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(lonhcgu ;i mais completa

C( >LEÇAO D E SERVIÇO SOCIAL zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA


Grupos em Serviço Social — M a r g a r e t E . H a r t f o r d
História do Serviço Social — Balbina O. Vieira
Metodologia do Serviço Social — Balbina O. Vieira rsi
Um Modelo Genérico para o Serviço Social — Maria da
Glória N i n F e r r e i r a
Modelos de Supervisão em Serviço Social — Balbina O
Vieira.
Noções Básicas do Serviço Social — Elizabeth Nicholds
Organização da Comunidade e Planejamento — Arthur
Hillman
Reformulação do Serviço Social — Alfred K h a n CO
Serviço Social Clínico — Transferência e Contratransfe-
rência — Verli Eyer d e Araújo
Serviço Social Clínico — Um Modelo de Prática — Helen
Northen
Serviço Social — Precursores e Pioneiros — Balbina O
Vieira
Serviço Social — Processos e Técnicas — Balbina O. Vieira CO
Serviço Social e a Revalorização de Grupos — R u t h Wilkes
Serviço Social — Visão Internacional — Balbina O. Vieira
Teoria e Prática do Serviço Social de Casos — Gordon
Hamilton
Teorias de Serviço Social de Grupo — R o b e r t W. R o b e r t s
e Helen N o r t h e n
O Voluntário a Serviço da Sociedade — J o h n Huenefeld zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

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ARAXA
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SUM ARÉ
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CO
ISBN 85-220-0169-3
AGIR - CBCISS
Copyright ©zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
do Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços
Sociais (CBCISS)

Direitos para edição em língua portuguesa reservados a


ARTES GRÁFICAS INDÚSTRIAS REUNIDAS S.A. (AGIR)

Capa de HELENA GEBARA DE MACEDO

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. SUMÁRIO zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA


Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais APRESENTAÇÃOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUT
7
- CBCISS.
C389t Teorização do serviço social / Centro Brasileiro de Cooperação
DOCUMENTO D E ARAXA 11
2. ed. e Intercâmbio de Serviços Sociais. — 2. ed. — Rio de Janeiro: I n t r o d u ç ã o 19
Agir, 1986. Capítulo I 23
Conteúdo: Documento de Araxá, 1967: teorização do serviço
social. — Documento de Teresópolis, 1970: metodologia do serviço Capítulo I I 29
social. — Documento do Sumaré, 1978: cientificidade do serviço Capítulo I I I 41
social. N o t a Final 44
Bibliografia. Relação d o s D o c u m e n t o s Preparatórios 46? <
ISBN 85-220-0169-3
DOCUMENTO D E TERESÓPOLIS 47 £
1. Serviço social — Teoria. I. Título. I n t r o d u ç ã o 53 £
86-0604 CDD - 361.001 Relatório d o G r u p o A 57 *c
Relatório d o G r u p o B 73 tá
CDU - 36.01 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Relação d o s D o c u m e n t o s Preparatórios 97 5
DOCUMENTO DO SUMARÉ 101 §
I n t r o d u ç ã o 107- ca
1 — O Serviço Social e a Cientificidade 113
2 — O Serviço Social e a F e n o me n o lo g ia 171
3 — O Serviço Social e a Dialética 207

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APRESENTAÇÃO

Os D o c u m e n t o s d e Araxá, Teresdpolis e Sumaré c o n s t i t u e m


" m a r c o s históricos" d o Serviço Social. São p r o d u t o dos
e s t u d o s de profissionais c o m p e t e n t e s r e u n i d o s e m Semi-
nários p r o m o v i d o s p e l o C e n t r o Brasileiro d e C o o p e r a ç ã o
e Intercâmbio d e Serviços Sociais ( C B C I S S ) . / E s p e l h a m
a s i t u a ç ã o d o Serviço Social e m d a d o m o m e n t o d e sua
história, e são o r e s u l t a d o d e seu desenvolvimento cientí-
fico, e m b o r a influenciado p o r a c o n t e c i m e n t o s sociais e
políticos. De fato, d e s d e o início, o Serviço Social preo-
cupou-se c o m d e t e r m i n a d a s q u e s t õ e s q u e p õ e m e m jogo.
s u a própria existência o u sobrevivência./
E m vista d o s n u m e r o s o s e s t u d o s feitos a p a r t i r desses
t r ê s d o c u m e n t o s , esgotou-se a última d a s edições d e c a d a
u m deles. O C B C I S S , depois d e c o n s u l t a r vários profis-
sionais, resolveu reuni-los n u m só volume, e m n o v a edição,
p e r m i t i n d o , a s s i m , facilidade d e m a n u s e i o p a r a e s t u d o s
e consultas.
/ N o Brasil, q u a n d o , n a década d o s a n o s 30, a I g r e j a
desejava f o r m a r a g e n t e s p a r a a Ação Social, s ur giu u m
" m o d e l o franco-belga", d e t e n d ê n c i a assistencialista, e, m a i s
t a r d e , o " m o d e l o a m e r i c a n o " , o " m o d e l o clínico", a p o i a d o
e m t e o r i a s psicodinâmicas. E s s e s m o d e l o s n ã o r e s p o n d i a m
a o q u e a Igreja desejava, m a s e n c o n t r a v a m aplicação e m
n u m e r o s a s o b r a s sociais e n t ã o existentes, o q u e t o r n o u
a prática d a c a r i d a d e m e n o s empírica e m a i s racional.
Ora, a s mudanças q u e se e f e t u a r a m n o Brasil n o s a n o s
d e pós-guerra — o desenvolvimento económico e político
e o p r o g r e s s o d a s ciências sociais — c r i a r a m n o v a s situa-
ções problemáticas e m t o d o s o s s e t o r e s d a sociedade.
Teorização
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
8 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA do Serv. Social 9
Apesar de a b s o r v i d o s p o r i n t e n s a atividade voltada p a r a e dissertações de mestrado analisaram ou interpretaram
o r e c o n h e c i m e n t o d a p r o f i s s ã o e d o ensino d e Serviço a s pos ições e ideias, o s e s t u d o s e até a história do Serviço
Social, os a s s i s t e n t e s sociais n ã o p o d i a m deixar d e cons- Social a p a r t i r d o s referidos D o c u m e n t o s . T o d o s estes
t a t a r a s dificuldades c r i a d a s , p a r a a m e l h o r i a d a q u a l i d a d e t r a b a l h o s t ê m o s e u valor, pois s a b e m o s q u e n ã o há ciência
d e vida, p o r práticas sociais q u e , e m b o r a r e v e la s s e m gran- "constituída", m a s t o d a ciência se e l a b o r a a o s p o u c o s ,
de dedicação, p o u c o contribuíam p a r a a realização d o s a c r e s c e n t a n d o d e s c o b e r t a s a o q u e já se sabe: é a ciência
objetivos desejados. " c o n s t i t u i n t e " . Ê este o c a m i n h o q u e o Serviço Social per-
/ C o n t e s t a d o r e s m a i s e n t u s i a s t a s , i n s p i r a d o s p o r ideolo- c o r r e : c a d a t r a b a l h o redigido, c a d a p e s q u i s a realizada, c a d a
gias diversas, l e v a n t a r a m a b a n d e i r a d a " r e c o n c e i t u a ç ã o " experiência, é u m a p e d r a a c o n s t r u i r a e s t r a d a p e r c o r r i d a .
n o início d o s a n o s 60. Nisso, n ã o faziam o u t r a coisa senão D e n t r o dessa perspectiva, o p r e s e n t e volume n ã o apre-
levar p a r a o Serviço Social os q u e s t i o n a m e n t o s d e o u t r a s s e n t a a íntegra d o s já e d i t a d o s a n t e r i o r m e n t e . F o r a m reti-
disciplinas sociais, políticas e económicas, q u e se locali- r a d o s os anexos q u e , n a época, t i n h a m u m significado
zavam principalmente nas universidades.^ o u u m a r a z ã o de ser, m a s q u e n a r e e d i ç ã o atual, s e g u n d o
E s t e fenómeno q u a s e u n iv e r s a l manifestou-se, e m re- a opinião de profissionais c o n s u l t a d o s , p o d e r i a m s e r dis-
lação ao Serviço Social, n a I n g l a t e r r a e n o s E s t a d o s Unidos, pensados.
m a s s o b r e t u d o n a América Latina, e, n o início, situava-se Agora, a o se d e f r o n t a r e m c o m os D o c u m e n t o s de Araxá,
n o c a m p o d a a b s t r a ç ã o e d a teoria. Teresópolis e Sumaré, as n o v a s gerações p o d e r ã o com-
Foi n e s s a ocasião que, e m 1966, o CBCI S S propôs u m p r e e n d e r / o q u e eles r e p r e s e n t a v a m n a época p a r a o Ser-
e s t u d o sério, e t ã o p r o f u n d o q u a n t o possível, do Serviço viço S o c i a l / C o n s t i t u e m o m o m e n t o e m q u e a profissão, a o
Social, a fim d e esclarecer os conceitos aceitos, os valores refletir s o b r e a sua/prática^ resolveu e x a m i n a r as b a s e s ,
d e b a s e e os c o n h e c i m e n t o s necessários p a r a u m a prática n u m a p e r c e p ç ã o m a i o r d a realidade, e ingressar, assim,
eficiente. n o c a m i n h o da/cientificidade/
Assim s e n d o , realizaram-se, n o s últimos quinze a n o s ,
t r ê s Seminários: e m 1967, n a cidade m i n e i r a d e Araxá,
s o b r e "Teorização d o Serviço Social"; e m 1970, e m Tere- CBCISS
sópolis, E s t a d o d o Rio d e J a n e i r o , s o b r e "Metodologia d o Centro Brasileiro de Cooperação e
Serviço Social" e, e m 1978, n o C e n t r o d e E s t u d o s d a Intercâmbio de Serviços Sociais.
Arquidiocese d o Rio de J a n e i r o , n o Sumaré, s o b r e "Cienti-
ficidade d o Serviço Social".
Aos Seminários de Araxá e Teresópolis seguiram-se en-
c o n t r o s regionais, q u e envolveram, r e s p e c t i v a m e n t e , 741
e 958 assistentes sociais d e t o d o s o s E s t a d o s d o Brasil
n a discussão e avaliação d o s a s s u n t o s t r a t a d o s n o s Semi-
nários. Ao Seminário do Sumaré n ã o h o u v e e n c o n t r o s sub-
sequentes.
O D o c u m e n t o d e Araxá — o p r i m e i r o a s e r p u b l i c a d o
— teve g r a n d e r e p e r c u s s ã o , n ã o a p e n a s n o B r a s i l m a s
também n o estrangeiro, e foi t r a d u z i d o p a r a o inglês e o
espanhol. O D o c u m e n t o de Teresópolis foi t r a d u z i d o p a r a
o espanhol.
Os D o c u m e n t o s r e c e b e r a m elogios e s o f r e r a m críticas,
o q u e n ã o deixa de s e r positivo. Muitos a r t i g o s d e revistas
COMISSÃO ORGANIZADORA DO S E M I N A R I O

PRESIDENTE

Helena Iracy Junqueira

COORDENADORES D E GRUPO
G r u p o 1 — B a l b i n a Ottoni Vieira
G r u p o 2 — Ana Adelina Lins
G r u p o 3 — Neide L o b a t o S o a r e s S a n t o s
G r u p o 4 — M a r t a T e r e s i n h a G odinho

COMISSÃO D E REDAÇÂO
C o o r d e n a d o r a Geral: Jocelyne L. C h a m u z e a u
M a r i a Amélia d a Cruz Leite — R e l a t o r a do G r u p o 1
M a r i a d a Glória Lisboa d e Nin F e r r e i r a — R e l a t o r a
do Grupo 2
M a r i a Lúcia Car valho d a Silva — R e l a t o r a do
Grupo 3
E d i t h Magalhães M o t t a — R e l a t o r a d o G r u p o 4
M o d e s t a Manoela Lopes — R e l a t o r a d e Plenário
Ana Adelina Lins — R e l a t o r a
Graziela B r e n n e r — R e l a t o r a
Ivany Lopes R o d r i g u e s — R e l a t o r a
M a r i a d e L o u r d e s M a lta Saliba — R e l a t o r a
Neide L o b a t o S o a r e s S a n t o s — R e l a t o r a

S E C R E T A R I A EX ECU TI V A

M a r i a Augusta de L u n a Albano — Secretária


Executiva
14 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
M a r i a d a s D o r es M a c h a d o — Secretária Executiva
Adjunta Teorização do Serv. Social
Martha Teresinha Godinho
HOSPITALIDADE Mary Catherine Jennings
M i r t e s Haickel F o n s e c a
Leda Afonso B o r g e s M o d e s t a M a n o e l a Lopes
Neide Lobato Soares Santos
S E C R E T A R I A ADMINISTRATIVA N e l s o n José S u z a n o
N o t u b u r g a R o s a Reckziegel
Nelson José S u z a n o — C o o r d e n a d o r Técnico Rose Maria Kronland
E r o t h i d e s Menezes Cavalcante — Secretária Y o l a n d a Heloísa d e Souza
Vera Arantes Antunes
PARTICIPANTES

Ana Adelina Lins


Atila B a r r e t o
Balbina O t t o n i Vieira
Edeltrudes Guimarães
E d i t h Magalhães M o t t a
E d y Maciel M o n t e i r o
Francisco de Paula Ferreira
Graziela B r e n n e r
Helena Iracy Junqueira
Idália T o c a n t i n s Maués
I n a h Rangel C a r o p r e s o
Ivany Lopes R o d r i g u e s
Jocelyne L. C h a m u z e a u
José L u c e n a D a n t a s
Leda Afonso B o r g e s
Leila M a r i a Coelho Velho
M a r i a Amélia d a Cruz Leite
I r . M a r i a Aparecida G u i m a r ã e s
M a r i a Augusta d e L u n a Albano
M a r i a d a Conceição M a c h a d o
M a r i a d a Glória Lisboa de N i n F e r r e i r a
Maria das Dores Machado
M a r i a d e L o u r d e s Malta Saliba
M a r i a J u l i e t a Costa Calazans
M a r i a Lina de C a s t r o L i m a
M a r i a Lúcia Car valho d a Silva
Marília Bini P e r e i r a
M a r t a C a m p o s Tauil
SUMARIO

Introdução
Capítulo I — Considerações s o b r e a n a t u r e z a do
Serviço Social
Objetivos d o Serviço Social
F u n ç õ e s d o Serviço Social

Capítulo I I — Metodologia d e ação do Serviço Social


A d e q u a ç ã o d a metodologia à s funções
d o Serviço Social
Serviço Social de Caso
Serviço Social de G r u p o
Desenvolvimento d e C o m u n i d a d e
I n t e g r a ç ã o do Serviço Social
Utilização da a d m i n i s t r a ç ã o e m Serviço
Social

Capítulo I I I — Serviço Social e a r e a l i d a d e br as ileir a

N o t a final

Relação dos D o c u m e n t o s preparatórios


INTRODUÇÃO

1. / O Serviço Social, c o m o disciplina de in te r v e n ç ã o na


r e a l i d a d e social, constituída p o r u m c o n j u n t o de conheci-
m e n t o s e técnicas, começou a delinear-se e m princípios
d e s t e século n o s E s t a d o s Unidos, p o u c o m a i s t a r d e na
E u r o p a , e n a década d o s t r i n t a n a América Latina e n o
Brasil.
2. N a s u a evolução, o Serviço Social, c o m o prática insti-
tucionalizada, caracterizou-se pelo d e s e m p e n h o d e papéis
relacionados c o m (disfunções m a n i f e s t a d a s n o nível d o
indivíduo s o b f o r m a s d e d e s a j u s t a m e n t o s sociais e a o
m e s m o t e m p o identificadas a o nível d a s e s t r u t u r a s sociais.
3. N o seu d i n a m i s m o intrínseco, desafiado pelas exigên-
c i a s d o p r o c e s s o d e desenvolvimento, /o Serviço Social
v e m b u s c a n d o integrar-se n e s s a r e a l i d a d e e m mudança
c o m o u m , e n t r e o u t r o s , i n s t r u m e n t o eficaz p a r a p r o p i c i a r
a o h o m e m m e i o s à p l e n a realização de s u a condição hu-
mana./" E s t a t e n t a t i v a d e integr ação do Serviço Social s e
p r o c e s s a através d e revisões contínuas de seus objetivos,
papéis, funções e me to d o lo g ia d e a ç ã o . zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUT
4. / U m esforço d e t e o r i z a ç ã o d o Serviço Social /fera impe-
r a t i v o inadiável, n e s t a fase d a s u a evolução n o Br a s il.
E s s e esforço c o m p r e e n d e r i a a b u s c a de análise e síntese
d o s s e u s c o m p o n e n t e s universais, d o s seus e l e m e n t o s de
especificidade e d e s u a /adequação ao contexto econômico-
lOCial d a r e a l i d a d e b r a s i l e i r a /
6. O Comité Brasileiro d a Conferência I n t e r n a c i o n a l de
Serviço Social ( C B C I S S ) deliberou convocar u m g r u p o
dt a s s i s t e n t e s sociais, r e p r e s e n t a t i v o d a s várias regiões
do país, v i n c u l a d o s a o s diferentes c a m p o s e níveis d e
ttuaçlo, p o r t a d o r e s d a s m a i s v a r i a d a s experiências pro-
20 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 21
fissionais, p a r a s o l i d a r i a m e n t e t e n t a r r e s p o n d e r àquele o s e l e m e n t o s constitutivos de c a d a u m . Levan-
imperativo. i, a problemática d a m a i o r r e n t a b i l i d a d e n a utili-
6. O CBCI S S recebeu a c o o p e r a ç ã o d a U N I C E P , do Go- da s u a i n s t r u m e n t a l i d a d e metodológica,
v e r n o d o E s t a d o d e Minas Gerais e de organizações pú- f i n a l m e n t e , o Capítulo I I I e x a min a a a d e q u a ç ã o à
blicas e p r i v a d a s , q u e a u t o r i z a r a m o u facilitaram a parti- br as ileir a do Serviço Social, tal c o m o foi con-
cipação d o s assistentes sociais n o referido Seminário. to e visualizado e m s u a dinâmica operacional.
7. Realizou-se, as s im, n a c i d a d e d e Araxá, e m Minas Ge- R e s s a l t a n d o c o m o f u n d a m e n t a l a integr ação do Ser-
rais, de 19 a 26 d e março d e 1967, u m e n c o n t r o d e 38 Social n o p r o c e s s o de desenvolvimento, p r o p õ e u m a
assistentes sociais q u e , pelo s is te ma de g r u p o s d e e s t u d o sm técnica operacional e m função d o m o d e l o bá-
e sessões plenárias, c h e g a r a m à e la b o r a ç ão d o p r e s e n t e do desenvolvimento, a b r i n d o novos h o r i z o n t e s p a r a
documento. presença a t u a n t e q u e venha a constituir-se e m plena
8. De início, p e n s o u o CBCISS e m p r o c e d e r aos e s t u d o s , • ta a o desafio d o m o m e n t o p r e s e n t e . J -
a t r i b u i n d o a cinco g r u p o s diferentes t e m a s q u e seriam, E s t e d o c u m e n t o , r e s u l t a n t e d e e s t u d o s e reflexões,
ao final, discutidos e m plenário, solicitando, c o m esta a t e n d e r a u m r e c l a m o d o s profissionais do Serviço
finalidade, a p r e p a r a ç ã o a n t e c i p a d a d e r o t e i r o s s o b r e os De f o r m a alguma, p r e t e n d e ser definitivo. Pelo
conceitos básicos d e Serviço Social, Serviço Social d e i r i o , o CBCI S S e o g r u p o de assistentes sociais q u e
Caso, Serviço Social d e G r u p o , Desenvolvimento d e Co- I b s c r e v e m c o n s i d e r a m c o m o seu principal mérito sus-
m u n i d a d e e A d m i n i s t r a ç ã o de P r o g r a m a s . d e b a t e s p o s t e r i o r e s e e s t i m u l a r a realização d e novas
9. Desde a instalação d o s t r a b a l h o s , sentiu-se m a i o r inte- suisas e e s t u d o s . zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGF
r e s s e dos p a r t i c i p a n t e s e m d i s c u t i r e m , t o d o s , o m e s m o
r o t e i r o s o b r e conceitos básicos e / e s t u d a r a metodologia
s o b u m p r i s m a genérico, a o invés d a dinâmica d o s p r o -
cessos. /
10. S u b m e t i d o s a o plenário o s dois e s q u e m a s d e traba-
lho, foi o último a p r o v a d o p o r u n a n i m i d a d e , confirmándo-
se o vivo /interesse d o g r u p o p o r u m e s t u d o d a teorização
do Serviço Social/ Adotou-se o r o t e i r o c o r r e s p o n d e n t e ,
s e n d o os o u t r o s utilizados n o m o m e n t o d o s d e b a t e s s o b r e
metodologia.
11. Organizaram-se q u a t r o g r u p o s d e nove o u onze m e m -
b r o s c a d a u m , c a b e n d o a u m a c o m i s s ã o , constituída p o r
r e p r e s e n t a n t e s d e t o d o s o s g r u p o s , a r e d a ç ã o final d o
d o c u m e n t o q u e o CBCI S S o r a a p r e s e n t a .
12. O Capítulo I analisa o s objetivos r e m o t o s e opera-
cionais do Serviço Social, s u a n a t u r e z a e funções, c o m
b a s e e m s u a evolução histórica, projetando-se, n o e n t a n t o ,
p a r a o f u t u r o , e m p e r s p e c t i v a s d e mudança social.
13. Segue-se o Capítulo I I q u e e s t u d a a metodologia d o
Serviço Social, confrontando-se a s concepções a t u a i s acer-
c a d o s p r o c e s s o s básicos, a o m e s m o t e m p o q u e p r o c u r a

I
Capitulo I zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO

CONSIDERAÇÕES S O B R E A NATUREZA
DO SERVIÇO SOCIAL

('17.A p o s i ç ã o teórica d o Serviço Social n ã o alcançou,


• até* om o m e n t o , u m a definição satisfatória n o q u a d r o d o s
! conhecimentos humanos.
18. .fi d Serviço Social u m a ciência autónoma? U m a cor-
t e n t e o define c o m o "Ciência Social Aplicada", p o r se
Utilizar d o s c o n h e c i m e n t o s d a Sociologia, Antropologia,
Psicologia, E c o n o m i a , Política e t c , p a r a intervir n a reali-
dade social. O u t r o s defendem posições de independência
para o Serviço Social, n o q u a d r o d a s ciências, a f i r m a n d o
p o s s u i r u m s i s t e m a d e c o n h e c i m e n t o s científicos, n o r m a -
tivos e transmissíveis, e m t o r n o d e u m objetivo c o m u m .
Há, a i n d a , o s q u e a s s e v e r a m q u e o Serviço Social é u m a
déncia q u a n d o sintetiza a s ciências psicossociais.
19. Q u a n t o a o c o m p o n e n t e arte, 1 o r i g i n a r i a m e n t e incluído
nas definições d e Serviço Social, verificam-se divergências,
ficando, p o r e s t e m o t i v o , a q u e s t ã o e m a b e r t o . zyxwvutsrqponmlkjihgfedcba
30. P a r e c e h a v e r , porém, u m c e r t o c o n s e n s o e m carac-
teriaar o Serviço Social n o p l a n o d o c o n h e c i m e n t o espe-
OUlativo-prático, e n q u a n t o se coloca a o nível d a aplicação
d e c o n h e c i m e n t o s próprios o u t o m a d o s d e o u t r a s ciências.
V JUStifica-se, também, considerá-lo c o m o u m a técnica social,
p o r q u a n t o influencia o c o m p o r t a m e n t o h u m a n o e o meio,
SOS s e u s in te r - r e la c io n a me n to s .
U . ' A evolução d o s conceitos d e Serviço Social e s u a
Sistematização c o m o disciplina p e r m i t e m a f i r m a r a exis-
Maola d e c o m p o n e n t e s essenciais e q u e p o d e m s e r siste-
24 CBCJSS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Sens. Social 25
m a t i z a d o s c o m o i n s t r u m e n t o d e intervenção n a realidade
As r a z õ e s p r i n c i p a i s dessa diretriz operacional d o
social. Nessa intervenção, o Serviço Social a t u a à b a s e
iço Social estão contidas n e s s e qu^drcjustóriçp, q u e
d a s inter-relações d o binómio indivíduo-sociedade. S u a
ica a ênfase d o Serviço Social n o p a s s a d o , p o r q u a n t o
teorização se p r o c e s s a a p a r t i r d a " p r a x i s " , isto é, o Ser-
vivência s e a p r e s e n t o u c o m o u m a tentativa d e o p o r
viço Social p e s q u i s a e identifica o s princípios i n e r e n t e s
antídoto a u m a linha m e r a m e n t e assistencialista. Do zyxwvutsrqponmlkjihgfedc
à s u a prática e s is tematiza s u a teoria.
ÍO m o d o , c o n t r i b u i u p a r a u m apelo a o Serviço Social
/ 22. C o m o prática institucionalizada, o Serviço Social se t e r m o s d e a ç ã o preventiva.
c a r a c t e r i z a p e l a a t u a ç ã o j u n t o a indivíduos c o m desajus-
t a m e n t o s familiares e sociais. Tais d e s a j u s t a m e n t o s m u i t a s Reconhece-se, e n t r e t a n t o , q u e o s c a r a c t e r e s corretivo,
vezes d e c o r r e m d e e s t r u t u r a s sociais i n a d e q u a d a s . itivo e p r o m o c i o n a l são u m a p e c u l i a r i d a d e d o Ser-
Social, n ã o lhe s e n d o , n o e n t a n t o , específicos, u m a
23. Observa-se q u e a a b s o r ç ã o d o s profissionais d o Ser- q u e c o m u n s a o u t r a s ciências teórico-práticas. Apre-
viço Social n o p l a n o prático p r e j u d i c a , p o r vezes, a re- tam-se, p r a t i c a m e n t e , n a linha d e s i m u l t a n e i d a d e e n ã o
flexão s o b r e a s experiências realizadas e r e t a r d a a s opor- o p ç ã o , r e c a in d o a ênfase e m u m o u o u t r o d o s carac-
t u n i d a d e s d e análise e desenvolvimento d e u m q u a d r o de c o n f o r m e s e j a m a realidade a m b i e n t a l , o m o m e n t o
referências q u e p e r m i t a a definição de s u a n a t u r e z a , difi- , o s objetivos e o enfoque d o s p r o g r a m a s .
c u l t a n d o , também, s u a colocação n o q u a d r o geral d a s
ciências técnicas. 49. O caráter c o r r e tiv o s e define c o m o i n t e r v e n ç ã o n a
JBMiidade p a r a fins d e r e m o ç ã o d e c a u s a s q u e i m p e d e m
24. Ressalte-se q u e a análise e crítica d o " m o d u s ope- OU dificultam o desenvolvimento d o indivíduo, g r u p o ,
r a n d i " d o Serviço Social, n o s diversos contextos histórico- íôttunidade e populações.* Nesse sentido, o Serviço Social
c u l t u r a i s , s e constitui e m e l e m e n t o f u n d a m e n t a l à elabo- fltua a o s níveis d e m i c r o e m a c r o e s t r u t u r a , respectiva-
r a ç ã o d a t e o r i a d e s t a disciplina. j s t n t e , q u a n d o intervém e m c a u s a s i n s e r i d a s e m s u a esfe-
25. Ao analisar-se a evolução d o Serviço Social n o Brasil, 4 * operacional, d e a d m i n i s t r a ç ã o e p r e s t a ç ã o d e serviços
verifica-se q u e o a d v e n t o d o E s t a d o p a t e r n a l i s t a , coinci- p r e t o s , e quando participa da correção de causas que
d e n t e c o m a s origens d o Serviço Social, foi f a t o r condi- t r a n s c e n d a m a s u a possibilidade d e a ç ã o d i r e ta o u isolada.
c i o n a n t e d a m o n t a g e m d e u m s i s t e m a d e instituições so- 80. Ojsaráter preventivo d o Serviço Social se define c o m o
ciais q u e p r o p u n h a m solucionar o s p r o b l e m a s através de Um p r o c e s s o d e i n t e r v e n ç ã o q u e p r o c u r a antepor-se às
p r o g r a m a s assistenciais de caráter imediatista, caráter Consequências d e u m d e t e r m i n a d o fenómeno. E s s e caráter
j \ esse q u e também m a r c o u a s organizações p a r t i c u l a r e s d e ¿evidenciado q u a n d o s e p r o c u r a evitar a s c a u s a s d e desa-
assistência. juste, i n s e r i n d o e l e m e n t o s q u e p o s s a m eliminá-los, forne-
26. E s s e p a s s a d o c o n c o r r e u p a r a a f o r m a ç ã o d e u m a cendo subsídios p a r a m e d i d a s de âmbito geral.
i m a g e m e d e u m a expectativa a r e s p e i t o d o Serviço Social 81. A relação e n t r e o desajuste e a p r e v e n ç ã o sugere
c o m o atividade d e p r e s t a ç ã o d e serviços assistenciais. A possibilidade d e se c o n s i d e r a r a a t u a ç ã o preventiva c o m o
p r e m ê n c i a d o s p r o b l e m a s sociais e o i m e d i a t i s m o d o Ser- UBia d e c o r r ê n c i a d o caráter corretivo d o Serviço Social.
viço Social, n e s s e período, dificultaram a reflexão e a Ktase oaso, o Serviço Social a p r e s e n t a r i a , fundamental-
análise q u e p o d e r i a m o r i e n t a r o Serviço Social e m u m a I, o a r a c t e r e s corretivo e p r o m o c i o n a l . O a s s u n t o é,
ação c e n t r a d a d e preferência n a s e s t r u t u r a s sociais. O
Serviço Social, n e s s a c o n j u n t u r a , a s s u m i u , e n t ã o , a tarefa * Neite documento, o termo populações significa um conjunto de famí-
d e c o n t r i b u i r p a r a a organização técnica d a q u e l a s f o r m a s lia! e de Individuai localizados numa determinada área, contínua ou não,
d e a t u a ç ã o social. apreaentando cartai características comuns de vida, sem constituírem pro-
priamente uma comunidade.
26 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Sero. Social
Teorização dozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM 27
n o e n t a n t o , a i n d a c o n t r o v e r t i d o , e s t a n d o a m e r e c e r inda-
gações p o s t e r i o r e s . 36. A p a r t i r des s e novo enfoque, o Serviço Social deverá
r o m p e r o c o n d i c i o n a m e n t o d e sua a t u a ç ã o a o u s o exclu-
32. O caráter p r o m o c i o n a l do Serviço Social acha-se con- sivo d o s p r o c e s s o s de Caso, G r u p o e C o m u n i d a d e , e rever
s u b s t a n c i a d o n a a f i r m a ç ã o d e q u e p r o m o v e r é capacitar. s e u s e l e m e n t o s constitutivos, e l a b o r a n d o e i n c o r p o r a n d o
D i a n t e dessa colocação, conclui-se q u e o Serviço Social n o v o s métodos e p r o c e s s o s .
p r o m o v e q u a n d o a t u a p a r a habilitar indivíduos, g r u p o s ,
c o m u n i d a d e s e p o p u la ç õ e s , fazendo-os atingir-_a_4?lena
realização d e s u a s potencialidades. Sob "este p r i s m a , a
a ç ã o d o Serviço Social insere-se n o p r o c e s s o d e desenvol- O B J E T I V O S DO SERVIÇO SOCIAL
v i m e n t o , t o m a d o este e m sentido lato, isto é, aquele q u e 37. Deve-se fazer, a q u i , distinção e n t r e o objetivo r e m o t o
leva à p l e n a utilização d o s r e c u r s o s n a t u r a i s e h u m a n o s , d o Serviço Social e seus objetivos operacionais, entendi-
e, c o n s e q u e n t e m e n t e , a u m a realização integral d o h o m e m . d o s estes c o m o fins i m e d i a t o s e intermediários.
Destaca-se, q u a n t o à p r o m o ç ã o h u m a n a , a importância do
p r o c e s s o d e conscientização c o m o p o n t o d e p a r t i d a p a r a 38. O objetivo r e m o t o d o Serviço Social p o d e s e r consi-
f u n d a m e n t a ç ã o ideológica d o desenvolvimento global. d e r a d o c o m o o p r o v i m e n t o d e r e c u r s o s indispensáveis a o
desenvolvimento, à valorização e à m e l h o r i a d e condições
33. N e s s a o r d e m d e considerações, os c a r a c t e r e s corre- d o s e r h u m a n o , p r e s s u p o n d o o a t e n d i m e n t o d o s valores
tivo, preventivo e p r o m o c i o n a l são válidos desde q u e cons- u n i v e r s a i s e a h a r m o n i a e n t r e estes e os valores c u l t u r a i s e
t i t u a m r e s p o s t a a d e q u a d a aos contextos e m q u e o profis- individuais. E s s e s valores funcionam c o m o u m q u a d r o de
sional d o Serviço Social é c h a m a d o a a t u a r . Ao se tornar, referência de b e n s tangíveis e intangíveis, q u e i n f o r m a o
porém, o contexto social c o m o critério d e referência p a r a p l a n o operacional d o Serviço Social.
se a q u i l a t a r d a validade d e q u a i s q u e r d o s c a r a c t e r e s refe-
r i d o s , n ã o deve o a g e n t e do Serviço Social colocar-se n u m a 39. N a ausência d e u m a teorização suficientemente formu-
perspectiva p u r a m e n t e estática de aceitação, m a a desem- l a d a s o b r e a u n i v e r s a l i d a d e d a " c o n d i ç ã o h u m a n a " , aceita-
p e n h a r u m p a p e l q u e c o n d u z a à modificação desse con- se, c o m o q u a d r o d e valores, a Declaração Universal d o s
texto. Direitos d o H o m e m , d a s N a ç õ e s Unidas, q u e r e s u l t o u de
u m c o n s e n s o e n t r e r e p r e s e n t a n t e s d a s m a i s v a r i a d a s cul-
34. Impõe-se e s t a r e f o r m u l a ç ã o d o Serviço Social e m t u r a s . Ressalta-se, e n t r e t a n t o , a n e c e s s i d a d e d e investiga-
n o v a s linhas de t e o r ia e d e ação p a r a m e l h o r servir à ções sistemáticas s o b r e a matéria, cujos r e s u l t a d o s v e n h a m
p e s s o a h u m a n a e à sociedade. O Serviço Social, agente consolidar o e m b a s a m e n t o teórico d o Serviço Social, enri-
q u e intervém n a dinâmica social, deve orientar-se n o sen- q u e c e n d o , as s im, seu conteúdo.
t i d o de levar a s p o p u l a ç õ e s a t o m a r e m consciência d o s 40. S ã o objetivos operacionais: a ) identificar e t r a t a r p r o -
p r o b l e m a s sociais, c o n t r i b u i n d o , também, p a r a o estabe- b l e m a s o u d i s t o r ç õ e s residuais q u e i m p e d e m indivíduos,
lecimento de f o r m a s d e integr ação p o p u l a r n o desenvolvi- famílias, g r u p o s , c o m u n i d a d e s e p o p u l a ç õ e s d e alcançarem
m e n t o d o País. p a d r õ e s econômico-socíais compatíveis c o m a dignidade
h u m a n a e e s t i m u l a r a contínua elevação desses p a d r õ e s ;
35. As exigências do p r o c e s s o de desenvolvimento m u n - b) c o l h e r e l e m e n t o s e e l a b o r a r d a d o s referentes a proble-
dial v ê m i m p o n d o a o Serviço Social, s o b r e t u d o e m países m a s o u disfunções q u e es tejam a exigir r e f o r m a s d a s
o u regiões subdesenvolvidos, o d e s e m p e n h o d e n o v o s pa- e s t r u t u r a s e s i s t e m a s sociais; c) c r i a r condições p a r a tor-
péis. E s t e s papéis, e m s u a evolução histórica, c o n s t i t u e m nar efetiva a p a r t i c i p a ç ã o consciente d e indivíduos, g r u p o s ,
f o r m a s de i n s e r ç ã o d a profissão n a realidade econômico- OOmunidades e populações,"seja p r o m o v e n d o s u a integra-
social d o s m e s m o s países o u regiões. çio n a s condições d e c o r r e n t e s d e mudanças, seja provo-
cando as mudanças necessárias; d ) i m p l a n t a r e d i n a m i z a r
28 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
s i s t e m a s e e q u i p a m e n t o s q u e p e r m i t a m a consecução dos
s e u s objetivos.

P U N Ç Õ E S D O SERVIÇO SOCIAL
4 1 . D a n a t u r e z a e d o s objetivos d o Serviço Social, decor-
r e m a s s u a s funções, n o s diferentes níveis d e a t u a ç ã o :
a ) Política Social: p r o v o c a r o p r o c e s s o d e f o r m u l a ç ã o da
política social, q u a n d o a u s e n t e , ou d e s u a d in a miz a ç ã o ,
Capítulo II
quando inoperante, e provocar sua reformulação quando
necessária; oferecer subsídios, d e n t r o d e u m a p e r s p e c t i v a
d e globalidade, a o e m b a s a m e n t o d e s s a política; c r i a r sis- METODOLOGIA D E AÇAO DO SERVIÇO SOCIAL
t e m a s , canais e o u t r a s condições p a r a a p a r t i c i p a ç ã o d e
q u a n t o s v e n h a m a s e r atingidos pélas m e d i d a s d a política; 42. P a r a m e l h o r s i t u a r a me to d o lo g ia d e a ç ã o d o Serviço
b ) Planejamento: c o n t r i b u i r c o m o c o n h e c i m e n t o viven- Social, há q u e e n u n c i a r os princípios e p o s t u l a d o s q u e a
ciado d a s necessidades, d a s expectativas, d o s valores, ati- fundamentam.
t u d e s e c o m p o r t a m e n t o d a s c o m u n i d a d e s e d a s popula- 43. A a u t o d e t e r m i n a ç ã o , a individualização, o n ã o julga-
ções, face à mudança, n a f o r m u l a ç ã o d o s objetivos e fixa- m e n t o e a aceitação, e n u n c i a d o s q u e o r i e n t a m a aplicação
ç ã o d a s m e t a s ; c o n t r i b u i r p a r a a c r i a ç ã o d e condições q u e d a m e t o d o l o g i a d e a ç ã o d o Serviço Social, e m s e u s t r ê s
p e r m i t a m a p a r t i c i p a ç ã o p o p u l a r n o p r o c e s s o d e plane- p r o c e s s o s , t ê m s ido classificados c o m o princípios básicos
j a m e n t o ; c) Administração de Serviços Sociais: p r o m o v e r d a a ç ã o profissional. A análise r i g o r o s a do conteúdo e
e p a r t i c i p a r de p e s q u i s a s operacionais; e l a b o r a r o micro- n a t u r e z a lógica des s es princípios leva, c o n t u d o , a cons-
p l a n e j a m e n t o ; i m p l a n t a r , a d m i n i s t r a r e avaliar p r o g r a m a s t a t a r : a ) q u e s e a c h a m r e u n i d o s n a categoria d e princípios
d e serviços sociais; levar o s usuários a p a r t i c i p a r d a p r o - t a n t o p r o p o s i ç õ e s d e n a t u r e z a ética e metafísica, c o m o
g r a m a ç ã o d o s serviços; d ) Serviços de atendimento direto, n o r m a s p a r a p r o c e d i m e n t o s técnicos; b ) q u a n t o aqueles
corretivo, preventivo e promocional, destinados a indiví- princípios p r o p r i a m e n t e relacionados c o m a ação, verifica-
duos, grupos, comunidades, populações e organizações: s e u m a f o r m a d e enunciação ligada d e m a n e i r a d o m i n a n t e
t r a b a l h a r c o m indivíduos q u e a p r e s e n t a m p r o b l e m a s ou à s p a r t i c u l a r i d a d e s d a a t u a ç ã o d o Serviço Social d e Caso
dificuldades de integr ação social, através de mobilização e de Grupo.
d e s u a s p o t e n c i a l i d a d e s individuais e d e utilização dos 44. P a r t i n d o d e s s a s c o n s t a t a ç õ e s , p r o c u r o u - s e e n t ã o clas-
r e c u r s o s d o m e i o ; p r o p o r c i o n a r o exercício d a v i d a e m sificar aqueles princípios, enunciando-se s o b f o r m a d e
g r u p o , p r i n c i p a l m e n t e q u a n t o a o d e s e m p e n h o d e papéis postulados o s q u e r e p r e s e n t a m o s p r e s s u p o s t o s éticos e
i n e r e n t e s à vida social; c o n t r i b u i r p a r a c a p a c i t a r a comu- metafísicos p a r a a ação d o Serviço Social, e c o m o princípios
n i d a d e a integrar-se n o p r o c e s s o d e desenvolvimento atra-
operacionais d a m e t o d o l o g i a d e a ç ã o a q u e l e s q u e enun-
vés de a ç ã o organizada, c o m vistas a o a t e n d i m e n t o de
c i a m p o n t o s básicos n o r t e a d o r e s d a a t u a ç ã o d o agente
s u a s n e c e s s i d a d e s e realização de s u a s a s p i r a ç õ e s ; traba-
profissional. Entende-se, a s s i m , c o m o princípios operacio-
l h a r c o m organizações, v i s a n d o à a d e q u a ç ã o d e s e u s obje-
n a i s d a m e t o d o l o g i a aquelas n o r m a s d e a ç ã o d e validade
tivos e métodos à s exigências d a r e a l i d a d e social e s u a
integr ação n u m a p e r s p e c t i v a d e desenvolvimento. u n i v e r s a l à prática d e t o d o s o s p r o c e s s o s d o Serviço Social.
45. D e n t r e os p o s t u l a d o s , conclui-se q u e pelo m e n o s t r ê s
s e a c h a m , explícita o u i mp l i c i t a me n t e , a d o t a d o s c o m o pres-
s u p o s t o s f u n d a m e n t a d o r e s d a a t u a ç ã o d o Serviço Social:
Teorização do Serv, Social 31
30 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
CSC1SS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
sendo q u e só r e c e n t e m e n t e se inicia a utilização também
a ) postulado da dignidade da pessoa humana: q u e s e en- d o p r o c e s s o de t r a b a l h o c o m p o p u l a ç ã o d e m a n e i r a m a i s
t e n d e c o m o u m a c o n c e p ç ã o do s e r h u m a n o n u m a p o s i ç ã o sistematizada.*
d e e m i n ê n c i a ontológica n a o r d e m u n iv e r s a l e a o q u a l 49. A intervenção n a realidade, através d e p r o c e s s o s d e
t o d a s a s coisas d e v e m e s t a r referidas; b ) postulado da t r a b a l h o c o m indivíduos, g r u p o s , c o m u n i d a d e s e popula-
sociabilidade essencial da pessoa humana: q u e é o reco- ções, n ã o é característica exclusiva d o Serviço Social; o
n h e c i m e n t o d a d i m e n s ã o social intrínseca à n a t u r e z a hu- q u e l h e é peculiar é o enfoque o r i e n t a d o p o r u m a visão
m a n a , e, e m d e c o r r ê n c i a d o q u e s e . a f i r m a , o d i r e i t o d e a global d o h o m e m , i n t e g r a d o e m seu s i s t e m a social.
p e s s o a h u m a n a e n c o n t r a r , n a sociedade, a s c o n d i ç õ e s p a r a 50. De a c o r d o c o m a classificação d a s funções de Serviço
a s u a auto-realização; c ) postulado da perfectibilidade hu- Social a d o t a d a n e s t e d o c u m e n t o , q u e inclui funções aos
mana: compreende-se c o m o o r e c o n h e c i m e n t o d e q u e o níveis d e política social, p l a n e j a m e n t o , a d m i n i s t r a ç ã o d e
h o m e m é, n a o r d e m ontológica, u m s e r q u e s e auto-realiza Serviços Sociais e p r e s t a ç ã o de serviços d ir e to s , verificou-
n o plano da historicidade humana, e m decorrência do que se a necessidade d e i n c o r p o r a ç ã o de novos p r o c e s s o s a o s
se a d m i t e a c a p a c id a d e e p o t e n c i a l i d a d e s n a t u r a i s d o s in- já existentes.
dividuos, g r u p o s , c o m u n i d a d e s e p o p u l a ç õ e s p a r a p r o g r e - 51. Ao a n a l i s a r a n a t u r e z a d o s diferentes níveis de atua-
direm e se autopromoverem. ção d o Serviço Social, infere-se q u e estes são de d u a s
46. D e n t r e o s princípios operacionais d a metodologia de categorias: a ) nível d e m i c r o a t u a ç ã o ; b ) nível d e m a c r o -
ação, s e m d e s e j a r e s g o t a r a e n u n c ia ç ã o , r e c o n h e c e n d o a atuação.
n e c e s s i d a d e d e reflexão e análise m a i s a p r o f u n d a d a s a esse 52. O nível d e m i c r o a t u a ç ã o é essencialmente operacional,
respeito, chegou-se a identificar o s seguintes: a ) estímulo c o m p r e e n d e n d o as funções de Serviço Social a o s níveis
a o exercício d a livre escolha e d a r e s p o n s a b i l i d a d e d a s d e a d m i n i s t r a ç ã o e p r e s t a ç ã o d e serviços d i r e t o s .
decisões; b ) r e s p e i t o a o s valores, p a d r õ e s e p a u t a s cultu- 53. O nível d e m a c r o a t u a ç ã o c o m p r e e n d e a integr ação d a s
r a i s ; c) e n s e jo à mudança n o s e n t i d o d a a u t o p r o m o ç ã o e funções do Serviço Social a o nível de política e planeja-
d o e n r i q u e c i m e n t o d o indivíduo, d o g r u p o , d a c o m u n i d a d e , m e n t o p a r a o desenvolvimento. E s s a i n t e g r a ç ã o s u p õ e a
das populações; d) atuação dentro de u m a perspectiva de participação no planejamento, na implantação e na melhor
globalidade n a r e a l i d a d e social. utilização d a infra-estrutura social.
47. S ã o e l e m e n t o s oper acionais d a metodologia, c o m u n s 54. A i n f r a - e s t r u t u r a social é a q u i e n t e n d i d a c o m o "faci-
a t o d o s o s p r o c e s s o s , a participação do homem em todo l i d a d e s básicas, p r o g r a m a s p a r a saúde, educação, habili-
o p r o c e s s o d e mudança e o relacionamento e n t r e profis- t a ç ã o e serviços sociais f u n d a m e n t a i s " q u e p r e s s u p õ e m o
sional-indivíduo, profissional-grupo, profissional-comuni- a t e n d i m e n t o d a s seguintes condições: a ) disponibilidade d e
d a d e e profissional-populações, estabelecido d e m a n e i r a u m a l t o potencial d e e m p r e g o s p a r a p e s s o a s d e diferentes
d i r e t a o u indireta, d e p e n d e n d o d o t i p o d e a ç ã o a s e r g r u p o s sócio-econômicos; b ) utilização d a t e r r a e m bene-
exercida. fício d e t o d a a p o p u l a ç ã o , n ã o só pelo governo local, s e n ã o
também p e l o empresário p a r t i c u l a r ; c) existência d e u m a
r e d e a d e q u a d a de c o m u n i c a ç õ e s , n o s e n t i d o físico (telefo-zyxwvutsrqponmlkjih
ADEQUAÇÃO DA METODOLOGIA ÀS F U N Ç Õ E S
DO SERVIÇO SOCIAL
* Para alguns, o Serviço Social não atingiu ainda todas as fases de úm
processo metodológico universalmente aceito. Outros propõem a substituição
48. O Serviço Social, c o m o técnica, d i s p õ e d e u m a meto- dos termos "estudo", "diagnóstico" e "tratamento" por "estudo e análise
dologia d e a ç ã o q u e utiliza d i v e r s o s p r o c e s s o s . O s p r o c e s - diagnostica", "planejamento" e "execução", por julgar que estes têm uma
s o s de Caso, de G r u p o e Desenvolvimento d e C o m u n i d a d e conotação mais adequada. Levanta-se dúvida, porém, quanto à adequação
f o r a m c o n s i d e r a d o s , até o m o m e n t o , o " m o d u s o p e r a n d i " dos termos "execução" e "planejamento" em Serviço Social de Caso.
d o Serviço Social e m s u a i n t e r v e n ç ã o n a r e a l i d a d e social,
32 Teorização do Serv. Social 33
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ne, rádio e t c . ) , e e m t e r m o s d e canais sociais p a r a a comu- ¡missível, torna-se u r g e n t e , n o m o m e n t o , focalizar
nicação d o s g r u p o s e n t r e si e destes c o m o governo; d ) a s p e c t o s r e f e r e n t e s à s u a utilização a d e q u a d a à
p r o v i s ã o de a m p l a s facilidades sócio-culturais: instituições w»de brasileira, m a i s d o q u e p r o p r i a m e n t e u m a aten-
educacionais, c u l t u r a i s , sociais, r e c r e a t i v a s etc. p a r t i c u l a r i z a d a à s u a teoria.
55. Convém salientar, ainda, q u e a infra-estrutura social Assim, p a r t i n d o d a p r e m i s s a de q u e s e e m p r e g a o
foi c o n s i d e r a d a de importância vital, m e r e c e n d o p r i o r i d a d e ) Social d e Caso j u n t o a p e s s o a s c o m p r o b l e m a s
idêntica e n ã o inferior à a s s e g u r a d a p a r a a s o l u ç ã o d o s íldades d e r e l a c i o n a m e n t o pessoal e social, o u seja,
p r o b l e m a s d e infra-estrutura económica e física.* m e r - r e l a c i o n a m e n t o social, reconhece-se a validade d e
56. A aplicação d o s p r o c e s s o s d e Serviço Social varia de utilização, e m p r o f u n d i d a d e , e m serviços especializa-
a c o r d o c o m o s níveis de a t u a ç ã o . e / o u d e s u a a d e q u a ç ã o a o nível de execução d e p r o -
57. O nível d e m i c r o a t u a ç ã o c o m p r e e n d e a p r e s t a ç ã o d e n a s a m p l o s , de m o d o a integrar-se n o p r o c e s s o d e
serviços d i r e t o s , através d o s p r o c e s s o s de Caso, G r u p o e snvolvimento. N e s t a perspectiva, sua aplicação deverá
Desenvolvimento d e C o m u n i d a d e e P r o c e s s o s d e t r a b a l h o a c o m p a n h a d a p e l a utilização d o s p r o c e s s o s de g r u p o
c o m p o p u l a ç õ e s . E s t e último, também e m p r e g a d o a o nível envolvimento d a c o m u n i d a d e .
d e m a c r o a t u a ç ã o , é d e aplicação r e c e n t e e está a exigir a 'Tal p o s i ç ã o e n c e r r a p a r a o Serviço Social d e Caso
e l a b o r a ç ã o d e s u a m e t o d o l o g i a e estratégia d e a ç ã o . rsguintes implicações: a ) o Serviço Social d e Caso deve
58. O p r o c e s s o d e Desenvolvimento de C o m u n i d a d e (DC) a p l i c a d o d e f o r m a a c a p a c i t a r o cliente a integrar-se
é i g u a l m e n t e e m p r e g a d o e m a m b o s os níveis. No nível de t u a c o m u n i d a d e e n o p r o c e s s o d e desenvolvimento;
m a c r o a t u a ç ã o , e s t e p r o c e s s o s e i n s e r e e m s i s t e m a s nacio- 0 Serviço Social de Caso deve s e r utilizado n a q u e l e s
n a i s o u regionais d e p l a n e j a m e n t o c o m o u m i n s t r u m e n t o tres e c o m aqueles indivíduos que, d e fato, r e q u e i r a m
p a r a estabelecer c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o c o m a p o p u l a ç ã o 1 efetuado o t r a t a m e n t o social à b a s e d o r e l a c i o n a m e n t o
e p r o m o v e r a s u a p a r t i c i p a ç ã o n o p r o c e s s o de planeja- a t e n t e social/cliente ( i s t o é, a d o ç ã o d e critérios sele-
mento. ¡M p a r a o seu e m p r e g o ) ; c) a aplicação d o Serviço Social
59. Ao nível d e m a c r o a t u a ç ã o , o " m o d u s o p e r a n d i " d o WB C a s o d e v e s e r a l i a d a à de G r u p o p a r a a a b o r d a g e m o u
Serviço Social consiste e m : a ) p a r t i c i p a r d e t o d a s a s fases j f c t r a t a m e n t o d o s a s p e c t o s c o m u n s d o s p r o b l e m a s -identi-
d e p r o g r a m a ç ã o p a r a o m a c r o p l a n o ; b ) f o r m u l a r a meto- JMtíftdos n o s casos; d ) deve, também, s e r vinculada a o
dologia e estratégia de ação p a r a e l a b o r a r e i m p l a n t a r a psjsenvolvimento d e p r o j e t o s d e c o m u n i d a d e o b je tiv a n d o
política social; c) p l a n e j a r e i m p l e m e n t a r a infra-estrutura 5 m e l h o r a p a r e l h a m e n t o social e a mobilização d o s indi-
social. duos p a r a conjugação d e esforços q u e visem a r e m o v e r ,
60. E s s e s níveis d e a t u a ç ã o f o r m a m a pirâmide profis- l l b n i n a r o u p r e v e n i r a s c a u s a s sociais d o s p r o b l e m a s iden-
sional necessária ao Serviço Social p a r a a consecução de ' tfctloados n o t r a t a m e n t o d o s casos."*
seu objetivo r e m o t o e objetivos oper acionais . H . Considera-se a i n d a q u e c o n t r i b u i p a r a a racionalização
'da assistência; p a r a a a ç ã o d o Serviço Social e m o u t r a s
fraas, levando a e s t a a ç ã o a s inf or mações colhidas n o
SERVIÇO SOCIAL D E CASO OOnteto d i r e t o c o m os efeitos d a s c a r ê n c i a s e disfunções
i; considerasse q u e c o n c o r r e , também, p a r a a capa-
61. Considerando-se p o s s u i r o Serviço Social d e Caso u m profissional. U m d o s a s p e c t o s dessa capacitação
c o n j u n t o d e c o n h e c i m e n t o s teórico-práticos identificável zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

* Conceito expresso pelo Grupo de Trabalho da Pré-Conferência reali- • KPOURI Nadir Gouvêa.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXW
Serviço Social de Casos, Escola de Serviço zyxwvut
zada em Charlottesville-Virgínia, antecedendo a XIII Conferência Interna-
cional de Serviço Social, E.U.A., 1966.
W b 7 P U C , Cur» dé atualizaçáo de conhecimentos para assistentes sociais,
, d» Trabalhos Práticos.
34 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

t
seria o t i p o de a b o r d a g e m individual. Duvida-se, porém
d a t r a n s p o s i ç ã o , c o m êxito, d a a b o r d a g e m d o Serviço So- Teorização do Serv. Social 35 zyxwvutsrqponmlkjihg
cial de C a s o p a r a o p r o c e s s o de DC.
C o m o b a s e d e referência p a r a e s t a p a r t i c i p a ç ã o , con-
a-se q u e o contexto d o g r u p o r e p r e s e n t a u m a r e s p o s t a
ecessidades psicossociais d a p e s s o a h u m a n a , q u e a
SERVIÇO SOCIAL D E GRUPO
teia e m g r u p o r e s p o n d e a e s t a s necessidades e q u e o
65. O conceito de Serviço Social de G r u p o se modificou r i o g r u p o é u m i n s t r u m e n t o d e a t u a ç ã o n a comuni-
e m consequência d a evolução histórica, do p r o c e s s o . Tra- n a q u a l s e a c h a in s e r id o .
dicionalmente, a a ç ã o d o a s s i s t e n t e social se c o n c e n t r a v a Os objetivos o p e r a c i o n a i s d o Serviço Social d e G r u p o
n o g r u p o e nele circunscrevia seu limite. H o j e , busca-se, condicionados p o r t r ê s variáveis q u e devem s e r con-
também, o e n g a j a m e n t o efetivo d a clientela n o p r o c e s s o a d a s global e s i m u l t a n e a m e n t e : a s n e c e s s i d a d e s d o s
social m a i s a m p l o . A n a t u r e z a d o p r o c e s s o é, agora, enten- b r o s , a finalidade d a o b r a e o objetivo profissional
d i d a c o m o sócio-educativa, p o d e n d o t e r caráter t e r a p ê u t i c o ~ d o assistente social.
e / o u p r e v e n tiv o . , US. As funções d o Serviço Social d e G r u p o r e s p o n d e m a
66. P a r a efeito de análise, e pelo conteúdo funcional d o «dois p r i n c i p a i s tipos d e necessidades: a s d o s próprios par-
conceito, apresenta-se a definição de K o n o p k a : "O Serviço t i c i p a n t e s d o g r u p o , p o r q u a n t o a s experiências de g r u p o
Social de G r u p o é u m p r o c e s s o d e Serviço Social q u e , «tendem à s necessidades individuais de p e r t e n c e r e d e
através d e experiências p r o p o s i t a d a s , visa a c a p a c i t a r o s J 9 u t o - a f i r m a r - s e , e à s necessidades d a sociedade n a q u a l o
indivíduos a m e l h o r a r e m o seu r e l a c i o n a m e n t o social e a g r u p o s e a c h a i n s e r i d o , v i s t o q u e a s experiências de g r u p o
e n f r e n t a r e m d e m o d o m a i s efetivo s e u s p r o b l e m a s pes- desenvolvem o espírito d e c o o p e r a ç ã o mútua.
soais, d e g r u p o e d e c o m u n i d a d e . " * T8. O Serviço Social d e G r u p o c o n t r i b u i d e m o d o efetivo
67. Deste conceito infere-se existir u m a significativa cor- p a r a o p r o c e s s o d e mudança social, q u a n d o b u s c a a ade-
r e la ç ã o e n t r e c a p a c id a d e de r e l a c i o n a m e n t o social e ex- q u a ç ã o d a ambivalência h u m a n a .
periência de g r u p o . Conclui-se, ainda, d e s t a definição, q u e 74. A dinâmica individual d e c o r r e d e s s a ambivalência.
a s p e s s o a s n e c e s s i t a m de ajuda, à s vezes profissional, p a r a E n q u a n t o s e r a m b i v a l e n t e , o h o m e m vive e m c o n s t a n t e
desenvolverem ou aperfeiçoarem s u a s p o te n c ia lid a d e s d e p r o c u r a d e f o r m a s a d e q u a d a s de auto-realização e delas
relacionamento. t a n t o m a i s s e a p r o x i m a q u a n t o m a i s desenvolve, e m si,
68. As a t u a i s t e n d ê n c i a s d o Serviço Social d e G r u p o a c a p a c i d a d e d e inter-relações (pessoais e de g r u p o ) grati-
i m p l i c a m o u s o consciente d o g r u p o c o m o i n s t r u m e n t o flcadoras. E s s a s inter-relações s e c o n s t i t u e m e m condição
p a r a alcance d o s objetivos visados, o a l a r g a m e n t o d a s e r e c u r s o p a r a a s mudanças sociais, a o t e m p o e m q u e , p o r
funções tr adicionais d o Serviço Social, c o n s e q u e n t e m e n t e , ai m e s m a s , r e p r e s e n t a m mudanças.
a inclusão d e n o v a s funções, o e n g a j a m e n t o d o s m e m b r o s 75. Assim, a o intervir n o s p r o c e s s o s d e g r u p o , g a r a n t i n d o
e m p r o g r a m a s sociais m a i s a m p l o s e u m a p r e o c u p a ç ã o q u e eles se d e s e n c a d e i e m e se d e s e n v o l v a m e m s u a s for-
c o m o indivíduo, o g r u p o e a s mudanças sócio-culturais. m a s positivas, o Serviço Social d e G r u p o c o n t r i b u i p a r a
69. O objetivo do Serviço Social d e G r u p o é, e m última > i i n t r o d u z i r a s mudanças sociais n a m e d i d a d a s necessida-
análise, c a p a c i t a r os m e m b r o s d o g r u p o p a r a u m a efetiva des do homem.
p a r t i c i p a ç ã o n o p r o c e s s o social. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
76. Considera-se q u e a l g u n s a s p e c t o s d e i n t e r e s s e p a r a
os a s s i s t e n t e s sociais d e g r u p o e s t ã o a m e r e c e r e s t u d o e
reflexão. D e n t r e eles, deve-se citar: o conceito d e liderança,
*JC,?NrOPKA' Gis«la.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Social Group Work — a Helping Process Pren
O u s o d e atividades pelo a s s i s t e n t e social d e g r u p o , o s
tice Hall, Inc. Englewood Cliffs, New Jersey, 1963 * '
g r u p o s a t e n d i d o s pelos assistentes sociais e n q u a n t o g r u p o s
d e f o r m a ç ã o social e d e a t u a ç ã o social, e o s c a m p o s d e
a t u a ç ã o d o Serviço Social d e G r u p o .
Teorização do Serv. Social 37
36" zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
CBCISS
através de a ç ã o organizada, p a r a a t e n d i m e n t o d e s u a s ne-
D E S E N V O L V I M E N T O D E COMUNIDADE c e s s i d a d e s e realizações d e s u a s a s p i r a ç õ e s .
77. N u m a visão panorâmica d a s i t u a ç ã o m u n d i a l , obser- 85. A c a r a c te r iz a ç ã o d e DC, c o m o p r o c e s s o interprofis-
va-se q u e o p r o c e s s o de Desenvolvimento d e C o m u n i d a d e s sional, d e c o r r e d o fato d e s u a realização ser s e m p r e conse-
(DC) a p r e s e n t a , n ã o a p e n a s n a fase d e i m p l a n t a ç ã o , c o m o 1 guida através d e p r o j e t o s i n t e g r a d o s , definidos p e l o eco-
também n o desenvolvimento d e p r o g r a m a s , a i n c o r p o r a ç ã o n o m i s t a Dirceu Pessoa* c o m o " e m p r e e n d i m e n t o q u e en-
d e e q u i p e s diversificadas profissionalmente, n e m s e m p r e volve diversos s e t o r e s e, c o m o tal, s ã o o b j e t o d e atividades
i n c l u i n d o assistentes sociais. multiprofissionais, i n t e r d e p e n d e n t e s , q u e deverão s e r con-
78. Nota-se, porém, q u e o s profissionais i n t e g r a n t e s des- duzidas integralmente".
s a s e q u i p e s r e c e b e m o e m b a s a m e n t o teórico e o treina- 86. P a r a esclarecer m a i s p r o f u n d a m e n t e o conteúdo d o
m e n t o c o m u m à f o r m a ç ã o d o a s s i s t e n t e social. DC, convém l e m b r a r o d o c u m e n t o d a s N a ç õ e s Unidas**
79. N o Brasil, a origem e a evolução d o DC estão inti- q u e d e s t a c a as q u a t r o contribuições d e DC a o s p r o g r a m a s
m a m e n t e ligadas a o Serviço Social, cujo p i o n e i r i s m o se d e desenvolvimento nacional: a ) " g e r a o c r e s c i m e n t o eco-
justifica d e s d e a c o n s t a t a ç ã o d e s u a i n t r o d u ç ã o n o país, nómico e social n o p l a n o local; b ) c o n s t i t u i u m canal ade-
s e n d o o DC i n c o r p o r a d o , d e início, c o m o u m d o s p r o c e s s o s q u a d o p a r a mútua c o m u n i c a ç ã o e n t r e g o v e r n o e povo;
d o Serviço Social. c ) c o l a b o r a n a f o r m a ç ã o d o capital social básico e n a ex-
80. Pelo e x a m e d a evolução d o DC n o Brasil, p o d e m - s e p a n s ã o d a infra-estrutura, pelo incentivo à s iniciativas lo-
definir q u a t r o e t a p a s . A p r i m e i r a está ligada à s experiên- cais nes s es s e t o r e s , l i b e r a n d o r e c u r s o s g o v e r n a m e n t a i s q u e
cias d e organizações d e c o m u n i d a d e s , i n s p i r a d a s e m mol- p o d e r ã o destinar-se a in v e s time n to s nacionais i m p o r t a n t e s ;
d e s n o r t e - a m e r i c a n o s , através d e t e n t a t i v a s d e coordena- d ) cria, e m m u i t o s países, a s condições prévias necessárias
ção d e serviços e o b r a s sociais e m áreas funcionais. p a r a a evolução d o s ó r g ã o s d o governo local o u p a r a o
81. A s e g u n d a caracteriza-se p o r experiências isoladas, fortalecimento d e instituições q u e ficaram estacionárias
atingindo p e q u e n a s áreas e c o m finalidades específicas de oú q u e n ã o se a d a p t a r a m à s mudanças".
m e l h o r i a s i m e d i a t a s de condições d e vida, s e m r e c u r s o s 87. C o n t r i b u i n d o n a f o r m a ç ã o d o capital social básico
político-administrativos e técnicos e n e m t a m p o u c o a preo- e n a e x p a n s ã o da infra-estrutura, amplia-se a perspectiva
c u p a ç ã o c o m p e r s p e c t i v a s v o l t a d a s p a r a o s e t o r económico.
d o DC, ressaltando-se a s u a integração n o desenvolvimento
82. A t e r c e i r a fase é definida p o r u m a t r a n s i ç ã o carac- sócio-econômico, através do estímulo ao capital h u m a n o ,
terizada pelo r e c o n h e c i m e n t o da n e c e s s id a d e d e atender-se " t r a n s f o r m a n d o r e c u r s o s h u m a n o s ociosos e m capacidade
a problemáticas e s t r u t u r a i s , m o t i v a n d o a n e c e s s id a d e de
estabelecimento d e m e t a s p a r a o desenvolvimento. p r o d u t i v a , d e n t r o d o s objetivos explicitados pelas próprias
comunidades".* * *
83. A q u a r t a , q u e se esboça a t u a l m e n t e c o m esforço defi-
88. N u m a d i m e n s ã o de i n t e g r a ç ã o , c o n s i d e r a n d o DC c o m o
n i d o de e l a b o r a ç ã o técnica, p r o c u r a enfatizar a criação
d e m e c a n i s m o s d e p a r t i c i p a ç ã o p o p u l a r n o p r o c e s s o do u m p r o c e s s o interprofissional, ressalta-se a p o s i ç ã o do
desenvolvimento, baseando-se n u m m e l h o r c o n h e c i m e n t o ^(Serviço Social p r e s e n t e n a e q u i p e e m t o d a s as fases do zyxwvutsrqpo
d a r e a l i d a d e nacional e regional q u a n t o , p r i n c i p a l m e n t e ,
a o i n s t r u m e n t a l disponível e à dinâxnica d e c o m p o r t a - * PFSSOA DirceuzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFED
Ação Comunitária como Atividade Programada em
m e n t o d a s p o p u l a ç õ e s . Saliente-se q u e a m a i o r i a d e s t e s Proietos I Seminário de Ação Comunitária do Nordeste, Pernambuco,
p r o g r a m a s está vinculada a p l a n o s g o v e r n a m e n t a i s e ope- SUDENE, 1966.
r a m - s e e m a l g u m a s regiões d o país. y Desarrollo Nacional, Nações Unidas, 1963.
** ComunidadzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFED
84. DC é u m p r o c e s s o interprofissional q u e visa a capa- *** Cadernos do IBRA, Desenvolvimento de Comunidades, Rio de Ja-
citar a c o m u n i d a d e p a r a integrar-se n o d e s e n v o lv ime n to neiro, Série 1, 1967.
38 Teorização
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA do Serv. Social 39
t r a b a l h o , b u s c a n d o c o m os d e m a i s m e m b r o s a perspectiva ça, de nucleação e organização de g r u p o s , d e utilização
global d o s diversos p r o g r a m a s setoriais. t r u t i v a d e situações de conflito e tensões sociais.
89. P o r o u t r o lado, focalizando o p a p e l d o Serviço Social
n a i n t e g r a ç ã o d a c o m u n i d a d e n o p r o c e s s o de desenvolvi-
m e n t o , s u a presença é r e q u e r i d a e m t o d a s a s fases da INTEGRAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
a ç ã o metódica e d a dinâmica d o p r o c e s s o .
90. A p a r t i r des s as considerações, a c o n tr ib u iç ã o espe- . D e n t r o d a n o v a p e r s p e c t i v a d a m e t o d o l o g i a operacio-
cífica do Serviço Social n a s e q u i p e s profissionais d e IX! ", coloca-se a q u e s t ã o d a i n t e g r a ç ã o d o Serviço Social,
p o d e s e r a s s i m definida: a ) p a r t i c i p a r e m p e s q u i s a s ope- discutível o t e m a . Os elementos conceptuais são escas-
racionais; b ) c o n t r i b u i r n a elaboração d a s variáveis p a r a sos; a s experiências e m c u r s o , a i n d a incipientes.
o e s t u d o , a análise-diagnóstico e a avaliação dos progra- VI. E s s a b u s c a d e i n t e g r a ç ã o evidencia o desejo d e u m .
m a s ; c ) estabelecer c a n a i s d e c o m u n i c a ç ã o c o m a comu- fnaior r e n d i m e n t o d o Serviço Social, podendo-se já iden-
n i d a d e , s u s c i t a n d o s u a p a r t i c i p a ç ã o n o e s t u d o , análise- tificar a l g u m a s f o r m a s d e a b o r d a g e m , c o m o : i n t e g r a ç ã o
diagnóstico, p l a n e j a m e n t o e avaliação; d ) c o n t r i b u i r p a r a Aos p r o c e s s o s de Serviço Social, de p r o g r a m a s e p r o j e t o s ,
a d e q u a ç ã o d a s p r i o r i d a d e s técnicas à s p r i o r i d a d e s s e n t i d a s d a s técnicas d o s p r o c e s s o s e m p r o g r a m a s , e d a docência
pela c o m u n i d a d e ; e ) d i n a m i z a r a c o m u n i d a d e p a r a inte- c o m o exercício profissional e p e s q u i s a .
g r a ç ã o n o p r o c e s s o d e desenvolvimento; f ) s u s c i t a r ino- 98. E s s a s f o r m a s de a b o r d a g e m , n a prática, a p r e s e n t a m -
vações q u e e s t i m u l e m a c o m u n i d a d e a a d o t a r a t i t u d e s e s e s o b o s seguintes a s p e c t o s : a ) u m m e s m o ó r g ã o aplica,
c o m p o r t a m e n t o s q u e a levem a o p t a r e a a s s u m i r decisões. s i m u l t a n e a m e n t e , os t r ê s p r o c e s s o s ; b ) a a ç ã o visa à mes-
91. Usa-se, m u i t o , a m e s m a t e r m i n o l o g i a p a r a a denomi- m a clientela, o u seja, indivíduos e g r u p o s i n t e g r a n t e s de
n a ç ã o do p r o c e s s o global e p a r a a faixa d e a t u a ç ã o d o u m a c o m u n i d a d e e / o u p o p u l a ç ã o ; c ) a s características
Serviço Social.
p e s s o a i s d a clientela e as condições a m b i e n t a i s d a área
92. E n t r e profissionais, há a t u a l m e n t e tendência p a r a u s o d e a t u a ç ã o d e t e r m i n a m a escolha d o p r o c e s s o e a p a s s a
d o t e r m o DC. N o e n t a n t o , a e x p r e s s ã o Serviço Social d e g e m d e u m p a r a o u t r o p r o c e s s o ; d ) identificação d a p r o -
C o m u n i d a d e , r e s t r i t a m e n t e , é u s a d a p a r a intervenção espe-
cífica d o Serviço Social. blemática e definição d a s áreas de a b o r d a g e m através de
Serviço Social de Caso, Serviço Social de G r u p o , Desen-
93. As E s c o l a s d e Serviço Social, e m r a z ã o d e disposições volvimento d e C o m u n i d a d e e T r a b a l h o c o m p o p u l a ç õ e s ;
legislativas, e m s u a d o c u m e n t a ç ã o oficial utilizam a deno-
m i n a ç ã o Desenvolvimento e Organização d e C o m u n i d a d e e ) a t e n d i m e n t o a casos, g r u p o s , c o m u n i d a d e s e popula-
(DOC). ções e m função d e problemáticas específicas e através de
p r o g r a m a s e / o u p r o j e t o s q u e a t e n d a m a e s s a s problemá-
94. Observe-se q u e a s expressões a d o t a d a s a c o m p a n h a m
ticas.
a contínua evolução d e aplicação d o p r o c e s s o , d e a c o r d o
c o m a s características q u e o m e s m o a s s u m i u e m fases 99. A i n t e g r a ç ã o d a docência, d o exercício profissional
diversas históricas, e m v a r i a d o s c o n t e x t o s sociais. e d a p e s q u i s a a s s u m e a s seguintes características: a ) o s
p r o g r a m a s teórico-práticos d e a p r e n d i z a g e m e o s p r o g r a -
95. As funções d o Serviço Social e m DC são principal-
m a s profissionais s e desenvolvem n a s p e r s p e c t i v a s d e
m e n t e o r i e n t a d a s p a r a a deflagração d o s p r o c e s s o s d e
conscientização, mo tiv a ç ã o e e n g a j a m e n t o de lideranças p r o g r a m a s e p r o j e t o s i n t e g r a d o s ; b ) a e x p e r i m e n t a ç ã o nes-
individuais, de g r u p o s e instituições n o s e n tid o d o desen- t e s dois níveis d e p r o g r a m a oferece subsídios à p e s q u i s a ,
volvimento. Cabe-lhe, p o r t a n t o , aplicar técnicas, atualmen- c ) o s a g e n t e s d a p e s q u i s a e n r i q u e c e m a experiência, favo-
te, e m diferentes g r a u s d e e l a b o r a ç ã o , tais c o m o a d e r e c e n d o e s t a atualizaçao d o s c o n h e c i m e n t o s e a síntese
a b o r d a g e m individual e d e g r u p o , d e c a p a c i t a ç ã o d e lide- d a s ciências, h u m a n a s .
40 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
UTILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
E M SERVIÇO SOCIAL

100. A a d m i n i s t r a ç ã o n ã o é u m p r o c e s s o específico de
Serviço Social. O assistente social, c o n t u d o , n o exercício
de s u a profissão, d e s e m p e n h a funções a d m i n i s t r a t i v a s
q u a n d o : a ) o c u p a car go de chefia e d e c o o r d e n a ç ã o de
e q u i p e s n a a d m i n i s t r a ç ã o de p r o g r a m a s ; b ) c o l a b o r a a o
nível d a f o r m u l a ç ã o d e decisões a d m i n i s t r a t i v a s ; c) parti-
cipa d a f o r m u l a ç ã o de política de a ç ã o .
101. A a d m i n i s t r a ç ã o constitui, hoje, u m a disciplina pro- Capítulo III
fissional definida, d o t a d a de u m c o r p o próprio d e t e o r ia e
técnicas.
102. O fato d e q u e a a ç ã o do Serviço Social p r e s s u p õ e , SERVIÇO SOCIAL E A REALIDADE BRASILEIRA
s e m p r e , a existência d e q u a d r o s organizacionais e, conse- 105. A n e c e s s i d a d e d o c o n h e c i m e n t o d a realidade brasi-
q u e n t e m e n t e , o m a n e j o d e p r o c e s s o s a d m i n i s t r a t i v o s , co- leira é p r e s s u p o s t o f u n d a m e n t a l p a r a q u e o Serviço Social
m o a p o i o à execução d e s u a s atividades, está a exigir es- nela p o s s a inserir-se a d e q u a d a m e n t e , n e s t e seu esforço
t u d o s e conceituação de u m c a m p o d a a d m i n i s t r a ç ã o vol- a t u a l de r e f o r m u l a ç ã o teórico-prática. Ressalta-se q u e este
t a d a p a r a a problemática específica do Serviço Social. c o n h e c i m e n t o deve s e r c o n s u b s t a n c i a d o e m t e r m o s de
103. A " A d m i n i s t r a ç ã o d o Serviço Social" constituiria diagnóstico d a realidade nacional, diagnóstico este indis-
u m a especialização, a exemplo do q u e já existe e m t e r m o s pensável a u m p l a n e j a m e n t o p a r a a intervenção n a reali-
de A d m i n i s t r a ç ã o H o s p i t a l a r e A d m i n i s t r a ç ã o E s c o l a r . d a d e brasileira, c o m vistas à i m p l a n t a ç ã o d a s necessárias
104. O p r e p a r o a d e q u a d o , nessa especialização, deve cons- mudanças.
tituir r e q u i s i t o f u n d a m e n t a l p a r a o profissional d e Serviço 106. O esforço do Serviço Social, n e s t a perspectiva, t e m
Social, c h a m a d o a exercer funções a d m i n i s t r a t i v a s no seu e m m i r a u m a c o n tr ib u iç ã o positiva ao desenvolvimento,
c a m p o de a ç ã o técnica. e n t e n d i d o este c o m o u m p r o c e s s o d e p l a n e j a m e n t o inte-
g r a d o de mudança n o s a s p e c t o s económicos, tecnológicos,
sócio-culturais e político-administrativos.
107. N e s t a c o n o t a ç ã o de desenvolvimento, e n t e n d e o Ser-
viço Social q u e o h o m e m deve ser, nele, s i m u l t a n e a m e n t e ,
agente e objeto, e m b u s c a de s u a p r o m o ç ã o h u m a n a , n u m
s e n tid o a b r a n g e d o r , d e m o d o q u e os benefícios n ã o s e
l i m i t e m a frações d e populações, m a s a t i n j a m a t o d o s ,
p r o p i c i a n d o o p l e n o desenvolvimento d e c a d a u m .
108. É d e n t r o des s e q u a d r o de referências q u e o Serviço
Social deve definir s u a s faixas próprias de a t u a ç ã o , cons-
t r u i n d o m o d e l o s específicos d e intervenção.
109. P a r a a i n s t r u m e n t a l i d a d e d a in te r v e n ç ã o do Serviço
Social n o Desenvolvimento, faz-se m i s t e r a e l a b o r a ç ã o de
m o d e l o s q u e s i s t e m a t i z e m a p r o g r a m a ç ã o global e / o u se-
torial.
Teorização do Serv. Social 43
b ) a a d o ç ã o de m e d i d a s q u e g a r a n t a m a inserção d o s pro-
42 g r a m a s e atividades de Serviço Social n o s vários níveis
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
do planejamento.
110. E v i d e n t e m e n t e , a fixação d e t a i s m o d e l o s n ã o é, n e m
117. N a MOBILIZAÇÃO D E FORÇAS ORGANIZADAS, a
p o d e ser, d e exclusiva r e s p o n s a b i l i d a d e d o Serviço Social,
microatuação do Serviço Social seria: a ) identificação, mo-
m a s torna-se imprescindível a p a r t i c i p a ç ã o d e s t e n e s t a ela-
bilização e a r t i c u l a ç ã o d e indivíduos, g r u p o s e organizações
boração.
p a r a a p a r t i c i p a ç ã o n o p r o c e s s o d e desenvolvimento; b )
111. A título de c o n t r i b u i ç ã o , apresenta-se este p r i m e i r o incentivo à f o r m a ç ã o d e n o v o s q u a d r o s d e liderança, gru-
e s q u e m a de m o d e l o de a t u a ç ã o d o Serviço Social, colocado p o s e organizações; c ) valorização e c a p a c ita ç ã o d e qua-
e m p e r s p e c t i v a d e Desenvolvimento, reconhecendo-se a d r o s de liderança, v i s a n d o habilitá-los a a t u a r n o p r o c e s s o
necessidade de análise científica q u e p e r m i t a a avaliação d e desenvolvimento. A macroatuação do Serviço Social
p a r a p o s t e r i o r e s r e f o r mu la ç õ e s . seria: a ) valorização e estímulo à s instituições p a r a q u e
112. S u p õ e e s t e m o d e l o de a t u a ç ã o o s seguintes ele- s e c a p a c i t e m e estabeleçam sistemática d e c o o r d e n a ç ã o e
mentos: u s e m o u t r o s p r o c e s s o s dinâmicos q u e a s t o r n e m p r o p u l-
IDEOLOGIA DO D E S E N V O L V I M E N T O INTEGRAL; s o r a s d e mudança; b ) i n t r o d u ç ã o d e s i s t e m a s d e transfor-
PLANEJAMENTO; m a ç ã o p a r a a q u e l a s instituições q u e s e c o n s t i t u e m e m
MOBILIZAÇÃO D E FORÇAS ORGANIZADAS; freios e / o u b l o q u e i o s à mudança.
CAPITAL ( r e c u r s o s h u m a n o s e m a t e r i a i s ) ; 118. No CAPITAL, a microatuação do Serviço Social seria
TÉCNICA. a identificação d e r e c u r s o s m a t e r i a i s disponíveis e o estí-
113. P a c e a este m o d e l o de a t u a ç ã o , sugere-se c o m o fun- m u l o à c r ia ç ã o d e novos r e c u r s o s q u e s e fizerem necessá-
ção e atividade do Serviço Social e m u m a escala de m i c r o rios, e n q u a n t o q u e a macroatuação do Serviço Social seria:
e macroatuação. a ) i m p l e m e n t a ç ã o d o s in v e s time n to s d e infra-estrutura
114. N a IDEOLOGIA DO D E S E N V O L V I M E N T O INTE- social; b ) estímulo à p a r t i c i p a ç ã o p o p u l a r e m p r o g r a m a s
GRAL, a microatuação do Serviço Social seria o p r o c e s s o q u e efetivem o s c h a m a d o s in v e s time n to s d e capital fixo;
d i r e t o d e conscientização d e indivíduos, g r u p o s e organi- c ) c o n t r i b u i ç ã o p a r a a elevação d p s níveis de vida; d )
zações de b a s e , e n q u a n t o a macroatuação do Serviço Social estabelecimento de prioridades para programas, projetos
s e r i a o estabelecimento de u m a política e / o u de m e d i d a s e atividades, a p a r t i r d e necessidades e a s p i r a ç õ e s d a s
q u e i m p l i q u e m : a ) u m a m p l o p r o c e s s o d e conscientização p o p u l a ç õ e s ; e) valorização d o s r e c u r s o s h u m a n o s , vis ando
d o s c e n t r o s d e p o d e r d e decisão d a sociedade; b)> a inva- a s u p e r a r resistências aos p r o g r a m a s e p r o j e t o s a s e r e m
lidação d o s p r o c e s s o s q u e , implícita o u explicitamente, se- i m p l a n t a d o s ; f ) avaliação d o c u s t o d e p e s s o a l e equipa-
j a m contrários aos i n s t r u m e n t o s ou estímulos p r o p u l s o r e s m e n t o a p l i c a d o n o s p r o g r a m a s vinculados, d i r e t a o u indi-
e a c e le r a d o r e s d o desenvolvimento. r e t a m e n t e , a o Serviço Social, t e n d o e m vista a rentabili-
dade destes.
115. Assim e n t e n d i d o , o Serviço Social deve f o r m u l a r
diretrizes, c r i a r u m a estratégia d e a ç ã o , de a c o r d o c o m 119. N a TÉCNICA, a microatuação do Serviço Social se-
seus princípios fundamentais, p a r a a t u a r de m a n e i r a gené- ria a utilização d o s p r o c e s s o s d e Caso, G r u p o e Desenvol-
rica e, especialmente, frente a d e t e r m i n a d a s situações de v i m e n t o d e C o m u n i d a d e , b e m c o m o d e técnicas auxiliares,
bloqueio à mudança. procedendo-se s u a seleção e m vista d a m e l h o r aplicabili-
d a d e a o desenvolvimento, e n q u a n t o q u e a macroatuação
116. N o PLANEJAMENTO, a microatuação do Serviço
do Serviço Social seria: a ) utilização d e f o r m a s operacio-
Social seria a inserção d e p l a n e j a m e n t o n a s microrrealiza-
n a i s n o sentido d e t r a n s f o r m a ç ã o d a s e s t r u t u r a s ; b ) esta-
ções, d e n t r o de diretrizes e / o u política d o macroplaneja-
b e le c ime n to realístico d a s condições e d a s e t a p a s d o p r o -
m e n t o , e n q u a n t o a macroatuação do Serviço Social seria:
cesso d a p a r t i c i p a ç ã o p o p u l a r , p a r a q u e o s p r o g r a m a s se
a ) inserção consciente das p o p u la ç õ e s n o p l a n e j a m e n t o
através d o c o n h e c i m e n t o d e s u a s p o te n c ia lid a d e s e d o s
m e i o s de transformá-los e m i n s t r u m e n t o s d e s s a integração;
44 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 45
efetivem, r e v i g o r a n d o a s decisões e ações h u m a n a s , c o m ç õ e s n a teoria, n a metodologia, no ensino e n o s c a n a i s de
vistas a o desenvolvimento; c) p a r t i c i p a r d o estabelecimen- c o m u n i c a ç ã o d o Serviço Social c o m o público. E s t a s res-
t o d e sistemáticas de c o o r d e n a ç ã o d e atividades i n t e r p r o - p o n s a b i l i d a d e s novas, c o n t u d o , n ã o o s i n t i m i d a m . Ao con-
fissionais; d ) e s t a b e l e c i m e n t o d e política d e estímulo quan- trário, s ã o t o m a d a s c o m o desafio. Certos d e q u e a s p r o p o -
t o a e m p r e s a s e técnicos, objetivando d e s p e r t a r a t i t u d e s sições d e s t e d o c u m e n t o s e r ã o objeto d e análise crítica,
i n o v a d o r a s capazes de levá-los a a d e r i r e m a o p r o c e s s o de -<le reflexão p o r p a r t e d a s escolas, d o s profissionais, d o s
mudança; m o t i v a ç ã o d o e m p r e s a r i a d o p a r a a utilização ó r g ã o s d e classe e d o s e s t u d a n t e s d e Serviço Social, con-
d o s i n v e s t i m e n t o s q u e lhes s ã o oferecidos pelas institui- f i a m q u e e s t a s f o r m u l a ç õ e s se p r o j e t e m n o f u t u r o d o
ções públicas e p r i v a d a s , v i s a n d o m a i o r r e n t a b i l i d a d e a Serviço Social n o Brasil.
s u a s iniciativas e esforços; incentivo d o espírito empre-
sarial, vis ando a o aperfeiçoamento de iniciativas empíricas
e, c o n s e q u e n t e m e n t e , m a i o r c o n t r i b u i ç ã o a o p r o c e s s o d o
desenvolvimento; e) a p r o f u n d a m e n t o e / o u e l a b o r a ç ã o da Assinado por todos os participantes.
teorização, d a s técnicas d o p l a n e j a m e n t o e técnicas opera-
cionais d o Serviço Social, t e n d o e m vista a s exigências
a t u a i s d e a b e r t u r a d e c a m p o s e / o u m e r c a d o de t r a b a l h o
a o nível de m a c r o a t u a ç ã o .
120. Face à s colocações explicitadas, reconhece-se reque-
r e r a a t u a ç ã o d o Serviço Social o e s ta b e le c ime n to d e cri-
térios d e p r i o r i d a d e s e a definição de opções a d e q u a d a s à s
exigências d a realidade económico-social.
121. O desenvolvimento harmónico d o h o m e m — perma-
n e n t e desafio à a t u a ç ã o d o Serviço Social — exige q u e
s u a a d e q u a ç ã o à r e a l i d a d e seja u m a c o n s t a n t e .
122. P a r a a s t r a n s f o r m a ç õ e s necessárias a o desenvolvi-
m e n t o , faz-se m i s t e r u m a a m p l a e consciente p a r t i c i p a ç ã o
do próprio h o m e m , sujeito e o b j e t o d o Serviço Social.
Disto d e c o r r e a necessidade de u m t r a b a l h o cientificamente
e m b a s a d o , q u e f u n d a m e n t e u m a sistemática realista e efi-
caz à n o v a estratégia d o Serviço Social, n a consecução de
seus objetivos.

NOTA F I N A L
123. Os p a r t i c i p a n t e s d o Seminário de Araxá r e c o n h e c e m
a importância d o m o m e n t o histórico d e s t e e n c o n t r o . Acre-
d i t a m q u e a iniciativa e o s r e s u l t a d o s d e s t e Seminário
c o n s t i t u e m u m m a r c o n o p r o c e s s o de e l a b o r a ç ã o d o con-
teúdo técnico-científico d o Serviço Social.
124. Refletindo s o b r e as consequências d a s opções suge-
r i d a s , c o n s t a t a m a necessidade de p r o f u n d a s reformula-
RELAÇÃO DOS DOCUMENTOS PREPARATÓRIOS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
DOCUMENTO DE TERESÓPOLIS
Roteiros para Discussão
Doe. I — C o m p o n e n t e s • universais d o Serviço Social —
METODOLOGIA DO SERVIÇO SOCIAL
S. P a u l o
II SEMINÁRIO — 10 a 17 de janeiro de
Doe. I I — M e t a s d o Serviço Social — S. P a u l o
Doe. I I I — O Serviço Social face a o p r o c e s s o d e formu-
lação e i m p l a n t a ç ã o d a Política Social — S.
Paulo
Doe. I V — Papel d o Serviço Social; funções d o Assistente
Social — S. P a u l o
Doe. V — Serviço Social. Objetivos. Níveis d e Atuação.

ótica e Metodologia — H e l e n a I. J u n q u e i r a
T o d o s estes d o c u m e n t o s f o r a m p u b l i c a d o s n o Suple-
m e n t o n.° 4 de 1967, d o s D e b a t e s Sociais, d o CBCI S S . zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
COMÎSSAO ORGANIZADORA DO S E M I N A R I O

Helena Iracy Junqueira


Edith Motta
M a r i a Augusta d e L u n a Albano
M a r i a d a s D o r es M a c h a d o
José Lucena D a n t a s

COORDENAÇÃO

Edith Motta

HOSPITALIDADE
Conselheiro Luiz Gonzaga M a r e n g o P e r e i r a
e Diretoria do "Holiday Club"

PARTICIPANTES
Angela Anastasia C a r d o s o
Ana Alves P e r e i r a
B a l b i n a O t t o n i Vieira
E d i t h M. M o t t a
E d y Maciel M o n t e i r o
E v a T e r e s i n h a Silveira Faleiros
Francisco Paula Ferreira
Giselda B e z e r r a
Helena Iracy Junqueira
I s a Maia
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Jocelyne L. C h a m u z e a u
José Lucena D a n t a s
Leda Del Caro
M a r i a Augusta de L u n a Albano
M a r i a d a Glória N i n F e r r e i r a
Maria das Dores Machado
M a r i a Dulce de M o u r a Beleza
M a r i a d o C a r m o C. F a l c ã o
M a r i a H e l e n a M. D u a r t e
M a r i a Lúcia A. Velho
M a r i a d e Nazaré M o r a e s SUMARIO
Marília Diniz C a r n e i r o
Marina de Bartolo
M a r i s a Meira L o p e s I n t r o d u ç ã o zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPON
M a r t a "Teresinha G o d i n h o
Mary Catherine Jennings RELATÓRIO DO GRUPO A
N a d i r Gouveia Kfouri
N e l s o n José S u z a n o * 2. Concepção científica da prática do Serviço Social
R o s a d a Silva G a n d r a
Suely G o m e s Costa
Suzana Medeiros 2.1.1 Fenómenos e variáveis significativos p a r a a prá-
Tecla M a c h a d o Soeiro tica d o Serviço Social
Vicente d e P a u l a F a le ir o s
L e v a n t a m e n t o d o s fenómenos e variáveis
Identificação d a s funções c o r r e s p o n d e n t e s
Classificação d a s funções

(Quadros: nível biológico, nível doméstico e fa-


miliar, nível educacional, nível cívico-
mu n ic ip a l, nível sócio-cultural, nível
d e segurança)

3. Aplicação da metodologia do Serviço Social

Investigação-diagnóstico
Intervenção

O b s e r v a ç õ e s s o b r e o Relatório d o G r u p o A

* O item 1 foi suprimido nesta edição. Ver Introdução, p. 54.


52 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

RELATÓRIO DO GRUPO B zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA


* 2. Concepção científica da prática do Serviço Social

2.1 C o n h e c i m e n t o s científicos q u e e m b a s a m a prática


d o Serviço Social

2.1.1 Fenómenos e variáveis significativos p a r a a


prática d o Serviço Social
INTRODUÇÃO
( Q u a d r o d e variáveis s e g u n d o o critério
de necessidades e problemas) E m 1967, t r i n t a e oito a s s i s t e n t e s sociais bras ileiros, a con-
2.1.2 C o n h e c i m e n t o s já e l a b o r a d o s p e l a s ciências vite d o C B C I S S , r e u n i r a m - s e e m Araxá c o m o objetivo de
sociais t e o r i z a r s o b r e Serviço Social face à r e a l i d a d e brasileira.
N e s s e e n c o n t r o foi e l a b o r a d o u m relatório a m p l a m e n t e di-
2.1.3 C o n h e c i m e n t o s já e l a b o r a d o s o u q u e o pos- vulgado s o b o título: DOCUMENTO D E ARAXA.
s a m ser, p e l o profissional o u p o r q u a l q u e r S e t e e n c o n t r o s regionais f o r a m realizados e m 1968 p a r a
c ie n tis ta social l e v a n t a r opiniões s o b r e a validade teórica d o D o c u m e n t o
d e Araxá e r e c o l h e r subsídios s o b r e o s a s p e c t o s nele omis-
( Q u a d r o d e c o n h e c i m e n t o s p a r a a prática s o s e a s r e f o r m u l a ç õ e s cabíveis. Setecentos e q u a r e n t a e
d o Serviço Social) u m a s s i s t e n t e s sociais o p i n a r a m s o b r e a matéria n o s en-
c o n t r o s regionais realizados e m Goiânia, Fortaleza, Ma-
2.2 Apreciação d o s critérios e d a s t e n d ê n c i a s q u e v ê m n a u s , Belo H o r i z o n t e , C a m p i n a s , P o r t o Alegre e R i o d e
o r i e n t a n d o a f o r m u l a ç ã o d a m e t o d o l o g i a d o Ser- J a n e i r o ( G B ) . Os r e s u l t a d o s des s es e n c o n t r o s f o r a m divul-
viço Social g a d o s n o " S u p l e m e n t o d e D e b a t e s Sociais" n.° 3, agosto d e
1969: "Análise do Documento de Araxá — Síntese dos 7
( Q u a d r o : especificação d a me to d o lo g ia d o Encontros Regionais". Os d e p o i m e n t o s recebidos revela-
Serviço Social s e g u n d o o s critérios m a i s
usados) r a m , c o m b a s t a n t e clareza, a necessidade d e u m e s t u d o so-
b r e a Metodologia do Serviço Social face à r e a l i d a d e brasi-
leira.
3. Aplicação da metodologia do Serviço Social E m r e s p o s t a a esta necessidade, o C B C I S S p r o g r a m o u
novo encontro p a r a estudo do tema proposto. A comissão
3.1 Metodologia aplicável a o nível d e p l a n e j a m e n t o o r g a n i z a d o r a d o s e g u n d o seminário e l a b o r o u o seguinte
roteiro de trabalho:
3.2 Metodologia aplicável a o nível de a d m i n i s t r a ç ã o
3.3 Metodologia aplicável a o nível d e p r e s t a ç ã o d e
serviços METODOLOGIA DO SERVIÇO SOCIAL

Observações s o b r e o Relatório d o G r u p o B I — 1 T e o r i a d o Diagnóstico e d a I n t e r v e n ç ã o e m


Serviço Social — A I n t e r v e n ç ã o e m Serviço
RELAÇÃO DOS DOCUMENTOS PREPARATÓRIOS Social.
* O item 1 foi suprimido nesta edição. Ver Apresentação, p. 7.
Teorização do Serv. Social 55
54 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
2. T e o r i a d o Diagnóstico e d a I n t e r v e n ç ã o e m O e s t u d o d o p r i m e i r o p o n t o e m b a s a r i a a s reflexões so-
Serviço Social — O Diagnóstico Social. b r e os dois últimos e seria feito através d a análise d o s sub-
sídios recebidos s o b r e o a s s u n t o . O ternário foi e n t ã o re-
II — Diagnóstico e I n t e r v e n ç ã o e m Nível d e Pla- e l a b o r a d o , c o m o s e segue:
n e j a m e n t o , incluindo situações globais e pro-
b l e m a s específicos. 1. Fundamentos da metodologia do serviço social.
III — Diagnóstico e I n t e r v e n ç ã o e m Nível d e Admi- 2. Concepção científica da prática do serviço social.
nistração. 2.1 Conhecimentos científicos que embasam a prá-
tica do serviço social.
IV — Diagnóstico e I n t e r v e n ç ã o e m Nível d e Pres- 2.2 Apreciação dos critérios e das tendências que
t a ç ã o d e Serviços Diretos a Indivíduos, Gru- vêm orientando a formulação da metodologia
pos, Comunidades e Populações. do serviço social.
E s s e r o t e i r o foi distribuído a 103 assistentes sociais 3. Aplicação da metodologia do serviço social.
possíveis p a r t i c i p a n t e s d o f u t u r o e n c o n t r o . Destes, 33 pu- 3.1 Teorias que fundamentam o diagnóstico e téc-
d e r a m c o m p a r e c e r a o Seminário. Os critérios a d o t a d o s nicas para sua elaboração.
pelo C B C I S S n a escolha d o s profissionais f o r a m : i n t e r e s s e
pelo e s t u d o d a T e o r i a d o Serviço Social, realizações ou 3.2 Teorias que fundamentam a intervenção e téc-
vivência profissional, especialização, regionalidade, repre- nicas para sua elaboração.
s e n t a t i v i d a d e de instituições nacionais, públicas e p r i v a d a s ,
d iv e r s id a d e q u a n t o à p r o c e d ê n c i a institucional, t e m p o d e Foi também a p r e s e n t a d a u m a p r o p o s t a d e Pesquisa so-
f o r m a t u r a e p r o c e d ê n c i a regional. bre Serviço Social no Brasil, d o c u m e n t o e l a b o r a d o p o r u m
Vinte e u m d o c u m e n t o s v e r s a n d o s o b r e os itens sugeri- g r u p o d e S. P a u l o .
d o s n o ternário p r e l i m i n a r f o r a m e n c a m i n h a d o s a o CBCISS Aceito o r o t e i r o de t r a b a l h o , o Seminário desenvolveu-
e p o s t e r i o r m e n t e m i m e o g r a f a d o s e distribuídos e n t r e os s e n a s seguintes e t a p a s :
p a r t i c i p a n t e s , c o m o subsídio a o e s t u d o d a matéria. A — A p r e s e n t a ç ã o d a p r o p o s t a s o b r e Pesquisa em Ser-
E m síntese, o CBCI S S recebeu e d i s t r i b u i u 11 documen- viço Social no Brasil. O a s s u n t o d e s p e r t o u g r a n d e i n t e r e s s e
t o s de S. P a u lo ; 7 d a G u a n a b a r a ; 1 d e Brasília; 1 d o E s t a d o e n t r e o s p a r t i c i p a n t e s e u m s u b g r u p o encarregou-se d a
d o Rio e 1 d o Paraná, s e n d o 6 d o c u m e n t o s s o b r e o T e m a e l a b o r a ç ã o d e u m a n t e p r o j e t o c o m s u g e s t õ e s d e a s p e c t o s zyxwvutsrqponml
I; 5 sobre o Tema II; 2 sobre o Tema I I I e 3 sobre o a serem estudados, levantados ou pesquisados.
T e m a IV. B — Análise e d e b a t e , e m plenário, d e t r ê s d o c u m e n t o s
s o b r e o T e m a 1: F u n d a m e n t o s d a Metodologia d o Serviço
Como se desenvolveu o Seminário
Social. 1
A p r i m e i r a r e u n i ã o d e e s t u d o s foi iniciada c o m o d e b a t e
1 Sobre o assunto foram encaminhados ao CBCISS cinco trabalhos. Os
s o b r e a dificuldade d e o ternário s e r seguido n a íntegra.
Discutido o a s s u n t o , ficou a c e r t a d o q u e o seminário se dois não debatidos foram os seguintes:
concentraria no estudo de apenas três pontos: — "Teoria do diagnóstico e da intervenção em serviço social", de Helena
Yracy Junqueira, que, presente no Seminário, considerou-o mais como
um roteiro pata futura elaboração.
1. Fundamentos da metodologia do serviço social. — "Introdução ao método. Teoria do Diagnóstico Social. Formas de
2. Concepção científica da prática do serviço social. intervenção na realidade", de Ana Augusta de Almeida, que não pôde
3. Aplicação da metodologia do serviço social. comparecer ao Seminário.
56 CBCISS

— Introdução zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
às Questões de Metodologia — Teoria do
Diagnóstico e da Intervenção em Serviço Social, p o r
S u ely G omes C os ta .
— Teoria Metodológica do Serviço Social, uma Abor-
dagem Sistemática, p o r José Lu cen a D a n ta s .
— Bases para Reformulação da Metodologia do Serviço
Social, p o r Tecla M a ch a d o S oeir o.
C — Su b divisão d os p a r ticip a n tes e m d ois g r u p os — A
e B — p a r a es tu d o d os tema s s u b s equ en tes : Te m a 2 —
C oncepção científica d o serviço s ocia l; e Te m a 3 — A p l i-
RELAT ÓRIO DO GR UP O A
cação d a m etod ol og ia d o serviço s ocia l.
D — Apresentação, e m plenário, d os d ocu m en tos ela-
b or a d os p elos d ois g r u p os . O G r u p o A a p r ofu n d ou - s e m a is
n o Te m a 2, o G r u p o B s egu iu fielm en te o es qu ema p r o-
p os to. A d iver s id a d e n a s fo r m a s d e tr a b a l h o im p os s ib il i-
t o u a fu são d os d ois rela tórios .

O Relatório Final

Os a s s is tentes s ocia is q u e s u b s cr evem o D ocu m en to de


Teres ópolis , con s cien tes d a r es p on s a b ilid a d e a s s u mid a , re-
con h ecem qu e o a s s u n to deve s er ob jeto d e es tu d os e
reflexões fu tu r a s . A matéria, p o r d ema is va s ta , nã o pôde
ser s u ficien temen te a p r ofu n d a d a n u m en con tr o d e sete
d ia s . O S eminá rio nã o p r eten d eu es gota r a s s u n to de tão
a l ta relevância.
O C B C IS S s u b mete à crítica d os a s s is tentes s ocia is os
r es u lta d os d o S eminá rio de Teres ópolis e es pera h a ver
contrib u ído de a l g u m a f o r m a p a r a o d es en volvimen to de
u m S erviço S ocia l q u e r es p on d a ca d a vez m a is às necessi-
da des d o H o m e m B r a s il e ir o .
N es ta a tu a l edição são a p res en ta d os s omen te os Rela-
tórios d os d ois g r u p os . O s d ocu m en tos prepa ra tórios ,
d is cu tid os o u não n o S eminá rio, f o r a m ed ita d os sepa ra -
d a men te. * zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

* Ver na p. 97 a relação desses documentos, editados pelo CBCISS, na


Coleção Temas Sociais. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
G RU P O A

C o n fo r m e decisão d o plenário, os G r u p o s só es tu d a r a m
os Tem a s 2 e 3, p o r q u e o Tem a 1 f o i d eb a tid o e m plenário,
b a s ea do n os três tr a b a l h os prepa ra tórios a o S eminá rio.
O zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Grupo A, e m r es p os ta a o Te m a 2 — Concepção Cien-
tífica da Prática do Serviço Social e a o i t e m 2.1 Conheci-
mentos Científicos que Embasam a Prática do Serviço
Social, — i n i c i o u o es tu d o p elos 2.1.1 Fenómenos e Variá-
veis Significativos para a Prática do Serviço Social, desen-
volven d o- o m a is a m p l a m en te, não chega ndo a a b or d a r os
iten s s egu intes d o Te m a 2.
Q u a n to a o Tem a 3 — Aplicação da Metodologia do Ser-
viço Social, o es tu d o f o i feito a p a r t i r de u m r o te i r o orga -
n iza d o p o r elemen tos d o p r óp r io G r u p o a o término d a ela-
b ora çã o d o es tu d o a n ter ior .

T E M A 2: C O N C E PÇ ÃO C IE N TÍF IC A D A P R A TIC A
D O S E RV IÇ O S O C IA L

2.1.1 Fenómenos e Variáveis Significativos para a Prática


do Serviço Social

O es tu d o se d es en volveu e m cin co eta pa s : leva n ta m en to


de fenómenos s ign ifica tivos ob s erva d os n a prática d o ser-
viço s ocia l, cor r es p on d en tes a os níveis a d ota d os p elo gr u -
p o; leva n ta m en to das variáveis s ign ifica tiva s p a r a o serviço
s ocia l, n os fenómenos ob s erva d os ; leva n ta m en to d a s fu n -
ções cor r es p on d en tes às variáveis leva n ta d a s ; redu çã o da s
funções id en tifica d a s e, fin a lm en te, classificação dessas
fu nções.
60 Teorização do Serv.
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Social 61

A apresentação d eta lh a d a da s cin co eta pa s exige, a ntes , N ível Res id en cia l


u m a advertência. A sistemática d e tr a b a l h o ( es tu d o d e fe-
nómenos, leva n ta m en to d e variáveis e identificação de fu n - N ível de E q u i p a m e n to E s cola r
ções ) não p r eten d e s u g er ir qu e, d e o r a e m d ia n te, o ser-
viço s ocia l se r ed u za à análise is ola d a d e ca da necessida de. Necessidades sociais
A o contrá rio, o es tu d o, p o r s i m es m o, con d u z a o reconhe-
c im e n to d a glob a lid a d e e d o in ter - r ela cion a m en to da s ne- N ível S ocia l
cessidades h u m a n a s . M a is a in d a , cer tos con d icion a n tes N ível F a m i l i a r e d e C o m p o r ta m e n to S exu a l
b ásicos p a r a a prática d o serviço s ocia l nã o d e c o r r e m de N ível de S ocia b ilid a d e
ca d a u m d os níveis en ca ra d os is ola d a men te m a s da s carac- N ível de V i d a M u n i c i p a l
terísticas cen tr a is d a s ocieda de b r a s il eir a , pa ís su b desen- N ível de V i d a Cívica
vo l vid o e e m cr is e m o ti va d a p o r u m a fase d e transição e N ível d e V i d a É tica e E s p i r i tu a l
de mu danças. É forços o s a lien ta r , a in d a , q u e o p a p el d o A esses níveis f o i a cres cen ta do o de "S egu ra nça "
serviço s ocia l n a s ocieda de b r a s il eir a — e m s eu estágio In ven ta r ia d os os fenómenos, f o i ver ifica d a a frequ ência
a tu a l d e d es en volvimen to, c o m os ch oqu es d e opiniões exis- de fenómenos s emelh a n tes o u idênticos, e m d ifer en tes ní-
ten tes — é u m fenómeno s ig n ifica tivo q u e não deve ser es- veis . P or esta razão, f o i ela b or a d a n ova classificação de
qu ecid o n a prática p r ofis s ion a l . níveis com o se segu e:
C o m estas res s a lva s , são a p res en ta d a s , a s egu ir, as cin co N ível B iológico e de E q u ip a m e n to Sanitário
eta pa s d e tr a b a l h o : N ível D omés tico e F a m i l i a r
N ível E d u ca cion a l
l. a
Etapa N ível Res id en cia l
N ível Cívico- Mu nicipal
L E V A N TA M E N TO D E FE N Ó M E N O S S IG N IF IC A TIV O S N ível Sócio- Cultural
O B S E R V A D O S N A P R A TIC A D O S E RV IÇ O S O C IA L . N ível d e Segu rança
F o i necessário, então, r ea g r u p a r os fenómenos d e a cor d o
P a r tin d o d o inventário d os níveis ela b or a d o p o r S.
1 c o m a classificação de níveis a d ota d a p elo g r u p o. ( V er , n o
L. L e b r e t f o i efetu a d o o leva n ta m en to d os fenómenos
2 8 fin a l d o Te m a 2, Q u a d r os A 1, A 2, A 3, A 4, A 5, A 6
s ign ifica tivos , ob s erva d os n a prática d o s erviço s ocia l n os — col u n a 1.)
níveis p r op os tos p elo a u to r :
2.o Etapa
Necessidades básicas
ID E N TIF IC A Ç Ã O D A S V A R I Á V E I S S IG N IF IC A TIV A S
4

N ível B iológico P A RA O S E RV IÇ O S O C IA L , N O S F E N Ó M E N O S O B -
N ível D omés tico zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
S E RV A D O S .

C on h ecid os os fenómenos, p r ocu r ou - s e a identificação


Nível:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1
diferentes planos de realidades da sociedade global nos quais se
situam necessidades homogéneas, (Verbete retirado do Dictiotiary of Social da s d ivers a s fo r m a s pela s qu a is eles se a p r es en ta m . F o i
Sciences, editado por Julius Gould e William L. Kolb.)
2 Em Dynamique Concrète du Dévéloppement, Paris, Les Editions
Ouvrières, 1961, p. 156. Variável: fator dinâmico cujo desenvolvimento é sincronizado ao desen-
4

8
Fenómeno (social ou fato social): fatos sociais enquanto objeto de uma volvimento de outro fenómeno. (Verbete preparado pelo cientista social
observação. (Verbete preparado pelo cientista social E. A. Gellner para o Raymond V. Bowers para o Dictionary of the Social Sciences, edjção da
Dictionary of the Social Sciences, edição da UNESCO.) UNESCO.)
Teorização do Sero. Social 63
62 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
e m serviço s ocia l f o i d efin id a com o: " a r es p os ta d a d a p ela
des de logo evid en cia d o qu e as mes ma s variáveis, c o m fre- intervenção d o serviço s ocia l a u m a d eter m in a d a necessi-
qu ência, a p a r ecia m r ela cion a d a s a d ifer en tes fenómenos. d a d e h u m a n a , d etecta d a n a s variáveis ob s er va d a s ".
( V er Q u a d r os A 1, A 2, A 3, A 4, A 5, A 6, A 7 — colu n a 2.) P a r tin d o desse con ceito ( p a r a fin s de es tu d o) , f o i p r o-
p os ta a s egu in te classificação da s fu nções: 6

3.
a
Etapa
C LAS S IFIC AÇ ÃO D A S FU N Ç Õ E S zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVU
ID E N TIF IC A Ç Ã O D A S F U N Ç Õ E S C O R R E S P O N D E N -
5

TE S ÀS V A RIÁ V E IS IN V E N TA RIA D A S . r f Educativas

C on h ecid a s as variáveis d os fenómenos es tu d a d os , fo-


M o b il iza d o r a
r a m id en tifica d a s as fu nções a elas cor r es p on d en tes . ( V er
E du cação d e
Q u a d r os A 1, A 2, A 3, A 4, A 5, A 6, A 7 — col u n a 3.)
base
Su b stitu ição d e
4.
a
Etapa pa drões
Em microatu ação
C ons cientiza -
RE D U Ç ÃO D A S FU N Ç Õ E S . d ora
S ocia liza d or a
Id en tifica d a s as possíveis fu nções d o s erviço s ocia l, f o i Fu nções F in s
ten ta d a u m a f o r m a sintética d e expressá- las. ( V e r Q u a d r os Curativas
A 1, A 2, A 3, A 4, A 5, A 6, A 7 — col u n a 4.) As fu nções,
c o m o res p os ta s às variáveis s eleciona da s , são a s egu ir Terapêu tica
tr a n s cr ita s e m o r d e m alfab ética: a d m i n i s tr a ti va , d e asses- As s is ten cia l
s or ia técnica, a s s is ten cia l, con s cien tiza d or a , d e criação de
r ecu r s os , d e edu cação de b ase, m o b il iza d o r a , d e p es qu is a
C riação d e
de métodos , d e p es qu is a d e necessidades, d e p la n eja m en to, Em macroatu ação r ecu r s os
de política s ocia l, s ocia liza d or a , d e su b stitu ição d e pa drões ,
Política S ocia l
e terapêu tica. V a le r es s a lta r qu e, e m Teres ópolis , f o i feito
u m esforço d e q u a l ifica r as funções r ed u zid a s . A comissão
r ela tor a , após o u vi r a opinião d e vários p a r ticip a n tes , re-
s olveu o m i t i r este d a d o p o r con s id er a r qu e es ta eta p a só As s es s oria
poderá s er feita depois de es tu d os m a is a p r ofu n d a d os . E m micr o Pes qu is a
Fu nções M eios e macroatu ação P la n eja men to
Administração
5. a
Etapa Política S ocia l

C LA S S IF IC A Ç Ã O D A S FU N Ç Õ E S .
O u t r a possível classificação, a ten d en d o à satisfação de
Id en tifica d a s q u a tor ze d ifer en tes fu nções, f o i ten ta d a a neces s ida de n o tem p o: função im ed ia ta e função m ed ia ta .
classificação da s mes ma s . Pa r a fin s deste es tu d o, Função zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

« Não houve consenso quanto aos níveis de micro e macroatuação e


5
Função:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
série de atividades organizadas para satisfazer ou executar um quanto à classificação das funções.
fim e/ou um objetivo.
64 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 65

É i m p o r ta n te s a lien ta r q u e os fenómenos, as variáveis leva a cr er q u e ta l princípio deva s er con s id er a d o n o es tu -


e as funções p r op os ta s neste d ocu m en to são a pres en ta dos d o metodológico d o serviço s ocia l. D a d a a interdependên-
a títu lo ex em p lifica tivo. Por este m o ti vo , não p o d e m ser cia en tr e variáveis e fenómenos, não se p od e a tu a r s ob re
q u a n tifica d os . O u tr o s fenómenos, ou tr a s variáveis e ou tr a s u m s em con s id er a r os d ema is . Impõe- se, a s s im, u m a visão
funções p o d e m ser en con tr a d os . U m q u a d r o d efin itivo só g lob a l.
poderá ser a p r es en ta d o depois de a cu r a d os es tu d os e pes- I m p o r t a , a in d a , in d a g a r se as funções d o serviço s ocia l,
qu is a s qu e, evid en temen te, não p o d e r i a m ser ten ta d os d u - leva n ta d a s p a r a r es p on d er àqueles fenómenos e variáveis,
r a n te u m seminário. C onsidera- se necessário es tu d o m a is r es p on d em ta mb ém aos in d ica d or es de s u b d es en volvimen -
a p r ofu n d a d o p a r a d e fin ir q u a l a classificação q u e m e l h o r to a p res en ta d os p o r L eb r et e q u e são: zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVU
a ten d e ao serviço s ocia l.
A análise da s fu nções d o serviço s ocia l con d u z ao es tu d o 1 Indicadores básicos
de s u a m etod olog ia q u a n d o se ver ifica :
1.1 B a ix a r en d a n a cion a l per capita
1. qu e as fu nções id en tifica d a s são, tod a s elas, de in ter - 1.2 Su b nu trição de i m p o r ta n te p a r cela d a p op u la -
venção. M es m o as cla s s ifica da s com o de " p es q u is a " , ção e a m p l i tu d e de doenças d e ma s s a s
referem- s e à p es qu is a de necessidades e d e métodos 1.3 A g r i c u l tu r a p r i m i t i v a , r o tin e ir a , não meca n i-
d e intervenção; za da
2. qu e as variáveis de u m a só necessidade d e te r m i n a m 1.4 D eb ilid a d e d a in fr a - es tr u tu r a
a importância de atuação e m d ois níveis ( m i c r o e 1.5 B a ix a indu strialização
ma cro); 1.6 A n a lfa b etis m o
3. a interdependência en tr e fenómenos e variáveis. As 1.7 Ausência o u insuficiência de q u a d r o d e cien-
variáveis se r ep etem e o m es m o d a d o a pa rece or a tis ta s e técnicos
com o "fen ómen o" or a com o "va riá vel".
2. Outros indicadores menos comprobatórios
O p r o b l e m a d o método não p od e ser d is s ocia d o da ques-
tão d o ob jeto. 2.1 Predominância d o s etor agrícola e d a p op u la -
O p r os s eg u im en to d a análise das funções evid en cia qu e lação r u r a l , d es emp rego e s u b emp r ego
as variáveis — ob jeto de intervenção d o serviço s ocia l — 2.2 B a ix a ca pa cida de fin a n ceir a , ta xa s de p ou p a n -
c o n fig u r a m situações s ocia is p r o b l e m a d en tr o de u m qu a - ça e in ves tim en to p ou co elevadas, b a ix o nível
d r o de s u b d es en volvimen to. Res ta r ia a indagação: a aná- de m er ca d o de ca p ita l
lis e d o serviço s ocia l, a p a r t i r de o u tr o p o n to de referên- 2.3 A l ta fecu n d id a d e o u b a ix a restrição de na s ci-
cia , leva r ia aos mes mos res u lta d os ? m en tos

3. Indicadores apresentados por Alfred Sauvy, cita-


C O N C LU S ÃO
dos por Lebret
O q u a d r o de fenómenos e variáveis leva n ta d os , segu n-
3.1 Su b missão d a m u l h e r
do os níveis de necessidades p r op os tos p o r L eb r et ( m od elo
es colh id o p a r a es tu d o) , evid en cia u m a r ea lid a d e de su b de- 3.2 Tr a b a l h o i n f a n ti l
s en volvimen to. 3.3 Au sência o u fr a qu eza da s classes médias
Os fenómenos a p on ta d os en qu a d ra m- s e n o princípio de 3.4 Regime au toritário, ausência de institu ições
causação cir cu l a r a cu m u la tiva ( G u n n a r d M y r d a l ) , o qu e democráticas
66 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

O Q u a d r o de Classificação de Pu nções evid en cia coerên-


cia c o m os in d ica d or es de s u b d es en volvimen to p r op os tos
p o r L eb r et. A s s im , n a s Fu nções F in s são en con tr a d a s
Fu nções E d u ca tiva s , q u e p r e p a r a m as popu lações p a r a
p a r ti c i p a r e m d o esforço d o d es en volvimen to e co n co r r em
p a r a r o m p e r es tr u tu r a s m en ta is rígidas, va lores e, co m -
p o r ta m e n to s d e resistência à mu dança. As Fu nções C u ra -
tiva s são necessárias p a r a r es p on d er às necessida des bá-
sica s d e popu lações m a r g in a liza d a s o u ca rentes . As fu n -
ções a o nível de macroatu ação (cria çã o de r ecu r s os , p oli-
tica s ocia l) p o d e m in te r fe r ir d ir eta m en te n o q u a d r o d o
s u b d es en volvimen to. As Fu nções M eios são necessárias, e m
nível de m i c r o e macroatu ação, p a r a concretização da s
Fu nções F in s .
QUA DR O A 1

NÍVEL BIOLÓGICO
FENÓMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
OBSER VADOS NA P OSSÍ VEI S F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O SOCIAL
O SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓM ENOS SOCIAL
(DET ALHADAS)
P R A T I C A DO OBSER VADOS (R EDUZI DA S)
SER VI ÇO S O C I A L

1 Subnut ri ç ão 1. T abus al i m e nt are s 1. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão d e v a l o r e s no 1. D e subst i t ui ç ão de


2. Hábi t o s a l i m e n t a r e s i n a d e q ua d o s c o m p o r t a m e n t o a l i m e n t a r e hi g i é ni c o padrõ e s
3. Bai x a renda 2. Subst i t ui ç ão de hábi t o s a l i m e n t a r e s 2. A s s i s t e n c i a l
4. B a i x a p r o d ut i v i d ad e 3. Assi st ê nc i a f i n a n c e i r a 3. D e p l a n e j a m e n t o
5. Do e nç as c a r e n c i a i s e f a l t a d e h i g i d e z 4. P l ane j am e nt o so c i al 4. D e p e s q ui s a d e
5. A ssi st ê nc i a a l i m e n t a r e m e d i c a m e n t o s a r e c ur s o s
6. P art i c i paç ão e m p e s q ui s a s m é di c o -so c i ai s

2. Do e nç a de m a s s a e 1. Subnut ri ç ão 1. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão d e v a l o r e s no 1. De plane jam e nt o


e nde m i as 2. H abi t aç ão i n a d e q u a d a c o m p o r t a m e n t o a l i m e n t a r e hi g i é ni c o 2. D e e d uc aç ão -base
3. F l ut uaç ão d e m ã o -d e -o br a 2. Subst i t ui ç ão d e hábi t o s a l i m e n t a r e s 3. Assi st e nc i al
4. Bai x a renda 3. A ssi st ê nc i a f i n a n c e i r a 4. D e subst i t ui ç ão de
5. B a i x o ní v e l de e duc aç ão sani t ári a 4. P l a n e j a m e n t o padrõ e s
6. F a l t a de e q ui p am e n t o d a m e d i c i n a 5. Assi st ê nc i a a l i m e n t a r e m e d i c a m e n t o s a 5. D e p e s q ui s a de
pre v e nt i v a e c urat i v a 6. P l a n e j a m e n t o s o c i a l , e duc aç ão h a b i t a c i o n a l ne c e ssi dade s
7. M a l a p r o v e i t a m e n t o d o s r e c u r s o s 7. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão d e v a l o r e s e 6. M o bi l i z a d o r a
e x i st e nt e s hábi t o s d e saúde e h i g i e n e
8. P e s q u i s a d a s n e c e s s i d a d e s e part i c i paç ão e m
plane jam e nt o
9 Di v ul g aç ão e c o o rde naç ão do s r e c u r s o s
e x i st e nt e s

3 A l t o í ndi c e de m o r b i - 'l. Bai x a renda 1. A ssi st ê nc i a f i n a n c e i r a 1. A s s i s t e n c i a l


dade e bai x a e x p e c t a - 2. B a i x o ní v e l d e e duc aç ão sani t ári a 2. Plane jam e nt o 2. D e p e s q u i s a de
t i v a de v i d a 3. A bse nt e í sm o n o t r a b a l h o 3. P e sq ui sa de ne c e ssi dade s r e c ur so s
4. E n t r a v e à m o bi l i d ad e so c i al 4. Assi st ê nc i a m e d i c a m e n t o s a e f a m i l i a r 3. D e p l a n e j a m e n t o
5. F a l t a de e q ui p am e n t o d a m e d i c i n a 5. Cri aç ão d e r e c u r s o s 4. D e c ri aç ão d e r e c u i - o s
pre v e nt i v a e c urat i v a 6. Di v ul g aç ão e c o o rde naç ão do s r e c u r s o s 5. M o b i l i z a d o r a
6. Subnut ri ç ão e x i st e nt e s 6. D e e duc aç ão de ba s e
7. Habi t aç ão i n a d e q u a d a 7. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão d e v a l o r e s n o 7. D e c o o rde naç ão d e
8. Orf andade e v i uv e z pre c o c e c o m p o r t a m e n t o a l i m e n t a r e hi g i é ni c o r e c ur s o s
9. B a i x a de p r o d ut i v i d ad e n o t r abal h o 8. Subst i t ui ç ão d e hábi t o s a l i m e n t a r e s 8. T e rapê ut i c a
10. Do e nç a d e m a s s a e e n d e m i a s 9. Assi st ê nc i a a l i m e n t a r 9. D e subst i t ui ç ão d e
10. P l a n e j a m e n t o s o c i a l e e duc aç ão h a b i t a c i o n a l padrõ e s
11. Co l o c aç ão f a m i l i a r
12. Educ aç ão sani t ári a e c ri aç ão d e r e c u r s o s
13. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão d e v a l o r e s e
hábi t o s d e saúde e h i g i e n e
14. P e s q u i s a d e ne c e ssi aaãe s
15 P art i c i paç ão n o p l a n e j a m e n t o

4. A l t o í ndi c e de m o r t a - 1. Subnut ri ç ão 1. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão d e v a l o r e s n o 1. D e p e s q ui s a d e


l i dade i nf ant i l 2. F a l t a d e e q u i p a m e n t o da m e d i c i n a c o m po rt am e nt o al i m e nt ar ne c e ssi dade s
pre v e nt i v a e c urat i v a 2. Subst i t ui ç ão d e hábi t o s a l i m e n t a r e s 2. D e p l a n e j a m e n t o
3. E n d e m i a s 3. A ssi st ê nc i a f i n a n c e i r a 3. D e e duc aç ão d e ba s e
4. M a l a p r o v e i t a m e n t o d o s r e c u r s o s 4. P l a n e j a m e n t o 4. M o b i l i z a d o r a
e x i st e nt e s 5. Assi st ê nc i a a l i m e n t a r e m e d i c a m e n t o s a 5. A s s i s t e n c i a l
5. B a i x o n i v e l d e e duc aç ão sani t ári a 6. P e s q u i s a d e n e c e s s i d a d e s 6. D e subst i t ui ç ão de
6. B a i x o ní v e l d e e duc aç ão do m é st i c a 7. P art i c i paç ão n o p l a n e j a m e n t o padrõ e s
8. P l a n e j a m e n t o s o c i a l 7. D e p e s q ui s a de
9. Educ aç ão h a b i t a c i o n a l r e c ur so s
10. Di v ul g aç ão e c o o rde naç ão d o s r e c ur s o s
e xi st e nt e s
11. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão de v a l o r e s e
hábi t o s de saúde e h i g i e n e
12. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão de v a l o r e s e
hábi t o s pré -nat ai s e pó s-nat ai s

5. A l t o Í ndi c e de 1. " F a l t a d e e duc aç ão s e x u a l 1. P art i c i paç ão e m p r o g r a m a s de e duc aç ão 1. D e e duc aç ão d e base


nat al i dade 2. V a l o r e s r e l i g i o s o s se x ual 2. D e subst i t ui ç ão de
3. P adrõ e s c u l t u r a i s 2. Subst i t ui ç ão d e v a l o r e s e padrõ e s c u l t u r a i s padrõ e s
4. F a l t a d e p l a n e j a m e n t o f a m i l i a r 3. P art i c i paç ão e m p r o g r a m a s d e p l a n e j a m e n t o 3. D e c ri aç ão d e r e c ur s o s
5. A b a n d o n o do m e n o r f am i li ar 4. D e p l a n e j a m e n t o
4. Ori e nt aç ão f a m i l i a r e c ri aç ão d e r e c u r s o s

6. I nsuf i c i ê nc i a e m á 1. Do e nç as d e m a s s a s e e n d e m i a s 1. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão d e v a l o r e s n o 1. D e p l a n e j a m e n t o


di st ri bui ç ão do 2. A l t o í ndi c e d e m o r b i d a d e c o m po rt am e nt o al i m e nt ar 2. D e e duc aç ão d e ba s e
e q ui p a m e n t o sani t ári o zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
3. A l t o í ndi c e d e m o r t a l i d a d e 2. Subst i t ui ç ão d e hábi t o s a l i m e n t a r e s zyxwvutsrqponm
3. A s s i s t e n c i a l
e raedieo-hogpitalar - zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
4 T - Abo "o nt e i sm & -n o t r a b a l h e A. De —subst i t ui ç ão - -de~ -
5. B a i x o ní v e l de e duc aç ão sani t ári a 4. P l ane j am e nt o so c i al padrõ e s
6. A l t o í ndi c e d e m o r t a l i d a d e i n f a n t i l 5. Assi st ê nc i a a l i m e n t a r e m e d i c a m e n t o s a 5. D e p e s q ui s a d e
7. B a i x a p r o d u t i v i d a d e n o t r a b a l h o 6. P art i c i paç ão e m p e s q ui s a s m é di c o -so c i ai s ne c e ssi dade s
8. Mi g raç õ e s i n t e r n a s 7. P e sq ui sa de ne c e ssi dade s 6. M o b i l i z a d o r a
9. B a i x a e x p e c t a t i v a d a v i d a 8. A ssi st ê nc i a f a m i l i a r 7. D e p e s q u i s a d e
9. Cri aç ão d e r e c u r s o s r e c ur so s
10. Di v ul g aç ão e c o o rde naç ão do s r e c u r s o s 8. D e c o o rde naç ão d e
e x i st e nt e s r e c ur so s
11. Educ aç ão sani t ári a 9. T e rapê ut i c a
12. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão de v a l o r e s e
hábi t o s d e saúde e h i g i e n e

7. Do e nç a psi c o t ó xi c as 1. De si nt e g raç ão f a m i l i a r 1. Ori e nt aç ão f a m i l i a r 1. D e e duc aç ão de ba s e


( a l c o o l i s m o , uso d e 2. A bse nt e í sm o e b a i x a p r o d u t i v i d a d e 2. Ed uc aç ão sani t ári a 2. D e p e s q ui s a d e
e nt o rpe c e nt e s et c.l d e m ã o -d e -o br a 3. A ssi st ê nc i a f i n a n c e i r a r e c ur so s
3. M o r b i d a d e 4. P l an e j am e n t o so c i al 3. A s s i s t e n c i a l
4. B a i x o ní v e l e c o nô m i c o -so c i al 5. P e sq ui sa de ne c e ssi dade s 4. D e p e s q u i s a de
5. D e s e m p r e g o e s u b e m p r e g o . 6. Assi st ê nc i a m e d i c a m e n t o s a ne c e ssi dade s
7. A ssi st ê nc i a f a m i l i a r 5. D e c ri aç ão d e r e c u r s o s
8. Cri aç ão d e r e c u r s o s 6. M o b i l i z a d o r a
9. Di v ul g aç ão e c o o rde naç ão d o s r e c u r s o s 7. T e rapê ut i c a
e xi st e nt e s 8. D e p l a n e j a m e n t o
10. I nt ro duç ão e /o u subst i t ui ç ão d e v a l o r e s n o
c o m p o r t a m e n t o a l i m e n t a r e hi g i é ni c o
11. Subst i t ui ç ão d e hábi t o s a l i m e n t a r e s
12. Plane jam e nt o
13. Assi st ê nc i a a l i m e n t a r
NÍ VEL DOMÉSTICO E F A M I L I A R Q O A D R O * *

PK NOMK N08
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
P OSSÍ VEI S F UN Ç Õ E S D O SER V I ÇO SOCIAL
OBSER VADOS NA O SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓM ENOS SOCIAL
(DET ALHADAS)
P R A T I CA DO OBSER VADOS (R EDUZI DA S)
SER VI ÇO S O C I A L

1. De sag r e g aç ão e / o u 1. P r o c e s s o d e m ud an ç a s o c i a l a c e l e r a d o 1. P r e p a r a c f i o p a r a a m ud an ç a 1. Co nsri e nt li ari o ra


de si nt e g raç ão 2. M i g r aç õ e s i n t e r n a s 2. Plane jam e nt o so c i al 2. De plane jam e nt o
f am i li ar 3. De se r ç ão d o l a r 3. Assi st ê nc i a e s p e c i a l i z a d a 3. D e e d uc aç ão d e base
4. P r e se n ç a p a t e r n a e / o u m a t e r n a 4. Ori e nt aç ão f a m i l i a r 4. Assi st e nc i al
i n suf i c i e n t e 5. Assi st ê nc i a f i n a n c e i r a
5. C o n f l i t o d e g e raç õ e s 8. Cri aç ão d e r e c u r s o s
6. T e nsõ e s f a m i l i a r e s 7. Ed uc aç ão do m é st i c a
7. Co ndi ç õ e s d e v i d a i n a d e q u a d a 8. Educ aç ão s e x u a l
(habi t aç ão , al i m e nt aç ão e t c . ) 9. P re paraç ão p a r a o c asam e n t o
8. R e n d a f am i l i ar i n suf i c i e n t e 10. Ori e nt aç ão f a m i l i a r
9. F a l t a d e e d uc aç ão do m é st i c a, e duc aç ão 11. P ar t i c i p aç ão n o p l a n e j a m e n t o ur ban o
s e x u a l , p r e p ar aç ão p a r a o c a s a m e n t o
e plane jam e nt o f am i li ar
10. Gr an d e s di st anc i as e nt re o l o c al do
t r abal h o e o l a r

2. A usê n c i a d e u m a 1. l e g i s l a ç ã o f a m i l i a r i n ad e q uad a 1. S u b s i d i o p a r a u m a p o l i t i c a 1. D e polit ica so c i al


polit ica f am i li ar 2. F a l t a d e a m p a r o d o s p o d e r e s públ i c o s

3 . Di st o rç õ e s n o 1. De l i n q uê n c i a e pe rv e rsõ e s s e x u a i s 1. P art i c i paç ão e m c a m p a n h a s d e o ri e nt aç ão 1. T e rapê ut i c a


c o m po rt am e nt o ( h o m o s s e x u a l i s m o — pro st i t ui ç ão — e c ri aç ão d e r e c u r s o s 2. D e po l i t i c a so c i al
se x ual c r i m e s se x uai s) 2. Ori e nt aç ão f a m i l i a r 3. Cr i aç ão d e r e c u r s o s
2. I ni c i aç ão s e x u a l p r e m a t u r a e / o u 3. Subst i t ui ç ão d e v a l o r e s e c o m po rt am e nt o 4. D e e duc aç ão d e b a s e
i n ad e q uad a 5. D e subst i t ui ç ão d e
3. Educ aç ão s e x u a l i n a d e q u a d a o u padrõ e s
ause n t e
4. T a b u s s e x u a i s

4. M ar g i n al i z aç ão d o 1. De l i n q uê n c i a i n f a n t i l e j u v e n i l 1. P art i c i paç ão e m c a m p a n h a s d e o ri e nt aç ão 1. T e rapê ut i c a


menor x. Ex p l o r aç ão e s e v i c i a m e n t o d e m e n o r e s e c ri aç ão d e r e c u r s o s 2. Assi st e nc i al
3. A ban d o n o t o t al e p a r c i a l 2. Subsí di o s p a r a u m a l e g i sl aç ão a d e q u a d a e 3. Cr i aç ão d e r e c u r s o s
4. Us o i n d e v i d o d o t r abal h o do m e n o r s u a e f e t i v a apl i c aç ão 4. D e po li t i c a so c i al
5. A ssi st ê nc i a t r a d i c i o n a l n ão p r o p i c i a n - 3. Co l abo r aç ão n a P o l i t i c a N a c i o n a l d o B e m -
d o a i nt e g raç ão d o m e n o r A s o c i e d a d e E s t a r do M e n o r
8. De sag r e g aç ão e / o u de si nt e g raç ão 4. Ori e nt aç ão f a m i l i a r

7. M e n o r e x c e p c i o n a l

S. Car ê n c i a d e 1. B a i x a r e n d a f a m i l i a r 1. A ssi st ê nc i a f i n a n c e i r a e pro m o c i o nal 1. D e e d uc aç ão d e ba s e


e q ui p am e n t o s 2. F a l t a d e e d uc aç ão do m é st i c a 2. Ori e nt aç ão f a m i l i a r 2. Assi st e nc i al
do m é st i c o s 3. P r o g r a m a s d e e d uc aç ão do m é st i c a 3. Cr i aç ão d e r e c u r s o s 3. D e c ri aç ão d e r e c u r s o s
i n suf i c i e n t e s
QUA DR O zyxwvutsrq
A 3

NI VEL E DUC A C I O N A L
FENÓMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A O F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
P OSSÍ V EI S F UN Ç Õ E S D O SER VI ÇO S O C I A L SOCIAL
OBSER VADOS NA SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓMENOS
(DET ALHADAS) (R EDUZI DA S)
P R A T I C A DO OBSER VADOS
SER VI ÇO S O C I A L

1. A l t o Í ndi c e d e 1. D i f i c u l d a d e d e c o m uni c aç ão v e r b a l e e s c r i - 1. D e s e n v o l v i m e n t o d e p r o g r a m a s d e e d u c a - 1. D e e duc aç ão d e ba s e


a n a l f a be t i s m o t a c o n d i c i o n ad a ao p e n sam e n t o m agi c o ç ão d e ba s e 2. C l a r i f i c a d o r a
c e n t r a d o , i m p e d i n d o a i nt ro j e ç ão d e p a - 2. M o t i v aç ão e e nc am i nham e nt o para os (c o nsc i e nt i z ado ra i
drõ e s r e c i o n a i s p r o g r a m a s d e e duc aç ão d e ba s e 3. D e p e s q ui s a d e
2. E l e m e n t o l i m i t a t i v o A ut i li z aç ão d e i n s t r u - 3. Co nsc i e nt i z aç ão o u c l ari f i c aç ão so c i o ló gi c a m é t o do s
m e n t a l t é c ni c o q u e d e p e n d a d a a l f a b e t i - 4. P e s q u i s a d e m é t o do s a d e q u a d o s 4. D e c apac i t aç ão
z aç ão 5. P art i c i paç ão n o s p r o g r a m a s d e f o rm aç ão pro f i ssi o nal
3. D i f i c u l d a d e d e a c e s s o a s i nf o rm aç õ e s pro f i ssi o nal 5. A s s i s t e n c i a l
4. I m p e d i m e n t o a o c o n h e c i m e n t o e u s o d o s 6. A ssi st ê nc i a u t i l i z a d a c o m o e l e m e n t o m o - 6. M o b i l i z a d o r a
di re i t o s i n d i v i d uai s t i v a d o r e s u p l e t i v o à al f abe t i z aç ão , p r o f i s -
5. D i f i c u l d a d e d e ut i li z aç ão d o s r e c u r s o s d a si o nali z aç ão e p r o s s e g u i m e n t o d o e st ud o
c o m un i d ad e 7. Mo bi l i z aç ão d e r e c u r s o s p a r a e x t e nsão d a
6. E l e m e n t o l i m i t a d o r á part i c i paç ão re de e sc o lar
o c up ac i o n al
7. E l e m e n t o c o n d i c i o n a d o r d a b a i x a r e n d a
8. Cri anç as q u e n ão f r e q u e n t a m a e sc o l a
( r e d e e s c o l a r i n s u f i c i e n t e , e v asão , r e p e -
t ê nc i a)

2. H i a t o n o c i v o , 1. D i f i c u l d a d e d o s m e n o r e s d a c l a s s e b a i x a ,
t r abal h o do m e n o r n a f a i x a d e 12 a 14 a n o s , d e p r o s s e g u i -
e al t a se le t i v i dade r e m o s e s t ud o s , s e i n i c i a r e m n o p r e p a r o
pro f i ssi o nal e i n g r e ssar e m no m e r c ad o de
t r abal h o

3. M e n o r e x c e p c i o n a l : 1. F a l t a d e c o ndi ç õ e s psi c o ló gi c as, e d u c a c i o - 1. Cl ari f i c aç ão e e duc aç ão d a f am í l i a e da 1. D e subst i t ui ç õ e s d e


f í si c o , m e n t a l e n a i s e / o u m a t e r i a i s , d a s f am í l i as, p a r a a c o m un i d ad e padrõ e s
psi c o ló gi c o e duc aç ão d o s m e n o r e s 2. M o bi l i z aç ão de r e c ur so s 2. M o b i l i z a d o r a
2. P r e c o n c e i t o s c u l t u r a i s 3. A s s i s t e n c i a l sup l e t i v a 3. A s s i s t e n c i a l
3. F a l t a d e e q u i p a m e n t o e s p e c i a l i z a d o 4. T e rapê ut i c a c o r r e t i v a do m e n o r e da f a- 4. T e r ap ê ut i c a
mília 5. D e p o l i t i c a s o c i a l
6. C l a r i f i c a d o r a

QUA DR O A 4

NÍ VEL R E S I D E N C I A L
FENÓMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A O F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
P OSSÍ V EI S F UN Ç Õ E S D O SER V I ÇO S O C I A L SOCIAL
OBSER VADOS NA SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓM ENOS
(DET ALHADAS) (R EDUZI DA S)
P R A T I CA DO OBSER VADOS
SER VI ÇO S O C I A L

1. P r o b l e m a s d e I n f r a - 1. D i f i c u l d a d e d e a c e s s o p r o f i s s i o n a l á c l i e n - 1. De sc e nt ral i z aç ão d o s r e c u r s o s p a r a a t e n - 1. A d m i n i s t r a t i v a e
e st rut ura ur ba n a : t e l a e v i c e -v e r sa diment o à c li e nt e la p e s q ui s a (micro)
— p av i m e n t aç ão 2. D i f i c u l d a d e d e ac e sso ao l o c a l d e t r a b a l h o 2. Cl ari f i c aç ão so c i o l ó g i c a d a c o m un i d ad e , 2. C l a r i f i c a d o r a
— á g ua e r e c u r s o s , o c a s i o n a n d o d e sg ast e d a c l i e n - c o m re l aç ão a o s s e us d i r e i t o s d e i n f r a - (c o nsc i e nt i z ado ra)
— e sg o t o tela e st r ut ur a 3. M o b i l i z a d o r a
— i l um i naç ão 3. P r o b l e m a s d e saúde , h i g i e n e , a b a s t e c i - 3. I n c e n t i v o à f o r m aç ão d e m ut i r ão e m c a -
— t ranspo rt e m e n t o e se g uranç a rát e r s u p l e t i v o p a r a c o m p l e m e n t a r aç õ e s
— c o m uni c aç ão 4. Co ndi ç õ e s d e habi t aç ão s u b u m a n a , pro- públ i c as, c o nst ruç õ e s e m e l h o r i a d a c a s a
m i sc ui d ad e e i n sal ubr i d ad e pró pri a
5. F a l t a d e r e c u r s o s r e l a t i v o s à e duc aç ão ,
saúde , l a z e r e b e m - e s t a r

2. P r o b l e m a s d e 1. G r a n d e p e r c e n t a g e m d o o rç am e nt o 1. P e s q u i s a , p l a n e j a m e n t o e a s s e s s o r i a a o s 1. P e s q u i s a ( m a c r o )
ur ban i z aç ão : apl i c ado no al ug ue l d a m o r ad i a ó rg ão s l o c a i s , e s t a d ua i s , r e g i o n a i s e n a - 2. P l a n e j a m e n t o
— c arê nc i a d e áre as, 2. I n se g ur an ç a e m o b i l i d a d e c i o nai s 3. A s s e s s o r i a
lo c ai s e
e q ui p am e n t o s
— e x i st ê nc i a d e
f a v e l a s e c o rt i ç o s
— de f i c i t h abi t ac i o n al
QUA DR O A 5

N I V E L CÍVICO-MUNICIPAL

FENOMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A O F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
P O S S Í V E I S F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O S O C I A L SOCIAL
OBSER VADOS NA SER VI ÇO S O C I A L N O S F E N O M E N O S
(DET ALHADAS) (R EDUZI DA S)
P R A T I CA DO OBSER VADOS
SER VI ÇO S O C I A L

1. Di v i sf i o m u n i c i p a l 1. De f o r m aç ão do si st e m a n at ur al de 1. A c e l e r aç ão e i nt e nsi f i c aç ão d o s s i s t e m a s 1. D e subst i t ui ç ão d e
n ão c o r r e s p o n d e á po l ari z aç ão d e re l aç õ e s s o c i a i s p ad r õ e s
c arac t e ri z aç ão g e o - 2. Subst i t ui ç ão d o s i s t e m a d e i nf l uê nc i a, 2. S o c i a l i z a d o r a
só c i o -e c o nô m i c a at rav é s d e e st rat é g i a p o l i t i c a l o c a l 3. D e p o l i t i c a s o c i a l

2. D i c o t o m i a e n t r e 1. A usê n c i a d e p l a n o s d i r e t o r e s 1. El abo r aç ão d e p l a n e j a m e n t o d e se rv i ç o s 1. De plane jam e nt o


n e c e ssi d ad e do s 2. De f i c i ê nc i a n o s p l a n o s e m f unç ão d a s so c i ai s: 2. D e po li t i c a so c i al
m u n i c i p i o s e aç ão ne c e ssi dade s m un i c i p ai s — e s t a b e l e c i m e n t o d e e s t r u t u r a s e p ad r õ e s 3. D e a s s e s s o r i a t é c ni c a
po l í t i c o - 3. Di st o rç ão n a apl i c aç ão d e p l a n o s d i r e t o r e s de e q ui p am e n t o s so c i ai s 4. D e c ri aç ão d e r e c u r s o s
adm i ni st rat i v a de m u n i c i p i o s — di re t ri z e s de pro gram as 5. D e subst i t ui ç ão d e
— ad e q uaç ão d e l e i s p ad r õ e s
— s i s t e m a d e di st ri bui ç ão d e r e c u r s o s S. D e p o l i t i c a s o c i a l
2. Subst i t ui ç ão d e p ad r õ e s p o l i U c o - a d m i n i s -
t r a t i v o s at rav é s d e e st rat é g i a p o l i t i c a

3. M ar g i n al i z aç ão d e 1. R e pre se nt aç ão e part i c i paç ão n a v i d a p o - 1. I nt ro duç ão e ac e l e raç ão d o p r o c e s s o d e 1. M o b i l i z a d o r a


f a i x a s d a p o p ul aç ão lí t i c a m u n i c i p a l c o n d i c i o n a d a p e l o s i s t e - part i c i paç ão d a s po pul aç õ e s n o s i s t e m a d e 2. C o n s c i e n t i z a d o r a
e m re l aç ão à v i d a m a de poder t radi c i o nal (m ando ni sm o , de c i são l o c a l
polit ica m un i c i p al c o r o n e l i s m o . c a bo s e l e i t o r a i s e t c . )

4. A l i e n aç ão d e f a i x a s 1. Co nsc i ê nc i a m ág i c a f a c e a o s p r o b l e m a s 1. I nse rç ão e i nt e g raç ão no t empo e no 1. C o n s c i e n t i z a d o r a zyxwvutsr


d a p o p ul aç ão e m q ue c e r c a m a s po pul aç õ e s m u n i c i p a i s e spaç o
re l aç ão ã v i d a 2. I g n o r ân c i a e m re l aç ão às l e i s
m uni c i pal 3. P a s s i v i d a d e e m re l aç ão ao s a bus o s d e
poder
4. Di sse nsõ e s part i dári as e d e c a m a d a s
so c i ai s
5. D e s c o n h e c i m e n t o d o m e i o v i v e n c i a l l o c a l ,
re g i o nal , n ac i o n al e i n t e r n a c i o n a l

- i -

QUA DR O A 6

NÍVEL SÓCIO-CULT URAL


FENÔMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A O F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O
P O S S Í V E I S F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O S O C I A L
OBSER VADOS NA SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓMENOS SOCIAL
OBSER VADOS (DET ALHADAS )
P R A T I C A DO (R EDUZI DA S)
SER VI ÇO S O C I A L

1. P e n s a m e n t o c e nt rado 1. T abus e crendices 1. R o m p i m e n t o d a s e s t r u t u r a s m e n t a i s 1. D e subst i t ui ç ão d e


n o m ág i c o 2. Curande i ri sm o m ág i c as padrõ e s
3. Fat ali sm o 2. D e s e n v o l v i m e n t o do p e n s a m e n t o c r i t i c o 2. C o n s c i e n t i z a d o r a
4. Co nf o rm i sm o
5. M e n t a l i d a d e re i v i ndi c at ó ri a i m e di at i st a

2. M ar g i n al i z aç ão às 1. A c o m o d aç ão , p a s s i v i d a d e , al t o g r a u de 1. M o n t a g e m d e c e n t r o s d e ac ul t uraç ão e 1. D e c ri aç ão d e r e c u r s o s
no v as f o rm as de v i d a ano m i a e duc aç ão p o p ul a r 2. De plane jam e nt o
no s g rande s cent ros 2. I n d i v i d u a l i s m o 2. I nt e g raç ão c rí t i c a às n o v a s f o r m a s d e v i d a 3. D e adm i ni st raç ão
ur ba n o s 3. R e laç õ e s s o c i a i s l i m i t a d a s à f am í li a e 3. D e s e n v o l v i m e n t o d o p e n s a m e n t o c rí t i c o 4. D e subst i t ui ç ão d e
v i z i nhanç a 4. F o r m aç ão s o c i a l (c o nsc i e nt i z aç ão d a s d i - padrõ e s
4. A usê nc i a d e part i c i paç ão m e nsõ e s p e s s o a l e s o c i a l d o i n d i v í d uo ) 5. Co nsc i e nt i z ado ra
5. D e s e n v o l v i m e n t o d o c o m p o r t a m e n t o g ru- 6. D e e duc aç ão d e ba s e
p a i (ao n í v e l d a sat i sf aç ão d e n e c e s s i d a - 7. So c i ali z ado ra
de s o bj e t i v as) 8. M o bi l i z ad o r a
6. D e s e n v o l v i m e n t o d a s re laç õ e s c o m un i t á-
r i a s e so c i e t ári as
7. I nt e g raç ão às n o v a s f o r m a s d e r e l aç ão
8. Capac i t aç ão p a r a a ut i li z aç ão d o s c a n a i s
d e part i c i paç ão p o p u l a r
9. Ex e rc í c i o d a part i c i paç ão s o c i a l e c u l t u r a l

3. I n d i v i d u a l i s m o 1. Ex i st ê nc i a d e c o m p o r t a m e n t o g r u p a i s o - 1. Di nam i z aç ão o u i m pl e m e nt aç ão d e f o r m a s 1. D e assi st ê nc i a t é c ni c a
m e n t e p a r a f i n s d e v al o ri z aç ão d e n e c e s s i - a s s o c i a t i v a s — a n í v e l d e ba i r r o , t r a b a - 2. M o bi l i z a d o r a
d a d e s s u b j e t i v a s e re laç õ e s m í t i c as l h o . . . ( s o c i e d a d e s a m i g o s do b a i r r o , s i n - 3. So c i ali z ado ra
2. A usê n c i a d e hábi t o s d e part i c i paç ão d i c at o . . .) 4. Co nsc i e nt i z ado ra
3. A usê n c i a d e c o nsc i ê nc i a d e c l a s s e e d e 2. D e s e n v o l v i m e n t o d o c o m p o r t a m e n t o g ru- 5. D e p e s q ui s a d e m é t o do
c o nsc i ê nc i a d e c o m u n i d a d e p a i e d a a t i t ud e d e c o o pe raç ão 6. D e e duc aç ão d e ba s e
4. A c o m o d aç ão , p a s s i v i d a d e 3. Ex e rc í c i o d a part i c i paç ão de c i só ri a 7. D e p e s q ui s a d e
5. A n o m i a 4. D e s e n v o l v i m e n t o d a c o nv i v ê nc i a d e c l a s - ne c e ssi dade
se , c o nsc i ê nc i a d e naç ão e t c . 8. D e subst i t ui ç ão de
padrõ e s

4. Di st ânc i a s o c i a l 1. D i f i c u l d a d e d e c o m uni c aç ão ( v a l o r e s , 1. E s t a b e l e c i m e n t o d e c a n a i s e f o r m a s a d e -
c o m po rt am e nt o e l i n g uag e m ) q u a d a s d e c o m uni c aç ão c o m a s po pul aç õ e s
2. Marg i nal i z aç ão s o c i a l e c u l t u r a l 2. I nt e g raç ão c rí t i c a e e x e rc í c i o d a p a r t i c i -
paç ão s o c i a l e c u l t u r a l

5. M ud an ç as s o c i a i s 1. R e si st ê nc i a à m ud an ç a 1. R o m p i m e n t o d as re si st ê nc i as à m ud an ç a
ac e le radas 2. C r i s e d e g e raç ão 2. E s t u d o d a s t e ndê nc i as d e m ud an ç a p a r a
3. Co m po rt am e nt o s de li nqi i e nc i ai s i nf o rm ar as di re t ri z e s e pri o ri dade no s
4. R o m pi m e nt o c ul t ural pl ano s so c i ai s
( m ud an ç as d e c o m p o r t a m e n t o s , v a l o r e s ) 3. Di m i n ui ç ão d e t e nsõ e s g e r a d a s p e l a s m u -
( m ud an ç as d e papé i s d a m u l h e r ) danç as ( ap o i o , c l ari f i c aç ão )
( m ud an ç a d a f am í l i a: f am í l i a n u c l e a r )

6. S o c i e d a d e de m assas 1. Massi f i c aç ão 1. " De sm assi f i c aç ão "


2. A p r o p a g a n d a at rav é s de c o m uni c aç ão 2. D e s e n v o l v i m e n t o d o p e n s a m e n t o c rí t i c o
de m a s s a s c r i a n d o c o m p o r t a m e n t o s
padro ni z ado s
QUA DR O A 7

N l V E L D E SEGURANÇA
FENÓMENOS
SI GNI FI CAT I VOS VAR I ÁVEI S S I G N I F I C A T I V A S P A R A O F UN Ç Õ E S D O SER V I ÇO
OBSER VADOS NA SER VI ÇO S O C I A L N O S F ENÓM ENOS P O S S Í V E I S F UN Ç Õ E S D O S E R V I Ç O S O C I A L
* SOCIAL
P R A T I CA DO OBSER VADOS (DET ALHADAS)
(R EDUZI DA S)
SER VI ÇO S O C I A L

1. P r o b l e m a s q u e 1. De sq ual i f i c aç ão p r o f i s s i o n a l 1. Cri aç ão e m o bi l i z aç ão d e r e c u r s o s 1. D e e duc aç ão d e ba s e


int erferem na 2. M e n t a l i d a d e q u e e n v o l v e a l e g i sl aç ão 2. Educ aç ão d e ba s e 2. Assi st e nc i al
subsi st ê nc i a: s o c i a l do t r a b a l h o 3. Ori e nt aç ão p r o f i s s i o n a l 3. Co nsc i e nt i z ado ra
— de se m pre g o 3. D e f a s a g e m e n t r e a o f e r t a e a p r o c u r a n o 4. A ssi st ê nc i a j ud i c i ár i a 4. D e c ri aç ão d e r e c u r s o s
— sube m p r e g o m e r c ad o d e t r abal h o 5. Co nsc i e nt i z aç ão at rav é s d e p r o g r a m a s d e 5. M o bi l i z ad o r a
— no m adi sm o de 4. A c ul t ur aç ão d e c o r r e n t e s m i g rat ó ri as f o rm aç ão e l e g i sl aç ão t r a b a l h i s t a , p r e v i - 6. D e plane jam e nt o
m ã o -d e -o br a 5. F a l t a d e o ri e nt aç ão e o rg ani z aç ão do de nc i ári a e o ri e nt aç ão s i n d i c a l
si ndi c ali sm o nac i o nal 6. E s t a b e l e c i m e n t o d e c a n a i s d e c o m uni c aç ão
6. De sv i n c ul aç ão d a P r e v i d ê n c i a S o c i a l e n t r e o s o r g a n i s m o s d e pro t e ç ão s o c i a l e
o públ i c o
7. P l a n e j a m e n t o s o c i a l e m re l aç ão a
p r o g r a m a s d e m ã o -d e -o br a
8. Cri aç ão d e r e c u r s o s p a r a ac ul t uraç ão

2. R i s c o s s o c i a i s : 1. M ar g i n al i z aç ão só c i o -l e g al 1. P e s q u i s a d e n e c e s s i d a d e s d o s be ne f i c i ári o s 1. D e p e s q u i s a d e
— do e nç as 2. D e s c o n h e c i m e n t o d o s i s t e m a 2. P r o g r a m a s d e e x t e nsão p r o v i d e n c i a r i a p a r a ne c e ssi dade s
— v elhice p r e v i d e n c i ár i o i nt e g raç ão d a m ã o -d e -o br a m a r g i n a l i z a d a 2. D e e duc aç ão d e ba s e
— a c i d e n t e s do 3. F a l t a d e m e n t a l i d a d e p r e v i d e n c i a l 3. A ssi st ê nc i a f i n a n c e i r a , m e d i c a m e n t o s a e 3. D e c apac i t aç ão
t r abal h o 4. L i m i t aç ão e de f i c i ê nc i a d o s i s t e m a da a l i m e n t a r , at rav é s d e a j u d a s u p l e t i v a pro f i ssi o nal
— mort e Pre v i dê nc i a 4. P r o g r a m a s d e p r e v e n ç ão sani t ári a 4. A s s i s t e n c i a l
— e nc arg o s so c i ai s 5. F o m e n t o s e subsí di o s p a r a o d e s e n v o l v i - 5. M o b i l i z a d o r a
m e nt o d e e q ui p am e n t o s so c i ai s n a -c o m u n i - 6. D e c ri aç ão e
d ad e , d e assi st ê nc i a m e d i c a , d e r e a b i l i - de se nv o lv i m e nt o de
t aç ão p r o f i s s i o n a l , re e duc aç ão d e e x c e p - r e c ur so s
c i o nal, e t c . zyxwvutsrqpon
7. C o n s c i e n t i z a d o r a

B IB LIO TE C A CENTRAL
T E M A 3: A P L I CA ÇÃ O D A M E T O D O L O G I A
DO SER VI ÇO S O C I A L

O e st udo d a m e t o do l o g i a do serv iço so c i al p a r t i u d as se -


g ui nt e s reflexões:

1. A ne c e ssi dade g e ra a função.


2. C a d a ne c e ssi dade é m an i f e st a e m u m a o u m a i s v a-
riáv eis si g ni f i c at i v as, g e rando , c ad a v ariáv el, u m a
o u m a i s funções.
3. A s v ariáv eis q ue g e r am u m dado fenómeno p o d e m
se si t uar e m níveis di f e re nt e s c o rre spo nde nt e s a
v árias intervenções p r o f i ssi o n ai s (o bj e t o pro f i ssi o -
nal).
4. U m a d e t e r m i n ad a profissão, de nt ro do m e sm o nível
de ne c e ssi dade , p o d e se r l e v ad a a at uar e m v árias
e sc al as de intervenção.
5. U m a d e t e r m i n ad a profissão po de , de nt ro de u m
m e s m o nível de ne c e ssi dade , se r l e v ada a at uar e m
v árias f o r m as de intervenção p r o f i ssi o n al .
6. A frequência d o fenómeno c o m a s m e s m a s variáveis
d e t e r m i n a a relev ância do fenómeno.
7. A relev ância d o fenómeno, n u m a d ad a população,
d e f i n e a caract eriz ação d o fenómeno e m " c o l e t i v o "
e " p a r t i c ul a r " .
8. N a intervenção p r o f i ssi o n al d o serv iço so c i al po de -
se , po rt ant o , d e st ac ar a s se gui nt e s correlações:
8.1 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Fenómeno coletivo, e m função de v ariáv eis q ue
t r an sc e n d e m a c apac i dade do s indiv íduos, e x i -
ge intervenção ao nível d a e st r ut ur a alé m d a
intervenção ao nível p ar t i c ul ar (indiv íduos,
g rupo s, c o m un i d ad e s) .
68 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 69

8.2 Fenómeno coletivo, e m função de v ariáv eis de - 1.6.1 das funções


pe nde nt e s d o s indiv íduos, exige intervenção ao 1.6.2 das escalas o u níveis d e atuação
nível p ar t i c ul ar além d a intervenção ao nível 1.6.3 da s for m a s de atuação
d a e st r ut ur a.
8.3 Fenómeno individual, e m função de v ariáv eis 2. Intervenção
q ue t r an sc e n d e m o s indiv íduos, e xi ge i nt e rv e n-
ção ao nível p ar t i c ul ar além d a intervenção aó 2.1 M on ta g em d o p la n o de intervenção na s variáveis
nível de e st r ut ur a. 2.1.1 Seleção de proces s o e m função de:
8.4 Fenómeno individual, e m f unç ão de v ariáv eis — fen omen ologia d a ( s ) variável (eis ) s ign ifica ti-
q ue de pe nde m do s indiv íduos, e xi ge i nt e rv e n- va ^ )
ção ao nível p ar t i c ul ar além d a intervenção ao — relevância d o fenómeno (nível de e s tr u tu r a e
nível d a e st r ut ur a ( se f o r r e l e v an t e ) . indivídu o)
9. N a intervenção p r o f i ssi o n al do serv iço so c i al póde- 2.2 Impla nta çã o e execu ção d o p la n o ( con tr ole da s
se , po rt ant o , de st ac ar q ue : va riá veis )
9.1 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
O fenómeno, p ar t i c ul ar o u c o le t i v o , e xi ge u m a 2.3 Avaliação (confirma çã o o u infirmação das h i -
intervenção si m ul t an e a ao s níveis de e st r ut ur a pótes es )
e p ar t i c ul ar .
9.2 A v ariáv el si g ni f i c at i v a p a r a o serv iço so c i al
e xi ge u m a intervenção específica, r e d uz i d a a C O N C LU S ÃO
u m a d ad a função.
10. A intervenção do Serv iço So c i al , ao nível d a e st r u- E s te p r oced im en to con fig u r a a própria m etod olog ia ge-
t ur a e ao nível p ar t i c ul ar , e xi ge pro c e sso s de f i ni - nérica d o serviço s ocia l en con tr a d a e m q u a lq u er esca la e
ni do s de ação c o e re nt e s c o m a f e no m e no lo gi a da f o r m a d e atu ação.
v ariáv el i de nt i f i c ada. Ressalta- se qu e o p r oced im en to metodológico qu e não
ten h a p o r ob jetivo a intervenção, ma s qu e vis e à verifica -
O s i t e n s 1 a 7 de st as reflexões o f e re c e m subsídios p a r a ção d a va lid a d e d os con h ecimen tos d o serviço s ocia l e/ou
a configuração d a "inv est igação-diagnóst ico" e o s i t e ns sub- a produ çã o de n ovos con h ecimen tos c o m vis ta s à for m a -
se q ue nt e s p a r a a d a "i nt e rv e nç ão ", p e r m i t i n d o a f o rm ul a- ção d e s u a teor ia , con d u z a investigações científicas e m
ç ão d a Sequência do Procedimento Metodológico de Inter- serviço s ocia l.
venção do Serviço Social, c o m o s e se gue :
Angela A. Cardoso — MG
1. Investigação-diagnóstico Ir. Angela Beleza — PB
Ana Alves Pereira — GB
1.1 L e v an t am e n t o de ne c e ssi dade s Edith Motta — GB
1.2 L e v an t am e n t o de v ariáv eis si g ni f i c at i v as de c a- Edy Pinto Maciel Monteiro — GB
d a ne c e ssi dade Eva Faleiros — DF
1.3 Verificação d a relevância do fenómeno Francisco de Paula Ferreira — GB
1.4 Verificação d a interdependência d as v ariáv eis Isa Maia — PB
(c ausaç ão c i r c ul a r ac um ul at i v a) Jocelyne Chamuzeau — SP
1.5 Fo rm ulaç ão de hipóteses Maria da Glória Nin Ferreira — GB
1.6 ^t e r m i n aç ão , c o m base n a s hipóteses f o r m u- Maria das Dores Machado — GB
l adas: Maria do Carmo C. Falcão — SP
CBCISS

Maria Lúcia Alves Velho — GB


Marina de Bartolo zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
— SP
Nadir Gouveia Kfouri — SP
Nelson José Suzano — SP
Rosa da Silva Gandra — MG zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Suely Gomes Costa — RJ zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

O B S E RV AÇ Õ E S S O B R E O R E L A TÓ R IO D O G RU PO A

Nível de Segurança

A o inventário dos níveis ela b or a d os p elo Pe. L eb r et f o i


a cres cen ta d o o nível de "segu rança", o q u a l corres p on d e-
r i a à necessida de d o ser h u m a n o sentir- se p r oteg id o c o n tr a
o d es a mp a r o e os r is cos d a existência.
N o leva n ta m en to efetu a d o e m Teres ópolis f o r a m a p on -
ta d os com o s ign ifica tivos p a r a o S erviço S ocia l e m relação
a esse nível os fenómenos qu e d izem r es p eito à in s egu r a n -
ça fa ce à subsistência (d es emp rego, s u b emp r ego e o u tr o s )
e à proteçã o c o n tr a os r is cos cob er tos p elo S egu ro S ocia l.
U m tr a b a l h o de reflexão p os ter ior leva- nos, n o en ta n to,
a f o r m u l a r a lgu ma s ob servações e m to r n o desse nível e
dos fenómenos a n a lis a d os .
A p r i m e i r a ob servação se refere à própria n a tu r eza des-
ses fenómenos. O Pe. L eb r et, ao estab elecer as necessida-
des h u m a n a s básicas e s ocia is , não m en cion ou os fenóme-
n os r ela tivos à econ omia , p o r situá-los n u m a o u tr a o r d e m
de fenómenos liga d os à in fr a - es tr u tu r a . Ao a n a lis a r , n o en-
ta n to, o nível de "s egu ra nça " torn ou - s e evid en te a re-
percu ssão desses fenómenos económicos n o qu e se refere
à subsistência. S u rge a q u i u m a indagação: a pesa r d e fu gir -
m os a o es qu ema d o Pe. L eb r et, d everemos deter- nos d ia n te
desses fenómenos económicos? Parece- nos qu e s i m , ta n to
m a is q u e m en cion a m os apenas repercu ssões deles fa ce à
"segu ra nça ".
N es s a l in h a d e p en s a men to parece- nos, então, qu e o u t r o
nível de necessidades básicas e s ocia is , o m i ti d o p r ova vel-
m en te pela s su as relações c o m os fenómenos de econ omia ,
deve ta mb ém ser a cres centa do aos d ema is : o nível de vid a
p r ofis s ion a l.
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
72 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

U m a s egu n d a ob servação q u a n to a o nível d e segurança


prende- s e à qu estão de ter m in o l o g ia . A designação segu-
rança é va ga e im p r ecis a . E m l in g u a g em de ciências ju rídi-
cas e s ocia is ex is tem ten ta tiva s d e se es ta b elecer u m a dis -
tinção en tr e s egu ro s ocia l, s egu r id a d e s ocia l e segurança
s ocia l, d e n tr o d a s egu in te conceitu ação:
O seguro social é a institu ição q u e t e m p o r fin a l id a d e ga-
r a n ti r os meios d e subsistência aos indivídu os a tin g id os
pelos ris cos s ocia is : doença, in va lid ez, d es emp rego, a ciden-
te, m o r te , velh ice e o u tr o s .
RELATÓRIO DO GR UP O B
A seguridade social com p r een d e u m c o n j u n to de m ed i-
das q u e vis a m es p ecia lmen te à lib eração d o h o m e m face à
neces s ida de e m ger a l, in clu s ive fa ce a os r is cos s ocia is . S u a
fin a lid a d e é a de a s s egu ra r níveis razoáveis d e existência.
Já a "segurança social" ve m s endo d efin id a c o m o o con -
j u n t o de med id a s de o r d e m económica, política e s ocia l
d es tin a d a s a g a r a n tir o b em- es ta r s ocia l e m ger a l.
E s te ú ltimo con ceito é d ema s ia d o a m p l o e a b r a n g er ia
vários d os níveis b ásicos e s ocia is .
F o i o qu e de cer to m o d o s en tiu o g r u p o q u e p o r ocasião
d o I I E n c o n tr o Region a l d e S ã o Pa u lo d is c u tiu o nível de
segurança. Ten ta n d o a m p l i a r o qu e já fo r a p r o p o s to e m
Teres ópolis ( p r ob l em a s de subsistência e s egu ro s ocia l) ,
o g r u p o p er ceb eu q u e esse con ceito de segu rança levá-lo-ia
a a b r a n ger fenómenos já es tu d a d os e m tod os os o u tr o s
níveis.
Parece- nos, p ois , aconselhável qu e, m e s m o q u e não se
q u eir a a d ota r a te r m in o l o g ia "s eg u r id a d e s ocia l " , qu e se
l i m i te o conteú do d o nível d e "s egu ra nça " a os fenómenos
liga d os à subsistência e à proteçã o c o n tr a os r is cos .

Jocelyne Chamuzeau
Nadir G. Kfouri
Maria do Carmo C. Falcão
G RU PO B

C on for m e o qu e fic o u d ecid id o, os G r u p os só es tu d a r a m


oszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Temas 2 e 3 p o r q u e o Tema 1 f o i d eb a tid o em plenário,
b a s ea do n os três tr a b a lh os prepa ra tórios .
O Grupo B, n o exa me d o Tem a 2 — Concepção Científi-
ca da Prática do Serviço Social, a b or d ou - o e m tod os os
iten s p r evis tos . N o i t e m 2.1 — Conhecimentos Científicos
que Embasam a Prática do Serviço Social, in ic io u pelos
2.1.1 Fenómenos e Variáveis Significativos para o Serviço
Social e, e m s egu ida , a b o r d o u os 2.1.2 Conhecimentos Ela-
borados pelas Ciências Sociais e os 2.1.3 Conhecimentos
Elaborados no Campo da Profissão pelo Profissional ou
Outro Cientista Social. A p r eciou ta mb ém os 2.2 Critérios
e Tendências que Vêm Orientando a Formulação da Meto-
dologia do Serviço Social.
Q u a n to ao Tem a 3 — Aplicação da Metodologia do Ser-
viço Social, ord en ou - o d ifer en temen te d o es qu ema p r evis to.

TE M A 2: C O N C E PÇ ÃO C I E N TÍ TI C A D A P R A TIC A
D O S E RV IÇ O S O C IA L

2.1 Conhecimentos Científicos que Embasam a Prática do


Serviço Social

2.1.1 FE N Ó M E N O S E V A RIÁ V E IS S IG N IF IC A TIV O S


PA RA A P R A TIC A D O S E RV IÇ O S O C IA L

F o i d is cu tid o, in icia lm en te, o p r o b l e m a d os critérios a


s er em s egu idos n o exa me d os fenómenos e variáveis sig-
n ifica tivos p a r a a prática d o serviço s ocia l. D ecidiu - s e i n i -
s zyxwvutsrqponmlkj
i zyxwvutsrqponmlk
Ca

QUA DR O B 1 zyxwv

Q U A D RO D E FEN Ó M EN O S E V A RIÁ V EIS SEG U N D O


O CRITÉRIO D E N EC ESSID A D ES E PRO BLEM A S

ESPECI- NECESSI- PR OBLEMAS


ESPECI- NECESSI- PROBLEMAS DADES
FI CAÇÃO
FI CAÇÃO DADES
B a i x a r e n d a , m á di st ri bui ç ão d a r e n d a
B a i x o s ní v e i s sani t ári o s Si st e m a Renda
Ní v e i s d e Saúd e P aupe ri sm o
Car ê n c i a e m á ut i l i z aç ão d e r e c u r s o s de
Vida P ad r õ e s d e c o n s u m o i n a d e q ua d o s
D i f i c u l d a d e d e a c e s s o a o s r e c u r s o s e x i s t e n t e s R e l aç õ e s

A l i m e n t aç ão Carê nc i a a l i m e n t a r I nt e g raç ão Marg i nal i dade e st rut ural


A l t a i nc i dê nc i a d o g ast o a l i m e n t a r n o o r ç a- So c i al Est rat i f i c aç ão s o c i a l
m e nt o f am i li ar A usê n c i a d e part i c i paç ão so c i al
P ad r õ e s a l i m e n t a r e s i n a d e q ua d o s G r u p o s m i no ri t ári o s
M i g r aç õ e s d e s o r d e n a d a s

H abi t aç ão De f i c i t h abi t ac i o n al
M ás c o ndi ç õ e s h a b i t a c i o n a i s M ud a n ç a Pat e rnali sm o
A usê n c i a e i nsuf i c i ê nc i a d o e q ui p am e n t o Cul t ural D e f a s a g e m d e v a l o r e s e padrõ e s
ur ban o c ul t urai s
Ed uc aç ão A n al f abe t i sm o Massi f i c aç ão
Ev asão e s c o l a r e b a i x a e s c o l a r i d a d e C o n f l i t o e i nde f i ni ç õ e s d o
De sp r e p ar o pro f i ssi o nal v alo re s
D e s p r e p a r o p a r a i nt e g raç ão n a s o c i e d a d e e m P e n s a m e n t o m ág i c o
t ransf o rm aç ão
I n ad e q uaç ão d o s i s t e m a e d u c a c i o n a l De so rg ani z aç ão e
T r an sf o r m aç ão
Se g ur an ç a De se m p r e g o e sube m p r e g o I n st i t uc i o n al f am i li ar
Se ri al C a t e g o r i a s p r o f i s s i o n a i s não a t e n d i d a s p e l a Cli e nt e li sm o
Pre v i dê nc i a S o c i a l I m e di at i sm o e
At endiment o de f i c i e nt e e i n suf i c i e n t e do s de t o m ada
be ne f i c i ári o s d a P r e v i d ê n c i a S o c i a l Co nf l i t o s e
I nsuf i c i ê nc i a d e s i s t e m a d e a m p a r o l e g a l re l aç õ e s d o
Di st o rç õ e s n o s i s t e m a d e pro t e ç ão l e g a l
F a l t a de r e c ur so s p a r a o l az e r Co m un i c aç ão
I n ad e q uaç ão d a s o p o r t u n i d a d e s e c o n d i c &e s So c i al

Subst i t ui ç ão d e p ad r õ e s d e laz e r
2.1.2zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
C O N H E C I M E N T O S JÁ E L A B O R A D O S P E L A S CI ÊN-
CI AS SOCI AI S

F e i t a a l i st ag e m i n i c i al do s fenómenos e variáveis d a
prát ica pro f i ssi o nal , f o r am anal i sadas as áreas de c o nhe -
c i m e nt o s pe rt i ne nt e s a c ad a fenómeno e v ariáv el. P art i ndo -
se d a categorização do s pro bl e m as se g undo o s di v e rso s
se t o re s de ne c e ssi dade s, f o i p r o c ur ad a a identificação das
ciências q ue o f e re c e m conceituações de sse s pro bl e m as.
F o i c o nsi de rado , e nt re t ant o , que , p a r a análise m ai s c o m -
pl e t a das ciências o u áreas de c o nhe c i m e nt o s q ue f o rne c e m
explicações p a r a o s fenómenos e variáveis d a prát ica pro -
f i ssi o nal , t o rna-se imprescindível di st i ng ui r o s níveis e m
que e sse s m e sm o s fenómenos e v ariáv eis p o d e m se r c o nsi -
de rado s. F o i , p o r i sso , ado t ado u m e sq ue m a de distinção
e m 3 níveis de at uação:
a) Prest ação di re t a de serviços.
b) Administ ração de serviços so c i ai s.
c ) P l ane j am e nt o de serviços so c i ai s.
P ro c e de ndo à análise d a relação e nt re o s pro bl e m as e
ne c e ssi dade s e as di v e rsas áreas de c o nhe c i m e nt o s j á defi-
ni do s, chegou-se, f i nal m e nt e , a u m e sq ue m a de classificação
do s c o nhe c i m e nt o s básicos pe rt i ne nt e s à prát ica de serviço
so c i al , c o nf o rm e a relação q ue se segue: zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXW

a) Prestação direta de Serviços

Área geral

E c o n o m i a , psi c o l o g i a, psi c o l o g i a so c i al , dinâmica de


grupo , ant ro po l o g i a c ul t ur al , so c i o lo gi a d as i nst i t ui -
78 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Sero. So c i al 79

COes, so c i o l o g i a d a comunicação, so c i o l o g i a ur ban a, Setorial


so c i o l o g i a do de se nv o l v i m e nt o , t e o ri a d a educação de
base , t e o r i a d a comunicação, t e o r i a do pl ane j am e nt o , E c o n o m i a , ant ro po l o g i a c ul t ur al , filosofia da •duca*
t e o r i a ad m i n i st r at i v a, ciência p o l i t i c a, legislação so c i al , ção, de m o graf i a, so c i o l o g i a d a educação, sociologia da
estatística, f i l o so f i a e ética. prev idência, so c i o l o g i a do l az e r, so c i o l o g i a d ai inst i-
tuições, so c i o l o g i a ur ban a, pl ane j am e nt o do s recursos
h um an o s, instituições de di re i t o , ciência po l i t i c a, filo-
Área especializada so f i a e ética, t e o r i a ad m i n i st r at i v a, t e o ri a do pl ane j a-
m e nt o , ur ban i sm o , e c o lo gi a, so c i o l o g i a do de se nv o lv i -
H i g i e n e e saúde pública, psi c o pat o l o g i a, nut rição, e c o - m e nt o , política so c i al , pe sq ui sa, estatística.
n o m i a domést ica, so c i o l o g i a d a prev idência, so c i o l o g i a
do l az e r, pe dag o g i a e didática, legislação so c i al , t e o r i a
d a educação de base , t e o r i a d a recreação, dinâmica 2.1.3 C O N H E C I M E N T O SzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPON
JÁ E L A B O R A D O S O U Q U E O
de g rupo . P O S S A M S E R , N O C A M P O DA P R OF I SSÃ O, P E L O
P R O F I S S I O N A L OU P OR QUA L QUER C I E N T I S T A
SOCI AL
b) Administração de Serviços Sociais
A enumeração d o s c o nhe c i m e nt o s de st e i t e m t ev e c o m o
pre ssupo st o met odológico as constatações de fato n o c am -
Ec o no m i a, ant ropologia c ul t ur al , so c i o l o g i a d o de se n- p o p r o f i ssi o n al .
volvimento, sociologia das instituições, t e o r i a d a e du- C o m o o bje t lv o de abr i r pe rspe c t i v as p a r a a investigação
cação de base, instituições de di re i t o , ciência polít ica, n o c am p o pro f i ssi o nal , as áreas de c o nhe c i m e nt o f o r am
filosofia e ética, t e o r i a d a comunicação, t e o r i a ad m i - c l assi f i c adas e m " p a r a " , " e m " , e " s o b r e " o serviço so c i al .
nist rat iv a, de m o g raf i a, t e o r i a do pl ane j am e nt o , t e o ri a — O s c o nhe c i m e nt o s para o serviço so c i al re f e re m -se
do de se nv o l v i m e nt o , pe sq ui sa, estatística, política àqueles q ue se r v e m c o m o e l e m e nt o básico e propedêut ico
social. ao e st udo do serv iço so c i al .
— O s c o nhe c i m e nt o s em serv iço so c i al re l ac i o nam -se
c o m a profissão e m suas at i v i dade s teóricas e prát icas. São
c) Planejamento de Serviços Sociais
c o nhe c i m e nt o s i n st r um e n t ad o r e s tia prát ica.
— O s c o nhe c i m e nt o s sobre o serviço so c i al têm-no c o -
Global m o o bje t o de investigação específica.
P a r a f i ns didát icos, f o r am ano t ado s o s níveis teórico
E c o n o m i a , ant ro po l o g i a c ul t ur al , so c i o l o g i a d as i nst i - e prát ico re l at i v o s a c ad a c l asse de c o nhe c i m e nt o s. E s t a
tuições, so c i o l o g i a ur ban a, pl ane j am e nt o do s r e c ur so s div isão não de sc o nhe c e a relação dinâmica e nt re o s do i s
h um an o s, instituições de di re i t o , ciência polít ica, f i lo - níveis. Não se t rat a, t ambém, de u m a l i st ag e m de di sc i -
so f i a e ética, t e o r i a ad m i n i st r at i v a, ur ban i sm o , so c i o - p l i n as, m a s d a enumeração de áreas de c o nhe c i m e nt o s q ue
logia d o de se nv o l v i m e nt o , t e o r i a do de se nv o l v i m e nt o , p o d e m c o nf i g urar u m a o u m a i s d i sc i p l i n as, po de ndo ai n d a
po li t i c a so c i al, p e sq ui sa, estatística, de m o g raf i a, t e o r i a de sdo brar-se e m o ut ras.
do pl ane j am e nt o . O assun t o po de se r v i sual i z ado n o q uadro q ue se se gue :
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ESPECIFICA ÇÕ ES D A M ET O D O LO G I A D O SERV IÇO S O C IA L
SEG U N D O O S CRITÉRIO S M A IS USA D O S *"

OBJET I VOS PR OCEDI MENT O


SI ST EMA -CL I ENT E OPERACIONAIS VAR I ÁVEI S D A I NST R UMENT OS L ÓGI CO F A C E A
S I T UA Ç Ã O H U M A N A NÍ VEI S D E A T UA Ç A O
DO M ÉT ODO DE T R A BA L H O S I T UA Ç Ã O S O C I A L -
PROBLEM A
I. T radi c i o nal T radi c i o nal
A rax á
1. S . S . C a s o P re st aç ão S . S . C a s o O Homem f„ _
S. S . Gr up o di re t a de S. S. Gr up o A ba s e d a 1 S. S. „ J Polít ica S o c i a l Do c um e n t o s
S. S . Co m uni dade se rv i ç o s S. S. C o m u - Ent re v i st a " ^Caso Mac ro ^Plane jam e nt o pre parat ó ri o s
ni dade d e T e re só po l i s
2. S . S . C a s o
ESPECIFICAÇÃO

S. S . Gr up o
S. S . Co m uni dade 3
o O Homem J s. S . A base d a / S. S . ( A d m i n i st r aç ão
P e sq ui sa So c i al
e m g r up o \Grupo R e uni ão \ Grupo •\ d e B e m - E s t a r Di ag nó st i c o
A d m i n i st r aç ão d e P r e v i são d e w

'•So c i al
Be m -Est ar So c i al d ad o s e a u

r e c ur so s p a r a g3
II. Araxá a pre st aç ão tn$ u
d e se rv i ç o s ça g A base d a 1 p
O Homem e m f ^- f P re st aç ão O
S. S . Caso c o m un i d ad e 1 Co m u- P e sq ui sa
S. S . Gr up o ' -n i d a d e Micro -i d i r e t a d e I nt e rv e ne s*
De s. C o m u n i d a d e lí Co o r d e n aç ão | ^,°. ";
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'-se rv i ç o s W
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S . S . c /P o pul aç õ e s d e e sf o rç o s e <l ade
j) V
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S. S . c /Org ani z aç õ e s r e c ur so s [ 01
Cur at i v o '
tn
III I n st i t ut o So c i al Prev ent iv o g
Co n st r ut i v o 5
S i o P aul o <
No t a: O d o c um e n t o ad m i t e
S. S. Caso q ue D C e S S R c o m p o p u -
S. S. Grupo laç õ e s p o d e s i t u a r - s e t a m -
S. S. Co m uni dade bé m n a m ac r o at uaç i o .
S. S. So c i e t ári o
S. S. I nst i t uc i o nal
1
Teorização do Serv. Social zyxwvutsrqponmlkjihgfed
81 zyxwvutsrqponm

2.2 A P R ECI A ÇÃ O D O S CR I T ÉR I OS E DA S ÍJUWDAW-


C I A S Q U E V Ê M O R I E N T A N D O A FORMULAÇÃO
DA M E T O D O L O G I A D O SER V I ÇO SOCI AL»

O e st udo de sse i t e m p a r t i u d a análise de u m quadro


so bre a s especificações d a Me t o do l o g i a do Serv iço So c i al,
se gundo o s critérios m a i s usuai s. ( Quad r o B 2 )

A N A L I S E D O Q UA D R O

A análise do q uadro susc i t o u a s se gui nt e s c o nsi de -


rações:

SI ST EM A -CL I ENT E

Di sc ut i d o s o s e sq ue m as de categorização d o s mét odos


de serv iço so c i al o f e re c i do s pe l a c o rre nt e t r ad i c i o n al , q ue
se i n s p i r a n o m o de l o am e ri c ano , a s s i m c o m o o s f o rm u-
l ado s pe lo Seminário de Araxá e pe lo I n st i t ut o de Serv iço
So c i al de São P aul o , c o nc l ui -se q ue a apreciação d a m e t o -
do lo gi a do Serv iço So c i al não po de s e r f e i t a, e x c l usi v a-
m e nt e , a p ar t i r do crit ério de identificação do " S i s t e m a -
C l i e n t e " o u " Un i d ad e -Cl i e n t e " .
A apreciação d a m e t o do lo gi a, se gundo e sse critério —
si st e m a-c l i e nt e — l i m i t a a quest ão q uase q ue e x c l usi v a-
m e nt e ao nível d a prát ica di re t a, i m pe di ndo q ue se c o nsi -
d e r e m v álidos o ut ro s níveis de at uação. A s s i m , c o nc l ui u-se
que , e m bo r a o e nf o que de análise se j a v álido, e l e de v e
se r c o nsi de rado c o m o part e de u m e sq ue m a m a i s am pl o
e m q ue se di st i ng am , p r e l i m i n ar m e n t e , o s di v e rso s níveis
de atuação do serviço so c i al .

OBJ ET I VOS OPER ACI ONAI S D O M ÉT ODO

N a discussão de ssa variável, re c o nhe c e u-se q ue , não


o bst ant e se j a necessária a especificação do s mét odos, não

1
O Gr up o B pret endeu i ni c i alm e nt e faz er um a análise mais c o m ple t a,
m as, po r premência do t empo, soment e f o ram arrolados e anali sado s o i
critérios m ai s usuai s de especificações d a Me t o do lo gi a do Serviço So c i al.
zyxwvutsrqponmlkjihgfe
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWV
I min ll Illlililil

Teorização do Serv. Social iS


CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Duas questões f o r am p r e l i m i n ar m e n t e o o lOo adM;
« d i t e m elaborações suf i c i e nt e s a e st e re spe i t o . Co nsi de -
— especificação do s mét odos de serviço aoolftl t o t Ot da
ro u-se , p o r e x e m pl o , q ue , ao se t r at ar do s o bje t i v o s d a
nível de at uação;
prát ica, o s m e sm o s são de t e rm i nado s no pró pri o m o m e n-
t o d a intervenção. P o rt ant o , t e nt ar d e t e r m i n ar o bj e t i v o s — definição e e sc l are c i m e nt o do s c o nc e i t o s de " m i o r o "
pe rm ane nt e s, que s i r v a m de critérios p a r a e spe c i f i c ar e " m a c r o " n a atuação do serviço so c i al .
mét odos, re q ue r q ue se pro c e da à cat egoriz ação do s pró - A s formulações do Do c um e nt o de Araxá so bre a p r i -
p r i o s o bje t i v o s. E m f ac e das análises f e i t as, c o nc l ui u-se m e i r a quest ão, ut i l i z adas e m do c um e nt o s do C F A S , " são
pe l a não apreciação d a m e t o do lo gi a do serviço so c i al se- m e r e c e d o r as de re e x am e a f i m de m e l h o r p r e c i sar e m o s
g undo e sse crit ério. critérios de categorização.
A análise do s c o nc e i t o s d a se g unda quest ão, " m i c r o "
V A R I Á V E I S DA SI T UA ÇÃ O H UM A N A e " m a c r o " , p ar t i u do m o de l o pro po st o e m u m do s do-
c um e nt o s pre parat ó ri o s de st e Seminário, se gundo o q ual
3

e st e s do i s níveis de atuação po de m se r c at e go ri z ado s a


T am bé m e m relação a e sse crit ério não e xi st e elabo-
p ar t i r do s se gui nt e s aspe c t o s:
ração suf i c i e nt e . A p e r sp e c t i v a do " h o m e m i ndi v i dual -
m e n t e " , o " h o m e m e m g r up o " e o " h o m e m e m c o m un i -
dade " , c o m o q uadro de referências p a r a apreciação das Nível macro — noções de :
v ariáv eis, apre se nt a u m a tónica psi c o l o g i st a e p r e d o m i -
nant e m e nt e l i g ada à microat uação. A p e sar d e ssa l i m i t a- — m ag ni t ude ( g r an d e )
ção, o crit ério f o i re c o nhe c i do c o m o v álido, ne c e ssi t ando — agregação
se r pe sq ui sado e f o rm ul ado de m a n e i r a a sup e r ar e ssas — ausência de relação d i r e t a e nt re o agent e pro f i ssi o -
limitações. F o i l e m brado q ue a pe rspe c t i v a ado t ada ba- n al e o si st e m a-c l i e nt e n o pro c e sso de prest ação de
se o u-se f undam e nt al m e nt e n a v ariáv el " ag r up am e n t o " . serviços
T o r n a-se imprescindív el c o n si d e r ar o ut r as variáveis c o -
m o : " e q ui p am e n t o " , " n e c e ssi d ad e s e p r o bl e m a s " e " e s t r u-
Nível micro — noções de :
t ur a s " .
— m ag ni t ude ( p e q ue n o )
I NST R UM ENT OS D E T R A BA L HO — indiv idualiz ação o u al c anc e so c i al re st ri t o
— presença d a relação di re t a e nt re o agent e pro f i ssi o -
A nal i sando e sse crit ério, c o nc l ui u-se não s e r o m e sm o n al e o si st e m a-c l i e nt e n o pro c e sso de prest ação de
pe rt i ne nt e à análise d a especificação do mét odo de se rv i - serviços
ço so c i al p o r re f e ri r-se ao aspe c t o o pe rat i v o do mét odo,
A discussão do assunt o l e v o u à formulação de o ut ro
o u se j a, às técnicas q ue i n st r um e n t am s ua aplicação.
m o de l o q ue r e ssal t a duas variáveis básicas:
— Nív el de decisão — glo bal e se t o ri al ;
N Í V E I S D E A T UA ÇA O — V o l um e de intervenção. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPON

I n i c i al m e n t e , re c o nhe c e u-se que a c at e g o ri a "ní v e i s de


at uaç ão " é u m do s critérios v álidos p a r a a especificação 2 Conselho Federal de Assistentes Sociais, CFAS. Resolução n." 3, de

do s mét odos de serviço so c i al , e q ue a distinção do s níveis 25/10/1968.


3 DANTAS, J osé Lucena, "Teoria metodológica, uma abordagem cientí-
e m " m i c r o " e " m a c r o " , c o nf o rm e pro po st o no Do c um e n-
fica".
t o de Araxá, é u m a abo rdag e m ade q uada. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 86
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
84 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Di sc ut i n d o a v al i dade do e sq ue m a de oonotltutgfto dai
N e n h um d o s do i s m o de l o s f o i t o t al m e nt e ac e i t o . R e - f ase s pre do m i nant e m e nt e de c o nhe c i m e nt o , rt COnheot U*M
c o nhe c e -se , a s s i m , q ue o s c o nc e i t o s de " m i c r o " e " m a c r o " q ue o m e sm o é insatisfatório. Ve ri f i c o u-se qut, na pffAtlca,
n e c e ssi t am e st udo s e m m ai o r pro f undi dade a p a r t i r d a a autonomização d as f ase s de e st udo , diagnóstico • prog-
correlação e nt re a s v ariáv eis r e ssal t ad as. nóstico t e m le v ado o assi st e nt e so c i al a de di o ar-i t , predo-
m i nant e m e nt e , à c o l e t a e análise de dado s s e m , multai
v e z e s, f o r m ul ar de m o d o c o nsi st e nt e u m diagnóstico OOm
P R O C E D I M E N T O L ÓGI CO P A C E o re spe c t i v o prognóst ico. A c r e sc e , t ambém,-que até 0 mo-
A SI T UA ÇÃ O S O C I A L P R O B L E M A m e nt o , o s assi st e nt e s so c i ai s não re c e be ram o i n st r um e n -
t al necessário p a r a a elaboração do diagnóstico q ue é feit o
R e c o nhe c e u-se a di f i c ul dade d a abo r d ag e m d a " s i t ua - n u m p r o c e sso dinâmico de aproximações suc e ssi v as.
ção so c i al p r o bl e m a" , c o m o zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
critério d a especificação m e -
O s do c um e nt o s apre se nt ado s ao Seminário p r o c ur a r a m
t odológica, p o r q uan t o e ssa quest ão, ne c e ssari am e nt e , l e v a
m o st r ar as inconsistências do e sq ue m a t radi c i o nal , t e ndo
ao de bat e d o o bje t o do serviço so c i al . Co nc l ui u-se q ue ,
al g uns, i nc l usi v e , pro po st o q ue t o das e ssas f ase s f o sse m
ap e sar d o o bj e t o c o n d i c i o n ar a det erminação d o s mét o-
c o nc e i t uadas c o m o de "di agnó st i c o ".
do s, e st e f at o não i m pe de q ue se t rat e do p r o bl e m a m e -
A pre c i ando a quest ão, julgo u-se v álido q ue se busc as-
t odológico e q ue o t rat am e nt o d a s d uas questões po de e
se m , n a e st r ut ur a do mét odo científico, contribuições p ar a
de v e s e r c o nduz i do , c o nc o m i t ant e m e nt e , n u m e sc l ar e c i -
o e sc l are c i m e nt o do assunt o . A ssi m , n um a p r i m e i r a apro -
m e nt o mút uo do s d i v e r so s pro bl e m as. De q ual q ue r f o r m a, ximação do p r o bl e m a, as operações q ue c o nst i t ue m e st a
de i xo u-se d e e n t r ar n a análise d a s "sit uações so c i ai s pro - f ase p o d e r i am se r c o m pre e ndi das de nt ro do se gui nt e e s-
b l e m a s " c o m o crit ério d e especificação, p o r c o nsi de rar-se q ue m a:
q ue a quest ão do o bje t o ai n d a não est á suf i c i e nt e m e nt e
ac l ar ad a n a t e o r i a d a pro f i ssão . Ao nível da constatação
A adoção do " p r o c e d i m e n t o l ó g i c o " f ac e a s v ariáv eis
si g ni f i c at i v as p a r a o serv iço so c i al , c o m o crit ério p a r a e s- E n u m e r a r e de sc re v e r
pecificação d a m e t o do l o g i a do serviço so c i al , c o nduz à
discussão d o p r o bl e m a d a e st r ut ur a lógica e o pe rac i o nal Ao nível da explicação
do mét odo do serv iço so c i al . O t r at am e n t o do assunt o , C o m p a r a r e di st i ng ui r
ao nível d a profissão de serv iço so c i al , re q ue r e sc l ar e c i - Cl assi f i c ar e c o nc e i t uar
m e nt o de aspe c t o s e c o nc e i t o s q ue de v e m s e r busc ad o s R e l ac i o n ar as v ariáv eis (hi pó t e se s)
n a hist ória e n a f i l o so f i a d as ciências. A o nível d a pro f i s- Si st e m at i z ar ( t e o r i a)
são, re c o nhe c e u-se q ue a s colocações t r ad i c i o n ai s subdi -
Si n g ul ar i z ar
v i d e m o mét odo e m d i v e r sas f ase s q ue , e m últ ima instân-
P r e v e r a s tendências
c i a, p o d e m se r ag rupadas e m d uas g rande s c at e g o ri as:
— f ase s pre do m i nant e m e nt e de c o nhe c i m e nt o :
— f ase s pre do m i nant e m e nt e de ação. Fases predominantemente de ação

Ne st a c at e g o ri a i nc l ue m -se as f ase s ge ralm e nt e c o nc e i -


Fases predominantemente de conhecimento
t uadas c o m o : pl ano de t rat am e nt o — t rat am e nt o — pl a-
ne j am e nt o e implement ação — formulação d o s pl ano s —
Ne st a c at e g o ri a i nc l ue m -se a s f ase s g e ral m e nt e c o nc e i - t rat am e nt o o u execução.
t uadas c o m o e st udo , diagnóstico e prognóst ico.
Teorização do Serv. Social 87
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
86 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A nal i sando a t e rm i no l o g i a do e sq ue m a t r ad i c i o n al e c o m E n u m e r a r e de sc re v e r
base no p r e ssup o st o de q ue e xi st e u m c o nj unt o de ope- . C o m p a r a r e d i st i n g ui r
rações pre do m i nant e m e nt e prát icas no mét odo pro f i ssi o - , Cl assi f i c ar e c o n c e i t uar
n al , ac e i t o u-se o c o nc e i t o de intervenção pl ane j ada, t raz i do
4, R e l ac i o n ar as variáveis
ao Seminário e m al g uns do c um e nt o s preparat órios, p a r a
d e n o m i n ar e ssa c at e g o ri a de operação. V 6. Si st e m at i z ar zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONML
Se g undo u m do s do c um e nt o s pre parat ó ri o s, a i nt e r-
4 • 8. Si n g ul ar i z ar
venção p l an e j ad a c o nst i t ui u-se e m u m a série de operações 1
7. I n d i c a r a v i abi l i dade o u pre v e r a s tendências
rac i o nal m e nt e p r e p ar ad as, e m c uj o p r o c e sso dinâmico
8. P r e p a r a r as ações
po de r-se -i am di st i ng ui r três m o m e n t o s:
— pre paraç ão d as ações è. Ex e c ut ar
— execução e f e t i v a 10. A v al i ar
— av aliação
A i n d a se gundo o m e sm o do c um e nt o , ne sse p r o c e sso e n- T E M A 3 : A P L I CA ÇÃ O DA M E T O D O L O G I A
c o nt ram -se implícitos o s se gui nt e s raciocínios: i nt e gran- DO SER VI ÇO S O C I A L
t e — p r o j e t ant e — e x pe ri m e nt al .
N a discussão do assunt o , c o nc l ui u-se so bre a ne c e ssi - Na apreciação do T e m a 3 não f o i se gui do o e sq ue m a
dade de af i r m ar o se nt i do do t e r m o "i nt e rv e nç ão " n um a re f o rm ul ado pe l o plenário. O Gr up o B p r e f e r i u q ue a
p e r sp e c t i v a científica ( a expressão v e m se ndo us a d a n as matéria f o sse o rde nada c o m o se segue:
ciências so c i ai s) e a import ância de se r apro f undado o
e st udo so bre s ua v i abi l i dade intrínseca. 1.1 — Metodologia aplicável ao nível de planejamento
A s proposições e xi st e nt e s f o r am c o n si d e r ad as i nsuf i -
3.2 — Me t o do l o g i a aplicável ao nível de administ ração
c i e nt e s. F o i re c o nhe c i da, po rt ant o , a ne c e ssi dade de m ai o -
r e s investigações so br e o assunt o . e m serv iço so c i al .
Di sc ut i u-se , t ambém, a relação e nt re "i nt e rv e nç ão " e 3.3 — Me t o do l o g i a aplicável ao nível de prest ação de
"di agnó st i c o ", c o nsi de rando -se que , n o pl ano lógico, o di ag- serviços di re t o s.
nóstico e a intervenção são do i s m o m e nt o s aut ónomos que
i nt e g ram o mét odo pro f i ssi o nal : o c o nhe c e r e o agi r. No O pl ane j am e nt o f o i c o nsi de rado c o m o o pro c e di m e nt o
pl ano o pe rac i o nal , po ré m , e st a quest ão ai n d a é discutível q ue o r i e n t a a t o m ad a de decisões p o l i t i c as r ac i o n ai s, c o m
e de v e se r apro f undada. v i st as ao de se nv o l v i m e nt o .
Co nc l ui u-se que , e m serviço so c i al , a c o m pl e x i dade d as Ne st e se nt i do , c o nc e be -se o pl ane j am e nt o c o m o u m p r o -
variáveis de nível q uant i t at i v o f o r m a m u m a re de q ue di f i - Of i so i nt e g rado e i n t e r d i sc i p l i n ar , no q ual se i n c l ui a di sc i -
c ul t a a correlação e nt re o s do i s m o m e nt o s: c o nhe c i m e nt o p l i n a do serv iço so c i al .
e ação. O pape l do serviço so c i al n o re f e ri do p r o c e sso se de s-
Co m o re sul t ado d as reflexões, a se r ut i l i z ado n o e st udo d o br a n a s u a presença e f e t i v a n a s e t apas técnicas de : a )
no pró xi m o i t e m — Aplicação d a m e t o do l o g i a do serv iço •labo raç ão de pl ano s e b ) e st abe l e c i m e nt o d a part icipação
so c i al — f o r am i de nt i f i c adas a s se gui nt e s operações: d a população no pl ane j am e nt o at rav és de suas o rg ani z a-
ções re pre se nt at i v as.
O p r o c e sso d e pl ane j am e nt o compõe-se de q uat ro e t a-
* D A N T A S , José L uc e n a — O br a c i t ada. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
p as suc e ssi v as, de n at ur e z a polít ica, técnica, ad m i n i st r at i -
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Quan t o à I N T E R V E N Ç Ã O , po de -se f o r m ul ar o se gui nt e
v a e técnico-administrativa, c o rre spo nde nt e ao s se gui nt e s q uad r o hipotético:
p asso s:
— definição de políticas Categorias de intervenção Categorias de intervenção
— elaboração de pl ano s utilizáveis em em planejamento, utilizáveis
— implant ação do s pl ano s Serviço Social pe l o Serviço Social
— c o nt ro l e e av aliação. Est abe l e c e r hipóteses Formulação do s o bje t i v o s
o pe rac i o nai s e definição de m e t as e
F o i e st udado , ape nas, o pape l do serv iço so c i al n a e t apa F o r m u l a r opções pri o ri dade s
técnica de elaboração do s pl ano s, q ue po de c o m pre e nde r
F o r m u l a r di re t ri z e s e Est abe l e c i m e n t o de padrões
as se gui nt e s f ase s:
no rm as e n o r m as de si st e m as e
serviços
a) Identificação de ne c e ssi dade s e aspirações;
b ) Identificação de r e c ur so s; Me di at i z ar as hipóteses, De t al ham e nt o de p r o g r am as
c) Diagnóst ico; opções, di re t ri z e s e e pro j e t o s
d ) Fo rm ulaç ão de o bj e t i v o s e definição de^ m e t as e n o r m a s
p r i o r i d ad e s;
e ) Est abe l e c i m e n t o de padrõ e s e n o r m as de si st e m as N o pro c e sso de pl ane j am e nt o , a intervenção se si t ua
e serviços; e m do i s m o m e nt o s: decisão e execução. O p r i m e i r o c o rre s-
t ) De t al ham e nt o de p r o g r am as e pro j e t o s. po nde à e t apa de elaboração de pl ano s (de n at ur e z a téc-
De st as f ase s, as p r i m e i r as p ar e c e m re f e ri r-se m a i s di re - n i c a ) e o se gundo à e t apa de implantação (de n at ur e z a
t am e nt e ao zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
diagnóstico pro f i ssi o nal , e as três últ imas à ad m i n i st r at i v a) .
área d a intervenção. No p r o c e sso de pl ane j am e nt o , a e t apa de c o nt ro l e e
av aliação c o nst i t ui um a c at e g o ri a aut ónoma, não se i n -
Quant o ao DI A GNÓST I CO, suge re m -se , c o m o hipótese c l ui n d o e spe c i f i c am e nt e no m o m e nt o de intervenção do
de t rabal ho , considerações so bre o se gui nt e q uadro : serviço so c i al .
A atuação específica do serviço so c i al n o diagnóstico
Categorias de diagnóstico Categorias de diagnóstico, e n a intervenção e m pl ane j am e nt o não f o i apro f undada,
aplicáveis e m em planejamento, utilizáveis se ndo e nt re t ant o re c o nhe c i da sua import ância.
Serviço Social pe lo Serviço Social A m e t o do lo gi a e o conteúdo do pl ane j am e nt o so c i al
estão ai n d a e m elaboração, i nc l usi v e p a r a o se t o r de se r-
E n u m e r a r e de sc re v e r Identificação de ne c e ssi da- viços so c i ai s no pl ane j am e nt o i nt e g rado . 8

de s e aspirações
Identificação de r e c ur so s
• H á c o nhe c i m e nt o de que no U N R I S D estão e m elaboração e i t udo i de
C o m p a r a r e di st i ng ui r i ndi c ado re s sociais c o m v i st as ao planejament o para o de se nv o lv i m e nt o
Cl assi f i c ar e c o nc e i t uar so c i al, po r e x . D R E W N O S W S K Y , l e an, " L e s f ac t e uri économlquei e l
:

so c i aux du dévéloppement", Genèv e, U N R I S D , 1966,


R e l ac i o n ar as variáveis e s- Diagnóst ico P ar a est udo da matéria f o ram sugerido» o » seguint es do c um e nt o s pre pa-
t abe le c e ndo as hipóteses ratórios ao Seminário de Me t o do lo gi a do Serviço So c i al , publicações do
Si st e m at i z ar C B C I S S , 1969:
Si n g ul ar i z ar — G O D I N H O , Mart a T e re si nha — S P . "Diagnóst ico e intervenção a
nível de plane jam e nt o , i nc lui ndo situações globais e pro ble m as específicos".
P r e v e r tendências
90 Teorização do Serv. Social zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZY
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 91

3.2 — Metodologia aplicável ao nível dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA


administração em E s t e pro c e di m e nt o r e sul t o u n a elaboreçlo do quadro
Serviço Social q ue s e segue:
O t e m a f o i e l abo rado a p ar t i r d a cont ribuição o f e re c i da
p o r u m d o s do c um e nt o s pre parat ó ri o s do Seminário.* 1
PROCESSO ADMI Mlt VBAt lVe
PROCESSO L ÓGI CO
P a r a f i ns de e st udo , f o r am e l abo radas as se g ui nt e s c o n-
ceituações: — Le v ant am e nt o de dado i slgnlMa*
Co le t a de Enum e rar
Diagnóstico — Co nj unt o d e operações v i sando à c o l e t a e dado s e de sc re v e r
— A n ál i se d e do c um e nt aç ão d e f e r v i -
à interpretação de dado s, à l uz de hipóteses p a r a de t e r- ço s o c i a l
minação do s o bje t i v o s do s pro g ram as, m e t as e pro j e t o s. Z c ^ M u l t a s " » t é c ni c o s s d m l n l s t r a d o -
r e t e e l e m e n t o s d a po pul aç ão
Intervenção — Co nj unt o de operações ad m i n i st r at i v as v i - - A n á l i s e bi bl i o g ráf i c a
sando à execução e à av aliação de re sul t ado s. — C o n s u l t a s a f o n t e s se c undári a»

A s di v e rsas operações do pro c e sso ad m i n i st r at i v o f o r am


e nq uadradas n as v árias f ase s do pro c e di m e nt o lógico. ( V e r Co m parar
Di ag nó st i c o s o c i a l p r o p r i a m e n t e dit o:
Est abe l e c i -
p. 91.) ment o de e d i st i n g ui r
hi pó t e se s
_ c o nhe c i m e nt o das ne c e si i dade s d »
Classi f i c ar
3.3 Metodologia aplicável ao nivel da prestação de ser- po pul aç ão , aspi raç õ e s, « O ^ ^ v a a .
• c o n c e i t uar
de m andas, pro c e sso s de p a r t i c i p a -
viços dtretos ção s o c i a l
1
— I nv e nt ári o d o s r e c u r s o s h u m a n o s ,
O pro c e di m e nt o lógico f o i ado t ado c o m o hipót ese de R e lac i o nar m a t e r i a i s e f i n a n c e i r o s e xi st e nt e »,
a s v ar i áv e i s
t rabal ho p a r a a exploração do diagnóstico e d a intervenção Sst e nut s d e a t e n d i m e n t o , f ó rm ul as
Já e m p r e g a d a s
do serviço so c i al ao nível d a prest ação d e serviços di re t o s. Si ng ul ari z ar

A se g ui r, f o r am anal i sadas as três m o dal i dade s d a prá- . Di spo si ç õ e s d o p l a n e j a m e n t o n a c i o -


Prever nal ; re g i o nal , se t o ri al q ue se r e l a -
t i c a, n a concepção t r ad i c i o n al : c aso , g rupo e c o m uni dade . t e ndê nc i as
c i o nam c o m o pro gram a e /o u c o m
T a l posição não si g ni f i c o u aceitação de " c a s o " , " g r up o " e a áre a d e at uaç ao
" c o m un i d a d e " c o m o mét odos de serviço so c i al , n e m a i m -
po ssi bi l i dade d a identificação de o ut ro s mét odos. Plano de aç í o :
P r e p ar aç ão d a a c t o — Pro gram as e Projet o.7
A pl i c ando o m o de l o p a r a a identificação d a e st r ut ur a Org ani z aç ão
lógica d o diagnóst ico ao s níveis de " c a s o " , " g r up o " e " c o -
m un i d ad e " , c o nc l ui u-se q ue :
Di r e ç ã o :
Execução — I m pl ant aç ão
_ Co o rde naç ão
— F E R R E I R A , F r an c i sc o de P aul a —- G B . " P l an e j am e n t o Económico e — Supe rv i são
So c i al . Semelhanças e diferenças". — M o t i v aç ão
— B A P T I S T A , M y r i a m V e r a s — P R . "Di agnó st i c o e intervenção a nív el — T re i nam e nt o
de plane jam e nt o i nc l ui ndo situações glo bai s e pro ble m as específicos".
— F A UST I NT , Gi n o . "A programação dos Serviços. Reflexões so bre
C o n t r o l e e av al i aç ão :
Me t o do l o g i a" . Avaliação _ Si st e m a» d » p r o c e s s a m e n t o de i n
— CORNELY, Se no A. — R S . " P l an e j am e n t o L o c al I nt e g rado no f o rm aç õ e s
Br a s i l " . — S i s t e m a s d e av al i aç ão zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZY
C H A M U Z E A U , Jo c e ly ne L o ui se . "Di agnó st i c o e Intervenção a nível de
8

Administ ração e m Serviço S o c i a l " — S P . C B C I S S , 1969. k M . d o s u t e m . c u e n t e , d . . i t ua e í o p r o b l e m a , d o . o b j e t i v o , d . e n t i d a d e .


T A
92 CBCISS Teorização do Serv. Social zyxwvutsrqponmlkjihgfedcba
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 93

a) ao nível de " c a s o " e d e " g r up o " , o m o de l o sube spe - d) a operação prever as tendéneiat (oorrMpondfQdO
c i f i c a e m d e m asi a as operações a s e r e m re al i z adas, a prognóst ico d a t e rm i no l o g i a t ri di do nal ) t t r l a
t o rnando e x t re m am e nt e difícil a t are f a de di agno s- m an t i d a;
t i c ar ;
e) no m o m e nt o de enumerar e descrever Já M t ornam
b) a o nível de " c o m un i d ad e " , e xi st e u m a m e t o do l o g i a necessárias hipóteses p r e l i m i n ar e s de diagnôItlOO.
de pe sq ui sas q ue v e m se ndo ut i l i z ad a e q ue não
reflet e, ne c e ssari am e nt e , o m o de l o . A adequação do A n al i san d o as operações pro po st as ao nível de i nt e rv e n-
m o de lo , s e m o e x am e de ssa m e t o do lo gi a, se r i a i m - ção, c o nc l ui -se q ue :
profícuo.
a) as operações sug e ri das — preparação da ação, eie«
R e f l e t i ndo so bre as di f i c ul dade s e nc o nt radas, n o esforço cução e avaliação — c o r r e sp o n d e m às operações
de i de nt i f i c ar a e st r ut ur a lógica do diagnóstico, se gundo c o nhe c i das, t radi c i o nal m e nt e , so b o s títulos de : pl a-
o m o de l o pro po st o , c o nc l ui -se q ue : no d e t rat am e nt o , execução o u t rat am e nt o e av a-
liação;
a) t o das as operações p r e v i st as supõem u m q uadro
b) as di f i c ul dade s e nc o nt radas n a aplicação do m o de l o
teórico de explicação do s fenómenos e v ariáv eis e
n a f ase d e diagnóstico re pe t e m -se n a f ase d a i nt e r-
que , s e m a definição de sse q uadro t eórico, o m o de l o
venção de v e z q ue é necessário, t ambém, u m q uadro
não p e r m i t e u m a reflexão a nível c o nc re t o , e e x e m -,
pl i f i c at i v o ; teórico e x pl i c at i v o d as v ariáv eis o c o rre nt e s n a i nt e r-
v enção;
b) não se r i a c o rre t o t o m ar c o m o q uadro de referên-
c) não há, e nt re t ant o , ne c e ssi dade de al t e r ar as c at e -
c i as u m a o u o ut r a c o rre nt e teórica do serviço so -
g o ri as pro po st as n o m o de l o i n i c i al .
c i al , apri o ri st i c am e nt e e sc o l hi da, a s s i m c o m o nãp
se r i a c o r r e t o p e r m an e c e r a u m nível d e abst ração
lógica q ue o pró pri o m o de l o re pre se nt a. E s t e raciocínio c o n d uz i u à formulação de u m no v o
q uadro :
T e nt ando m i n i m i z a r as di f i c ul dade s e nc o nt radas n a apl i -
cação do m o de l o n a f ase di ag no st i c a, f o r am an al i sad as as
di v e rsas operações pro po st as e c o nc l ui -se q ue : I d e n t i f i c ar e de sc re v e r
Cl assi f i c ar
Diagnóst ico E x p l i c a r e c o m pre e nde r
a) n a operação zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
enumerar e descrever não se pre sc i nde
P re v e r tendências
de u m a operação de identificar os dados e a subdi -
visão enumerar po de se r r e d uz i d a a descrever; a
Pre paraç ão d a ação
p r i m e i r a e t apa p a s s a a apre se nt ar-se , então, c o m o
Int erv enção Execução
identificar e descrever;
Av aliação
b) a s operações comparar e distinguir e classificar e
conceituar p o d e m se r re duz i das a u m a única —
classificar;
R e c o m e nda-se q ue e st e q uadro se j a anal i sado , e m o u-
c) a s operações relacionar as variáveis e singularizar t r as o po rt uni dade s, so b o s po nt o s de v i st a teórico e ope-
p o d e m s e r re duz i das a u m a operação m a i s glo bal, r ac i o n al , part i ndo -se , se m pre , de u m e m basam e nt o teórico
que se r i a explicar e compreender; suf i c i e nt e m e nt e e x pl i c i t ado .
riUIlG. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

94 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
CBCISS

Balbina O. Vieira — GB
Gisela Bezerra — GB
Helena Iracy Junqueira — SP
José Lucena Dantas — DF
Leda Del Caro — MG
Maria Augusta de Luna Albano — GB
Maria Helena M. Duarte — MG
Marília Diniz Carneiro — GB
Marisa Meira Lopes — GB OBSER V A ÇÕES S O B R E O R EL A T ÓR I O D O G R U P O B
Marta Teresinha Godinho — SP
Mary Catherine Jennings— USA Quant o às observ ações so l i c i t adas pe l o C B C I S S so bre
Maria Nazaré Moraes — BA o Relat ório do Gr up o B , g o st ari a de r e ssal t ar que o esque-
Suzana Medeiros — SP m a apre se nt ado p a r a o diagnóstico e a intervenção, p o r
Tecla Machado Soeiro — GB força d a premência do t e m po , não pô de se r apro f undado .
Vicente Faleiros DF De c o r r e daí que pare c e de m asi adam e nt e rígido, f o rm al ,
v i st o q ue o s pró pri o s c o nc e i t o s ne le c o nt i do s estão implí-
c i t o s. De st ac o o s po nt o s q ue se g ue m p a r a m e l h o r i nt e r-
pret ação do e sq ue m a.
— N a realização do diagnóstico, ao e n um e r ar e de sc re -
v e r, estão e m jo go o s se gui nt e s e l e m e nt o s:
— u m si st e m a re f e re nc i al teórico, se gundo o q ual o s
dado s são c o l hi do s. T r at a-se de u m c o nj unt o de e l e m e nt o s
pró pri o s do o bse rv ado r, do f e i xe de hipóteses q ue ado t e ,
do s critérios de seleção q ue apl i q ue . I st o c o ne c t a e st e
nível c o m o se gui nt e de explicação. O s c o nc e i t o s não são
pró pri o s e e x c l usi v o s de u m a "e xpli c aç ão ", m a s e l e m e nt o s
f undam e nt ai s n a pró pri a descrição;
— u m si st e m a i n st r um e n t al de mensuração, pe lo q ual
São q uant i f i c adas as v ariáv eis e m observ ação. P a r a i st o
t o rna-se necessária a operacionaliz ação d as variáveis d a
prát ica do Serv iço So c i al e m i ndi c ado re s e índices;
— a s ne c e ssi dade s, e m t e r m o s o pe rac i o nai s, hão de
e x pri m i r-se , i ndut i v am e nt e e n um e r ad as e i n st r um e n t al i -
z adas p o r suas características e x t e rnas.
— A hipótese de diagnóstico se di st i ngue d a hipótese
o pe rac i o nal . A p r i m e i r a c o m pre e nde a relação " f at o r-f un-
ç ão ", " c ausa-e f e i t o " o u "condição-apareciment o". O t e rm o
f at o r si g ni f i c a a condição necessária, suf i c i e nt e o u c o o pe -
r an t e do apare c i m e nt o de u m fenómeno. A hipótese ope-
r ac i o n al si g ni f i c a a relação " m e i o -f i m " , " c am i n h o -o bj e t i v o " .
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
96 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
No entrelaçamento do s do i s t i po s de hipóteses i nt e rl i g am -
se t am bé m diagnóstico e ação.
— A s hipóteses de diagnóstico o bj e t i v am , j ust am e nt e ,
e st abe l e c e r o ne xo de interdependência e nt re as v ariáv eis,
i st o é, e nt re o s i ndi c ado re s d as ne c e ssi dade s, re ssal t ando
aq ue l e s q ue intervêm no m ai o r número, de st ac ando as
v ariáv eis de ação.
— Di an t e do s o bje t i v o s a alcançar e do diagnóstico sur-
ge m c am i n h o s al t e rnat i v o s, o u se j am , hipóteses o pe ra-
c i o nai s.
— O t e rm o si st e m at i z ar ( t e o r i a) sug e re a inserção de R EL A ÇÃ O D O S D O C U M E N T O S P R EP A R A T ÓR I OS
u m a análise n u m c o nj unt o glo bal e e st r ut ur al , i st o é, n a
pró pri a t e o ri a, p o r e xe m plo , a do De se nv o l v i m e nt o e do
Subde se nv o l v i m e nt o . Base ad o s no ternário p r e l i m i n ar f o r am e l abo rado s o s
— O pl ane j am e nt o i m p l i c a e m si n g ul ar i z ar e pre v e r t rabal ho s preparat órios, c uj a relação dam o s a se gui r, re u-
tendências, q uando se c o l o c am as m e t as físicas d a ação. ni do s de ac o r d o c o m o t e m a a q ue se re f e re m .
É p r e c i so então l e v ar e m c o nt a:
— o v o l um e do t rabal ho T EMA I zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
— o p r o d ut o f i nal
1. Teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço
— o s benefícios
Social
— os meios
A intervenção em Serviço Social
O v o l um e do t rabal ho se e x p r i m e se j a pe l as at i v i dade s
t o t ai s, q uant i f i c adas de preferência, se ndo o p r o d ut o f i nal 2. Teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço
ape nas o re sul t ado e q ue e m t e r m o s de benefícios si g ni - Social
f i c a a realiz ação do at e ndi m e nt o o u satisfação de u m a O diagnóstico em Serviço Social
ne c e ssi dade .
Quant o ao s m e i o s, é p r e c i so estabelecê-los e m t e r m o s Introdução ao método. Teoria do diagnóstico social.
de hipóteses o pe rac i o nai s. Formas de intervenção na realidade.
— A execução não c o nst i t ui u m m o m e nt o i so l ado do A L M E I D A , A n a A ug ust a — M i m . 24 f l s.
pl ane j am e nt o , d a conceituação. Ne l a e p o r e l a é q ue se Introdução à metodologia. Teoria do diagnóstico e da
põ e m à p r o v a as hipóteses o pe rac i o nai s, o s c o nc e i t o s, as
intervenção em Serviço Social
variáveis de diagnóstico o pe rac i o nal i z adas. A s l e i s cientí-
C O S T A , Sue l y Go m e s — Debates Sociais, Supl e m e nt o
f i c as, nomológicas, p o d e m s e r ap l i c ad as n a execução, n e l a
se v e ri f i c ando as " l e i s d a aç ão ", nomopragmát icas. n.° 4, 1970.
A teoria metodológica do Serviço Social. Uma aborda-
T e n h o c e rt e z a de q ue as cont ribuições de st e Seminário
engendrarão a reflexão sistemática, j ust am e n t e p o r não gem sistemática.
se c o n si d e r ar e m de f i ni t i v as, m a s u m a aproximação pro v i - D A N T A S , José L uc e n a — Debates Sociais, Supl e m e nt o
sória. n.° 4, 1970.
Teoria do diagnóstico e da intervenção em Serviço
Social: a intervenção em Serviço Social; o diagnóstico
Vicente Faleiros em Serviço Social.
J U N Q U E I R A , H e l e n a I r a c y — M i m . 11 f l s.
CBCISS Teorização do Serv. Social zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYX
99

Levantamento da situação atual e tendências do Ser- Diagnóstico e intervenção ao nível de prestação dê ser-
viço Social no Brasil nos seus aspectos conceptual e viços diretos a grupos.
operacional. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA B U G A L H O , L e i l a M a r i a V i e i r a
R E I S , Dul c e Bo t e l ho
J U N Q U E I R A , H e l e n a I r a c y — M i m . 5 f l s.
S I L V A , I l d a L o p e s R o d r i g ue s
Bases para a reformulação da metodologia do Serviço
Social. Diagnóstico e intervenção ao nível de prestação de ser-
viços diretos a grupos.
S O E I R O , T e c l a M ac h ad o — Debates Sociais, Supl e -
M O T T A , E d i t h — M i m . 8 f l s.
m e nt o n.° 4, 1970.
Sugestões de roteiro para estudo do tema: diagnóstico
T EMA I I e intervenção a nível de prestação de serviços diretos
a indivíduos, grupos, comunidades e populações.
Diagnóstico e intervenção em nível de planejamento Z I L L I O T O , M a r i a Cecília
incluindo situações globais e problemas específicos CA V A N E T O , L ui z
A UR , B . A m i n — M i m . 2 f l s.
Aspectos da aplicação das técnicas de planejamento
na atuação profissional dos assistentes sociais. T R A B A L H O S NA O R E L A C I O N A DO S D I R E T A M E N T E
B A P T I S T A , M y r i a m V e r a s — M i m . 13 f l s. COM O T E M A R I O P R E L I M I N A R
Planejamento local integrado no Brasil
C O R N E L Y , Se n o — M i m . 52 f l s. Verbalização e relacionamento em Serviço Social.
Planejamento económico e social. C O R T E Z , José P i n h e i r o
F E R R E I R A , F r a n c i s c o de P aul o — M i m . 10 f l s. R I B E I R O , Arc e li na
Diagnóstico e intervenção a nível de planejamento, in- S UZ A N O , Ne l so n José
cluindo situações globais e problemas específicos. F A L CÃ O, M a r i a do C a r m o C .
G O D I N H O , M a r t a T e r e z i n h a — M i m . 3 f l s. Subsídios para o I I Seminário: Conclusões das reu-
Urbanização e planejamento niões preparatórias realizadas em São Paulo — novem-
G O D I N H O , M a r t a T e r e z i n h a — M i m . 16 f l s. bro a dezembro de 1969.
Gr up o de assi st e nt e s so c i ai s d a E s c o l a de Serv iço So -
T EMA I I I c i al de S . P aul o — M i m . 4 f l s.
Subsidio para o estudo do processo de supervisão.
Diagnóstico e intervenção em nível de administração
J UN QUE I R A , He le na I rac y — Mi m . 1 fl.
Diagnóstico e intervenção a nível de administração em Montagem de um programa para estágio de aluno do
Serviço Social. ciclo profissional — 1.° ano.
C H A M U Z E A U , J o c e l y ne L . — M i m . 8 f l s. M E L O , J o c e l i ne Gui m arãe s — M i m . 6 f l s.
Diagnóstico e intervenção a nível de administração em Sugestões para a realização de uma pesquisa de âmbi-
Serviço Social to nacional sobre a situação do Serviço Social no Brasil.
M E L O , J o c e l i ne Guimarães
F E R R E I R A , F r a n c i s c o de P aul a — M i m . 12 f l s. S A N T O S , Ant ônio Gonçalv es do s
B E R L I N K , Mari a He le na
T EMA I V S I L V A , M a r i a Lúc i a Car v al h o
Diagnóstico e intervenção em nível de prestação de C A B R A L , M a r i a Car m e l i t a
serviços diretos a indivíduos, grupos, comunidades, R E Q U I X A , R e n at o
populações
D O C U M EN T O D O SUM A RÉ

C I EN T I FI C I D A D E D O SERV IÇO S O C IA L

III SEM IN Á RIO — 20 a 24 de novembro de 1978


COMISSÃO COORDENADORA DO SEMINÁRIO

Coordenação geral: Leila Maria Vieira Bugalho


Consultores: Anna Augusta de Almeida
Creusa Capalbo
Helena Iracy Junqueira

Grupo de apoio: Maria Augusta de Luna Albano


Maria das Dores Machado zyxwvutsrqponmlkjihgfedc

Participantes

Anita Aline Albuquerque Costa


Anna Stella de Andrade Furtado
Balbina Ottoni Vieira
Celina Magalhães Ellery
Dulce Malheiros Araújo
Ild a Lopes Rodrigues da Silva
Jocelyne Louise Chamuzeau
Julia Maria N in Ferreira
Leila Maria Vello de Magalhães
Lusia Sinval Pinto
Maria Amélia da Cruz Leite
Maria Durvalina Fernandes
Maria da Glória N in Ferreira
Maria Luiza Testa Tambellini
Maria Madalena do Nascimento
Tecla Machado Soeiro
Terezinha A rnaud
Urana Harada Ono
Z ilah Timotheo da Costa
SUMARIO

Introdução
1. O' Serviço Social e a cientificidade
1.1 Documento de base:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPON
A cientificidade do Serviço
Social
GRUPO DO RIO DE JA NEIRO
1.1.1 Considerações em torno dos questionamentos
levantados sobre o Documento 1.1
1.2 Documento de base: Reflexões sobre o processo
histórico-científico de construção do objeto do
Serviço Social
GRUPO DE SAO PAULO
1.2.1 Considerações em torno dos questionamentos
levantados sobre o Documento 1.2
2. O Serviço Social e a fenomenologia
2.1 Conferência: Algumas considerações sobre a feno-
menologia que podem interessar ao Serviço Social
CREUSA CAPALBO
2.2 Documento de base: Reflexões em torno da cons-
trução do Serviço Social a partir de uma aborda-
gem de compreensão, ou seja, interpretação feno-
menologia do estudo científico do Serviço Social.
GRUPO DO RIO DE JA NEIRO
2.2.1 Considerações em to rno dos questionamentos
levantados sobre o Documento 2.2
2.3 Roteiro de reflexão:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Fenomenologia — Proposições
a serem discutidas pelos grupos.
GRUPO DE SAO PAULO
O Serviço Social e a dialética
3.1 Conferência: Considerações sobre o pensamento
dialético em nossos dias.
CREUSA CAPALBO
3.2 Documento de base: Serviço Social e Cultura — INTRODUÇÃO
uma alternativa para discussão das relações assis-
tente social-clientela,
GRUPO DO RIO DE JA NEIRO De 20 a 24 de novembro de 1978, vinte e cinco assistentes
sociais, a convite do CBCISS, reuniram-se no Centro de
3.2.1 Considerações em torno dos questionamentos Estudos do Sumaré, no Rio de Janeiro, com o objetivo
levantados sobre o Documento 3.2 principal de continuar os estudos de teorização do Ser-
3.3 Roteiro de Reflexão: Dialética e Serviço Social. viço Social iniciados em 1967 com o Seminário de Araxá,
GRUPO DE SAO PAULO cujo documento final — o Documento de Araxá — fo i con-
siderado po r muitos como um marco teórico do Serviço
Social no Brasil. Decorridos dez anos, era desejável reto-
mar esse Documento e possibilitar novos questionamentos
na linha da sistematização teórica por ele iniciado.

PREPARAÇÃO DO SEMINÁRIO

Assim, desenvolveu-se um processo preparatório, de me-


didas e estudos, para o Seminário.
Primeiramente, buscou-se conhecer a opinião de diver-
sos assistentes sociais, em outubro de 1976, através de uma
pesquisa lançada no I I Congresso Brasileiro de Assistentes
Sociais, realizado, naquela data, em Recife.
A seguir, em agosto de 1977, ofícios dirigidos a 276
profissionais solicitaram sugestões sobre a retomada do
Documento de Araxá para um estudo e possível reformu-
lação.
Dessas medidas preliminares, das respostas e sugestões
recebidas, resultaram, em primeiro , a opção pela não alte-
ração do Documento de Araxá e, portanto, pela sua preser-
vação histórica, e, em segundo, a compreensão de novas
proposições, que levaram à identificação de questionamen-
tos básicos. Emergiram, pois, as novas propostas, que
indicam o segundo objetivo do Seminário: ensejar refle-
108 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 109

xões sobre novas proposições que, no momento, estão a É preciso ressaltar a participação bastante ativa e dedi-
exigir um esforço de crítica e formulação teórica. cada dos elementos dos grupos no estudo desses temas.
Fo ram relacionados três questionamentos interdepen- Quanto ao 3.° objetivo do Seminário — provocar ques-
dentes: tionamentos sobre a viabilidade das proposições face à
Realidade Brasileira — fo ram convidados especialmente
Questionamento I — O Serviço Social numa perspecti- assistentes sociais, um de cada Estado, para prepararem
va do método científico de cons- documentos relativos a programas desenvolvidos em seu
trução e aplicação do Serviço Estada, indicando: a aplicação de métodos ou teorias; da-
Social. dos sobre a intervenção do Serviço Social; campos de
atuação; escolas e número de assistentes sociais.
Questionamento I I — O Serviço Social a partir de uma Assim, chegou-se ao resultado seguinte:
abordagem de compreensão, ou Recebeu a Coordenação seis trabalhos, elaborados nessa
seja, interpretação fenomenold- fase preparatória do Seminário: três do Rio de Janeiro e
gica do estudo científico do Ser- três de São Paulo (entre estes, dois eram roteiros de refle-
viço Social. xão ). Os grupos de Porto Alegre não enviaram nenhuma
Questionamento I I IzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
— O Serviço Social a p artir de uma contribuição, embora tivessem realizado diversas reuniões
abordagem dialética, o u seja, teo- preparatórias.
ria de interpretação com base no
método dialético, entendido em Tema-questionamento I
sentido metodológico: a relação
entre o objeto construído por 1. A cientificidade do Serviço Social. (Rio de Janeiro)
uma ciência, o método emprega- 2. Reflexões sobre o processo histórico-científico de
do e o objeto real visado por construção do objeto do Serviço Social. (São Paulo)
essa ciência.
Tema-questionamento II
Foi proposto, então, que a elaboração dos documentos
de base do Seminário, abordando esses três temas, tivesse 3. Reflexões sobre a construção do Serviço Social a
a participação, em grupo, de assistentes sociais. O critério p artir de uma abordagem de compreensão, ou seja,
adotado para a localização dos grupos fo i a existência de interpretação fenomenológica do estudo científico
Cursos de Mestrado em Serviço Social, recaindo daí a esco- do Serviço Social. (Rio de Janeiro)
lha em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. 4. Roteiro de reflexão: Fenomenologia e Serviço Social.
A Coordenação Técnica do Seminário comunicou-se pes- Proposições a serem discutidas pelos grupos. (São
soalmente com as três capitais mencionadas, em fevereiro Paulo)
e março de 1978, ficando constituídos, em cada uma, três
grupos, para a abordagem dos três temas. Convencionou- Tema-questionamento III
se, também, quanto aos grupos: os membros deveriam ser
assistentes sociais brasileiros; o número de membros seria 5. Serviço Social e Cultura — uma alternativa para
irrestrito ; haveria a escolha de um coordenador de grupo, discussão das relações assistente social/ clientela.
que seria o elemento de ligação com a Coordenação Téc- (Rio de Janeiro)
nica do Seminário; participariam do Seminário, no máxi- 6. Roteiro de reflexão: Dialética e Serviço Social. (São
mo, seis representantes de cada grupo. Paulo)
110 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 111

Recebeu, também, a Coordenação oito trabalhos relati- em sessão plenária, sobre os questionamentos feitos sobre
vos à Realidade Brasileira e o Serviço Social, que deverão ele.
ser considerados em estudos posteriores para dar conti- O Capítulo I I aborda o Serviço Social e a fenomenolo-
nuidade a este Seminário. gia, e inclui: a conferência inicial, pela Pro f. Creusa Ca-
a

palbo, que expõe os aspectos da fenomenologia que podem


O SEMINÁRIO interessar o Serviço Social; o documento de base, prepa-
rado pelo grupo do Rio de Janeiro (ver acima item 3), se-
O Seminário desenvolveu-se dentro da seguinte metodo- guindo-se as considerações feitas, em sessão plenária, em
logia de trabalho. torno dos questionamentos levantados sobre esse documen-
O programa constituiu-se dos três temas básicos rela- to . Inclui ainda o roteiro de reflexão, preparado pelo grupo
tivos aos questionamentos acima referidos: de São Paulo, sobre a abordagem fenomenológica no Ser-
viço Social (ver item 4).
1. O SERVIÇO SOCIAL E A CIENTIFICIDA DE. O Capítulo I I I apresenta o Serviço Social e a dialética,
e inclui: a conferência inicial, pela Pro f. Creusa Capalbo,
a

2. O SERVIÇO SOCIAL E A FENOMENOLOGIA. sobre o pensamento dialético em nossos dias; o documento


3. O SERVIÇO SOCIAL E A DIALÉTICA. de base, preparado pelo grupo do Rio de Janeiro (ver aci-
ma item 5), seguido das considerações, em sessão plenária,
Estudou-se cada tema, através de: sobre os pontos abordados nos questionamentos sobre o
documento. Inclui ainda o roteiro de reflexão preparado
— conferência: subsídios filosóficos para a reflexão so- pelo grupo de São Paulo sobre o mesmo tema (ver acima
bre o Serviço Social; item 6).
— estudo em grupos: leitura e análise crítica de um ou
mais documentos sobre o tema, levantando-se novos
questionamentos sobre eles;
— sessão plenária: apresentação da síntese dos questio-
namentos levantados sobre os documentos, interpre-
tados pelos redatores dos respectivos documentos.

O Seminário evidenciou principalmente um esforço re-


flexivo, como um processo que continua em aberto, e de-
mandará novos estudos, outros encontros, uma constante
perspectiva crítica. Não houve intenção de chegar a con-
clusões, mas de co ntribuir para a vitalidade desse processo.
Esta publicação apresenta os trabalhos do Seminário
na ordenação seguinte:
O Capítulo I versa sobre o Serviço Social e a cientifici-
dade, e inclui dois documentos de base. O primeiro , pre-
parado pelo grupo do Rio de Janeiro (ver acima item 1),
seguido da apresentação das considerações, feitas em ple-
nário, sobre os questionamentos levantados sobre o do-
cumento. O segundo, preparado pelo grupo de São Paulo
(ver acima item 2), igualmente seguido das considerações,
O SERV IÇO S O C IA L E A C I EN T I FI C I D A D E
1.1zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Documento de Base

A CIENTIFICIDA DE DO SERVIÇO SOCIAL

Balbina Ottoni Vieira


Maria Cristina Salomão de Almeida
Maria da Glória Nin Ferreira (Coordenadora)
Maria Teresinha Bruzzi de Andrade
Tecla Machado Soeiro
(Rio de Janeiro)

Apresentação

O presente trabalho, como subsídio para os estudos do


I I I Seminário Nacional de Teoria do Serviço Social, tem
como tema a CIENTIFICIDA DE NO SERVIÇO SOCIAL.
O grupo preocupou-se, inicialmente, em conceituar "cien-
tificid ad e" e para tal partiu do estudo do livro "DINÂMI-
CA DA PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIA IS", nele encon-
trando duas contribuições valiosas:

— a possibilidade de se explicar o que se passa, a nível


fenomenológico, nos fenómenos sociais onde o ho-
mem intervém como agente, através do processo da
ação;
— a possibilidade de serem utilizadas quatro diferentes
abordagens metodológicas para a constituição do
objeto nas ciências sociais.

Sem se preocupar com a indagação se o serviço social


é uma arte o u uma ciência, e não pretendendo apresentar
116 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 117
uma exemplificação inédita de teorização, o grupo decidiu
tomar como referência uma das construções teóricas do tratados pelos métodos que demonstraram seu valor no
serviço social já realizadas, sendo escolhida a tese de Ho- estudo dos sistemas materiais.
w ard Goldstein em seu livro "SOCIA L WORK PRACTICE- Isso não significa que seja necessário "red uzir" os fe-
A UNITA RY APPROACH". nómenos humanos a seus substratos biológicos e/ ou físi-
Evidentemente, outros autores e obras poderiam ter sido cos, mas tentar explicar o que se passa a nível fenomenoló-
utilizados, tanto para a conceituação de cientificidade gico, i.e., ao nível dos "observáveis" a partir do comporta-
quanto para referenciar o estágio atual da teorização do mento dos constituintes elementares do sistema estuda-
serviço social. Poderiam ser lembrados, entre outros, di- do, por meio de hipóteses estatísticas convenientes sobre
versos autores latino-americanos, a excelente contribuição esses constituintes (o subjacente).
de Harriett M . Bartlett em sua obra já traduzida e publi- Tal redução constituiria uma explicação "real" dos fe-
cada, "A BASE DO SERVIÇO SOCIA L", ou, ainda, a tese nómenos humanos, em termos de fenómenos elementares,
de Anna Augusta de Almeida, "POSSIBILIDA DES E LI- estabelecendo uma analogia fo rmal entre o funcionamen-
MITES DA TEORIA DO SERVIÇO SOCIA L", recentemente to de uma entidade física complexa e o de uma unidade
publicada. de comportamento e/ ou de uma unidade de interação so-
A escolha recaiu em Goldstein, entretanto, porque sua cial.
obra ainda não é bastante conhecida dos brasileiros e me- A outra possibilidade consiste em renunciar completa-
rece ser divulgada e analisada, pela riqueza de informa- mente a todos os recursos sugeridos pelas ciências da na-
ções e elevado grau de sistematização que oferece, dentro tureza e fo rjar um instrumental original de análise, adap-
de uma linha simples e atualizada. tado à própria natureza do objeto estudado, i.e., do que
pertence propriamente ao contexto da ação.
Ora, ação não é um processo "em terceira pessoa", pas-
Conceito de cientificidade 1 sível de ser analisado em termos de variáveis, de ser ins-
crito num esquema de exterioridade; é um processo que
Uma grande interrogação se ergue a propósito do es- é a aplicação de um sentido e que é constituído de um ex-
tudo dos fenómenos sociais. Pode-se recorrer nesse do- tremo ao outro por tal aplicação.
mínio aos métodos que mostraram seu valor no domínio Se se quer chegar a um verdadeiro conhecimento da
das ciências da natureza? A própriazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ideia de um conheci- realidade social, é necessário captá-la (a ação) em sua pró-
mento científico é aplicável quando tratamos de uma or- pria produção, i.e., considerar a ação nela mesma, em sua
dem de realidade, na qual o homem intervém a título efetuação e não em seus efeitos.
essencial enquanto agente? Assim, ao esquema da explicação que utiliza a linguagem
Desde o momento em que a ação desempenha um pa- do sistema, opõe-se o esquema da compreensão que utiliza
pel, existe inevitavelmente referência a motivações, obje- a linguagem do sentido. Cada um desses procedimentos
tivos, valores. Será que essa ordem de realidade é possível traz dificuldades. No primeiro , ao tratar os fatos como
de ser objetivada? Duas possibilidades se apresentam: a coisas, rejeitamos o que é de ordem das significações, das
primeira é encontrar um meio de analisar os fenómenos intencionalidades, das finalidades, dos valores, enfim, tudo
sociais em particular, colocando os agentes entre parên- aquilo que constitui a face interna da ação. Na segunda, o
teses e fazendo aparecer os "sistemas", que poderiam ser caminho da compreensão poderá nos levar de maneira ine-
vitável a uma perspectiva subjetiva.
1
Qual então o melhor método? O essencial é encontrar
BRU Y N E, Paul de, H ERM A N Jacques e S C H O O T H EET E M are. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Dinâmica da Pesquisa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Francisco A lves, um método, graças ao qual seja possível, em princípio,
atingir uma concepção concordante. O que está em ques-
118 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 119

tão neste debate é a ideia de um conhecimento cientifico No entanto, não é possível indicar de modo preciso em
dos fatos sociais. que consistem essas determinações gerais, que caracteri-zyxwvutsrqponmlkji
Parece que a única noção coerente e precisa de cientí- aam a ideia de cientificidade em sua significação mais ge-
ficidade é adotar o caminho da análise sistemática. ral, pois é apenas no "d ev ir" efetivo da ciência que esta
A cientificidade representa uma ideia reguladora, não ideia se mostra a nós. Portanto, não é possível elaborar
um modelo determinado, considerado elaborado uma vez uma metodologia das ciências humanas, tomando como
po r todas, ou em vias de elaboração. O empreendimento norma direto ra uma ideia de cientificidade já constituída.
(tal como se desenvolveu no quadro das ciências da natu- Mas se esse esforço não pode ser medido po r uma nor-
reza) desenvolveu-se simultaneamente em dois planos: o ma preestabelecida, nem por isso é arbitrário. Ele é leva-
dos conteúdos e o dos critérios, o que significa que sempre do por uma intencionalidade de constituinte que se asse-
se duplicou com sua própria metateoria, sem contudo es- gura de si mesma e descobre suas próprias virtualidades
tar consciente disto. A epistemologia moderna, po rtanto , no próprio procedimento, no qual se realiza. A pesquisa
representa a passagem ao estado explícito dessa metateo- é sempre tateante, mas ao pro gredir elabora critérios que
ria imanente: lhe permitem orientar-se de modo cada vez mais preciso,
os quais, aliás, ela não pára de aperfeiçoar, confrontando
— no plano dos conteúdos, vemos o empreendimento de modo crítico os métodos utilizados e os resultados. De
elaborar seus métodos, fo rmular seus princípios, es- um ponto de vista lógico, a aquisição efetiva de um sa-
tabelecer seus resultados; ber é comandada po r uma metodologia que obedece, ela
— no plano das normas (critério s), vemos o empreen- própria, a uma norma direto ra. Na realidade histórica de
dimento procurar um caminho, tateando, retifican- seu devir, o procedimento científico é ao mesmo tempo:
do-se a si mesmo, abandonando certas vias, orientan- aquisição de um saber, aperfeiçoamento de uma metodolo-
do-se, de maneira cada vez mais decidida, para cer- gia e elaboração de uma norma. Estamos, assim, diante
tas direções privilegiadas. Existe aqui como que uma de um processo evolutivo caracterizado pela auto-organi-
teleología imanente da pesquisa, mas uma teleolo- zação: o que é produzido em dado momento não é acres-
gía que se constrói sem um "telo s" premeditado, que centado simplesmente ao que já fo i produzido anterior-
estabeleceria "a p rio ri" o devir da ciência. mente, mas cria condições novas que tornarão possível
uma produção futura.
Quando a reflexão sobre a ciência se organiza de ma- Para se conseguirem, no interio r da ciência, os proces-
neira explícita, nada mais faz do que passar para a expres- sos constituintes, a epistemologia deve d irigir sua atenção
são esse processo interno de autofinalização; é o que ex- para os procedimentos o u momentos genéticos do devir e
plica que as formulações que lhe propõe possam ter um não para os resultados da ciência já constituída.
caráter no rmativo . A norma de que se trata não vem de A ciência não é simplesmente o prolongamento da visão
nenhum o utro lugar, senão do próprio processo, pelo qual espontânea do mundo, ou uma formulação um pouco so-
a ciência se co nstitui em seu devir histórico. fisticada do que se oferece à percepção. Ela só consegue
O que parece essencial não é o resultado a que se che- fazer com que captemos aspectos inéditos da realidade, na
medida em que começa po r substituir o campo perceptivo
gou, mas o processo de interação que levou a esse resul- po r um domínio de objetos que ela constrói por seus pró-
tado. prios meios. É, precisamente, partindo da construção do
Se existe um "d ev ir" da ideia de cientificidade, devemos objeto que se poderá captar o aspecto dinâmico do proce-
ad mitir que existem determinações imanentes que impõem dimento científico. Isto porque essa própria construção
ao processo histórico o seu aspecto, comandado po r condi- deve ser compreendida como um processo dinâmico do
ções mais gerais. procedimento científico.
Teorização do Serv. Social 121
120 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Espaço Metodológico
Não existe, po rtanto , um momento no qual se poderia
dizer que a construção do objeto está acabada e que a fase Dialética
da análise começa; na realidade, a construção prossegue. Tipologias
Fenomenologia Quadros Tipo ideal
A construção é, pois, uma operação contínua, nunca acaba- Quantificação Sistemas
da, pois a p artir do momento em que se conseguir (a cons- Métodos de
Lógica hipotético- Análise Modelos estru-
trução) não tarda a suscitar novos problemas. dedutiva turais
O objeto científico não está colocado na esfera ideal de
sua existência por uma espécie de iniciativa absoluta do
pensamento. Ele é elaborado num meio preexistente, feito
de esboços operatórios diversos, articulados uns sobre os
outros, de maneira precisa e definindo um espaço de vir- Pólo Epistemológico Pólo Morfológico
tualidade do qual o objeto, uma vez construído, represen-
tará uma das atualizações possíveis. Este campo consti-
tuinte é o da prática metodológica, que poderá ser estru-
turado a partir de quatro pólos: o pólo epistemológico — \
Pólo Teórico zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
Pólo Técnico
o pólo teórico — o pólo morfológico e o pólo técnico.
Esse espaço metodológico quadripolar não configura
momentos separados da pesquisa, mas aspectos particula-
res de uma mesma realidade de produção de discursos e Quadros Positivismo Modos Estudo de caso
de práticas científicas. de Compreensão de Estudo comparativo
Esses quatro pólos (cada um dos quais determina uma Referên- Funcionalismo Inves- Experimentações
articulação específica em categorias organizadoras subor- cia Estruturalismo tigação Simulação
dinadas) induzem, no campo da prática metodológica, a
tensões que to mam precisamente esse campo produtivo.
Em outras palavras, as interações que se criam entre os sição de uma variedade de teorias e conceitos que
pólos levam o campo a um determinado potencial de pro- explicam as várias dimensões da personalidade, a
dutividade e poder-se-ia representar a constituição do obje- dinâmica dos grupos e das famílias e a atividade das
to, como o aparecimento de uma singularidade do campo, organizações e das comunidades prepara o assisten-
em condições que são determinadas pela natureza das inte- te social para selecionar e utilizar, com liberdade e
rações entre as condições de produção do saber. flexibilidade, os que forem aplicáveis às suas tare-
fas."2

A tese de Howard Goldstein A outra questão, a mais importante de acordo com o


autor, e para cujo esclarecimento pretende colaborar em
De acordo com o autor, a afirmativa de que o serviço sua obra, refere-se a como os conhecimentos das ciências
social tem uma base comum de conhecimentos suscita sociais e do comportamento podem ser sistematizados e
duas questões principais. ordenados para oferecerem ao serviço social uma funda-
Uma diz respeito à identificação dos conhecimentos que mentação coerente com a prática.
compõem essa base comum, e Goldstein afirma que:
G O LD S T EI N , Howard,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
Social W ork PracticezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXW
— A unitary approach.
"A prática do serviço social não é orientada pelos
2

South Caroline, University S.C. Press. 1973. P. 17.


conceitos de uma única teoria. Ao contrário, a aqui-
122 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 123

Partindo desses pressupostos, uma das primeiras preo- Assim, pro cura demonstrar que o serviço social tem sua
cupações do autor é a de classificar os conhecimentos apli- própria substância e estrutura (propósitos, objetivos e ope-
cáveis na moderna prática do serviço social em quatro rações) que se virtualizam pela interação de três sistemas
grandes níveis, informando que irá desenvolver o seu tra- principais: o sistema-assistente social, o sistema-cliente e o
balho utilizando os dois níveis intermediários. Os quatro sistema-mudança.
grandes níveis são: Cada um desses sistemas é analisado e um grande des-
taque é dado, no 6.° capítulo da obra, aos objetivos da
— conceitos gerais — são a mais alta ofdem de abstra- prática do serviço social. Segundo o autor:
ção; servem para organizar e expandir percepções e
ajudar na aquisição das grandes bases de entendi- "O objetivo do serviço social é a orientação do pro-
mento de certos fenómenos em termos conceptuais
e hipotéticos; teorias e conceitos de personalidade, cesso de aprendizagem social, um processo que se
ordem social e desvio podem ser colocados neste desenvolve dentro do contexto e como consequência
nível de conhecimentos; de um relacionamento humano intencio nal." 8

— conceitos funcionais — são de natureza mais especí- Embora o autor tenha explicado a cientif icidade do ser-
fica; provêm da compreensão de fenómenos particula- viço social, esse capítulo é um esboço de uma teoria em
res e, po r sua objetividade e lógica, fazem esses fe- serviço social,
nómenos acessíveis à manipulação; incluem-se, por O conceito de aprendizagem social é analisado de modo
exemplo, aspectos da teoria da comunicação e da a eliminar os aspectos semânticos que o ligam a atividades
dinâmica de grupo; escolares e a relacioná-lo com o serviço social. Segundo o
— estratégias — são guias para uma eficiente e efetiva autor:
aplicação de conhecimentos em dadas situações; são
prescrições para ação em circunstâncias especiais; "O ajustamento social e a mudança são produtos de
uma série lógica de experiências de aprendizagem
— ações — são operações táticas; são os procedimen- que não se referem a modos, técnicas ou práticas
tos explícitos empregados em relação a unidades so- escolares."4

ciais, problemas ou tarefas específicas, dentro de li-


mites particulares. Tendo colocado a prática do serviço social como um
meio e não como um f im em si mesmo, o autor dirá que o
Após essas considerações, o autor irá desenvolver a p ri-
significado da intervenção do serviço social se encontra na:
meira parte de sua obra, sob o título "Base conceptual da
prática". Ele constrói, então, uma teoria sobre a prática " . . . competência profissional do serviço social está
do serviço social, a qual, se fo r analisada a p artir do mo- na habilidade para, responsável e conscientemente,
delo topológico da pesquisa, utiliza: entrar e tornar-se uma parte do complexo sistema
da interação humana para produzir mudanças nos
— no pólo epistemológico — o método fenomenológico; padrões existentes de cognição e comportamento." zyxwvutsrqponm
6

— no pólo teórico — o quadro de referência estrutural-


funcionalista;
Op.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCB
cif., p. 5.
— no pólo morfológico — o quadro de análise sistémico;
8

* Idem, p. 154.
— no pólo técnico — o estudo comparativo. 6
Idem, p. 6.
124 Teorização do Serv. Social
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 125

Especificando mais o propósito central do serviço social, MODELO TOPOLÓGICO DE PESQUISA


diz que o mesmo é:
Pólo Função órbita
" . . . preparar os meios e as oportunidades pelos
quais as pessoas podem alcançar, achar alternativa, Epistemo- •vigilância crítica — processos discursi-
organizar-se a respeito, opor-se, ou, então, caminhar lógico •garantia da objeti- vos ou métodos
livremente, havendo-se com condições que interfe- vação, i.e., da pro- muito gerais
rem em sua vida pro d utiva." 8
dução do objeto • dialética
científico • fenomenologia
Como a aprendizagem é negociada (tro ca de informações • explicitar regras de • lógica hip o tétic o -
e de conhecimentos) através dos processos de comunicação, transformação do dedutiva
esses processos são também analisados. Como a busca de objeto científico • quantificação
fins, imediatos ou futuros, é um motivo típico da condição • criticar seus fun- (não se excluem mu-
humana, o autor associa às suas reflexões o estudo do pro- damentos tuamente)
cesso de solução de problemas.
Como conclusão da primeira parte do trabalho, o autor Teórico —guiar a elaboração — quadros de referên-
oferece um modelo, uma configuração da prática do ser- ' das hipóteses e a cia
viço social, que reúne: construção dos con- • positivista
ceitos • compreensivo
— como processos desenvolvidos pelo sistema-cliente — é o lugar da for- • funcionalista
— a solução de problemas e a aprendizagem; mulação sistemáti- • estruturalista
ca dos objetos cien- (inspiram o pólo teó-
— como processo desenvolvido pelo sistema-assistente tíficos rico — fornecem os
social — a intervenção; paradigmas)
— como processo bidirecional — o processo de comu-
nicação. Morfológico -enunciar regras de — quadros de análise
estru tu raç ão , de • tipologia
Tais processos ocorrem simultaneamente durante as formação do objeto • tipo ideal
três fases da prática do serviço social: inicial, nuclear, científico • sistema
final. - impõe uma certa fi- • modelos
gura, uma certa or- estruturais
Na segunda parte da obra, intitulada "A s estratégias dem em seus ele-
e negociações da prática do serviço social", o autor pro- mentos
cura demonstrar a operacionalidade de seu modelo téc- -modelos/ cópia ou
nico, oferecendo as normas gerais para as ações profis- simulacros
sionais e uma farta exemplificação, sem pretender esgotar
todas as possibilidades do modelo. De acordo com sua Técnico —co ntro lar a coleta — modos de
proposição, essas normas gerais (estratégias) podem apli- de dados investigação
car diferentes teorias e aplicar-se a diferentes tipos de — constatar os fatos • estudos de casos
p ara confrontá-los
clientes e de ambientes. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA • estudos
com a teoria que os comparativos
suscitou • experimentações
8
Idem,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
p, 7. • simulação
CBCISS
reorteaçõo do Serv. Social 127
126
O s elementos essenciais do service social: o b j * » d o serviço social. De-
Conclusão zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAbâtes Sociais- Suplemento, Rio de Janeiro, (2):26-35, jun., i « w .
T RA BA JoT ocial dentro del proceso de cambio. Revista de Traba,o Social,
Se o Serviço Social fo r considerado simplesmente como Rarw l nna (58V91-113, 2° trim., 1975.
descrição e transformação de situações existentes estará V I EI R A Balbina Ottoni. Serviço social: processos e téenicas. Rio de
fo ra da prática científica, a qual supõe ter como objeto o Janeiro, A gir, 1969. 391 ps., ps. 36-7.
conhecimento, a explicação. Em outras palavras, se os
aspectos epistemológicos e teóricos forem negligenciados
em proveito apenas de manipulações técnicas de caráter
pragmático e terapêutico, a discussão sobre a cientifici-
dade do Serviço Social talvez se encontre encerrada antes
mesmo de iniciada.
Mas, se o caráter cientifico do Serviço Social puder ser
interpretado como o da busca de um consenso intersubje-
tivo sobre um campo delimitado de análise sobre o qual
se estruturam conhecimentos e conceitos próprios ou ori-
ginados das ciências humanas de um modo geral, para
uma posterior aplicação, então será possível declarar a sua
existência e acolher as ideias de Goldstein como uma valio-
sa contribuição à construção do Serviço Social científico.

LEVA NTA MENTO BIBLIOGRÁFICO zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA


Publicações do CBCISS sobre o Objeto do Serviço Social zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A SSO CIA ÇÃ O BRA S I LEI RA D E ES C O LA S D E SERV IÇO S O C IA L, Rio
de Janeiro. //. Curso de aperfeiçoamento para docentes de serviço so-
cial; reflexões sobre natureza e metodologia de ação social, Rio de
Janeiro, 1967. 243 ps., ps. 42-4.
FO N T O U RA , A maral. Introdução ao serviço social. Rio de Janeiro, Mareei
Berens, 1950. 512 ps., ps. 61-85.
JU N Q U EIRA , Helena Iracy. O serviço social como profissão. Rio de Ja-
neiro, CBCISS, 1974. 10,14 ps.. ps. 2-8 (CBCISS, 87).
K FO U R Y . Nadyr Gouvêa. Determinação do objeto de serviço social e os
problemas que coloca. Debates Sociais, Rio de Janeiro, 8(14):25-38,
maio, 1972.
S ILV A , Ilda Lopes Rodrigues da. Introdução ao pensamento de M ary
Richmond: construção do diagnóstico social. Rio de Janeiro, PUC,
1976, 97 ps.
S ILV A , M aria Lúcia Carvalho da. Objeto do serviço social: nova propo-
sição. Rio de Janeiro, CBCISS, 1977, 39 ps. (CBCISS, 126).
S O EI RO , Tecla M achado. Bases de uma reformulação do serviço social:
o objeto do serviço social: Debates Sociais- Suplemento, Rio de Janeiro,
(4): 123-68, nov., 1970.
1.1.1 CONSIDERAÇÕES EM TORNO DOS QUESTIONA-
MENTOS LEVANTADOS NO SEMINÁRIO SOBRE
O DOCUMENTO DE BASE 1.1: Cientificidade do
Serviço Social

I .zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Apresentação

O grupo, diante do tema que lhe cabia desenvolver, "A


cientificidade do Serviço Social", resolveu partir da ideia
contida no livro de DE BREYNE e outros sobre a "Dinâ-
mica da Pesquisa em Ciências Sociais", sem a preocupação
do objeto específico do Serviço Social.
No livro , encontrada a pluralidade dos procedimentos
científicos, o grupo achou que todos ajudavam à constru-
ção do Serviço Social.
Neste momento, achou por bem escolher um exemplo
de construção da teoria científica do Serviço Social e
tomar o livro de HOWARD GOLDSTEIN, que, partindo do
pólo epistemológico, apresenta um corte fenomenológico
do Serviço Social, chegando ao final a um quadro de
análise sistémico. Goldstein, na sua obra, visa a uma
operacionalidade, partindo de conceitos fundamentais e
estratégicos.

II. Questionamentos e respostas

Os vários questionamentos apresentados pelos subgru-


pos em plenário fo ram agrupados pelo seu conteúdo, sem
a preocupação de identificar de qual dos subgrupos partiu,
assim como a ordem de procedência.
130 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 131

1. A dmitida a pluralidade de procedimentos científicos, 4. Questiona-se a afirmação de que a compreensão po-


por que a preocupação do objeto específico do Ser- derá levar inevitavelmente a uma perspectiva sub-
viço Social? jetiva: poderá ou não levar a essa perspectiva?

A dmitimos a pluralidade para construir a ciência e por Este questionamento é também colocado pelos próprios
isso mesmo escolhemos um autor que procura o científico autores do livro "Dinâmica da Pesquisa em Ciências So-
no Serviço Social. No entanto, não tivemos a preocupação ciais" na p . 11. No nosso trabalho não houve uma afirma-
de chegar ao objeto do S. S., mas, simplesmente, verificar ção neste sentido, mas a confirmação dos riscos apresen-
como Goldstein o pro curo u. Goldstein nos dá um referen- tados pelos autores quanto ao método compreensivo.
cial, critérios que auxiliam a chegar a uma teoria.
5. O grupo assume a proposição de que o Serviço Social
2. Qual a contribuição que o estudo do grupo trouxe deva aplicar somente conhecimentos de outras disci-
para o Serviço Social? plinas, conforme colocações do seu estudo na p . 18.
Qual a postura que o grupo adota?
O esquema adotado ajuda a pensar e a elaborar sobre a
Em Teresópolis fo ram admitidos três níveis de conhe-
científicidade do Serviço Social. Existem vários esquemas
para se avaliar a científicidade. Tínhamos que optar po r cimentos ou seja:
um e optamos por este. Fo i altamente gratificante para — conhecimentos para o S. S. (de outras ciências);
o grupo verificar a coerência de Goldstein no desenvolver
de suazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ideia, enfim, num método que tem como objetivo a — conhecimentos sobre o S. S. (que é, sua evolução, seu
científicidade do Serviço Social. Goldstein nos apresenta histórico, etc.);
uma sistemática, um procedimento científico para o Ser- — conhecimentos do S. S. (a partir de conhecimentos
viço Social, provou que é possível realizar isto . Apresen- prévios e da prática).
tamos um trabalho baseado num estudo já feito . Para
entendê-lo é indispensável ter lido Goldstein. O grupo não concorda que se deva tomar ou adotar
posições de outras disciplinas. É bem possível que nem
mesmo Goldstein tenha sido bem interpretado. Acredita-
3. Se o movimento de reconceituação questiona as co- mos que só se possam produzir conhecimentos de Serviço
locações funcionalistas, por que a escolha do modelo Social a partir da conceituação do objeto fo rmal do Ser-
de Goldstein? viço Social. Para Tecla Machado Soeiro, membro do grupo.,
esta é a sua tese há muito tempo.
Não existe uma só corrente de reconceituação. O movi-
mento de reconceituação não é um privilégio dos latino- 6. Goldstein tem abordagens sistémicas, mas, episte-
americanos. Goldstein se fundamenta na teoria do conhe- mologicamente, é fenomenológico. Por que apresen-
cimento e na teoria da aprendizagem e nisto se aproxima tar então o seu modelo como sistémico (pólo mor
da linha latino-americana, está preocupado com a recon- fológico)?
ceituação. No entanto, não há dúvida que pertence à cor-
rente funcionalista, aliás muito fo rte nos Estados Unidos. Realmente parece uma contradição. Goldstein analisa o
A ciência pode chegar à verdade por vários caminhos, sem Serviço Social como fenómeno e procura sua intenciona-
necessidade de abandonar o que está para trás quando lidade, mas, quando situa o Serviço Social como um siste-
isto fo r considerado procedente. ma dentro de outro sistema, usa a linguagem da teoria
132 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

dos sistemas. E mais aínda quando procura operacionali-


zar. Só um estudo mais profundo de conteúdo poderia
superar o impasse.

7. Se o grupo adota urna postura fenomenológica, como


explicar a questão dos objetivos sistémicos implíci-
tos na visão de Goldstein?

Colocamo-nos numa postura fenomenológica para pro-


curar entender a proposta de Goldstein, fosse qual fosse 1.2 Documento de base
sua posição, no caso, sistémica. O que ele tenta é opera-
cionalizar, e pareceu-nos válido tomar este autor para aná-
lise, mesmo sendo ele sistémico. REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO HISTÓRICO-
CIENTIFICO DE CONSTRUÇÃO DO OBJETO DO
SERVIÇO SOCIAL

Denise M . F. P. Delgado
Helena Iracy Junqueira
Maria do Carmo B. Falcão
Maria Jo sé T. Peixoto
Maria Lúcia Carvalho da Silva (Coordenadora)
Suzana A . R. Medeiros
Consultores:
Evaldo Â. Vieira
Geraldo Pinheiro Machado
(São Paulo)

" A transformação das ideias e ações tem três momentos


decisivos: a opção por uma estratégia e uma tática; a opção
por certas técnicas operativas; e a análise da ação realizada
para recolher juízos que enriqueçam ou modifiquem a
teoria da qual partimos.
Somente assim procedendo, com todos os requisitos da
ciência, o Serviço Social poderá considerarse realmente
uma praxis, na perspectiva de um continuum dialético."

HERMAN C. KRUSE
" Introducción a la teoría científica
del Servicio Social" zyxwvutsrqponmlkjihgfedcba
— 1972
134 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 135

I. Apresentação Quanto às indagações realizadas sobre o objeto do Ser-


viço Social fo ram ressaltadas as seguintes:
Em Araxá, Estado de Minas Gerais, de 19 a 26 de março
de 1967, o CBCISS promoveu um encontro de trinta e oito — qual o objeto do Serviço Social: o homem com pro-
assistentes sociais, denominado " I Seminário de Teoriza- blemas ou o homem como sujeito do processo de
ção de Serviço Social", do qual resultou o "Documento de transformação, ou seja, como agente de mudança?
A raxá" (D.A .), publicado em número especial da revista — o objeto do Serviço Social se encontra na interação
Debates Sociais, em maio daquele mesmo ano. social; nas situações-problemas; no homem como ser
O D.A. alcançou significativa repercussão não só entre individual; no homem como ser social; no homem
assistentes sociais, instituições de ensino, órgãos de classe como pessoa?
e entidades de Serviço Social do Brasil, como da América
Latina e dos E.U.A., atingindo, assim, seu escopo principal Nos sete encontros regionais não fo i possível buscar-se
que era suscitar debates e estimular novos estudos e possíveis respostas às indagações acima, que passaram a
esforços de teorização de Serviço Social, particularmente ser formuladas em termos de algumas propostas genéricas
em nosso País. no " I I Seminário de Teorização de Serviço Social", pro-
O DA., em síntese, considera e expõe alguns componen- movido pelo CBCISS de 10 a 17 de janeiro de 1970, em
tes básicos da natureza do Serviço Social, aspectos de Teresópolis, Estado do Rio de Janeiro, com a participação
sua metodologia de ação, e adequação de sua dinâmica de trinta e três assistentes sociais.
operacional à realidade brasileira. O tema central desse I I Seminário versou sobre a meto-
Em 1968, tendo em vista oportunizar uma análise ampla dologia do Serviço Social face à realidade brasileira, em
e crítica do DA., o CBCISS, em conjunto com organismos razão de esta área de estudo ter sido reconhecida como
de Serviço Social, realizou sete (7) encontros regionais, de grande necessidade nos sete encontros regionais.
respectivamente, nos Estados de Goiás, Ceará, Amazonas, Assegurou-se, assim, uma linha de continuidade de ques-
Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de tionamento e sistematização teórica de Serviço Social, ini-
Janeiro, com a participação de 741 assistentes sociais. ciada em Araxá e imprescindível a um processo de acumu-
A síntese dos resultados dos sete encontros regionais fo i lação e renovação científica.
igualmente publicada na revista Debates Sociais, em agosto Desse I I Seminário resultou o "Documento de Teresó-
de 1969, em número especial, e contém considerações e p o lis" (D.T.), publicado na revista Debates Sociais, Suple-
opiniões sobre a validade teórica, aspectos omissos, for- mento n.° 4, em novembro de 1970, e também muito
mulações, indagações e recomendações relativas ao D A . divulgado.
Entre pontos omissos de maio r relevância do DA., no As propostas do objeto do Serviço Social constantes no
que diz respeito aos aspectos gerais sobre a natureza do D.T. expressam que:
Serviço Social, fo i largamente apontada a falta de defini-
ção do seu objeto, pois apenas vagamente se afirma que — o objeto do Serviço Social define-se como o estudo
para as transformações necessárias ao desenvolvimento das formas de "defesa e sobrevivência" dos indiví-
faz-se mister uma ampla e consciente participação do duos e das sociedades e das formas de agressão aos
próprio homem como sujeito e objeto. indivíduos e às sociedades, se um dos fins do Serviço
A determinação do objeto fo i considerada nos sete en- Social fo r a transformação dos homens e das socie-
contros regionais tão essencial à elaboração de um conceito dades (como pretende afirmar o D.A .). Trata-se de
de Serviço Social como a definição de sua natureza e obje- limitar apenas este estudo a alguns níveis institucio-
tivos, abordados mais detidamente pelo D.A. nais (Suely Gomes Costa);
Teorização do Serv. Social 137
136 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
cialistas nas áreas de filosofia das ciências e de sociologia
— o objeto do Serviço Social está na área das "situa- e política, que fo ram, sem dúvida, de especial valia.
ções sociais-problemas" que definem o modelo de Trata-se de um documento que, em virtude do curto
atuação do Serviço Social. Em relação ao problema período de tempo concedido ao grupo para sua feitura
de "necessidades" e "situações sociais-problemas", (inicialmente, um mês e meio e, depois, cerca de dois
podem ser consideradas como dois aspectos de uma
só questão. Neste sentido pode-se dizer que o preen- meses e meio) e das dificuldades sempre existentes de
chimento de necessidades surgidas com o processo tempo disponível e de conjugação de horários convenientes
de desenvolvimento constitui a "situação social-pro- a todos os participantes para reuniões e encontros neces-
blema do desenvolvimento", sendo o conceito de ne- sários, tem limitações evidentes, entre as quais destaca-se
cessidade também relativizado (Jo sé Lucena Dantas); aquela de não se poder ter atingido um grau de profun-
didade desejável.
— o objeto do Serviço Social pode ser definido como o No entanto, a reflexão crítica desenvolvida pelo grupo,
processo de orientação social, ou seja, o processo
desenvolvido pelo homem a f im de obter soluções entre enfoques heterogéneos e divergentes, propiciou um
normais para dificuldades sociais. Esse processo é diálogo de muita abertura, que parece ter condicionado
um dos que se desenrolam no processo social básico uma contribuição, que se pensa criativa, ao se tentar situar
— a interação social — tal como o processo educa- globalmente e não fragmentariamente uma abordagem à
cional (Tecla Machado Soeiro). problemática do objeto do Serviço Social.
Para tanto, o grupo adotou como procedimentos meto-
Tais propostas ensejaram reflexões que, po r sua vez, dológicos, num amplo quadro de pensamento crítico,
motivaram a elaboração de diversas novas proposições expressão livre e espontânea de ideias, relato de experiên-
sobre o objeto e outros componentes da estrutura básica cias vividas de intervenção sócio-profissional, conversas
do Serviço Social e que estão, no momento, exigindo um info rmais, levantamento, leitura e análise de textos espe-
esforço de crítica e formulação mais abrangentes. cíficos referentes ao estudo do objeto do Serviço Social,
É com esta intenção que o CBCISS organiza atualmente levantamento, leitura e análise de material bibliográfico
o " I I I Seminário de Teorização de Serviço Social", no de apoio, redação po r todos os participantes de textos
qual, entre outros temas, propõe para discussão específica preliminares sobre pontos diversos considerados funda-
o problema do objeto do Serviço Social, omisso no D.A., mentais nos debates, segundo ro teiro traçado consensual-
esboçado no D.T. e apresentado em outros trabalhos ou mente, síntese geral desses textos e redação final do
obras de autoria de diversos assistentes sociais, tanto do documento.
Brasil, como da América Latina e dos E.U.A. O estudo assim orientado realizou-se num to tal de oito
reuniões, algumas gerais de todo o grupo, outras, parciais,
com alguns participantes que fo rmaram subgrupos, tendo
II. Introdução em vista facilitar ou acelerar o andamento dos trabalhos.
O grupo assumiu como postura principal a preocupação
O presente documento é fruto de elaboração de um de pro curar uma aproximação à definição do objeto do
grupo de sete assistentes sociais de São Paulo, po rtanto , Serviço Social dentro da compreensão de ciência como
um documento coletivo, em atendimento ao convite feito movimento nascido e consolidado no período histórico
pelo CBCISS para apresentação de subsídios à reflexão moderno, visando ao domínio e apropriação das forças da
do problema do objeto do Serviço Social no I I Seminário natureza e do homem, através de processos específicos
acima referido . de conhecimento, dos quais ressalta-se para o Serviço
Para a elaboração (leste documento o grupo de assis- Social a relação teoria/ ação.
tentes sociais contou também com a consultoria de espe-
138 Teorização do Serv. Social
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 139

Neste sentido, o grupo enfatiza e defende que o estudo tualizadora da atividade prática como fonte de conhe-
do objeto do Serviço Social não se esgota nas teorias do cimento.
conhecimento ou da epistemologia, como fo i geralmente Cada vez mais reconhece-se que o trabalho teórico deve
considerado nos diversos trabalhos até então produzidos, fundamentar-se nos fenõmenos, processos e fatos reais e
mas exige teorias da ação, pois para o Serviço Social a nas ações empreendidas.
ação é a sua própria razão de ser além de colocar-se como Pensa-se que a p artir de u m marco propiciado tanto
fundamento da teoria ou fonte principal de conhecimento. pelas teorias do conhecimento como pelas teorias da ação,
Segue-se, finalmente, o texto do documento, apresentado numa interação dialética destas, será possível imprimir-se
2

em bloco, que se espera possa amadurecer e precisar-se ao processo de reconceituação do Serviço Social caracte-
com as discussões que se processarão no I I I Seminário, rísticas mais científicas.
pois é ainda um material apenas encaminhado ao tema/ Desse modo, a preocupação central do desenvolvimento
desafio que vem sendo a construção do objeto do Serviço científico do Serviço Social redireciona-se no sentido de
Social. procurar superar a antiga distancia entre teoria e ação,
No final do texto encontram-se: notas, contendo concei- com vistas a uma síntese entre ambas, bu seja, a uma
tos de algumas categorias básicas utilizadas, na exposição, praxis' dinâmica e continuamente renovada.
segundo as entende o grupo, e a bibliografia consultada. Incorporando-se ao momento presente de reconceitua-
ção, o grupo que subscreve o documento em pauta preo-
cupou-se primeiramente, como pano de fundo, em consi-
III. Reflexões sobre a natureza do Serviço Social derar a natureza do Serviço Social, através de suas várias
e controvertidas acepções que intentam defini-lo como
A p artir de 1965 vive-se na América Latina e no Brasil ciência, tecnologia, arte e ciência técnica.
um movimento de reconceituação do Serviço Social que O grupo não se perfilo u a nenhuma dessas compreen-
se propôs inicialmente a uma ruptura das influências euro- sões, embora julgue necessário que se processe um maior
peias e norte-americana, a um esforço de revisão do apa- questionamento delas, adotando a acepção que visualiza
rato teórico, metodológico e filosófico da disciplina e a o Serviço Social em estreita correlação com as ciências
uma denúncia da ação profissional como realizada em humanas, na condição atual de prática ou disciplina pro-
função dos interesses das classes dominantes. fissional com virtualidades para se to rnar uma ciência
Atualmente, passados treze anos, pode-se identificar, praxiológica.
como resultados deste movimento de reconceituação, entre
outros, avanços importantes quanto à reformulação teórica O Serviço Social caracteriza-se como prática ou disci-
de alguns tópicos fundamentais do Serviço Social, como plina profissional em virtude de atuar em realidades sociais
revisão dos métodos tradicionais, busca de uma metodo- concretas, mediante processos intencionais de ação trans-
logia básica, questionamento critico da teoria geral, forma- formadora, podendo produzir conhecimentos e teorias a
ção de uma nova consciência ideológica e científica dos p artir e voltado para esta ação e seus resultados.
assistentes sociais. Neste sentido, o Serviço Social se constitui, de fato , isto
Ho je, o movimento de reconceituação adentra nova é, comprovadamente, uma prática o u disciplina profissio-
etapa, qual seja, a de ir além da criação de pré-condições nal, em razão de possuir um corpo de conhecimentos em
ao surgimento ou ressurgimento da epistemologia do 1 relativo grau de sistematização referente a seus compo-
Serviço Social para, numa preocupação de globalidade, nentes básicos, a saber:
encetar também o caminho teórico da abstração concep-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
2 V er nota n.' 2, p. 156.
\ V er nota n.' 1, p. 155. » V er nota n. 3, p. 159.
140 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 141

— valores, ideologias, princípios filosóficos e éticos que Isso implica que a fundamentação científica que o Ser-
info rmam e norteiam a ação; viço Social, como prática ou disciplina profissional, pro-
— objetivos o u finalidades que se propõe alcançar e que, cura desenvolver, alicerça-se, para o grupo, no conceito de
sendo intencionados, postulam posicionamentos; ciência acumulada e renovada do conhecimento, como re-
— conhecimentos sobre os fenómenos objeto da ação; sultado do grau de consciência possível do homem sobre
— método de ação na realidade e processos técnicos o seu meio, isto é, das possibilidades de apropriação e
consentâneos; compreensão progressiva que este faz através de suas re-
— atitudes e habilidades relacionadas ao sentir e agir lações com o mundo circundante.
profissionais. Como consequência, para que a ciência adquira signi-
ficado, é necessário percebê-la em relação:
Na condição de prática o u disciplina profissional o Ser-
viço Social persegue um comportamento progressivamente — ao homem sujeito e objeto da ciência;
científico, visando a que a sistematização de seus conhe- — à unidade dialética teoria/ ação/ teoria;
cimentos e ação se to rne cada vez mais coerente, orgânica, — à historicidade da ciência e de seus métodos.
4

consistente e objetiva.
A este respeito, cabe explicitar que o comportamento Daí, reconhecer-se que, em cada momento histórico, o
científico perseguido pelo Serviço Social é tão-somente um que se entende por "ciência" é a fo rma mais perfeita que
meio e não um f i m em seu processo de construção. pode assumir a capacidade humana para compreender e
Em decorrência, não é demais, segundo o grupo, to rnar discernir a realidade, e que a ação transformadora da rea-
a assinalar que o Serviço Social não alcançou ainda um lidade revela sempre novos aspectos, fenómenos, proprie-
estágio de ciência, embora, na atualidade, se encontre par- dades da existência no e com o mundo, resultando deste
ticularmente interessado e empenhado neste problema, processo o ciclo sem f im do progresso do saber científico
mediante processo intenso e vivo de reflexão, investigação e da ação transformadora do homem.
e sistematização de conhecimentos, propondo-se a efetivar, Não se entende, po r conseguinte, que, em termos de
com prioridade, ação embasada em fundamentos científi- comportamento científico, o Serviço Social se atrele a uma
cos para conhecer, explicar e atuar em dada realidade única abordagem filosófico-científica, pois todas elas se
social. fundamentam numa dada visão e compreensão do homem
Tem-se po r convicção que o Serviço Social assim se e do mundo, ou seja, têm po r base leis e princípios que,
encajninhando chegará a atingir grau ou graus mais avan- po r sua vez, se consubstanciam em modos e sistemas
çados de sistematização, o que lhe permitirá, po r seu para conhecer e atuar.
turno , co ntribuir mais específica e ativamente para inter- Absolutizar ou dogmatizar uma única abordagem seria
câmbio e desenvolvimento das ciências humanas, com as absolutizar um único caminho, ou seja, negar a ciência o u
quais tão intimamente se relaciona, partilhando conheci- o comportamento científico de uma prática ou disciplina
mentos, questões e referenciais teóricos. profissional.
O Serviço Social tem po r pressuposto básico que sua A ssim, é inadequado enclausurar a ciência e o compor-
teoria se elabora num processo dinâmico teoria/ ação/ tamento científico de uma prática ou disciplina profissio-
teoria, o que faz, no âmbito da ciência, ser, pela ação, nal nesta ou naquela corrente filosófica, sociológica, ou
a descoberta de novos fatos e, pelo trabalho teórico, psicológica, em virtude de ser a ciência um movimento
a criação de novas sínteses explicativas de domínios cada anterior a qualquer posicionamento e um pro jeto histórico
vez mais amplos da realidade, constituindo esta relação em permanente construção. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSR
dialética teoria/ ação/ teoria um dos processos mais rele-
vantes do desenvolvimento das ciências. * V er nota n. 4, p. 161.
142 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Sèrv. Social 143

Vale observar, ainda, sob um ângulo de especificidade um ser em situação, sujeito e objeto da história, num
do comportamento científico do Serviço Social, que na continuum v ir a ser e, por isso, capaz de transformar-se
passagem da teoria à ação destaca-se com especial impor- e transformar o mundo.
tância a problemática do valor, cuja análise comporta, en- Para o Serviço Social um valor não deixa de o ser pelo
tre outros, os seguintes aspectos: fato de não ser respeitado num dado momento histórico.
O que diverge dentro de sistemas culturais e políticas
— existência dentro da própria ciência de categorias diferentes são as formas e abordagens de ação do Serviço
valorativas identificadas como valor de ciência, como, Social, podendo-se, neste sentido, falar em operacionali-
po r exemplo, a objetividade;
zação o u instrumentalização de valores para a ação, a par-
— identificação de valores nos fatos observados que tir de um quadro referencial de valores, voltados para um
constituem objeto de estudo dos cientistas sociais, dado contexto.
como, po r exemplo, a escala de valores vivida por Desse modo, o aspecto ideológico faz parte integrante
determinado grupo social em investigação;
do Serviço Social, pois a direção para a qual é orientada
— escalas de valores professadas pelos cientistas, inte- sua ação transformadora pressupõe sempre uma opção
grantes de uma dada realidade social, como, por ideológica. O compromisso filosófico, ideológico, valorativo
exemplo, o apreço à cultura letrada, ao avanço tecno- e científico do Serviço Social com o ser humano implica
lógico, etc; necessariamente um contínuo diálogo despreconceituoso e
— escalas de valores das instituições sociais, como, por aberto que permita chegar a um esquema conceptual que
exemplo, a intercomplementaridade na prestação de sirva de parâmetro para orientar sua ação profissional a
serviços. respostas operacionais válidas face à problemática de uma
determinada realidade social.
No que diz respeito às escalas de valores professadas
pelos cientistas, pode-se dizer que são um dos principais Os valores, dessa fo rma, são uma questão essencial para
problemas das ciências humanas e das práticas e disci- o Serviço Social e outras disciplinas profissionais que
plinas profissionais. Problema, contudo, a ser equacionado atuam cóm a problemática humana e social, pois é impos-
simplesmente em termos de um problema epistemológico, sível ignorar as contradições agudas da realidade social
de fo rma a tornar-se não obstáculo à ciência, mas instru- em que se vive.
mento científico. É o caso, po r exemplo, do cientista que, A ação profissional deixa de ser pragmática, neutra e
ao vivenciar como um valor a cultura letrada e elaborar conformista e passa a se to rnar uma exigência de ação
este tema como problema epistemológico, poderá formu- intencional.
lar um modelo de observação sistemática de grupos em Os valores, decorrentes dos posicionamentos ideológi-
que iletrado não seja valor negativo. cos do Serviço Social, info rmam e dão sentido e direção
O problema em questão remete-se ainda ao fato de à sua ação, orientando não apenas a formulação de finali-
que não há ciência que não sofra a influência de classe, dades o u objetivos, como a seleção dos meios a aplicar.
pois os valores não são apenas pessoais, mas também Face às diferentes correntes filosóficas que podem fun-
grupais. damentar a concepção e operação do Serviço Social, seria
O Serviço Social, como prática e disciplina profissional, de se desejar que, além de se definirem posições ideoló-
tem ainda toda sua ação impregnada de valores que trans- gicas, fossem adotados valores básicos, bem como valores
cendem dos valores científicos e que decorrem de uma culturais e outros de caráter conjuntural, que viessem a
concepção de homem e de sociedade. se co nstituir em posicionamentos de uma profissão, cujos
O Serviço Social fo rmula seus valores universais par- agentes professem diferentes filosofias.
tindo do homem e enfocando-o como um ser racional, com Em síntese, o Serviço Social aqui tomado como prática
prerrogativas de liberdade, individualidade e sociabilidade, e disciplina profissional não exclui, pelo contrário, postula
144 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 145
uma teoria que o embase, formada por conhecimentos
providos pelas ciencias humanas e por aqueles que o pró- O grupo registra uma emergente posição que considera
prio exercício profissional enseja. a reflexão sobre o objeto pertinente apenas às ciências
Compreende ainda uma formulação de juízos de valor que não as disciplinas profissionais, às quais cabe tão-
e de princípios norteadores da ação, pois que esta se dirige somente ocupar-se dos objetivos, posição esta que traduz
ao homem e à sociedade. uma visão reducionista da consistência teórica das disci-
A metodologia básica do Serviço Social, compreendida plinas profissionais, desconsiderando assim a construção
como a investigação diagnóstica e intervenção planejada, do objeto no próprio âmbito da relação teoria/ ação.
adquire especificidade quando da sua aplicação ao objeto A medida que o Serviço Social avança do ponto de vista
específico do Serviço Social, em busca de objetivos especí- de uma ação científica, as dificuldades inerentes à deli-
ficos em cada situação concreta. mitação do objeto vão sendo superadas e os contornos do
No que diz respeito a atitudes e habilidades relaciona- objeto do Serviço Social vão se manifestando e se delimi-
das ao sentir e agir profissionais, decorrem do fator sub- tando mais concretamente.
jetivo necessariamente presente na prática do assistente No Serviço Social, como antes se abordou, a ação pos-
social, não devendo tal componente ser minimizado numa tula uma definição de propósitos, um "para quê" atuar,
abordagem globalizante do Serviço Social. como prática ou disciplina profissional que é. Donde, seu
objeto, como o das outras disciplinas profissionais, man-
tém estreita interdependência com as finalidades o u obje-
IV . Reflexões sobre o problema de busca de definição ou tivos que se propõem, bem como inter-relação destes com
construção do objeto do Serviço Social um posicionamento filosófico, ideológico e valorativo, e
com posturas metodológicas adequadas ou pertinentes.
Dentre os componentes que fo rmam a estrutura básica A formulação do objeto do Serviço Social supõe a apli-
do Serviço Social, já aludidos, o objeto merece destaque cação de métodos, entre os quais os mais usuais são:
pela sua condição intrínseca de definir sobre "o quê" recai
a ação, podendo ser entendido, neste sentido, como o con- — empirista — quando se verifica uma supremacia do
junto de situações, fenómenos e variáveis passíveis de uma dado quantificável ou observável, cons-
ação determinada. trução de uma "matriz " e, a p artir
Na teoria do conhecimento, o objeto detém uma posição desta, elaboração da teoria;
central de reflexão porque nele se encontram dois elemen- — fo rmalista — quando* se efetiva a construção de
tos-chave: o conhecedor e a realidade, cuja relação levanta "modelos" fundados na logicidade for-
questões de como se vai construindo o conhecimento e de mal do pensamento, sem base no pro-
como o objeto vai sendo conhecido pela experiência, que cesso histórico concreto;
po r sua vez é sempre uma atividade do sujeito. — dialética — quando se constrói a p artir da con-
Na teoria da ação, o objeto também detém uma posição cepção da realidade enquanto movi-
central, pois que dentre os componentes básicos de estru-
tura das disciplinas profissionais desempenha papel pre- mento no processo histórico; o méto-
ponderante na composição dos referenciais para a ação, do é considerado pelos efeitos con-
dentro de um processo histórico. cretos na produção de conhecimentos
Quanto ao Serviço Social, o papel preponderante do e na própria ação.
objeto pode assumir a condição de especificador na con- O grupo, ao tender para o enfoque dialético na cons-
cretização do processo de intervenção. Embora especifi- trução do objeto, identifica como critérios básicos para
cador, resultará sempre de um processo histórico de cons- sua formulação uma dupla perspectiva: conjuntura teó-
trução po r aproximações sucessivas. rica caracterizada pelo desenvolvimento científico da ciên-
146 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serviço Social 147

cia, dos modos de produção, das formações sociais e das de assistentes sociais norte-americanos, hispano-america-
conjunturas políticas — e inserção da ação social no con- nos e brasileiros.
texto da problemática da realidade social. São elas, resumidamente:
Desse modo, o objeto do Serviço Social se configuraria
a p artir da análise das conjunturas de cada sociedade, o 1. SHAUN GOVENLOCK (1966) — Face a um engaja-
que constitui um elemento histórico a ser cruzado com mento racional, considera como proposta para rea-
os elementos teóricos elaborados com base na.ação profis- grupar as várias preocupações teórico-práticas do
sional e em seus resultados. Serviço Social, o funcionamento social, entendido
Constata-se que, após a eclosão do movimento de re- numa perspectiva sistemática de interação recíproca,
conceituação do Serviço Social, seu objeto ou sistemas de a transação bilateral entre pessoa e meio social, em
objeto vêm sendo formulados, via de regra, em nível de relação a uma influência sobre o desenvolvimento do
generalidade e numa pluralidade de enfoques, tanto por potencial especificamente humano.
assistentes sociais norte-americanos, como latino-america- 2. HA RRIET BA RTLETT (1970) — O foco central do
nos e brasileiros, apesar de todos reconhecerem que este Serviço Social é o funcionamento social, conceito este
componente deva ser enfocado como área central de preo- dirigido ao que acontece entre pessoas e meio social
cupação no processo de sistematização da teoria/ ação do através de uma interação entre ambos. Assim, pessoa
Serviço Social. e situação, pessoa e meio são englobados em um único
O problema da especificidade do objeto do Serviço conceito, o que exige que eles sejam visualizados inte-
Social constituiu sempre, e hoje mais do que nunca, uma gradamente e vinculem os aspectos "psico " e "so cial".
questão polémica que se situa principalmente entre duas Os assistentes sociais analisam a personalidade e
tendências em confronto, isto é, a de caráter tecnocrático, a situação para melhor entenderem seus elementos
que leva a uma fragmentação do objeto, e a de caráter significativos, depois reúnem as partes e vêem as pes-
integrativo das ciências humanas, nas quais o Serviço soas e situações, como um todo, no trabalho com as
Social se info rma, que, mesmo ao estudarem um aspecto mesmas.
de particularização do objeto, visualizam-no no contexto O conceito de funcionamento social pode ser ex-
de totalidade o u de articulação de relações. presso para o Serviço Social da seguinte maneira:
No Serviço Social, o objeto não é estabelecido a priori,
mas vai se definindo no próprio processo de ação, e, nota- pessoas « > interação < > meio
damente, na interação daquele processo com três elemen- confronto equilíbrio exigências
tos essenciais, a saber:
3. HERMA N C. KRUSE (1972) — Infere, a respeito do
— referencial teórico, já mencionado; objeto, a existência de duas posições dicotômicas.
— fins ou objetivos a serem alcançados, mediante re- Na l . , o objeto do Serviço Social é a repercussão
a

lação que estes estabelecem com o objeto; nas pessoas dos problemas sociais. Na 2. , o objeto
a

— e método, entendido na perspectiva de relações de do Serviço Social são os problemas sociais derivados
conhecimento e transformação do objeto. da sociopatologia ou da situação de dependência e
subdesenvolvimento.
Tendo em vista levantar para análise proposições sobre Na l . posição, a teoria do Serviço Sócia} deve ser
a

o objeto, elaboradas neste período de reconceituação, apre- fundamentalmente antropofílica, compreendendo co-
senta-se a seguir um elenco de dezoito propostas que se mo disciplinas afins básicas a biologia, a psicologia e
pensa serem representativas das múltiplas contribuições a antropologia filosófica.
Teorização do Sero. Social
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 149
148

Na 2. posição, a teoria do Serviço Social deve ser


a
gica. A prática social é concebida pelo zyxwvutsrqponmlkjihgfedcba
autor como
sociofílica, compreendendo como disciplinas afins sendo constituída pela produção de bens materiais,
básicas a economia, a sociologia, a psicologia social luta de classes, experimentação científica e atividade
e a política. artística.
Ressalta que a imprecisão do objeto do Serviço É uma prática crítica e revolucionária.
Social é o grande obstáculo para elucidar o problema 8. LEILA LIMA e ROBERTO RODRIGUEZ (1977)zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYX
— Pa-
da metodologia básica. ra ambos, no processo da ação do Serviço Social,
objeto e objetivos são considerados interdependente-
4. NA TA LIO KISNERMA N (1972) — Ao p artir do con- mente e se definem genericamente como estudo da
ceito de objeto como aquilo que uma disciplina estuda prática social e, nesta, da ação concreta desenvolvida
e transforma po r sua ação, propõe que no Serviço através da conscientização, capacitação e organização.
Social reconceituado, isto é, orientado para a com- Consideram preliminarmente que cabe às ciências
preensão e transformação científica da realidade so- sociais estudar a totalidade social e ao Serviço Social
cial, o objeto sejam as situações-problemas geradas clarificar sua vinculação à produção de conhecimen-
po r carências e necessidades sociais. to nos aspectos particulares que o caracterizam, não
Esclarece os componentes desta definição do se- sendo, dessa maneira, o objeto do Serviço Social um
guinte modo: campo exclusivo e privativo da disciplina.
— situação — tudo o que constitui a realidade para O objeto e objetivos devem ter como marcos glo-
um homem, um grupo, uma instituição ou co- bais de reflexão os campos de bem-estar social e das
munidade. Realidade é, assim, o conhecido, ain- políticas sociais.
da que não se tenha consciência dela. 9. SUELY GOMES COSTA (1970).
— situação-problema — é- uma situação-limite já 10. JOSÉ LUCENA DANTAS (1970).
que atua como freio , dificultando a realização
dos homens. São dimensões concretas e "histó- 11. TECLA MACHADO SOEIRO (1970).
ricas de uma realidade determinada. As proposições destes três autores estão expostas
na introdução deste trabalho.
5. BÓRIS A LÉXIS LIMA (1976) — Propõe como objeto 12. NA DIR G. KFOURI (1972) — A autora considera que
do Serviço Social, a p artir do homem limitado em sua nas disciplinas práticas o u profissionais são os obje-
praxis transformadora pela estrutura económica que
tivos que determinam sua especificidade, pois, tendo
o cerceia e por uma superestrutura ideológica e polí- que intervir e/ ou controlar os fenómenos sobre os
tica que o aliena, a ação social do homem oprimido quais incide sua ação (o bjeto ), tem que definir, defi-
e explorado.
nindo-se em relação a que intervém.
6. A NTOLIN LOPEZ MEDINA (1971) — Delimita como Assim, o objeto do Serviço Social é constituído
objeto do Serviço Social pessoas, grupos e comuni- por fenómenos concernentes ao ser humano no pro-
dades em sua problemática vital do cotiãiano enfo- cesso de inter-relações com o seu meio social sob a
cada em um contexto integral de desenvolvimento. perspectiva de mobilização e de desenvolvimento de
potencialidades humanas e sociais.
7. VICENTE DE PAULA FALEIROS (1972)zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
— O objeto
do Serviço Social é o homem considerado sujeito- 13. SUZANA A . DA ROCHA MEDEIROS (1974) — Define
objeto numa relação dialética que se concretiza na ser o objeto do Serviço Social o homem no processo
prática social, como ação transformadora deste ho- de interação com seu meio social, que se configura
mem e sociedade numa perspectiva histórica ideoló- por aspectos da vida cotidiana ou da dinâmica de
150 CBCISS Teorização do Serv. Social 151

não tratados po r ou- c) politicas sociais, compreendidas como processos


uma realidade social concreta,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
tras ciências sociais. dinâmicos e contínuos de formulação, instrumen-
Tais aspectos ou situações-problemas são entendi- tação, implantação e revisão de um conjunto
dos pela autora como algo a ser resolvido. orgânico de diretrizes, que orientam a ação go-
vernamental, no que diz respeito:
14. MA RIA DO CARMO B. DE CARVALHO FALCÃO
(1976) — Considera ser o objeto de intervenção do I — ao atendimento das necessidades básicas
Serviço Social determinado fenómeno ' ou situação- do homem,
problema, cuja solução ou modificação exige a ope- I I — à otimização dos níveis de vida da popu-
ração do sistema de relações existentes entre unida- lação,
des de natureza psicossocial (indivíduos, famílias, I I I — à equalização de oportunidades,
grupos, comunidades), social (organismos sociais), IV — à adequação ou reformulação das estru-
política (estruturas, sistemas e subsistemas) e outras turas, instituições e sistemas, com vistas
que possam vir a se configurar. a que venham a responder às exigências
Essas relações se processam nos níveis micro e da efetivação das próprias políticas.
macrossocial de intervenção, os quais são interdepen- 17. MARIA LÚCIA CARVALHO DA SILVA (1977) — Pro-
dentes e intercomplementares. põe como objeto não exclusivo do Serviço Social,
15. ADA PELLEGRINI LEMOS (1974) — A firma que na porém compartilhado por outras ciências sociais, o
teoria do Serviço Social o binómio pessoa/situação processo histórico-estrutural de marginalização/par-
se delimita como seu objeto. ticipação social, na perspectiva de interação dialética
destes componentes. Esta proposição pretende refe-
A 1 . parte do binómio é entendida como sistema-
a

cliente, isto é, pessoa, família, grupos, comunidades, rir-se ao objeto não só no nível do agente humano,
instituições e populações, e a 2. parte, como meio,
a
como no nível de um processo histórico-estrutural
isto é, a gama de um elenco de fatores sociais, eco- enquanto teoria/ ação.
nómicos, culturais e humanos, representados por in- 18. ANNA AUGUSTA DE A LMEIDA (1978) — Apresenta
divíduos, grupos, instituições societárias, fenómenos como ideia de objeto do Serviço Social no contexto da
e realidades que interferem na resposta do sistema/ realidade humana, histórica e concreta, a situação
cliente ao meio, sobre o qual simultaneamente atua, existencial problematizada, ou o fenómeno social que
modificando-o. está dialetizado numa dupla dimensão entre indivíduo
e sociedade (na visão de ser no mundo) e entre
16. HELENA I . JUNQUEIRA (1974) — Entende ser objeto pessoa e comunidade (na visão de ser sobre o mund o ).
específico, mas não exclusivo, do Serviço Social:
a) indivíduos, isoladamente ou em grupos, que não Não fo i possível realizar neste documento uma
lograram o atendimento de suas necessidades apreciação crítica e particularizada destas dezoito
básicas e de desenvolvimento po r si mesmos, proposições de definição do objeto do Serviço Social,
mediante utilização dos recursos disponíveis do as quais sugerem diferentes concepções do homem
seu próprio meio social; e do mundo, diferentes teorias do conhecimento e
b) comunidades, cujas potencialidades de vivência diferentes métodos de investigação, interpretação e
comunitária, de ação conjunta e de participação transformação social.
em outros níveis societários não tenham sido Neste sentido, a título apenas de ilustração, as pro-
devidamente desenvolvidas; posições de objeto como "situação social-problema" e
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 153
"situações que se dão no nível das relações sociais",
que fo ram apresentadas com maior frequência, são 2. Objeto específico
entendidas e explicadas pelos respectivos autores, sob a) indivíduos, isoladamente ou em grupos, que
óticas diversas, através de diferentes posições. Esta não lograram o atendimento de suas necessi-
abertura é, sem dúvida, na etapa que se atravessa dades básicas e de desenvolvimento, pela au-
hoje do estudo do objeto do Serviço Social, condição sência dos recursos necessários ou pela inca-
e espaço muito favorável a uma aproximação objetiva pacidade de utilização quando existentes;
e científica daquele elemento básico,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
pois predispõe b) organizações e grupos comunitários, cujas
à crítica, à verificação prática e à preocupação de potencialidades de ação conjunta e partici-
globalidade da disciplina. pação em níveis mais amplos não tenham sido
Considerando as proposições apresentadas e rela- devidamente desenvolvidas;
cionando-as às reflexões preliminares feitas quanto c) políticas sociais, compreendidas como proces-
ao processo de construção do objeto do Serviço So- sos dinâmicos e contínuos de formulação,
cial, finalmente, fo ram elaboradas duas outras alter- instrumentação, implantação e revisão de um
nativas de propostas, como tentativas para uma con- conjunto orgânico de diretrizes, que orientam
vergência e síntese do esforço teórico até aqui ence- a ação governamental e que se co rpo rificam
tado no tocante àquele componente. A contribuição em sistemas de direitos e deveres e de pres-
maio r destas duas alternativas pretende ser, a partir tação de serviços, no que diz respeito:
do aspecto de generalidade do Serviço Social, aproxi-
mar-se do seu aspecto de especificidade. I — ao atendimento das necessidades bási-
cas d o homem,
São elas: I I — à otimização dos níveis de vida da
população,
Alternativa A — de HELENA IRACY JUNQUEIRA I I I — à equalização de oportunidades,
(1978) IV — à adequação ou transformação das
estruturas, instituições e sistemas, com
1. Objeto genérico vistas a que venham responder às exi-
gências da efetivação das próprias po-
O objeto de Serviço Social refere-se a situações líticas.
sociais-problema, entendidas como as que ocor-
rem no âmbito das relações sociais, que se pro- Este objeto específico relaciona-se intimamente
cessam no concreto da vida cotidiana, e que se a objetivos específicos do Serviço Social, que en-
configuram de tal fo rma a provocar a necessidade volvem a superação das situações configuradas
de uma intervenção para modificá-las, trazendo no objeto, com vistas à realização progressiva do
em seu bojo elementos conflitantes que se podem homem.
transformar em elementos geradores de soluções Alternativa B — de MA RIA LÚCIA CARVALHO DA
e crescimento. SILVA (1978)
Este objeto genérico relaciona-se intimamente
ao objetivo genérico do Serviço Social, qual seja, 1. Objeto genérico
realização progressiva do homem e criação de
condições sociais que permitam e favoreçam essa Refere-se ao processo histórico-estrutural de
realização. marginalização/ participação social, na perspecti-
va de interação dialética destes componentes.
154 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 155

2. Objeto específico prática direta, como alicerce que é do processo de


construção teoria/ ação.
Diz respeito a duas dimensões distintas, mas Pensa-se que assim procedendo, o Serviço Social
inter-relacionadas: poderá voltar-se mais pertinentemente para as dimen-
— às ocorrências conjunturais do processo histó- sões e implicações do processo de ação transforma-
rico-estrutural de marginalização, participação dora a que se propõe fundamentalmente, o que per-
social que dificultam ou facilitam a indivíduos, mitirá avanços sucessivos tanto na construção do seu
grupos, organizações, comunidades e popula- objeto como da disciplina na sua totalidade, ao mes-
ções, uma ação transformadora nos níveis pes- mo tempo que contribuirá para o desenvolvimento
soal e social e em suas interações; de teorias da ação.
— às políticas sociais, como conjunto de orienta-
ções de ação do Estado e da sociedade civil,
direcionadas principalmente à satisfação de NOTAS
demandas sociais básicas, à distribuição de
excedentes, à melhoria da qualidade de vida, 1) Da epistemologia
à busca de equidade de oportunidades, numa
perspectiva de desenvolvimento global, isto é, Para esta categoria, o grupo baseou-se em Japiassu que,
1

económico, social, cultural e político, nos ní- no sentido bem amplo do termo, a considera como o es-
veis micro e macro de atuação. tudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização,
Nestas dimensões, cabe ao Serviço Social de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcio-
especificamente, tanto generalizar e particula- namento e de seus produtos intelectuais.
rizar, como quantificar e qualificar, nos dife- Sendo assim, a função essencial da epistemologia é sub-
rentes níveis, as ocorrências conjunturais e as meter a prática dos cientistas a uma reflexão; e o seu papel,
propostas de políticas sociais, a partir das ins- estudar a génese e a estrutura dos conhecimentos cientí-
tituições sociais, nas quais exerce sua ação ficos. O seu problema central consiste em estabelecer:
profissional, de modo a que os programas re-
futam e respondam cada vez mais às necessi- — se o conhecimento poderá ser reduzido a um puro
dades, interesses, aspirações, insatisfações, registro pelo sujeito, dos dados já anteriormente
conflitos, problemas, etc. das populações. organizados independentemente dele num mundo
exterior (físico ou ideal);
É óbvio que as duas alternativas estão apenas es- — se o sujeito poderá intervir ativamente no conheci-
boçadas, necessitando de melhor formulação. mento dos objetos. Essencialmente, o problema se
Ambas as alternativas, torna-se a dizer, significam encontra na relação sujeito-objeto.
tão-somente o passo a mais que se pode dar neste
resultado breve e intensivo, ou nesta rápida retomada A epistemologia estuda a produção de conhecimentos
do problema de definição do objeto do Serviço Social.
A guisa de conclusão, deseja-se ressaltar que o não só do ponto de vista lógico, como do linguístico, ideo-
atual e futuro momento de desenvolvimento científico lógico, sociológico, etc. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
do Serviço Social parece exigir um esforço reflexivo
global e prioritário sobre as experiências concretas JA PIA SSU, Nilton F.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLK
1
Introdução ao pensamento epistemológico. Rio
de ação, em seus vários níveis, especialmente no da de Janeiro, Francisco A lves, 1975.
156 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 157
2) Da ãialética zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
termos lembram a identidade dos opostos. A Tese é afir-
mação, nela algo é afirmado . A Antítese é a negação do
Como diz Poulquié, não existe uma dialética mas di-
2
que se afirmara antes. A tensão entre estes dois termos
versas concepções da dialética. encontra sua conciliação na Síntese, o u seja, Negação da
Nas suas origens, ou seja, na antiguidade grega, era Negação.
essencialmente a arte do diálogo, da discussão, do ques- Como cada momento se deduz do anterior, podemos
tionamento, o que prevaleceu ainda na escolástica, e em dizer que a Antítese já está na Tese. Ela já carrega em
filósofos modernos de certa fo rma incorporada à concep- si sua contradição. A Síntese se transforma numa nova
ção da lógica. Tese de o utra tríade, e o movimento continua.
Descartes e Spinosa destacam-se dentre os pensadores O processo dialético não é apenas de explicitação (da-
do período moderno como representantes do raciocínio quilo que está contido no momento anterio r) mas também
dialético. de concretização. O momento anterior deve englobar todos
Atualmente, a dialética vincula-se, sobretudo, a duas os momentos posteriores. Deve ser, po rtanto , mais vasto,
linhas de pensamento, que a definem com maior precisão mais amplo do que todos os momentos que dele se expli-
— Hegel e Marx — e, mais recentemente, vem sendo citam! O mais amplo, em termos de conceito, é o mais
assimilada pela ciência contemporânea, onde, exatamente abstrato. O menos vasto é o mais co ncreto ... Assim é o
po r ser contemporânea, se to rna mais difícil de precisá-la. movimento da dialética hegeliana: enquanto se procede
Fo i Hegel (1770-1831) quem fo rmulo u pela primeira vez do implícito para o explícito, se procede do abstrato para
o método dialético, cuja pedra fundamental é a luta dos o concreto.
contrários. "A verdade não é um'co njunto de princípios Marx, discípulo de Hegel, admitiu ser a dialética o único
definitivos. É um processo histórico, a passagem de graus método científico, mas contrapôs sua concepção materia-
inferiores para graus superiores do conhecimento. Seu lista do mundo à concepção idealista de Hegel — o Uni-
movimento é o da própria ciência, que não progride senão verso é um produto da Ideia, ou seja, o Universo precede
sob a condição de ser crítica incessante de seus próprios apenas dos universais que não têm marca de percepção
resultados, a f im de poder superá-los." 3
sensorial.
Pereira Nóbrega, em estilo didático, expõe a dialética
4
Para Marx, as leis da dialética são as do mundo material,
hegeliana que, em síntese, é assim compreendida: o movimento do pensamento não é senão o reflexo do
A dialética hegeliana refere-se a um movimento pelo movimento real, transportado e transposto para o cérebro
qual realidades novas se explicitam, se deduzem, graças do homem. Daí a dialética materialista ou o materialismo
à contradição, à oposição que existe na realidade anterior. dialético de Marx.
Nenhuma realidade existe, que esteja isenta deste movi- Na sua filo so fia assim se enuncia a lei da dialética: 5

mento dialético, desta luta de opostos.


Sem entrar nas minúcias das leis da dialética, é fácil
A dialética hegeliana tem três unidades que ele deno- verificar, mesmo no nível de uma investigação elementar,
mina Tese, Antítese e Síntese, o u, mais frequentemente, que a contradição rege todos os fenómenos.
Afirmação, Negação e Negação da Negação. Os próprios Graças ao emprego dessa lei da dialética, em suas qua-
tro formas, abrem-se perspectivas de um saber sistemá-
2
FO ULQ UIÉ, Paul.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
A Dialética, Publicações Europa-A mérica — Origi-
nal, Presses Universitaires de France, 1349.
PO LI T Z ER , Georges; BESSE, G uy; C A V EI N G , M aurice, opus cit.
8

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ps. 32/34. Civilização Brasileira, 1975, Cap. I V , item 13.
158 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 159
tico positivo capaz de integrar todos os resultados das — Quanto à segunda fo rma da lei dialética, embora admi-
ciências e desenhar um quadro de conjunto da realidade tindo plenamente o dinamismo da realidade universal,
e de sua evolução, citando R. Garaudy. ressalva-se a permanência de algo, seja um substrato,
seja um componente de dada realidade que perdura,
As quatro formas da lei da ãialética: e que permite identificá-la mesmo depois de trans-
formada.
1. — Ação recíproca e da conexão universal — a dialética
a
— Quanto à terceira fo rma, embora admitindo que algu-
considera a natureza não como acúmulo acidental mas mudanças qualitativas possam resultar do acúmu-
de objetos, de fenómenos destacados uns dos outros, lo de mudanças quantitativas, outras, e com maior
isolados e independentes uns dos outros, mas como peso, decorrem de fatores cuja ação, por sua natureza,
um todo unido, coerente, no qual os objetos, os é suficiente para operar mudanças qualitativas, pois
fenómenos estão ligados organicamente entre si, de outro modo seria admitir-se que a qualidade (na-
dependendo uns dos outros e condicionando-se reci- tureza das coisas, dos seres, das relações entre eles)
procamente. resulta de maior ou menor número de fatores quan-
2. — Da mudança universal e do desenvolvimento inces-
a titativo s.
sante — a dialética considera a natureza não em um
estado de repouso e de imobilidade, de estagnação 3) Da praxis
e de imutabilidade, mas como um estado de movi-
mento e de mudança permanente, de renovação e Praxis, categoria amplamente utilizada hoje em diferen-
de desenvolvimento incessante, onde cada coisa nas- tes áreas de estudo e de ação, entre as quais a do Serviço
ce e se desenvolve, onde cada coisa se desagrega. Social, requer algumas considerações, no decorrer do pre-
sente trabalho.
3 — Da mudança qualitativa — o desenvolvimento leva
a

Sua origem semântica e conceptual remonta à antigui-


a mudanças qualitativas, não graduais, mas rápidas, dade grega, sendo que não raro a grafia em autores atuais
súbitas e se fazem por saltos, de um estado a o utro ; se apresenta em caracteres daquele idioma.
são resultado do acúmulo de mudanças quantita-
tivas. Aristóteles a concebe como ciência prática, ou seja, aque-
la que dá normas ao agir humano, no que se refere ao
4 a
— Da luta dos contrários — a dialética parte do ponto bem e ao dever, que não tem o utro f im que a ação interio r,
de vista de que os objetos e os fenómenos da natu- imanente, que não produz nenhuma obra distinta do agente.
reza implicam contradições internas, pois têm todos Por oposição à "po ética" (poésis) que é a ciência da pro-
um aspecto positivo e um aspecto negativo; um dução de obras exteriores ao agente. Não exclui, no entanto,
passado e um f u tu ro ... A luta desses contrários é o a ação política que regula os atos do homem enquanto cida-
conteúdo interno do processo de desenvolvimento, dãos da polis. G

da conversão das mudanças quantitativas em mu- Sofre mudança radical no Renascimento que reivindica
danças qualitativas. a dignidade humana não só pela contemplação como tam-
bém pela ação, alcançando, com a revolução industrial do
Neste trabalho, a compreensão da categoria "dialética" século X V III, estágio mais avançado na valorização do
vincula-se à dialética hegeliana e coincide, em boa parte, trabalho humano e da técnica face às exigências da produ-
com as quatro formas da sua lei básica, formuladas pela ção, ou seja, na "consciência da praxis pro d utiva". zyxwvutsrqponmlkjihg
filosofia marxista, ressaltando-se dois pontos, em decor-
rência de uma posição não idealista como em Hegel, e não
T R I C O T , Jean J.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHG
Aristote Ethique a Nicomaque. Introduction, notes,
materialista como em Marx:
6

index. Paris. Librairie Philosophique J. V rin, 1972. Livro 1, p. 31.


Teorização do Serv. Social 161
160 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
pre com as conotações decorrentes de sua complexa con-
A praxis humana atinge, no dizer de Sanchez, sua reivin- ceituação pela filo so fia marxista.
dicação plena na filo so fia marxista que a adota como sua Implica antes um posicionamento com relação à prática,
categoria central, de onde caracterizar o marxismo como compreendendo-a como a atividade humana sobre dada
filo so fia da praxis. Entendida esta como "atividade material realidade social, distinguindo-se da produção material e da
do homem que transfo rma o mundo natural e social par?, técnica, direcionada à consecução de objetivos predetermi-
fazer dele um mundo humano ". 7
nados, atuação que permite conhecer essa realidade com
Como categoria central extrapola da prática no seu sen- mais objetividade e testar a teoria que a interpretou e que
tido pro dutivo , para alcançar a dimensão epistemológica gerou o modelo de intervenção, num processo constante
e ainda a dimensão ontológica, "ela nasce como resposta de realimentação teoria — prática — teoria.
filosófica ao problema filosófico: quem é o homem, o que Esse o sentido em que é compreendida a praxis neste
é a sociedade humano-social e como é criada esta socie- trabalho.
dade". 8

No que se refere ao conhecimento, a praxis proporciona 4) Da historicidade


o objeto do conhecimento — "o objeto do conhecimento é
produto da atividade humana". O conhecimento é o conhe- Para esta categoria, o grupo adotou o conceito de
cimento de um mundo criado pelo homem, isto é, inexis- Dilthey, que a entende, "de um lado, como relatividade dos
tente fo ra da história, da sociedade e da indústria. É ainda fenómenos ao passado e como conhecimento desse passa-
a praxis que proporciona o critério de sua verdade. A aferi- do; do o utro , como "presença" do futuro em toda ação
ção da verdade de um pensamento tem que sair de si humana.
mesmo, plasmar-se, adquirir corpo na própria realidade, A historicidade não é apenas a busca daquilo que já se
sob a fo rma de atividade prática. realizou, mas o tecido da vida que se perpetua.
A praxis é ainda entendida como a praxis revolucionária Donde a conclusão: todo objeto das ciências humanas
que transfo rma a sociedade apresentando-se como uma é histórico, pois encontra-se em devir. Mas também essas
categoria sociológica, como um processo que se orienta disciplinas são históricas porque se desenvolvem ao mesmo
conforme determinada concepção do homem e do mundo . tempo
9
que a ação e o espírito humanos. E é neste sentido
que o conhecimento histórico também é humano ." 11

Ainda, segundo Sanchez, "a relação entre teoria e praxis


é para Marx teórica e prática; prática na medida em que a
teoria, como guia da ação, molda a atividade do homem,
particularmente a atividade revolucionária; teórica, na me- BIBLIOGRA FIA CONSULTADA
dida em que essa relação é consciente". 10

FILOSOFIA
A categoria praxis vem sendo incorporada, nestes últi-
mos tempos, ao discurso dos estudiosos da realidade social BO RN H EIM , Gerd Alberto. Dialética: teoria, praxis; ensaio para uma
crítica da fundamentação ontológica da dialética. Porto Alegre, Globo,
bem como aos documentos técnicos dos profissionais da 1977.
intervenção nessa mesma realidade. Entretanto, nem sem-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
FIN K , Eugen. De la phénoménologie. Trad. Didier Franck. Paris, Éditions
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FO ULQ UIÉ, Paul. A dialética. Publicações Europa-América, 1974.
7
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Filosofia da Praxis. Rio de Janeiro. Paz JA PIA SSU, Hilton F. Introdução ao pensamento epistemológico. Rio de
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8
K O S IK , Karel. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro. Paz e Terra,
2.* ed., p. 201.
1 1
JA PIA SSU, Hilton F. Nascimento e morte das Ciências Humanas.
9
S A N C H EZ , Adolfo Vázques, opus cit., ps. 151/152.
Rio de Janeiro, Francisco A lves, 1979.
1 0
S A N C H EZ , Adolfo Vázques. Ibid., ps. 150/157; ibid., p. 117.
162 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 163

Nascimento e morte das ciências humanas.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA


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1.2.1 CONSIDERAÇÕES EM TORNO DOS QUESTIONA-
MENTOS LEVANTADOS NO SEMINÁRIO SOBRE
O DOCUMENTO DE BASE. 2: Reflexões sobre o
processo histórico-científico de construção do ob-
jeto do Serviço Social.

Após a apresentação pelos grupos 1, 2 e 3 dos questio-


namentos levantados em relação ao documento do grupo
de São Paulo, sua relatora considerou que devido ao tempo
limitado p a r a a elaboração do mesmo e ao fato de ter sido
elaborado por u m grupo, com preocupações heterogéneas
a respeito d o tema, não obstante a riqueza das discussões
sobre a matéria, o documento apresenta em algumas pas-
sagens insuficiente fundamentação na abordagem de certos
pontos básicos.
Passando aos questionamentos dos grupos a expositora
teceu as seguintes considerações:

1. Quanto à postura do grupo responsável pela elabo-


ração do documento.

O grupo não se colocou, de antemão, nesta ou naquela


posição filosófica ou metodológica, embora no decorrer do
trabalho seja possível identificar tendências que se apro-
ximam de u m enfoque fenomenológico. Buscou-se identi-
ficar o essencial em várias posições, ao considerar o objeto
como u m dos elementos especificadores do Serviço Social,
em sua teoria e prática.
Destaque especial foi conferido ao aspecto da ação no
Serviço Social. Situando-se na perspectiva moderna d a
ciência como "visando à apropriação das forças da natu-
reza e do homem", o grupo admitiu a necessidade de acen-
166 Teorização do Serv.
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Social 167
t u a r a importância do desenvolvimento de teorias da ação No entanto, a construção da teoria do Serviço Social
na perspectiva de transformação social participada. Embo- exige u m a consistência, uma coerência interna. Essa coe-
ra interligados, o processo de conhecimento da realidade rência não elimina a hipótese de adoção ou integração de
não se identifica com o processo de intervenção, nem se abordagens ou posicionamentos de mais de uma teoria
esgota neste, pois é da inter-relação que advém o processo ou filosofia.
da praxis. Dentro de uma perspectiva de historicidade, face ao
Um processo de teorização do Serviço Spcial encontra desenvolvimento das ciências do conhecimento e da ação,
embasamento não só na filosofia, que oferece as teorias do u m a posição dogmática seria u m empecilho ao processo
conhecimento, como supõem também, de maneira indis- dinâmico de construção das teorias.
cutível, a contribuição das teorias de intervenção.
Na opinião do grupo, estas teorias de intervenção não 4. Conceito do Serviço Social como disciplina profis-
têm sido devidamente levadas em conta no movimento de sional.
reconceituação do Serviço Social.
O grupo admite que o Serviço Social não alcançou o nível
2. Quanto ao objeto, propriamente. de ciência, mas o de uma disciplina profissional que con-
tém u m acervo de conhecimentos sistematizados (das ciên-
Pelas condições de trabalho, já antes apontadas, o grupo cias humanas e do próprio Serviço Social) e u m a meto-
deixou de adotar um procedimento analítico em relação aos dologia de ação, o que se constitui em conhecimentos
oito conceitos arrolados. transmissíveis.
Reconhece, entretanto, que a especificação do objeto é 5. A construção da teoria da ação ensejaria em si mes-
u m a necessidade, pois, de modo geral, os conceitos arro- m a uma sujeição a uma epistemologia ou teoria de
lados consideram o objeto genérico, mas não o específico conhecimento.
do Serviço Social.
Emb o r a o título dado ao documento deixe supor que se O grupo admite u m a distinção entre a teoria que se
t r a t a apenas de reflexões sobre o assunto, o grupo consi- constrói sobre a realidade, ou seja, o objeto sobre o qual
derou oportuna a apresentação de sua proposta de objeto incide a ação do Serviço Social, e a teoria que orienta a
do Serviço Social, a título de sugestão para a continuidade ação propriamente dita, ressaltando sempre, porém, a
de discussão do problema, a partir da natureza do Serviço estreita relação entre elas. Igualmente a metodologia da
Social como disciplina profissional. ação ou da intervenção difere da metodologia do conhecer,
embora se inter-relacionem. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONML
3. No desenvolvimento do trabalho, o grupo assumiu
abordagens diferentes, surgindo um posicionamento 6. O grupo fala de teoria/ação/teoria na l. a parte, mas
eclético da metodologia na construção do Serviço arrola autores que não instrumentalizam a posição
Social. antes assumida. Seria de presumir, também, que o
grupo não reapresentasse qualquer proposta de for-
O grupo não aceita a posição de que os fundamentos do mulação de objeto.
Serviço Social devam vincular-se exclusivamente a esta ou
É possível que uma preocupação de caráter menos aca-
àquela filosofia (marxista, positivista, fenomenológica),
tendo uma posição de caráter pluralista ao procurar co- démico e com vistas a dar u m passo à frente na busca da
nhecê-los ou identificá-los. especificação do Serviço Social o tenha levado a queimar
alguma etapa.
Teorização do Serv. Social 169
168 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
O grupo não desenvolveu como era de desejar-se a aná-
7. Atitude relativista do grupo, pois todas as concep- lise dessas categorias, pelo propósito do próprio trabalho
ções do homem e da sociedade seriam válidas para
o grupo. e limitações já referidas.
11. O grupo constatou que, no desenvolvimento do tra-
Admitir que haja posições em serviço social fundamen- balho, o documento adotou abordagens da dialética,
tadas em diferentes filosofias ou metodologias científicas da fenomenologia, ressentindo-se de maiores dis-
não é ser relativista. O grupo tem uma posição, m a s não cussões do caráter não dogmático assumido.
pretende que seja a posição do Serviço Social. Chega a
propor, noutro ponto do trabalho, que se busque estabe- O grupo reconhece que não desenvolveu como desejaria
lecer u m conjunto de valores éticos e valores científicos maiores discussões sobre u m a posição pluralista n a cons-
que possam, estabelecer u m a base comum para atuação trução do Serviço Social, considerando que a questão seria
produtiva p o r profissionais de diferentes ideologias, n u m abordada mais detidamente com a apresentação dos de-
contexto democrático de respeito à diversidade de cos- mais trabalhos dos outros grupos de estudo.
movisões.
Não é r a r o que centros decisórios, acima das esferas
técnicas, sintam-se perplexos face às divergências intrans-
poníveis de profissionais. O próprio desenvolvimento cien-
tífico tem esbarrado em bloqueios em razão de divergências
que ocorrem em fases iniciais de construção de u m a teoria
ou de u m a metodologia.

8. Diversidade de posturas teóricas quando se refere


a pressuposto básico e a componentes essenciais de
disciplina.

Reconhece que o trabalho reflete u m grupo em transição


— coexistem o tradicional e o emergente.

9. Como é possível a visão teoria/ação/teoria se o Ser-


viço Social ainda não tem teoria? O conhecimento
novo não seria uma confirmação de teoria alheia?

Apesar de carecer de maior sistematização, o Serviço


Social, como outras disciplinas, dispõe de elementos e
categorias teóricas sempre em aperfeiçoamento, que em-
basam sua ação.

10. O documento coloca de maneira pouco explícita as


categorias ética — juízos de valor e os fundamen-
tos filosóficos, científicos e valorativos do Serviço
Social.
O SERVIÇO SOCIAL E A FENOMENOLOGIA
2.1 Conferência zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFED

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A FENOMENOLO-


GIA QUE PODEM INTERESSAR AO SERVIÇO SOCIAL

Creusa Capalbo

Para Ed mu n d Husserl, a fenomenologia é u m a ciência


eidética descritiva da realidade vivida. O método que pro-
põe é o da intuição das essências.
Começaremos a nossa exposição mostrando a luta de
Husserl contra o psicologismo, pois isto é necessário p a r a
compreendermos a estrutura básica do seu método.

1. Psicologismo
O Psicologismo afirmava que pensar e conhecer eram
eventos psíquicos e que, por isto, a lógica dependia das
leis psicológicas. A lógica nada mais seria do que a técnica
do pensamento correto, conforme explica W. Stegmtlller. 1
Ora, Husserl mostra que a técnica nada mais é do que u m
caso particular de u m a ciência geral e normativa. Sem
normas que orientem a técnica esta não pode funcionar.
As ciências normativas, por sua vez, se fundamentam em
teorias, que dizem o que são as coisas e não apenas como
elas devem ser, conforme ocorre no caso das ciências nor-
mativas. Uma disciplina teórica estabelece proposições

1 STEGMULLER, Wolfgang. A filosofia contemporânea: introdução cri-


tica, vs. 1-2. Sâo Paulo, EPV, Ed. da Universidade de São Paulo, 1977,
ps. 58-91.
CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 175
baseadas em conceitos de verdade, em juízos, etc. Dessas humana e social. Ela o faz por criticar o pressuposto do
proposições é que se derivam os "princípios lógicos norma- modelo positivista que faz dos fenómenos naturais e dos
tivos e, em passos seguintes, são estabelecidas as regras fenómenos humano-sociais fenómenos sem distinções qua-
técnico-práticas".- Vê-se, então, que a lógica não depende litativas. Os fenómenos do vivido humano têm uma estru-
da psicologia, e, ao contrário, o que se precisa é constituir tura significativa construída pelos próprios homens. O vivi-
o que Husserl chama de uma "lógica p u r a " como teoria do humano e social é constituído de significados e recor-
geral das proposições lógicas a priori. rem a processos de compreensão e de interpretação e não
Refutado o psicologismo, já se pode entender que a rea- de explicação. Assim, para a fenomenologia não é possível
lidade vivida de que Husserl vai tratar não se confunde tratar o mundo humano e social como um mundo obje-
com a vivência psicológica. O vivido que interessa à feno- tivo e divorciado da interpretação dos próprios sujeitos.
menologia é aquele que pode ser descrito do ponto de Por isso é que Husserl dirá que o mundo vivido, humano
vista da sua estrutura essencial e não do ponto de vista e social, objetivo, intelectivo e prático é produto da ativi-
dos fatos psicológicos particulares. Chegar à essência ou dade significativa do próprio sujeito, intimamente ligado
ao núcleo eidético (Eidos = essência) é o projeto da ciên- à intenção e à interpretação, e, por isto, deve ser chamado
cia eidética, conforme Husserl a entende. de mundo subjetivo.
Como proceder para que a fenomenologia seja ciência? Podemos resumir as ideias principais da fenomenologia
E m que sentido ela se distingue da ciência empírica? A como ciência, segundo Husserl: a sua teoria significa que
resposta de Husserl é clara: só há ciência pela construção ela é descritiva da estrutura essencial do vivido, que ela é
de uma teoria. concreta, intencional, compreensiva e interpretativa.
A fenomenologia se volta para o estudo da realidade
2. Teoria social enquanto vivida na sua vida cotidiana. Nesse estudo
o investigador não se pode colocar numa atitude neutra.
A palavra Teoria indica, pelo seu radical grego, a ação É fundamental não se ignorar a participação do investi-
de ver com atenção, com vigilância e com cuidado. É assim gador nesta vida cotidiana. O cientista está inserido no
que esta ação de ver vigilante passou a se denominar mundo vivido, depende dele como um instrumento de seu
observação. A teoria é a visão cuidadosa onde a inteli- trabalho. É da vida cotidiana, da sua estrutura vivida, que
gência e a experiência direta com a realidade são indisso- emerge a fonte de significados sociais que se busca com-
ciáveis. Este sentido originário foi, no entanto, sendo ocul- preender e interpretar.
tado ou transformado. Hoje em dia teoria é definida como
o resultado de u m a construção intelectual realizada pelo
cientista. 3. A evidência das essências
Dissemos no início que a fenomenologia é uma ciência Qual o caminho para se chegar à evidência das essên-
eidética descritiva. Ela é concreta e se volta para o vivido. cias? Husserl pensa ter encontrado este caminho ao expor
Pela descrição ela nos aproxima da essência, através de a sua teoria da redução fenomenológica.
um perspectivismo das formas que se mostram ao su-
jeito na relação figura e fundo. Assim, a fenomenologia Para Husserl a essência é encontrada a partir das vivên-
se distancia das ciências abstraías e dedutivas, confor- cias intencionais fundamentais. Essas vivências intencionais
me a matemática. Ela se distancia igualmente do modelo ou atos da consciência são de diversos tipos. Os atos inten-
cionais são as vivências, por exemplo, do ato de significar,
da ciência natural como modelo a ser aplicado na ciência zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
do ato de perceber, do ato de querer, do ato de imaginar,
do ato de agir, etc. Por este ato intencional um objeto é
visado sem que seja preciso que ele se encontre na cons-
2 Ibid., p. 59.
176 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 177
ciência. O que está presente à consciência de modo vivido
é o próprio ato intencional. Assim, é irrelevante, aos olhos latente mas sendo vivido na vida cotidiana. A diferença
de Husserl, saber se u m ato de visar algo, que m e coloca fundamental entre aquele que vive e o que se volta para
diante de u m objeto visado, me coloca igualmente diante o estudo daquele vivido está no fato que os que vivem
desse objeto visado como existente ou não. Para Husserl aquela situação têm u m interesse prático ao vivê-lo, e o
a existência não é objeto da fenomenologia nem da ciência. estudioso tem u m interesse teórico no estudo do mundo
Ela é o pensamento da própria vida. Ela é objeto da crença vivido dos "outros". 4 No entanto, o pesquisador realiza
ou da opinião. Por isso é que para se alcançar a essência atos que são iguais aos da sua clientela: o perceber, a
podemos partir tanto da percepção concreta e vivida de constituição de objetos de seu interesse, o desejar, o que-
u m a coisa quanto da sua representação pela imaginação. rer, etc. E m outras palavras, o pesquisador vive a sua
Isto leva Husserl a pensar que se deve, então, colocar vida cotidiana embora esteja voltado para o vivido de seus
entre parênteses a existência real das coisas e do mundo clientes. Ele se volta para a sua clientela com suas supo-
natural; elas devem ficar em suspenso para que tenhamos sições, com seus pré - c o nc eitos, etc. O que se deve reco-
acesso à região das essências obtidas pela técnica da va- nhecer, então, é que há uma base comum na estrutura do
riação imaginária. A fenomenologia não recorre à crença vivido que é formada de pré-suposições tanto por parte
no mu n d o — esta deve ser colocada fora de circuito. É a do pesquisador, ou do assistente social, quanto da sua
este movimento de suspensão do juízo relativo à existên- clientela e que devem ser destacados para o estudo do
cia do mundo que Husserl chama de redução fenomeno- assistente social. Este tipo de an álise f en om enológica se
lógica. No entanto é preciso igualmente passar do indivi- denomina reflexão subjetiva do vivido. Por subjetivo se
dual p a r a o essencial, como, por exemplo, passamos deste deve compreender a a n álise que leva em consideração os
azul individual para a essência azul, desta criança menor sujeitos da relação assistente social-clientela — enquan-
abandonada individual à essência do menor abandonado, to igualmente interessados em compreender o significado
etc. A evidência nos dá a identidade entre o vivido pen- essencial de u m a estrutura do vivido que se fez fenómeno.
sado e o objeto do vivido que nos é dado em pessoa, Tal abordagem exige, no entanto, que se tenham subme-
tido, previamente, à análise crítica, as crenças, os pressu-
postos, os preconceitos, as teorias a priori, etc.
4. Pré-reflexivo e reflexão "O mu n d o não pode ser experimentado ou conhecido
numa forma "bruta", livre de interpretações, pois é u m
Assim, o vivido enquanto é simplesmente vivido não é mundo de objetos e relações significativas constituídas de
objeto da reflexão; ele se dá como não observado, como modo intersubjetivo, e que estão no mundo e não na
vivido sem ser refletido. Por isto Husserl diz que o vivido mente do o b s e r v a d o r . . . a objetividade é uma construção
é inicialmente pré-reflexivo. Quando ele se torna presen- subjetiva ou intersubjetiva." 5
te à reflexão ele é ainda u m momento do vivido, m a s
agora como objeto da reflexão. 8
A reflexão é u m ato da consciência que pensa o vivido, 5. Intencionalidade
que o eleva à categoria de presença p a r a a consciência.
Quando o fenomenólogo adota u m a posição reflexiva, A intencionalidade é o tema capital da fenomenologia.
uma atitude teórica, que faz u m recuo para "olhar", para Husserl chamou de intencionalidade a propriedade que
observar e refletir o mundo vivido em sua cotidianeidade, têm os vividos de serem "consciência de alguma coisa". 8
ele procura tornar explícita a consciência daquilo que está
4 SMART, Barry. Sociologia, Fenomenologia e análise marxista. Rio de

8 HUSSERL, Edmund, Idées directrices pour une phénoménologie, Pa- Janeiro, Zahar Ed., 1978, p. 105.
ris, p. 77. 5 Ibid., p. 109.

« HUSSERL, E. Op. cit., p. 285.


178 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 179
Assim, por exemplo, a percepção é percepção de alguma ciência de . . . , que ela é consciência visando alguma coisa.
coisa; um juízo é u m juízo de u m estado de coisas; uma Assim, a consciência não é inicialmente consciência de si;
valoração é uma avaliação de um estado de valor, etc. ela é irrefletida antes de se t o m a r reflexão. Isto quer
A intencionalidade engloba os vividos, na sua classificação dizer ainda que a intencionalidade em exercício é mais
geral, em vividos cognitivos ou teóricos, vividos afetivos e ampla do que a intencionalidade exercida, pois aquela está
vividos práticos. Quando a intencionalidade se volta para sempre atuando em latência. Por isto é que P. Ricoeur,
u m vivido afetivo, isto não quer dizer que as instâncias M. Ponty, A. De Waelhens, E. Fink, etc. dirão ser impos-
intelectivas e práticas não estejam presentes. Elas estão sível se alcançar uma reflexão total. A finitude da reflexão
presentes em latência embora a dominância esteja sendo está inscrita neste primado de que o sentido em um ato
do vivido afetivo. O mesmo ocorre quando a dominância ou a intencionalidade em latência está sempre em exercí-
é do vivido cognitivo: as instâncias afetiva e prática estão cio e é mais ampla do que a intencionalidade exercida,
presentes sob a modalidade latente. Quando predomina o tematizada e com o seu sentido proferido ou expresso.
vivido da ação, as estruturas do vivido teórico afetivo estão A fenomenologia é compreensiva e não explicativa, como
latentes. já dissemos. A compreensão é u m tipo de conhecimento de
ordem intuitiva e sintético. A explicação é de tipo analítico
6. Significação e compreensão e discursivo, ou seja, ela divide o todo em seus elementos
para analisá-los, procurando ao término reconstruí-los
Os vividos intencionais são informados de significação numa ordem de reflexão causal. A compreensão se define
pela consciência. Husserl esclarece que os fenómenos de para a fenomenologia como a apreensão de u m sentido,
"significação" e "expressão" são correlativos. Através do isto é, uma apreensão global do modo de aparecer que é
ato de significar passa-se à expressão de uma experiência próprio a um objeto. Não se pode apreender o objeto
intencional, em que de algum modo u m objeto foi inten- na sua integralidade de uma só vez e sob todos os seus
cionado. Por causa deste poder de significar que o homem aspectos ou ângulos. No entanto, o que se conhece atual-
possui, é que compreendemos que olhar as coisas não é mente já designa os outros aspectos que poderemos vir a
u m mero olhar, mas que se trata de u m ver ou de u m conhecer.
observar discernindo, de u m ver inteligível. Este ato de Os fatos humanos são exemplos de realidades que não
"ver inteligível" do pólo no ético da consciência é o ato podemos apreender em sua totalidade de uma só vez.
dé significar ou de dar sentido a alguma coisa. Assim, por exemplo, um gesto, uma palavra revelam a
Para a fenomenologia é necessário compreender que os personalidade de alguém, mas não a totalidade absoluta
fenómenos sociais são constituídos inter subjetivamente por da sua personalidade.
sujeitos que estão numa interação significativa. Os fenó- A compreensão visa à apreensão da totalidade dada e
menos sociais não são uma abstração em relação aos da significação global de uma forma ou de uma estrutura
sujeitos que vivem estes fenómenos. que nela mesma não pode ser decomposta. Para com-
Nem todas as vivências são vividas conscientemente; preender (cum-penere) preciso discernir, escolher, sele-
podemos experimentá-las irrefletidamente, conforme já cionar, separar, agrupar, apanhar, apreender. Preciso co-
dissemos anteriormente. Trata-se da zona virtual da cons- locar-me numa perspectiva, fixar-me em algo. Por isto
ciência que é vivida mas não reflexivamente. Esta verdade não podemos compreender a totalidade a não ser sob a
da vida pré-reflexiva ou antepredicativa tem sua fonte forma de perspectivas, embora ou talvez porque esteja-
própria de verificação na intuição. A fenomenologia se mos enlaçados nela. Estas perspectivas se dão na expe-
inicia por u m deslocamento da consciência imediata p a r a riência da realidade. Por sua vez a experiência da reali-
surgir e se iniciar a reflexão. A consciência, pela sua dade não é a mesma para todo mundo. Assim, a experiên-
intencionalidade, nos mostra que ela é antes de tudo cons- cia da realidade vivida por u m esquizofrénico não é a
180 CBCISS Teorização do Serv, Social 181 zyxwvutsrqponmlkjihgf
nossa; ele vive a estrutura do ser real de u m modo original e da agressão recíproca. Assim, a estrutura do existir
que nele mesmo é por nós ignorado. Por isto, falar da humano é encontro sob a modalidade do existir com ou
experiência do real significa falar que a experiência se dá do existir contra.
n u m a história pessoal, numa história vivida singularmente A possibilidade do encontro humano se funda, final-
m a s que tem u m a estrutura essencial. mente, sobre a presença do homem que por seu corpo e
no seu corpo se comunica expressivamente com alguém.
7. Liberdade e encontro O corpo permite que entendamos o movimento signifi-
cativo dos membros, o conteúdo expressivo do rosto e
A historicidade a que acabamos de nos referir nos faz do comportamento, a fala, etc. E m cada encontro se inau-
passar ao mundo d a liberdade situada. gura um diálogo e se funda um mundo comum; ele é
A liberdade é o que nos permite dizer não à natureza. acompanhado de uma emoção. Não há encontro humano
É ela que nos permite ver que somos outro em relação sem relação afetiva. A emoção humana é um modo da
ao universo. Pela liberdade situada percebo que sou pre- existência humana indissociável do encontro.
sença ao mundo, presença aos outros, presença ao meu Para haver encontro é preciso haver presença. Esta se
passado, ã minha história e à minha cultura. dá sob diversas formas. Assim, quando Heidegger escreve
que "pelo templo, o Deus está presente no templo", esta
Pela minha presença aos outros se dá a génese e a presença do Deus da Antiga Grécia não se compreende
significação do encontro enquanto acontecimento humano. da mesma forma que a presença de um livro numa es-
Conscientemente ou não, o homem assume em cada en- tante, ou a presença de Deus na Eucaristia para os cató-
contro u m papel que ele desempenhará. Este papel é deter- licos. Aquela presença do Deus Grego leva ao reencontro,
minado em parte sociologicamente pelas relações sociais, • nosso com ele, através do templo descrito como obra de
pelas situações de classe, pelos conflitos sociais e de classe, arte.
pela profissão, etc. A análise das relações com o outro na modalidade do
O encontro se dá entre seres em situação, entre pessoas encontro mostra-nos que este se dá sob a forma de en-
engajadas, numa relação de uma existência com outra contro afetivo, encontro sexual, encontro com o grupo,
existência. O mundo do encontro é u m mundo inter-huma- encontro com o anonimato da multidão, encontro com
no. Ele não pode ser demonstrado. Ele só pode ser reve- uma instituição, encontro com um autor, através de sua
lado enquanto relação afetiva, enquanto percepção do obra, etc. São formas de relações do homem com o mundo,
outro, enquanto acolhimento ou recusa do outro, etc. do homem consigo mesmo, dos homens entre si. Dizemos,
O encontro humano é expressão de u m a dupla intencio- então, que Deus, o homem, a verdade podem se tornar
nalidade. De u m lado eu me dirijo p a r a o outro para presentes para uma consciência. E m nossa experiência
apreendê-lo, conhecê-lo e fazer dom de m i m próprio. De vivida dá-se o nosso encontro com Deus, com os homens,
outro lado o outro se dirige para mim p a r a acolher-me com a verdade, etc. Isto quer dizer, ainda, que as exis-
ou recusar-me, p a r a apreender-me e para deixar-se conhe- tências de Deus, dos homens e da verdade estavam dissi-
cer e conhecer. Esta dupla relação indica que a existência muladas ou ocultas, e que agora se tornaram presentes,
é u m misto de atividade e passividade. No encontro sem- apresentaram-se, revelaram-se.
p r e se dá e se recebe. Trata-se do encontro sob a forma
da coexistência — do existir com. Mas, pode-se dar o
encontro no seu sentido literal, isto é, ir contra alguém, BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ser contrário a . . . — é a coexistência na contradição.
Nesta o outro se revela obstáculo a ser ultrapassado. CAPALBO, Creusa. Fenomenologia e ciências humanas. Rio de Janeiro. | .
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Ilda Lopes Rodrigues da Silva (Coordenadora)
Maria Adelaide Ferreira Gomes
Maria Augusta de Aguiar Ferraz Temponi
Maria Júlia Nin Ferreira
Maria Madalena do Nascimento
(Rio de Janeiro)
Dentre as preocupações de Serviço Social como disci-
plina de intervenção na realidade social, emergem aquelas
relativas ao fenómeno conhecimento, saber progressivo,
e aquelas que envolvem a adoção de princípios e valores
que devem ser assumidos.
Essa situação configurada como "crise" encontra na
postura compreensiva perspectivas amplas para repensar
os seus fundamentos e sua racionalidade na tentativa de
discernir a nova problemática.
A meditação do conhecimento do Serviço Social a partir
de interrogações e reflexões pode indicar uma abertura.
O Serviço Social, elegendo o social como tema, procura
se interrogar sobre o mesmo visando a u m conhecimento
e a u m processo de transformação social. Essa interro-
gação básica desdobra-se pela escolha dos vários temas
que se propõem como enfrentamento.
O Serviço Social, ao voltar-se p a r a a pessoa em suas
relações interpessoais e em suas confrontações com o
184 CBCISS Teorização do Serv. Social 185 zyxwvutsrqponmlkjih
ambiente, parte de u m a visão de homem e mundo. Ao O que é o ser em situação, transforma-se em quem
postular como sua intenção o desenvolvimento da capa- é o ser em suas relações sociais. Interessa apreender o
cidade do ser humano leva em consideração o homem sentido que a pessoa dá à sua própria existência que
como pessoa. se inscreve no tempo e se realiza num processo histórico.
Como ponto de apoio e partida para uma praxis, inda- Se o Serviço Social como profissão pretende atingir esses
ga-se n u m a perspectiva profissional: níveis de compreensão, só pode chegar ao conhecimento
do "ser" à medida que ele se descobre para o assistente
— o que é o ser em situação? social. É por isso que o conhecimento em Serviço Social
— o que é viver nesta sociedade? não se restringe ao nível de objetivação mas persegue
— como apreender o social através de pessoa? o nível de subjetividade. É a partir de uma situação pro-
— como capacitar pessoas visando o social? blematizada que se levantam questões significativas que
pretendam se dirigir às condições de possibilidade de co-
Na reflexão manifesta-se uma tensão para além do nhecimento.
fenómeno social, que provoca o questionamento do modo Metodologicamente é fundamental apreender-se a di-
fundamental do homem estar no mundo, assim como o mensão estrutural da existência que se configura no seu
modo desse mundo estar para o homem. modo de ser no mundo que engloba a pessoa, as suas
Para atender a essas exigências de pessoa no mundo relações com as pessoas e com as coisas. Essa dimensão
reconhece-se o homem como u m ser encarnado, situado exige u m a perspectiva que considera o singular e, par-
no mundo com as demais pessoas. A consciência desta tindo deste, chegar à apreensão das realidades sociais num
condição de "ser-com" só se dá quando ele se abre ao contexto maior (o próprio sentido, o sentido do outro e
outro. o sentido do nós).
A situação de "homem no m u n d o " não significa algo
pronto e acabado; ao contrário, significa uma exigência Situação é o mundo no qual o homem está presente,
de participação. mas, se quiser realizar-se plenamente como ser, terá que
A produção do conhecimento em Serviço Social parte assumir esse engajamento livre e conscientemente.
das realidades mais profundamente humanas que emer- O sentido aparece a nível de compromisso como uma
gem da vida do cotidiano nas suas relações com os outros condição de passagem de necessidade a liberdade.
(família, vizinhança, relações de t r a b a l h o . . . ) . As relações Este processo se dinamiza através do diálogo, enten-
das pessoas com as pessoas articulam-se em interações dido, aqui, como uma forma de ajuda psicossocial. O
singulares. diálogo ocorre numa relação mutuamente significante que
Esse processo de conhecimento supõe u m acolhimento se manifesta por um apelo de um lado — a intenção da
do outro no sentido de "ser compreensão de ser". ajuda profissional, e, de outro — o do querer ser ajudado,
O acesso ao ser só se dará pela abertura à intersubje- Nele, realiza-se uma experiência enriquecedora, do qual
tividade ao nível de outras pessoas, através da comunhão. ambos são sujeitos na investigação do tema eleito e na
"Se eu me abro realmente à comunhão intersubjetiva, construção de projetos de existência humana. Esse pro-
se eu recebo o outro e me dou, nós ascendemos juntos cesso exige tanto o conhecimento do sujeito profissional
u m pelo outro no plano de ser" (Robert Fays). quanto o conhecimento do sujeito cliente.
Serviço Social, assim, se propõe a um desenvolvimento
da consciência reflexiva de pessoas a partir do movimento A exigência deste tipo de conhecimento é ao nível de
dialético entre o conhecimento do sujeito como "ser no compreensão, supondo a descrição do vivido, a descoberta
m u n d o " e o conhecimento do sujeito como "ser sobre do sentido do vivido, a caracterização da estrutura do
o mundo". Isso se realiza numa dimensão temporal e vivido e finalmente o estabelecimento de constâncias da
histórica. estrutura do vivido.
Teorização do Serv. Social 187
186 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
As implicações desta opção propõem uma atitude de u m objeto científico. Diante da evidência o Servi
ç o Social
saber ouvir, sentir com, perceber. não pretendeu nem pretende mostrar-se incapaz de com-
preender aquilo que tenciona explicar. Ao visar seu objeto
Nesta perspectiva de interação a pessoa-cliente revela de estudo, procura, na razão e não-razão, os fundamentos
para a pessoa-assistente social aquilo que tem para ele da compreensão em função do material de pesquisa que
u m significado, o ser vivido, ele consigo mesmo, com prepara a explicitação.
outros, e com as coisas.
A pessoa-assistente social aprofunda com a pessoa- Esta pretensão, no tempo, deu possibilidade à criação
cliente, questionando sobre os conteúdos revelados, ten- de modelos entre os quais o "psicossocial", que contribuiu
tando clarear e ampliar os horizontes, emergindo sentidos para dar uma estrutura diagnostica à situação-problema
novos. como objeto de estudo. E, do mesmo modo, pôr em evi-
Na existência dialógica desenvolvem-se formas de apro- dência nela os aspectos do vivido numa "avaliação" que
ximação de realidades considerando a estrutura de vivido envolve a caracterização do ser-em-situação. O que signi-
na sua historicidade e na sua cultura. fica a existência da noção-limite dos procedimentos de
u m a lógica interna de duas filosofias.
É através da reflexão que se consegue atingir as expe-
riências reais na sua diversidade para conseguir apreender Hoje a dialética da complementaridade nos leva a revi-
e compreender o horizonte ou o universo no qual o ser sar essa postura fenomenológica inicial. Questionar o tema
se revela, permitindo chegar a u m conhecimento novo. a partir da reflexão sobre a possibilidade da ciência, orien-
A descoberta de u m novo sentido identifica conteúdos tado pelo reconhecimento de que "o horizonte dos logos
que, tomados em conjunto, vão se transformar em pro- científicos é radicalmente diferente do horizonte dos ob-
jetos. jetos percebidos", como afirma Husserl.
O projeto traduz u m a praxis humana que contém uma Esta tomada de consciência permitiu, aqui, colocar en-
etapa fundamental da existência humana. tre "parênteses" a estrutura da avaliação-diagnóstico para
Os projetos se manifestam como respostas novas de q u estioná -la no interior de uma fenomenologia, ou antes,
conhecimento e ação da pessoa frente a si mesma, aos a partir de suas próprias possibilidades.
outros e com as coisas. Neste sentido, fazer aparecer numa "estrutura espa-
Finalmente, a atitude fenomenológica e as ideias cen- cial" as dimensões das situações sociais-problema, a partir
trais que orientam a fenomenologia abrem caminho para e dentro das quais se manifestam, em suas tipicidades
o estudo do comportamento do homem. Sua contribuição ou singularidades, é constituir a "avaliação-diagnóstico"
principal para o Serviço Social está na possibilidade de n u m discurso fundado na metodologia da compreensão.
oferecer uma reflexão sobre os limites da racionalidade Efetivamente, a avaliação-diagnóstico constitui uma estru-
e da objetividade que permitam o fazer e o refazer dos tura espacial dentro da qual estão situadas todas as pes-
métodos e das técnicas na praxis. soas enquanto reduzidas ao aspecto que é próprio da
Nosso propósito agora, aqui, é pensar o contexto teó- condição humana: ser sujeito do social que constrói e
rico fundado na fenomenologia a partir da abordagem que por ele é construído. Assim, cada "avaliação-diagnós-
de alguns dos aspectos, "somente alguns", que compõem tico" é objetivação de uma situação social enquanto objeto
nossa metodologia. delimitado pelo enfoque da intervenção do Serviço Social.
Delimitação que, em certo sentido, é legitimada pela inten-
cionalidade mas deformada pela visão parcial da expo-
A investigação diagnóstica sição de u m a situação social-problema como objeto.
Isto implica aceitar que o serviço social tem uma ma-
O conceito de diagnóstico social que marca a fundação neira de visar o homem como ser no mundo e como ser
da perspectiva científica do Serviço Social é questionado sobre o mundo.
por não configurar o seu objetivo de conhecimento como
188 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 189
A apreensão do homem em suas relações interpessoais — ser o desvelamento do modo de ser — na situação
e sociais se faz por u m a atitude de abertura que progres- pessoa-assistente social e pessoa-cliente — a objeti-
sivamente capta, pelas descrições da "estrutura do vivido", vidade que cria a correlação su jeito-objeto;
seus significados. — ser a objetividade redutiva o horizonte dentro da
Visa as realidades vividas dentro de uma perspectiva qual a situação social, ou seja, a enunciação, aparece
de temporalidade (aqui e agora). Mas como a história delimitada pelo enfoque.
dos homens tem u m sentido que nos faz questionar que
há no tempo mais que o tempo, não se pode supor a • A leitura da descrição da enunciação^ como o momento
realidade da pessoa-cliente sem supor a da comunidade que provoca o questionamento de seus conteúdos^se faz
de que faz parte, porque nela há mais do que ela própria. a partir da "redução". A reflexão leva assistente social
e cliente, como co-autores, a partir das aparências empí-
A tentativa de compreensão leva a conhecer a pessoa ricas, a provocarem a ruptura, ou seja, desligarem-se das
e suas manifestações sem perder de vista o contexto social certezas, do saber constituído. A ruptura como "redução"
em que está inserida e todas as implicações advindas é a atitude fundamental da metodologia. Provoca uma
do mesmo. Leva a ver o homem de forma global em suas experiência no fenómeno, isto é, leva ao trabalho de ana-
inter-relações, a distinguir seus atos de conhecimento em lisar e aprofundar o que esse fenómeno é em si, ou seja,
seus níveis diversos de conhecimento, conhecimento preen- o que significa intrinsecamente.
chido de conteúdo social.
Assim, a situação social-problema se define como o
A preocupação de compreender a "pessoa em situação" próprio ser do aparecer — e neste mesmo ato redescobri-
se aprofunda na medida em que o aproveitamento dos la no mundo. Num outro nível, é o modo de aparição
dados revelados pelas descrições se articulam de forma da situação social na consciências A significação dos fatos
a apreender o "invariante", ou seja, o "núcleo central" da como experiência, uma vez que os fenómenos não nos
"situação existencial problematizada". aparecem mas são vividos. E m outras palavras "a signi-
Assim, a estrutura espacial da avaliação-diagnóstico é ficação dos fatos só se revela em situação", A redução
despnhada no primeiro movimento pela descrição de uma leva então a pessoa-cliente a compreender que o seu pro-
situação social enunciada como problema pela pessoa- blema só tem significado dentro da singularidade da sua
cliente. A proposta é captar cada vez mais a realidade situação existencial, ou seja, no modo irredutível de se
mostrada através de uma reflexão onde a situação é ima- mostrar.
nente ao discurso. A reflexão crítica parte das colocações percebidas pe-
A possibilidade de atingir a caracterização da estrutura los sujeitos cliente e assistente social, para intencional-
espacial reside em admitir: mente desenvolver a compreensão dos fenómenos que
estão em análise, visando a uma tomada de consciência
geradora dos temas de reflexão/Provoca o questionamento
— a enunciação constituída pela exposição de uma da "estrutura-valor" que oferece solo ao saber do assis-
situação social-problema como o que é dado (fenó- tente social e do cliente» a qual os liga de uma forma ao
meno) e que lhe dá a primeira direção; mundo. \Isto implica admitir que na avaliação-diagnóstico
— ser o distanciamento, criado pela enunciação, o es- o conhecimento é sempre mediatizado por uma pré-com-
paço entre o assistente social e o cliente, o provo- preensão, ou seja, u m consenso que a precede, que está
cador do relacionamento profissional; aí^Daí (do as) a preocupação com referência ao quadro
— ser a intencionalidade o assumir a verdade dessa dis- teórico e ao sistema de valores sócio-culturais (do cl)
tância e os objetivos profissionais no sentido de sua presentes no interior da interpretação. Com efeito, a-inter-
realização; pretação,/ para se concretizar,/tenta desOTíülíar essa "es-
190 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 191
trutura-valor" p a r a conhecê-la. Admite a correlação entre transformação a partir e dentro da qual se constituem
o conceito do pré conceito e o da ideologia n u m a comple-
mentaridade dialética. Assim, as condições de inteligibili- os projetos de "ação interventiva" visada como capaci-
dade são procuradas no próprio objeto da investigação- tação social v -A possibilidade de provocar a capacitação
diagnóstico, isto é, na situação social-problema. Afirma-se, social reside no fato de o serviço social expressar uma
então, que a "teoria não deve ser separada da experiên- forma de acolhimento de u m homem para o outro., jA
cia", isto é, do vivido. Que a noção de valor põe-nos diante abertura ao outro e consequente engajamento no ser só
do problema filosófico. se dá a partir do encontro^ Pode-se dizer que cada en-
A tarefa de compreender numa avaliação diagnostica contro é exclusivo, embora guarde uma característica de
é a de elevar a nível do discurso aquilo que inicialmente habilidade, p encontro é sempre u m acontecimento ^desta-
se descreveu como estruturado na situação social-proble- cado, algo novo, u m impacto que obriga o homem á sé
ma. O discurso é construído no diálogo assistente social- revelar. ,
cliente, onde a descrição e a explicitação mediatizam o O conhecimento do singular permite a compreensão
compreender. das estruturas do vivido dentro de u m a relação de inter-
/ A situação social-problema não é aquilo que o cliente subjetividade. Cada descoberta é u m a singularidade que
de uma forma ingénua revela, mas a situação social-pro- admite a compreensão do ser enquanto ser, a participação
blema a partir da qual deve ser apreendida. de cada ser como pessoa.
A provocação intencional para o conhecimento do mun-
do se dá n u m a unidade dialética entre ação-reflexão ao
Intervenção social desencadear o social .que nela se dá.
Isto implica aceitar o diálogo, não fundamentalmente
A exigência de satisfação de necessidades básicas ex- como instrumento, mas como forma de ação interventiva
pressa pela clientela do serviço social visava diretamente com relação a uma situação concreta.
problemas empíricos e envolvia a problemática de distri- -A estrutura espacial da ação interventiva é a descrição
buição de riqueza (pobreza>.' Neste sentido a prática as- da estrutura da transformação operada sotx a forma de
sistencial apresentava aspectos "marginais" de conheci- capacitação sociaL.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWV
é processada como movimento a partir
mento por se basear unicamente em elementos materiais da colocação da pessoa-cliente como co-autor da avaliação-
de uma dada situação. diagnóstico. Nesta perspectiva específica significa capa-
A partir da operacionalização do diagnóstico social, a citar o cliente a realizar a própria "avaliação-diagnóstico"
intervenção do serviço social passou a articular o conhe- e compreender o projeto de transformação que está vi-
cimento da "estrutura do vivido" como auxílio concreto vendo/ Estes dois atos se encontram de tal forma arti-
exigido como resposta às necessidades manifestas. -Nessa culados que não pode haver u m ato de consciência sem
perspectiva o "tratamento social", como prática, que carac- transformação provocada pela própria consciência.
terizava a ação interventiva, passou a significar "ajusta- O projeto como fenómeno é possibilidade do que se
m e n t o " e/ou "adaptação" ao tentar eliminar as disfunções quer e se pode fazer. Como realidade concreta tende sem-
internas e externas de u m a dada situação condicionada pre a transformar uma situação que contém resistências
e prolongada por u m certo equilíbrio. ou desafios e expõe contradições. Dimensiona as catego-
No contexto de u m a crítica do tempo presente à inter- rias — vontade, esforço, trabalho, movimento, ação, resis-
venção social,'o serviço social é acusado de estar voltado tência, contra-ação — que manifestam a estrutura mais
para a promoção do indivíduo e as exigências do sistema universal de toda ação humana.
e não no sentido da pessoa-sujeito do social. O projeto como ação humana é atividade de pessoa
Admitida como válida a reflexão, a intervenção social, que produz permanentemente nela u m sentido^ porque
hoje, passou a ser questionada como operacionalização da ela pode dar-se conta disso. Projeto ele próprio consti-
Teorização do Serv. Social 193
192 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
BRUYNE, Paul et alii. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais. Rio de
tutivo do tempo e do espaço vividos. Ato no qual a pessoa Janeiro. Francisco Alves, 1977.
chega ao mesmo tempo a uma decisão e a u m conheci- CAPALBO, Creusa. Fenomenologia e ciências humanas. Rio de janeiro. | .
mento. Ozon, 1973. 118 ps.
Fenomenologia e estudos sociais. Convivium. Rio de janeiro, v. 21, n." 2,
A concepção criadora do projeto provoca a realização
sucessiva de uma tomada de consciência do que se sabe, mar./abr„ 1978.
se pode e se deve fazer em u m dado assunto. DART1GUES, André. O que é fenomenologia0 Rio de janeiro. Eldorado.
Experiência que provoca a consciência crítica ao se 1973.
ampliar no tempo histórico, ou seja, no tempo vivido da
GILLES, Gaston Granger. Pensamento formal e ciências do homem, l e
experiência do nós, aqui-agora.
11. Lisboa. Presença, 1975.
A possibilidade de caracterizar a estrutura espacial da
G I R A R D I , Justino Leopoldo. O ser do valor: perspectiva de Gabriel Mar-
transformação para explicitar por que ação foi concreti- cel. Porto Alegre. Nilton Rocha de Souza, 1978.
zada reside em admitir:
H A M I L T O N , Gordon. Teoria e prática do serviço social de casos. Rio
de janeiro. Agir. 1958. 393 ps.
— assistente social e cliente como "pessoas,'.', sujeitos
do processo e fonte do sentido; JASPERS. Karl. Filosofia da existência. Rio de Janeiro. Imago.
— a capacitação do cliente sezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
dá no dialoga, onde a K O N O P K A , Gisela. Serviço social de grupo: um processo de ajuda. 2.' ed.
constituição de u m projeto é vivida de forma cria- Rio de Janeiro. Zahar, 1972. 310 ps.
dora como possibilidade singular de suas próprias KUPERMAN, Greno. Um tema íenomenológico: o mundo. Revista de Cul-
existências subjetivas; tura Vozes. Petrópolis, v. 66, n." 4, maio, 1972.
— a transformação se amplia no tempo histórico,* ou LANTERl-LAURA, Georges. Psiquiatria fenomenológica. Buenos Aires, Edi-
seja, é vivida na estrutura do nós, no aqui-agora de ciones Troquel, 1965.
uma comunidade que tem seu espaço e seu tempo
LUIJPEN, W. Georges. Introdução à fenomenologia existencial. São Paulo.
por essência transcendentes;
Universidade de São Paulo, 1973.
— se a realidade se transforma, todo o conjunto do Fenomenologia existencial. Buenos Aires. Carlos Lohlé, 1967.
saber, que se define e m relação a esse real, trans- La fenomenologia es un humanismo. Buenos Aires, Carlos Lohlé, 1967.
forma-se igualmente; L Y O T A R O , ). F. La fenomenologia. 5." ed. Buenos Aires. Editorial Uni-
— transformar é provocar, pelo movimento de u m diá- versitária, 1973.
logo que conduz a uma reflexão sobre uma realidade MAY, Rollo. Psicologia existencial. 2." ed. Porto Alegre. Globo, 1976.
concreta (situação social-problema): M I L H O L L A N , Frank et alii. Maneiras contrastantes de encarar a educação.
São Paulo. Summers, 1978.
• a descoberta — da "consciência em si" e de sua RICOEUR, Paul. Interpretação e ideologias. Rio de Janeiro. Francisco Al-
" estrutura-valor " ; ves, 1977.
• a formação — da "consciência crítica" e de sua R I C H M O N D , Mary E. Diagnóstico social. 17.a ed. Lisboa. Instituto Supe-
"articulação", mobilizada e dirigida para uma ver- rior de Higiene Dr. Ricardo Jorge, 1950. 455 ps.
RUITENBEEK, H. M. et alii. Psicoanálises y filosofia existencial. Buenos
dadeira atualidade no sentido da responsabilida- Aires. Paidos, 1965.
SILVA, Ilda Lopes Rodrigues. Introdução ao pensamento de Mary Rich-
de sempre manifesta no comportamento social. mond. Rio de Janeiro. PUC, 1976. 97 ps.
T H O N N A R D , A. A. Compêndio de história da filosofia. Roma. Sociedade
de São João Evangelista. Pontifícios, 1953.
VAN DER BERG, j . H. O paciente psiquiátrico. São Paulo. Mestre Jou,
BIBLIOGRAFIA 1966.

ALMEIDA, Anna Augusta de. Possibilidades e limites da teoria do serviço


social. Rio de Janeiro. Francisco Alves, 1978. 159 ps.
BOLLNOW, O. F. Pedagogia e filosofia da existência. Petrópolis. Vozes,
1974.
2.2.1 CONSIDERAÇÕES EM TORNO DOS QUESTIONA-
MENTOS LEVANTADOS NO SEMINÁRIO SOBRE
O DOCUMENTO DE BASE 2.2: Reflexões sobre a
construção do Serviço Social a partir de u m a abor-
dagem de compreensão, ou seja, interpretação feno-
menológica do estudo científico do Serviço Social.

1.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Apresentação
Antes de responder às questões levantadas pelo plená-
rio, é significativo p a r a o grupo que elaborou o trabalho
informar que ele assumiu a reflexão epistemológica do
Serviço Social a partir da abordagem de compreensão^
Na realização da tarefa, a metodologia de trabalho eleita
caracterizou o conhecimento da própria fenomenologia
como exigência primeira.^
Nesse sentido, numa primeira etapa, houve a preocupa-
ção em pesquisarzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUT
a bibliografia^ Seguiu-se a seleção de
autores e a eleição dos temas — intencionalidade, singu-
laridade, reflexão eidética, redução, encontro e diálogo
— que delimitaram as reflexões críticas no estudo.^A sín-
tese, elaborada a partir das discussões, gerou no grupo
a consciência da possibilidade de integrar as ideias das
categorias estudadas à abordagem do Serviço Social .çN.uma
segunda etapa,, emergiram os-questionamentos dos funda-
m e n t o s do Serviço Social articulados aos conceitos de
pessoa e de mundo (indicados por filosofias existenciais)
e a análise crítica da metodologia do seu processo de
objetivação, ligada à história de suas. práticas,? Na^etapa
JBsiaLJ^M redigido o dojmmento, dividido em duas partes:
uma introdutória é outra onde se tenta caracterizar, no
"quadro da compreensão", a estrutura da teoria do Ser-
Teorização do Serv. Social 197
196 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
entre sujeitos (assistente social e cliente), onde o diálogo
é motivado pela possibilidade de ser assumida a ideia
viço Social configurado pelas categorias da investigação- de u m a postura de "comunhão". Além disso, a ideia de
diagnóstico e da intervenção social. A leitura das questões
levantadas no Sumaré resultantes da crítica ao documento consciência como forma de existir do homem como sujeito
provocou novas reflexões e levou o grupo à compreensão permite-nos admitir a problemática da atividade cognitiva
da exigência de recolocar as categorias — pessoa, cons- n a dimensão humana, ou seja, vinculada aos pólos afetivo
ciência reflexiva, projeto, praxis, totalidade vs. singulari- e da ação (prática).
dade e invariante — de modo a p r o v o c a r . u m conheci- E m resposta à pergunta — "como caracterizar a cons-
mento que permita percebê-las integradas aos conceitos ciência como reflexiva?", pode-ge dizer que n a dinâmica
operativos de Serviço Social. Assim, através da colocação d a compreensão há u m esforço inicial de reflexão sobre
das ideias principais, as questões levantadas pelo plenário u m a situação concreta,, o "vivido'V quezyxwvutsrqponmlkjihgfedc
é percebido n o
vão sendo respondidas. "aqui .e agora''. Existe sempre u m a situação não dada,
Será obedecido o seguinte esquema: m a s vivida, que é pensada, ou seja, captada por u m a
\ E m primeiro lugar, serão colocadas as ideias contidas reflexão intuitiva. Nesse sentido, n a dinâmica do diálogo
nas categorias de pessoa e consciência reflexiva. Depois, (no processo de serviço social), pensar e refletir (na acep-
as ideias das categorias que foram relacionadas com a ção compreensiva e concreta) de u m a ação, não é exclu-
intervenção (ajuda psicossocial): praxis e projeto. E, em sivamente u m a t o reflexo nem u m ato contemplativo, m a s
terceiro lugar, as ideias articuladas à verdade (conheci- comunicação entre consciências. / Nela acontece a cons-
mento): totalidade vs. singularidade e invariante. ciência reflexiva co mo categoria fundamental n a medida
e m que a pessoa situada e datada pensa e repensa algo
que, captado p o r intuição, passou a tematizar como pro-
2. As categorias de pessoa e consciência reflexiva cedimento operatório inicial, em busca da compreensão.

/"Qual sentido básico do pensamento existencial está


3. As categorias de praxis e projeto
contido na categoria PESSOA?" Primeiro, a afirmação da
primazia do sujeito, entendido não na visão de "indivíduo" O grupo admite a PRAXLS como atividade humana,. Mas
(dependente das categorias propriamente científicas) mas quer sublinhar que admite não existir nada humano, quer
na de projeto — "ser construindo-se a si mesmo^. .Escla- no indivíduo quer na sociedade, sem retorno sobre "si
ideia de sujeito a compreensão do homem com
rece estazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA mesmo". Daí porque não a concebe, apenas, como u m a
a capacidade para enfrentar sua própria situação, homem transformação do objeto, da natureza, m a s como u m a
agente de sua própria transformação. Além disso, a ideia transformação do próprio sujeito. Esse retorno sobre "si
de pessoa não se limita apenas à dimensão de "ser em m e s m o " implica u m a reflexão que possibilita a o sujeito
si", sujeito singular, mas "ser situado", sujeito histórico. (assistente social ou cliente) estar presente no que faz
"Nessa perspectiva, pode-se dizer que a pessoa que está e no que ó. O pensamento fenomenológico — mais espe-
conosco numa "situação de trabalho" é o "ser indo"/Insis- cialmente e m Husserl — permite encontrar como corre-
timos dizer: sujeito que assume sua historicidade na me- latas ação e reflexão; apesar de distintas, u m a é consi-
dida em que pratica sua liberdade. Assim, o ato de cons- derada na outra, onde o homem será visto como pessoa
ciência como o ato próprio do sujeito caracteriza, para que se exprime e se comunica através da cultura por
o grupo, a especificidade da categoria — pessoa., ele criad». A reflexão visa dar significação as próprias
,A ideia de pessoa nas duas categorias profissionais ações. Porque humana, a praxis supõe uma ação de reci-
sujeito-cliente e sujeito-assistente social — introduz-nos procidade, isto é, de diálogo, que é u m a forma de enri-
na própria compreensão da exigência da inter sub jetivi- quecimento d a própria ação, n ã o apenas participada, m a s
dade (o fato de ser-comtf Neste sentido, o trabalho do
Serviço Social supõe-se ser realizado através do encontro
198 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 199
falada por muitos. Quando a praxis expressa por exigência E s t a experiência, assim' caracterizada, configura o pro-
u m a ação sobre outrem, neste sentido se contrapõe a uma cesso de serviço social, ou seja, a ajuda psicossocial pou-
m e r a ação de produção. A produção aplica-se a uma natu- sada como a "teoria da intervenção social".
reza material, a u m aquilo, a terceira pessoa que implica A compreensão da categoria "intervenção social" na
a ação de transformação sem reciprocidade. Ao discutir dimensão psicossocial é tradicionalmente caracterizada
praxis em Serviço Social, acreditamos que a ideia de reci- pelos seus conteúdos constituídos a partir de u m saber
procidade, caracterizando a categoria "diálogo", é a exi- científico: psicanalítico, psicológico e sociológico. Os con-
gência primeira que se coloca diante d e . n d s , por confi- ceitos do seu quadro de referência sempre estiveram amea-
gurar o pensamento fenomenológico no sentido que opera çados por não se encontrar na sua construção, n u m nível
o conhecimento em ação (movimento) no ser (por estar de linguagem discursiva, a caracterização dos objetos cien-
na origem de toda experiência possível). tíficos. Na perspectiva de técnica, o serviço social impôs
Numa atitude fenomenológica onde a visão existencial a si u m v dependência de pensar as problemáticas reais
de pessoa integra a ideia de "ser indo", a problemática dentro dos quadros de referência positiva e funcionalista
profissional é formulada a partir de u m "agora", carac- sem a exigência crítica de u m a epistemòlogia^Essas colo-
terizado como "tempo para a ciência", ou seja, uma situa- cações indicam a intenção de comunicar a que se refere
ção que se reduz a u m a objetivação na busca de uma inte- a reflexão epistemológica assumida pelo grupo, a partir
ligibilidade maior. Esse "agora" funda-se sobre o vivido, da qual foi tentada a estruturação da teoria de "inter-
isto é, refere-se a "algo existente" p a r a uma individuali- venção social" n a abordagem de compreensão.
dade, como o "próprio ser do aparecer". Aos questionamentos levantados no plenário, sobre "co-
ideia m o sair da perspectiva sociológica", a resposta se encontra
Na relação profissional assistente social-cliente azyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
de situação caracteriza u m "agora" constituído por u m a na distinção de perspectiva em relação ao modo de apreen-
situação social particular (uma concreção), objetivada der e descrever o fenómeno que se tenta compreender, e
(colocada frente aos sujeitos), problematizada (sentido não em abandonar o conhecimento sociológico, que dá
e significação), em busca de maior compreensão. conteúdo ao nosso saber.
O termo PBOJETO (ser indo) indica nessa relação o \ N o documento está clara a eleição do tema " o social"
caminhar junto do assistente social-cliente (como sujei- como "horizonte'4 Sua problematização vinculada às cate-
tos) na experiência da descoberta do "fenómeno". Ë u m gorias da prática permitiu o estudo na perspectiva feno-
procedimento que supõe, a partir de u m esforço de refle- menológica.\Horizonte compreendido como a totalidade
xão sobre os conteúdos de consciência, u m a atividade onde se configura a dimensão humana, ou seja, a história
cognitiva e critica não desvinculada das dimensões de afe- do h o m e m mediatizada pelo m u n d o /
tividade e da prática (ação). A pretensão é desenvolver Quanto às interrogações colocadas no plenário sobre
o "projeto", ou seja, o "ir-sendo", n u m a experiência onde — "como é que a comunhão poderá se dar se os compo-
a comunicação caracteriza o movimento da intersubjeti- nentes da dupla assistente social-cliente fazem p a r te de
vidade como formas de participação ao oferecer possibili- grupos diferentes e o problema é do interesse do cliente"
dade no diálogo da compreensão, renovação e transfor- — a resposta parece estar na compreensão do sentido
mação da "situação visada". Nela a objetividade dialética dado ao "mundo dos homens".
ou fenomenológica envolve a problematização que tem Quanto à pré-compreensão do assistente social a u m a
sentido p a r a as consciências (assistente social e cliente), possível atitude de dominação sobre o cliente, cumpre
u m significado definido por u m valor cujo conhecimento responder que a compreensão no diálogo assistente social-
é direção para o mundo dos homens, ou seja, para u m cliente não deriva exclusivamente da pré-compreensão do
produto de trabalho cujas transformações fundam novas assistente social, mas se funda na reflexão de ambos a
significações. partir do "mostrar-se" da situação-problema como feno-
200 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
meno. A pré-compreensão tanto do assistente social co- Teorização do Serv. Social
m o dó cliente são condições de possibilidade da compreen- ridade — a partir do conceito dialético de complementa-
são que dá abertura ao s e n t i d o / ridade que desvela as aparências da exclusão?" Nesse
Assim, fica clara a resposta à pergunta colocada quanto sentido, n a colocação dos termos — totalidade e singula-
à "alternativa p a r a evitar a dominação configurada pelo ridade — há, à primeira vista, u m a exclusão recíproca.
saber d o assistente social". Ela se constitui n o próprio Numa reflexão, mais apjrofunjj&da, afirmam-se u m em fun-
diálogo onde as situações objetivadas abrangem aspectos Ção do outro Não podem, na verdade, ser isolados ~úm
parciais d a realidade q u e são apreendidos e compreendi- do outro. Sjío elementos que, integrados, permitem a
dos sob ângulos variados ao integrar o "conhecimento e m compreensão d a atividade humana, ou seja, o m u n d o dos
espiral" na qual os elementos não se contradizem u m ao
outro m a s dialeticamente se completam,. homens,
Nesse sentido, p a r a nós, assistentes sociais, na investi-
Respondendo ainda à pergunta sobre a dominação, a gação diagnostica, nossa intenção se dirige p a r a u m acon-
partir do trabalho em instituições, diríamoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
que a questão, tecimento singular, a "situação-problema", apreendida em
como foi colocada, simplifica muito a problemática. Há sua totalidade (no movimento do ser-indo no mundo) e
u m a realidade histórica que a configura (um p*assado) que significativa em sua singularidade, que revela a dimensão
precisa ser abordada p a r a questionar o sentido em que do problema das relações entre a pessoa (sujeito cognos-
se pensa hoje u m a superação da relação assistente social cente) e o mundo. Mundo considerado não apenas a tota-
e instituição. Se a supressão ou a superação dessa opo- lidade de suas possibilidades de ser (horizonte interno),
sição for entendida como dualidade de ideologias (práticas m a s a totalidade "de objetos com o horizonte aberto no
políticas), enquanto conteúdo de programações, não é pos- espaço e tempo. A situação-problema (como singularida-
sível suprimir de todo essa dualidade. Se o pensamento de) só tem significado quando integrada à dinâmica do
moderno é dialético, responderíamos que, na postura feno- projeto "ser-indo" do cliente no mundjt». E s t a concretude
menológica, o fenómeno é apreendido, questionado e com- é u m a totalidade quando a situação-problema revela sua
preendido sob uma pluralidade de sentidos. Nessa pers- essência, sua verdade, não apenas articulada a u m "eu"
pectiva o diálogo exclui os a priori colocados n a pré-com- m a s a u m a comunidade (a u m nós), jEm outras palavras,
preensão, que limitam a objetividade datada e situada, ao a totalidade configura as histórias individuais na história
provocar a abertura p a r a o sentido que nos é indicado, humana.
ou seja, que emerge n u m "agora" através da intersubjeti-
vidade definida pela capacidade dos sujeitos apreenderem Estamos agora diante d o conteúdo de u m a outra per-
as instituições como organismos cujas ideologias passam gunta — o que se entendeu por invariante? O t e r m o inva-
a questionar. riante, na fenomenologia, define "essência", ou seja, u m
sentido identificado n u m "mostrar-se" de u m fenómeno.
Elemento sem o qual o próprio fenómeno desaparece.
4. Totalidade vs. singularidade e invariante Como ponto de partida p a r a a compreensão do inva-~
riante, que se fazia necessário, o grupo elegeu o "social",
As categorias totalidade e singularidade aparecem como como já foi dito, que define o espaço da problematização
elementos numa relação de recíproco e biunívoco condi- e m Serviço Social. E neste espaço foi colocada a pergunta:
cionamento na estrutura de mediação própria da com- Como a apreensão de sentido em cada diagnóstico social
preensão. fundado sobre u m a significação como conteúdo da com-
Essa concepção permite responder à questão colocada: preensão de u m a singularidade pode caracterizar a plura-
"Até que p o n t o a construção da teoria do Serviço So- lidade de sentidos que abrange o "social"? E m outras
cial, a partir do método fenomenológico, permitirá a palavras, refletindo sobre o social e m cada singularidade
apreensão da totalidade, desde que se baseia e m singula- onde se " mostra" como fenómeno, podemos chegar nessa
pluralidade ao invariante? Sabemos que na intervenção
Teorização do Serv. Social 203 zyxwvuts
202 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
social, como uma ação prática, a função do diagnóstico
social limita o "sentido" do social a u m enunciado parti-
cular. Mas o "sentido do social" no mundo não se limita que ^ ^ ^ t SoSfonológica
vaizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
^ J
ao que é objetivado num diagnóstico. Mas se a com- S ? 3 ? . £ 3 £ £ . i S T o que nao tem significação
preensão do particular supõe a pré-compreensão do todo,
dentro do qual ele deve ser entendido, e, ainda, se a mas o aue não tem sentido.
compreensão do todo se forma da compreensão dos mo-
mentos particulares que se estruturam na totalidade, na
estrutura da compreensão é questionada não apenas a
constância dos fenómenos m a s o invariante, ou seja, a
essência. Na discussão do problema o grupo teria contri-
buído com alguma coisa? .Nossa resposta é de que a
compreensão do termo "invariante" possibilitou ao grupo
a atitude de que a questão do invariante não existia como
preocupação do Serviço Social. Até agora, presos aos
padrões positivistas, procurávamos determinar o "objeto"
e não o invariante. Por exemplo: o fenómeno pobreza até
que ponto foi desvelado pelo Serviço Social? Considera-
mos que o fenómeno ainda não foi estudado intencional-
mente n a perspectiva do Serviço Social. Apenas reduzimos
o conceito sociológico.
Pelas perguntas colocadas n o plenário, concluiu b grupo
que há u m a preocupação com a realidade brasileira, ou
seja, os fenómenos que se mo s tr a m em nosso horizonte
precisam ser tematizados. O grupo n ã o ^ r e t e n d e ..questio-
n a r p objeto de Serviço Social, m a s estabelecer uma meto-
dologia que possa desvelar o invariante. Tal metodologia
expressará as ideias dás categorias aqui colocadas. O ques-
tionamento básico terá a intenção de estudar o significado
do social p a r a o Serviço Social, como pré-compreensão
que dá direito ao desenvolvimento do processo de com-
preensão. Ao admitirmos que os significados do social vão
caracterizar o conteúdo de nossa praxis, pensamos ser
possível descobrir categorias da estrutura d o vivido que
tenham significado p a r a a clientela, hoje.^Assim, se pela
praxis o mundo ganha u m a significação humana, é preciso
que assistente social e cliente comuniquem os significados
e os questionem, no sentido da comunidade pela mediação,
ou seja, o assistente social não pode supor sua própria
realidade sem supor pelo mesmo ato a dos seus clientes
e a do mundo.
.3zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Roteiro de reflexão

FENOMENOLOGIA E SERVIÇO SOCIAL

Proposições a serem discutidas peles grupos

Décio da Silva Barros


J. Luiz G. Paixão
Jocelyne Louise Chamuzeau
José Pinheiro Cortez
Mário da Costa Barbosa
Maria Lúcia Martinelli
Vicentina Velasco (Coordenadora)
(São Paulo)
. Considerando a fenomenologia " u m a " filosofia e não
" a " filosofia, questiona-se se essa visão filosófica pode
embasar a praxis do Serviço Social.
(desdobramento)
1.1 Aceitas as preliminares
a) multiplicidade das visões filosóficas;
b) as relações de embasamento que a filosofia
tem em relação às ciências do agir entre as
quais se situa o Serviço Social;
c) a possibilidade de que diferentes visões filo-
sóficas podem servir de base ao Serviço So-
cial;
1.2 Quais as implicações da fundamentação fenome-
nológica p a r a o Serviço Social?
206 CBCtSS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
2. Compreendendo-se o método fenomenológico como u m
método filosófico, pode ele ser convertido a uma ciên-
cia do intervir e portanto utilizado pelo Serviço Social?

(desdobramento)

2.1 O método fenomenológico:

a) não explicando mediante leis, n e m deduzindo


a partir de princípios; O SERVIÇO SOCIAL E A DIALÊTICA
b) não sendo nem dedutivo, nem empírico;
c) m a s se apresentando como u m método des-
critivo que ao descrever constitui a realidade;

Que implicações acarretaria p a r a o Serviço Social? zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA


3.1zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Conferência

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PENSAMENTO DIALÉTICO


EM NOSSOS DIAS

Creusa Capalbo

1. Breve histórico

A dialética foi definida inicialmente como a arte do


diálogo e da discussão. Nos diálogos de Platão, n o Crótilo
principalmente, a dialética apareceu como a arte de re-
montar dos conceitos aos seus princípios que são a s
Ideias.
E m Aristóteles, a dialética se define como o setor dos
raciocínios que se fazem em relação às opiniões prováveis.
Ele opõe dialética à analítica. Esta tem por objeto a
demonstração, isto é, a dedução a partir das premissas
verdadeiras. Aquela tem por objeto os raciocínios que
partem de premissas prováveis.
Na Idade Média, a dialética vai aparecer como disci-
plina do "Trivium", juntamente com a gramática e a
retórica. Ela é, então, compreendida como o ramo de
estudos da lógica formal.
Na crítica da Razão Pura de Kant, a dialética é definida
como a lógica da aparência. Mas, agora, ele a comple-
menta com a crítica, ou seja, não basta mo s tr a r como
funciona a lógica da aparência, mas é preciso fazer o
estudo crítico desta ilusão para reencontrar a verdade.
A dialética é a lógica da aparência do ponto de vista
empírico, do ponto de vista dos raciocínios sofísticos e
do ponto de vista da razão quando esta quer ultrapassar
210 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 211
os seus limites quanto às condições de possibilidade do próprio negativo, ultrapassando-o. Ë a contradição hege-
conhecimento científico, e quer aplicar o tipo de raciocínio liana. Graficamente podemos exemplificar da seguinte ma-
científico a objetos não-científicos como a existência da neira:
alma, a existência do m u n d o e a existência de Deus.
É com Hegel que se abre, para o pensamento dialético, (a) ( + ) positivo ( — ) negativo
u m a nova perspectiva. O movimento dialético consiste em (b) ( + ) + ( — ) = — trata-se de negação
reconhecer os contraditórios e em descobrir o princípio (c) — ( —) = + praticando a negação da nega-
de sua ultrapassagem n u m a categoria superior. A trilogia ção obtém-se u m positivo novo
tese, antítese, síntese, caracteriza este movimento dialé- diferente do momento ( a ) .
tico do Espírito, em suas figuras do Espírito Subjetivo,
Espírito Objetivo e Espírito Absoluto. E m Hegel este movimento dialético é infinito.
Para o materialismo dialético de Marx e Engels, a dia- A noção hegeliana de "negação da negação" como for
lética se apresenta como u m a teoria geral do mundo. A m a de contradição operante permite ultrapassar a negação.
matéria em movimento e evolução sucessiva faz com que É este movimento que caracteriza o pensamento dialético
a quantidade vá se transformando sucessivamente, e n u m como u m "trabalho do negativo" que não se realiza pela
dado momento vêem-se emergir qualidades novas. A rea- exclusão do positivo, m a s que vai além dele, ultrapassan-
lidade primeira é a matéria, a natureza, o ser material. do-o. Ë este movimento de ultrapassagem que Merleau-
Ela é fonte de sensações e representações. Por isto, para Ponty diz aproximar-se da moderna noção de transcen-
Engels, a consciência é derivada da matéria, ela é reflexa. dência.
Diz ele que o pensamento é produto das condições mate- A dialética como pensamento subjetivo é entendida à
riais do cérebro.1 luz da filosofia existencialista de Kierkegaard e da filo-
Maurice Merleau-Ponty, em seu livro Resumes de Cours, sofia existencial de Heidegger. Diz Merleau-Ponty que ela
mostra que o pensamento dialético pode ser classificado faz "aparecer o ser diante de alguém, como resposta a
em três grandes grupos: como "pensamento das contra- uma indagação". 8 Isto implica que só podemos pensar um
dições", como "pensamento subjetivo" e como "pensa- objeto existente se ele for objeto para alguém, e, ainda,
mento circular". 2 Esclareçamos estas definições. que o "próprio sujeito deve aparecer em seu ser sujeito
Por pensamento das contradições entende-se, em pri- como sujeito para alguém". Torna-se, assim, necessária a
meiro lugar, o pensamento que exclui totalmente o seu revisão das noções de sujeito e objeto, pois ambos devem
oposto. Aqui não há ultrapassagem no sentido hegeliano. aparecer em seu ser para u m sujeito consciente.
Só há exclusão de u m dos pares. Se eu afirmo, por exem- A dialética como pensamento circular é o que carac-
plo, do ponto de vista lógico, que "tudo é azul" (a 1) e teriza a própria posição da fenomenologia segundo Mer-
que "nada é azui" (a 2), a afirmação (a 1) exclui a afir- ideia de Heráclito da exis-
leau-Ponty. Ela se reporta àzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONM
mação (a 2), ou, ao contrário, se afirmo (a 2) terei que tência como tensão entre os contrários: só há o frio por-
excluir (a 1). que há o quente, só há o doce porque há o amargo, etc.
As contradições podem ser de outro tipo ou obedecer Ou ainda, diz Heráclito, a lira só toca seus sons afinados
a outro modelo lógico. Assim, a contradição entre o posi- porque as suas cordas estão estendidas entre os dois ex-
tivo e o negativo deve poder se aplicar em relação ao tremos; se u m dos extremos for puxado com excesso a
corda se parte e não há melodia. Assim é a vida: esta
1 LALANDE, André. Vocabulaire technique et critique de la philoso- tensão entre os extremos. O pensamento fenomenológico
phie. 9.* ed. Paris. Presses Universitaires de France, 1962. 1.323 ps.
2 MERLEAU-PONTY, M.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Resumes de cours. Paris, Gallimard, 1968.
p. 78. 3 Ibid., p. 80.
212 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Teorização do Serv. Social 213
de Merleau-Ponty é dialético, pois não quer sacrificar o
irrefletido nem a reflexão; ele quer mantê-los em coexis- que determina o seu ser, m a s o ser social que determina
tência ou em tensão existencial. Esse pensamento circular sua consciência." 6 Assim, o chamado "sujeito consciente"
não é repetitivo, ou, como diz o próprio Merleau-Ponty: nada mais é do que resultante das infra-estruturas, depen-
"o pensamento dialético não é aquele pensamento que faz dendo, em última instância, do modo de produção em que
a volta ao círculo e não encontra nada mais de novo para estiver inserido.
pensar". 4 Lê-se, ainda, nas "Teses sobre Peuerbach", que "é na
Vimos que foi com Hegel que a dialética passou a ser prática que o homem pode demonstrar a verdade". Essa
entendida como " u m a experiência do pensamento pelo prática se refere às forças de produção e às relações
qual este aprende algo, embora isto que ele aprende já sociais daí decorrentes.
esteja aí "em si", antes dele, e que o pensamento seja a Diz Marx que no sistema capitalista a relação entre o
passagem do "ser em si ao ser para si" ou ao ser para capitalista e o assalariado é do tipo mercantil. O assala-
a consciência. 6 Hegel entendia o movimento da dialética riado (o "servo" da dialética hegeliana) pelo contrato de
como u m movimento do discurso que alcança progressi- trabalho se põe a serviço e sob a dependência do "senhor".
vamente a verdade. Este progresso não é contínuo. Ele se O trabalhador produz mas não tem a propriedade de seu
dá p o r meio de crises ou conflitos superados a cada passo. produto. O trabalhador só possui sua força pessoal — a
Essas crises são u m a mediação necessária p a r a que se força de trabalho. O senhor possui os instrumentos e a
dê a ultrapassagem. Assim, as duplas antagónicas de ex- matéria para o trabalho — meios de produção. Dá-se a
terior-interior, ser-aparecer, são reconciliadas pois são ter- separação radical entre o trabalhador e os meios de pro-
m o s que se implicam e se suportam mutuamente. dução, no sistema capitalista. E p a r a fazer crescer o ca-
Para a fenomenologia o pensamento dialético pode ser pital o capitalista recorre à "mais valia".
entendido como pertencente à estrutura do ser humano, E m suma, Marx mostra que o sistema capitalista se
em sua existência concreta, quer sob a forma de relação divide em duas classes. A classe dominante, que n o século
subjetiva, quer sob a forma de tensão existencial dos con- XIX era representada pela burguesia e pelos grandes pro-
trários. prietários de terra; a classe dominada, formada pelos tra-
balhadores assalariados. O movimento da história se faz
pela luta entre as classes e pela revolução do proletariado
2. A dialética no pensamento marxista: algumas obser- que virá instaurar uma sociedade sem classes.
vações gerais O Estado, na tradição marxista, desempenha o papel
de aparelho repressivo: é a força de execução e de inter-
Para Marx, as infra-estruturas determinam as superes- venção repressiva em favor das classes dominantes. Daí
truturas. Por infra-estrutura se entendem as forças produ- a crítica ao Estado e a promulgação do advento de u m a
tivas e as relações sociais no trabalho, correspondentes a sociedade sem classes e sem Estado.
estas forças produtivas. Por superestrutura se entendem
as formas sociais da consciência — as instituições, as ideo- Gramsci, comentando Marx e Lenine, dirá que o Estado
logias jurídicas, sociais, políticas, religiosas, etc. não é só aparelho de Estado. Ele compreende também
Escreve Marx: "O modo de produção da vida material as instituições da sociedade civil: Igreja, escolas, sindi-
condiciona o processo de existência social, política e espi- catos. 7 E para ele o fator principal da história está nesta

ritual de seu conjunto. Não é a consciência dos homens sociedade de homens, nesta sociedade civil, que é capaz
de formar a vontade social coletiva.

* Ibid., p. 81.
6 MARX, K. Critiques de l'économie politique. Paris. Ed. Sociales, p. 13.
» Ibid., p. 81.
7 GRAMSCI, Antonio. Oeuvres choisies. Paris. Ed. Sociales, ps. 290-5.
214 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 215
Para Gramsci, o intelectual exerce u m a função num — AIE politico (sistema político, partidos).
dado sistema. Ele distingue o intelectual no conjunto do
sistema de relações, no qual a atividade intelectual se situa — AIE sindical.
face ao contexto geral das relações sociais. Assim, não
há apenas o intelectual burguês de que falara Marx. Há — AIE de informação (imprensa, rádio e televisão).
os intelectuais orgânicos que são criados por u m sistema
p a r a assegurar a coesão do próprio sistema e a ideologia — AIE cultural (literatura, esporte, belas-artes, etc.).
do sistema ou da classe dominante. No processo histórico
que se faz em favor do Marxismo, o que se precisa é de O Aparelho Repressivo do Estado funciona sob a vio-
u m novo tipo de intelectual, que seja advindo das cama- lência repressiva, que pode ser violência física ou simbó-
das populares e que seja capaz de realizar u m a pedagogia lica. O Aparelho Ideológico do Estado funciona pela ideo-
da massa ou pedagogia revolucionária. A organização da logia e pelos valores; eles traçam as sanções, as seleções
as exclusões, etc.
massa é necessária p a r a que se forme a Hegemonia e o Segundo A l ^ u s s e r , no estado atual do capitalismo, o
Bloco Histórico. Pela Hegemonia se dá o movimento dia- Aparelho Ideológico do Estado dominante é o escolar.
lético da história enquanto vontade social coletiva. Pelo No século XIX eram dominantes a igreja e a família. No
Bloco Histórico se dá o desenvolvimento histórico pelo século XX são a escola e a família.
processo de conscientização, que consiste na passagem Este esquema, aqui apresentado de modo sumário, foi
do económico e da ideologia correspondente para o ético- desenvolvido e aplicado pelos franceses G. Synders, Bau-
político (passagem do reino da necessidade p a r a o reino delot, Establet, Christine Gluskmann, Bourdieu-Passeron.
da liberdade). No Brasil, com algumas variantes, por B. Preitag, M. Trag-
Mais recentemente, Althusser dirá que não basta dis- tenberg, M. Godotti, M. Berger, dentre muitos outros. O
tinguir entre poder político do Estado e aparelho do Es- esquema proposto como roteiro de reflexão sobre "Dialé-
tado. É preciso reconhecer os aparelhos ideológicos do tica e Serviço Social" pelo Grupo de São Paulo aí também
Estado. se inscreve.
Por Aparelho do Estado ele entende o aparelho repres- Althusser escreve que "o Aparelho Ideológico do Estado
sivo do Estado onde reina a violência. São Aparelhos de desempenha u m papel determinante, na reprodução das
Estado: o governo, a administração, as forças armadas, relações de produção, de u m modo de produção ameaçado
a polícia, os tribunais e as prisões. na sua existência pela luta de classes mundial". 9 Assim,
Ele define Aparelho Ideológico do Estado como " u m é possível se utilizar o esquema de análise abaixo, pro-
certo número de realidades que se apresentam ao obser- curando verificar qual a ideologia do papel que se desem-
vador imediato sob a forma de instituições distintas e penha na sociedade:
especializadas". 8 São aparelhos ideológicos d o Estado a) papel de explorado (desenvolvimento de certos va-
(AIE) as seguintes instituições: lores tais como ter consciência profissional, moral,
cívica, nacional, apolítica, etc.);
— AIE religioso (sistema das diferentes Igrejas). b) papel de agentes da exploração (saber comandar
— AIE escolar (sistema das diferentes escolas públicas e falar aos trabalhadores, saber ter relações hu-
e privadas). manas);
— AIE familiar. c) papel de agentes da repressão (saber comandar e
— AIE jurídico. se fazer obedecer sem discutir, saber manejar a
retórica dos dirigentes políticos);
8 ALTHUSSER, L. Les appareils idéologiques de l'État. Revue la Pen-
sée, jun. 1970, ps. 2041. » Ibid., ps. 20-1.
216 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
d) papel de profissionais da ideologia (saber t r a t a r
as consciências com respeito ou com desprezo, por
meio de chantagem ou demagogicamente, fazendo
com que as pessoas se acomodem à moral vigente,
queiram ser virtuosas ou aceitem os ditames da
Nação, da Igreja, etc.). 10

Althusser explica que a ideologia só é possível pelos


sujeitos — a ideologia interpela os sujeitos e estes res- 3.2 Documento de base
pondem a ela. Por sujeito não se deve entender o indi-
víduo concreto, m a s sim a sua determinação de classe
social. Diz Althusser que é a categoria de sujeito que nos SERVIÇO SOCIAL E CULTURA
faz pensar que somos sujeitos livres, morais e portadores UMA ALTERNATIVA PARA DISCUSSÃO DAS RELAÇÕES
de significação. Estas qualidades do sujeito são tidas por ASSISTENTE SOCIAL-CLIENTELA
evidências elementares que facilmente se pode reconhecer.
O indivíduo passa a sujeito pela interpelação: e s t e ^ ó Ana Luiza de Lyra Vaz
papel da ideologia. 11 Celina Magalhães Ellery
Não pretendemos nesta exposição esgotar o assunto Dulce Malheiros Araujo
pela abordagem de todos os temas e dos principais autores Maria Aparecida Barbosa Marques
marxistas atuais. Quisemos apenas esclarecer alguns pon- Maria Durvalina Fernandes Bastos
tos que aparecem de modo aplicado, n a literatura brasi- Maria Elvira Rocha de Sá
leira atual sobre a realidade social brasileira. Julgamos Maria Luiza Testa Tambellini
oportuno, antes de concluir, alertar p a r a questões que Marisa Alves de O. Senna (Coordenadora)
nos parecem relevantes e insuficientes na maneira pela
qual elas são tratadas pelos marxistas. São questões rela- Regina Marconi Franco
tivas à natureza da consciência, à consciência de classe,
ao lugar d o socialismo como fase intermediária para a (Rio de Janeiro)
abolição do Estado, ao esquema rígido de classe dominante
e classe dominada, etc. Seria útil relembrar, finalmente, Apresentação
que muitas destas análises podem ser feitas, e com o Nosso estudo prende-se à abordagem de u m tema que
mesmo referencial teórico, em relação as sociedades comu- não havia sido proposto formalmente pelo CBCISS. Re-
nistas contemporâneas. Aliás este tipo de crítica já foi feito presenta u m a tentativa de lançar à discussão proposições
pelos próprios adeptos do comunismo europeu, conforme que possibilitem a reflexão sobre a teoria e a prática que
se pode 1er n o número especial da revista francesa Dialec-
tiques, dedicado inteiramente à crítica de Althusser. 18
o Serviço Social tsm desenvolvido no atual momento bra-
sileiro. Buscaremos analisar as vinculações da ação do
assistente social com o contexto social, político, económico
e cultural em que se insere e que se estendem além do
âmbito institucional, detendo-nos especialmente n o enfo-
que de cultura, abrangendo dois ângulos de questionamen-
w Ibid., ps. 20-41. to, intimamente relacionados:
« Ibid., ps. 29-31.
1 2 Revista Dialectiques, ns. 15-16.
218 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Sero. Social 219
* A questão da dominação cultural, visualizada não te, dependendo do seu grupo social, apresenta concepções
só em termos de u m a aplicação de conhecimentos e interesses que podem diferir da cultura do assistente
teórico-práticos vindos do exterior p a r a nosso Pais, social. A ocorrência de violência cultural é, então, temida
m a s também com referência aos riscos de uma nessa relação, porquanto o assistente social, n a perspec-
dominação cultural que venha a ser exercida pelo tiva da função que exerce na sociedade, representa e re-
assistente social em suas relações com a clientela;* força a legitimação de sua cultura, acrescentando sua
própria força a u m campo de relações de forças.
* A questão d a critica da dominação, no que se refere Propomos, por conseguinte, reflexões acerca de como
a u m a postura do Serviço Social como crítico da se processam as relações do assistente social com a clien-
realidade e face à cultura da clientela. tela, supondo-se que as suas concepções de mundo podem
ser diferentes, na medida em que pertencem a grupos
A questão da dominação cultural e a crítica sociais distintos. Considerando que a cultura é produzida
da dominação — Alguns aspectos tanto pelas camadas analfabetas como pelas alfabetizadas
e pelas elites intelectuais, sendo portanto u m produto
As relações do Serviço Social com a clientela e a socie- confuso e contraditório, indagamos até que ponto o assis-
dade serão questionadas a partir do enfoque de cultura, tente social tem reconhecido essa realidade e a diferen-
entendida como a totalidade das manifestações vitais que ciação entre suas concepções e as da clientela, avaliando
caracterizam os grupos sociais. A prática do Serviço So- criticamente o nível de interferência destas na sua prática
cial, voltada para o homem em seu projeto histórico, deve profissional. Perguntamos também sobre qual é a con-
partir do reconhecimento e posicionamento frente às ma- cepção de mu n d o do assistente social: a que é afirmada
nifestações culturais que expressam a realidade histórica como fato intelectual (transmitida como conhecimento,
de u m grupo ou sociedade. Consideramos a concepção valores e métodos) ou a que é afirmada na prática real
de homem como ser que está no mundo, como ser eminen- de cada um?
temente interferidor na construção da história. A violência cultural pode se agravar, na medida em que
A cultura não é pensada abstratamente, m a s situada, nossa produção teórica é ainda precária, ocorrendo adap-
pois as culturas crescem e se desenvolvem a partir de tação ou aplicação direta de modelos construídos com
u m princípio que articula e torna coerente as suas mani- base em e p a r a outras realidades, significando u m descom-
festações, ou seja: a existência de u m a crença básica, de promisso histórico, político e cultural. Esse fenómeno
u m a visão ou sentimento do mundo que, aliada às deter- estende-se a toda intelectualidade brasileira, pois, segundo
minações históricas, penetra a atmosfera cultural de u m Carlos Guilherme Mota, 1 ao tratar da ideologia da cultura
determinado grupo social, imprimindo-lhe peculiaridades brasileira, na Universidade — que se constitui n u m centro
que a tornam diferente da cultura de outros grupos sociais. privilegiado de produção cultural — as Ciências Sociais
Consideramos que as relações do assistente social com foram construídas a partir de fundamentos franceses e
a clientela podem ser entendidas como o processo de americanos, arriscando-se a uma orientação positivista e
comunicação das representações e manifestações das cul- funcionalista de caráter asséptico e cientificamente neutro
turas desses dois pólos. O assistente social, portador de (grifo nosso), dado o alheamento a u m a prática popular.
esquemas de pensamento da cultura na qual foi formado Sabemos que condicionamentos históricos impedem ou
social e profissionalmente, tende a legitimá-la, reforçado limitam a elaboração livre do intelectual, m a s o esforço
pela realidade da instituição à qual está vinculado. O clien- de construção cultural é precisamente u m esforço de ten-

1 MOTA. Carlos Guilherme. A Ideologia da Cultura Brasileira. (1933-


* Clientela aqui entendida numa acepção ampla, isto é, abrangendo não
só a população ora incluída nos programas de Serviço Social. 1974). São Paulo, Ed. Ática, 1977.
220 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
tativa de libertação desses condicionamentos. Senão, como Teorização do Serv. Social 221
compreender o homem em sua dimensão de sujeito da situações que poderiam explicar o distanciamento entre o
história? Serviço Social e a cultura da clientela:
A existência de esforços de construção de u m marco I) A vinculação do Serviço Social a u m programa de
teórico, pautado n u m a realidade sócio-político-econômico- ação social desenvolvido pela Igreja favorecia condições
cultural, próxima e concreta (América Latina), já repre- de apoio e aproximação com a clientela? Qual era o ca-
senta u m a tentativa de produção mais comprometida com ráter dessa aproximação passível de ser propiciada pela
essa realidade. O Brasil, mesmo integrando .esse bloco Igreja?
de países latino-americanos, apresenta características que I I ) E m que termos a situação atual da Universidade
lhe são peculiares, devendo procurar, portanto, seus pró- brasileira proporciona condições p a r a a formação de ati-
prios caminhos. Propomos assim a seguinte reflexão: Co- tudes e habilidades que levem a u m a sensibilização e ação
m o poderá o assistente social brasileiro intervir a p a r t i r efetiva no plano de nossa realidade social?
de u m saber que não é fruto de sua realidade, embora se
considere que n o processo de produção de conhecimentos I I I ) Existe, por parte dos assistentes sociais, u m a preo-
não se possa desconhecer a existência de conhecimentos cupação natural em definir atribuições, papéis e seu status
acumulados em outros contextos? Como poderá o assis- profissional em relação a outras categorias profissionais
tente social buscar u m saber comprometido e inserido na e à sociedade. É importante estar alerta para a discrimi-
realidade brasileira, com a preocupação de contribuir para nação de tarefas, sem que isto implique inflexibilidade,
a transformação dessa realidade, à base de u m a verdadeira radicalização em posições rígidas ou sofisticadas, autocen-
compreensão de seu processo? tralizadas até, em detrimento das necessidades da clientela.
Acreditamos que algumas variáveis, tais como uma op-
Há u m consenso, entre os profissionais, de que o currí- ção pessoal e profissional do assistente social ligada a
culo de Serviço Social se encontra defasado a nível da aspectos referentes à sua afirmação no próprio grupo
realidade nacional. Indagamos, então, até que ponto não profissional, às exigências institucionais e da sociedade,
estaria a formação profissional n a dependência da inicia- da comunidade científica como u m todo, e à excessiva
tiva particular de professores mais preocupados com essa preocupação em moldar o atendimento de acordo com
realidade, que encaminham a leitura e análise crítica da padrões técnicos preestabelecidos, podem conduzir a um
produção teórica, buscando fundamentos na história re- processo seletivo da realidade a ser trabalhada, de tal for-
cente e nas questões sociais do país. m a que faça com que o assistente social se negue a desem-
A tendência já constatada, em Serviço Social, de trata- penhar determinadas funções, por julgá-las não condizen-
mento uniformizado da realidade não só escamoteia as tes com sua posição profissional. Seria este mais u m dado
diferenças regionais e enseja discussões sobre eficácia e que dificultaria a aproximação do assistente social com
produtividade técnicas, como pode se constituir n a impos- as necessidades e manifestações culturais da clientela?
sibilidade de u m a prática que problematize a própria re- IV) A passagem da influência franco-belga para a ame-
lação entre o profissional e sua clientela n u m nível con- ricana, com a consequente mudança de enfoque de uma
creto de u m a dada realidade. Sugerimos que se reflita ação social (unidade social de base: a família) para u m
sobre a existência de u m a preocupação em pensar o Brasil tratamento individualizado, parece ter imprimido, por u m
como uma realidade própria, como projeto, assumindo-a lado, u m caráter mais técnico à intervenção, face às in-
como efetivamente é. A cultura da profissão leva em con- fluências das abordagens psicoterapêuticas. Mas, por outro
sideração as características da formação social e regional lado, será que essa passagem não ensejou u m caminhar
d o país? no sentido inverso do que poderia ser o começo de u m
Enfim, se há pertinência nas afirmações e questiona- trabalho dentro de uma perspectiva social mais ampla?
mentos até então levantados, podemos lançar algumas Colocadas as questões, trata-se de refletir para uma
retomada de posição em que o Serviço Social atuaria a
222 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 223
partir de u m a perspectiva mais global, voltada para os rante, e acredita que os problemas sociais são monopólio
interesses da clientela em suas necessidades básicas e na dos especialistas e cientistas e, portanto, inacessíveis à
autenticidade de suas manifestações culturais. consciência popular. A atitude marcada por esta tendência
não percebe por trás do discurso verbalmente limitado
O primeiro passo que poderia ser dado na busca de da cliente toda u m a cultura que se exprime de vários
alternativas que aproximassem o assistente social da clien- modos. Há u m a preocupação excessiva com clareza de
tela seria a adoção de urna postura filosófica diante do conceitos, com a lógica dos enunciados, em detrimento da
processo de mudança e desenvolvimento da sociedade: inserção na ação capaz de transformar a realidade. O assis-
Dentre as opções, pode-se considerar inicialmente aquela tente social precisaria transigir com seus esquemas men-
em que os fenómenos do mundo são pensados como iso- tais, p a r a conseguir escutar e se sensibilizar frente à sua
lados e em estado de repouso, residindo as causas das clientela, entendendo, dessa forma, toda a lógica de sua
mudanças fora dos próprios fenómenos, p o r ação de for- sabedoria, as raízes de sua cultura. Do contrário, recairá
ças externas. Outra postura coloca a causa fundamental mxma manipulação e n u m a diretivídade do processo, pro-
do desenvolvimento dos fenómenos como interna, isto é, movendo a reprodução da divisão entre os dois pólos,zyxwvutsrqponmlkjihgfe
po-
residindo no contraditório existente n o seio de cada fenó- dendo voltar-se também p a r a o t r a t o de questões que não
meno. Nesta, as causas externas não estão excluídas m a s (ttsem respeito ã esfera de necessidades básicas d a clien-
constituem-se condições para as modificações das quais tela, difundindo preocupações e interesses de seu grupo
as internas formam a base, operando então por intermédio social.
das causas internas. Na sociedade, as mudanças devem-se,
principalmente, ao desenvolvimento das contradições que As duas posições, "empirista" e "racionalista", respec-
existem em seu seio. A unidade ou a identidade dos as- tivamente, não compreendem o caráter histórico do co-
pectos contrários de u m fenómeno, que existe objetiva- nhecimento, que se expressa n u m processo que começa
mente, nunca é morta, petrificada, mas sim viva, condicio- a partir d a prática e que, u m a vez adquirido o conheci-
nada, móvel, passageira, relativa; todo o aspecto contrário mento teórico, a ela retorna. A verificação de u m a propo-
converte-se, em condições determinadas, no seu contrário. sição e sua correspondência à verdade objetiva não se
É nesse sentido que podemos entender e reconhecer a esgota no movimento do conhecimento sensível ao conhe-
emergência da cultura dominada. As condições sociais e cimento racional; é necessário, a partir do conhecimento
políticas de sua expressão (da cultura dominada) cons- racional, regressar à prática, aplicar a teoria na prática e
tituem u m a questão de outra ordem. O que se pretende, identificar se ela pode conduzir ao objetivo fixado. A teo-
em primeiro lugar, é assentar o seu estatuto no plano ria, nesta perspectiva, nunca é uma verdade acabada. Ela
da realidade, porque só assim se poderá verificar a possi- se faz e se aprofunda associada à prática. Do contrário,
bilidade de mudança e transformação social. ela confirma o mito idealista de que o discurso sobre o
real é suficiente para transformá-lo.
Duas atitudes extremas frente ao reconhecimento da
cultura da clientela devem ser evitadas pelos assistentes A ação do assistente social não se dá isoladamente mas
sociais. A primeira, que poderíamos caracterizar como é, em sua grande maioria, exercida através de uma via
antiintelectualista, acredita que a clientela por si só é ca- institucional. É, portanto, previamente orientada a partir
paz de se conscientizar e de achar seu próprio caminho, dos objetivos institucionais e respectivas expectativas com
desde que o agente se encontre presente, quer intervindo relação aos resultados da intervenção. Desta forma, a po-
e, em última instância, controlando. Aliada a essa máscara sição empirista do assistente social que pretende evitar
de profundo respeito à clientela, trabalham improvisada- sua interferência nos caminhos escolhidos pela própria
mente, sem nenhuma reflexão crítica sobre a realidade. clientela propicia, na verdade, a abertura de um canal à
Num outro extremo, estaria a atitude intelectualista do interferência institucional direta, uma vez que a instituição
assistente social que julga a clientela como incapaz, igno- constitui u m a fonte de recursos e de promoção de ativi-
224 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 225
dades nas quais a clientela se insere e participa, premida necessidade de discernimento, pelo assistente social, das
p o r suas próprias condições de vida. Necessitamos reco- diferenças entre os objetivos institucionais, os profissio-
nhecer que mais do que os discursos (reflexões assistente nais e os da clientela, como também entre os objetivos
social vs. clientela), interferem as condições concretas exis- que a instituição se propõe e os que realiza em termos
tentes p a r a solucionar as questões colocadas pelo coti- efetivos. A partir de então, poderá reconhecer as contra-
diano e que elas são dadas, na maioria das vezes, pelas dições institucionais existentes, o que vai possibilitar o
instituições. Por outro lado, ao escolhermos-uma posição desenvolvimento dos objetivos profissionais em relação
racionalista, ignorando a capacidade da clientela, resta-nos às necessidades da clientela. Um conhecimento conjunto
aprimorar os objetivos da instituição p a r a uma operacio- do assistente social e da clientela quanto às suas mani-
nalização mais eficaz. Podemos perceber que tanto u m a festações culturais, condições concretas de vida, interesses,
posição quanto outra, embora tomem como referencial de suas propostas de solução, seus recursos individuais e
sustentação das suas teorias a situação da clientela, dela coletivos, faz-se necessário. Nesse sentido, é preciso reco-
se distanciam p a r a servir às instituições. E a quem servem nhecer a necessidade de se fortalecerem os canais insti-
essas instituições? Que cultura expressam? A popular, da tucionalizados de participação social da clientela, e tam-
clientela, ou a de seus técnicos que pertencem a u m a elite b ém os órgãos de representação dos assistentes sociais,
intelectual, considerando-se o percentual que representam principalmente pela possibilidade de se tornarem uma via
na população como u m todo? de reivindicação e de discussão das questões sociais.
Finalmente, é preciso lembrar que a emergência da
Como o assistente social poderá orientar sua inter- cultura dominada não depende do aval e da discussão
venção sem que estejam claros o seu papel institucional teórica por parte de grupos intelectuais e profissionais;
e o seu porquê dentro da sociedade? Para quais interesses mas, no que lhes diz respeito, é necessário que atentem para
reais a instituição está voltada e a partir de que contra- os aspectos ou conjunto de sua produção e ação que ve-
dições sociais seu trabalho se faz necessário? E qual a nham a ter efeitos esterilizantes.
relação desses interesses com os interesses da clientela?
Os assistentes sociais, negando-se a discutir estas questões Reconhecemos que os aspectos abordados neste traba-
básicas p o r considerarem-nas de menor relevância, estão, lho merecem ser ampliados e representam apenas uma zyxwvutsrqponmlk
a nosso ver, permitindo u m distanciamento de seus obje- tentativa de se iniciar u m aprofundamento dessas ques-
tivos profissionais; deixando de considerar os padrões tões e de outras, que certamente surgirão.
culturais da clientela, intervindo com sua própria cultura
e a do grupo a que pertencem, estão atendendo às neces-
sidades de seu grupo e não às daquela. BIBLIOGRAFIA
Diante da questão da dominação cultural e da necessi- ALAYÖN, N. et alii. Desafio ao servido social: crísis de la reconceptuali-
dade de o assistente social reconhecê-la e evitar reproduzi- zación? Buenos Aires. Humanitas, 1975.
la quando de sua intervenção profissional, acreditamos ALMEIDA, Anna Augusta. Possibilidades e limites da teoria do serviço so-
que existem passos fundamentais para orientar u m a ação cial. Rio de Janeiro. Francisco Alves, 1978. 159 ps.
que se baseie no conhecimento das manifestações cultu- ANDER-EGG, Ezequiel. Servido social para una nueva época. Madrid, Eu-
ramérica, 1972.
rais da clientela, do contexto em que elas se dão, respon-
El trabajo social como acción liberadora. Buenos Aires. ECRO, 1974 (Cua-
dendo às suas necessidades. O primeiro passo seria o re- dernos de Trabajo Social, 9).
conhecimento, pelo assistente social, de sua inserção n u m BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo. Perspec-
contexto institucional, com todas as implicações que lhe tiva, 1974.
são inerentes, e que, por sua vez, está contido n u m plano & PASSERON, Jean Claude. A reprodução. Rio de Janeiro. Francisco Alves,
sócio-político-econômico que lhe determina as diretrizes, 1975.
através de u m a política social mais ampla. Outro, seria a BRUYNE, Paul et alii. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais. Rio de
Janeiro. Francisco Alves, 1977.
226 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
— um
BUGALHO, Leila Maria Vieira. A prática do serviço social no INPSzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
estudo exploratório. Rio de Janeiro. PUC, 1977. 289 ps.
CARDOSO, Miriam Limoeiro. A ideologia do desenvolvimento fK-fQ. Rio
de Janeiro. Paz e Terra, 1977.
CASSIRER, Ernest. Antropologia filosófica. 5.' ed. México. Fondo de Cultu-
ra Económica, 1967 (Colección-Wpular, 41).
CAVAZZUTI, Thomas. O marxismo científico de Louis Althusser. In: Sín-
tese. Rio de Janeiro. Loyola, 1974. v. 1.
CORBISIER, Roland. Enciclopédia filosófica. Petrópolis. Vozes, 1974.
Formação e problema da cultura brasileira. Rio de Janeiro. MEC, 1959 (Tex-
tos Brasileiros de Filosofia, 3).
CULTURA VOZES. Petrópolis, v. 71, n.° 6, ag. 1977. —
3.2.1zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLK
CONSIDERAÇÕES EM TORNO DOS QUESTIO-
ENCONTROS COM A CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA. Rio de Janeiro, n." NAMENTOS LEVANTADOS NO SEMINÁRIO
2, ag. 1978. SOBRE O DOCUMENTO. 3.2 Serviço Social e
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro. PUC, Cultura — u m a alternativa para discussão das
1974 (Cadernos da PUC). relações assistente socíal-clientela.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. 2.' ed. Rio de Janeiro. Paz
e Terra, 1977. E m síntese, os pontos abordados nos questionamentos
feitos pelos três grupos foram os seguintes:
Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1974. 218 ps.
FURTER, Pierre. Educação permanente e desenvolvimento cultural. Petró- 1. Sobre a ocorrência de violência cultural n a s profissões
polis. Vozes, 1975.
que se ocupam diretamente com o ser humano.
GOLDMANN, Lucien. A dialética nas ciências sociais. Lisboa. Presença.
2. A viabilidade de o profissional despojar-se de seus com-
A criação cultural na sociedade moderna. Lisboa. Presença, 1972. ponentes culturais no exercício profissional.
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Ja- 3. Se o despojamento fosse possível, seria isso desejável?
neiro. Civilização Brasileira, 1978.
Concepção dialética da história. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1966. Haveria possibilidade d e se separar o assistente social
GULLAR, Ferreira. Considerações em torno do conceito de cultura brasilei- como pessoa e como profissional?
ra. In: Escrita. Rio de Janeiro, 1966.
In: CONGRESSO BRASI-
KISNERMAN, Natalio. Ética em serviço social.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 4. Existe u m a responsabilidade d o ensino n a violência •
LEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS, 1., Rio de Janeiro, 1974. Afiais. cultural?
Rio de Janeiro. CRAS, 1972. 243 ps., ps. 4440.
Practica social en el medio rural. Buenos Aires. Humanitas, 1975. 157 ps. 5. Como os cursos d e graduação e pós-graduação podem
LÉVI-STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural. 2.* ed. Rio de Janeira contribuir p a r a a formação de consciência crítica do
Tempo Brasileiro, 1970. profissional face à realidade?
MARCUSE, Herbert. AzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ideologia da sociedade industrial. 4.* ed. Rio de Ja-
neiro. Zahar, 1973. 6. Além de posições empiristas e racionalistas, haveria a
MOTTA, Carlos Guilherme. Ideologia da cultura brasileira. São Paulo, Ati- possibilidade de posições alternativas?
ca, 1978.
PEREIRA, Luiz et alii. Populações marginais. São Paulo. Duas Cidades, 7. Quais as possibilidades de a clientela expressar seus
1978.
PRESENÇA FILOSOFICA. Rio de Janeiro. Cia. Ed. Americana, v. 3, n.° 1, interesses nas instituições?
abr./jun. 1977. 8. No caso referido na pergunta anterior, como o assis-
—Teoria do Brasil. Petrópolis. Vo-
RIBEIRO, Darcy. Os brasileiros; pt. IzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
zes, 1978. tente social deveria encaminhar a sua prática?
SALVADOR, A. D. Cultura e educação brasileiras. Petrópolis. Vozes, 1971. 9. Como pode o assistente social m u d a r a estrutura da
VASQUEZ, Adolfo Sanchez. Filosofia da praxis. Rio de Janeiro. Paz e
Terra, 1968. instituição, face aos interesses da clientela?
ZABALA, C. Manoel. Método sin metodologia-hombre, transformación, cien-
cia. Buenos Aires. ECRO, 1974 (Cuadernos de Trabajo Social, 8). Considerando que a violência cultural é u m problema
Organización teórica de la ciencia humana: trabajo social como unidad. que toca as profissões que se ocupam diretamente com o
Buenos Aires. ECRO, 1972 (Cuadernos de Trabajo Social, 7).
228 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 229
homem, incluindo aí o Serviço Social, porque "o assistente não possuímos estudos que afirmem em que medida as
social, na perspectiva da função que exerce na sociedade, instituições expressam a vontade da clientela, mesmo por-
representa e reforça a legitimação de sua cultura, acres- que consideramos a clientela pouco conhecida, a partir de
centando sua própria força a u m campo de relações de suas próprias referências, de sua própria cultura, e que o
forças" (ps. 99-100). Serviço Social tem contato, na maioria das vezes, apenas,
O despojamento por parte do assistente social de seus com parte da clientela da instituição.
componentes culturais não pode ocorrer na medida em Grosso modo, diríamos que o nosso contexto, hoje, pro-
que a produção cultural está diretamente vinculada aos duz as suas instituições em sentido vertical. Acreditamos,
grupos sociais nos quais as pessoas aprendem valores e por isso, que a cultura expressa pelas instituições pertence
comportamentos. a seus técnicos, a uma elite intelectual.
No que se refere às relações do assistente social com a 2. No que se refere às alternativas de ação, acredita-
clientela, a questão que se coloca é que se o profissional mos que seja necessário reconhecer as situações concretas
não tiver uma consciência crítica das diferenças entre ele existentes, p a r a solucionar as questões colocadas pelo co-
e a clientela tenderá a legitimar a sua própria cultura. tidiano das instituições. Deve-se tentar identificar os inte-
Essa relação profissional se dá num campo de relações de resses reais da instituição e a partir de que situações seu
forças no qual a instituição torna-se mais u m elemento trabalho se faz necessário e quais são esses interesses e
fundamental a ser considerado nessa violência cultural. os interesses da clientela, bem como sua relação. Com essa
Isso vem demonstrar que a separação do assistente social análise poder-se-á efetivar u m a prática profissional que
como pessoa e como profissional não é possível porque a considere os interesses da clientela.
suposta neutralidade profissional não é u m equívoco ape- 3. Nosso trabalho não coloca a discussão da mudança
nas operacional, mas vem desde a própria concepção que de estrutura da instituição. A mudança de u m a estrutura
se tenha de ciência. não dependeria apenas de u m profissional ou de u m grupo
O ensino pode tornar-se responsável pela dominação ou específico de profissionais, e, nesse sentido, é preciso reco-
violência cultural: 1) se reproduzir os elementos que con- nhecer a necessidade de se fortalecerem os canais institu-
figuram u m sentido de verticalidade e quanto mais se cionalizados de participação da clientela.
deixar existir como u m processo elitizador; 2) se refletir
u m tipo de pensamento compreendendo apenas conceitos
desligados da realidade e de suas possíveis transformações;
3) se alimentar-se apenas numa vertente teórica formulada
sem u m a ligação direta e estreita com a prática.
Nesse sentido, se os cursos," sejam de graduação ou
pós-graduação, não possibilitarem níveis de criatividade
e formação de consciência crítica em seus currículos, não
conduzirão à superação dos modelos de dominação cultural.
O grupo admite outras posições que compreendam "o
caráter histórico do conhecimento, que se expressa num
processo que começa a partir da prática e que, u m a vez
adquirido o conhecimento teórico, a ela retorna" (p. 101).
Quanto às relações clientela-instituição, pode-se dizer
que:
í._ Nosso trabalho não se deteve na discussão das insti-
tuições e da política social que representam ou adotam;
3.3.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Roteiro de reflexão*

DIALÉTICA E SERVIÇO SOCIAL


Arcelina Ribeiro de Araujo
Mariangela Belfioso
Maria Carmelita Yazbek
Maria Ignez Bernardes Pinto (Coordenadora)
Maria Cecília Zilioto
Nelson José Suzano
Pedro Malheiros
(São Paulo)
1. Uma possibilidade do Serviço Social em u m a visão
dialética emerge com o movimento de reconceituação.
2. A reconceituação, vista enquanto processo que procura
evidenciar as contradições internas do Serviço Social.
3. Quando? A partir do momento em que se identificam
p a r a o Serviço Social dois pólos contrários, dentro de
u m processo de explicação do mesmo. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYX
4. Esses pólos estão claros apenas a nível de compreen-
são; a nível das propostas práticas a s posturas se
confundem.
5. A reconceituação, aqui entendida como oposição a u m a
visão idealista (tradicional) do Serviço Social, se qua-
lifica por:
5.1 Admissão da filosofia materialista como base de co-
nhecimento e explicação da realidade, o que determina:

* O presente roteiro foi desenvolvido a partir de pontos básicos da tese,


em elaboração, de Pedro Malheiros, colocados e discutidos no grupo.
232 CBCISS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Teorização do Serv. Social 233
— a ruptura com a teorização de base idealista; — a certeza da superação histórica do S.S. de Casos,
— a revisão da teoria utilizada até hoje pelo Serviço S.S. de Grupo e S.S. de Comunidade;
Social; — a possibilidade da utilização das categorias indiví-
— a revisão metodológica do Serviço Social; duo e grupo como particularização d a situação
— a prática como princípio do conhecimento e crité- social de classe;
rio fundamental da verdade. — a determinação dialética das categorias classe social,
5.2 Identificação ideológica com o processo de transfor- consciência social e prática social.
mação social, levando à constatação de que: 5.4 Tentativa de inserir o Serviço Social no quadro da
— o Serviço Social, mais d o que u m a função social, prática social:
se constitui num dos aparatos ideológicos do siste- — localização da prática do Serviço Social no quadro
m a capitalista; geral da prática social;
— a prática do Serviço Social é ideologicamente com- — demonstrar o aspecto científico da prática do Ser-
prometida; viço Social, relativamente independente dos objeti-
— a prática anterior do Serviço Social tem sido expres- vos institucionais da prática profissional.
são do compromisso com as classes dominantes;
— a prática que se propõe seja expressão do compro-
misso com as classes dominadas;
— o componente ideológico demonstra também o
aspecto subjetivo como elemento da prática, ou
seja, não somente a questão do objeto, m a s a rela-
ção sujeito-objeto.
5.3 A admissão do método dialético como referencial para
interpretação e ação:
— constatação da superação do método metafísico;
— constatação de que a realidade é u m movimento de
transformação;
— constatação de que esse movimento pode ser cien-
tificamente analisado;
— constatação de que a realidade, como movimento,
está submetida a leis;
— identificação do método dialético como a expres-
são científica das leis gerais do desenvolvimento;
— a possibilidade de o método dialético constituir-se
o método científico p a r a a prática do Serviço Social,
na explicação das relações sociais, da compreensão
do homem e do movimento do conhecimento;
— a necessidade de u m a compreensão global da reali-
dade social, como processo contraditório, histori-
camente determinado;
— a impossibilidade do fracionamento idealista da
realidade;

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