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‭●‬ ‭Fatores‬ ‭de‬ ‭risco‬ ‭—‬ ‭pólipos‬ ‭maiores‬ ‭do‬ ‭que‬ ‭1‬‭cm‬‭;‬‭pacientes‬‭com‬‭mais‬‭de‬‭60‬‭anos‬‭;‬

‭crescimento evidenciados por USG‬‭e‬‭pacientes sintomáticos‬‭(dor biliar típica)‬‭;‬


‭●‬ ‭Lesões‬ ‭menores‬ ‭que‬ ‭1‬ ‭cm‬ ‭podem‬ ‭ser‬ ‭acompanhadas‬ ‭por‬ ‭USG‬ ‭seriada‬ ‭em‬ ‭6‬
‭meses, 1 ano e 2 anos‬‭;‬

‭Discinesia Biliar‬

‭●‬ ‭Alteração‬ ‭biliar‬ ‭funcional‬ ‭da‬ ‭vesícula‬ ‭que‬ ‭impacta‬ ‭o‬ ‭seu‬‭esvaziamento‬‭:‬‭dor‬‭biliar‬
‭típica com USG normal‬‭;‬
‭●‬ ‭Avaliar outras doenças — doenças entéricas, neoplasias de cólon, doença péptica‬‭;‬
‭●‬ ‭Diagnóstico:‬‭cintilografia‬‭com‬‭estímulo‬‭pela‬‭colecistocinina‬‭—‬‭fração‬‭de‬‭ejeção‬
‭menor‬ ‭do‬ ‭que‬ ‭um‬ ‭terço‬ ‭após‬ ‭o‬ ‭estímulo‬ ‭pela‬ ‭colecistocinina‬ ‭é‬ ‭diagnóstica‬ ‭de‬
‭discinesia, frente à clínica compatível;‬
‭○‬ ‭Ou‬ ‭alimentação‬ ‭rica‬ ‭em‬ ‭gordura‬ ‭ou‬ ‭sulfato‬ ‭de‬ ‭magnésio‬ ‭para‬ ‭estimular‬ ‭a‬
‭contração biliar — mas não são tão efetivos quanto à CCK;‬
‭●‬ ‭Tratamento — colecistectomia‬‭;‬

‭Câncer Gástrico‬

‭Fernando Vidigal‬

‭Introdução‬

‭●‬ ‭A‬ ‭grande‬ ‭maioria‬ ‭do‬ ‭câncer‬ ‭de‬ ‭estômago‬ ‭é‬ ‭o‬ ‭adenocarcinoma‬‭.‬ ‭GIST,‬
‭neuroendócrinos e linfomas, juntos, chegam a 5%;‬
‭●‬ ‭Compreende a segunda causa de morte por câncer no mundo;‬
‭●‬ ‭Epidemiologia:‬
‭○‬ ‭Esporádicos, sendo que 10% apresenta relação genética;‬
‭○‬ ‭Progressivo decréscimo de incidência;‬
‭○‬ ‭Maior taxa de incidência no Japão;‬
‭○‬ ‭Pico de ocorrência em torno dos 70 anos;‬
‭○‬ ‭Relação de 2:1 de homens para mulheres;‬

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‭Fatores Ambientais‬

‭●‬ ‭Dieta (alimentação rica em sal);‬


‭●‬ ‭Tabagismo;‬
‭●‬ ‭Helicobacter pylori‬‭;‬
‭●‬ ‭Gastrite autoimune — pela acloridria gástrica;‬
‭●‬ ‭Gastrectomia parcial prévia;‬
‭●‬ ‭Pólipos adenomatosos;‬
‭●‬ ‭Vírus Epstein-Barr;‬

‭Localização Gástrica‬

‭●‬ ‭Terço inferior da mucosa gástrica (antro e piloro) — 26%;‬


‭●‬ ‭Terço médio (corpo) — 26%;‬
‭●‬ ‭Terço superior (cárdia) — 31%‬
‭●‬ ‭Todo o estômago — 10% → disseminação pelo tecido linfática submucoso;‬
‭●‬ ‭Sincrônicos — 7%;‬

‭Classificação Macroscópica‬

‭●‬ ‭Classificação de Borrmann (1926):‬


‭○‬ ‭I:‬ ‭polipoide‬ ‭—‬ ‭cresce‬ ‭para‬ ‭o‬ ‭interior‬ ‭do‬ ‭lúmen,‬ ‭não‬ ‭invadindo‬ ‭tanto‬ ‭a‬
‭mucosa;‬
‭○‬ ‭II: ulcerado com bordas deprimidas;‬
‭○‬ ‭III: ulcerado com bordas elevadas;‬
‭○‬ ‭IV: difusamente infiltrativo — invade toda a submucosa gástrica;‬
‭■‬ ‭Linite‬ ‭Plástica‬ ‭—‬ ‭espessamento‬ ‭da‬ ‭parede‬ ‭gástrica‬ ‭por‬ ‭infiltração‬
‭tumoral;‬

‭Classificação Histológica‬

‭●‬ ‭Classificação de Lauren (1965):‬


‭○‬ ‭Intestinal‬ ‭—‬ ‭estrutura‬ ‭glandular‬ ‭bem‬ ‭diferenciada;‬ ‭associação‬ ‭com‬ ‭os‬
‭fatores de risco;‬
‭○‬ ‭Difuso‬‭— indiferenciado; caracterizado por‬‭células‬‭em anel de sinete‬‭;‬

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‭○‬ ‭Indeterminado‬‭;‬

‭Estadiamento‬

‭●‬ ‭Realizado pelo sistema TNM;‬


‭○‬ ‭T — características do Tumor: o quanto invade a parede gástrica;‬
‭○‬ ‭N — metástase linfonodal;‬
‭○‬ ‭M — metástase a distância;‬
‭●‬ ‭Tumor‬‭precoce‬‭do‬‭estômago:‬‭T1a‬‭e‬‭T1b‬‭.‬‭A‬‭partir‬‭do‬‭acometimento‬‭submucoso,‬‭não‬
‭é mais precoce;‬
‭●‬ ‭A partir do estadiamento há‬‭classificação de I a IV‬‭;‬

‭Câncer Gástrico Precoce‬

‭●‬ ‭Compreende os tumores limitados à mucosa e submucosa — T1a e T1b;‬


‭●‬ ‭Não leva em conta o envolvimento linfonodal;‬
‭●‬ ‭Metástase‬ ‭linfonodal‬ ‭1‬ ‭a‬ ‭2%‬ ‭nos‬ ‭carcinomas‬ ‭restritos‬ ‭à‬ ‭mucosa.‬ ‭E‬ ‭15‬ ‭a‬ ‭20%‬ ‭de‬
‭chance nos carcinomas submucosos;‬
‭●‬ ‭Tratamento‬‭endoscópico‬‭—‬‭tumores‬‭menores‬‭que‬‭2‬‭centímetros,‬‭não‬‭ulcerados‬‭e‬
‭não difusos de Lauren;‬

‭Sinais e Sintomas‬

‭●‬ ‭Inicialmente assintomática;‬


‭●‬ ‭Os sintomas, quando presentes, incluem:‬
‭○‬ ‭Dor epigástrica;‬
‭○‬ ‭Saciedade precoces — sobretudo no antro;‬
‭○‬ ‭Perda de peso;‬
‭○‬ ‭Disfagia — tumores na junção esofagogástrica;‬
‭○‬ ‭Hemorragia digestiva alta e anemia crônica;‬

‭Câncer Gástrico Avançado‬

‭●‬ ‭Ao exame físico:‬


‭○‬ ‭Massa‬ ‭abdominal‬ ‭palpável‬ ‭e‬ ‭ascite‬ ‭—‬ ‭pela‬ ‭possibilidade‬ ‭de‬ ‭grande‬
‭crescimento e carcinomatose;‬

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‭○‬ ‭Disseminação para ovário —‬‭Tumor de Krukenberg‬‭;‬
‭○‬ ‭Linfonodo supraclavicular —‬‭Sinal de Virchow;‬
‭○‬ ‭Nódulo de Irish‬‭— linfonodo axilar esquerdo;‬
‭○‬ ‭Implantes pélvicos, como fundo de saco de Douglas —‬‭P. Blummer‬‭;‬
‭○‬ ‭Implante umbilical —‬‭Nódulo da Irmã Maria José‬‭;‬

‭Disseminação‬

‭●‬ ‭Crescimento para duodeno e esôfago, a depender da topologia;‬


‭●‬ ‭Órgãos adjacentes: fígado, pâncreas, cólon transverso e mesocólon;‬
‭●‬ ‭Disseminação linfática;‬
‭●‬ ‭Disseminação hematogênica: fígado, pulmão, ossos;‬
‭●‬ ‭Disseminação peritoneal — carcinomatose peritoneal;‬

‭Investigação Clínica‬

‭●‬ ‭Endoscopia Digestiva Alta:‬


‭○‬ ‭97‬ ‭a‬ ‭99%‬ ‭de‬ ‭precisão‬ ‭pela‬ ‭realização‬ ‭de‬ ‭diversas‬ ‭biópsias.‬‭Informa‬‭ainda‬‭a‬
‭distância da lesão até a cárdia e o piloro;‬

‭Tratamento‬

‭Objetivos e Estadiamento‬

‭●‬ ‭Permitem a individualização do tratamento;‬


‭●‬ ‭Informações sobre prognóstico e aconselhamento do paciente;‬
‭●‬ ‭Determinação da extensão da doença e da estratégia do tratamento:‬
‭○‬ ‭Ressecção gástrica com ou sem terapia adjuvante;‬
‭○‬ ‭Neoadjuvância seguida de ressecção;‬
‭○‬ ‭Terapia sistêmica sem ressecção;‬
‭●‬ ‭Estadiamento:‬
‭○‬ ‭TC de tórax, abdome e pelve;‬
‭○‬ ‭USG‬ ‭endoscópico‬‭—‬‭permite‬‭a‬‭avaliação‬‭da‬‭invasão‬‭da‬‭parede‬‭gástrica‬‭pelo‬
‭tumor, além de invasão linfonodal;‬
‭○‬ ‭PET-CT — anatomia e captação de glicose marcada (metástases e recidiva);‬

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‭○‬ ‭Laparoscopia pré-operatória, para tumores T3 e T4 (tumores avançados);‬
‭○‬ ‭Cintilografia óssea — suspeita de metástase óssea;‬

‭Cirurgia‬

‭●‬ ‭Técnica:‬
‭○‬ ‭Ressecção gástrica com margens livres;‬
‭○‬ ‭Remoção de linfonodos regionais;‬
‭○‬ ‭Ressecção de estruturas envolvidas por contiguidade com margens livres;‬
‭○‬ ‭Remoção‬ ‭do‬ ‭omento‬ ‭maior‬ ‭e‬ ‭do‬ ‭omento‬ ‭menor‬ ‭—‬ ‭para‬ ‭esvaziamento‬
‭linfonodal;‬
‭○‬ ‭Laparotomia, Laparoscopia e Robótica;‬
‭●‬ ‭R — Ressecção e doença residual:‬
‭○‬ ‭R0: ressecção completa, potencialmente curativa;‬
‭○‬ ‭R1: doença residual microscópica;‬
‭○‬ ‭R2: doença residual macroscópica;‬
‭●‬ ‭D — Dissecção linfonodal‬
‭○‬ ‭D1‬ ‭—‬ ‭linfonodos‬‭do‬‭primeiro‬‭nível‬‭(pericárdicos,‬‭curvaturas‬‭gástricas,‬‭supra‬
‭e infrapilóricos — 6 grupos);‬
‭○‬ ‭D2‬ ‭—‬ ‭linfáticos‬ ‭de‬ ‭segundo‬ ‭nível‬ ‭(tronco‬ ‭celíaco,‬ ‭artéria‬ ‭esplênica,‬ ‭artéria‬
‭hepática);‬
‭○‬ ‭Pela AJCC, deve-se retirar ao menos 15 linfonodos;‬

‭Tumores do Terço Médio e Distal‬

‭●‬ ‭Gastrectomia subtotal;‬


‭○‬ ‭Margens‬‭cirúrgicas‬‭—‬‭para‬‭tumor‬‭intestinal‬‭(5‬‭a‬‭6‬‭cm),‬‭se‬‭difuso‬‭(8‬‭cm),‬‭mas‬
‭ser pode realizar exame de congelação;‬
‭●‬ ‭Para a reconstituição do trânsito:‬
‭○‬ ‭Billroth I — gastroduodenostomia;‬
‭○‬ ‭Billroth II — gastrojejunostomia;‬
‭○‬ ‭Y de Roux‬‭— gastrojejunostomia com duodenojejunostomia;‬

‭Tumores do Terço Proximal‬

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‭●‬ ‭Gastrectomia total;‬
‭●‬ ‭Reconstrução do trânsito em‬‭Y de Roux‬‭;‬
‭●‬ ‭Complicações‬ ‭—‬ ‭anemia‬ ‭por‬ ‭deficiência‬ ‭de‬ ‭ferro‬ ‭e‬ ‭vitamina‬ ‭B12;‬ ‭e‬ ‭osteoporose‬
‭por redução da absorção de cálcio e vitamina D;‬

‭Tratamento Complementar‬

‭●‬ ‭Quimioterapia neoadjuvante;‬


‭●‬ ‭Quimioterapia e radioterapia adjuvantes;‬
‭●‬ ‭Terapia-alvo com‬‭Trastuzumabe‬‭— inibidor do EGFR2‬

‭Complicações do Tumor‬

‭●‬ ‭Sangramento → tratamento endoscópico, angiografia e ressecção paliativa;‬


‭●‬ ‭Obstrução‬ ‭→‬ ‭stent‬ ‭endoscópico,‬ ‭gastroenteroanastomose‬ ‭(desvio‬ ‭de‬ ‭trânsito‬
‭alimentar) e ressecção paliativa;‬
‭●‬ ‭Perfuração → omentoplastia e ressecção;‬

‭Prognóstico‬

‭●‬ ‭Sobrevida global aos 5 anos é menos de 25%;‬


‭●‬ ‭Ressecção potencialmente curativa em 24 a 57% dos casos;‬
‭●‬ ‭Em caso de tumor precoce, mais de 96%;‬

‭Tumores de Pâncreas e Região Periampular‬

‭Fernando Vidigal‬

‭Tumores Periampulares‬

‭●‬ ‭Compreendem‬ ‭tumores‬ ‭de:‬ ‭pâncreas,‬ ‭colédoco‬ ‭distal,‬ ‭ampola‬ ‭de‬ ‭Vater‬ ‭e‬
‭duodeno‬‭.‬ ‭Tendem‬ ‭a‬ ‭manifestarem-se‬ ‭de‬ ‭maneira‬ ‭muito‬ ‭próxima:‬ ‭colestase‬ ‭e‬
‭obstrução biliar‬‭;‬

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‭●‬ ‭Os‬ ‭tumores‬ ‭ampulares‬ ‭podem‬ ‭se‬ ‭iniciar‬ ‭no‬ ‭epitélio‬ ‭da‬ ‭própria‬ ‭ampola‬ ‭ou‬ ‭no‬
‭epitélio da papila duodenal maior, sendo do tipo intestinal;‬

‭Câncer de Pâncreas‬

‭Epidemiologia‬

‭●‬ ‭Quarta causa de morte por câncer;‬


‭●‬ ‭Maior incidência entre 60 e 80 anos;‬
‭●‬ ‭Diagnóstico tardio, o que gera um prognóstico ruim;‬
‭○‬ ‭Tumores ressecáveis ao diagnóstico compreendem apenas 15 a 20%;‬
‭○‬ ‭A sobrevida global aos 5 anos é 10%;‬
‭●‬ ‭Ao diagnóstico:‬
‭○‬ ‭50% dos doentes apresenta metástase;‬
‭○‬ ‭30% apresenta doença localmente avançada;‬
‭○‬ ‭20% apresenta doença ressecável;‬
‭○‬ ‭Metástases: fígado, pulmão e ossos;‬

‭Fatores de Risco‬

‭●‬ ‭Tabagismo;‬
‭●‬ ‭Pancreatite crônica;‬
‭●‬ ‭Diabetes de Instalação Recente;‬
‭●‬ ‭Obesidade (IMC > 30);‬
‭●‬ ‭Dieta rica em gordura e proteína animal;‬
‭●‬ ‭Neoplasias‬‭císticas‬‭do‬‭pâncreas‬‭—‬‭neoplasia‬‭cística‬‭mucinosa‬‭e‬‭neoplasia‬‭mucinosa‬
‭papilar intraductal;‬
‭●‬ ‭Neoplasia‬ ‭intraepitelial‬ ‭pancreática‬ ‭(PAN-IN)‬ ‭poderia‬ ‭ser‬ ‭o‬ ‭fator‬ ‭desencadeante‬
‭para o câncer de pâncreas;‬

‭Fatores Genéticos Associados‬

‭●‬ ‭Síndrome de hereditária de câncer de mma e ovário — BRCA1 e 2‬


‭●‬ ‭Síndrome de Lynch;‬
‭●‬ ‭Outras;‬

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‭Alterações Genéticas‬

‭●‬ ‭Mutação do oncogene KRAS;‬


‭●‬ ‭Mutações do gene P53;‬
‭●‬ ‭Outros genes supressores de tumor — p16;‬

‭Patologia‬

‭●‬ ‭Adenocarcinoma‬‭ductal‬‭(90%)‬‭,‬‭sendo‬‭70%‬‭localizado‬‭na‬‭cabeça‬‭do‬‭pâncreas‬‭—‬‭daí‬
‭a colestase;‬
‭●‬ ‭Outras‬ ‭neoplasias‬ ‭—‬ ‭carcinoma‬ ‭acinar,‬ ‭pancreatoblastoma,‬ ‭tumores‬
‭neuroendócrinos, neoplasias císticas mucinosas;‬

‭Apresentação Clínica‬

‭●‬ ‭Icterícia‬‭— pela Síndrome Colestática;‬


‭●‬ ‭Perda de peso‬‭;‬
‭●‬ ‭Dor abdominal atípica e tardia — não é a mesma da coledocolitíase;‬
‭●‬ ‭Anorexia;‬
‭●‬ ‭Insuficiência do pâncreas exócrino — por obstrução do ducto pancreático;‬
‭●‬ ‭Dor no dorso — por tumores de corpo e cauda de pâncreas;‬
‭●‬ ‭Caquexia;‬
‭●‬ ‭Diabetes recente ou piora do diabetes pré-existente;‬

‭Achados ao Exame Físico‬

‭●‬ ‭Icterícia;‬
‭●‬ ‭Vesícula palpável pela obstrução biliar — sinal de Courvoisier Terrier;‬
‭●‬ ‭Tromboflebite migratória — sinal de Trousseau‬‭;‬
‭●‬ ‭Ascite;‬

‭Diagnósticos Diferenciais‬

‭●‬ ‭Coledocolitíase;‬
‭●‬ ‭Colangiocarcinoma;‬
‭●‬ ‭Síndrome de Mirizzi;‬

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‭●‬ ‭Pancreatite crônica;‬
‭●‬ ‭Estenoses benignas das vias biliares;‬

‭Diagnóstico‬

‭●‬ ‭Laboratório:‬
‭○‬ ‭Hemograma, bioquímica e eletrólitos;‬
‭○‬ ‭Enzimas hepáticas, amilase e lipase;‬
‭○‬ ‭Coagulograma — pela deficiência de vitamina K;‬
‭○‬ ‭Avaliação nutricional;‬
‭○‬ ‭Dosagem‬ ‭do‬ ‭marcador‬ ‭AC‬ ‭19-9‬‭,‬ ‭muito‬ ‭aumentado‬ ‭no‬ ‭câncer‬ ‭de‬ ‭pâncreas‬
‭(específico, mas não muito sensível);‬
‭●‬ ‭Estadiamento:‬
‭○‬ ‭USG — de abdome e vias biliares;‬
‭○‬ ‭TC com contraste‬‭;‬
‭○‬ ‭RNM — para as lesões císticas do pâncreas;‬
‭○‬ ‭USG endoscópico;‬
‭○‬ ‭Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE);‬
‭○‬ ‭Laparoscopia‬ ‭—‬ ‭se‬ ‭houver‬ ‭suspeita‬ ‭de‬ ‭doença‬ ‭avançada,‬ ‭como‬ ‭metástase‬
‭hepática e carcinomatose peritoneal;‬
‭○‬ ‭Biópsia — transduodenal;‬
‭○‬ ‭PET-CT — em suspeita de recidiva no seguimento do paciente;‬

‭Tratamento‬

‭●‬ ‭O objetivo é uma ressecção R0, sempre;‬


‭●‬ ‭Frequente‬ ‭irressecabilidade‬ ‭dos‬ ‭tumores‬ ‭de‬ ‭cabeça‬‭de‬‭pâncreas‬‭pela‬‭sua‬‭invasão‬
‭nos vasos mesentéricos superiores:‬
‭○‬ ‭O processo uncinado abraça a veia mesentérica superior‬‭;‬
‭○‬ ‭Abutment‬‭(até‬‭180º‬‭de‬‭envolvimento‬‭da‬‭veia)‬‭e‬‭encasement‬‭(mais‬‭de‬‭180º‬‭de‬
‭envolvimento)‬ ‭do‬ ‭vaso‬ ‭mesentérico‬ ‭superior‬ ‭pelo‬ ‭tumor‬ ‭já‬ ‭impedem‬ ‭a‬
‭ressecção do tumor;‬

‭Cirúrgico‬

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‭●‬ ‭Avaliar‬‭quanto‬‭à‬‭ressecabilidade‬‭da‬‭doença.‬‭Ponderar‬‭a‬‭realização‬‭de‬‭quimioterapia‬
‭neoadjuvante;‬
‭●‬ ‭Doença localmente avançada;‬
‭●‬ ‭Doença‬ ‭borderline‬ ‭(marginalmente‬ ‭ressecável).‬ ‭Neste‬ ‭caso,‬ ‭está‬ ‭definida‬ ‭a‬
‭quimioterapia neoadjuvante;‬
‭●‬ ‭Contraindicação para ressecção:‬
‭○‬ ‭Metástases hepáticas, linfonodais distantes e peritoneais;‬
‭○‬ ‭Envolvimento‬ ‭venoso‬ ‭maior‬ ‭—‬ ‭invasão‬ ‭de‬ ‭veia‬ ‭porta‬ ‭ou‬ ‭mesentérica‬
‭superior não passível de reconstrução;‬
‭○‬ ‭Envolvimento‬‭arterial‬‭—‬‭mais‬‭de‬‭180º‬‭da‬‭artéria‬‭mesentérica‬‭superior‬‭ou‬‭do‬
‭tronco celíaco;‬
‭●‬ ‭Técnica — Duodenopancreatectomia cefálica (Whipple)‬‭:‬
‭○‬ ‭Clássica:‬
‭■‬ ‭Colédoco e vesícula biliar;‬
‭■‬ ‭Duodeno e antro gástrico;‬
‭■‬ ‭Cabeça de pâncreas e processo uncinado;‬
‭■‬ ‭Jejuno proximal;‬
‭○‬ ‭Modificada — preservação do antro gástrico;‬
‭●‬ ‭Complicações‬ ‭da‬ ‭duodenopancreatectomia‬ ‭—‬ ‭fístulas‬ ‭pancreáticas,‬ ‭abscessos‬
‭intra-abdominais,‬ ‭hemorragia,‬ ‭esvaziamento‬ ‭gástrico‬ ‭demorado,‬ ‭diabete‬ ‭melito‬ ‭e‬
‭insuficiência exócrina e mortalidade (5%);‬
‭●‬ ‭Tumores de corpo e cauda‬‭:‬
‭○‬ ‭Pancreatectomia corpo-caudal;‬
‭■‬ ‭Ressecabilidade em 10%;‬
‭■‬ ‭Complicações — fístulas subfrênicas e abscessos intra-abdominais;‬

‭Procedimentos Paliativos‬

‭●‬ ‭Obstrução‬ ‭biliar‬ ‭—‬ ‭próteses‬ ‭endoscópicas‬ ‭(plásticas‬ ‭ou‬ ‭metal)‬ ‭ou‬ ‭anastomose‬
‭biliodigestiva (desvio do trânsito biliar);‬
‭●‬ ‭Obstrução duodenal‬‭— gastrojejunostomia, stent duodenal;‬
‭●‬ ‭Dor‬ ‭—‬ ‭bloqueio‬ ‭do‬ ‭plexo‬ ‭celíaco,‬ ‭intraoperatória‬ ‭ou‬ ‭percutânea‬ ‭(radiologista‬
‭intervencionista e especialista em dor);‬

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‭Tratamento Adjuvante‬

‭●‬ ‭Quimioterapia adjuvante — gencitabina, abraxane + gencitabina,‬‭folfirinox‬‭;‬


‭●‬ ‭Avaliação da quimioterapia neoadjuvante com ou sem radioterapia;‬

‭Sobrevida‬

‭●‬ ‭Após ressecção — 15 a 20% em 5 anos, sendo a sobrevida média de 22 meses;‬


‭●‬ ‭Doença‬‭irressecável‬‭—‬‭sem‬‭metástase‬‭com‬‭QMT:‬‭10‬‭a‬‭12‬‭meses;‬‭com‬‭metástases:‬‭6‬
‭meses;‬

‭Patologias Cirúrgicas do Esôfago‬

‭Introdução‬

‭●‬ ‭O‬ ‭esôfago‬ ‭(‬‭oesophagus‬‭)‬ ‭é‬ ‭uma‬ ‭víscera‬ ‭tubular‬ ‭contrátil,‬ ‭desprovida‬ ‭de‬ ‭serosa,‬
‭situada‬ ‭entre‬ ‭a‬ ‭faringe‬ ‭e‬ ‭o‬ ‭estômago,‬ ‭responsável‬ ‭por‬ ‭conduzir‬ ‭o‬ ‭alimento‬ ‭da‬
‭orofaringe‬ ‭em‬ ‭direção‬ ‭ao‬ ‭estômago,‬ ‭através‬ ‭de‬ ‭movimentos‬ ‭peristálticos‬ ‭(7‬
‭segundo).‬ ‭É‬ ‭responsável‬ ‭apenas‬ ‭pela‬
‭condução‬ ‭do‬ ‭alimento:‬ ‭não‬ ‭secreta,‬ ‭não‬
‭tritura, não armazena;‬
‭●‬ ‭Possui‬‭25‬‭cm‬‭de‬‭extensão‬‭e‬‭cerca‬‭de‬‭2‬
‭cm‬ ‭de‬ ‭diâmetro;‬ ‭atravessando‬ ‭as‬ ‭regiões‬
‭cervical,‬ ‭torácica‬ ‭e‬ ‭abdominal‬ ‭(porção‬
‭subfrênica);‬

‭Anatomia‬

‭●‬ ‭Localização anatômica‬‭:‬


‭○‬ ‭Inicia-se‬ ‭a‬ ‭15‬ ‭cm‬ ‭da‬ ‭arcada‬
‭dentária‬‭superior‬‭(ADS),‬‭em‬‭frente‬‭à‬‭vértebra‬
‭C6;‬

‭54‬
‭○‬ ‭Estende-se até o óstio cárdico do estômago, a 40 cm da ADS, a nível de T11;‬
‭●‬ ‭Irrigação arterial:‬
‭○‬ ‭Porção‬ ‭cervical‬ ‭—‬ ‭irrigada‬ ‭pela‬ ‭artéria‬ ‭tireoidea‬ ‭inferior‬ ‭(ramo‬ ‭do‬ ‭tronco‬
‭tireocervical);‬
‭○‬ ‭Porção‬ ‭torácica‬ ‭—‬ ‭ramos‬ ‭diretos‬ ‭da‬ ‭aorta‬‭,‬ ‭das‬ ‭artérias‬ ‭brônquicas‬ ‭e‬ ‭das‬
‭artérias intercostais‬‭;‬
‭○‬ ‭Porção‬ ‭abdominal‬ ‭—‬ ‭vascularizado‬ ‭pelas‬ ‭artérias‬ ‭frênicas‬ ‭inferiores‬ ‭e‬ ‭artéria‬
‭gástrica esquerda‬‭(ramo do tronco celíaco);‬
‭●‬ ‭Drenagem venosa:‬
‭○‬ ‭Porção‬‭cervical‬‭— drenagem para as‬‭veias jugulares‬‭;‬
‭○‬ ‭Porção‬ ‭torácica‬ ‭—‬ ‭drenagem‬ ‭para‬ ‭veias‬ ‭intercostais,‬ ‭veia‬ ‭cava‬ ‭superior,‬ ‭veia‬
‭ázIgos e hemiázigos‬‭;‬
‭○‬ ‭Porção‬ ‭abdominal‬ ‭—‬ ‭drenagem‬ ‭pelas‬ ‭veias‬ ‭gástrica‬‭direita‬‭e‬‭gastroepiploicas‬
‭(gastro-omental) direitas‬‭em direção ao sistema venoso‬‭porta‬‭;‬
‭●‬ ‭Drenagem‬‭linfática‬‭—‬‭linfonodos‬‭cervicais‬‭profundos,‬‭mediastinais,‬‭paratraqueais,‬
‭esofágicos, brônquicos, supradiafragmáticos, infradiafragmáticos, tronco celíaco;‬

‭Câncer de Esôfago‬

‭Epidemiologia‬

‭●‬ ‭95%‬ ‭das‬ ‭neoplasias‬ ‭do‬‭esôfago‬‭compreendem‬‭carcinoma‬‭espinocelular‬‭(CEC)‬‭ou‬


‭adenocarcinoma‬‭;‬
‭●‬ ‭É a 6ª maior causa de morte por câncer no mundo — prognóstico desfavorável;‬
‭●‬ ‭No Brasil, há maior incidência entre homens do que mulheres;]‬
‭●‬ ‭Até‬ ‭a‬ ‭década‬ ‭de‬ ‭70,‬ ‭90%‬ ‭dos‬ ‭cânceres‬ ‭de‬‭esôfago‬‭eram‬‭CEC.‬‭Contudo,‬‭nos‬‭países‬
‭ocidentais,‬ ‭a‬ ‭proporção‬ ‭atual‬ ‭é‬ ‭semelhante,‬ ‭devido‬ ‭à‬ ‭DRGE‬ ‭e‬ ‭obesidade.‬ ‭O‬
‭adenocarcinoma é 15 vezes mais frequente em homens do que mulheres;‬

‭CEC‬

‭●‬ ‭Mais prevalente entre 60 e 70 anos. Raro antes dos 30 anos;‬


‭●‬ ‭Mucosa‬ ‭escamosa‬ ‭nativa‬ ‭do‬ ‭esôfago‬ ‭(terços‬ ‭superior‬ ‭e‬ ‭médio‬‭)‬ ‭—‬ ‭epitélio‬
‭pavimentoso estratificado;‬

‭55‬
‭○‬ ‭Apenas‬‭na‬‭porção‬‭distal‬‭do‬‭esôfago,‬‭próximo‬‭à‬‭transição‬‭com‬‭a‬‭cárdia,‬‭pode‬
‭apresentar transformação para o epitélio colunar (metaplasia);‬
‭●‬ ‭Exposição‬ ‭a‬ ‭fatores‬ ‭ambientais‬ ‭(‬‭tabagismo‬‭,‬ ‭fumo,‬ ‭alimentos‬ ‭defumados,‬ ‭líquidos‬
‭quentes);‬
‭●‬ ‭Ingestão cáustica e acalasia;‬

‭Adenocarcinoma‬

‭●‬ ‭Prevalentes em pacientes com idade acima de 40 anos (mais jovens que no CEC);‬
‭●‬ ‭Relação‬ ‭com‬ ‭a‬ ‭Doença‬ ‭do‬ ‭Refluxo‬ ‭Gastroesofágico‬ ‭e‬ ‭com‬ ‭a‬ ‭dieta‬ ‭ocidental‬‭,‬
‭como principal‬‭fator de risco‬‭;‬
‭●‬ ‭Decorre de‬‭metaplasia epitelial‬‭: agressão, displasia‬‭e neoplasia;‬

‭Quadro Clínico‬

‭●‬ ‭Tumores‬ ‭precoces‬ ‭—‬ ‭assintomáticos‬ ‭ou‬ ‭sintomas‬ ‭de‬ ‭refluxo‬ ‭(‭p
‬ irose‬ ‭e‬
‭regurgitação‬‭);‬
‭●‬ ‭Doença avançada —‬‭disfagia e perda de peso‬‭;‬
‭●‬ ‭Doença irressecável —‬‭engasgos, tosse, rouquidão‬‭;‬
‭○‬ ‭Pior prognóstico e sobrevida reservada;‬

‭Diagnóstico‬

‭●‬ ‭Endoscopia‬ ‭Digestiva‬ ‭Alta‬ ‭com‬ ‭biópsia‬ ‭—‬ ‭exame‬ ‭indicado‬ ‭para‬ ‭confirmação‬
‭diagnóstica (imagem e laudo AP);‬
‭○‬ ‭À‬ ‭EDA,‬‭pode-se‬‭observar‬‭tanto‬‭lesões‬‭ulceradas,‬‭sangrantes‬‭ou‬‭não,‬‭quanto‬
‭lesões vegetantes;‬
‭●‬ ‭Esofagograma‬ ‭(radiografia‬ ‭com‬ ‭contraste‬ ‭baritado‬ ‭do‬ ‭esôfago)‬ ‭—‬ ‭utilizada‬ ‭para‬
‭programação cirúrgica (ou diagnóstico, na indisponibilidade de EDA);‬
‭○‬ ‭Observa-se,‬ ‭classicamente,‬ ‭o‬ ‭sinal‬ ‭da‬ ‭maçã‬ ‭mordida‬‭,‬ ‭no‬ ‭local‬ ‭onde‬ ‭há‬
‭afilamento da luz esofageana pelo tumor;‬
‭●‬ ‭Ecoendoscopia — caráter de estadiamento e traçar conduta;‬
‭○‬ ‭Mostra‬‭a‬‭extensão‬‭do‬‭tumor‬‭pela‬‭parede‬‭do‬‭esôfago,‬‭à‬‭USG,‬‭podendo‬‭ainda‬
‭mostrar‬ ‭comprometimento‬ ‭linfonodal‬ ‭(linfadenomegalia‬ ‭peritumoral)‬ ‭e‬
‭invasão de estruturas adjacentes, como aorta e árvore respiratória;‬

‭56‬
‭●‬ ‭Tomografia computadorizada de tórax e abdômen— estadiamento;‬
‭○‬ ‭Mostra‬‭as‬‭dimensões‬‭do‬‭tumor,‬‭evidenciando‬‭também‬‭invasão‬‭de‬‭estruturas‬
‭adjacentes, como aorta, árvore respiratória etc;‬

‭Estadiamento‬

‭●‬ ‭Método‬‭TNM‬‭—‬‭invasão‬‭do‬‭tumor,‬‭acometimento‬‭linfonodal‬‭regional‬‭e‬‭metástase‬‭a‬
‭distância;‬
‭●‬ ‭A partir do TNM, realiza-se o‬‭estadiamento clínico‬‭— 0, I, II, III, IVA e IVB;‬

‭Tratamento‬

‭●‬ ‭Multimodal‬‭:‬
‭○‬ ‭Ressecção endoscópica em casos iniciais e muito selecionados;‬
‭○‬ ‭Para‬ ‭doença‬ ‭localmente‬ ‭avançada‬ ‭(maior‬ ‭parte),‬ ‭realiza-se‬ ‭radioterapia‬ ‭e‬
‭quimioterapia neoadjuvantes‬‭, seguidas por‬‭cirurgia‬‭num segundo tempo;‬
‭○‬ ‭Doença‬‭mais‬‭avançada‬‭(perda‬‭ponderal,‬‭estenose‬‭esofageana‬‭etc),‬‭realiza-se‬
‭cirurgia e quimioterapia e radioterapia adjuvantes‬‭;‬
‭○‬ ‭Tratamento paliativo‬‭(endoscópico, cirúrgico, QT e‬‭RT) se doença avançada;‬

‭Endoscópico‬

‭●‬ ‭T1N0‬‭— comprovado por TC ou ecoendoscopia;‬


‭●‬ ‭Realiza-se ressecção endoscópica (mucosectomia) ou ablação da lesão;‬

‭Neoadjuvância e Cirurgia‬

‭●‬ ‭T2-T3, N0-N2, M0‬‭;‬


‭●‬ ‭Permite‬‭aumento‬‭da‬‭sobrevida‬‭global,‬‭sobrevida‬‭livre‬‭de‬‭doença‬‭e‬‭maiores‬‭taxas‬‭de‬
‭ressecção completa;‬
‭●‬ ‭FOLFOX (Fluorouracil com Oxaliplatina) e radioterapia;‬
‭●‬ ‭Cirurgia‬ ‭realizada‬ ‭no‬ ‭máximo‬ ‭4‬ ‭a‬ ‭6‬ ‭semanas‬ ‭após‬ ‭a‬ ‭neoadjuvância‬ ‭(janela‬ ‭de‬
‭tratamento cirúrgico) para que a lesão não volte a crescer;‬
‭●‬ ‭A‬‭cirurgia‬‭consiste‬‭em‬‭ressecção‬‭do‬‭esôfago‬‭com‬‭margens‬‭livres‬‭e‬‭linfonodomegalia‬
‭segmentar a depender do local do tumor:‬
‭○‬ ‭Esofagectomia subtotal‬‭(convencional ou minimamente‬‭invasiva);‬

‭57‬
‭○‬ ‭As‬ ‭cirurgias‬ ‭mais‬ ‭realizadas‬ ‭são‬ ‭transtorácicas,‬ ‭via‬ ‭toracotomia‬ ‭ou‬
‭toracoscopia:‬
‭■‬ ‭Ivor‬ ‭Lewis‬ ‭—‬ ‭toracotomia‬ ‭ou‬ ‭toracoscopia‬ ‭direita‬ ‭para‬ ‭dissecção‬ ‭e‬
‭ressecção‬ ‭do‬ ‭esôfago‬ ‭torácico,‬ ‭seguido‬ ‭de‬ ‭laparotomia‬ ‭ou‬
‭laparoscopia‬ ‭para‬ ‭abordagem‬ ‭do‬ ‭esôfago‬ ‭distal‬ ‭e‬ ‭do‬ ‭estômago.‬ ‭A‬
‭anastomose para o trânsito alimentar é realizada‬‭dentro‬‭do tórax‬‭;‬
‭■‬ ‭McKeown‬ ‭—‬ ‭toracotomia‬ ‭ou‬ ‭toracoscopia‬ ‭direita,‬ ‭laparotomia‬ ‭e‬
‭cervicotomia.‬‭Há‬‭dissecção‬‭e‬‭ressecção‬‭de‬‭todo‬‭o‬‭esôfago‬‭abdominal,‬
‭torácico‬‭e‬‭parte‬‭do‬‭cervical.‬‭A‬‭anastomose‬‭é‬‭realizada‬‭entre‬‭o‬‭esôfago‬
‭cervical e o estômago;‬
‭○‬ ‭Transhiatal‬ ‭—‬ ‭abordagem‬ ‭do‬ ‭abdome‬ ‭e‬ ‭da‬ ‭região‬ ‭cervical‬ ‭(seja‬ ‭aberta‬ ‭ou‬
‭minimamente‬ ‭invasiva).‬ ‭É‬ ‭realizada‬ ‭somente‬ ‭em‬ ‭lesões‬ ‭de‬ ‭junção‬
‭esofagogástricas‬ ‭selecionadas‬‭,‬ ‭uma‬ ‭vez‬ ‭que‬‭não‬‭permite‬‭linfadenectomia‬
‭torácica adequada;‬

‭Tratamento Paliativo‬

‭●‬ ‭A‬‭paliação‬‭consiste na redução da intensidade dos‬‭sintomas, sem cura;‬


‭●‬ ‭Iniciado dada a invasão local ou doença sistêmica;‬
‭●‬ ‭Objetivos — melhora da sintomatologia associada a aumento da sobrevida;‬
‭●‬ ‭Técnicas empregadas:‬
‭○‬ ‭Radioterapia‬ ‭e‬ ‭quimioterapia‬ ‭para‬ ‭redução‬ ‭do‬ ‭volume‬ ‭tumoral,‬ ‭de‬‭modo‬‭a‬
‭aumentar o lúmen esofágico;‬
‭○‬ ‭Prótese metálica para aumentar o lúmen (stent metálico);‬

‭Prognóstico‬

‭●‬ ‭A‬ ‭sobrevida‬ ‭em‬ ‭5‬ ‭anos‬ ‭para‬ ‭neoplasia‬ ‭de‬ ‭esôfago‬ ‭é‬ ‭muito‬ ‭baixa,‬ ‭com‬ ‭elevada‬
‭mortalidade:‬ ‭20‬ ‭a‬ ‭25%‬ ‭em‬ ‭todos‬ ‭os‬ ‭estádios‬‭,‬ ‭independentemente‬ ‭da‬ ‭estratégia‬
‭adotada;‬
‭○‬ ‭Mesmo estádio I (T1, N0-N1, M0), a sobrevida é de cerca de 50%;‬

‭DRGE — Abordagem Cirúrgica‬

‭Conceito‬

‭58‬
‭●‬ ‭A‬ ‭doença‬ ‭do‬ ‭refluxo‬ ‭gastroesofágico‬ ‭(DRGE)‬ ‭é‬ ‭uma‬ ‭afecção‬ ‭decorrente‬ ‭do‬ ‭fluxo‬
‭retrógrado‬ ‭de‬ ‭conteúdo‬ ‭gástrico‬‭para‬‭o‬‭esôfago,‬‭orofaringe‬‭e/ou‬‭vias‬‭respiratórias‬
‭que‬ ‭provoca‬ ‭sintomas‬ ‭incômodos,‬ ‭lesões‬ ‭ou‬ ‭complicações‬ ‭suficientes‬ ‭para‬
‭prejudica‬ ‭a‬ ‭qualidade‬ ‭de‬ ‭vida‬ ‭de‬ ‭seus‬ ‭portadores‬ ‭→‬ ‭exposição‬ ‭do‬ ‭epitélio‬
‭pavimentoso‬ ‭estratificado‬ ‭do‬ ‭esôfago‬ ‭à‬ ‭secreção‬ ‭ácida‬ ‭gástrica,‬ ‭para‬ ‭o‬ ‭qual‬ ‭a‬
‭mucosa esofágica não está adaptada;‬

‭Indicações Cirúrgicas‬

‭○‬ ‭Bem reservadas, haja vista que o tratamento da DRGE é clínico;‬


‭●‬ ‭Sintomas de refluxo associados a grandes hérnias hiatais;‬
‭●‬ ‭Refratariedade‬‭ao‬‭tratamento‬‭clínico‬‭(IBP‬‭duas‬‭vezes‬‭ao‬‭dia),‬‭mesmo‬‭na‬‭vigência‬‭de‬
‭medidas‬ ‭de‬ ‭alterações‬ ‭dietéticas,‬ ‭ou‬ ‭persistência‬ ‭de‬ ‭sintomas‬ ‭ou‬ ‭manifestações‬
‭extraesofágicas ou lesões ativas vistas à EDA;‬
‭●‬ ‭Não adesão ao tratamento clínico pelo paciente;‬
‭●‬ ‭Complicações da DRGE —‬‭ulcerações e estenoses‬‭;‬

‭Tratamento Cirúrgico‬

‭●‬ ‭Consiste em:‬


‭○‬ ‭Redução da hérnia hiatal;‬
‭○‬ ‭Restauração do esôfago abdominal;‬
‭○‬ ‭Hiatoplastia — sutura do hiato que permitiu a herniação gástrica;‬
‭○‬ ‭Fundoplicatura‬ ‭—‬ ‭realização‬ ‭de‬ ‭uma‬ ‭válvula‬ ‭antirrefluxo:‬ ‭consiste‬ ‭em‬ ‭dar‬
‭uma‬‭volta‬‭com‬‭o‬‭fundo‬‭gástrico‬‭ao‬‭redor‬‭do‬‭esôfago‬‭abdominal‬‭e‬‭realizada‬‭a‬
‭plicatura;‬

‭Conclusão‬

‭●‬ ‭DRGE é uma doença de tratamento clínico;‬


‭●‬ ‭A cirurgia é indicada somente para casos selecionados;‬
‭●‬ ‭Mesmo‬ ‭os‬ ‭pacientes‬ ‭operados‬ ‭podem‬‭ter‬‭recidiva‬‭dos‬‭sintomas‬‭com‬‭o‬‭passar‬‭dos‬
‭anos,‬ ‭dado‬ ‭o‬ ‭caráter‬ ‭crônico‬ ‭da‬ ‭DRGE.‬ ‭Portanto,‬ ‭podem‬ ‭necessitar‬ ‭de‬‭retorno‬‭do‬
‭tratamento clínico ou cirurgias revisionais;‬

‭59‬
‭Acalásia (Megaesôfago)‬

‭Definição‬

‭●‬ ‭É uma‬‭doença motora do esôfago‬‭:‬


‭○‬ ‭Incapacidade da musculatura lisa em produzir contração;‬
‭○‬ ‭Relaxamento incompleto do esfíncter esofagiano inferior (EEI);‬
‭●‬ ‭Origem‬ ‭idiopática‬ ‭ou‬ ‭associada‬ ‭à‬ ‭Doença‬ ‭de‬ ‭Chagas‬ ‭(destruição‬ ‭dos‬ ‭plexos‬
‭nervosos submucoso e muscular por tropismo do protozoário);‬
‭●‬ ‭Cursa‬ ‭com‬ ‭a‬ ‭retenção‬ ‭de‬ ‭alimento‬ ‭e‬ ‭saliva‬ ‭no‬ ‭esôfago,‬ ‭levando‬ ‭à‬‭sua‬‭progressiva‬
‭dilatação;‬
‭●‬ ‭Fator‬ ‭de‬ ‭risco‬ ‭para‬ ‭neoplasia‬ ‭(CEC):‬ ‭a‬ ‭retenção‬ ‭crônica‬ ‭de‬ ‭alimento‬ ‭no‬ ‭lúmen‬
‭esofágico‬‭induz‬‭uma‬‭inflamação‬‭crônica‬‭que‬‭pode‬‭desenvolver‬‭metaplasia,‬‭displasia‬
‭e neoplasia;‬

‭Sintomas‬

‭●‬ ‭São variáveis de acordo com o estágio da doença:‬


‭○‬ ‭Disfagia — inicia-se antes dos demais;‬
‭○‬ ‭Regurgitação;‬
‭○‬ ‭Dor torácica;‬
‭○‬ ‭Perda de peso;‬
‭○‬ ‭Pneumonias de repetição;‬

‭Exames Complementares‬

‭●‬ ‭Endoscopia digestiva alta:‬


‭○‬ ‭Mostra‬‭dilatação e tortuosidade do esôfago‬‭;‬
‭○‬ ‭Comum‬ ‭a‬ ‭presença‬ ‭de‬ ‭restos‬ ‭alimentares,‬ ‭mesmo‬ ‭o‬ ‭paciente‬ ‭em‬ ‭longos‬
‭períodos de jejum;‬
‭○‬ ‭Realizada para‬‭excluir lesões de mucosa‬‭(neoplasia);‬
‭●‬ ‭Radiografia contrastada de esôfago;‬
‭○‬ ‭Dilatação‬ ‭e‬ ‭tortuosidade‬ ‭do‬ ‭esôfago‬ ‭nos‬ ‭graus‬ ‭mais‬ ‭iniciais‬ ‭e‬ ‭brandos‬ ‭da‬
‭doença. Aumentam de intensidade com o piorar da doença‬
‭○‬ ‭Afilamento em‬‭bico de pássaro‬‭ou‬‭ponta de lápis‬‭à‬‭radiografia;‬

‭60‬
‭●‬ ‭Manometria esofágica‬‭— faz diagnóstico, prognóstico e orienta tratamento;‬
‭○‬ ‭Padrão-ouro para o diagnóstico;‬
‭○‬ ‭Mostra‬‭o‬‭grau‬‭de‬‭amplitude‬‭das‬‭contrações‬‭peristálticas‬‭ao‬‭longo‬‭do‬‭esôfago‬
‭— ondas de contração baixas e descoordenadas e aperistalse;‬
‭○‬ ‭Aferição da pressão do esfíncter esofagiano inferior — hipertensão do EEI;‬
‭○‬ ‭Determina prognóstico;‬
‭○‬ ‭Megaesôfago‬ ‭avançado‬ ‭—‬ ‭pressão‬ ‭de‬ ‭corpo‬ ‭menor‬ ‭que‬ ‭20‬ ‭mmHg‬ ‭ou‬
‭aperistalse completa;‬

‭Tratamento‬

‭●‬ ‭Nenhum tratamento restaura a atividade muscular do esôfago;‬


‭●‬ ‭Redução‬ ‭da‬ ‭pressão‬ ‭do‬ ‭EEI‬ ‭visando‬ ‭ao‬ ‭esvaziamento‬ ‭esofagiano‬ ‭por‬ ‭meio‬ ‭de‬
‭endoscopia, medicamentos ou cirurgia;‬
‭●‬ ‭Substituição‬ ‭do‬ ‭esôfago‬ ‭em‬ ‭casos‬ ‭avançados‬ ‭—‬ ‭esofagectomia,‬ ‭com‬ ‭substituição‬
‭por construção de um tubo gástrico;‬

‭EDA‬

‭●‬ ‭Dilatação pneumática do EE, através de insuflação do balonete;‬


‭●‬ ‭Injeção de toxina botulínica no EEI, aliviando a hipertensão;‬
‭●‬ ‭Limitação: recidiva precoce dos sintomas;‬

‭Cirurgia‬

‭●‬ ‭Cirurgia conservadora:‬


‭○‬ ‭Esofagocardiomiotomia‬ ‭(secção‬ ‭de‬ ‭fibras‬ ‭musculares‬ ‭esfincterianas),‬ ‭com‬
‭confecção de válvula antirrefluxo;‬
‭○‬ ‭Minimamente invasiva (padrão-ouro);‬

‭Conclusões‬

‭●‬ ‭Doença não passível de cura;‬


‭●‬ ‭O tratamento visa ao alívio dos sintomas e a prevenção de neoplasias;‬
‭●‬ ‭Há recidiva dos sintomas mesmo com cirurgia conservadora;‬
‭●‬ ‭Esofagectomia para casos avançados;‬

‭61‬
‭Nódulos Hepáticos‬

‭Introdução‬

‭●‬ ‭Os nódulos hepáticos são‬‭lesões sólidas do fígado‬‭;‬


‭●‬ ‭Os tumores benignos de fígado têm uma prevalência de 20% na população geral;‬
‭●‬ ‭A maioria dos nódulos hepáticos são assintomáticos;‬
‭●‬ ‭Os‬‭exames‬‭de‬‭imagem‬‭são‬‭a‬‭principal‬‭forma‬‭de‬‭diagnóstico‬‭—‬‭na‬‭maioria‬‭dos‬‭casos‬
‭são achados de exames para outras etiologias;‬
‭●‬ ‭Quanto aos tumores malignos, apresentam prognóstico reservado;‬

‭Raciocínio Clínico‬

‭●‬ ‭Frente a um paciente com lesão sólida do fígado, deve-se se perguntar:‬


‭○‬ ‭Pela história natural da lesão, há risco de sangramento ou malignidade?‬
‭○‬ ‭Se sintomas, são atribuíveis aos achados radiológicos?‬
‭○‬ ‭Há incerteza diagnóstica?‬
‭○‬ ‭A lesão é grande? Há efeito de massa?‬

‭Ferramentas para Diagnóstico‬

‭●‬ ‭Os‬‭exames de imagem‬‭são as principais ferramentas‬‭para diagnóstico;‬


‭○‬ ‭USG:‬ ‭primeiro‬ ‭exame.‬ ‭Apresenta‬ ‭elevada‬ ‭sensibilidade‬ ‭para‬ ‭diferenciar‬
‭lesões sólidas de císticas;‬
‭○‬ ‭TC e RNM com contraste venoso;‬
‭●‬ ‭Marcadores tumorais em exame de sangue;‬
‭●‬ ‭Biópsia percutânea com agulha na incerteza diagnóstica;‬

‭USG‬

‭●‬ ‭Permite diferenciar as lesões sólidas das císticas;‬


‭●‬ ‭Recomendações da Sociedade Brasileira de Hepatologia:‬

‭62‬
‭○‬ ‭O‬ ‭diagnóstico‬ ‭de‬ ‭cistos‬ ‭hepáticos‬ ‭pode‬ ‭ser‬ ‭feito‬ ‭por‬ ‭exame‬
‭ultrassonográfico;‬
‭○‬ ‭Os‬ ‭cistos‬ ‭simples‬ ‭assintomáticos‬ ‭não‬ ‭necessitam‬ ‭de‬ ‭acompanhamento‬
‭periódico;‬
‭●‬ ‭Apresentam‬ ‭aspectos‬ ‭de‬ ‭lesões‬ ‭de‬ ‭bordos‬ ‭lisos‬ ‭e‬ ‭bem‬ ‭delimitados‬ ‭e‬ ‭com‬
‭conteúdo anecoico‬‭;‬

‭TC e RNM‬

‭●‬ ‭São as principais ferramentas para diagnóstico e seguimento de nódulos hepáticos;‬


‭●‬ ‭A depender das características da lesão (se preenche critérios diagnósticos), não são‬
‭necessários nem biópsia nem cirurgia;‬
‭●‬ ‭É fundamental o contraste venoso para auxílio na identificação da lesão, haja vista o‬
‭estudo do‬‭padrão de captação, da retenção e da eliminação‬‭do contraste‬‭;‬

‭Marcadores Tumorais‬

‭●‬ ‭São‬‭proteínas‬‭ou‬‭fragmentos‬‭proteicos‬‭do‬‭tecido‬‭tumoral‬‭ou‬‭anticorpos‬‭produzidos‬
‭pelo sistema imunológico em resposta à presença do tumor;‬
‭●‬ ‭Antígeno Carcinoembrionário (CEA)‬‭:‬
‭○‬ ‭Grupo de 36 glicoproteínas;‬
‭○‬ ‭Baixa acurácia para diagnóstico, pois alguns tumores não o sintetizam;‬
‭○‬ ‭Tem a função de monitoramento de recorrência tumoral;‬
‭○‬ ‭Para‬ ‭nódulo‬ ‭de‬ ‭fígado,‬ ‭a‬ ‭principal‬ ‭indicação‬ ‭é‬ ‭para‬ ‭análise‬ ‭de‬ ‭metástase‬
‭hepática de tumor colorretal‬‭;‬
‭●‬ ‭Alfafetoproteína (AFP):‬
‭○‬ ‭Polipeptídeo de cadeia única;‬
‭○‬ ‭Produzida‬ ‭pelo‬ ‭saco‬ ‭vitelino‬ ‭e‬ ‭fígado‬ ‭fetal‬ ‭—‬‭cessa‬‭a‬‭produção‬‭após‬‭6‬‭a‬‭12‬
‭meses de nascimento e passa a produzir Albumina;‬
‭○‬ ‭Utilizado‬ ‭no‬ ‭diagnóstico‬ ‭e‬ ‭acompanhamento‬ ‭de‬‭recidiva‬‭de‬‭Carcinoma‬
‭Hepatocelular‬‭;‬
‭●‬ ‭CA 19-9 (Antígeno Carboidrato)‬‭:‬
‭○‬ ‭Glicoproteína no soro;‬

‭63‬
‭○‬ ‭Presente‬ ‭em‬ ‭condições‬ ‭benignas‬ ‭(pancreatite,‬ ‭colangite‬ ‭e‬ ‭cirrose)‬ ‭e‬ ‭nas‬
‭neoplasias do sistema biliar‬‭— torna-a inespecífica‬‭para diagnóstico;‬

‭Biópsia Hepática Percutânea‬

‭●‬ ‭Realizada em casos de dúvida diagnóstica;‬


‭●‬ ‭Risco de falso negativo, dada a amostragem da biópsia;‬
‭●‬ ‭Em‬‭alguns‬‭casos,‬‭deve‬‭ser‬‭evitada‬‭a‬‭biópsia‬‭pelo‬‭fato‬‭de‬‭o‬‭tumor‬‭ser‬‭sangrante,‬‭e‬‭o‬
‭paciente necessitar de abordagem de urgência;‬

‭Tipos de Lesões‬

‭●‬ ‭Benignos‬‭— hemangioma, hiperplasia nodular focal e‬‭adenoma;‬


‭●‬ ‭Malignos Primários‬‭— carcinoma hepatocelular e colangiocarcinoma;‬
‭●‬ ‭Metástases hepáticas‬‭— colorretais;‬

‭Hemangioma‬

‭●‬ ‭É o tumor benigno mais comum do fígado, presentes em até 20% das autópsias;‬
‭●‬ ‭Morfologia‬‭—‬‭lesões‬‭circunscritas‬‭e‬‭bem‬‭delimitadas,‬‭compostas‬‭por‬‭uma‬‭rede‬
‭de enovelado vascular em um estroma fibroso‬‭;‬
‭●‬ ‭São geralmente pequenos e solitários;‬
‭●‬ ‭Raramente causam sintomas, e mais raramente ainda a sua ruptura espontânea;‬
‭●‬ ‭Aos exames de imagem:‬
‭○‬ ‭USG — massa hiperecoica de margens nítidas;‬
‭○‬ ‭TC‬‭e‬‭RNM‬‭—‬‭realce‬‭periférico‬‭na‬‭fase‬‭arterial,‬‭com‬‭impregnação‬‭centrípeta‬‭(à‬
‭medida‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭sangue‬ ‭atinge‬ ‭a‬ ‭veia‬ ‭porta)‬ ‭até‬ ‭a‬ ‭fase‬ ‭tardia,‬ ‭quando‬ ‭há‬
‭retenção‬ ‭de‬ ‭contraste,‬ ‭mesmo‬ ‭após‬ ‭a‬ ‭fase‬ ‭venosa‬ ‭—‬ ‭captação‬
‭cerebriforme‬‭;;‬
‭●‬ ‭A biópsia é‬‭contraindicada‬‭por causar sangramento;‬
‭●‬ ‭Marcadores tumorais negativos;‬
‭●‬ ‭Tratamento conservador: controle anual com imagens e marcadores tumorais‬‭;‬
‭●‬ ‭Cirurgia‬‭:‬ ‭se‬ ‭dor,‬ ‭sangramento‬ ‭ou‬ ‭coagulopatia‬ ‭de‬ ‭consumo,‬ ‭i.e.‬ ‭a‬ ‭lesão‬ ‭retém‬
‭hemácias,‬ ‭plaquetas‬ ‭e‬ ‭fatores‬ ‭de‬ ‭coagulação‬ ‭(geralmente‬ ‭em‬ ‭lesões‬ ‭grandes,‬
‭maiores que 10 cm — Síndrome de Kasabach-Merritt);‬

‭64‬
‭○‬ ‭É‬ ‭realizada‬ ‭a‬ ‭enucleação‬ ‭ou‬ ‭a‬ ‭ressecção‬ ‭(hepatectomia)‬ ‭regrada‬ ‭ou‬
‭embolização arterial percutânea‬‭;‬

‭Hiperplasia Nodular Focal‬

‭●‬ ‭É‬ ‭a‬ ‭segunda‬ ‭lesão‬ ‭benigna‬ ‭mais‬ ‭comum‬ ‭no‬ ‭fígado,‬ ‭presente‬ ‭em‬ ‭até‬ ‭8%‬ ‭das‬
‭autópsias. É mais frequente nas mulheres;‬
‭●‬ ‭Morfologia‬‭—‬‭Lesão‬‭solitária‬‭com‬‭cápsula‬‭bem‬‭definida‬‭,‬‭de‬‭origem‬‭hepatocelular‬
‭(proliferação exacerbada);‬
‭●‬ ‭70%‬ ‭apresentam‬ ‭cicatriz‬ ‭central‬ ‭—‬ ‭auxilia‬ ‭na‬ ‭caracterização‬ ‭radiológica.‬
‭Compreende um septo fibroso espesso localizado no centro da lesão;‬
‭●‬ ‭A maioria dos pacientes é assintomático;‬
‭●‬ ‭Relação com anticoncepcional é controversa — carecem de comprovação científica;‬
‭●‬ ‭Aos exames de imagem:‬
‭○‬ ‭USG — lesão isoecoica ou hipoecoica;‬
‭○‬ ‭TC‬ ‭e‬ ‭RNM‬ ‭—‬ ‭impregnação‬ ‭precoce‬ ‭arterial‬ ‭(por‬ ‭serem‬ ‭lesões‬
‭hipervascularizadas),‬ ‭com‬ ‭perda‬ ‭da‬ ‭impregnação‬ ‭na‬ ‭tardia,‬ ‭e‬ ‭cicatriz‬
‭central observada‬‭;‬
‭○‬ ‭RNM‬ ‭com‬ ‭contraste‬ ‭hepatoespecífico‬ ‭—‬ ‭eliminação‬ ‭pelas‬ ‭vias‬ ‭biliares,‬ ‭o‬
‭que realça a lesão (sinal hiperintenso);‬
‭●‬ ‭Marcadores tumorais negativos;‬
‭●‬ ‭É crucial a‬‭diferenciação do adenoma‬‭, que apresenta‬‭potencial de malignização;‬
‭●‬ ‭À‬‭biópsia:‬‭hepatócitos‬‭normais‬‭nutridos‬‭por‬‭padrão‬‭hipervascular‬‭arterial,‬‭proliferação‬
‭biliar com arranho anormal no espaço interlobular‬‭;‬
‭●‬ ‭Tratamento‬ ‭conservador:‬ ‭seguimento‬ ‭anual‬ ‭com‬ ‭exame‬ ‭de‬ ‭imagem‬ ‭e‬
‭marcadores tumorais‬‭;‬
‭●‬ ‭Cirurgia‬ ‭se‬ ‭efeito‬ ‭de‬ ‭massa‬ ‭(compressão‬ ‭de‬ ‭vias‬ ‭biliares,‬ ‭veias‬ ‭ou‬ ‭órgãos‬
‭adjacentes) ou dúvida diagnóstica;‬

‭Adenoma‬

‭●‬ ‭Mais frequente em‬‭mulheres jovens em uso de anticoncepcional‬‭;‬

‭65‬
‭●‬ ‭Pode‬ ‭afetar‬ ‭homens‬ ‭que‬ ‭fazem‬ ‭uso‬ ‭de‬ ‭esteroides‬ ‭ou‬ ‭apresentam‬ ‭glicogenoses,‬
‭polipose‬ ‭adenomatosa‬ ‭familiar‬ ‭ou‬ ‭obesidade.‬ ‭Mas‬ ‭nos‬ ‭homens‬ ‭o‬ ‭risco‬ ‭de‬
‭malignização é maior do que nas mulheres;‬
‭●‬ ‭Lesão‬‭geralmente‬‭solitária.‬‭No‬‭caso‬‭de‬‭adenomatose‬‭hepática,‬‭são‬‭observadas‬‭mais‬
‭de 10 lesões;‬
‭●‬ ‭Geralmente‬ ‭são‬ ‭assintomáticos,‬ ‭mas,‬ ‭em‬ ‭25%‬ ‭dos‬ ‭casos,‬ ‭podem‬ ‭causar‬ ‭dor‬ ‭(por‬
‭causarem sangramento ou por estarem adjacentes à cápsula hepática);‬
‭●‬ ‭Aos exames de imagem:‬
‭○‬ ‭TC‬‭—‬‭hipercaptação‬‭arterial‬‭homogênea‬‭(daí‬‭a‬‭necessidade‬‭de‬‭diferenciação‬
‭da‬‭hiperplasia‬‭nodular‬‭focal)‬‭e‬‭isodenso‬‭ao‬‭parênquima‬‭hepático‬‭após‬‭a‬‭fase‬
‭venosa‬ ‭(mas‬ ‭pode‬ ‭haver‬ ‭uma‬ ‭discreta‬ ‭retenção‬ ‭de‬ ‭contraste,‬ ‭tornando-se‬
‭levemente hipodenso)‬
‭○‬ ‭RNM‬ ‭com‬ ‭contraste‬ ‭hepatocelular‬ ‭—‬ ‭lesão‬ ‭hipointensa‬ ‭(diferentemente‬ ‭da‬
‭hiperplasia‬ ‭nodular‬ ‭focal‬ ‭que,‬ ‭por‬ ‭causa‬ ‭da‬ ‭abundância‬ ‭de‬ ‭elementos‬
‭canaliculares, há hiperintensidade do sinal);‬
‭●‬ ‭À‬ ‭biópsia‬ ‭—‬ ‭proliferação‬ ‭de‬ ‭hepatócitos‬‭normais,‬‭com‬‭ausência‬‭de‬‭elementos‬
‭biliares‬‭;‬
‭●‬ ‭A‬ ‭transformação‬ ‭maligna‬ ‭pode‬ ‭ocorrer‬ ‭em‬ ‭47%‬ ‭dos‬ ‭homens‬ ‭e‬ ‭em‬ ‭4%‬ ‭das‬
‭mulheres (lesões maiores que 5 cm)‬
‭●‬ ‭Durante‬‭a‬‭gravidez,‬‭há‬‭risco‬‭de‬‭sangramento‬‭pelo‬‭adenoma‬‭e‬‭de‬‭sua‬‭ruptura,‬‭pela‬
‭sensibilidade da lesão aos hormônios femininos;‬
‭●‬ ‭Tratamento‬‭:‬
‭○‬ ‭No‬ ‭caso‬ ‭das‬ ‭mulheres,‬ ‭é‬ ‭necessário‬ ‭interromper‬ ‭o‬ ‭anticoncepcional.‬ ‭A‬
‭cirurgia é reservada para aquelas lesões superiores a 5 cm;‬
‭■‬ ‭Lesões‬‭inferiores‬‭a‬‭5‬‭cm‬‭são‬‭acompanhadas‬‭anualmente‬‭com‬‭exames‬
‭de imagens e marcadores tumorais;‬
‭○‬ ‭Nos‬ ‭homens,‬ ‭o‬ ‭tratamento‬ ‭é‬ ‭cirúrgico‬ ‭independentemente‬ ‭do‬‭tamanho‬‭da‬
‭lesão;‬

‭Carcinoma Hepatocelular (CHC)‬

‭●‬ ‭É‬‭a‬‭quarta‬‭causa‬‭de‬‭morte‬‭por‬‭câncer‬‭no‬‭mundo‬‭e‬‭apresenta‬‭sobrevida‬‭em‬‭5‬‭anos‬
‭de apenas 5%. É mais comum em homens;‬

‭66‬
‭●‬ ‭85%‬‭dos‬‭casos‬‭ocorrem‬‭em‬‭fígados‬‭já‬‭cirróticos,‬‭mas‬‭15%‬‭podem‬‭acometer‬‭fígados‬
‭fibróticos;‬
‭●‬ ‭Sequência‬ ‭de‬ ‭carcinogênese:‬ ‭doença‬ ‭hepática‬ ‭→‬ ‭inflamação‬ ‭→‬ ‭fibrose‬ ‭→‬
‭regeneração aberrante dos hepatócitos → nódulos displásicos → neoplasia;‬
‭●‬ ‭Diagnóstico é realizado por TC ou RNM:‬
‭○‬ ‭Captação arterial precoce e eliminação rápida nas fases‬‭(wash out);‬
‭○‬ ‭Shunts arteriovenosos e hipervascularização‬‭;‬
‭○‬ ‭Halo de captação periférica nas fases tardias‬‭;‬
‭●‬ ‭O‬‭tratamento‬‭é‬‭multimodal‬‭a‬‭depender‬‭da‬‭fase‬‭em‬‭que‬‭é‬‭realizado‬‭o‬‭diagnóstico‬‭e‬
‭do contexto da doença de base, do grau de hepatopatia:‬
‭○‬ ‭Ressecção cirúrgica;‬
‭○‬ ‭Transplante hepático;‬
‭○‬ ‭Ablação tumoral por radiofrequência;‬
‭○‬ ‭Quimioembolização arterial;‬
‭○‬ ‭Quimioterapia sistêmica (Sorafenibe);‬

‭Critérios de Barcelona para o tratamento do CHC — síntese:‬

‭●‬ C ‭ hild-Pugh‬‭A‭:‬‬‭paciente‬‭com‬‭boa‬‭condição‬‭clínica,‬‭nódulos‬‭maiores‬‭que‬‭2‬‭cm‬‭são‬
‭ressecados,‬ ‭e‬ ‭nódulos‬ ‭menores‬ ‭que‬ ‭1,5‬ ‭cm‬ ‭são‬ ‭tratados‬ ‭com‬ ‭ablação‬ ‭por‬
‭radiofrequência;‬
‭●‬ ‭Child-Pugh‬‭B‬‭ou‬‭C‬‭:‬‭boa‬‭condição‬‭clínica‬‭e‬‭hipertensão‬‭portal,‬‭avaliar‬‭Transplante‬
‭Hepático‬‭pelos‬‭Critérios‬‭de‬‭Milão‬‭(1‬‭nódulo‬‭de‬‭até‬‭5‬‭cm‬‭ou‬‭3‬‭nódulos‬‭de‬‭até‬‭3‬‭cm‬
‭cada);‬
‭●‬ ‭Doença multinodular‬‭: realizada a quimioembolização‬‭arterial;‬
‭●‬ ‭Doença macrovascular ou sistêmica‬‭: realizada a quimioterapia‬‭sistêmica;‬

‭Colangiocarcinoma‬

‭●‬ ‭Neoplasia das‬‭vias biliares intrahepáticas‬‭;‬


‭●‬ ‭Fatores‬‭de‬‭risco‬‭—‬‭litíase‬‭biliar‬‭intrahepática,‬‭colangite‬‭de‬‭repetição‬‭e‬‭doença‬‭cística‬
‭das vias biliares (Doença de Caroli);‬
‭●‬ ‭À radiologia —‬‭massa volumosa heterogênea‬‭;‬
‭●‬ ‭Disseminação‬ ‭para‬ ‭linfonodos‬ ‭regionais,‬ ‭ramos‬ ‭da‬ ‭veia‬ ‭porta‬ ‭e‬ ‭pelas‬ ‭veias‬
‭hepáticas. Podem ser observadas‬‭lesões satélites‬‭dentro‬‭do fígado;‬

‭67‬
‭●‬ ‭Tratamento —‬‭ressecção cirúrgica‬‭;‬
‭●‬ ‭Prognóstico‬‭reservado‬‭pelo‬‭diagnóstico‬‭já‬‭tardio‬‭—‬‭pois‬‭são‬‭lesões‬‭assintomáticas‬‭e‬
‭com grande potencial de metastatização pelo fígado e sistêmica;‬

‭Metástases Hepáticas do Câncer Colorretal‬

‭●‬ ‭São‬ ‭as‬ ‭metástases‬ ‭hepáticas‬ ‭mais‬ ‭frequentes,‬ ‭dado‬ ‭que‬ ‭50%‬ ‭dos‬ ‭pacientes‬ ‭com‬
‭tumor‬ ‭de‬ ‭cólon‬ ‭as‬ ‭apresentarão‬ ‭num‬ ‭período‬ ‭de‬ ‭1‬ ‭a‬ ‭3‬ ‭anos‬ ‭após‬ ‭o‬ ‭diagnóstico‬
‭inicial;‬
‭●‬ ‭A‬‭sobrevida‬‭é‬‭de‬‭6‬‭a‬‭9‬‭meses‬‭sem‬‭a‬‭ressecção‬‭da‬‭metástase‬‭hepática;‬‭e‬‭de‬‭35‬‭a‬‭40%‬
‭nos pacientes já ressecados em 5 anos;‬
‭●‬ ‭Diagnóstico:‬
‭○‬ ‭TC‬ ‭ou‬ ‭RNM:‬‭lesões‬‭hipodensas,‬‭com‬‭halo‬‭de‬‭captação‬‭periférica‬‭na‬‭fase‬
‭arterial‬‭;‬
‭○‬ ‭Elevação de CEA;‬
‭●‬ ‭Tratamento:‬
‭○‬ ‭Cirúrgico:‬
‭■‬ ‭A‬ ‭partir‬ ‭da‬ ‭avaliação‬ ‭da‬ ‭capacidade‬ ‭funcional‬ ‭do‬ ‭fígado‬
‭remanescente;‬
‭■‬ ‭Após‬ ‭a‬ ‭ressecção,‬ ‭é‬ ‭necessário‬ ‭que‬ ‭permaneçam‬ ‭35‬ ‭a‬ ‭40%‬ ‭da‬
‭volumetria;‬
‭■‬ ‭A‬‭recorrência‬‭após‬‭a‬‭ressecção‬‭é‬‭de‬‭50‬‭a‬‭65%,‬‭necessitando‬‭de‬‭novas‬
‭abordagens cirúrgicas;‬
‭○‬ ‭Ablação por radiofrequência‬‭no caso de lesões pequenas;‬

‭Conclusão‬

‭●‬ ‭No manejo do paciente com lesão sólida do fígado, é necessário avaliar:‬
‭○‬ ‭Confirmar se realmente se trata de uma lesão sólida;‬
‭○‬ ‭Risco de malignidade;‬
‭○‬ ‭Características do paciente e da lesão;‬
‭○‬ ‭Se,‬ ‭em‬ ‭vigência‬ ‭de‬ ‭sintomas,‬ ‭estes‬ ‭podem‬ ‭ser‬ ‭atribuídos‬ ‭aos‬ ‭achados‬
‭radiológicos;‬
‭○‬ ‭Se há incerteza diagnóstica;‬

‭68‬
‭○‬ ‭A conduta a ser tomada: acompanhamento, biópsia ou ressecção;‬

‭Coloproctologia‬
‭Tratamento Cirúrgico da DII‬

‭Introdução‬

‭DC‬ ‭RCU‬

‭Localização‬ ‭Qualquer segmento do TGI‬ ‭Cólon e reto‬


‭(da boca ao ânus)‬

‭Distribuição‬ ‭Salteada (skip lesion)‬ ‭Contínua‬

‭Tipo de acometimento‬ ‭Transmural‬ ‭Restrita à mucosa‬

‭Sintomas‬

‭Sintomas‬ ‭Doença de Crohn‬ ‭Retocolite Ulcerativa‬

‭Dor abdominal‬ ‭ redominantemente‬


P ‭ m cólica‬
E
‭QID‬ ‭QIE‬

‭Diarreia‬ ‭Frequente‬ ‭ requente, constipação‬


F
‭pode ocorrer‬

‭Hematoquezia‬ ‭20 a 30%‬ ‭ elacionado à atividade da‬


R
‭doença‬

‭Doença/Sintomas‬ ‭QID‬ ‭Raro‬


‭abdominais‬

‭Nutrição‬ ‭Frequente‬ ‭Ocasional‬

‭Tensão abdominal‬ ‭Presentes‬ ‭Apenas na doença grave‬

‭Sintomas obstrutivos‬ ‭Frequentes‬ ‭Ausentes‬

‭Doença perianal‬ ‭Em mais de 30% dos casos‬ ‭Ausentes‬

‭69‬
‭●‬ ‭RCU não costuma afetar o ânus. Patologias anais associadas favorecem muito à DC;‬

‭DC‬

‭Fenótipos‬

‭●‬ ‭Fenótipo‬‭inflamatório‬‭—‬‭edema,‬‭enantema‬‭e‬‭ulcerações‬‭transmurais‬‭(acometem‬
‭toda‬‭a‬‭camada‬‭do‬‭intestino).‬‭Na‬‭tentativa‬‭de‬‭cicatrização,‬‭há‬‭a‬‭formação‬‭de‬‭fibrose‬
‭cicatricial, que pode evoluir para as estenoses;‬
‭●‬ ‭Fenótipo‬ ‭estenosante‬ ‭—‬ ‭pós‬ ‭cicatrização‬‭com‬‭estenose.‬‭Quando‬‭de‬‭um‬‭segundo‬
‭flare, há obstrução no local estenosado, podendo evoluir para fístulas;‬
‭●‬ ‭Fenótipo fistulizante‬‭— presença de fístulas;‬
‭●‬ ‭Estenose e fístulas configuram comportamento‬‭GRAVE‬‭da DC;‬

‭Localização‬

‭●‬ ‭Mais frequente —‬‭ileocecal‬‭;‬


‭●‬ ‭Colônica;‬
‭●‬ ‭Entérica;‬
‭●‬ ‭Perianal;‬

‭Classificação de Montreal‬

‭●‬ ‭Classificação quanto à idade, localização e comportamento da doença;‬

‭Avaliação da Gravidade‬

‭●‬ ‭Dita a conduta e o tratamento — se clínico ou cirúrgico direto;‬

‭Tratamento‬

‭●‬ ‭Realizar o step-up ou o top-down se necessário de:‬


‭○‬ ‭Antibióticos e 5-ASA;‬
‭○‬ ‭Corticoesteroides;‬
‭○‬ ‭Imunossupressor;‬

‭70‬
‭○‬ ‭Biológicos;‬
‭○‬ ‭Cirurgia;‬
‭●‬ ‭Objetivos‬ ‭—‬ ‭alívio‬ ‭dos‬ ‭sintomas‬ ‭e‬ ‭controle‬ ‭das‬ ‭complicações;‬ ‭cicatrização‬ ‭da‬
‭mucosa;‬‭modificação‬‭da‬‭História‬‭Natural‬‭da‬‭Doença;‬‭manutenção‬‭da‬‭remissão‬‭sem‬
‭uso de corticosteroides;‬

‭Tratamento cirúrgico‬

‭○‬ ‭Indicações:‬
‭■‬ ‭Intratabilidade clínica‬‭;‬
‭■‬ ‭Efeitos colaterais ao tratamentos clínicos‬‭;‬
‭■‬ ‭Crises‬ ‭de‬ ‭agudização‬ ‭—‬ ‭fenótipo‬ ‭estenosante‬ ‭que‬ ‭pode‬ ‭evoluir‬ ‭para‬
‭obstrução intestinal;‬
‭■‬ ‭Complicações‬ ‭agudas‬ ‭da‬ ‭DC:‬ ‭abscessos‬ ‭abdominais‬‭,‬ ‭perfuração‬ ‭livre,‬
‭abscessos anais‬‭, oclusão intestinal, megacólon tóxico,‬‭hemorragia maciça‬
‭■‬ ‭Complicações‬ ‭crônicas‬ ‭da‬ ‭DC:‬ ‭fístulas‬ ‭internas,‬ ‭fístulas‬ ‭enterocutâneas‬ ‭e‬
‭colocutâneas,‬ ‭manifestações‬ ‭extraintestinais,‬ ‭retardo‬ ‭no‬ ‭crescimento‬ ‭(pelo‬
‭surgimento na adolescência), neoplasia;‬
‭●‬ ‭Avaliação de — no pré-operatório;‬
‭○‬ ‭Estado‬ ‭nutricional‬ ‭—‬ ‭pela‬ ‭perda‬ ‭de‬ ‭peso‬ ‭por‬ ‭dificuldade‬ ‭de‬ ‭absorção‬ ‭e‬
‭diarreias;‬
‭○‬ ‭Necessidade‬ ‭de‬ ‭hemotransfusão‬ ‭—‬ ‭pela‬ ‭hemorragia‬ ‭e‬ ‭sangramento‬
‭intracirúrgico;‬
‭○‬ ‭Uso de drogas: corticosteroides e AINE — atrapalham o processo cicatricial;‬
‭○‬ ‭Profilaxia de TVP — pela imprevisibilidade do tempo cirúrgico;‬
‭○‬ ‭Demarcação do sítio para ostomia;‬
‭●‬ ‭Objetivos:‬
‭○‬ ‭Alívio de sintomas;‬
‭○‬ ‭Correção de complicações;‬
‭○‬ ‭Prevenção de carcinomas;‬
‭●‬ ‭Apesar‬ ‭dos‬ ‭avanços‬ ‭no‬ ‭tratamento‬ ‭clínico,‬ ‭75%‬ ‭dos‬ ‭pacientes‬ ‭necessitarão‬ ‭de‬
‭cirurgia em 20 anos;‬
‭●‬ ‭A cirurgia não é curativa!‬‭A DC pode acometer da boca‬‭ao ânus;‬

‭71‬
‭●‬ ‭Direcionar‬ ‭o‬ ‭tratamento‬ ‭cirúrgico‬ ‭para‬ ‭complicações‬ ‭que‬ ‭realmente‬ ‭causem‬
‭sintomas;‬
‭●‬ ‭Princípios cirúrgicos na DC:‬
‭○‬ ‭Ressecções‬ ‭econômicas‬ ‭—‬ ‭pelo‬ ‭risco‬ ‭de‬ ‭evolução‬ ‭para‬ ‭Síndrome‬ ‭de‬
‭Intestino Curto no delgado e repercussões;‬
‭○‬ ‭Margens definidas macroscopicamente (2 cm)‬‭;‬
‭○‬ ‭Via laparoscópica‬‭para os casos menos complicados;‬
‭○‬ ‭Anastomose‬ ‭primária‬ ‭(anastomose‬ ‭no‬ ‭mesmo‬ ‭tempo‬ ‭cirúrgico):‬ ‭alto‬‭risco‬
‭em‬ ‭desnutridos‬ ‭e‬ ‭usuários‬ ‭de‬ ‭corticoesteroides‬ ‭em‬ ‭altas‬ ‭doses‬ ‭(por‬
‭atrapalhar‬ ‭a‬ ‭cicatrização).‬ ‭Na‬‭DC,‬‭pelo‬‭risco‬‭de‬‭estenose‬‭pela‬‭fisiopatologia,‬
‭evita-se‬‭anastomose‬‭término-terminal‬‭(boca-boca),‬‭dando‬‭preferência‬‭para‬‭a‬
‭anastomose látero-lateral;‬
‭●‬ ‭Tipos cirúrgicos:‬
‭○‬ ‭Ileocolectomia;‬
‭○‬ ‭Colectomia segmentar;‬
‭○‬ ‭Colectomia total;‬
‭○‬ ‭Proctocolectomia‬ ‭—‬ ‭ileostomia‬ ‭terminal‬ ‭(num‬ ‭primeiro‬ ‭tempo)‬ ‭e‬
‭reconstrução do trânsito num segundo momento;‬
‭○‬ ‭Enterectomia;‬
‭○‬ ‭Plástica de estenoses — estricturoplastia para correção de estenoses;‬
‭○‬ ‭Gastrojejunostomia;‬
‭○‬ ‭Procedimentos anorretais e perineais;‬
‭●‬ ‭Complicações agudas:‬
‭○‬ ‭Abscesso‬ ‭intra-abdominal‬‭:‬ ‭drenado‬ ‭por‬ ‭via‬ ‭percutânea‬‭(guiado‬‭por‬‭US‬‭ou‬
‭TC),‬ ‭evitando-se‬ ‭uma‬ ‭cirurgia.‬ ‭Infliximabe‬‭pode‬‭ser‬‭usado‬‭após‬‭a‬‭drenagem‬
‭do abscesso;‬
‭○‬ ‭Perfuração‬ ‭livre‬‭:‬ ‭raramente‬ ‭ocorre‬ ‭(<‬ ‭1%),‬ ‭cursam‬ ‭com‬ ‭pneumoperitônio.‬
‭Tratamento cirúrgico urgente. Requer a ressecção do segmento perfurado;‬
‭○‬ ‭Estenoses‬ ‭—‬ ‭no‬ ‭intestino‬ ‭grosso,‬ ‭sempre‬ ‭é‬ ‭ressecado‬ ‭o‬ ‭segmento‬
‭estenosado.‬ ‭No‬ ‭intestino‬ ‭delgado,‬ ‭é‬ ‭realizada‬ ‭a‬ ‭plastia‬ ‭da‬ ‭estenose.‬ ‭Uma‬
‭alternativa é a dilatação por balão via endoscopia;‬
‭○‬ ‭Obstrução‬ ‭de‬ ‭intestino‬ ‭delgado‬ ‭—‬ ‭grande‬ ‭parte‬ ‭se‬ ‭dá‬ ‭por‬ ‭inflamação‬
‭aguda‬ ‭e‬ ‭fibrose‬ ‭crônica.‬ ‭Outras‬ ‭etiologias‬ ‭incluem‬ ‭bridas‬ ‭(por‬ ‭cirurgias‬

‭72‬
‭abdominais‬ ‭prévias)‬ ‭e‬ ‭íleo‬ ‭biliar.‬ ‭Pode‬ ‭ocorrer‬ ‭também‬ ‭da‬ ‭impactação‬ ‭da‬
‭cápsula endoscópica para a investigação de DC em intestino médio;‬
‭■‬ ‭Risco‬ ‭muito‬ ‭elevado‬ ‭de‬ ‭deiscência‬ ‭de‬‭anastomose,‬‭pela‬‭desnutrição,‬
‭uso‬ ‭crônico‬ ‭de‬ ‭corticoesteroides,‬ ‭cirurgia‬ ‭de‬ ‭urgência‬ ‭e‬ ‭obstrução‬
‭intestinal;‬
‭■‬ ‭Pela‬ ‭possibilidade‬ ‭de‬ ‭ostomia,‬ ‭esta‬ ‭sempre‬ ‭deve‬ ‭ser‬ ‭marcada‬ ‭no‬
‭pré-operatório.‬ ‭Triângulo‬ ‭da‬ ‭ostomia‬ ‭—‬ ‭cicatriz‬ ‭umbilical,‬ ‭sínfise‬
‭púbica‬ ‭e‬ ‭EIAS;‬ ‭a‬ ‭ostomia‬ ‭deve‬ ‭estar‬ ‭contida‬ ‭dentro‬ ‭do‬ ‭músculo‬
‭reto abdominal‬‭;‬
‭●‬ ‭Complicações crônicas:‬
‭○‬ ‭Fístulas:‬
‭■‬ ‭Enteroentéricas, enterovesicais e enterovaginais;‬
‭■‬ ‭Enterocutâneas;‬
‭○‬ ‭Hemorragia‬ ‭digestiva‬ ‭baixa‬ ‭—‬ ‭é‬ ‭rara.‬ ‭Deve-se‬ ‭considerar‬ ‭arteriografia‬ ‭nos‬
‭casos mais graves, e são decorrentes de DC grave;‬
‭●‬ ‭Intervenções anorretoperineais:‬
‭○‬ ‭Objetivo — melhorar a qualidade de vida do paciente‬
‭○‬ ‭Em casos de abscessos simples, realizar a drenagem‬
‭○‬ ‭Indicação‬‭do‬‭sedenho‬‭—‬‭para‬‭drenagem,‬‭e‬‭profilaxia‬‭da‬‭incontinência‬‭anal,‬
‭além‬ ‭de‬ ‭inviabilizar‬ ‭a‬ ‭cicatrização‬ ‭equivocada‬ ‭(pois‬ ‭os‬ ‭pacientes‬ ‭estão‬ ‭em‬
‭uso de Infliximabe);‬

‭RCU‬

‭●‬ ‭O reto está sempre envolvido;‬


‭●‬ ‭Proctite (retite), colite esquerda, pancolite;‬
‭●‬ ‭Megacólon tóxico‬‭— tanto n‬‭RCU‬‭quanto na DC;‬
‭○‬ ‭Complicação potencialmente fatal com inflamação aguda e intensa do cólon;‬
‭○‬ ‭Sinais de toxemia sistêmica;‬
‭○‬ ‭Distensão‬ ‭colônica‬ ‭maior‬ ‭que‬ ‭6‬ ‭cm‬ ‭apresenta‬ ‭ALTO‬ ‭RISCO‬ ‭DE‬
‭PERFURAÇÃO‬‭;‬
‭○‬ ‭Ponderação de risco de morte e complicações e da preservação do cólon;‬

‭Cirurgia‬

‭73‬
‭●‬ ‭Eletiva — em casos de:‬
‭○‬ ‭Intratabilidade clínica;‬
‭○‬ ‭Na presença ou no risco de câncer colorretal;‬
‭○‬ ‭Doenças extraintestinal grave;‬
‭○‬ ‭É curativa e ainda previne o risco de câncer;‬
‭●‬ ‭Proctocolectomia com reservatŕoio ileal e com ileostomia‬‭—‬‭cura a doença‬‭;‬
‭○‬ ‭Primeiro‬ ‭tempo‬ ‭cirúrgico‬ ‭—‬ ‭proctocolectomia‬ ‭total‬ ‭e‬ ‭formação‬ ‭de‬ ‭um‬
‭reservatório‬ ‭ileal.‬ ‭Realiza-se‬ ‭uma‬ ‭ileostomia‬ ‭temporária‬ ‭para‬ ‭desviar‬ ‭o‬
‭trânsito intestinal;‬
‭○‬ ‭Segundo tempo cirúrgico — fechamento da ileostomia temporária;‬
‭●‬ ‭Na‬ ‭urgência‬ ‭—‬ ‭colectomia‬‭total‬‭+‬‭ileostomia‬‭terminal‬‭.‬‭Num‬‭segundo‬‭momento,‬
‭faz-se a anastomose do íleo com o ânus;‬

‭Câncer de Ânus e Canal Anal e HPV‬

‭Lorena Nagme‬

‭Anatomia‬

‭●‬ ‭Região‬‭anorretal‬‭—‬‭segmento‬‭final‬‭do‬‭aparelho‬‭digestório,‬‭formado‬‭por‬‭reto‬‭e‬‭canal‬
‭anal;‬
‭○‬ ‭Anatômico — da margem anal à linha pectínea (2 a 3 cm);‬
‭○‬ ‭Cirúrgico — da margem anal ao anel anorretal (4 cm);‬
‭●‬ ‭Reto‬ ‭e‬ ‭canal‬ ‭anal‬ ‭proximal‬ ‭até‬ ‭a‬ ‭linha‬ ‭pectínea‬ ‭é‬ ‭de‬ ‭origem‬ ‭ectodérmica‬ ‭(epitélio‬
‭escamoso).‬‭E‬‭a‬‭partir‬‭da‬‭linha‬‭pectínea‬‭é‬‭de‬‭origem‬‭endodérmica‬‭(epitélio‬‭colunar).‬
‭Entre ambos, há um epitélio juncional;‬
‭●‬ ‭Irrigação‬ ‭e‬ ‭drenagens‬ ‭venosa‬ ‭e‬ ‭linfática‬ ‭a‬ ‭partir‬ ‭de‬ ‭região‬ ‭inguinal‬ ‭e‬ ‭vasos‬
‭mesentéricos inferiores e púbicos‬

‭Introdução‬

‭74‬
‭●‬ ‭Tumores‬‭do‬‭reto‬‭e‬‭do‬‭canal‬‭anal‬‭correspondem‬‭a‬‭1,5%‬‭dos‬‭tumores‬‭do‬‭TGI‬‭e‬‭a‬‭2‬‭a‬
‭4%‬ ‭dos‬ ‭tumroes‬ ‭colorretais.‬ ‭Teve‬ ‭seu‬ ‭aumento‬ ‭em‬ ‭decorrência‬ ‭da‬ ‭AIDS.‬ ‭Maior‬
‭incidência em HSH;‬
‭●‬ ‭Os fatores de risco associados são muito conhecidos;‬

‭Fatores de Risco‬

‭●‬ ‭Atividade sexual — intercurso anal receptivo;‬


‭●‬ ‭Papilomavírus humano (HPV);‬
‭●‬ ‭Vírus HIV — também é um agente sinergista para o HPV;‬
‭○‬ ‭A‬ ‭terapia‬ ‭antirretroviral‬ ‭levou‬ ‭à‬ ‭queda‬ ‭de‬ ‭infecções‬ ‭oportunistas‬ ‭(os‬
‭pacientes‬‭morrem‬‭menos),‬‭mas‬‭o‬‭sistema‬‭imunológico‬‭ainda‬‭está‬‭deprimido.‬
‭A TARV aumentou a incidência de câncer de ânus;‬
‭○‬ ‭A incidência de neoplasia intraepitelial (NIA)...‬
‭●‬ ‭Imunossupressão crônica;‬
‭●‬ ‭Tabagismo;‬
‭●‬ ‭Número de parceiros sexuais ao longo da vida;‬

‭HPV‬

‭●‬ ‭85%‬‭dos‬‭pacientes‬‭com‬‭carcinoma‬‭de‬‭células‬‭escamosas‬‭(CCE)‬‭estão‬‭infectados‬‭pelo‬
‭HPV;‬
‭●‬ ‭75% da população sexualmente ativa será exposta ao vírus;‬
‭●‬ ‭Subtipos 16 (80%) e 18 (10%);‬
‭●‬ ‭1% apenas apresentam verrugas‬‭;‬
‭●‬ ‭10 a 46% das infecções são latente ou subclínica‬‭;‬
‭●‬ ‭Grande parte dos pacientes entra em contato com vírus e o elimina‬‭;‬

‭Histologia‬

‭●‬ ‭Carcinoma de Células Escamosas (CEC) — mais prevalente;‬


‭●‬ ‭Carcinoma Cloacogênico (células transicionais);‬
‭●‬ ‭Outros (6%);‬
‭●‬ ‭Melanoma (4%);‬

‭75‬
‭Apresentações Clínicas‬

‭●‬ ‭Dor‬‭e‬‭sangramento‬‭anal‬‭(50%)‬‭—‬‭paciente‬‭refere‬‭estar‬‭com‬‭hemorroida‬‭(mas‬‭somente‬
‭hemorroida complicada doi);‬
‭●‬ ‭Nódulo‬ ‭na‬ ‭região‬ ‭anal‬ ‭(25%)‬ ‭—‬ ‭lesão‬ ‭endurecida‬ ‭com‬ ‭bordas‬ ‭elevadas‬ ‭e‬ ‭centro‬
‭ulcerado. Pode ter infecção bacteriana secundária;‬
‭●‬ ‭Prurido — pode ser também pela presença de secreção;‬
‭●‬ ‭Secreção;‬

‭Diagnóstico e Estadiamento‬

‭●‬ ‭USG‬ ‭endoanal‬ ‭ou‬ ‭RNM‬ ‭de‬ ‭pelve‬ ‭—‬ ‭para‬ ‭avaliação‬ ‭do‬ ‭tumor,‬ ‭de‬ ‭invasão,‬ ‭e‬
‭estadiamento local;‬
‭●‬ ‭TC‬‭abdome‬‭—‬‭pesquisa‬‭de‬‭metástases‬‭hepáticas‬‭(drenagem‬‭venosa‬‭para‬‭o‬‭sistema‬
‭porta);‬
‭●‬ ‭TC‬ ‭de‬ ‭tórax‬ ‭—‬ ‭pesquisa‬ ‭de‬ ‭metástases‬ ‭pulmonares‬ ‭(drenagem‬ ‭venosa‬ ‭para‬ ‭o‬
‭sistema ilíaco-cava);‬
‭●‬ ‭Estadiamento‬‭TNM‬‭;‬
‭○‬ ‭O T refere-se ao‬‭tamanho do tumor primário‬‭;‬
‭○‬ ‭N — comprometimento linfonodal locorregional e até ilíaco-inguinal;‬

‭Tratamento‬

‭●‬ ‭Protocolo de Nigro → o‬‭CEC de ânus e canal anal é‬‭altamente sensível à QT + RT‬‭;‬
‭○‬ ‭QT‬‭+‬‭RxT‬‭combinadas‬‭→‬‭5-Fluorouracil‬‭+‬‭Mitomicina‬‭e‬‭doses‬‭fracionadas‬‭de‬
‭RxT;‬
‭○‬ ‭A maior parte dos pacientes responde à RxT + QT‬
‭●‬ ‭A‬ ‭radioterapia‬ ‭causa‬ ‭diversos‬ ‭efeitos‬ ‭colaterais:‬ ‭eritema‬ ‭com‬ ‭descamação,‬
‭ulceração‬ ‭actínica,‬ ‭anemia,‬ ‭sangramento,‬ ‭dermatites,‬ ‭incontinência‬ ‭anal,‬ ‭diarreia,‬
‭radionecrose, pancitopenia;‬
‭●‬ ‭Tratamento Cirúrgico:‬
‭○‬ ‭Indicações:‬
‭■‬ ‭Ausência‬‭de‬‭resposta‬‭à‬‭QT+RxT‬‭—‬‭demonstrada‬‭por‬‭biópsia‬‭realizada‬
‭6 semanas após o término da radioterapia;‬

‭76‬
‭■‬ ‭Doença recorrente;‬
‭■‬ ‭Complicações‬ ‭ou‬ ‭intolerância‬ ‭ao‬ ‭tratamento‬ ‭radioterápico‬ ‭—‬ ‭por‬
‭exemplo úlceras de grande tamanho, pancitopenia;‬
‭○‬ ‭Técnica:‬
‭■‬ ‭Cirurgia‬‭de‬‭Myles‬‭—‬‭cirurgia‬‭abdominoperineal‬‭de‬‭reto,‬‭com‬‭perda‬‭do‬
‭ânus e sutura do períneo. Paciente fica com colostomia definitiva;‬
‭●‬ ‭Cirurgia altamente mutiladora;‬

‭HPV‬

‭●‬ ‭A infecção pelo HPV atinge níveis epidêmicos (75 a 80% dos adultos);‬
‭●‬ ‭IST viral mais frequente na população sexual ativa;‬
‭●‬ ‭DNA-Vírus‬‭autoinoculável‬‭;‬
‭●‬ ‭Mais‬ ‭de‬ ‭200‬ ‭tipos,‬ ‭sendo‬ ‭que‬ ‭40‬ ‭infectam‬ ‭a‬ ‭região‬ ‭anorretal.‬ ‭16‬ ‭e‬ ‭18‬ ‭são‬
‭oncogênicos, e 6 e 11 não são oncogênicos;‬
‭●‬ ‭Aumento‬ ‭da‬ ‭incidência‬ ‭do‬ ‭HPV‬ ‭com‬ ‭o‬ ‭surgimento‬ ‭da‬ ‭AIDS‬ ‭e‬ ‭pela‬ ‭sobrevida‬
‭proporcionada pela TARV;‬
‭●‬ ‭O‬‭maior‬‭fator‬‭de‬‭risco‬‭para‬‭câncer‬‭de‬‭reto‬‭e‬‭canal‬‭anal‬‭é‬‭a‬‭IMUNOSSUPRESSÃO‬
‭CRÔNICA‬‭;‬
‭●‬ ‭Segundo‬ ‭maior‬ ‭fator‬ ‭de‬ ‭risco‬ ‭para‬ ‭câncer‬ ‭de‬ ‭reto‬ ‭e‬ ‭canal‬ ‭anal‬ ‭por‬ ‭induzir‬
‭metaplasia‬ ‭e‬ ‭displasia‬ ‭na‬ ‭transição‬ ‭escamo-colunar‬‭(o‬‭HPV‬‭se‬‭aloja‬‭nas‬‭criptas‬
‭anais);‬
‭●‬ ‭Coexistência de HPV e CCE de canal anal:‬
‭○‬ ‭Lesão precursora —‬‭neoplasia intraepitelial (NIA)‬‭;‬
‭■‬ ‭Displasia e condilomas;‬
‭■‬ ‭Formação de células atípicas, interrupção de apoptose e carcinoma‬
‭○‬ ‭NIA pode ser identificada através da citologia anal;‬
‭○‬ ‭RT-PCR‬‭de‬‭amostra‬‭de‬‭criptas‬‭anais‬‭é‬‭o‬‭padrão-ouro‬‭mesmo‬‭na‬‭evidência‬‭de‬
‭displasia sugestiva;‬
‭●‬ ‭Topografias do HPV‬‭:‬
‭○‬ ‭Colo uterino‬
‭○‬ ‭Pênis‬
‭○‬ ‭Canal anal‬

‭77‬
‭○‬ ‭Orofaringe‬
‭○‬ ‭Esôfago‬
‭○‬ ‭Pregas vocais‬
‭●‬ ‭Diagnóstico‬‭:‬
‭○‬ ‭Clínico‬‭— pelo aspecto macroscópico da lesão (condiloma);‬
‭○‬ ‭Anatomopatológico — Coilócitos à citologia oncológica;‬
‭■‬ ‭Realização de citologia oncótica do Canal Anal (“Papanicolaou do cu”)‬
‭■‬ ‭Sistema de Bethesda de Laudo;‬
‭●‬ ‭Rastreamento‬‭— devem ser submetidos à citologia anal;‬
‭○‬ ‭Homens que fazem sexo com Homens (HSH);‬
‭○‬ ‭Pacientes HIV positivos;‬
‭○‬ ‭Imunossuprimidos;‬
‭○‬ ‭Pacientes que já tiveram HPV‬‭(condilomas e NIA);‬
‭●‬ ‭Homens‬‭heterossexuais‬‭exclusivos‬‭também‬‭podem‬‭ter‬‭lesões‬‭em‬‭canal‬‭anal‬‭mesmo‬
‭sem‬‭nunca‬‭ter‬‭realizado‬‭sexo‬‭anal‬‭receptivo.‬‭Isso‬‭se‬‭dá‬‭pelo‬‭fato‬‭de‬‭o‬‭HPV‬‭ser‬‭uma‬
‭doença de campo e pela autoinoculação;‬

‭Anuscopia de alta resolução‬

‭●‬ ‭Colposcopia do ânus;‬

‭Tratamento‬

‭●‬ ‭Aplicações tópicas citotóxicas;‬


‭●‬ ‭Métodos ablativos — exérese cirúrgica, fulguração, crioterapia, laserterapia;‬
‭●‬ ‭Imunomoduladores‬ ‭(imiquimode)‬ ‭—‬ ‭aumenta‬ ‭a‬ ‭sensibilidade‬ ‭das‬ ‭células‬ ‭de‬
‭Langerhans ao vírus citotóxico;‬
‭●‬ ‭Retorno periódico, pelas recidivas de até 40%;‬

‭Tumor de Buschke-Löwenstein‬

‭●‬ ‭Condiloma acuminado gigante associado ao CCE com baixo grau de malignidade;‬
‭●‬ ‭Invasão local, metástases…‬

‭Vacinas‬

‭78‬
‭●‬ ‭Bivalente e quadrivalente;‬
‭●‬ ‭Esquema;‬

‭Conclusões‬

‭●‬ ‭Prevenção tem por objetivo reduzir a morbimortalidade causada pela doença;‬
‭●‬ ‭Nos‬ ‭casos‬ ‭das‬ ‭ISTs‬ ‭—‬ ‭interromper‬ ‭a‬ ‭cadeia‬ ‭de‬ ‭transmissão‬ ‭e‬ ‭o‬ ‭aparecimento‬ ‭de‬
‭novos casos;‬
‭●‬ ‭Rastreamento‬ ‭de‬ ‭lesões‬ ‭precursoras.‬ ‭Aconselhamento‬ ‭das‬ ‭pessoas‬ ‭infectadas‬ ‭e‬
‭seus parceiros. Uso de preservativos;‬
‭●‬ ‭Vacinas‬ ‭—‬ ‭alta‬ ‭eficácia‬ ‭para‬ ‭os‬ ‭subtipos‬ ‭6,‬ ‭11,‬ ‭16‬ ‭e‬ ‭18.‬ ‭Proteção‬ ‭cruzada‬ ‭contra‬
‭outros sorotipos;‬

‭Câncer Colorretal‬

‭Cristiane Bechara‬

‭Epidemiologia‬

‭●‬ ‭A incidência do câncer colorretal tem aumentado, tanto no Brasil quanto no mundo;‬
‭●‬ ‭Se diagnosticado no início, as chances de cura superam os 95%;‬
‭●‬ ‭INCA‬ ‭(2020)‬ ‭—‬ ‭o‬ ‭câncer‬ ‭de‬ ‭cólon‬ ‭e‬ ‭reto‬ ‭é‬ ‭o‬ ‭segundo‬ ‭mais‬ ‭frequente,‬ ‭tanto‬ ‭na‬
‭população masculina, quanto na feminina;‬

‭Fatores de Risco‬

‭●‬ ‭Falam sobre a chance de um agravo ocorrer;‬


‭●‬ ‭Fatores de risco não modificáveis:‬
‭○‬ ‭Idade superior aos 60 anos;‬
‭○‬ ‭História familiar positiva;‬
‭○‬ ‭Pacientes portadores de DII, principalmente RCU e DC;‬
‭○‬ ‭Pacientes‬ ‭submetidos‬ ‭a‬ ‭uma‬ ‭derivação‬ ‭urinária,‬ ‭como‬ ‭neobexiga‬ ‭ou‬
‭ureterossigmoidostomia;‬

‭79‬
‭○‬ ‭Pacientes que já foram submetidos à irradiação abdominal ou pélvica;‬
‭○‬ ‭História pessoal de pólipos ou de câncer colorretal;‬
‭○‬ ‭Síndromes hereditárias, como PAF;‬
‭●‬ ‭Fatores de risco modificáveis:‬
‭○‬ ‭Dieta rica em carne vermelha, carnes processadas e gordura saturada;‬
‭○‬ ‭Consumo de álcool;‬
‭○‬ ‭Tabagismo;‬
‭○‬ ‭Consumo de álcool;‬
‭○‬ ‭Excesso de gordura abdominal e corporal;‬
‭○‬ ‭Diabetes mellitus;‬

‭Fatores de Proteção‬

‭●‬ ‭Alimentação‬ ‭rica‬ ‭em‬ ‭fibras,‬ ‭frutas‬ ‭e‬ ‭vegetais,‬ ‭cálcio,‬ ‭folato‬ ‭e‬ ‭metionina‬ ‭—‬ ‭podem‬
‭prevenir‬ ‭o‬ ‭câncer‬ ‭colorretal‬ ‭por‬ ‭acelerar‬ ‭o‬ ‭trânsito‬ ‭intestinal‬ ‭e‬ ‭prover‬
‭micronutrientes e reduzir a metilação do DNA;‬
‭●‬ ‭Uso do AAS:‬
‭○‬ ‭Uso de longo prazo pode reduzir a incidência de adenomas;‬
‭○‬ ‭Mas há risco de‬‭complicações‬‭sérias, como hemorragias‬‭digestiva;‬
‭○‬ ‭Quimioprevenção de rotina não é recomendada;‬

‭Fisiopatologia‬

‭●‬ ‭Todos‬‭os‬‭fatores‬‭—‬‭inflamação‬‭crônica,‬‭sais‬‭biliares,‬‭gordura,‬‭carne,‬‭calorias,‬‭fibras,‬
‭alimentação,‬ ‭tamanho‬ ‭corporal,‬ ‭atividade‬ ‭física,‬ ‭álcool‬ ‭e‬ ‭tabaco‬ ‭—‬ ‭agem‬‭sobre‬‭os‬
‭cólons,‬ ‭seja‬ ‭como‬ ‭risco,‬ ‭seja‬ ‭como‬ ‭proteção.‬ ‭Levam‬ ‭a‬ ‭uma‬ ‭mutação‬ ‭genética‬
‭adquirida e à formação do câncer;‬
‭●‬ ‭Sequência adenoma-adenocarcinoma‬‭: é a principal via‬‭genética do CCR;‬
‭○‬ ‭O‬ ‭adenoma‬ ‭é‬ ‭uma‬ ‭lesão‬ ‭inicialmente‬ ‭benigna,‬ ‭mas‬ ‭que‬ ‭se‬ ‭degenera‬ ‭para‬
‭adenocarcinoma‬‭(maligno) numa média de 10 anos de‬‭desenvolvimento;‬
‭○‬ ‭Daí‬ ‭os‬ ‭programas‬ ‭de‬ ‭rastreamento‬ ‭serem‬‭realizados‬‭10‬‭anos‬‭antes‬‭do‬‭pico‬
‭da doença, respeitando sua história natural;‬
‭●‬ ‭Características‬‭da‬‭sequência‬‭adenoma-adenocarcinoma‬‭—‬‭leva‬‭em‬‭média‬‭10‬‭anos‬
‭para ocorrer‬‭e é‬‭completamente assintomática‬‭;‬

‭80‬
‭○‬ ‭Passo 1: mucosa colônica normal;‬
‭○‬ ‭Passo‬ ‭2:‬ ‭há‬ ‭a‬ ‭formação‬ ‭de‬ ‭um‬ ‭adenoma‬ ‭pequeno‬ ‭(com‬ ‭baixo‬ ‭grau‬ ‭de‬
‭displasia). Decorre de mutação no gene APC;‬
‭○‬ ‭Passo‬ ‭3:‬ ‭adenoma‬ ‭médio,‬ ‭com‬ ‭moderado‬ ‭grau‬ ‭de‬ ‭displasia.‬ ‭Decorre‬ ‭de‬
‭mutação no K-ras;‬
‭○‬ ‭Passo‬ ‭4:‬ ‭adenoma‬ ‭grande‬ ‭(alto‬ ‭grau‬ ‭de‬ ‭displasia).‬ ‭Decorre‬ ‭de‬ ‭mutação‬‭em‬
‭DCC;‬
‭○‬ ‭Passo 5: adenoma grande com carcinoma intramucoso;‬
‭○‬ ‭Passo‬‭6:‬‭adenoma‬‭grande‬‭com‬‭carcinoma‬‭invasivo‬‭para‬‭a‬‭mucosa.‬‭Depende‬
‭de mutação de p53;‬
‭○‬ ‭Passo 7: carcinoma invasivo, que já pode se metastatizar para outros sítios;‬

‭Suspeita de CCR‬

‭●‬ ‭Lembrar‬ ‭que‬ ‭muitos‬ ‭pacientes‬ ‭podem‬ ‭ser‬ ‭assintomáticos‬ ‭até‬ ‭que‬ ‭a‬ ‭lesão‬ ‭atinja‬
‭grandes proporções;‬
‭●‬ ‭Os sintomas, quando se instalam, são:‬
‭○‬ ‭Dor abdominal‬‭(sintoma mais comum);‬
‭■‬ ‭Principalmente dor de início recente em pacientes acima de 60 anos;‬
‭○‬ ‭Alterações do hábito intestinal;‬
‭○‬ ‭Hematoquezia;‬
‭○‬ ‭Anemia‬ ‭por‬ ‭perda‬ ‭crônica‬ ‭de‬ ‭sangue,‬ ‭mais‬ ‭comum‬ ‭em‬ ‭lesões‬ ‭de‬ ‭cólon‬
‭direito;‬
‭○‬ ‭Emagrecimento e perda ponderal não quantificadas;‬
‭○‬ ‭Tenesmo, sobretudo em lesões do reto;‬
‭○‬ ‭Eliminação de muco nas fezes;‬
‭●‬ ‭Correlação anatômica:‬
‭○‬ ‭Cólon‬ ‭direito‬ ‭—‬ ‭anemia‬ ‭(por‬ ‭melena‬ ‭ou‬ ‭sangue‬ ‭oculto),‬ ‭massa‬ ‭palpável‬ ‭e‬
‭diarreia;‬
‭○‬ ‭Cólon‬ ‭esquerdo‬ ‭—‬ ‭cólicas,‬ ‭alteração‬ ‭do‬ ‭hábito‬ ‭intestinal‬ ‭e‬ ‭presença‬ ‭de‬
‭sangue nas fezes;‬
‭○‬ ‭Cólon sigmoide — obstrução intestinal baixa;‬

‭81‬
‭○‬ ‭Reto‬ ‭—‬ ‭tenesmo,‬ ‭urgência‬ ‭e‬ ‭hematoquezia.‬ ‭Diferenciar‬ ‭de‬ ‭doença‬
‭hemorroidária;‬

‭Câncer Colorretal Esporádico‬

‭●‬ ‭97%‬ ‭dos‬ ‭casos‬ ‭são‬ ‭de‬ ‭adenocarcinomas‬‭,‬ ‭provenientes‬ ‭da‬ ‭sequência‬
‭adenoma-adenocarcinoma, em diferentes graus de diferenciação celular:‬
‭○‬ ‭Bem diferenciados — tendem a ser mais indolentes;‬
‭○‬ ‭Moderadamente diferenciados;‬
‭○‬ ‭Pouco‬ ‭a‬ ‭indiferenciados‬ ‭—‬ ‭normalmente‬ ‭tumores‬ ‭mais‬ ‭agressivos,‬ ‭com‬
‭células em anel de sinete;‬
‭●‬ ‭Propagação:‬
‭○‬ ‭Linfática‬ ‭(mais‬ ‭comum)‬ ‭a‬ ‭partir‬ ‭de‬ ‭vasos‬ ‭linfáticos‬ ‭da‬ ‭camada‬ ‭submucosa‬
‭colônica →‬‭carcinoma invasor‬‭;‬
‭○‬ ‭Sanguínea/Hematogênica,‬ ‭a‬ ‭partir‬‭da‬‭drenagem‬‭venosa.‬‭A‬‭disseminação‬‭via‬
‭veia‬‭mesentérica‬‭inferior‬‭e‬‭veia‬‭porta‬‭leva‬‭a‬‭implantes‬‭no‬‭fígado‬‭—‬‭tumores‬
‭de‬ ‭cólon‬‭;‬ ‭e‬ ‭a‬ ‭disseminação‬ ‭via‬ ‭veias‬ ‭ilíacas‬ ‭e‬ ‭VCI‬ ‭leva‬ ‭a‬ ‭implantes‬ ‭nos‬
‭pulmões — tumores de reto baixo‬‭;‬
‭○‬ ‭Continuidade,‬ ‭para‬ ‭estruturas‬ ‭adjacentes:‬ ‭tumores‬ ‭de‬ ‭cólon‬ ‭direito‬ ‭podem‬
‭invadir duodeno, tumores de sigmoide podem invadir a bexiga;‬
‭○‬ ‭Implante‬‭peritoneal,‬‭pela‬‭invasão‬‭da‬‭camada‬‭serosa‬‭do‬‭cólon‬‭(T4‬‭ao‬‭TNM)‬‭e‬
‭em‬ ‭ovários‬ ‭(Tumor‬ ‭de‬ ‭Krukenberg)‬ ‭e‬ ‭fundo‬ ‭de‬ ‭saco‬ ‭de‬ ‭Douglas‬ ‭(sinal‬ ‭da‬
‭prateleira‬‭de‬‭Plummer‬‭ao‬‭toque‬‭retal);‬‭ou‬‭carcinomatose‬‭peritoneal‬‭quando‬
‭do implante difuso pela cavidade abdominal;‬
‭○‬ ‭Implante intraluminal, mas que não é tão frequente;‬
‭○‬ ‭Linfonodos são os sítios mais precocemente comprometidos‬‭;‬
‭○‬ ‭Metástases‬ ‭a‬ ‭distância:‬ ‭hepáticas‬ ‭(11%),‬ ‭pulmonar‬ ‭(5%),‬ ‭cerebral‬ ‭(1%)‬ ‭e‬
‭óssea‬‭(1%);‬
‭●‬ ‭Menos de 3% dos CCR esporádico são de outros tipos histológico:‬
‭○‬ ‭Tumores carcinoides;‬
‭○‬ ‭Linfomas;‬
‭○‬ ‭Sarcomas;‬
‭○‬ ‭GISTomas;‬

‭82‬
‭Diagnóstico‬

‭●‬ ‭É‬ ‭realizado‬ ‭a‬ ‭partir‬ ‭de‬ ‭colonoscopia‬ ‭com‬ ‭biópsia‬ ‭para‬ ‭análise‬
‭anatomopatológica‬‭;‬

‭Estadiamento‬

‭TNM‬

‭●‬ ‭É‬ ‭obrigatório‬ ‭após‬ ‭todo‬ ‭diagnóstico‬ ‭de‬ ‭câncer,‬ ‭pois‬ ‭afeta‬ ‭prognóstico‬ ‭e‬
‭terapêutica;‬
‭●‬ ‭Lesões‬ ‭diagnosticadas‬ ‭precocemente‬ ‭(Estágio‬ ‭I‬ ‭ou‬ ‭II)‬‭apresentam‬‭sobrevida‬‭global‬
‭em 5 anos maior que 80%;‬
‭●‬ ‭Linfonodos comprometidos já reduzem a sobrevida global para cerca de 50%;‬
‭●‬ ‭Metástases a distância apresentam sobrevida inferior a 10%‬

‭Estadiamento‬‭pré-operatório‬ ‭Estadiamento‬‭patológico‬

‭‬
● ‭ C de abdômen;‬
T ‭‬ P
● ‭ eça cirúrgica‬‭;‬
‭●‬ ‭USG de abdômen total;‬ ‭●‬ ‭Pós-operatório;‬
‭●‬ ‭Radiografia de tórax;‬ ‭●‬ ‭Avalia‬ ‭o‬ ‭grau‬ ‭de‬ i‭nfiltração‬ ‭tumoral‬
‭●‬ ‭TC de tórax para Ca de reto;‬ ‭na parede do cólon;‬
‭●‬ ‭RNM‬ ‭para‬ ‭estudo‬ ‭de‬ ‭reto‬ ‭e‬ ‭áreas‬ ‭○‬ ‭Limitada‬ ‭à‬ ‭mucosa‬ ‭e‬ ‭à‬
‭adjacentes;‬ ‭submucosa (T1);‬
‭○‬ ‭Invasão‬ ‭restrita‬ ‭à‬ ‭muscular‬
‭própria (T2);‬
‭●‬ ‭Avaliação de metástases a distância:‬ ‭○‬ ‭Invasão mural total (T3);‬
‭○‬ ‭Sem‬ ‭metástases‬ ‭a‬ ‭distância‬ ‭○‬ ‭Se‬ ‭ultrapassa‬ ‭a‬ ‭camada‬
‭(M0);‬ ‭serosa (T4);‬
‭○‬ ‭Presença‬ ‭de‬ ‭metástases‬ ‭a‬ ‭●‬ ‭Avaliação‬ ‭dos‬ ‭linfonodos‬ ‭—‬‭a‬‭partir‬
‭distância (M1);‬ ‭da‬ ‭retirada‬ ‭de‬ ‭pelo‬ ‭menos‬ ‭12‬ ‭linf.‬
‭do‬ ‭mesocólon‬ ‭e‬ ‭análise‬
‭histopatológica;‬
‭○‬ ‭Linfonodos normais (N0);‬
‭○‬ ‭Metástase linfonodal (N1);‬

‭Classificação de Dukes‬

‭●‬ ‭Classificação grosseira do TNM, realizada no peroperatório:‬


‭A.‬ ‭Crescimento neoplásico limitado à parede intestinal;‬
‭B.‬ ‭Neoplasia infiltra a serosa e o tecido adiposo;‬

‭83‬
‭C.‬ ‭Metástases para linfonodos regionais;‬
‭D.‬ ‭Presença de metástases a distância ou neoplasias irresecáveis;‬

‭Antígeno Carcinoembrionário (CEA);‬

‭●‬ ‭O‬ ‭CEA‬ ‭é‬ ‭utilizado‬ ‭para‬ ‭estadiamento‬ ‭e‬ ‭não‬ ‭para‬ ‭diagnóstico.‬ ‭Além‬ ‭disso,‬ ‭possui‬
‭fator‬‭prognóstico‬‭;‬
‭●‬ ‭É o marcador tumoral de escolha para acompanhamento pós-operatório;‬
‭●‬ ‭Normaliza em 4 a 6 semanas pós-operatório, no caso de uma ressecção R0;‬
‭●‬ ‭Deve‬ ‭ser‬ ‭solicitado‬ ‭a‬ ‭cada‬ ‭3‬ ‭meses‬ ‭nos‬ ‭2‬ ‭primeiros‬ ‭anos.‬‭É‬‭dosado‬‭no‬‭sangue‬‭do‬
‭paciente;‬
‭●‬ ‭É um bom indicador de resposta à quimioterapia;‬

‭Tratamento Cirúrgico‬

‭Ressecção‬

‭●‬ ‭Ressecção R0‬‭— remoção de toda a doença (macro e microscopicamente);‬


‭●‬ ‭Ressecção‬ ‭R1‬ ‭—‬ ‭remoção‬ ‭da‬ ‭doença‬ ‭macroscópica‬ ‭(margens‬ ‭comprometidas‬
‭microscopicamente)‬
‭●‬ ‭Ressecção R2‬‭— remoção paliativa;‬

‭Objetivos‬

‭●‬ ‭Diminuir a recidiva;‬


‭●‬ ‭Aumentar a sobrevida;‬
‭●‬ ‭Não comprometer a qualidade de vida;‬
‭●‬ ‭Mínima morbimortalidade;‬

‭Princípios Oncológicos‬

‭●‬ ‭Erradicar a lesão com margens de segurança;‬


‭●‬ ‭Exérese de estruturas envolvidas em monobloco;‬
‭●‬ ‭Remover linfonodos regionais com a peça cirúrgica;‬

‭Técnica‬

‭84‬
‭●‬ ‭Via laparotômica, via laparoscópica ou robótica;‬
‭●‬ ‭Inspeção‬ ‭rigorosa‬ ‭da‬ ‭cavidade‬ ‭à‬ ‭procura‬ ‭de‬ ‭tumores‬ ‭sincrônicos,‬ ‭implantes‬ ‭ou‬
‭metástases a distância;‬
‭●‬ ‭Colectomia‬ ‭segmentar‬ ‭envolvendo‬ ‭o‬ ‭meso‬ ‭adjacente‬ ‭—‬ ‭margem‬ ‭de‬ ‭5‬ ‭cm‬ ‭tanto‬
‭proximal quanto distal é adequada; ressecção de segmentos desvascularizados;‬
‭●‬ ‭Ligadura‬ ‭alta‬ ‭dos‬ ‭vasos,‬ ‭próximo‬ ‭à‬ ‭sua‬ ‭origem‬ ‭e‬ ‭remoção‬ ‭de‬ ‭pelo‬ ‭menos‬ ‭12‬
‭linfonodos para melhor estadiamento histopatológico;‬
‭●‬ ‭Cirurgias‬ ‭—‬ ‭hemicolectomia‬ ‭à‬ ‭direita,‬ ‭hemicolectomia‬ ‭à‬ ‭esquerda,‬
‭retossigmoidectomia e excisão total do mesorreto‬‭;‬
‭○‬ ‭OBS‬ ‭—‬ ‭transversectomia‬ ‭não‬ ‭é‬ ‭mais‬ ‭preconizada,‬ ‭pela‬ ‭dificuldade‬ ‭de‬
‭anastomose posterior entre os ângulos hepático e esplênico do cólon;‬
‭○‬ ‭Cirurgia‬ ‭de‬ ‭Hartmann‬ ‭na‬ ‭urgência‬ ‭—‬ ‭retossigmoidectomia‬ ‭+‬ ‭colostomia‬
‭terminal + sepultamento do coto retal;‬
‭●‬ ‭Reestabelecimento do trânsito intestinal:‬
‭○‬ ‭De‬ ‭preferência‬ ‭em‬ ‭anastomose‬ ‭primária‬ ‭—‬ ‭sem‬ ‭vazamento,‬ ‭com‬ ‭boa‬
‭irrigação, sem tensão e sem desproporções importantes entre as bocas;‬
‭○‬ ‭Ostomia‬‭de proteção (em alça) quando necessário —‬‭ileostomia em alça:‬
‭■‬ ‭Desvio‬ ‭temporário‬ ‭do‬ ‭trânsito‬ ‭intestinal‬ ‭(risco‬ ‭de‬ ‭fístula‬ ‭e‬ ‭de‬ ‭sepse‬
‭pélvica);‬
‭■‬ ‭Fácil‬ ‭reconstrução.‬ ‭Na‬ ‭maioria‬ ‭das‬ ‭vezes,‬ ‭não‬ ‭é‬ ‭necessário‬
‭laparotomia para a reconstrução;‬

‭Tumor de Reto‬

‭●‬ ‭Atenção‬ ‭aos‬ ‭tumores‬ ‭de‬ ‭reto,‬ ‭principalmente‬ ‭de‬‭reto‬‭baixo‬‭,‬‭dada‬‭a‬‭sua‬‭relação‬‭e‬


‭proximidade com os esfíncteres anais;‬

‭Neoadjuvância‬

‭●‬ ‭Em‬‭virtude‬‭disso,‬‭realiza-se‬‭quimioterapia‬‭e‬‭radioterapia‬‭neoadjuvante‬‭,‬‭seguida‬
‭da cirurgia em 6 a 12 semanas se:‬
‭○‬ ‭Tumores de reto médio ou reto baixo;‬
‭○‬ ‭T3 ou T4;‬
‭○‬ ‭Linfonodo positivo;‬

‭85‬
‭Cirurgia‬

‭●‬ ‭Cirurgia‬‭de‬‭Miles‬‭—‬‭amputação‬‭abdominoperineal‬‭de‬‭reto.‬‭Exérese‬‭de‬‭reto‬‭e‬‭ânus,‬
‭sutura do períneo com colostomia definitiva;‬
‭○‬ ‭Há‬ ‭remoção‬ ‭dos‬ ‭esfíncteres‬ ‭anais‬ ‭devido‬ ‭às‬ ‭margens‬ ‭de‬ ‭segurança‬
‭necessárias;‬

‭Adjuvância‬

‭●‬ ‭A‬ ‭quimioterapia‬ ‭adjuvante‬ ‭é‬ ‭realizada‬ ‭em‬ ‭casos‬ ‭de‬ ‭linfonodos‬ ‭positivos‬ ‭em‬ ‭em‬
‭casos‬ ‭de‬ ‭tumores‬ ‭de‬ ‭alto‬ ‭risco‬ ‭operados‬ ‭quando‬ ‭de‬‭perfuração‬‭ou‬‭obstrução‬
‭intestinal;‬
‭●‬ ‭A quimioterapia‬‭paliativa‬‭é utilizada quando da doença‬‭metastática;‬
‭●‬ ‭Drogas‬ ‭—‬ ‭5-fluorouracil+Leucovorin,‬ ‭Oxaliplatina,‬ ‭Irinotecano,‬ ‭Capecitabina,‬
‭Cetuximabe;‬

‭Recomendações para Prevenção e Rastreamento‬

‭Métodos‬

‭●‬ ‭Hábitos‬ ‭de‬ ‭vida‬ ‭saudáveis‬ ‭—‬ ‭evitar‬‭alimentos‬‭industrializados,‬‭carnes‬‭vermelhas‬‭e‬


‭processadas,‬‭optando-se‬‭por‬‭uma‬‭alimentação‬‭mais‬‭natural,‬‭com‬‭ingestão‬‭de‬‭fibras‬
‭e de líquido; praticar exercícios físicos; cessar tabagismo; evitar ingestão de álcool;‬
‭●‬ ‭Os‬‭exames‬‭de‬‭rastreamento‬‭devem‬‭ser‬‭iniciados‬‭aos‬‭45‬‭ou‬‭50‬‭anos‬‭(a‬‭depender‬‭do‬
‭protocolo a ser seguido). No Brasil, inicia-se aos 45 anos de idade:‬
‭○‬ ‭Testes‬‭fecais‬‭—‬‭pesquisa‬‭de‬‭sangue‬‭oculto‬‭nas‬‭fezes‬‭(Guáiaco,‬‭peroxidase‬
‭ou imunoquímico) ou pesquisa de DNA fecal;‬
‭■‬ ‭Realizado na população geral, com risco habitual para CCR;‬
‭■‬ ‭Devem‬ ‭ser‬ ‭repetidos‬ ‭anualmente‬ ‭por‬ ‭10‬ ‭anos‬ ‭—‬ ‭somente‬‭por‬‭esse‬
‭período há evidência de redução de mortalidade;‬
‭■‬ ‭Em‬ ‭caso‬ ‭de‬ ‭positividade‬ ‭da‬ ‭PSOF,‬ ‭o‬ ‭paciente‬‭deve‬‭ser‬‭submetido‬‭à‬
‭colonoscopia‬‭;‬
‭■‬ ‭Não‬‭devem ser submetidos à PSOF:‬
‭●‬ ‭Sangramento visível;‬
‭●‬ ‭Pacientes com anemia ou suspeita de câncer colorretal;‬

‭86‬
‭●‬ ‭Pacientes com menos de 40 anos;‬
‭●‬ ‭Pacientes já rastreados com colonoscopia;‬
‭●‬ ‭Pacientes com teste anterior positivo‬
‭●‬ ‭Pacientes com história familiar positiva;‬
‭○‬ ‭Testes‬ ‭estruturais‬ ‭—‬ ‭sigmoidoscopia‬ ‭flexível,‬ ‭colonoscopia‬‭ou‬‭colonografia‬
‭por TC;‬
‭■‬ ‭A‬ ‭colonoscopia‬ ‭é‬ ‭realizada‬ ‭para‬ ‭seguimento‬ ‭de‬ ‭pacientes‬ ‭que‬ ‭a‬
‭realizaram‬ ‭previamente,‬ ‭seja‬ ‭por‬ ‭suspeita‬ ‭de‬ ‭CCR,‬ ‭seja‬ ‭por‬ ‭PSOF‬
‭positiva, seja por história familiar positiva;‬
‭●‬ ‭Modalidade preferencial‬‭;‬
‭●‬ ‭Detecção e remoção de pólipos;‬
‭●‬ ‭Exame‬ ‭invasivo‬ ‭que‬ ‭requer‬ ‭preparo‬ ‭adequado‬ ‭do‬ ‭cólon‬ ‭e‬
‭sedação;‬
‭●‬ ‭Operador dependente, custo elevado;‬
‭●‬ ‭Há um risco de 0,1’% de perfuração‬
‭■‬ ‭Colonografia‬‭por‬‭TC‬‭(colonoscopia‬‭virtual)‬‭—‬‭não‬‭é‬‭acessível‬‭nem‬‭em‬
‭âmbito público nem suplementar, somente via particular;‬
‭●‬ ‭TC helicoidal com imagens bi ou tridimensionais;‬
‭●‬ ‭Requer preparo de cólon e insuflação de ar por via retal;‬
‭●‬ ‭Não‬ ‭invasiva,‬ ‭com‬ ‭baixo‬ ‭índice‬ ‭de‬ ‭complicações.‬ ‭Porém,‬ ‭é‬
‭inacessível,‬ ‭não‬ ‭é‬ ‭terapêutica‬ ‭(não‬ ‭retira‬ ‭pólipos‬ ‭se‬
‭encontrados) e expõe à radiação;‬
‭●‬ ‭Boa‬ ‭sensibilidade‬ ‭e‬ ‭especificidade‬ ‭para‬ ‭pólipos‬ ‭grandes‬ ‭e‬
‭intermediários;‬
‭■‬ ‭Retossigmoidoscopia flexível — não é mais tão utilizada;‬
‭●‬ ‭Preparo retrógrado (via anal) — clister;‬
‭●‬ ‭Pode ser realizado sem sedação;‬
‭●‬ ‭Limite de 60 cm (ângulo esplênico);‬
‭●‬ ‭Não detecta tumores de cólon proximais;‬

‭Recomendação Atual‬

‭●‬ ‭Indivíduos de moderado risco devem iniciar rastreamento com 45 a 50 anos:‬

‭87‬
‭Método‬ ‭Intervalo‬

‭Pesquisa de sangue oculto nas fezes‬ ‭Anualmente‬

‭Retossigmoidoscopia flexível‬ ‭A cada 5 anos‬

‭Colonografia por TC‬ ‭A cada 5 anos‬

‭Colonoscopia‬ ‭A cada 10 aos‬


‭●‬ ‭Seguimento após a primeira colonoscopia:‬

‭Achados colonoscópicos‬ ‭Intervalo para colonoscopia‬

‭Ausência de pólipos‬ ‭10 anos‬

‭Pólipos hiperplásicos‬ ‭10 anos‬

‭1 a 2 pólipos adenomatosos tubulares‬ ‭5 anos‬

‭3 a 10 pólipos adenomatosos tubulares‬ ‭3 anos‬

‭Mais de 10 adenomas‬ ‭Anual‬

‭Adenoma tubular com mais de 10 mm‬


‭Adenoma viloso‬ ‭3 anos‬
‭Adenoma com displasia de alto grau‬
‭●‬ ‭Pacientes de‬‭alto risco‬‭:‬
‭○‬ ‭História‬ ‭familiar‬ ‭positiva‬ ‭(parente‬ ‭de‬ ‭primeiro‬ ‭grau‬ ‭ou‬ ‭idade‬ ‭inferior‬ ‭a‬ ‭60‬
‭anos):‬‭colonoscopia‬‭a‬‭cada‬‭10‬‭anos‬‭a‬‭partir‬‭dos‬‭40‬‭anos‬‭ou‬‭10‬‭anos‬‭antes‬
‭do parente afetado‬‭;‬
‭○‬ ‭Pacientes com‬‭DII‬‭— iniciar vigilância‬‭8 a 10 anos‬‭após o início da doença:‬
‭■‬ ‭Colite esquerda ou Dç de Crohn — colonoscopia a cada 5 anos;‬
‭■‬ ‭Colite‬‭extensa,‬‭pseudopólipos‬‭ou‬‭história‬‭familiar‬‭positiva‬‭—‬‭a‬‭cada‬‭3‬
‭anos;‬
‭■‬ ‭Colite‬ ‭extensa,‬ ‭atividade‬ ‭endoscópica‬ ‭grave‬ ‭ou‬ ‭histológica‬ ‭ou‬
‭estenose ou colangite esclerosante — colonoscopia anual;‬

‭88‬
‭○‬ ‭Dosagem de alfafetoproteína;‬
‭●‬ ‭Washout‬ ‭precoce‬ ‭do‬ ‭contraste‬ ‭na‬ ‭imagem‬ ‭(TC)‬ ‭—‬ ‭diagnóstico‬ ‭de‬
‭hepatocarcinoma‬‭em‬‭cirrótico‬‭→‬‭nódulo‬‭ascende‬‭na‬‭fase‬‭arterial‬‭se‬‭no‬‭equilíbrio‬‭e‬
‭apaga durante a fase venosa, que é quando a veia porta está contrastada.‬

‭Doenças‬ ‭Inflamatórias‬ ‭Intestinais‬ ‭—‬ ‭Aspectos‬ ‭Clínicos‬ ‭e‬


‭Diagnósticos‬

‭Definição‬

‭●‬ ‭Transtornos‬ ‭crônicos‬ ‭ou‬ ‭recidivantes‬ ‭que‬ ‭causam‬ ‭inflamação‬ ‭do‬ ‭trato‬
‭gastrointestinal;‬
‭●‬ ‭Não há cura, mas há controle;‬
‭●‬ ‭Mais prevalente em países desenvolvidos;‬
‭○‬ ‭Relação com a flora do intestino grosso;‬

‭Mecanismos Patogênicos‬

‭●‬ ‭Alteração da flora intestinal;‬


‭●‬ ‭Estresse;‬
‭●‬ ‭Dieta rica em alimentos embutidos e enlatados;‬
‭●‬ ‭Carga genética;‬

‭Fatores de risco e ambientais‬

‭●‬ ‭Estresse e trauma cirúrgico;‬


‭●‬ ‭Atividade física;‬
‭●‬ ‭Dieta;‬

‭Classificação‬

‭●‬ ‭Colite indeterminada;‬


‭●‬ ‭Retocolite ulcerativa;‬
‭●‬ ‭Doença de Crohn;‬

‭132‬
‭Diagnóstico‬

‭●‬ ‭Aspectos‬ ‭clínicos,‬ ‭alterações‬ ‭laboratoriais,‬ ‭achados‬ ‭endoscópicos‬ ‭e‬ ‭histológicos‬ ‭e‬
‭achados radiológicos;‬
‭●‬ ‭A DII tem caráter crônico, progressivo e destrutivo;‬

‭Características de inflamação‬

‭●‬ ‭Doença de Crohn:‬


‭○‬ ‭Forma‬‭salteada‬‭, podendo ocorrer entre áreas de tecido‬‭normal;‬
‭○‬ ‭Inflamação‬‭transmural‬‭;‬
‭○‬ ‭As‬ ‭biópsias‬ ‭mostram‬ ‭inflamação‬ ‭crônica‬ ‭ativa‬‭,‬ ‭enventualmente‬ ‭com‬
‭granulomas não caseosos;‬
‭●‬ ‭Retocolite Ulcerativa:‬
‭○‬ ‭Contínuo‬‭, iniciando no reto;‬
‭○‬ ‭Limitada à‬‭mucosa;‬
‭○‬ ‭As‬ ‭biópsias‬ ‭mostram‬ ‭inflamação‬ ‭crônica‬ ‭ativa‬ ‭com‬ ‭microabscessos‬ ‭de‬
‭criptas e distorção arquitetural‬‭;‬

‭DC‬

‭●‬ ‭Localização:‬
‭○‬ ‭Qualquer‬‭área‬‭do‬‭TGI‬‭pode‬‭estar‬‭envolvida,‬‭desde‬‭a‬‭boca‬‭até‬‭o‬‭ânus,‬‭sendo‬
‭o íleo e o cólon os locais mais frequentes;‬
‭○‬ ‭Metade dos pacientes terá doença ileocólica;‬
‭○‬ ‭Os‬‭sintomas‬‭individuais‬‭estão‬‭influenciados‬‭pela‬‭localização‬‭da‬‭inflamação‬‭e‬
‭comportamento;‬
‭●‬ ‭Fenótipos:‬
‭○‬ ‭Inflamatório — dor abdominal, diarreia, perda de peso etc;‬
‭○‬ ‭Fibroestenosante‬ ‭—‬ ‭subestenoses‬ ‭ou‬ ‭estenoses‬ ‭de‬ ‭intestino‬ ‭delgado‬ ‭→‬
‭sintomas‬ ‭de‬ ‭suboclusão‬ ‭(parada‬ ‭de‬ ‭eliminação‬ ‭de‬ ‭fezes‬ ‭e‬ ‭flatos,‬ ‭distensão‬
‭abdominal, dor abdominal);‬

‭133‬
‭○‬ ‭Penetrante‬ ‭ou‬ ‭fistulizante‬ ‭(por‬ ‭ser‬ ‭transmural)‬ ‭—‬ ‭perfuração‬ ‭intestinal,‬
‭formando‬ ‭um‬ ‭pertuito‬ ‭entre‬ ‭as‬ ‭alças‬ ‭ou‬ ‭fístulas‬ ‭perianais,‬ ‭colovesical,‬
‭colovaginal;‬

‭RCU‬

‭●‬ ‭Só‬ ‭acomete‬ ‭o‬ ‭intestino‬ ‭grosso‬ ‭—‬ ‭proctite‬ ‭(rectite),‬ ‭colite‬ ‭esquerda‬ ‭(até‬ ‭o‬ ‭ângulo‬
‭esplênico) ou colite extensa (pancolite) → mas pode haver‬‭ileíte de refluxo‬‭;‬
‭●‬ ‭Proctite‬ ‭—‬ ‭pacientes‬ ‭queixam‬ ‭dor‬ ‭abdominal,‬ ‭diarreia,‬ ‭sangramento‬ ‭retal,‬
‭tenesmo, urgência‬‭;‬
‭●‬ ‭Colite esquerda —‬‭sintomas retais, associados à diarreia‬‭e cólica abdominal‬‭;‬
‭●‬ ‭Pancolite‬ ‭—‬ ‭febre,‬ ‭fadiga,‬ ‭cansaço,‬ ‭associado‬ ‭aos‬ ‭sintomas‬ ‭de‬ ‭retite‬ ‭e‬ ‭colite‬
‭esquerda‬‭;‬

‭Diagnóstico Clínico‬

‭História Clínica‬

‭●‬ ‭10 a 15% apresentam história familiar positiva para DC ou RCU;‬


‭●‬ ‭75% dos pacientes com história familiar terão concordância para o tipo da doença;‬
‭●‬ ‭História de familiar de DC → RR 8,4;‬

‭Exame Físico‬

‭●‬ ‭Manifestações‬ ‭extraintestinais‬ ‭—‬ ‭episclerite‬ ‭(olhos‬ ‭vermelhos),‬ ‭aftas‬‭,‬ ‭efeitos‬


‭articulares (‬‭artrite ou artralgia de grandes articulações‬‭)‬‭e cutâneos;‬
‭○‬ ‭Outras — uveíte e pioderma gangrenoso;‬
‭○‬ ‭Estão relacionadas com a‬‭atividade da doença‬‭;‬
‭○‬ ‭Podem preceder os sintomas GI;‬
‭●‬ ‭Espondilite‬ ‭anquilosante‬ ‭e‬ ‭sacroiliíte‬ ‭—‬ ‭não‬ ‭estão‬‭relacionados‬‭com‬‭a‬‭DC‬‭ou‬‭RCU,‬
‭devendo ser tratados separadamente;‬
‭●‬ ‭Massa abdominal — plastrão inflamatório;‬
‭●‬ ‭Doença anal — fissura, abscesso, fístula (DC) e plicoma.‬

‭Diagnóstico Laboratorial‬

‭134‬
‭●‬ ‭Pacientes‬ ‭com‬ ‭diarreias‬ ‭crônicas‬ ‭(superior‬ ‭a‬ ‭4‬ ‭semanas)‬ ‭sanguinolenta‬ ‭—‬ ‭pensar‬
‭em RCU;‬
‭●‬ ‭Investigação:‬
‭○‬ ‭Proteína C Reativa‬‭:‬
‭■‬ ‭Bom‬ ‭parâmetro‬ ‭para‬ ‭acompanhamento‬ ‭de‬ ‭pacientes‬ ‭com‬ ‭PCR‬
‭elevada antes do tratamento (monitorização do tratamento);‬
‭■‬ ‭Frequentemente reflete DII em atividade quando elevada;‬
‭■‬ ‭DC‬‭ativa — 70 a 90% dos casos;‬
‭■‬ ‭RCU ativa — modesto (50 a 60% dos casos) ou ausente (utilizar VHS);‬
‭■‬ ‭Pode‬ ‭estar‬ ‭normal,‬ ‭principalmente‬ ‭na‬ ‭doença‬ ‭leve‬ ‭→‬ ‭logo‬ ‭não‬ ‭é‬
‭diagnóstica! Mas leva à suspeição‬‭;‬
‭○‬ ‭Calprotectina fecal‬‭:‬
‭■‬ ‭Reflete‬ ‭o‬ ‭grau‬ ‭de‬ ‭inflamação‬ ‭intestinal‬ ‭mediada‬ ‭por‬ ‭neutrófilos‬ ‭—‬
‭reflete melhor o cólon;‬
‭■‬ ‭Não‬ ‭específica‬ ‭para‬ ‭DII‬ ‭→‬ ‭neoplasias,‬ ‭AINH,‬ ‭infecções‬ ‭colônicas,‬
‭pólipos;‬
‭■‬ ‭DII‬‭vs‬‭SII:‬
‭●‬ ‭< 50 mcg/g‬‭— virtualmente exclui DII;‬
‭●‬ ‭> 150 a 200 mcg/g‬‭sugere atividade inflamatória;‬
‭●‬ ‭Não específica para DII;‬

‭Diagnóstico endoscópico‬

‭●‬ ‭Ileocolonoscopia com biópsias‬‭;‬


‭●‬ ‭RCU‬‭—‬‭enantema‬‭de‬‭mucosa,‬‭com‬‭erosões‬‭e‬‭pontos‬‭de‬‭fibrina,‬‭em‬‭padrão‬‭contínuo‬
‭e ascendente e‬‭nítida delimitação da área inflamada‬‭para a área sadia‬‭;‬
‭●‬ ‭DC‬ ‭—‬ ‭úlceras‬ ‭arredondadas,‬ ‭estrelares,‬ ‭aftoides‬ ‭entremeadas‬ ‭por‬ ‭mucosa‬
‭normal‬‭(doença salteada);‬

‭Diagnóstico radiológico‬

‭●‬ ‭Enterografia‬ ‭por‬ ‭TC‬ ‭ou‬ ‭RNM‬ ‭—‬ ‭em‬ ‭caso‬ ‭de‬ ‭DC‬ ‭jejunal‬ ‭ou‬ ‭de‬‭íleo‬‭proximal‬‭ou‬‭em‬
‭caso‬ ‭de‬ ‭dificuldade‬ ‭de‬ ‭diferenciação‬ ‭entre‬ ‭DC‬ ‭ou‬ ‭RCU.‬ ‭Se‬ ‭a‬ ‭colonoscopia‬ ‭mostra‬
‭RCU num paciente com clínica de RCU, a enterografia não é necessária;‬

‭135‬
‭○‬ ‭Técnica:‬
‭■‬ ‭Ingestão‬ ‭de‬ ‭grande‬ ‭volume‬ ‭de‬ ‭contraste‬ ‭negativo‬ ‭(VO‬ ‭ou‬ ‭SNE)‬ ‭para‬
‭distender as alças - PEG diluído ou água;‬
‭■‬ ‭Contraste intravenoso (fase venosa);‬
‭■‬ ‭Mais‬ ‭sensível‬ ‭para‬ ‭doença‬ ‭avançada‬ ‭ou‬ ‭complicaçãoes‬ ‭(abscessos,‬
‭fístula);‬
‭○‬ ‭Exclusiva para intestino delgado;‬
‭○‬ ‭Vantagens:‬
‭■‬ ‭Alta‬ ‭resolução‬ ‭espacial;‬ ‭permite‬ ‭a‬ ‭visualização‬ ‭do‬‭lúmen‬‭e‬‭do‬‭relevo‬
‭mucoso;‬ ‭capaz‬ ‭de‬ ‭avaliar‬ ‭a‬ ‭espessura‬ ‭parietal,‬ ‭eventuais‬ ‭alterações‬
‭mesentéricas e extraintestinais;‬
‭●‬ ‭Videocápsula endoscópica:‬
‭○‬ ‭Requer‬‭enterografia‬‭prévia‬‭para‬‭a‬‭exclusão‬‭de‬‭estenoses‬‭intestinal‬‭(a‬‭cápsula‬
‭pode impactar);‬
‭○‬ ‭Perspectivas:‬
‭■‬ ‭Imagem‬‭refinada‬‭da mucosa do intestino delgado;‬
‭■‬ ‭Diagnóstico menos invasivo;‬
‭■‬ ‭Significado dos achados inespecíficos;‬
‭■‬ ‭Cuidado‬ ‭na‬ ‭doença‬ ‭estenosante!‬ ‭Risco‬ ‭de‬ ‭impactação‬ ‭e‬
‭necessidade de cirurgia;‬

‭Complicações‬

‭●‬ ‭Pelo‬‭caráter‬‭progressivo,‬‭sobretudo‬‭da‬‭DC,‬‭há‬‭estenoses‬‭e‬‭evolução‬‭para‬‭fístulas‬
‭ou‬ ‭abscessos‬‭,‬ ‭se‬ ‭não‬ ‭tratado.‬ ‭Há‬ ‭uma‬ ‭janela‬ ‭de‬ ‭1,5‬ ‭ano‬ ‭entre‬ ‭o‬ ‭diagnóstico‬ ‭e‬ ‭o‬
‭tratamento farmacológico ideal para que não haja evolução da doença;‬

‭Tratamento‬

‭●‬ ‭Metas — redução da sintomatologia, da calprotectina e das lesões. Busca-se a‬


‭cicatrização da mucosa;‬
‭●‬ ‭Princípios gerais:‬
‭○‬ ‭Extensão e fenótipo;‬
‭●‬ ‭Avaliação do risco em pacientes com DII:‬

‭136‬
‭○‬ ‭Alto risco:‬
‭■‬ ‭Idade inferior a 30 anos (DC) ou 40 (RCU) ao diagnóstico;‬
‭■‬ ‭Necessidades de corticoides no primeiro flare;‬
‭■‬ ‭Atividade moderada a grave;‬
‭■‬ ‭Envolvimento anatômico extenso;‬
‭■‬ ‭Ulcerações profundas à endoscopia ou à colonoscopia;‬
‭■‬

‭Medicamentoso‬

‭●‬ ‭Derivados salicílicos —‬‭Sulfassalazina ou mesalazina‬‭→ somente na RCU;‬


‭●‬ ‭Corticoides‬ ‭—‬ ‭Prednisona,‬ ‭hidrocortisona,‬ ‭budesonida‬ ‭(ação‬ ‭na‬ ‭região‬ ‭ileocecal,‬
‭como na DC leve), budesonida MMX;‬
‭●‬ ‭Imunossupressores —‬‭Azatioprina‬‭, 6- mercaptopurina,‬‭metotrexato;‬
‭●‬ ‭Terapia avançada:‬
‭○‬ ‭Biológicos‬ ‭—‬ ‭anti-TNF‬ ‭(infliximab,‬ ‭adalimumab),‬ ‭vedolizumab‬ ‭(agente‬
‭anti-integrina) e ustequinumabe (anti IL 12 e 23)‬
‭○‬ ‭Pequenas moléculas (tofacitinibe) — somente para RCU;‬

‭Síndromes Dispépticas‬

‭Dispepsia‬

‭●‬ ‭Desconforto‬ ‭predominantemente‬ ‭em‬ ‭epigástrio‬ ‭com‬ ‭duração‬ ‭de‬ ‭pelo‬ ‭menos‬ ‭um‬
‭mês;‬
‭●‬ ‭20% da população mundial;‬
‭●‬ ‭Pode estar associado a qualquer outro sintoma do TGI:‬
‭○‬ ‭Empachamento;‬
‭○‬ ‭Pirose;‬
‭○‬ ‭Náusea;‬
‭○‬ ‭Vômito;‬

‭Abordagem‬

‭137‬
‭●‬ ‭História clínica minuciosa, exame físico e exclusão de sinais de alarme;‬

‭História Clínica‬

‭●‬ ‭Sintomas:‬
‭○‬ ‭Pirose;‬
‭○‬ ‭Regurgitação ácida;‬
‭○‬ ‭Epigastralgia;‬
‭○‬ ‭Saciedade precoce ou plenitude pós-prandial concomitante;‬
‭●‬ ‭Comorbidades;‬
‭●‬ ‭Uso de medicamentos (AINEs, alendronato);‬

‭Sinais de Alarme‬

‭●‬ ‭São indicações de realização de Endoscopia Digestiva Alta‬‭;‬


‭●‬ ‭Idade suprior a 45 anos;‬
‭●‬ ‭Disfagia ou odinofagia;‬
‭●‬ ‭Despertar noturno;‬
‭●‬ ‭Emagrecimento;‬
‭●‬ ‭Anemia ou sangramento‬
‭●‬ ‭Cirurgia gástrica prévia;‬
‭●‬ ‭Exame físico — icterícia, adenomegalias, visceromegalias, massa abdominal;‬

‭Dispepsia Funcional‬

‭Definição‬

‭●‬ ‭Um ou mais dos seguintes sintomas:‬


‭○‬ ‭Dor epigástrica;‬
‭○‬ ‭Queimação epigástrica;‬
‭○‬ ‭Sensação de desconforto ou plenitude pós-prandial;‬
‭○‬ ‭Saciedade precoce;‬
‭●‬ ‭Ausência de doença estrutural que possa explicar os sintomas‬‭;‬

‭Fisiopatologia‬

‭138‬
‭●‬ ‭Diversos fatores estão relacionados:‬
‭○‬ ‭Hipersensibilidade visceral à dor;‬
‭○‬ ‭Alteração da motilidade intestinal;‬
‭○‬ ‭Características inflamatórias;‬
‭○‬ ‭Distúrbios neuroendócrinos;‬
‭○‬ ‭Fatores psicossomáticos;‬
‭○‬ ‭Fatores genéticos;‬
‭○‬ ‭Características dietéticas;‬
‭○‬ ‭Alteração da microbiota;‬

‭Classificação‬

‭●‬ ‭Síndrome da dor epigástrica‬‭:‬


‭○‬ ‭Dor epigástrica;‬
‭○‬ ‭Queimação epigástrica;‬
‭○‬ ‭Pode não ter relação com a alimentação;‬
‭○‬ ‭Não melhora com a evacuação;‬
‭●‬ ‭Síndrome do desconforto pós-prandial‬‭:‬
‭○‬ ‭Plenitude pós-prandial;‬
‭○‬ ‭Saciedade precoce;‬
‭○‬ ‭Relação com alimentos;‬
‭○‬ ‭Sintomas‬ ‭adicionais‬ ‭—‬ ‭distensão,‬ ‭náusea‬ ‭pós-prandial‬ ‭ou‬ ‭excesso‬ ‭de‬
‭eructações;‬

‭Investigação‬

‭●‬ ‭Geral — EPF, hemograma, bioquímica, perfil tireoidiano e hepático;‬


‭●‬ ‭Gástrico — pesquisa de‬‭Helicobacter pylori‬‭e EDA;‬
‭●‬ ‭Específicos‬ ‭—‬ ‭ultrassonografia‬ ‭de‬ ‭abdome,‬ ‭cintilografia‬ ‭para‬ ‭avaliação‬ ‭de‬
‭esvaziamento gástrico;‬

‭EDA‬ ‭Teste e Trate‬

‭Vantagem‬ ‭Diagnóstico precoce‬ ‭Custo-benefício‬

‭139‬
‭Desvantagem‬ ‭Custo, invasivo‬ ‭Não resolução‬
‭Disponibilidade‬

‭Idade superior a 45 anos‬ ‭Idade inferior a 45 anos‬


‭Indicação‬ ‭Sinais de alarme‬ ‭Ausência de sinais de‬
‭alarme‬
‭Baixa prevalência de HP‬

‭Diagnósticos Diferenciais‬

‭●‬ ‭Doença ulcerosa péptica;‬


‭●‬ ‭Doença do Refluxo Gastroesofágico;‬
‭●‬ ‭Gastroparesia;‬

‭Tratamento‬

‭●‬ ‭Medidas dietético-comportamentais:‬


‭○‬ ‭Refeições de menor volume e maior frequência;‬
‭○‬ ‭Evitar alimentos gordurosos;‬
‭○‬ ‭Evitar AINH, café, álcool e tabaco — retardam o esvaziamento gástrico;‬
‭●‬ ‭Erradicação do HP:‬
‭○‬ ‭Estratégia teste e trate‬‭;‬
‭○‬ ‭Maioria dos pacientes permanece sintomática após 6 a 12 meses;‬
‭○‬ ‭São necessários tratar 7 pacientes para 1 melhorar;‬
‭●‬ ‭Supressão ácida:‬
‭○‬ ‭Primeira linha do tratamento da DF (doença funcional) com HP negativo;‬
‭○‬ ‭Estudos demonstram efetividade na DF;‬
‭■‬ ‭Por‬ ‭DRGE‬ ‭não‬ ‭diagnosticado‬ ‭ou‬ ‭sobreposição‬ ‭de‬ ‭doenças‬ ‭—‬ ‭daí‬ ‭a‬
‭indicação de EDA como primeiro exame;‬
‭●‬ ‭Antidepressivos — modulação da dor:‬
‭○‬ ‭Segunda inha de tratamento — hipersensibilidade visceral;‬
‭■‬ ‭Amitriptilina em doses baixas (25 mg);‬
‭■‬ ‭Avaliar resposta terapêutica após 2 a 3 meses;‬
‭■‬ ‭Avaliar suspensão após 6 meses;‬
‭●‬ ‭Procinéticos:‬
‭○‬ ‭Aceleram o esvaziamento gśatrico (NNT:6);‬

‭140‬
‭○‬ ‭Limitação — efeitos colaterais (sintomas extrapiramidal)‬
‭○‬ ‭Domperidona e bromoprida;‬
‭●‬ ‭Terapias psicológicas:‬
‭○‬ ‭Terapia‬ ‭de‬ ‭resgate‬ ‭para‬ ‭DF‬ ‭grave,‬ ‭que‬ ‭não‬ ‭responde‬ ‭a‬ ‭tratamento‬
‭medicamentoso;‬
‭○‬ ‭Psicoterapia ou terapia cognitiva-comportamental;‬

‭Doença do Refluxo‬

‭Definição‬

‭●‬ ‭DRGE‬ ‭é‬ ‭definda‬ ‭como‬ ‭sintomas‬ ‭e/ou‬ ‭dano‬ ‭da‬ ‭mucosa‬ ‭ocasionado‬ ‭pelo‬ ‭refluxo‬
‭anormal do conteúdo gástrico para o esôfago e órgãos próximos‬

‭Fisiopatologia‬

‭●‬ ‭Relaxamento‬ ‭transitório‬ ‭indevido‬ ‭do‬ ‭esfíncter‬ ‭esofageano‬ ‭inferior,‬ ‭permitindo‬ ‭o‬
‭retorno do alimento ou do ácido gástrico;‬
‭●‬ ‭Peristalse esofágica alterada e diminuição da saliva;‬

‭Fatores de Risco‬

‭●‬ ‭Idade‬ ‭avançada,‬ ‭obesidade‬ ‭(aumento‬ ‭da‬ ‭pressão‬ ‭intra-abdominal),‬ ‭presença‬ ‭de‬
‭hérnia de hiato‬‭(defeito estrutural);‬

‭Fatores Associados‬

‭●‬ ‭Alimentos gorduroso, fritura, chocolate, álcool, café;‬


‭●‬ ‭Fármacos — alendronato, broncodilatador, AINH;‬

‭Quadro Clínico‬

‭●‬ ‭Sintomas típicos (esofágicos):‬


‭○‬ ‭Dor torácica;‬
‭○‬ ‭DRGE típico:‬

‭141‬
‭■‬ ‭Pirose;‬
‭■‬ ‭Regurgitação ácida‬‭;‬
‭●‬ ‭Sintomas atípicos (extraesofágicos):‬
‭○‬ ‭Associação estabelecida:‬
‭■‬ ‭Tosse, laringite, asma e erosão dentária;‬
‭○‬ ‭Associação proposta:‬
‭■‬ ‭Sinusite, fibrose pulmonar e faringite;‬
‭●‬ ‭Outros sintomas:‬
‭○‬ ‭Sialorreia‬
‭○‬ ‭Eructação‬
‭○‬ ‭Náusea‬
‭○‬ ‭Globus — sensação de bola na garganta;‬
‭○‬ ‭Odinofagia‬
‭○‬ ‭Disfagia‬
‭○‬ ‭Pigarro‬

‭Endoscopia Digestiva‬

‭●‬ ‭Padrão ouro no diagnóstico das lesões causadas pelo DRGE;‬


‭●‬ ‭Exclui outras patologias‬
‭●‬ ‭Permite realização de biópsia quando necessário;‬
‭●‬ ‭Diagnostico somente de ⅓, que corresponde à DRGE‬‭erosiva‬‭;‬
‭●‬ ‭Indicações:‬
‭○‬ ‭Pacientes com mais de 45 anos;‬
‭○‬ ‭Disfagia ou odinofagia;‬
‭○‬ ‭Despertar noturno;‬
‭○‬ ‭História familiar de câncer esfogaeano ou gástrico;‬
‭○‬ ‭Emagrecimento;‬

‭Monitorização do pH Esofágico‬

‭●‬ ‭pHmetria‬‭de 24 horas;‬


‭●‬ ‭Cateter a 5 cm da transição esofagogástrica;‬
‭●‬ ‭Realização de gráficos a partir do pH detectado;‬

‭142‬
‭●‬ ‭Técnica:‬
‭○‬ ‭O‬‭paciente‬‭anota‬‭o‬‭horário‬‭das‬‭refeições‬‭e‬‭o‬‭que‬‭comeu,‬‭além‬‭dos‬‭sintomas‬
‭(e o horário em que ocorreram);‬
‭○‬ ‭Só avalia o refluxo ácido;‬
‭●‬ ‭Impedâncio-pHmetria —‬‭avalia refluxo ácido, levemente‬‭ácido e alcalino‬‭;‬
‭●‬ ‭Indicados se EDA normal;‬

‭Manometria Esofágica‬

‭●‬ ‭Exame‬ ‭que‬ ‭avalia‬ ‭a‬ ‭contratilidade‬ ‭do‬ ‭esôfago‬‭,‬ ‭como‬ ‭no‬ ‭caso‬ ‭de‬ ‭acalasia.‬ ‭Avalia‬
‭também o tônus dos esfíncteres esofagianos;‬
‭●‬ ‭Indicada apenas no pré-operatório da cirurgia de DRGE;‬

‭Teste Terapêutico com IBP‬

‭●‬ ‭Indicações:‬
‭○‬ ‭Menos de 45 anos‬
‭○‬ ‭Sem sinais de alarme‬
‭○‬ ‭Sem sintomas extraesofágicos;‬

‭Tratamento‬

‭●‬ ‭Evitar — café, refigerante, bebidas gasosas e alcoólicas, frituras, chocolate, massas;‬
‭●‬ ‭Medidas comportamentais — indicado em casos de regurgitação:‬
‭○‬ ‭Elevação da cabeceira da cama (15 cm) — refluxo noturno;‬
‭○‬ ‭Evitar deitar até 2 horas após as refeições — pela ação gravitária;‬
‭○‬ ‭Redução do peso corporal em obesos;‬
‭○‬ ‭Cuidado‬ ‭com‬ ‭—‬ ‭anticolinérgicos,‬ ‭teofilina,‬ ‭alendronato‬ ‭e‬ ‭bloqueadores‬ ‭do‬
‭canal de cálcio;‬

‭Inibição da Secreção Ácida‬

‭●‬ ‭Antiácidos:‬
‭○‬ ‭Tratamento de demanda do paciente (direcionada pelo paciente);‬
‭○‬ ‭Controla pirose e regurgitação ácida;‬
‭○‬ ‭Indicado quando há‬‭contraindicação a antagonistas‬‭H2 e IBP;‬

‭143‬
‭○‬ ‭Não tratam ou cictarizam as lesões da mucosa‬‭;‬
‭●‬ ‭Antagonistas H2 da histamina —‬‭famotidina‬‭:‬
‭○‬ ‭Rápido início de ação;‬
‭○‬ ‭Cicatriza a mucosa;‬
‭○‬ ‭Terapia de demanda para sintomas leves;‬
‭○‬ ‭Ou pacientes com uso de IBP dose máxima que ainda apresentam refluxo;‬
‭●‬ ‭Bloqueador de Bomba de Prótons — omeprazol, pantoprazol, esomeprazol:‬
‭○‬ ‭Início de ação mais lenta;‬
‭○‬ ‭Cicatrização da mucosa‬‭;‬
‭○‬ ‭Terapia de‬‭ESCOLHA‬‭;‬
‭●‬ ‭Bloqueador ácido competitivo de potássio (PCAB):‬
‭○‬ ‭Vonoprazana‬

‭Fármacos‬

‭●‬ ‭PCAB‬
‭○‬ ‭Vonoprazana 20 mg MID por 4 semanas (máximo de 8 semanas);‬
‭■‬ ‭Fármaco mais potente para tratamento;‬
‭○‬ ‭Manutenção — Vonoprazana 10 mg MID (20 mg se ineficácia de 10 mg);‬
‭●‬ ‭IBP:‬
‭○‬ ‭Doses:‬
‭■‬ ‭Manifestações típicas — dose padrão;‬
‭●‬ ‭Omeprazol‬ ‭40‬ ‭mg‬ ‭(menos‬ ‭potente);‬ ‭Lansoprazol‬ ‭30‬ ‭mg;‬
‭Pantoprazol‬ ‭40‬ ‭mg;‬ ‭Esomeprazol‬‭40‬‭mg;‬‭Dexlasoprazol‬‭30‬‭mg‬
‭(mais potente);‬
‭●‬ ‭Uma ou duas vezes ao dia;‬
‭■‬ ‭Manifestações extraesofágicas — dose DOBRADA;‬
‭○‬ ‭Duração do tratamento:‬
‭■‬ ‭Manifestações típicas — 8 a 12 semanas e reavaliação na 4a semana;‬
‭■‬ ‭Manifestações extraesofágicas — 3 a 6 meses;‬
‭●‬ ‭Terapia procinética:‬
‭○‬ ‭Usados apenas como terapia‬‭ADJUVANTE;‬
‭○‬ ‭Não são utilizados em monoterapia‬‭;‬
‭○‬ ‭Um exemplo de indicação é presença de náusea concomitante à pirose;‬

‭144‬
‭Esôfago de Barrett‬

‭●‬ ‭Substituição‬ ‭do‬ ‭epitélio‬ ‭escamoso‬ ‭estratificado‬ ‭do‬ ‭esôfago‬ ‭pelo‬ ‭epitélio‬ ‭colunar,‬
‭com‬ ‭células‬ ‭intestinalizadas‬ ‭(‬‭metaplasia‬ ‭intestinal‬‭)‬ ‭em‬ ‭qualquer‬ ‭extensão‬ ‭do‬
‭órgão;‬
‭●‬ ‭Lesão pré-maligna para‬‭adenocarcinoma de esôfago‬‭,‬‭quando há displasia epitelial;‬
‭○‬ ‭Realização de biópsia à EDA;‬
‭○‬ ‭O diagnóstico‬‭é anatomopatológico!‬

‭Indicações para‬‭Screening‬

‭●‬ ‭Homens‬‭com‬‭sintomas‬‭crônicos‬‭(mais‬‭que‬‭5‬‭anos)‬‭ou‬‭frequentes‬‭(semanal‬‭ou‬‭mais‬
‭frequente) — pirose e regurgitação, com 2 ou mais fatores de risco:‬
‭○‬ ‭Idade superior a 50 anos;‬
‭○‬ ‭Raça caucasiana;‬
‭○‬ ‭Obesidade centrípeta;‬
‭○‬ ‭Tabagismo (atual ou anterior);‬
‭○‬ ‭História prévia de adenocarcinoma de esôfago;‬

‭Conduta‬

‭●‬ ‭Confirmar diagnóstico (2 patologistas) com‬‭qualquer‬‭grau de displasia‬‭;‬


‭○‬ ‭Sem displasia‬‭— EDA a cada 3 a 5 anos‬
‭○‬ ‭Displasia de baixo grau‬‭— EDA anualmente e tratamento‬‭endoscópico;‬
‭○‬ ‭Displasia‬ ‭de‬ ‭alto‬ ‭grau‬ ‭—‬ ‭tratamento‬ ‭endoscópico‬ ‭(mucosectomia‬ ‭ou‬
‭radioablação);‬
‭■‬ ‭A‬‭mucosectomia‬‭é‬‭realizada‬‭se‬‭lingueta‬‭de‬‭Barrett.‬‭Não‬‭é‬‭realizada‬‭se‬
‭em Barrett circunferencial, pelo risco de estenose;‬
‭■‬ ‭Para‬‭os‬‭pacientes‬‭com‬‭Barrett‬‭circunferencial,‬‭realiza-se‬‭radioablação,‬
‭mas é caro e de pouco acesso;‬

‭Pontos-chaves‬

‭●‬ ‭A DRGE manifesta-se através de‬‭pirose e regurgitação‬‭;‬


‭●‬ ‭Pode ser dividida em‬‭Doença Erosiva e Não Erosiva‬‭(mais frequente);‬

‭145‬
‭●‬ ‭São‬ ‭fatores‬ ‭associados‬ ‭à‬ ‭doença‬ ‭mais‬ ‭grave‬‭:‬ ‭sexo‬ ‭masculino,‬ ‭raça‬ ‭branca,‬‭idade‬
‭avançada, obesidade;‬
‭●‬ ‭O diagnóstico é principalmente clínico;‬
‭●‬ ‭Descartar sinais de alarme;‬
‭●‬ ‭EDA é o padrao outro para a avaliação da‬‭lesão mucosa‬‭e complicações;‬
‭●‬ ‭pHmetria e manometria (pré cirurgia);‬
‭●‬ ‭Orientações de mudanças dietético-comportamentais;‬
‭●‬ ‭Manifestações‬ ‭típicas‬ ‭—‬ ‭dose‬ ‭padrão‬ ‭de‬ ‭IBP;‬ ‭Manifestações‬ ‭atípicas‬ ‭—‬ ‭dose‬
‭dobrada de IBP;‬

‭Doença Ulcerosa Péptica‬

‭Definição‬

‭●‬ ‭Definição‬ ‭—‬ ‭ocorre‬ ‭normalmente‬ ‭na‬ ‭região‬ ‭gastroduodenal,‬ ‭caracterizada‬


‭histologicamente‬ ‭pela‬ ‭ruptura‬ ‭da‬ ‭integridade‬ ‭da‬ ‭mucosa‬ ‭com‬ ‭comprometimento‬
‭além da muscular da mucosa. A úlcera é causada por lesão clorídrica e da tripsina.‬

‭Epidemiologia‬

‭●‬ ‭DUP não complicada — está em declínio;‬


‭●‬ ‭Complicada — sangramento ou perfuração;‬
‭○‬ ‭Incidência crescente na população idosa, devido ao uso de AINES e AAS;‬

‭Fisiopatogenia‬

‭●‬ ‭Desequilíbrio na integridade da mucosa:‬


‭○‬ ‭Fatores agressivos — ácido clorídrico e tripsina, AINES, AAS,‬‭H. pylori‬
‭○‬ ‭Fatores‬ ‭defensivos‬ ‭—‬ ‭muco‬ ‭e‬ ‭bicarbonato‬ ‭(pré-epitelial);‬ ‭síntese‬ ‭de‬
‭prostaglandinas‬ ‭(vasodilatadoras),‬ ‭o‬ ‭que‬ ‭permite‬ ‭a‬ ‭regeneração‬ ‭do‬ ‭epitélio‬
‭gástrico; a própria barreira epitelial;‬

‭146‬
‭Condições Causais‬

‭●‬ ‭Infecção por‬‭H. pylori‬‭— mais prevalente na DUP duodenal;‬


‭●‬ ‭Uso prolongado de AINES — gástricas;‬

‭Helicobacter pylori‬

‭●‬ ‭Bactéria gram-negativa flagelada, que permite a infiltração na camada de muco;‬


‭●‬ ‭Adaptada‬ ‭ao‬ ‭ambiente‬ ‭gástrico,‬ ‭pela‬ ‭produção‬ ‭de‬ ‭ureáse,‬ ‭que‬ ‭quebra‬‭a‬‭ureia‬‭em‬
‭amônia e CO2, tornando o ambiente menos ácidos;‬
‭●‬ ‭50% da população mundial;‬
‭●‬ ‭Transmissão:‬
‭○‬ ‭Pessoa a pessoa;‬

‭Mecanismos de Lesão‬

‭●‬ ‭Desequilíbrio entre fatores agressivos e defensivos‬‭;‬


‭●‬ ‭A‬ ‭infecção‬ ‭por‬ ‭H.‬ ‭pylori‬ ‭não‬ ‭corresponde‬‭à‬‭doença.‬‭Apenas‬‭10%‬‭irá‬‭desenvolver‬‭a‬
‭doença. Fatores de:‬
‭○‬ ‭Genótipo do H. pylori;‬
‭○‬ ‭Resposta inata do hospedeiro deflagrada;‬
‭○‬ ‭Predisposição genética;‬
‭○‬ ‭Fatores ambientais;‬
‭●‬ ‭A‬‭infecção‬‭normalmente‬‭se‬‭dá‬‭na‬‭infância;‬‭e‬‭a‬‭resposta‬‭imunológica‬‭não‬‭é‬‭capaz‬‭de‬
‭clarear‬ ‭a‬ ‭infecção‬ ‭—‬ ‭todos‬ ‭os‬ ‭indivíduos‬ ‭que‬ ‭entraram‬ ‭em‬ ‭contato‬ ‭desenvolvem‬
‭infecção‬ ‭crônica‬ ‭(‭g
‬ astrite‬ ‭histológica‬ ‭crônica‬‭).‬ ‭Se‬ ‭a‬ ‭colonização‬ ‭for‬ ‭proximal‬ ‭no‬
‭estômago,‬ ‭há‬ ‭a‬ ‭gastrite‬ ‭atrófica‬ ‭multifocal‬ ‭(lesão‬ ‭de‬ ‭redução‬ ‭do‬ ‭número‬ ‭de‬
‭células),‬ ‭que‬ ‭está‬ ‭associada‬ ‭ao‬ ‭câncer‬ ‭gástrico,‬‭à‬‭úlcera‬‭gástrica‬‭e‬‭ao‬‭MALToma‬‭.‬‭Por‬
‭outro‬ ‭lado,‬ ‭se‬ ‭a‬ ‭colonização‬‭for‬‭distal,‬‭há‬‭a‬‭gastrite‬‭predominantemente‬‭antral‬‭,‬
‭que está associada à úlcera duodenal e ao MALToma;‬
‭○‬ ‭A atrofia da população glandular reflete gastrite normo ou hipoclorídrica;‬
‭○‬ ‭A gastrite antral é hiperclorídrica;‬

‭AINES‬

‭147‬
‭●‬ ‭Os‬ ‭AINES,‬ ‭independentemente‬ ‭da‬ ‭via‬ ‭de‬ ‭administração,‬ ‭apresentam‬ ‭efeito‬
‭sistêmico‬ ‭de‬‭inibição‬‭da‬‭COX.‬‭Há,‬‭então,‬‭redução‬‭da‬‭síntese‬‭de‬‭prostaglandinas‬‭no‬
‭estômago.‬

‭Quadro Clínico‬

‭Úlcera Duodenal‬

‭●‬ ‭Dor urente em epigástrio;‬


‭●‬ ‭Dor‬‭—‬‭2‬‭a‬‭3‬‭horas‬‭após‬‭a‬‭ingestão‬‭alimentar,‬‭desencadeando‬‭uma‬‭ritmicidade‬‭(dor,‬
‭come, passa, dói);‬
‭●‬ ‭Fator atenuante — ingestão alimentar;‬
‭●‬ ‭Fator agravante — jejum;‬
‭●‬ ‭Clocking‬‭— despertar no início da madrugada, em dois‬‭terços dos pacientes;‬

‭Úlcera Gástrica‬

‭●‬ ‭Dor epigástrica em queimação;‬


‭●‬ ‭Ausência de ritmicidade marcante — a dor pode ocorrer a despeito da alimentação;‬
‭●‬ ‭Clocking em ⅓ dos pacientes;‬
‭●‬ ‭Anorexia e perda de peso em 50% dos casos;‬
‭●‬ ‭Em pacientes assintomáticos, a primeira manifestação pode ser já uma complicação‬

‭Complicações‬

‭●‬ ‭Comuns — hemorragia digestiva e perfuração;‬


‭●‬ ‭Raras‬ ‭—‬ ‭obstrução‬ ‭(por‬ ‭estenose)‬ ‭e‬ ‭penetração‬ ‭(invade‬ ‭estruturas‬ ‭adjacentes‬ ‭à‬
‭cavidade gástrica, sem perfurar e sem fistulizar);‬

‭Diagnóstico‬

‭EDA‬

‭●‬ ‭Grande sensibilidade e especificidade;‬


‭●‬ ‭Análise histopatológica:‬
‭○‬ ‭Desnecessária na úlcera duodenal;‬

‭148‬
‭○‬ ‭Biópsia‬ ‭necessária‬ ‭nas‬ ‭úlceras‬ ‭gástricas‬ ‭—‬ ‭6‬ ‭fragmentos‬ ‭de‬ ‭borda‬ ‭e‬
‭centro da lesão. A finalidade é diagnóstico diferencial com câncer gástrico;‬
‭●‬ ‭Intervenção terapêutica;‬

‭Pesquisa de H. pylori‬

‭●‬ ‭Testes não invasivos:‬


‭○‬ ‭Sorologia (exposição);‬
‭○‬ ‭Teste respiratório de ureia marcada com carbono 13‬
‭■‬ ‭Diagnóstico e controle de cura;‬
‭○‬ ‭Antígeno fecal:‬
‭■‬ ‭Diagnóstico e controle de cura;‬
‭●‬ ‭Testes invasivos (EDA):‬
‭○‬ ‭Teste da urease;‬
‭○‬ ‭Pesquisa histológica (antro e corpo);‬
‭●‬ ‭Qualquer‬ ‭teste‬ ‭de‬ ‭H‬ ‭pylori‬ ‭—‬ ‭suspender‬ ‭o‬ ‭uso‬ ‭de‬‭IBP‬‭e‬‭bloqueadores‬‭H2‬‭por‬
‭pelo menos duas semanas e antibióticos por 4 semanas‬‭;‬
‭○‬ ‭Podem gerar falso-negativo;‬

‭Tratamento‬

‭●‬ ‭Objetivos — cicatrização da úlcera e evitar recorrências;‬


‭●‬ ‭Racional:‬
‭○‬ ‭Supressão secreção ácida;‬
‭○‬ ‭Eliminar fatores causais:‬
‭■‬ ‭Erradicação do H. pylori;‬
‭■‬ ‭Suspensão do AINEs;‬

‭Erradicação do H pylori‬

‭●‬ ‭Esquema‬‭tríplice‬‭—‬ ‭IBP‬‭+‬‭Claritromicina‬‭(500‬‭mg‬‭BID)‬‭e‬‭Amoxicilina‬‭(1g‬‭BID)‬‭por‬


‭14 dias‬‭. Eficácia de 80%;‬
‭○‬ ‭Pelo‬‭menos‬‭30‬‭dias‬‭após‬‭o‬‭término‬‭do‬‭tratamento,‬‭deve-se‬‭realizar‬‭um‬‭novo‬
‭teste‬ ‭para‬ ‭verificar‬ ‭a‬ ‭erradicação‬ ‭do‬ ‭H‬ ‭pylori.‬ ‭Idealmente,‬ ‭respiratório‬ ‭ou‬

‭149‬
‭antígeno‬‭fecal.‬‭No‬‭contexto‬‭SUS,‬‭realiza-se‬‭outra‬‭EDA‬‭com‬‭biópsia‬‭e‬‭teste‬‭de‬
‭urease.‬
‭●‬ ‭Após a falência da primeira linha:‬
‭○‬ ‭Esquema‬ ‭tríplice‬ ‭com‬ ‭levofloxacino‬ ‭—‬ ‭IBP‬ ‭+‬ ‭Amoxicilina‬ ‭(1g‬ ‭BID)‬ ‭e‬
‭Levofloxacino (500 mg BID) por 10 a 14 dias‬‭;‬
‭●‬ ‭Na‬ ‭úlcera‬ ‭duodenal‬ ‭não‬ ‭complicada,‬‭não‬‭é‬‭necessário‬‭nada‬‭após‬‭a‬‭erradicação‬‭da‬
‭bactéria. Isso já cicatriza a úlcera;‬
‭●‬ ‭Em‬‭caso‬‭de‬‭úlcera‬‭gástrica‬‭ou‬‭úlcera‬‭duodenal‬‭complicada,‬‭mantém-se‬‭o‬‭IBP‬‭por‬‭4‬‭a‬
‭8 semanas (supressão ácida para a cicatrização da úlcera);‬

‭AINES e H. pylori negativo‬

‭●‬ ‭Suspensão‬ ‭do‬ ‭AINES,‬ ‭e‬ ‭associação‬ ‭com‬ ‭IBP‬ ‭(qualquer,‬ ‭em‬ ‭dose‬ ‭plena),‬ ‭por‬ ‭8‬
‭semanas (UG) e 6 semanas (UD);‬
‭●‬ ‭PCAB (bloqueador ácido competitivo de potássio)‬‭:‬
‭○‬ ‭Vonoprazana (20 mg);‬
‭○‬ ‭UG (8 semanas) e UD (6 semanas)‬
‭○‬ ‭Maior‬ ‭potência,‬ ‭início‬ ‭rápido‬ ‭de‬ ‭ação,‬ ‭inibição‬ ‭tanto‬ ‭de‬ ‭bombas‬ ‭ativas‬
‭quanto inativas, sem relação com a alimentação;‬
‭●‬ ‭EDA de controle se úlcera gástrica após o tratamento.‬

‭Seguimento‬

‭●‬ ‭Úlcera duodenal — checar erradicação do H. pylori. Desnecessária a EDA;‬


‭●‬ ‭Úlcera‬ ‭gástrica‬ ‭—‬ ‭checar‬ ‭erradicação‬ ‭do‬ ‭H.‬ ‭pylori‬ ‭e‬ ‭cicatrização‬‭da‬‭lesão‬‭ulcerada‬
‭por EDA de controle;‬

‭Diarreia Infecciosa Aguda‬

‭Introdução‬

‭●‬ ‭Conceito‬ ‭—‬ ‭aumento‬ ‭da‬ ‭frequência‬ ‭e/ou‬ ‭da‬‭liquidez‬‭das‬‭fezes‬‭→‬‭conceito‬‭clínico;‬


‭ou aumento do peso diário das fezes (> 200g ao dia) → conceito laboratorial;‬
‭○‬ ‭Diarreia aguda‬‭— inferior a 2 semanas;‬

‭150‬
‭○‬ ‭Diarreia subaguda ou prolongada‬‭— entre 2 e 4 semanas;‬
‭○‬ ‭Diarreia crônica‬‭— acima de 4 semanas;‬
‭●‬ ‭Diversas etiologias‬‭:‬
‭○‬ ‭Abordagem da história clínica e do exame físico;‬

‭Condições Necessárias‬

‭●‬ ‭Ingestão‬ ‭oral‬ ‭e‬ ‭inoculação‬ ‭no‬ ‭TGI‬ ‭de‬ ‭micro-organismos‬ ‭patogênicos‬ ‭e/ou‬ ‭de‬ ‭suas‬
‭toxinas;‬
‭●‬ ‭O‬ ‭agente‬ ‭em‬ ‭questão‬ ‭deve‬ ‭superar‬ ‭os‬ ‭mecanismos‬ ‭de‬ ‭defesa‬ ‭do‬ ‭hospedeiro‬
‭normal:‬
‭○‬ ‭Acidez gástrica‬‭— atenção para uso prolongado de IBP;‬
‭○‬ ‭Motilidade‬ ‭gastrointestinal‬ ‭—‬ ‭peristaltismo‬ ‭dificultando‬ ‭a‬ ‭ação‬ ‭da‬
‭bactéria ou de suas toxinas;‬
‭○‬ ‭Imunidade sistêmica e do tecido linfoide intestinal;‬
‭■‬ ‭SIDA,‬ ‭deficiência‬ ‭de‬ ‭IgA‬ ‭secretora‬ ‭(paciente‬ ‭faz‬ ‭giardíase‬ ‭de‬
‭repetição);‬

‭Fisiologia‬

‭●‬ ‭Unidade‬ ‭vilo-cripta‬ ‭onipresentes‬ ‭no‬ ‭intestino‬ ‭delgado.‬ ‭É‬ ‭o‬ ‭local‬ ‭em‬ ‭que‬ ‭ocorre‬‭a‬
‭absorção de água e a absorção de sódio:‬
‭○‬ ‭Secreção‬ ‭de‬ ‭íon‬ ‭cloreto‬ ‭pelo‬ ‭aporte‬ ‭de‬ ‭sódio‬ ‭—‬ ‭cotransporte‬ ‭Na/Cl.‬ ‭Esse‬
‭transporte é mediado pela Na+/K+-ATPase;‬
‭○‬ ‭Mecanismo‬‭de‬‭cotransporte‬‭de‬‭Na+‬‭associado‬‭à‬‭glicose‬‭ou‬‭a‬‭aminoácidos‬‭→‬
‭preservado nas diarreias infecciosas‬‭;‬
‭●‬ ‭Fisiopatologia‬ ‭—‬ ‭os‬ ‭patógenos‬ ‭provocam‬‭disrupção‬‭absortivas‬‭das‬‭vilosidades‬‭ou‬
‭liberam‬ ‭toxinas‬ ‭que‬ ‭o‬ ‭fazem.‬ ‭Consequentemente‬ ‭há‬ ‭prejuízo‬ ‭no‬ ‭mecanismo‬ ‭de‬
‭absorção e secreção intestinal;‬

‭Fisiopatologia‬

‭●‬ ‭Diarreias secretoras‬‭— E. coli enterotoxigênica, cólera;‬


‭○‬ ‭Mediada‬ ‭por‬ ‭uma‬‭toxina‬‭termolábil‬‭,‬‭que‬‭ativa‬‭a‬‭adenilciclase‬‭a‬‭aumenta‬‭o‬
‭AMPc‬‭intracelular,‬‭o‬‭que‬‭interfere‬‭na‬‭bomba‬‭de‬‭sódio‬‭e‬‭potássio‬‭e‬‭aumenta‬‭a‬

‭151‬
‭secreção‬ ‭pelas‬ ‭criptas‬ ‭intestinais:‬ ‭diminuição‬ ‭da‬ ‭absorção‬ ‭e‬ ‭aumento‬ ‭da‬
‭secreção →‬‭diarreia volumosa, com distúrbio hidroeletrolítico;‬
‭○‬ ‭E‬‭mediada‬‭por‬‭uma‬‭toxina‬‭termoestável‬‭,‬‭que‬‭ativa‬‭guanilciclase‬‭e‬‭aumenta‬
‭o‬ ‭GMPc‬ ‭intracelular:‬ ‭exacerba‬ ‭a‬ ‭secreção‬ ‭pelas‬ ‭criptas‬ ‭→‬ ‭diarreia‬ ‭aquosa‬
‭volumosa, com hipocloremia e hipocalemia‬‭;‬
‭○‬ ‭Perda de mais de 10 L dia de água e eletrólitos;‬
‭●‬ ‭Diarreias‬ ‭invasivas‬ ‭ou‬ ‭inflamatórias‬ ‭—‬ ‭comprometimento‬ ‭de‬ ‭íleo‬ ‭terminal‬ ‭ou‬
‭cólon.‬ ‭A‬ ‭bactéria‬ ‭invade‬ ‭o‬ ‭epitélio,‬ ‭ulcera-o‬ ‭e‬ ‭provoca‬ ‭a‬ ‭destruição‬ ‭epitelial‬ ‭→‬
‭Shigella, Campylobacter‬
‭○‬ ‭Pela‬ ‭baixa‬ ‭capacidade‬ ‭secretora‬ ‭do‬ ‭cólon,‬ ‭há‬ ‭pouco‬ ‭volume‬‭.‬ ‭Mas‬ ‭é‬ ‭mais‬
‭frequente,‬‭pelo‬‭comprometimento‬‭retal,‬‭o‬‭que‬‭leva‬‭à‬‭urgência‬‭e‬‭tenesmo‬‭.‬‭A‬
‭diarreia‬‭pode‬‭conter‬‭muco‬‭ou‬‭sangue‬‭pela‬‭exsudação‬‭de‬‭plasma‬‭para‬‭a‬‭luz‬
‭intestinal, em decorrência da destruição epitelial;‬
‭○‬ ‭Pode ser um foco de sepse;‬

‭Características‬ ‭Inflamatória‬ ‭Não-inflamatória‬

‭Local afetado‬ ‭Cólon‬ ‭Intestino delgado‬

‭Evacuações‬ ‭Frequentes, pouco volume‬ ‭ enos frequentes, grande‬


M
‭volume‬

‭Fezes‬ ‭ ode conter muco, pus ou‬


P ‭Aquosas‬
‭sangue‬

‭Febre‬ ‭Pode estar presente‬ ‭Ausente‬

‭Proctite (dor retal, urgência,‬ ‭Pode estar presente‬ ‭Ausente‬


‭tenesmo, sensação de‬
‭evacuação incompleta)‬

‭Dor abdominal‬ ‭Baixo ventre, FIE‬ ‭Periumbilical, difusa‬

‭Náuseas e vômitos‬ ‭Ausentes‬ ‭Frequentes‬

‭Desidratação‬ ‭Rara‬ ‭Frequente‬

‭Anormalidades dos‬ ‭Rara‬ ‭Frequente‬


‭eletrólitos‬

‭Leucócitos fetais e‬ ‭Presentes‬ ‭Ausente‬

‭152‬
‭calprotectina fecal‬ ‭Aumentada‬ ‭Normal‬

‭ higella, Campylobacter,‬
S ‭ ibrio cholerae, E. coli‬
V
‭Salmonella, Yersinia,‬ ‭enterotoxigênica, Rotavirus e‬
‭Entamoeba histolytica,‬ ‭Norovirus, Cryptosporidium‬‭,‬
‭Causas comum‬ ‭Clostridioides difficile, CMV‬ ‭Síndrome de intoxicação‬
‭alimentar (‬‭Staphylococcus‬
‭aureus‬‭, Clostridium‬
‭perfringens, B. cereus‬‭) e‬
‭Giardia‬
‭●‬ ‭Síndrome‬‭de‬‭Intoxicação‬‭Alimentar‬‭—‬‭ingestão‬‭de‬‭toxinas‬‭pré-formadas.‬‭Período‬‭de‬
‭incubação muito curto, inferior a 6 horas.‬

‭Abordagem Clínica‬

‭●‬ ‭Julgamento‬‭da‬‭necessidade‬‭para‬‭avaliação‬‭diagnóstica‬‭e‬‭tratamento‬‭específico‬‭num‬
‭paciente basear-se-á em 4 fatores:‬
‭○‬ ‭Gravidade da doença;‬
‭○‬ ‭Duração da diarreia;‬
‭○‬ ‭Ambiente epidemiológico de aquisição da infecção;‬
‭○‬ ‭Competência imune do hospedeiro‬‭;‬
‭●‬ ‭Na‬‭maioria‬‭dos‬‭casos,‬‭nenhuma‬‭avaliação‬‭diagnóstica‬‭ou‬‭tratamento‬‭específico‬‭(exceto‬
‭hidratação) será necessária‬‭;‬
‭●‬ ‭Avaliação‬ ‭da‬ ‭gravidade‬ ‭da‬ ‭doença‬ ‭—‬ ‭número‬ ‭e‬ ‭aspecto‬ ‭das‬ ‭evacuações‬ ‭(como‬
‭inflamatória)‬‭e‬‭sintomas‬‭de‬‭desidratação‬‭(xerostomia,‬‭mucosa‬‭seca,‬‭xerodermia,‬
‭aumento‬ ‭do‬ ‭turgor‬ ‭da‬ ‭pele,‬ ‭brilho‬ ‭dos‬ ‭olhos‬ ‭—‬ ‭olho‬ ‭de‬ ‭peixe‬ ‭—,‬ ‭sensação‬ ‭de‬
‭cabeça‬‭vazia,‬‭redução‬‭do‬‭débito‬‭urinário‬‭e‬‭alteração‬‭de‬‭cor).‬‭Avaliação‬‭de‬‭FC‬‭e‬‭PA‬‭—‬
‭ortostase‬‭(redução da PA e aumento da FC) em desidratação‬‭moderada;‬
‭●‬ ‭Exame Físico‬‭:‬
‭○‬ ‭Sinais‬‭de‬‭toxemia‬‭—‬‭palidez,‬‭apatia‬‭e‬‭REG‬‭ou‬‭MEG,‬‭taquicardia‬‭.‬‭Sobretudo‬‭em‬
‭diarreias inflamatórias‬‭;‬
‭○‬ ‭Estado‬ ‭de‬ ‭hidratação‬ ‭—‬ ‭ortostase,‬ ‭débito‬ ‭urinário,‬ ‭turgor‬ ‭e‬ ‭aspecto‬ ‭da‬ ‭pele,‬
‭xerostomia‬‭;‬
‭○‬ ‭Exame‬ ‭abdominal‬ ‭—‬ ‭dor,‬ ‭descompressão‬ ‭busca‬ ‭dolorosa‬ ‭(peritonite‬ ‭por‬
‭inflamação‬ ‭transmural),‬ ‭diminuição‬ ‭dos‬ ‭RHA‬ ‭e‬ ‭distensão‬ ‭(hipocalemia‬ ‭e‬
‭desidratação);‬

‭153‬
‭●‬ ‭Duração‬‭da‬‭diarreia‬‭SUPERIOR‬‭A‬‭7‬‭DIAS‬‭é‬‭sinal‬‭de‬‭gravidade‬‭—‬‭maior‬‭virulência‬
‭dos patógenos; avaliação laboratorial;‬
‭●‬ ‭Ambiente epidemiológico fornece pistas para a etiologia:‬

‭Exposição‬ ‭Etiologia provável‬

‭Hospitalização, uso recente de ATB‬ ‭Clostridioides difficile‬

‭Piscina pública e lagoas‬ ‭Giardia e Cryptosporidium‬

‭Promiscuidade sexual‬ ‭Proctite por IST — gonococo, sífilis‬

‭Moluscos e mariscos‬ ‭Vibrio cholerae e Vibrio‬‭parahemolítico‬

‭Carne mal passada e leite cru‬ ‭ scherichia coli O157:H7‬‭— principal causa‬
E
‭de síndrome hemolítica-urêmica‬

‭Arroz frito‬ ‭Bacillus cereus‬

‭Conservas caseiras‬ ‭ lostridium perfringens‬‭(toxina) e‬‭Clostridium‬


C
‭botulinum‬‭(constipação e Sd anticolinérgica)‬

‭ rodutos animais (ovos, leite, aves, carne‬


P ‭Salmonella‬
‭de boi)‬

‭●‬ ‭Competência imune do hospedeiro:‬

‭Competência imune prejudicada‬ ‭Susceptibilidade‬

‭Deficiência de IgA‬ ‭Giardia recorrente‬

‭Acloridria‬ ‭Salmonelose‬

‭Transplante de órgãos sólidos‬ ‭CMV‬

‭SIDA‬ ‭Cryptosporidium, Microsporidium, Isospora‬

‭Anemia falciforme‬ ‭Salmonelose‬

‭Pacientes institucionalizados‬ ‭C. difficile‬

‭154‬
‭Diagnóstico‬

‭●‬ ‭A partir de ANAMNESE e EXAME FÍSICO:‬


‭○‬ ‭Diarreia inflamatória ou não;‬
‭○‬ ‭Determinar‬ ‭importância‬ ‭clínica‬ ‭da‬ ‭doença‬ ‭(gravidade‬ ‭e‬ ‭a‬ ‭necessidade‬ ‭para‬
‭testes diagnósticos);‬

‭Testes Diagnósticos‬

‭●‬ ‭Indicações gerais — apenas 20% dos casos:‬


‭○‬ ‭Diarreia inflamatória;‬
‭○‬ ‭Disenteria — diarreia com sangue;‬
‭○‬ ‭Febre alta;‬
‭○‬ ‭Toxicidade clínica;‬
‭○‬ ‭Depleção de volume significante;‬
‭○‬ ‭Dor abdominal intensa;‬
‭○‬ ‭Imunossupressão;‬
‭○‬ ‭Diarreia‬ ‭aguda‬ ‭superior‬ ‭a‬ ‭7‬ ‭dias‬ ‭—‬ ‭suspeitar‬ ‭de‬ ‭giardíase‬ ‭e‬ ‭amebíase.‬ ‭Na‬
‭presença de fatores epidemiológicos;‬
‭●‬ ‭Principais testes:‬
‭○‬ ‭Pesquisa‬ ‭de‬ ‭leucócitos‬ ‭fecais‬ ‭ou‬ ‭dosagem‬ ‭da‬ ‭calprotectina‬ ‭fecal‬ ‭—‬ ‭se‬
‭dúvida se diarreia inflamatória ou não;‬
‭○‬ ‭Coprocultura convencional — para o conhecimento do patógeno;‬
‭■‬ ‭Coleta‬ ‭o‬ ‭mais‬ ‭precoce‬ ‭possível‬ ‭(pela‬ ‭diminuição‬ ‭da‬ ‭carga‬ ‭patógena‬
‭com a piora da diarreia) e antes de antibioticoterapia;‬
‭●‬ ‭Salmonella, Shigella e certas E. coli;‬
‭○‬ ‭Exame‬ ‭Parasitológico‬ ‭das‬ ‭Fezes‬ ‭em‬ ‭pelo‬ ‭menos‬ ‭3‬ ‭amostras,‬ ‭se‬ ‭a‬ ‭diarreia‬
‭durar mais que 7 dias‬‭;‬
‭○‬ ‭GDH‬ ‭(Glutamato‬ ‭desidrogenase‬ ‭do‬ ‭Clostridioides‬‭)‬ ‭e‬ ‭pesquisa‬ ‭de‬ ‭toxinas‬ ‭do‬
‭Clostridioides‬‭difficile‬‭nas‬‭fezes‬‭—‬‭história‬‭forte:‬‭hospitalização,‬‭uso‬‭de‬‭ATB‬
‭recente, pacientes institucionalizados, DII com flair da doença‬‭;‬
‭○‬ ‭Retossigmoidoscopia‬ ‭com‬ ‭biópsias‬ ‭—‬ ‭em‬ ‭caso‬ ‭de‬ ‭suspeita‬ ‭de‬ ‭proctite‬ ‭por‬
‭IST, diarreia sanguinolenta por mais de 7 dias (para excluir DII);‬

‭155‬
‭Tratamento‬

‭●‬ ‭Hidratação e reposição hidroeletrolítica:‬


‭○‬ ‭Medida mais importante‬‭;‬
‭○‬ ‭A maioria das vezes, a via oral é suficiente;‬
‭○‬ ‭Soluções‬ ‭de‬ ‭reidratação‬ ‭oral‬ ‭devem‬ ‭conter‬ ‭glicose‬ ‭e‬ ‭eletrólitos‬ ‭(Na,‬ ‭K,‬
‭bicarbonato‬ ‭ou‬ ‭citrato‬ ‭e‬ ‭cloreto)‬ ‭em‬ ‭concentrações‬ ‭que‬ ‭se‬ ‭aproximam-se‬
‭das perdas na diarreia;‬
‭○‬ ‭A‬ ‭efetividade‬ ‭da‬ ‭reidratação‬ ‭oral‬‭com‬‭soluções‬‭glicosadas‬‭baseia-se‬‭no‬‭fato‬
‭que‬‭o‬‭mecanismo‬‭de‬‭cotransporde‬‭de‬‭sódio-glicose-aminoácido‬‭no‬‭intestino‬
‭delgado‬‭não é afetado nas diarreias infecciosas‬‭;‬
‭○‬ ‭Pacientes‬ ‭com‬ ‭choque‬ ‭hipovolêmico‬ ‭ou‬ ‭depleção‬ ‭de‬ ‭volume‬ ‭importante‬
‭devem‬ ‭ser‬ ‭hidratados‬ ‭por‬ ‭via‬ ‭parenteral‬ ‭—‬ ‭soro‬ ‭fisiológico‬ ‭ou‬ ‭Ringer‬
‭Lactato;‬
‭■‬ ‭Vômitos exuberantes, que não são controlados com antieméticos;‬
‭■‬ ‭Íleo paralítico — pelo disúrbio eletrolítico (desidratação e hipocalemia)‬
‭■‬ ‭Alteração do nível de consciência — confusão mental, torpor;‬
‭○‬ ‭Nunca‬ ‭se‬ ‭reidrata‬ ‭com‬‭reposição‬‭de‬‭potássio‬‭simultânea,‬‭pelo‬‭risco‬‭de‬
‭hipercalemia e parada cardíaca!‬
‭●‬ ‭Alimentação oral durante a diarreia infecciosa aguda:‬
‭○‬ ‭Manter nutrição oral;‬
‭○‬ ‭Evitar‬‭temporariamente‬‭(7 a 10 dias):‬
‭■‬ ‭Produtos‬ ‭contendo‬ ‭lactose‬ ‭—‬ ‭redução‬ ‭das‬ ‭dissacaridases‬ ‭nas‬
‭vilosidades,‬ ‭sendo‬ ‭a‬ ‭lactase‬ ‭a‬ ‭mais‬ ‭superficial.‬ ‭É‬ ‭a‬ ‭primeira‬ ‭a‬ ‭ser‬
‭destruída na diarreia aguda —‬‭deficiência transitorial‬‭;‬
‭■‬ ‭Cafeína‬‭—‬‭inibidor‬‭da‬‭fosfodiesterase‬‭a‬‭nível‬‭intestinal,‬‭aumentando‬‭o‬
‭AMPc‬ ‭intracelular.‬ ‭Diarreia‬ ‭secretora‬ ‭por‬ ‭aumento‬ ‭funcional‬ ‭da‬
‭bomba;‬
‭■‬ ‭Álcool — aumenta a motilidade intestinal em cólon;‬
‭■‬ ‭Alimentos ricos em fibra — que aumentam o trânsito intestinal;‬
‭■‬ ‭Frutas‬‭frescas‬‭em‬‭excesso‬‭—‬‭pelo‬‭aumento‬‭do‬‭limiar‬‭de‬‭absorção‬‭de‬
‭frutose;‬

‭156‬
‭●‬ ‭Agentes antidiarreicos:‬
‭○‬ ‭Racecadotril‬‭— inibidor das encefalinases → menos‬‭secreção intestinal;‬
‭■‬ ‭TID durante 3 a 7 dias;‬
‭■‬ ‭Pode‬‭ser‬‭usado‬‭inclusive‬‭em‬‭diarreias‬‭inflamatórias,‬‭pois‬‭não‬‭altera‬‭a‬
‭motilidade;‬
‭○‬ ‭Derivados‬ ‭opioides‬ ‭—‬ ‭Loperamida‬ ‭(Imosec)‬ ‭e‬ ‭Defenoxilato-atropina‬
‭(Lomotil);‬
‭■‬ ‭2 mg, três a quatro vezes ao dia;‬
‭■‬ ‭No máximo 3 dias;‬
‭■‬ ‭Evitar em idosos em crianças — atravessam a BHE;‬
‭■‬ ‭Contraindicados‬ ‭em‬ ‭diarreias‬ ‭inflamatórias‬ ‭—‬ ‭retardam‬ ‭a‬
‭motilidade‬ ‭intestinal,‬ ‭o‬ ‭que‬ ‭permite‬ ‭a‬ ‭permanência‬ ‭da‬ ‭bactéria‬ ‭e‬
‭aumenta o risco de sepse e megacólon tóxico;‬
‭○‬ ‭Zinco‬‭(sulfato, gluconato ou acetato)‬
‭■‬ ‭Somente em regiões com carência nutricional de zinco;‬
‭■‬ ‭Acelera o clareamento imunológico à bactéria;‬
‭●‬ ‭Antibióticos‬‭:‬
‭○‬ ‭Raramente‬ ‭indicados‬ ‭em‬ ‭diarreia‬ ‭infecciosa‬ ‭aguda,‬ ‭a‬ ‭despeito‬ ‭da‬‭presença‬
‭de invasão ou inflamação;‬
‭○‬ ‭Resumidamente,‬ ‭as‬ ‭diarreias‬ ‭infecciosas‬ ‭nas‬ ‭quais‬ ‭a‬ ‭antibioticoterapia‬ ‭é‬
‭recomendada, incluem:‬
‭■‬ ‭Shigelose;‬
‭■‬ ‭Cólera;‬
‭■‬ ‭Diarreia dos viajantes (ECET);‬
‭■‬ ‭Colite por‬‭C. difficile‬
‭■‬ ‭Infecção‬‭por‬‭protozoários‬‭(giardíase‬‭e‬‭amebíase)‬‭—‬‭derivados‬‭azólicos‬
‭e nitazoxanida;‬
‭■‬ ‭Salmonelose‬ ‭extra‬ ‭intestinal‬ ‭(artrite‬ ‭etc)‬ ‭—‬ ‭quinolonas‬ ‭e‬
‭cefalosporinas de 3ª geração;‬
‭■‬ ‭Proctite por IST;‬
‭■‬ ‭Diarreia que cursa com bacteremia e toxemia;‬
‭●‬ ‭Bacteremia —‬‭calafrios‬‭;‬
‭■‬ ‭Diarreia em imunodeprimidos;‬

‭157‬
‭○‬ ‭Antibióticos empíricos de escolha — QUINOLONAS;‬

‭Diarreia Viral‬

‭●‬ ‭Rotavirus‬‭:‬
‭○‬ ‭Principal causa de diarreia infecciosa na criança;‬
‭○‬ ‭Faixa etária — 6 a 24 meses de idade;‬
‭○‬ ‭Clínica‬ ‭—‬ ‭início‬ ‭súbito‬ ‭de‬ ‭vômitos‬‭,‬ ‭seguido‬ ‭de‬ ‭diarreia‬ ‭aquosa‬‭.‬
‭Desidratação, febre e sintomas respiratórios‬‭são frequentes;‬
‭○‬ ‭Duração — 5 a 7 dias;‬
‭○‬ ‭Diagnóstico — ELISA para pesquisa antígenos virais nas fezes;‬
‭○‬ ‭Tratamento — hidratação;‬
‭●‬ ‭Norovirus‬‭:‬
‭○‬ ‭Principal causa de diarreia infecciosa em adultos;‬
‭○‬ ‭Clínica‬ ‭—‬ ‭náuseas‬ ‭e‬ ‭vômitos,‬ ‭cólicos,‬ ‭diarreia‬ ‭e‬ ‭febre‬‭.‬ ‭Desidratação‬ ‭é‬
‭menos comum, excesso nos extremos de idade;‬
‭○‬ ‭Duração — 12 a 60 horas;‬
‭○‬ ‭Diagnóstico — imunocromatografia;‬
‭○‬ ‭Tratamento — hidratação;‬

‭Intoxicação‬ ‭alimentar‬ ‭por‬ ‭bactérias‬ ‭produtoras‬ ‭de‬ ‭enterotoxina‬


‭pré-formada‬

‭●‬ ‭Toxina de‬‭Staphylococcus aureus‬‭:‬


‭○‬ ‭Alimentos ricos em proteínas e açúcar inadequadamente refrigerados;‬
‭○‬ ‭Início‬ ‭de‬ ‭sintomas‬ ‭dentro‬ ‭de‬ ‭1‬ ‭a‬‭6‬‭horas‬‭(incubação‬‭curta)‬‭após‬‭a‬‭ingestão‬
‭do alimento contaminado;‬
‭○‬ ‭Clínica‬‭—‬‭náuseas‬‭e‬‭vômitos,‬‭dor‬‭abdominal‬‭e‬‭diarreia‬‭aquosa‬‭(70%‬‭dos‬
‭casos). Febre é rara;‬
‭○‬ ‭Duração menor que 24h;‬
‭○‬ ‭Tratamento — sintomáticos e hidratação;‬
‭●‬ ‭Diarreia e Colite por‬‭Clostridioides difficile:‬
‭○‬ ‭Bacilo‬ ‭anaeróbio,‬ ‭gram-positivo‬ ‭e‬ ‭formador‬ ‭de‬ ‭esporo‬ ‭(o‬ ‭que‬ ‭confere‬
‭resistência);‬

‭158‬
‭○‬ ‭Encontrado‬‭na‬‭forma‬‭esporulada‬‭em‬‭ambientes‬‭hospitalares‬‭ou‬‭no‬‭intestino‬
‭de portadores assintomáticos:‬
‭○‬ ‭Fatores de risco:‬
‭■‬ ‭Uso‬‭de‬‭antibióticos‬‭até‬‭8‬‭semanas‬‭após‬‭o‬‭uso‬‭(fator‬‭principal)‬‭—‬‭a‬
‭diarreia aparece durante o uso ou 8 semanas após:‬
‭●‬ ‭Quanto‬ ‭mais‬ ‭amplo‬ ‭o‬ ‭espectro,‬ ‭quanto‬ ‭maior‬ ‭a‬ ‭duração‬ ‭e‬
‭quanto maior a quantidade de ATB, maior o risco;‬
‭●‬ ‭Cefalosporinas,‬ ‭Amoxicilina‬ ‭e‬ ‭Ampicilina,‬ ‭Quinolonas,‬
‭Clindamicina e SMZ+TMP, Carbapenêmicos‬‭;‬
‭■‬ ‭DII‬ ‭com‬ ‭envolvimento‬ ‭colônico‬ ‭—‬ ‭pela‬ ‭disbiose‬ ‭intestinal,‬ ‭o‬ ‭que‬
‭facilita a instalação do‬‭Clostridioides‬‭;‬
‭■‬ ‭Quimioterapia — promove disbiose intestinal e lesão do enterócito;‬
‭■‬ ‭Hospitalização;‬
‭■‬ ‭Institucionalização;‬
‭○‬ ‭Patogênese‬ ‭—‬ ‭há‬ ‭desequilíbrio‬ ‭da‬ ‭flora‬‭nativa,‬‭permitindo‬‭a‬‭transformação‬
‭dos‬ ‭esporos‬ ‭em‬ ‭formas‬‭vegetativas‬‭da‬‭bactéria.‬‭Esta,‬‭então,‬‭deve‬‭ser‬‭capaz‬
‭de‬‭produzir‬‭toxinas‬‭A‬‭e‬‭B‬‭(cepas‬‭da‬‭bactéria)‬‭que‬‭produz‬‭intensa‬‭inflamação‬
‭epitelial (‬‭pseudomembranas‬‭);‬
‭○‬ ‭Quadro Clínico:‬
‭■‬ ‭Vários‬ ‭episódios‬ ‭de‬ ‭evacuações‬ ‭aquosas,‬ ‭às‬ ‭vezes‬ ‭com‬ ‭raias‬ ‭de‬
‭sangue,‬ ‭cólicas,‬ ‭distensão‬‭abdominal,‬‭febre,‬‭podendo‬‭complicar‬‭com‬
‭megacólon‬ ‭tóxico‬ ‭(dilatação‬ ‭do‬ ‭cólon,‬ ‭taquicardia)‬ ‭e‬ ‭perfuração‬
‭abdominal;‬
‭■‬ ‭Pode cursar com hipoalbuminemia e leucocitose extrema;‬
‭○‬ ‭Diagnóstico:‬
‭■‬ ‭Pesquisa‬ ‭de‬ ‭Citotoxina‬ ‭A‬ ‭e‬ ‭B‬ ‭nas‬ ‭fezes‬ ‭e‬ ‭GDH‬ ‭seguido‬‭por‬‭ELISA‬‭ou‬
‭PCR;‬
‭■‬ ‭Coprocultura — somente valor epidemiológico;‬
‭■‬ ‭Retossigmoidoscopia‬ ‭e‬ ‭colonoscopia,‬ ‭na‬ ‭ausência‬ ‭de‬ ‭pesquisa‬ ‭de‬
‭citotoxinas;‬
‭●‬ ‭Visualização‬ ‭de‬ ‭pseudomembranas,‬ ‭mas‬ ‭somente‬ ‭em‬ ‭casos‬
‭graves;‬
‭○‬ ‭Tratamento:‬

‭159‬
‭■‬ ‭Descontinuar o uso de antibióticos, se possível;‬
‭■‬ ‭Evitar‬ ‭antidiarreicos,‬ ‭principalmente‬ ‭os‬ ‭derivados‬ ‭de‬ ‭opioides‬ ‭—‬
‭retêm a toxina no cólon;‬
‭■‬ ‭Reposição hidroeletrolítica;‬
‭■‬ ‭Uso‬‭de‬‭Metronidazol‬‭(formas‬‭leves‬‭-‬‭de‬‭escolha‬‭pelo‬‭baixo‬‭custo)‬‭ou‬
‭VANCOMICINA‬‭VO‬‭(principalmente‬‭para‬‭formas‬‭graves‬‭ou‬‭refratárias‬
‭ao Metronidazol) — manter 10 a 14 dias;‬
‭■‬ ‭Transplante‬ ‭fecal‬ ‭—‬ ‭indicado‬ ‭em‬ ‭formas‬ ‭refratárias‬ ‭e/ou‬
‭recorrentes‬‭.‬‭As‬‭recorrências‬‭são‬‭frequentes,‬‭devido‬‭à‬‭esporulação‬‭do‬
‭Clostridioides‬‭;‬

‭160‬

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