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MILENA BRAZ
ELIZA CORREIA
IMUNOLOGIA
Doenças autoimunes em animais de companhia
CATAGUASES – MG
2022
MILENA BRAZ
ELIZA CORREIA
IMUNOLOGIA
Doenças autoimunes em animais de companhia
CATAGUASES – MG
2022
AGENTE CAUSADOR;
SINTOMAS;
SINAIS CLÍNICOS E DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO;
PREVENÇÃO;
CURIOSIDADES;
INTRODUÇÃO
As doenças autoimunes caracterizam-se pela perda da tolerância do sistema
imunológico em relação aos antígenos produzidos pelo próprio organismo, que
passa a combatê-los.
As doenças autoimunes que afetam principalmente um único órgão ou tecido
presumidamente resultam de uma resposta anormal a um pequeno número de
auto antígenos, e não necessariamente refletem um descontrole significativo do
sistema imunológico como um todo. É provável que todos os órgãos do
organismo sejam potencialmente suscetíveis a esta forma de ataque
imunológico. Entretanto, doenças autoimunes direcionadas contra órgãos do
sistema endócrino, pele, sangue e sistema nervoso tendem a ser mais
comumente afetadas. Muito depende da espécie e raça de um animal, assim
como da idade. Os mamíferos domésticos são acometidos por uma ampla
gama de doenças autoimunes. Qualquer órgão ou tecido é uma vítima
potencial de ataque autoimune. As doenças autoimunes mais comuns nos
mamíferos domésticos afetam o sistema endócrino, a pele e os eritrócitos.
Embora os animais domésticos desenvolvam doenças endócrinas autoimunes,
estas afecções são diferentes daquelas que afetam os seres humanos, medida
em que estes tendem a apresentar um único distúrbio, em vez de envolver
múltiplos órgãos endócrinos. Ocasionalmente, um cão pode ser acometido por
duas ou mais doenças endócrinas autoimunes simultaneamente (síndrome poli
glandular autoimune), mas isto é raro.
DESENVOLVIMENTO
Os órgãos compõem sistemas que funcionam harmoniosamente, cada um com
sua função, fazendo com que todas as atividades necessárias para o
organismo funcionem em equilíbrio. Um dos responsáveis por esse processo é
o sistema imunológico, que identifica e neutraliza qualquer elemento estranho e
potencialmente perigoso para o corpo. Quando esse sistema começa a agredir
células e tecidos saudáveis, este gera doenças autoimunes (DAI). Apesar de
suas causas não serem elucidadas, todas possuem um tratamento específico.
Alguns exemplos dessas doenças são: Lúpus Eritematoso, Pênfigo foliáceo,
Anemia Hemolítica, entre outros.
A doença autoimune se caracteriza por uma falha no sistema imunológico que
resulta em respostas imunes contra as próprias células e tecidos do corpo. Há
a produção de anticorpos ou linfócitos auto reativos que atacam seletivamente
determinadas células, gerando uma resposta inflamatória e,
consequentemente, a lesão do tecido alvo.
Uma das características primordiais do sistema imune é a sua capacidade de
discriminar os antígenos próprios dos não-próprios. Essa característica única é
realizada por linfócitos, previamente educados, capazes de reconhecer e
responder contra os antígenos estranhos e não responder contra auto
antígenos. A não-expansividade das células do sistema imune contra os
antígenos próprios tem sido designada como tolerância imunológica e a perda
do controle dos mecanismos que mantêm a tolerância tem sido referida como
autoimunidade. As doenças autoimunes (DAI) são causadas por uma perda
persistente dos mecanismos de controle responsáveis pela manutenção da
tolerância aos antígenos próprios. A existência de respostas autoimunes
começou a ser considerada a partir do momento em que se demonstrou que o
sistema imune possui especifica cidade no reconhecimento de antígenos,
sendo capaz de responder a antígenos estranhos, sem destruir o próprio. Paul
Ehrlich, em 1900, definiu as reações imunes contra o próprio (autoimunidade)
como o “horror auto tóxico”. Macfarlane Burnet, 50 anos mais tarde, descreveu
o mecanismo de seleção clonal, processo pelo qual os linfócitos auto reativos
sofrem apoptose, a fim m de se evitarem reações autoimunes. Atualmente,
sabe-se que os processos autoimunes são decorrentes do reconhecimento de
antígenos próprios por linfócitos auto reativos, e que a consequente ativação
dessas células causará as lesões teciduais. O entendimento dos mecanismos
que resultam na perda da tolerância com a consequente ativação de clones
auto reativos é fundamental para a compreensão da patogênese das DAI.
O termo autoimunidade, contudo, é muitas vezes utilizado erroneamente para
nomear doenças que apresentam reações imunes acompanhadas de lesões
teciduais, nas quais até o momento, não foi possível estabelecer o papel do
sistema imune e os prováveis auto antígenos. A simples detecção de auto
anticorpos, ou mesmo de linfócitos auto reativos, não implica,
necessariamente, o desenvolvimento de autoimunidade. A presença desses
pode ser consequência, e não causa, de uma lesão tecidual. Assim, por
exemplo, a presença de anticorpos contra antígenos do miocárdio, em um
infarto do miocárdio, não é, obviamente, a causa do infarto, mas, sim,
consequência da liberação de antígenos do tecido cardíaco, promovida pela
lesão isquêmica, sendo a função dos auto anticorpos, nessa situação, a
eliminação dos auto antígenos cardíacos circulantes.
As DAI são classificadas em sistêmicas ou órgão específicas. Assim, as
respostas imunes contra antígenos e/ou células de vários tecidos produzem
doenças sistêmicas, ao passo que a resposta autoimune, contra antígenos de
distribuição restrita a tecidos ou grupos celulares, produz doenças órgão
específicas. As DAI também podem ser classificadas pelo tipo de resposta
imune responsável pelo início da doença, podendo esta ser humoral (auto
anticorpos) ou celular (linfócitos T auto reativos). A miastenia gravis, por
exemplo, caracteriza-se por auto anticorpos contra os receptores musculares
de acetilcolina, o que resulta em degradação desses e consequentemente
disfunções que culminarão em fraqueza muscular. O mesmo processo ocorre
na doença de Graves, em que auto anticorpos se ligam ao receptor do TSH,
causando, assim, o hipertireoidismo. Em contraste, na esclerose múltipla,
linfócitos T auto reativos são responsáveis primariamente pela destruição da
bainha de mielina e consequente perda neurológica; o mesmo ocorre no
diabetes mellitus do tipo 1, no qual as células β pancreáticas são destruídas
por resposta celular citotóxica.
Doenças autoimunes e imunomediadas costumam preocupar os tutores de
pequenos animais quando diagnosticadas por médicos veterinários. Isso se dá
ao fato de que essas enfermidades são caracterizadas por uma falha no
sistema imunológico, ocasionando em respostas imunes contra as próprias
células e tecidos do corpo.
A partir disso, a produção de anticorpos ou linfócitos auto reativos atacam
seletivamente determinadas células, gerando uma resposta inflamatória e,
consequentemente, a lesão do tecido alvo. Apesar de raras, o diagnóstico logo
após o surgimento dos primeiros sinais clínicos é fundamental para o sucesso
do tratamento.
O estudo de modelos animais tem contribuído para o melhor entendimento das
DAI. Esses modelos de doenças podem ser divididos em três grandes
categorias, baseadas em como e por que a doença se desenvolve: doenças
de ocorrência espontânea, dependentes da combinação de genes em
linhagens encruzadas; doenças induzidas por imunização, transferência
celular, timectomia, infecção viral ou outra exposição exógena; doenças
desenvolvidas após manipulação genética, como a expressão transgênica e o
knockout de alguns genes. Os modelos animais com maiores similaridades à
DAI humana incluem aqueles que apresentam desenvolvimento espontâneo e
alta incidência da doença, como ocorre nos camundongos NOD (nonobese
diabetic mouse). Estes desenvolvem diabetes do tipo I, e nos camundongos
New Zeeland Hybrid, MRL-fasIpr e BXSB, que desenvolvem o LES. Esses
modelos animais têm permitido o dessecamento dos fatores genéticos e
ambientais que atuam nessas doenças. A segunda categoria de modelos
experimentais é aquela induzida por inoculação de auto antígenos em animais
suscetíveis para a DAI. A maioria desses modelos utiliza antígenos órgão-
específicos como proteína básica da mielina, receptor para acetilcolina,
tiroglobulina, ou colágeno do tipo II. O melhor modelo órgão específico
caracterizado é o de encefalomielite autoimune experimental (EAE), no qual a
desmielinizarão do sistema nervoso central e a subsequente paralisia são
induzidas no animal após a imunização do mesmo com proteína básica da
mielina ou peptídeos derivados desse antígeno. Esse modelo forneceu
importantes esclarecimentos de como os linfócitos T auto reativos recrutam
macrófagos e produzem diversas ocitocinas que medeiam a destruição da
mielina. A terceira categoria de modelo experimental envolve a manipulação
genética do animal, através do desenvolvimento de animais transgênicos ou
nocautes para determinados genes, como os envolvidos com a apoptose e com
a codificação do TCR, BCR e certas ocitocinas. Essa classe de modelos
também permite o estudo de mecanismos de tolerância, pois é possível
acompanhar todo o desenvolvimento dos linfócitos auto reativos. Um modelo
animal muito estudado pertencente a essa categoria é o da colite inflamatória
induzida por nocaute dos genes de IL-2 e IL-10. Os modelos animais fornecem
importantes esclarecimentos sobre a patogênese das DAI; contudo, o fator
genético nessas doenças é complexo e determinado pela combinação de
múltiplos genes de suscetibilidade. Isso é bem caracterizado ao se estudar o
MHC, no qual há grande desequilíbrio de ligação, ou seja, esses genes são
herdados em blocos. Essa estrutura dificulta a determinação de um marcador
genético para uma doença, pois um alelo que apresente frequência aumentada
em determinada doença pode não estar diretamente relacionado com ela, mas
sim fazer parte de um grupo de genes, entre os quais pode haver um que
esteja diretamente envolvido na patogênese.
Hipotireoidismo
Os cães sofrem uma tireoidite autoimune de ocorrência natural, que pode ser
assintomática ou pode resultar em uma doença clínica significativa. Os sinais
clínicos da tireoidite autoimune são os do hipotireoidismo ou seja, os animais
ficam gordos e inativos, exibem uma alopecia macular e ficam relativamente
inférteis.
CAUSAS
Não se sabe exatamente. As causas ainda estão sendo estudadas, mas sabe-
se que existe uma predisposição genética que induz esse distúrbio
imunológico. Uma determinada combinação de genes pode levar a um risco
maior de desenvolvimento da doença.
Postula-se também que fatores externos, como por exemplo, a exposição a
fatores químicos (medicamentos, substâncias presentes na alimentação e no
ambiente), infecções, vírus, deficiências nutricionais, estresse, entre outros
podem ajudar a desencadear desordens imunológicas.
SINTOMAS
Os sintomas cutâneos são comuns.
Pode haver erosões ou úlceras muco cutâneas ou em mucosas. Lesões
multifocais ou difusas como erosões, eritema, alopecia, crostas, escoriações
podem se instalar em qualquer parte do corpo, porém as mais comuns são
face, orelhas e extremidades distais. Também é comum notar
linfoadenomegalia periférica, febre oscilante, poli artrite, polimos-te,
insuficiência renal, discrasia sanguínea, pleurite, pericardite, miocardite,
neuropatia central ou periférica e lie edema.
Lesões no plano plantar, nasal e pavilhão auricular são únicas e características
de doença cutânea autoimune. Nos gatos, as lesões podem se instalar em
qualquer parte do corpo, porém, face, pavilhão auricular e patas são mais
frequentemente acometidas.
Das doenças imunomediadas, é a mais comum em cães e gatos, acometendo
os cães com mais frequência. Dos animais mais acometidos, encontram-se os
de meia idade a senil. As raças predispostas são Akita, Bearded Collie, Chow
Chow, Dachshund, Doberman e Terra Nova.
Acomete a pele e as mucosas com a formação de pústulas superficiais como
lesões primárias. Já as secundárias incluem erosões superficiais, crostas,
escamas, colaretes epidérmicos e alopecia. A doença frequentemente tem
início na ponte nasal, ao redor dos olhos e no pavilhão auricular antes de se
generalizar.
Despigmentação nasal acompanham as lesões. As lesões podem apresentar
prurido variável. Hiperceratose do coxim plantar é comum e pode ser um dos
únicos sinais da doença. Os gatos podem apresentar lesões ao redor do leito
ungueal e mamilos como lesões únicas. Nos casos generalizados pode ocorrer
febre, edema de membros, linfoadenomegalia, anorexia e depressão.
A manifestação clínica pode ser variável e pode se confundir com muitas outras
dermatoses devido ao número limitado de padrões de reação da pele. Com a
ampla diversidade de dermatoses cutâneas autoimunes, múltiplos são os sinais
clínicos; como não há um ‘sinal patognomônico” singular que permita identificar
uma doença cutânea autoimune, o clínico pode identificar apenas as
manifestações como alopecia, formação de crostas (p.ex.: pênfigo foliáceo),
eritema e púrpura (p. ex.: vasculite, eritema multiforme), ulcerações (p.ex.:
vasculite, lúpus/variantes lipoides) e vesículas (p.ex.: doenças de
pelevesiculosas).
TRATAMENTO
As terapias tópicas podem ser úteis em lesões mais localizadas ou para crises
esporádicas. Entre as terapias tópicas utilizadas com mais frequência estão o
betametasona ou tacromilo. O betametasona tem a vantagem de controlar
rapidamente a inflamação e os sintomas da doença, mas pode induzir a atrofia
dérmica em caso de uso crônico. Portanto, a transição para o tacromilo é
prudente caso a indicação da terapia tópica seja prolongada.
PREVENÇÃO
Não há como prevenir o desenvolvimento de doenças autoimunes uma vez que
elas fazem parte do organismo do paciente. A recomendação, nesse sentido, é
realizar consultas e exames de rotina para identificar qualquer alteração no
corpo que possa sinalizar um possível desenvolvimento da doença.
CONCLUSÃO
Em conclusão, doenças cutâneas autoimunes e imunomediadas são incomuns
ou raras em cães, mas mesmo assim podem ser encontradas na clínica
veterinária geral. Como muitos distúrbios podem ter aparência semelhante à
doença cutânea autoimune – e vice-versa -, um histórico abrangente e baterias
de exames diagnósticos são fundamentais para se chegar a um diagnóstico e a
um tratamento adequado, eliminando os desencadeadores identificáveis.
Quando apropriado, deve-se considerar terapia imune moduladora, em vez de
terapia imunossupressora, já que há menos efeitos colaterais sistêmicos
observados, mas muitos casos podem exigir terapia durante a vida inteira.
As doenças autoimunes têm complexa patogênese, na qual fatores ambientais,
genéticos e imunológicos se somam para o seu estabelecimento. Essa
variedade de agentes etiológicos dificulta o entendimento dos mecanismos
envolvidos nos processos autoimunes. A maior dúvida é por que apenas 3% a
8% da população desenvolvem DAI, já que 20% a 50% dos linfócitos T e B
podem reagir contra o próprio. Sabe-se que complexos mecanismos de
indução de tolerância central, bem como periférica, eliminam ou controlam a
ação dessas células auto reativas; todavia, há ainda escape de clones que
podem ser ativados durante uma resposta imune natural. Observou-se também
que certas pessoas produzem auto anticorpos naturalmente, sem sofrerem
nenhum dano tecidual por isso, e, ainda, que a produção transitória desses
auto anticorpos durante respostas imunes também pode ocorrer sem maiores
danos. Todos esses achados reforçam a complexidade das DAI, pois a falha
em um desses pontos de controle do sistema imune não deve ser o sufi ciente
para desencadear a patologia. O somatório de vários agentes etiológicos
(ambientais, imunológicos e genéticos) se faz necessário para o
desencadeamento e a manutenção de uma DAI. O progressivo entendimento
de mecanismos genéticos e imunológicos permitirá definir os eventos cruciais
para a manutenção da tolerância imunológica e, consequentemente, o
entendimento dos fatores que aumentem a suscetibilidade às DAI.
BIBLIOGRAFIA
https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13634/doencas-autoimunes-
em-caes-e-gatos
file:///C:/Users/MILENA/Downloads/39812-Texto%20do%20artigo-
176454-1-10-20171018.pdf
https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/
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http://www.faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/
6IOXN0vEkrfFDDh_2013-6-14-10-10-26.pdf
https://www.revistaveterinaria.com.br/doencas-auto-imunes-e-
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