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Tolerância
Existem dois tipos de tolerância: tolerância central e a periférica.
Os mecanismos de tolerância central eliminam linfócitos autorreativos recém-
formados, tanto na medula óssea quanto no timo. Em contraposição, linfócitos
maduros autorreativos que não reconhecem fortemente o próprio nos órgãos
linfoides primários – porque seus antígenos próprios não estão presentes aí,
por exemplo – podem ser eliminados ou inativados na periferia.
O processo de geração de receptores de linfócitos é randômico e controlado
pelas recombinases I e II. Depois da geração dessas células, com diferentes
receptores, elas passam por um sistema de seleção.
No processo de seleção negativa, temos eliminação de linfócitos
autorreativos. A enzima AIRE é uma reguladora autoimune que permite a
expressão, por uma APC, de genes para diversos antígenos ectópicos (que
estão em outros tecidos e não somente no timo). Dessa maneira, as células
que são autorreativas são eliminadas. Essa enzima “desenrola” a fita de DNA,
fazendo com que genes de outros tecidos possam ser expressos.
Permanecem as células que vão fazer com que o sistema imunológico ou o
repertório de linfócitos gerem uma resposta quando necessário (quando se
entra em contato com o antígeno). Esse sistema elimina a grande maioria das
células autorreativas.
Para que a célula T virgem se torne uma célula T efetora, além do contato
com o antígeno, é necessário a ação de moléculas co-estimuladoras, como
B7, expressa na superfície da APC, que irá interagir com o CD28, presente na
célula T virgem.
A anergia é um mecanismo no qual a célula T torna-se incapaz de responder
ao antígeno devido à deficiência de moléculas co-estimuladoras: 1) Devido à
ausência ou baixa expressão de B7 nas APCs em repouso. 2) Ou a presença
de moléculas que competem com CD28 por B7, como CTLA-4. CTLA-4 ao se
ligar com B7, ativa uma fosfatase, que remove os fosfatos utilizados em
receptores imunes (efeito contrário ao da quinase induzida pela ligação CD28-
B7). Com a remoção dos fosfatos, a função efetora dessas células se finda, e
ela morre em pouco tempo. Dessa maneira, CTLA-4 possui importante papel
na autotolerância.
As células que saíram dos órgãos linfoides secundários, quando chegam ao
tecido, expressam uma molécula chamada PD-1 (proteína de morte tipo 1). E,
quando há uma interação entre PD-1 do linfócito e PD-1L tissular, ativa-se
também uma fosfatase e a célula T deixa de ser efetora. Então, bloqueia-se a
reação efetora, criando-se tolerância.
As terminações da resposta por PD-1 e CTLA-4 é o preço que pagamos para
não desenvolvermos doenças autoimunes.
Uma consequência disso é que, nas terapêuticas efetivas contra tumores,
frequentemente problemas relacionados à autoimunidade aparecem. Isso
porque, nesse processo, visa-se a fazer com que as células efetoras
reconheçam e ataquem as células tumorais (“quase self”).
Doenças autoimunes
A quebra dos mecanismos de tolerância podem levar as doenças autoimunes.
As doenças autoimunes são de natureza multifatorial:
Classificação das doenças autoimunes
Da perspectiva clínica, é útil distinguir dois padrões principais de doença
autoimune: as doenças nas quais a expressão da autoimunidade é restrita a
órgãos específicos do corpo, conhecidas como doenças autoimunes órgão-
específicas; e aquelas em que muitos tecidos do corpo são afetados, as
doenças autoimunes sistêmicas. As doenças autoimunes sistêmicas afetam
múltiplos órgãos e têm uma tendência a se tornarem crônicas, pois os
autoantígenos não podem ser totalmente removidos do corpo.