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RESUMO
Tendo como base estudos que comprovam a existência de falsas memórias, envolvendo vítimas e
testemunhas de crimes no âmbito do processo penal, mais especificamente em delitos de abuso sexual, e
que estas são mais suscetíveis a crianças, uma vez que influenciam em lembranças de experiências que de
fato não ocorrerão, levando-as ao erro ao serem inqueridas, busca-se demonstrar de que formas ocorrem a
sugestionabilidade, bem como técnicas que pretendem mitigar informações errôneas, obtendo-se, contudo,
a verossimilhança dos fatos narrados.
ABSTRACT
The present study is based on studies that confirm the existence of false memories from witnesses and
victims of crimes, more specifically children who suffer sexual abuse, since these are more susceptible to
these type of memories, which influence in the remembering of experiences that might not have occurred.
Therefore, it is presented ways that suggestibility occurs involving false memories and also the developed
techniques that try to mitigate the propelling of false information due to false memories, looking to achieve
verisimilitude to what actually happened.
1. Introdução
1
Artigo extraído do Trabalho “A implantação de falsas memórias em crianças supostamente vítimas de
abuso sexual e técnicas de minimização da sugestionabilidade”, aprovado para obtenção do título de
Bacharel em Direito da Laureate International Universities- Uniritter em 2015/1.
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A partir de uma abordagem interdisciplinar, através de consulta bibliográfica a
livros, artigos, monografias e dissertações de mestrado, buscou-se apresentar não somente
questões jurídicas, mas principalmente a influência de questões psicológicas nas decisões
e no referencial interno de cada indivíduo, uma vez que as falsas memórias são oriundas
destas.
A mesma memória que é responsável pela nossa qualidade de vida, uma vez
que, é a partir dela que nos constituímos como indivíduos; sabemos nossa
história, reconhecemos nossos amigos, apresenta erros e distorções que podem
mudar o curso de nossas ações e reações, e ate mesmo ter implicações sobre a
vida de outras pessoas.2
2
STEIN, Lilian Milnitsky e colaboradores. Falsas Memórias: Fundamentos científicos e suas aplicações
clínicas e jurídicas. Porto Alegre: Artmed. 2010, p. 22.
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memórias em eventos traumáticos poderiam nem sempre ser verdadeiras, sendo não
recordações de coisas que ocorreram, mas sim de um instinto primário, ou seja, um
sentimento ou fantasias de quando criança, gerando assim as falsas memórias.3
Posteriormente, estudos específicos sobre falsas memórias diziam respeito sobre
a sugestionabilidade e suas características, isto é, a possibilidade de se inserir falsos
conhecimentos à sua lembrança, recordando de acontecimentos falsos internos ou
externos, como verdadeiros.
Essas pesquisas sobre a sugestão na memória foram conduzidas por Alfred Binet
(1900), na França, o qual categorizou a sugestionabilidade da memória em dois tipos:
autossugerida, que ocorre através de processos internos da mente humana/indivíduo, e
memória deliberadamente sugerida resultante do ambiente, denominadas posteriormente
como falsas memórias espontâneas e sugeridas, respectivamente.4
Outrossim, a memória está diretamente ligada à recordação, onde Bartlett
descreveu-a “como sendo um processo reconstrutivo, baseado em esquemas mentais e no
conhecimento geral prévio da pessoa, salientando o papel da compreensão e a influência
da cultura nas lembranças”.
Desta forma, ao compreender o conceito de recordação, vinculou as situações
externas à influência na construção da memória, bem como nos próprios anseios de cada
indivíduo, no entendimento dos fatos, sugestionando diretamente nas lembranças.
Através destes estudos, entre outros vários já findados, os autores que o realizaram
observaram que a memória pode ser modificada/alterada sempre que uma informação
diferente, porém parecida com o evento original, era introduzida/ exposta ao delato dos
fatos, fazendo com que fosse alterada a resposta e a explanação do que realmente viram.
De forma que restou demonstrada que a memória é construtiva, podendo sofrer
alterações provocadas pelo próprio organismo (corpo e mente) e/ou por situações e
sensações ocorridas externamente, e que as falsas memórias podem ocorrer tanto devido
a uma distorção, quanto por uma falsa informação apresentada pelo plano externo.
3
MASSON, Jeffrey Moussaieff. A correspondência completa de Sigmund Freud para Wilhelm
Fliess. Porto Alegre: Imago, 1986, p. 21.
4
STEIN, Lilian Milnitsky e colaboradores. Falsas Memórias: Fundamentos científicos e suas aplicações
clínicas e jurídicas. Porto Alegre: Artmed, 2010, p. 22.
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Diante disso, importante mencionar que crianças absorvem tudo que sentem,
ouvem, veem sendo emocionalmente abalada pelas situações a que fazem parte ou
daquelas que presenciam, estando mais acessíveis a sugestionabilidade e sofrendo e
absorvendo muito mais sentimentos e traumas ao longo da infância, refletindo para toda
a vida.
Obtendo-se plena convicção e conhecimento de que crianças possuem suas
memórias produzidas de forma diferente do adulto, produzindo falsas memórias com
maior facilidade, principalmente no que diz respeito a casos cujo envolvimento se deu
por abuso sexual, há de ser mostrado como estas ocorrem e como as mesmas podem ser
minimizadas no âmbito infantil, evitando a proliferação de casos semelhantes.
Dias conceitua o abuso sexual da seguinte forma:
Ou seja, o menor envolvido não sabe distinguir o evento ocorrido, não sabe
diferenciar o certo do errado, sendo vulnerável e incapaz de considerar o respectivo ato
como sendo um abuso sexual.
Diante disso, surge a indagação de como determinar se a recordação de abuso
sexual infantil é verdadeira ou esta teve induzimento das falsas memórias?
Baaddeley, Anderson e Eysenck explicam que:
5
DIAS, Maria Berenice. A Falsa Denúncia de Abuso Sexual. 2ª ed. Ver. Ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2010.
111
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com precisão o que conseguem se lembrar de suas vidas. Como resultado,
muitas vezes não está claro se a criança de fato entende que os eventos que ela
descreve realmente ocorreram com ela. 6
6
ALAN, Baddeley, Michael C. Anderson & Michael W. Eysenck.Memory (Memória). Porto Alegre:
Artmed, 2009, p. 305.
7
IZQUIERDO, Ivan. Questões sobre a Memória. São Leopoldo: Unisinos, 2004. p. 57.
8
ALAN, op. cit., p. 305-307.
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Apresenta-se nítido, na pesquisa referida acima, que quando a criança possui uma
terceira pessoa que intermedia suas decisões elas se deixam influenciar, sendo facilmente
sugestionáveis. Por outro lado, aqueles assistentes que realizam os questionamentos de
forma aberta, fornecem ao menor uma segurança, transparecendo a acessibilidade para
que possam delatar o que ocorreu verdadeiramente.
Além disso, como se não bastasse toda a confusão mental que há no menor, outro
fator que influencia e agrava a sugestionabilidade é o da emoção: sentimento atuante no
menor e muito expressivo, que prejudica consideravelmente o êxito da prova testemunhal
e do respectivo depoimento pessoal, uma vez que agrava a situação vivenciada, pois já é
suficientemente constrangedora.
Isto porque, as emoções podem ser definidas como reações somáticas e cognitivas
de curta duração a antecedentes ambientais ou cognitivos, que preparam o organismo para
a ação. Assim, as emoções se diferenciam do humor, tendo em vista este último ser um
padrão estável e duradouro, não necessitando obrigatoriamente de um antecedente
determinado.
Feix define que “as reações emocionais podem ser aferidas, basicamente, através
de três niveis: comportamental (observação), fisiológico (medidas de frequência cardíaca
e pressão sanguínea) e subjetivo (escalas auto-aplicavéis)”. As emoções afetivas são
divididas em duas: valência e alerta. A primeira refere-se a carga emocional do negativo
(desprazer) ao positivo (prazer) e a segunda varia da calma à excitação. 9
Não cabe exemplificar detalhadamente todos os tipos e como eles agem
intimamente em crianças e no depoimento infantil. Entretanto, foi necessário sinalizar a
fim de contextualizar que, conforme estudos, é possível averiguar, através da emoção
transpassada pela criança, se ela foi ou não vítima das falsas memórias, e se o que está
sendo referido advém da sugestionabilidade ou faz parte dos fatos elencados (emoção
habitual por relembrar dos fatos vivenciados).
Paralela às sugestionáveis situações e informações, a incidência das falsas
memórias pode se dar por dois fatores principais: um deles é a submissão social. As
9
FEIX, Leandro da Fonte; PERGHER, Giovani Kuckartz. Memória em julgamento: técnicas de
entrevista para minimizar as falsas memórias. Porto Alegre: Artmed, 2010, p. 32.
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crianças novas podem ceder à pressão social e a uma falta de apoio social, mesmo quando
sua própria evocação é exata. 10
“O outro fator é a incompetência cognitiva. Crianças novas chegam a acreditar em
seu próprio relato de memória distorcida, devido a limitações no processamento, atenção
ou linguagem.” 11
A descoberta de que uma sugestão externa pode conduzir à construção de falsas
recordações infantis ajuda a entender o processo pelo qual as falsas recordações surgem.
A informação enganosa tem o potencial de invadir as recordações quando fala-se com
outras pessoas, quando interroga-se sugestivamente ou quando lê-se ou vê-se a cobertura
da mídia sobre algum evento que entendem ter vivenciado elas mesmos.·.
É o que evidencia Lotfus ao caracterizar:
A corroboração de um evento por outra pessoa pode ser uma técnica poderosa
para induzir a uma falsa memória. De fato, apenas afirmar ter visto uma pessoa fazendo
algo errado já é o suficiente para conduzí-la a uma falsa confissão, no caso das crianças.
Diante dos fatores suscetíveis a sugestionabilidade em crianças, restou definido
que falsas recordações são construídas combinando-se recordações verdadeiras com o
conteúdo das sugestões recebidas de outros.
Durante o processo, os indivíduos podem esquecer a fonte da informação. Este é
um exemplo clássico de confusão sobre a origem da informação, na qual o conteúdo e a
proveniência da informação estão dissociados.
Com isto, a criança torna-se confusa, não contribui para o processo criminal e o
desfecho do processo criminal pode não corresponder a verdade (formal) dos fatos.
10
ALAN, Baddeley, Michael C. Anderson & Michael W. Eysenck.Memory (Memória). Porto
Alegre:Artmed, 2009, p. 307.
11
ALAN, Baddeley, Michael C. Anderson & Michael W. Eysenck.Memory (Memória). Porto
Alegre:Artmed, 2009, p. 307.
12
LOFTUS, Elisabeth F. Creating false memories. Scientific American, 70-75. Tradução disponível
em: <www.geocities.com/athens/acropolis/6634/falsamemoria.htm>. Acesso em 03 jun. 2015, p. 5.
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Desta forma, faz-se necessário apresentar técnicas que suavizem e reduzam estes
fatores, a fim de se extrair a melhor resposta possível dos envolvidos no processo.
13
Depoimento sem dano. Disponível em:
<http://www.tjrs.jus.br/export/poder_judiciario/tribunal_de_justica/corregedoria_geral_da_justica/infanci
a_e_juventude/doc/Cartilha_Depoimento_Sem_Dano.pdf>.Acesso em: 30 mai. 2015.
14
DI GESU, Cristina Carla. Prova penal e falsas memórias. 2008. 354 f. Dissertação (Mestrado) –
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Direito, Porto Alegre, 2008, p. 202.
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O procedimento prevê uma medida inovadora, juntamente com a possibilidade de
a prova ser colhida antecipadamente mediante intimação do interessado para comparecer
em audiência, vedando a inquirição, exceto se autorizado judicialmente, o referido
método tem de ser precursor de uma mudança e valorização do menor envolvido.
Isto porque com o método utilizado para inquerir a vítima ou a testemunha
(criança) faz com que o infante esteja em um ambiente acolhedor e desenvolvido
exclusivamente a ele. Reduzir-se-á as falsas memórias, uma vez que as perguntas serão
abertas de forma a não comprometer o conhecimento do depoente, assim como a
revitimização, suprindo a necessidade de vários depoimentos e traumas.
Ademais, o objetivo deste projeto é reduzir os danos sofridos pelas crianças, que
ao viver uma situação de afronta aos seus direitos fundamentais, tem que relembrar
diversas vezes de uma situação que gostaria de esquecer.
Importante salientar que as supostas vítimas sentem-se influenciadas e assumem
o papel de vítimas, devido a má técnica da colheita das provas, a derradeira instrução
criminal, e a incidência das falsas memórias, Di Gesu orienta os riscos de colher o
depoimento infantil tendo em vista que:
15
DI GESU, Cristina Carla. Prova penal e falsas memórias. 2008. 354 f. Dissertação (Mestrado) –
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Direito, Porto Alegre, 2008, p.124.
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da criança e do adolescente, bem como, o de priorizar sua proteção, colocando em prática
a respectiva lei especial, quer seja o Estatuto da Criança e do Adolescente:
16
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Mandado de Segurança n. 70013658638. Impetrante:
Ministério Público, Impetrado: Juiz de Direito da 6º Vara Criminal do Foro Central da Capital. Relator:
Desa. Fabianne Breton Baisch, Porto Alegre 12 abr. 2006. Disponível em:
<http://www.tjrs.jus.br/busca/search?q=cache:www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php
%3Fnome_comarca%3DTribunal%2Bde%2BJusti%25E7a%26versao%3D%26versao_fonetica%3D1%2
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ator=Fabianne%20Breton%20Baisch&aba=juris>. Acesso em: 01 maio. 2015.
17
Artigo 12:1. Os Estados Partes assegurarão à criança que estiver capacitada a formular seus próprios
juízos o direito de expressar suas opiniões livremente sobre todos os assuntos relacionados com a criança,
levando-se devidamente em consideração essas opiniões, em função da idade e maturidade da criança. 2.
Com tal propósito, se proporcionará à criança, em particular, a oportunidade de ser ouvida em todo
processo judicial ou administrativo que afete a mesma, quer diretamente quer por intermédio de um
representante ou órgão apropriado, em conformidade com as regras processuais da legislação nacional.
(BRASIL, Decreto Lei 99.710/90, Convenção sobre os Direitos da criança). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D99710.htm.> Acesso em: 20 abr. 2015.
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DOBKE, Veleda. Abuso sexual: a inquirição das crianças – uma abordagem interdisciplinar. Porto
Alegre: Ricardo Lenz, 2001, p. 46.
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Diante disso, Felix categoriza o projeto como apto a reduzir os danos, como o das
falsas memórias quando menciona que:
Diante disso, torna-se evidente que este projeto pode oportunizar um melhor
aproveitamento da prova, tal necessária e essencial para o deslinde do processo judicial.
Além disso, valoriza o menor envolvido em seus direitos e garantias, não causando mais
abalos e traumas, uma vez que evitará novas inquirições e, consequentemente, a
revitimização da depoente.
Ademais, o fato de o infante não precisar ficar repetindo por diversas vezes seu
depoimento, sem a intervenção de terceiros, sem exposição e constrangimentos,
acarretará no insurgimento das falsas memórias, bem como na avaliação através da
gravação, se esta existiu ou não, obtendo-se a valorização da palavra da vítima, segurança
e eficácia da vítima, que ficará cada vez mais próxima da tão almejada verdade formal.
5. Considerações finais
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FELIX, Juliana Nunes. Depoimento sem dano: Evitando a revitimização de crianças e adolescentes à
luz do ordenamento jurídico pátrio. Disponível em
<http://www.revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/viewFile/1383/1070.> . Acesso em: 06 jun. 2015,
p.12-13.
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recordar fidedignamente o que se aprendeu/vivenciou, uma vez que a memória é
reconstrutiva.
Ou seja, não é possível lembrar em sequência, como uma gravação de alguma
coisa. As memórias apresentam-se em flashs e por isto são tão suscetíveis a ocorrência de
falsas memórias.
Sim, falsas memórias. Sim, elas existem e estão presentes no nosso dia a dia, nos
anos que já passaram e nos que virão. São mais comuns do que imaginamos e, na medida
em que estas se misturam às memórias verdadeiras, podem e causam danos que
prejudicam sutilmente ou intensamente o envolvido, como por exemplo acusar alguém
inocente.
Através de processos e acontecimentos externos, a memória pode vir a ser influenciada
como um todo: através da visão, da emoção, da sensação, da concepção daquilo que
vivenciou, como e/ou também da sugestão de terceiros ou de novas vislumbrações, as
quais interferem na verdadeira memória.
Assim, aquilo que de fato aconteceu, passa a ser falsa memória, pois introduz-se na
memória verdadeira algo que não aconteceu, tendo como agravante o transcurso do
tempo, o qual pode atribuir novos detalhes ao caso concreto, como até mesmo diminuir
os detalhes em suas especificidades e necessidades.
Em relação aos supostos casos de abuso sexual envolvendo crianças, restou
configurado a estes indivíduos a propensão destes delitos. Uma vez que tratam-se de
indivíduos frágeis e com personalidade em criação, são vítimas muitas vezes dentro do
próprio lar, com seus próprios familiares, é imprescindível que haja mudança na
percepção do Estado, a fim de restringir e evitar estes casos, bem como de realizar o
procedimento jurisdicional (processo penal) com êxito, utilizando a prova testemunhal a
seu favor, e a favor da vítima, com o intuito de evitar maiores danos e abalos ao menor
envolvido, tão suscetível a traumas e problemas psicológicos ao longo dos anos.
Desta forma, com base nestes apontamentos, tornou-se necessário evidenciar
soluções para auxiliar na minimização dos danos e na indução de terceiros, que acabam
por implicar na sugestionabilidade junto aos envolvidos. Assim, foi sugerida, no âmbito
das crianças, tendo em vista serem vulneráveis e suscetíveis as falsas memórias e a erros
na colheita de suas provas, juntamente com a necessidade de proteção integral, atender o
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melhor interesse da criança, o depoimento sem dano, técnica atualmente empregada em
muitos tribunais com o intuito de obstruírem a revitimização.
6. Referências
DI GESU, Cristina Carla. Prova penal e falsas memórias. 2008. 354 f. Dissertação
(Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de
Direito, Porto Alegre, 2008.
DIAS, Maria Berenice. A Falsa Denúncia de Abuso Sexual. 2ª ed. Ver. Ampl. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
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