópsia.

É possível fazer a quantificação da gordura acumulada no fígado através da ultrassonografia. Os laudos


costumam indicar a esteatose hepática como:
• Grau 1 ou leve: quando há pouco acúmulo de gordura;
• Grau 2: quando o acúmulo de gordura no fígado é moderado;
• Grau 3: quando há um acúmulo de gordura excessivo no fígado.

Levando em consideração que o mais importante é a presença ou não de inflamação no fígado, essa
graduação não é muito relevante. Por exemplo, o paciente pode apresentar esteatose hepática grau 3 e
não ter o fígado inflamado. Sendo assim, as chances de uma evolução para a cirrose são baixas.

Tratamento para gordura no fígado

Apesar de poucos tratamentos apresentarem resultados que são comprovados pela ciência, algumas
medidas podem ser tomadas para tratar a gordura no fígado.
Perder peso
O emagrecimento é tido como o principal tratamento para controlar a esteatose hepática, mas vale
lembrar que ele precisa ser gradual. Alguns estudos já mostraram que uma redução de 7% do peso já
pode apresentar resultados satisfatórios.

O emagrecimento muito rápido pode agravar ainda mais a doença, logo, é importante não ter pressa e ir
com calma. O emagrecimento gradual é a forma mais eficaz de se combater a doença.
Vale lembrar que o emagrecimento é um tratamento que funciona apenas para pacientes que possuem
obesidade ou sobrepeso. Para pessoas que apresentam um Índice de Massa Corporal (IMC) controlado,
esse tratamento não fará efeito, uma vez que a causa da doença nessa pessoa não foi o excesso de
gordura corporal.

Evitar o consumo de álcool


Para que a esteatose hepática não evolua para maiores complicações citadas em um dos tópicos
anteriores, é fundamental evitar o consumo de álcool, principalmente para pacientes que tiveram a
gordura no fígado causada por álcool.

Exercitar-se
O emagrecimento costuma ser mais efetivo quando aliado a exercícios físicos. Além de contribuir com a
perda de peso, os exercícios físicos trazem diversas vantagens não só para o fígado, mas para todo o
organismo.
Um estudo feito pela Universidade de Pittsburgh, afirma quais são as três principais vantagens de se
praticar exercícios físicos:
• Aliviar a resistência à insulina;
• Aumentar a queima de triglicérides estocados no fígado;
• Prevenir danos aos hepatócitos, um dos primeiros sinais da evolução da esteatose hepática para
um quadro de cirrose ou câncer;

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que coloquemos como meta 150 minutos semanais
de exercícios físicos; isso já é o suficiente para o tratamento da esteatose hepática. Procure alternar os
exercícios entre aeróbicos (corrida e ciclismo, por exemplo) e treinos de força (musculação).

Suspender medicamentos
Se a esteatose hepática for causada por medicamentos, parte do tratamento deve visar a suspensão dos
mesmos sempre que possível.

Esteroides anabolizantes não devem continuar sendo consumidos pelo paciente e, caso a gordura do
fígado esteja ligada à outras doenças, as mesmas devem ser tratadas de forma adequada.

Medicamentos para esteatose hepática


Nenhum medicamento especifico para esteatose hepática apresentou evidências científicas para se
afirmar a eficácia contra a doença nos estudos que foram feitos.
A vitamina E costuma ser indicada quando há sinais de esteato-hepatite e fibrose, mas os estudos
relacionados ao medicamento apresentam resultados que causam conflito.

Existe um consenso atual de que a vitamina E não apresenta nenhum efeito positivo contra a esteatose
simples. Porém, quando pacientes com sinais de esteato-hepatite e fibrose comprovados através da
biópsia do fígado são submetidos ao tratamento com o medicamento, os resultados costumam ser
positivos.

Alguns antidiabéticos estão sendo estudados para serem usados como tratamento da gordura no fígado.
A Pioglitazona é o que vem apresentando melhores resultados até então. Outro medicamento que vem
apresentando resultados positivos é a Liraglutida.

Entretanto, vale lembrar que os antidiabéticos não são recomendados para pacientes que não possuem
diabetes.
Um medicamento que está intimamente ligado com a perda de peso é o Orlistat, mais conhecido
comercialmente como Xenical. Trata-se de um remédio para o emagrecimento que impede a absorção de
gordura no intestino.

Ele não age diretamente sobre a gordura do fígado, por isso pode ser usado apenas para o
emagrecimento e perda de peso.

Para pacientes com triglicerídeos elevados, alguns testes vêm demonstrando benefícios no uso do Ômega
3 nos casos de gordura no fígado, mas estudos mais efetivos e conclusivos são necessários para que se
possa confirmar sua eficácia no tratamento da doença.

Alguns outros medicamentos que foram estudados, mas ainda sem resultados efetivos para o tratamento
da esteatose hepática:

• Ácido fólico;
• Ácido ursodesoxicólico;
• Betaína;
• Cafeína;
• Carnitina;
• Genfibrozila;
• Losartana;
• N-acetilcisteína;
• Pentoxifilina.

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