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↠ Doenças autoimunes tendem a ser crônicas, A maioria das doenças autoimunes é decorrente de traços poligênicos
progressivas e de autoperpetuação. As razões para essas complexos nos quais os indivíduos afetados herdam polimorfismos
genéticos múltiplos que contribuem para a suscetibilidade à doença.
características são que os autoantígenos que Esses genes agem em conjunto com os fatores ambientais para
desencadeiam essas reações são persistentes e, uma vez causarem as doenças (ABBAS, 9ª ed.).
que a resposta imunológica se inicia, muitos mecanismos
de amplificação são ativados e perpetuam essa resposta ↠ Infecções e lesão tecidual também podem alterar a
(ABBAS, 9ª ed.). forma como os autoantígenos são exibidos para o
sistema imune, levando à falha da autotolerância e à
↠ Adicionalmente, uma resposta iniciada contra um ativação dos linfócitos autorreativos. Outros fatores como
autoantígeno que lesiona tecidos pode resultar na mudanças no microbioma do hospedeiro e alterações epigenéticas nas
liberação e alteração de outros antígenos teciduais, na células imunes podem desempenhar papéis importantes na
patogênese, mas os estudos sobre esses tópicos estão apenas no
ativação de linfócitos específicos para esses outros
início (ABBAS, 9ª ed.).
antígenos e na exacerbação da doença. Esse fenômeno,
conhecido como propagação do epítopo, pode explicar
por que, uma vez desenvolvida a doença autoimune, esta
Metabólica: mais comuns são uremia e misedema. miocardite/pericardite por milhão no prazo de 21 dias após a vacinação
Traumática em indivíduos com idades compreendidas entre os 12 e 39 anos.
Início tardio
Síndrome de lesão do pericárdio (comum): síndrome pós-infarto O mecanismo fisiopatológico da reação adversa miocardite/pericardite
do miocárdio, síndrome pós-pericardiectomia. também não é totalmente conhecido. Entre os mecanismos propostos
Outras: relacionadas a drogas (raras) estão:
Síndrome lúpus-like: hidralazina, isoniazidaa, fenitoína;
Drogas antineoplásicas: doxorrubicina; ➢ o mRNA da vacina pode ser detectado como um antígeno
Hipersensibilidade com eosinofilia: penicilina, amiodarona, minoxidil. pelo sistema imunológico, o que pode promover a ativação
de células pró-inflamatórias. cascatas e vias imunológicas no
coração;
↠ As infecções virais (especialmente infecções por vírus ➢ reações cruzadas entre anticorpos direcionados a
Coxsackie e ecovírus) são a causa mais comum de glicoproteínas spike do SARS-CoV-2 e sequências de
proteínas humanas estruturalmente semelhantes (por
pericardite e, provavelmente, são responsáveis por
exemplo, cadeia pesada de α-miosina do miocárdio);
muitos casos classificados como idiopáticos (PORTH, 10ª ➢ a testosterona pode estar associada à inibição de células
ed.). imunes anti-inflamatórias e à promoção de respostas
imunes do tipo célula T helper 1 mais agressivas.
OBS.: A pericardite idiopática é a forma mais comum de apresentação
da pericardite aguda, podendo chegar a 85% dos casos. Sabe-se que A miocardite e a pericardite ocorreram até 10 dias após a vacinação,
na grande maioria desses casos a etiologia é viral e, habitualmente, não particularmente após a segunda dose de Comirnaty (Pfizer-BioNTech),
se faz pesquisa viral de rotina na prática clínica devido à relação custo- e mais frequentemente em homens mais jovens. De um modo
benefício (SOCESP, 5ª ed.). positivo, essas reações adversas cardíacas foram em geral transitórios
e desaparecem após o repouso, com apenas alguns doentes a
ARTIGO: Incidência de pericardite pós COVID-19 em pacientes de uma necessitar de tratamento hospitalar.
clínica cardiológica, no período de março a junho de 2020.
O acometimento cardíaco é uma característica proeminente na ↠ No Brasil, certamente a etiologia tuberculosa é muito
infecção por SARS-CoV-2 sendo associada a pior prognóstico. Até superior em relação aos países desenvolvidos,
30% dos pacientes internados infectados pelo vírus podem apresentar
manifestações miocárdicas, representadas principalmente por níveis
principalmente em portadores de imunodeficiência
elevados de troponina I. (SOCESP, 5ª ed.).
A fisiopatogenia da lesão provocada pelo SARS-CoV-2 no miocárdio ↠ As pericardites bacterianas são raras em adultos e
ainda não é completamente conhecida, contudo sabe-se que as células exibem taxa elevada de mortalidade, em torno de 40%.
cardíacas expressam altos níveis de receptor de ECA I , podendo
O acometimento do pericárdio, mais comumente, ocorre
explicar o dano tecidual ao miocárdio.
por extensão direta de uma pneumonia ou empiema.
Nesse contexto, a ocorrência de pericardite em 4 pacientes com Além disso, a via hematogênica durante uma bacteremia
diagnóstico prévio de COVID-19, em um período de 3 meses,
e contaminação após cirurgia torácica ou trauma também
determinando a incidência de 11,8%, representa importante achado no
contexto da pandemia são importantes. Os agentes etiológicos mais comuns são
os estafilococos, pneumococos e estreptococos
No presente estudo foi observado, maior frequência de pericardite no
(SOCESP, 5ª ed.).
sexo feminino A média de tempo decorrido entre a COVID-19 e o
diagnóstico de pericardite, em nosso estudo, foi de aproximadamente ↠ Pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM)
30 dias.
transmural frequentemente são acometidos por
CONCLUSÃO: Resultado de incidência de pericardite, como complicação diferentes formas de pericardite. Em geral, entre o
tardia relacionada à COVID-19. terceiro e o sétimo dia de evolução, quase metade dos
pacientes apresentam inflamação do pericárdio
subjacente à área infartada, podendo se traduzir por dor
ARTIGO: Reações adversas graves das vacinas COVID-19 em Portugal pleurítica ou surgimento de atrito pericárdico, mesmo em
até julho de 2021: síndrome de trombose com trombocitopenia,
miocardite/pericardite e síndrome de Guillain-Barré indivíduos assintomáticos (SOCESP, 5ª ed.).
No geral, a vacinação contra a COVID-19 reduz o risco relativo de ↠ Em pacientes com insuficiência renal, são descritas
miocardite e arritmia múltipla. No entanto, existe uma associação entre duas formas de pericardite: a urêmica e a dialítica. O
miocardite/pericardite e as vacinas de mRNA COVID-19 em crianças e termo pericardite urêmica é utilizado para pericardite que
adultos jovens (com os homens a serem aproximadamente 5-10 vezes
ocorre antes do início da diálise e até 8 semanas após. A
mais afetados do que as mulheres), que deve ser cuidadosamente
monitorizadas pelos profissionais de saúde. Com a segunda dose de incidência é de 6 a 10% em pacientes com insuficiência
vacina contra mRNA, foram notificados 12,6 casos de renal avançada, aguda ou crônica; sua ocorrência está
correlacionada com os níveis de ureia e creatinina. Infecções bacterianas podem se iniciar como pericardite fibrinosa,
Metabólitos tóxicos, hipercalcemia, hiperuricemia e transformando-se posteriormente em purulentas. O líquido presente
no saco pericárdico é turvo e contém fibrina, células inflamatórias e
mecanismos hemorrágicos, virais e autoimunes têm sido células mesoteliais. Em geral, não se identifica o agente etiológico
propostos como fatores etiológicos (SOCESP, 5ª ed.). (BOGLIOGO, 10ª ed.)
Epidemiologia da pericardite
Fisiopatologia da pericardite
Macroscopicamente, o pericárdio fica recoberto por camada de normalmente é precedida de pródromos infecciosos,
material purulento, de aspecto granular. Microscopicamente, há como febre e mal-estar (SOCESP, 5ª ed.).
infiltrado de neutrófilos, por vezes formando abscessos, em meio a
fibrina e restos celulares na superfície serosa. O encontro do agente ↠ A dor é ventilatório-dependente podendo ser
etiológico é frequente (BOGLIOGO, 10ª ed.)
retroesternal, precordial ou epigástrica; piora em decúbito
PERICARDITE HEMORRÁGICA dorsal, e melhora quando está em pé ou em posição
reclinada para a frente (SOCESP, 5ª ed.).
Encontrada em associação com as pericardites agudas descritas
anteriormente, é aquela caracterizada por componente hemorrágico OBS.: A dor tipicamente piora com a respiração profunda, tosse,
expressivo. As principais causas são tuberculose e infiltração neoplásica. deglutição e alterações posturais, devido às alterações no retorno
Pode, também, ser complicação de cirurgia cardíaca (BOGLIOGO, 10ª venoso e ao enchimento cardíaco (PORTH, 10ª ed.).
ed.)
↠ Em razão da relação com o nervo frênico, a dor irradia
Pericardite granulomatosa
caracteristicamente para a região inferior do músculo
Sua causa principal é a tuberculose, mas pode ser provocada também trapézio. Outros locais de irradiação são ombros, braços
por micobactérias atípicas e fungos, como Histoplasma e Candida. Na
e mandíbula, podendo ser confundida com dor de
tuberculose, são comuns granulomas com necrose caseosa; material
caseoso pode recobrir todo o pericárdio. Também é comum o isquemia miocárdica (SOCESP, 5ª ed.).
encontro do agente infeccioso. Com frequência, evolui para pericardite
constritiva (BOGLIOGO, 10ª ed.) ATRITO PERICÁRDICO
↠ As manifestações da pericardite aguda incluem a tríade Ocasionalmente, a inflamação continua do pericárdio leva à fibrose e
de dor torácica, atrito pericárdico e alterações ao ao desenvolvimento de pericardite constritiva (HAMMER; MCPHEE).
eletrocardiograma (ECG) (PORTH, 10ª ed.). No paciente com pericardite constritiva, o enchimento diastólico inicial
do ventrículo ocorre normalmente, mas é interrompido subitamente
DOR TORÁCICA pelo pericárdio espesso inelástico. A pressão venosa sistêmica está
elevada, porque o fluxo de entrada no coração é limitado. Geralmente,
↠ A dor torácica provavelmente deve-se à inflamação com a inspiração, a diminuição da pressão intratorácica é transmitida
do pericárdio. A inflamação da pleura adjacente pode ser ao coração, e o enchimento do lado direito do coração aumenta com
responsável pela piora característica da dor com uma queda acompanhante na pressão venosa sistêmica. Em pacientes
com pericardite constritiva, essa resposta normal é impedida e o
inspiração profunda e tosse (HAMMER; MCPHEE). paciente desenvolve o sinal de Kussmaul (HAMMER; MCPHEE).
↠ A dor está quase sempre presente (em mais de 85% O exame da pulsação venosa jugular é essencial no paciente que pode
dos casos) com intensidade e duração variáveis e ter pericardite constritiva. A pressão venosa jugular está elevada
(turgência jugular), e as formas de onda individuais com frequência são ↠ O derrame pericárdico pode ocorrer em resposta a
bastante proeminentes (HAMMER; MCPHEE). qualquer causa de pericardite (HAMMER; MCPHEE). O seu
A pressão venosa sistêmica elevada pode causar acúmulo de líquido desenvolvimento também pode resultar de neoplasias, cirurgia
no fígado e espaço intraperitoneal, levando à hepatomegalia e ascite cardíaca, traumatismo, ruptura cardíaca por infarto do miocárdio e
(HAMMER; MCPHEE). aneurisma aórtico dissecante (PORTH, 10ª ed.).
À ausculta do coração, um som de timbre alto chamado batida ↠ A cavidade pericárdica tem pouco volume de reserva.
pericárdica pode ser ouvido logo depois da segunda bulha cardíaca, A relação pressão-volume entre os volumes pericárdico
frequentemente imitando uma terceira bulha cardíaca (HAMMER; e cardíaco normais pode ser drasticamente afetada até
MCPHEE).
por pequenas quantidades de líquido, na presença de
níveis críticos de derrame. Como as pressões de
enchimento do coração direito são inferiores àquelas do
coração esquerdo, os aumentos na pressão normalmente
se refletem em sinais e sintomas de insuficiência cardíaca
direita que antecedem a equalização das pressões
(PORTH, 10ª ed.).
➢ hipotensão,
➢ pressão venosa jugular elevada;
➢ bulhas cardíacas hipofonéticas.
ELETROCARDIOGRAMA
↠ Os pacientes com pericardite aguda frequentemente
exibem alterações eletrocardiográficas compatíveis com
inflamação do tecido epicárdico (SOCESP, 5ª ed.).
ECOCARDIOGRAMA
↠ Trata-se de um exame indicado como parte da
avaliação diagnóstica de rotina. Quando ocorre
acometimento concomitante do miocárdio, pode revelar
alterações de função e contratilidade cardíacas. Possibilita
a avaliação de comorbidades, como doença isquêmica
cardíaca, derrame pleural, dissecção de aorta e pericardite
constritiva (SOCESP, 5ª ed.).
Referências
↠ O derrame pode ser classificado como leve (espaço MONTERA et. al. I Diretriz Brasileira de Miocardites e
livre de eco na diástole menor que 10 mm), moderado (10 Pericardites. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2014.
a 20 mm) e grande (maior que 20 mm). As características
do derrame podem denunciar possível etiologia como a HAMMER, Gary D.; MCPHEE, Stephen J. Fisiopatologia da
presença de fibrina na tuberculose ou coágulos no doença. Grupo A, 2015.
hemopericárdio (SOCESP, 5ª ed.). FILHO, Geraldo B. Bogliolo – Patologia, 10ª edição. Grupo
↠ A avaliação de comprometimento hemodinâmico ou GEN, 2021.
tamponamento cardíaco associado ao DP constitui outra NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia, 10ª edição.
importante ferramenta da ecocardiografia. Desta forma, o Grupo GEN, 202.
colapso do átrio direito é sinal sensível de tamponamento
cardíaco, ao passo que o colapso do ventrículo direito por JATENE, Ieda B.; FERREIRA, João Fernando M.; DRAGER,
tempo maior que um terço da diástole constitui um sinal Luciano F.; et al. Tratado de cardiologia SOCESP, 5ª
mais específico (SOCESP, 5ª ed.). edição. Editora Manole, 2022
↠ Entretanto, apenas derrames com volume acima de PIRES, C. Reações adversas graves das vacinas COVID-19
200 mL são geralmente identificados pela radiografia. A em Portugal até julho de 2021: síndrome de trombose
presença de derrame pleural, alterações concomitantes com trombocitopenia, miocardite/pericardite e síndrome
nos campos pulmonares ou no mediastino podem ser de Guillain-Barré. Biopharmaceutical Sciences, 2022.
auxiliar no diagnóstico etiológico, como, por exemplo, a BENTES et. al. Incidência de pericardite pós COVID-19 em
observação de cavitações tuberculosas (SOCESP, 5ª ed.). pacientes de uma clínica cardiológica, no período de
↠ De outro modo, a radiografia de tórax na maioria dos março a junho de 2020. Revista Eletrônica Acervo Saúde,
casos de pericardite viral não exibe alterações (SOCESP, 2021.
5ª ed.).