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Treinamento de pais

Chapter · January 2011

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Ângela Maria Vieira Pinheiro Vitor Geraldi Haase


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20
Treinamento de pais
Maria Isabel S. Pinheiro
Vitor Geraldi Haase

Introdução ciam um comportamento (B) quanto na iden-


tificação dos consequentes (C) que contri-
O trabalho colaborativo que objetiva capaci- buem para a manutenção do mesmo
tar os pais a promover um desenvolvimento comportamento (esquema ABC). As inter-
mais adaptativo dos seus filhos com dificulda- venções podem ser baseadas em procedimen-
des de comportamento tem­‑se apresentado tos destinados a modificar os antecedentes ou
como uma alternativa de sucesso aos enfo- os consequentes, sendo que estes últimos são
ques tradicionais da psicoterapia com crian- considerados mais eficientes.
ças e adolescentes. A possibilidade de desen- Esses recursos conjugam­‑se com as
volver estratégias para o manejo de principais dificuldades identificadas nos en-
contin­gências em situação natural oferece re- foques tradicionais da psicoterapia com crian-
cursos indispensáveis para promover a apren- ças e adolescentes, apontando o treinamento
dizagem e a generalização dos novos compor- de pais como a estratégia que apresenta a
tamentos adquiridos (Haase et al., 2000; maior evidência empírica no tratamento aos
Martin e Pear, 2009; Gadelha e Vasconcelos, problemas comportamentais infantis ao con-
2005). No tratamento dos problemas de com- siderar:
portamento infantil, os recursos desenvolvi-
dos pela psicologia cognitiva e comportamen- 1. a importância de modificar o comporta-
tal têm sido frequentemente utilizados e mento indesejável no contexto natural,
apresentado grandes contribuições (Webster­ contribuindo para a sua generalização;
‑Stratton, 2005, Kazdin, 2005; Barkley, 2008). 2. a inadequação de novos comportamentos
No modelo cognitivo, o pressuposto é o indesejáveis, evitando a sua aprendiza-
de que as emoções e os comportamentos das gem.
pessoas são influenciados por sua percepção
dos eventos. Não é uma situação por si só que O treinamento de pais pode ser definido
determina o que as pessoas sentem, mas sim o como um programa de orientação que reúne
modo como elas interpretam uma situação, princípios da análise do comportamento e da
(Beck, 1964). psicologia cognitiva, compondo um conjunto
O modelo da análise do comportamento é de considerações e ações que, orientados pelo
derivado dos princípios operantes da apren- terapeuta, serão utilizadas pelos pais no ma-
dizagem descritos por Skinner. A análise fun- nejo de comportamentos problemáticos de
cional do comportamento baseia­‑se tanto na seus filhos. Esse procedimento tem merecido
identificação dos antecedentes (A) que eli- destacado investimento de pesquisadores da

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área, notadamente pelo efeito social e clínico oferecem aos pais algumas estratégias de con-
dos resultados apresentados (McMahon, duta que favoreçam a promoção de um desen-
1999; Del Prette e Del Prette 2005; Pinheiro et volvimento mais adaptativo, de seus filhos
al., 2006; Gresham, 2009). com dificuldades de comportamento.
Esse programa tem sido utilizado para As práticas educativas parentais, asso-
abordar vários problemas infantis, tendo por ciados às características pessoais da criança,
objetivo: promover competências funcionais contribuem para a formação do perfil funcio-
em crianças autistas e com dificuldades de nal do filho, podendo reduzir ou ampliar os
aprendizagem (Maurice, 1996; Leaf e McEa- problemas comportamentais apresentados
chin, 1999; Dessen e Silva, 2004; Christopher- (Del Prette e Del Prette, 2001; Gomide, 2006).
sen e Mortweet, 2002; Lansky, 1991; Matson, Baumrind (1971, apud Papalia e Olds, 2000,
Mahan e LoVullo, 2009); reduzir problemas p. 230), a partir da análise de presença ou au-
comportamentais a partir da promoção de sência de padrões de controle, associados à
um maior repertório de habilidades sociais presença ou à ausência de envolvimento com
(Michelson et al., 1983; Pinheiro et al., 2006); a criança, estabelece os estilos parentais que
promover facilitadores para adesão a regras orientam o estilo educacional adotado pelos
no círculo vicioso do mau comportamento pais. Além disso, considera os seguintes fato-
(Barr e Parret, 2001; Hartman, Stage e res moderadores que podem atuar para favo-
Webster­‑Stratton, 2003; Pinheiro, Del Prette e recer um curso de desenvolvimento satisfató-
Del Prette, 2009); tratar problemas comporta- rio: a estrutura familiar, as características
mentais de crianças com transtorno de déficit temperamentais e o repertório de habilidades
de atenção/hiperatividade (TDA/H) (Anasto- sociais dos próprios pais.
poulos, Shelton e Barkley, 2005; Kaminski et É consenso na literatura os efeitos do re-
al., 2008). pertório de habilidades sociais educativas pa-
Este capítulo propõe­‑se a apresentar in- rentais na orientação comportamental dos fi-
formação teórica e empírica sobre o treina- lhos (Michelson et al., 1983). Gresham (2009)
mento de pais e, em seguida, apresentar exem- define as habilidades sociais como uma classe
plos de programas de intervenção. específica de comportamentos que um indiví-
duo emite para completar com sucesso uma
tarefa social. As habilidades sociais educativas
Fundamentos são aquelas intencionalmente voltadas para a
teóricos e empíricos promoção do desenvolvimento e da aprendi-
zagem do outro em situação formal ou infor-
Os problemas de comportamento na infância mal. O déficit nas habilidades socioeducativas
constituem uma queixa frequente em serviços parentais reflete um déficit na condução de
de saúde mental e são multideterminados um processo de ensino­‑aprendizagem confi-
(Webster­‑Stratton 2003). O repertório com- gurado pela não utilização de recursos mais
portamental da criança é resultante de fatores indicados para determinada situação.
genéticos, ambientais e psicossociais; ele não Ao identificar problemas comporta-
só é influenciado, como também influencia o mentais dos filhos e buscar por orientação
comportamento dos pais (Bandura, 1977; profissional, os treinamentos de pais têm
Bronfenbrenner, 2002). Essa inter­‑relação, sido indicados com muita frequência. Em
amplamente estudada na literatura nacional e seus variados formatos – palestras psicoedu-
internacional, tem destacado a importância cativas, programas de orientação/treinamen-
do papel dos pais, do ambiente familiar, dos to individual e programas estruturados para
cuidadores e da escola no processo de orienta- serem trabalhados em grupo –, os programas
ção aos filhos. O reconhecimento da impor- de treinamento de pais abordam uma diver-
tância da família tem estimulado o desenvol- sidade de problemas de comportamento in-
vimento de programas específicos que fantil.

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Para elaborar um trabalho desse tipo, é matemática, foi elaborado um programa


fundamental considerar a queixa comporta- específico que utiliza recursos propostos
mental apresentada pela família identificada pelo modelo da aprendizagem social, trei-
após uma avaliação detalhada, incluindo a namento de habilidades sociais educativas
idade da criança, o repertório de habilidades e discalculia do desenvolvimento (Barkley,
sociais dos pais e a estrutura familiar. Webster­ 1997; Christophersen e Mortweet, 2002;
‑Stratton (2005) discute, à luz da teoria do de- Pinheiro et al., 2006).
senvolvimento, modelos para analisar os pro-
blemas de comportamento dos filhos. Nessa Nesse sentido, foram utilizadas nos
discussão, o autor nomeia como early­‑starter e programas de treinamento de pais, desenvol-
late­‑starter problemas comportamentais vidos no LND, estratégias advindas do mo-
como violência interpessoal, agressividade, delo de aprendizagem social (Bandura,
oposição e abuso de substâncias. Os primeiros 1977), do treinamento em habilidades so-
(early­‑starter) aparecem já na pré­‑escola e, de ciais (Del Prette e Del Prette, 2001) e da
maneira geral, tornam­‑se mais graves na ado- aprendizagem da representação matemática
lescência. Os segundos (late­‑starter) referem­ (Butterworth, 2005).
‑se às situações nas quais os problemas com-
portamentais surgem durante a adolescência
com prognóstico mais favorável. Essas inden- Modelo da aprendizagem social
tificações permitem que estratégias de inter-
De acordo com esse modelo (Bandura, 1977),
venções sejam analisadas e estruturadas com
grande parte do comportamento social é
o objetivo de contribuir para o tratamento
aprendido através de experiências interpes-
dos problemas comportamentais infantis já
soais vicariantes, ou seja, através da observa-
instalados e prevenir novos comportamentos
ção do desempenho de outros. Esse modelo
desadaptativos que possam ocorrer.
propõe a aquisição de habilidades por obser-
Do ponto de vista psicoterapêutico, es-
vação do comportamento do outro, por ob-
tudos em desenvolvimento no Laboratório de
servação do próprio comportamento e por
Neuropsicologia do Desenvolvimento (LND),
imitação. Na família, o comportamento dos
da Universidade Federal de Minas Gerais, pro-
pais torna mais provável o comportamento
curam incorporar à filosofia subjacente aos
dos filhos mediante a aprendizagem obser-
programas de treinamento de pais algumas
vacional, formando­‑se uma cadeia de trans-
estratégias validadas e compatíveis com as
missão de regras de estilos de comportamen-
pesquisas e intervenções em andamento.
tos de pais para filhos (Del Prette e Del
Prette, 2005).
• Para atender a queixas comportamentais
apresentadas por crianças em situação de
risco social, foi desenvolvido um treina- Treinamento em habilidades sociais
mento de pais com base no programa de
Barkley (1997, apud Haase, Käppler e Consiste em uma estratégia cujo objetivo é a
Schaefer, 2000). prevenção de futuras dificuldades comporta-
• Para atender a um grupo de pais de crian- mentais por meio do ensino e da facilitação de
ças com problemas de comportamento, padrões de comportamentos prossociais que
foram incorporados elementos de habili- podem reduzir efetivamente a ocorrência de
dades sociais em um programa em parce- problemas de comportamento (Gresham,
ria com o Laboratório de Interação Social 2009). Compõe­‑se de diversos procedimentos
(LIS), da UFSCar (Pinheiro et al., 2006). comportamentais e cognitivos, os quais não
• Para atender a um grupo de pais de crian- são considerados efetivos para o treinamento
ças com dificuldades de aprendizagem da se tomados isoladamente (Caballo, 2009).

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Aprendizagem da criança pequena na hora de dormir. O


princípio­‑chave do tratamento, descrito em
representação matemática O’Dell (1974), estava relacionado à extinção
A discalculia do desenvolvimento é um trans- de comportamento. Esse autor, em sua revi-
torno específico da aprendizagem da aritmé- são, destacou os programas de treinamento de
tica. Crianças discalcúlicas, segundo But- pais como a mais bem­‑sucedida forma de in-
terworth (2005), apresentam dificuldades no tervenção para corrigir comportamentos in-
entendimento dos conceitos numéricos bási- fantis e relacionou vários estudos que contri-
cos, além de dificuldades na aprendizagem de buíram para o estágio atual desses programas.
fatos e procedimentos aritméticos. Os domí- À medida que os estudos sobre a psicologia
nios mais afetados são o conceito numérico, a cognitiva e comportamental vêm avançando,
habilidade de contar, as habilidades de trans- melhores recursos são oferecidos aos clínicos
codificar entre as diversas representações sim- da área.
bólicas de número, aprender e resgatar os Serketich e Dumas (1996) revisaram os
fatos aritméticos e realizar as quatro opera- efeitos dos programas de treinamento com-
ções. Hyde e colaboradores (2006) defendem portamental para pais. Nessa revisão, os auto-
que a interação entre mãe e filho nas ativida- res discutem a importância do rigor metodo-
des escolares desenvolvidas em casa varia con- lógico utilizados nos programas, comparam
sideravelmente a favor das crianças cujas mães os resultados com outras intervenções e anali-
dominam resolução de problemas matemáti- sam follow­‑up.
cos. Uma metanálise que investiga os com-
ponentes associados à efetividade desses pro-
gramas foi realizada por Kaminski e colabora-
Treinamento de pais: dores (2008). Os autores identificaram que
treinar os pais na interação positiva com o
um breve histórico filho e na habilidade de comunicação emocio-
A parentalidade competente é uma preocupa- nal contribui para que haja uma parentagem
ção antiga. Stern (1960), em Parent Education consistente, porém observaram um menor
an Internacional Survey, cita os trabalhos de efeito em treinar os pais quando o objetivo era
Locke e de Priestley, datados de 1693 e 1778, promover nos filhos habilidades cognitivas
respectivamente. O autor valoriza as contri- acadêmicas e habilidades sociais. Para que um
buições apresentadas por diferentes aborda- procedimento de intervenção tenha maior
gens da psicologia e de outras disciplinas, des- chance de sucesso e possa ser efetivamente
tacando que, para desenvolver um bom utilizado como estratégia científica, o rigor
trabalho, é fundamental a base científica e as metodológico deve ser considerado, e os pro-
melhores evidências empíricas. gramas de treinamento de pais têm utilizado
A partir de 1950, estudiosos da terapia esses recursos.
comportamental deram início na experimen-
tação humana às técnicas até então só utiliza-
das em laboratório com animais. Os estudos
Procedimentos de avaliação
teóricos originaram das investigações sobre Uma avaliação comportamental envolve tanto
condicionamento respondente desenvolvidas a coleta quanto o registro de dados e informa-
por Ivan Pavlov e dos estudos sobre compor- ções que contribuam para descrever o
tamento operante (Skinner, 2000). O primei- comportamento­‑alvo no modelo das relações
ro relato identificado com a eficiência de uma causais que fundamenta a proposta terapêuti-
terapia familiar refere­‑se à intervenção bem­ ca de análise do comportamento. Em seguida,
‑sucedida desenvolvida por Williams, em deve­‑se investir na identificação detalhada da
1959, para reduzir acesso de raiva de uma função comportamental, selecionar estraté-

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gias de tratamento adequadas e analisar a se- percepção que os pais têm dos compor-
quência de resultados (Martin e Pear, 2009). tamentos do filho.
Não existe um instrumento ou uma bateria 4. Multimodaliti Treatment Study
padrão que atenda a todo e qualquer objetivo (MTA – SNAP – IV – Mattos et al.,
de avaliação (Forehand et al., 2000). 2006) ou Questionário sucedânio do
O papel do clínico inicia com a coleta de SNAP III: apresenta um escore quanti-
dados objetiva e segura, utilizando tantas fon- tativo da gravidade dos sintomas com-
tes quantas sejam necessárias para possibilitar portamentais da criança e pode ser res-
o melhor conhecimento sobre o funciona- pondido pelos pais e professores.
mento da criança, dos pais e seu efeito na
inter­‑relação familiar e social mais ampla. Vá- Um dos principais modelos utilizados
rios instrumentos têm sido apresentados na atualmente em neuropsicologia do desenvol-
literatura da área, objetivando contribuir para vimento é a análise funcional do comporta-
o processo diagnóstico e de avaliação nos pro- mento ou o esquema S:R ÞC, derivado dos
gramas de intervenção comportamental. princípios operantes da aprendizagem descri-
Nos programas de treinamento dos pais tos por Skinner (2000). É importante que os
em grupo, os instrumentos eleitos devem al- pais transformem­‑se em peritos no que diz
cançar um conhecimento geral do funciona- respeito à problemática apresentada por seus
mento dos participantes e avaliar, o mais de- filhos. Barkley (2002) denomina de paterni-
talhadamente possível, os comportamentos­ dade científica quando os pais admitem, tal
‑alvo de intervenção. A entrevista clínica ini- como os cientistas, sua incerteza a respeito de
cial subsidia a estruturação do programa e algum assunto, procurando o máximo de in-
auxilia na condução dos passos. Nos progra- formações sobre ele.
mas apresentados a seguir, foram vários os
instrumentos utilizados para avaliação, tais
como: Exemplos de
programas de intervenção
• entrevista semiestruturada com foco
na percepção dos pais em relação aos Um programa desenvolvido em grupo
problemas de comportamento do
filho; Este programa foi desenvolvido em grupo e
• questionários de autorelato. dele participaram 32 mães e dois pais. Foi es-
truturado para trabalhar, em 11 encontros se-
1. Questionário de Situações Domésti- manais de 90 minutos, o manejo comporta-
cas (QSD – Barkley, 1997): tem como mental dos filhos e as habilidades sociais
objetivo identificar as diferentes situa- educativas dos pais. Após o encerramento de
ções nas quais a criança apresenta pro- cada grupo, foi possível obter indicadores
blemas em casa, com indicação da quantitativos e qualitativos sobre os efeitos da
quantidade e da gravidade dos com- intervenção. A estrutura do programa, cuja
portamentos desafiantes, opositivos e sequência está apresentada na Tabela 20.1, foi
agressivos. desenvolvida a partir de uma revisão biblio-
2. Inventário de Comportamentos Im- gráfica da área de problemas de comporta-
portunos (ICI – Barkley, 1997): quanti- mento infantil (ver Pinheiro et al., 2006); Pi-
fica a frequência de comportamentos nheiro, Del Prette e Del Prette, 2009).
inadequados (agressividade, desobedi- Os resultados quantitativos estão apre-
ência a regras, etc.) apresentado pela sentados na Tabela 20.2. Uma estimativa dos
criança, conforme indicação dos pais. efeitos do treinamento foi analisada por meio
3. Child Behavior Checklist (CBCL – do método proposto por Kazis, Anderson e
Achenback, 1991): objetiva avaliar a Meenan (1989). Os resultados, obtidos atra-

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Psicologia de família 239

Tabela 20.1 Sequência do programa de treinamento em habilidades sociais educativas para pais
de crianças em trajetória de risco

Sessão Objetivos da sessão Procedimentos e instrumentos Tarefas para casa


Primeira reunião Avaliação Pré­‑Teste Entrevista Não há
Termo de consentimento
livre e esclarecido;
Inventário de habilidades sociais
ICI
QSD

Passo 1
Integração do grupo Apresentação dos participantes Refletir e/ou listar
Por que as
Apresentação do Vivência 1 comportamentos
crianças se
programa aos pais, Apresentação do programa do filho que os
comportam de
Contrato de Banner pais consideram
maneira
funcionamento Contrato relacionado ao bons e
inadequada?
do grupo compromisso ético e à comportamentos
Conhecimento dos assiduidade que os pais
princípios da análise Principais procedimentos consideram
do comportamento Noções sobre o inadequados
desenvolvimento humano;
Análise do comportamento

Passo 2
Desenvolvimento da Apresentação pelos participantes Aplicar a técnica do
Prestando
habilidade de das observações e dos resultados recreio especial
atenção ao bom
identificar o bom propostos para o trabalho
comportamento
comportamento em casa
do filho.
do filho Banner
Aumento do Vídeo
envolvimento dos Principais procedimentos
pais com a criança Análise do Comportamento
Amenização do Extinção de comportamento
clima em família Reforçamento diferencial
Treinamento em role play

Passo 3
Desenvolvimento nos Apresentação pelos participantes Utilizar a atenção
Aumentando a
pais da habilidade de das observações e dos resultados diferencial para
brincadeira
reforçar a brincadeira propostos para o trabalho promover
independente
independentemente em casa atividades
do filho Banner independentes
Vídeo em situação
Principais procedimentos estruturada
Análise do Comportamento
Reforçamento diferencial
Ensaio comportamental

Passo 4 Utilização pelos pais Apresentação pelos participantes Realizar a atividade


Prestando atenção do reforço social das observações e dos resultados proposta
ao comportamento contingente ao propostos para o trabalho em casa Atentar para a
de seguir comportamento Banner utilização do
instruções adequado Vídeo reforço social e
Principais procedimentos para a resposta
Análise do Comportamento do filho
Reforçamento diferencial Alternar com as
Treinamento tipo role play atividades das
semanas anteriores

(continua)

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Tabela 20.1 Sequência do programa de treinamento em habilidades sociais educativas para pais
de crianças em trajetória de risco

Sessão Objetivos da sessão Procedimentos e instrumentos Tarefas para casa


Passo 5
Desenvolvimento Apresentação pelos participantes Identificar as
Ensinando a “ler”
pelos pais da das observações e dos expressões
o ambiente social
habilidade de leitura resultados propostos para o utilizando
do ambiente social trabalho em casa pictogramas e
Banner situações
Pictogramas naturais
Principais procedimentos Alternar com as
Análise do Comportamento atividades das
Ensaio comportamental semanas anteriores
Treinamento tipo role play
Passo 6
Orientação dos pais Apresentação pelos participantes Eleger o
Facilitando e
sobre a interferência das observações e dos resultados comportamento­-
empatia e dando
do ambiente no propostos para o trabalho ‑problema
ordens eficientes
atendimento das em casa apresentado pelo
ordens pelo filho Banner filho e trabalhar
Vídeo “ordens eficientes”
Principais procedimentos Alternar com as
Análise do Comportamento atividades das
Ensaio comportamental semanas anteriores
Treinamento tipo role play
Passo 7 Promoção de um Apresentação pelos participantes Estabelecer contato
Melhorando o trabalho colaborativo das observações e dos resultados com a escola
comportamento entre pais e propostos para o trabalho Alternar com as
na escola professores em casa atividades das
Banner semanas anteriores
Carimbos
Principais procedimentos
Análise do comportamento
Reforçamento diferencial
Monitoramento das atividades
Passo 8
Desenvolvimento nos Apresentação pelos participantes Utilizar role play a
Representação
pais da compreensão das observações e dos resultados partir de uma
de papéis
de seu papel e do propostos para o trabalho situação cotidiana
papel do filho em casa Alternar com as
Banner atividades das
Vivência 2 semanas anteriores
Principais procedimentos
Análise do Comportamento
Ensaio comportamental
Treinamento tipo role play
Reforçamento diferencial
Passo 9 Trabalho com os pais Apresentação pelos participantes Utilizar role play
Desenvolvendo a acerca da compreensão das observações e dos resultados Alternar com as
capacidade de e da utilização da propostos para o trabalho atividades das
se expressar assertividade em casa semanas
Banner anteriores
Principais procedimentos
Análise do Comportamento
Ensaio comportamental
Treinamento tipo role play
Reforçamento diferencial
(continua)

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Psicologia de família 241

Tabela 20.1 Sequência do programa de treinamento em habilidades sociais educativas para pais
de crianças em trajetória de risco

Sessão Objetivos da sessão Procedimentos e instrumentos Tarefas para casa


Décima Reunião Avaliação pós­‑teste Inventário de habilidades sociais Manter a
ICI atenção aos
QSD comportamentos
do filho
Utilizar os recursos
anteriores

vés do Inventário de Comportamentos Ino- Um programa individual


portunos e do Questionário de Situações Do-
mésticas (Barkley, 1997), indicam que os A família de Paulo (nome fictício) procurou
efeitos do programa foi de intensidade mode- avaliação neurológica por solicitação da esco-
rada da ordem de 0,5. la. Paulo estuda em uma escola particular lo-
Para os resultados qualitativos, foram calizada em zona nobre da cidade. Problemas
consideradas entre outras evidências: de oposição em seu comportamento vinham
aumentando intensamente a ponto de preju-
• a assiduidade do grupo que concluiu o dicar seu desempenho escolar. A neurologista
programa, sendo que frequência em cada infantil que o acompanha com a hipótese
um dos encontros/passos ficou acima de diagnóstica de transtorno de oposição, enca-
80%; minhou para o treinamento de pais. Nascido
• a entrevista final serviu para que os pais em setembro de 2003, Paulo não faz uso de
valorizassem e destacassem os resultados medicação e é o segundo filho de uma família
obtidos; de dois filhos, bem­‑estruturada. Paralelamen-
• as várias atividades realizadas nas sessões te ao treinamento de pais, ele iniciou com
de treinamento foram adaptadas pelos apoio psicopedagógico para acompanhar as
pais e aplicadas em situações de rotina; atividades escolares.
• o relato dos pais indicou adequação no O programa foi desenvolvido com a
uso de procedimentos para a solução de mãe, tendo em vista as viagens frequentes do
problemas (Pinheiro, 2006). pai por motivo de trabalho. Nos primeiros

Tabela 20.2 Dados descritivos e inferenciais dos resultados obtidos no comportamento das
crianças, conforme avaliação feita pelos pais
Pré­‑Treino Pós­‑Treino
Média DP Média DP t gl P
• Soma de comportamentos
inoportunos 32,22 19,183 24,03 14,252 3,222 31 0,003
Questionário de
situações domésticas 7,63 3,705 5,56 3,311 3,535 32 0,001
Gravidade média 5,40 1,884 4,35 1,894 2,874 31 0,007

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242 Baptista, Teodoro & Cols.

contatos para avaliação, as queixas da mãe es- reunião com a escola foi realizada para avaliar
tavam relacionadas ao não atendimento às re- o efeito do trabalho no contexto escolar. Os
gras e à dificuldade de controle do comporta- pais responderam novamente aos questioná-
mento do filho em diversas situações sociais. rios após três meses de trabalhos. Os resulta-
Ela relatava grande preocupação com a vida dos do programa estão apresentados na Tabe-
escolar do filho cujo desempenho estava cada la 20.4.
vez mais baixo. Preocupava­‑se também com o Foi agendada uma sessão com o pai, que
efetivo controle de outros comportamentos, vinha participando do programa apenas res-
pois, naquele momento, ele só cumpria or- pondendo aos questionários e seguindo as
dens em negociação com jogos de videogame. orientações recebidas através da mãe. As difi-
Vale dizer que os jogos que o filho “exigia” em culdades encontradas pelo pai no manejo do
negociação eram aqueles que os pais não per- comportamento do filho também haviam re-
mitiam por ser extremamente violentos. Mui- duzido significativamente. Programou­‑se um
tas vezes, a mãe via­‑se obrigada a ceder para intervalo de 30 dias entre as sessões e a reava-
que o filho atendesse a idas de rotina ao médi- liação. Os relatos indicaram que a mudança
co, ao dentista, e assim por diante. de comportamento aindase mantinha.
Em determinadas ocasiões, quando a Aproximadamente 90 dias após a última
mãe recorria ao pai para contribuir na solução sessão, no contato telefônico para assinatura
de um conflito com o filho, sua preocupação do termo de consentimento para esta apre-
era transferida pela “maneira rígida e agressiva sentação, as palavras da mãe foram as seguin-
com que o pai tratava o filho”. Nos contatos tes: “Estamos chegando da aula de natação.
para avaliação, a criança apresentou bom voca- Paulo hoje pode fazer natação. É difícil acredi-
bulário, assim como um bom comportamento tar como hoje ele atende às orientações dos
frente ao seguimento de regras e aos recursos professores”.
para a solução de conflitos. Ao desempenhar Na Tabela 20.3 estão relacionadas as
atividades semelhantes na presença da mãe, principais estratégias utilizadas no programa
ficou evidente a intolerância e a agressividade desenvolvido com os pais de Paulo.
do Paulo. Durante a avaliação, ela se mostrou A Tabela 20.4 apresenta os resultados do
excessivamente preocupada com a postura do Questionário de Situações Domésticas. O má-
filho. Uma entrevista com a escola foi realizada ximo de pontuação que se poderia obter seria
para conhecer os comportamentos de Paulo 144 pontos em nível de dificuldade. O núme-
também naquele contexto. ro maior de pontos representa um número
Os pais responderam ao Questionário maior de dificuldade. Espera­‑se que, ao final
de Situação Doméstica de Barkley (1997) ao do programa, o número de dificuldade en-
iniciar o PTP. Quantificaram também, no contrada seja menor que o inicial.
mesmo formato do QSD, outros comporta-
mentos que identificaram como queixa em si-
tuações de rotina familiar. Os trabalhos ini- Um programa em andamento
ciaram após uma análise funcional de
determinados comportamentos que pode- Um projeto de reabilitação neuropsicológica
riam estar contribuindo mais fortemente para desenvolvido no Laboratório de Neuropsico-
o estresse familiar. logia do Desenvolvimento (LND) da UFMG,
O programa de intervenção, que teve intitulado “Intervenção neuropsicológica e
duração de quatro meses, foi desenvolvido treinamento de pais de crianças com dificul-
basicamente com a mãe e alguns passos com a dade na aprendizagem da matemática”, estu-
professora. Após as sessões nas quais foram dará os efeitos de procedimentos de interven-
trabalhadas “Ordens efetivas” e “Economia de ção neuropsicológica no processo de
fichas”, foi possível identificar alguns ajustes aprendizagem da matemática e do treinamen-
no comportamento do Paulo. Uma segunda to de pais no comportamento das crianças.

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Psicologia de família 243

Tabela 20.3 Programa de treinamento de pais

Item Principais estratégias trabalhadas


01 Por que as crianças se comportam mal.
02 Prestando atenção ao bom comportamento do filho. Interação positiva.
03 Ordens efetivas
04 Economia de fichas
05 Ensinando a ler o ambiente
06 Desenvolvendo a assertividade
07 Suspensão e outros métodos disciplinares
08 Manejo da criança em lugares públicos
09 Antecipando problemas futuros

A partir de revisão bibliográfica e das em grupos de pais de crianças discalcúlicas


considerações apresentadas por pais de crian- utilizará instrumentos de apoio, conforme
ças com dificuldades na aprendizagem da ma- descrito na Tabela 20.5.
temática, elaborou­‑se um programa para ser
desenvolvido em grupo de pais. Esse progra-
ma será trabalhado em oito encontros que in- Considerações finais
cluem sessões de avaliação pré e pós­
‑treinamento. Para a avaliação, serão utilizados A preocupação com a parentalidade compe-
os seguintes instrumentos: entrevista clínica tente é tão antiga quanto a discussão de estra-
inicial; Child Behavior Checklist (CBCL – tégias que podem assegurá­‑la. Vêm de longa
Achenbach, 1991); Multimodaliti Treatment data as iniciativas de grupos de profissionais
Study (MTA – SNAP – IV – Mattos et al., que atuam no trabalho da competência pa-
2006) e Questionário de Situação Doméstica rental. Psiquiatras infantis e outros especialis-
(QSD – Barkley, 1997). tas, psicólogos, assistentes sociais, professores,
O programa se orientará a partir de seis gestores educacionais e religiosos foram apon-
passos, conforme descrito na Tabela 20.5, e tados por Stern (1960).
será conduzido por um grupo de pesquisado- Na área da psicologia cognitiva e com-
res do LND, composto por alunos de inicia- portamental, a psicologia tem trazido contri-
ção científica, graduandos em psicologia e buições importantes, apresentando cada vez
pela primeira autora, doutoranda no Progra- mais resultados consistentes, questões que su-
ma de Pós­‑Graduação em Saúde de Criança e gerem novas pesquisas e avanço em seus estu-
do Adolescente na Faculdade de Medicina da dos. Os programas de treinamento de pais
UFMG. Os alunos já participam do treina- têm oferecido estratégias para atender indiví-
mento, que inclui seminários sobre o tema e duos na adaptação psicossocial, na promoção
atendimento supervisionado. Esse programa de novas habilidades e também no processo

Tabela 20.4 Dados obtidos através do questionário de situações


domésticas respondidos pelos pais

Avaliação Inicial – 14/03/2010 Avaliação final – 30/06/2010


Mãe 65 pontos 06 pontos
Pai 96 pontos 18 pontos

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244 Baptista, Teodoro & Cols.

Tabela 20.5 Sequência do programa desenvolvido com pais de crianças com dificuldades de
aprendizagem da matemática

Sessão Objetivos da sessão Procedimentos e instrumentos Tarefas para casa


Reunião Inicial Pré­‑teste Protocolo Não há
CBCL
SNAP­‑IV
QSD
Passo 1 Analisando as causas Banner Observar e
do comportamento Apresentação dos participantes listar bons
infantil (Vivência 1) comportamentos
Integrar o grupo Apresentação do programa do filho e
(vivências) Contrato: compromisso ético comportamentos
Apresentar o programa e assiduidade considerados
Refletir sobre as causas Principais procedimentos inadequados
dos comportamentos Noções sobre desenvolvimento
infantis humano
Explicar os princípios Análise do comportamento
da análise do
comportamento
Motivar os pais
Passo 2 Desenvolver a Banner Aplicar a técnica do
Prestando atenção habilidade de prestar Videoclipe recreio especial
ao bom atenção ao bom Apresentação da discussão
comportamento comportamento do pelos participantes
do filho filho Principais procedimentos
Aumentar o Análise do comportamento
envolvimento dos pais Extinção de comportamento
com a criança Reforçamento diferencial
Desanuviar o clima Treinamento em role play
na família
Passo 3 Desenvolver habilidade Banner Dispensar uma
Trabalhando para elogiar os Vídeo atenção
especificamente a comportamentos do Linha mental numérica diferenciada para
autoestima e o filho Apresentação e discussão pelos aumentar a
envolvimento no Envolver­‑se com participantes das observações e autoestima
programa atividades matemáticas dos resultados propostos para o Trabalhar com a
trabalho em casa linha mental
Principais procedimentos numérica
Análise do comportamento
Reforçamento diferencial
Ensaio comportamental
Passo 4 Desenvolver nos pais Banner Utilizar o reforço
Desenvolvendo o a utilização de ordens Vídeo social frente às
comportamento efetivas Apresentação pelos participantes respostas
de seguir Utilizar o reforço social das observações e dos resultados adequadas do filho
instruções contingente ao propostos para o trabalho Estabelecer
Promovendo a comportamento em casa contato com a
interação adequado Interação entre pais e professores escola e com os
família/escola Principais procedimentos professores
Análise do comportamento Alternar com as
Reforçamento diferencial atividades das
Treinamento tipo role play semanas
Ensaio comportamental anteriores

(continua)

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Psicologia de família 245

Tabela 20.5 Sequência do programa desenvolvido com pais de crianças com dificuldades de
aprendizagem da matemática

Sessão Objetivos da sessão Procedimentos e instrumentos Tarefas para casa


Passo 5
Oferecer informações Banner Identificar as
Abordando o
breves sobre como Vídeo expressões
cuidado infantil
solucionar problemas Apresentação pelos participantes utilizando os
preventivo
de comportamento das observações e dos resultados pictogramas em
Ensinando a “ler”
leves propostos para o trabalho situações naturais
o ambiente social
Desenvolver a em casa Alternar com as
habilidade de leitura Pictogramas atividades das
do ambiente social Principais procedimentos semanas anteriores
Análise do comportamento
Ensaio comportamental
Treinamento tipo role play
Ensaio comportamental
Passo 6 Trabalhar com os pais Banner Alternar com as
Desenvolvendo a a compreensão e a Vídeo atividades das
capacidade de utilização da Fôlder semanas anteriores
se expressar assertividade Apresentação pelos participantes Encerrar o
das observações e dos programa
resultados propostos para o Planejar o contato
trabalho em casa telefônico
Principais procedimentos sistemático
Análise do comportamento Distribuir o fôlder
Ensaio comportamental
Treinamento tipo role play
Reforçamento diferencial
Reunião final Pós­‑teste CBCL Manter a
SNAP­‑IV atenção aos
QSD comportamentos
do filho
Planejar o
acompanhamento
via telefone

de desenvolvimento de indivíduos portadores dos pais). No processo da avaliação, foram


de lesões ou disfunções do sistema nervoso identificados possíveis riscos considerando­‑se
central. a moradia (comunidade residencial com alta
Este capítulo apresentou alguns forma- frequência de tráfico de drogas, prisões, assas-
tos e uma breve orientação sobre modelos de- sinatos) e o déficit nas habilidades sociais
senvolvimentais que podem ser utilizados na educativas dos pais. Os resultados quantitati-
construção de novos programas de treina- vos apontaram efeito de intensidade modera-
mento de pais. Em sua estrutura, os progra- da, enquanto os resultados qualitativos apre-
mas em grupo devem procurar abarcar o per- sentaram várias respostas nas entrevistas de
fil da população a ser atendida e a queixa pós­‑teste indicando que os pais valorizaram
básica a ser trabalhada. positivamente o programa e os resultados ob-
tidos.
Programa 1: as principais questões considera-
das na elaboração do programa estavam rela- Programa 2: a avaliação inicial permitiu defi-
cionadas à disciplina dos filhos (queixa inicial nir o objetivo geral do programa e elaborar,

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246 Baptista, Teodoro & Cols.

durante processo, cada passo para trabalhar sucesso na tentativa de oferecer métodos cada
queixa específica. Por exemplo, a queixa ini- vez mais efetivos para uma melhor qualidade
cial estava relacionada com a oposição. de vida.

• objetivo geral: trabalhar questões relaciona-


das ao transtorno de oposição da criança; Questões para discussão
• objetivos específicos: atender à orientação 1. Relacione algumas estratégias que favore-
dos pais no seguimento de regra relaciona- cem o sucesso dos programas de treina-
da com o videogame, não provocar a irmã mento de pais frente aos enfoques tradi-
e cumprir as tarefas escolares. cionais das psicoterapias com crianças e
adolescentes.
Os resultados indicaram bom efeito, 2. Os programas de treinamento de pais têm
tanto quantitativo quanto qualitativo, do pro- sido indicados para abordar uma diversi-
grama. dade de comportamentos infantis:
Programa 3: ainda em fase inicial, prevê, além a) relacione algumas indicações;
da utilização de recursos didáticos como fôl- b) eleja uma das indicações e crie, a partir de
der, vidoeclipe e cartilha, a atuação de um hipóteses o esboço de um programa;
grupo controle, que permitirá uma análise 3. Webster­‑Straton (2005) procura identifi-
consistente dos resultados. car o surgimento de problemas de com-
portamento apresentados por crianças e
Para as perspectivas futuras, Skinner adolescentes e sugere um prognóstico em
(2000, p. 16) resume com maestria as dificul- decorrência de seu início. Discuta a im-
dades e exigências impostas aos cientistas do portância do diagnóstico precoce e sua re-
comportamento, nomeando de “engenhosi- lação com os programas de treinamento
dade” os mecanismos necessários para se tra- de pais.
balhar atendendo às exigências técnicas, “um 4. Critérios que permitam analisar empirica-
processo” que não pode ser facilmente imobi- mente esses programas são utilizados
lizado: considerando­‑se a possibilidade de análise
O comportamento é uma matéria difí- das estratégias e a avaliação dos resultados.
cil, não porque seja inacessível, mas porque é Quais são os recursos de que dispomos
extremamente complexo. Visto que é um pro- para realizar tal análise?
cesso, e não uma coisa, não pode ser facilmen- 5. A que se refere Skinner (2000) quando no-
te imobilizado para observação. É mutável, meia de “engenhosidade” os mecanismos
fluido e evanescente e, por essa razão, faz necessários para se trabalhar atendendo às
grandes exigências técnicas da engenhosidade exigências técnicas, “um processo” que não
e energia do cientista. Contudo, não há nada pode ser facilmente imobilizado?
essencialmente insolúvel nos problemas que
surgem desse fato.
Não há algo mais comum nem mais im- Referências
portante do que o comportamento humano.
Podemos considerar que é recente o investi- ACHENBACH, T.M. Integrative guide for the CBCL/4-18,
YSR, and TRF profiles. Burlington, VT: University of Ver-
mento e a utilização controlada de estratégias mont, 1991.
que contribuam para o bem­‑estar dos indiví- ANASTOPOULOS, A.D.; SHELTON, T.L.; BARKLEY,
duos. Considerando tal complexidade, as con- R.A. Family­‑based psychosocial treatments for children and
tribuições relevantes decorrentes de tantas adolescents with attention­‑deficit/hiperactivity disorder. In
áreas de pesquisa envolvidas com o compor- E.D. HIBBS & P.S. JENSEN (Orgs.). Psychosocial Treat‑
tamento humano e principalmente a relevân- ments for Child and Adolescent Dirorders: Empirically
Based Stratefies for Clinical Practice (pp. 327-350). 2ª Edi-
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