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Caso Clínico 1 – 1/2023

1º atendimento
JVB, sexo feminino, 13 anos, procurou o setor de Pediatria do HUB, acompanhada de
sua mãe (VFB), em 15/02/2018 por corrimento vaginal e prurido há 2 meses. JVB nega
melhora dos sintomas mesmo após a adoção de medidas de higiene pessoal específicas
há cerca de 1 mês, nega queixas urinárias ou alterações do trânsito intestinal, bem como
outras alterações do estado geral (sem emagrecimento, polidipsia, polifagia) ou infeções
recentes. Menarca aos 11 anos, sexarca ausente.
O exame clínico mostrou que JVB estava em bom estado geral, corada, hidratada,
anictérica, acianótica, afebril. Estava vigil, consciente, orientada no tempo e espaço e
apresentava PA: 110×80 mmHg, FC: 100 bpm. O exame de abdômen mostrou que ele
estava normotenso, com ruídos hidroaéreos audíveis, timpanismo fisiológico sem massas
palpáveis e indolor. Ao exame ginecológico, verificou-se que a genitália apresentava
pilificação habitual sem lesões aparentes. Além disso, o exame clínico descartou presença
de possível corpo estranho e abuso sexual. Foi realizada coleta de material e análise de
lâmina para confirmação de hipótese diagnóstica.
Para auxiliar no diagnóstico de JVB, a equipe médica realizou anamnese detalhada com
VFB. Ela, 31 anos, é comerciante, casada, sexualmente ativa, tendo apresentado cinco
episódios recorrentes de perda gestacional. Relata que “tem relacionamento sexual com
um único parceiro, porém acredita que a relação não seja exclusiva”. Em seus
antecedentes, diz já ter apresentado sintomas similares ao da filha diversas vezes. Tais
sintomas pioravam após o período menstrual. Data da última menstruação há 15 dias,
ciclos menstruais regulares e sem uso de contraceptivos, G6P1A5. Em relação à gestação
de JVB, VFB diz não ter apresentado complicações na gravidez, parto e puerpério, porém
a RN foi classificada como PIG. Nega antecedentes patológicos relevantes e refere
história familiar positiva para hipertensão arterial.
À toda família, foi prescrito o uso de Metronidazol 500 mg, por via oral, duas vezes ao
dia, durante 5 dias e, ao casal, abstinência sexual até o final do tratamento.

2º atendimento
Em 24/07/2019, VFB retornou ao setor de Ginecologia do HUB apresentando perda
ponderal de 10 kg em dois meses, disfagia, anorexia, tosse produtiva há três semanas,
diarreia líquida (três episódios/dia). No exame físico de admissão, apresentava-se em mal
estado geral, desidratada, emagrecida, hipocorada, consciente e orientada. Linfonodos
supraclaviculares palpáveis e dolorosos. Os exames de sangue apresentaram taxa de
CD4+ de 120 cel/mm3. A qPCR mostrou-se positiva para HIV, com carga viral de
198.137 cópias. O exame de Papa Nicolau detectou a presença do mesmo patógeno
identificado em JVB no 1º atendimento. Foi internada para dar início à terapia
antirretroviral (zidovudina 300mg + lamivudina 150 mg e lopinavir 200 mg + ritonavir
50 mg) associada ao uso de Metronidazol. Após 20 dias, a paciente recebeu alta
hospitalar.
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

Os estudantes deverão definir a hipótese diagnóstica mais provável para o caso clínico.
A partir de sua hipótese, deverá estudar sobre a epidemiologia da doença no Brasil e no
mundo, biologia e morfologia do parasito, vias de transmissão, mecanismos patogênicos,
mecanismos de evasão imune, fisiopatologia, doenças associadas, testes de diagnóstico,
tratamento e profilaxia

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