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Qual a importância do rim?

Os rins, tal como o coração ou o cérebro, são órgãos vitais. Muitos não conhecem o
funcionamento destes nem a sua importância. Os rins são extremamente essenciais para o
funcionamento e o equilíbrio do corpo humano. São responsáveis por desempenharem um
conjunto de funções.

O rim é incumbido pelo controlo dos níveis de ácido-base do organismo, sais e


eletrólitos, para evitar o aparecimento de edemas (inchaços) e aumento da pressão arterial. É
responsável pela manutenção da composição corporal, por meio de eliminação de excesso de
água e iões, para manter um constante equilíbrio hídrico do organismo. Também com o
mesmo propósito, tem como função a excreção de produtos provenientes do metabolismo,
como a creatinina e a ureia.

A pressão arterial é regulada através da produção de renina e de glóbulos vermelhos.


Esta produção é controlada pela eritropoetina, uma das hormonas produzidas pelo rim. O
mesmo acontece com a vitamina D, o rim ativa-a e consequentemente esta ajuda a absorver o
cálcio para fortalecer os ossos.

A função considerada mais imponente e complexa dos rins passa pela função de
concentração e diluição urinárias. Através do aumento da concentração da urina e da
diminuição em quantidade, permite a nossa sobrevivência em situações de restrição hídrica
(calor intenso ou baixa ingestão de líquidos).

Os rins realizam essas funções por meio de unidades funcionais chamadas néfrons.
Cada rim contém milhões de néfrons, que consistem em um glomérulo (um emaranhado de
pequenos vasos sanguíneos) e um sistema de túbulos. O sangue flui pelos glomérulos, onde
ocorre a filtração, e os túbulos reabsorvem e secretam substâncias para formar a urina.

Sem este controlo não é possível a eficácia da maioria dos processos químicos no
nosso organismo.

A doença renal crónica


A doença renal crónica é classificada em cinco estágios, do estágio 1 (mais leve) ao
estágio 5 (insuficiência renal terminal). O tratamento da mesma visa retardar a progressão da
doença, controlar os sintomas e tratar as causas subjacentes. Isso pode envolver mudanças no
estilo de vida e a necessidade de terapias de substituição renal, como hemodiálise, diálise
peritoneal ou transplante renal. O diagnóstico e o tratamento precoces são cruciais para
gerenciar a doença renal crônica de maneira eficaz.

A função renal passa pela filtragem de resíduos metabólicos do sangue. Quando existe
uma deterioração progressiva e irreversível da sua capacidade de filtrar esses resíduos, a
insuficiência renal leva à doença renal crónica. A perda da sua competência, provoca a
retenção de substâncias no sangue, que através do rim seriam excretadas. Isto leva à
acumulação de resíduos metabólicos tóxicos no sangue (uremia ou azotemia).

Existem variadas doenças que podem provocar lesões nos rins, e consequentemente
levar a uma insuficiência renal crónica. As principais doenças são, nomeadamente, a diabetes
mellitus e a pressão arterial alta (hipertensão), por poderem lesionar diretamente os pequenos
vasos sanguíneos dos rins. Também, as anomalias renais, como as glomerulonefrites, e as
doenças autoimunes, como o lúpus, pela danificação dos pequenos canais dos rins por
anticorpos.

Todos os doentes que sofram de diabetes, hipertensão arterial, obesidade e que tenham
familiares que sofrem desta doença, são a população de maior risco e que por isso é
necessária uma maior atenção para esta ser ativamente despistada, e um acompanhamento
constante, através de análises à urina ou ao sangue.

Numa fase mais avançada da doença, é indispensável a realização de um tratamento,


de forma regular, de substituição da função renal. Este pode ser feito por hemodiálise, diálise
peritoneal ou transplante renal. Se esta for detetada cedo e gerida de forma correta, é possível
reverter e retardar a deterioração da função renal.

Para realizar o diagnóstico da função renal, é necessário fazer alguns exames de


sangue, e o exame de urina. Atualmente, estima-se que 10% da população sofra de algum
grau de insuficiência renal. A doença afeta a população que se encontra entre os 65 e 75 anos.

Consequências
A doença renal crônica pode ter várias consequências sérias à medida que progride ao
longo do tempo. Estas podem variar dependendo da gravidade da condição e de outros fatores
individuais.
 A insuficiência renal provoca variadas complicações, desde náuseas, vómitos,
anorexia e astenia, que consequentemente levam à desnutrição do portador da doença.
 Existem alterações hídricas e eletrolíticas. Quando o nível destas substâncias, os
eletrólitos, fica muito alto ou muito baixo, tona-se prejudicial à saúde. Acontece o
mesmo com a elevação do potássio sérico, acidose metabólica, hiper-hidratação
(edemas, hipertensão arterial, congestão pulmonar), hipocalcemia (os níveis de cálcio
no sangue estão excessivamente baixos) e hiperfosfatemia (níveis altos de fosfato no
sangue).
 Os rins deixam de conseguir absorver a água da urina para reduzir o volume e a
concentrar.
 A função reduzida dos rins pode resultar em uma produção diminuída de
eritropoetina, logo a produção de glóbulos vermelhos diminui, causando anemia.
 O sangue torna-se ácido, pela falta de capacidade dos rins de excretar os ácidos
normalmente produzidos pelo corpo.
 As células nervosas no cérebro podem ficar danificadas pelos altos níveis de resíduos
metabólicos no sangue, assim como as do tronco, braços e pernas.
 A capacidade de excretar potássio diminui, levando a níveis elevados no sangue.
 A membrana que circunda o coração (pericárdio) pode ficar inflamada.
 O risco de aterosclerose aumenta, pela hipertensão arterial juntamente a frequência
elevada do nível de triglicerídeos no sangue.
 Pode também afetar o equilíbrio de cálcio e fósforo no organismo, contribuindo para
problemas ósseos e dor, como osteodistrofia renal.
 A doença renal crónica acarreta à mortalidade cardiovascular elevada, mesmo nas
suas fases precoces. Esta, afeta 8 a 10% da população adulta. Quanto mais cedo for
realizado o diagnóstico, maior é a possibilidade de prevenção da progressão da
doença para as suas fases avançadas. Assim, é possível diminuir o risco
cardiovascular e permitir um tratamento de substituição da função renal.

Sintomas
A doença renal crónica trata-se de uma doença com poucos sintomas, e por isso
grande parte das pessoas que são portadoras da mesma não o sabe e acaba por descobrir
tardiamente.
O acompanhamento regular com um nefrologista (médico especializado em doenças
renais) é crucial para monitorar a progressão desta doença e ajustar o tratamento conforme
necessário.

Na fase inicial da doença, os sintomas podem ser muito poucos e leves, como a
necessidade de urinar várias vezes durante a noite. Os rins deixam de conseguir absorver a
água da urina para reduzirem o volume e a concentrarem.

À medida que a função renal progride, mais resíduos metabólicos se acumulam no


sangue, e as pessoas acabam por se poder sentir, de modo geral, cansadas e fracas e a
capacidade mental diminuir cada vez mais. Com a acumulação desses compostos tóxicos,
instalam-se as alterações neurológicas e musculares, como a fraqueza muscular, espasmos
musculares, cãibras e dor.

Os acúmulos de resíduos metabólicos levam a alterações gastrointestinais como a


perda do apetite, náuseas e vômitos e um gosto desagradável na boca, pela inflamação da
mucosa oral (estomatite) podendo levar à desnutrição e à perda de peso. A doença diminui a
capacidade do organismo de combater infeções e tende a formar hematomas. Também,
aumenta o sangramento logo após um corte ou outro tipo de lesão.

As pessoas portadoras da mesma podem perder a sensibilidade em certas partes do


corpo, e principalmente sentirem a sensação de formigamento nos braços e nas pernas. Pode
existir, também, o desenvolvimento de inchaço, principalmente nas pernas, e coceira no
corpo todo. À medida que a doença avança, é possível a existência de um aumento do risco
de complicações neurológicas, incluindo encefalopatia urêmica, que pode causar confusão
mental, convulsões e outros sintomas neurológicos.

O facto de sofrerem muitas vezes de hipertensão arterial, pode levar a problemas


cerebrovasculares e/ou à insuficiência cardíaca, que consequentemente conduz à falta de ar.
Também, são desenvolvidas frequentemente úlceras intestinais e hemorragias.

A pele pode ficar seca e também pode ficar com uma tonalidade amarelo-castanha. É
se formado um pó branco sobre a pele pela concentração de ureia ser tão elevada e se
cristalizar no suor.
Tratamento
Todo o tratamento para a insuficiência renal, apresenta várias alterações clínicas e
analíticas, que exigem um leque de estratégias para a deteção, prevenção, e para o mesmo ser
bem sucedido. Sendo esta uma doença frequente, acaba por ser responsável por gastos
crescentes e consideráveis nos orçamentos da saúde.

Como mencionado anteriormente, quando o rim deixa de conseguir trabalhar as suas


funções, implica a substituição da função renal por diálise ou, se necessário, mesmo por
transplante renal. Existem dois tipos fundamentais de diálise: hemodiálise e diálise
peritoneal.

A hemodiálise é um procedimento médico realizado para ajudar a filtrar e a remover


resíduos, excesso de fluidos e eletrólitos do sangue em pacientes com esta doença. São vários
os passos básicos para a concretização de todo o processo.

Antes de iniciar a hemodiálise, é necessário criar um acesso vascular, uma maneira de


conectar o sistema circulatório do paciente à máquina de diálise. Existem diferentes tipos de
acesso, como uma fístula arteriovenosa (criada cirurgicamente para unir uma artéria e uma
veia), um enxerto vascular ou um cateter venoso central.

O acesso vascular é conectado a tubos que se agregam à máquina de hemodiálise. O


sangue flui da pessoa para a máquina, onde passa por um filtro chamado dialisador ou filtro
de hemodiálise. Este contém membranas semipermeáveis que permitem que substâncias
indesejadas passem do sangue para uma solução de diálise chamada banho. O banho é uma
solução especial que ajuda na remoção de resíduos e excesso de fluidos.

O sangue passa pelo dialisador, onde ocorre a troca de substâncias entre o sangue e o
banho. Os resíduos e o excesso de fluidos são removidos do sangue, enquanto os eletrólitos
essenciais são equilibrados. O sangue filtrado é então devolvido ao paciente através do acesso
vascular.

Durante todo o procedimento, os níveis vitais, como a pressão arterial e a pulsação,


são monitorizados. Os profissionais de saúde também monitorizam a máquina de hemodiálise
para garantir que esta esteja a funcionar corretamente. A hemodiálise geralmente é realizada
de três a quatro vezes por semana, e a maioria das sessões possui uma duração de quatro
horas. No entanto, a duração e a frequência podem variar dependendo da prescrição médica e
das necessidades específicas do paciente.
Após a hemodiálise é importante seguir as instruções médicas para cuidados pós-
diálise, incluindo a ingestão adequada de líquidos e dieta. É importante notar que esta é um
tratamento contínuo e que os pacientes geralmente precisam de passar por este processo ao
longo da vida, a menos que recebam um transplante renal.

Para manter a saúde do rim é necessária a adoção de hábitos de vida saudáveis e a


gestão de fatores de risco conhecidos. Manter a pressão arterial dentro do normal é crucial
para a saúde dos rins. Isso pode ser alcançado através de uma dieta equilibrada, controle do
peso, exercícios regulares e, se necessário, medicamentos prescritos pelo médico.

Para pessoas com diabetes, é essencial manter os níveis de glicose no sangue sob
controle. Isso pode ser alcançado com uma dieta saudável, medicação adequada,
monitoramento regular e acompanhamento médico. A obesidade está associada a um maior
risco da doença renal crónica. É indispensável adotar um estilo de vida saudável, incluindo
uma dieta equilibrada e a prática regular de exercícios.

Beber água suficiente é importante para a saúde renal. A água ajuda na eliminação de
toxinas do corpo e na manutenção de uma boa hidratação.

O tabagismo pode aumentar o risco desta doença, além de contribuir para problemas
cardiovasculares. O mesmo acontece com o consumo excessivo de álcool que pode ter efeitos
negativos nos rins, assim como o excesso de medicamentos.

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