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Marina Ferrari – MD8

Pediatria
Problema 2

-Intermitente: em períodos cíclicos


Síndrome Febril
ocorre exclusivamente durante um determinado
-A febre é uma das causas mais comuns número de horas, regressando a valores
de busca de pronto atendimento para crianças. fisiológicos pelo menos uma vez em cada 24h;
Porém, não se trata de uma doença, mas de uma pode haver febre pela manhã e não a tarde, ou
condição fisiológica, regulado e complexa, em dia sim dia não
resposta a uma determinada agressão
-Remitente: flutuações de valores > 1ºC
inflamatória, que o organismo mobiliza a fim de
que se atinjam valores normais no período de
aumentar a eficácia dos mecanismos de defesa
tempo avaliado
-Febre: resposta adaptativa benigna que
-Contínua: inicia-se subitamente e sofre
consiste na ativação de sistemas imunológicos,
pequenas flutuações de valores com um desvio
promovendo a migração de neutrófilos, a
padrão < 1ºC ao logo de 24h, sempre acima do
proliferação de células T, a atividade de
normal
interferon e o retardo do crescimento de
microrganismos Fisiopatologia
*Sua principal manifestação é a -A elevação da temperatura corporal
elevação da temperatura corporal acima da observada com a febre, e não na hipertermia, é
variação diária normal, mas também pode uma das manifestações clínicas de uma
associar-se a sintomas que causam desconforto complexa reação orgânica a agressões
-Hipertermia: é a elevação da geralmente externas
temperatura corporal de maneira não -Os agentes capazes de desencadear
coordenada e contra as tentativas do organismo febre são denominador de pirógenos exógenos.
de manter um estado de eutermia. Ocorre como Quando estes entram em contato com os
consequência do desequilíbrio entre a produção macrófagos teciduais, induzem a produção dos
de calor e a sua dissipação, podendo ocorrer por pirógenos endógenos que ganham a corrente
excesso de calor ambiental (insolação, sanguínea e se dirigem ao SNC
intermação) ou por interferência na função do -A elevação da temperatura é mediada
centro termorregulador, em virtude de lesão por hormônios
cerebral, efeito de drogas ou seus metabólicos
Avaliação da criança febril
Classificação -Começa por anamnese detalhada, passa
por exame físico completo, destacando-se a
Quanto à intensidade
presença ou ausência de sintomas e sinais que
-Febre leve ou febrícula: 37-37,5ºC possam ser utilizados para prever o grau de risco
-Febre moderada: 37,5-38,5ºC -Observar:
-Febre elevada: > 38,5ºC A. Atenção para FC:
Quanto à duração *< 12 meses (≥ 160 bpm)
*12 a 24 meses (≥ 150 bpm)
-Aguda: < 7 dias
*2 a 5 anos (≥ 140 bpm)
-Subaguda: 7-14 dias B. Observar à FRENTE:
-Crônica: > 14 dias *> 50 (6 a 12 meses)
Quanto ao padrão *> 40 para os maiores de 12
meses e, saturação de oxigênio ≤ 95%
-Irregular ou séptica: picos muito altos
C. Avaliar o tempo de enchimento
intercalados por temperaturas baixas ou apirexia;
capilar, alerta se > 3 segundos
sem caráter cíclico, totalmente imprevisíveis
D. Atenção para o grau de hidratação,
-Recorrente ou ondulante: alternância avaliar mucosas e turgor da pele
entre períodos febris e períodos afebris, que
compreendem dias ou semanas de intervalo
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E. Importante analisar a criança pneumococo e hemófilo a incidência cai para
quanto ao grau de atividade e responsividade aos menos de 1%. Nessa situação aparecem
estímulos principalmente Escherichia coli, Staphylococcus
aureus e Salmonella sp.
Tratamento
Infecção urinária oculta
Métodos físicos -É a infecção bacteriana mais comum
-Rápido início de ação, mas com pequena como causa de FSSL
duração do efeito na redução da temperatura -A prevalência geral é de 8 a 10%
corpórea -Os principais grupos de risco são as
-Pequena vantagem sobre a terapêutica meninas menores de 24 meses de idade, os
medicamentosa, mas com aumento no meninos não circuncidados menores de 12
desconforto do paciente destacando-se os meses de idade e os menos circuncidares de 6
calafrios e a irritabilidade aumentada meses de idade
Antitérmicos -Evidentemente a vacinação para
pneumococo e hemófilo não interfere nas taxas
-Recomendados quando a febre está
de infecção urinária nas crianças com FSSL
associada a desconforto evidente (choro
intenso, irritabilidade, redução da atividade, Pneumonia oculta
redução do apetite, distúrbio do sono) -Na avaliação clínica a suspeita de
-Dipirona: 10 a 12 mg/kg/dose pneumonia é realizada através da anamnese com
-Ibuprofeno: 5 a 10 mg/kg/dose dados de tosse, falta de ar, desconforto
-Paracetamol: 10 a 15 mg/kg/dose respiratório e no exame físico pela FR,
dificuldade respiratória, alterações na
Febre sem sinais localizatórios propedêutica pulmonar e queda de saturação de
-Ocorrência de febre com menos de 7 O2
dias de duração, em criança na qual a história -Porém, algumas crianças podem se
clínica completa e o exame físico cuidadoso não apresentar sem nenhum desses achados. Esses
revelam a causa da febre casos são chamados de pneumonia oculta
-Os principais fatores de risco são febre
Definições elevada (> 39ºC) e número aumentado de
Infecção bacteriana grave (IBG) leucócitos no hemograma (acima de 20.000),
-Toda infecção bacteriana que acarreta mesmo em crianças vacinadas para pneumococo
risco de morbidade ou mortalidade, caso ocorra e hemófilo
atraso no seu diagnóstico Avaliação das crianças com
-Inclui: bacteremia, infecção urinária,
pneumonia, meningite, artrite séptica, FSSL
osteomielite, celulite e sepse
Clínica
Bacteremia oculta -Deve-se levar em conta os principais
-Refere-se à presença de hemocultura fatores de risco para Infecção Bacteriana Grave
positiva em criança que está com febre, sem (IBG): estado geral, idade, temperatura e
infecção localizada, em bom estado geral e que situação vacinal
apresenta pouco ou nenhum achado clínico -A presença de toxemia, alteração do
-Muitos episódios podem ter resolução estado geral ou instabilidade dos sinais vitais é
espontânea. Porém, pode evoluir para quadros um grande indicativo de infecção bacteriana
graves como meningite, pneumonia, artrite grave e esta criança deverá ser abordada como
séptica, osteomielite e sepse potencialmente em sepse
-Depende muito da situação vacinal para -A idade é um fator importante. As
Haemophilus influenza tipo b e Streptococcus crianças menores de 3 meses, chamadas de
pneumoniae. Em crianças com FSSL não lactentes jovens, têm risco aumentado e nesse
vacinadas a incidência é de cerca de 5%, sendo grupo há um subgrupo de risco maior ainda, que
que os principais agentes são os dois. Por outro são os RN. Nessa idade, além da imaturidade
lado, em crianças que já tenham recebido pelo imunológica, as manifestações clínicas são muito
menos 2 doses das vacinas conjugadas para
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inespecíficas e as infecções bacterianas podem -Provas de fase aguda: PCR e
evoluir muito rapidamente para sepse procalcitonina (PCT). A PCR aumenta mais
*Entre 3 e 36 meses, o risco é lentamente, sendo a PCT escolhida em casos
semelhante, e acima de 36 meses o risco cai com menos de 12h de febre
bastante. Dessa forma, praticamente todos os *Para identificar IBG, 80 mg/L para
protocolos se restringem às crianças de 0 a 36 PCR ou 2 ng/mL para PCT
meses *Para descartar IBG, 20 mg/L para
-A temperatura deve ser levada em PCR ou 0,5 ng/mL para PCT
conta, especialmente nas crianças não vacinadas -Pesquisa de vírus respiratórios: herpes
para pneumococo e hemófilo, ou seja, crianças vírus humano tipo 6, adenovírus, influenza e
que ainda não receberam pelo menos 2 doses vírus sincicial respiratório
de cada uma dessas vacinas. A razão é que
nessas crianças há um risco aumentado de Protocolo de avaliação e
bacteremia oculta
-A situação vacinal muda bastante a
seguimento
avaliação, uma vez que já receberam pelo menos -Toda criança com comprometimento do
2 doses de vacinas estado geral, independente da idade e da
situação vacinal, deve ser hospitalizado,
Laboratorial investigada para sepse e tratada com
-Os exames utilizados são: hemograma, antimicrobianos empiricamente
exames de urina, radiografia de tórax, provas de *A investigação para sepse
fase aguda e pesquisa de vírus respiratórios compreende coleta de hemograma completo,
-Hemograma: avalia-se a contagem total hemocultura, sedimento urinário, urocultura,
de leucócitos e a contagem total de neutrófilos LCR (quimiocitológico, bacterioscopia e cultura)
*Nas crianças não vacinadas para e radiografia de tórax
pneumococo e hemófilo uma contagem total de -Na abordagem da criança com FSSL
leucócitos acima de 20.000 ou de neutrófilos sem comprometimento do estado geral, o 1º
acima de 10.000 estão associadas com risco critério de avaliação é a idade
aumentado de IBG *Habitualmente as crianças são
*Nos lactentes jovens (< 3m), classificadas em 3 grupos etários: RN < 30 dias;
contagens de leucócitos totais acima de 15.000 lactentes jovens de 30 a 90 dias e crianças de
ou abaixo de 5.000 são fatores de risco para 3 a 36 meses
IBG -RN: todo RN com FSSL deve ser
-Exame de urina: são muito importantes. hospitalizado, submetido à investigação para
Os testes rápidos, como pesquisa de leucócito sepse e receber antibioticoterapia empírica até
esterase e nitrito, podem ser úteis, mas o resultado das culturas
apresentam sensibilidade e especificidade *Terapêutica inicial: Ampicilina +
variável Cefotaxima ou Ceftriaxona
*A leucocitúria é utilizada como -Lactente jovem: utiliza-se a escala de
indicativo de infecção urinária, mas deve-se Rochester
lembrar que o diagnóstico definitivo se dá com *Se considerado de baixo risco pôde-
urocultura se liberar, orientar adequadamente os pais sobre
*Nas crianças sem controle os sinais de alerta e fazer seguimento clínico
esfincteriano a cultura deverá ser obtida por diário
sangrem vesical. Já nas crianças com controle, *Quando considerado de alto risco,
podemos obter a urina por jato médio numa indica-se hospitalização, coleta de exames
micção espontânea (hemocultura, urocultura, LCR), realização de Rx
-Raio-x de tórax: não é necessário em de Tórax e introdução de ATB empírico
todas as crianças. Caso haja alguma alteração (Cefalosporina de 3ª geração)
de FR ou queda de saturação, deverá realizado.
Nas crianças com risco aumentado de
pneumonia oculta (febre acima de 39ºC e
leucócitos totais acima de 20.000 também está
indicado
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urinária oculta e iniciamos o tratamento com
antibioticoterapia específica
*Caso o exame de urina esteja normal
ou revele um número de leucócitos <
50.000/mL, segue-se com investigação e
recomenda-se a coleta de hemograma
*Quando o número total de
-Criança de 3 a 36 meses sem leucócitos for < 20.000 e o número total de
comprometimento do estado geral: deve-se neutrófilos < 10.000, recomendamos apenas
verificar inicialmente a situação vacinal para orientação quanto aos sinais de alerta e
pneumococo e hemófilo reavaliação diária
*As crianças que apresentam pelo *Se o número total de leucócitos for
menos 2 doses são consideradas com vacinação > 20.000 ou total de neutrófilos > 10.000,
completa. Nessas crianças o risco de bacteremia indicamos Rx de tórax
oculta é baixo. Porém, o risco de ITU está a. Caso Rx alterado, confirmamos
mantido. É recomendado a pesquisa de vírus pneumonia oculta e inicia-se tratamento
respiratórios e a coleta de urina tipo I e b. Caso Rx normal, encaminha-se
urocultura nos grupos de maior risco (meninas a hemocultura e inicia-se ATB empírica com
menores de 24 meses, meninos não Ceftriaxona 50mg/kg/dia em dose única diária,
circuncidados menores de 12 meses e IM, com reavaliação diária até o resultado das
circuncidados menores de 6 meses) culturas
*As crianças que apresentam *Para as crianças que colheram
vacinação incompleta, recomenda-se de início, a hemocultura e iniciaram Ceftriaxona é
pesquisa de vírus respiratórios e a seguir divide- fundamental o acompanhamento clínico e
se em 2 grupos de acordo com a temperatura seguimento até o resultado da hemocultura
a. Se a hemocultura for positiva
a. Temperatura axilar ≤ 39ºC,
para pneumococo e a criança mantiver febre e
recomenda-se exame de urina tipo I e urocultura
não estiver clinicamente bem, será necessária
nos grupos de maior risco
internação, coleta de líquor e ATB EV
b. Temperatura axila > 39ºC
b. Nos casos de hemocultura
recomenda-se exame de urina tipo I e urocultura
positiva para outros agentes a decisão deverá
para todas
ser individual
*Na presença de leucocitúria ≥
50.000/mL, consideramos como infecção
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-Menos frequentemente, outros vírus


IVAI como: varicela-zoster, enterovírus,
PAC citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, herpes
simples e outros
-Pneumonia é uma doença do trato -Metapneumovírus humano (HMPV),
respiratório inferior geralmente acusada por um bocavírus, coronavírus associado à síndrome
agente infeccioso (raramente por agentes não respiratória aguda (SARS) e o SARS-Cov-2 têm
infecciosos) e que resulta em inflamação dos sido associados à PAC
tecidos de um ou ambos os pulmões, e que -Os vírus podem ser responsáveis por até
traduz uma resposta do hospedeiro ao agente 90% das PAC no 1º ano de vida e por metade
agressor dos casos na idade escolar
-Pneumonia adquirido na comunidade
(PAC): pneumonia que ocorre em crianças não Bactérias
hospitalizadas no último mês, portanto não -São os principais responsáveis pela
colonizadas por germes hospitalares e, sim, por maior gravidade e mortalidade por PAC na
aqueles provenientes do meio domiciliar, escolar infância. O Streptococcus pneumoniae ou
e comunitário pneumococo é o principal agente de PAC
-É a causa mais comum de morbidade e -Os agentes mais comumente isolados
mortalidade em bebês e crianças menores de 5 em países em desenvolvimento: pneumococo,
anos em todo o mundo Haemophilus influenza e Staphylococcus aureus
-Fatores de risco: desnutrição, baixa -Alto risco para infecção por
idade, comorbidade e gravidade da doença pneumococo: infectadas pelo HIV, com erros
*Baixo peso ao nascer, permanência inatos da imunidade, imunodeficiências
em creche, episódios prévios de sibilos e adquiriras, cardiopatas, nefropatas,
pneumonia, ausência de aleitamento materno, pneumopatas crônicas, incluindo a asma grave,
vacinação incompleta, variáveis socioeconômicas com DM, com hemoglobinopatias,
e ambientais principalmente anemia falciforme, asplenia
congênita ou adquirido, fístula liquórica, cirrose
Etiologia hepática ou contactantes de doenças crônicas
-Seu curso clínico costuma ser muito
semelhante para os diversos agentes, e as
técnicas diagnósticas são, em geral, de baixa
sensibilidade ou de custo elevado
Vírus
-Quanto mais jovem a criança, maior a
chance de ocorrência de doença de etiologia
viral. O vírus sincicial respiratório (VSR) é o mais
frequentemente encontrado, seguido dos vírus
influenza, parainfluenza, adenovírus e rinovírus
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a uma infecção viral prévia das vias aéreas
Quadro clínico superiores, antes de apresentar sintomas do
-Pode variar com a idade da criança, o trato respiratório inferior
estado nutricional, a presença de doença de *Crianças mais velhas podem referir
base e o agente etiológico. Pode ser mais grave dor torácica tipo pleural ou até rigidez da nuca,
nas crianças mais jovens, desnutridas ou que associando-se ao envolvimento dos lobos
apresentam comorbidades pulmonares
-Principais sinais e sintomas: febre, -Os critérios diagnósticos baseados em
tosse, FR elevada (taquipneia) e dispneia, de sinais e sintomas podem levar ao diagnóstico de
intensidades variáveis. Sintomas gripais são PAC de qualquer doença do trato respiratório
comuns, bem como otite média. Algumas inferior que se apresente com tosse, dificuldade
crianças apresentam dor abdominal, respiratória e taquipneia, a exemplo de doenças
principalmente quando há envolvimento dos virais como a bronquiolite ou sibilância viral e
lobos pulmonares inferiores doenças não transmissíveis como asma alérgica,
*Em crianças pequenas dificilmente resultando na prescrição excessiva de
se encontram alterações localizadas à ausculta antibióticos e no subdiagnóstico e tratamento
respiratória inadequado da doença obstrutiva das vias aéreas
Diagnóstico *A avaliação criteriosa das doenças
que podem causar taquipneia e sibilância, como
-É iminentemente clínico, dispensando a asma, bronquiolite e sibilância induzida por vírus,
realização de radiografia de tórax, que só é permite que se prescrevam broncodilatador
recomendada nos casos graves que demandem antes de classificar o paciente em relação à PAC
internação
-Em geral, consolidação alveolar, Aspectos clínicos particulares
pneumatoceles, derrames pleurais e abscessos
sugerem etiologia bacteriana. O padrão das PAC
intersticial está mais frequentemente associado -PAC pneumocócica: habitualmente se
a vírus e Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia inicia com febre e taquipneia, podendo haver
pneumoniae. Esses são agentes causadores de ausência inicial de tosse, desde que os alvéolos
pneumonias atípicas tenham poucos receptores para a tosse. Esse
-Na criança com IRA, a FR deve sempre sinal surgiria com a presença de lise e os detritos
ser pesquisada visando ao diagnóstico de PAC. irritando os receptores da tosse nas vias
Na ausência de sibilância, as crianças com tosse respiratórias
e FR elevada (taquipneia) devem ser -PAC por Mycoplasma pneumoniae:
classificadas como tendo PAC comumente tem uma evolução mais arrastada,
a. Pontos de corte para taquipneia: podendo manifestar-se com tosse, dor e chiado
*< 2 meses: FR ≥ 60 irpm no peito; classicamente, os sintomas são mais
*2-11 meses: FR ≥ 50 irpm significativos que os sinais. Pode haver
*1-4 anos: FR ≥ 40 irpm manifestações não respiratórias como artralgia
-O quadro clínico da PAC na criança é e cefaleia, lesões de pele, entre outras, o que
diverso e inespecífico. Na dependência de vários pode sugerir a infecção por esse microrganismo
fatores, como agentes etiológicos, idade da -PAC estafilocócica: pode ser
criança, tamanho do inóculo e resposta imune indistinguível da PAC pneumocócica no início da
do indivíduo, poderá ser discreto ou apresentar- doença. Permanece rara em países
se em sua forma mais clássica, na qual início desenvolvidos, onde, geralmente, é uma doença
agudo de febre, taquipneia e tosse estão de crianças. Pode complicar os casos de
presentes influenza em bebês e em crianças mais velhas
*A febre pode estar ausente em -PAC por Chlamydia trachomatis: na
lactentes jovens com infecção por Chlamydia forma clássica acomete lactentes entre 4-12
trachomatis, Borderlands pertussis ou semanas de vida, e a infecção tem evolução
Ureaplasma arrastada; ausência de febre; tosse
*As crianças podem manifestar coqueluchoide e taquipneia. Pode haver
apenas redução do apetite e agitação; os crepitação inspiratória na ausculta e desconforto
menores de 5 anos, habitualmente, apresentam respiratório de grau variável. Os pródromo com
um pródromo com febre baixa e rinorreia, devido obstrução nasal e tosse são comuns
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COVID-19 líquidos, letargia ou inconsciência, convulsões)
devem ser hospitalizado
-A infecção afeta mais frequentemente
*Pneumonia: FR aumentada para a
adultos que crianças, e as manifestações clínicas
idade (≥ 50 irpm para aqueles entre 2-11
são, geralmente, de menor gravidade na infância
-As principais características clínicas são meses e ≥ 40 irpm entre 1-5 anos) e tiragem
sintomas respiratórios leves como tosse e intercostal e requerem tratamento ambulatorial
rinorreia e febre com antibioticoterapia oral
-Critérios diagnósticos: Critérios de internação
*Infecção assintomática: ausência de -Crianças menores de 2 meses: FR ≥ 60
sinais ou sintomas de doença com radiografia ou irpm, tiragem subcostal, febre alta, recusa do
tomografia de tórax normais com resultado do seio materno por + de 3 mamadas, sibilância,
teste de ácido nucleico para 2019-nCov estridor em repouso, sensório alterado com
positivo letargia, sonolência anormal ou irritabilidade
*Doença leve: sintomas de infecção excessiva
aguda do trato respiratório superior, incluindo
-Maiores de 2 meses: tiragem subcostal,
dor de garganta, coriza e espirros e também
estridor em repouso, recusa de líquidos,
febre, fadiga, mialgia e tosse. O exame físico
convulsão, alteração do sensório e vômito
revela congestão da faringe na ausência de
anormalidades auscultatórias. Alguns casos -Outros sinais de gravidade: saturação
podem não apresentar febre ou apresentar de oxigênio menor que 92%, abolição do
apenas sintomas digestivos, como náuseas, murmúrio vesicular, com possibilidade ou
vômitos, dor abdominal e diarreia confirmação radiológicas de complicações, como
*Doença moderada: sinais clínicos de derrame pleural (DP) e empiema, desnutrição
pneumonia. Febre persistente, tosse seca inicial grave, sonolência, rebaixamento do nível de
e depois produtiva; poderá haver crepitação e consciência e recusa alimentar
sibilância à ausculta respiratória, mas, nessa Exames complementares
fase, estresse respiratório está ausente. Alguns -Pacientes ambulatoriais leves a
pacientes poderão não apresentar sinais clínicos moderadamente enfermos podem ser tratados
ou sintomas, mas a TC de tórax poderá revelar empiricamente sem a utilização de testes
lesões pulmonares típicas diagnósticos específicos
*Doença grave: os sintomas -Testes rápidos: pesquisa de antígenos
respiratórios iniciais como febre e tosse poderão
virais em amostras das VAS, devem ser o
estar associados com sintomas gastrointestinais
procedimento inicial quando disponíveis e
como diarreia. O agravamento clínico
indicados, particularmente em menores de 5
geralmente ocorre após 1 semana com o
anos. Crianças com doença grave e aspecto
surgimento de dispneia e cianose central. A SpO 2
tóxico devem realizar, também, hemograma,
é < 92% e há outras manifestações de
dosagem de eletrólitos, testes de função
hipoxemia
hepática, renal e hemocultura e outros exames
*Crítica: as crianças podem progredir
de acordo com critérios clínicos
rapidamente para a síndrome do estresse
-Hemograma: a realização rotineira não é
respiratório agudo ou insuficiência respiratória e
poderão apresentar choque, encefalopatia, lesão necessária para as crianças com suspeita de PAC
miocárdica ou insuficiência cardíaca, disfunção tratadas ambulatorialmente, deve ser reservada
de coagulação e lesão renal aguda. A disfunção para as mais graves. Pode fornecer informações
de múltiplos órgãos poderá ser fatal úteis para o manejo da criança
*Pneumonia por C. Trachomatis: pode
Classificação ocorrer leucocitose superior a 10.000
-Crianças entre 2 meses e 5 anos: células/mm3 e a eosinofilia maior que 300-400
*Pneumonia grave: presença de tosse células/mm3 e também comum nessa infecção
ou dificuldade para respirar com cianose central *Covid: são descritas alterações como
ou saturação periférica de O 2 < 90% ou leucopenia, linfopatia, trombocitopenia e
desconforto respiratório grave (gemência ou elevação dos níveis da CPK-MB e procalcitonina
tiragem costal muito grave) ou pacientes com -Marcadores inflamatórios: os reagentes
PAC com sinais gerais de perigo (recusa de de fase aguda, como VHS, PCR e PCT não podem
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ser usados como único determinante para *Recomenda-se reavaliação do
distinguir causas virais e bacterianas. Não devem paciente após 48-72h ou antes, se houver piora
ser dosadas rotineiramente em crianças com clínica
calendário vacinal completo e tratadas *O tratamento encurtado de 5 dias
ambulatorialmente. Em crianças com doença de antibioticoterapia de crianças previamente
mais grave, os reagentes de fase aguda podem saudáveis foi considerado por alguns autores
fornecer informações úteis para o seguimento comparável ao de 7 dias
clínico -A penicilina procaína pode ser uma
-Hemocultura: não devem ser realizadas alternativa para o tratamento ambulatorial
rotineiramente em crianças com aparência não quando a criança não suporta medicamento VO
tóxica, com calendário vacinal completo e com -Pode ser utilizada como 2ª opção de
PAC passível de ser tratada ambulatorialmente. tratamento a associação de Amoxicilina com
Está indicada em crianças que não demonstram clavulanato ou sulbactam, ou Cefuroxima em
melhora clínica com o tratamento e naquelas doses habituais
que apresentam sintomas progressivos ou -Para crianças com reação de
deterioração clínica após inicio de ATB e nas que hipersensibilidade não do tipo 1 (não mediadas
necessitam de hospitalização por PAC bacteriana por IgE) à penicilina, cefalosporinas de 2ª ou 3ª
presumida, moderada a grave e, particularmente gerações (Cefuroxima ou Ceftriaxona) pode ser
com aquelas complicadas utilizadas. Para crianças com reação do tipo 1
-Pesquisa viral: secreções nasofaríngeo recomenda-se clindamicina ou um macrolídeo
e/ou swab nasal -O tratamento com macrolídeos em
-Sorologia: pode ser útil para o crianças maiores de 5 anos é indicado apenas
diagnóstico de infecção por agentes como quando há suspeita de pneumonia atípica. As
Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia opções medicamentosas são:
trachomatis, Chlamydia pneumoniae, *Eritromicina 40 mg/kg/dia de 6/6h,
Streptococcus pneumoniae e Bordetella máximo 2g/dia por 7 a 10 dias
pertussis *Claritromicina 15mg/kg/dia de
-Rx de tórax: crianças com sinais e 12/12h, máximo 1g/dia, durante 7 a 10 dias
*Azitromicina 10 mg/kg/dia, dose
sintomas sugestivos de PAC sem indicação de
única diária, durante 5 dias
internação não necessitam realizar de rotina.
Deverá ser realizada em pacientes com -Falha terapêutica ambulatorial:

hipoxemia/hipóxia, com esforço respiratório, se persistência da febre, queda do estado geral,


há suspeita de pneumonia complicada com aparecimento de sinais de piora clínica ou de
derrame, assim como para os que não gravidade como tiragem subcostal, batimento de
apresentam boa resposta ao tratamento asas de nariz, gemência etc.
-Broncoscopia e lavado broncoalveolar:
reservadas para crianças imunocompetentes
com PAC grave quando testes diagnósticos
iniciais não forem esclarecidos. Podem ser
indicados também em pacientes
imunodeprimidas ou imunossuprimidos
-Oximetria de pulso: em todas as
crianças com PAC, particularmente se há
suspeita de hipoxemia
Tratamento
-O tratamento da PAC é geralmente
empírico, pois é raro identificar sua etiologia
antes da introdução da antibioticoterapia
Ambulatorial
-O antimicrobiano de escolha é
Amoxicilina, na dose de 50mg/kg/dia de 8/8 ou
12/12h por 7 dias, dose máxima de 4g/dia
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-Crianças de áreas com resistência
mínima à penicilina, como no nosso meio, devem
ser tratadas como ampicilina intravenosa na
dose de 50mg/kg/dose de 6/6h, ou com
penicilina cristalina 150.000 UI/kg/dia de 6/6h
-Na suspeita de infecção pelo -Lactentes menores de 2 meses:
M.pneumoniae ou C.pneumoniae é recomendado
gentamicina 7,5mg/kg/dia de 12/12h deve ser
acrescentar o macrolídeo à Amoxicilina ou associada a penicilina cristalina ou ampicilina
substituí-la pelo macrolídeo -Na suspeita de pneumonia atípica
-Tratamento de suporte: cuidadores e recomenda-se a azitromicina 10mg/kg/dia dose
familiares devem ser orientador quanto ao única por 5 dias, ou claritromicina 7,5mg/kg/dia
controle da febre e da dor, manutenção de 12/12h, por 10 dias
hidratação e alimentação adequadas,
identificação de sinais de piora clínica, e quanto
ao retorno para reavaliação em 48 a 72h
Hospitalar
-A decisão de hospitalizar uma criança
com PAC deve ser individualizado com base na
idade, condições clínicas subjacentes e fatores
clínicos que conferem gravidade à doença
-Indicações:
*Menores de 2 meses
*Presença de tiragem subcostal
*Convulsões
*Sonolência excessiva
*Estridor em repouso
*Desnutrição grave
*Ausência de ingestão de líquidos
*Sinais de hipoxemia
*Presença de comorbidades (anemia,
cardiopatia, doenças pulmonares crônicas)
*Problemas sociais
*Complicações radiológicas (derrame
pleural, pneumatocele, abscesso pulmonar)
-Situações especiais: suspeita de
pneumonia estafilocócica ou por germe gram-
negativo, sarampo, varicela ou coqueluche
procedendo a PAC, imunodepressão e
pneumonia hospitalar
-Lactentes menores de 2 meses: os
agentes mais frequentes são estreptococo do
grupo B, enterobactérias, Listeria
monocytogenes, Chlamydia trachomatis,
Staphylococcus aureus e vírus, e os pacientes
devem ser hospitalizados
-Os ATB orais são seguros e eficazes,
mesmo para PAC grave. A amoxicilina continua -Recomendações importantes: manter a
sendo a 1ª opção terapêutica VO na dose de alimentação da criança, particularmente o
50mg/kg/dia de 8/8 ou de 12/12h, por 7 dias aleitamento materno, aumentar a oferta hídrica
-Caso a criança seja incapaz de aceitar e manter as narinas desobstruídas. Além disso,
fluidos ou ATV orais e/ou apresentar sinais de a criança hospitalizada pode necessitar de uso
septicemia ou pneumonia complicada, de broncodilatadores, hidratação venosa,
recomenda-se ATB intravenosos correção de distúrbios hidroeletrolíticos,
Marina Ferrari – MD8
oxigenoterapia (quando saturação de O 2 <
92%), entre outros cuidados
PAC complicada
-PAC que evolui de forma grave, apesar
do uso de ATB, com 1 das seguintes
complicações: derrame pleural parapneumônico
(DPP), empiema pleural (EP), pneumonia
necrosante (PN) e com abscesso pulmonar (AP)
-É caracterizada como doença grave de
curso e hospitalização prolongados
-As complicações sistêmicas da PAC são:
sepse e choque séptico, infecção metastático,
falência de múltiplos órgãos, síndrome do
desconforto respiratório agudo, coagulação
intravascular disseminada e óbito

infecção respiratória em qualquer época da vida,


Prevenção sendo comum no 1º ano
-AME, adequada nutrição, vacinação -É uma das principais causas de
geral e específica, higiene, água própria para morbidade e internação hospitalar, dentre as
consumo e saneamento básico afecções infecciosas respiratórias, no 1º ano de
Bronquiolite vida
-A bronquiolite viral aguda (BVA) é uma Patogênese
doença inflamatória inespecífico que afeta as -A transmissão do VSR ocorre pelo
vias aéreas de pequeno calibre. É caracterizada contato com secreção respiratória de indivíduos
por inflamação aguda, edema e necrose de infectados, com a mucosa da nasofaringe ou da
células epiteliais do trato respiratório das conjuntiva, ou por inalação de partículas
pequenas vias aéreas, promovendo impactação respiratórias contendo o vírus
de muco intraluminal, acusada por vírus -O vírus rapidamente se espalha através
-Geralmente se aplica ao 1º episódio de da via aérea inferior (por transmissão
sibilância em lactentes menores de 12 meses intercelular) e atinge as células epiteliais ciliadas
-O agente etiológico mais comum é o da mucosa dos bronquíolos e dos pneumócitos
vírus sincicial respiratório (VSR). Ele pode causar dos alvéolos
Marina Ferrari – MD8
-Nos bronquíolos, a replicação viral é
mais eficaz, promove lesão direta no epitélio
respiratório e culmina com necrose e exposição
de fibras nervosas estimuladoras do reflexo da
tosse
-O clearance mucociliar fica prejudicado,
com perda da função ciliar e impactação do
muco produzido, ocorrendo nas primeiras 24h Exames complementares
da doença -O diagnóstico é feito com base na
história clínica e no exame físico. Porém em
Diagnóstico algumas situações, pode-se lançar mão de
Apresentação clínica métodos diagnósticos:
*Teste de detecção viral: em
-É um quadro de infecção de via aérea
situações que há suspeita de infecção por vírus
superior, que se inicia após 4-6 dias de
influenza, pode auxiliar no tratamento da
incubação, com coriza, espirro e obstrução
doença. Pode ser solicitado nas formas graves e
nasal. Associa-se a febre (menor que 39ºC) em
nos pacientes imunocomprometidos
cerca de 1/3 dos casos
*Rx de tórax: dispensável na maioria
-No decorrer de 2-3 dias há evolução
dos casos, uma vez que o resultado é normal ou
para sintomatologia de acometimento de via
apresenta sinais comuns da doença como
aérea inferior. Nessa fase surgem tosse e
hiperinsuflação, atelectasia ou infiltrado
taquipneia leve, chegando à dispneia, uso de
peribrônquico
musculatura acessória como a abdominal,
gemência ou batimento de aleta nasal, além de
hipoxemia
-Em lactentes jovens (2-3 meses de
vida) ou com história de prematuridade (< 32
semanas de IG) a BVA pode se manifestar sem
pródromos, apenas com apneia (supostamente
pelo envolvimento da atividade neural reflexa
desencadeado nas vias aéreas superiores e
relativa imaturidade do centro de controle da
*Análise gasométrica arterial: indicada
respiração)
em casos de maior gravidade, com evolução para
-A ausculta respiratória pode apresentar
falência respiratória
sibilos, estertores, aumento do tempo
expiratório ou até mesmo ruído de transmissão Tratamento
da via aérea superior -Na maioria dos pacientes a evolução da
-Pode haver sinais clínicos de doença é benigna e o processo evolui para a cura
desidratação na evolução grave, por redução da sem necessidade de qualquer intervenção
ingesta hídrica e aumento de perdas, como -Os pacientes podem ser assistidos em
lentidão na perfusão capilar periférica, mucosas casa e o princípio do tratamento está na
secas, depressão de fontanela anterior e redução terapêutica sintomática: controle da
do turbo da pele temperatura, do status hídrico e nutricional e
Avaliação da gravidade acompanhamento da evolução do
comprometimento respiratório
-A necessidade de internação hospitalar
é infrequente, tendo como critérios o grau de
comprometimento do sofrimento respiratório e
a presença de fatores de risco
-São pontos comuns de tratamento: a
oxigenoterapia, a manutenção do status de
hidratação, o mínimo manuseio e a identificação
precoce de complicações associadas
Tratamento não farmacológico
Marina Ferrari – MD8
Medidas gerais -A adrenalina inalatória é outra
medicação frequentemente administrada para
-A hipertermia, quando presente, deve
pacientes portadores de BVA. Possui
ser tratada
propriedades beta e alfa-adrenérgicas, com
-A cabeceira do leite deve ser mantida
potencial ação farmacológica para reduzir o
preferencialmente elevada. A obstrução nasal e
extravasamento microvascular, reduzir o edema
a rinorreia, quando presentes, devem ser
e promover broncodilatação
aliviadas com higiene e aspiração
-A prevenção de infecção cruzada deve Solução salina hipertônica
sempre ser considerada uma etapa de extrema -Estudos com pacientes com fibrose
importância cística sugerem que a utilização de soluções
-As mãos devem ser cuidadosamente salinas hipertônicas (3, 5 e 7%) administradas
lavadas, antes e após o contato com o doente. por via inalatória, melhoraria o clearance
Atenção especial deve ser dada à deposição de mucociliar de lactentes com BVA
secreções e materiais contaminados -A Academia Americana de Pediatria
-Medidas de isolamento de contato são (AAP), embora cautelosa quanto à
obrigatoriamente requeridas recomendação, salienta a possibilidade de
Aporte hídrico diminuição do período de permanência intra-
hospitalar
-Uma vez que o paciente desenvolva
quadro de sofrimento respiratório progressivo, Corticosteroides
com risco de falência respiratória, a suspensão -As bases lógicas para sua utilização
da administração de líquidos e/ou alimentos VO estão relacionadas a uma possível importância
é mandatória da inflamação na gênese do processo
-FR > 60-70, principalmente na vigência -Apesar do seu uso frequente e de seus
de obstrução nasal vêm a aumentar o risco de potenciais benefícios teóricos, os
aspiração para o trato respiratório. Nesses corticosteroides sistêmicos não têm
pacientes, a reposição hídrica diária deve ser por demonstrado eficácia, sendo, por isso,
via parenteral contraindicados
-Na presença de desidratação, o aporte Terapia antiviral
hídrico deve ser aumentado em taxas superiores
-A ribavirina, administrada sob a forma
às de manutenção
de aerossol microparticulado, está liberada.
-A utilização de sonda nasogástrica e/ou
Ensaios clínicos demonstrado efeito benéfico,
enteral para administração de dieta é bem
estando associada à redução da replicação viral
tolerada pela maioria das crianças hospitalizadas
com consequente diminuição na gravidade da
Tratamento farmacológico doença e melhora da oxigenação
-Não há evidências suficientes que
Oxigênio justifiquem seu uso rotineiro em pacientes com
-Deve ser considerado no tratamento BVA por VSR
dos pacientes hospitalizados com BVA que
apresentam desconforto respiratório Cânula nasal de alto fluxo
-Deve ser aquecido e umidificado, -A administração de oxigênio por cânulas
preferencialmente administrado por cânula nasal nasais de alto fluxo (CNAF) tem sido introduzida
-Uma vez indicada a suplementação, é como alternativa de tratamento para pacientes
necessária a monitorização da saturação de com BVA com desconforto respiratório
oxigênio por oximetria de pulso, visando mantê- -Parece estar associada à diminuição do
la maior que 90% cuidado despendido e à menor possibilidade de
necessitar suporte ventilatório invasivo
Broncodilatadores (alfa e beta-
Suporte ventilatório
adrenérgicos) -Os maiores candidatos de ventilação
-Embora ainda sejam as drogas mais mecânica são lactentes menores de 3 meses,
frequentemente prescritas, seus reais benefícios pacientes com displasia broncopneumonar,
carecem de fundamentação e evidências portadores de desnutrição proteico-calórica,
científicas síndrome de Down, cardiopatias congênitas e
pacientes que adquiriram BVA intra-hospitalar
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-O tempo de VM oscila entre 5-15 dias
-Ao se manejar um paciente, é
Vacinação
fundamental entender que as limitações de -Pneumonia: Pneumocócica 10V (2 e 4
fluxo, principalmente expiratórios finais (auto- meses)
PEEP), aumentarão risco de baurotrauma -Meningite: Meningocócica C (3 e 5
-Não se deve aplicar volumes correntes meses)
elevados, o que tambem aumenta o risco de -Hib: Pentavalente (2, 4 e 6 meses)
baurotrauma/volutrauma
Critérios de alta hospitalar ITU
-A infecção do trato urinário (ITU) é
definida pela presença de germe patogênico
único no sistema urinário associada a processo
inflamatório sintomático
Etiologia
-Escherichia coli é o agente bacteriano
mais comum de ITÚ, sendo responsável por
cerca de 80% destas infecções
-Outros patógenos bacterianos incluem
Klabsiella, Proteus, Enterobacter e Citrobacter
-Os patógenos bacterianos gram-
positivos incluem Staphylococcus saprophyticus,
Enterococcus e, raramente Staphylococcus
aureus
Medidas preventivas
Quadro clínico
Imunização passiva -A ITU pode ser dividida em 2 categorias:
-A imunoglobulina intravenosa específica cistite (infecção urinária “baixa”) e pielonefrite
e o anticorpo monoclonal humanizado para VSR (acometimento do parênquima renal). Além
têm se mostrado efetivos na prevenção em disso, nesse contexto um quadro clínico de
populações de risco importante reconhecimento é a denominado
-Palivizumabe: bacteriúria assintómica
*Prematuros até 28 semanas e 6 dias -A apresentação clínica é amplamente
de IG, menores de 1 ano variável, dependendo da faixa etária e da
*Crianças portadoras de cardiopatia localização da infecção
congênita com repercussão hemodinâmica *Em lactentes, a febre pode ser o
demonstrado até o 2º dia de vida único sinal clínico, e nos menores de 3 meses
*Crianças portadoras de doença os sintomas costumam ser inespecíficos
pulmonar crônica da prematuridade, *As crianças maiores, capazes de
independentemente da IG, até o 2º ano verbalizar suas queixas, podem apresentar
-A SBP recomenda, que sempre que sintomas típicos de ITU
possível, prematuros entre 29 e 31 semanas e -Na pielonefrite o quadro característico
6 dias de IG, menores de 6 meses, sempre que é de febre, prostração e dor lombar, e na cistite
possível, recebam a Palivizumabe observa-se disúria, polaciúria e urgência
-Já a bacteriúria assintomática (BA) é
Complicações definida como o crescimento bacteriano
-As complicações respiratórias são mais significativo na ausência de sintomas clínicos,
frequentes, seguidas das infecções, sem evidências que suportem a necessidade de
cardiovasculares, alterações eletrolíticas e tratamento
outras -RNs: apresentam-se geralmente como
-Alguns perfis clínicos apresentam maior um quadro séptico, como manifestações
frequência de intercorrências: prematuros, inespecíficas como insuficiente ganho de peso,
crianças com alterações cardíacas congênitas e anorexia, vômitos, dificuldade de sucção,
crianças com outras anomalias congênitas irritabilidade, hipoatividade, convulsões, pele
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acinzentada e hipotermia. Pode apresentar-se
com quadro menos agudo, predominando a
Diagnóstico
recusa alimentar, vômitos ocasionais, palidez Clínico
cutânea e icterícia
*Nesse grupo etário há alta -Além da história detalhada, o exame
probabilidade de bacteremia, sugerindo via físico deve ser completo, incluindo o
hematogênica de disseminação bacteriana, com crescimento ponderoestatural e o
alta frequência de mortalidade devido à desenvolvimento neuropsicomotor
disseminação processo infeccioso -A palpação abdominal pode revelar
estruturas indicativas de rins ectópicos, a
-Lactente: febre é a principal
presença de fecaloma e a palpação das lojas
manifestação, muitas vezes o único sinal de ITU.
renais um aumento de volume dos rins, como na
Pode ocorrer hiporexia, vômitos, dor abdominal
hidronefrose
e ganho ponderoestatural insatisfatório.
-Na pielonefrite aguda, a punho-
Raramente há sinais ou sintomas ligados ao trato
percussão lombar revela de desconforto a forte
urinário como polaciúria, gotejamento urinário,
reação dolorosa (Giordano positivo)
disúria, urina com odor fétido, dor abdominal ou
-É importante a observação do jato
lombar
urinário para avaliar a continuidade, o volume e
-Pré-escolares e escolares: febre é a força de expulsão. Gotejamento e jato fino e
também um sinal frequente associado aos sinais curto podem sugerir obstrução baixa, disfunção
e sintomas relacionados ao trato urinário. Os vesical ou válvula de uretra posterior nos
quadros com maior acometimento do estado meninos
geral, adinamia, calafrios, dor abdominal e nos -É sempre necessário descartar a
francos sugerem pielonefrite aguda presença de vulvovaginite ou de balanopostite,
*Sintomas como enurese, urgência, porque podem levar a resultados falso-positivos
polaciúria, disúria, incontinência e/ou retenção no exame de urina
urinária com urina fétida e turva podem
corresponder a um quadro de cistite Laboratorial
*A presença de disúria nem sempre é -A adequada coleta de urina é essencial.
ITU, podendo ser determinada por Sempre avaliar as condições de higiene e
balanopostites e vulvovaginites normalidade da genitália, coletar a amostra no
-Adolescentes: a sintomatologia mais laboratório, procedendo a limpeza da genitália
comum é a disúria, polaciúria e dor à micção, com água, sem antissépticos
podendo ocorrer também urgência miccional, -O melhor método é controverso. Nos
hematúria e febre pacientes com controle miccional, o jato médio
*No sexo feminino pode-se encontrar é o modo ideal de coleta de urina para ambos
a chamada “síndrome de disúria-frequência”, os sexos, com intervalo mínimo de 2h desde a
com sensação de queimação ao urinar, última micção. Naqueles sem controle, pode ser
desconforto suprapúbico e frequência urinária de 4 maneiras:
aumentada *Eliminação espontânea: algodão ou
gaze embebido em soro fisiológico frio ou gelado
para fazer a estimulação na região suprapúbica.
Deve-se deixar a criança em decúbito dorsal e
fazer a higiene habitual da genitália. Colher a
urina logo após a saída do 1º jato (jato médio)
*Saco coletor: deve haver os cuidados
de higiene e perfeita adaptação do adesivo no
contorno da genitália e com trocas a cada 30
minutos, até que a amostra seja obtida. É a
técnica mais fácil e mais frequentemente usada,
principalmente nos cuidados primários, porém
tem alta taxa de culturas falso-positivas devido
à contaminação por bactérias da região
periuretral
Marina Ferrari – MD8
*Cateterismo vesical: é invasivo, urina de um número igual ou superior a
agressivo, podendo lesar a mucosa uretral, 100.000 UFC de uma única bactéria
oferece menos segurança, é desconfortável e -A maioria dos episódios de ITU é
pouco prático. Está indicado nas crianças com causada por bacilos gram-negativos aeróbicos,
retenção urinária, desde que não apresentem conhecidos como enterobactérias: Escherichia,
vulvovaginite ou balanopostite Klebsiella, Enterobacter, Citrobacter, Proteus,
*Punção suprapúbica (PSP): método Serratia e outros menos frequentes
invasivo, embora seja uma prática segura. Está -Outros exames laboratoriais, como
indicada nos casos em que a coleta por via hemograma e PCR, podem estar normais ou com
natural suscita dúvidas (diarreia aguda, alterações indicativas de uma infecção
dermatite perineal, vulvovaginites e bacteriana aguda, principalmente em crianças
balanopostites). A técnica consiste na com idade mais baixa. A presença de leucocitose
introdução de uma seringa 2cm acima da sínfise e de PCR elevada sugere pielonefrite aguda
púbica
-A suspeita de ITU é baseada na história
clínica e no exame físico e o diagnóstico
confirmado pelos resultados laboratoriais
(cultura de urina)
Interpretação dos resultados
Exame de urina rotina
-A presença de leucócitos ou piócitos
(piúria) é muito sugestiva de ITU, principalmente
grupos de piócitos. Considera-se piúria a
presença de 5 ou + leucócitos por campo ou +
de 10 mil piócitos por mL
-A presença de cilindros piocitários
sugere processo pielonefrítico, acometimento
infeccioso do parênquima renal
-Outras condições também podem
apresentar leucocitúria, geralmente com poucos
leucócitos, sem significar ITU: febre,
desidratação grave, inflamação de estruturas
contíguas como na apendicite, injuria química do
TU, glomerulonefrite e tumores
-Outros achados também são
importantes:
*A baixa densidade urinária, que pode Bacteriúria assintomática
significar um distúrbio da concentração urinária
a partir da infecção da medula renal, ou aporte -É a presença de “bacteriúria
hídrico excessivo significativa”em crianças sem nenhuma
*O pH alcalino, que pode advir de sintomatologia relacionada a ITU
uma infecção pelo Proteus, que possui a -O seu achado é ocasional ou em
habilidade de desdobrar a amônia, alcalinizando controles de crianças com história de ITU prévia
a urina -É caracterizada por 3 urocultura
*A albuminúria transitória, que pode consecutivas com “bacteriúria significativa” em
ocorrer na fase febril do processo ou nos casos um período de 3 dias a 2 semanas, podendo ser
de pielonefrite transitória ou persistente
*A hematúria microscópica, que -Geralmente desaparece em dias ou
também pode ocorrer nessas circunstancias semanas e dificilmente recidiva
-Já a bacteriúria assintomática
Urocultura persistente tende a permanecer por anos
-O diagnóstico de ITU é confirmado pela seguidos. É comumente encontrada em crianças
bacteriúria significativa, que é a presença na portadoras de meningomielocele, bexiga
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neurogênica e que necessitem de cateterismo -A bactéria que + causa ITU é a E.coli.
vesical de repetição Então, sulfametoxazol + trimetoprim e a
-As crianças com bacteriúria nitrofurantoína são boas escolhas. A melhora do
assintomática não devem ser tratadas, pois estado geral e o desaparecimento da febre em
podem desenvolver ITU sintomática e muitas 48-72h são indicativos de boa resposta. Caso
vezes com germes de virulência maior não haja resposta, sugere-se urocultura
*O tempo médio do tratamento deve
Tratamento ser de 10 dias, admitindo-se variação entre 7-
-Os objetivos do manejo são: (1) 14 dias
resolução dos sintomas agudos da infecção; (2)
reconhecimento imediato de bacteremia
concomitante, particularmente em bebês com
menos de 2 meses, (3) prevenção de dano renal
pela erradicação do patógeno, (4) identificação
de anormalidade do trato urinário e (5)
prevenção de infecções recorrentes
Alívio dos sintomas
-Instituir, de imediato, procedimentos
terapêuticos que visem aliviar os sintomas e -Para as crianças com grave
promover o bem estar do paciente acometimento do estado geral, especialmente
-A dor e a febre são tratadas com lactentes, com vômitos, desidratados e com
analgésicos e antitérmicos em doses usuais. distúrbios metabólicos, é necessário iniciar o
Caso haja disúria intensa, pode-se empregar tratamento parenteral até que as condições
antiespasmódico clínicas possibilitem a troca para medicação VO
-Quanto mais nova a criança, maior a *Nesse caso, as opções de
preocupação em detectar, precocemente, os antibioticoterapia podem ser: cefalosporinas de
sinais e sintomas de choque séptico ou 3ª geração (Ceftriaxona ou Ceftazidima), ou
hipovolêmico, secundários à disseminação do secundariamente os aminoglicosídeos
processo infeccioso (Gentamicina ou Amicacina)
-Manifestações sistêmicas, como baixa
aceitação VO e vômitos, devem ser tratadas com
reidratação
Tratamento erradicador
-A antibioticoterapia deve ser iniciada
imediatamente após a coleta da urina, pois a
demora para começar o tratamento é fator de
risco para lesão renal -Os RNs devem ser abordados de
-Crianças acima de 3 meses, sem sinais maneira específica. Deve-se iniciar o tratamento
de toxemia, com estado geral preservado, como para a sepse precoce, com a associação
hidratadas e capazes de ingestão oral devem de penicilina ou ampicilina com aminoglicosídeo.
receber tratamento ambulatorial. Porém, Naqueles em que as bactérias isoladas foram o
naquelas com febre alta, toxemiadas, Staphylococcus ou Enterococcus usar
desidratadas, e com vômitos persistentes, o vancomicina com aminoglicosídeo
tratamento inicial deve ser com a criança Tratamento profilático
hospitalizada
-Administração de doses subterapêuticas
-Os RN são considerados portadores de
de ATB ou quimioterápicos com a finalidade de
ITU complicada ou potencialmente grave,
manter a urina estéril e tentar prevenir recidivas
devendo iniciar o tratamento em nível hospitalar.
de ITU, para diminuir o risco de possíveis lesões
Nos lactentes jovens a internação também deve
do parênquima renal
ser considerada
-Indicações:
-Se a criança apresentar estado geral
preservado, pode-se aguardar os resultados de 1. Depois de completado o
urina rotina e gram para avaliar a abordagem tratamento da ITU e no decorrer da investigação
Marina Ferrari – MD8
de possíveis alterações morfofuncionais do trato intolerância gástrica), principalmente no início
urinário do tratamento e a associação sulfametoxazol +
2. Quando do diagnóstico de trimetoprim
anomalias obstrutivas do trato urinário até a *Devido as efeitos colaterais, devem
realização da correção ser iniciadas em torno de 2 meses de idade,
3. Na presença de refluxo usando antes as cefalosporinas de 1ª geração
vesicouretral (RVU) de graus III a V
4. Nos casos de refluxos de graus I
ou II, com ITU de repetição ou com cintilografia
estática alterada
5. Nas crianças que apresentem
recidivas frequentes de ITU, mesmo com estudo
morfofuncional normal
-Dentre os fármacos, destacam-se a
nitrofurantoína (apesar da possibilidade de

-A investigação por imagens do trato


Avaliação morfofuncional urinário está indicada após o 1º episódio bem
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documentado de infecção urinária, em qualquer -Nos casos de ITU recidivante sem
idade e para ambos os sexos e se justifica pela investigação de imagem, deve-se realizar: US,
frequente associada de ITU a anomalias, UCM e cintilografia renal estática
principalmente RVU e os processos obstrutivos
-USG: método seguro, não invasivo, com
Meningites
capacidade de rastreamento do trato urinário
superior e inferior, e pode ser realizado na fase -Inflamação das leptomeninges
aguda do processo. Permite a avaliação da (aracnóide e pia-máter) que envolvem o cérebro
dinâmica das vias de drenagem e da micção e a medula espinhal
*É o exame de escolha para o início -Dentre as causas microbiológicas das
da investigação meningites, destacam-se os vírus, responsáveis
*Pode ser completada, incluindo a pela maioria dos casos, as bactérias, os fungos
investigação funcional da bexiga e a dinâmica da e os parasitas
micção, com estudo das repercussões na fase -Acomete indivíduos de todas as faixas
de enchimento e esvaziamento vesical etárias, sendo, entretanto, mais frequente em
crianças menores de 5 anos, especialmente em
-Uretrocistografia miccional (UCM): é o
lactentes de 3-12 meses de idade
método que melhor define a morfologia do trato
urinário inferior, com avaliação da uretra, da Etiologias
bexiga e dos ureteres. Deve ser realizada -A meningite viral é a forma mais comum
somente após o término do tratamento e mais leve da doença e frequentemente
erradicador, para evitar a disseminação da acomete crianças pequenas e bebês,
infecção e com a criança em uso de ATB especialmente no 1º ano de vida
-Urografia excretora: indicação restrita a *A melhora costuma ser espontânea,
situações especiais, como algumas em algumas semanas, sem necessidade de
malformações complexas com possibilidade de tratamento específico. Por outro lado, a
abordagem cirúrgica. Deve ser evitada na DRC, bacteriana é muito grave e deve ser tratada
nos pacientes com alergia aos contrastes iodado como uma emergencia médica
e nos RN e lactentes muito jovens -De modo geral, no período neonatal e
-RM e angiorressonância dos vasos até os 2 meses de vida, as bactérias que causam
renais: grande acurácia para identificação da meningites refletem a flora materna e o meio
anatomia do trato urinário, e estudo dos vasos em que os lactentes vivem, sendo as
renais, principalmente na identificação de vasos enterobactérias (E.coli, Klebsiella sp.,
anômalos que fazem compressão uretral Aerobacter, Salmonella sp., Proteus sp.), o
-Estudo urodinâmico: avaliação estreptococo do grupo B (Streptococcus
urológica da função vesical para estudar a agalactiae) e a Listeria monocytogenes os
capacidade, a pressão vesical, a atividade do principais agentes etiológicos
detrusor e da musculatura do assoalho pélvico. -A partir de 2 meses de vida, entre as
Está indicado nos casos de ITU associada a meningites bacterianas de causa determinada, 3
bexiga neurogênica agentes são responsáveis por mais de 90% dos
casos: Neisseria meningitides (meningococo),
Diretrizes para investigação Haemophilus influenzae tipo B (Hib) e
-Nas crianças abaixo de 2 anos, Streptococcus pneumoniae (pneumococo)
realizam-se US do trato urinário. Na presença de
alterações, procede-se à complementação com
UCM (uretrocistografia miccional), exames
cintilográficos (estática e/ou dinâmica), cuja
indicação dependerá da anomalia detectada
-Nos casos de RVU, deve ser avaliada a
presença de dano renal pela cintilografia
estática, realizada após 3 meses da cura da ITU.
Nos casos de hidronefrose e/ou suspeita de
obstruções, a dinâmica auxilia na diferenciação
da obstrução
Marina Ferrari – MD8
pior prognóstico; já as focais, de início tardio,
podem correlacionar-se com complicações
-Nas formas mais graves, o
comprometimento sensorial aprofunda-se com
o passar do tempo, observando-se então
irritabilidade, sonolência, delírio, torpor, coma e
até mesmo morte
-Choque e presença de exantema
petequial ou purpúrico são classicamente
associados à doença meningocócica, mas podem
também ser acusados pelo H. Influenzae ou pelo
S. Pneumoniae. Uma erupção maculopapular,
difícil de distinguir de um exantema de origem
Meningite Bacteriana viral, pode estar presente em até 15% das
crianças com meningococcemia
Patogênese -Há formas de evolução extremamente
-A meningite bacteriana se estabelece rápida, geralmente fulminantes, as vezes devidas
em sucessivas etapas: colonização nasofaríngea; somente à septicemia meningocócica, sem
invasão e sobrevivência intravascular; invasão meningite, e que se manifestam por sinais
meníngea e da barreira hematoliquórica; clínicos de choque e coagulação intravascular
mecanismos de defesa gerando resposta disseminada (CIVD), caracterizando a síndrome
inflamatória no espaço subaracnóideo; aumento de Waterhouse-Friderichsen
de pressão intracraniana, vasculite, alteração no *Trata-se de um quadro de instalação
fluxo sanguíneo cerebral e lesão neuronal repentina, com palidez, sudorese, hipotonia
-A meningite bacteriana resulta, mais muscular, taquicardia, pulso fino e rápido, queda
frequentemente, da disseminação hematogênica de pressão arterial, oligúria e má perfusão
de micro-organismos de um local distante de periférica
infecção -Os achados do exame físico do doente
-Com menor frequência, a meningite com meningite são: febre, hiperestesia difusa,
pode ocorrer após invasão bacteriana de um rigidez de nuca acompanhada de dor ao tentar
processo infeccioso adjacente às meninges, a manobra, e os clássicos sinais de Kernig,
como as sinusites, otites médias agudas, Brudzinski e Lasègue. Muitas vezes a posição
mastoidite, celulites orbitárias e osteomielite antálgica assumida pelo paciente
craniana ou vertebral -No pré-escolar e no escolar o quadro
-Pode ainda acontecer invasão direta do clínico é semelhante àquele observado no adulto.
SNC pela bactéria, após TCE com fratura óssea Abaixo dos 3 meses de vida, e, sobretudo no
da calota e da base do crânio período neonatal, a suspeita de meningite torna-
se mais difícil, pois a sintomatologia e os dados
Quadro clínico de exame físico são os mais diversos possíveis:
-Os sinais e sintomas dependem da idade no RN a febre nem sempre está presente,
e da duração da doença observando-se muitas vezes hipotermia, recusa
-A doença inicia-se, em geral, de modo alimentar, cianose, convulsões, apatia e
agudo, com a clássica tríade sintomatológica: irritabilidade que se alternam e, respiração
febre, cefaleia e vômitos irregular e icterícia
-O quadro pode se instalar em algumas -A pesquisa de sinais meníngeos é
horas, já de início abrupto, ou mais extremamente difícil, e a rigidez de nuca nem
paulatinamente, em alguns dias, acompanhando- sempre está presente. Nessas circunstâncias, é
se de manifestações como fotofobia, calafrios, de grande valor o exame da fontanela
inapetência, sensação de mal-estar com dores bregmática: abaulamento e/ou aumento de
pelo corpo, mialgia, raquialgia, queda da tensão da fontanela, aliados à febre,
acuidade visual e depressao do sensório irritabilidade, gemência, inapetência e vômitos,
-Convulsões generalizadas, de início induzem fortemente à suspeita clínica de
precoce (até 2º dia), estão presentes em 20- meningite
30% dos casos, não sendo relacionadas com
Diagnóstico
Marina Ferrari – MD8
-Deve ser seguido imediatamente por -Exame citológico: tipicamente se
comprovação laboratorial, que será feita encontra hipercelularidade, geralmente acima de
mediante punção lombar para colheita e exame 1000/mm3, com predomínio de
do LCR polimorfonucleares neutrófilos
-Este procedimento deverá ser feito *Admite-se como normal até 30
imediatamente, exceto quando o paciente células no LCR de RN e até 5 células em
apresentar sinais neurológicos focais e sinais crianças maiores e adultos
evidentes de hipertensão intracraniana ou edema -Exames bioquímicos:
cerebral agudo *Glicose: no LCR a glicose equivale a
*Em crianças com insuficiência aproximadamente 2/3 da glicemia do indivíduo
respiratória aguda ou hipotensão o *Cloretos: de modo geral sofrem
posicionamento para a punção pode diminuição nas MB
comprometer a ventilação e o débito cardíaco *Proteínas: a proteinorraquia
-Em pacientes com trombocitopenia encontra-se elevada (média: 100-200 mg/dL)
grave ou distúrbios da coagulação, também se -Exame bacterioscópico direto, pelo
deve adiar a punção até tenha havido correção método de gram: em geral é positiva em elevado
desses distúrbios
percentual das crianças com meningite por
-Pode também ocorrer a presença de
pneumococo, meningococo e por bacilos gram-
infecção da pele (celulite ou abscessos) que
negativos
recobre as vértebras lombares, fazendo com que
-Diagnóstico etiológico:
a punção seja postergada
-O motivo que postergue a coleta do *Cultura: tradicionalmente, o
LCR jamais deve prorrogar a introdução do ATB diagnóstico etiológico de certeza da MB é feito
pela demonstração da bactéria no LCR, por meio
-Além disso, deve-se sempre proceder à
coleta de hemocultura antes de iniciar a de cultura; que é um exame obrigatório e
terapêutica imprescindível, mesmo nos casos com líquor
límpido e cristalino. Pode ser negativa em
LCR crianças que receberam antimicrobianos antes
-Aspecto: levemente turvo a francamente da coleta
purulento. Porém, um líquor límpido não afasta *Detecção de antígenos bacterianos
a possibilidade de meningite purulenta. A no LCR: contraimunoeletroforese (CIE) e o teste
turgidez liquórica pode ser decorrente da do látex. A CIE permite diagnóstico em menos
própria pleocitose (acima de 200 de 1h
leucócitos/mm3) *PCR: identificação do DNA
bacteriano no LCR

-Deve-se sempre manter boa


Tratamento permeabilidade de vias aéreas e usar oxigênio
Cuidados gerais quando necessário
-FC, PA e FR devem ser monitoradas
-O início do tratamento do paciente com
-Avaliação neurológica (reflexos
meningite bacteriana, especialmente nos
pupilares, nível de consciência, força motora,
lactentes, deve ser feito em UTI ou semi-
pares cranianos, convulsões) deve ser realizada
intensiva
com frequência, principalmente durante as
Marina Ferrari – MD8
primeiras 72h, quando o risco de complicações -Recomenda-se o uso de dexametasona
é maior 0,15mg/kg IV, de 6/6h (0,6 mg/kg/dia) por 2
-Hidratação parenteral: deverá ser feita dias, para o tratamento de MB em crianças
procurando corrigir os eventuais distúrbios maiores de 6 semanas
hidroeletrolíticos e do equilíbrio ácidobásico. Antibioticoterapia
Pacientes em choque séptico deverão receber
reposição de volume e drogas vasoativas -0 a 60 dias: Ampicilina (200-300
-Nos pacientes sem sinais de mg/kg/dia, dividida de 6/6h) + Cefotaxima
desidratação que apresentarem manifestações (200mg/kg, dividida de 6/6h)
sugestivas da síndrome de secreção inapropriada -Maiores de 2 meses: Vancomicina (60
do hormônio antidiurético, recomenda-se mg/kg dividida de 6/6h) + Ceftriaxona
restrição de líquidos para 2/3 a ¾ das (100mg/kg, dividida de 12/12h)
necessidades diárias de água Em lactentes até 60 dias de idade
-Em caso de hipertensão intracraniana: -Nessa faixa etária deve-se utilizar a
elevação da cabeça, uso de manitol (0,5-2g/kg) associação da Ampicilina com uma Cefalosporina
quando ocorrem sinais de gravidade (apneia, de 3ª geração (Cefotaxima)
bradicardia, miose ou midríase). IOT imediata em -Ceftriaxona deve ser usada com muita
caso de herniação cautela no período neonatal. Pode deslocar a
Corticosteroides bilirrubina, causando maior risco de kernicterus
e o surgimento de “barro”biliar com risco de
-A resposta inflamatória no espaço
coledocolitíase e pseudolitíase
subaracnóideo é um fator determinante para a
-Nas meningites que ocorrem nos
morbidade e mortalidade. Então, a sua
primeiros 2 meses de vida, outra opção é iniciar
atenuação, pode ser efetiva em reduzir várias
o tratamento com associação de Ampicilina com
consequências da MB, como edema cerebral,
um Aminoglicosídeo (Gentamicina ou
aumento da PIC, alteração do fluxo sanguíneo
Amicacina)
cerebral, vasculite cerebral e lesão neuronal
-Quando o diagnóstico etiológico for
-Estudos mostram que o uso da
estabelecido pelo LCR, deve-se ajustar o
dexametasona, antes ou junto com a 1ª dose do
esquema ou a droga, sendo que sua escolha
ATB, diminui, de forma significativa, a incidência
estará na dependência do antibiograma
de sequelas neurológicas e de deficiência
auditiva

Crianças com + de 2 meses


Marina Ferrari – MD8
-Deve ser iniciado com Vancomicina 2. Falha na esterilização liquórica
associada a Cefalosporina de 3ª geração 3. Identificação de pneumococo com
(Ceftriaxona ou Cefotaxima) CIM ≥ 4 mcg/mL para Cefotaxima ou
-Deverá ser adicionada a rifampicina ao Ceftriaxona
esquema: -Assim que obtiver o resultado da
1. Piora clínica após 24-48h de cultura, o esquema antibiótico deve ser
terapia com Vancomicina e Cefalosporina de 3ª reavaliado e direcionado
geração

-Outros antibióticos podem, *Em infecções causadas por


eventualmente, ser utilizados no tratamento pneumococo resistentes aos ATB beta-
empírico inicial, como uma Cefalosporina de 4ª lactâmicos
geração (Cefepima) ou um carbapenêmico
(Meropenem) Duração do tratamento
-Nos casos de pacientes com história de -Varia de acordo com o agente isolado e
anafilaxia aos beta-lactâmicos, pôde-se usar no a resposta clínica
tratamento empírico inicial o cloranfenicol ou a
associação de Vancomicina com rifampicina
-Nas meningites em pacientes com
imunodeficiência celular deve-se empregar a
associação de Ceftazidima com Ampicilina. E nas
meningites pós-TCE ou pós-cirurgia, a
associação de Ceftazidima com Vancomicina
Controle do tratamento
-Em pacientes que apresentarem
resposta adequada ao ATB, a coleta de LCR Quimioprofilaxia
controle não está indicada -Está indicada na doença meningocócica
-Indicações de LCR controle: e na meningite por Hib
*Quando o paciente não apresentar -Na doença meningocócica, está indicada
resposta adequada após 48h de ATB para todos os contatos íntimos durante os 7 dias
*Em lactentes menores de 2 meses; antes da doença. Deve ser iniciada 24h após o
em pacientes com meningite por gram- contato
negativos *A droga é a rifampicina, na dose de
10mg/kg (máximo de 600mg), de 12/12h, por
2 dias
Marina Ferrari – MD8
*Para RN usa-se 5mg/kg, de 12/12h -Deve ser feito em casos de meningite
*Alternativamente, pôde-se empregar pelo vírus da caxumba enquanto durar o
o Ceftriaxona 125mg IM, em dose única para aumento das parótida ou até 9 dias do início de
menores de 15 anos e 250 mg, nos com 15 doença
anos ou mais
-A profilaxia da infecção invasiva por Hib
Encefalite Viral
é feita para todos os contatos domiciliares -É um processo inflamatório que ocorre
íntimos no parênquima encefálico
*Emprega-se rifampicina 20mg/kg -Tem início agudo, determinando febre,
(máximo de 600 mg), 1x/dia, por 4 dias alteração do nível de consciência, convulsões
e/ou sinais focais neurológicos associados à
Meningite Viral infecção viral
-Comum em crianças > 1 ano, -Representa a manifestação mais grave
adolescentes e adultos jovens no SNC
Etiologia Quadro clínico
-+ comuns: caxumba, Epstein-Baar -Depende do tipo de células infectadas e
(mononucleose), CMV, HIV, enterovírus, de sua suscetibilidade à infecção
Cocksackie, echovirus -Em geral, além do quadro febril agudo,
-No lactente, a presença de meningite surge alteração do nível de consciência, podendo
com o líquor claro nos faz sempre pensar em evoluir de confusão mental para torpor e coma
comprometimento sifilítico -Sinais comuns incluem paresia,
-No adulto jovem e sexualmente ativo, a hiperreflexia profunda e sinal de Babinski
pesquisa de HIV é mandatória -Cefaleia, sinais neurológicos focais e
convulsões ocorrem com frequência
Quadro clínico -Distúrbios do comportamento, da
-Náuseas, vômitos, cefaleia, diarreia, rash personalidade, disfunção cognitiva, movimentos
maculopapular, infecção respiratória alta pode involuntários, ataxia, mioclonia são
preceder o quadro, alteração do nível de ocasionalmente relatados
consciência
-O aumento das parótida pode preceder, Exame de imagem
ser concomitante ou aparecer durante a -A TC e/ou RM do encéfalo podem
convalescença da meningite por paramixovírus revelar edema difuso, captação de contraste
-Determinados vírus comprometem o cortical e subcortical e lesão focal
encéfalo preferencialmente, como é o caso do Tratamento
herpes-simples (encefalite com acometimento
preferencial do lobo temporal) -Medidas de suporte para controle da PA
e da temperatura, desobstrução de vias aéreas,
Diagnóstico laboratorial monitoração cardíaca, controle da PIC e de
-Cultura do líquor sintomas que ocasionalmente possam colocar o
-Sorologia pareará, com intervalo de 10 paciente em risco de vida
a 14 dias entre as amostras de sangue -O tratamento com aciclovir necessita
-Coprocultura para vírus (na suspeita de ser iniciado o mais breve possível nos casos de
enteroviroses) suspeita por HSV-1, HSV-2 e VZV
-Cultura de secreções da nasofaringe *A dose é 10mg/kg de 8/8h, IV
(até 3 dias de início da doença) durante 14 a 21 dias
Tratamento
-Na maioria das vezes é de suporte: Síndrome Convulsiva
1. Reposição hidroeletrolítica -Epilepsia: é uma doença cerebral
2. Controle das convulsões, quando caracterizada por 1 das seguintes condições:
presentes *Ter no mínimo 2 crises não
3. Corticoides provocadas (ou reflexas) ocorrendo em intervalo
superior a 24h
Isolamento respiratório *Ter 1 crise não provocada (ou
reflexa) com probabilidade de recorrência
Marina Ferrari – MD8
*Diante do diagnóstico de uma -As convulsões febris ocorrem durante
síndrome epiléptica infecções virais ou bacterianas. Vacinação para
-Estado de mal epiléptico (EME): é a sarampo, caxumba e rubéola pode ser a causa
emergência neurológica mais frequente em da febre
crianças, e nele, claramente, o tempo está -Classificação:
relacionado com alta morbidade e mortalidade. *Crises febris simples: são
Para definição consideram-se 2 tempos generalizadas e têm curta duração (< 15
operacionais: T1 (tempo que se considera uma minutos); habitualmente não ocorrem mais de 1
crise como anormalmente prolongada e que vez em 24h e resolvem espontaneamente
determina o início do tratamento) e T2 (tempo *Crises febris complexas: são mais
no qual o tratamento deve ser agressivo para duradouras, têm sintomas focais (no início ou
prevenir as consequências) durante a convulsão) e podem recorrer dentro
*EME convulsivo generalizado: crises de 24h ou na mesma doença febril
tônico-clônicas, tônicas ou clônicas, sempre -Estado epiléptico febril: caracterizado
com perda da consciência - 5 minutos para T1 por convulsões contínuas ou intermitentes com
e 30 minutos para T2 duração ≥ 20 minutos, sem recuperação do nível
*EME focal com alteração de de consciência entre elas, e geralmente requer
consciência: episódios contínuos ou repetitivos a administração de anticonvulsivante para sua
de crises focais motoras, sensitivas ou com interrupção
sintomas cognitivos acompanhados de alteração
da consciência - 10 minutos para T1 e mais de Diagnóstico
60 minutos para T2 -As convulsões são diagnosticadas como
*EME de ausência: crises febris após a exclusão de outras causas
generalizadas, com alteração de consciência, -Exames de rotina não são necessários
mas não necessariamente perda - 10-15 para convulsões febris simples, exceto para
minutos para T1 diagnosticar a origem da febre. Mas se as
crianças têm convulsões complexas, período
Convulsão Febril pós-ictal prolongado, déficits neurológicos ou
-Um evento na 1ª infância ou na infância sinais de uma doença grave subjacente, é
que geralmente ocorre entre 3 meses e 5 anos necessário prosseguir com a investigação
de idade, associado a febre, mas sem evidências
de infecção intracraniana ou causa definida para Exames laboratoriais
sua convulsão -Análise do líquor para excluir meningite
e encefalite em crianças menores que 6 meses,
Epidemiologia caso estejam presentes sinais meníngeos, sinais
-As convulsões febris são as crises de depressão do SNC ou que têm convulsões
convulsivas mais comuns após vários dias de doença febril; crianças que
-A idade de pico é de 18 meses, com não estão totalmente imunizadas ou em uso de
cerca de 80% das crises febris ocorrendo entre ATB também
1-3 anos de idade -Testes de função hepática e renal e dos
-No BR, a prevalência é de 6,4% níveis séricos de glicose, sódio, cálcio, magnésio
e potássio se houver história recente de vômitos,
Clínica diarreia ou ingestão de líquidos escassa; se
-Em geral, as convulsões febris ocorrem houver sinais de desidratação ou edema; ou se
no início da rápida elevação da temperatura e a ocorrerem convulsões complexas
maior parte das 24h do começo da febre -Exame de imagem (TC ou RM de
-As convulsões são tipicamente crânio) se o exame neurológico apresentar
generalizadas anormalidades focais ou se características focais
-Um período de sonolência após o evento durante a convulsão ou período pós-ictal
ictal de alguns minutos é comum, podendo durar -EEG se convulsões febris têm
até algumas horas. Se o período pós-ictal for características focais ou são recorrentes
prolongado ou se as crises tiverem
características focais, é importante avaliar a Fatores de risco
presença de doença aguda subjacente do SNC -Doenças virais, certas vacinas e
predisposição genética são fatores de risco
Marina Ferrari – MD8
comuns que podem afetar um SN vulnerável em -Na fase aguda, o tratamento é
desenvolvimento sob o estresse de uma febre direcionado a identificar a causa da febre e
-Outros fatores de risco incluem tratamento sintomático. Deve-se garantir
exposições no útero, como tabagismo e estresse hidratação adequada, e analgésicos podem ser
materno; internação em UTI neonatal por + de administrados
28 dias e atraso no desenvolvimento -FAC para uso de longo prazo
geralmente não são prescritos como profilaxia
-Benzodiazepínicos podem ser usados
em crianças que apresentam crises frequentes
em um curto período ou para crises que durem
mais de 15 minutos, ou se drogas antiepilépticas
foram previamente necessárias para interromper
as convulsões
Recorrência e epilepsia Tratamento de crises
subsequente prolongadas
-Em geral, a frequência da recorrência -A terapia medicamentoso é geralmente
das convulsões febris é de aproximadamente IV com benzodiazepínico de ação rápida
35% (Midazolam ou Diazepam)
-O risco de recorrência é mais elevado -Fenitoína, na dose de 15-20mg/kg, IV,
em crianças com menor de 1 ano de idade na deve ser administrada durante 15-30 minutos
ocasião da 1ª crise ou na presença de familiar se a convulsão persistir
de 1º grau com crises febris -Em crianças de até 5 anos, pode-se
administrar 0,5mg/kg de diazepam retal 1 vez
Sequelas neurológicas e repetir de 4-12h se o benzodiazepínico não
-Convulsões febris simples não causam puder ser administrado via IV
anormalidades neurológicas. Porém, em algumas -Nos casos em que a resposta à
crianças com distúrbio neurológico não medicação não for imediata e a convulsão
reconhecido, uma convulsão febril pode ser a 1ª persistir, a IOT poderá ser necessária
manifestação da doença
-Estado de mal epiléptico febril pode Prevenção
estar associado a alterações no hipocampo -Deve-se aconselhar os pais a monitorar
atentamente a temperatura durante episódios
Tratamento febris e a administrar antipiréticos se estiver alta
-Pacientes com crises febris não devem -O uso de midazolam bucal ou retal pode
ser hospitalizadas se o exame clínico for normal ser utilizado em casos específicos como terapia
e se a fonte da infecção for clara. A criança pode de resgate
receber alta após um período de observação
-A maioria dos episódios é de curta
duração, autolimitando e não requer tratamento
de longo prazo com drogas antiepilépticas
-No episódio agudo no PS, as indicações
para administração de fármacos anticrise (FAC)
são: convulsões com duração superior a 5
minutos, convulsões recorrentes e estado de mal
-Hospitalização para observação é
necessária quando uma criança apresenta sinais
e sintomas de alerta, ou achados neurológicos
residuais, por exemplo, a paralisia transitória de
Todd; se há suspeita de infecção grave, ou a
fonte de infecção não está claramente
determinada; se a idade é inferior a 18 meses,
ou se os pais não são capazes de fornecer
monitoramento regular após a crise

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