Você está na página 1de 101

Sumário

1. Síndrome Gripal: Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento


2. Tosse e Resfriado Comum em Crianças e Adolescentes
3. Rinossinusite Aguda em Crianças e Adolescentes
4. Otite Média Aguda em Crianças e Adolescentes – Diretrizes para o Diagnóstico e Tratamento

5. Faringoamigdalite em Crianças e Adolescente


6. Bronquiolite
7. Crise Asmática em Crianças e Adolescentes – Diretrizes para o Diagnóstico e Tratamento
8. Laringite em Crianças e Adolescentes
9. Insuficiência Respiratória em Pediatria
10. Urticária Aguda e Angioedema em Crianças e Adolescentes
11. Anafilaxia Pediátrica
12. Infecção do Trato Urinário em Crianças e Adolescentes
13. Impetigo em Crianças e Adolescentes
14. Erisipela e Celulite
15. Celulite em Crianças e Adolescentes
16. Diarreia Aguda em Crianças e Adolescentes – Diretrizes para o Diagnóstico e Tratamento
17. Gengivoestomatite Herpética em Crianças e Adolescentes
18. Choque Pediátrico
19. Choque Séptico Pediátrico Protocolo Gerenciado
20. Convulsão Febril Benigna
21. Crise Epiléptica e Estado de Mal Epiléptico Convulsivo em Crianças e Adolescentes
(Fluxo de Atendimento UPAs)
22. Febre Sem Sinais Localizatórios
23. Linfadenopatia Aguda em Crianças e Adolescentes
24. Cefaleia em Crianças e Adolescentes
25. Cólica Nefrética em Crianças e Adolescentes
26. Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica – SIM-P/MIS-C
27. Síncope no Paciente Pediátrico
28. Taquiarritmias na Criança – Cuidado na Sala de Emergência
29. Ingestão de Corpo Estranho
30. Intoxicação Exógena Pediátrica
31. Cetoacidose Diabética em Crianças e Adolescentes
Guia do Episódio de Cuidado
Síndrome Gripal: Diretrizes para Diagnóstico e
Tratamento
Síndrome gripal: Indivíduo que apresente febre de início súbito (>38ºC), mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de
garganta e pelo menos um dos seguintes sintomas: cefaleia, mialgia ou artralgia, na ausência de outro diagnóstico específico. Em
crianças com menos de dois anos de idade, considera-se também como caso de síndrome gripal: febre de início súbito (mesmo que
referida) e sintomas respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), na ausência de outro diagnóstico específico.[1, 2]
Síndrome Respiratória Aguda Grave: Indivíduo de qualquer idade, com Síndrome Gripal e que apresente dispneia ou os seguintes sinais
de gravidade: saturação de oxigênio < 95% em ar ambiente; sinais de desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória,
avaliada de acordo com idade; piora nas condições clínicas de doença de base; hipotensão em relação à pressão arterial habitual do
paciente. Em crianças, além dos itens acima, observar: batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e
inapetência. [1, 2]
I - ASSISTENCIAL
1. DIAGNÓSTICO (1,2,3) 2. ESCORE DE RISCO (1)
Como o quadro clínico não distingue o tipo de agente
etiológico causador do quadro respiratório recomenda- São considerados fatores de risco para gravidade da síndrome gripal
se o teste mais sensível, específico e elevado valor [1, 3]:
preditivo negativo.
• Este teste é o painel molecular para patógenos • Grávidas em qualquer idade gestacional, puérperas até duas
respiratórios (biologia molecular pelo método semanas, após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda
PCR), capaz de detectar: Adenovirus; Coronavirus fetal);
229E,HKU1,OC43,NL63; Metapneumovirus; • Adultos ≥ 60 anos;
Rhinovirus/Enterovirus; Influenza(A,A/H1, A/H1- • Crianças < 5 anos (sendo que o maior risco de hospitalização é em
2009, A/H3, B); Parainfluenza (1,2,3,4); Vírus menores de 2 anos, especialmente as menores de 6 meses com
sincicial respiratório; Bordetella pertussis; maior taxa de mortalidade);
Chlamydophila pneumoniae; Bordetella pertussis; • Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso prolongado de ácido
Mycoplasma pneumoniae. acetilsalicílico (risco de Síndrome de Reye);
Este teste pode ser colhido por swab de nasofaringe ou • População indígena aldeada;
lavado broncoalveolar, com resultado em 24 horas. [3, Comorbidades:
4, 5]
› Pneumopatias (incluindo asma);
• Existem outros testes menos sensíveis e › Pacientes com tuberculose de todas as formas (há evidência de maior
específicos, como por exemplo: teste rápido para complicação e possibilidade de reativação);
influenza A e B (imunocromatográfico); triagem de › Cardiovasculopatias (excluindo hipertensão arterial sistêmica);
vírus respiratórios por imunofluorescência para › Nefropatias;
vírus sincicial respiratório, parainfluenza 1 a 3, › Hepatopatias;
adenovírus, influenza A e B › Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme);
(imunofluorescência); técnicas moleculares › Distúrbios metabólicos (incluindo diabetes mellitus);
(PCR) para detecção de influenza A e B apenas. › Transtornos neurológicos e do desenvolvimento que podem
Para a complementação diagnóstica, recomenda-se comprometer a função respiratória ou aumentar o risco de aspiração
radiologia simples de tórax e exames inespecíficos (disfunção cognitiva, lesão medular, epilepsia, paralisia cerebral,
como: hemograma, CPK, função renal (ureia, Síndrome de Down, Acidente Vascular Encefálico – AVE ou doenças
creatinina), eletrólitos (sódio, potássio, cálcio ionizado neuromusculares);
e magnésio), proteína C reativa, AST, ALT. Se radiologia › Imunossupressão associada a medicamentos, neoplasias, HIV/Aids ou
simples de tórax não demonstrar alterações, o exame outros;
pode ser refinado com tomografia de tórax sem › Obesidade (Índice de Massa Corporal – IMC ≥ 40 em adultos).
contraste.[4, 5]

3. ALOCAÇÃO ADEQUADA
Todos os casos de síndrome respiratória aguda grave são considerados critérios de internação hospitalar, sendo que os casos que
necessitem de suporte de ventilação mecânica ou uso de drogas vasoativas para manutenção de estabilidade hemodinâmica serão
alocados para unidade de terapia intensiva.
Os critérios de alta são:
• afebril durante 24 horas
• sem necessidade de oxigenioterapia
• estabilidade hemodinâmica
• compensação clínica das comorbidades

O retorno ambulatorial pode ser programada em até 1 semana, sem necessidade de novos exames.
4. TRATAMENTO
• Recomenda-se, fortemente, o tratamento de todos os casos de síndrome respiratória aguda grave por influenza e síndrome
gripal com fatores de risco. No caso de síndrome gripal sem fatores de risco, iniciar o tratamento nos casos com menos de 48
horas de evolução. Os esquemas de tratamento com dose e duração do oseltamivir são demonstrados abaixo: [6, 7, 8]

• A dose de Oseltamivir em pacientes com insuficiência renal crônica e clearance de creatinina < 30ml/min/1,73m2 deve ser
reduzida de acordo com a tabela abaixo. Para pacientes em diálise contínua, pode ser mantida a dose normal. [6, 7, 8]

• O uso de dose e tempo dobrados de Oseltamivir pode ser considerado pelo médico em pacientes que apresentam instabilidade
hemodinâmica ou sob ventilação mecânica ou imunossuprimido ou obesidade (IMC > 40) ou uso de Sonda nasoentérica. [6, 7,
8]

TABELAS COM POSOLOGIA PARA TRATAMENTO E QUIMIOPROFILAXIA

Clearance de Creatinina Tratamento 5 dias Profilaxia 10 dias

Clearance >60 -90 ml/min 75 mg 12/12 h 75 mg 1 vez ao dia

Clearance >30-60 ml/min 30 mg 12/12 h 30 mg 1 vez ao dia

Clearance >10-30 ml/min 30 mg 1 vez ao dia 30 mg em dias alternados

Pacientes em hemodiálise 30 mg após cada sessão de 30 mg após cada sessão alternada de


clearance ≤ 10 ml/min hemodiálise * hemodiálise

Pacientes em diálise Peritoneal Única dose de 30 mg administrada 30 mg 1 vez por semana


Contínua ambulatorial – dPCa imediatamente após troca da imediatamente após troca da diálise
Clearance ≤ 10 ml/min diálise **

DROGA Faixa Etária Posologia

Adulto 75 mg, vo* , 12/12h, 5 dias

≤ 15 Kg 30 mg, vo, 12/12h, 5 dias


Criança maior de 1 ano >15 Kg a 23 kg
45 mg, vo, 12/12h, 5 dias
de idade >23 Kg a 40 Kg
60 mg, vo, 12/12h, 5 dias
Oseltamivir > 40 Kg
75 mg, vo, 12/12h, 5 dias

Criança menor de 1 ano de 0 a 8 meses 3mg por kg, vo, 12/12h, 5 dias
idade
9 a 11 meses 3,5 mg por kg, vo, 12/12h, 5 dias
Zanamivir Adulto 10mg: duas inalações de 5 mg, 12/12
Criança ≥ 7 anos h, 5 dias

Dose para tratamento em recém – nascidos – Tratamento durante cinco dias

Oseltamivir 1mg/kg/dose 12/12 horas – em prematuros

1mg/kg/dose 12/12 horas de 37 a < 38 semanas de idade gestacional

1, 5 mg/kg/dose 12/12 horas de 38 a < 40 semanas de idade gestacional

3mg/kg/dose 12/12 horas de > 40 semanas de idade gestacional


4.1 QUIMIOPROFILAXIA
A quimioprofilaxia após exposição a casos de influenza correspondem a metade da dose terapêutica já descrita acima durante 10
dias.
• As indicações de uso estão descritas abaixo: [6, 7, 8]

- Pessoas com risco elevado de complicações (presença de fatores de risco), não vacinadas ou vacinadas há menos de duas
semanas, após exposição a caso suspeito ou confirmado de influenza, dentro das primeiras 48 horas;

- Crianças com menos de nove anos de idade, primovacinadas, necessitam de uma segunda dose de vacina com intervalo de um
mês para serem consideradas vacinadas. Aquelas com condições ou fatores de risco, e que foram expostas a caso suspeito ou
confirmado no intervalo entre a primeira e a segunda dose ou com menos de duas semanas após a segunda dose, deverão
receber quimioprofilaxia se tiverem comorbidades ou se tiverem menos de dois anos de idade;

- Pessoas com graves deficiências imunológicas (exemplos: pessoas que usam medicamentos imunossupressores; pessoas com
AIDS ou apresentando imunodepressão avançada) ou outros fatores que possam interferir na resposta à vacinação contra a
influenza, após contato com pessoa com infecção;

- Profissionais de laboratório, não vacinados ou vacinados a menos de 15 dias, que tenham manipulado amostras clínicas de
origem respiratória que contenham o vírus influenza sem uso adequado de EPI;

- Trabalhadores de saúde, não vacinados ou vacinados a menos de 15 dias e, que estiveram envolvidos na realização de
procedimentos invasivos geradores de aerossóis ou na manipulação de secreções de caso suspeito ou confirmado de influenza
sem o uso adequado de EPI;

- Residentes de alto risco em instituições fechadas e hospitais de longa permanência, durante surtos na instituição. Nestes locais,
a quimioprofilaxia é recomendável por no mínimo 14 dias e até pelo menos 7 dias após a identificação do último caso.

II. INDICADORES DE QUALIDADE


• Indicador de resultado: taxa de mortalidade por influenza (número de óbitos por influenza no período / total de pacientes
com influenza no período);
• Indicador de processo: taxa de solicitação de painel de patógenos respiratórios por biologia molecular (gold standard) –
Número de exames solicitados de painel de patógenos respiratórios por biologia molecular / total de pacientes com síndrome
gripal

III. GLOSSÁRIO
- EPI: equipamentos de proteção individual; IMC: índice de massa corpórea; PCR: reação em cadeia de polimerase; AST: aspartato
aminotransferase e ALT: alanina aminotransferase

IV. HISTÓRICO DE REVISÃO


Versão 3: Alteração do template

V. REFERÊNCIAS
[1] Havers FP, Campbell AP, Uyeki TM, Fry AM. Commentary: A Historical Review of Centers for Disease Control and Prevention
Antiviral Treatment and Postexposure Chemoprophylaxis Guidance for Human Infections With Novel Influenza A Viruses Associated
With Severe Human Disease. J Infect Dis 2017;216(suppl_4):S575;
[2] Talbot HK. Influenza in Older Adults. Infect Dis Clin North Am 2017;31(4):757;
[3] Uyeki TM. Influenza. Ann Intern Med 2017;167(5):ITC33;
[4] Ison MG. Contemporary Influenza Diagnostics: Renewed Focus on Testing Patients. Ann Intern Med 2017;167(6):438;
[5] Rotrosen ET, Neuzil KM. Influenza: A Global Perspective. Pediatr Clin North Am 2017;64(4):911;
[6] Lansbury LE, Brown CS, et al. Influenza in long-term care facilities. Influenza Other Respir Viruses 2017;11(5):356;
[7] Katz MA, Gessner BD, Johnson J, et al. Incidence of influenza virus infection among pregnant women: a systematic review
BMC Pregnancy Childbirth. 2017; 17(1):155;
[8] Kondrich J, Rosenthal M. Influenza in children. Curr Opin Pediatr 2017;29(3):297

Código Elaborador: Revisor:or: Aprovador: Data de Data de


Documento: Fernando Gatti Mauro Dirlando C Giancarlo Colombo Elaboração: Aprovação:
CPTW156.3 de Menezes de Oliveira 20/04/2020 14/10/2022
Data de revisão:
30/09/2022
Guia do Episódio de Cuidado
Tosse e Resfriado Comum em Crianças e Adolescentes
Tosse é um reflexo protetor da via respiratória, particularmente quando há grande quantidade de secreção.
O resfriado comum é uma condição auto limitada, de origem viral que constitui a principal causa de tosse na criança.

1. DIAGNÓSTICO E EXAMES ADICIONAIS


Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial):
Clínico

Indicação de exames diagnósticos


Não há para tosse < 4 semanas (aguda)

Indicação de outros exames


Para tosse > 4 semanas (crônica): RX tórax

Tosse e Sintomas de Resfriado

Não Sim
Específica

≥4 Encaminhar para
semanas especialista para
investigação
Não Sim

• Orientar: • RX tórax
• Evolução benigna • Antibiótico se descarga purulenta
• Hidratação oral • Seguimento ambulatorial
• Lavagem nasal
• Líquidos quentes
• Mel (> 1 ano)

2. TRATAMENTO
Tratamento inicial
Hidratação oral, lavagem nasal com solução salina, mel (para maiores de 1 ano), líquidos quentes (1,4,5,6,7).

Critérios de alta
Bom estado geral.

Duração do tratamento:
Até 4 semanas.

Indicação de exames de controle durante o tratamento


De acordo com a evolução clínica.

Indicação de retorno ambulatorial, em quanto tempo, exames no retorno


Tosse crônica (2,3).
Referências

[1] WHO 2001;


[2] Pediatr Clin North Am. 2009 Feb;56(1):19-3;
[3] Thorax 2003 Nov;58 (11)998-1003;
[4] Pediatrics. 2008 Apr;121(4):783-7;
[5] Pediatrics. 2008 Aug;122(2):e323-9;
[6] Cochrane Database Syst Rev. 2008 Jan 23;(1):CD001831;
[7] Cochrane Database Syst Rev. 2018 Apr 10;4:CD007094

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Data de


Documento: Camila Sanches Mauro Dirlando C Haggeas Da Silveira Elaboração: Aprovação:
CPTW181.1 Lanetzki de Oliveira Fernandes 02/11/2020 02/11/2020
Guia do Episódio de Cuidado
Rinossinusite Aguda em Crianças e Adolescentes
Processo inflamatório que acomete nariz e seios paranasais..Pode ser de etiologia viral ou bacteriana.

1. DIAGNÓSTICO 2. ESCORE DE RISCO


Não há
Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial)

Essencialmente clínico associado à evolução temporal da doença. O paciente 3. EXAMES


deve apresentar obrigatoriamente dois ou mais sintomas: obstrução nasal, Indicação de exames diagnósticos
congestão facial, rinorreia posterior ou anterior, hipósmia ou anosmia, dor ou TC de seios da face ou RNM na suspeita de
pressão facial, cefaleia e dor na arcada dentária (nas crianças maiores de 6 complicações orbitárias ou intracranianas
anos)
Rinossinusite bacteriana: permanência dos sintomas após 10 dias, piora da Indicação de outros exames
evolução destes com aumento ou reaparecimento da secreção nasal, tosse De acordo com a avaliação médica na presença de
diurna ou febre após melhora inicial ou febre por 3 dias consecutivos de até complicações. Avaliação do oftalmologista na
39°C e secreção mucopurulenta. presença de complicação periorbitária

4. TRATAMENTO
Tratamento inicial
Sinusite bacteriana não complicada : Amoxicilina 50 mg/kg/dia VO por 10 dias.
Sinusite bacteriana em paciente previamente tratado com antibiótico ou com doença grave: amoxicilina + ácido clavulânico VO 50
mg/kg/dia por 10 dias.
Crianças com vômitos ou que não toleram medicação VO: Ceftriaxone 50 mg/kg IM dose única diária até melhora dos vômitos.
Crianças com alergia a amoxicilina: acetil-cefuroxima VO 30 mg/kg/dia por 10 dias ou claritromicina VO 15 mg/kg/dia.
Sinusite bacteriana complicada: Ceftriaxone 50 mg/kg/dia via parenteral. Eventualmente corticoide endovenoso e cirurgia de
descompressão da lâmina papirácea.
Critérios para conversão para terapia oral
Melhora dos vômitos quando presentes.
Critérios de alta
Bom estado geral e ausência de complicações.
Duração do tratamento
10 dias a semanas se houver complicação.
Indicação de exames de controle durante o tratamento
De acordo com a evolução clínica.
Indicação de retorno ambulatorial, em quanto tempo, exames no retorno
48 horas após alta. Exames a critério da avaliação médica.

Referências
[1] Revista Brasileira de Otorrinolaringologia - Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites 2008 sup 2;
[2] Atualização de condutas em Pediatria- SPSP 2016;
[3] Pediatrics 2013 Jul;132(1):e262-80;
[4] Pediatric Infect DisJ2013 Jun;32(6):641-3

Código Elaborador: Revisor:or: Aprovador: Data de Data de


Documento: Mariana Mori Mauro Dirlando C Haggeas Da Silveira Elaboração: Aprovação:
CPTW179.1 de Oliveira Fernandes 02/11/2020 02/11/2020
Guia do Episódio de Cuidado
Otite Média Aguda em crianças e adolescentes - Diretrizes
para o diagnóstico e tratamento

1. Definição
A otite média aguda (OMA) é caracterizada pela instalação rápida de sinais e sintomas inflamatórios da orelha média, é mais prevalente
em meninos e tem pico de incidência entre 6 e 24 meses de idade. Os principais agentes etiológicos são Haemophilus influenza,
Streptococcus pneumoniae, Moraxella catarrhalis, Streptococcus do grupo A e S. aureus.

2. Diagnóstico e exames adicionais

Segundo a Academia Americana de Pediatria o diagnóstico é clínico, sendo necessário ao menos um dos seguintes critérios:
• Abaulamento moderado ou severo de Membrana timpânica (MT); ou
• Presença de otorréia de início recente não atribuível a otite externa; ou
• Abaulamento leve de MT e mais:
• Início recente (<48hs) de otalgia (em bebês podem apresentar manipulação excessiva da orelha); ou
• Hiperemia importante de MT
Indicação de exames diagnósticos
Apenas se suspeita de complicações como mastoidite (TC de mastoide), meningite (LCR), abcesso cerebral (TC ou RM de crânio),
labirintite, paralisia facial, trombose.

3. Indicação de internação e alocação adequada

Critérios para internação


Presença de complicações como mastoidite, meningite e abcesso cerebral.

Critérios para internação em UTI


Sepse, instabilidade hemodinâmica.

Critérios de alta: Ausência de complicações

4. Tratamento

Tratamento inicial
• Analgesia com dipirona, paracetamol ou ibuprofeno
• < 6 meses: antibióticoterapia por 10 dias
• Entre 6 meses e 2 anos: antibióticoterapia por 10 dias se presença de sinais e sintomas graves
• > 2 anos: antibióticoterapia por 5-7 dias se presença de sintomas graves
Observação: se optado por
Sinais e sintomas graves:
• Otalgia a mais de 48 horas tratamento com sintomáticos
• Febre ≥ 39°C
reavaliar em 48-72 horas se
• OMA bilateral
• Presença de otorréia persistência dos sintomas
• Toxemia

5. Indicadores de qualidade

• Não prescrição de antibióticoterapia para otites virais


• Não prescrição de outras terapias para OMA com uso de anti-histamínicos, corticoides, descongestionantes, antibióticos tópicos e
anti-inflamatórios não hormonais.
6. Manejo da OMA em crianças e adolescentes

OMA

< 6 meses > 6 meses

Sintomas
- 1ª opção: Amoxicilina 50 a graves?***
90*mg/kg/dia por 10 dias

- 2ª opção**: Amoxicilina + Sim Não


clavulanato 50mg/kg/dia por 10
dias

- Alergia a penicilina (anafilaxia, - 1ª opção: Amoxicilina 50 a


Sintomáticos:
urticária, angioedema, IgE- 90*mg/kg/dia por 5 a 7 dias
dipirona, paracetamol
mediada): ou ibuprofeno
• Azitromicina 10mg/kg/dia no - 2ª opção**: Amoxicilina +
primeiro dia e 5mg/kg/dia nos clavulanato 50mg/kg/dia por
próximos 4 dias 10 dias
• Claritromicina 15mg/kg/dia, Ausência de melhora
10 dias - Alergia a penicilina
(anafilaxia, urticária, ou piora em 48-72
- Alergia a penicilina (não
angioedema, IgE-mediada): horas
anafilática, não IgE-mediada):
Cefuroxima 30mg/kg/dia por 10 • Azitromicina 10mg/kg/dia
dias no primeiro dia e
5mg/kg/dia nos próximos
4 dias
• Claritromicina
Ausência de 15mg/kg/dia, 10 dias
melhora ou piora - Alergia a penicilina (não
em 48-72 horas anafilática, não IgE-mediada): ***Sintomas graves:
Cefuroxima 30mg/kg/dia por • Otalgia a mais de 48
10 dias horas
• Febre ≥ 39°C
Ceftriaxone • OMA bilateral
50mg/kg EV ou IM • Presença de otorréia
por 2 a 3 dias • Toxemia

* Indicações para uso de amoxilina 90mg/kg/dia: exposição recente a


antibióticos (≤ 3 meses), frequência em creche/educação
infantil, perfil de resistência do S. pneumoniae na comunidade, Critérios de internação hospitalar: sinais
estado vacinal. de complicações como mastoidite,
** Indicações para o uso de amoxilina + clavulanato: uso de meningite e abcesso cerebral.
antibiótico beta-lactâmico nos últimos 30 dias, conjuntivite purulenta
associada, OMA recorrente sem resposta ao uso de amoxilina.
7. Referências literárias:
Schappert SM, Rechtsteiner EA. Ambulatory medical care utilization estimates for 2007. Vital Health Stat 13. 2011 Apr;(169):1-38. PMID:
21614897.

Jacobs MR, Dagan R, Appelbaum PC, Burch DJ. Prevalence of antimicrobial-resistant pathogens in middle ear fluid. Antimicrob Agents
Chemother. 1998;42(3):589–595

Lieberthal AS, Carroll AE, Chonmaitree T, Ganiats TG, Hoberman A, Jackson MA, Joffe MD, Miller DT, Rosenfeld RM, Sevilla XD, Schwartz
RH, Thomas PA, Tunkel DE. The diagnosis and management of acute otitis media. Pediatrics. 2013 Mar;131(3):e964-99

American Academy of Pediatrics Subcommittee on Management of Acute Otitis Media. Diagnosis and management of acute otitis
media. Pediatrics. 2004 May;113(5):1451-65

Castanheira M, Gales AC, Mendes RE, Jones RN, Sader HS. Antimicrobial susceptibility of Streptococcus pneumoniae in Latin America:
results from five years of the SENTRY Antimicrobial Surveillance Program. Clin Microbiol Infect. 2004 Jul;10(7):645-51

Venekamp RP, Sanders SL, Glasziou PP, Del Mar CB, Rovers MM. Antibiotics for acute otitis media in children. Cochrane Database Syst
Rev. 2015 Jun 23;2015(6):CD000219

Van den Aardweg MT, Rovers MM, de Ru JA, Albers FW, Schilder AG. A systematic review of diagnostic criteria for acute mastoiditis in
children. Otol Neurotol. 2008 Sep;29(6):751-7

Código Elaborador: Revisor:or: Aprovador: Data de Data de


Documento: Mariana Mori José Leão Haggeas Da Silveira Elaboração: Aprovação:
CPTW178.2 Danilo Nanbu Milena di Paulis Fernandes 19/08/2021 19/08/2021
Guia do Episódio de Cuidado
FARINGOAMIGDALITE EM CRIANÇAS E
Faringoamigdalite
ADOLESCENTE em Crianças e Adolescente
Infecção aguda das tonsilas palatinas e/ou faringe causada por agentes virais e/ou bacterianos.

1. FLUXOGRAMA
Aspectos clínicos e epidemiológicos

Não Etiologia estreptocóccica Provável

Terapia sintomática Etiologia estreptocóccica

Positivo Strep teste

Antibiótico Negativo

Cultura de orofaringe e
Positivo sintomáticos

Antibiótico
Negativo

Sintomáticos

2. DIAGNÓSTICO E EXAMES ADICIONAIS

Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial):

• Exame físico com hiperemia e exsudato em amígdalas com petéquias em palato, associado à quadro clínico sugestivo de infecção
bacteriana, ou seja, presença de dor de garganta acompanhado de febre, na ausência de tosse, coriza, rouquidão ou conjuntivite.

Indicação de exames diagnósticos:

• Teste rápido para Streptococcus pyogenes e cultura de orofaringe se teste rápido negativo (1,2).

Indicação de outros exames:

• Protocolo sepse caso paciente com sinais de instabilidade hemodinâmica e/ou toxemia.
3. ESCORE DE RISCO A tabela abaixo mostra os critérios avaliados e a
pontuação correspondente no Escore de McIsaac:
O escore de McIsaac et al prediz a necessidade de realização de
pesquisa rápida para Streptococcus pyogenes e cultura, mas não Critérios Pontos
diagnóstico (3,4,5):
Febre (>38°C) 1
• Escore 0 a -1: risco de 1 a 2,5% para cultura de orofaringe positiva; Ausência de tosse 1
• Escore 1: risco de 5 a 10% para cultura orofaringe positiva; Aumento de nódulos cervicais anterior 1
• Escore 2 : risco de 11 a 17% para cultura orofaringe positiva;
Edema ou exsudato em amigdalas 1
• Escore 3: risco de 18 a 35% para cultura orofaringe positiva;
• Escore 4: risco de 51 a 53% para cultura orofaringe positiva. Idade
3 a 15 anos 1
15 a < 45 anos 0
> 45 anos -1

4. TRATAMENTO (6,7,8)
❖ Duração do tratamento:
❖ Tratamento inicial: Amoxilina por 10 dias ou Penicilina G Benzatina dose única.
Amoxilina ou Penicilina G Benzatina.
❖ Indicação de exames de controle durante o tratamento:
❖ Critérios para conversão para terapia oral: Não há indicação, exceto se presença de complicações
Ausência de toxemia, ausência de vômitos, boa aceitação por via supurativas.
oral.
❖ Indicação de retorno ambulatorial, em quanto tempo,
❖ Critérios de alta: exames no retorno:
Ausência de toxemia, melhora da dor e da febre, boa aceitação Não há indicação, exceto se presença de complicações
por via oral de líquidos, alimentos e medicação. supurativas

Referências
[1] Fam Pract Manag 2003, 10(8):68-9;
[2] Einstein 2010, 8:197-199;
[3] CMAJ 1998;158 (1):75-83;
[4] CMAJ 2000; 163 (7):811-15;
[5] JAMA 2005;294:2700;
[6] BMC Cardiovas Disord 2005; 5:11;
[7] J Pediatr 1985;106:870-5s;
[8] UptoDate 200766

Código Elaborador: Revisor:or: Aprovador: Data de Data de


Documento: Mariana Mori Mauro Dirlando C Haggeas Da Silveira Elaboração: Aprovação:
CPTW171.1 de Oliveira Fernandes 02/11/2020 02/11/2020
Guia do Episódio de Cuidado
Bronquiolite

FLUXOGRAMA MANEJO DA BRONQUIOLITE

Criança <2 anos com história de IVAS que


evolui para taquidispnéia e/ou sibilância

• Eupnéica ou taquipnéica • Taquipnéia intensa


leve • Desconforto respiratório importante
• Sem sinais ou com sinais (batimamento de asa de nariz, tiragem
leves de desconforto • Taquipnéia de fúrcula, intercostal e
respiratório • Desconforto respiratório subdiafragmática intensas)
• Sat >92% aa moderado (tiragem de • Sat <92% aa
• Sem episódios de apnéia fúrcula, intercostal e • Episódios de apnéia
• Boa aceitação alimentar subdiafragmática) • Incapacidade de se alimentar
• Sem sonolência ou • Sat <92% • Sonolência ou irritabilidade
irritabilidade • Sem episódios de apnéia
• Dificuldade de se alimentar
• Irritabilidade leve
SE APÓS 12-24H DE OBSERVAÇÃO

• Eupnéica
LEVE MODERADO • Sem sinais de desconforto GRAVE
respiratório
• Sat >92%aa
• Sem episódios de apnéia
• Boa aceitação alimentar
Paciente com Paciente ADMISSÃO • Sem sonolência ou
taquipnéia leve eupneico irritabilidade ADMISSÃO EM SALA DE
e/ou tiragem • Monitorização periódica dos EMERGÊNCIA
subdiafragmática sinais vitais (FR,FC, saturação ou Alta
temperatura) • Monitorização continua
• Suporte O2 se Sat <92% dos sinais vitais (FR,FC,
• Fluidificação de secreções com saturação e temperatura)
lavagem nasal e inalação com • Suporte de O2 de alto fluxo
SF0,9%
SE APÓS 12-24H DE
OBSERVAÇÃO para manter Sat>92%
Avaliar • Avaliar sinais de desidratação
Realizar • Avaliar capacidade de ingestão
• Pausa alimentar
Melhora fatores
lavagem nasal oral e necessidades de passagem • Manutenção ou • Avaliar sinais vitais de
de risco
e inalação de sonda gástrica ausência de desidratação e se
e sociais
com SF 0.9% melhora do necessário, realizar
desconforto expansão com 20ml/kg de
respiratório SF 0,9%
Manutenção Considerar • Avaliar necessidade de
ou piora internação Se piora clínica aspiração nasal
ALTA
em qualquer • Considerar teste com
momento broncodilatador
Orientações de:
Seguir protocolo moderado • Lavagem nasal e INTERNAÇÃO
inalação com SF
0.9%
• Sinais de alarme
para retorno SEGUIR PROTOCOLO
• Evolução natural GRAVE • Sinais de fadiga
Melhoras dos
da doença respiratória
parâmetros clínicos
• Incapacidade de
• Idade menor que 3 meses manutenção de Sat
• Antecedente de prematuridade >92% com suporte de
• Imunodeficiências congênitas ou adquiridas O2
• Doença pulmonar crônica
• Cardiopatia com repercussão hemodinâmica
• Doenças neuromusculares
UTI ou enfermaria
• Dificuldade de acesso a serviços de saúde
• Impossibilidade de garantia da manutenção de
cuidado adequado em domicilio CPAP ou HFNC
• Incapacidade do cuidador reconhecer sinais de
gravidade

IOT

UTI
1. DEFINIÇÃO

Acometimento inflamatório primário das vias aéreas de pequeno calibre, identificado clinicamente como episódio de sibilância em
uma criança com idade inferior a 2 anos, com sinais de infecção respiratória viral e sem antecedentes de atopia.

2. DIAGNÓSTICO E EXAMES

Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial):


O diagnóstico é essencialmente clínico. Tipicamente a história é de uma criança com idade inferior a 2 anos que apresenta um pródromo
gripal, seguido de esforço respiratório e sibilância.

Indicação de exames diagnósticos:


- Teste rápido vírus sincicial: casos moderados a graves e a critério clínico.
- Teste rápido de influenza: considerar em caso de síndrome gripal.
- Painel de patógenos respiratórios: considerar se internação ou necessidade de diagnóstico diferencial.

Indicação de outros exames:


- Radiografia de tórax se suspeita de complicações e/ou desconforto respiratório moderado/grave
- Gasometria arterial se desconforto respiratório grave
- Triagem infecciosa se idade inferior à 3 meses e febre alta e/ou suspeita de infecção secundária.
3. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA

Critérios para internação:


- Menores de 3 meses de idade
- Toxemia
- Desidratação
- Desconforto respiratório
- Cianose
- FR > 70 ipm
- Hipoxemia (saturação < 92%)
- Impossibilidade de a criança ser observada pelos pais em casa
- Apnéia
- Prematuros
- Imunodeficiência
- Doença cardíaca com repercussão hemodinâmica

Critérios para internação em UTI:


Presença de insuficiência respiratória e/ou instabilidade hemodinâmica.

4. TRATAMENTO

- Hidratação VO ou EV dependendo das condições clínicas (nível de consciência, grau de desconforto respiratório, estado de hidratação e
condições hemodinâmicas).
- Aporte de oxigênio se saturação < 90-92%.
- Suporte ventilatório através de cânula nasal de alto fluxo (1,5 a 2 l/kg/min), ventilação não invasiva ou intubação orotraqueal quando
indicado.
- Considerar teste terapêutico com broncodilatador em casos graves e manter somente se boa resposta, levando em consideração os
riscos e benefícios do tratamento (controverso, mas aceitável).

Critérios para conversão para terapia oral:


Ausência de desconforto respiratório moderado ou grave.

Duração do tratamento:
A depender da evolução clínica.

Indicação de exames de controle durante o tratamento:


Suspeita de complicações.

Indicação de retorno ambulatorial:


A critério clínico. Sugere-se reavaliação em 24-48 horas para seguimento dos pacientes com risco de agravamento do quadro (considerar
faixa etária, doenças de base, condições sociais).
5. CRITÉRIOS DE ALTA

- Melhora da traquidispnéia e hipoxemia.


- Boa aceitação por via oral.
- Ausência de toxemia.

6. INDICADORES DE QUALIDADE

- Não prescrição de corticoide.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
[1]Pediatrics. 2014 Nov;134(5):e1474-502;
[2] Intensive Care Med. 2018 Oct 21;
[3]J Pediatr (Rio J). 2017 Nov - Dec;93 Suppl 1:36-45;
[4] FERRONATO, Angela E.; BARREIRA, Eliane R. Bronquiolite. In: GILIO, Alfredo Elias et al. Urgências e emergências em pediatria geral:
Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. São Paulo: Atheneu, 2015. p. 171-178.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Data de


Documento: Ludmila Pádua Mauro Dirlando C Haggeas Da Silveira Elaboração: Aprovação:
CPTW161.2 Domingues Braga de Oliveira Fernandes 19/08/2021 19/08/2021
Milena de Paulis
Thaise Dantas
Vieira Viegas
Viviane Mauro
Correa Meyer
Guia do Episódio de Cuidado
Crise Asmática em Crianças e Adolescentes -
Diretrizes para o diagnóstico e tratamento

1. DEFINIÇÃO
Episódios caracterizados por um aumento progressivo dos sintomas de dispneia, tosse, sibilos, sensação de aperto
no peito e diminuição progressiva da função pulmonar, representando uma alteração no estado basal do paciente
que exige uma mudança no tratamento. As exacerbações podem ocorrer em pacientes com diagnóstico prévio de
asma ou, ocasionalmente, como a primeira apresentação da doença.

2. DIAGNÓSTICO E EXAMES ADICIONAIS

O diagnóstico é eminentemente clínico: presença de sintomas respiratórios como dispneia, tosse, sensação de aperto
no peito, associados a um quadro de broncoespasmo.
Na avaliação inicial, anamnese e exame físico devem incluir:
- início dos sintomas e causa (se conhecida);
- histórico de hospitalização, intubação orotraqueal e ventilação mecânica;
- uso atual ou recente de corticosteroides;
- uso de medicações de resgate;
- sinais vitais (temperatura, frequência respiratória, frequência cardíaca e pressão arterial), nível de consciência, uso
de musculatura acessória;
- fatores complicadores (anafilaxia, pneumonia, atelectasias);
- outras condições que podem explicar dispneia aguda (aspiração de corpo estranho, obstrução laríngea, insuficiência
cardíaca).

Indicação de exames complementares


Oximetria de pulso: medidas seriadas auxiliam na avaliação da gravidade e resposta.
Exames laboratoriais: não são necessários na maioria dos pacientes e não devem atrasar o início do tratamento da
crise.
Radiografia de tórax: não é recomendada rotineiramente, a menos que paciente não responda ao tratamento inicial
ou haja suspeita de complicações cardiopulmonares (pneumonia, pneumotórax, atelectasia, pneumomediastino,
aspiração de corpo estranho etc). Podem estar relacionados com alterações radiológicas: febre, ausência de história
familiar de asma, achados localizados no exame físico pulmonar.
Gasometria arterial (PaCO2): deve ser considerada em pacientes com crises graves que não respondem ao
tratamento inicial ou estão deteriorando. Fadiga e sonolência sugerem que pCO2 pode estar aumentando. PaO2<60
mmHg e PaCO2 normal ou aumentada (especialmente >45 mmHg) indicam insuficiência respiratória.

3. ESCORE DE RISCO

LEVE MODERADA GRAVE


Sintomas
Falta de ar Andando Falando Em repouso
Lactente Dificuldade de se Para de se alimentar
alimentar
Fala em Frases completas Frases entrecortadas Palavras
Estado mental Normal Normal/alterado Alterado
Achados clínicos
Frequência respiratória Normal/aumentada Aumentada Aumentada
(FR)*
Sibilos Moderado, final da Intenso, durante expiração Intenso, inspiratório e
expiração expiratório
Dispneia Leve/ausente Moderada Intensa
Frequência cardíaca Normal Aumentada Muito aumentada
Avaliação funcional
Sat O2 em ar ambiente >95% 91 – 95% ≤90%
PaO2 Normal ≥60 mmHg <60 mmHg
PaCO2 Normal <42 mmHg ≥42 mmHg
*Idade FR normal FC normal
<2 meses <60 ipm <180 bpm
2-12 meses <50 ipm <160 bpm
1-5 anos <40ipm <120 bpm
6-8 anos <30 ipm <110 bpm
4. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA

Critérios para internação Critérios para conversão para terapia oral

Presença de sinais de insuficiência respiratória mantida após Assim que o paciente tolerar a administração do
tratamento inicial (dispneia, uso de musculatura acessória, corticoide por via oral (prednisona via oral tem
efeito equivalente ao da metilprednisolona
hipoxemia).
endovenosa).
Critérios para internação em UTI

Crises moderadas ou graves, que evoluem sem resposta às medidas


iniciais e/ou com deterioração clínica. Critérios de alta

Paciente com boa resposta ao tratamento


inicial, sem desconforto respiratório e Sat O2
>94%. A criança deve estar sem desconforto e
em ar ambiente.

5. TRATAMENTO

Tratamento inicial
• Inalação com broncodilatadores de ação rápida, preferencialmente inalador dosimetrado (MDI) com máscara e espaçador.
• Início precoce de corticosteroides na crise grave e na crise leve em > 6 anos.
• Suplementação de oxigênio de acordo com a gravidade da crise e resposta às medidas iniciais .

Duração do Tratamento
• Salbutamol inalatório 4 a 6x/dia por 5 dias.
• Corticoide oral por 5 dias (se recebeu no atendimento).

Indicação de exames de controle durante o tratamento:


• Não há.

Indicação de retorno ambulatorial, exames no retorno:


• Reavaliação ambulatorial com pediatra após 48 horas. Exames de acordo com o médico assistente.

• MEDICAÇÕES UTILIZADAS NO CONTROLE DA CRISE ASMÁTICA GRAVE NO PRONTO SOCORRO

Medicação Dose

Salbutamol aerossol (100 mcg/dose) 4-8 jatos a cada 20 min 3 vezes (inicial). Repetir conforme
necessidade.

Salbutamol sol. Inalação (5 mg/mL) 0,15 mg/kg, máximo 1mL, a cada 20 min 3 vezes (inicial).
Repetir conforme necessidade.

Brometo de Ipratropio sol. Inalação (0,25 mg/mL) <12 anos – 0,25 mg (20 gotas) a cada 20 min 3 vezes.
>12 anos- 0, 5 mg (40 gotas) a cada 20 min 3 vezes.

Brometo de Ipratrópio aerossol (20 mcg/dose) <12 anos – 4 jatos a cada 20 min 3 vezes.
>12 anos- 8 jatos a cada 20 min 3 vezes.

Corticóide sistêmico (prednisona/prednisolona VO ou 1-2 mg/kg/dia (máximo 40 mg/dia para <12 anos e 50 mg/dia
metilprednisolona EV) para 12-17 anos) a cada 12-24h.

Sulfato de Magnésio Dose inicial sugerida: 50 mg/kg EV) infundido em 20 min. Se


necessário completar para 75 mg/kg (máximo 2 g).

Salbutamol EV (0,5 mg/mL) Ataque: 10 mcg/kg EV.


Manutenção 0,1 a 1 mcg/kg/min EV (máximo 5 mcg/kg/min).

6. INDICADORES DE QUALIDADE

Total de prescrições de beta-2 agonista via inalador dosimetrado com espaçador (MDI) em relação ao total de casos de exacerbação de
asma leve e moderada atendidos nas UPAs.
7 . FLUXOGRAMA

Avaliação inicial: anamnese, exame físico, sinais vitais e oximetria.


Classificação de Gravidade:

LEVE MODERADA GRAVE


Salbutamol 400-800 mcg 3x a Manter SatO2>94% Manter SatO2>94% : avaliar máscara
cada 20’ Salbutamol 400-800 mcg 3x a cada 20’ não reinalante/ CNAF <10 kg: 2 L/kg;
Corticoide VO se >6 anos Corticoide VO (1-2 mg/kg/dia) >10 kg: 1 L/kg)
(1-2 mg/kg/dia) Considerar brometo de ipratrópio Salbutamol 400-800 mcg 3x a cada 20’
(80-160 mcg 3x a cada 20’) Brometo de ipratrópio 80-160 mcg 3x
a cada 20’
Corticoide VO (1-2 mg/kg/dia)
Considerar sulfato de magnésio 50-75
mg/kg

Reavaliação e reclassificação após início do tratamento

BOA RESPOSTA:
SatO2>94% SEM RESPOSTA:
Sem desconforto respiratório Desconforto respiratório grave
RESPOSTA INCOMPLETA: Confusão mental/sonolência
Sem melhora da oximetria Sat<90%
Mantém desconforto respiratório

SALA DE EMERGÊNCIA/UTI
Manter Sat>94%
Salbutamol a cada 30-60 min
OBSERVAÇÃO PEDIÁTRICA (máx. 4h) Sulfato de Magnésio se já não
Manter Sat>94% realizado
Salbutamol a cada 30-60 min Considerar salbutamol EV (ataque
Corticoide se já não realizado 10mcg/kg e manutenção 0,1-1
Considerar Sulfato de magnésio mcg/kg/min)
Considerar cateter nasal de alto
fluxo
Considerar heliox
Considerar VNI /IOT com SRI se
deterioração clínica

ALTA HOSPITALAR

Reavaliação clínica periódica

RESPOSTA INCOMPLETA:
Internação Hospitalar SEM RESPOSTA/DETERIORAÇÃO
Manter salbutamol 3/3h e corticóide CLÍNICA
Manter SatO2>94%

BOA RESPOSTA
SatO2 >95%
8. GLOSSÁRIO

EV: endovenosa PaO2: pressão parcial arterial de oxigênio


IOT: intubação orotraqueal PaCO2: pressão parcial arterial de gás carbônico
Sat: saturação VNI: ventilação não-invasiva
VO: via oral

Referências

[1] Global Initiative for asthma -GINA 2020, Scottish Intercollegiate guideline Network and British Thoracic society 2019 .
[2] Global Initiative for asthma (GINA).
[3] Scottish Intercollegiate guideline Network and British Thoracic society.
[4] J Bras Pneumol 2006; 32 Suppl 7:S447-74.
[5] Allergy 2008;63:5-34.
[6] Paediatric Child Health 2012;17 (5): 251-56.
[7] J Pediatr Pharmacol Ther 2013, 18 (2): 88-104.
[8] Stenson EK, Tchou MJ, Wheeler DS. Management of acute asthma exacerbations. Curr Opin Pediatr. 2017 Jun;29(3):305-310.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Beni Morgenstern Gaby Cecilia Haggeas Da Silveira 08/02/2022 08/02/2022
CPTW 168.2 Viviane Mauro Corrêa Yupanqui Fernandes
Meyer Guerra
Johnny de Lima Gomes Barboza
Guia do Episódio de Cuidado
Laringite em Crianças e Adolescentes
A laringite é uma doença respiratória comum na infância, caracterizada por inflamação e estreitamento da região subglótica da laringe,
causada principalmente por vírus. Acomete principalmente crianças de 3 meses a 6 anos, com pico aos 2 anos e maior incidência nos
meninos
1. DIAGNÓSTICO 2. ESCORE DE RISCO
Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial) GRAVIDADE SINTOMAS
O diagnóstico é clínico, baseado na presença dos seguintes Tosse estridulosa, sem estridor inspiratório em
sintomas: tosse estridulosa, acompanhada ou não de
rouquidão, estridor inspiratório, dispneia, salivação e Leve repouso, sem ou leve tiragem
guinchos inspiratórios. intercostal/supraesternal

Indicação de exames diagnósticos Moderada Estridor em repouso, pouca ou nenhuma agitação


Não são recomendados exames etiológicos laboratoriais ou Grave Estridor expiratório, agitação e confusão mental
radiológicos.
Ameaça à Estridores pouco audíveis, letargia, rebaixamento
vida do nível de consciência, cianose

Fluxograma Tratamento Laringite aguda

Laringite aguda

Leve/Moderada Grave

Dexametasona 0,6 mg/kg Dexametasona 0,6 mg/kg


(VO, IM,EV) E
Alternativas: Adrenalina inalatória 0,5 ml/Kg (máx 5ml)
Prednisolona VO 1 -2 mg/kg
Budesonida inalatória 2 mg

Piora
Melhora

Melhora Piora
• Internação em UTI
• Adrenalina inalatória 2 x/hora
• Oxigênio (se sat O2 < 92%)
Alta com • Heliox*
orientações • VNI**
• IOT ** *se necessário
* Heliox: mistura 30% oxigênio e 70% gás hélio
** VNI: ventilação não invasiva
*** IOT: intubação orotraqueal
3. EXAMES
Critérios para internação
• Laringite moderada com pequena resposta ou que não respondeu às medidas iniciais
• Laringite grave com melhora parcial após medidas iniciais
• Laringite grave com melhora parcial após 4 horas de observação no pronto socorro
Critérios para internação em UTI
• Laringite grave sem resposta às medidas iniciais
• Laringite grave que retornou ao estado anterior após conduta inicial e/ou 2 horas de observação no pronto socorro
• Desconforto respiratório grave: uso de musculatura acessória, rebaixamento do nível de consciência, hipoxemia

4. TRATAMENTO
Tratamento inicial
• O tratamento inicial é feito com corticosteroide VO em dose única. A droga de escolha é a DEXAMETASONA na dose 0,6mg/kg
(máximo 10mg);
• Se a criança estiver vomitando considerar via intramuscular;
• Se a criança já estiver com acesso venoso considerar via intravenosa;
• A budesonida inalatória (2mg) é uma opção se a criança estiver vomitando e recusando a dexametasona oral.
• Na indisponibilidade de dexametasona oral considerar a prednisolona por 3 dias (1-2 mg/kg/dia).

Laringite grave
• Inalação com adrenalina: Seu efeito é imediato com duração máxima de 2 horas. Usar na forma L – epinefrina na diluição 1:1000,
inalatória (0,5ml/kg máximo 5ml), com no máximo 2 doses na primeira hora;
• Oxigênio umidificado: para pacientes hipoxêmicos (saturação < 92%);
• O heliox: é uma alternativa para os pacientes com risco de falência respiratória e pequena resposta ao tratamento inicial.
Indicação de exames de controle durante o tratamento
De acordo com a presença de complicações: RX de pescoço, broncoscopia.

DROGAS UTILIZADAS NO MANEJO DA LARINGITE


DROGA APRESENTAÇÃO DOSE VIA DURAÇÃO
Comprimido de 4mg
0,6mg/kg
Dexametasona (diluir em água ou Oral Dose única
(máximo 10mg)
líquidos adocicados)
0,6mg/kg Intravenosa
Dexametasona Ampola 4mg/ml Dose única
(máximo 10mg) Intramuscular
Budesonida Flaconete
2mg (8ml) Inalatória Dose única
inalatória 0,25mg/ml
Prednisolona Solução 3mg/ml 1 -2 mg/kg/dia Oral 3 dias
0,5ml/kg Pode ser repetida
Adrenalina Ampola 1:1000 Inalatória
(máximo 5ml) até 2x/hora

Indicação de retorno ambulatorial

• Piora da tosse rouca


• Falta de ar
• Prostração
• Piora do estado geral
• Persistência da febre maior que 72 horas

Critérios de alta
• Ausência de desconforto respiratório e hipoxemia
Referências
[1] J Allergy Clin Immunol 2006;117:391-7,
[2] Projetos Diretrizes, 2011;
[3] Paediatr Child Health 2011;16(1):35-40;
[4] WAO Journal 2011; 4:13-37;
[5]. Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, Sociedade Brasileira de Anestesiologia. Anafilaxia: Diagnóstico;
[6] Clinics 2011;66(6):943-7;
[7] J Allergy Clin Immunol 2010; 126:477-480.e42;
[8] Allergy, Asthma & Clinical Immunology 2011; 7: S6;
[9] Ann Allergy Asthma Immunol 2006;97:596-602

Código Elaborador: Revisor:or: Aprovador: Data de Data de


Documento: Camila Sanches Mauro Dirlando C Haggeas Da Silveira Elaboração: Aprovação:
CPTW176.1 Lanetzki de Oliveira Fernandes 02/11/2020 02/11/2020
Guia do Episódio de Cuidado
Insuficiência Respiratória em Pediatria

1. FLUXOGRAMA MANEJO DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA NA PEDIATRIA

Via
aérea NÃO
pérvia e
sustentá
vel ?

SIM

• Paciente em • Abrir via aérea (elevação de


apnéia/ queixo/tração da mandíbula)
bradipnéia? • Aspirar via aérea se
• Letárgico? necessário
• Hipoxemia • Fornecer O2 100%
persistente com • Avaliar via aérea orofaríngea
NÃO o2 em 100%? ou nasofaringea

• Ventilação com bolsa-


SIM válvula –máscara (12-
• Fornecer O2 conforme Sequência rápida
necessidade para manter 20/min) de intubação
saturação alvo de 92- • Manter oxigênio 100%
94%:
• Baixo fluxo: cateter
nasal/ máscara simples IOT
• Alto fluxo: máscara não
reinalante/cateter nasal
de alto fluxo
• Avaliar causa do
desconforto respiratório/
tratamentos específicos SIM Sucesso
(ver tabela) Cuidados pós IOT na IOT?
• Avaliar VNI

NÃO

Possível
ATENÇÃO: Em caso de deteriorização ventilar
súbita em paciente intubado avaliar: SIM paciente
Videolaringoscopia com bolsa-
Deslocamento ATENÇÃO: Em caso de
Obstrução deteriorzação súbita em válvula –
Pneumotórax paciente intubado máscara?
Extubação IOT
avaliar:
Deslocamento NÃO
Obstrução
Pneumotórax
SIM • Acionar código de via aérea difícil tentar
Extubação Sucesso
máscara/tubo laríngeo
na IOT? NÃO • Se falha: cricotireoidostomia por punção
1. DEFINIÇÃO
• Incapacidade do organismo em atender às necessidades metabólicas em relação à captação de oxigênio, eliminação de gás carbônico
e manutenção do equilíbrio ácido-ácido-básico. Possíveis consequências: hipoxemia, hipóxia tecidual e hipercabia. Habitualmente é
precedida por sinais de desconforto respiratório, mas pode ocorrer com pouco ou nenhum desconforto.

2. DIAGNÓSTICO E EXAMES
Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial):
O diagnóstico é essencialmente clínico. Exames complementares podem ser solicitados de acordo com a etiologia.

3. CLASSIFICAÇÃO

Desconforto respiratório leve Desconforto respiratório intenso Possível insuficiência respiratória

Taquipneia leve Taquipneia acentuada Piora da taquipneia ou apneia

Leve aumento do esforço respiratório Aumento ou diminuição do Esforço respiratório significativo ou


(batimento de asa nasal e retrações) desconforto respiratório inadequado hipoventilação ou
(hipoventilação ou bradpneia) bradpneia)

Sons anormais das vias aéreas Movimento débil do ar distal Fluxo de ar distal ausente
(estridor, sibilo, gemido) Taquicardia
Hipoxemia (apesar de alto fluxo de O2
suplementar)

Moteamento Hipoxemia (apesar de alto fluxo de O2 Cianose


suplementar)

Moteamento Cianose Rebaixamento do nível de consciência

4. PRINCIPAIS CAUSAS E CONDUTAS ESPECÍFICAS

Diagnóstico
Sinais e Sintomas Diagnóstico Específico Conduta
Sindrômico
Crupe NBZ adrenalina; Dexametasona VO/IM
Obstrução Vias Aéreas Estridor, Rouquidão, Anafilaxia Adrenalina IM; Anti-histamínico EV + Corticoide EV
Superiores Tosse Espasmódica
Corpo Estranho Manobras de Remoção de corpo estranho

Obstrução Vias Sibilância, Tempo Bronquiolite Aspiração VAS; teste com broncodilatador
Aéreas Inferiores Expiratório
Prolongado Asma Salbutamol inalatório, Corticóide VO/EV

Pneumonia Antibioticoterapia; tratar BE, se associado


Crepitações,
Doença do Parênquima
gemência, Redução
Pulmonar Pneumonite tratar BE, se associado
do MV
Edema Pulmonar
considerar diuréticos e suporte vasoativo
Cardiogênico/SARA
Doença Neuromuscular suporte ventilatório
Ritmo respiratório
Distúrbios do Controle normal ou irregular, Intoxicação CEATOX; Antídoto, se disponível
da Ventilação ausência de esforço
respiratório Evitar hipoxemia/hipercapnia/hipertermia; avaliar
Hipertensão Intracraniana
salina 3% e manitol
5. TRATAMENTO

O alicerce do tratamento é o suporte ventilatório e pode ser iniciado através de medidas simples como limpeza das vias aéreas e
oferta de oxigênio suplementar. Nos últimos anos houve aumento significativo do uso de técnicas de ventilação não invasiva, que
pode ser ofertada através de Cateter Nasal de Alto Fluxo, CPAP ou BiPAP. No entanto, em caso de franca insuficiência respiratória ou
falência desses métodos deve-se proceder à intubação orotraqueal e ventilação mecânica.

Referências
[1]- Chameides, L., Ralston, M., American Academy of Pediatrics., & American Heart Association. (2011). Pediatric advanced life support.
Dallas, TX: American Heart Association.

[2]-Weiner DL. Acute respiratory distress in children: Emergency evaluation and initial stabilization. In: UpToDate, Post, TW (Ed),
UpToDate, Waltham, MA, 2014.

[3]- Hammer J. Acute respiratory failure in children. Paediatr Respir Rev. 2013;14(2):64‐69. doi:10.1016/j.prrv.2013.02.001

[4]- Friedman ML, Nitu ME. Acute Respiratory Failure in Children. Pediatr Ann. 2018;47(7):e268‐e273. doi:10.3928/19382359-20180625-01

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Viviane Mauro Correa José Leão e Haggeas Da 19/08/2021 19/08/2021
CPTW260.1 Meyer e Ludmila Padua Milena de Silveira Fernandes
Domingues Braga Paulis
Guia do Episódio de Cuidado
Urticária Aguda e Angioedema em crianças e
adolescentes
Definição: Urticária aguda é uma reação desencadeada por medicações, ingestão de alimentos, picadas de insetos ou de origem
infecciosa, com liberação de mastócitos ou IgE mediada, com duração de até 6 semanas.

I - ASSISTENCIAL
1. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial)

O diagnóstico é clínico:

• Urticária: erupção de início agudo caracterizada por pápulas e placas eritemato-edematosas pruriginosas, não fixas ao
longo de um período de 24 horas, com redução sem sequelas na pele.

• Angioedema: edema da derme profunda, tecido subcutâneo e submucosa, acometendo frequentemente as pálpebras,
lábios, mãos, pés, genitálias e laringe. Está presente em 50% dos casos de urticária.

• Lembrar sempre a importância de afastar o diagnóstico de Anafilaxia.

Indicação de exames diagnósticos

• Exames complementares geralmente não são necessários para investigação de urticária aguda.

2. INDICAÇÃO INTERNAÇÃO
Critérios para internação
Pacientes com urticária que não melhoraram ou pioram após tratamento inicial. Descartar sempre que não estamos
frente a uma Anafilaxia.
Critérios para internação na UTI
Não se aplica

3.TRATAMENTO
Tratamento inicial
• anti-histamínicos de 2ª geração são as drogas de escolha para diminuir o prurido:
• Desloratadina, loratadina, cetirizina, levocetirizina, fexofenadina
• anti-histamínicos de 1ª geração para crianças menores de 6 meses de idade:
• Hidroxizine

Uso de corticoide:
• angioedema (principalmente de face): prednisolona ou prednisona (1mg/kg/dia) por 3 a 5 dias.
• pacientes que não obtiveram melhora clínica após 2 dias de uso de anti-histamínicos H1.

Anti-histamínicos de 2ª geração utilizados no tratamento da urticária

MEDICAMENTO DOSE
Desloratadina (Desalex®) > 12 anos: 5mg (10ml) 1x/dia
Solução 0,5mg/ml 6 – 11 anos: 2,5mg (5ml) 1x/dia
Comprimido 5mg 1 – 5 anos: 1,25mg (2,5ml) 1x/dia
6 – 11 meses: 1mg (2ml) 1x/dia

Loratadina (Claritin®) > 12 anos: 10mg 1x/dia


Solução 1mg/ml 2 – 11 anos:
Comprimido 10mg > 30 Kg 10mg 1x/dia
< 30 Kg 5mg 1x/dia

Cetirizina (Zyrtec®) > 12 anos: 10mg 1x/dia


Solução 1mg/ml 6 – 11 anos: 5mg 1x/dia
Comprimido 10mg 2 – 5 anos: 2,5mg 1x/dia

Levocetirizina (Zyxem®) > 6 anos: 5mg 1x/dia


Comprimido 5mg
Fexofenadina (Allegra®) > 12 anos: 180mg 1x/dia
Solução 6mg/ml 2 – 11 anos: 30mg (5ml) 2x/dia
Comprimido 60, 120 e 180 mg 6 meses – 2 anos (< 10,5Kg): 15mg (2,5ml) 2x/dia
3.1 Fluxograma de manejo de Urticária

Erupção de início agudo caracterizada por pápulas e placas eritemato-edematosas pruriginosas na pele

Erupção de início agudo caracterizada por pápulas e placas eritemato-edematosas pruriginosas na pele

Lesões muito sintomáticas ou sem • Angioedema


resposta adequada com o uso de anti- • Sem melhora clínica após 2 dias de
H1 isolado uso de anti-histamínicos H1.

• Anti-H1 em dose dobrada* Associar prednisolona ou prednisona


• Associar corticoide 1mg/kg/dia
* Loratadina ou Cetirizina

4. ALTA HOSPITALAR
Remissão parcial das lesões urticariformes

Indicação de avaliação com especialista


• Pacientes com urticárias com duração > 6 semanas
• Pacientes com suspeita de alergia a alimentos ou medicamentos

II. INDICADORES DE QUALIDADE

• Melhorar a acurácia do diagnóstico de urticária


• Melhorar o manejo da urticária aguda
• Reduzir a utilização inadequada de corticosteróides nos casos de urticária aguda.

III. HISTÓRICO DE REVISÃO

Versão 2: - alteração no fluxograma de manejo da urticária

IV- REFERÊNCIAS :
[1] Br J Dermatol 2001; 144:708;
[2]Allergy 2009; 64:1427;
[3] . Asero R. New-onset urticaria. Jan, 2022. Disponível em: www.uptodate.com
[4]Pediatr Emerg Care 2007; 23:862.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Paulo Victor Ferreira Renata Paluello Haggeas S. 02/11/2020 22/07/2022
CPTW182.2 Mai Fernandes
Gaby Barboza Data de atualização:
Beni Morgenstern 06/07/2022
Guia do episódio de cuidado

Anafilaxia Pediátrica
Definição: Anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica grave, de início súbito (dentro de alguns segundos a minutos após a exposição
ao agente causal) e evolução rápida, potencialmente fatal. Os órgãos envolvidos incluem a pele e mucosas, o aparelho respiratório,
trato gastrointestinal, sistema cardiovascular e sistema nervoso central.

I - ASSISTENCIAL

1. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

O diagnóstico de anafilaxia é clínico baseado na história e exame físico do paciente, conforme descrito na tabela abaixo:

ANAFILAXIA É ALTAMENTE PROVÁVEL QUANDO 1 DOS 2 CRITÉRIOS ABAIXO É


PREENCHIDO APÓS A EXPOSIÇÃO A UM ALÉRGENO:

1. Início agudo de doença (minutos a a l g u m a s horas) com envolvimento de pele, mucosa ou ambos (exemplo:
urticária generalizada, prurido ou eritema facial, edema de lábios-língua-úvula) e pelo menos 1 dos seguintes:

a) Comprometimento respiratório (dispnéia, sibilos, estridor, pico de fluxo expiratório (PFE) reduzido,
hipoxemia
b) PA reduzida ou sintomas associados à disfunção orgânica (hipotonia/ colapso, síncope, incontinência)
c) Sintomas gastrointestinais graves (exemplo: cólicas intensas, vômitos recorrentes).

2. Início agudo de hipotensão ou broncoespasmo ou envolvimento laríngeo após exposição a um alérgeno conhecido ou altamente
provável (minutos a algumas horas), mesmo na ausência de envolvimento cutâneo.

Indicação de exames diagnósticos:

Não são necessários: histamina e B−triptase não devem ser solicitados de rotina

2. INDICAÇÃO INTERNAÇÃO 3. ALOCAÇÃO

• Pacientes assintomáticos após adrenalina: Critérios para internação em UTI


observar por 4 a 6 horas • Comprometimento respiratório
• Pacientes com sintomas refratários a primeira dose • Necessidade de suporte ventilatório de modo invasivo ou
de adrenalina: internar por pelo menos 24 horas através de intubação orotraqueal
• Choque anafilático refratário a adrenalina

4. TRATAMENTO
Tratamento inicial de escolha

• ADRENALINA VIA INTRAMUSCULAR (vasto lateral da coxa)


• Dose: 0,01mg/kg (1:1000); máximo 0,3mg em crianças e 0,5mg em adultos.
• Repetir 2 a 3 vezes se necessário, com intervalos de 5 a 15 minutos.
• Adrenalina via endovenosa: reservada para pacientes com hipotensão persistente.
• Dose: 0,01mg/kg (solução 1 :10.000); máximo 0,3mg em crianças e 0,5mg em adultos.
• a infusão intravenosa contínua é mais recomendada que o bolus
• Oxigênio em alto fluxo: máscara com reservatório ou intubação orotraqueal (IOT) se necessário
• Monitorização cardíaca
• Acesso venoso para infusão de soro fisiológico 20ml/kg em bolus se sinais de choque distributivo
• Decúbito dorsal horizontal (exceção para pacientes com episódio de vômito ou broncoespasmo) com os membros inferiores
elevados

Medicações de segunda linha :

• Antihistamínicos H1: ação sintomática principalmente nos sintomas cutâneos, diminuindo o prurido, urticária e angioedema. Seu
uso não previne a progressão para obstrução de via aérea, hipotensão e choque
• Corticosteróides: possível benefício na prevenção da reação bifásica (pico de ação em 4 a 6 horas)
• Broncodilatadores (salbutamol - preferência pelo dispositivo dosimetrado com espaçador): para pacientes com broncoespasmo
• Glucagon: para pacientes beta−bloqueados que mantém sintomas após o uso da adrenalina
6. ALTA HOSPITALAR

• Remissão do desconforto respiratório


• Ausência de sinais de obstrução
• Tempo de observação recomendado

7. INDICAÇÃO DE RETORNO AMBULATORIAL

• Todos os pacientes devem ser encaminhados para o imunologista

II. INDICADORES DE QUALIDADE

• Diagnóstico precoce
• Não retardar uso da Adrenalina IM
• Uso adequado da Adrenalina Intramuscular
• Tempo de observação de 4−6 horas para observar reação bifásica
• Não realizar pesquisa de IgE específicas

III. Referência:

[1] Simons FE, Ardusso LR, Bilò MB, El-Gamal YM, Ledford DK, et al. World Allergy Organization Guidelines for the Assesment and
Management of Anaphylaxis. JACI 2011

[2] Cardona V, Ansotegui IJ, Ebisawa M, El-Gamal Y, Rivas MF, Fineman S, et al. World Allergy Organization anaphylaxis guidance
2020. WAO Journal. 2020; 13:100472.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Paulo Victor Ferreira Renata Giancarlo Colombo 06/07/2022 10/08/2022
CPTW300.1 Mai Paluello
Gaby Barboza
Beni Morgenstern
Guia do Episódio de Cuidado

Infecção do trato urinário em crianças e adolescentes

1. DEFINIÇÃO
A infecção do trato urinário (ITU) caracteriza-se pela multiplicação bacteriana em qualquer segmento do trato urinário gerando sinais
ou sintomas de infecção do trato urinário.

2. DIAGNÓSTICO

❖ Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial):

Crianças de 2 a 24 meses:
•urina deve ser colhida por método estéril (sondagem vesical de alívio ou punção suprapúbica).

Crianças com controle esfincteriano (2 a 16 anos):


•jato médio urinário.

A confirmação se dá pela tríade:

•sintomas clínicos: queda do estado geral, febre, disúria, polaciúria, urgência, incontinência e dor lombar.
•urina tipo I com piúria: >10.000 leucócitos/mL e/ou esterase positivo e/ou bacteriúria.
•cultura de urina com >100.000 UFC/mL (jato médio) ou >50.000 UFC/mL (sondagem vesical de alívio e punção suprapúbica) de um
mesmo uropatógeno. Contagens de colônias menores que 50.000 UFC/mL estão sendo consideradas para o diagnóstico de ITU, desde
que associados a sintomas (por exemplo, febre) e evidência de infecção (piúria).

❖ Indicação de exames diagnósticos:

As indicações para coleta de urinálise e cultura de urina são:

• crianças de 2 meses a 2 anos com febre sem sinais localizatórios (T >39°C) que necessitem de terapia antimicrobiana imediata.
• crianças de 2 meses a 2 anos com fatores de risco para ITU.
• crianças de 2 a 3 anos com febre sem sinais localizatórios e temperatura >39°C.
• meninas e meninos não circuncidados que apresentem sintomas como dor abdominal, dor nas costas, disúria, polaciúria,
incontinência urinária de início recente.
• meninos circuncidados com sintomas urinários múltiplos.

❖ Indicação de outros exames:

Comprometimento do estado geral: hemograma, hemocultura, proteína C reativa, uréia, creatinina, eletrólitos, gasometria venosa.
Ultrassonografia de rins e vias urinárias: após primeiro episódio de ITU febril ou evolução anômala.

3. ESCORE DE RISCO

⮚ Fatores de risco meninas: ⮚ Fatores de risco meninos:


∙ raça branca. ∙ raça não negra.
∙ idade <12 meses. ∙ temperatura >39°C.
∙ temperatura >39°C. ∙ febre >24 horas.
∙ ausência de outro foco infeccioso. ∙ ausência de outro foco infeccioso.
4. ALOCAÇÃO ADEQUADA

❖ Critérios para internação: ❖ Critérios para internação em UTI

• necessidade de hidratação endovenosa. • instabilidade hemodinâmica.


• comprometimento do estado geral. • injúria renal aguda.
• ausência de seguimento ambulatorial adequado. • comorbidades geniturinárias que elevem
• falha em responder à terapia ambulatorial. o risco de complicações.
• intolerância ao tratamento ambulatorial.

5. TRATAMENTO

❖ Tratamento inicial: deve ser baseado na sensibilidade da flora ❖Critérios de alta:


local. • criança afebril há pelo menos 24 horas;
Tratamento oral: • tolerabilidade oral;
- criança afebril: cefadroxila; • função renal em melhora;
- criança febril: cefuroxima ou amoxicilina + clavulanato; • urocultura controle parcial negativa.
- alergia: ciprofloxacino.
Tratamento parenteral:
- ceftriaxone ou cefotaxima;
- alergia: piperacilina-tazobactam ou amicacina.

DOSES DE ANTIMICROBIANOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA ITU

ANTIMICROBIANO DOSE

Cefadroxila 30 mg/kg/dia, em 2 doses

Cefuroxima 20-40 mg/kg/dia, em 2 doses

Amoxicilina e ácido clavulânico 40 mg/kg/dia de amoxicilina, em 3 doses

Ciprofloxacino 20-30 mg/kg/dia, em 2 doses

Ceftriaxona 75 mg/kg/dia, em 2 doses, IV ou IM

Piperacilina-tazobactam 300 mg/kg/dia, em 3 ou 4 doses, IV


Amicacina 15 mg/kg/dia, em 1-3 doses, IV ou IM

6. INDICADORES DE QUALIDADE

❖ Maior:

• número de culturas de urina por cateterização vesical + jato médio + aspiração supra-púbica em crianças <2 anos de idade;
• número de culturas de urina em crianças <2 anos de idade.

❖ Menor:

• número de pacientes com diagnóstico de ITU com prescrição de cefuroxima ou associação amoxicilina e ácido clavulânico;
• número de pacientes com ITU tratados por via oral.
7. FLUXOGRAMA MANEJO DA ITU EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

•Lactente 2 – 24 meses com FSSL, T >38º C fora do grupo de baixo risco.


•Criança de 2 a 3 anos com FSSL, T >39ºC.
•Meninas e meninos não circuncidados >2 anos com qualquer sintoma urinário.
•Meninos circuncidados >2 anos com sintomas urinários múltiplos.

Não • Requer antibiótico imediato? Sim

Coleta de urina 1 por


saco coletor

Sim Realizar Urina 1, UROC por sondagem


Alteração em Urina 1 vesical, PSP ou jato médio

Não

Reavaliação se Introdução de antibiótico


persistência da febre

8. GLOSSÁRIO

FSSL: Febre sem sinais localizatórios


ITU: infecção do trato urinário
PSP: punção supra-púbica
T: Temperatura

Referências

[1] Pediatrics (2016)


[2] Expert Opin Pharmacother (2017)
[3] J Pediatr Urol. 2017 Dec;13(6):567-573
[4] Urinary Tract Infection: Clinical Practice Guideline for the Diagnosis and Management of the Initial UTI in Febrile Infants and Children 2 to 24 Months,
Subcommittee on Urinary Tract Infection, Steering Committee on Quality Improvement and Management, Pediatrics September 2011, 128 (3) 595-610.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Ana Carola Hebbia Gaby Cecilia Haggeas Da Silveira 08/02/2022 08/02/2022
CPTW 175.2 Lobo Yupanqui Fernandes
Fabiana Cirino Guerra
Iara Menezes Barboza
Guia do Episódio de Cuidado
Impetigo em Crianças e Adolescentes
Impetigo é uma doença bacteriana superficial cutânea. O Streptococcus pyogenes e o Staphylococcus aureus são os principais agentes
etiológicos. Pode ser classificado como primário (invasão bacteriana em tecido na pele normal) ou secundário (após qualquer lesão de
pele decorrente de outra doença dermatológica ou trauma). Classicamente apresenta-se de duas formas: bolhoso e não bolhoso.

1. DIAGNÓSTICO 2. ESCORE DE RISCO


Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial): Não se aplica
O diagnóstico é clínico.
3. EXAMES
Impetigo não bolhoso - Pápulas eritematosas ou pequenas vesículas que quando
estouram deixam uma área de erosão com crostas acastanhadas que podem ser Não há necessidade de exames
dolorosas e que acometem principalmente face e extremidades, sendo causado pelo complementares.
Streptococcus pyogenes e o Staphylococcus aureus e podem melhorar espontaneamente Indicação de outros exames
após duas ou três semanas, porém com risco aumentado de auto inoculação,
complicações e transmissão para seus contatos. Se não houver resposta satisfatória ao
tratamento, deve-se coletar cultura do
Impetigo bolhoso - Vesículas ou bolhas semi-tensas, com conteúdo claro e que quando local e novo clico de antibiótico, se
estouram apresentam erosão com fundo raso e limpo. Ocorrem, frequentemente, em possível, baseado no antibiograma.
região de dobras e tronco, sendo do Staphylococcus aureus o responsável por essa lesão.
Pode ocorrer prurido local, adinamia, febre e linfadenopatia.

Paciente com diagnóstico de impetigo

Lesões maiores que > 10 cm


SIM ou mais do que 2% da área da NÃO
superfície corporal em
pacientes pediátricos

Iniciar antibiótico Iniciar


oral por 7 dias antibiótico tópico

Cefalexina (50mg/kg/dia) ou Retapamulina


Cefadroxila (30mg/kg/dia) ou ou
Amoxicilina + Clavulanato 50mg/kg/dia Mupirocina

4. TRATAMENTO
Impetigo localizado
Tratamento tópico com mupirocina ou ácido fusídico. A retapamulina 1% tem demonstrado altas taxas de curas, inclusive para
Staphylococcus aureus resistentes a outros antibióticos tópicos. Pode ser usado em crianças acima de 9 meses. Os cuidados de higiene
pessoal e limpeza local com água e sabonete permitem menores taxas de reinfecção e disseminação da doença.
Impetigo extenso ou complicado:
A antibioticoterapia oral é uma opção mais adequada e fácil para esses pacientes. Cefalosporinas de primeira geração como a cefalexina e
cefadroxila ou amoxicilina + clavulanato são os antibióticos de escolha para pacientes sem complicações.
Substância Apresentação Dose Via Frequência Dose mínima Dose máxima
Cefalexina 250mg/5ml 50mg/kg/dia oral 6/6hs 50mg 4g
250mg/5ml
Cefadroxila 500mg/5ml 30mg/kg/dia oral 12/12hs 30mg 2g
500mg/cp
Amoxicilina + 400+57mg/5ml 50mg/kg/dia
oral 12/12hs 50mg 1,75g
Clavulanato 875+125mg/cp Amoxicilina

Critérios para conversão para terapia oral


Melhora da extensão da lesão.
Critérios de alta
Melhora da extensão da lesão, afebril.
Duração do tratamento
O tratamento oral por sete dias é suficiente para erradicação da infecção;
Nos pacientes com episódios recorrentes pode-se realizar a descolonização nasal com mupirocina creme por 10 dias..

Indicação de exames de controle durante o tratamento


Não se aplica.
Indicação de retorno ambulatorial, em quanto tempo, exames de retorno
Retorno com o médico da família , se:
• As lesões aumentarem durante o tratamento;
• Persistência ou aparecimento de febre;
• Fraqueza, mal-estar e taquicardia;
• Persistência das lesões ao final do tratamento.

Substância Apresentação Dose Via Frequência

Mupirocina Pomada ou Creme _____ Cutânea 8/8 horas


(Bactroban®)

Retapamulina Pomada _____ Cutânea 12/12 horas


(Altargo®)

Referências
[1] Cochrane Database Syst Rev, 2012;
[2] Pediatr Dermatol, 2012. 29(3): p. 243-8;
[3] Br J Gen Pract, 2003. 53(491): p.480-7.

Código Elaborador: Revisor:or: Aprovador: Data de Data de


Documento: Camila Sanches Mauro Dirlando C Haggeas Da Silveira Elaboração: Aprovação:
CPTW174.1 Lanetzki de Oliveira Fernandes 02/11/2020 02/11/2020
Guia do Episódio de Cuidado
Erisipela e Celulite
Streptococcus pyogenes (Streptococcus do grupo A) é o principal agente responsável pela infecção de pele.
Erisipela é uma infecção da epiderme com acometimento de vasos linfáticos, classicamente causados pelo S. pyogenes, enquanto a
celulite é uma infecção mais profunda, envolvendo derme e hipoderme, mais frequentemente causada pelo S. aureus. Na prática
clínica é difícil a distinção dessas duas entidades. Existem outras infecções, como infecções necrotizantes que são profundas,
acometem fáscia e músculos com potencial letal devido à destruição tecidual maciça, assim como a Piomiosite com presença de pus
em grupamentos musculares, especialmente de extremidades, e apresenta-se com dor e endurecimento adjacente e febre.
I - ASSISTENCIAL

1. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico das infecções de pele e partes moles é clínico. As culturas devem ser realizadas sempre que houver material
disponível, no entanto, é aceitável que não sejam realizados em casos de baixa gravidade, típicos de impetigo, ectima ou
furunculose. Hemoculturas têm baixa positividade (<5%), devendo ser colhidas em caso de bacteremia, necessidade de internação e
imunocomprometidos. Exames laboratoriais gerais devem ser considerados para avaliação de repercussão sistêmica quando há
indicação de internação do paciente e exames de imagem para avaliar a extensão das infecções (ultrassonografia, tomografia ou
ressonância). A suspeita de piomiosite é a principal indicação para realização de exame de imagem, sendo a ressonância magnética
(RM) o método de escolha, por proporcionar melhor avaliação de acometimento de partes moles. Em sua indisponibilidade, pode-se
lançar mão da ultrassonografia ou da tomografia computadorizada com contraste.

Cefalosporina de 1º geração VO ou
Leve Clindamicina VO ou
Amoxicilina/Clavulanato

Fasceíte necrotizante Ceftriaxona EV ou


Celulite Moderada Cefazolina EV ou
Erisipela Clindamicina EV

Desbridamento
Vancomicina EV +
Grave
Piperacilina /tazobactam EV
Infecção não
purulenta

Incisão e drenagem
Leve Sem uso de antibiótico

Incisão, drenagem e cultura


Furúnculo Oxacilina EV ou
Carbúnculo Moderada Cefazolina EV ou
Abscesso Clindamicina EV

Incisão, drenagem e cultura


Vancomicina EV ou
Grave
Ceftarolina EV ou
Linezolida EV
2. ESCORE DE RISCO
Fatores de risco para erisipela e fasceíte necrotizante

Erisipela Fasceíte necrotizante


Obesidade Diabetes mellitus
Edema de membros inferiores, linfedema Imunossupressão
Safenectomia, cirurgia em membros inferiores Alcoolismo
Erisipela de repetição Arterite
Úlcera em membros inferiores Traumatismo
Intertrigo interdigital

3. ALOCAÇÃO ADEQUADA

• A internação hospitalar está indicada na presença de sinais de sepse, presença de disfunção orgânica, suspeita de infecção
necrotizante, alteração de estado mental, baixo suporte social, imunocomprometidos ou na falha de tratamento ambulatorial;

• Os pacientes que apresentarem melhora da lesão de pele, melhora da leucocitose e da proteína C reativa, pode-se fazer a
mudança para a terapia oral;

• O critério de alta baseia-se na melhora da lesão pois, geralmente, não há comprometimento sistêmico do paciente, assim, não há
comprometimento dos exames complementares (hemograma e/ou provas inflamatórias).

4. TRATAMENTO

• Celulite e Erisipela - o esquema antimicrobiano deverá ter boa cobertura estafilocócica e estreptocócica. Nas infecções leves
podem ser tratadas por 5 dias caso haja melhora clínica. Infecções mais graves devem ser tratadas até a resolução clínica, o que
pode demandar períodos superiores a 3 semanas.

• Fasceite Necrotizante ou Gangrena – caso haja suspeita, está indicada avaliação cirúrgica precoce e deve ser iniciada
antibioticoterapia de amplo aspecto.

• Piomiosite - Em casos de piomiosite, é essencial a cobertura para Staphylococcus spp, sendo oxacilina droga de escolha.
Drenagem precoce do material é essencial. Caso o paciente evolua com melhora clínica e sem evidências de embolização
séptica, pode-se mudar antibioticoterapia para via oral, completando 2 ou 3 semanas de tratamento.

Condição Antibiótico e dose


Impetigo, erisipela e celulite sem indicação de internação Clindamicina 600 mg VO 3x/dia ou
(Staphylococcus aureus e Streptococcus spp) Amoxicilina- clavulanato 875/125 mg VO 2x/dia
Cefalexina 500 mg VO 4x/dia
Erisipela com indicação de internação Ceftriaxona 1 g EV 2x/dia +
Clindamicina 600 mg EV 4x/dia ou
Oxacilina 2g EV 4x/dia ou
Cefazolina 1 g EV 3x/dia ou
Ceftarolina 600mg EV 12/12h

Celulite ou miosite em pacientes com indicação de internação Clindamicina 600 mg EV 4x/dia ou


Oxacilina 2g EV 4x/dia ou
Cefazolina 1 g EV 3x/dia ou
Ceftarolina 600mg EV 12/12h

Fasceite necrotizante Piperacilina/tazobactam 4,5 g EV 6/6h+


Vancomicina 1 g EV 2x/dia
5. INDICADORES DE QUALIDADE

• Taxa de mortalidade de infecção de pele: Número de óbitos por infecção de pele / total de casos de infecção de pele.

III. GLOSSÁRIO

EV: Endovenoso
VO: Via Oral

IV. HISTÓRICO DE REVISÃO

Atualização de template
Exclusão de um indicador de qualidade
Inclusão de referencias

Referências
[1] Gabillot-Carré M, Roujeau JC. Acute bacterial skin infections and cellulitis. Current Opin Infect Dis 2007, 20:118-23;
[2] Streptococcus pyogenes: Basic Biology to Clinical Manifestations [Internet]. Oklahoma City (OK): University of Oklahoma Health
Sciences Center; 2016;
[3] Stevens DL, Bisno AL, Chambers HF, et al. Practice guidelines for the diagnosis and management of skin and soft tissue infections:
2014 update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis 2014;59(2):e10-52

Código Elaborador: Revisor:or: Aprovador: Data de Data de


Documento: Fernando Gatti de Mauro Dirlando C Giancarlo Colombo Elaboração: Aprovação:
CPTW84.3 Menezes de Oliveira 20/04/2021 20/04/2021

Data da
atualização:
05/10/2022
Guia do Episódio de Cuidado
Guia do Episódio de Cuidado
Celulite em crianças e adolescentes Celulite em Crianças e Adolescente
1.DEFINIÇÃO: Celulite é uma infecção da pele e tecido celular subcutâneo que se desenvolve pela penetração bacteriana através da
barreira cutânea. É uma patologia comum no departamento de emergências pediátricas. Etiologia: Causada principalmente por S.
aureus e Streptococcus pyogenes
2. ALGORITMO CELULITE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Diagnóstico de celulite

Oftalmoplegia,
SIM proptose, dor à
Acometimento movimentação ocular,
Periorbital impossibilidade
Visualização do
NÃO globo ocular

NÃO
Sinais de sepse NÃO SIM
ou celulite extensa?
ASSET >3?
CELULITE CELULITE
Lesão PRÉ-SEPTAL PÓS-SEPTAL
decorrente SIM
de mordedura?

NÃO SIM
< 1 ano de idade
ou sinais de infecção
Celulite não sistêmica?
Iniciar Amoxicilina +
complicada?
Clavulanato
SIM
TC de órbita e seios
NÃO da face com contraste

Iniciar Cefalexina Iniciar Cefadroxila ou


ou Cefadroxila Cefuroxime

Piora clínica
nas primeiras 24 horas
de tratamento?

NÃO SIM

Manutenção do Internação hospitalar,


antibiótico por Coleta de culturas
7 a 10 dias e início de antibiótico EV
Conforme patologia
3. DIAGNÓSTICO E EXAMES ADICIONAIS:

Confirmação diagnóstica:
O diagnóstico é eminentemente clínico caracterizado por lesão cutânea com edema, calor, rubor, eritema e endurecimento, sem
margens bem definidas com a pele adjacente. Pode apresentar complicações locais como vesículas, bolhas ou necrose.

Quando o acomentimento é em região peri-orbitária é importante diferenciar se acometimento pré septal ou pós septal.
A tabela a seguir demonstra como diferenciar pelo exame físico.
Indicação de exames diagnósticos:
Celulite Pré Celulite Pós
• Coleta de material para cultura de secreção ou hemocultura
septal septal
permitem a identificação do agente etiológico em 25 e 5% dos
Dor a NÃO SIM casos respectivamente, reservado aos casos mais graves e com
movimentação necessidade de internação
• Ultrassonografia pode ser útil na detecção de abscessos mais
Proptose NÃO SIM
profundos, principalmente nas celulites mais extensas e
detecção de acometimento articular quando localização
Mobilidade PRESENTE AUSENTE* próxima.
• Considerar doppler se suspeita de trombose venosa profunda.
Visão NORMAL ALTERADA* Indicação de outros exames:
• Tomografia computadorizada está indicada em casos de celulite
Equimose + ou - ++ * peri-orbitária para diferenciação de acometimento pré ou pós
septal.
*Estes sinais clínicos podem estar normais em alguns casos na celulite pós septa,
Este o motivo da realização do exame de imagem na dúvida diagnóstica.

4. ESCORE DE ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO:

O Melbourne ASSET Score propõe uma abordagem simples e a beira leito para auxiliar na escolha da via do antibiótico. O estudo de
validação do escore rendeu uma precisão de 80% na classificação dos pacientes que necessitaram de antibióticos intravenosos.
O escore leva em conta 5 parâmetros clínicos numa pontuação máxima de 7 pontos.
Pontuações maiores que 3 indicariam antibiótico endovenoso.
Pontuações menores que 3 permitiriam tratamento via oral.
Quando o valor for igual a 3, levar em conta outros fatores na decisão clínica da via ideal (idade, local e extensão, possibilidade de
seguimento, preferência dos pais e médico, uso recente de antibiótico, sintomas sistêmicos associados, julgamento clínico).

PARAMETRO PONTUAÇÃO SCORE


MÁXIMO

Área 0=<1% superfície corpórea 1


1=> 1% da superfície
corpórea

Sintomas sistêmicos 0 =ausente 1


1= presente

Edema 0 =ausente 2
1= leve
2 = moderado/grave
Melbourne ASSET Score: Mão representa 1% da Olho 0 = não acometido 1
superfície corpórea da criança, < 3 antibiótico via
1 = acometido
oral, > 3 antibiótico endovenoso
Dor 0 =nenhuma 2
1= leve
2 = moderada/grave

Total 7
5. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA

Critérios para internação:


Piora clínica nas primeiras 24 horas de tratamento, celulite com abscesso, celulite pré septal em < 1 ano de idade ou com sinais de
infecção sistêmica, celulite pós septal. Além de celulite extensa em pacientes com idade < 1 ano, febre, imunossupressão, abscesso
retrofaríngeo ou peritonsilar, varicela, suspeita de fasceíte ou miosite, mordidas de animais e qualquer celulite de rápida
progressão, definida como aumento de 2x no diâmetro da lesão em 4 horas.

Critérios para internação em UTI:


Sinais de sepse grave

6. TRATAMENTO

Tratamento inicial Medicamento

Celulite não complicada cefadroxila, cefalexina, amoxicilina com clavulanato, sulfametoxazol-


trimetropima ou clindamicina.

Celulite complicada oxacilina, cefazolina, clindamicina.

Celulite pós septal ceftriaxone + oxacilina ou vancomicina (se risco para MRSA)

Celulite por mordedura de cães ou gatos amoxicilina com clavulanato ou associação com sulfametoxazol-
trimetropima + cefuroxima. Associar cobertura para anaeróbios se
necessário: metronidazol ou clindamicina.

Celulite com risco de infecção por Pseudomonas ciprofloxacino ou ceftazidima


aeruginosa

Celulite com risco de infecção por MRSA sulfametoxazol-trimetropima ou clindamicina (VO) ou vancomicina (IV)

7. INDICADORES DE QUALIDADE:
Diminuir uso indiscriminado de antibióticos de amplo espectro.
Comparar via de antibiótico decidida no pronto socorro no momento inicial com o seguimento 24h após primeiro
atendimento

8. GLOSSÁRIO
TC – Tomografia Computadorizada
IV - Intravenoso
EV – Endovenoso
VO – Via Oral
MRSA – Staphylococcus aureus resistente à meticilina

9. HISTÓRICO DE REVISÃO

Versão 3: inclusão da tabela no item 3. Diagnóstico e exames adicionais ; inclusão do item 4. Estratificação do escore de risco;
8. REFERÊNCIAS LITERÁRIAS:

[1] Arch Intern Med, 2007. 167(7): p. 709-15;


[2]Dermatol Ther, 2011. 24(2): p. 229-39;
[3] J Infect, 2009. 59(6): p. 394-401;
[4] BMJ, 1999. 318(7198): p. 1591-4;
[5] Mayo Clin Proc, 2007. 82(7): p. 817-21;
[6] Am J Med, 2011. 124(12):p. 1113-22;
[7] Clin Infect Dis, 2005. 41(10): p. 1373-406;
[8] Ibrahim LF, Hopper SM, Donath S, Salvin B, Babl FE, Bryant PA.
Development and validation of a cellulitis risk score: the Melbourne ASSET score [published online January 3, 2019].
Pediatrics. doi: 10.1542/peds.2018-1420
[9] Infect Dis Clin North Am, 2008. 22(1): p. 89-116;
[10] Ophthalmology, 2000. 107(8): p. 1450-3;
[11] Int J Pediatr Otorhinolaryngol, 2008. 72(3): p. 377-83;
[12] J Paediatr Child Health, 2008. 44(4): p. 214-8

Código Elaborador: Revisor:or: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Camila Sanches Gaby Cecilia Y. G. Haggeas Da 18/04/2022 18/04/2022
CPTW163.3 Lanetzki Barboza Silveira Fernandes
Rafael da Silva
Giannasi Severino
Guia do Episódio de Cuidado
Diarreia aguda em crianças e adolescentes -
Diretrizes para o diagnóstico e tratamento

Perda excessiva de água e eletrólitos através das fezes, resultando em aumento do volume e frequência das evacuações e/ou
diminuição da consistência das fezes, por mais de 3 episódios ao dia. Pela sua duração, pode ser classificada em aguda quando tiver
duração menor que 14 dias.

I - ASSISTENCIAL

1. DIAGNÓSTICO E EXAMES ADICIONAIS

Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial):


• Clínica
Indicação de exames diagnósticos
• Nos casos de desidratação grave e suspeita de distúrbios eletrolíticos.
• Em pacientes com risco de disseminação, como lactentes menores de 3 meses, imunossuprimidos, doenças crônicas ou pacientes
com quadro clínico de doença grave ou sintomas persistentes.
Quais exames pedir?
HMG, HMC, PCR, sódio, potássio, cálcio, ureia, creatinina, gasometria venosa, lactato, coagulograma, glicemia
capilar em todos os casos com suspeita de hipoglicemia.
Pesquisa de rotavírus e adenovírus nas fezes, coprocultura/ PCR para gastroenterites.

Indicação de outros exames


Exames de imagem: de acordo com suspeita clínica para afastar diagnósticos diferenciais de diarreia (p. ex. apendicite).

1.1 CLASSIFICAÇÃO DE DESIDRATAÇÃO


• Sem desidratação/ desidratação leve: perda < 5% do peso ou < 50 ml/kg).

• Desidratação leve a moderada: perda entre 5 a 10% ou entre 50 a 100 ml/kg).

• Desidratação grave: perda > 10% ou > 100 ml/kg.

* Covid-19 na infância:

Pode se manifestar apenas com sintomas do trato gastrointestinal. Os sintomas mais comuns são vômitos, diarreia e dor abdominal. O
diagnóstico é realizado pela coleta do RT-PCR entre o terceiro e sétimo dia da doença e o tratamento é semelhante as outras
gastroenterites virais (hidratação e sintomáticos). A Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Crianças (MISC) pode se apresentar com
os mesmos sintomas descritos do TGI, assim como com quadros obstrutivos. Deve ser conduzida com investigação
laboratorial/radiológica e tratamento específicos.
2. ESCORE DE RISCO:

Observar A B C

Condição Bem alerta Irritado, intranquilo Comatoso, hipotônico

Olhos Normais Fundos Muitos fundos

Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes

Boca e língua Úmidas Secas Muito secas

Bebe normalmente Sedento, bebe rápido e Bebe mal ou não é capaz de beber*
Sede
avidamente

Examinar

Desaparece Desaparece lentamente Desaparece muito lentamente (mais de 2


Sinal de prega
rapidamente segundos)

Rápido, débil Muito débil ou ausente*


Pulso Cheio

Enchimento capilar Normal (até 3 Prejudicado (3 a 5 segundos) Muito prejudicado (mais de 5 segundos)
segundos)

Conclusão NÃO TEM Se apresentar dois ou mais Se apresentar dois ou mais dos sinais
DESIDRATAÇÃO dos sinais descritos acima, descritos, incluindo pelo menos um dos
existe DESIDRATAÇÃO assinalados com asterisco, existe
DESIDRATAÇÃO GRAVE

Tratamento Plano A tratamento Plano B terapia de Plano C terapia de reidratação parenteral


domiciliar reidratação oral no serviço de
saúde

3. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA 4. CRITÉRIOS DE ALTA

Critérios para internação


Dificuldade na ingestão de líquidos via oral (VO) • Ausência de sinais de desidratação.
Necessidade de hidratação endovenosa para manter hidratação
• Diminuição de perdas.
Critérios para internação em UTI • Boa aceitação via oral.
Sepse, instabilidade hemodinâmica, evacuações e/ou vômitos sem
resposta à medicação e hidratação inicial com necessidade de
controle de perdas.
5. TRATAMENTO 6. INDICADORES DE QUALIDADE

Tratamento inicial
• Depende do grau de desidratação: Hidratação VO ou EV • Introduzir hidratação VO ou EV conforme avaliação inicial
• Antieméticos VO ou EV
do estado de hidratação.
• Correção de distúrbios hidroeletrolíticos e ácido básicos
• Administrar antiemético quando vômitos presentes.
Duração do tratamento • Coleta de exames (pacote sepse) na suspeita de
• Sem desidratação até 3 horas
disseminação.
• Com algum grau de desidratação: 6 horas ou mais
• Desidratação grave > 24 horas

7. MANEJO DA DIARREIA AGUDA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Diarreia aguda

Algum grau de
Sem desidratação Desidratação grave
desidratação

• Oferecer líquidos VO
Hidratação EV obrigatoriamente
• Antieméticos:
SF 20 ml/kg em bolus até recuperação dos
Ondansetron 0,15mg/Kg ou parâmetros hemodinâmicos.
Dimenidrato 1 mg/kg
Coleta de gasometria venosa, sódio e
potássio.

Correção de distúrbios hidroeletrolíticos


quando presentes.

TRO (sol. de reidratação oral):

50 a 100 ml/kg em 2 a 4 horas

SNG na impossibilidade de TRO:

30 a 50 ml/kg em 3 a 6 horas, ou

20 a 30ml/Kg/h em BIC em 6h

Hidratação EV na impossibilidade de SNG ou


resistência dos pais:

SF 20 ml/kg em 20 min até restabelecimento da


hidratação
CONSIDERAR:
Racecadotril (Tiorfan): nas diarreias não inflamatórias com volume fecal intenso.
-para maiores de 3 meses de idade: 1,5 mg/kg/dia em três tomadas até o término da diarréia.
Zinco: indicado para menores de 5 anos, em países subdesenvolvidos, por 10-14 dias.
Menores de 6 meses: 10mg/dia.
6 meses – 5 anos: 20mg/dia.
Antibiótico: indicado na suspeita de etiologia bacteriana (febre > 40º, sangue nas fezes, envolvimento do SNC. Vômitos e sintomas
respiratórios sugerem etiologia viral).

Bactérias a pensar: Shigella, Salmonella (apenas em lactentes menores de 3 meses, portadores de imunodeficiência, asplenia, uso de
imunossupressores), C. difficille, E. Coli enterotoxigenica.

Qual antibiótico usar: Ciprofloxacino (15mg/Kg, 2x/dia, 3 dias – primeira escolha) ou Azitromicina (10-12mg/kg no primeiro dia e 5-
6mg/Kg por mais 4 dias – segunda escolha) ou ceftriaxone (50-100 mg/Kg por 3- 5 dias no casos graves/internados).

Probióticos: tratamento adjuvante

S boulardii - 200mg 2x/dia por 3 dias (Floratil)

L Reuteri DSM 17938 - 108 UFC 1x/dia (Provance, Colids)

II. GLOSSÁRIO

BIC: bomba de infusão contínua SNG: sonda nasogástrica


EV: endovenoso TGI: trato gastrointestinal
HMC: hemocultura TRO: terapia de reidratação oral
HMG: hemograma
PCR: proteína C reativa

III. HISTÓRICO DE REVISÃO

Versão 3: adequação do template e correção no item 1.. Diagnóstico – Indicação de outros exames

IV. REFERÊNCIAS

[1] Guarino A, Ashkenazi S, Gendrel D, et al. European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition/European
Society for Pediatric Infectious Diseases Evidence-Based Guidelines for the Management of Acute Gastroenteritis in Children in Europe:
Update 2014. JPGN 2014;59: 132–152 12.
[2] Departamento Científico de Gastroenterologia Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017 (1):1-15.
[3] Benjamin S, Ogechukwu P E, Morris CE, et al. Features of Intestinal Disease Associated With COVID-Related Multisystem
Inflammatory Syndrome in Children. JPGN 2021;72: 384–387.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Milena de Paulis Renata Giancarlo Colombo 01/11/2020 19/08/2022
CPTW 170.3 Priscila Pereira Paluello
Daniela Gorga do Data da revisão:
Amaral Pereira 19/08/2022
Gaby Cecilia Yupanqui
Guerra Barboza
Guia do Episódio de Cuidado
Gengivoestomatite Herpética em Crianças e Adolescentes

É a manifestação mais comum da primo infecção pelo vírus herpes simples (HSV) na infância, principalmente nas crianças entre os 6
meses e 5 anos de idade, mas pode acometer crianças maiores e adolescentes. Não tem padrão sazonal de maior incidência.

I - ASSISTENCIAL

1. DIAGNÓSTICO
Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial)

• Diagnóstico clínico: lesões ulcerativas de gengivas e mucosa oral e com frequência é acompanhada por vesículas periorais;
• Geralmente acompanhada por febre, mau hálito e dificuldade para se alimentar, linfonodomegalia cervical.
• Tempo de incubação do vírus em média de 4 dias sendo que o paciente pode manter eliminação viral em média por 7 dias.

2. ESCORE DE RISCO
Não há

3. EXAMES
Indicação de exames diagnósticos
• Normalmente não indicados
• Nos casos onde há necessidade de confirmação do agente etiológico: cultura viral, sorologia, métodos moleculares (PCR)
ou imunofluorescência.

Indicação de outros exames

• Na suspeita de sepse seguir protocolo institucional;


• Na suspeita de encefalite coletar liquor e solicitar painel específico de detecção viral;
• EEG nos casos de meningoencefalite herpética com convulsão;
• RX tórax na suspeita de pneumonite.

4. TRATAMENTO

Tratamento inicial: precisamos manter hidratação , controle da dor, prevenir aderência dos lábios, e em antiviral específico.

• Estimular ingesta de líquidos para evitar a desidratação e dieta pastosa e fria livre demanda.
• Utilização de analgésicos e antitérmicos (dipirona, paracetamol);
• Hidratação dos lábios;
• Aciclovir oral pode ser indicado nos casos onde houver muita dor e dificuldade importante para ingesta alimentar até 96 horas do
início das lesões. A dose recomendada é 15 mg/kg ( dose máxima de 200mg/dose) em 5 tomadas /dia. Em pacientes
imunocomprometidos o tratamento será mais prolongado e por via endovenosa.

Indicação de internação:

• Impossibilidade de manter hidratação por via oral


• Pacientes imunossuprimidos deverão receber tratamento por via endovenosa.
• Complicações como encefalite, epiglotite, pneumonite, eczema herpético.

Indicação de retorno ambulatorial, em quanto tempo, exames no retorno

• Não há necessidade.
5. ALTA HOSPITALAR

Critérios de alta:
Paciente hidratado, com poucas lesões, em bom estado geral, com capacidade de ingerir líquidos e alimentos pastosos.

II – INDICADORES DE QUALIDADE

Não coletar exames laboratorias de rotina.

III. GLOSSÁRIO

- HSV: Vírus herpes simples


- EEG: Eletroencefalograma

IV. HISTÓRICO DE REVISÃO

Versão 2: item 1 - informações sobre o tempo de incubação do vírus


item 4 – sugestão de tratamento para imunocomprometidos

V. Referências

1. BMJ 1997;314:1800-03;
2. Arch Dis Child 2009;94:165-5;
3. Cochrane Database systemic Review.
4. BMC Infect Dis. 2020 Oct 20;20(1):782. doi: 10.1186/s12879-020-05509-2.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Data de


Documento: Sumaia Duduss Renata Alves de Giancarlo Colombo Elaboração: Aprovação:
CPTW173.2 Gaby Barboza Souza Paluello 02/11/2020 19/08/2022

Data de
atualização:
15/08/2022
Guia do Episódio de Cuidado
Choque pediátrico

Sinais de má perfusão tecidual: alteração de nível de consciência, da perfusão periférica, dos


pulsos, oligoanúria (<1 ml/Kg/h), taquicardia, hipotensão (PA<70 + [2 x idade])

Alocação em sala de emergência, fornecer O2, monitorização cardíaca, oximetria de pulso e PA, obtenção de rápido acesso vascular
(periférico ou IO) – se possível realizar coleta de exames (glicemia capilar, hemograma, gasometria, eletrólitos, função renal, enzimas
hepáticas, culturas direcionadas ao foco se suspeita de choque séptico), USG a beira leito, se disponível.

Classificação do choque

Hipovolêmico Distributivo Obstrutivo Cardiogênico2

Bolus cristalóide 20 Bolus cristalóide 20 Bolus cristalóide 20 Bolus cristaloide 5 a 10


ml/kg em 5 a 20 min* ml/kg em 5 a 20 min* ml/kg em 5 a 20 min* ml/kg em 10 a 20 min*

Tratar causa base Considerar diuréticos, droga


Tratar causa base: vasoativa (dobutamina,
toracocentese, milrinone) e tratamento da
Séptico4 Anafilático pericardiocentese causa base

Correção de distúrbios eletrolíticos1


Adrenalina 0,01 mg/Kg IM
ATB de amplo espectro, como Segunda linha: corticoide,
Ceftriaxone 100 mg/Kg na anti-histamínico
primeira hora

Repetir bolus até Iniciar droga vasoativa** se não


restauração da volemia+ houver resposta aos fluidos (após
40-60 ml/Kg)

Considerar hidrocortisona 1 a 2 mg/Kg se


choque refratário a catecolamina

Sinais de melhora: presença de diurese, normalização de FC para idade, normalização da perfusão periférica e pulsos,
normalização da PA para idade, recuperação de nível de consciência, correção dos distúrbios metabólicos

*Reavaliar após cada expansão; atentar para sinais de sobrecarga – estertoração pulmonar, hepatomegalia, surgimento de bulhas
acessórias.

+Considerar hemotransfusão precoce e controle de sangramento se evidência de hemorragia.

¹Glicemia 25% 2 a 4 ml/kg- Cloreto de cálcio 0,2 ml/Kg.

²Atenção para histórico de cardiopatia prévia.

³Consultar pathway próprio.

** Epinefrina em choque quente ou com hipotensão associada a Dobutamina se PA normal.


1. DEFINIÇÃO
A American Heart Association (AHA) define choque como um estado fisiológico caracterizado por perfusão inadequada dos tecidos para
atender as necessidades metabólicas e a oxigenação tecidual.

2. MECANISMOS COMPENSATÓRIOS
✓ Taquicardia
✓ Aumento da resistência vascular periférica
✓ Aumento na força de contração cardíaca
✓ Aumento de tônus do músculo liso venoso
A hipotensão arterial em crianças (PA<p5) é um dos sinais de que os mecanismos compensatórios falharam. A hipotensão em geral
é um acontecimento tardio do choque pediátrico e a sinalização de uma parada cardiorrespiratória iminente.

3. TRATAMENTO
✓ Alocar paciente em sala de emergência.
✓ O objetivo do tratamento é restabelecer a adequada perfusão tecidual, com adequado aporte de oxigênio aos tecidos, atendendo
à demanda metabólica.
✓ Aumento da oferta de O2: aporte de oxigênio (máscara não reinalante). Considerar suporte invasivo conforme apresentação
clínica. Considerar hemotransfusão se níveis baixos de hemoglobina/suspeita de sangramento.
✓ Redução da demanda de O2: medicar febre, tratar dor, minimizar esforço respiratório.
✓ Melhora do volume e distribuição de fluidos: bolus de cristalóides. Considerar drogas vasoativas.
✓ Correção de possíveis distúrbios metabólicos ou eletrolíticos associados.
Estabelecer preferencialmente 2 acessos venosos calibrosos. Na ausência destes, acesso intraósseo. Iniciar drogas vasoativas mais
diluídas no acesso periférico. Providenciar acesso venoso central assim que possível.

4. REFERÊNCIA DE FREQUÊNCIA CARDÍACA PARA IDADE

Idade FC acordado (bpm) Média (bpm) FC dormindo (bpm)


Recém nascido a 3 meses 85 a 205 140 80 a 160
3 meses a 2 anos 100 a 190 130 75 a 160
2 anos a 10 anos 60 a 140 80 60 a 90
>10 anos 60 a 100 75 50 a 90

5. MEDICAÇÕES ENDOVENOSAS
Medicação Dosagem / Medicação no CERNER Efeitos Adversos Potenciais Contra-indicações
Millenium
✓ Epinefrina ✓ Inicial: 0.1 a 1 mcg/kg/min ✓ Angina, arritmias, dor torácica, flush, ✓ Não há contra-indicações
✓ Titular dose conforme efeito desejado hipertensão, palidez, palpitação, em situações que
✓ (plano de morte súbita, taquicardia, fibrilação ameacem a vida.
cuidado ✓ Doses >0.3 mcg/kg/min são ventricular. Dispnéia, edema Considerar
choque associadas a atividade vasopressora pulmonar. Ansiedade, hemorragia hipersensibilidade a
séptico ped (alfa-adrenérgico); Doses cerebral, tontura, cefaleia, insônia. aminas
no Cerner: <0.3 mcg/kg/min geralmente geram Inapetência, náuseas, vômitos, simpaticomiméticas,
16mg/250ml) efeitos beta-adrenérgicos xerostomia. anestesia geral com
halotano, glaucoma de
ângulo fechado, choque
não anafilático.
✓ Dobutamina ✓ Inicial: 0.5 a 1 mcg/kg/min ✓ Taquicardia, hipertensão, contração ✓ Hipersensibilidade a
(dobutrex) ✓ Titular dose conforme efeito desejado ventricular prematura, angina, dor dobutamina ou sulfitos,
✓ Variação usual: 2 a 20 mcg/kg/min torácica, palpitações. Cefaleia. estenose subaórtica
Náusea. Dispneia. hipertrófica idiopática

✓ Milrinone ✓ Inicial: 50 mcg/kg em 10 a 60 min ✓ Arritmia ventricular, arritmia ✓ Hipersensibilidade ao


(Primacor) Manutenção: 0.25 to 0.75mcg/kg/min supraventricular, hipotensão, milrinone
Titular dose conforme efeito desejado angina, dor torácica, cefaleia.
6. MEDICAÇÕES UTILIZADAS NO MANEJO DA URGÊNCIA HIPERTENSIVA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

MECANISMO DE AÇÃO MEDICAMENTO POSOLOGIA DOSE MÁX

Inibidor de ECA Enalapril 0,08-0,6 mg/kg/dia 12/12h 40 mg/dia

Bloqueador do receptor de AT Losartan 0,7-1,4 mg/kg/dia 24/24h 100 mg/dia

Propranolol 1-4 mg/kg/dia 12/12 ou 8/8h 640 mg/dia


Beta-bloqueador Atenolol 0,5-2 mg/kg/dia 12/12 ou 24/24h 100 mg/dia
Esmolol 100-500 mcg/kg/min --

Bloqueador do canal de cálcio Anlodipino 0,1-0,6 mg/kg/dia 24/24h --

Furosemida (EAP) 0,5-5 mg/kg/dia 12/12h --


Diuréticos Hidroclorotiazida 1-3 mg/kg/dia 24/24h 50 mg/dia
Espironolactona 1-3 mg/kg/dia 12/12h ou 24/24h 100 mg/dia

Bloqueador alfa-central Clonidina 2-10 mcg/kg/dose 6/6 ou 8/8h

Hidralazina 0,2-0,6 mg/kg 6/6h EV ou


Vasodilatador direto 0,75-7,5 mg/kg/dia VO
Minoxidil 0,1-0,2 mg/kg 1-3x/dia 50 mg/dia

ECA: Enzima Conversora da Angiotensina; AT: Angiotensina; EAP: Edema Agudo de Pulmão

7. CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO
• Choque refratário a volume.
• Choque refratário à catecolamina.
• Presença de sinais de hipoperfusão tecidual a despeito da reposição volêmica inicial.

REFERÊNCIAS
de Caen AR, Berg MD, Chameides L, et al. Part 12: Pediatric Advanced Life Support: 2015 American Heart Association Guidelines Update
for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation. 2015;132(18 Suppl 2):S526-S542.
doi:10.1161/CIR.0000000000000266

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Karina Burckart Mauro Haggeas Da Silveira 19/08/2021 19/08/2021
CPTW258.1 Dirlando C de Fernandes
Oliveira
Guia do Episódio de Cuidado
Choque Séptico Pediátrico Protocolo Gerenciado
Sepse é a disfunção orgânica ameaçadora para a vida causada por uma resposta exacerbada do hospedeiro à infecção. Choque séptico é uma situação em que as alterações
circulatórias e celulares/metabólicas decorrentes da sepse são profundas, de modo a aumentar substancialmente a mortalidade. O diagnóstico e o tratamento precoce fazem
a diferença já que grande parte dos óbitos por sepse ocorrem entre as primeiras 48-72h do início do tratamento. Nas unidades de Pronto Atendimento, é importante a
utilização de ferramenta de triagem específica para suspeitas de sepse, para possibilitar o reconhecimento precoce e deflagrar a condução do protocolo sem atrasos .
I- ASSISTENCIAL
1. MANEJO DO CHOQUE SÉPTICO PEDIÁTRICO

0 min Reconhecer alteração do estado mental ou da perfusão

PACOTE SEPSE PEDIÁTRICO DE 1º HORA:


• Monitorização cardíaca, oximetria, PA 15/15 min, controle diurese
PRONTO ATENDIMENTO

5 min
• Oferecer 02 de alto fluxo ( manter sat 94-97%), IOT se necessário
• Estabelecer 2 acessos venosos (EV/IO)
• Coletar exames

• Iniciar bolus de solução cristaloide balanceada (ringer lactato ou plasma-lyte) 10 -


15 min 20ml/kg e reavaliar após cada bolus.
• Se ausência de hepatomegalia e estertoração realizar incrementos até 60 ml/kg até
melhora da perfusão
• RN ou cardiopata: bolus de 10ml/kg. Interromper se sinais de sobrecarga de volume
• Corrigir hipoglicemia
• Iniciar antibióticos.
Choque refratário a volume?

• Solicitar vaga de UTI


60 min
• Realizar Ecocardiograma funcional
• Iniciar adrenalina ou noradrenalina periférica (EV/IO)
• Se ausência de monitorização avançada, iniciar adrenalina 0,03 a 0,5
mcg/kg/min
• Repetir glicemia capilar

Considerar IOT
Utilizar preferencialmente cetamina e rocurônio

Choque resistente a catecolaminas?


Iniciar Hidrocortisona se fator de risco para insuficiência adrenal e/ou
TERAPIA INTENSIVA

Adrenalina/Noradrenalina em doses crescentes

Realizar perfil hemodinâmico – Ecocardiograma funcional e Monitorização avançada


. Titular volume e drogas para Svc02> 70%

PA normal Hipotensão Hipotensão


Choque Frio Choque Frio Choque Quente
Svc 02< 70%/Hb> 10 Svc 02< 70%/Hb> 10 Svc 02< 70%
com adrenalina? com adrenalina? noradrenalina?
Iniciar milrinona, Acrescentar noradrenalina, Se euvolêmico,
considerar se IC baixo: dobutamina ou acrescentar
nitroprussiato ou milrinona vasopressina. Se IC
levosimendan baixo, associar
Choque resistente a catecolaminas persistente? adrenalina ou
dobutamina ou
Descartar /corrigir pneumotórax, derrame levosimendan
pericárdico e
pressão intra-abdominal > 12 mmHg
Monitorização RVS e IC p/> 3,3 e 6 L/mim/m2 ECMO
2. DIAGNÓSTICO
Confirmação diagnóstica
Clínico e laboratorial
Indicação de exames diagnósticos
Pacote de 1ª hora
• POCT: Gasometria e Lactato (arterial ou venoso), Glicemia, Cálcio iônico, Na, K, hemograma completo
• HMC e culturas direcionadas ao foco infeccioso. Paciente com cateter: HMC central e periférica (hemoculturas pareadas);
• Em recém-nascidos : LCR e UI/UROC por sondagem vesical.

Exames Adicionais

• Ecocardiografia funcional;
• RX tórax.
• Ultrassom point of care de pulmão

Pacote da 6ª hora
• Gasometria e Lactato (arterial ou venoso), Glicemia, Cálcio iônico, Creatinina, Na / K;
• Ureia, creatinina, TGO e TGP, Coagulograma (se não colhidos anteriormente);
• Ecocardiograma funcional;
• Outros exames laboratoriais a depender do quadro clínico: D-dímero, troponina, BNP entre outros.
• Monitorização:
• Oximetria e ECG contínuos; débito urinário por sonda vesical de demora; saturação venosa central de oxigênio
através de coleta de gasometria venosa central seriada ou monitorização contínua de saturação venosa central
• Ecocardiografia funcional para avaliação do débito cardíaco e complacência da veia cava inferior
• Medida de Pressão intra-abdominal quando indicada

3. FLUXO PARA DIAGNÓSTICO DE SEPSE EM PEDIATRIA

Suspeita de infecção manifesta por hipertermia


OU
hipotermia

1. Sinais clínicos de perfusão tecidual inadequada, incluindo:


• Alteração do estado mental
OU
• Tempo de enchimento capilar (TEC) maior que 2s, pulsos finos, extremidades frias, pele rendilhada
OU
• TEC rápido, pulsos amplos e pressão de pulso alargada
OU
• Oligúria (menor que 1ml/Kg/h)
OU
• Hipotensão (não é necessária, porém quando presente em associação a quadro infeccioso confirma o diagnóstico).

4. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA

Critérios para internação


• Todos os sinais presentes no fluxo para diagnóstico de sepse
Critérios para internação em UTI
• Persistência de sinais de alteração hemodinâmica após volume de 40 ml/kg
• Necessidade de uso de drogas vasoativas
• Necessidade de cateter venoso central
• Sinais de disfunção cardíaca
• Necessidade de suporte ventilatório: cânula nasal de alto fluxo, VNI, ventilação mecânica
• Necessidade de hemoderivados
• Diurese < 1 ml/kg após expansão volêmica de 40 ml/kg
• Grupos de risco: recém nascidos, imunossuprimidos, cardiopatas
5. CRITÉRIOS DE ALTA

• TEC menor ou igual a 2s;


• FC dentro dos valores adequados;
• PA normal para a idade;
• Diurese presente.
• Nível de consciência restabelecido: contactuante, orientado e ativo
• Afebril há 24 horas e processo infeccioso controlado (drenagem de abscessos, esquema antimicrobiano adequado)

6. TRATAMENTO

Tratamento inicial

• Ofertar oxigênio de alto fluxo (máscara não reinalante ou cateter nasal de alto fluxo); se necessário ventilação
mecânica ou não invasiva;
• Obtenção de acesso venoso periférico ou intraósseo;
• Ressuscitação volêmica: 40 – 60 ml/kg se solução cristaloide (preferência para soluções balanceadas como ringer
lactato ou Plasma-lyte);
• Antibioticoterapia de amplo espectro, de acordo com foco infeccioso;
• Correção de hipoglicemia e/ou hipocalcemia;
• Introdução precoce de inotrópico: adrenalina, noradrenalina, dopamina, dobutamina;
• Hidrocortisona endovenosa se sinais de choque refratário.

Tratamento adicional

• Infusão de hemoderivados (concentrado de hemácias, plasma, fibrinogênio, plaquetas) se necessário;


• Incremento de drogas vasoativas: milrinone, levosimendam, vasopressina;
• Albumina humana 1 g/kg em casos restritos quando indicada;
• Profilaxia úlcera de stress: não indicado em crianças exclusivamente pelo choque;
• ECMO: considerar em choque séptico refratário e insuficiência respiratória;
• GM-CSF/ G-CSF: considerar em paciente com choque e neutropenia (< 1500 neutrófilos/mm3) – 7 dias;
• Imunoglobulina endovenosa: considerar no choque tóxico.

II – INDICADORES DE QUALIDADE
• Tempo médio de internação na terapia intensiva
• Tempo médio de internação hospitalar
• Taxa de mortalidade nos primeiros 30 dias
• Taxa de uso de terapia dialítica durante o tratamento
• Taxa de uso de ECMO durante o tratamento

III- GLOSSÁRIO

Sat O2: Saturação de oxigênio RVS: resistência vascular sistêmica


IOT: intubação orotraqueal ECMO: terapia de Oxigenação por Membrana Extracorpórea
VO: via oral UI: urina I
EV: endovenoso UROC: urocultura
Svc: Saturação venosa central LCR: liquor
IC: Índice cardíaco
IV. HISTÓRICO DE REVISÃO

Versão 2:
• Inclusão do US point of care de pulmão; Creatinina e monitorização (item 2)
• Inclusão no nível de consciência (item 4)
• Alteração dos critérios de internação em UTI (item 5)

V. REFERÊNCIAS

[1] Weiss SL, Peters MJ, Alhazzani W, et al. Surviving Sepsis Campaign International Guidelines for the Management of Septic Shock and
Sepsis-Associated Organ Dysfunction in Children. Pediatr Crit Care Med 2020; 21(2): e52-e106.
[2] Weiss SL, Keele L, Balamuh F, et al. Crystalloid Fluid Choice and Clinical Outcomes in Pediatric Sepsis: A Matched Retrospective
Cohort Study. J Pediatr 2017, 182:304-310.
[3] Emrath ET, Fortenberry JD, Travers C, et al. Resuscitation With Balanced Fluids Is Associated With Improved Survival in Pediatric
Severe Sepsis. Crit Care Med 2017, 45(7):1177-83.
[4] Souza DC, Shieh HH, Barreira ER, et al. Epidemiology of Sepsis in Children Admitted to PICUs in South America. Pediatr Crit
Care Med. 2016 Aug;17(8):727-34.
[5] Oliveira CF, Oliveira DSF, Gottschald AFC, et al. ACCM/PALS haemodynamic support guidelines for paediatric septic shock: an
outcomes comparison with and without monitoring central venous oxygen saturation. Intensive Care Med. 2008 Jun;34(6):1065-
75.
[6] Davis AL, Carcillo JA, Aneja RK, et al. American College of Critical Care Medicine Clinical Practice Parameters for
Hemodynamic Support of Pediatric and Neonatal Septic Shock. Crit Care Med 2017 Jun;45(6):1061-1093.
[7] Singer M, Deutschman CS, Seymour CW, et al. The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock
(Sepsis-3). JAMA 2016 Feb 23;315(8):801-10.
[8] Ventura AMC, Shieh HH, Bousso A, et al. Double-Blind Prospective Randomized Controlled Trial of Dopamine Versus
Epinephrine as First-Line Vasoactive Drugs in Pediatric Septic Shock. Crit Care Med. 2015 Nov;43(11):2292-302
[9] Rivers EP, Ahrens T. Improving outcomes for severe sepsis and septic shock: tools for early identification of at-risk patients
and treatment protocol implementation. Crit Care Clin. 2008; 23 s1- s47
[10] Malbrain MLN, Cheatam ML, Kirkpatrick A, et al. Results from the International Conference of Experts on Intra-abdominal
Hypertension and Abdominal Compartment Syndrome. I. Definitions. Intensive Care Med. 2006; 33: 1722-1732.
[11] Lacroix J, Hébert PC, Hutchison JS, et al. Transfusion strategies for patients in pediatric intensive care units. N Engl J Med.
2007; 256:1609-1619.
[12] Marik PE, Pastores SM, Annane D, et al. Recommendations for the diagnosis and management of corticosteroid
insufficiency in critically ill adult patients: consensus statements from an international task force by the American College of
Critical Care Medicine. Crit Care Med. 2008; 36(6): 1937-49.
[13] Pizarro CF, Troster EJ, Damiani D, et al. Absolute and relative adrenal insufficiency in children with septic shock. Crit Care
Med. 2005; 33(4):855-859
[14] Weiss SL, Fitzgerald JC, Balamuth C, et al. Delayed antimicrobial therapy increases mortality and organ dysfunction duration
in pediatric sepsis. Crit Care Med .2014 Nov;42(11):2409-17
[15] Chen L, Li T, Fang F, et al. Tight glycemic control in critically ill pediatric patients: a systematic review and meta-analysis. Crit
Care. 2018 Mar 4;22(1):57
[16] Semler MW, Self WH, Wanderer JP, et al. Balanced Crystalloids versus Saline in Critically Ill Adults. N Engl J Med 2018;
378:829– 839

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Data de


Documento: Milena De Paulis Fernando Gatti Giancarlo Colombo Elaboração: Aprovação:
CPTW0165.2 02/11/2020 02/09/2022
(Grupo
institucional de Data de
sepse pediátrica) atualização:
31/08/2022
Guia do Episódio de Cuidado
Convulsão Febril Benigna

DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
Crise convulsiva que ocorre nas primeiras 24 horas de uma febre (temperatura ≥38ºC por qualquer método de aferição) em crianças de
6 a 60 meses de idade, sem evidência de infecção ou inflamação do sistema nervoso central, sem alteração metabólica e sem história
prévia de crise convulsiva afebril. Classificada em:

• crise convulsiva febril simples: crise tônico-clônico generalizada com duração <15min que cursa com recuperação espontânea e
completa;

• crise convulsiva febril complexa: crise tônico-clônico generalizada ou crise focal, com duração >15min que cursa com pós-ictal
prolongado, com recorrência em menos de 24h.

1. DIAGNÓSTICO

Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial)


Diagnóstico clínico.

Indicação de exames diagnósticos


Em geral não requer investigação secundária.

Indicação de outros exames


• Punção liquórica: deve ser realizada em todas as crianças com sinais e sintomas de infecção de sistema nervoso central ou em
qualquer criança onde história ou exame físico sugerem infecção do sistema nervoso central. Opção em crianças de 6 meses a 12
meses se vacinação contra H. influenza tipo b ou pneumococos não estiverem atualizadas ou forem desconhecidas. Opção em
crianças em uso de antimicrobianos.
• EEG (Eletroencefalograma): não deve ser realizado em crianças neurologicamente normais.
• Eletrólitos séricos (cálcio, fósforo, magnésio e glicemia): não devem ser realizados rotineiramente.
• Hemograma: não deve ser realizado rotineiramente.
• Exame de neuroimagem: não deve ser realizado rotineiramente.

2. ESCORE DE RISCO
Não se aplica

Características da convulsão febril benigna


Idade: 6 meses a 5 anos.
Crise convulsiva: tônico-clônica generalizada.
Duração: até 15 minutos.
Retorno do nível normal de consciência após término da convulsão.
Documentação da febre (> ou igual 38ºC).
Única crise convulsiva em 24 horas.
Ausência de doença neurológica prévia.

3. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA


Critérios para internação
A maioria das crianças retorna gradualmente ao nível normal de consciência dentro de uma hora. Esse período de observação deve
ser utilizado para uma realização de história clínica mais detalhada, permitindo manejo mais adequado.

Critérios de internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva)


Estado de mal epiléptico.
Fatores de Maior Probabilidade de Recorrência da Convulsão Febril

• crianças menores de 18 meses;


• temperatura menor de 39ºC na primeira crise;
• intervalo menor de 1 hora entre febre e convulsão;
• parentes de 1º grau com história de convulsão febril.

4. TRATAMENTO

Tratamento inicial
O atendimento das crianças com convulsão febril benigna deve ser direcionado em identificar a causa da febre com atenção especial
ao diagnóstico de meningite, administrar antitérmico. Na crise convulsiva seguir a diretriz de convulsão e estado de mal para
administração de anticonvulsivantes na emergência.

Critérios para conversão para terapia oral


Não se aplica.

Critérios de alta
Criança desperta, ativa, sem déficit neurológico.

Duração do tratamento
Não há recomendação de terapêutica anticonvulsivante contínua ou intermitente em crianças com uma ou mais convulsões febris
benignas.

Indicação de exames de controle durante o tratamento


Não há necessidade.

Indicação de retorno ambulatorial, em quanto tempo, exames de retorno


Pacientes que apresentem nova crise convulsiva devem ser encaminhados ao neuropediatra para adequada avaliação.

Referências

[1]Pediatr Emer Care 2012; 28: 316-321


[2] Pediatrics 2011; 127: 389-94;
[3] Pediatrics 2008; 121;
[4] Pediatr Neurol 2010; 43: 177-182;
[5] Pediatr Neurol 2011; 44: 35-39;
[6] Emerg Med Clin North Am 2011; 29: 83-93;
[7] Pediatric Neurol 2008; 39: 381-386;
[8] Pediatr Neurol 2008; 38: 391-394;
[9] Am Fam Physician 2011 83 60191-3.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Data de


Documento: Milena de Paulis Gaby Cecilia Haggeas Da Silveira Elaboração: Aprovação:
CPTW167.2 Caroline Kanaan Yupanqui Guerra Fernandes 08/02/2022 08/02/2022
Barboza
Guia do Episódio de Cuidado
Crise Epiléptica e Estado de Mal Epiléptico Convulsivo
em Crianças e Adolescentes (Fluxo de atendimento UPAs)
DEFINIÇÃO: Emergência neurológica mais comum na infância. A crise epiléptica tônico-crônica (convulsiva) com duração >5
minutos pode suplantar os mecanismos de homeostase e evoluir para o estado de mal epiléptico.

1. DIAGNÓSTICO
• Evitar investigação excessiva de desencadeantes em pacientes com diagnóstico prévio de epilepsia
• Guiar a solicitação de exames pelos sinais e sintomas: Infecção? Intoxicação? Distúrbio hidroeletrolítico? Erro inato do
metabolismo? Trauma? Neoplasia de SNC?
• Sempre que possível, realizar nível sérico do anticonvulsivante de uso contínuo do paciente
• Coleta de líquor se: sinais de irritação meníngea, toxemia, período pós-ictal prolongado ou persistência do rebaixamento de
nível de consciência; na suspeita de hipertensão intracraniana realizar TC crânio previamente a punção lombar
• Exames de imagem (TC ou RM) somente quando paciente estável

2. TRATAMENTO
1. Alocar paciente em sala de emergência

2. Estabilização:
• Monitorização contínua: FC, PA, SatO2
• Ofertar O2 em máscara não reinalante
• Puncionar AVP
• Realizar glicemia capilar
• Colher exames laboratoriais (se necessário)
• Corrigir hipotensão (PAS <p5) com expansão 20ml/kg SF 0,9% (se necessário)
• Corrigir hipoglicemia (DX <60) com 2-4ml/kg SG25% (se necessário)

3. Medicamentos de Primeira Linha: Midazolam em dose completa não fracionada, podendo ser administrado nas vias
endovenosa, intramuscular, intranasal ou retal. Pode ser realizado uma segunda dose na persistência da crise. O uso acima de
duas doses consecutivas não é recomendado
• Paciente com acesso venoso periférico:
• Midazolam (5mg/5mL ou 15mg/3mL) 0,1mg/kg/dose - endovenoso - máximo 10mg/dose
• Diazepam (5mg/ml) 0,2mg/kg/dose - endovenoso - máximo 10mg/dose
• Paciente sem acesso venoso periférico:
• Midazolam (5mg/5mL ou 15mg/3mL) 0,1mg/kg/dose - intramuscular - máximo 10mg/dose
• Midazolam (5mg/5mL ou 15mg/3mL) 0,3mg/kg/dose - intranasal - máximo 10mg/dose
• Diazepam (5mg/ml) 0,3-0,5mg/kg/dose - retal - máximo 20mg/dose
• Na persistência da crise após segunda dose de benzodiazepínico, escalonar terapêutica para os medicamentos de segunda linha

4. Medicamentos de Segunda Linha: Não há evidências de que Levetiracetam tenha melhor desempenho do que Fenitoína ou
Valproato. Fenobarbital é uma alternativa quando Fenitoína não está disponível ou quando o paciente já faz uso crônico do
mesmo
• Fenitoína (50mg/mL)
• Dose de ataque 20mg/kg - endovenoso - correr em 20 minutos; pacientes em uso crônico de fenitoína devem receber 5mg/kg -
máximo 1500mg/dose
• Dose de manutenção 5-7mg/kg/dia, iniciar 12 horas após o ataque
• Fenobarbital (100mg/mL)
• Dose de ataque 20mg/kg - endovenoso - correr em 20 minutos; pacientes em uso crônico de fenobarbital devem receber 5-
10mg/kg; pode ser realizado uma segunda dose de 5-10mg/kg - máximo 1000mg/dose
• Dose de manutenção 3-5mg/kg/dia, iniciar 24 horas após o ataque

5. Medicamentos de Terceira Linha: Indicado na crise refratária (duração >60min)


• Midazolam (5mg/5mL ou 15mg/3mL) 1-20mcg/kg/min
• Acionar retaguarda da neurologia, se possível
• Garantir via aérea
• Solicitar leito de internação em UTI Pediátrica.
PRONTO ATENDIMENTO

FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO

Estabilização Primeira Linha Segunda Linha Terceira Linha


0-5min 5-20min 20-40min >60min

Fenitoína
Ataque 20mg/kg
(se uso crônico 5mg/kg)
Manutenção
COM AVP: 5-7mg/kg/dia - iniciar
Midazolam após 12 horas do ataque
0,1mg/kg/dose EV Midazolam Contínuo
max 10mg/dose 1-20mcg/kg/min
Diazepam Garantir via aérea
0,2mg/kg/dose EV Acionar retaguarda
Fenobarbital da neurologia
max 10mg/dose
Ataque 20mg/kg (se possível)
(se uso crônico 5- Solicitar internação
10mg/kg) em UTI Pediátrica
Manutenção Crise refratária?
1. Sala de emergência 3-5mg/kg/dia - iniciar
após 24 horas do ataque
Persistência da crise?

2. MOV
3. Dextro
4. Labs S/N SEM AVP:
5. Corrigir hipotensão e Midazolam
hipoglicemia S/N 0,1mg/kg/dose IM
0,3mg/kg/dose IN
max 10mg/dose Tentar AVP
Diazepam
0,3-0,5mg/kg/dose VR
max 20mg/dose

ESTE FLUXOGRAMA NÃO SE APLICA A PACIENTES RECÉM-NASCIDOS


3. INDICADOR DE QUALIDADE:
Administração de primeira dose de anticonvulsivante em até 5 minutos da chegada ao PA

4. GLOSSÁRIO

SNC: Sistema Nervoso Central


TC: Tomografia
RM: Ressonância

Referências
Ozdemir D, Gulez P, Uran N, Yendur G, Kavakli T, Aydin A. Efficacy of continuous midazolam infusion and mortality in childhood
refractory generalized convulsive status epilepticus. Seizure (2005)

Riviello JJ, Ashwal S, Hirtz D, et al. Practice parameter. Diagnostic assessment of the child with status epilepticus (an evidence-
based review): report of the Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology and the Practice Committee
of the Child Neurology Society. Neurology (2006)

Silbergleit R, Durkalski V, Lowenstein D, Conwit R, Pancioli A, Palesch Y, et al. Intramuscular versus intravenous therapy for
prehospital status epilepticus. N Engl J Med (2012)

Zhao ZY, Wang HY, Wen B, Yang ZB, Feng K, Fan JC. A comparison of midazolam, lorazepam, and diazepam for the treatment of
status epilepticus in children: a network meta-analysis. J Child Neurol (2016)

Rosati A, Ilvento L, L’Erario M, De Masi S, Biggeri A, Fab- bro G, et al. Efficacy of ketamine in refractory convulsive status epilepticus
in children: a protocol for a sequential design, multicentre, randomised, controlled, open-label, non-profit trial (KETASER01). BMJ
Open (2016)

Glauser T, Shinnar S, Gloss D, et al. Evidence based guideline: treatment of convulsive status epilepticus in children and adults:
report of the guideline committee of the American Epilepsy Society. Epilepsy Curr (2016)

McTague A, Martland T, Appleton R. Drug management for acute tonic–clonic convulsions including convulsive status epilepticus in
children. Cochrane Database Syst Rev (2018)

Dalziel SR, Borland ML, Furyk J, et al. Levetiracetam versus phenytoin for second line treatment of convulsive status epilepticus in
children (ConSEPT): an open label, multicentre, randomized controlled trial. Lancet (2019)

Lyttle MD, Rainford NEA, Gamble C, et al. Levetiracetam versus phenytoin for second line treatment of pediatric convulsive status
epilepticus (EcLiPSE): a multicentre, open label, randomized trial. Lancet (2019)

Le Coz J, et al. Diagnostic evaluation and management of seizures and status epilepticus in children with known epilepsy or new-
onset seizures: A retrospective and comparative analysis. Archives de Pediatrie (2020)

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Caroline Kanaan Gaby Cecilia Haggeas Da Silveira 20/03/2022 18/04/2022
CPTW286.1 Victor R. Procaci Yupanqui Fernandes
Danielle S. Nemer Guerra
Luis O. Caboclo Barboza
Guia do Episódio de Cuidado

Febre sem sinais localizatórios

1. DEFINIÇÃO
Temperatura axilar >38ºC há menos de 7 dias, na ausência de sintomas clínicos, com exame físico normal, em criança hígida e em
bom estado geral até 36 meses (3 anos).

2. DIAGNÓSTICO

❖ Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial) 3. IDENTIFICAÇÃO DE RISCO PARA


DOENÇA BACTERIANA GRAVE
Clínico e laboratorial.

❖ Indicação de exames diagnósticos ❖Escores:

De acordo com a faixa etária e vacinação. Até o momento, nenhum escore de


gravidade conseguiu diferenciar crianças
Recém-nascidos: com maior ou menos risco de desenvolver
doença bacteriana grave.
• Hemograma completo (HMG).
• Hemocultura (HMC).
• Proteína C Reativa (PCR). ❖ História:
• Procalcitonina (PCT).
• Raio X de tórax. Recém-nascido prematuro.
• Urina I e urocultura (UROC) por sondagem vesical de alívio. Imunocomprometido.
• Líquor com quimiocitológico (LCR), cultura, látex e PCR para herpes e Doenças de base.
enterovírus (se quimiocitológico alterado). Contato com doença meningocócica.
• Pesquisa de vírus respiratórios, quando disponível.

Lactentes entre 1 e 3 meses: ❖ Exame físico:

• Hemograma completo (HMG). Mal estado geral.


• Hemocultura (HMC). Sinais de sepse e choque.
• Proteína C Reativa (PCR). Toxemia.
• Procalcitonina (PCT).
• Urina I e urocultura (UROC) por sondagem vesical de alívio.
• Ponderar coleta de líquor com quimiocitológico, látex e cultura . ❖ Laboratório:
• Ponderar RX tórax.
• Pesquisa de vírus respiratórios, quando disponível. Hemograma alterado: leucócitos >
20.000/mm³ e/ou neutrófilos >
Crianças de 3 meses a 36 meses com febre ≥39°C com vacinação 10.000/mm³.
completa: Urina I alterada: leucocitúria esterase
positiva e/ou nitrito positivo e/ou
• Urina tipo I e urocultura (UROC) por sonda vesical de alívio bacteriúria e/ou piúria > 10.000
• Pesquisa de vírus respiratórios, quando disponível. leucócitos/ml.
PCT >0,3 ng/ml (alta sensibilidade para
Crianças de 3 meses a 36 meses com febre ≥39°C sem vacinação meningite e bacteremia)
completa: PCR >5 mg/L.

• Urina tipo I e urocultura (UROC - preferência por sondagem vesical de


alívio ou jato médio). ❖ Crianças acima de 3 meses:
• Hemograma completo (HMG).
• Hemocultura (HMC). Febre ≥39°C.
• Pesquisa de vírus respiratórios, quando disponível.
4. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA

❖ Critérios para internação

• Recém-nascidos.
• 1 a 3 meses com exames alterados.
• 3 a 36 meses com queda do estado geral.

❖ Critérios para internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

• Sinais de sepse em todas as faixas etárias.

........................................................................................................................................................
5. TRATAMENTO

❖ Tratamento inicial

• Recém nascido:

• Cefalosporina de 3° geração: Cefotaxima EV 150 mg/kg/dia ou Ceftriaxone EV 100 mg/kg/dia.


• Ampicilina EV 200 mg/kg/dia, se LCR alterado.
• Aciclovir EV 10 mg/kg/dose 8/8h, se suspeita de infecção herpética.

• 1 a 3 meses com exames alterados:

• Cefalosporina de 3ª geração: Ceftriaxone EV 50-100 mg/kg/dia.


• Ampicilina EV 200 mg/kg/dia, se LCR alterado.

• 3 a 36 meses com exames laboratoriais alterados:

• 1ª opção: Axetilcefuroxima VO 30 mg/kg/dia


• 2ª opção: Amoxicilina + Clavulanato VO 50 mg/kg/dia
• Recusa medicação oral: Ceftriaxone IM 50 mg/kg/dia

6. INDICADORES DE QUALIDADE

∙ Coleta de cultura de sangue, urina e líquor em pacientes com FSSL em menores de 2 meses de vida.

∙ Coleta de urina I para os pacientes com mais de 3 meses de vida, com FSSL e que preencham critérios de risco para
infecção urinária.

7. CRITÉRIOS DE ALTA

❖Critérios de alta

• Recém-nascidos: culturas negativas, afebril há 24 horas, bom estado geral e boa aceitação da dieta oral.
• 2 a 3 meses: exames em melhora, bom estado geral e boa aceitação da dieta oral.
• 3 a 36 meses: bom estado geral e boa aceitação da dieta oral.
8. FLUXOGRAMA FEBRE SEM SINAIS LOCALIZATÓRIOS (FSSL) CRIANÇAS ATÉ 90 DIAS (3 MESES)

Febre sem sinais


localizatórios

Recém-nascidos 1 – 3 meses

Internação hospitalar

Coletar HMG, HMC, PCR, PCT, Urina I, UROC,


Coletar HMG, HMC, PCR, PCT, Urina I, UROC.
LCR e RX tórax.
Ponderar LCR nos menores de 2 meses.
Cefotaxima ou Ceftriaxona (associar ampicilina,
se LCR alterado e aciclovir, se risco de infecção Ponderar RX tórax (se sintoma respiratório).
por Herpes).
Pesquisa de vírus respiratórios, se disponível.
Pesquisa de vírus respiratórios, se disponível.

HMG normal ou alterado HMG normal


HMG alterado Urina I alterada Urina I normal
LCR alterado
Urina I normal LCR (ponderar LCR normal (se
necessidade) coletado)

Meningite Baixo risco


Alto risco Infecção de trato urinário
Internação Sem necessidade
Coleta de LCR (se Internação hospitalar.
hospitalar. de antibiótico.
alterado, vide fluxo).
Ceftriaxone (50).
Ceftriaxone (100). Ponderar
Internação hospitalar.
Ponderar alta com internação em
Ceftriaxone (50). Ampicilina EV. menores de 2
reavaliação diária em
maiores de 2 meses com Aciclovir EV se risco meses ou avaliação
axetilcefuroxima VO ou de infecção por diária até culturas.
amoxacilina + clavulanato Herpes.
VO ou Ceftriaxone EV/IM.

Provas inflamatórias:
Procalcitonina >0,3 ng/ml (sensibilidade em torno de 90% para meningite e bacteremia).
PCR >5 mg/L (pouco sensível – pode ajudar na tomada de decisão).
9. FLUXOGRAMA FEBRE SEM SINAIS LOCALIZATÓRIOS (FSSL) CRIANÇAS ACIMA DE 3 MESES

Febre sem sinais


localizatórios

≥ 3 meses

Avaliar status vacinal: recebeu 2 doses


Sim Não
contra pneumococo e haemophilus?

Febre ≥39°C Febre ≥39°C

Sim Não Não Sim


Baixo risco

Alta hospitalar
Avaliar fatores de Sem necessidade de Avaliar fatores de
risco para infecção antibioticoterapia risco para infecção
de trato urinário* ou exames de trato urinário*

Reavaliação diária
até culturas

Presentes Ausentes HMG normal Presentes Ausentes


Urina I normal

Urina I/UROC HMG/HMC


HMG/HMC
Urina I/UROC

HMG alterado HMG


Urina I alterada Urina I normal
Urina I normal alterado

Axetilcefuroxima ou RX tórax se Leuco >20


amoxacilina + clavulanato Urina I alterada mil

Reavaliação com HMG normal ou alterado Ceftriaxone (50)


resultado de cultura
Reavaliação diária até
resultado de cultura

*Fatores de risco para ITU: Pesquisa de vírus respiratórios:


Meninas 🡪 brancas, febre > 48h, T >39ºC, <1 ano Quando disponível, considerar a coleta para todos
Meninos 🡪 não circuncidados, febre >24h, T >39ºC (independente do risco para doença bacteriana).
10. GLOSSÁRIO
EV: endovenosa T: temperatura
ITU: infecção do trato urinário VO: via oral
IM: intramuscular

Referências

[1] Martinez E, Mintegi S, Vilar B, et al. Prevalence and predictors of bacterial meningitis in young infants with fever without a
source. Pediatr Infect Dis J. 2015;34(5): 494–8.
[2] Gomez B, Mintegi S, Bressan S, et al. Validation of the “Step-by-Step” Approach in the Management of Young Febrile Infants.
Pediatrics 2016;138(2):e20154381.
[3] Hamiel U, Bahat H, Kozer E, et al. Diagnostic markers of acute infections in infants aged 1 week to 3 months: a retrospective cohort
study. BMJ Open 2018;8:e018092.
[4] Lo DS, Rodrigues L, Koch VHK & Gilio AE. Clinical and laboratory features of urinary tract infections in young infants. Brazilian Journal
of Nephrology, 2018; 40(1), 66-72.
[5] Schvarstsman C; Reis AG; Farhat SCL. “Pediatria – Instituto da Criança Hospital das Clínicas: Pronto Socorro”. 3º edição. São Paulo:
Manole, 2018. Cap. 39, págs. 523- 540.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Milena de Paulis Gaby Cecilia Haggeas Da Silveira 08/02/2022 08/02/2022
CPTW 172.2 Michelle Marcovici Yupanqui Guerra Fernandes
Barboza
Guia do Episódio de Cuidado

Linfoadenopatia aguda em crianças e adolescentes

1. DEFINIÇÃO
Anormalidade
Caracteriza-se em tamanho e/ou consistência dos linfonodos (LND), de múltiplas etiologias possíveis. Principal delas é a reacional
(linfadenite) sem causa definida (aproximadamente 65% - estima-se maioria secundária a quadro viral).
doença
LND normais: de até 1 cm de diâmetro nas cadeias axilar e cervical, até 1,5 cm em inguinal e até 0,5 cm em epitroclear. LND
supraclaviculares palpáveis sempre são considerados alterados.

2. DIAGNÓSTICO
É essencialmente clínico. Exames complementares são para elucidação etiológica: reacional, inflamatória/infecciosa ou
neoplásica.
Na investigação, considerar sempre: o mais provável; o mais grave; outras possíveis causas, se existirem.

3. ETIOLOGIAS MAIS COMUNS


Secundária à infecção viral (25%) Linfadenite bacteriana (5 a 6%) Neoplásicos (4 a 5%)

Tempo Autolimitado, em geral até 7 dias. Dias a uma semana. Mais de 7 dias.

Exame LND fibroelástico, não aderido, uni ou Edema progressivo e doloroso, LND FE LND endurado e aderido,
físico bilateral. ou firme, localizado. Eritema e >2 cm. Emagrecimento,
limitação de mobilidade cervical. sintomas sistêmicos.

Etiologias Rinovírus, Adenovírus, Influenza, S. aureus e pyogenes (50%), Linfoma Hodgkin (>6 anos) e
principais Parainfluenza, VSR, EBV, CMV. Streptococcus grupo B (neonatos) e Não Hodgkin (<6 anos).
grupo A, e anaeróbios (1%).

Etiologias subagudas / crônicas (<1% cada): Bartonella (d. arranhadura do gato), toxoplasmose, vírus (CMV, HIV), micobactérias.
Massas cervicais congênitas (cistos dermóide, de ducto tireoglosso, de fenda branquial, timo ectópico), Doença de Kikuchi-Fujimoto,
histiocitoses, Síndrome de Kawasaki.

4. EXAMES COMPLEMENTARES

Diagnóstico etiológico

• Ultrassom partes moles local: presença e extensão de abscesso, características malignas, diferencial de massas cervicais
congênitas.
• Hemograma, hemocultura, PCR – suspeita de infecções bacterianas e/ou neoplasias.
• Em suspeitas de neoplasia: DHL, Ácido Úrico e outros exames de lise tumoral (fósforo, cálcio, potássio, creatinina).
• Teste rápido para Streptococcus do grupo A e cultura de orofaringe, se amigdalite.
• Sorologias CMV, EBV, Herpes 6, toxoplasmose, HIV, Bartonella.

Outros exames
• RX tórax e ultrassonografia de abdome: investigação de outros locais de linfonodomegalia.
• PPD se suspeita de tuberculose.
• RNM se suspeita de massas cervicais de difícil avaliação ao ultrassom (profundas, aderidas).
• Biópsia: se sugestivo de quadro neoplásico ou quadro crônico sem melhora com tratamento inicial.

o Linfonodo de crescimento constante por 2 a 3 semanas


o Consistência endurecida, aderido
o Indolor
o Linfonodo supraclavicular palpável
o Duração maior do que 4 a 6 semanas
o Alterações em imagens indicativas de biópsia
o RX de tórax com alargamento de mediastino
5. FLUXOGRAMA DA ABORDAGEM DE LINFONODOMEGALIA NAS UPAS
Complementar com as informações deste guia sobre as características clínicas de cada quadro

Linfonodomegalia

Agudo Crônico
Subagudo
(Até 7 dias) (mais de 4 semanas)

Linfadenite
Viral Viral (CMV, EBV, p.ex.) Outras causas
Bacteriana

Sim Sintomas Sintomas Sim Sim Sintomas


Graves? Graves? Graves?
Não
Não Não

o Sem necessidade de exames • Seguimento ambulatorial Suspeita de neoplasia?


complementares; • Perda de peso?
oIniciar ATB: Cefadroxila ou • Considerar solicitar coleta
Amoxicilina-clavulanato de sorologias (CMV, EBV, • Sudorese noturna?
oReavaliação em 48 -72 horas HIV, Toxoplasmose) • Progressão rápida do LND?
• LND endurecido? Aderido?
• LND Supraclavicular +?
Não Alta com sintomáticos e
Melhora • Hepato-esplenomegalia?
orientações de sinais de
clínica?
alarme
Sim Sim

Completar tratamento por 10 dias


• Exames de lise tumoral,
ou 5 dias após resolução dos
HMG, enzimas hepáticas,
sintomas).
função renal e hepática
• Internação: investigação de
causa com urgência; • Rx tórax (alargamento
oSolicitar HMG, PCR, HMC e mediastino)
USG local • Coleta de exames, incluindo
o Internação com ATB parenteral: lise tumoral e disfunção de
órgãos; Alterados
• Oxacilina (1º escolha)
• Amoxicilina – clavulanato • USG (avaliar complicações);
(suspeita de infecção
• Rx tórax (mediastino, TB) • Internação com programação
anaeróbia)
• Se sinais de infecção de biópsia e seguimento com
• Clindamicina
sistêmica, considerar início a oncologia pediátrica
o Se abcesso, discutir abordagem
com equipe cirúrgica. de terapia com antibióticos
Normais

Retorno ambulatorial para • Seguimento ambulatorial


investigação da causa e precoce com a oncologia
seguimento. pediátrica ou internação
eletiva.
6.INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA

Critérios para internação

• Presença de abscesso.
• Falha de tratamento com antibiótico VO.
• Necessidade de biópsia de linfonodo (pode ser eletiva).
• Diagnóstico de quadro oncológico com risco de lise tumoral ou outras complicações.

Critérios para internação em UTI

7.• Presença de sinais de gravidade:


TRATAMENTO
• Sepse.
• Disfunção de órgão ou sistema.
⮚ Viral /• reacional:
Síndrome analgésicos
da veia cavaem caso de dor local.
superior.
• Síndrome de lise tumoral.
⮚ Bacteriano:
• Insuficiência respiratória.
∙ Oral: Cefadroxila (30 mg/kg/dia, 12/12h), Amoxicilina + Clavulanato (50 mg/kg/dia, 8/8h), ou Clindamicina (30 mg/kg/dia,
8/8h). Mínimo de 7 dias.
∙ Parenteral: Oxacilina (100 mg/kg/dia 6/6h), Clindamicina (30 a 40 mg/kg/dia 8/8h) ou de acordo com antibiograma. Mínimo
de 7 dias.

⮚ Doença da arranhadura do gato: Azitromicina (10 mg/kg/dia no 1º dia e 5 mg/kg/dia até 5º dia, 1x ao dia), Sulfametoxazol +
trimetoprim (40 mg/kg/dia de SMT).

⮚ Outras: tratamento específico para o diagnóstico, desde exérese, a outros antibióticos ou quimioterapia.

8. CONTROLE DURANTE O TRATAMENTO DAS CAUSAS AGUDAS

• Sem necessidade de exames na ausência de complicações.


• Se piora do quadro ou persistência após 48 a 72 horas de antibioticoterapia apropriada:
• ultrassonografia local (considerar TC ou RNM se USG insuficiente ou indisponível);
• hemograma;
• hemocultura;
• PCR controle;
• considerar exames específicos para diagnósticos diferenciais.

9.INDICADORES DE QUALIDADE
• Reconhecimento da causa da linfoadenopatia.
• Indicar o tratamento adequado. Critérios de alta
• Identificar indicações de biópsia e indicar internação • Redução dos sinais flogísticos.
ou seguimento ambulatorial. • Afebril há 48 horas.
• Melhora do estado geral.

10. GLOSSÁRIO

ATB: antibiótico RNM: ressonância nuclear magnética

CMV: citomegalovírus RX: raio x

DHL: desidrogenase láctica PCR: proteína C reativa

EBV: vírus Epstein-Barr PPD: derivado proteico purificado

FE: fibroelástico UTI: Unidade de Terapia Intensiva

HIV: vírus da imunodeficiência humana TC: tomografia computadorizada

HMC: hemocultura USG: ultrassom

HMG: hemograma VSR: virus sincicial respiratório


Referências

[1] Pediatr Rev. 2018; 39 (9):433-443.


[2] Otolaryngol Clin North Am 2014;47.
(5): 721-731; [3] Glob Pediatr Health 2019 Jul 27;6.
[4] SBP 2019; 3 1-9.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Mariana Mori Gaby Cecilia Haggeas Da Silveira 08/02/2022 08/02/2022
CPTW 177.2 Ricardo Luiz Soares Yupanqui Guerra Fernandes
Costa Barboza
Guia do Episódio de Cuidado

Cefaleia em crianças e adolescentes

1. DEFINIÇÃO
Cefaleia é uma queixa neurológica comum no departamento de emergência pediátrica, caracterizada por dor acima da linha
orbitomeatal.

2. DIAGNÓSTICO
Confirmação diagnóstica:
A anamnese e o exame físico são fundamentais para estabelecimento da hipótese, manejo farmacológico e pertinência de exame
complementares.

Avaliar características da dor (localização, caráter, intensidade, duração, evolução, irradiação, fatores de melhora e piora,
desencadeantes), sintomas associados (vômitos, febre, aura), história médica pregressa e exame físico.
Após avaliação, classificar cefaléia conforme etiologia provável e se há sinais de alarme.

3. EXAMES

Exames Complementares:

Neuroimagem: A ressonância nuclear magnética (RNM) de crânio é o exame de escolha em pacientes estáveis e com cefaleia não
traumática. A tomografia computadorizada de crânio (TC) de crânio está indicada em pacientes instáveis, na indisponibilidade de
realização ou interpretação da ressonância e geralmente identifica condições que necessitem de tratamento imediato.
Sinais de alarme para realizar neuroimagem:
• Características da dor: cefaléia intensa e de início abrupto (“thunderclap headache”), pior cefaleia da vida, progressão em
frequência ou severidade, despertar noturno pela dor, primeiro episódio de cefaleia trigeminoautonômico, cefaleia
desencadeada ou agravada por exercício físico extenuante, decúbito ou manobra de Valsalva.
• Alterações neurológicas: déficit motor focal ou em nervos cranianos, assimetria de reflexos, crise convulsiva focal, alteração do
estado mental, ataxia ou dismetria.
• Outros sinais de aumento da pressão intracraniana: papiledema, vômitos persistentes e progressivos, hipertensão com
taquicardia ou bradicardia.

Punção lombar está indicado em:


• Suspeita de infecção (exemplo: meningite, encefalite)
• Suspeita de hemorragia subaracnóide não diagnóstica na neuroimagem
• Mensurar pressão de abertura na suspeita de hipertensão intracraniana idiopática (após neuroimagem)
Avaliar no líquor a contagem de células e diferencial, glicose, proteína, coloração de gram e cultura.

Pacientes com alteração focais aos exame, rebaixamento de nível de consciência, suspeita de aumento da pressão intracraniana,
suspeita de lesão expansiva ou história de trauma devem realizar neuroimagem antes da punção lombar pelo risco de herniação
cerebral.
Antibioticoterapia não deve ser atrasada em crianças com suspeita de meningite que estejam instáveis ou precisem realizar
neuroimagem antes.

4. TRATAMENTO
Medidas não-farmacológicas: Repouso em um ambiente escuro e silencioso

Medidas farmacológicas:
• Analgésicos simples: Dipirona (10 a 25 mg/Kg) ou Paracetamol (10 a 15 mg/Kg).
• Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES): Ibuprofeno (10 mg/Kg VO) ou Cetoprofeno (1 a 2 mg/Kg VO ou EV).
• Triptanos: Sumatriptano Intranasal (em crianças de 5 a 12 anos) uma única dose de 5, 10 ou 20 mg, no início da crise OU Oral (em
crianças > 12 anos) uma única dose de 25, 50 ou 100 mg, no início da crise.
• Antieméticos: Ondansetrona (0,15 a 0,20 mg/Kg) ou Dimenidrinato a 1,5 mg/Kg).
• Opióides: Não são orientados no tratamento das cefaleias primárias na faixa etária pediátrica.
5. CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA

Critérios para internação:


Ausência de controle adequado da dor.
Suspeita de causa secundária com necessidade de investigação urgente.
Cefaleias com sinais de alerta (red flags), como sinais focais, crises epilépticas, edema de papila, alteração de consciência.
Sinais e sintomas concomitantes à dor e que não existiam antes, como alterações visuais; paresias e parestesias; alterações faciais,
como ptose palpebral; disartria, ou outros sintomas que sugiram lesões focais ou difusas.
Cefaleia súbita descrita como “a pior dor da vida”, sugerindo ruptura de aneurisma.

Critérios para internação em UTI:


Sinais de hipertensão intracraniana

6. CRITÉRIOS DE ALTA
Controle da dor e elucidação diagnóstica

7. INDICADORES DE QUALIDADE

• Não solicitação de exames complementares para pacientes com cefaleia sem sinais de alarme.

8. FLUXOGRAMA CEFALEIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Cefaleia

Sinais de
SIM NÃO
alarme na
anamnese? Ou
exame físico
alterado?

Medicação
sintomática Medicação
Exames sintomática
complementares tratamento não
pertinentes farmacológico

SIM NÃO
Melhora
Dependendo da hipótese inicial, clínica?
resultado dos exames e resposta
clínica, avaliar: Necessidade de
hospitalização, avaliação de
Alta com Rever diagnóstico,
especialista na emergência
sintomáticos e otimizar analgesia,
(neurologista infantil e/ou
orientações. avaliar necessidade
neurocirurgião) e prosseguir
Seguimento de hospitalização
investigação com exames
ambulatorial para controle álgico
Referências:
[1] Perry MC, Yaeger SK, Toto RL, et al. A Modern Epidemic: Increasing Pediatric Emergency Department Visits and Admissions for
Headache. Pediatr Neurol 2018; 89:19.

[2] Rossi R, Versace A, Lauria B, et al. Headache in the pediatric emergency department: A 5-year retrospective study. Cephalalgia 2018;
38:1765.

[3] Gofshteyn JS, Stephenson DJ. Diagnosis and Management of Childhood Headache. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care 2016;
46:36. Lewis DW, Qureshi F. Acute headache in children and adolescents presenting to the emergency department. Headache 2000;
40:200.

[4] Anttila P. Tension-type headache in childhood and adolescence. Lancet Neurol 2006; 5:268. The epidemiology of headache among
children with brain tumor. Headache in children with brain tumors. The Childhood Brain Tumor Consortium. J Neurooncol 1991; 10:31

[5] Al-Jarallah A, Al-Rifai MT, Riela AR, Roach ES. Nontraumatic brain hemorrhage in children: etiology and presentation. J Child Neurol
2000; 15:284. Tsze DS, Ochs JB, Gonzalez AE, Dayan PS. Red flag findings in children with headaches: Prevalence and association with
emergency department neuroimaging. Cephalalgia 2019; 39:185.

[6] Raucci U, Della Vecchia N, Ossella C, et al. Management of Childhood Headache in the Emergency Department. Review of the
Literature. Front Neurol 2019; 10:886

[7] Lewis DW, Ashwal S, Dahl G, et al. Practice parameter: evaluation of children and adolescents with recurrent headaches: report of
the Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology and the Practice Committee of the Child Neurology
Society. Neurology 2002; 59:490

[8] Cain MR, Arkilo D, Linabery AM, Kharbanda AB. Emergency Department Use of Neuroimaging in Children and Adolescents
Presenting with Headache. J Pediatr 2018; 201:196

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Giovanna Bolzan Renata Haggeas da Silveira 08/06/2022 08/06/2022
CPTW162.3 Laise Almeida Paluello Fernandes
Guia do Episódio de Cuidado
Cólica nefrética em crianças e adolescentes

1. DEFINIÇÃO
Caracteriza-se
A cólica nefrética é a dor associada a passagem de cálculo pela via urinária, em geral ocorre dilatação do ureter e distensão da cápsula
renal de forma aguda, por acúmulo de urina. É descrita como uma das piores dores conhecidas na medicina.

2. DIAGNÓSTICO 3. ESCORE DE RISCO


ASSOCIADOS A LITÍASE RENAL
❖ Confirmação diagnóstica (clínica e/ou laboratorial)
• Pielonefrite prévia
A suspeita clínica relaciona-se a uma dor de forte intensidade, de aparecimento súbito, • Malformações do trato urinário
tipo cólica, que se inicia no ângulo costovertebral irradiando para região anterior do • Infecções do trato urinário de
abdome, hipogástrico e eventualmente para os genitais. Náuseas e vômitos podem repetição
acompanhar o quadro. Em pacientes pediátricos, a sintomatologia pode ser • Alteração da função renal
inespecífica. Frequentemente é associada à hematúria. • Dores não controladas clinicamente
▪ Sepse
4. EXAMES

❖ Indicação de exames diagnósticos

Tomografia de rins e vias urinárias sem contraste é o padrão-ouro, porém para evitar exposição desnecessária à radiação e sedação, em
crianças, na suspeita clínica o primeiro exame a ser solicitado é o ultrassom de rins e vias urinárias. Realizar tomografia apenas se forte
suspeita clínica e o ultrassom não definir o diagnóstico.

❖ Exames séricos e urinários

• Ureia, creatinina, sódio, potássio, gasometria venosa, urina 1 e urocultura.

• HMG, HMC e PCR na suspeita de sepse e/ou pielonefrite aguda.

5. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA


❖ Critérios para internação

Vômitos sem melhora após hidratação e/ou sintomáticos


Mau estado geral mesmo após controle da dor
Dificuldade no controle da dor
Indicação de intervenção cirúrgica
Associação com pielonefrite aguda ou abscesso renal
Malformação do trato urinário
Alteração de função renal
Cálculos obstrutivos
Rim único

❖ Critérios para internação em UTI

Sepse/Choque séptico
Injúria renal aguda

6. INDICADORES DE QUALIDADE

Ultrassom de rins e vias urinárias primeira escolha diagnóstica, tomografia apenas se forte suspeita clínica e cálculo não visualizado
no ultrassom.
Sinais e sintomas de infecção do trato urinário associada – internação hospitalar.
Cálculo obstrutivo – internação hospitalar, referenciar ao urologista urgentemente.
Cálculo >5 mm não obstrutivo – referenciar ao urologista ambulatorialmente.
7. TRATAMENTO

❖ Tratamento inicial

Hidratação endovenosa se sinais de desidratação, não hiper-hidratar.


Uso de anti-inflamatório não hormonal (os AINHs são a droga de escolha na cólica nefrética devido à fisiopatologia da dor,
têm uma ação direta inibindo a síntese de prostaglandinas e reduzindo a vasodilatação, a pressão intra-renal e a
inflamação do trato urinário, com diminuição do edema e facilitando a passagem do cálculo), associação com dipirona e
opióide endovenosos se necessário até controle da dor. Os antiespasmódicos devem ser administrados apenas se contra
indicação aos AINHs, como por exemplo nos pacientes com alteração de função renal.
Antieméticos se náuseas ou vômitos.
Antibioticoterapia quando houver suspeita clínica ou laboratorial de ITU.

❖ Critérios para terapia oral

Assim que o paciente estiver com controle da dor, controlada a infecção quando existir e sem indicação de intervenção
cirúrgica.

❖ Terapia medicamentosa expulsiva

Nos anos recentes a terapia médica expulsiva com alfa bloqueadores ou bloqueadores do canal de cálcio tem sido
comumente utilizada nos pacientes pediátricos para relaxar a musculatura lisa ureteral. Estudos recentes evidenciaram
que são uma escolha segura e efetiva para cálculos ureterais na população pediátrica. A Tansulosina, que é o alfa-
bloqueador mais utilizado, é aprovada pelo FDA para uso na população pediátrica acima de 2 anos no tratamento de
bexiga neurogênica porém até o momento não foi aprovado para uso em cálculos ureterais.
Indicação: Cálculo não obstrutivo <0,5 cm em ureter distal em maiores de 2 anos. (off label).

8. MEDICAMENTOS USADOS NO TRATAMENTO DA CÓLICA NEFRÉTICA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

DROGA DOSE DOSE MÁXIMA

AINHs
Cetorolaco (Toragesic) 0,5 mg/kg/dose até 6/6h 120 mg/24h
Cetoprofeno (Profenid) 1 mg/kg/dose a cada 6-8hs 50 mg/dose

ANALGÉSICOS
Dipirona (Novalgina) 10-25 mg/kg/dose 6/6 horas ev ou vo 1 g/dose 6/6h
Paracetamol (Tylenol) 10-15 mg/kg/dose 6/6 horas vo 75 mg/dose 6/6h

OPIÓIDES
Tramadol (Tramal) 1-2 mg/kg/dose 4-6x/dia 400 mg/dia
Morfina (Dimorf) 0,1-0,2 mg/kg/dose a cada 2-4hs 15 mg/dose

ANTIMUSCARÍNICOS
N_butil escopolamina (Buscopan) 0,5 mg/kg/dose a cada 6-8h ev ou vo 10 mg/dose

ANTIEMÉTICOS
Ondansetrona (Vonau/Zofran) 0,15 mg/kg/dose 8/8horas vo ou ev 8 mg/dose
Dimenidrato (Dramin) 0,5 mg/kg/dose 8/8hs im ou ev 25 mg/dose

ALFA-BLOQUEADORES
Tansulosina (>2 anos) cápsula 0,4 mg 0,2-0,4 mg 1x/dia 0,4 mg/dose
Doxazosina comprimido 2 mg 0,5-4 mg 1x/dia 4 mg/dose
9. FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO À CÓLICA NEFRÉTICA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

CÓLICA NEFRÉTICA

SINTOMÁTICOS AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

CONTRAINDICAÇÃO A AINH? AVALIAÇÃO LABORATORIAL DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

NÃO URÉIA, CREATININA, SÓDIO, USG RINS E VIAS URINÁRIAS


SIM
POTÁSSIO, GASOMETRIA VENOSA,
URINA 1 E UROCULTURA

AINH* ANALGÉSICO* CÁLCULO VISUALIZADO?


SUSPEITA DE ITU?

SIM NÃO
ANALGÉSICO* TRAMAL* SIM NÃO

<0,5cm >0,5cm

TRAMAL* MORFINA* HEMOGRAMA, PCR, HEMOCULTURA

CONDUTA INTERNAÇÃO
EXPECTANTE
ITU CONFIRMADA
MORFINA* TRATAR COM ANTIBIÓTICO FORTE SUSPEITA DE CÁLCULO?

SE FATOR
OBSTRUTIVO
INTERNAÇÃO SIM NÃO **

* CONFORME QUADRO 8
** ALTA COM SINTOMÁTICOS E ORIENTAÇÕES SOBRE SINAIS DE ALARME,
SEGUIMENTO ALBULATORIAL COM PEDIATRA TOMOGRAFIA DE RINS E VIAS
URINÁRIAS SEM CONTRASTE
10. REFERÊNCIAS

[1] Nephrol 2005;20:1587-92; [2] J Endourol 2006; 20:841-7; [3] J Urol2005;174:1413-16; [4] J Urol 2005;174(2):572-5; [5]
Paediatr drugs 2010;1295):313-29; [6] J Urol 2003;170:1093-6; [7] Projeto Diretrizes (AMB e CFM) 2006 Urologic treatment
of nenefrolithiasis 2020 Pediatrics Nephrolithiasis Journal of Nephrology 2019

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Iara Menezes Milena de Haggeas Da 19/08/2021 19/08/2021
CPTW 166.2 Paulis Silveira Fernandes
José Leão
Guia do Episódio de Cuidado
Síndrome Inflamatória Multissistêmica
Pediátrica – SIM-P/MIS-C
Definição: A grande maioria das crianças com COVID-19 apresentam sintomas leves e seguem sem complicações. Entretanto, desde o
final de abril de 2020, surgiram relatos de crianças com uma nova síndrome, com manifestações clínicas e alterações dos exames
complementares similares às observadas em crianças e adolescentes com síndrome de Kawasaki, Kawasaki incompleto e/ou síndrome
do choque tóxico.
Os casos ocorreram dias ou semanas após a COVID-19, sugerindo que esta síndrome inflamatória pode ser uma complicação tardia
caracterizada por resposta imunológica desproporcional à infecção. Embora essa constelação de sintomas tenha recebido muitos
nomes, para os propósitos desta discussão nos referimos a ela como síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P).

Os pediatras devem estar atentos para o reconhecimento precoce destes casos, incluindo crianças com febre prolongada e não
esclarecida, possibilitando o manejo adequado, durante a hospitalização nos serviços de emergência, unidades de internação e/ou
terapia intensiva.

I - ASSISTENCIAL
1. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
O diagnóstico da SIM-P é clínico-laboratorial. Por ser uma doença nova e rara, diferentes sociedades propuseram critérios para o seu
diagnóstico. Aqui colocamos os principais critérios (CDC e OMS) e no fluxograma de investigação a nossa proposta para desencadear a
investigação de SIM-P.
Os casos de SIM-P ocorrem 2-6 semanas após episódio de COVID-19 agudo, que pode ser oligo ou assintomático. Assim, recomenda-se
alto nível de suspeita clínica 1-2 meses após ondas de COVID-19 em um determinado local.

Há evidências de que a vacinação contra COVID-19 previne casos de SIM-P em crianças e adolescentes, de modo que é importante
obter dados sobre imunização e data das doses durante a investigação.

A SIM-P é uma doença de notificação compulsória (Ficha de notificação para casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica
Pediátrica (SIM-P) temporalmente associada à COVID-19).

Critério Diagnóstico CDC:

• Idade < 21 anos


• Febre ≥ 38°C por mais de 24 horas (ou relato de febre)
• Necessidade de hospitalização + envolvimento de 2 ou mais sistemas
• Evidência laboratorial de inflamação (elevação de 1 ou mais marcadores: PCR, VHS, PCT, D-dímero, fibrinogênio, ferritina, DHL,
IL-6 e/ou neutrofilia, linfopenia, hipoalbuminemia)
• Evidência de COVID-19 por RT-PCR, antígeno, sorologia ou contato nas últimas 4 semanas
• Exclusão de outros diagnósticos

Critério Diagnóstico OMS:

• Idade 0-19 anos


• Febre ≥ 3 dias
• Pelo menos 2 dos 5 critérios clínicos:
- Rash cutâneo e/ou conjuntivite e/ou inflamação muco-cutânea;
- Hipotensão para a idade ou choque;
- Envolvimento cardíaco (evidência de disfunção miocárdica, pericardite, alterações em válvulas ou coronárias, descritas em
ecocardiograma ou aumento de marcadores cardíacos como BNP e troponina);
- Coagulopatia;
- Sintomas gastrintestinais.
• Aumento de PCR, VHS ou PCT
• Evidência de COVID-19 por RT-PCR, antígeno, sorologia ou contato provável
• Exclusão de infecção bacteriana
2. EXAMES LABORATORIAIS:

Abaixo estão todos os exames indicados para a investigação de SIM-P. Para pacientes estáveis e com baixa suspeita clínica, é
possível fazer exames laboratoriais iniciais e reavaliar necessidade de complementar a investigação. Para pacientes com
choque/instáveis ou com alta suspeita clínica, pode-se solicitar todos os exames simultaneamente. Em paciente pediátrico,
solicitar todos os exames laboratoriais no mesmo pedido a fim de evitar duas manipulações.

Exames para Pacientes Estáveis:


• Hemograma completo
• PCR, VHS
• Ureia, Creatinina
• Na, K, Ca
• Glicose
• TGO, TGP, FA, GGT, bilirrubinas
• Proteínas totais e frações
• PCR para SARS-CoV-2 ou Sorologia para SARS-CoV-2 (cuidado na interpretação do resultado em pessoas vacinadas)

Exames para Pacientes Instáveis ou com alterações nos exames acima (acrescentar):
• Troponina
• BNP
• Coagulograma
• D-dímero
• Fibrinogênio
• DHL
• Triglicérides
• Procalcitonina (opcional)
• Eletrocardiograma
• Ecocardiograma

Exames para Exclusão de outras Patologias:


• Hemocultura
• Urina I/Urocultura
• Exames de fezes (Rotavírus, Adenovírus, Coprocultura) em caso de diarreia
• USG de abdome (se dor abdominal)
• Rx Tórax (se sintomas respiratórios)
• LCR e/ou Imagem de SNC (se sintomas neurológicos)

3. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

É fundamental a exclusão de outras causas de doença antes de fechar o diagnóstico para SIM-P. Assim, a coleta de culturas e
exclusão de infecção bacteriana em todos os casos é obrigatória.

• Sepse/infecção bacteriana
• Doença de Kawasaki
• Síndrome do Choque Tóxico
• Infecção grave por SARS-CoV-2 na fase aguda
• Outras doenças virais (EBV, CMV, adenovírus, enterovírus)
• Síndrome de ativação macrofágica/linfohistiocitose hemofagocítica
• Lúpus Eritematoso Sistêmico e outras vasculites
• Apendicite e outras causas de abdome agudo
4. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E ALOCAÇÃO ADEQUADA

- Indicação de Internação Hospitalar em todos os casos confirmados de SIM-P e com forte suspeita, internação em UTI ( se
necessário solicitação de vaga via CROSS-IIRS)

- Para receber IVIG, pacientes devem estar preferencialmente internados em UTI/semi

- Critérios obrigatórios para solicitar UTI:


• Instabilidade hemodinâmica
• Acometimento cardíaco → aumento de troponina, BNP, alteração coronariana no eco (exceto dilatação entre Z score 2,0 e 2,5
com demais exames normais)
• Comprometimento respiratório grave
• Alteração neurológica
• Disfunção orgânica (coagulopatia com risco de sangramento, insuficiência renal ou hepática)

5. TRATAMENTO

1. IVIG 2g/kg a ser recebida na internação hospitalar após diagnóstico de SIM-P confirmado
2. Metilprednisolona 1-2mg/kg/dia
3. AAS 3-5mg/kg/dia (desde que paciente sem sinais de sangramento ativo, sem coagulopatia e com plaquetas >80.000)
4. Para casos refratários a IVIG + corticoide, indicação de pulsoterapia com metilprednisolona 10-30mg/kg/dia por 3 dias E/OU
imunobiológicos (Anakinra, Infliximab)

Observações:

• IVIG pode ser dividida em dois dias em caso de pacientes com acometimento cardíaco e necessidade de restrição de volume

• Principal diferencial é de sepse, podendo haver indicação de ceftriaxona 100mg/kg no momento do atendimento inicial +
associação com clindamicina se acometimento compatível com choque tóxico

• Indicação de anticoagulação terapêutica em pacientes com aneurisma gigante de coronária (Z score ≥ 10 ou tamanho >8mm)
e/ou ecocardiograma com FE < 35%.

• Indicação de profilaxia trombótica em pacientes internados em UTI com pouca mobilidade e alto risco de trombose (avaliar cada
caso; raro indicar em pediatria)

Exames para seguimento:

- Ecocardiograma: repetir após 7-14 dias do diagnóstico (antes em casos de alterações de função ou instabilidade)

- BNP e troponina: seriar até normalização

- ECG: a cada 48 horas na internação, até normalização (antes em casos de piora clínica ou instabilidade)

- Tomografia cardíaca em pacientes com suspeita de acometimento distal das coronárias (maior dificuldade de visualização no
ecocardiograma)

6. ALTA HOSPITALAR
Critérios de alta:

➢ pacientes com bom estado geral e sinais vitais normais durante evolução/reavaliação
➢ pacientes que não preenchem critérios para SIM-P
➢ ECG, BNP e troponina normais
➢ PCR <150mg/L podem receber alta hospitalar com reavaliação em 24-48 horas (preferência após contato com titular, senão na
UPA)
Guia doGuia do Episódio
Episódio de Cuidado
de Cuidado
ALGORITMO PARA INVESTIGAÇÃO E CONDUTA EM SIM-P

Paciente apresenta todos os seguintes?


•Idade 0-19 anos
•Febre ≥ 72 horas
•Evidência de COVID-19 nas últimas 2-6 semanas (considerar momentos
epidemiológicos de alta transmissão na comunidade como contato)
•Pelo menos 2 características clínicas sugestivas:
➢ Rash cutâneo
➢ Sintomas gastrointestinais
SIM ➢ Alterações de mucosa oral NÃO
➢ Conjuntivite
➢ Linfadenopatia
➢ Sintomas neurológicos

Prossiga investigação de acordo com o quadro clínico


Considere o paciente sob investigação para SIM-P do paciente e para exclusão de outras patologias e
diagnósticos diferenciais (ver texto)

NÃO
Paciente com critérios
de choque/ sepse de
foco não determinado?
SIM
NÃO
Paciente apresenta todos os
seguintes?
Solicite a investigação Solicite a triagem inicial para SIM-P (1): •PCR ≥ 30mg/L ou VHS ≥40mm/h
completa para SIM-P (1) e (2) •Hemograma completo •Pelo menos 1 das seguintes
•PCR, VHS alterações laboratoriais:
•Ureia, Creatinina - Linfopenia <1000
•Na, K, Ca - Plaquetopenia < 150.000
•Glicose - Sódio < 135
•TGO, TGP, FA, GGT, bilirrubinas - Hipoalbuminemia
•Proteínas totais e frações
•PCR para SARS-CoV-2 ou Sorologia para
SARS-CoV-2 (cuidado na interpretação do
resultado em pessoas vacinadas)

SIM

Paciente estável NÃO Paciente fecha


e em melhora? critérios para SIM-P? Solicite a segunda
triagem para SIM-P (2):
•Troponina
SIM NÃO •BNP
SIM
•Coagulograma
•D-dímero
Alta; de •Fibrinogênio
•Internação em leito de UTI/semi
preferência Instável ou •DHL
•IVIG 2g/kg a ser recebida na internação hospitalar
discutir com piora clínica •Triglicérides
•Metilprednisolona 1-2mg/kg/dia
titular = internação •Procalcitonina
•AAS 3-5mg/kg/dia (desde que paciente sem sinais
seguimento para (opcional)
de sangramento ativo, sem coagulopatia e com
e investigação •Eletrocardiograma
plaquetas >80.000
reavaliação •Ecocardiograma
II – INDICADORES DE QUALIDADE
-Adesão ao bundle: Coleta de todos os exames iniciais e alocação correta dos pacientes com suspeita clínica de SIM-P

III. GLOSSÁRIO

1. SIM-P: Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica


2. PCT Procalcitonina

VI. Referências
1. Henderson LA, Canna SW, Friedman KG, Gorelik M, Lapidus SK, Bassiri H, et al. American College of Rheumatology Clinical Guidance
for Pediatric Patients with Multisystem Inflammatory Syndrome in Children (MIS‐C) Associated with SARS‐CoV‐2 and
Hyperinflammation in COVID‐19. Version 3. Arthritis Rheumatol 2022.
2. Zambrano LD, Newhams MM, Olson SM, et al. Effectiveness of BNT162b2 (Pfizer-BioNTech) mRNA Vaccination Against Multisystem
Inflammatory Syndrome in Children Among Persons Aged 12–18 Years — United States, July–December 2021. MMWR Morb
Mortal Wkly Rep 2022;71:52–58.
3. Nota de Alerta SBP 2020: Notificação obrigatória no Ministério da Saúde dos casos de síndrome inflamatória multissistêmica
pediátrica (SIM-P) potencialmente associada à COVID-19
4. Harwood R, Allin B, Jones CE, Whittaker E, Ramnarayan P, Ramanan AV, Kaleem M, Tulloh R, Peters MJ, Almond S, Davis PJ, Levin
M, Tometzki A, Faust SN, Knight M, Kenny S; PIMS-TS National Consensus Management Study Group. A national consensus
management pathway for paediatric inflammatory multisystem syndrome temporally associated with COVID-19 (PIMS-TS): results
of a national Delphi process. Lancet Child Adolesc Health. 2021 Feb;5(2):133-141. doi: 10.1016/S2352-4642(20)30304-7. Epub 2020
Sep 18. Erratum in: Lancet Child Adolesc Health. 2021 Feb;5(2):e5.
5. Rauniyar R, Mishra A, Kharel S, Giri S, Rauniyar R, Yadav S, Chaudhary G. IVIG plus Glucocorticoids versus IVIG Alone in Multisystem
Inflammatory Syndrome in Children (MIS-C) Associated with COVID-19: A Systematic Review and Meta-Analysis. Can J Infect Dis
Med Microbiol. 2022 Mar 29;2022

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Gustavo Guimarães Gaby Cecília Y. Haggeas S. 17/06/2022 17/06/2022
CPTW294.1 Pedro Vale Bedê G. Barboza Fernandes
Priscila Branas
Reinan Tavares
Vera Bain
Guia do Episódio de Cuidado
Síncope no Paciente Pediátrico
A perda repentina da consciência em crianças é um acontecimento inesperado, que gera preocupação em pais, pacientes, professores
e médicos. Embora a maioria dos casos de perda da consciência em crianças seja benigno, algumas condições que promovem risco de
vida podem se manifestar inicialmente como síncope.

1. DIAGNÓSTICO 2. ESCORE DE RISCO


Síncope é definida como a perda repentina da consciência e do tônus Ausente
postural, resultante de uma disfunção cerebral difusa, devido à má
perfusão encefálica. O episódio sincopal é transitório e seguido de
3. TRATAMENTO
recuperação espontânea da consciência.1
Cerca de 15% a 25% das crianças e adolescentes, entre 8 e 18 anos, A causa do evento sincopal determina o tratamento
apresentam pelo menos um episódio de síncope.1 Antes dos 6 anos adequado.
de idade, a síncope não é comum, exceto nos casos de convulsão, A abordagem correta do paciente com síncope depende do
perda de fôlego, e arritmias cardíacas primárias. Síncope é mais conhecimento de suas variadas etiologias. É necessário
prevalente em adolescentes entre 15 e 19 anos (20% a 50% caracterizar a forma mais benigna de síncope, a
apresentam síncope) e no sexo feminino, e responde por cerca de 2% neurocardiogênica, e diferenciá-la dos quadros que
das consultas de serviço de emergência pediátrica e 1% do total de impliquem em risco de vida. A história e exame físico
internações.1-5 devem ser complementados com o ECG, para diagnóstico
CAUSAS de arritmias sintomáticas. A avaliação diagnóstica extensa
As causas de síncope são classificadas de acordo com o mecanismo e invasiva é geralmente desnecessária.
fisiopatológico, em três grupos: autonômica, cardiogênica e não
cardiogênica.5-8

ALGORITMO PARA AVALIAÇÃO DA CRIANÇA COM SÍNCOPE NO PRONTO ATENDIMENTO .3

SÍNCOPE

História familiar de morte Fome, sudorese, Postura ortostática prolongada,


Perda prolongada da
súbita, doença cardíaca, hiperventilação, ingestão reflexo vagal exacerbado,
consciência, convulsão,
palpitação, dor torácica, de medicações, coma, desencadeantes de resposta
letargia, déficit
exercício físico, ausência diabetes, doença vagal (tosse, perda de fôlego,
neurológico
de pródromo. metabólica na família etc.)

Internar – SEMI/UTI
Internar - SEMI ECG Internar
ECG EEG ECG
ECG
Holter TC crânio Glicemia
Investigação ambulatorial
ECO RNM Eletrólitos
Avaliação cardiológica Perfil metabólico Analise toxicológica
Avaliação neurológica
4. EXAMES ADICIONAIS

A história detalhada e exame físico definem a causa da síncope em até 77% dos casos e direcionam para a avaliação laboratorial
adequada. 1-15
• Todos os pacientes com síncope têm necessidade de realizar um ECG de boa qualidade. É uma ferramenta útil, barata e de fácil
realização. O ECG é útil no diagnóstico de síndrome de Wolf-Parkinson-White, síndrome do QT-longo, bloqueio cardíaco,
isquemia miocárdica e outras formas de doenças cardíacas congênitas. Em pacientes com história de palpitações associadas a
síncope, sintomas intermitentes, suspeita de arritmia, ou que sofreram cirurgia cardíaca prévia, é necessária monitorização
cardíaca de 24 horas com Holter.11,12,16
• Pacientes com história de síncope aos exercícios devem realizar teste de esforço sob supervisão médica.
• Se há suspeita de doença cardíaca estrutural, pela história e exame físico, o ecocardiograma está indicado.11,17

Referências
[1] Europace 2004; 6:467-537.
[2] Pediatr Emerg Med Report 2010; 15:13-24.
[3] J Pediatr 2004; 145.
[4] Pediatr Emerg Care 1989; 5:80-2.
[5] Curr Probl Pediatr 1993;23: 358-384.
[6] Advances Pediatr 1996; 43:469-493.
[7] Am J Med 1991;90:91-106.
[8] Arch Dis Child 2003;88:350-353.
[9] Cardiol Clin 1997; 15:277-94.
[10] Pediatr Drugs 2003; 5:327-34.
[11] Pediatr Cardiol 2000; 21:522-31.
[12] Am J of Emerg Med (2008)26,66-70.
[13] Pediatr Clin North Am 1999; 46:205-19.
[14]Am Family Physician.2006;vol 74,(1): 179-184.
[15] J Pediatr 2005;146:355-358.
[16] Am J of Emerg Med 2007;25:688-701.
[17] Pediatrics 2000;105(5):1-3.

Código Elaborador: Revisor:or: Aprovador: Data de Data de


Documento: Graziela Mauro Dirlando C Haggeas Da Silveira Elaboração: Aprovação:
CPTW180.1 Almeida Sukys de Oliveira Fernandes 02/11/2020 02/11/2020
Guia do Episódio dedo
Guia Cuidado
Episódio de Cuidado
Taquiarritmias na Criança
Cuidado na Sala de Emergência

1. DEFINIÇÃO E CAUSAS
Taquiarritmia corresponde à frequência cardíaca acima do habitual para a idade. Geralmente constituem condições benignas, no
Caracteriza-se
entanto, podem levar à deterioração hemodinâmica culminando com a PCR. Várias são as causas que podem desencadear as arritmias:
febre, anemia, ansiedade, exercícios físicos, uso de medicações, intoxicações, distúrbios metabólicos e eletrolíticos, doenças
endocrinológicas entre outras.

Idade FC acordado (bpm) Média (bpm) FC dormindo (bpm)


Recém nascido a 3 meses 85 a 205 140 80 a 160
3 meses a 2 anos 100 a 190 130 75 a 160

2 anos a 10 anos 60 a 140 80 60 a 90

>10 anos 60 a 100 75 50 a 90

2. SINAIS E SINTOMAS
A manifestação clínica das taquiarritmias nem sempre é clara. Nos lactentes, os sintomas podem ser vagos e inespecíficos, como, por
exemplo, dificuldade para mamar, irritabilidade, taquipneia, entre outros. Nas crianças maiores, podem ocorrer sinais de desconforto
respiratório (taquipneia e dispneia), dor torácica e síncope.
As arritmias podem causar instabilidade hemodinâmica, caracterizada por: irritabilidade ou sonolência, pulso fino, perfusão
periférica lentificada (>2 segundos), hipotensão arterial. Outros sinais também podem estar presentes: alteração da coloração da
pele (palidez, cianose), aumento da frequência respiratória de acordo com a idade, alteração da ausculta pulmonar (com ou sem
estertores) e hepatomegalia.

3. RECONHECIMENTO DE RITMOS
Reconhecimento de padrões eletrocardiográficos mandatórios

QRS estreito RR irregular QRS estreito RR regular QRS largo (TV)

4. ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
Presença de instabilidade hemodinâmica: pulso fino, perfusão periférica lentificada (>2 segundos), hipotensão arterial. Outros
sinais também podem estar presentes: alteração da coloração da pele (palidez, cianose), aumento da frequência respiratória de
acordo com a idade, alteração da ausculta pulmonar (com ou sem estertores) , hepatomegalia e alteração nível consciência.

5. ABORDAGEM INICIAL

• Garanta via aérea patente


• Oxigenação
• Monitorização cardíaca – pressão arterial – oximetria
• Acesso vascular (IV/IO) – não retardar cardioversão no paciente instável
• ECG 12 derivações - não retardar terapia
6. FLUXOGRAMA

Taquicardia
(FC acima do normal para idade)

Avaliar duração
QRS

QRS estreito QRS largo


(<0,09ms) (>0,09ms)

RR regular?
TV

NÃO SIM Sinais de instabilidade


hemodinâmica?

Taquicardia Taquicardia
Sinusal Supraventricular *

NÃO
SIM
Tratar causa Sinais de instabilidade
hemodinâmica?
Considere Adenosina, se
ritmo regular e QRS
monomórfico

NÃO SIM

• Manobra vagal • Considere Manobra vagal • Avaliação cardiopediatra • Cardioversão elétrica


• Adenosina: 0,1 mg/Kg IV; (sem retardar terapia) OU discutir com sincronizada: 0,5 a 1
máx: 6mg) • Adenosina 0,1 mg/Kg – se Cardiologista UPA J/Kg (subsequentes
₋ podendo repetir 0,2 acesso IO/IV Morumbi (79525) aumentar para 2J/Kg)
mg/Kg (máx: 12 imediatamente disponível
mg) • Cardioversão 0,5 J/Kg ‡
• Alternativa • Sem reversão: • Amiodarona: 5 mg/kg IV • Outras medicações:
farmacológica: Cardioversão 1 J/Kg em 20 – 60 minutos. Amiodarona: 5
₋ Amiodarona 5 Repetir se necessário 5 mg/kg EV em 20 – 60
mg/Kg IV em 20 a mg/kg até 15 mg/kg § minutos §
60 minutos (max: • Amiodarona 5 mg/Kg IV
150 mg) em 20 minutos
• Avaliação cardiopediatra • Considerar cardioversão
OU discutir com elétrica (0,5 a 1 J/Kg) com
Cardiologista UPA sedação prévia
Morumbi (79525)

* Recém-nascidos e lactentes = FC>220 bpm; crianças = FC>180 bpm

‡ Sedação se possível: Cetamina 0,5 a 1 mg/Kg IV

§ Alternativa: Lidocaina: 1 mg/kg EV bolus a cada 5-10 minutos. Máx 3 mg/kg


7. MANOBRA VAGAL

Opções Descrição Contra-indicação

Com paciente inicialmente sentado, realiza-se Estenose Aórtica


aumento da pressão intratorácica (expiração forçada Retinopatia
Valsalva Modificado
contra glote fechada com pressão de 30 a 40 mmHg ou Glaucoma
através de seringa conectada a um manômetro – IAM<4 semanas
pressão necessária para mover o êmbolo de uma Drenos intra-abdominais ou cirurgia abdominal
seringa de 10 mL) por 15 segundos, em seguida deita- recente
se o paciente em posição supina e realiza-se elevação
dos membros.

Com paciente sentado, realiza-se aumento da pressão Estenose Aórtica


intratorácica (expiração forçada contra glote fechada Retinopatia
Valsalva
com pressão de 30 a 40 mmHg ou através de seringa Glaucoma
conectada a um manômetro – pressão necessária para IAM<4 semanas
mover o êmbolo de uma seringa de 10 mL) por 15 Drenos intra-abdominais ou cirurgia abdominal
segundos. recente

Mimetização do refluxo do mergulho Aplicação de gelo ou toalha gelada no rosto Nenhuma

8. MEDICAÇÕES ENDOVENOSAS

Medicação Dosagem / Medicação no CERNER Millenium Efeitos Adversos Potenciais Contra-indicações

Adenosina Bloqueio AV, Flushing, dor precordial, Sibilância ativa


hipotensão ou dispnéia. Broncoespasmo, BAV
Inicial: 0,1 mg/kg IV em 1-2 seg seguido de flush
roubo de fluxo coronário. Em geral Pré-excitação
2ª dose: 0,2 mg/kg IV em bôlus seguido de flush
transitórios pois sua meia-vida é
Adenosina 6 ou 12 mg EV em bôlus
extremamente curta.

Amiodarona Inicial: 5 mg/kg IV em 10 minutos Hipotensão, bradicardia, alargamento do Torsades de pointes


Amiodarona 150 mg / SG 5% QSP 100 mL (ATAQUE) intervalo QT, torsades de pointes.

CETAMINA (KETAMIN)
DOSE Apresentação Ampola Diluição Solução
0.5 mg/kg 50 mg/ml 2 ml qsp 10 ml 10 mg/ml
PESO (kg) 3 4 5 6-7 8-9 10-11 12-14 15-18 19-23 24-29 30-36
DOSE (mg) 1,5 2 2,5 3 4 5 7 9 11 14 17
VOLUME (ml) 0,15 0,2 0,25 0,3 0,4 0,5 0,7 0,9 1,1 1,4 1,7

ADENOSINA (ADENOCARD)
DOSE Apresentação Ampola Diluição Solução
0.1 mg/kg 3 mg/ml 2 ml Pura 3 mg/ml
PESO (kg) 3 4-5 6-7 8-10 11-13 13-15 15-18 19-23 24-29 30-36
DOSE (mg) 0,3 0,4 0,6 0,9 1,2 1,5 1,8 2,1 2,5 3
VOLUME (ml) 0,1 0,15 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,9 1
Dose máx: 6 mg primeira dose, 12 mg na segunda dose

AMIODARONA
DOSE Apresentação Ampola Diluição Solução
5 mg/kg 50 mg/ml 3 ml qsp 100 ml 1,5 mg/ml

PESO (kg) 3 4 5 6-7 8-9 10-11 12-14 15-18 19-23 24-29 30-36
DOSE (mg) 15 20 25 30 45 50 60 75 105 135 150
VOLUME (ml) 10 13,3 16,6 20 30 33,3 40 50 70 90 100
Máx 15 mg/Kg/dia
9. ALOCAÇÃO ADEQUADA

UTI Apartamento Alta


TSV; TV ou pós PCR Estabilidade hemodinâmica e Taquicardia sinusal após elucidação
necessidade de investigação da causa

10. INDICADORES DE QUALIDADE

1. Solicitação ECG
2. .Cardioversão precoce na instabilidade hemodinâmica da TSV e TV

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Doniger SJ, Sharieff GQ. Pediatric Dysrhythmias. Pediatr Clin N Am 2006; 53: 85 – 105
2. Hunt EA, Nelson KL, Shilkofski NA, et al. Recognition and initial management of cardiac emergencies in children. Minerv
Pediatr 2009;61:141-62
3. Mazor S, Mazor R. Approach to the child with tachycardia [Internet]. UptoDate 2015 Jun 15 [2015]. Available
from: http://www.uptodate.com/contents/approach-to-the-child-with-
tachycardia?source=search_result&search=approach+to+the+child+with+tachycardia&selectedTitle=1%7E150
4. Maeda WT, Gonçalves RC,Atik E, Ebaid M. Disrritmias Cardíacas. In: Matsumoto T, Carvalho W.B, Hirschheimer M.R. (Ed).
Terapia intensiva pediátrica. São Paulo: Atheneu 1997, p 86-99.
5. Recognition and Management of bradyarrhythmias and tachyarrhythmias. In:Ralston M, Hazinski MF, Zaritsky AL,
Schexnayder SM, Kleinman ME. (Ed). PALS Provider Manual.AHA 2006, p 115-152.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Karina Burckart José Leão Haggeas Da 19/08/2021 19/08/2021
CPTW 259.1 Milena de Silveira Fernandes
Paulis
Guia do Episódio de Cuidado
Ingestão de Corpo Estranho

A maioria dos casos de ingestão de corpo estranho (CE) na infância ocorre entre 6 meses e 6 anos, de forma acidental, com objetos
encontrados no ambiente domiciliar, como moedas, brinquedos, jóias, ímãs e baterias. Em 80% dos casos não será necessária
intervenção maior, e serão eliminados espontaneamente.
Os CEs podem ser classificados de acordo com sua origem (verdadeiros ou falsos/alimentar), com sua conformação (objetos rombos,
objetos pontiagudos, objetos longos, bolo alimentar e outros) e de acordo com sua radiodensidade (radiopacos ou
radiotransparentes).
De acordo com o tipo de CE ingerido, sintomas associados e seu local de impactação, definiremos a conduta.

1. DIAGNÓSTICO E CONDUTA NO PRONTO-SOCORRO:

Anamnese:
Relato do paciente (quando maiores) ou da família sobre a ingestão. Em crianças menores ou com déficit neurológico, em que o evento
pode não ter sido presenciado, se atentar para sinais e sintomas como engasgo, recusa alimentar, vômitos, sialorreia, sangue na saliva,
odinofagia, disfagia, sensação de “impactação alimentar”, dificuldade respiratória ou dor torácica. Quando possível, sempre perguntar
detalhes do objeto, hora da ingestão e tempo de jejum.

Exame físico:

• Sempre avaliar a via aérea.


• Além do exame físico completo, atentar para a região cervical. Em casos de perfuração esofágica, pode haver crepitação na
região cervical e tórax, sugerindo enfisema subcutâneo.

Exames a serem solicitados no Pronto-Socorro:

• Raio X de tórax:
• Indicado para objetos radiopacos.
• Incidências: ântero-posterior e perfil de pescoço, ântero-posterior e perfil de tórax e abdome supino.
• O sinal do halo é típico nas baterias e facilita a diferenciação com moedas.
• Na maioria das vezes não é necessário contraste.
• Tomografia computadorizada:
• Raramente necessária.
• Utilizada para avaliação de complicações como perfuração, fístulas ou para diagnóstico diferencial.
• Endoscopia digestiva alta:
• Pode ser usado como método diagnóstico e terapêutico.
• As indicações do exame na urgência (até 24h) ou na emergência (até 6h, preferencialmente até 2h) podem variar, de acordo
com a tabela 1.
• Objetos no estômago maiores que 2,5 cm de diâmetro (ou > 2 cm em crianças até 1 ano) e os longos maiores que 5 cm, não
costumam atravessar o piloro, indicando por isso, remoção endoscópica.
• Ingestão de mais de um ímã ou de um ímã mais uma peça metálica são indicações de remoção endoscópica de emergência.
2. SEGUIMENTO:

Pacientes não submetidos a endoscopia:


• Orientação de sinais de alarme: sialorreia, dor abdominal, sangramento digestivo, náuseas, vômitos, febre.
• Seguimento com radiografias: para objetos radiopacos. A cada 3-5 dias. Objetos pequenos, com baixo risco de
complicação, não precisam ser seguidos com radiografias.

Pacientes submetidos a endoscopia:


Bateria
• Em casos de injúria grave, considerar tomografia e revisão endoscópica após 2 dias. Avaliar antibioticoterapia.
• Considerar exame contrastado após 2 dias. Se sem sinais de perfuração esofágica, iniciar dieta líquida sem resíduos. Após
a dieta líquida ser bem tolerada, pode haver progressão para alimentos sólidos, macios.

Não bateria: uma vez removido e sem complicações durante o procedimento, deve-se apenas alertar o paciente quanto a sinais de
alarme.

TABELA 1. MOMENTO DA INTERVENÇÃO ENDOSCÓPICA NA INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO NA PEDIATRIA

Tipo Localização Sintomas Momento


Bateria Esôfago Sim Emergência
Não Emergência

Estômago / Int. Delgado Sim Emergência


Não Urgência (se idade <5 ou bateria > 20 mm)
Eletiva se não houver mudança de local em RX seriados.

Imãs Esôfago Sim Emergência (obstrução total, difícil manejo de secreções)


Não Urgência

Estômago / Int. Delgado Sim Emergência


Não Urgência

Pontiagudos Esôfago Sim Emergência (obstrução total, difícil manejo de secreções)


Não Urgência

Estômago / Int. Delgado Sim Emergência (se sinais de perfuração, cirurugia)


Não Urgência

Impactação Esôfago Sim Emergência (obstrução total, difícil manejo de secreções)


Alimentar Não Urgência

Moedas Esôfago Sim Emergência (obstrução total, difícil manejo de secreções)


Não Urgência

Estômago / Int. Delgado Sim Urgência


Não Eletiva

Objetos Longos Esôfago Sim Urgência


Não Urgência

Estômago / Int. Delgado Sim Urgência


Não Urgência

Objetos Esôfago Sim Emergência (obstrução total, difícil manejo de secreções)


Absortivos Não Urgência

Estômago / Int. Delgado Sim Urgência


Não Urgência
ALGORITMO INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO - BATERIA

Ingestão de Corpo Estranho

Suspeita de
Ingestão de Bateria

Bateria no esôfago Bateria além do


esôfago

Menos de 12h da Mais de 12h da


ingestão Ingestão
Menos de 12h Mais de 12h da
da ingestão ingestão

Sintomático ou co- Considerar EDA para


Assintomático
ingestão de ímã avaliar esôfago e TC
EDA idealmente para avaliar dano
em 2h vascular.

Intestino delgado Repetir radiografia


Considerar TC e Estômago em 7 dias.
avaliação do cirurgião ou cólon
antes da remoção
endoscópica

Se não houver
migrado, remoção
endoscópica.
Remoção Avaliação da
endoscópica cirurgia.

Remoção durante
Estômago
EDA

Intestino delgado

Avaliação do Sintomático ou co-


cirurgião ingestão de íma Assintomático

Avaliação da cirurgia caso não haja Avaliação/Repetir radiografia em 7 dias ou


migração ou tenha sintomas. antes se surgirem sintomas
ALGORÍTMO INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO – NÃO BATERIA

Ingestão de corpo
estranho

Localização

Esôfago Além do esôfago

Objeto Objeto Objeto grande (>2 cm


Objeto de
perfurante ou Objeto pequeno, perfurocortante, mais de diâmetro ou mais
baixo risco
cortante não de um ímã ou um ímã de 5 cm de
perfurocortante, e um objeto metálico comprimento)
não tóxico (baixo
risco)
EDA de EDA de
emergência urgência Além do Estômago
Além do
Estômago duodeno
duodeno

Sem necessidade EDA de EDA de


de Avaliação Acompanhamento
emergência urgência
acompanhamento da radiográfico a cada 5-7
com radiografias. cirurgia dias. Considerar
Observar as fezes. internação caso
complicações ou não
progressão do objeto.

3. INDICADORES DE QUALIDADE:
- Estabelecimento de critérios para indicação de exame endoscópico.
- Padronização de conduta, orientação e seguimento dos paciente.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. Robert E Kramer et al. Management of Ingested Foreign Bodies in Children: A Clinical Report of the NASPGHAN Endoscopy Committee.
JPGN 60 (4), 2015.
2. Scott M. Bolton, Martha Saker e Lee M. Bass. Button battery and magnet ingestions in the pediatric patient. Curr Opin Pediatr 2018,
30:653 - 659.
3. Mircea Chirica et al. Esophageal Emergencies: WSES Guidelines. World Journal of Emergency Surgery, 2019 14:26.
4. Brian M Fung, Seth Sweetser, Louis M Wong Kee Song e James H Tabibian. Foreign object ingestion and esophageal food impaction:
An update and review on endoscopic management. World J Gastrointest Endosc 2019 March 16; 11(3): 174-192
5. Yoseph Gurevich, Benjamin Sahn e Toba Weinstein. Foreign body ingestion in pediatric patients. Curr Opin Pediatr 2018, 30:677 – 682
6. Averbach, M. et al. Tratado Ilustrado de Endoscopia Digestiva - 1. Ed. - Rio de Janeiro - RJ: Thieme Revinter Publicações, 2018​
7. Birk Michael et al. Removal of foreign bodies in the upper gastrointestinal tract in adults: (ESGE) Clinical Guideline… Endoscopy 2016;
48: 1–8​
8. ASGE, Management of ingested foreign bodies and food impactions. GASTROINTESTINAL ENDOSCOPY, 2011.Volume 73, No. 6 : 2011​
Diagnosis, management, and prevention of button battery ingestion in childhood: an ESPGHAN position paper. Journal of Pediatric
Gastroenterology and Nutrition, 2021.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Gaby Cecilia Mauro Dirlando C Haggeas Da 29/04/2022 04/05/2022
CPTW292.1 Yupanqui G. Barboza de Oliveira Silveira Fernandes
Erika P. Macedo
Priscila da Silva
Pereira
Guia do Episódio de Cuidado

Intoxicação Exógena Pediátrica

1. DEFINIÇÃO
As intoxicações exógenas agudas são definidas como as consequências clínicas e/ou bioquímicas da exposição aguda a substâncias
Caracteriza-se
encontradas no ambiente ou isoladas (exemplo: medicamentos, pesticidas e produtos domiciliares).

2. EPIDEMIOLOGIA

Menores que 1 ano: Intoxicações são muito raras, a possibilidade de intoxicação provocada deve ser considerada.

Entre 1 e 6 anos: Estão sob o maior risco de exposições acidentais (não intencionais),
principalmente por ingestão (76%), em ambiente domiciliar (93%) e os medicamentos são a causa principal, seguido dos acidentes
com animais e produtos domiciliares, respectivamente.

Adolescentes: Maior incidência de intoxicações intencionais com objetivo de auto prejuízo, além de maior risco de abuso de álcool
e/ou substâncias ilícitas.

3. DIAGNÓSTICO

Os sinais e sintomas dependem da substância envolvida, via, quantidade e tempo desde a exposição. O quadro clínico pode variar
desde crianças assintomáticas até quadros graves com disfunção de múltiplos órgãos e sistema. É essencial reconhecer o conjunto de
sinais e sintomas clássicos de intoxicação por certas substâncias (toxíndromes) para o manejo desses pacientes. Na presença de
acidose metabólica não explicada, alteração do nível de consciência sem causa conhecida, bradicardia ou taquicardia sem causa
determinada, deve-se levantar a suspeita de intoxicação.

Na página seguinte apresentamos uma tabela com as principais toxindromes.

4. TRATAMENTO ALOCAÇÃO ADEQUADA

Caso paciente esteja estável, sem sintomas e sem alterações de sinais Pacientes estáveis (assintomáticos e sem
vitais, manter em observação, identificar toxindrome, entrar em contato alterações de sinais vitais: encaminhar
com Centro de Intoxicações. Avaliar medidas de descontaminação, para OBSERVAÇÃO e seguir atendimento
antídoto e eliminação. proposto

Para pacientes com sinais de instabilidade, sintomáticos ou com Pacientes instáveis (sintomáticos ou com
alterações de sinais vitais o tratamento envolve 4 etapas que estarão alteração de sinais vitais): encaminhar a
detalhadas ao longo deste protocolo: Estabilização, Descontaminação, SALA DE EMERGÊNCIA
Antídoto, Eliminação
Realizar anamnese completa identificando qual a substancia tóxica, Se inconsciente, seguir fluxograma de
quantidade ingerida, tempo de exposição, solicitar frasco / embalagem. atendimento conforme recomendado
pelo Pediatric Advanced Life Suport
Quando exposição incerta, perguntar sobre medicações que tem em casa (PALS), com avaliação de responsividade,
pulso e respiração. Se necessário, iniciar
ou possíveis exposições que possa ter ocorrido.
ATENÇÃO: CASO TENTATIVA DE AUTO-AGRESSÃO, REALIZAR medidas de ressuscitação
cardiopulmonar na ausência de pulso
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA E SEGUIR PROTOCOLO ESPECÍFICO
central palpável
TABELA 1: PRINCIPAIS TOXÍNDROMES

Toxíndrome Substâncias Quadro Clínico Antídoto / Tratamento Específico

Estado mental: hipervigilância,


Anticolinérgica agitação, alucinações, coma.
Atropina, anti-histamínicos,
Pupilas: midríase.
antiparkinsonianos, tricíclicos,
Outros: rubor, mucosas secas, Sem antídoto específico
antiespamódicos, midriáticos,
hipertermia,
plantas da família Solonaceae
hiperreflexia, taquicardia, retenção
urinária.

Anticolinesterásica Estado mental: confusão mental,


(colinérgica) coma.
Atropina
Inseticidas organofosforados e Pupilas: mióticas.
Pralidoxima
carbamatos, fisostigmina, alguns Outros: sudorese, lacrimejamento,
(organofosforados manifestações
cogumelos. salivação, aumento das secreções
nicotínicas)
brônquicas, bradicardia, fibrilações
e fasciculações musculares.

Estado mental: agitação,


Simpatomimética Anfetamínicos, cocaína, alucinações, despersonalização.
descongestionantes nasais, cafeína, Pupilas: geralmente midriáticas. Sem antídoto específico
teofilina. Outros: hiperreflexia, hipertensão,
piloereção, hipertermia, sudorese.
Flumazenil (bezodiazapínicos)
Sedativa-hipnótica
(Depressiva) Estado mental: depressão do 0,2-0,3mg/kg endovenoso (EV) em
sistema nervoso central (SNC), 15 min, em seguida 0,1mg a cada 1
Barbitúricos, benzodiazepínicos, topor, coma min até melhora – máximo 1 mg
etanol Pupilas: Variável
Outros: depressão respiratória, Pode diminuir limiar convulsivo →
hiporreflexia, hipotensão, cianose. UTILIZAR APENAS NA CERTEZA DE
INTOXICAÇÃO EXCLUSIVA POR
BENZODIAZEPÍNICO
Estado mental: depressão do SNC,
Narcótica Naloxone (opióides)
coma.
(Opióide) Opióides, heroína, elixir paregórico, Pupilas: miose.
0,1mg/kg EV para < 5 anos.
loperamida Outros: depressão
2mg EV para > 5 anos.
respiratória,bradicardia, hipotermia,
hipotensão, hiporreflexia.

Inibidores da monoamina oxidase Estado mental: confusão, agitação,


(MAO) com ou sem inibidores coma
Serotoninérgica seletivos da receptação de Pupilas: midríase. Sem antídoto específico
Outros: tremor, mioclonia,
serotonina (IRSS), meperidina,
hiperreflexia, trismo, rigidez,
dextrometorfano diarreia, diaforese, rubor.

Estado mental: pode haver


agitação, acatisia
Extrapiramidal Pupilas: sem alteração específica.
Fenotiazínicos, butirofenonas Difenidramina
Outros: distúrbios do equilíbrio e
(antipsicótico), fenciclidina, lítio. Biperdeno
movientação, hipertonia, distonia
orofacial, mioclonia, trismo,
opistótono, parkinsonismo.

Estado mental: inicialmente


agitação, confusão mental,
Metemoglobinêmica Derivados da anilina, dapsona,
depressão do SNC.
anestésicos locais, nitratos, nitritos,
Pupilas: sem alteração específica. Azul de metileno
óxidos de nitrogênio,
Outros: taquipnéia, (casos graves)
hidrocarbonetos, fenazopiridina,
dispneia,vômitos, cianose de pele e
primaquina, sulfonamidas
mucosas, palidez de pele e mucosas,
com Sat% 02 normal.
Toxíndrome Substâncias Quadro Clínico Antídoto / Tratamento Específico

Dor abdominal, náuseas, vômitos,


aumento de transaminases,
Paracetamol N-acetilcisteina
Intoxicação por paracetamol icterícia, confusão mental,
sonolência, coma , desorientação

Casos leves: Náuseas, vômitos,


cefaléia, rubor de pele, sudorese,
irritabilidade, inquietude, aumento
da pressão arterial, arritmias
cardíacas. Casos graves: depressão
Intoxicação por nafazolina Nafazolina Sem antidoto específico
do SNC, hipotermia, bradicardia,
dilatação pupilar, sonolência, coma;
distúrbios respiratórios com
respiração irregular, bradipnéia com
períodos de apnéia.
Equimoses, sangramento
Anticoagulantes prolongado
Intoxicação cumarínica Vitamina K
Raticidas tempos de protrombina e
sangramento

Bloqueadores dos canais de cálcio,


Bradicardia, arritmias, Cloreto de Cálcio
betabloqueadores, digoxina
Medicações Cardíacas hipotensão, tonturas, bloqueio de Glucagon
ritmo, náusea, vômito Anticorpo específico para digoxina

5. TRATAMENTO

ESTABILIZAÇÃO

Sala de Emergência

MONITORIZAÇÃO
FC, FR, PA, Temp., ECG. – CONTATO COM CENTRO DE INTOXICAÇÕES (CCI)
M

OXIGÊNIO
Garantir via aérea – Intubação orotraqueal se necessário, manter saturação entre 94 e 98%
O

ACESSO VENOSO
V

EXAMES
ECG (12 derivações), eletrólitos, função renal, enzimas / função hepática, glicemia, urina 1, hemograma, considerar
E toxicológico e nível sérico do agente tóxico, RX de tórax se suspeita de aspiração

GLICEMIA CAPILAR (DEXTRO)


Corrigir se abaixo de 60 - G25% 2ml/kg ou G10% 4 ml/kg
D
TABELA 2: AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

A B C D E

Avaliação
Garantir Via Avaliação Avaliação
Cardiocirculatória Exposição
Aérea Patente Respiratória Neurológica

Intubação se: • Avaliar • Avaliar frequência • Avaliar escala AVDI • Verificar lesões de
Paciente frequência cardíaca, perfusão (A: acordado, V: pele
inconsciente ou respiratória, (normal TEC <3segs), responde estímulos • Temperatura
Glasgow < 8 ausculta sinais pulsos, pressão verbais, D:
Sinais de de desconforto, arterial, ritmo responde a dor, I:
insuficiência saturação cardíaco Inconsciente)
respiratória • Avaliar sinais de • Avaliar Pupila
desidratação (olhos, • Glicemia Capilar
mucosa, pele,
diurese)

• Posicionar via • Oferecer suporte • Se sinais de choque • “Push” de glicose • Administrar


aérea adequado para ou desidratação se glicemia abaixo antitérmico se
manter considerar expansão de 60 temperatura > 37,8
• Coxim saturação entre volêmica com
adequado 94 e 98% cristaloide • Garantir via aérea • Retirar roupas
a depender da possivelmente
• Considerar • Avaliar se há • Caso paciente esteja avaliação contaminadas com
guedel risco de apresentando neurológica inseticidas
pneumonia vômitos –
aspirativa – Ondansetron 0,15 • Convulsão – • Lavar paciente com
Considerar RX de mg/kg – Não realizar realizar água corrente se
tórax caso alargamento de benzodiazepínico e contaminação pela
QT ou intoxicação considerar pele (inseticidas)
que possa gerar fenobarbital caso
alargamento de QT mantenha estado • Reações
de mal epilépitco urticariformes:
• Considerar droga (fenitoína é anti-histamínicos
vasoativa se contraindicada em Difenidramina
hipotensão diversas 1mg/kg EV ou IM
refratária à intoxicações)
expansão • Atentar-se a
• Reações possibilidade de
• Hipertensão em Extrapiramidais: ANAFILAXIA:
pacientes agitados Difenidramina 1 epinefrina 0,01
inicialmente é mg/kg EV ( mg/kg IM (PURA –
tratada com endovenoso) ou IM 1:1000)
benzodiazepínico, (intra muscular)
caso necessário
utilizar
nitroprussiato

• Betabloqueadores
são contra indicados
em paciente com
síndrome
simpatomimética
6. DESCONTAMINAÇÃO

Carvão Ativado:
Administração de carvão ativado pode ser considerada quando usado até uma hora da exposição (1g/kg via oral – max de 100g). Pode
ser misturada em suco, leite ou bebidas açucaradas para facilitar a administração ou até passagem de sonda nasogástrica.
Contra indicações: risco de aspiração, rebaixamento de nível de consciência, presença de obstrução intestinal, necessidade de
endoscopia (ex. ingestão de grande quantidade de substância cáustica), materiais pouco absorvidos pelo carvão (ex. álcool e metais), e
tempo maior que uma hora da ingestão.
ATENÇÃO: A INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL NÃO DEVE SER REALIZADA SE O PROPÓSITO FOR APENAS PROTEGERA A VIA AÉREA PARA
REALIZAR A ADMINISTRAÇÃO DE CARVÃO ATIVADO

Lavagem Gástrica:
Não indicada de rotina, deve ser realizada apenas se indicação específica discutida com o CCI

Irrigação intestinal:
Substâncias laxativas osmóticas como o polietileno glicol (PEG) também não são indicadas de rotina, devendo ser realizado apenas se
indicação específica discutida com o CCI

Indutor de vômitos e catárticos


Contraindicados na pediatria como Xarope de Ipeca e Manitol

Contato com substâncias pela pele (ex. inseticidas)


Retirar roupas e lavar pele com água corrente.

Intoxicação Transcutânea
Não realizar incisão, não garrotear, não fazer sucção

7. ANTÍDOTOS

Para certas substâncias, há antídotos que podem auxiliar no tratamento. Após anamnese, exame físico e achados laboratoriais
que sugiram alguma toxíndrome, o antídoto pode ser considerado após discussão com CCI. Pode ser necessária administração
de múltiplas doses, a depender da meia-vida de cada um. Na tabela 1 apresentamos alguns antídotos comuns.

8. MEDIDAS PARA ELIMINAÇÃO DO TÓXICO


Algumas medidas especificas podem ser indicadas a depender da substância como múltiplas doses de carvão ativado, diurese
medicamentosa, alcalinização da urina, hemodiálise. Tais medidas devem ser discutidas com o CCI

9. PLANO DE CUIDADO

Discutir plano de cuidado do paciente com CCI e médico titular. Pode ser necessária internação para monitorização clínica em
UTI ou exames laboratoriais seriados.
Alta médica: apenas quando paciente estável e sem necessidade de seguimento em leito de observação devendo ser discutida
conduta com CCI.

10. INDICADORES DE QUALIDADE

Alocação adequada
Contato com centro de intoxicações
Aferição de GLICEMIA CAPILAR
Realização de ELETROCARDIOGRAMA
Não realização de procedimentos invasivos desnecessários
11. FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO

TRIAGEM
Aferir sinais vitais e sintomatologia

Paciente sintomático ou com alterações


Paciente assintomático, sem alterações de sinais vitais,
de sinais vitais, encaminhar para encaminhar a
OBSERVAÇÃO SALA DE EMERGÊNCIA
Monitorização, avisar médico (priorizar)
Discutir plano
de cuidado do
Estabilização (monitorização, paciente com
oxigênio, acesso, dextro) CCI e médico
- ABCDE titular. Pode ser
Anamnese Completa* - Exames ** necessária
Exame Físico → identificar toxindrome internação para
monitorização
Contato com CCI clínica em UTI
Exames a depender da intoxicação ou exames
Anamnese completa*
laboratoriais
Contato com CCI seriados.

Considerar: Alta médica:


Antídoto s/n apenas quando
Carvão ativado se indicado paciente
Considerar: estável e sem
Antídoto s/n necessidade de
Carvão ativado se indicado seguimento em
leito de
Definir plano de cuidado observação
Se tentativa de auto agressão ou devendo ser
do paciente discutida
intoxicação intencionalmente
provocada por terceiros, seguir (Alta/ Observação conduta com
Internação / UTI) CCI.
diretriz de cuidado específica

ANAMNESE COMPLETA* EXAMES**


ECG (12 derivações), eletrólitos, função
Realizar anamnese completa Sinais e Sintomas renal, enzimas / função hepática, glicemia,
identificando a substancia tóxica, S
urina 1, hemograma, considerar toxicológico
quantidade ingerida, tempo de Alergias e nível sérico do agente tóxico, RX de tórax
exposição, solicitar frasco / A
se suspeita de aspiração
embalagem. Quando exposição Medicação
incerta, perguntar sobre medicações M
que tem em casa ou possíveis Passado Médico
exposições que possa ter ocorrido P EXPOSIÇÕES NÃO ORAIS
Líquidos e Alimentos Contato com substâncias pela pele (ex.
L
inseticidas) - Retirar roupas e lavagem da pele
Telefones Úteis ( São Paulo) Evento Desencadeante com água corrente
E
CCI Jabaquara - 5012-5311
Ceatox 08000148110 Intoxicação Transcutânea - Não realizar incisão,
não garrotear, não fazer sucção
12. GLOSSÁRIO

CCI : contato com centro de intoxicação IM: intramuscular


ECG: eletrocardiograma PEG: Polietileno Glicol
EV : endovenoso PA: pressão arterial
FC : frequência cardíaca SNC: sistema nervoso central
FR: frequência respiratória Temp: temperatura

Referências

[1] Schvartsman C, Schvartsman S. Intoxicações exógenas agudas [Acute poisoning in children]. J Pediatr (Rio J). 1999;75 Suppl
2:S244‐S250. doi:10.2223/jped.394.
[2] McGregor T, Parkar M, Rao S. Evaluation and management of common childhood poisonings. Am Fam Physician.
2009;79(5):397‐403.
[3] Riordan M, Rylance G, Berry K. Poisoning in children 1: general management [published correction appears in Arch Dis Child. 2003
Oct;88(10):946]. Arch Dis Child. 2002;87(5):392‐396. doi:10.1136/adc.87.5.392.
[4] Gastrointestinal decontamination of the poisoned patient. (n.d.). Retrieved May 29, 2020, from
https://www.uptodate.com/contents/gastrointestinal-decontamination-of-the-poisoned-patient?sectionName=Activated+charcoal.
[5] Approach to the child with occult toxic exposure. (n.d.). Retrieved May 29, 2020, from
https://www.uptodate.com/contents/approach-to-the-child-with-occult-toxic-exposure?search=Poisoning+in+children.

Código Elaborador: Revisor: Aprovador: Data de Elaboração: Data de Aprovação:


Documento: Gustavo Guimarães Gaby Cecilia Haggeas da Silva 08/02/2022 08/02/2022
CPTW 281.1 Barreto Alves Yupanqui Fernandes
Rafael da Silva Giannasi Guerra
Severino Barboza
Guia do Episódio de Cuidado
Cetoacidose Diabética
em crianças e adolescentes
1. DEFINIÇÃO
A cetoacidose é a alteração metabólica grave desencadeada por profunda deficiência de insulina, podendo estar presente no momento
Caracteriza-se
do diagnóstico do DM1 ou em descompensações de pacientes já previamente diagnosticados. Seu diagnóstico é clínico e laboratorial.

2. DIAGNÓSTICO: Confirmação clínica e/ou laboratorial

❖ Manifestações clínicas: 3. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO E


• poliúria, polidipsia ALOCAÇÃO ADEQUADA
• desidratação, perda de peso ❖ Critérios para internação:
• dor abdominal, vômitos
• taquipneia, hálito cetônico, rubor facial Todos os pacientes com
• taquicardia, sinais de má perfusão, sonolência, letargia, coma ou outras alterações quadro de cetoacidose
neurológicas decorrentes do edema cerebral diabética devem ser
internados em unidade de
❖ Confirmação diagnóstica laboratorial: terapia intensiva até
resolução da acidose,
• glicemia > 200mg/dL estabilização do quadro e
• acidose metabólica (pH < 7,30 ou bicarbonato < 15,0) e/ou normalização dos exames
• cetonúria/cetonemia moderada a alta (> 2 mmOl/l) laboratoriais
❖ Outros exames :

• sódio, potássio, cálcio iônico, magnésio, fósforo


• hemocultura e PCR: suspeita de infecção
• eletrocardiograma: alteração cardíaca, alteração dos níveis de potássio ou demora nos
resultados de potássio
• tomografia computadorizada de encéfalo: suspeita de edema cerebral (sonolência,
coma, alteração comportamental ou outros déficits neurológicos) – ATENÇÃO: não
atrasar tratamento na impossibilidade da realização da TC
• RX tórax: suspeita de infecção

4. TRATAMENTO
❖Tratamento inicial

1ª hora de tratamento:
• SF 10-20mL/kg/hora na primeira hora (ou 20mL/kg em bolus se sinais de choque)
• Glicemia capilar ou sérica, gasometria venosa, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cetonúria (ou cetonemia) no
início do tratamento e no final da 1ª hora da hidratação EV

A partir da 2ª hora de tratamento:


• Se potássio < 2,5, corrigir 0,5 mEq/kg/hora antes de iniciar insulina
• SE potássio > 2,5, iniciar insulina
• Insulina regular 0,1U/kg/hora IV contínua ou
• Insulina rápida (lispro ou aspart) 0,15U/kg SC a cada 2 horas.
• Solução salina com volume 2x o basal (regra de Holliday) em 24 horas, acrescida de potássio - 20 mEq/L a 40 mEq/L (veja
exemplo na sequência).
Regra de Holliday-Segar modificada (corresponde ao basal)
• Até 10 Kg: 4 ml/kg/hora
• 11 a 20 kg: 40 + 2 ml/kg/hora
• > 20 Kg: 60 + 1 ml/kg/hora para cada quilo que excede 20
• Caso seja possível, prefira realizar reposição de potássio com solução ao meio de KCl 19,1% (20 mEq/L) e solução de
fosfato de potássio (20mEq/L)
• Se K > 6,5 mEq não realizar a reposição até documentação de diurese. Realizar ECG
• Bicarbonato de sódio 1 a 2 mEq/kg em 1 hora se pH < 6,9, sinais de falência miocárdica ou hipercalemia grave
Guia do Episódio de Cuidado
4. TRATAMENTO

• Glicemia capilar a cada 1 hora se insulina IV contínua, ou a cada 2h se insulina SC.


• Glicemia capilar, gasometria venosa, sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, cetonúria (ou cetonemia) nas horas 2 – 4 –
6 – 9 – 12 – 15 – 18 – 21- 24 do início do tratamento.

Ajustar infusão da insulina de acordo com velocidade de queda da glicemia que deve ser de 80 – 100 mg/dL em 1 hora
• Se queda < 80 – 100 mg/dL, aumentar insulina 0,05 U/Kg/hora
• Se queda > 80 – 100 mg/dL, reduzir insulina 0,05 U/Kg/hora

Se glicemia capilar entre 250 e 300 mg/dL sem resolução da cetoacidose (pH > 7,3 e/ou bic > 15 mEq/L):
• Introduzir glicose a 5% na reposição volêmica
• ATENÇÃO! Evitar queda rápida da glicemia para minimizar complicações como edema cerebral, risco de necessidade de
IOT.

Atenção: Indicar IOT somente se sinais de falência respiratória. A indicação inadequada pode prejudicar o mecanismo
compensatório da descompensação metabólica.

Complicações: O Edema Cerebral é uma das complicações da CAD, e a monitorização de sinais de piora neurológica deve ser
contínua. Veja tratamento no fluxograma abaixo.

Exemplo de prescrição (Para paciente de 10 kg):

1ª Hora:
1. NaCl 0,9% IV 10-20ml/kg
Reposição Volêmica com potássio e sem glicose (2ª hora) – Ex: Paciente de 10kg
1. NaCl 0,9% 500 ml + KCl 19,1% 8ml - IV contínuo
Velocidade de infusão: 2x o Basal (10 kg – Basal – 1000 ml) calculado em 24 horas – 2x 1000 ml / 24 horas – Correr a
83 ml/h ou 80 ml/h (2x 4ml/kg/h)
Reposição de Insulina a partir da 2ª hora – Ex: Paciente de 10 kg
1. Insulina Regular 50 UI + NaCl 0,9% 500 ml IV contínuo (Dose: 0,1 U/kg/h ou 1 ml/kg/h) – Correr a 10 ml/hora
2. Opção: Insulina Lispro/Aspart SC 0,15U/kg a cada 2h – 1,5 UI SC a cada 2 horas
Reposição Volêmica com potássio e com glicose (à partir de de glicemia < 300mg/dl ):
1. Glicose 5% 1000ml + NaCl 20% 40 ml + KCl 19,1% 10ml - IV contínuo
Velocidade de infusão: 80 ml/hora
ATENÇÃO, no segundo dia, reduzir para 40 ml/hora ( 1 a 1,5 do volume basal)

❖Tratamento pós resolução cetoacidose diabética

• Transicionar para insulina SC:


• iniciar 0,1 U/Kg SC uma hora antes da suspensão da insulina EV contínua

• Iniciar insulina de ação intermediária (regular) ou rápida (lispro ou aspart):


• 0,8 a 1 U/Kg/dia dividida em 6 tomadas (regular)
• 0,1 U/kg a cada 3 horas (lispro ou aspart)

• Manter soro de manutenção com reposição por 24 a 48 horas: estimar 2 a 2,5x o basal (Holliday-Segar) nas primeiras 24
horas e 1 a 1,5x o basal nas segundas 24 horas (24 a 48 horas) - considerar o volume realizado desde a segunda hora
• Iniciar a dieta para diabético assim que boa aceitação VO
• Iniciar insulina de ação prolongada (basal) após avaliação do especialista

5. INDICADORES DE QUALIDADE

❖Critérios de alta
• Reconhecer a cetoacidose diabética
• Resolução da cetoacidose*
• Administração de solução cristaloide em velocidade mais lenta para
impedir edema cerebral • Ajuste dos níveis glicêmicos (dieta e
• Iniciar insulina EV contínua ou SC 1 hora após a solução cristaloide insulina)
• Monitorizar o potássio sérico e a sua reposição durante o • Treinamento adequado da família para
tratamento administração da medicação em
ambiente domiciliar
6. FLUXOGRAMA DE TRATAMENTO DA CETOACIDOSE DIABÉTICA

Cetoacidose Diabética (CAD)


Exames:
Glicemia venosa, gasometria
venosa, sódio, potássio, cálcio,
Com sinais de choque fósforo, magnésio, cetonúria
hipovolêmico (ou cetonemia), hemograma,
culturas, PCR, ureia, Creatinina,
Rx de Tórax, eletrocardiograma,
Sim Não
tomografia de Tórax

1ª hora: SF 20 ml/Kg em bolus até 1ª hora:


resolução do choque SF 10 - 20 ml/kg

Potássio:
Se K < 2,5: Iniciar a
reposição antes de
prescrever insulina 2ª hora:
Se K > 6,5: aguardar • Solução salina 2x Basal + Potássio 20 a 40 mEq/L em 24h
documentação de • Dose máxima de potássio: 0,5 mEq/Kg/hora
diurese e realizar • Insulina regular EV contínua: 0,1 U/Kg/hora ou
ECG • Insulina ultrarrápida 0,15 U/kg SC a cada 2 horas

1/1 hora: 2/2 horas:


FC, FR, sO2, Sintomas pH, eletrólitos, glicose, ureia, cálcio,
Neurológicos, Glicemia Capilar* MONITORIZAÇÃO magnésio, fosfato, hematócrito,
* a cada 2 horas de uso de gasometria, betahidroxibutirato se
insulina subcutânea disponível

cefaleia,↓FC, ↓sO2, pH > 7,3


alteração neurológica, 250 < GLI < 300 mg/dL
Bicarbonato > 15 mmol/L
vômitos recorrentes, BOHB < 1 mmol/L
aumento rápido do sódio
sérico

Manter insulina EV contínua CAD Resolvida


ou ultrarrápida SC Iniciar insulina regular ou
Edema Cerebral
Iniciar Glicose 5% no soro de manutenção ultrarrápida SC
Suspender insulina endovenosa
Controle Glicêmico
Elevar a cabeceira
Manitol: 0,5-1g/kg 10-15 minutos, até 2x
ou
NaCl 3%: 2,5 - 5 ml/kg, 10-15 minutos
Considerar via aérea definitiva A definição de gravidade pode ser realizada
pelo pH sérico:
• pH 7,2-7,3 = leve
• pH 7,1-7,2 = moderado
Tomografia de crânio • pH < 7,1 = grave
............................................................................................................................................................................................
7. REFERÊNCIAS

[1] Pediatr Diabetes. 2018 Oct; 19 Suppl 27:155-177; [2] N Engl J Med. 2018 Jun 14;378(24):2336-233; [3] N Engl J Med. 2018 Jun
14;378(24):2275-2287

Código Elaborador: Revisor:or: Aprovador: Data de Data de


Documento: Milena de Paulis Mauro Dirlando Haggeas da Elaboração: Aprovação:
CPTW164.2 Marianna Ferreira C. de Oliveira Silveira Fernandes 31/03/2021 07/04/2021
Stela Carpinirpini

Você também pode gostar