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O estudo das falsas memórias abrange vários campos da ciência, como a neuropsicologia e a
psicologia forense. O estudo das mesmas têm-se tornado um claro interesse na área da
uma área de pesquisa crucial, destacando-se pela sua relevância para a compreensão dos
Esta revisão de literatura tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre FM`s (falsas
de falsas memórias, bem como a sua complexidade, examinando a influência de fatores como
A seguinte análise visa então, uma compreensão mais holística do papel das falsas memórias,
informações que não ocorreram, que não vivenciámos ou que não ocorreram exatamente
Inicialmente, no final do século XIX, estudos foram realizados para compreender o efeito das
perguntas nos relatos de crianças e adultos e também para compreender o efeito de perguntas
sugestivas no surgimento de falsas memórias. Os estudos de Ebbinghaus levaram à
estudo laboratorial sobre falsas memórias (e.g., Gallo, 2006; Roediger, Watson, McDermott,
& Gallo, 2001), demonstrando a recordação falsa de palavras, associadas a itens previamente
apresentados. Além disso, Binet, em 1900, introduziu informações enganosas por meio de
Posteriormente, na segunda metade do século XX, houve uma abordagem mais cognitivista
1995, o paradigma DRM ganhou também destaque na literatura, sendo este um procedimento
experimental que consiste na apresentação de listas de palavras associadas a uma palavra não
recordação e/ou reconhecimento, onde o “distrator crítico” tem tendência a ser recordado e
reconhecido na mesma proporção que as palavras apresentadas nas listas( Roediger &
McDermott, 1995). Desta forma, este paradigma é utilizado para estudar a ocorrência de
Clarificação de Conceitos
É importante começar pelo início de tudo, como se forma uma memória, primeiramente os
armazenada nas diferentes regiões do córtex cerebral, onde passaram a ser consolidadas e,
A memória que é transferida para a memória a longo prazo, pode ser influenciada por dois
que, nos primeiros minutos seguidos à aprendizagem, a perda de retenção é muito grande e, a
esquecimento diminui.
Também as características do evento têm uma grande influência no esquecimento, que poderá
uma grande quantidade de informação sobre o evento (Buchanan & Lovallo, 2001; Goodman,
Hirschman, et al., 1991) ou, poderá ser uma influência negativa, quando a ativação emocional
de informações apresentadas após o evento em questão. Importa salientar que tanto as falsas
relacionados à lembrança, e não têm sua origem em dinâmicas sociais, como mentira ou
formação de falsas memórias, uma vez que, o processo de imaginar eventos, pode induzir as
memórias por meio da visualização e imaginação de eventos também pode ser incentivada
quando os indivíduos têm dificuldades em recordar-se dos mesmos (Loftus, 2006), uma vez
que o “próprio ato de rememorar pode modificar o conteúdo daquilo que se recorda e que
É importante começar por definir o que é um “trauma” e realçar que, um evento que poderá
ser traumático para algumas pessoas, poderá ser um mero evento para outras. O trauma, é
definido como uma situação experienciada ou testemunhada pelo indivíduo, na qual houve
mesmo, como por exemplo, assaltos, sequestros, incêndios, entre tantos outros. (Câmara
ou mais eventos traumáticos e reagir com intenso medo, sendo que os sintomas (definidos no
DSM-5) devem estar presentes por um período superior a um mês após a exposição ao
O cérebro não armazena memórias de forma direta, mas sim fragmentos de informação que
acabamos por juntar de forma a reconstruir lembranças, dessa forma conseguimos perceber o
porquê de não conseguirmos recordar com precisão os eventos vivenciados no passado (Peres
& Nasello, 2005). Também as emoções podem exercer uma grande influência sobre a
memória (Santos & Stein, 2008), uma vez que a memória, sendo processada em várias
regiões cerebrais, acaba por abranger também o sistema límbico, especificamente a amígdala,
informações armazenadas (Fink et al, 1996; McGaugh, 2000). Dessa forma, eventos
traumáticos podem ser submetidos a uma transformação cognitiva moldada pela carga
emocional, por exemplo, Sacks (2013) observou situações, no âmbito do abuso na infância,
anteriormente falado.
Vários estudos mais recentes, têm também revelado novas perceções acerca do papel das
pessoais que os tornam mais ou menos suscetíveis à produção de falsas memórias. Por
informações verdadeiras e falsas (Neufeld et al., 2013). Outros estudos com pessoas que
sofreram um trauma, algumas com perturbação de stress pós-traumático (PSPT) e outras sem
a perturbação, demonstram que estas têm maior propensão a recuperar memórias negativas
em comparação com memórias neutras, verificando assim uma relação entre trauma e
suscetibilidade a falsas memórias, indicando que sofrer trauma é um preditor das mesmas
(Zoellner et al., 2000). Este estudo sugere também que os indivíduos que passaram por
memórias.
formação de falsas memórias, indicando que o estado emocional relacionado ao trauma pode
destaca o intervalo de tempo entre o evento e a entrevista, uma vez que existe uma interação
imprecisas ou enganosas em tribunal. Esta situação pode ter consequências graves para os
Assim, o estudo das falsas memórias revelou que vários fatores, como as técnicas sugestivas
Conclusão
Em todo o caso, a distinção entre uma memória verdadeira e uma "não tão verdadeira assim"
não é uma tarefa fácil. Mesmo que a lembrança seja falsa, isso muitas vezes não altera a
especialmente o estudo das falsas memórias (Oliveira, 2018), cada vez mais, se torna
legais e clínicos, enfatizando a importância da compreensão dos fatores que podem contribuir
para a formação de falsas memórias e o seu potencial impacto nos processos judiciais e nas
práticas terapêuticas. Assim, torna-se imperativo que futuros estudos neste campo explorem e
clínica e forense, para lidar eficazmente com as implicações das falsas memórias.
Referências bibliográficas
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Zoellner, L. A., Foa, E. B., Brigidi, B. D., & Przeworski, A. (2000). Are trauma victims