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Índice
Introdução ao conceito de
Esquema Precoce Mal-Adaptativo (EPM)
situações, tem uma qualidade compulsiva e são mais difíceis de controlar e de mudar.
Como se percebe, a evolução teórica relativamente à concepção de esquema
adoptada para os doentes do Eixo I, consiste na assunção de que aqueles que estão
subjacentes às perturbações do Eixo II operam numa base mais contínua no
processamento de informação. Em suma, as atitudes e comportamentos dos doentes
com perturbações de personalidade são sobregeneralizados, inflexíveis, imperativos e
resistentes.
Convém ainda salientar que, segundo as concepções de Beck, estes esquema,
ou crenças, estão presentes tanto nos indivíduos normais como naqueles com
psicopatologia. O que os distingue é que os segundos possuem-nos de uma forma
mais pronunciada, dando origem a um maior número de comportamentos
desadequados. Os indivíduos que desenvolvem psicopatologia serão aqueles cujos
esquemas são mais difíceis de controlar e que serão evocados em muitas mais
situações.
Ainda uma noção que importa reter é a de que os esquemas, muitos dos quais
são formados precocemente na vida, continuam a elaborar-se ao longo da evolução
do indivíduo e a determinar o seu tipo de interacções, mesmo quando já não são
consistentes com o seu contexto. E dito isto, é preciso salvaguardar que em
determinado momento da vida do indivíduo, o esquema foi importante para dar sentido
à situação no seio da qual se encontrava. A disfuncionalidade começa quando essa
estrutura de significado se perpetua, independentemente de já não ser consistente
com o contexto, dando por isso origem a erros, distorções e enviezamentos no
processamento de informação. Este procedimento é muitas vezes entendido como
sendo fruto da “consistência cognitiva”, a qual implica que se mantenha uma
determinada visão de si próprio, dos outros e do mundo, apesar de ser imprecisa e
distorcida. Em suma, importa reter a noção de que os esquemas podem ser
adaptativos ou mal-adaptativos, e de que podem formar-se na infância ou mais tarde
na vida.
Mais recentemente surgiram evoluções ao modelo de terapia e compreensão
proposto por Beck para os Distúrbios de Personalidade. Na década de 90 Jeffrey
Young sugeriu um novo modelo, conhecido como Terapia Focada nos Esquemas, o
qual deriva do reconhecimento da dificuldade em utilizar a Terapia Cognitiva Breve
com este tipo de doentes. Este autor postulava que alguns dos esquemas,
particularmente aqueles desenvolvidos inicialmente em virtude de experiência infantis
nocivas, estariam subjacentes aos Distúrbios de Personalidade, a alguns problemas
de temperamento mais brandos, e a muitos dos distúrbios crónicos do Eixo I. Foi com
o intuito de explorar esta ideia que ele definiu um subconjunto de esquemas, aos quais
correspondente a uns óculos velhos, a uns velhos sapatos confortáveis que, muito
embora estejam ultrapassados, não nos conseguimos livrar deles pelo facto de nos
apegarmos a estes ou a um programa de computador com vírus, entre outras. No
quadro I, exemplificamos um possível racional, estabelecendo um paralelismo com a
metáfora dos óculos velhos, muito utilizada em contexto clínico.
No âmbito da conceptualização esquemática do paciente importa atender à
distinção entre EPMs nucleares,
Exemplo de racional do EPM a dar ao doente
secundários e associados. Assim,
O esquema é uma crença extremamente forte acerca
no início do processo terapêutico
de nós mesmos, dos outros e do mundo, que aprendemos nos
é importante proceder a uma primeiros tempos de vida, a partir das relações com os outros e
correcta avaliação de “alvos” de diferentes experiências de vida, que funciona como um filtro
entre nós e a realidade. Esta crença, uma vez adquirida é
terapêuticos, identificando um ou assumida por nós como uma verdade absoluta que, portanto,
dois Esquemas Precoces Mal- não colocamos em causa, pelo que, sem que tenhamos disso
consciência, interfere na forma como vemos o mundo e como
Adaptativos nucleares, por onde
encaramos o dia-a-dia, desencadeando a vivência de níveis de
começar o processo de mudança. desconforto muito intensos. Assim, o esquema influencia as
Os Esquemas Nucleares nossas relações, o nosso desempenho e o nosso bem-estar
físico e mental. Pelas suas características, o esquema “luta
são caracterizados pelo facto de
pela sua sobrevivência”, resistindo às nossas tentativas de
desencadearem níveis elevados encarar a realidade de outra forma.
de afecto, estando subjacente aos Os esquemas funcionam como uns óculos velhos,
cuja graduação é presentemente inadequada, pelo que aquilo
problemas de vida mais sérios e que vemos através destes, muito embora não nos
duradouros da vida do paciente, apercebamos, se encontra distorcido. Assim, apesar de
estarmos habituados e nos sentirmos confortáveis utilizando
estando ligados,
diariamente os óculos antigos, será positivo encontrar uma
fundamentalmente aos problemas nova graduação, mais consonante com as nossas
desenvolvimentais mais sérios, necessidades e, na verdade, com a própria realidade.
Dois autores - a saber, Elliott e Lassen (1997 in Young et al, 2003), sugerem
que para cada EPM proposto por Young, existe um esquema adaptativo
Abandono / Instabilidade
Diz respeito à percepção de instabilidade ou de incerteza quanto à
disponibilidade daqueles que são fonte de suporte e de ligação/afiliação. Envolve a
sensação de que os outros significativos não conseguirão continuar a fornecer suporte
emocional, afiliação, força e protecção, por numerosas razões: devido ao facto de
serem emocionalmente instáveis e imprevisíveis, por não se poder contar com eles ou
por não estarem presentes quando precisamos deles; porque podem morrer a
qualquer momento; ou porque podem abandonar o indivíduo em favor de alguém
melhor.
Como consequência desta forma de ver o mundo/os outros, os indivíduos com
este esquema vivem na apreensão constante de perder aqueles que lhe são queridos,
estando por isso hipervigilantes a sinais que possam indicar a sua possível perda.
Nesse sentido, exibem frequentemente comportamentos do tipo possessivo, como
apegar-se demasiadamente às pessoas ou tornar-se controlador em relação aos
outros, chegando a acusá-los de o quererem deixar. A presença do esquema pode
também levar a que a pessoa se torne ciumenta e manifeste competitividade para com
aqueles que ela entende serem seus rivais.
As emoções mais comuns, provocadas pela activação deste esquema, são a
ansiedade crónica (sustentada pelo tema da perda eminente dos outros), a tristeza e a
depressão quando de facto ocorre uma perda - ainda que esta possa ser apenas
percebida e não efectiva. Nestas circunstâncias, são ainda despoletadas emoções do
tipo da cólera ou da raiva para com a pessoa que a abandonou, podendo, na sua
forma mais intensa, chegar a atingir a fúria. De salientar que os pacientes com
esquema de abandono podem zangar-se mesmo quando as pessoas os deixam
apenas por curtos períodos de tempo.
A escolha desadaptativa do parceiro, enquanto processo de manutenção do
esquema, manifesta-se pela eleição de companheiros que, pelas suas contingências,
são inconstantes e/ou têm uma grande probabilidade de abandonar a relação (ex.:
pessoas comprometidas ou extremamente ocupadas). Será este o tipo de pessoas
que tipicamente surtem um sentimento de atracção por parte daqueles que possuem o
esquema tratado, chegando estes a apaixonarem-se perdidamente pelos primeiros.
Pode também ocorrer, enquanto forma de impedir a activação do esquema,
que estes sujeitos evitem toda e qualquer tipo de relação íntima, protegendo-se desta
forma do potencial abandono.
Não raras vezes, o Esquema de Abandono surge aliado a outros EPMs. Um
deles é o Esquema de Subjugação: os indivíduos acreditam que se não cederem
persistentemente à vontade dos outros, aqueles o podem abandonar. Nesse sentido
tornam-se submissos, como forma de garantir a perpetuação dos laços com os outros
significativos para si. Também o Esquema de Defeito surge frequentemente associado
a este, uma vez que o paciente tende a acreditar que será abandonado quando
aqueles que lhe são queridos descobrirem os seus defeitos. Por fim, o Esquema de
Dependência/Incompetência surge também ocasionalmente associado ao aqui
tratado, consubstanciado na crença que os pacientes alimentam de que serão
incapazes de sobreviver sozinhos.
A presença do Esquema de Abandono coloca alguns desafios à terapia, na
medida em que o tema da separação é frequentemente levantado, quer pelo final de
uma consulta, pelas férias do terapeuta ou simplesmente pela mudança de uma data
de consulta. Nestes momentos é possível assistir à activação do esquema sob a forma
de receio ou irritação por parte do doente. Estes episódios devem ser aproveitados
enquanto “material” a ser trabalhado entre ambos, através da confrontação empática.
Ou seja, o terapeuta deve explicar ao paciente que estas são boas experiências para
desconfirmar aquela crença, na medida em que, apesar de compreender o seu receio,
a verdade é que a separação física de ambos não significa que não continuem ligados!
Além disso, o terapeuta irá voltar e desta forma, reencontrar o doente.
Todavia existem outras formas do Esquema de Abandono se manifestar em
consulta. Uma das variantes consiste no paciente revelar-se demasiadamente
complacente, procurando desta forma que o terapeuta não o deixe. Aquele, “veste” um
papel de bom doente, mas que não é genuíno.
Numa outra variante, os pacientes podem rodear demasiadamente o terapeuta,
procurando-o com muita frequência, mesmo no intervalo entre as consultas, quer para
buscar apoio, quer simplesmente para ter a oportunidade de falarem novamente.
Os pacientes evitantes revelam uma postura precisamente oposta. Podem
tornar-se erráticos na assiduidade às consultas, mostrando-se relutantes a respeitar
uma frequência regular, assim como podem abandonar precocemente a terapia, com o
intuito de não se apegarem demasiadamente ao terapeuta.
Por fim, uma última variante da forma como o esquema de abandono se
retracta na relação terapêutica, diz respeito às tentativas do paciente para testar o
clínico. Isto pode ser feito, quer através de ameaças de abandono da terapia, quer por
via de acusações de que o terapeuta tenha o intuito de ser ele a abandoná-la.
Há ainda um risco, proveniente do trabalho com doentes com Esquema de
Abandono, que importa salientar. É possível que estes façam do terapeuta a figura
central do seu mundo, em vez de desenvolverem relações interpessoais saudáveis,
capazes de os dotarem de estabilidade emocional. Obviamente, este não é de todo o
objectivo último da terapia, constituindo-se, pelo contrário, como a solução anti-
terapêutica para o esquema. O trabalho com estes doentes deve, portanto, ir no
sentido de os preparar para estabelecer relações de confiança no seu meio familiar e
social.
Desconfiança/Abuso
Consiste numa expectativa de que os outros irão magoar-nos, abusar de nós,
humilhar-nos, trair-nos, mentir-nos, manipular-nos ou aproveitar-se de nós.
Habitualmente, envolve a percepção de que o mal é intencional ou resultado de uma
negligência extrema e injustificada. Pode incluir a sensação de que se acabará sempre
por ser traído ou de que se sairá sempre a perder, independentemente das
circunstâncias.
Em virtude desta crença, os pacientes com este esquema não admitem que os
outros possam ser genuinamente honestos e agir com boas intenções, de boa fé,
envergando por isso uma postura defensiva e desconfiada. As suas interpretações
podem oscilar entre dois pólos: achar que as pessoas só se interessam por si próprias
e portanto não se importam de passar por cima dos outros para conseguirem o que
querem; ou acreditar que os outros os querem prejudicar deliberadamente, por serem
cruéis e sádicos. Na vivência mais extrema deste esquema, os pacientes podem achar
que os outros os querem torturar e abusar sexualmente.
Daqui se compreende que estes indivíduos tendam a evitar as relações
íntimas, e não compartilhem os seus pensamentos e emoções com os demais. Pode
mesmo acontecer que sejam eles primeiramente a enganar e a abusar de terceiros,
numa lógica de atacar para não ser atacado (“enganá-los antes que eles me enganem
a mim”).
De uma maneira geral, poder-se-á dizer que os comportamentos típicos destes
sujeitos oscilam entre o desempenho do papel de vítima e o de abusador.
Relativamente à escolha de parceiros, assistimos frequentemente à selecção
de companheiros que são eles mesmos abusadores, seja física, psicológica ou
sexualmente. Podemos também observar o oposto, ou seja, ver estes indivíduos
desempenharem eles mesmos o papel de abusadores na relação. Há ainda a
possibilidade de que os pacientes, com o esquema aqui tratado, se invistam da função
de “salvadores” de pessoas abusadas.
Uma atitude não menos comum é a expressão de raiva que estes sujeitos
dirigem àqueles que vêem como abusadores.
O comportamento des1tes indivíduos, devido à sua busca incessante por
provas e pistas que esclareçam acerca da lealdade dos outros, aparece-nos muitas
vezes como paranóide, fruto da distorção no processamento de informação a que eles
involuntariamente se sujeitam enquanto reúnem “evidências” das más intenções dos
outros.
O Esquema de Desconfiança/Abuso, a par com o anteriormente descrito, são
habitualmente aqueles que mais tempo exigem para serem tratados. Não constituindo
completamente uma surpresa, a primeira dificuldade que ele coloca à terapia reside
na possível falta de confiança que o paciente pode expressar, no terapeuta. À
semelhança do que acontece nas demais relações interpessoais, o doente pode
encontrar alguma dificuldade em confiar no clínico e desta forma pôr em risco a
relação terapêutica, que pretende ser ela mesma desconfirmatória do esquema.
Particularmente se o indivíduo apresentar comportamentos compensatórios rígidos,
pode manter a distorção que faz habitualmente, não sendo por isso capaz de confiar
suficientemente no terapeuta para se abrir e consequentemente sujeitar-se a ser
tratado. Independentemente das estratégias eleitas pelo clínico, o paciente poderá
distorcer constantemente as suas intenções, no sentido de confirmar o seu próprio
EMP.
Privação Emocional
Expectativa de que as nossas necessidades emocionais não serão
adequadamente satisfeitas pelos outros. Os três principais tipos de privação consistem
em:
A) Privação de Apoio e Cuidados: ausência de atenção, afecto, carinho ou
companheirismo; os indivíduos sentem que não têm ninguém que cuide deles com
especial dedicação, que os conforte e lhes dê amor; sentem que não têm ninguém que
se importe verdadeiramente com eles.
B) Privação de Empatia: ausência de compreensão, escuta, abertura ou
partilha mútua de sentimentos por parte dos outros; crença de que ninguém os escuta
realmente, ou os tenta compreender na essência das suas queixas.
C) Privação de Protecção: ausência de força, direcção e orientação por parte
dos outros; sentimento de que apesar de prestarem frequentemente apoio e protecção
aos outros, não possuem eles mesmos ninguém para os proteger e orientar.
Young et al (2003) referem-se a este esquema como sendo possivelmente
aquele que com mais frequência surge em consulta. Tipicamente os pacientes chegam
tristes, sentindo-se amargurados e deprimidos, sem no entanto serem capazes de
identificar as razões desse estado de espírito. Podem também surgir com queixas e
sintomas vagos ou pouco claros, que vêm mais tarde a revelar-se estarem
relacionados com este esquema.
De uma forma geral, estes pacientes sentem-se incompreendidos e sozinhos
no mundo, uma vez que não esperam que ninguém seja capaz de satisfazer as suas
necessidades emocionais e de os compreender, o que se estende ao terapeuta. Neste
sentido podem sentir-se vazios, enganados no amor, bem como invisíveis para os
outros.
Existe um conjunto de comportamentos, que derivam da presença do Esquema
de Privação Emocional, tais como: não expressar o seu desejo por carinho e conforto
emocional; falar pouco de si próprio, preferindo interpelar os outros acerca das suas
vidas; fazer-se passar por mais forte do que é na realidade; e ainda, reforçar o próprio
Defeito/Vergonha
Sentimento de que se é “um defeito”, mau, indesejado, inferior ou sem valor
quando se trata de coisas importantes; ou de que não se seria amado por outros
significativos se se expusesse tal como é. Pode envolver uma série de atitudes, a
saber: hipersensibilidade à crítica, à rejeição e à culpa; uma consciência de si
aumentada quando está perto dos outros, bem como comparações e insegurança;
e/ou uma sensação de vergonha relativamente aos defeitos percepcionados.
Isolamento Social
Sentimento de que se está isolado do resto do mundo, de que se é diferente
das outras pessoas, e/ou de que não se faz parte de qualquer grupo ou comunidade.
Os pacientes com este esquema sentem que são postos de parte, e que olham
o ambiente de uma posição exterior ao mesmo. Os comportamentos tipicamente
encontrados nestes pacientes são, por exemplo, esta postura de ficar na periferia ou
mesmo evitar por completo os grupos sociais, manifestando preferência pelo
Dependência/Incompetência
Emaranhamento/Eu Sub-Desenvolvido
Quando este tipo de doente entra na consulta o terapeuta observa um sujeito
de tal forma emaranhado com outro, que é difícil saber onde é que a identidade do
paciente começa e a do outro emaranhado acaba. Esta outra pessoa é normalmente
um parente, figura parental ou qualquer outra pessoa significativa do doente (pai,
irmão, patrão, melhor amigo, etc). Os sujeitos com este esquema sentem uma ligação
emocional muito forte com estas figuras. Este vínculo especial conduz a diversas
dificuldades no processo de individualização/autonomia do paciente. A título de
exemplo, um doente contou ao terapeuta que a sua mãe o desaconselhou a casar,
afirmando “eu sei o que é melhor para ti, afinal de contas sempre estive presente nas
tuas relações”. Muitos destes sujeitos acreditam que nem eles próprios, nem o outro
sujeito emaranhado conseguiriam sobreviver um sem o constante apoio do outro.
Estes doentes têm a percepção de que necessitam desesperadamente do outro
sujeito para viver. Para além disto sentem uma enorme ligação com a figura parental,
quase como se de uma só pessoa se tratasse (ex. podem sentir que lêem a mente um
do outro, que pressentem o que a outra pessoa quer, mesmo sem esta pedir). Acham
também que não devem existir barreiras para com esta pessoa especial, sentindo-se
muito desconfortáveis quando estas são criadas. Do mesmo modo, contam tudo à
outra pessoa, esperando que esta tenha o mesmo comportamento.
O esquema não só é composto por esta componente de emaranhamento,
como também pela do eu subdesenvolvido. Esta falta de individualização leva a que
estes doentes se sintam muitas vezes como vazios e à deriva no mundo. Isto acontece
Fracasso
Pacientes com este esquema acreditam ter falhado, que irão inevitavelmente
fracassar relativamente aos seus pares em áreas como: carreira, estabilidade
económica, status, realização escolar ou desporto. Estes sujeitos sentem-se
fundamentalmente inadequados comparativamente com os seus semelhantes (mais
estúpidos, inaptos, ignorantes). Sentem também que lhes intrinsecamente falta a
chave para o sucesso, seja ela qual for.
Comportamentos típicos destes doentes incluem a submissão ao esquema,
(sabotando-se a si próprios ou tendo performances medianas), evitamentos
(procrastinação ou não realizar a tarefas), assim como comportamentos
Grandiosidade/Limites indefinidos
Um dos pressupostos base destes doentes é o de que são especiais. Estes
pacientes têm a percepção de que são superiores aos outros. Como se sentem parte
duma elite particular sentem-se também no direito de ter direitos e privilégios
especiais. Estes pacientes não se regem pela regra base da interacção humana que é
a da igualdade entre os seres humanos. Estes doentes tentam controlar o
comportamento dos outros, de forma a satisfazem os seus próprios propósitos. Para
além disto não sentem qualquer empatia para com os outros ou com as necessidades
destes, tendo comummente actos de egoísmo e grandiosidade para com estes. Este
tipo de doentes insiste na ideia de que pode dizer ou fazer o que quer, sem ter em
conta os direitos dos outros.
Comportamentos típicos destes doentes podem ser: competitividade excessiva,
postura altiva, domínio das outras pessoas, forçar o seu ponto de vista.
Antes de mais é importante referir que o esquema de limites indefinidos se
pode formar de duas formas: a pura e a frágil. Na forma pura a criança é muito
mimada na infância. Os pais incutem poucos limites na criança, não estimulando o
respeito pelas necessidades e direitos dos outros. Desta forma a criança não
desenvolve o princípio básico da reciprocidade das relações. No entanto a criança não
é negligenciada ou rejeitada. Desta forma o esquema de limites indefinidos não é
compensatório.
Subjugação
A característica base destes doentes é permitir que os outros os dominem.
Assim sendo, rendem-se à vontade das outras pessoas com medo de retaliação,
punição e/ou abandono. Existem dois tipos de subjugação, a primeira é a de
necessidades, em que suprimem as suas preferências, decisões e desejos; a segunda
diz respeito às emoções em que os doentes reprimem os seus sentimentos,
especialmente a raiva.
O esquema envolve a percepção de que as necessidades e sentimentos do
paciente não são válidas nem relevantes para os outros. Na maioria das vezes este
padrão leva a uma acumulação de raiva que se manifesta em comportamento passivo-
agressivo, explosões incontroláveis de raiva, sintomas psicossomáticos, teatralidade e
abuso de substâncias.
Este tipo particular de doentes apresenta um estilo de coping particular, que os
faz submeter ao esquema. Eles são demasiado condescendentes, assim como
hipersensíveis ao facto de se sentirem encurralados. Concludentemente sentem-se
ameaçados, abusados e indefesos. As figuras de autoridade são percepcionadas
como mais fortes e poderosas, logo os pacientes têm de se defender delas. Neste
sentido o esquema implica um grande nível de medo por parte dos doentes. A
subjugação não se baseia em valores internalizados, mas sim no medo de retaliação,
punição e/ou abandono. Usualmente este esquema conduz a comportamentos de
evitamento. Os pacientes evitam situações onde outras pessoas os possam controlar
ou onde se possam sentir encurralados. Isto leva a que alguns doentes evitem
relações amorosas pois consideram-nas claustrofóbicas. De forma compensatória ao
Auto-Sacrifício
Assim como nos doentes com o esquema de subjugação, os com o esquema
de auto-sacrifício focalizam-se excessivamente nas necessidades e desejos dos
outros, em detrimento das suas. Mas ao contrário do que foi descrito no esquema
acima, estes doentes experienciam o seu auto-sacrifício de forma voluntária. Fazem-
no porque querem impedir que os outros fiquem magoados, para evitar que eles
próprios se sintam culpados ou de forma a manter uma relação significativa com
outrem. Este esquema usualmente resulta daquilo a que denominamos temperamento
excessivamente empático, ou seja, uma sensibilidade excessiva do sofrimento dos
outros. Alguns doentes “sentem” a dor dos outros de forma tão intensa que estão
altamente motivados para aliviá-la ou preveni-la. O auto-sacrifício muitas vezes implica
um excessivo sentido de responsabilidade pelos outros.
agora abotoa a camisa antes de a pendurares”. Nesse momento a doente largou o que
estava a fazer e daí em diante passou a cuidar unicamente da limpeza das suas
coisas.
Uma questão a ter em conta com este esquema é que o auto-sacrifício é
valorizado culturalmente (ex. religião). Mais uma vez é preciso realçar que o auto-
sacrifício não é disfuncional se for dentro de certos limites. Quando é excessivo pode
criar problemas como explosões de raiva, sintomas psicossomáticos, sentimentos de
privação emocional ou outras condições emocionais.
Procura de aprovação/reconhecimento
Estes pacientes colocam uma enfâse excessiva na obtenção de aprovação
e/ou reconhecimento pela parte dos outros, em detrimento da expressão das suas
necessidades emocionais e características pessoais. Como usualmente estão
excessivamente focados nas reacções dos outros, raramente dão caso das suas,
fazendo com que não consigam desenvolver um sentido estável e intrínseco de si
mesmo (self).
Existem dois tipos de pacientes com este esquema, os que querem que todos
gostem deles, de forma a serem aceites e os que procuram admiração e
reconhecimento. Usualmente os últimos são doentes narcísicos, valorizando o status,
a aparência, o dinheiro ou a realização pessoais como formas de obter admiração por
parte dos outros.
Ambos os tipos estão excessivamente focalizados na procura de
reconhecimento e mérito. Young et al destacam, em 2003, o exemplo de uma jovem
paciente. Segundo palavras desta doente, “Está a ver aquelas mulheres, pelas quais
passamos diariamente na rua, que parecem ter uma vida estupenda? A vida delas até
pode ser horrível mas quando passamos por elas temos a nítida sensação que têm
uma vida fantástica. Eu se tivesse que escolher, preferiria ter essa aparência do que
não a ter e ser feliz”.
A busca de reconhecimento está algumas vezes ligada ao esquema de
privação emocional. No entanto alguns doentes podem ter sido acarinhados na sua
infância e desenvolver, de igual modo, o esquema. Isto normalmente acontece porque
embora os pais sejam muito afectuosos, também estão muito preocupados com as
aparências. As crianças destas famílias sentem-se amadas pelos pais mas não
conseguem desenvolver um sentido de identidade intrínseco. Para estas pessoas o
seu self está directamente ligado à opinião dos outros. Os pacientes narcísicos são a
forma mais extremada deste esquema. Em formas mais medianas, nas quais os
Sobrevigilância e Inibição
Negativismo/Vulnerabilidade ao Erro
Estes doentes são principalmente negativistas e pessimistas. Focalizam-se
excessivamente nos acontecimentos negativos da sua vida (ex. morte, dor, perda,
frustração, traição, fracasso, conflito), minimizando quase sempre os positivos. Têm
também expectativas negativas relativamente à maioria das situações futuras. Estes
sujeitos sentem-se particularmente vulneráveis às más decisões, pensando sempre
que estas os conduzirão dalguma forma ao colapso financeiro, a perdas significativas,
à humilhação social ou à perda de controlo. Passam muito tempo a tentar certificar-se
de que não cometem erros, tendo propensão para ruminações obsessivas.
Estes pacientes normalmente são muito ansiosos. Tensão crónica e
preocupação são sentimentos típicos deste tipo de pacientes, enquanto que os
comportamentos mais frequentes incluem queixas sucessivas e indecisão. Por vezes é
complicado estar perto destes doentes pois estão sempre a realçar os aspectos
negativos dos factos.
A intervenção terapêutica vai depender da forma como o técnico conceptualiza
a origem do esquema. Primariamente este esquema é aprendido por modelamento,
internalizando a atitude de outra pessoa. Ou seja, o paciente adquiriu a sua visão
negativa/pessimista de ver o mundo através de um progenitor/parente seu. O trabalho
experiencial é particularmente eficaz com este tipo de doentes. A imagery e o role-
playing colocam, inicialmente o terapeuta e depois o doente, o adulto saudável a lutar
com o parente pessimista. O objectivo deste confronto é assegurar e reconfortar a
criança.
Uma segunda forma do esquema se constituir resulta de situações de perda
e/ou acontecimento penosos durante a infância do paciente. Nestes casos os doentes
são pessimistas porque passaram por muitas adversidades durante a sua infância. Um
paciente de nove anos, cujo pai tinha falecido anos antes disseram “ não me tente
dizer que coisas más não acontecem porque eu sei que elas acontecem!”. Muitos
destes doentes precisam de fazer o luto de acontecimentos passados. Quando o
infortúnio é a origem dos esquemas todas as estratégias são importantes (cognitiva,
comportamental e experiencial).
Este esquema também pode ser uma compensação do esquema de privação
emocional. Neste caso o doente “queixa-se” como forma de chamar a atenção. Assim
sendo, o terapeuta deve ignorar os comentários pessimistas do doente e focalizar-se
antes nos sentimentos de privação, através da reparentização do doente.
Gradualmente o paciente aprende formas mais saudáveis de lidar com a sua privação
emocional, primeiro com o terapeuta e depois com as pessoas fora da terapia.
Inibição Emocional
Estes pacientes apresentam restrição emocional e são excessivamente inibidos
no que diz respeito à discussão e expressão das suas emoções. Não são emocionais,
expressivos ou espontâneos. Normalmente não exteriorizam manifestações de
carinho, conforto e evitam as explosões de raiva. Muitos destes paciente valorizam o
auto-controlo em detrimento da intimidade própria à interacção humana. Receiam que
ao mostrar o que sentem, possam perder completamente o controlo. Outras possíveis
consequências deste comportamento poderão ser: vergonha extrema, punição ou
abandono. Normalmente este controlo excessivo estende-se a outros significativos,
tentando prevenir que as outras pessoas ao seu redor expressem as suas emoções,
especialmente se estas forem intensas.
Estes pacientes inibem emoções saudáveis que são naturais ao modo criança
espontânea. Ao longo do seu crescimento as crianças aprendem a dominar as suas
sujeitos a aceder ao seu lado saudável que quer combater o esquema e expressar-se
emocionalmente.
Padrões Excessivos/Hipercriticismo
Pacientes com este esquema destacam-se por ser muito perfeccionistas. Estes
sujeitos têm como lema alcançar objectivos cada vez mais altos. Os pacientes que
procuram aprovação/reconhecimento baseiam o seu comportamento em função da
reacção dos outros (valorização externa), enquanto que os objectivos dos sujeitos
rígidos são internos. Estes doentes lutam para alcançar determinadas metas porque
“devem” fazê-lo e não para ganhar a aprovação dos outros. Eles não se importam se
as outras pessoas sabem ou não que concretizaram determinado objectivo. Por vezes
pode acontecer que o paciente tenha estes dois esquemas em simultâneo. Assim
sendo, o doente vai tentar alcançar objectivos muito altos quer para agradar aos
outros, quer para se satisfazer a si próprio.
Estes sujeitos vivem segundo uma pressão inexorável. Vivem presos na ideia
de que há muito para fazer e muito pouco tempo para o realizar. Uma consequência
comum deste modo de funcionamento é a exaustão. Embora a perfeição seja
praticamente impossível estes sujeitos tendem interminavelmente a esforçar-se cada
vez mais. Não obstante toda a dedicação prestada o sujeito vive constantemente com
muito medo de fracassar, o lhe causa muita ansiedade. O fracasso para pessoas com
este esquema implica que o trabalho esteja “apenas” a 95%, em vez de a 100%. Estes
sujeitos são geralmente muito hipercríticos acerca de si próprio e dos outros. Como
para eles as coisas nunca são feitas nem na forma nem no tempo ideal, geralmente
são sujeitos facilmente irritáveis. Normalmente os sujeitos rígidos são viciados no
trabalho (workaholics), trabalhando incessantemente em prol dos seus interesses
particulares (escola, trabalho, aparência, performance atlética, saúde, etnia, casa, etc).
Como perfeccionistas que são, prestam excessiva atenção aos pormenores, e
geralmente não conseguem aperceber-se de que a sua performance é superior à
norma. As suas regras rígidas aplicam-se a inúmeros campos da sua vida, como por
exemplo aos seus padrões éticos, culturais e religiosos. O pensamento dicotómico
está quase sempre presente nestes pacientes (“ou tenho sucesso ou vou falhar
redondamente”). Raramente tiram gratificação do sucesso obtido pois geralmente já
estão embrenhados noutro projecto. Outra característica destes sujeitos é que
raramente vêem o seu desempenho como perfeccionista. Os seus padrões de
exigência parecem-lhe normais, limitando-se a fazer o que lhes pedem.
Normalmente o doente reconhece que tem um padrão desadaptativo quando
algum campo da sua vida tem problemas (derivados do esquema). Isto pode traduzir-
Punição
Estes doentes acreditam que as pessoas em geral, incluindo o próprio sujeito,
devem ser punidas pelos seus erros. Para além disso, são moralistas, intolerantes e
têm muita dificuldade em perdoar quer o seu erro, quer o dos outros. Acreditam que as
falhas não devem ser perdoadas mas sim punidas. Para estes pacientes não existem
desculpas, nem factores atenuantes. Não aceitam a imperfeição inerente ao ser
humano e sentem dificuldade em empatizar com os que erram. A palavra misericórdia
não existe no seu vocabulário.
A melhor forma de identificar este esquema é através do tom punitivo e
acusatório que estes sujeitos utilizam quando falam de alguém que errou.
Normalmente esta voz tem origem num parente próximo, que utilizava o mesmo
registo vocal. Este continha a mesma necessidade implacável de punição. O tom
acusatório não desaparece enquanto o “culpado” não for castigado. Frequentemente a
punição é mais severa do que o “crime” cometido. Uma imagem que exemplifica este
esquema é a da rainha de copas, no conto Alice no País das Maravilhas, a gritar
“Cortem-lhe a cabeça”. Para pessoas com carácter punitivo qualquer erro deve ser
punido de forma extrema e indiscriminada.
Este esquema está regularmente relacionado a outros esquemas,
especialmente os de limites rígidos e defeito. Os sujeitos com carácter punitivo e
limites rígidos, em vez de atenuarem o impacto dos seus erros, punem-se por estes.
Os esquemas que se desenvolvem mais cedo e que são os mais rígidos são
geralmente originados no seio da família nuclear. Neste período, a dinâmica da família
da criança sobrepõe-se, em larga medida, à dinâmica do mundo da criança na sua
globalidade, uma vez que a criança não tem provavelmente acesso, durante esta fase,
a outras formas de funcionamento. Outras influências, como os pares, a escola,
grupos na comunidade e a cultura circundante, tornam-se progressivamente mais
importantes à medida que a criança cresce, podendo, também estes contextos,
conduzir à formação de EPMs. De destacar, contudo, que os esquemas que se
desenvolvem em idades mais tardias não são, regra geral, tão poderosos ou rígidos,
comparativamente com os que se desenvolvem durante as idades mais precoces. O
esquema de Isolamento Social/Alienação é um exemplo de um esquema que
habitualmente se desenvolve numa fase tardia da infância ou mesmo na adolescência
e que geralmente não reflecte a dinâmica da família nuclear.
A capacidade da criança para satisfazer as necessidades emocionais
nucleares referidas é influenciada não só por variáveis familiares (ex. estilo parental) e
sócio-culturais (ex. experiências de socialização com os pares), mas também pelo
temperamento emocional da criança, que, desde cedo, estabelece uma forte
interacção com as primeiras.
De salientar que o temperamento emocional da criança não só interage com
acontecimentos dolorosos, com ocorrência durante a infância, como também
diferentes temperamentos expõem selectivamente a criança a diferentes
circunstâncias de vida. Por exemplo, uma criança disposicionalmente agressiva
tenderá, com maior facilidade, a desencadear o abuso físico de um pai violento do
que uma criança disposicionalmente passiva e sossegada. Por outro lado, diferentes
temperamentos emocionais tornam as crianças diferenciadamente vulneráveis a
acontecimentos de vida semelhantes. Duas crianças podem, efectivamente, reagir de
forma muito diferente a um mesmo tipo de tratamento parental. Consideremos o
exemplo de duas crianças que são sistematicamente rejeitadas pela figura materna. A
criança tímida tenderá a isolar-se do mundo exterior e, por conseguinte, a tornar-se
progressivamente mais dependente da figura materna. A criança com traços
temperamentais de sociabilidade mais marcados tenderá provavelmente a orientar-se
para o mundo exterior e, como resultado desse movimento, a estabelecer outros
relacionamentos, naturalmente mais satisfatórios.
Não obstante a importância do temperamento emocional da criança, tem-se
observado que ambientes extremamente favoráveis ou aversivos podem minimizar ou
tornar nula a influência do primeiro na formação de EPM. Por exemplo, o contacto
precoce com um ambiente familiar seguro e afectuoso poderá transformar, mesmo
Rendição ao Esquema
Evitamento do Esquema
Compensação do Esquema
Desconfiança/ Selecciona parceiros Evita tornar-se vulnerável Usa e abusa dos outros
abusivos e permite que e confiar em alguém; (“abusar antes que
Abuso
estes o sejam guarda segredos abusem de mim…”)
Privação Emocional Selecciona parceiros que Evita todas as relações É emocionalmente
emocionalmente sejam íntimas exigente com os
insatisfatórios e não parceiros e amigos
requere que estes íntimos
satisfaçam as suas
necessidades
Defeito/ Selecciona amigos Evita expressar Aparenta ser perfeito,
críticos e que o rejeitem; pensamentos e enquanto critica e
Vergonha
autodesvaloriza-se sentimentos verdadeiros rejeita os outros
e evita que os outros se
aproximem
Isolamento Em encontros sociais Evita situações sociais e Torna-se um
Social/Alienação foca-se, exclusivamente, grupos “camaleão” para se
nas diferenças para com enquadrar em vários
os demais, em vez de grupos
atender às semelhanças
Dependência/ Pede a pessoas Evita encetar novos Torna-se tão “auto-
significativas (pais ou desafios, como aprender confiante” que não
Incompetência
esposa) para decidir a conduzir pergunta nada a
aspectos importantes do ninguém
seu quotidiano (pagar (contradependência)
contas, fazer compras…)
Vulnerabilidade ao Atende, de forma Evita locais que não Age de forma
Mal e à Doença obsessiva, a catástrofes sejam “totalmente imprudente, sem
e antecipa-as no seu seguros” atender ao perigo
quotidiano (contrafobia)
Emaranhamento/ Conta tudo aos pais, Evita a intimidade; Tenta tornar-se o
mesmo quando adulto; permanece independente oposto de outros
Eu Sub-Desenvolvido
vive através do parceiro significativos de todas
as formas
Fracasso Executa as tarefas de Evita totalmente tarefas Define objectivos com
forma descuidada e desafiantes; resigna nos base em expectativas
desinteressada trabalhos irrealistas e age com
base nesse padrão
Grandiosidade Vangloria-se dos seus Evita situações em que Atende,
próprios feitos e não é superior, mesmo excessivamente, às
“atropela”os outros que aquelas em que é necessidades dos
interferem com eles mediano outros
Auto-Disciplina/Auto- Desiste facilmente de Evita aceitar Tornar-se
Controlo Insuficientes tarefas rotineiras responsabilidades excessivamente auto-
controlado ou auto-
disciplinado
Subjugação Permite que outros Evita situações que Revolta-se contra o
indivíduos controlem possam envolver conflitos autoritarismo
situações e tomem com outros
decisões
Auto-Sacrifício De forma excessiva, dá Evita situações que Dá o mínimo possível
muito aos outros e não envolvam dar ou pedir aos outros
exige nada em troca
Quadro III – Exemplos de manutenção, evitamento e compensação para cada um dos EPMs (adap. Young et al¸ 2003)
que se tornam difíceis para o paciente” (Young, 1990, p. 26). A reparentização limitada
implica que o terapeuta procure, dentro dos constrangimentos inerentes à relação
terapêutica, colmatar as necessidades nucleares que resultaram daquilo que os
pacientes não obtiveram dos seus pais enquanto crianças.
A diversidade de constituições esquemáticas, inerente à multiplicidade de
diagnósticos e às próprias características intrínsecas dos doentes, leva a que, no
sentido de potenciar o sucesso da psicoterapia, o terapeuta deva conceptualizar, a
priori, a forma como implementará a relação, de forma a torná-la (verdadeiramente)
terapêutica, capitalizando o valor que esta terá no contexto terapêutico.
Assim, cada paciente, independentemente de eventuais semelhanças
esquemáticas com outros doentes, requer uma abordagem própria no que concerne à
efectivação da relação terapêutica, para que esta se constitua como “ingrediente”
fulcral na “receita psicoterapêutica”, para a qual não há receitas rígidas e inflexíveis.
1
Beck et al (1967) referem que o rapport constitui um acordo harmonioso entre terapeuta e
paciente. Quando um terapeuta experimenta um senso de rapport, ele interessa-se pelo
paciente e importa-se com ele, envolvendo também uma certa liberdade, segurança de
comunicação e uma componente empática, potenciando a efectividade da relação terapêutica e
da própria intervenção.
paciente? Se não o faz, porque razão é que acontece? Será que o trabalho com o
paciente activa algum esquema do terapeuta? Qual ou quais? Como é que o terapeuta
lida com esse facto? Estará o terapeuta a agir de forma potencialmente arriscada para
o paciente? Como é que o terapeuta perspectivaria a realização de trabalho de
imagery com o paciente? Como se sentiria o terapeuta sobre a possibilidade de lidar
com as emoções do paciente, como pânico, raiva ou tristeza? Conseguirá o terapeuta
confrontar empaticamente os esquemas do paciente assim que eles surjam no
processo terapêutico? Será o terapeuta capaz de assegurar a reparentização que o
paciente necessita?
Segundo Young (1990, 1999), a identificação dos EPMs deve ser realizada ao
longo de oito etapas:
Estratégias de Activação
A) Técnicas de Imagerie
O terapeuta, utilizando técnicas imagéticas, introduz uma cena
activadora para o paciente, que, de olhos fechados, a imagina, de forma a identificar
produtos cognitivos que dela decorram e a “fornecer” informação para ser,
posteriormente, trabalhada.
B) Acontecimentos Actuais
Analisar situações da vida do paciente, que se revistam de uma
carácter perturbador e às quais o paciente dê importância, de forma a perceber qual o
significado que o paciente lhes atribui. Neste processo o terapeuta deverá estar atento
à activação emocional que possa surgir dessa descrição.
D) Relação Terapêutica
Através da relação privilegiada que se estabelece entre o
terapeuta e paciente, é possível debater acontecimentos relevantes, nomeadamente
aqueles que, supostamente, servirão de “gatilho” à activação emocional. O terapeuta
deverá, em caso de detectar activação emocional, investigar a sua possível ligação
com Esquemas Precoces Mal-Adaptativos.
F) Terapia de grupo
O grupo é um contexto activador, por excelência, dado que a
maior parte dos esquemas são de cariz interpessoal. Assim, as características do
grupo poderão funcionar como um “laboratório ecológico” para o paciente ser
confrontado com uma grande variedade de situações interpessoais, potencialmente
activadoras.
G) Análise de sonhos
A forma como o paciente recorda e aborda os seu sonhos, e as
temáticas que o caracterizaram, é um bom indicador da sua relevância para o
paciente, podendo validar a existência de uma determinada constituição esquemática
no paciente.
H) Trabalhos de casa
A sugestão de tarefas a realizar pelo paciente, por si próprio,
fora do contexto da sessão terapêutica, pode ser muito útil, dado que lhe possibilita
que se confronte com determinadas temáticas significativas. A forma como o fez e as
emoções daí resultantes, são informações importantes a abordar nas sessões
terapêuticas seguintes. O trabalho de casa pode ser pedir ao paciente que escreva
sobre uma determinada temática relevante, e potencialmente activadora, listas de
acontecimentos relevantes, realizar diários de pensamentos e emoções ou realizar
registos de auto-monitorização.
+ Cognições Auto-Referentes
Para aceder aos esquemas nucleares do paciente, o terapeuta
deverá partir de pensamentos automáticos negativos e de suposições auto-referentes,
dado que os esquemas nucleares estão directamente ligados a uma avaliação do Eu e
à forma como o paciente vê o seu auto-conceito.
+ Temáticas comuns
Vários autores têm enfatizado a existência de temas comuns, no
contexto das manifestações psicopatológicas de diversos pacientes, que têm
desenvolvido esforços no sentido de identificar as principais crenças irracionais (Ellis &
Bernard, 1985; Ellis & Dryden, 1987 cit in Rijo & Galhardo, 2001) ou crenças
subjacentes (Beck et al,1979, 1985, 1990 cit in Rijo & Galhardo, 2001) a determinados
grupos de psicopatologia. Apesar da importância inequívoca de uma avaliação
ideográfica e idiossincrática, este tipo de abordagem mais nomotética e generalizada,
auxilia a compreensão da psicopatologia cognitiva das perturbações, e dos vários
grupos de perturbações.
+ Consistência Trans-Situacional
Dado que os auto-esquemas do paciente emergem, e intervêm,
ao longo das diversas situações em que o paciente intervém no seu quotidiano,
importa avaliar a facilidade com que as cognições que deles resultam emergem,
independentemente dos contextos situacionais. A magnitude dessa facilidade pode ser
tomada como prova da presença de um esquema nuclear, dado que, quanto maior a
facilidade, mais grave será a patologia do paciente, dado que a activação esquemática
está dependente de uma grande sensibilização a determinados pensamentos e
situações percepcionadas enviesadamente, e independente das características
situacionais e contextuais. Ou seja, patologia mais grave significa a existência de um
limiar mais baixo de activação de esquemas nucleares.
Young (1999) refere que esta experiências terão sido mais significativas, quanto mais
cedo ocorreram na vida do sujeito, quanto maior a intensidade dos afectos envolvidos
e quanto maior a importância para a criança das outras pessoas envolvidas nessas
situações e na forma como ocorreram.
+ Questionários de auto-resposta
Aqui destacam-se o Questionário de Esquemas e o Questionário
de Estilos Parentais, ambos da autoria de Jeffrey E. Young, que permitem, de uma
forma rápida, construir uma ideia sobre a constituição esquemática do paciente. No
entanto, tal como é referido por Pinto-Gouveia & Rijo (1999), existem algumas críticas
à utilização destes instrumentos no âmbito da Terapia Focada nos Esquemas. Assim,
dado que os esquemas são tácitos e inconscientes, dificilmente podem ser
reconhecidos e relatados pelo próprio paciente; por outro lado, ainda que tal fosse
possível, as capacidades metacognitivas requeridas para tal encontram-se alteradas
nos pacientes psicopatológicos; também os processos de evitamento e compensação
impedem a correcta avaliação dos esquemas; por fim, aquando do preenchimento do
questionário não existe activação emocional congruente, pelo que a avaliação de um
dado esquema pode ser enviesada por esse facto.
Segundo Rijo & Galhardo (2001, p. 27), “mudar as cognições nucleares torna-
se fundamental e o único garante da mudança terapêutica duradoura”. Assim sendo, e
muito embora seja mais fácil obter mudança a níveis mais superficiais, isso pode
significar que outras estruturas cognitivas superficiais e nucleares não sofreram
qualquer alteração, pelo que só a mudança ao nível dos esquemas nucleares levará a
que haja uma mudança global do aparelho cognitivo, muito embora sejam estes as
estruturas mais difíceis de alterar. É importante referir que, neste contexto, é
importante ter “disponíveis” alternativas para as estruturas cognitivas que se
pretendem ver alteradas, no sentido de o paciente não se sentir “perdido”.
Neste sentido, Young (1990, 1999) e Young et al (2003) propõem um conjunto
de técnicas e estratégias terapêuticas, muitas delas derivadas da Terapia Cognitiva
Breve de Aaron T. Beck, que visam a alteração das estruturas cognitivas profundas do
paciente e que se dividem em quatro grandes tipos:
- Técnicas emocionais/experienciais;
- Técnicas Interpessoais;
- Técnicas cognitivas;
- Técnicas comportamentais.
Apesar desta divisão em quatro grandes grupos, não deve ser feito um
entendimento estanque dos mesmos, dado que na conceptualização e implementação
da intervenção terapêutica, as diferentes técnicas deverão ser utilizadas de forma
interpendente, obedecendo, de forma permanente, ao princípio da confrontação
empática, cabendo ao terapeuta planear a intervenção tendo em atenção as
características dos diferentes grupos.
Técnicas emocionais/experienciais
Segundo Young (2003), as experiências emocionais/experienciais têm dois
grandes objectivos: primeiramente, activar as emoções ligadas aos Esquemas
Precoces Mal-Adaptativos e, em segundo lugar, “reparentizar” o paciente, de forma a
suprir as necessidades emocionais não satisfeitas durante a sua infância. Neste
particular assume grande importância a relação terapêutica que se estabelece,
permitindo que, através de trabalho experiencial, o paciente possa fazer a transição
entre a certeza intelectual de que os seus esquemas são falsos, e o acreditar em
termos emocionais. Segundo o mesmo autor, “as técnicas experienciais são aquelas
que produzem mudanças mais profundas” (Young et al, 2003, p. 110).
É aconselhável fornecer aos pacientes um breve racional do trabalho
terapêutico imagético, no sentido de potenciar a compreensão quer da técnica em si,
quer dos objectivos a ela subjacentes. Assim, deve ser explicado aos pacientes que o
objectivo do trabalho imagético é levar a que eles sintam os seus esquemas e que
percebam a forma tiveram origem nas suas experiências precoces.
+ Catarse emocional
Esta técnica, tal como a anterior, é frequentemente utilizada pelos
modelos gestaltistas, onde a tónica é colocada na resolução de assuntos inacabados.
O pressuposto-base é aquele que os doentes crónicos não expressam totalmente as
emoções relacionadas com determinados acontecimentos significativos da sua vida ou
não fizeram o luto de certos acontecimentos, ligados à privação e à perda. Ao
encorajar o doente a expressar (ventilar) emoções associadas a tais acontecimentos,
através de técnicas imagéticas, de role-playing ou de cartas e poemas, os esquemas
subjacentes podem mudar.
Técnicas interpessoais
Quanto maior o número de Esquemas Precoces Mal-Adaptativos activados
pela relação terapêutica, mais premente se torna o uso destas técnicas.
+ Reparentização
Esta técnica capitaliza o facto de a relação terapêutica ser um
ingrediente activo do processo terapêutico, permitindo que se construa uma relação
desconfirmadora dos esquemas do paciente, sobretudo nas áreas de desafiliação e
privação e que, em última análise, se preencham as necessidades emocionais do
paciente que advêm das suas relações precoces com as figuras parentais ou com
outras pessoas significativas. Por exemplo, num doente com o Esquema Precoce Mal-
Adaptativo de Privação Emocional, o terapeuta deverá fornecer muito suporte e
caracterizar a sua atitude pela empatia e aceitação incondicional, num grau superior
àquele que caracterizaria a relação terapêutica normal.
+ Relações interpessoais
A análise da forma como o paciente interage com aqueles que o
rodeiam é importante, no contexto da intervenção terapêutica nos EPMs. Uma
hipótese de o fazer é observar aqueles que lhe são mais próximos em consulta, o que
permite que o paciente comunique sentimentos e pensamentos que, até aí, não havia
verbalizado, pelo que permite trabalhar “a quente” algumas cognições relacionadas
com os outros. Estas sessões são caracterizadas por um elevado nível de
emocionalidade, pelo que o terapeuta deverá estar consciente dessa probabilidade e,
a priori, preparado para ela.
+ Terapias de grupo
A integração do paciente em experiências de terapia de grupo constitui
uma boa forma de obter experiências desconfirmatórias dos seus esquemas
interpessoais, permitindo que ele quebre com determinados ciclos interpessoais
marcados pela disfuncionalidade, flexibilizando os seus padrões.
Técnicas cognitivas
Estas técnicas visam sistematizar o processo de mudança esquemático, e
potenciar a luta contra os esquemas disfuncionais do paciente, constituindo, muitas
delas, adaptações da Terapia Cognitiva Breve de Aaron T. Beck. A utilização destas
técnicas permite ajudar o paciente a fortalecer a sua “voz saudável”, fortalecendo,
Técnicas comportamentais
Segundo Young (1999), estas técnicas envolvem a mudança de padrões
comportamentais de longa duração, como aqueles resultantes da escolha de parceiros
ou dos comportamentos que o paciente enceta nas suas relações mais íntimas. A
aplicação destas técnicas constitui a fase mais longa da terapia pois, mesmo que se
tenha alcançado uma mudança cognitiva e/ou emocional, há comportamentos que
exigem mais tempo para alcançar uma mudança significativa e profícua.
2
Em anexo encontram-se exemplos de flashcards para os 18 Esquemas Precoces Mal-
Adaptativos, segundo a conceptualização de Jeffrey E. Young (2003).
Abandono
No que concerne, especificamente, ao esquema de Abandono, o objectivo da
terapia centra-se em ajudar o paciente a criar uma visão mais realista sobre a
estabilidade das relações que enceta e que vive, de forma a que seja mais improvável
que magnifique e interprete enviesadamente comportamentos dos outros no sentido
de um eventual, mas dado como adquirido, abandono. Os pacientes deixam de se
preocupar, de uma forma permanente e excessiva, que as pessoas significativas na
sua vida acabem por desaparecer, passando a entender o abandono como algo
possível de acontecer, mas cuja probabilidade deve ser calculada de forma realista e
racional.
Assim, ao nível das estratégias a relação terapêutica assume uma grande
relevância, dado que permite, por excelência, a desconfirmação dos pressupostos
subjacentes ao esquema em questão, constituindo-se como a “fonte primária de
tratamento” (Young et al, 2003, p.209).
Ainda segundo Young et al (2003), o terapeuta constitui-se como uma figura
parental transaccional, constituindo uma base estável a partir da qual o paciente se
pode aventurar no mundo e formar relações estáveis e frutíferas. Neste particular, a
reparentização limitada assume importância, cabendo ao terapeuta corrigir distorções
sobre a probabilidade de abandono pelo terapeuta, além de fazê-lo aceitar as suas
partidas, ausências sem que o paciente descompense, nem se comporte de uma
forma desadaptativa.
No campo das estratégias cognitivas, cabe ao terapeuta alterar a visão
exagerada que o doente possui de que os outros o irão abandonar, afastar-se ou
comportar-se de uma forma imprevisível, pelo que os pacientes deverão aprender a
não catastrofizar as separações temporárias das pessoas significativas. Assim, os
terapeutas deverão procurar alterar as expectativas irrealistas de que os outros
significativos se devem mostrar sempre consistentes e disponíveis,
incondicionalmente, aprendendo que os outros têm direito a estabelecer limites e a um
Desconfiança/Abuso
A intervenção terapêutica no esquema de desconfiança/abuso visa ajudar os
pacientes a perceberem que, muito embora existam pessoas que não justificam a sua
confiança, existem muitas outras que a justificam, pelo que o paciente deverá agir de
uma forma racional, procurando afastar-se das pessoas abusadoras, defender os seus
direitos quando necessário e procurar manter pessoas de confiança nas sua relações,
focando a sua atenção nessa característica das referidas relações que estabelece.
Assim, os pacientes aprenderão a diferenciar as pessoas dignas de confiança,
daquelas que não a justificam, em vez de generalizarem a sua desconfiança a todos
aqueles que os rodeiam e com os quais estabelecem interacções.
A relação terapêutica assume, neste particular, uma importância crucial. Cabe
ao terapeuta exponenciar, dadas as características destes pacientes, a sua
honestidade e genuinidade no trato com o doente, nomeadamente quando os
pacientes sofreram experiências reais de abuso. Aqui cabe ao terapeuta constituir-se
como um “antídoto” para os sentimentos de terror, impotência e isolamento de que o
paciente é acometido. Cabe também ao terapeuta questionar, de forma regular, o
paciente acerca da confiança e intimidade, de forma a discutir, e enquadrar
Privação emocional
Defeito/Vergonha
Neste esquema particular, o objectivo do processo terapêutico visa aumentar o
sentido de auto-estima do paciente, de forma a que se sintam valorizados e dignos de
receberem amor e respeito, por parte dos demais indivíduos que o rodeiam. Assim, é
possível que o paciente perceba que o sentimento de desvalorização que o caracteriza
está errado e largamente exagerado, corrigindo, por vezes, o defeito que teme ter, ou,
em alternativa, perceber que, mesmo assim, é possível que os demais o aceitem e
amem.
Neste sentido, existem um conjunto de estratégias que permitem aceder a este
objectivo, sendo importante realçar, neste particular, a relação terapêutica, que ocupa
um papel central, dado que o terapeuta deverá valorizar e sublinhar as qualidades e
bons atributos do paciente, de forma a agir em contra-corrente em relação à lógica do
defeito auto-percebido. No entanto, é importante que o terapeuta não se constitua
como uma entidade perfeita e omnipotente, que não permita que também nele seja
possível descortinar e perspectivar defeitos e qualidades.
A nível cognitivo, o terapeuta deverá alterar a visão do paciente que se vê
como um defeito. Os pacientes são incitados a examinar as evidências que apoiam e
rejeitam, sendo sugerido pelo terapeuta que encete diálogos entre a parte disfuncional
do esquema e a parte funcional que tem boa auto-estima, de forma a permitir que o
paciente aprenda a valorizar os seus feitos e a diminuir a importância que atribui às
suas falhas. Assim, as técnicas cognitivas ajudam a reatribuir sentimentos de defeito e
vergonha à postura crítica que caracterizava muitos daqueles com quem lidaram na
infância. A utilização de flashcards que enumerem as qualidades do paciente é útil
para lidar com esquema.
Em termos experienciais, é importante que ventilem raiva em relação aos seus
pais críticos e rejeitantes, de forma imagética, utilizando os diálogos imaginários com
os pais. Neste processo, o terapeuta introduz imagens infantis que incluam os pais a
criticarem e rejeitar o paciente, devendo o terapeuta confrontá-los, protegendo e
confortando o paciente, enquanto Criança Rejeitada. Posteriormente, o paciente será
capaz de, por si próprio, interpretar este papel, introduzindo a imagem do Adulto
Saudável que confronta e suplanta o progenitor crítico e conforta a Criança Rejeitada.
As estratégias comportamentais, particularmente a exposição com prevenção
de resposta, são importantes para o tratamento, nomeadamente quando se lida com
pacientes em que a presença deste esquema origina comportamentos evitantes.
Assim, os pacientes procuram encetar situações interpessoais que encerram um
potencial para melhorar as interacções e o quotidiano do paciente. Estas estratégias
poderão também ajudar o sujeito a corrigir “falhas legítimas” (melhorar o seu estilo
pessoal, melhorar as suas competências sociais,…). Os pacientes são, também,
instruídos a seleccionarem parceiros significativos que os apoiem e não os critiquem,
que os amem e aceitem. Os pacientes procuram, também, deixar de reagir
exageradamente às críticas dos demais, aprendendo a distinguir as críticas
destrutivas, daquelas marcadas por um carácter construtivo, aprendendo a perceber
que as críticas dos demais podem ser positivas. Assim, aprendem a estabelecer
limites interpessoais com pessoas hipercríticas e a deixar de tolerar os abusos dos
demais, aprendendo, também, a “auto-permitirem-se” a revelar alguns aspectos
pessoais a outros que sejam significativos e em quem confiem. Os processos de
compensação são também alvo de atenção, pelo que os pacientes são instruídos a
deixar de procurar parecer perfeitos, deixar de encetar comportamentos de diminuição
dos demais ou a procurar o estatuto.
Isolamento Social
O objectivo básico do tratamento focado neste esquema é ajudar os pacientes
a sentirem-se menos diferentes das outras pessoas: somos todos seres humanos,
com as mesmas necessidades e desejos básicos.
Contrariamente ao que acontece com os outros esquemas deste domínio, o
trabalho terapêutico com o esquema de Isolamento Social não se foca principalmente
no trabalho experiencial com as origens infantis do esquema. Assim, as estratégias
cognitivas e comportamentais assumem aqui particular relevância. A terapia de grupo
pode também ser útil para os pacientes com este esquema, principalmente naqueles
que evitam estabelecer relações de amizade. Quanto mais isolado estiver o paciente,
mais importância assume a relação terapêutica no tratamento, porque vai ser uma das
únicas relações do paciente.
O objectivo principal das estratégias cognitivas é convencer os pacientes de
que não são, na realidade, tão diferentes dos outros quanto eles assumem. Há sempre
alguém igual ou parecido com eles. Os pacientes aprendem a focar-se nas suas
semelhanças com as outras pessoas, bem como nas diferenças. Aprendem a
identificar subgrupos de pessoas que são como eles – que partilham a mesma visão
de que são diferentes. Aprendem ainda a desafiar o pensamento automático negativo
que os impede de se juntarem a um determinado grupo de pessoas e de se ligarem às
pessoas nesse grupo.
As estratégias experienciais podem ajudar os pacientes que foram excluídos
em criança ou na adolescência a lembra-se de como foi essa situação. Em
imaginação, revivem estas experiências infantis e ventilam irritação e raiva para com
os pares que os excluíram e exprimem a sua solidão. Os pacientes lutam ainda contra
os preconceitos relativos àqueles que são diferentes.
As estratégias comportamentais, por seu lado, procuram ajudar os pacientes a
ultrapassar os evitamentos a situações sociais. O objectivo é que os pacientes,
gradualmente, passem a juntar-se a grupos, a ligar-se às pessoas desses grupos e a
cultivar amizades. De modo a trabalhar em prol deste objectivo, os pacientes sujeitam-
se, como trabalho de casa, a uma exposição gradual a estas situações. As estratégias
para lidar com a ansiedade são também úteis, ajudando os pacientes a lidar com a
ansiedade social que muitas vezes os incomoda. Visto, algumas vezes, estes doentes
terem aptidões de interacção social pouco desenvolvidas, o treino de aptidões sociais
pode assumir também um papel fulcral.
Relativamente à relação terapêutica, é bastante positivo os pacientes com este
esquema manterem uma relação próxima com o terapeuta. No entanto, é preciso ter
Dependência/Incompetência
O objectivo principal da terapia focada no esquema de
dependência/incompetência é aumentar o sentido de competência do paciente e
diminuir a sua dependência dos outros. O aumento do sentimento de incompetência
do doente envolve usualmente a construção quer de confiança quer de competências;
já a diminuição da dependência compreende a ultrapassagem do evitamento que
estes doentes fazem à resolução independente de problemas.
Desistir da dependência é a chave para o tratamento. O terapeuta guia o
paciente através de uma prevenção de resposta: os pacientes deixam de procurar
ajuda nos outros, resolvem as suas tarefas sozinhos, aceitam que cometer erros
constitui uma forma de aprendizagem, perseveram até terem sucesso e provam a elas
mesmos que podem eventualmente gerar as suas próprias soluções para os
problemas. Através de ensaios e erros, podem aprender a confiar na sua intuição e no
seu juízo.
Assim, as estratégias cognitivas utilizadas na terapia focada neste esquema,
visam alterar a visão que o doente tem de que precisa de assistência constante por
parte dos outros, de modo a conseguir funcionar. As técnicas utilizadas são as
habituais: flash cards, diálogos entre o lado esquemático e o lado saudável, resolução
de problemas para tomar decisões e o desafio de pensamentos negativos. O
terapeuta questiona a visão do paciente de que depender dos outros é uma boa
maneira de se viver. A dependência excessiva dos outros traz custos, tais como a não
satisfação de necessidades emocionais para a autonomia e a auto-expressão, que o
terapeuta e o paciente podem identificar e discutir em conjunto. O uso de estratégias
cognitivas para aumentar a motivação é essencial, porque no decorrer da terapia, o
doente vai ter que ser capaz de tolerar elevados níveis de ansiedade. Aqui, o ensino
de técnicas de relaxamento, meditação ou outras técnicas que visam reduzir a
ansiedade é também nuclear.
Neste esquema, as técnicas experienciais são menos importantes. Por vezes,
é útil para os pacientes confrontarem-se em imaginação com o pai superprotector,
principalmente, se os pais ainda tratam os pacientes tal como os tratavam na infância,
sobreprotegendo-os e limitando a sua capacidade de autonomização. Se os pacientes
estão zangados com os pais por serem tratados desta forma, o terapeuta ajuda-os a
exprimir essa raiva. O facto de o pai ou a mãe com este tipo de comportamento o
manter porque acha que assim está a ajudar o paciente, pode dificultar a mobilização
desta raiva. No entanto, mesmo que as intenções dos pais sejam as melhores, o
resultado daqui resulta é uma incapacidade do paciente se autonomizar, ser
independente e confiar nas suas próprias competências.
O terapeuta pode conduzir sessões imagéticas em que o paciente recorda
situações da infância que poderão ter gerado o esquema. O paciente entra na
“imagem” como o Adulto Saudável que ajuda a “Criança Incompetente” a lidar e a
resolver problemas. Quando o paciente é incapaz de encontrar uma resposta
adequada a estes problemas, o terapeuta age como um “treinador”. O terapeuta pode
também conduzir sessões deste tipo nas quais o paciente imagina situações actuais
que requerem a utilização de competências de sobrevivência básicas. Uma vez mais,
o paciente entra na “imagem” como o Adulto Saudável que vai ajudar a Criança
Incompetente (muitos pacientes com este esquemas vêem-se a si mesmos como
crianças pequenas num mundo de adultos grandes). O Adulto Saudável diz à criança:
“Sei que és demasiado novo e estás muito assustado para tomar decisões. Mas não
tens que as tomar. Eu decido por ti. Sou um adulto apesar de tu seres uma criança.
Posso tomar decisões e fazer as coisas por mim mesmo”.
A parte comportamental do tratamento ajuda os pacientes a ultrapassar o
evitamento que fazem a um funcionamento independente. Aqui surge uma questão
essencial para o sucesso do tratamento: se os pacientes não alteram o seu
comportamento, não vão conseguir juntar evidências suficientes para por em causa o
esquema. Assim, os terapeutas ajudam os pacientes a listar um conjunto de tarefas
do dia-a-dia que devem ser realizadas pelo paciente sozinho. Começando pela mais
fácil, os pacientes vão realizando estas tarefas como trabalho de casa.
Os terapeutas podem também designar ensaios comportamentais com os
pacientes durante as sessões de modo a ajudá-los a lidar com os trabalhos de casa.
Os paciente imaginam-se a completar as tarefas com sucesso, resolvendo quaisquer
problemas que eventualmente surjam. É aqui importante que os pacientes se
reforcem a eles mesmos quando completam com sucesso as tarefas designadas nos
trabalhos de casa.
Por vezes é também útil envolver a família no processo terapêutico,
principalmente se esta ainda está a manter o funcionamento dependente do paciente,
reforçando o esquema.
Na relação terapêutica é importante resistir às possíveis tentativas do paciente
em manter um funcionamento dependente relativamente ao terapeuta. Assim, o
terapeuta deve encorajar o paciente a tomar as suas próprias decisões, ajudando-os
apenas quando realmente necessário.
Emaranhamento/Eu Sub-desenvolvido
O objectivo central do tratamento é ajudar os pacientes a expressarem-se de
forma natural e espontânea – as suas preferências, opiniões, decisões, talentos e
inclinações naturais – em vez de suprimirem os seus verdadeiros selfs e adoptarem a
identidade das figuras parentais com que estão emaranhados. Os pacientes que
resolveram adequadamente questões de emaranhamento não têm nas figuras
parentais o foco central das suas vidas. Eles são o próprio centro da sua própria
existência. Deixam de estar fundidos a uma figura parental, sabem que são
semelhantes em muitas coisas e diferentes noutras. Têm um sentido completo da sua
própria identidade.
Para os pacientes que evitaram manter uma relação próxima com alguém em
adultos, de modo a evitar emaranhar-se, o objectivo do tratamento passa por ajudar o
paciente a manter relações com os outros que não sejam nem distantes nem
emaranhadas.
O tratamento foca-se na vida actual dos pacientes. As técnicas cognitivas e
experienciais ajudam os pacientes a identificar as suas preferências e inclinações
naturais e as comportamentais sustentam a expressão dos seus verdadeiros selfs.
Assim, as estratégias cognitivas desafiam a visão de que é preferível estar
emaranhado com uma figura parental do que ter uma identidade própria. O paciente e
o terapeuta exploram e discutem as vantagens e as desvantagens de desenvolver
uma identidade própria e separada da dos outros. Os pacientes identificam que são
simultaneamente semelhantes e diferentes das figuras parentais. É importante
identificar as semelhanças: o objectivo não passa por o paciente negar todas as
semelhanças e ligações com a figura parental. Por vezes, os pacientes negam
quaisquer semelhanças com as figuras parentais e referem que não pretendem ter
nada em comum com estes. Isto não passa de uma forma de compensação
esquemática: o paciente faz o oposto da figura parental.
Noutra técnica experiencial os pacientes visualizam a sua separação da figura
parental em imaginação. Os pacientes podem, por exemplo, recordar e reviver
acontecimentos na infância em que discordaram dos pais ou se sentiram diferentes
destes. Imaginam-se a dizer o que realmente sentiam e fazendo o que sempre
quiseram fazer. Imaginam-se também a dizer às figuras parentais passadas e
presentes o quão diferentes são e também, o quão parecidos são. Imaginam-se ainda
a estabelecer fronteiras com a figura parental, tais como recusarem-se a divulgar
certas informações ou recusarem-se a passar mais tempo juntos.
As estratégias comportamentais ajudam os pacientes a identificar as suas
preferências e inclinações naturais. Os pacientes começam por listar experiências que
considerem agradáveis, usando a sensação física de prazer como estimulo
discriminatório daquilo que realmente gostam. Como trabalho de casa podem fazer
listas das músicas preferidas, filmes, livres, restaurantes ou actividades. Estas
estratégias de índole mais comportamental podem também ser úteis ajudando o
paciente a agir segundo as suas próprias preferências, mesmo quando estas diferem
das figuras parentais. Adicionalmente, as estratégias comportamentais ajudam os
pacientes a seleccionar parceiros e amigos que não fomentam o emaranhamento.
Na relação terapêutica é importante que o terapeuta imponha limites bem
definidos, de modo a que esta relação não seja nunca demasiado próxima nem
demasiado afastada. Se terapeuta e paciente estão demasiado próximos, a relação
terapêutica vai recrear a relação emaranhada do paciente com as figuras parentais; se
Fracasso
O objectivo central da psicoterapia centrada neste esquema é ajudar os
pacientes a sentirem-se e a serem tão bem sucedidos quando os seus pares (sempre
tendo em conta os seus limites e talentos). Com este objectivo em mente pode-se
proceder essencialmente de três formas: a primeira diz respeito ao aumento do
sucesso através do desenvolvimento de competências e confiança. A segunda, se o
paciente é bem sucedido relativamente ao seu nível potencial, compreende a
percepção correcta do seu nível de sucesso ou o dos seus pares. Já a última envolve
a aceitação por parte dos pacientes das suas próprias limitações, sem que isso ponha
em causa o seu valor intrínseco.
O primeiro passo na psicoterapia focada no esquema de fracasso é a avaliação
cuidada da sua origem para cada paciente. Este primeiro passo é nuclear, pois é desta
avaliação que se parte para a planificação da intervenção que deve então ter sempre
em conta a especificidade do paciente.
Assim, verifica-se que o “fracasso” de alguns pacientes se deve a uma falta e
capacidade inata, sendo que, nestes casos o trabalho do terapeuta passa por ajudar o
paciente a construir, a criar algumas competências e a estabelecer objectivos
realistas. Por outro lado, pacientes há que têm talento, inteligência e competências,
mas acabam por fracassar porque nunca se empenham se fundo, nunca fazendo uso
de todas as suas capacidades. Possivelmente falta-lhes direcção ou então têm-se
focado nas áreas erradas. Nestes casos, o terapeuta procura dirigir, estabelecer
direcções a seguir ou promover uma mudança do focus do paciente para áreas em
que mais facilmente se manifestam os seus talentos e capacidade naturais. Noutros
casos, os pacientes podem ter uma outra perturbação que interferiu no seu
desenvolvimento (tal como a Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção).
Aqui, o trabalho terapêutico envolve o tratamento desta outra perturbação.
Verifica-se assim, que é nuclear avaliar porque falhou o paciente, de modo a
planear a intervenção mais adequada a cada caso.
Se os pacientes realmente falharam/fracassaram comparativamente aos pares,
então a estratégia cognitiva mais importante passa por desafiar o modo como o doente
se vê, como um incapaz, e atribuir o fracasso aos factores de manutenção do
esquema. Estes pacientes não fracassam por que são incapazes, porque não têm
capacidades, mas sim porque, inadvertidamente, agiram de modo a derrotar as suas
tentativas para serem bem sucedidos. É o próprio esquema que os leva a falhar. Os
estilos de coping – o modo como se subjugam e evitam o esquema – são o problema,
não as habilidades, capacidades e/ou competências dos pacientes. Os pacientes
devem conduzir diálogos entre o esquema de fracasso e o lado saudável que quer
enfrentar o esquema.
Outra estratégia cognitiva passa por enfatizar os sucessos e as capacidades
dos pacientes. Tipicamente, os pacientes com este esquema ignoram ou subvalorizam
os seus sucessos e acentuam os seus fracassos. O terapeuta ajuda a corrigir este
enviezamento, ensinando os pacientes a observar e a ter em consideração todas as
vezes em que são bem sucedidos. O terapeuta também ajuda o paciente a identificar
competências, utilizando técnicas cognitivas tais como o exame de evidências. O
terapeuta ajuda ainda o paciente a estabelecer objectivos a longo prazo razoáveis. Os
pacientes que têm objectivos a longo prazo irrealistas, devem baixar as suas
expectativas para serem bem sucedidos, encontrar um outro grupo de comparação ou
mudar para outra área de acção.
As técnicas experienciais podem ser úteis ao preparar os pacientes para a
mudança comportamental. Em imaginação, os pacientes revivem experiências de
fracasso ocorridas no passado e exprimam raiva em relação às pessoas que os
desencorajaram, gozaram ou desvalorizaram em função desse fracasso. Muitas
vezes, essa pessoa foi um familiar, normalmente um pai, um irmão mais velho ou um
professor. Fazendo isto, o paciente pode reatribuir o fracasso ao comportamento
critico das outras pessoas e não à sua própria falta de capacidades.
Em alternativa, os familiares do paciente podem não ter querido que este fosse
bem-sucedido. Apesar de muitas vezes não se darem conta disto, os familiares podem
não ter querido que a criança se tornasse demasiado bem sucedida. Talvez por que
temessem que a criança os ultrapassasse ou os abandonasse. Assim, os familiares
transmitiram à criança mensagens subtis de que a abandonariam, a rejeitariam se se
tornasse muito bem sucedida. Deste modo, a criança desenvolveu um “medo do
sucesso”. As técnicas experienciais podem ajudar o paciente a identificar este tema e
a relacionar-se emocionalmente com ele.
A parte comportamental do tratamento é nuclear neste esquema.
Independentemente do progresso que os pacientes possam ter nas outras áreas, se
não abandonam os seus comportamentos de coping mal-adaptativos, vão continuar a
reforçar o esquema. O terapeuta ajuda então o paciente a trocar estes
comportamentos por outros mais adaptativos. O paciente estabelece objectivos,
estabelece tarefas graduais para atingir esses objectivos e depois completa estas
tarefas como trabalho de casa. O terapeuta ajuda aqui o paciente a ultrapassar
Grandiosidade
O objectivo básico da psicoterapia dirigida ao esquema de grandiosidade é
ajudar os pacientes a aceitar o princípio da reciprocidade das relações humanas.
Procura-se ensinar-lhes que, no que ao valor nuclear diz respeito, todas as pessoas
são criadas de modo igual e merecem direitos iguais.
Todas as pessoas têm valor: uma pessoa não é intrinsecamente melhor que
outra e nunca lhe está reservado nenhum tratamento especial. Indivíduos saudáveis
não dominam os outros, respeitam os seus direitos e necessidades; fazem também o
seu melhor de forma a controlar os seus impulsos e a não magoar ninguém e
respeitam normas sociais razoáveis, pelo menos a maior parte do tempo.
De modo a motivar os pacientes para a mudança, o terapeuta enfatiza toadas
as desvantagens do esquema de grandiosidade. Muitas vezes, estes pacientes não
vieram à terapia voluntariamente. Normalmente são forçados a vir por alguém ou
estão a enfrentar um conjunto de consequências que decorrem deste esquema –
emprego ou casamento em risco, por exemplo.
O trabalho nas relações interpessoais e na relação terapêutica constitui a
chave do processo terapêutico. O terapeuta encoraja os pacientes a sentir empatia e
Auto-Controlo Insuficiente
O principal objectivo na terapia focada no esquema de auto-controlo
insuficiente é ajudar os pacientes a reconhecer as vantagens de desistir das
gratificações a curto-prazo de forma a alcançar objectivos a longo-prazo. Os
benefícios de fazer o que no imediato nos dá prazer não são suficientes para cobrir os
custos que este tipo de comportamento tem no avanço da carreira e nas relações com
os outros e com nós mesmos.
Subjugação
Atendendo às principais características deste esquema, não é pois de
estranhar que os objectivos do trabalho terapêutico consistam, em primeiro lugar,
na identificação das preferências, decisões, desejos e/ou emoções do doente, para, de
seguida, proceder ao encorajamento da sua manifestação. São, neste âmbito,
naturalmente trabalhadas algumas das consequências que o doente antecipa caso aja
da forma pretendida.
Visando a sua obtenção, é habitual recorrer-se a estratégias variadas, nas
quais se incluem as estratégias cognitivas, experienciais, comportamentais e
interpessoais. De realçar que todas estas desempenham um papel relevante no
trabalho com este EPM.
Uma vez que os doentes com o EPM de Subjugação antecipam
consequências negativas exageradas (ex. punição, abandono, retaliação) por
exprimirem as suas necessidades e sentimentos aos outros, é profícuo o recurso a
técnicas cognitivas no seio das quais se reúna informação acerca de episódios
passados onde o doente tenha, excepcionalmente, manifestado as suas necessidades
e sentimentos. Após a sua reunião, a informação que apoia o esquema é examinada
criticamente, encorajando-se o doente para a formulação de outros significados para
as reacções externas então observadas. Poder-se-á, neste contexto, proceder à
reatribuição das intenções dos pais e/ou de outras figuras de autoridade para o
doente. De igual modo, é revista a informação que contradiz o esquema e o doente
alertado para o facto de desvalorizar, habitualmente, todos os dados que não estão de
acordo com o conteúdo do seu esquema de subjugação, sendo instruído para fornecer
“uma experiência justa ao esquema para testar a sua validade”.
No que respeita às estratégias experienciais, poderá ser benéfica a
construção de diálogos imaginários com os pais. Nestes, o doente deve ser conduzido,
atendendo às características do esquema de subjugação, a estabelecer um diálogo
com a figura parental controladora, e, simultaneamente, estimulado a expressar de
forma assertiva os seus interesses e necessidades emocionais e/ou raiva. Não
obstante os doentes manifestarem habitualmente dificuldades significativas em
expressar raiva, em particular quando esta é direccionada para a figura parental
controladora, é fulcral, dada a importância que a expressão da raiva assume na
modificação do esquema em questão, que o terapeuta insista na concretização destes
diálogos imaginários. De facto, quanto mais os pacientes se confrontarem com a
experienciação da raiva e quanto mais potenciarem a sua ventilação em exercícios de
imagery e/ou em exercícios de role-play, tanto mais capazes estarão de desafiar o
esquema sempre que este for activado, no interior e no exterior das sessões
terapêuticas. É ainda salientada a importância da raiva em termos da sua utilidade
para contra-estimular a passividade que frequentemente caracteriza estes doentes,
encorajando-os a rotulá-la como um sinal para expressar as suas preferências e
sentimentos, não se pretendendo, portanto, apenas promover a sua ventilação.
A nível comportamental, o paciente é alertado para os comportamentos de
manutenção que derivam do esquema, dentre dos quais se destaca o papel
desempenhado pela selecção maladaptativa de parceiros. Assim, revela-se
extremamente importante dificultar que o paciente seleccione, para um futuro
relacionamento íntimo, uma pessoa controladora, potenciando, nestas circunstâncias,
a confirmação do seu conteúdo esquemático. De modo semelhante, é alertado para
atender a esta informação aquando da formação de novas relações de amizade. A
implementação de técnicas assertivas, outra estratégia comportamental, assume
particular importância no trabalho com este EPM, dadas as enormes dificuldades que
os pacientes experienciam em ser assertivos aquando da expressão das suas
preferências e necessidades emocionais. Sobretudo numa fase inicial, os doentes
experienciam, de facto, muitas dificuldades na expressão do seu “verdadeiro self”,
fazendo-o ou de forma muito passiva ou agressiva. Os doentes são, assim, ensinados
a afirmarem, gradualmente, as suas inclinações naturais e necessidades perante os
outros, através da utilização destas últimas técnicas, podendo recorrer-se, com vista à
sua facilitação, a exercícios de role-play. Outras vezes há que os doentes manifestam
francas dificuldades na identificação dos seus desejos, interesses e/ou emoções, em
virtude de terem passado a totalidade das suas vidas a satisfazer as necessidades e
desejos dos outros. Nestes casos, em que o processo de individuação não foi
completado com sucesso, poderá ser profícua a nova implementação de estratégias
de imagery, solicitando-se o doente, por exemplo, a imaginar um episódio em que
tenha suprimido as suas necessidades emocionais e interesses e que, desta feita, as
verbalize e antecipe as consequências. Os exercícios de role-play poderão também
revelar alguns resultados positivos neste âmbito. Uma vez identificadas as emoções e
desejos do paciente, isto é, uma vez descoberto o seu “verdadeiro self”, as técnicas
anteriormente referidas são aplicadas.
A nível relacional, donde se destaca de imediato a relação terapêutica, é
importante, da parte do terapeuta, não assumir uma atitude directiva, permitindo ao
doente a tomada de algumas decisões terapêuticas: quais os problemas que pretende
trabalhar na consulta, que técnicas e trabalhos de casa julga mais apropriados para si,
são alguns exemplos destas decisões. O terapeuta deve, ainda no que respeita a este
domínio, ajudar o doente a identificar e a expressar a raiva em direcção a si
(terapeuta) e, em simultâneo, a invalidar os comportamentos do doente direccionados
à satisfação das necessidades emocionais do terapeuta, relegando para segundo
plano as suas. De facto, não raras vezes, os terapeutas apreciam as qualidades
distintivas dos pacientes com um EPM de Subjugação, podendo, por um lado, reforçar
a validade do conteúdo esquemático, numa atitude claramente anti-terapêutica, e, por
outro, confundir um “bom paciente” de um paciente com um EPM de subjugação.
Ambas as situações são prejudiciais à evolução do doente.
Auto-sacríficio
A concretização dos seguintes objectivos assume particular importância com
estes doentes. Um destes passa por potenciar o reconhecimento, por parte do doente,
de que algumas das suas necessidades emocionais não estão a ser adequadamente
satisfeitas, algo que muitos destes não têm sequer consciência. É, adicionalmente,
debatido que os pacientes têm o mesmo direito que as outras pessoas de satisfazer as
suas necessidades, tentando com isto superar a privação emocional que muitos
destes vivenciam. O paciente é, neste contexto, encorajado a atender às suas próprias
necessidades, a permitir que as outras pessoas encetem um esforço no sentido de as
satisfazer, a endossar pedidos concretos e directos às outras pessoas, bem como a
autorizarem-se a sentir-se vulneráveis, ao invés de se esforçarem permanentemente
por ser fortes. É ainda profícuo promover a redução do sentido de responsabilidade
habitualmente evidenciado por estes pacientes em relação às outras pessoas.
variante do exercício, uma clara distinção entre estas duas formas de funcionamento.
O paciente deverá, ainda, ser incentivado a expressar raiva às figuras que não lhe
possibilitaram a satisfação das suas verdadeiras necessidades e inclinações naturais.
Encorajar o doente, uma vez mais recorrendo a estratégias imagéticas, a
desempenhar o papel de “adulto-saudável” a ajudar a criança, cujo funcionamento é
baseado na procura de aprovação, a transitar para a “criança vulnerável”, com um
funcionamento sustentado na expressão das suas verdadeiras necessidades e na
procura de satisfação das mesmas, revela geralmente bastante utilidade neste
domínio. Poderá, ainda no que respeita ao último exercício descrito, ser necessário o
terapeuta realizar primeiro o papel de “adulto-saudável”, modelando assim o
comportamento do doente.
A nível comportamental, é extremamente benéfica a planificação de alguns
exercícios comportamentais, nos quais possam tornar-se evidentes as verdadeiras
necessidades e inclinações naturais do doente. O preenchimento de registos de auto-
monitorização poderá desempenhar um importante papel para a obtenção deste fim.
Após o seu acesso, poderão ser realizados alguns exercícios de role-play, onde se
ensaie a eliminação dos comportamentos de procura de aprovação e/ou
reconhecimento, e, em simultâneo, a adopção de comportamentos que visem a
satisfação das verdadeiras necessidades do paciente. Será importante, neste
seguimento, precaver o doente de que esta tarefa será muito activadora do ponto de
vista emocional, pretendendo-se com isto que este aprenda a tolerar situações em que
não seja aprovado ou reconhecido ou mesmo em que seja criticado. Serão destacados
ainda os ganhos que o doente obterá caso adopte este funcionamento e, uma vez
mais, salientado o carácter momentâneo da gratificação advinda dos comportamentos
de procura de aprovação.
A nível relacional, é importante que o terapeuta esteja a atento a quaisquer
tentativas, mais ou menos conscientes, que o doente elabore no sentido de obter a
aprovação e/ou reconhecimento do terapeuta, confrontando-o de forma empática com
o sucedido. Nestas circunstâncias, o doente deverá ser encorajado a expressar aquilo
que pensa e sente, ao invés de tentar omitir pensamentos e/ou emoções negativos
que surjam no decorrer das consultas (função de reparentização limitada).
Negativismo/Vulnerabilidade ao Erro
O objectivo base do tratamento de pacientes com este esquema é ajudá-los a
prever o futuro de uma forma mais objectiva e mais positiva. Alguma pesquisa sugere
que a forma mais saudável de “olhar para a vida” é com um brilho ilusório, ou seja, de
uma forma ligeiramente mais positiva do que a realidade. Uma visão negativa não
parece ser, de forma alguma, tão saudável ou adaptativa. Talvez porque se
esperamos que as coisas corram mal e de facto estas não correm bem, não nos
sentimos muito melhor. É provavelmente mais saudável esperar que as coisas corram
bem – desde que as expectativas não sejam disparatadas e completamente
desfasadas da realidade.
Não se espera, realisticamente, que os pacientes com este esquema se tornem
descuidados e/ou optimistas; espera-se, isso sim, que adquiram uma visão menos
negativa e mais moderada.
Diversas estratégias cognitivas podem ser úteis no trabalho com este
esquema: identificação de distorções cognitivas, exame de evidências, gerar
alternativas, uso de flash-cards, condução de diálogos entre o “lado esquemático” e o
“lado saudável”. O terapeuta ajuda os pacientes a fazerem previsões acerca do futuro
e a observarem o quão infrequentemente as suas expectativas se tornam realidade.
Os pacientes auto-monitorizam o seu pensamento negativo e pessimista e tentam
olhar para as suas vidas de uma forma mais objectiva, baseando-se na lógica e nas
evidências empíricas. Aprendem a deixar de focar o lado negativo das situações,
passando a enfatizar o lado positivo.
Quando os pacientes têm um passado cheio de acontecimentos negativos, as
técnicas cognitivas podem ajudá-los a analisarem estes acontecimentos e a
distinguirem o presente e o futuro do passado. Se um acontecimento negativo era
controlável, então o terapeuta e o paciente podem trabalhar juntos, corrigindo o
problema de forma a que não volte a ocorrer. Por outro lado, deve-se enfatizar que
mesmo quando o paciente vivenciou acontecimentos negativos incontroláveis no
passado, não há motivos para se ser pessimista.
Quando um esquema tem uma função protectora, as técnicas cognitivas
podem ajudar os pacientes a desafiar a crença de que é preferível assumir uma
perspectiva negativa e pessimista, de modo a não se desapontarem. Esta ideia está
normalmente incorrecta: se os pacientes esperam que alguma coisa corra mal e, de
facto, acaba por correr mal, não se sentem muito melhor por se terem preocupado e
previsto essa situação; se esperam que algo corra bem e, ao invés, algo corra mal,
não se sentem muito pior. Os pacientes listam as vantagens e as desvantagens de
Inibição Emocional
O objectivo principal do tratamento é ajudar os pacientes a expressarem mais
facilmente as suas emoções e a serem mais espontâneos. O tratamento ajuda-os a
discutirem e a expressarem adequadamente muitas das emoções que procuram
omitir.
Os pacientes aprendem a manifestar irritação de forma adequada, a envolver-
se em actividades mais satisfatórias, a expressar afecto e a falar acerca dos seus
sentimentos. Aprendem a valorizar tanto as emoções quanto a racionalidade,
aprendem a deixar de controlar as vidas daqueles que os rodeiam, a deixar de
humilhar os outros por estes expressarem emoções normais e a perder a vergonha
por expressarem as suas próprias emoções. Em vez disso, permitem-se a eles
próprios, e aos outros, a serem mais expressivos acerca das suas emoções.
As técnicas experienciais e comportamentais são provavelmente as mais
importantes no trabalho terapêutico com este esquema. As técnicas comportamentais
procuram trabalhar com o paciente a discussão e expressão de emoções positivas e
negativas com os outros significantes e a envolver-se em mais actividades
satisfatórias. Alguma educação pode ser útil; as estratégias cognitivas geralmente não
são tão úteis – acabam por reforçar a enfâse excessiva na racionalidade que já existe.
O trabalho experiencial pode ajudar os pacientes a acederem às suas
emoções. Em imagens da infância, o Adulto Saudável ajuda a Criança Inibida a
expressar as emoções que os pais procuram anular. Nas situações actuais,
Punição
O tratamento deste esquema passa por ajudar os pacientes a tornarem-se
menos punitivos e a desculparem mais facilmente. O terapeuta começa por ensinar
aos pacientes que, na maior parte do tempo, não “vale a pena” punir alguém. A
punição não é um modo eficaz de alterar comportamentos, particularmente quando
comparado com outros métodos, nomeadamente com o reforço de comportamentos
adequados e o modelamento.
Cada vez que um paciente exprime o desejo de punir alguém, o terapeuta
levanta uma série de questões: “As intenções da pessoa eram boas ou más? Se as
intenções eram boas, isso não interessa? Se as intenções eram boas, como é que a
punição vai resolver alguma coisa? Mesmo que a pessoa se comporte melhor da
próxima vez, não terá sido o custo demasiado elevado? A punição vai complicar o
relacionamento com essa pessoa e a sua auto-estima. Era esse o seu objectivo?”
Estas questões guiam o paciente e ajudam-no a descobrir que a punição não é o
modo mais benéfico de resolver o que quer que seja.
Os pacientes trabalham no sentido de criar empatia e em aumentar a sua
capacidade para perdoar os seres humanos em toda a sua fragilidade e imperfeição.
Aprendem a ter uma resposta adequada quando alguém comete um erro ou não é
capaz de agir de acordo com as expectativas do paciente. A punição deve estar
reservada aqueles que têm intenções imorais ou são completamente negligentes.
As estratégias cognitivas adquirem aqui particular importância na construção
da motivação do paciente. A estratégia principal é educacional: os pacientes exploram
as vantagens e desvantagens de punição e do perdão. Listam as consequências
decorrentes de se punir alguém e aquelas que decorrem do acto de perdoar alguém.
Esta exploração é um modo produtivo de levar o paciente a perceber que a punição
não é uma estratégia eficaz para lidar com os erros. Os pacientes conduzem ainda
diálogos entre o lado punitivo e o lado “misericordioso”, de modo a haver um debate
de argumentos entre ambos os lados. Inicialmente, o paciente pode defender o lado
saudável e o paciente o lado doente mas, com o decorrer da terapia, o paciente acaba
por assumir os dois papéis. Convencer-se, a um nível cognitivo, que os custos da
manutenção deste esquema é maior que os seus benefícios pode ajudar os pacientes
a reforçarem a convicção de que devem desafiar e lutar contra o esquema.
Considera-se que este esquema é, na maior parte das vezes, uma
internalização de um esquema de Punição de uma figura parental, pelo que o trabalho
experencial pode constituir-se como uma parte importante do tratamento. Assim, este
trabalho experiencial foca-se na externalização e no desafio do Modo Pai Punitivo. Em
imagerie, os pacientes imaginam essa figura parental a falar para eles de um modo
punitivo. Respondem então, dizendo “Não te vou ouvir mais. Não vou acreditar mais
em ti. Estás errado, e não és bom para mim.” Este trabalho imagético com o Pai
Punitivo constitui uma forma dos pacientes se distanciarem do esquema e o tornarem
menos egossintónico. Em vez de ouvirem a voz punitiva como a sua própria voz,
ouvem-na como a voz de uma figura parental.
O objectivo chave do trabalho comportamental, por outro lado, é a prática de
respostas mais piedosas, mais clementes, nas situações em que o paciente tem o
ímpeto de culpar os outros ou a ele próprio. Os pacientes podem começar por ensaiar
estes comportamentos em exercícios imagéticos ou em role-plays com o terapeuta,
dando-lhes depois continuidade sob a forma de tarefas para trabalho em casa.
O terapeuta usa ainda a relação terapêutica para modelar o perdão. A
“reparentização limitada” efectuada pelo terapeuta enfatiza a compaixão em vez da
punição. Por exemplo, se o paciente comete um erro ou se esquece de efectuar as
tarefas designadas para trabalho de casa, o terapeuta não pune, castiga ou censura o
paciente. Em vez disso, ajuda-o a evitar esse mesmo erro no futuro.
DSM-IV-TR
Rijo, D. (2000)
Young, J. E. (1990)
Young, J. E. (1999)
Anexos
Esquema de Abandono/Instabilidade
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
abandono/instabilidade que aprendi através de uma experiência de abandono, quando
o meu pai emigrou para o Congo (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que penso que o meu marido me
abandonará em favor de uma outra pessoa.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que o meu marido me abandonará em favor de uma colega
de trabalho (pensamento negativo), a realidade é que po meu marido tem-me dado
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja procurar impedir o meu marido de
viajar (comportamento negativo), vou, em vez disso, sentar-me no sofá a ver televisão
ou empreender uma outra actividade (comportamento alternativo).
Esquema de Desconfiança/Abuso
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
desconfiança/abuso que aprendi através de experiências repetidas de
abuso/humilhação na relação com os meus pais e com os colegas de escola (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que antecipo que as outras
pessoas me vão manipular, trair ou aproveitar-se de mim.
Teste da realidade
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja não aceitar a ajuda oferecida pelo
meu colega, confrontando-o (comportamento negativo), vou, em vez disso, aceitar a
sua ajuda e agradecer-lhe a atenção prestada (comportamento alternativo).
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
privação emocional que aprendi através de experiências repetidas em que os meus
pais se manifestaram emocionalmente distantes e frios para comigo (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que assumo que aqueles que me
são significativos não vão satisfazer as minhas necessidades.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que esta situação que demonstra que o meu marido não é
capaz de me dar toda a atenção, carinho e afecto que penso necessitar (pensamento
negativo), a realidade é que o meu marido podia, simplesmente, não se ter apercebido
que aquilo que se passou foi muito importante para mim (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
situações que demonstram que ele tem estado presente, dando-me suporte emocional
nos momentos em que mais preciso.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade irritar-me com ele por não me ter dado a
tenção e o carinho que desejava (comportamento negativo), vou, em vez disso, atentar
fazer-lhe ver aquilo que se passou, e agradecer-lhe por me ter ouvido (comportamento
alternativo).
Esquema de Defeito/Vergonha
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
defeito/vergonha que aprendi através de experiências repetidas em que me senti
inferior na relação com o meu pai, com a minha irmã e com os colegas de escola
(origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que diminuo as minhas
capacidades e competências nas situações em que interajo com outros.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que o facto de ter corado faz de mim uma pessoa imatura
e doente (pensamento negativo), a realidade é que tenho uma tendência natural para
corar facilmente e ficar um pouco mais vermelha é perfeitamente natural quando me
sinto mais ansiosa. (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
situações em que as minhas interacções sociais decorreram positivamente,
independentemente do facto de corar.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade evitar o contacto com pessoas que
conheço (comportamento negativo), vou, em vez disso, agir normalmente, sem
valorizar excessivamente o facto de corar quando lido com as demais pessoas
(comportamento alternativo).
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
defeito/vergonha que aprendi através de experiências repetidas em que me senti
inferior na relação com o meu pai, com a minha irmã e com os colegas de escola
(origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que diminuo as minhas
capacidades e competências nas situações em que interajo com outros.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que o facto de ter corado faz de mim uma pessoa imatura
e doente (pensamento negativo), a realidade é que tenho uma tendência natural para
corar facilmente e ficar um pouco mais vermelha é perfeitamente natural quando me
sinto mais ansiosa. (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
situações em que as minhas interacções sociais decorreram positivamente,
independentemente do facto de corar.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade evitar o contacto com pessoas que
conheço (comportamento negativo), vou, em vez disso, agir normalmente, sem
valorizar excessivamente o facto de corar quando lido com as demais pessoas
(comportamento alternativo).
Esquema de Auto-Sacrifício
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de auto-
-sacrifício que aprendi através de experiências no meu desenvolvimento em que
remeti para segundo plano as minhas vontades, em nome das responsabilidades que
sentia ser assim (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que subvalorizo as minhas
necessidades em favor das necessidades e interesses de outros.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que é meu dever e responsabilidade aceitar tudo o que ele
em pede profissionalmente (pensamento negativo), a realidade é que posso dizer não,
até porque a aluna em questão não é da minha responsabilidade (explicação
alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
situações em que não aceitei os pedidos dos outros, não tendo esse facto provocado
as consequências que antecipei ou abalado o meu valor enquanto pessoa.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja aceitar e dar a aula extra à aluna,
sobrecarregando-me (comportamento negativo), vou, em vez disso, recusar o pedido e
recomendar à aluna que frequente as aulas de compensação (comportamento
alternativo).
Esquema de Dependência/Incompetência
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
dependência/incompetência que aprendi através de experiências repetidas de
sobreprotecção dos meus pais que impediram o desenvolvimento das minhas
capacidades de tomada de decisão (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que penso necessitar das outras
pessoas ou em que penso ser incapaz de funcionar adequadamente sem a ajuda dos
demais.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que sou incapaz de decidir adequadamente aquilo que
devo vestir (pensamento negativo), a realidade é que já tomei, no passado, boas
decisões (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
situações em que não procurei a ajuda de outros e consegui decidir da melhor forma,
solucionando positivamente os meus problemas.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja telefonar a alguém, para me dizer o
que devo vestir (comportamento negativo), vou, em vez disso, escolher a roupa que
considero mais adequada para sair com os meu amigos (comportamento alternativo).
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
vulnerabilidade ao mal e à doença que aprendi através de experiências repetidas com
pais muito protectores e preocupados com problemas de saúde (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que uma catástrofe possa ocorrer
inesperadamente e de que vou ser incapaz de a evitar.
Teste da realidade
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade a de sair da auto-estrada e parar
imediatamente o carro (comportamento negativo), vou, em vez disso, continuar a
conduzir de forma a chegar ao destino pretendido a tempo (comportamento
alternativo).
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
Emaranhamento/Eu Sub-Desenvolvido que aprendi através de experiências infantis
em que os meus desejos e vontades, assim como a sua satisfação, eram
determinados pelos meus pais (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que sub-avalio as minhas
capacidades para agir individualmente sem atender à perspectiva e pontos de vista
dos meus pais.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que é inadmissível da minha parte não partilhar este facto
com os meus pais (pensamento negativo), a realidade é que existem determinadas
coisas que posso guardar para mim, sem lhes contar (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
situações em que resolvi determinadas questões e tomei decisões sem atender à
perspectiva dos meus pais, sem que isso tivesse acarretado qualquer prejuízo.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja procurar, imediatamente, os meus
pais e contar-lhes que iniciei um relacionamento (comportamento negativo), vou, em
vez disso, guardar a “novidade” para mim e contar-lhes numa altura em que for mais
oportuno e em que a relação estiver mais consolidada (comportamento alternativo).
Esquema de Fracasso
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
fracasso que aprendi através de experiências repetidas com pais muito críticos, que
sistematicamente não valorizaram os resultados positivos que eu alcancei e o esforço
que despendi na sua obtenção (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que antecipo ser mal sucedido
nas tarefas que me disponibilizo a realizar.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que vou ser incapaz de passar no exame (pensamento
negativo), a realidade é que já passei muitos exames em relação aos quais antecipava
fracassar (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
episódios em que fui bem sucedida na realização de diversas tarefas.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja faltar ao exame (comportamento
negativo), vou, em vez disso, fazer uma revisão da matéria e dirigir-me à faculdade
com o intuito de realizar o exame (comportamento alternativo).
Esquema de Grandiosidade
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
grandiosidade/limites indefinidos que aprendi através de experiências com os meus
pais que me possibilitaram o envolvimento em diferentes actividades sem atender aos
desejos e necessidades dos outros (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que me considero especial e em
que acredito que as pessoas devem satisfazer, sem questionar, os meus desejos e
necessidades emocionais.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que me deve ser cedida imediatamente uma mesa no
restaurante (pensamento negativo), a realidade é que não sou diferente das outras
pessoas e como tal mereço ser tratada de modo indiferenciado (explicação
alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
episódios em que o facto de estar centrado exclusivamente nos meus desejos e
necessidades me conduziu a conflitos a nível interpessoal e outros episódios em que
não exigi a satisfação das minhas necessidades e nos quais obtive, ainda assim,
níveis de gratificação satisfatórios.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja a de exigir a presença do
responsável pelo restaurante com o intuito de me ser cedida uma mesa imediatamente
(comportamento negativo), vou, em vez disso, aguardar pela minha vez
(comportamento alternativo).
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de auto-
controlo/auto-disciplina insuficientes que aprendi através de experiências em que não
fui adequadamente disciplinado por parte dos meus pais e da inexistência de
situações em que aprendesse a valorizar os objectivos a longo prazo em detrimento
de gratificações imediatas (origem).
Teste da realidade
Apesar de acreditar que vou ser incapaz de tolerar níveis moderados de
desconforto (pensamento negativo), a realidade é que, embora desagradável, a
vivência do desconforto não me impossibilita de completar com sucesso a actividade
em que me envolvo (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
episódios em que tive que suportar algum desconforto para alcançar objectivos a
longo prazo, fui capaz de o fazer e acabei por obter níveis mais elevados de
gratificação.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja ir ver televisão, evitando o
desconforto decorrente do facto de estar a estudar (comportamento negativo), vou, em
vez disso, continuar a estudar, fazendo o melhor que consiga (comportamento
alternativo).
Esquema de Subjugação
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
subjugação que aprendi através de experiências infantis nas quais, de forma
sistemática, as necessidades dos meus pais eram mais importantes, em detrimento
das minhas necessidades, interesses e desejos que eram relegados para segundo
plano (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que antecipo poder ser punida ou
abandonada se expressar os meus desejos, interesses e necessidades, em detrimento
das necessidades dos outros.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que vou ser punida ou abandonada se expressar aquilo
que penso (pensamento negativo), a realidade é que os meus amigos contra-
argumentam algumas das minhas opiniões, sem que isso signifique que eu deixe de
gostar deles e os abandona ou puna (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
alguns episódios em que manifestei os meus desejos, necessidades e interesses e
esforcei-me no sentido de os satisfazer, sem que tenha sido punido ou abandonado.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja a de dizer ao meu amigo que eu
estava errado e que a opinião dele é a mais correcta (comportamento negativo), vou,
em vez disso, apresentar-lhe os motivos pelos quais discordo da opinião dele
(comportamento alternativo).
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
procura de aprovação/reconhecimento que aprendi através da interacção que tive com
os meus pais que se preocupavam muito em ser bem vistos por todos, em agradar a
toda a gente, dando muita importância aquilo que diziam e davam a mostrar aos
outros (origem).
Teste da realidade
Apesar de acreditar que estes amigos me vão rejeitar se eu der a minha
opinião e eles não gostarem (pensamento negativo), a realidade é que se eles não
gostassem de mim e da minha visão sobre este assunto não estavam aqui a discutir
esta questão comigo e não pediam a minha opinião (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
várias discussões que tive em que dei a minha opinião, eles não concordaram mas
continuaram a dar-se bem comigo e a pedir a minha opinião.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja ficar calado (comportamento
negativo), vou, em vez disso, dar a minha opinião e defende-la mesmo que eles não
concordem com esta (comportamento alternativo).
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
negativismo/vulnerabilidade ao erro que aprendi devido ao facto de ter experienciado
um conjunto de experiências bastante negativas e adversas na minha infância
(origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que acredito que algo de mal,
muitas vezes o pior, vai acontecer. Não tenho grande esperança no futuro, se algo
pode correr mal então vai mesmo correr mal.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que a operação do meu pai vai correr mal amanhã
(pensamento negativo), a realidade é que a operação não é nada complicada e vai ser
levada a cabo por um bom cirurgião (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
várias situações em que temi que acontecesse o pior e isso não se veio a verificar.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja ligar aos familiares a pedir para
virem ver o meu pai antes que seja tarde de mais (comportamento negativo), vou, em
vez disso, aguardar calmamente pela operação e telefonar depois aos familiares a
dizer que o meu pai está internado e que se quiserem, podem vir fazer-lhe uma
visitinha (comportamento alternativo).
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
controlo excessivo/inibição emocional que aprendi através de experiências infantis em
que fui humilhado ou ridicularizado por ter expressado as minhas emoções e desejos
de forma espontânea (origem).
Teste da realidade
Apesar de acreditar que o meu amigo, por exemplo, me poderá ridicularizar
(pensamento negativo), a realidade é que o meu amigo terá ficado contente por me
ver, além de que na minha reacção foi perfeitamente normal (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
alguns episódios em que expressei de forma espontânea e sentida as minhas
emoções sem que tenha sido ridicularizado por isso.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja procurar o meu amigo para perceber
se aquilo que eu previ é correcto (comportamento negativo), vou, em vez disso,
prosseguir a minha vida normalmente, sem fazer esforços adicionais para o procurar
(comportamento alternativo).
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
padrões excessivos/hipercriticismo que aprendi através de experiências repetidas com
pais muito exigentes e críticos, que sistematicamente subavaliavam o meu
Teste da realidade
Apesar de acreditar que o meu trabalho não está suficientemente bem
elaborado (pensamento negativo), a realidade é que posso obter resultados
satisfatórios com níveis de exigência inferiores (explicação alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
alturas em que o meu desempenho foi médio e que, independentemente disto, não
sofri consequências negativas.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja a de reformular o meu trabalho com
o intuito de o tornar melhor (comportamento negativo), vou, em vez disso, entregar o
trabalho tal qual como está e esperar a sua apreciação (comportamento alternativo).
Esquema de Punição
Identificação do Esquema
No entanto, eu sei que isto se deve provavelmente ao meu esquema de
punição que aprendi através de experiências infantis em que era sistematicamente
castigado por todos os erros que cometia, pelos meus pais (origem).
Este esquema leva-me a exagerar o grau em que mas outras pessoas devem
ser punidas, independentemente das circunstâncias que rodearam um determinado
erro.
Teste da realidade
Apesar de acreditar que o meu colega deve ser castigado exemplarmente
(pensamento negativo), a realidade é que o meu colega poderá ter cometido o erro
inadvertidamente ou não ser capaz de realizar a tarefa de outra forma (explicação
alternativa).
Ao longo da minha vida, as provas que apoiam a visão mais saudável incluem
situações em que procurei compreender os erros, contextualizando todos os factores
que os rodearam, sem atender à variável da punição, e sem que isso tenha constituído
um problema.
Instrução comportamental
Portanto, ainda que a minha vontade seja procurar o meu patrão para que este
tome conhecimento da situação e aja em conformidade (comportamento negativo),
vou, em vez disso, procurar o meu colega, incentivando-o a corrigir o erro que
cometeu na feitura do referido relatório (comportamento alternativo).
Distanciamento e Rejeição
1. Abandono/Instabilidade
Diz respeito à percepção de instabilidade ou de indisponibilidade das pessoas
que poderiam ser fonte de suporte e de ligação/afiliação. Envolve a sensação de que
os outros significativos não conseguirão continuar a fornecer suporte emocional,
afiliação, força e protecção, devido ao facto de serem emocionalmente instáveis e
imprevisíveis, a não se poder contar com eles ou a não estarem presentes quando
precisamos deles, porque podem morrer a qualquer momento ou porque podem
abandonar o indivíduo em favor de alguém melhor.
2. Desconfiança/Abuso
Expectativa de que os outros irão magoar-nos, abusar de nós, humilhar-nos,
trair-nos, mentir-nos, manipular-nos ou aproveitar-se de nós. Habitualmente, envolve a
percepção de que o mal é intencional ou resultado de uma negligência extrema e
intencionada. Pode incluir a sensação de que acabará sempre por se ser traído ou de
que se sairá sempre a perder.
3. Privação Emocional
Expectativa de que os outros não satisfarão adequadamente o nosso desejo de
termos um grau normal de suporte emocional. Os três principais tipos de privação são:
A. Privação de Apoio e Cuidados: ausência de atenção, afecto, carinho
ou companheirismo;
B. Privação de Empatia: ausência e de compreensão, escuta, abertura
ou partilha mútua de sentimentos por parte dos outros;
C. Privação de Protecção: ausência de força, direcção e orientação por
parte dos outros.
4. Defeito/Vergonha
Sentimento de que se é “um defeito”, mau, indesejado, inferior ou sem valor
quando se trata de coisas importantes; ou de que não se seria amado por outros
significativos se se expusesse. Pode envolver uma hipersensibilidade à crítica, à
rejeição e à culpa; consciência de si, comparações e insegurança quando se está
perto dos outros; ou uma sensação de vergonha relativamente aos defeitos
percepcionados. Estes defeitos podem ser privados (egoísmo, impulsos agressivos,
5. Isolamento Social/Alienação
Sentimento de que se está isolado do resto do mundo, de que se é diferente
das outras pessoas, de que não se faz parte de qualquer grupo ou comunidade.
6. Dependência/Incompetência
Crença de que se é incapaz de exercer as responsabilidades quotidianas de
uma forma competente, sem a ajuda considerável dos demais, como por exemplo
tomar conta de si próprio, resolver os problemas diários, fazer bons julgamentos,
realizar novas tarefas, tomar boas decisões). Frequentemente toma a forma de
desespero.
8. Emaranhamento/Eu sub-desenvolvido
Envolvimento emocional excessivo e proximidade com um ou vários outros
significativos (muitas vezes os pais), comprometendo uma individualização completa
ou um desenvolvimento social normal. Muitas vezes envolve a crença de que pelo
menos um dos indivíduos emaranhados não pode sobreviver ou ser feliz sem o
constante apoio dos outros. Pode também incluir sentimentos de se ser sufocado por,
ou “fundido” com outros ou identidade individual insuficiente. Frequentemente é
9. Fracasso
Crença de que se fracassou, se irá inevitavelmente falhar ou se é
fundamentalmente inadequado face aos seus pares, em áreas de realização pessoal
(escola, carreira, desporto,…). Várias vezes envolve a crença de que se é estúpido,
inapto, sem talento, ignorante, de baixo estatuto, inferior em relação aos demais,…
Limites Deteriorados
Deficiência nos limites internos, responsabilidade para com os outros ou
orientação/objectivos a longo prazo. Conduz a dificuldades respeitantes aos direitos
dos outros, cooperação com os outros, assumir compromissos ou estabelecer e
alcançar objectivos pessoais irrealistas.
12. Subjugação
Excessiva rendição de controlo aos outros porque se sente coagido – normal
mente para evitar encolerização, retaliação ou abandono. As duas principais formas de
subjugação são:
A. Subjugação de necessidades: supressão das suas próprias
preferências, decisões e desejos;
B. Subjugação de emoções: supressão da expressão emocional,
especialmente a raiva.
Envolve normalmente a percepção de que os seus próprios desejos, pontos de
vista ou sentimentos não são válidos ou importantes para os outros. Comummente
apresenta-se como uma excessiva concordância, combinada com hipersensibilidade a
sentir-se encurralado.
13. Auto-Sacrifício
Enfoque excessivo na satisfação voluntária das necessidades dos outros nas
situações do quotidiano, comprometendo a sua própria gratificação. As razões mais
comuns são para evitar causar dor aos outros, para evitar a culpa de se sentir egoísta
ou para manter a ligação com outros, a qual é vista como necessária e inquestionável.
Várias vezes resulta de uma sensibilidade aguda á dor dos outros. Por vezes, leva a
um sentimento de que as suas próprias necessidades não estão a ser adequadamente
satisfeitas e ao ressentimento para com aqueles de quem cuidamos.
Sobrevigilância e Inibição
Ênfase excessiva no controlo dos seus sentimentos espontâneos, impulsos e
escolhas de modo a evitar cometer erros ou em cumprir regras e expectativas rígidas
e interiorizadas acerca do desempenho e do comportamento ético, muitas vezes
comprometendo a felicidade, auto-expressão, relaxamento, relações de proximidade
ou a saúde.
abrandar, e no hipercriticismo para consigo próprios e para como os outros. Tem que
envolver uma deterioração significativa em: actividades de prazer, relaxamento, saúde
ou relacionamentos satisfatórias.
Os padrões rígidos/Excessivos apresentam-se como:
A. Perfeccionismo, uma desordenada e excessiva atenção ao detalhe
ou uma subestimada noção do quão bom é um dado desempenho, em comparação
com a média.
B. Regras rígidas e deveres em muitas áreas da vida, incluindo uma
moral, ética, cultural ou preceitos religiosos irrealisticamente elevados.
C. Preocupação com tempo e eficiência, para que se consiga atingir
mais e melhor.
18. Punição
Crença de que as pessoas deveriam ser severamente punidas pelos erros que
cometem. Envolve a tendência para se ser agressivo, intolerante, punitivo e
impaciente para com as pessoas (incluindo ele próprio) que não se enquadram nas
suas próprias expectativas ou padrões. Normalmente inclui a dificuldade em desculpar
os erros a si próprio e aos outros, dada a relutância em considerar circunstâncias
atenuantes, em aceitar a imperfeição da espécie humana ou em empatizar com
sentimentos.