Há pacientes que cursam com febre e tem
os que cursam com dores articulares, daí o nome
febre reumática. Com o passar do tempo e o
conhecimento adquirido da doença, observou-se
que nem todos os pacientes tinham febre e nem
todos tinham dores articulares. Mas, por
convenção histórica, ficou esse nome.
A febre reumática é uma doença
sistêmica; sendo mais enfático, é uma doença
multisistêmica, pelo fato de atacar vários órgãos,
como a pele. A FR pode causar problema de pele,
pode causar problema no coração, assim como
pode ocasionar problema nas articulações.
Para ter a FR, tem que ter uma origem.
Essa origem se dá pela cavidade oral, por ela que
entra o agente responsável por essa doença. Mas
a pessoa apresenta FR porque ela apresenta
alteração no próprio sistema imunológico. Não
se nasce com essa alteração e é uma minoria das
pessoas.
A febre reumática é uma doença
multisistêmica que aparece devido a uma
bactéria. A bactéria é o agente etiológico dessa
doença. Se é uma bactéria, o tratamento é com
antibiótico.
É uma doença classicamente
inflamatória. Tem inúmeras características, mas
a principal é ser uma doença inflamatória.
Cardiologia – Febre R eumática
Como toda inflamação, é fácil entender
que, ao pedir os exames laboratoriais (que são
exames que avaliam o fator inflamatório) vão
estar alterados.
Os exames mais comuns são o PCR, VHS.
Velocidade de hemossedimentação e proteína C
reativa são exames altamente sensíveis, porém
altamente inespecíficos, pois não vem com
parâmetro inflamatório. E essa é uma doença
inflamatória.
Essa é a origem de tudo. Uma inflamação
na região da úvula. A faringoamigdalite tem que
existir para iniciar esse processo. Mas não é
qualquer amigdalite, deve ser faringoamigdalite
com complicação na tuba (?).
Essa bactéria específica, observou-se que
ela produziu um pus (?).
O nome desse formato é estreptos, o
nome do formato é cocos (de redondo), por isso
se dá estreptococos. É um
estreptococo beta-hemolítico do
grupo A de Lancefield (EBHGA):
Streptococcus pyogenes.
P á g i n a 1|9
 Muita gente acha que Lancefield era um
homem, pois medicina era só pra homens. Mas
ela estudava e sabia. Depois de morta, a grande
cientista Rebecca Lancefield foi reconhecida.
Ela pegou bactérias que produziam pus e
bactérias que não produziam pus. Foi visto
primeiro os beta-hemolíticos do grupo A,
chamados de Streptococcus pyogenes.
Tem que ter a inflamação na amigdala e
essa inflamação tem que ser desse fator. Tem
também que ter uma alteração genética para ter
a doença. É uma inflamação seguida de infecção.
Toda inflamação pode ser estéril ou não; se for
estéril não tem pus, nesse caso os estreptococos
produzem. A doença acontece em quem tem pré-
disposição.
É uma doença de países
semidesenvolvidos, doença de país de 3º mundo.
Tudo depende da resposta imunológica.
Tem a resposta celular e a resposta
humoral. Observem que tem que ter um
problema na resposta, sendo que apenas 3% das
pessoas o apresentam; ou seja, 97% das pessoas
não vão ter, pois não tem essa resposta anormal.
Resposta anormal é ter uma bactéria, o
organismo tentar vencer, mas não consegue.
Então tem que ter uma infecção de
garganta, que tem que ser por esse germe (S.
Cardiologia – Febre R eumática
pyogenes) e tem que estar dentro dos 3%, tem
que ter uma resposta anormal. Como falamos, há
o sistema imunológico celular e humoral e basta
um deles ter problema para estar dentro dos 3%.
Podemos perceber que quando a
resposta é no sistema celular é um quadro clínico
e quando é no humoral é outro quadro clínico.
A FR é uma doença muito sistêmica. A
região oral é terra de ninguém, pode ser do
otorrino, do buco-maxilo, do dermato, do
pediatra.
15 a 20% de quem tem farngoamigdalite é
pelo EBHGA.
É de 2 a 3 semanas após a infecção na
orofaringe. Depois desse período começa a
aparecer problema que não é simples.
Dependendo da alteração, tem um
comprometimento clínico diferente.
Se o problema for celular, vai ter
problema no coração, vai ter cardite e nódulos
subcutâneos.
Se o problema for humoral, pode-se até
ter uma coréia, que é um transtorno neurológico
que afeta a coordenação motora de 20 a 40%,
deixando os movimentos incoordenados e
involuntários.
Então, por que que tem um nome
australiano? É pelo tipo específico de coréia.
Coréia de Sydenham é patognomônica da febre
reumática. Basta o paciente ter essa coréia, que
fica claro que aquele paciente tem febre
reumática.
Então, nós observamos que, o diagnóstico
também pode ser através de lâmina, porque
existe uma fração típica da febre reumática, e
aqui nós observamos apenas por efeito de prova,
P á g i n a 2|9
porque não há nenhum conhecimento agregado
em saber se o nódulo da pessoa é
patognomônico da doença, mas como ainda vão
fazer prova de residência, em que eles terminam
botando questões absurdas de grandes e lá no
meio eles Aschoff, a resposta é febre reumática.
Então, vejamos:
• Patognomônicos da doença;
• Agregados de células semelhantes a
macrófagos e monócitos;
• Exercem a função de células apresentadoras
de antígeno.
Como que se pode fazer esse diagnóstico na
prática se nem todo lugar tem lâmina?
O diagnóstico é clínico. Quanto a esses
critérios, tem-se os maiores, que lembram a
doença e os menores, que são avisos genéricos,
como por exemplo a febre. Vejamos:
Critérios de Jones modificados (1992):
Cardiologia – Febre R eumática
Vejamos que, o nome é poliartrite
(inflamação de várias articulações) e não
artralgia, porque artralgia é só a dor e isso é
muito subjetivo, sendo um critério menor. E por
que não é artrite? Porque nunca se tem só uma
articulação acometida, sempre tem mais de uma.
É interessante lembrar que, pode-se ter
esse diagnóstico quando se lembra do ano de
2012, porque se tem 2 critérios maior, não precisa
ter um menor. Logo, 2 serve, 2012, eu tenho 1
maior e eu tenho que ter 2 menores. Então,
quando eu pego o número 2012 eu consigo
fechar o diagnóstico de febre reumática.
Esses critérios são para dar o diagnóstico
da primeira vez, da pessoa que não teve ainda
febre reumática, que não tem sequelas de febre
reumática.
E de todos os critérios, o único, que
sozinho já dá o diagnóstico de febre reumática é
a coréia de Sydenham.
Lembrando, 2 critérios maiores e nenhum
menor ou 1 critério maior e 2 menores. 2012.
Esses critérios de Jones são o padrão ouro
para o diagnóstico da febre reumática. Não se
utiliza esse método de diagnóstico na seguinte
situação: paciente já teve uma febre reumática e
ele ta em reativação da doença.
Abaixo nós vemos que realmente há
recorrência dessa doença, não é igual catapora,
pegou não pega mais, tem recorrência, e aqueles
critérios são utilizados no primeiro surto, só pra
isso que foi posto esse slide e o nome da Coréia,
vejamos:
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 Agora, serão discorridos um pouco mais como característica a assimetria. O paciente diz
alguns dos critérios maiores: que ta com dor, mas consegue fazer o movimento,
mas ele diz que a dor é intensa, essa é a
desproporção da intensidade da dor. Então, essa
é a típica poliartrite.
• É a manifestação mais frequente (60 a 85%);
Observe, que nós estamos falando de
• Mas, tem que lembrar que é uma poliartrite,
inflamação, dor é artralgia, e artralgia é subjetivo.
são 2 ou mais articulações;
Então, é preciso ir atrás dos sinais logísticos nas
• Nas primeiras 48h a dor é mais intensa;
articulações acometidas.
• Regride em 1 semana;
• Responde aos AINH (autolimitada e sem
sequelas);
• Poliartrite, migratória e assimétrica,
acometendo grandes articulações;
• Desproporção da intensidade da dor. • Ocorre em 40 a 70% dos episódios agudos de
FR;
Então, é uma artrite autolimitada,
• Manifestação mais grave da doença;
aparece, até 2 dias piora e vai melhorando, apesar
• Acometimento pericárdico não é comum e
do médico. Poliartrite autolimitada. Uma outra
não ocorre isoladamente (associado a
característica importante, é que é uma poliartrite
Doença Valvar).
de grandes articulações. É uma poliartrite
migratória, ou seja, o paciente pode ta com dor no É a manifestação mais grave da doença,
joelho e no cotovelo esquerdo, depois no outro não mecha com o coração pois pode dar
dia foi pro outro joelho e pro outro cotovelo, e vai hemólise.
migrando de articulação pra articulação, essa é a
Cardite é a mais grave, e não demora
poliartrite, critério maior da febre reumática.
muito a ocorrer. Metade dos casos são episódios
Observa-se que, se der qualquer anti- agudos. É interessante que, ela geralmente
inflamatório ela vai melhorar. E quando foi dito preserva o pericárdio, ela acomete as valvas,
que a dor está em um joelho de um lado e no principalmente a valva mitral.
cotovelo do outro, o que eu quis dizer foi, que tem
Cardiologia – Febre R eumática P á g i n a 4|9
 Quando corrói a valva mitral, destrói essa
valva. A terceira possibilidade é que ela possa
destruir, além da mitral, a valva aórtica. Sendo Existem 2 coisas muito importantes de se
que quando ela destrói a mitral isoladamente ou lembrar nesse eritema:
a Mitral + Aorta, faz com que repita os ciclos.
1. Saber se há coceira/prurido
É importante saber para ter noção onde 2. Se tem a ver com o sol?
procurar: valva mitral ou aorta, destruindo esse
complexo valvar. Por isso que é a manifestação Geralmente ocorre no tórax, abdome e no
dorso (regiões que normalmente não tem tanto
mais grave, é a segunda causa de mais doenças
contato com o sol), não tem prurido. São
no coração do Brasil. Isso é um novo critério
maior. maculas róseas com centro claro.

Em 2012, dois critérios maiores já fechava

o diagnóstico.

É uma manifestação diferente da cardite.

Sua presença é indicativa de FR. É uma
É uma manifestação rara (<3%). Um
manifestação tardia da doença, ocorre com 7
dermatologista vai achar bastante parecido com
meses após a infecção da orofaringe.
uma tinea (mas a tinea tem coceira e esse
As principais características dessa eritema marginatum não).
manifestação são os movimentos desordenados
e involuntários, principalmente na musculatura
da face (o paciente fica fazendo muitas caretas) e
membros que desaparecem durante o sono.
É outra manifestação rara (<5%) e se
A presença de febre é rara. É um processo
aparecer ocorre na fase tardia, tem essas
inflamatório dos núcleos da base.
similaridades com o eritema.
OBS.: É importante nos atendimentos, em UPAs,
São nódulos duros, indolores, móveis sob
prestar atenção na face das crianças, pois a face
a pele, não pruriginosos.
pode falar muito em um quadro de febre
reumática. Ocorre principalmente em cotovelos,
punhos, joelhos, tornozelos e região occipital.
OBS.: A febre reumática só se reativa se houver
uma nova infecção. É importante lembrar que o paciente não
vai sentir dor com esses nódulos, com o eritema
a mesma coisa não vai haver dor. A corei também
não tem risco (pois dá medicação e melhora o
quadro), então o mais grave o acometimento do
coração é a única manifestação que tem que
operar.
Cardiologia – Febre R eumática P á g i n a 5|9

A Benzetacil é uma boa alternativa, mas
antes de falar dela é importante falar antes das
manifestações.
A poliartrite migratória assimétrica em
grandes articulações, apesar do médico se
resolve em 1 semana, mas receitar um
medicamento ajuda, principalmente se for um
anti-inflamatório pois é uma artrite, qualquer
anti-inflamatório ajuda.
Na cardite há uma diminuição do
processo inflamatório, lembrando que a cardite
preserva o pericárdio e destrói as valvas. Muitas
vezes tem que se fazer um curso de corticoides
com a metilpredinizolona no paciente. É a
manifestação mais grave.
A coréia é receitada o ácido valpróico e
resolve a manifestação a criança vai parar de ter
os movimentos de descoordenação e
involuntários. É algo bem ruim para a criança.
O Haloperidol é uma outra apresentação.
É importante lembrar que essa Coréia
predomina no sono e alivia, deixa de ter. Mas, não
façam como o cidadão que disse que ia dar
remédio para a criança dormir muito, não é isso.
Cardiologia – Febre R eumática
Então, se essa doença é tão ruim, como
evitar a infecção? Como evitar que a bactéria
streptococcus beta hemolítico do grupo A atinja
o coração? O indivíduo deve ficar rezando para
ficar dentro dos 3%? Como evitar? Como que
alguns indivíduos não tem essa doença? Porque
eles eliminaram a causa, como não tem como
erradicar essa bactéria, mas tem como acabar
quando ela está na nossa saúde, impedindo e
criando uma barreira para que ela não progrida e
chegue ao coração. Essa barreira é a Benzetacil,
a benzilpenicilina benzatina.
É o seguinte, todo mundo do pescoço
para cima (???) eu dou Benzetacil. Professor da a
situação de um pai que vai dar Benzetacil para o
filho de 1 ano e três meses e ele se acabou
chorando.
Observem que uma única medicação,
uma única vez na vida, pode fazer com que a
pessoa não tenha febre reumática, por isso que
os países de primeiro mundo não têm febre
reumática, porque eles preconizaram a
penicilina G benzatina para toda pessoa de até 18
anos que .... do pescoço para cima (?) e no Brasil
não.
Resposta a uma pergunta inaudível: Vai
dizer que vai dar Benzetacil para alguém de 2
anos? E a vô ainda diz assim: Eu não disse que
não era para fazer porque dói muito e ainda
existe a pessoa que diz que não vai colocar
xilocaína na Benzetacil para a pneumonia porque
diminui o efeito da Benzetacil.
É importante entender o que é a profilaxia
primária e o que é a profilaxia secundária.
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 A profilaxia primária é aquela profilaxia
para evitar, impedir, que a pessoa tenha
comprometimento do coração. Observe o peso
da benzetacil, pena que não é mais esse, alguns
trabalhos falam 21, outros trabalhos falam 24 e
outros 27.
O fato é que a benzetacil é, continua
sendo e sempre foi a droga de escolha na
A profilaxia secundária é feita com
benzetacil. A secundária é quando já tem o
acometimento do coração. Observem que esses
Cardiologia – Febre R eumática
profilaxia primária. É tão importante, que
quando ela é responsável pela alergia do
paciente, o paciente usa estearato de
eritromicina, mas o médico é obrigado a alertar a
mãe e dizer que para fazer a dessensibilização da
benzetacil, pois o paciente não pode continuar
alérgico, porque ele pode precisar mais na frente.
pacientes não fizeram a profilaxia primária e com
uma injeção poderiam evitar totalmente a
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doença se na infecção de garganta tivessem
tomado a benzetacil.
O professor fala de uma situação em que
o médico pergunta a mãe se ela ama o filho e ela
responde que sim, então ele pergunta por que ela
trocou uma injeção por quarenta. Se o filho dela
tiver que operar o coração porque tem sequela
da febre reumática ele vai ter que tomar a
Benzetacil até 7 dias antes da missa de sétimo
dia, ou seja, por toda a vida.
Professor relata que um grupo teve um
paciente na pedra mole que fez uma cirurgia por
febre reumática.
Então na profilaxia secundária, o tempo a
ser feito vai depender do comprometimento que
o coração já tem. Quanto pior o
comprometimento, maior é o tempo da
Benzetacil. Antigamente, achavam que eram a
cada 30 dias, mas agora é a cada 21 dias, o tempo
da Benzetacil foi reduzido.
Além disso, na profilaxia secundária,
quando o paciente tem alergia a Benzetacil o
médico vai receitar a sulfadiazina. Em casos de
um paciente com alergia a penicilina, o médico
começa a profilaxia secundária com a
sulfadiazina e manda o paciente para a
dessensibilização da Benzetacil, depois que o
paciente passa pela dessensibilização e deixa de
ter alergia a penicilina o tratamento com a
sulfadiazina é suspenso e é iniciado o tratamento
com a Benzetacil.
É importante entender a importância da
penicilina G benzatina.

A imagem acima mostra por quanto tempo dar a profilaxia secundária. Não precisa se atentar a
isso, o que precisa entender é a lógica de que quanto maior o comprometimento do coração, mais tem
necessidade de fazer profilaxia.

No Brasil tem muita gente com febre reumática, e essa bactéria pode entrar pelos dentes
cariados, por isso que alguns hospitais, para não dizer 100% deles, por exemplo: a paciente está com
febre reumática e se a paciente não aparece para fazer o tratamento dos dentes ela vai ser operada (??),
porque se ela não for nem ao dentista como ela vai fazer uso da Benzetacil? O tratamento dentário é tão
importante que o CRM está batalhando na justiça para introduzir o odontólogo também, porque um dos
locais de infecção é a cavidade oral, a pele (?), por esse motivo é sempre importante orientar a mãe da
importância de o filho escovar os dentes e resolver os problemas dentais para dar uma oportunidade
para a criança.

Cardiologia – Febre R eumática P á g i n a 8|9

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