Você está na página 1de 10

Louyse Jerônimo de Morais 1

Artrite reumatoide
Referência: aula da prof. Germana Ribeiro

Introdução patógenos externos. O MHC tem uma variabilidade muito


alta, especialmente nos humanos, conseguindo resistir a
A artrite reumatoide [AR] é uma doença
vários germes diferentes. Por conta disso, ele também
autoimune sistêmica crônica e inflamatória, de etiologia
tem falhas, podendo produzir anticorpos que podem
desconhecida, embora existam alguns fatores de risco e
atacar as próprias células. Isso não é o normal.
genéticos envolvidos. O principal sítio de acometimento
são as articulações sinoviais. As pessoas que têm esse epítopo compartilhado
começam a desenvolver fenômenos autoimunes que
Por se tratar de uma doença sistêmica, pode
podem desencadear a AR. Outras doenças também tem
acometer vários órgãos além das articulações. Ademais,
envolvimento com HLA, mas são outros genes envolvidos.
como tem um caráter crônico, não é uma doença que vai
ter uma curva, então, uma vez dado diagnóstico, é para Fatores ambientais
tratar para a vida toda. Por fim, é autoimune, porque a sua
1. Tabagismo
fisiopatologia vai envolver a imunidade – as células vão
atacar elas mesmas, por meio da formação de Sabemos que o cigarro vai estimular a produção
autoanticorpos e imunocomplexos. da enzima peptidil-arginina deaminase [PAD], a qual vai
citrulinizar as proteínas, transformando argenina em
Devido ao quadro inflamatório causado por essa
citrulina. Isso é importante porque a citrulina é muito
doença, no exame físico, ela vai se manifestar por
imunogênica e vai ser reconhecida na região MHC como
inflamações articulares e deformidades.
um agente externo, desencadeando a produção de
Epidemiologia anticorpos – anticorpo anti-proteínas carbamiladas
[ACPA], pois elas vão ser o produto final da reação.
• Padrão de distribuição universal
• Afeta todas as raças Em resumo, o cigarro ativa macrófagos no alvéolo
• Mulher > homem 2-3:1 pulmonar, que vai levar à produção de enzimas. Estas
o Mulheres 40 a 60 anos, homens mais últimas vão fazer com que, no sangue, aconteça a
velhos. formação das proteínas carbamiladas, as quais vão agir na
o Tem um tipo específico, que é a artrite região do epítopo compartilhado, levando à produção
reumatoide do idoso. desse anticorpo. Vai acontecer ativação da imunidade
• 1% dos adultos norte-americanos inata.
• Prevalência aumenta com a idade
• ACPA +
A artrite de criança é a artrite idiopática juvenil, a • Risco dose dependente; 2x para > 20 maços/ano
AR só acomete pessoas com mais de 18 anos. • Persiste 10 a 20 anos após cessar tabagismo

Fisiopatologia O risco é dose dependente, então quanto mais se


fuma, maior o risco, uma vez que cessa esse hábito, o risco
Não sabemos exatamente o que causa, mas tem ainda persiste por 10 a 20 anos.
alguns indícios de coisas envolvidas, como fatores
genéticos, ambientais e produção de autoanticorpos. 2. Sílica, poluição ambiental

Fatores genéticos 3. Bactérias em microbiomas mucosos

• Regiões do MHC codificadas para genes HLA-DR • Porphyromonas gingivalis: doença periodontal
• Epítopo compartilhado HLA-DRB gera formação da enzima PAD.
• Concordância entre gêmeos idênticos 12 a 15% • Prevotella: no intestino.
o Sugere fator genético envolvido na
Pessoas com muita cárie e doença periodontal vão
doença
ter colonização por essa bactéria supracitada, a qual
Existe um conjunto de genes presentes no HLA produz a enzima PAD, que vai citrolinizar as proteínas e
contido na região MHC, que é basicamente uma parte do desencadear o mecanismo imunológico.
nosso DNA responsável pelo reconhecimento de
Louyse Jerônimo de Morais 2

4. Vírus: EBV, parvovírus B19. Os ACPA vão servir como alvos para se ligar nas
proteínas carbamiladas que foram produzidas [doença
Produção de autoanticorpos
periodontal, tabagismo ou outro fator]. Isso vai fazer com
• Fator reumatoide: é o principal; a diferença dele que se formem imunocomplexos [ACPA e FR], os quais vão
para o anti-CCP é que este último é mais se depositar nos tecidos, fazendo com que haja ativação
específico. O fator reumatoide é menos específico do complemento e da cascata da inflamação.
e pode estar presente em outras doenças, como
• Ativação do complemento
hepatite C, neoplasias hematológicas etc.
• Ativação da cascata inflamatória: aumento da
• Anticorpos anti-proteínas citrulinadas e
permeabilidade vascular [edema, calor e
carbamiladas: anti-CCP faz parte deste grupo.
hiperemia ao exame físico], influxo de células
Os autoanticorpos vão causar uma resposta inflamatórias e autoanticorpos, aumenta a
imune exacerbada, pelo contato com moléculas do HLA- produção de PAD.
DR contendo epítopo compartilhado. Com isso, ocorre
Isso vai ser um ciclo vicioso, com estímulo de
formação de imunocomplexos, os quais vão se depositar
produção da enzima PAD, produção de mais
nos tecidos. Todo esse processo pode começar até dez
autoanticorpos e perpetuação da doença. É diferente da
anos antes de o indivíduo apresentar o primeiro sintoma.
gota, em que as crises são autolimitadas.
História natural da doença
• Osteoclastogênese, dano ao condrócito,
• Fase pré-clínica: ACPA ou FR até dez anos antes da degradação de colágeno: por conta disso, ocorre
doença clínica. erosões ósseas, osteopenia, redução da
• Fase clínica: início dos sintomas. cartilagem, anquilose etc. Esses processos
culminam nas deformidades.
Início da doença clínica

Fisiopatologia da artrite reumatoide – fatores ambientais [cigarro, doença periodontal] junto com fatores genéticos
[epítopo compartilhado] fazem com que haja produção de proteínas citrulinadas. Isso ativa a imunidade inata,
induzindo ativação do macrófago, células dendríticas e fibroblastos na sinóvia. Inicia-se, assim, a cascata inflamatória,
ativa-se osteoclastos e a sinóvia começa a ficar espessada, produz líquido e gera edema. Por conseguinte, há produção
de citocinas, ativação de osteoclastos, do complemento etc. Isso vai se perpetuando, principalmente por ativação de
células T e B, que é quem vai produzir os autoanticorpos.

Padrão de início típico da doença [90% dos pacientes] com o tempo. Pode chegar no médico já com alguma
deformidade presente.
1. Insidioso [55 a 65%]
• Artrite, dor, edema e rigidez
O paciente começa com um quadro de poliartrite
• Número de articulações aumentando ao longo
simétrica, com poucos sinais flogísticos, que vão piorando
das semanas a meses
Louyse Jerônimo de Morais 3

2. Subagudo [15 a 20%] simétrico, mas não significa que vai ser a mesma
deformidade de um lado e do outro, porque inclusive tem
• Semelhante ao insidioso
mão que se faz um esforço maior, por exemplo.
• Mais sintomas sistêmicos: perda ponderal
involuntária, febre, artrite, inapetência, anorexia.

3. Agudo [10%]

• Início grave
• Sintomas sistêmicos: geralmente vem com
acometimento de outros órgãos, como pulmão,
coração, vasculite etc. Também tem sintoma
articular.

Variante de padrão de início

1. Padrão palindrômico [episódico]: menos de cinco


articulações, períodos de melhora e agudização
espontâneos. Quando acomete coluna, é mais na primeira e
segunda vértebra.
Acontece, melhora, depois acontece e melhora.
Isso não é normal, porque em geral não melhora sem
tratamento. Por conta disso, ficou como um subtipo
específico. Pode começar assim e depois evoluir para a
forma de AR típica.

2. Artrite reumatoide do idoso: início insidioso, mais dor e


rigidez, edema difuso em mãos, punhos e antebraços.

Vimos que a artrite reumatoide é uma doença


mais comum na mulher, em um período adulto jovem.
Contudo, eventualmente, pode acontecer tanto no
homem quanto na mulher idosa.

No idoso, vem com muito mais edema da mão. A


mão do idoso chega toda inchada, porque tem sinovite
praticamente em todas as articulações. Além disso, o
Caracteriza-se pela formação do pannus, que são
início é mais insidioso e não tem muito sintoma sistêmico.
projeções vilosas. A sinóvia, que é a região que fica
Articulações mais acometidas separando uma cartilagem da outra, nas articulações de
joelho e mãos, por exemplo, vai ser um sítio primário do
• Metacarpo-falangeanas processo inflamatório. Como vai ter muita inflamação, a
• Interfalangianas proximais: as doenças que sinóvia inflamada se torna espessada, edematosa e
acometem as interfalangianas distais são a desenvolve projeções vilosas. Algumas pessoas, inclusive,
osteoartrite e a artrite psoriásica. Nesta última, é desenvolvem sinovite vilosa, ou seja, formam projeções
porque tem inflamação do leito ungueal. que ficam parecendo um tumor mesmo, chegando até a
• Punhos sangrar.
As grandes articulações são acometidas após as Essas projeções são capazes de invadir ossos,
pequenas, sendo o padrão poliarticular e simétrico. É raro tendões e ligamentos, causando destruição das
acometer coluna toracolombar, sacroilíacas e articulações. Devido a isso, ocorre erosão do osso e
interfalangianas distais. Pode acometer outras destruição das articulações. A imagem a seguir mostra
articulações, como joelhos, cotovelos e ombros. Do uma sinóvia bastante espessada e invadindo o osso. Veja
mesmo jeito que acomete mão, pode acometer o pé. que ocorre erosão, destruição da cartilagem do osso,
É uma doença poliarticular, ou seja, acomete osteopenia e, consequentemente, as deformidades.
cinco ou mais articulações, além de ter um padrão
Louyse Jerônimo de Morais 4

Outros achados são: espessamento sinovial do


punho, atrofia de musculatura interóssea das mãos,
nódulos reumatoides, muitas deformidades, polegar em Z
[hiperextensão da falange distal e flexão da proximal].

Principais manifestações

No exame físico, espera-se encontrar poliartrite, • Dedos em pescoço de cisne: é o contrário do dedo
ou seja, acometimento de cinco articulações ou mais, de em botoeira. Então, ele vai ter extensão da IFN
forma simétrica. Nos quadros mais avançados, vamos ver proximal e flexão da distal.
as deformidades. Hoje em dia, é raro ver isso, porque as
Lembre-se que essas deformidades são
pessoas têm diagnóstico precoce e começam a tratar logo.
irreversíveis, ou seja, não muda a posição. Se tiver tudo
Lembre-se que a deformidade já é o estágio final destruído, incluindo tendão, forma dedo em telescópio.
da doença, quando não tem mais reversão.
Como a pessoa fica muito parada, vai ter atrofia
Mão reumatoide da musculatura dos enterócitos.

Dedo em botoeira e dedo em pescoço de cisne

Mão em dorso de camelo: aumento de volume do punho


e das metacarpofalangeanas, com hipotrofia dos
interósseos dorsais.

• Mão em dorso de camelo: edema na região do


punho e na metacarpofalangeana, dando
impressão das duas corcovas do camelo.
• Subluxação ulnar: normalmente, a primeira coisa
que acontece é o dano aos tendões da região
ulnar, gerando subluxação dos ossos do carpo.
Dedo em fuso: porque não acomete IFN distal, então fica Quando aperta no processo estiloide, dá
mais gordinho na base e mais fino na extremidade. impressão que é tecla de piano, isto é, que o
• Dedos em Boutonniere ou botoeira ou punho está solto.
abotoadura: faz flexão na interfalangiana
proximal e extensão na distal.
Louyse Jerônimo de Morais 5

Embora seja uma doença que, classicamente, A artrite reumatoide causa edema na articulação
acometa as mãos, não é incomum atingir os pés – 33% dos metatarso-falangeana, que também é acometida na gota,
pacientes. mas na AR, inflama quase todas, não só a primeira.

Pé reumatoide Acometimento da coluna cervical

Acomete principalmente as articulações • 30 a 50% dos pacientes com AR


metatarso-falangeanas. No exame físico, para saber se • Subluxação de C1-C2: é mais na região do
está inflamado, aperta as duas extremidades do pé. Com processo odontoide, onde C1 se liga com C2.
isso, o paciente vai referir dor. Como essa região também tem sinóvia, ela
também pode inflamar. Isso vai culminar em
destruição do ligamento e subluxação de C1 e C2.

Afasta primeira e segunda vértebra. Quando se faz


flexão do pescoço, ele cai, porque não tem ligamento que
segura a primeira na segunda vértebra. Chamamos isso de
subluxação atlantoaxial. Isso pode gerar compressão
medular, apresentando-se com características de
síndrome da compressão medular.

Squeeze test MTF – sinal de inflamação das metatarso-


falangeanas. Se feito na mão, indica inflamação das
metacarpo-falangeanas.

Além de poder atingir as metatarso-falangeanas,


também acomete o médio-pé, isto é, as articulações do
tarso. Isso vai fazer com que o paciente tenha anquilose
do tornozelo, então ele perde o movimento de
dorsiflexão, flexão, inversão e eversão do pé. A tendência
é ficar com pé plano.

• Dedos em garra e martelo


• Envolvimento das articulações tarsais e
subtalares: desabamento do arco longitudinal
medial, deformidade em valgo.
o Começa a aparecer calos, feridas,
dificuldade para andar. Pode até ficar de
cadeira de rodas, por conta de problema
no pé e no joelho.

• Instabilidade
• Potencial compressão medular: sintomas
neurológicos. É uma fase mais grave.
• Dor com irradiação para região occipital: quadro
inicial – apenas com inflamação, mas sem luxação.

Manifestações sistêmicas

• Doença inflamatória crônica: febre,


linfadenopatia, perda ponderal involuntária,
fadiga.
o Normalmente, são linfonodos reacionais
Pé plano valgo reumatoide
– menores que 2 cm, móveis, indolores,
Louyse Jerônimo de Morais 6

fibroelásticos. Em geral, na região do


pescoço.

Nódulos reumatoides

• Subcutâneos: é diferente do tofo da gota, porque


este se apresenta com consistência dura, parecida
com a do osso, já o nódulo reumatoide é mais
fibroelástico.
• Área central com necrose fibrinoide

A esclerite e a episclerite se apresentam,


geralmente, da mesma maneira, isto é, com hiperemia
conjuntival, dor ocular com fotofobia e sensação de corpo
estranho no olho.

• Episclerite: é mais superficial e pode ser tratado


com colírio.
• Esclerite: é mais profundo e gravíssimo. Pode
evoluir com escleromalácia – afinamento da
esclera, podendo perfurar, sair o conteúdo do
• 20 a 35% dos pacientes com AR: quando está
olho e evoluir para cegueira.
presente, indica doença mais grave, geralmente
com autoanticorpos positivos. Se a pessoa com AR chegar com olho vermelho, é
o Associado com fator reumatoide positivo muito grave, necessitando de avaliação urgente com
e doença grave. oftalmologista.
• Locais mais comuns: superfícies extensoras dos
antebraços, bursa olecraneana • Síndrome de Sjögren: é uma síndrome, que
também é autoimune, sendo associada a
O nódulo reumatoide, depois que se instala, pode sintomas secos – olho e boca seca. A principal
aparecer em outros lugares e não some. Outra doença que doença que se associa é a artrite reumatoide,
pode dar nódulos é a febre reumática, mas os nódulos da embora também possa se associar com lúpus. O
febre reumática só aparecem durante a crise, depois paciente refere sensação de areia no olho,
somem. quando chora, não sai lágrima, tem boca seca e
cárie de repetição.
Manifestações oculares
o Pode gerar perfurações da córnea, por
• Esclerite e episclerite < 1% dos pacientes com AR falta de produção de lágrimas.
• Escleromalácia perfurante
Manifestações pulmonares
• Perfuração de córnea é rara
É um quadro que pode acontecer de forma
semelhante ao lúpus, sendo que neste último é bem mais
frequente.

• Pleurite e derrame pleural: geralmente unilateral


e assintomático. É mais um achado de exame de
imagem, pois o paciente não tem manifestações
clínicas – dor ventilatório-dependente.
• Análise do líquido: exsudativo com elevados níveis
de proteínas e DHL.
Esclerite bilateral em paciente reumatoide apresentando • Excluir tuberculose: são pacientes
hiperemia ocular localizada à direita no quadrante imunossuprimidos. É importante sempre
inferior e à esquerda no aspecto temporal do olho. puncionar o líquido e mandar para cultura.
Louyse Jerônimo de Morais 7

Nódulos reumatoides simulando estenose traqueal, mas é só uma inflamação da


articulação, porque também tem uma sinóvea ali dentro.
Da mesma maneira que pode dar na pele, pode
acontecer dentro do pulmão, sendo assintomático, e no Vasculite reumatoide
coração, dando distúrbios de condução.
De manifestação sistêmica, podemos ter vasculite
• Síndrome de Caplan: mineradores de carvão; reumatoide, que se manifesta de duas maneiras: 1) infarto
associação da AR com nódulo no pulmão. do leito ungueal [pontinho preto] e 2) necrose extensa
• Doença intersticial pulmonar: quadro super [acometimento de médios vasos].
específico.
Quem desenvolve isso são pessoas com doença de
Cricoaritenoidite longa data, mal tratada, com anti-CCP e FR positivo, ou
seja, muito autoanticorpo no sangue.
O paciente fica com inflamação na articulação
cricoaritenoide, podendo ter rouquidão e estridor,

Síndrome de Felty cartilagem e do osso pelo pannus


reumatoide.
• Artrite reumatoide
• C - Cartilagem: redução do espaço articular
• Leucopenia: às custas de neutrófilos baixos.
simétrica [por conta da destruição progressiva da
• Esplenomegalia: ao exame físico ou de imagem. cartilagem articular].
Chegando um paciente portador de artrite • D - Deformidades e instabilidades: lesões
reumatoide com neutrófilos baixos, podemos ficar na tendíneas, como frouxidão e rupturas. Muitas
dúvida entre leucemia e artrite. Então, quando tem vezes, têm relação direta com destruição
esplenomegalia e apenas neutrófilos baixos, fica sugestivo cartilaginosa ou óssea [ex.: protusão acetabular].
de ser secundário à artrite. • E - Erosões: marginais
• S - Soft [partes moles]: edema de partes moles.
Achados radiográficos
Traduz acometimento periarticular ou efusões
• A - Alinhamento: anormal, sem anquilose [osso intra-articulares. É uma alteração precoce.
colado um no outro].
o A simetria é um importante critério
diagnóstico.
o Observar se tem luxação, fratura etc.
• B – Bones/ossos: osteoporose peri/justa articular,
sem periostite [deslocamento do periósteo;
aparece como se fosse um espessamento entre o
osso e a parte externa], osteopenia, cistos ósseos.
o A osteopenia é uma alteração
característica e precoce. No início, é
periarticular, mas logo evolui para uma
forma mais difusa.
o Cistos ósseos: áreas translúcidas
subcondrais e se devem à invasão da Radiografia normal da mão em PA
Louyse Jerônimo de Morais 8

o Albumina pode ser baixa, porque ela é um


reagente de fase aguda negativo. Se
baixa, indica doença grave.
• Sumário de urina: é normal, diferentemente do
LES, que pode ter leucócitos.
• VHS e PCR elevados
• Eletroforese de proteínas: pico policlonal.
• Autoanticorpos
o Fator reumatoide: 60 a 80% dos casos; é
mais barato e menos específico.
o ACPA: anti-CCP – S:57 a 67% e E:93 a 99%
[mais caro, porém bastante específico].
o FAN: 30 a 50% dos casos. Não precisa
pedir.

FR e anti-CCP positivos indicam gravidade de


doença, erosões e aumento da mortalidade, mas não se
Mão reumatoide [incidência PA]: osteopenia periarticular; correlacionam com atividade de doença. Se valores altos,
redução dos espaços articulares das articulações correlacionam com doença mais grave.
interfalangeanas proximais, das metacarpofalangeanas,
Critérios diagnósticos do ACR/EULAR 2010
dos ossos do carpo e da articulação radiocarpal; erosão
periarticular na segunda articulação Servem para estudo científico. Eventualmente,
metacarpofalangeana, cistos ósseos na primeira, alguém pode ter a doença, mas ainda não preenche os
segunda e quarta articulações metacarpofalangeanas. critérios.
[CARVALHO, 2019]

O acometimento do punho normalmente não


acontece na osteoartrite e, na artrite psoriásica, quando
acomete interfalangiana distal, normalmente polpa
punho.

Líquido sinovial

• Inflamatório: contagem de leucócitos entre 5 mil


a 50 mil mm3. Se > 50 mil, pensa em artrite séptica
– passa ATB e pede culturas.
• Predominância de polimorfonucleares [> 50%]
• Ausência de cristais
• Culturas são negativas

Normalmente não tem cristais e a cultura é


negativa, porque não é infecção, mas só inflamação
autoimune.

Exames laboratoriais

• Hemograma: anemia da doença crônica,


leucócitos normais, plaquetas altas [reagente de
fase aguda; todo quadro inflamatório pode dar
plaquetose].
• Bioquímica: função renal, hepática e ácido úrico
normais.
o Às vezes, a pessoa pode ter gota e AR.
Louyse Jerônimo de Morais 9

Obs.: pontuação ≥ 6 e necessária para a classificação tratamento, o qual tem alguns objetivos, como controlar a
definitiva da enfermidade de um paciente como AR. atividade inflamatória e prevenir as deformidades. Por
conta disso, chamamos de medicamentos modificadores
O diagnóstico é dado por: presença de sinovite em
do curso da doença.
pelo menos uma articulação, na ausência de um
diagnóstico alternativo que explique melhor a sinovite e • AINES
na observação de uma pontuação total ≥ 6 [de 10 pontos]. • Glicocorticoides
Alguns pacientes apresentam FR negativo, então Medicamentos modificadores do curso da doença
ele não é um critério obrigatório, mas se positivo, indica [MMCD]
maior gravidade. Um outro detalhe é que esses sinais e
sintomas precisam estar presentes há, pelo menos, seis • Primeira linha: sintéticos convencionais,
semanas, porque se trata de uma doença crônica. Se o metotrexato [MTX], leflunomida,
tempo for menor que isso, pensa em quadro infeccioso ou hidroxicloroquina.
reacional. • Segunda linha: biológicos, inibidores de TNF-α,
tocilizumab, abatacept, rituxumab
Tratamento o Alvo específico: tofacitibune, baricitinibe
e upadacitibinib.
O tratamento envolve três coisas. Para tirar da
o Quem vai passar esses medicamentos é o
fase aguda, pode-se fazer antinflamatórios ou corticoides.
especialista.
No retorno do paciente ao consultório, ajusta o
Louyse Jerônimo de Morais 10

Fluxograma para tratamento da artrite reumatoide no Brasil. Havendo contraindicação ao MTX, a sulfassalazina ou
leflunomida podem ser empregadas. Antimaláricos (hidroxicloroquina/cloroquina) em monoterapia podem ser
considerados em quadros com baixo potencial erosivo. As combinações mais utilizadas no Brasil são: MTX +
antimaláricos, MTX + leflunomida (com ou sem antimaláricos), MTX + sulfassalazina (com ou sem antimaláricos). A
meta do tratamento deve ser alcançar a remissão, conforme critérios ACR/EULAR ou, quando não for possível, a baixa
atividade da doença, avaliada por um dos índices compostos de atividade de doença. Não é recomendado o uso de um
terceiro anti-TNF após falha das duas opções de anti-TNF. No Brasil, o rituximabe é recomendado, em combinação
com MTX, para pacientes que tiveram resposta inadequada ou intolerância a um ou mais anti-TNF. No caso de falha
ou toxicidade a um medicamento na terceira linha de tratamento, o próximo passo será trocar para outro (MMCDb ou
MMCDsae) listado nesse mesmo nível de complexidade, que não tenha sido previamente utilizado.
Fonte: Sociedade Brasileira de Reumatologia [não precisa decorar o tratamento para a prova, saber apenas a etapa
inicial]

Complicações • Osteoporose induzida por glicocorticoide:


também bastante comum, porque as pessoas
O que o médico generalista precisa saber? Ele
usam CE em alta dose e de forma crônica; acima
precisa saber das complicações. Deixei marcado em
de 6 meses, já dá risco de fraturas e osteoporose.
vermelho o que ela reforçou como importante em sala de
Portanto, esse paciente precisa fazer reposição de
aula.
vitamina D, ter dieta rica em cálcio, atividade física
• Risco cardiovascular aumentado: primeira causa e densitometria e radiografia de coluna a cada 1-
de morte é IAM. Portanto, sempre deixar 2 anos.
colesterol na meta, se necessário, associar • Neuropatia por aprisionamento: síndrome do
estatina, orientar atividade física, reabilitação túnel do carpo, por conta da inflamação do
etc., prevenir HAS e DM. punho, com compressão do nervo mediano.
• Infecções: segunda causa de morte, pois as Manifesta-se com formigamentos nos dedos.
medicações usadas no tratamento deixam o • Envolvimento renal e gastrointestinal associado
paciente imunossuprimido e suscetível a ao uso crônico de AINES: doença ulcerosa péptica,
infecções graves. Assim, antes de começar a nefrotoxicidade.
tratar, sempre pesquisar tuberculose e fazer • Aumento da incidência de neoplasias: por conta
outras sorologias [hepatite B, hepatite C]. Se da imunossupressão, principalmente neoplasia
quadro sugestivo, suspende o remédio, faz hematológica [linfoma].
rastreio com testes específicos, depois que exclui
Diagnóstico diferencial
e vê que não é infecção, pode reiniciar o remédio.
• Síndrome de Sjogren: 20 a 30% • Artrite reativa
• Amiloidose tipo A: a amiloide A também é um • Artropatia induzida por cristais
agente de fase aguda. Então toda doença • Outras doenças autoimunes
inflamatória sistêmica pode dar amiloidose, • Osteoartrite
embora seja mais comum nas artrites da infância.

Você também pode gostar