Você está na página 1de 4

ANOTAÇÕES

Livro: Terapia Comportamental e Cognitivo-Comportamental – Práticas Clínicas


(Organizadores: Cristiano Nabuco de Abreu e Hélio José Guilhardi)

PREFÁCIO
- A Terapia Comportamental e Cognitiva originou-se no movimento filosófico denominado
“neobehaviorismo”.
- Watson, Skinner e Tolman e Hull são considerados precursores de toda e qualquer terapia que
possua “comportamental” em seu nome.
- Com o tempo, parte da vertente cognitivista da Terapia Comportamental, passou a se interessar
pela compreensão da construção de significados pelos indivíduos, debruçando-se sobre o estudo dos
esquemas emocionais que orientaram essa construção.
- Uma gama de terapias comportamentais podem ser encontradas na literatura: das estruturalistas às
funcionalistas, das mecanicistas às contextualistas, das dualistas às monistas etc.
- Abordagens científicas do comportamento.

CAPÍTULO 23: INTRODUÇÃO ÀS TERAPIAS COGNITIVAS


(Cristiano Nabuco Abreu)

Introdução
- A partir da década de 60, com o esforço de vários pesquisadores como Aaron Beck, Michael
Mahoney e Albert Ellis, começaram a nascer as práticas cognitivas de intervenção clínica.
- Mahoney: estudos voltados aos processos cognitivos.
- Beck: iniciou seus estudos focando no tratamento da depressão.
- Albert Ellis: versava sobre a razão e a emoção em terapia.
- Assim, houve grande expansão das áreas de interesse e pesquisas das terapias cognitivas, dando
origem à máxima: “Viver bem é o resultado de um pensar bem (ou corretamente)” (Mahoney).
- Nesse sentido, as técnicas visam às diferentes formas de ajuste cognitivo como registros de
pensamentos disfuncionais (Beck), técnicas de reestruturação cognitiva (Beck e Freeman),
processos de identificação das crenças irracionais (Ellis) e toda a variedade de denominações que
sustentam a correção ou a substituição dos padrões disfuncionais por padrões mais funcionais de
pensamento.

Terapia Cognitiva (Modelo de Beck)

- Descrita como uma abordagem terapêutica estruturada, diretiva, com metas claras e definidas,
focalizada no presente e utilizada no tratamento dos mais diferentes distúrbios psicológicos.

- Seu objetivo principal é produzir mudanças nos pensamentos e nos sistemas de significados
(crenças) dos clientes, evocando uma transformação emocional e comportamental duradoura e não
apenas um decréscimo momentâneo dos sintomas.

- Segundo Beck, não é a situação (ou o contexto) que determina o que as pessoas sentem, mas o
modo como elas interpretam (e pensam) os fatos em uma determinada situação. Na medida em que
se depara com novas situações, o pensamento tenta extrair as padronizações percebidas de cada
acontecimento transformando as similaridades detectadas em padrões gerais de interpretação.

- Esses padrões coordenam o processo de percepção e de atribuição de significados, sendo também


chamado de rotulação.
- O pensamento tem caráter determinante e sua disfunção determina toda uma variedade de
psicopatologias. Torna-se fundamental para as referências cognitivistas objetivistas que as
distorções de significado não evoluam a ponto de tornarem mal-adaptadas.

- O comportamento funcional depende da capacidade da pessoa de compreender a natureza do


ambiente social e físico dentro do qual está situada. Ao terapeuta cabe auxiliar o paciente no ajuste,
no aperfeiçoamento ou na busca de padrões mais concordantes com a realidade.

Papel das Emoções

- O modelo cognitivo-objetivista parte do princípio de que as emoções se derivam dos padrões de


pensamento que, pautados nas crenças, direcionam a maneira pela qual qual as pessoas interpretam
as situações às quais são expostas.

- Os eventos propriamente ditos não determinam diretamente como uma pessoa irá se sentir.

- O terapeuta cognitivo sempre verifica qual é a avaliação racional da situação sob o ponto de vista
do paciente.

- Apesar da emoção ser considerada de grande importância para o profissional, sua função é indicar,
como um sinalizador marinho, a presença de pensamentos e/ou crenças associados a ela.

- Descontrole emocional revelado → examinar a crença subjacente ou esquema que serve aos
propósitos de desadaptação. A crença deve ser, então, corrigida e submetida a uma (nova) avaliação
da realidade.

- A emoção torna-se disfuncional quando decorrente de avaliações irrealistas ou absolutistas,


interferindo na capacidade do paciente pensar de forma clara e objetiva.

Disfunção e Psicopatologia

- Na concepção cognitivista, a psicopatologia será sempre considerada o resultado das crenças


excessivamente disfuncionais ou de pensamentos demasiadamente distorcidos que, em atividade,
teriam a faculdade de influenciar o humor o comportamento do indivíduo, enviesando sua
percepção da realidade.

- Essas crenças (as quais resultam dos pressupostos que desenvolvemos a nosso respeito, a respeito
do mundo e do futuro e que compõem a estrutura cognitiva de valores que favorecem a formação da
experiência pessoal) são divididas em: básicas (centrais) e periféricas (ou intermediárias).

- As crenças, operando em um estado restrito de significados, passam a atuar como uma camisa de
força conceitual, gerando avaliações rígidas e absolutistas e criando um sentido distorcido das
situações (por isso classificadas como disfuncionais).

- Muitas das vezes se expressam, inicialmente, por meio de pensamentos negativos e, com o passar
do tempo, são responsáveis pela ativação de emoções desadaptativas.

- De caráter invasivo e imediato, os PNA (pensamentos negativos automáticos) tem o poder de


transformar a interpretação das experiências de uma pessoa afetando significativamente seu
comportamento, gerando sintomas.
- Quanto mais os sintomas se desenvolvem, mais intensos os PNA se tornam. Assim, a estrutura
cognitiva fica povoada pelas avaliações viciadas de significado, levando o indivíduo a se comportar
de maneira ilógica e irracional.

- As crenças disfuncionais deslocam as estruturas mais adaptativas, prevalecendo nos atos finais de
significação.

Papel do Terapeuta

- Papel ativo, colaborativo e educativo (trabalho sempre conjunto com o paciente).

- Atribuições do terapeuta sistematizadas por Beck:

1) Auxiliar o paciente na identificação dos PA e das crenças disfuncionais associadas a eles;


2) Propor técnicas de reestruturação cognitiva, visando a modificação dos PA;
3) Levantar hipóteses sobre a categoria de crença central da qual os PA parecem ter surgido;
4) Especificar a crença central preponderante;
5) Apresentar ao paciente a sua hipótese sobre a crença central, solicitando que ele confirme ou não;
6)Educar o paciente sobre crenças centrais em modo geral e sobre sua crença central específica, orientando-o a
monitorar a(s) operação(ões) de sua crença central;
7) Começar a avaliar e modificar a crença central junto com o paciente, auxiliando-o a especificar uma crença
central nova e mais adaptativa.

Procedimento Terapêutico

- Uma das principais características da Terapia Cognitiva é ser breve e focal.

- O paciente é informado desde o início que a terapia tem uma função pedagógica destinada a lhe
ensinar a detectar seus sintomas, de modo que possa, gradativamente, se tornar habilitado e
conduzir a terapêutica sem ajuda do profissional.

- A partir da conceituação do problema, estabelece-se um plano de tratamento com metas e


estratégias específicas.

- As sessões de terapia sempre serão estruturadas. O roteiro é criado junto com o paciente, sempre
de acordo com o alvo que necessita de uma intervenção imediata, respeitando o grau de capacidade
do paciente de executar as atividades.

- Podem ser utilizadas uma série de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento
do paciente (lembrando que todas as técnicas comportamentais e cognitivas têm como objetivo
modificar os comportamentos e as crenças disfuncionais quem mantém os sintomas sempre em
atividade).

- Além das técnicas, também utiliza-se o Diálogo Socrático.

- Beck sugere que o tempo da Terapia Cognitiva seja de quatro a quatorze sessões semanais, porém,
no mesmo estudo, afirma que alguns pacientes podem necessitar de 1 a 2 anos para modificar suas
crenças e seus comportamentos disfuncionais.

- Outra característica é a ênfase no presente. O terapeuta busca fazer uma avaliação realista das
situações específicas que afligem o paciente no momento. A atenção se volta ao passado apenas em
casos específicos.
Conclusões

- Existem várias formas e modalidades de Terapia Cognitiva

- Nos modelos de Beck, a ênfase é no processo de mudança que recai muito mais sobre as
dimensões conceituais da experiência pois se utiliza, como pressuposto, uma referência
epistemológica objetivista. (Obs: Já modelos com base cognitivo-construtivista se endossa a
prática a partir dos aspectos emocionais da experiência. Essa diferença de foco é um dos grandes
divisores de água da família cognitiva).

Caracterização dos modelos cognitivos (racionalistas) de terapia

Teoria Conceito de Papel das emoções Patologia Tratamento


realidade
Cognitiva objetivista A realidade é externa As emoções e a As emoções A ênfase está na
e pode ser interpretação das negativas resultam eliminação, no
objetivamente situações de vida são dos padrões controle ou na
observada e produtos derivados distorcidos e substituição dos
acessada. É singular, dos pensamentos e irracionais de padrões negativos do
estável e universal das imagens mentais pensamento pensamento. Propõe-
(geradores da se a identificação,
patologia) seguida da alteração
dos padrões
irracionais por
padrões lógicos e
realistas

Você também pode gostar