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➔ Febre (maior ou igual a 37,8), associada a crise convulsiva

➔ Ocorre entre 6 e 60 meses de idade (pico aos 18 meses)


➔ Não há evidencias de infecção ou inflamação do SNC ou alteração metabólica
➔ Critérios de exclusão
 História prévia de crise convulsiva febril – pode ser uma criança epiléptica
 RN com convulsões – necessário descartar outras causas, a crise febril é um DIAGNÓSTICO DE
EXCLUSÃO

➔ Crise febril simples (80% dos casos, prognóstico melhor) – precisa atender TODOS os critérios, se não é
uma complexa
 Tônico-clônicas generalizadas
 <15 min. JAMAIS esperar esse tempo, o limite para intervenção terapêutica ativa é de 5 minutos (se
passar desse tempo há maior potencial de induzir lesão neuronal permanente e/ou resistência a
drogas. Para dar benzodiazepínico esperar pelo menos os 5 minutos, as crises costumam durar
menos)
 Não recorre nas primeiras 24 horas
 Exame neurológico pós-ictal normal. imediatamente após a criança fica sonolenta, mas após alguns
minutos fica normal
➔ Crise febril complexa ou atípica
 Início focal/parcial
 > 15 min
 1 ou + recorrências nas primeiras 24 horas.
 Exame neurológico pós-ictal alterado (ex: paralisia de Todd)

➔ Multifatorial
➔ Imaturidade cerebral
 A criança tem maior susceptibilidade para convulsionar por falta de mielina, diferença de
permeabilidade e atividade elétrica, excitação>inibição
 Aumento de temperatura estimula produção de interleucinas pró-convulsivantes/ação em canais
iônicos/alcalose respiratória -> excitabilidade neuronal.
 ↓ limiar convulsivo – a velocidade com que a temperatura sobe é mais determinante do que o valor
da temperatura em si
➔ Genético
 Se história familiar positiva (25-40%) há mais chances do que a população geral de apresentar a
convulsão febril
 Quando é a mãe da criança, o risco aumenta 8X mais

➔ Vírus – mais comum pela maior prevalência na comunidade


 Principalmente de doença respiratória - sazonalidade das crises (+outono)
 Frequente associação com exantema súbito (roséola infantum) - 10-15% podem evoluir com crise
febril
 Pode estar associada a infecções pulmonares, urinárias, gastrointestinais e vacinação (DPT-
componente da pertussis/ tríplice viral-componente do sarampo)

➔ Características gerais
 Idade - 6 meses a 5 anos
 Crise convulsiva - tônico-clônica generalizada
 Duração - até 15 minutos
 Retorno do nível normal de consciência após término da convulsão
 Documentação da febre (≥ 38ªC)
 Única crise convulsiva em 24 horas
 Ausência de doença neurológica prévia
➔ Características da maior parte das crises febril
 Ocorre nas primeiras 24 horas da doença, e em alguns casos essa é a primeira manifestação que a
criança está doente.
 Duração < 5 minutos
 Retorna gradualmente ao nível normal de consciência dentro de uma hora
➔ Maior probabilidade de recorrência quando
 Crianças < de 18 meses
 Temperatura < de 39ºC na primeira crise
 Intervalo < de 1 hora entre início da febre e convulsão
 Parentes de 1º grau com história de crise febril
➔ Epilepsia na evolução
 Risco de epilepsia em crianças com crise febril - 2-10% (na população geral =2%)
 Pode ser maior quando há anormalidades do desenvolvimento neurológico, história familiar de
EPILEPSIA e crises febris complexas

➔ Anamnese (caracterizar a crise/antecedentes pessoais e familiares) – tipo e duração da crise


➔ Exame físico cuidadoso, inclusive sinais meníngeos (os sinais meníngeos aparecem a partir de 1 ano e
meio, 2 anos de idade, abaixo dessa idade estarão negativos)
➔ Classificar a crise em simples ou complexa
➔ Crise com duração de mais de 5 minutos – MEDICAR COM BENZODIAZEPÍNICO (midazolam via retal ou
EV, Diazepam pode ser intranasal e IM)
➔ Identificar o possível foco de febre
➔ PUNÇÃO LIQUORICA
 Em todos com sinais meníngeos
 Todas as crianças menores de 6 meses com crise febril (mesmo que sem os sinais meníngeos)
 Entre 6 e 12 meses – avaliar a presença de sinais meníngeos e, se negativo, considerar em
➢ Não vacinados para S. pneumoniae/ H. influenzae tipo b/ Neisseria meningitidis
➢ Em uso de antibiótico
➔ ELETRO ENCEFALOGRAMA NÃO FAZ PARTE DA AVALIAÇÃO INICIAL
 Se houver grande suspeita de epilepsia, fazer após 2 semanas da crise
➔ Neuroimagem
 Não recomendado
 Só é feito se houver suspeita de aumento da PIC
➔ Laboratorial
 Não se recomenda hemograma e eletrólitos de rotina
 Glicemia se jejum prolongado ou período pós-crise prolongado

➔ Durante a crise
 Posicionar o paciente – decúbito lateral para evitar broncoaspiração de secreção
➢ Pode ofertar oxigênio
➢ Não há necessidade de compressão torácica ou respiração boca a boca
➢ Não introduzir nada na boca
➢ Fazer proteção contra traumas
➢ Não ofertar alimentos ou líquidos logo após a crise
 Benzodiazepínicos nas crises com duração > 5 minutos (Diazepam ou Midazolam)
➢ Crise febril recorrente - orientação quanto a administração de benzodiazepínico retal
 Antitérmicos se febre
➔ Prevenção de novos episódios
 Terapia prolongada com anticonvulsivantes não se justifica por conta dos efeitos colaterais
 Diazepam oral ou retal intermitente durante doenças febris – para alguns casos
 Antitérmicos - não reduzem o risco de crise febril. Administrar por volta dos 37,4ª para evitar que suba
rapidamente em crianças que já tiveram crise febril
➔ Temperatura
 Temperatura axilar (convencional) - 37,8ºC
 Temperatura retal > 38,3ºc
 Temperatura oral > 38ªc
➔ Hipertermia X febre
 Febre se relaciona com elevação do set point no hipotálamo (centro termo regulador)
 Hipertermia se relaciona com maior produção de calor ou problemas para dissipação do calor
produzido, sem alteração do setpoint hipotalâmico. Na pediatria pode ocorrer quando a criança
vem com muitas roupas para consulta

➔ Pirógenos (endógenos ou exógenos) – aumentam e causam formação de citocinas


 As citocinas induzem a formação de prostaaglandinas
 As prostaglandinas atuam no hipotálamo anterior alterando o centro termorregulador
➔ Mecanismo de PERDA de calor – dilatação de pequenos vasos e suor (a temperatura cai)
➔ Mecanismo de conservação e produção de calor –

➔ Definição – febre com menos de 7 dias de duração, que após anamnese e exame físico cuidadosos
não tem a causa estabelecida
 Se difere da FOI, que tem duração de 14 dias
➔ Principais causas
 A maior parte é por conta de doença aguda autolimitada ou fase prodrômica de doença benigna
 Alguns poucos casos ocorrem por doença/infecção bacteriana grave (IBG), e há risco de morbidade
e mortalidade. Se refere à pneumonia, meningite, infecção urinária, artrite séptica, osteomielite,
celulite e sepse
 Bacteremia oculta pode ser um dos motivos de FSSL
➔ Avaliação clínica
 Avaliação clínica isolada não consegue identificar todas as crianças com IBG (infecção bacteriana
grave)
 Exame físico – se toxemia ou comprometimento do estado geral confere risco aumentado para IBG
 Ausência de resposta a antipiréticos não é preditor de IBG
 Importante informar – TEMPERATURA, IDADE, ESTADO GERAL ESITUAÇÃO VACINAL (Hib, meningo e
pneumococo)
➔ Avaliação da temperatura - IBG
 Crianças não vacinadas para Hib e pneumococo o risco de BO aumenta proporcionalmente com a
temperatura

 Idade é um marcador importante


➢ Risco de IBG é maior abaixo de 3 meses (principalmente RN)
• Não estão vacinados para Hib, meningococo e pneumococo
• Quadro clínico inespecífico (mas a febre é um sinal de alarme!!)
• Avaliação clínica é muito difícil
• Importância do reconhecimento precoce das infecções bacterianas
• 2/3 das crianças nesta faixa etária com febre tem FSSL
➢ Entre 3 e 36 meses o risco é semelhante
➢ Acima de 36 meses o risco é bem menor
➔ Avaliação laboratorial
 Leucócitos
➢ Crianças não vacinadas para Hib e pneumococo - correlação entre número de leucócitos e
bacteremia
• < 10.000/mm3 taxa de bacteremia = 0,3%
• > 20.000/mm3 taxa de bacteremia = 8,2%
➢ Muitos trabalhos consideram o valor 15.000/mm3 para separar as crianças em alto e baixo risco
para IBG
➢ Lactentes < 3 meses, leucócitos < 5.000/mm3 determinam fator de risco
➢ Algumas bactérias causam leucopenia
 Neutrófilos
➢ Crianças não vacinadas para Hib e pneumococo
➢ Neutrófilos < 5.000/mm3 – taxa de bacteremia de 0,2%
➢ Neutrófilos > 10.000/mm3 – taxa de bacteremia de 5,8%
 Provas de fase aguda
➢ Proteína C reativa não se eleva antes de 12 horas
➢ Procalcitonina eleva-se mais rápido, mas é pouco disponível (nas primeiras 6 horas) / ↑ sensibilidade
e especificidade para diferenciação de doença bacteriana da viral para identificação de IBG
➢ PCR > 80 mg/L ou Procalcitonina > 2 ng/mL (sensibilidade de 50% e especificidade de 90%)
➢ Para exclusão de IBG - PCR < 20 mg/L ou Procalcitonina < 0,5 ng/mL
➔ Avaliação radiológica – RX de tórax
 Não é necessário em todas as crianças com FSSL
 Faz quando febre > 39oC e Leucocitose > 20.000/mm3 (risco aumentado de pneumonia oculta)
➔ Pesquisa de vírus respiratório - Secreção de nasofaringe (HH6, Adenovírus, Influenza, VSR, Sars-CoV2)

Bacteremia oculta (BO)


➔ Criança com apresentação clinica boa, mas com hemocultura positiva
➔ A prevalência da BO depende da vacinação (Hib, meningococo e pneumococo). As vezes a falta da
vacina é porque a criança não tem idade ainda para ter tomado aquela vacina
➔ Evolução da BO
 Risco de meningite de 9% e bacteremia por meningococo
Infecção urinária
➔ É a causa mais frequente de infecção urinária em FSSL
➔ Nos maiores de 3 meses, o principal sinal é a febre
➔ Grupos de risco
 Meninas < de 2 anos
 Meninos não circuncidados < de 1 ano
 Meninos circuncidados < 6 meses
➔ Diagnóstico – urocultura positiva (colher urina por sondagem em crianças sem controle esfincteriano)
➔ Cerca de 70% dos lactentes febris com ITU mostram evidência de pielonefrite no mapeamento renal
Pneumonia oculta
➔ Marcada pela ausência de achados de história e exame clínico (inclusive sintoma respiratório)
➔ Se hemograma com leucócitos > 25mil, a chance de pneumonia é de 40%
➔ Fatores de risco
 Febre > 39oC
 Leucócitos > 20.000/mm3, mesmo em crianças vacinadas

➔ Crianças com síndromes virais tem menor risco de IBG


 Fazer a pesquisa viral. Se positiva não há necessidade de receitar antimicrobiano
 Dengue e COVID-19 pode se apresentar como FSSL em < 2 anos

➔ ATB empírico – ceftriaxona


➔ Critérios de Rochester – prediz as chances de ter IBG. É necessário marcar TODOS os critérios para ser
considerado baixo risco
➔ Temperatura axilar menor ou igual a 39ºC em crianças de 3 a 36 meses e com vacinação incompleta –
CONSIDERAR urina 1
 E se Urina 1 alterada e leucocitose > 20mil, fazer o RX de tórax. Se o RX vier normal, sobra o
diagnóstico de bacteremia oculta

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