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Aaron Beck, foi o primeiro a desenvolver completamente teorias e O processamento cognitivo/informação (que se refere à
métodos para a aplicação de intervenções cognitivas e transformação das representações mentais, observando as regras do
comportamentais a transtornos emocionais. O desenvolvimento de sujeito) recebe um papel central nesse modelo, pois o ser humano
suas teorias e métodos cognitivo-comportamentais, foram avalia a relevância dos acontecimentos internamente e no ambiente
influenciados pelos trabalhos de: que o circunda, estando as cognições frequentemente associadas às
reações emocionais.
> Adler, Horney e Sullivan (analistas pós freudianos) no que concerne
ao desenvolvimento de formulações cognitivo-comportamentais mais O modelo cognitivo é usado para ajudar os terapeutas a conceitualizar
sistematizadas dos transtornos e da estrutura da personalidade; o caso e a implementar métodos específicos da TCC; portanto, auxilia
> Kelly: quanto a teoria dos construtos pessoais (CN ou o terapeuta a verificar as relações entre pensamentos, emoções e
autoesquemas). comportamentos, bem como para orientar as intervenções de
> Ellis: no que diz respeito a terapia racional emotiva. tratamento.
*A abordagem de A. Beck, originalmente, desenvolvida para o Há interações complexas entre processos biológicos, influências
tratamento da depressão é aplicada hoje em uma variedade de ambientais e interpessoais e elementos cognitivo comportamentais
transtornos. Ex.: ansiedade; dependência química; transtornos de na gênese e tratamento de transtornos psiquiátricos. Para direcionar
personalidade etc. o tratamento recomenda-se uma formulação que inclua
considerações cognitivo-comportamentais, biológicas, sociais e
*A TCC é um termo genérico que abrange mais de 20 abordagens interpessoais.
dentro do modelo cognitivo e cognitivo comportamental. Os FIGURA 1.1. modelo cognitivo – Kanapp.
primeiros escritos importantes e as primeiras abordagens cognitivo-
comportamentais surgiram nos anos de 1960 e 1970 com autores
como A. Beck, Albert E., Lazarus, entre outros.
2.1. CRENÇAS NUCLEARES > Esquemas mal adaptativos perpetuam-se por três formas principais:
> são as nossas ideias e conceitos mais enraizados e fundamentais a. manutenção do esquema: pensar e se comportar de maneiras que
acerca de nós mesmos, das pessoas e do mundo. São mais abstratas reforçam o esquema;
e gerais, constituindo um nível mais profundo de representação dos b. evitação do esquema: procurar formas de evitar a ativação dos
pensamentos. CN são incondicionais. Portanto, independentemente esquemas e o sofrimento associado;
da situação (evento) que se apresente ao sujeito, ele irá pensar do c. compensação do esquema: agira aparentemente de forma a
mesmo modo consoante com suas crenças. contradizer o esquema.
> CN formam-se a partir das primeiras experiências de aprendizado e 2.2. PRESSUPOSTOS SUBJACENTES / CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS /
se fortalecem ao longo da vida. As CN moldam a percepção e a PRESSUPOSTOS CONDICIONAIS
interpretação dos eventos, modelando o nosso jeito psicológico de
ser. Sem ações corretivas das CN disfuncionais, o sujeito irá cristalizá- > são construções cognitivas, subjacentes aos pensamentos
las como verdades absolutas e imutáveis. automáticos. São regras (é um imperativo: ter que; dever/obrigação),
pressupostos (“se”) e atitudes (envolve ação), que adotamos e que
*para alcançar mudanças duradouras, as CND devem ser modificadas. guiam a nossa conduta (as regras são usualmente expressas na forma
de afirmações tipo: “tenho que”, “devo”).
*CND, são absolutistas, generalizadas e cristalizadas; podem
permanecer latentes (ocultas) todo o tempo, sendo ativadas nos > CI são transituacionais (relativo à situação), encontram-se presentes
transtornos emocionais. Com a ativação, o processamento de em inúmeras situações existenciais. Essas crenças pressupõem que,
informação torna-se tendencioso, no sentido de extrair da realidade desde que determinadas regras, pressupostos e atitudes sejam
apenas as informações que confirmam a crença disfuncional, cumpridas, não haverá problemas e o sujeito se mantém
negligenciando ou minimizando as informações que possam relativamente estável e produtivo. Mas, se, por alguma circunstância
desconfirmar as evidências contrárias. Pela correção das crenças os pressupostos não estão sendo cumpridos, o sujeito torna-se
disfuncionais ou supressão dos fatores precipitantes, as crenças vulnerável ao transtorno emocional quando as crenças nucleares
podem retornar ao seu estado de latência e somente ressurgir negativas são ativadas.
quando e se ocorrem situações semelhantes.
*os pressupostos subjacentes, são construídos como tentativa de
> agrupamentos de CND, de acordo com Judith Beck: lidar com CND, eles as acabam confirmando e reforçando.
a. CN de desamparo: crenças sobre ser impotente, frágil, vulnerável, > estratégias de enfrentamento ou compensatórias são os
carente; desamparado necessitado. comportamentos que o sujeito utiliza para lidar com as suas crenças.
b. CN de desamor: crenças sobre ser indesejável, incapaz de ser Os comportamentos de enfrentamento têm correlação direta com as
gostado, não amado, sem atrativos, imperfeito, rejeitado, regras e pressupostos disfuncionais e acabam por reforçar as crenças.
abandonado e sozinho. As CI modelam a relação entre as estratégias comportamentais e as
c. CN de desvalor: crenças sobre ser incapaz, incompetente, crenças nucleares. (meus pressupostos condicionais irão influenciar
inadequado, ineficiente, falho, defeituoso, fracassado, sem valor. minhas estratégias de enfrentamento/compensatórias a fim de não
tornar real minha crença nuclear, por ex., de desamor).
2.3. PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS a. melhorar o resultado do tratamento, auxiliando o terapeuta e o
paciente na obtenção de uma concepção mais ampla e profunda dos
> temos milhares de pensamentos diariamente; a maioria não é mecanismos cognitivos e comportamentais do paciente.
percebido conscientemente, pois acontece de forma rápida, b. auxiliar o terapeuta na escolha das intervenções terapêuticas e das
involuntária e automática. PA, exagerados, distorcidos, equivocados, tarefas a serem realizadas.
irrealistas ou disfuncionais têm um papel importante na c. reforça o entendimento da relação terapêutica.
psicopatologia, porque moldam/influenciam tanto as emoções e d. ajuda a entender e lidar com potenciais problemas e fracassos do
ações do sujeito em resposta aos eventos da vida. tratamento.
*a modificação de PA melhora o humor do paciente. Já a modificação > aspectos que devem ser questionados e investigados na
da CN, melhora o transtorno. conceitualização cognitiva:
> PA podem ser ativados por eventos externos ou internos. PA são as a. diagnóstico clínico;
cognições mais fáceis de acessar e modificar. Podem ocorrem em b. problemas atuais e fatores estressores precipitantes que
forma de imagens (além do próprio pensamento). contribuíram para seus problemas psicológicos ou interferiram em
sua habilidade para resolvê-los;
*havendo dificuldade de identificar PA, uma forma de evoca-los é por c. as aprendizagens e experiências antigas que contribuem para seus
aquilo que se está imaginando (pensando em imagens). Ex. imagem problemas atuais;
da plateia rindo. d. as predisposições genéticas e familiares;
e. pensamentos automáticos; crenças subjacentes e nucleares;
> validade e utilidade dos PA, conforme J. Beck, podem ser: f. mecanismos cognitivos, afetivos e comportamentais que
desenvolveu como estratégias para enfrentar suas crenças
a. distorcidos, apesar das evidências em contrário; disfuncionais;
b. acurados (apurado), mas com conclusão distorcida; g. como o paciente percebe a si mesmo, os outros e o mundo.
c. acurado, mas totalmente disfuncional.
*após mapear esses primeiros aspectos, terapeuta levanta hipóteses
> características dos PA: sobre como o paciente desenvolveu o transtorno que o motivou a
a. coexistem com o fluxo de pensamentos manifestos; buscar tratamento.
b. aparecem espontaneamente;
c. comumente aceitos como verdadeiros, sem avaliação crítica; > o terapeuta inicia a construção da conceitualização cognitiva desde
d. se não monitorados passam despercebidos. A emoção associada é seu primeiro contato com o paciente e continua complementando
mais fácil de reconhecer; esse processo até a última sessão. À medida que aparecem novos
e. associados com emoções específicas; dados, terapeuta e paciente colaborativamente modificam e refinam
f. podem ocorrem de forma verbal ou em imagens; a formulação, confirmando algumas hipóteses e abandonando
g. pode-se aprender a identificá-los; outras.
h. pode-se avaliar a sua validade e/ou utilidade.
> a conceitualização cognitiva é o fundamento do plano terapêutico e
PRINCÍPIOS PRÁTICOS a base para selecionar os alvos de intervenção mais produtivos e as
intervenções técnicas mais apropriadas.
1. Afeto, Comportamento, Pensamento.
PRINCIPAIS MÉTODOS DA TCC
> A visão cognitiva de psicopatologia adota o modelo de interações
entre cognição, humor e comportamento e sugere as seguintes 1. DURAÇÃO E FORMATO DA TERAPIA
intervenções: modificação de afeto; mudança comportamental;
mudança nas cognições. O afeto é necessário para a reestruturação A TCC é voltada para o problema e geralmente aplicada em um
cognitiva. Os padrões de comportamento desadaptativos formato de curto prazo. Entretanto, cursos mais longos podem ser
retroalimentam a disfunção emocional e cognitiva, logo, também necessários se houver condições comórbidas ou se o paciente possuir
precisam ser trabalhados. sintomas crônicos ou resistentes ao tratamento. Normalmente as
sessões têm duração de 45 a 50 min. No entanto, pode-se
* A cognição tem papel importante e é o foco fundamental (mas não individualizar a duração para atender às necessidades do paciente,
é o único) para a intervenção. melhorar a eficiência do tratamento e/ou resultado.
* Para resultados duradouras, além de trabalhar as cognições de nível 2. FOCO NO “AQUI E AGORA”
mais superficial (PA), é importante modificar as CN e CI que o
predispõe o paciente aos problemas e ajudá-lo a planejar estratégias Esta abordagem enfatiza que a atenção às questões atuais ajuda a
eficazes para lidar com situações futuras que podem precipitar um estimular o desenvolvimento de planos de ação para combater os
recaída. sintomas, como por ex., a desesperança. Ademais, respostas
cognitivas e comportamentais a eventos recentes são mais acessíveis
2. CONCEITUALIZAÇÃO COGNITIVA e verificáveis que as reações as ocorrências no passado distante. No
entanto, a perspectiva longitudinal (desenvolvimento na primeira
> Trata-se do entendimento cognitivo do paciente; o foco primário são infância, histórico familiar, traumas, experiências evolutivas positivas
os fatores cognitivo-comportamentais que mantêm as dificuldades e negativas, educação, história de trabalho e influências sociais)
emocionais; as crenças; as vulnerabilidades da personalidade; os auxilia a entender melhor o paciente e a planejar o tratamento.
traumas; e, as experiências que predispuseram o sujeito a vivenciar
seus problemas atuais.
Há aspectos comuns e específicos na relação terapêutica estabelecida transmitirá conhecimento de uma maneira colaborativa, utilizando o
na TCC. método socrático para incentivar o paciente a se envolver no processo
de aprendizagem. Apresenta as seguintes características, durante a
3.1. ASPECTOS COMUNS a qualquer processo terapêutico são: a relação terapêutica: é amigável; é engajado; é criativo; usa os pontos
empatia, afeto e autenticidade. fortes do paciente para trabalhar no enfrentamento dos problemas; é
capacitante; é orientado para ação.
a. a empatia envolve a capacidade de colocar-se no lugar do paciente
de modo a ser capaz de intuir/perceber o que ele está sentindo e c. humor na TCC
pensando e, ao mesmo tempo, manter a objetividade para discernir
possíveis distorções, raciocínio ilógico ou comportamento > É necessário mensurar a capacidade do paciente em se beneficiar
desadaptativo que possam estar contribuindo para o problema. com a utilização do humor na terapia. Contudo, pode trazer efeitos
Comentários empáticos precisam ser feitos em momentos oportunos. positivos na capacidade do paciente de reconhecer suas distorções
cognitivas, expressar emoções saudáveis e sentir prazer.
*empatia na TCC inclui busca por soluções que reduzam o sofrimento
do paciente e o ajude a lidar com os problemas da vida. Para tanto, > As razões para utiliza o humo na TCC, consistem: na capacidade do
deve mesclar comentários empáticos com questões socráticas e humor normalizar e humanizar a aliança terapêutica; em ajudar a
outros métodos da TCC que incentivem o pensamento racional e o promover o caráter amigável e colaborativo da TCC; e, na
desenvolvimento de comportamentos de enfrentamento saudáveis. possibilidade de que habilidades para o humor, no paciente, surjam e
sejam fortalecidas como um recurso para combater os sintomas e
b. a autenticidade, é uma das chaves para demonstrar empatia. O lidar com o estresse.
terapeuta autentico é capaz de se comunicar verbal ou não
verbalmente de uma maneira honesta, natural e emocionalmente d. flexibilidade e sensibilidade
conectada para demonstrar ao paciente que de fato entende a
situação; é diplomático ao dar feedback construtivos ao paciente; > O terapeuta precisa estar em sintonia com as diferenças individuais
apesar de evento e resultados de fato negativos, o terapeuta tenta do paciente, à medida que tentam desenvolver uma relação de
encontrar no paciente, pontos fortes que o ajudará a enfrentar trabalho eficaz. Portanto, é necessário ter um estilo flexível e
melhor os desafios da vida; possui um senso de otimismo, e acredita personalizado, que seja sensível às características situacionais;
na resiliência e potencial de crescimento do seu paciente. socioculturais; e, aquelas relacionadas ao diagnóstico e sintomas ao
personalizar uma aliança terapêutica.
3.2. CARACTERÍSTICA ESPECÍFICA NA TCC
ATT: TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA NA TCC
3.2.1. empirismo colaborativo
> os fenômenos de transferência são vistos como uma reedição, na
> é o termo mais usado para descrever a relação terapêutica na TCC, relação terapêutica, de elementos-chave de relacionamentos prévios
uma relação simples e voltada para a ação. Durante o tratamento o importantes, mas na TCC, o foco está nas maneiras habituais de
terapeuta envolve o paciente em um processo colaborativo, no qual pensar e agir que são repetidas no ambiente terapêutico. A
existe uma responsabilidade compartilhada pelo estabelecimento de transferência não é vista como um mecanismo necessário para a
metas e agendas, dar e receber feedback e, por colocar em prática os aprendizagem ou a mudança.
métodos de TCC na vida cotidiana.
> Ao avaliar a transferência na TCC, o terapeuta observa os esquemas
> terapeuta e paciente focam em pensamentos e comportamentos e os padrões associados de comportamento que provavelmente
problemáticos, que são explorados empiricamente quanto a sua foram desenvolvidos no contexto de relacionamentos importantes do
validade ou utilidade. Quando detectado déficit real, são planejadas passado. Assim, o terapeuta poderá analisar a relação terapêutica
e praticadas estratégias de enfrentamento para essas dificuldades. para identificas as crenças nucleares do paciente e examinar in vivo
os efeitos dessas cognições no comportamento do paciente em
> a principal função da relação terapêutica é enxergar as distorções relacionamentos importantes, além de planejar intervenções para
cognitivas e os padrões comportamentais improdutivos, por meio de reduzir os efeitos negativos da transferência no vínculo terapêutico
uma lente empírica que pode revelar oportunidades para o ou no resultado da terapia.
desenvolvimento de mais racionalidade, alívio dos sintomas e melhor
eficácia pessoal. 4. QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO
3.2.1.1. PAPEL DO TERAPEUTA NO EMPIRISMO COLABORATIVO > é um questionamento sistemático, orientado para a descoberta;
estimula o exame, a ponderação, avaliação e síntese de diferentes
a. grau de atividade do terapeuta na tcc: fontes de informação; o objetivo é a avaliação independente e
> o terapeuta estrutura a terapia, dá compasso às sessões, desenvolve racional dos problemas e de suas soluções; é utilizado para trazer
a formulação de caso (sempre em evolução) e implementa os informações à consciência do paciente (insight).
métodos da TCC. O seu grau de atividade é maior nas primeiras fases
de tratamento, quando o paciente está mais sintomático e se > Na TC, o terapeuta não provê as soluções nem persuade o paciente
familiarizando com o modelo cognitivo comportamental, assim, da incorreção dos pensamentos; mas guia o paciente para a
durante esse período, o terapeuta assume maior parte da descoberta.
responsabilidade por direcionar o fluxo das sessões e passa um tempo *Por meio de questionamentos (perguntas com respostas abertas) o
considerável explicando e ilustrando os conceitos básicos da TCC. À terapeuta vai orientando o paciente de forma que ele entenda seus
medida que a terapia progride, o terapeuta irá observar, demonstrar problemas, explore possíveis soluções e desenvolva um plano para
empatia e seguir adiante com a terapia com menos palavras em lidar com as dificuldades.
menos esforço.
> Uma forma especial de questionamento socrático é a descoberta 9. MÉTODOS COMPORTAMENTAIS
guiada, por meio da qual o terapeuta faz uma série de perguntas
indutivas para revelar padrões disfuncionais de pensamento ou As técnicas comportamentais usadas na TCC destinam-se a ajudar as
comportamento. A descoberta guiada maximiza o envolvimento do pessoas a: aumentar a participação em atividades que melhorem o
paciente nas sessões e no processo terapêutico e minimiza a humor; mudar os padrões de esquiva ou desamparo; enfrentar
possibilidade de o terapeuta impor suas próprias ideias e conceitos. gradualmente as situações temidas; desenvolver habilidades de
enfrentamento; e, reduzir emoções dolorosas ou excitação
5. LISTA DE PROBLEMAS E METAS DO TRATAMENTO autônoma. As intervenções mais utilizadas em transtornos de
ansiedade e depressão, são a ativação comportamental; exposição
> concomitantemente à avaliação inicial e formulação cognitiva hierárquica; prescrição gradual de tarefas; programação de atividades
inicial, o terapeuta trabalha com seu paciente para especificar as prazerosas; treinamento de respiração e treinamento de
metas para a terapia e a prioridade de cada uma delas. relaxamento.
> lista de problemas dever ser objetiva e clara. Grandes problemas 10. DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES DE TCC PARA AJUDAR A
devem ser divididos em partes menores e explicitado de forma PREVENIR A RECAÍDA
específica. Uma lista objetiva de problemas facilita a seleção de
intervenções adequadas e permite monitorar o progresso do A aquisição de habilidades pode reduzir o risco de recaída. Aprender
tratamento. como reconhecer e mudar pensamentos automáticos, utilizar
métodos comportamentais comuns, podem ajudar os pacientes a
> após estabelecer as metas, a dupla terapêutica decidirá qual meta lidar futuramente com ativadores dos sintomas. Durante as fases
será trabalhada primeiro. A decisão deve considerar fatores como a finais da TCC, o terapeuta se concentra especificamente na prevenção
preferência do paciente sobre qual meta se empenhar, a de recaída, ao ajudar o paciente a identificar problemas em potencial,
conceitualização cognitiva do caso, problemas que parecem ser mais os quais têm uma alta probabilidade de causar dificuldades. Depois,
passíveis de responder às primeiras intervenções. são utilizadas técnicas de treinamento para práticas maneiras eficazes
de enfrentamento.
6. FAMILIARIZAÇÃO COM O MODELO COGNITIVO –
PSICOEDUCAÇÃO. 11. AVALIAR CRITICAMENTE AS DISTORÇÕES COGNITIVAS
> a primeira intervenção usada na TC é ensinar o paciente a identificar > o próximo passo é a correção dos PA e crenças, bem como construir
os PA que ocorrem em situações problemáticas, a reconhecer os pensamentos alternativos mais funcionais, capazes de gerar uma
efeitos que eles produzem em suas emoções e comportamentos, bem melhora no estado de humor do paciente. Normalmente, as
como a responder de forma eficaz a esses pensamentos que causam distorções cognitivas têm intersecções e sobreposições, por isso o
dificuldade. paciente poderá apresentar, concomitantemente, mais de uma
distorção numa mesma situação
*Uma maneira eficaz para a apresentação do modelo cognitivo é a
descoberta guiada e basear a explicação dos pensamentos, 11.1. LISTA DE DISTORÇÕES COGNITIVAS
sentimentos, comportamentos e suas correlações em uma situação
vivida pelo paciente. a. catastrofização: pensar que o pior de uma situação irá acontecer,
*O trabalho psicoeducativo também pode ser feito por meio do sem levar em consideração a possibilidade de outros desfechos. O
Registro de Pensamentos Disfuncionais. paciente acredita que esse evento negativo que pode ocorrer será
terrível e insuportável, em vez de ser visto em perspectiva. Ex.: não
7. ESTRUTURAÇÃO vou suportar o desemprego, é o meu fim.
> Métodos de estruturação comuns são o estabelecimento de agenda b. raciocínio emocional/emocionalização: presumir que sentimentos
e feedback, para maximizar a eficiência das sessões, ajudar o paciente são fatos. É deixar os sentimentos guiarem a interpretação da
a organizar seus esforços em direção à recuperação e intensificar o realidade. Presumir que uma reação emocional reflete a situação
aprendizado. Contudo, o terapeuta tem espaço para desviar-se da verdadeira. Ex.: eu sinto que meus colegas estão rindo nas minhas
agenda se novos tópicos ou ideias importantes forem identificados ou constas.
se o fato de permanecer na agenda atual não estiver produzindo
resultados desejados. Paciente e terapeuta dão e recebem feedback c. polarização/pensamento tudo ou nada, dicotômico: ver a situação
para confirmar a compreensão e para moldar o direcionamento da em duas categorias, mutuamente exclusivas. Perceber eventos ou
sessão. pessoas em termos absolutos. Ex.: ou algo é perfeito, ou não vale a
pena.
8. REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA
d. abstração seletiva/visão em túnel/ filtro mental/filtro negativo: um
> A TCC ajuda o paciente a reconhecer e modificar esquemas e aspecto de uma situação complexa se torno o foco da atenção,
pensamentos automáticos desadaptativos. Os métodos mais enquanto outros aspectos relevantes da situação são ignorados. Uma
utilizados são: o questionamento socrático; os registros de parte negativa/neutra da situação é realçada, enquanto todo o
pensamento (pode incitar um estilo mais racional de pensamento); restante positivo não é percebido/ignorado. Ex.: paciente foca apenas
identificar distorções cognitivas; examinar as evidências (análise dos no comentário negativo do chefe e ignora os elogios.
prós e contras), reatribuição, listar alternativas racionais e ensaio
cognitivo (praticar uma nova maneira de pensar por meio da geração e. adivinhação: prever o futuro. A expectativa negativa é estabelecida
de imagens ou de role play). A estratégia geral, no entanto, é como fato. Ex.: tenho certeza que dará tudo errado na viagem.
identificas os pensamentos automáticos e esquemas nas sessões,
ensinar habilidades para mudar cognições, por fim fazer os pacientes f. leitura mental: presumir, sem evidências, que sabe o que os outros
realizarem exercícios entre as sessões, pois expandem os estão pensando e desconsidera outras hipóteses possíveis. Ex.: fulano
aprendizados da terapia às situações do mundo real. não gostou do meu trabalho.
g. rotulação: colocar um rótulo global e rígido em si, em uma pessoa 15. TÉRMINO DO TRATAMENTO
ou situação, em vez de rotular a situação ou o comportamento
específico. Ex.: fulana é uma pessoa má. > quando o paciente atingiu seus objetivos da lista de problemas
montada colaborativamente no início da terapia, tendo sido
h. desqualificação do positivo: experiências positivas e qualidades que verificado do seu progresso em diversas situações de vida e por
conflituam com a visão negativa são desvalorizadas porque são tempo suficiente. Feito o trabalho de prevenção da recaída, a dupla
triviais/banais/comuns. Ex.: eles so elogiou o meu trabalha porque terapêutica decide ir diminuindo o número de sessões semanal para
ficou com pena. bimestral, depois mensal, e assim por diante. Permitindo a dupla uma
oportunidade de descobrir quão bem o paciente lida com os
i. minimização e maximização: características e experiências positivas problemas sem a ajuda direta do terapeuta, além de possibilitar a
e si, no outro ou em situações, são minimizadas, enquanto o negativo revisão de alguma questão adicional que ainda precisa ser trabalhada
é maximizado. Ex.: eu tenho um ótimo emprego, mas todo mundo
tem. ESTRUTURA DA SESSÃO
> a estrutura na TC é desenhada para maximizar a colaboração entre
j. personalização: assumir a culpa ou responsabilidade por paciente e terapeuta enquanto trabalham eficientemente na
acontecimentos negativos, falhando em notar que outras pessoas e resolução dos problemas listados. Beck, sugere o seguinte modelo:
fatores também estão envolvidos nos acontecimentos. Ex.: não
consegui manter o meu casamento, ele acabou por minha culpa. 1. revisão do humor e revisão da semana
k. hipergeneralização: uma característica específica numa situação
específica é avaliada como acontecendo em todas as situações. > na prática clínica diária, pode-se registrar as evoluções do paciente
fazendo uma rápida revisão do humor, por meio de medidas objetivas
l. imperativos (deveria e tenho que): interpretar eventos em termos como o inventário de Depressão Beck ou por simples pergunta (em
de como as coisas deveriam ser, em vez de considerar como as coisas relação a semana passada, está se sentindo melhor, pior ou na
são. Demandas feitas a si, ao outro e ao munda para evitar as mesma?). Após, realizar a revisão dos acontecimentos desde a última
consequências do não cumprimento dessas demandas. Ex.: eu tenho sessão. Esta etapa possibilita ao terapeuta o monitoramento do
que ser perfeito em tudo que faço. progresso terapêutico e a identificação de alguma questão mais
prioritária a ser trabalhada na agenda.
m. vitimização: considerar-se injustiçado ou não entendido. A fonte
dos sentimentos negativos é algo ou alguém, havendo 2. ponte com a sessão anterior
recusa/dificuldade de se responsabilizar pelos próprios sentimentos
ou comportamentos. Ex.: faço tudo pelos meus amigos e eles não me > cada sessão está associada e interligada com as outras, dando um
agradecem. sentido de continuidade ao trabalho. Fazer perguntas que auxiliem na
noção de seguimento a um plano terapêutico continuado. Pode-se
n. questionalização (e se): focar o evento naquilo que poderia ter sido perguntar ao paciente, por exemplo, o que ele lembra de importante
e não foi. Culpar-se pelas escolhas do passado e questionar-se por da última sessão; para ajudar, pode-se pedir para que o paciente
escolhas futuras. Ex.: se eu tivesse aceitado outro emprego estaria anote o que de mais importante foi trabalhado e descoberto durante
melhor agora. a sessão.
> a TC é um tratamento pró ativo em que a consolidação das > a consolidação do aprendizado se dá pelas tarefas e exercícios extra-
mudanças se dá pelo constante monitoramento de pensamentos, sessão. A revisão permite a confirmação de que a direção e a marcha
emoções e comportamentos e pela consequente modificação. O do trabalho terapêutico estão adequadas ou que é necessário
paciente exercita seus aprendizados nas sessões e, principalmente, incrementar as habilidades de autoeficácia do paciente. Uma tarefa
entre as sessões, na vida real. que não deu o resultado esperado é uma excelente fonte de
informações. A não aderência à tarefa pode ser um importante item
> A maior parte das tarefas objetiva o aprendizado das estratégias e a ser trabalhado na agenda.
habilidades necessárias para o enfrentamento das situações
disfuncionais, para tanto precisa aumentar a sua auto eficácia 4. agenda
(percepção de que pode desempenhar com sucesso determinada
tarefa). > o objetivo é manter o foco nos problemas a serem trabalhados e nas
suas possíveis soluções. A agenda é feita pela dupla no início de cada
> A tarefa deve ser uma prescrição colaborativa. No decorrer da sessão com os tópicos que ambos consideram mais importantes para
sessão, a dupla terapêutica vai construindo exercícios e tarefas que serem trabalhados naquele momento específico, o que possibilita
são percebidos como uma possibilidade de aprendizado. A não extrair o máximo proveito de cada sessão. Quando um tópico
adesão a tarefa pode constituir uma possibilidade de aprendizado, importante, que não é emergencial, aparece no final da sessão, o
quando se busca colaborativamente as possíveis razões para o assunto é anotado para ser lembrado na elaboração da agenda na
comportamento. próxima sessão.
PRINCIPAIS TÉCNICAS COGNITIVAS COMPORTAMENTAIS USADAS NA > prepara o paciente para uma ação futura. São realizadas
TC dramatizações na sessão, nas quais o paciente pratica a execução do
novo comportamento em uma variedade de situações possíveis.
1. Relaxamento: Durante a dramatização, o terapeuta fornece treinamento na forma
de feedback corretivo, reforço e encorajamento por tentativas de
a. respiração diafragmática: realizar o comportamento alvo.
d. exposição in vivo/situacional > paciente é colocado em contato direto com a situação temida sem
que tenha possibilidade de fuga ou esquiva e é encorajado a enfrentar
> trata-se da exposição direta e gradual a situação temida pelo o estímulo temido pelo terapeuta, por exemplo, por meio da
paciente. A hierarquia de exposição consiste em uma variedade de modelagem.
situações da vida real que evocam graus variados de evitação.
l. economia de fichas
e. exposição interocpetiva
> é utilizado para motivar a emissão de comportamentos desejáveis,
> objetiva corrigir as interpretações catastróficas dos sintomas físicos ausentes ou presentes em baixa frequência. Fichas são usadas
sentidos pelos pacientes como parte da ansiedade antecipatória ou como reforços contingentes, ou seja, o reforço só será liberado
de um ataque de pânico. A técnica submete o paciente a uma quando o indivíduo emitir o comportamento desejável e,
exposição gradual, que fará com que se sinta confortável com certas posteriormente, essas fichas serão trocadas por recompensas.
sensações físicas e permite que a identificação de PA e as
interpretações catastróficas associadas às sensações físicas, ajudando
a corrigi-las. Essa exposição é feita por meio da provocação
m. seta descendente
n. biblioterapia
p. cartão de enfrentamento