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Doenças Renais

ALTERAÇÕES ANATÔMICAS QUE AFETAM O TRATO URINÁRIO

Os problemas congênitos dos rins e do trato urinário surgem durante o desenvolvimento


fetal podendo assumir morfologia ou tamanho anormais. Acidentes e lesões podem
também danificar os rins ou o trato urinário, deixando-os mais vulneráveis às infecções ou
doenças. Duplicidade ureteral, rins em ferradura são situações que frequentemente
favorecem a ocorrência de infecções e subsequentes cicatrizes ao longo do tempo.
INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO INFERIOR
As infecções do trato urinário (ITUs) são uma causa comum de consultas ambulatoriais ou
de infecções nosocomiais. As mulheres, por terem a uretra menor, são mais sujeitas às
infecções do que os homens. A uretra menor confere menos proteção diante dos
organismos invasores presentes na vagina e no reto. As infecções do trato urinário podem
ser sintomáticas ou assintomáticas. Gestantes frequentemente desenvolvem ITUs
assintomáticas que podem resultar em complicações na gravidez (MUNDT, 2012, p. 196).
 Achados típicos de exame de urina
Leucócitos, hemácias, bactérias, proteinúria branda, pH aumentado, cilindros
leucocitários (infecção renal)
 Outros achados laboratoriais
Uroculturas positivas
UROLITÍASE
Os cálculos renais são algumas das causas de obstruções de trato urinário superior. Os
cálculos podem ser formados em qualquer região do trato urinário sendo o mais comum
os rins. Os principais cálculos cristalinos são de compostos geralmente excretados na
urina. Entre eles oxalato de cálcio ou fosfato de cálcio, fosfato de amônio magnesiano,
ácido úrico e cistina. A dor é uma das principais manifestações dessa condição.
 Achados típicos de exame de urina
Hemácias, cristais, mudanças do pH
DOENÇAS DO RIM
As funções renais são essenciais à nossa sobrevivência para a remoção de produtos
finais do metabolismo e a manutenção da homeostase sanguínea, a fim de permitir a
sobrevivência. Em caso de recusa de tratamento por diálise ou transplante após uma
insuficiência renal, o indivíduo viverá por alguns dias ou semanas, dependendo de sua
saúde geral e função renal remanescente. Algumas doenças autoimunes estão mais
associadas à doença renal e outras menos associadas (MUNDT, 2012, p. 197).
A alta pressão sanguínea pode impedir que os pequenos vasos sanguíneos renais filtrem
e limpem o sangue adequadamente. Os danos renais decorrentes de infecções, lesões ou
outras doenças também contribuem para a maioria das doenças do rim.
DOENÇAS COMUNS DO RIM: DOENÇA VASCULAR E DIABETES
A pressão sanguínea alta faz o coração trabalhar com maior intensidade e, ao longo do
tempo, danifica os vasos sanguíneos sobrecarregados em todo o organismo com os
produtos finais nitrogenados e o excesso de fluidos do corpo. Isso acarreta um aumento
da pressão sanguínea, criando um ciclo vicioso.
No diabetes, outra condição comum, os pequenos vasos corporais são danificados
inclusive os pequenos vasos renais. Pelo fato de os rins tornarem-se incapazes de limpar
o sangue adequadamente, o corpo passa a reter água e sais, resultando em aumento de
peso e intumescimento dos tornozelos (edema).
A detecção de proteínas na urina é um dos achados-chave de doenças renais em geral.
A pressão resultante da bexiga muito cheia, causada por danos nos nervos que auxiliam
seu esvaziamento pode provocar o refluxo urinário, com consequente dano renal.
Se a urina permanecer na bexiga por muito tempo, pode haver o desenvolvimento de
infecções decorrentes da multiplicação das bactérias da urina, a qual é facilitada pela alta
concentração de açúcar.

NEFROPATIA
De modo geral nefropatia pode ser definida como doença renal.A função dos rins é filtrar
os resíduos do sangue. A filtragem é feita por pequenas estruturas, semelhantes aos
vasos sanguíneos, chamadas de glomérulos. Em rins saudáveis, os glomérulos filtram
substâncias dos resíduos do sangue, ao passo que mantêm as proteínas dentro do corpo,
para que possam ser aproveitadas pelo organismo. Ao passar pelos rins, o sangue filtrado
volta para a corrente sanguínea.
O alto nível de glicose no sangue associado à pressão arterial elevada, por exemplo, pode
danificar os glomérulos. Quando danificados, eles são ineficientes na função de filtragem,
fazendo com que as proteínas sejam eliminadas pela urina. De acordo com o grau de
comprometimento, os rins param de funcionar completamente, levando à chamada
insuficiência renal (BECTON DICKINSON, 2018). Neste caso temos uma nefropatia.

Síndrome nefrótica ou Nefrose

A síndrome nefrótica exibe um grupo de sintomas que incluem proteinúria superior a 3,5 g
por dia, baixos níveis de proteínas sanguíneas, altos níveis de colesterol e edema.
A urina pode também conter gordura microscópica, incluindo glóbulos de gordura,
corpúsculos gordurosos ovais ou cilindros graxos. A síndrome nefrótica é provocada por
vários distúrbios que danificam os rins, especialmente aqueles que lesam a membrana
basal do glomérulo, promovendo a excreção anormal de proteínas na urina. A
glomerulonefrite membranosa é a causa mais comum de síndrome nefrótica em adultos.
Os sinais e sintomas incluem edema com ganho de peso, intumescimento abdominal,
intensa proteinúria e urina com espuma, hipertensão e perda de apetite (MUNDT, 2012, p.
200)
 Achados típicos de exame de urina
Intensa proteinúria, hemácias, células tubulares, corpúsculos gordurosos ovais, gotículas
de gordura, cilindros graxos e céreos
 Outros achados laboratoriais
Albumina sérica diminuída, lipídeos séricos aumentados.

Síndrome de Alport
A síndrome de Alport é uma forma herdada de inflamação renal, responsável por sintomas que
variam de hematúria branda a hematúria franca, nefrose e doença renal em estágio final. Ela
é provocada por uma mutação em um gene, que a mãe pode transmitir o gene desse
distúrbio para seus filhos, envolvido na síntese de um tipo de colágeno. Os fatores de
risco incluem doença renal em estágio final em parentes do sexo masculino, história
familiar de síndrome de Alport, glomerulonefrite ou perda da audição antes dos 30 anos
(MUNDT, 2012, p. 200).
 Achados típicos de exame de urina
Intensa proteinúria, hemácias, células tubulares, corpúsculos gordurosos ovais,
gotículas de gordura, cilindros graxos e céreos
 Outros achados laboratoriais

NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA


A nefrite intersticial aguda é um distúrbio renal no qual os espaços entre os túbulos renais
inflamam-se. A inflamação pode afetar a capacidade dos rins de filtrar toxinas. A nefrite
intersticial pode ser aguda ou crônica, agravando-se ao longo do tempo.
Essa condição é mais frequentemente causada por reações alérgicas a um fármaco
(nefrite intersticial aguda alérgica – efeito colateral de medicamentos como certos
antibióticos, anti-inflamatórios não esteroides, furosemida e diuréticos tiazídicos). A forma
aguda de nefrite intersticial é comum. Esse distúrbio pode ser mais grave, exibindo maior
probabilidade de provocar danos renais crônicos ou permanentes em indivíduos idosos
(MUNDT, 2012, p. 202).
 Achados típicos de exame de urina
Hemácias, proteinúria, leucócitos, eosinófilos, cilindros leucocitários
 Outros achados laboratoriais
Eosinófilos na urina podem requerer coloração, Ureia ↑, creatinina ↑, clearance
de creatinina ↓

INSUFICIÊNCIA RENAL
A insuficiência renal pode ser de evolução rápida ou lenta e pode trazer um risco sério, ou
mesmo risco à vida, para o paciente. Essa situação requer medidas como diálise ou
transplante renal para livrar o corpo de metabólitos nitrogenados tóxicos, os quais o rim
não é mais capaz de remover.
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA
A insuficiência renal aguda (súbita) consiste na súbita incapacidade dos rins de remover
produtos finais e concentrar a urina, sem a perda de eletrólitos. Entre causas possíveis
estão fluxo sanguíneo reduzido, em decorrência de baixa pressão sanguínea resultante
de trauma, cirurgia, doenças graves, choque séptico, hemorragia, queimaduras, ou
desidratação; necrose tubular aguda; infecções que danificam o rim, como pielonefrite ou
septicemia; obstrução do trato urinário (uropatia obstrutiva); doença renal autoimune,
como nefrite intersticial ou síndrome nefrítica aguda; distúrbios que provocam coagulação
no interior de capilares renais; reação à transfusão; e várias outras (MUNDT, 2012, p.
202).
Lesão renal aguda
 Achados típicos de exame de urina
Proteinúria, hemoglobinúria, células tubulares, cilindros de células tubulares,
cilindros leucocitários e outros, cristais
 Outros achados laboratoriais
Excreção de urina com incapacidade de variar a gravidade específica, ureia ↑,
creatinina ↑, clearance de creatinina ↓

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA


A velocidade de progressão da insuficiência renal crônica varia de vários meses a alguns
anos. Essa progressão ocorre em quatro estágios:
(a) reserva renal diminuída (a TFG1 cai para cerca de 50% do normal);
(b) insuficiência renal (a TFG cai para 20 a 50%, com o desenvolvimento de azotemia,
anemia e hipertensão);
(c) falência renal (a TFG é inferior a 20%, os rins deixam de regular o volume e a
concentração de solutos, há o desenvolvimento de acidose metabólica, edema e
hipercalemia);
(d) doença renal em estágio final (a TFG é inferior a 5% do normal, há cicatrizes
glomerulares e redução dos capilares renais, ocorre atrofia e fibrose tubular, perda de
massa renal, podendo haver a necessidade de diálise ou transplante para a
sobrevivência. As funções renais críticas são perdidas (MUNDT, 2012, p. 202).

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MÉTODOS DE EXAMES DO SEDIMENTO URINÁRIO

O exame microscópico da urina, somado à análise física e química permite a detecção


dos elementos celulares e acelulares da urina que auxiliam no diagnóstico de processos
patológico renais e urinários (HENRY, 2012).
O sedimento urinário centrifugado deve conter todos os materiais insolúveis acumulados
na urina após a filtração glomerular e durante a passagem de líquidos pelos túbulos renais
e pelo trato urinário inferior. Os elementos celulares são oriundos de duas fontes:
(1) células de revestimento epiteliais descamadas/esfoliadas espontaneamente,
provenientes dos rins e do trato urinário inferior;
(2) células de origem hematógena (leucócitos e eritrócitos).
 Cilindros celulares e acelulares podem ser observados, os quais são formados nos
túbulos renais e nos ductos coletores.
 Cristais de significados clínico-patológicos variados.
 Organismos: bactérias, fungos, células com inclusão viral, parasitas;
 Células neoplásicas (HENRY, 2012, p. 480).
AMOSTRA
Amostras coletadas aleatoriamente são satisfatórias para a análise.
Em caso de doença renal é recomendada a primeira urina matinal.
Na mulher, uma amostra do jato médio diminui a probabilidade de contaminação com
elementos vaginais.
As amostras devem ser analisadas até duas 2 horas após a coleta pois as células e os
cilindros ainda estão íntegros não apresentando sinais de lise. Se a urina não puder ser
examinada até duas horas após a coleta, ela deve ser refrigerada entre 2 o e 8o C desde a
coleta até o preparo. A refrigeração previne a lise das células e cilindros em condições
patológicas. A urina que não for refrigerada pode ser preservada com conservante
apropriado para o sedimento.

Método da Microscopia em Campo Claro de Urina não Corada e Urina Corada

O uso de luz suave é necessário para que sejam delineados os elementos mais
transparentes da urina tais como os cilindros hialinos, cristais e filamentos mucosos. A
identificação de leucócitos em neutrófilos, eosinófilos, linfócitos, histiócitos, células
epiteliais renais, células com inclusão viral, células neoplásicas e cilindros celulares pode
ser difícil nas preparações não coradas. A coloração SUPRAVITAL com cristal violeta e
safranina é comumente utilizada para auxiliar no delineamento dos elementos formados
presentes na urina.

Reagentes
Solução I: Violeta cristal: 3,0 g
Álcool etílico: 20,0 mL
Oxalato de amônio: 0,8 g

Solução II: Safranina O: 1,0 g


Álcool etílico (95%): 40,0 mL
Água destilada: 400,0 mL

Misture e filtre três partes da solução 1 e 97 partes da solução II. A mistura deve ser
filtrada a cada duas semanas para clareamento. Deve ser descartada após três meses.
Separada, as soluções 1 e 2 mantêm-se indefinidamente a temperatura ambiente. Em
urinas alcalinas, o corante precipita.
Outras colorações SUPRAVITAIS que podem ser usadas: Azul de metileno a 2%;
Sternheimer Malbin, Sudam, Gram, Azul de toluidina, entre outros. O corante de
Sterheimer Malbin é o preferido porque facilita a observação de maior número de
estruturas do sedimento urinário (HENRY, 2012).

Procedimento

Adicione uma ou duas gotas do corante em aproximadamente 1 mL de sedimento urinário


concentrado. Misture bem e transfira uma gota dessa suspensão numa lâmina e cubra
com uma lamínula.

Método de preparo da amostra de urina Tipo 1 (Rotina)

Homogeneíze suavemente a amostra de urina no frasco de coleta por 1 minuto (mínimo).


Transfira 10, 12 ou 15 mL de amostra de urina bem misturada num tubo cônico graduado
de centrifugação.
Faça as avaliações físico-químicas.
Centrifugue a 2500-3000 rpm por 5 minutos.
Remova o sobrenadante por inversão do tubo e o conserve caso seja necessário acertar o
volume final desejado, geralmente 0,2 mL a 1,0 mL. O volume final utilizado pode variar
com o sistema padronizado utilizado, mas deve permanecer constante para um
determinado laboratório. Se o laboratório optar por 1,0 mL de volume final armazene o
sobrenadante em um frasco adequado. Utilize uma pipeta descartável, um tubo de ensaio
especial ou um sistema de pipetas para acertar o volume (1,0 mL) com o próprio
sobrenadante.
Suavemente, ressuspenda o sedimento no sobrenadante remanescente e adicione uma
ou duas gotas de corante supravital, caso seja desejado.
Utilizando uma pipeta adequada (20 l), carregue a câmara de exame ou lâmina padrão.
Na lâmina cubra a amostra com uma lamínula (20 mm X 20 mm). Deixe que a urina
assente por 30 a 60 segundos.
Examine com objetivas de baixa resolução (10x) e de alta resolução (40x). É necessária
uma luz suave ou de fase para a detecção dos elementos do sedimento com índice de
refração baixo. Deve-se fazer ajustes finos de foco continuamente enquanto se examina a
amostra. De maneira sistemática examine a câmara de exame inteira, tendo cuidado de
examinar ao longo das bordas em busca de cilindros.
Conte o número de cilindros em pelo menos 10 campos de baixa resolução (100 x) ou
campos de pequeno aumento (CPA), faça a média e registre o número de cilindros por
campo de baixa resolução. Uma variação razoável pode ser usada no registro. Por
exemplo: 0 a 2; 2 a 5; 5 a 10, e assim por diante.

Alguns laboratórios registram o número de cilindros por campo de baixa resolução. A


variação registrada é indicada da seguinte forma: 1/campo; 2/campo; 1/5campos;
1/10campos e assim por diante.
A identificação e contagem de leucócitos, eritrócitos e células epiteliais renais é feita em
alta resolução (400 x). Conte pelo menos 10 campos, faça a média e registre como
células/campo de alta resolução. Uma variação razoável pode ser utilizada para o registro.

Método da Lâmina K-Cell

Como Utilizar A Lâmina K-Cell


MODELO 23970

Utilizando a Lâmina K-Cell

 Lâmina para contagem de sedimentos urinários com 10 câmaras para leituras;


 Dentro de cada câmara há duas séries de nove círculos cada, totalizando 18
círculos facilmente visíveis em uma amplificação de 100x ao microscópio;
 Os 18 círculos por cavidade correspondem a 0,2 L;
 Com aumento de 400x é possível visualizar um círculo inteiro;
 Estes círculos marcam um volume preciso de urina e assim permitem o cálculo
do número de elementos presentes em 1 mL de urina, através de um
procedimento simples.

Instruções de uso:

 Após homogeneizar bem a amostra de urina, colocar 10 ml em um tubo de


centrífuga;
 Centrifugar por 5 minutos a 1000-1500rpm;
 Descartar 9 mL da urina centrifugada;
 Ressuspender completamente o precipitado;
 Retirar uma alíquota com Pipeta Pasteur ou Pipeta automática e preencher a
câmara da lâmina;
 Ler em aumento de 400x;
 Multiplicar por 1000 o número de elementos contados em uma das duas séries
de nove círculos;
 O valor assim indica o número de elementos figurados presentes em 1mL de
urina.

Caso a leitura seja feita nos 18 círculos, multiplicar o resultado obtido por 500.
As lâminas são descartáveis.

Disponível em: <https://centerlabsp.com.br/blog/como-utilizar-a-lamina-k-cell>. Acesso


em: 29 jun. 2019.

A Câmara de Neubauer
A leitura em microscópio do sedimento urinário, tradicionalmente, pode ser feita na
Câmara de Neubauer. A placa ou Câmara de Neubauer possui duas câmeras, ou seja, é
possível realizar a leitura de duas amostras diferentes por placa.

Câmara de Neubauer e lamínulas. Disponível em: <https://www.didaticasp.com.br/camara-neubauer-melhorada-


improved-double>. Acesso em: 29 jun. 2019.

Algumas Câmaras de Neubauer são tratadas com um espelhamento de rhodium. O


espelhamento realça as áreas quando irradiadas por luz tornando a imagem mais nítida. A
Câmara de Neubauer possui o desenho em forma de quadrantes, a qual é visualizada
apenas ao microscópio. A leitura do sedimento urinário deve ser realizada na região
composta por 4 quadrantes (destacados nos círculos) localizados um em cada
extremidade lateral da câmara. Cada quadrante possui área de 0,1 mm 2 e é formado por
16 quadrados menores.
Quadrantes da Câmara de Neubauer. Disponível em: <https://www.pncq.org.br>. Acesso em: 30
jun. 2019.
Para adição da amostra, uma lamínula de vidro deve ser adaptada à câmara de
Neubauer, obtendo-se altura de 0,1 mm.
A capacidade de volume é de = 0,1 mm 3 (0,0001 mL ou 10-4 mL). Esta medida
padronizada possibilita a quantificação da suspensão celular pela multiplicação por fatores
pré-determinados (1000 ou 500 ou 250) como apresentado nos procedimentos de uso
deste instrumento (CARMO, 2012, p. 71-2).

Descrição
 9 quadrados grandes de 1mm  cada. Cada quadrado grande possui:
2
Área = 1 mm x 1 mm = 1mm2
Volume = 1 mm x 1 mm x 0,1 mm= 0,1 mm3

 Os quatro grandes quadrados de canto marcados com 'L' para contagem de


leucócitos são subdivididos em 16 quadrados médios com lados de 0,25 mm. Cada
quadrado médio possui:
Área = 0,25 mm x 0,25 mm = 0,0625 mm2
Volume = 0,25 mm x 0,25 mm x 0,1 mm= 0,00625 mm3

 O quadrado grande no centro é subdividido em 25 quadrados médios de lados de


0,2 mm.
 Cada quadrado médio do quadro central consiste em 16 miniquadrados com
lados de 0,05 mm (0,20 ÷ 4 = 0,05 mm), cada um com uma área de 0,0025 mm2.

Cada miniquadrado possui:


Área = 0,05 mm x 0,05 mm = 0,0025 mm2
Volume = 0,05 mm x 0,05 mm x 0,1 mm = 0,00025 mm3

 No quadro grande do centro há 25 quadros médios. Cada quadro médio possui:


Área = 0,20 mm x 0,20 mm = 0,04 mm2
Volume = 0,20 mm x 0,20 mm x 0,1 mm = 0,004 mm3
Volume do quadro grande central = 0,004 x 25 = 0,1 mm3

 Número de miniquadrados contidos no quadro grande = número de quadro médios


x número de miniquadrados.
Número de miniquadros contidos no quadro grande = 25 x 16 = 400

 Volume total do quadro grande central = volume de cada miniquadrado x número de


miniquadrados
Volume total do quadro grande central = 0,00025 mm3 x 400 = 0,1 mm3

 Os 5 quadrados do grupo na grande praça central são usados para a contagem de


trombócitos (plaquetas) e eritrócitos.
 Todos os quadrados do grupo possuem triplas linhas de limite em cada lado.
 A linha limitadora central determina se as células na área marginal devem ser
incluídas na contagem ou não.
 Cada um dos 8 quadrados grandes externos possui o mesmo volume e superfície
do quadrado central: 0,1 mm3 (10-4 mL)

Procedimento
A bióloga Andréia Moreira S. Carmo (2012) sugere os seguintes passos para o preparo da
amostra de urina que será analisada na Câmara de Neubauer:
Homogeneíze, com movimentos lentos de inversão, por 1 minuto, o frasco com a amostra
de urina.
Transfira 10 mL da amostra de urina para um tubo cônico graduado, com tampa de rosca.
Volumes menores somente serão aceitos em amostras pediátricas e de pacientes com
oligúria comprovada.
Centrifugue por 5 a 10 minutos em 2500 rpm.
Despreze o sobrenadante, deixando apenas 1 mL e todo o sedimento no tubo.
Ressuspenda o sedimento.
Preencha a Câmara de Neubauer com aproximadamente 20 L da suspensão de
sedimento, recoberta com uma lamínula. Em câmaras não espelhadas, pode-se corar o
sedimento com uma ou duas de corante supravital, como por exemplo, Sternheimer-
Malbin, para realçar os elementos figurados.
A observação do sedimento é realizada ao microscópio com baixa intensidade de luz,
iniciando o foco em um menor aumento (objetiva de 10x) e depois a contagem realizada
em maior aumento (objetiva de 40X).
No exame de sedimento poderão ser observados: células de descamação (renais,
pélvicas, vesicais, uretrais e vaginais), hemácias, leucócitos, cilindros (hialinos,
leucocitários, granulosos, hemáticos, etc), cristais, bactérias, muco, espermatozoides e
artefatos (pelos, fibras de tecidos e de papéis, cristais de amido, ovos e cistos de
parasitas intestinais).
Observe se os elementos estão distribuídos homogeneamente nos quadrantes para não
se obter resultados enganosos.
A contagem deve ser realizada nos 4 quadrantes laterais e o resultado obtido de células
de descamação, leucócitos e hemácias deve ser multiplicado pelo fator 250.
Na presença de sedimento moderado pode-se contar os elementos de 2 quadrantes, na
diagonal, e multiplicar o valor encontrado pelo fator 500.
Em caso de sedimento intenso, pode-se contar apenas um quadrante e o valor
encontrado deverá ser multiplicado por 1000.
Os valore obtidos dos elementos do sedimento devem ser expressos por mL (.../mL).
Caso seja observada a presença de cilindros, estes devem ser adequadamente
classificados e quantificados.
Os cristais, muco e outros elementos são identificados e relatados em 1+, 2+ ou 3+.
A presença de bacteriúria não é normal na urina, entretanto uma pequena quantidade
pode contaminar amostras colhidas através de micção espontânea ou cateterização. Tais
micro-organismos podem proliferar se a amostra for deixada à temperatura ambiente por
algum tempo, produzindo falsos-positivos. Portanto, a análise do sedimento deve ser
realizada em um período inferior a 4 horas após a coleta (CARMO, 2012, p. 73-6).
Se após o preparo do sedimento não for feita a leitura microscópica é prudente armazená-
lo em geladeira (2 a 8ºC). O resfriamento retarda a proliferação bacteriana.
Se o sedimento foi armazenado em geladeira, antes da leitura, aquecer em banho-maria
por aproximadamente 5 minutos. O aquecimento deixa a amostra em temperatura próxima
ao do momento da coleta.

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