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n

ÍJ

Obra publicada
com a colaboração da

UNIVERSIDADE DE SAO PAULO

Reitor: Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva


O
*0 \ÿ \oP<
EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÂO PAULO

Presidente: Prof. Dr. Mário Guimarães Ferri


O° ÿ ÿ
Comissão Editorial:

Presidente: Prof. Dr. Mário Guimarães Ferri (Instituto


<Qr Afi- .ÿ\ r\\5ÿ
de Biociências). Membros: Prof. Dr. Antonio Brito da
Cunha (Instituto de Biociências), Prof. Dr. Carlos da
Silva Lacaz (Faculdade de Medicina), Prof. Dr. Pérsio
de Souza Santos (Escola Politécnica) e Prof. Dr. Roque
Spencer Maciel de Barros (Faculdade de Educação).
<1

DIREITO PENAL E ESTRUTURA SOCIAL

<sS ®VV®" ÿoÿ°c.


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V\ ÿ C.©\ \C& «Ãÿ


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FICHA CATALOGRÁFICA
(Preparado pelo Centro de Catalogação-na-fonte ,
Câmara Brasileira do Livro, SP)

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d° Net° ZSh!di"
6*t0
'

e estrutura social: comentário sociológico


p-j -

vprÿig0 ,Cr c~1n"1 J& i83°- SS° P&"lo, Saraiva, Ed. da Uni-
veisidade de Sao Paulo 1977.
.

Bibliografia .

1
_ t
,

.
r?'rfÍt0 ienf1 - Brasil - História 2. Direito penal
á w 1 aÇ?°
" °
,
Brasil 3 Sociedade - Brasil - Império
.

criminal ÿ Brasil. Leis, decretos etc. Código


CDU-343(81) (094.46)
-
34:301(81)
ÿ 43 (81) (091)
76-1071 f>V 17a0HDD-3O1. 098104
18. -309.18104
-
££-
ot
o° Índices para catálogo sistemático:\í>à°cÉ>
1
\y r& cxlÿ _ v <-
-
Brasil : Direito criminal : História 343(81)(091) (CDU)
2 .
Brasil : Direito penal : História 343(81) (091) (CDU)
3 .
Brasil : Sociologia jurídica 34:301(81) (CDU)
4. Código criminal de 1930 : Comentários : Brasil
343 (81) (094 46) (CDU) .

5 ,

1mPàI"° : Kr"Sii ;
Sociedade : Sociologia
301.098104 (17: f- . 309 .
18104 (18.) (CDD)

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1 6O O

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SARAS VA S A - Livreiros Editores
. .

São Paulo - SP
Av. do Emissário, 1897
Tels.: 66-1135 e 67-5742 -
PABX.: 66-2106 e 66-2126
Belo Horizonte - MG
R . Célia de Souza 571 - Bairro Sagrada Família
,

Rio de Janeiro - RJ
Av. Marechal Rondon 2231
,

_
_
Tel.: 201-7149
Zahidé Machado Neto
do Curso de Ciências Sociais da
Universidade Federal da Bahia

DIREITO PENAL E
ESTRUTURA SOCIAL
°
eÿ
(Comentário Sociológico ao Código Criminal de 1830)

AOt,
* ÿ
V o°

EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


SARAIVA S/A - LIVREIROS EDITORES
Nota como Prefácio

Sempre que se retoma um texto que elaboramos em tempos


mais ou menos passados somos levados - salvo exceções - a re-
jeitá-lo. Ou mais exatamente: somos tomados do ímpeto de repen-
sa-lo, reescrevê-lo.

Expressões como estas: "se fosse fazer agora faria de outro "

modo"; "não sei como escrevi isto"; "não me vejo neste texto
já se tornaram rotineiras, quando autores retomam trabalhos
já prontos; são lugar-comum, e bem assim as desculpas que o autor
se sente na obrigação de dar .

Nosso primeiro ímpeto cinco anos passados da última vez em


,

que, por dever de ofício, tivemos contacto com a presente mono-


grafia, foi exatamente este: refazê-la.
Este trabalho nasceu de uma pesquisa que seria, em termos
formais uma dissertação de Mestrado. Àquela altura fazíamos os
,

cursos que nos conduziam a duas pós-graduações (mestrados) na


primeira Universidade de Brasília (1962/1965): uma na área de
Direito e outra na área de Sociologia. Da primeira restaram os
dados e os relatórios preliminares da dissertação, dos quais resul-
taram afinal, o presente texto.
, A segunda chegou a termo final
já na UFBA, e dela saímos com uma dissertação explorando, natu-
ralmente, uma outra área específica da Sociologia.
Assim durante cerca de cinco anos (entre setembro de 1965
,

e fevereiro de 1970) os dados (e o interesse pelo tema) hibernaram


nesta cidade do Salvador Bahia, para onde retornamos, após Brasí-
,

lia voltando às origens de naturalidade e cultura (inclusive em seu


,

teor emocional e telúrico), e, por força da circunstância, e do tem-


po, às origens universitárias.
A hibernação devia-se, em boa parte, a dependências e im-
pedimentos predominantemente afetivos, aos quais estão sujeitos (por
que não?) até mesmo as investigações e os trabalhos universitários.
Alguns aspectos de vida desta pesquisa (entre os quais aquele da
sobrevivência física dos seus dados, reduzidos a pobres fichas e pa-
péis manuscritos e datilografados) estavam irremediavelmente liga-
V
Cirino a
°&
t
f Ví» pós-graduanda e professora da antiga Univer-
, e 'aX iJ e a0 feeling de que fomos tomados nos coincidiam
' momentos
$ i C° f1a 1 e dados e da análise - momentos que
,

que a primavera de 1965, com sucessivas crises que concluíram


com a liquidação da primeira etapa da UnB: a de sua implantação
&X J
«íiase a 1'"e P1ffCrimos chamar , histórica e sociologicamente,
dos fundadores" .

Em 1970 mais exatamente no verão baiano de 1970, caute


1
-

emo-
.
' . Cl"aSe que temerosamente, vencendo aquelas barreiras
intpWtc uais)
e'
\
P°r '?11e "a0 dizer, também psicológicas, além de
reabrimos pastas e retomamos fichas e relatórios, es-
q mas e planos, para no espaço de três semanas e pouco mais
redigirmos a monografia .

T°d? eiSC retorno e despertar tinha uma razão vital (em ter-
15t011a iudividual), uma razão de tempo e circunstância,
.

alpm 1f
concursoCC'1° t0nUS terapêutico": jí elaboração de uma tese de
(

JXS™ Sf eXPlicam as origens de certo modo acidentadas


mimi
T°iiQg 3' ''UC 1fm muito modestas pretensões de trabalhar
< crea em que a Sociologia tem sido pouco ou quase nada afeita
"1$a emPiriCa: f ÿ0Ci°logia do direito ou a Sociologia jurídica,
mm
ÿ
como querem alguns
,
.
,

ÿ°" C'C
tà te"1at'Va fão voltamos ao mesmo campo de inves-
ti?-ioõpc ri í

tia rtimiiã ]eS


ÿ aS ÿ ncias e instituições tanto públicas quanto
,

t ,
'
"a0 KÇ &rr.scam ao financiamento da pesquisa em cer-
lamp?> c ?*ÿ S°CÍ010gÍ&' &ntre 0S q"&'s este. E se isso é fato de
°
'

ao que tem sua compreensão e explicação sociológicas.


E só -
°
v
?SK0 '"1ereKSe neste campo sociológico perdura.
e miiif-i!e JUS1 11;ar algumas inserções bibliográficas (post 1970
ÿ
perca su/fi uiÿ 1 e aS 0tÿeUs)de No que a impostação temática não
,

i -i
mais, o texto permanece in-
'
a
.

tacto firl n -

seu quadio
seu eÿUemÿ
auadm teonco ÿ emde análise que lhe deu origem e pois, ao
°
,

pírico de referência.
,

caminhosÿ Sm° SP°"f0 i'°


C e Vf
talvez o levássemos através de
°
m~
&S e atalhos teóricos (et pour cause ,

metodolóoirru;
mente" fruto \ r m P°"ÿ ° d"iCrentes, isso seria, quase que "natural-
trazendo mais i'° te™P°- Tempo sobre nós próprios,
U eXperiência individual e intelectual;
tempo sobre n nm ÿ

2X coni que nesse cZoÿJ° «*«»>>» ' <* C°m° ff 10J°S *


f,1aS -
se acrescentem continuamente os Pr0t"10S
nml '

f as reavaliações de m-
vestigações
i , e de reflexões nm 'r1
do-se a invés,i8,çfSS rtTeo,iaiti i°"t°
VI
Este trabalho é dedicado aos meus colegas da Universidade de
Brasília - 1962/1965 fraternizados numa luta pela universidade
,

brasileira .

E muito especialmente a A. L. Machado Neto, tantas vezes


colega; mas acima de tudo marido e companheiro.
çO ÿç.\
"
.
°

Agradecimentos especiais são aqui registrados ao Prof. Miguel


Reale a quem tanto deve a ciência jurídica brasileira e os saberes
,

de sua proximidade inclusive a Sociologia do direito; a ele que tez


,

possível esta publicação.


Assim também âõs -Profs. José Calasans, Raul Chaves e
Renato Mesquita da Universidade Federal da Bahia, meus exami-
,

nadores naquele concurso em que esta monografia, como tese, to-


mou-lhes tempo e cuidadosa atenção; que deram a autora sugestões
valiosas e a nota máxima.
E ao Prof. Luis Luisi da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul pelo entusiasmo demonstrado por este trabalho desde que o
,

conheceu e pelo incentivo e esperança de ve-lo pub ica o.

Salvador, Bahia, outubro de 1975

VII
ÍNDICE

PÁGS.

Capítulo I Introdução teórica e temática . 1


Capítulo II Os homens da Câmara dos Deputados 1826/
1830: ideologia e circunstância . 13
Capítulo III Direito penal e estrutura social . . 31
1. As Ordenações e seu Ljy£o V. 31
2 .Antecedentes imediatos .ÿ 47
2.1. Projetos e pareceres - autores e comis- 47
sões ."
2 2 . . A ideologia dos projetos . 60
3 .
Bases teóricas e doutrinárias do Código
de 30
çgA . ÿ\%>-
.. .
J. . 7267
4 .
Comentário sociológico do Código de 30
4 1 . . Caracterização geral . 72
4 ÿ3Ss
ÿ
4 3ÿ
N\pènaÿ Q,=>.-.. 9ÿ". 75
crimes rp\. 87
o .

A tf
Anexo I Parecer da Comissão de Legislação de Justiça
Civil e Criminal . 99
Anexo II Parecer da Comissão encarregada de examinar
os dois projetos do Código Criminal . 101
Anexo III Parecer da Comissão Mista do Código Crimi-
nal apresentado em 31 de agosto de 1829 . . . 103
BIBLIOGRAFIA . 107

IX
Capítulo I

INTRODUÇÃO TEÓRICA E TEMÁTICA


empirica-
A partir do momento em que se aceita, como fato
ssencial entre
mente constatável e verdade irrefutável, a relação e ientí-
homem e sociedade - pacificados em termos rigorosamentedac inte-
ficos os dois conceitos - de imediato se põe o problema
,
ta dispõe para
gração do primeiro na segunda e dos meios de que es de suas
levar a bom termo aquela integração que é, de fato, uma i
tarefas fundamentais porque indispensável à sua própria continu
-

dade e sobrevivência .

o a Anti o-
O trabalho empírico de disciplinas científicas com
pologia, por exemplo, vem provando, com abundância descritivarafas,
de
detalhes como as sociedades chamadas
,
primitivas, tribais, ferir
ag tais
° u qualquer outra expressão que se venha usando para re
omportamentos dos
sociedadesdesenvolvem pautas definidoras dos c
seus membros à base de um universo de valores construído, às veze
, s

de sancionamento da
minuciosamente de meios de observação e está estabelecido, bem
conduta que se desvia do que socialmentenovos
,

íeciutas ca socie
"

como expedientes capazes de integrar os imaturos lançados


dade" como se refere Linton a propósito dos
,
"
verdes" à sociedade que os trabalhará.
nsequên-
Ser eminentemente valorativo é o homem e, como co hosamente
cia a sociedade, seu produto mais bem construído e carin
,

resguardado.
honrado ou
A definição, por exemplo, do queda émais
bom ou mau,
é do que a transposi-
vergonhoso em qualquer sociedade na bem sucedidas no
ção ética, valorativa portanto, das experiências
ocietário.
contexto de um dado entendimento s
"
um universo de valores
Assim é que toda sociedade loconstrói
"

de homem, laborando continua-


e uma espécie de padrão ou mode dutas a
dos seus membros aos qu
-

mente no sentido de ajustar as con


dros preestabelecidos. A convivência humana é a única responsável pe-
la possibilidade que têm os homens de ajustarem seus comportamentos
me-
aos esquemas e definições traçados e regulados, com maior ou
nor ênfase pela sociedade, quer através do mero controle assistema-
,

tico e informal exercido pelos comparsas na trama da vida coletiva,


de exer-
quer pelas instituições socialmente definidas e incumbidas
cer formal e sistematicamente tais controles.
Desse modo as relações recíprocas dos homens são, de alguma
sorte, governadas pelas normas: folkways, mores, direito, que as per-
mitem e facultam ou proíbem e punem.
O processo geral de socialização, dado básico, pois que garan-
tidor da continuidade social, e por sua vez dependente direto da
própria existência da vida social, como regulador primário do com
-

portamento atinge desde as áreas de menor importância social ate


aquelas que o entendimento societário definiu como de importância
fundamental para sua existência e continuidade.
A simples verificação da necessidade de ajustar os indivíduos
às exigências das pautas de valores expressas em noimas, e da pos-
sibilidade, sempre presente, de resistência ao que está estabelecido,
ofereceram uma série de observações e mesmo de teorias (legitima-
ções) a respeito da relação, por exemplo, entre o costume como ,

pauta normativa e as razões da submissão do homem àquele , acre-


ditando, mesmo, alguns antropólogos, que tal submissão dá-se auto-
"
maticamente, instintivamente graças a uma espécie de diligência es-
pontânea, natural do primitivo, conforme se pode observar no
" "
,

comentário de B. Malinowski1 ao sustentar que a conformidade é


decorrente do funcionamento da rede de expectativas e obrigações
recíprocas, facilmente reconhecíveis na troca económica miando
esta assume a forma de ofertas ou presentes
'

O esforço ,sóCÍétárigífe sentido de adequar seus membros ios


valores e às expectativas comuns, e o não menor esforSde Len
°

drar os meios de garantir o respeito a integridade dos princE


,

das normas entendidas como imprescindíveis e inarrpH™»;.


i1Ve1S de- > sao
corrências de certas constatações: primeiro H p r,
°S SeUS ™®mfr0S
não somente nascem destituídos de qualquer oiWtaÇ&0 ~

vivência, mas também necessitam de um ( Para .


& C°n-
correção da orientação de suas condutis-
X ar
jt& ajustamento e
®eg"Qd?= de ilUe> mS1"
grado todo o esforço socializador é possível ,

dos princípios das normas, estabelecida r Pii!1e"tt, a quebra


através de certos redutos das , instituições > enwT á S0Ciedfde
_
r- dos agentes sociais
1 B Malinowski 1933, pp 13 . 18
. .

,
,

2
-
individuais « coletivos - destacados para tais fins,
os meios societariamente estabelecidos, seja para re'í "
.

a
"
o status quo ,
transgressora , seja para recompor
revidar na mesma medida o golpe sofrido.
A possibilidade do "anti-social confirma a ÿa, jÿdo
"

se de um lado o processo socializador pode se desen c q


mais ou menos coerente e integrado, a absorção . de
estando intimamente ligada aos fatores psicologicos 1 ' te
outro, a liberdade humana, como pr incípiQ onto °f1C ,c
rondicio-
constatável, leva à recusa de uma determinação ou
namento social absoluto.
ciedade
Embora seja precondição de existência de qualquer
uais
so p
um mínimo que seja de regras sociais, mediante as q
predizer as ações dos outros e orientar as condutas, ce '

de comportamento em todas as sociedades terial


permanecem nao
humano refratc
ladas , e até nos regimes totalitários o ma ÿ
sempre descobre técnicas de resistência à subordinação o >

forme observa Ely Chinoyi quando discutindo o pro e'™


,
.

m'U
formidade" e da "socialização" destaca as observaçoes de D. Kies
(et al.) sobre os "modos de conformidade" como atri u os P
gicos diretamente vinculados à cultura e à estrutura sócia ,
ioimen
ções essas expressas em The Lonely Crowd e poster
sideradas ainda como expressões de valores culturais em
Crowd: a reconsideration in 1960.
Assim é que toda sociedade trata ÿiÿMLÿJermgÿ jnais
ais o
_

ou menQs __ impessoais, mais ou menos institucionaliza os, m


ibili ace, o
menos definidos como esferas de ação e de exig
se vem chamando de aparato de r ontrole_sQcial. -
,

Abandonado o postulado pretensamente científico segundo o

qual o controle social seria resultado da


"
evolução ou o p
gresso" da sociedade, afastada tal idéia, verifica se -
ser unp

- e a comprovação empírica é a maior garantia e a


- imaginar uma sociedade humana onde não exista con ro
*

Évidemment" - escreve G. Gurvitch - la hieraic íe es P


"
"

et l'intensité du controle social changent avec chaque yp ,

ciété globale chaque conjoncture sociale concrete e c ia


,
" ®
particulière de groupements .

Posto em termos informais ou em termos formais, o controle


social como respaldo dos valores, das idéias ou das simp e
,

2 . Ely Chinoy, 1969, pp. 626 e segs.


3 .
G. Gurvitch, 1969, p. 291.
3
çgfllO

ções para a mera e trivial convivência, não indivíduo, mas


"
moderador do conílito entre sociedade ® *
"
lidade e do tod .
como direção para a comunicação da m ÿÿ a s preci°®ÿ
-

Na hierarquia dos sistemas de contro le, os n . ápiCe


e atentamente resguardados são colocados nu rincíp io, da reS g
.,
,

pirâmide, a violação do preceito, da norma, a(jaS em term0i>


bém hierarq
acarretando aí consequências tam

sanção mais rigorosa. . naS qii&
Da norma indiferenciada das
"
sociedades P™™
limitada sep
Q de
-
í°,1iÿs
a pequena divisão do trabalho e a ÿjelarqma .
.

representam impedientes definitivos para uma m njVeis d® f ;lS


níveis de controle social e, como consequência, ÿ dizi&"®&
bilidade e de sancionamento; da norma indi! fÿeer1 poderÿPJ&
organizações formais - institucionalizadas em rl0; e °
ria
lítico organizado, ou Estado, responsáveis pela & a nia;s altas
vação mediante mecanismos específicos, das norn . ap&i&
hierarquia do controle social, e mais que isto, pe o pÿ tjcado" Pi
sancionador - de um ao outro extremo desse s _

ÿharm
cesso, pode-se dizer a sociedade elabora meios capai
, > pressõeS
nizar, ajustar, reajustar ou mesmo prevenir, metia ÿ ntei
sanções , difusas ou organizadas, as condutas, de r0i° c0nstdeia
continuidade no acatamento aos valores societariamen ÿ
como importantes ou indispensáveis à própria vida so

, um dos 3*
O problema do controle social vem representanc ÿq sécu'°
na da
pectos mais discutidos mas várias teorias sociológicas des
XIX; pelo menos desde Augusto Comte. A. teoria C° açgeS d°
ordem e do consensusyftèílQXc em boa medida, as P1e0 ora} e d
,
o

fundador da sociologia com o papel da religião, da r0i,, xC\0res °y ,

sistema das idéias vigentes em cada época, como C0rÿ perfeita'


'

condicionadores da vida social. Numa linha de seqiienci ÿ s0bre


mente compreensível, E. Durkheim e sua escola debruça ejabora'
os problemas do controle social desde a análise empine&
, ' s0ciali"
ção do conceito de coerção social, aos vários processos 1
ÿoS
zação, à análise das idéias ,
dos valores e dos símbolos so eSpe
-

diferentes tipos de sociedade , abrindo vertentes de estudos ÿ


cializados, entre outros , no campo da sociologia, da relig1à >
moral, do direito e do conhecimento .

Na construção do conceito de "fato social" a preo°UPaÇÿ g


durkheimiana pela sua característica mais notória, a coercitiva
(contrainte), já põe em questão o problema do controle sócia .
4
Na conceituação de solidariedade social e de organização social
coloca Durkheim o direito como a própria organização ou melhor, ,

como responsável pela própria manutenção e estabilidade da vida


social, como se pode observar do texto de De Ia Division du Travail
Social que Georges Davy transcreve na Introdução que fez para suas
Leçons de Sociologie: "En effet la vie sociale partout ou elle existe
,
'
d une manière durable tend inévitablement à prendre une forme
,

définie et à s'organizer et le droit n est autre chose que cette orga-


,
'

nization même dans ce qu'elle a de plus stable et de plus précis"i .

Os problemas do controle social em Durkheim ligam-se assim, ,

não só aos aspectos mais específicos da coerção mas também ,

àqueles da organização e da solidariedade social .

A sociologia americana pelo menos desde Cooley e Ross, e


,

nas obras mais destacadas da "escola de Chicago" vem dedicando ,

boa soma de seus esforços em estudos empíricos e elaborações teó-


ricas no terreno do controle social definindo o problema que o termo
,

representa na língua inglesa (control sugere a idéia de interferência:


poder, potência, dominação, autoridade, enquanto nas línguas con-
tinentais - "controle" em francês por exemplo - sugere fiscaliza-
,

ção, verificação, inspeção, atividade de controlar, tão-somente con-


forme observa G Gurvitch)®.
.

Nos Estados Unidos, o rápido processo de desenvolvimento


económico e social resultante da industrialização do incremento da ,

vida urbana das migrações internas e externas apresentando conse-


,

quências variadas na organização social, arrasta uma série de as- " "
pectos rubricados de um modo geral como problemas sociais os ,

quais merecerão estudos sistemáticos de natureza empírica e teórica


" "

no âmbito da sociologia ou mais especialmente, do controle social


,
.

O interesse de intervir ou de regular a vida social, através de estu-


dos prévios dos chamados fenómenos de "desorganização social"
ou conflitivos , enriqueceu sobremaneira a bibliografia sociológica
"
americana no terreno do "social control .

O aspecto mais decididamente coercitivo ou melhor, pressio- ,

nante de certos fenómenos e mesmo de instituições sociais impele o


desenvolvimento dos estudos de controle social em áreas de variadas
orientações na sociologia americana durante longo tempo.
"

Dans la première partie de son livre intitulée Les fondements


du controle" - diz Gurvitch sobre um dos mais ilustres sociólogos
americanos - "Ross essaie de montrer que Tordre social> n,est ni

4 . E. Durkheim 1950, p. XX.


,

5.
G. Gurvitch, 1947 vol. I, p. 273.
,

5
instinctif ni spontané, mais qu'il repose sur le controle social et qu il en
'

résult. Puisque la société ne peut exister sans ordre, le controle


social est 1 élément indispensable de la réalité sociale"8.
'

Em W. G. Sumneri, por exemplo, o conceito de controle social


prende-se mais à realização de valores, idéias e ideais sociais crista -

lizados nos usos e nas práticas coletivas (folkways), cuja tendência


é se transformarem a pouco e pouco em regras e imperativos, as
instituições e as leis constituindo-se em verdadeiros costumes con-
densados.

Mas o controle social não se esgota como conjunto de forças


mantenedoras, sustentadoras da estrutura social.
Se bem que à percepção mais simples se ofereça a visão do
desempenho das funções conservadoras do controle social em deter-
minado sistema societário como relativas freadoras de mudança, não
há negar que observado de outro ângulo - o da análise do seu
conteúdo - é possível falar de controles inovadores e de controles
conservadores.

A maior parte da bibliografia sobre controle social detém-se,


quase exclusivamente, na análise das suas funções conservadoras.
"
Assim concebido, o controle social aparece como o oposto da mu-
dança sociÿO .
Sem tomarmos quaisquer das estritas linhas teóricas sobre o
assunto, mas antes colocando o problema dentro de uma perspectiva
analítica das funções e do conteúdo de nosso material de estudo,
preferimos o apoio de uma concepção mais ampla de controle social,
levando em conta a um só tempo, as noções de controle social con-
,

servador e inovadorf , detectando-os ali analiticamente.


Assim sendo observaremos que se de um lado atuam na socie-
,

dade forças mantenedoras dos valores societariamente consagrados ,

dispostos mediante mecanismos institucionalizados ou não de outro ,

desenvolvem-se controles inovadores agindo como uma espécie de


aceleradores de mudança social .

* * #

Quando esse estudo analítico e sistemático do controle social se


especializa no estudo generalizador das relações empíricas entre so-

6 . Idem p. 276.
,

7.
W. G. Sumner 1950, p. 60.
,
8 .
Luiz Pereira 1970, p 13
,
9 -
Sobre o assunto cf. G. Gurvitch
,
, 1947, capítulo "Controle Social" .

6
ciedade e direito, temos configurada a sociologia jurídica, como a

formula um dos especialistas nacionais da disciplina1°.


É particularmente nesse âmbito temático da sociologia especial
que pretendemos situar nosso trabalho, embora o caráter monográ-
fico essencial a toda pesquisa, pelo próprio caráter singular, único
e irrepetível do caso aqui em tela - o Código Criminal do Império
do Brasil ,
de 1830 - vá determinar uma feição algo descritiva e
aplicada e pois, uma limitação à vocação generalizadora da socio-
,

logia jurídica aliás, no comum, pouco dada às tarefas empíricas da


,

pesquisa ou da investigação sociográfica.


Por outro lado não apenas o caráter lógico da norma - o
,

logos da experiência jurídica, sua estrutura formal, na exaustivaró-e


singular análise da experiência jurídica de Cossio 11 - como o p
prio caráter teorético e doutrinário que haveria de exibir o primeiro
código de uma jovem nação - especialmente se se tratava de um
código penal de tão vivas repercussões sobre a liberdade, a vida, a
,

honra e a propriedade dos cidadãos -, tudo isso nos faz ver a nor
-

ital) da conduta so-


ma legislada como um pensamento fproieto vdente. Por esse as-
cietária da jovem sociedade brasileira indepen limites
díl sociologi?
pecto, nosso estudo estnrá sempre situado nos ico, ora
o aspecto ideológ
desconhecimento nele sobrelevando sempre ,
icularmente
através
"

da verificação do enquadramento socialora


- sob
parta foima da
profissional e educacional - dos legisladores,
análise das influências intelectuais - geralmente alienígenas, como
cabe numa sociedade de formação colonial - a que estiveram ex-
postos esses pais da nacionalidade, vivendo constantemente a expe-

-_ «4° 102 e segs.


10. A. L. Machado Neto, 1963, p. 143 e segs.; 1969, trep. de Koenigsbeig
11. Inspirado no exemplo kantiano, quando o mes estiutuia lógica
empreende a análise da experiência natural, resumindo a numa -

io empreende
(a relação causal) e num conteúdo material (a natureza),podemos
Coss inteipretar
a análise da experiência jurídica em termos tais que bem ecial, da expeiiencia
como a verdadeira análise de experiência cultural, em esp ito ao mecanismo
social e, de modo mais preciso, em tudo quanto diga respe
do controle social Segundo Cossio, a experiência jurídica, por ser expe-
pois, valorativa, além da estrutura lógica formal e ne
.
ces-
riência cultural e, so,
sária (a
,

norma ou melhor, o esquema lógico da normatividade, no ca


ial e con-
jurídica) e do conteúdo dogmático histórico-condicionado que é materta também
,

tingente variando de povo para povo e de época p ara época, apresen


o peculiar elemento humano da valoração (no caso, jurídica) que é o peitui-o
,

bador elemento que malgrado ser necessário (a priori), é material, com


Scheler descobriu ocorre com todos os valores.
,
A uma eidética socio.og.ca
riência cultuial de um
,

caberia a adaptação dessa exaustiva análise da expe


ética, a estética, a po í ica,
modo geral e de cada uma de suas facetas - a cons-
a ergológica a gnósica e, se possível, a propriamente social -,Cossio,
o que
,

9 ,
titui o objeto material específico da sociologia (cf. Carlos
,

PP- 284 e segs.).


riência conciliadora de compatibilizar as influências modernizadoras
das idéias liberais (controles inovadores) com as características tra-
dicionais da sociedade brasileira da época (controles conservadores)-
Se a lei - a forma mais racional e sistemática da norma jurí-
dica - é sempre um esquema de interpretação do comportamento,
mediante cuja conceituação podemos pensar a interferência das con-
dutas em sua significação jurídica como faculdade prestação, ilícito ,

ou sanção, ao intentarmos uma sociologia jurídica do primeiro código


penal do pais, como um esforço de compreensão por um novo ân- ,

gulo, das origens sociais da nacionalidade inesperadamente nossa ,

sociologia jurídica se transmuda de certo modo, em sociologia do ,

conhecimento, ainda que do conhecimento jurídico dessa realidade


in fieri da nova sociedade política .

Tem sido bastante observado por todos os estudiosos da socio-


logia política e jurídica entre nós o papel pedagógico de nossa le-
gislação. Alguns, como Oliveira Viana para increpar o excesso de ,

idealismo que nela se pode observar12; outros, como Orlando M-


Carvalho para reconhecer, por vezes, o aspecto salutar desse avanço
,

do código sobre os fatos como ocorreu com nossa legislação elei-


,

toral após a Constituição de 1946 que exerceu inegável influência ,

conformadora da vida política nacional a ela devendo-se um grande ,

impulso na organização dos partidos nacionais 1:'; ou Orlando Go-


mes, que considera o Código Civil como obra de intelectuais idea-
listasexpressões da cultura urbana ao analisar o papel moderni-
,
,

zador daquele Código algo avançado para certas regiões do país " .

Nesse ânimo de modernização do país, os legisladores do Im-


pério, bacharéis, médicos certos clérigos e militares, enfim, uma in-
,

cipiente intelligentsia envolvida pelas "novas idéias" que agitavam


,

as elites intelectuais dos centros dinâmicos da Europa teve sempre ,

em mente o instrumento normativo do direito legislado "Elite go- .

vernante" e "classe dominante" (expressões aqui usadas no sentido


dos conceitos de Mosca e Marx)10 os elaboradores do Código Cri- ,
minal de 1830 pelas peculiaridades da estrutura da sociedade bra-
,

sileira ,
constituem, em boa parte uma intelligentsia. , Contrariando
Mosca , ela é, contudo um grupo "socialmente vinculado" 1(> pelos
,

12. Oliveira Viana 1927. ,

13. Orlando M Carvalho .


1958.
,

14. Orlando Gomes , 1958


e
T" t
U"1ÿCi
'

16 . Para calÿ °
'

: t°11°m°re, 1965, pp. 22 e segs.


põem "um crunn m a> °® intelectuais desvinculados "ocialmente com-

encontram „„ ponlo "

8
compromissos de classe, de estamento e mesmo à& CÿS1Í* . - . ,

vezes pecando por utopismo; na maioria dos casos agin o


,
.
lismo comedido e procurando encontrar a formula do coP
lista num 1 ert
,
entre o ideal e o possível, entre a fé idea
importação e a contenção realística de um sentido °P0i
nos parece
f
"
.

margem da resistência do tradicionalismo, como


do Código Criminal que aqui procuraremos interpretar
,
n
mentário sociológico, ao invés do comentdeáriouma
junsociedade
ico ÿq,'
alvo os códigos - como um documento
nascer para a independência política, vivia a urgl ência e 01 ÿ
autonoma.
como Estado soberano e comunidade naciona
ode ra
Pelo caráter peculiar do direito penal, pelo que p
dos valores e dos ideais vigentes numa dada socieda e, ]c q
código penal traz necessariamente, uma axiologia sócia
, ò com
revelada na conceituação do que é, aqui e;vagoi a, CofS' diversas
delito e, sobretudo, na hierarquia das penas impu at as <
, es_
1
- ® , 1 '
condutas consideradas criminais, esse tema dá o
colhido por sua significação e por suas poteneiali a eS nnraue
ensejo de praticar uma autêntica sociologia compie > as_
nos faculta a análise do Código Criminal do nPCr1° .

, i D0lítica
pecto fundamental do projeto existencial da nova soe - < eoendente,
que ali, no verdor de seus primeiros anos de exis enci e ÿa_
lança no papel sob a forma programática
, da í101™'1 ÿ > a tÿua
veria de conceituar e punir as condutas sociais t
de valores vigentes e/ou os ideais e l aspiíaçoes qu , P ,
do pais quengo realizar
realiza
normativo ,
a elite intelectual e socia

a ÿ!, Hÿ°s[jtiHçóes '


No presente trabalho temos como objetivo
do "
mentos fundamentais da análise sociológica
jurídico-penais do Código Criminal de 1830. "1° '
_„ccnHn
O fato de que tenhamos escolhido um d"CU1ÿ c 0jjier essas
não foi fruto do azar .
Na deliberação que nos

17. O sistema estratificado de uma S0C1"jÿ ,ismo


ÿ
em
ÿvolução é soli-
vinculada ao processo histórico-economico do P que se p0de com-
dário às exigências deste sistema economico. „,,frcltificados cuja vigência
preender e explicar a superposição dos tres sistemas c. '
hrasjlaitf>-
fez possível a orientação dinâmica da cstiutu]-. m título adqui-
"

Proprietário nobre ( pelo sangue ou eno recr


"
, econômico), homem
rido; peio título académico ou pela instalaçao no P "instalações sociais "
,

livre o legislador do Império está vinculado, p°


,
melhor compreensão
aos estratos dominantes do sistema estratificado.
J- , estratificação, cf.
_

do sentido em que são aqui tomados os tres Pinto,


sis e ' 1966, PP- 20 42). -

Octávio Ianni ,
1972, pp. 11-14 e L. A. Costa
in-
instituições do pretérito esteve presente, entre muitas outras, a
tenção de evitar os riscos do bias, ou da ideologia, tão onipresentes
em tudo quanto seja assunto humano, e, pois, objeto de cogitação anos
das ciências sociais. É óbvio que já hoje, cento e quarenta
total revo-
passados da promulgação desse código, e oitenta de suaó ou contra
gação, ninguém - sob risco de ridículo - será mais pr
o Código de 1830.
osos
Reconhecendo-lhe, embora, o avanço ideológico em numer
pelo com
-

pontos, verificando-lhe, não obstante, a inevitável adesão,nnomia à§c .ç


prometimento, a uma estrutura social reflexa ,inr-> p

R£nd£Ut£_ e periférica, agrário-patriarcal-escravista, ninguém sera


mais seu apologista ou detrator.
os
"
Coisificado" que é todo passado humano, dele nos podem
tmosfera
aproximar sine ira ac studio. o espírito desvinculado da a
inclusive
de paixões em luta, que sempre caracteriza todo presente,trutores do
o dramático presente dos homens de 1830 - os cons
Império e da nacionalidade.
al.
Aqui tocamos outro ponto cuja escolha também não foi casu s
A análise sociológica do primeiro grande monumento legislativo po
-

são
terior à Constituição do Império - nos dois sentidos da expres
- e em particular, tratando-se de uma codificação do direitoÿpe-
,

nâL- aquele que mais diretamente reflete a estrutura e a organj;


zação da sociedade de que é solidário, há que nos reyc]ar a especia 1
~

significação desse, momento amanhecente da nacionalidade, que, pelg


.

sua -
significacão históriro-social, merece ser iluminado em .todos os_.
ileira.
seus Jingulos pelas especiais perspectivas da ciência social bras

A fim de contrastar o novo regime penal surgido no Brasil in-


dependente com a tradição criminal que herdamos da metrópole por-
V
tuguesa , nosso estudo inicia-se com a análise sociológica do Livro
das Ordenações Filipinas que por mais de dois séculos foi nosso
,

direito penal .

n. j-ÿarÿa neCeSSária compreensão do significado sociológico do


. ,

o ígo Criminal de 1830 fez-se necessário perlustrar os seus ante-


C
ÿC"l1med1a1°S (Pr0Íe10S e pareceres, autores e comissões),
rmos ao estudo de suas bases teóricas e doutrinárias .
para

T ° ÿ ° 0n1eniárÍ0 sociológico do Código de


1830 dividido no e Ttudo ,
°

e Sua caracterização geral das penas e


dos crimes f„„, t
eSSe código foi objeto
,

comentários normTfivos,YJ®®t1e
°
' de numerosos
obra doutrinária de juristas
.
-

. Passada por

10
ele a história , será agora objeto de um comei sociais que o
o toma como rtocnmento re y Qladÿ„das_engrena£ ÿ--7 . -
-_
-

nos
produziram e mantiveram durante sessenta_a --
-

Para mostrar a íntima solidariedade_vital em que se ÿ


estrutura social e o direito penal feÿsíTmistcr azei < jos as_
esse capítulo um outro especialmente voltado paia Ê
pectos fundamentalmente estruturais e pQÍltl£Or _-
-

pÿÿf1pla_
Tmpéno, ÿtacando dentroÿ,
-

brasileira do Priÿ
~

socicdade
as figuras dos legisladores que participaram t a e < sistema social
Criminal; em particular o seu ,

então vigente sobretudo através de seu, p,n.qua


,
- ntencio para
e suas viiÿculasõeS idÊQlógicas, cham;ando-se
-
-ca QS mais signi-
a curiosa transação em que viveram sua vi entre uma ÿ p '
ficativos representantes dessa época, o espiri
sQC
-ÿ prnnÿrTiirns com
abrasada fé liberal e os comiiaunatmieiít
osÿ
dição ÿ adorismo.
uma realidade que os prendia à tra
--

ÿ
-

__
-
--
-

Para iluminar o ambiente espiritual em qu e os p j '


ÿDepu-
digo foram debatidos na primeira legislatura a ' temas mais
tadostivemos o cuidado de destacar, nesse capi ' significativas
mais s.g
,

momentosos no debate e as questões socialmente


e ideologicamente mais reveladoras. vS<P c , v ç,,
Acredita-se que não caberia esperar desse o,
eÿÿ?'reve "
retrato
as linhas gerais de uma análise ou, mesm traços mais ge-
sociológico" da sociedadebrasileira J dependente_,
rais e característicos como

patriarcal e ]ÿrivatísticA-Sãoÿob4ÿÿÿÿffÿCÿ'f fpÿssado "


c brasi-

lustram os estudos históricos e sociologic _


, . t0 uma tal aná-
leiro. Entretanto embora não tivesse aqui
, £m suas linhas
lise seu conhecimento é imprescindível,
, rfiQr.ionameníõS.
mais gerais parajuejossamjÿ
, .ÿ
causais ,
-

ÿntoTque Iigam_essa.
como tarefa principal desse estudo, ie r
ar aquela
proporcion
ador
estrutura social ao direito p enal _
ilUC ™ prometimento conserv
transação entre o idealismo liberal e o co p , dominantes inte-
com o status quo , o que caracterizou as ÿ pparte
am boa dos seus
lectualizadas do período na qual se encontrav
legisladores .

11
M

o
** &<&. ÿ°
ANÿA°e
OU
AÍ coP
#° \ 0V
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* oS . Go<i
"

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,
Ò* v£V
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ÿ AO* ÿ & A\>


ÿ ANjA iW=> -
U

ÿV
\o
Capítulo II

OS HOMENS DA CÂMARA DOS


DEPUTADOS 1826/1830:
IDEOLOGIA E CIRCUNSTÂNCIA

Jj
A Constituição de 1824, traçando as
eleitoral que passa a vigorar no Brasil, impõe uma . ' costume
irá garantir na representação política, através o 1 g lamente
e da lei e do próprio comportamento das cama as mjlitar ga-
dominantes a presença do homem, do proprieano,
, es
*

três úl-
lardoado do doutor, do magistrado e do sacei o e
,

orte mar-
timos produtos da educação intelectual que
,
e a§ .
. ,
garantir,
cava as camadas superiores da sociedade biasi fir
_

.
nopulação
dizíamos a presença política de uma faixa bem es .
, gm que
tuaçao
do novo país independente , preso aindjç a si
se manterá por muitos e muitos anos. ,aC
Afastado o escravo, componente importantíssimo v

nômica do país mas juridicamente expelido a ci


, > tradição
tivos óbvios; afastada a mulher pelo peso do cos u ÿ ÿ
de uma cultura eminentemente patriarcal a re nrl0 pr0-
massa da população média, constituída ÿ homens
do mandohvÿ
e do, ÿ
»oae
prietários, pouca importância tem no jogo
As lutas feministas que ocorrerão na Europa, ou,
cificamente na Inglaterra da Revolução '1
, " da mulher no
tirão dezenas de anos depois, aqui e ali, p , vidos,
. j § ionge,
,
) g
desenrolar da vida política e social dos países de env
adas urta.as de um p
muito longe estilo de atingir mesmo asécada
cam do século XIX.
colonial como o Brasil da terceira d
O regime eleitoral, firmado nas cieiçoes in Kc ÿcj_
de dois graus ou seja, nas assembleias
,
paroq '
ores de pr0víncia,
dadãos (entenda-se: homens livres) elegiam
naci
- nosto em exe
-

e estes os representantes provinciais e


cução logo após a outorga da Constituição.
13
O Decreto de 26 de março de 1824 convoca as eleiçoe ÿ

deputados que irão compor a Câmara, a primeira Câmara os


putados do Império do Brasil. Junto à convocação são a & ÿ
instruções eleitorais, e nestas, aquelas concernentes a organizaçao
ais a p
mesas nas eleições paroquiais, mesas às quais é dada a m
e ilimitada liberdade de deliberação e ação.
o
Presidente natural da mesa era o juiz de fora ou o ordinári .

Na matriz da paróquia o povo (!) indicava os demais membros, ostos


ma
da seguinte forma: de acordo presidente e pároco, eram prop
,

à assembléia quatro cidadãos "da confiança pública", dois dos quais


ados
para secretários, dois para escrutinadores. Sendo todos aclam
e, formada a mesa iniciavam-se os trabalhos eleitorais. "Releva
,

notar, porém, que não havia nenhuma qualificação anterior dos que
tinham faculdade de votar nem havia chamada nem prazo algum
,

marcado para o recebimento das cédulas; nestas condições a Mesa


aceitava os votos apenas, de quem ela quisesse, e o prazo come-
,

çava e terminava quando à mesma melhor parecia 1


"
.

E muito embora as instruções do decreto ordenassem ao presi-


dente que indagasse aos circunstantes se sabiam de suborno ou con-
luio para que a eleição recaísse em pessoa ou pessoas determinadas ,

já bem se pode ver a precariedade do sistema e as possibilidades de


que dispunham os responsáveis para orientar as eleições.
" "

Cesar Tripoli, historiador do direito brasileiro nos diz: ,


"
Pela
simples enunciação dessas instruções infere-se quão grande era o
desejo do legislador para a realização das mais legítimas eleições;
mas, revelam elas, ao mesmo tempo, quão extraordinária era a in-
genuidade do legislador acerca da eficácia dos meios adotados para
lograr as raias da mais absoluta moralidade eleitoral do mais pro- ,

fundo discernimento, quer da Mesa, quer dos eleitores e quer até


dos própriosÿ ,c áiididat0S?
t
> '
Em agosto de 1827, a matéria eleitoral sofre uma reforma nor
decisão da Câmara dos Deputados com aprovação do Senado n
,

tras alterações, de menor importância são feitas pela Lei H* \nT


,

junho de 1830. As eleições que levaram à Câmara dos Deputados


os membros da primeira e da segunda legislaturas foram feitas ™
rem, dentro dos moldes traçados pelo Decreto rU o/ P '

1824. Os homens que fizeram discutiram f .ÿ 6 Je ma1_Ç° de


código penal do Brasil o Código Criminal d
,
e lSoT ° P1™eh"°
d°°"° d°"°°'°' "Í1è-1°i E. <"« ««o m -
odo , S dSrasS«$
1 .
Cesar Tripoli 1947 d 117
.

2 . Idem.

14
do Código poderão ser explicados à luz dal d s P
daquelas
sócio-econômicas e da formação intelectua
legislaturas .

. Pin Câ-
Acreditamos que uma visão geral da composição ÿ ÿ
mara no primeiro ano da primeira legisla de
ui a,alguma torma,
{ rma estamos
"
'

um ponto de apoio para as hipóteses que,


a levantar .

\%26 po-
Os deputados que tomaram assento "a
dem ser observados dentro de categorias 0C"P ,
/profissionais,
na primeira
e assim podemos afirmar que a Câmara dos p entos 0riun -

legislatura do Império do Brasil era constitui a ns livreS; pro


-

dos das camadas dominantes da sociedade, t os s je terras,


prietários intelectuais: são, predominantemen se, européias e na
militares e "letrados" , graduados ern U"1V q de formação
Faculdade de Medicina e Cirurgia da. Ba ÿ sua vida,
de humanistas que foi , no decorreÿé grande ggp»
desde sua instalação) magistrados, sacer o esÿo ÿ ÿ
Com base nos dados fornecidos pelos nos anos se -

Deputados referentes àquelas legislaturas, P" ' ocupaci0nal/pro-


tenta do século passado e observando o , nrimeira legisla-
fissional osição
encontramos a seguinte comp
ÿ
, '

tura: ,
<e
a e
11 portadores de títulos militares ou equiv
10 bacharéis
25 sacerdotes
16 magistrados
2 médicosÿ # AOÿ 0ÿ, ,, ,tnradQÿ
"

'

,.

2 doutores (sem indicação dpftipo de o ou


q

27 sem indicaçãÿ e ocupaçao principa S® ÿ


e
ÿ a ocupa -

Entre estes vinte e sete sobre os quais f*° e tinham então, ou

ção principal ou profissão, observamos que q ÿ deputados cons


-

teriam em breve títulos de nobreza.


, 1 fnram posteriormente
C° "i1" '
tantes da lista oferecida pela fonte .
) ai„uns foram substitui
-

senadores do Império ocorrendo ain a q


d»®
,

imediatamente pos.enotes por ba


~

viscondes. ÿ

Na segunda legislatura, inicia a u ò Código Criminal, a


em que se discutiu o projeto tmai ver;
situação em quase nada se altera, pe 1
11 portadores de títulos militares ou eqmvalent
6 bacharéis
15
15 sacerdotes
20 magistrados
2 médicos
1 advogado
3 doutores (sem indicação do tipo de doutorado)
42 sem indicação de atividade ou profissão (destes, 16 são na
quele momento, ou serão em breve, portadores de títulos nobi uir

quicos).
Vale ainda observar que mais de setenta por cento (70% ) dos
deputados de 1826 ou suplentes que
, atuaram nos anos da primeiía
legislatura estão presentes em 1830.
,

A não-indicação da ocupação principal ou profissão e o fato ,

de que tantos deputados tinham naquele momento ou viriam logo ,

depois a obter títulos de nobreza - embora tenhamos de contar


para essa inferência com a precariedade dos dados disponíveis pela
fonte de informação (precariedade que ela própria reconhece e la-
menta) - são indicadores que nos levam a algumas suspeitas , e
conclusões. Alie-se a tais indicadores as evidências decorrentes do
conhecimento - dispensadas maiores investigações, porque fatos no-
tórios - dos nomes dê, pessoas pertencentes a velhas estirpes de
proprietários rurais, e nossas conclusões mais se aproximam da hi-
pótese que passamos a levantar: a não-indicação da ocupação prin-
cipal ou profissão na lista dos deputados representa o fato de que o
deputado é, antes que tudo, proprietário: senhor dc engenho fazen- ,

deiro. Podendo ocorrer ainda, o certamente é freqUenle , que à


profissão de magistrado, de bacharel, (entenda-se: advogado) de mi- ,

litar, se associe a atividade de proprietário isto é: que o magistrado


,
,
'

o bacharel ou o militar sejam também senhores de terras e escravos


e que junto ao título mili$£ por exemplo esteja também o senhor
,

de engenho, o fazendeiro, o estancieiro .

°
Por seu observamos um número relativamente alto de
turno,
deputados com formaçao intelectual su
entre aqueles vinte e sete da primeira perior. É possível ainda que
,
e quarenta e dois da seeunda
,

legislatura, sem mdicaçao de ocu


pação
tejam alguns bacharéis médicos magistrados
principal ou profissão es-
,
Assim o número dos
.

deputados com formaçao intelectual superior ,

será bem significativo .

O numero relativamente alto de sncvrrW o. , , . , ,


"aS 'e81S1a t""
ras (cerca de 25%) é um bom indicatW H ÿ .

de formação numa sociedade cujas Vimíli ? ™?0r1aíiCia rfSSe ÿP°


orientá-los para o futuro 1 aX muitos filhos
l uro garantiam , ao
,
garantiam sempre o lugar para o padre ,

16
junto àquele a quem incumbiria encabeçarhoa ".continuidade dos ne-

gócios familiares na fazenda ou no engen


O sacerdócio era ainda um canal de ascensão social para omeio
in-
divíduo oriundo de famílias mais modestas, principalmente no
urbano , ou, como bem observa Gilberto Freyre 4, a carreira do filho
bastardo (em geral mulato) do grande senhor.
sacer-
Nem sempre vocacionados para as tarefas impostas ao
dócio a relativa frouxidão dos princípios da instituição àquela época,
,

no Brasil quando não servia para incentivar uma espécie de ames-


,

quinhamento da vida nos rincões mais distantes, levando o padre


da
ao embrutecimento compensado algumas vezes pelo aconchego
família que ele por força das circunstâncias, constituía; a falta da
,

autêntica vocação ,
dizíamos, associada ainda, ida muitos casos,
em intelectual, ao
às via-
próprio prestígio familiar e aos atrativos da v to vibrátil de al-
gens etc., e de certo modo, o próprio temperamen
guns, atraía sacerdotes à participação política.
de um nome
Encontramos nas duas primeiras legislaturas mais talvez
ilustre cuja sotaina não impediu jamais, masumaao consciênc
contrário,ia ativa
tivesse facilitado a ação política e mesmo
,
dres a aderirem, ou
dos problemas nacionais o que levou muitos pa ,

mais que isso a agirem dentro de princípios que chegavam


,
a con-
itados da
trariar a posição conservadora da Igreja nos tempos ag
luta pela emancipação política ®.
Nas décadas de vinte e trinta do século passado, quando o le-
gislativo nacional se põe a erigir a organização política do país, a
participação de sacerdotes é constante em todos os aspectos.
comando
Ao lado de Feijó, cuja ação política culminou com o
do executivo e com o controle da pasta mais decisiva nos anos tur-
bulentos da Regência estão, entre outros padres, um Januário da
Cunha Barbosa um José Custódio Dias, um Monsenhor Pizarro e
,

Araújo e essa figura realmente fascinante, porque expressivamente


,

contraditória: José Bento de Melo, agitador contumaz, constante na


tribuna, aliciador no plenário, um dos homem maisriência
importantes nos
legislativa
acontecimentos na época de implantação da expe
que viveu o Brasil independente.
O liberalismo do clero brasileiro naqueles tempos tem sido por
demais conhecido. Desde o século XVIII a aproximação de padres,

Sobre o assunto, cf. Pedro Calmon, 1937, 1


°
. , PP- 80 e segs.
3 .

4 .
Sobre o assunto, cf. Gilberto Freyre, 1936.
5 .
Sobre o assunto, cf. João Dornas Filho, s/d.
17
e mesmo de frades , das "idéias francesas" é fato historicamente
comprovado .

Da Rebelião de Vila Rica à Revolução Pernambucana de 1817


estão presentes nos movimentos de emancipação muitos padres e
frades.

Em 1810 Tollenare segundo seu depoimento, encontra no con-


,

vento de Santa Tereza de Olinda, dois padres "franceses". E Otá-


,

vio Tarquinio de Souza ® nos diz que Rousseau, entre outros, é en-
contrado como leitura de muitos padres junto às pastorais da Igreja. ,

E se Frei Caneca está ligado a um movimento revolucionário, a


"
Typhis Pernambucana" um outro frade, Frei Francisco de Santa
,

Tereza de Jesus Sampaio é "ator de primeiro plano no episódio do


1Fico, "T.

A rebeldia de tantos padres contra a estreiteza e o irrealismo


da moral beata de certos princípios da Igreja de então bem pode
ser explicada pela falta de "vocação e pelo apelo, via influência "

das idéias liberais da realidade nacional e até mesmo de um enten-


,

dimento mais profundo talvez, do papel da Igreja no século.


,

Como tantos homens públicos também os padres vão encon- ,

trar nas sociedades secretas , como a maçonaria, aquela espécie de


"

religião política" de início o lugar de extravasamento do naciona-


,

lismo "papo de tucano" ("a forma primitiva e grosseira, entretanto


a mais popular que assumiu inicialmente a sociedade secreta, foi
,

a da atitude nativista" escreve Pedro Calmon®), e depois, certa-


,

mente o lugar das conspirações liberais ou dos acertos e conchavos


,

do cotidiano da ação política .

O liberalismo político ao atingir os homens das décadas deci-


sivas da formação do Brasil independente também atingia, como ,

parece óbvio, os padres; esse era o clima ideológico propiciado pelas


leituras "francesas" pelo convívio de muitos brasileiros nas próprias
,

fontes produtoras daquelas idéias o que bem explica a excitação


"

intelectual dos núcleos populosos, exclusivos refletores do pensa-


mento importado com as manufaturas, o dinheiro inglês dos em-
,

préstimos públicos, e os adornos do trono 9


"
.

A incorporação das novas doutrinas e a consequente agitação


que isso traz decorrem da aproximação do brasileiro ilustrado da
modernidade que se criava nos centros metropolitanos do sistema

6 . Otávio Tarquinio de Souza 1960, p. 15 , .

7 . Idem, p. 20.
8 Pedro Calmon,
.
1937, p. 56.
9 . Idem, p 16.
.

18
económico em expansão O liberalismo por assim dizer, "teórico",
.
,

convivia - ensina Calmon - entretanto com uma intransigente ,


"

defesa da estrutura social que nos legou a colónia" 1°. E não é de


estranhar , pelos próprios compromissos estruturais do subsistema
periférico, este que não é bem um legado colonial mas criação da ,

própria dinâmica do sistema económico do capitalismo. Disto de-


correm, em grande parte, as contradições, tantas vezes constatáveis,
entre um liberalismo teorizado e a decisão a nível de práxis de ma-
nutenção do sistema .

Na constituinte de 1823 as grandes discussões a respeito de


liberdade religiosa levam muitos padres no fragor dos debates, a ,

defenderem a liberdade religiosa e até a separação da Igreja do


,

Estado. Quando estavam em tela os dispositivos do art 14 da Cons- .

tituição levantou-se a questão de que só se dariam direitos políticos


" "
aos que professassem as comunhões cristãs Antonio Carlos An- .

drada influído pelas idéias contratualistas, levanta o problema pon-


,

do-se veementemente contra. O Padre mineiro Rodrigues da Costa


"
mostra-se escandalizado ante a idéia de liberdade religiosa num país
de religião revelada pela qual Deus fizera conhecer o modo de ser
,
"
adorado tanto interior quando exteriormente "
,
.

P Monsenhor 0pernambucano
rv\ * . Cj tais
Muniz Tavares
idéias não causam espanto nem escândalo e ele afirma tranquila- ,
"

mente que "na constituinte era político não teólogo


"
e, no caso,
,
...

era padre contra padre" J2 dizendo em seguida que "reputava a


,

liberdade religiosa um dos direitos mais sagrados que o homem devia


ter na sociedade" 13 .

Através de Agenor de Roure ficamos sabendo que "diante do


desafio o padre mineiro declarou que não queria perseguição às
crenças religiosas que se achavam fora do catolicismo, mas também
não queria liberdade religiosa" 1i!
Pelo que o mesmo Roure nos informa a fórmula que subsistiu ,

no projeto da Constituinte passando incólume para a Constituição


,

outorgada em 1824 nasceu de uma espécie de composição equili-


,

brada dos interesses: "Antonio Carlos defendeu a liberdade religio-


sa como autor do projeto, mas, infelizmente, declarou o taquígrafo
'
,

que o ilustre deputado sustentara o artigo, não tendo podido apa-


nhar o discurso pela rapidez com que o orador falara e pelo sus-

10. Idem, p. 17.


11. Agenor de Roure, 1914, p. 125.
12. Idem.
13. Idem, pp. 125-26.
14. Idem.

19
surro das galerias' Estavam se tornando tão frequentes tais notas
.

nos discursos do grande parlamentar que é impossível não haver,


no caso,
um propósito deliberado" '8 .

E a fórmula de conciliação permanece: restringida, de certo


modo ,
a liberdade religiosa que muitos constituintes pregavam , a
Constituição de 24 limitava se a declarar que "ninguém podia ser
-

perseguido por motivo de religião uma vez que respeitasse a do


,

Estado e não ofendesse a moral pública" exatamente como dese- ,

javam alguns dos que combateram sem resultados, o n<? III do


,

art. 7ÿ do projeto Antonio Carlos: a ampla liberdade religiosa.


Assim permanece o princípio que só será derrubado com a
,

República com o laicismo influenciado pelo ideário positivista que


,

a inspirou .

Quanto ao Código Criminal de 1830 feita a adequação do ,

dispositivo constitucional às suas normas, com isso desaparece a


grande maioria das figuras jurídicas que no Livro V das Ordenações
Filipinas tornavam as normas penais estreitamente ligadas ao espi-
rito inquisitorial dos séculos XVI e XVII .

Contudo,
OA\ *

{ V0 . Vf \
~

, j j,
vale ainda observar como a força das "novas ideias
_

do liberalismo triunfante na matriz intelectual do mundo a França, ,

não foi suficiente para romper as barreiras da estrutura sócio-eco-


nômica rigidamente construída e mantida nas suas coordenadas mais ,

importantes pelas centrais de comando do capitalismo em evolu-


,

ção, das quais, sem dúvida, constituíamos um autêntico subsistema


periférico.
Pedro Calmon , comentando o que poderíamos chamar de
contradição entre idéias e ações convoca nossa atenção para a di-
,

ferença entre o ardor que ele chama de "nacionalismo delirante" ,

de "contemplação dos ideais franceses de 1789" e a "intransigente


defesa da estrutura social que nos legou a colónia",".
Contraditório algumas vezes, vacilante tantas outras, o chamado
liberalismo posí-independência há que ser visto dentro de uma con-
juntura muito singular. Àquela época, salvo os saudosistas mais
ferrenhos, a apregoar o vínculo político com Portugal (por certo
minoria), pelo que se pode observar das informações dos historia-
dores, mesmo os conservadores mais declarados não são de todo
infensos à necessidade de mudar a estrutura do sistema jurídico ,

colocando o Brasil dentro do panorama de um "novo mundo "


nas-
cido das idéias agitadas na prática revolucionária de 1789 .

15. Idem, pp. 126-27 .

16. Pedro Calmon, 1937 p. 17. ,

20
De certo modo a figura central na elaboração e nos debates
,

cio novo código feito para disciplinar os aspectos penais da nossa


estrutura jurídica Bernardo Pereira de Vasconcelos - personali-
,

dade tão discutida louvada e combatida, tão contraditoriamente tra-


,

tada por historiadores observadores e biógrafos -, mesmo ele, teve


,

muitas vezes que conciliar o seu realístico conservadorismo com as


"

idéias novas" que não deixam de vacinar de algum modo, a intel- ,

ligentsia não importam quais sejam seus compromissos políticos, e


,

da qual não se pode negar, Vasconcelos também fazia parte.


,

Tobias MonteiroJ7 refere-se a Vasconcelos como "fundador do


regime parlamentar no Brasil" e compara-o com D. Pedro I, quando ,

à impulsividade deste contrapunha-se a reflexão daquele , nos mo-


mentos decisivos de implantação do novo regime Otávio Tarquinio .

de Souza biografando essa figura singular, chama atenção para o


,

fato de que Vasconcelos esse homem inteligente, esse homem de ,


"

tantas idéias , nunca teve ideologia, no sentido de apego a construções


teóricas alheias às consequências e necessidades do momento histó-
rico e do nível cultural do país" .

Sobre ele assim se expressa R Faoro,i"A: "A oposição liberal .

é dirigida por um gigante: Bernardo Pereira de Vasconcelos Du- .

rante quatro anos o Imperador se verá acutilado em todas as frentes


pela palavra e pela ação do extraordinário político". *

C>\ Qy t O .*,
Para o realismo do autor do projeto básico do Código Criminal
(projeto que elaborou um período de repouso em Ouro Preto) era
necessário , àquela altura, rejeitar as instituições republicanas e a
abolição da escravidão mas era necessário, também, liquidar os ob-
,

soletos tribunais dos tempos da colónia os privilégios de foro; erguer ,

urgentemente a estrutura jurídica do país cancelando de vez as ul- ,

trapassadas tradições reinóis E é por isso, e por muito mais, que .

ele se coloca veemente, a favor da criação de instituições de ensino


,

superior no país diferentes daquelas da tradição coimbrã. De suas


,

mãos nascem o futuro Colégio Pedro II o Instituto Histórico, a ,

Escola Agrícola Luta ainda Vasconcelos pela criação de um curso


.

de ciências físicas no Museu Nacional; uma lei cujo projeto é de


sua autoria,em 1835, é, por assim dizer, precursora das idéias sobre
ensino primário obrigatório e sobre o ensino normal1" .

Alfredo Valadão biógrafo de Vasconcelos, atribui a este, em


,

grande parte, o mérito de ter evitado, através do projeto de Ato

17. Tobias Monteiro , 1946, t. II.


18. Otávio Tarquinio de Souza
1937, p. 27. ,

18-a. Raimundo Faoro 1958, p. 148. ,

19. Alfredo Valadão 1950, pp. 159-191. ,

21
Adicional ,
a adoção de um
sistema federativo nos moldes america-
(ÿo 1W&l tinha o deputado bom c
quências, se aplicado seriam, na sua o onhecimento) cujas conse- ,

À altura da terceira década d pinião, funestas para o Brasil-


,

a situação econômico-financ o século passado atentando para ,

eira do país Vasconcelos observava ar-


gutamente o estado de inchação" ,

decorrente da situação e 20 de nossa economia "inchação ,

m
empréstimos tomados para fi que ela se encontrava exaurida ,

e de implantação do nov nanciar as lutas de integração nacional


o regime para os encargos assumidos pfÿf
nova nação ,
inclusive aqueles decorrentes
,

dencias
dos ,
quais resultam, entre outros dos acordos de Indepe'i"
portuguesas a encampação de dívidas ,

emprega-se
,
para com a Inglaterra Com a expressão "inchação.

,
pela primeira vez o sentido do conceito de inflação
económica ,

para o qual aquela expressão evoluirá.


Para os historiadores do di
e Vasconcelos é definitiva reito brasileiro a presença e a ação ,

na elaboração
penal, esmaecendo se a contribui do nosso primeiro códigQ
-

o primeiro ção de José Clemente Pereira autor


vertida, projeto apresentado à Câmara figura também contro- ,

esse português "abrasileirado" ,

alguns ,
e até mesmo de "suspeito à cauchamado "furta-cor" 21 Pÿr ,

Vasconcelos conforme faz r sa do Brasil" pelo próprio


grafia que traçou do deputadoeferência Tarquinio de Souza na bio-
,

mineiro; e autor é verdade, de um


projeto de lei para a abolição do ,

comércio de escravos
AO Y
c O* çA° ,tóO* Qò® -
-
.

ç,, -

Depois de cf ÿ "

Assembleia Le protelada a ressaca de 24 e no marasmo de 25, a


souro exausto e ao rom
gislativa fora convocada em 26 para atender ao Te-
pimento das hostilidades no sul O governo
mc>rT\ror°Paa"22
S °
*
1"ra ?QPU1&r ?ara C0fSeguir
.

impostos emprésti- ,

, AC
histnThHnr nÿ1°"rm&"1° az como uma luta tenaz.
d&
Cârfra «e f Os
sídiÿde mnitn %deputados
T gera1' °0rentar
""
as dificuldades a
,

de-
ob o empenho d
.
,
e muitos outros
,

"A sua
nhariam a face nnlf?
nnariam a iacc 0 a garantÍa
positiva do Reinad
taf liberdades civis é que dese-
.

o "
ÿ
convívio naÿs cmhííÿ H
1', C0m t0d°S os seus defeitos
trouxe para o
<
,
naqueles anos de defini ,

ção, elementos oriun-

2?: ?ÍeÍ °

p 65
Ta " i°i0 de S°UZ& ' 1937> P. 68.

23! Sm ° ®U

p 399
Ue * f°1a"if
-
"56 p. 398. .

22
dos de todas as províncias e, por certo, de diferentes origens so-
,

ciais; mais rurais uns mais urbanos outros, igualados, certamente,


,

na formação intelectual muitos deles na formação resultante do fato ,

de não termos tradicionalmente, uma aristocracia de sangue, carre-


,

gada de longa tradição de mando e riqueza. Muitos dos deputados,


por certo, terão pertencido à burguesia urbana de alguns centros,
de riqueza miúda amealhada no correr dos tempos, e garantida por
,

anos de sacrifícios e lutas Muitos outros juntarão depois à riqueza,


.

nem sempre muito grande a projeção política decorrente do man-


,

dato aumentada em alguns casos, pelo próprio valor pessoal, pela


,

combatividade ou pela vassalagem prestada ao poder imperial


...
,

que sempre poderá resultar no cargo vitalício no Senado e no ambi-


cionado título de nobreza .

Mas não se pode negar que o comportamento geral, embora


formalmente contraditório é bem mais lúcido, bem mais realístico,
,

bem mais "avançado" do que seria de se esperar. ÿsó assim po-


deremos aquilatar comparando, a relação entre o avanço das
" "

idéias e aquela intransigente defesa da estrutura sócio-econômica,


conforme pudemos observar nos comentários de Pedro Calmon já
referidos .

Talvez encontremos um liberalismo "


retórico
'
ao lado de um
tenaz apego aos princípios garantidores daquela estrutura; talvez
achemos incongruências entre as idéias e a ação, quando, por exem-
plo, muitos bradam em defesa dos princípios do direito da pessoa
defesa do
humana , contra os suplícios aplicados aos escravos, em
direito de opinião e de palavra . . .
mas em defesa da escravidão,
e da propriedade oriunda da escravidão.
É interessante notar o cru realismo de muitos deputados ao
defenderem o sistema escravista rigorosamente, ao tempo em que, ,

às vezes na mesma ocasião pugnavam pelos direitos do homem


"

e pelo "respeito à pessoa humana".


Na sessão de 11 de maio de 1826 o deputado Cunha Matos,
brigadeiro representante de Goiás, numa discussão sobre serviço mi-
,

litar
, condições de recrutamento e tratamento dado aos íecrutas,
do
aponta verdadeira violação do respeito à pessoa humana no mo
como se vem fazendo o recrutamento , e diz:
"
tenho visto caminha-
rem homens acorrentados pelo pescoço, conduzidos para o Rio de
Janeiro . . .
" 2*
.

Mas é ele mesmo, Cunha Matos, que na sessão de 16 de junho


de 27 , debatendo o parecer da comissão de diplomacia (da Camara)
24. Anais, 1874, ano de 1826.

23
1 ° i"rmaàa en1
peito do comérck) de fe & Inglaterra e o Brasil a res-
iC1aV0S> f®®
"

A convenção celehmH Ím Se exprime sobre o problema:


a final abolição ÿ e"tre ° g°Ver"° do Brasil e o britânico para
honra interesses MoSFf
,
Kade
? P escravatura... é derrogatória da "

sileira. nrimpim
'
» in dependência e soberania da nação bra-
Brasil. seeundn > f"igÚe a1aC& a ie' fundamental do Império do
terceiro nnm,/„ P°ri,Ue Preiudica enormemente o comércio nacional;
°
frU'na t agricultura princípio vital da existência
do povoÿ ninrin ,

um
um cruel vnln
cruel gol
'
?0rgUf a"'ilU''a a navegação; quinto porque dá ,

pe nas rendas do Estado"™ (grifo nosso).


se refere W™ VÍSiVe1 0 re&1ÍKm0 de C"«h& M&1°S f0 ÿ"e
""°i
ter m0S eS1fÍ1°S f]os interesses do sistema
económico e ch J C0mP™missos estruturais. E bem se pode pon-
.

derar como teria i1vl °


de maio rle rfC aquele projeto de lei que no dia 19
seus oares . nl; f df?"1&r0
1
J°SÈ gemente Pereira apresentou aos
P je o de lei parar ÿabolição do comércio de escravos!
por iM™sêfeSta?:' 8°"i ''1a'Í," '°"i'"d° '' ' a'ri",= '='d'"

Os interesses e comprometimentos d
alto: rejeição! e quase todos falaram mais
Uma simples vista d'olhos sobre a rela
por exemplo nos dá a idéia do peso d ção dos deputados de 26,
,

proprietários rurais a representação dos grandes


dos senhores dos engenhos do Nordeste e do
vale do Paraíba do Sul
,

e dos fazendeiros de café ,


.

Naquela relação encontraremos os Albuquerque de velha estirpe


nordestina: Luiz Francisco de P
Francisco de Paula Almeida e Albaula Cavalcanti e Albuquerque,
uquerque Antonio Francisco de
Paula e Holanda Cavalcanti de Alb ,

Almeida e Albu uquerque Manoel Caetano de ,

de querque. Quatro descendentes da casa de Jerónimo


ÿ
Albuquerque, de D. Brites de Albuquer
Lá estão também os barões de Cimb que e Duarte Coelho.
Aguir Piris Ferreira), o Visconde d res (Domingos Malaquias de
Lopes Gama o baiano Marquês de e Ab
,
Maranguape (Caetano Maria
Pin e Almeida) Pernambuco rantes (Miguel Calmon du
pelo que pudemos ver acima ofe-
.

,
recia a primeira legislatura a fina flor de sua "aristocracia cana- ,

vieira grandes senhores de engenh


,

e realismo o, escravocratas por convicção. . .


.
Fazia mais de d
ois séculos
os Cavalcanti e Albuquer-
que, os Almeida e Albuquerque importavam ,

para os engenhos
seus negros da África
vam,
,
para a cana e a senzala aos quais acrescenta-
necessariamente o tronco ,
,
talvez mesmo os ferros e o açoite.
,

25. Anais ,
1875, ano de 1827 .

24
e também a convivência e a mesti
faltado çagem que também não terão
.

No escravo estava boa parte da riqueza de muitas famílias o


que em alguns casos chegava a representar um montante mais va- ,

íoso que a própria terra A camada economicamente dominante


defendia se.
.

E seria acaso de esperar uma atitude "humanitariamente" abo-


icionista por parte desses homens?
Afora uma intransigente e como estávamos chamando, realís-
tica defesa da pro ,

certamente priedade e da exploração do braço escravo, à qual ,

,
devemos acrescentar uma atitude discricionariamente
patriarcal acatadora incondicional dos costumes tradicionais da fa-
,

mília e da religião (existem


é bom lembrar, os mais decididos arau-
,
tos do princípio de separação da Igreja e Estado)
brevivência em muitos de um certo autoritarismo e decorrente
,
mesmo a so-
da
,

,
tradição do regime absolutista e
m que se construiu a nacionalidade,
em que nasceram e se criaram os h
omens da Câmara dos Deputados
afora esses aspectos ,

podemos dizer, sem muito perigo de exagerar,


,

que encontramos na Câmara, no primeiro momento de nossa vida


de nação independente uma atitude geral de referência ao Brasil e
,

seus problemas bem mais "avançada bem mais nacionalista (no "

,
sentido de defesa das riquezas de procura de caminhos para conso-
lidá-las em termos nacionais e de um especial sentido de sobera-
,
,

nia) bem mais preocupada e decidida do


,
que à primeira vista po-
deríamos supor.
Se há dificuldades em equacionar devidamente os problemas,
se há uma precária técnica legislativa - que o rigor dos juristas
mais preclaros ali presentes não chega a sanar - se há uma rela- ,

tiva ingenuidade e euforia no trato de assuntos cuja gravidade e


importância talvez merecessem mais detalhamento e urgência não ,

há negar que o conhecimento, por parte de muitos, dos problemas


nacionais e a busca de soluções mais adequadas para os mesmos
,

demonstram de um lado o senso de que as questões de interesse


,

geral pelo menos devem estar acima dos interesses paiticulares , e


de outro um certo utopismo se comparamos por exemplo, os avan- ,

ços pretendidos por alguns com a realidade sócio-econômica em


ÿ

grande parte determinada ou orientada por elementos decisonos


cujas coordenadas, em última instância, estavam fora do alcance de
comando dos próprios dirigentes nacionais.

Não se pode sob perigo de grave injustiça, acusar simplesmente


,

os homens que de algum modo detinham uma parcela importante


de poder no Brasil recém independente, de desídia, de inopeiancia,
-
ÿ

25
"
° °S "0SS0S
de então se ilo Pr°blcmas. E se alguns observadores
S a"10reS de °bi&& que abordam esses tempos e
essas questões r
os problem as etnTr! P°ÿ C*emP'0
iÍ8U
> '

Sa
Armitage; e não discutimos aqui
mostram lisonieirnc .
ra controvertida) nem sempre se
r °
lÿÿtlvo e seus membros, e se a reali-
.

dade era mesquinhn ,.

vido em grande Pnartp à


°
d,eSe"r0iar d° processo político, de-
um áufnriS,

u f Perma"encia, no Imperador dos traços de ,

e que todn Sm° 0 10da "ra tradição política absolutista,


vação mais IJ "
emPe"h° liberal não conseguiu apagar a obser-
.

,
, " °Sa
possa conhecer r
fe J'
m d0C"me"1o fundamental para que se
j
"

mara dos DenntÿS ,


Si"'°1ifram os acontecimentos na Câ-
da Câmara Jn ? n
°

&Putados
"&
ÿ"e a"0S de afirmação nacional os Anais
em que pesem suas grandes deficiên-
,

c;as_
e Z?' j"1 i . redÿa ° impressionismo de muitos críticos,
mr>Qtr
'

a .

o seu emnenV ° t
T £"X'a'.Va P0r S"a afirmação no cenário político
.
,

°
oO
Observemos alguns aspectos
òfi°*
.

balhos Tegis1ativor P? S ?S Jf P1nad0i> °

em 82 6
C
,
,°g° f° Í"iCÍ° dos tra-
e divergentes Há t & etUCaÇS0- ™
As opiniões são varias
ÿ aCÿ&™ re m3'0r importância a educação
'

primária- havendo nt
'

que falam Hum i ° S ÿUe deÿe"dem


°
que ela seja gratuita. Há os
ainda unia ST uma vez - uma
P°r e"Sin° SUPerÍ°r "
E™ ÿ™ "
universidade para o Brasil!
ÿ
muitos problemas rjor rvw !f n1?aÈ'"yÇa0 0U ° desconhecimento de
*

jurídico". Teixeira HJ r & ™ea


» a]gU"S fala especificamente "do curso
pressa: "Na falta em T S> aChfm0S
™""e,r0 e magistrado assim se ex-
nii
de uma escola de direito
,

nós em breve serem™ r i -T


mensura a maSura e 05 à f}™t™ de 0" "â° terr°S f°"
,
Z

dência dos países ™' °" ÿeX1arm0S »a de


as ciências e
estrangeiros aonde Pe""
pagar grosso tributo" « a "°SSa m°CÍt&tf mendigar
O medico baiano Linn Pnnf; u
povo depende a felicidade da meão» ,e"d0 ÿUe da "instrução do
a concentração da educação nas HHoA 0tSer*a a disparidade entre
encontra a mesma no interior- «t S & ° &banr0n» em q"e Se
primeiras letras latim, retórica
, etc "f° hà dÚVÍd&
> 3"i&« Je
& etc .
Mas pergunto eu: há em todos
26. Anais 1874
,
ano 1826 ,
.

26
OS lugares onde se precisa deste e°ÿí Na° Poÿemÿ
ladas nesta Corte e nas grandes c,dades-
ÿguaSe 9
secun-
ocupar-nos das aulas maiores , mas sempre como J
dário .
Nós seremos mais felizes com a instrução d° povo, q
com o grande número de doutores (Apoia c _ . h, .
7

O famoso baiano endossa uma posição talvez ÿ"ÿefÿ'istrado


demagógica por certo que patriótica, julgando,
,
ÿ mclhor ca .

Batista Pereira , do Espírito Santo, que aque e ( univer-


minho para se conseguir "a felicidade ÿT BatVsfa Pereira - Z
*

sidade não utiliza à classe dos pobres do úúteis


teis à pobreza
"
e nós devemos cuidar mais em estabelecimentos P

que aos ricos" Z6. , intp


,

De Bernardo Vasconcelos já pudemos demonstrado


empenho pelo desenvolvimento da educaçao n i > upe.
ainda uj ,e* quando se discutia
riores .

AH, ele pergunta aos seus P&r®ÿ; P


discutir se deve haver ciências no Brasil.
,20

Em 1826 , quando ocorriam aque


das discussões era naquele momento, a lei
les JbÿeSj jÿÿÿpúblila),
,
,
0 depu-
já criados os cursos jurídicos em São Paulo e ÿ t(ÿ[os que-
tado pernambucano Almeida e Albuquerque o s e cÿcs curSos vem
rem cursos superiores em suas províncias, ÿ" ,
lviment0 do en-
contribuindo para obstar , ainda uma vez, ÿÿ yas_
sino superior em moldes universitários entreemenda
no.
a wÿcação de
concelos que surge uma proposta, como
Teixeira de Gouvêa- para que se faça projeto de lei
,

universidade na Corte. . tpr.

Mas, ito tempoÿ


pelo visto, durante mu
reno das idéias na maior assembleia do p . ÿ Império ,

ela vai e vem .


Fala-se nos inconvenientes da capitai ÿ,
dos atrativos da cidade grande, oferecen oÿ momento
aos estudantes e , caro £«Jÿ
"

discute-se o currículo dos cursos juridic .


Jutado Ba_
por ser tudo muito
abuso de
c ..jmes por
tista Pereira , que a propósito das penas no . trabaihos for-
.

liberdade de imprensa" propugna Pÿr P° não permita aplicar


çados, ferros, lamentando que a Co . <

»~tista Pereira discute


indiscriminadamente os açoites, esse mes 's;no do direito ro-
o currículo do curso jurídico, combatendo o ensino

27. Ibidem.
28. Ibidem.
29. Ibidem.
27
mano,
enfatizando a nec
dizentes com as nossas essidade de "matérias
necessidades"
mais modernas e con-
.

O projeto de educação
aproveitar os conventos pública e geral de Lino Coutinho tenta
as ha uma ferrenha reapara ali implantar escolas para meninas.
nuencia reli ção por parte
giosa e a vida dos conventos
dos que são contra a in-
e lepresentante do Rio d .
Cruz Ferreira, magistrado
e Janeiro é contra os conventos e a vida
icigiosa
e diz que "as mulheres que os habita
,
,

capricho e fanatismo dos m são vítimas, ou do


f ™0me seus pais ou de seu próprio capricho e
" t0 de ilusão .. .

Nós queremos cidadãos "


- diz ele
- na
o queremos frades e freiras" ;!f
uenciados pelas "novas idéias" .
Como cie muitos outros i°" ,

te contra a I perfilam-se numa atitude veemen- ,

greja, e mesmo contra a religião.


Se Feijó membro da comis
o celibato do clero
,
são eclesiástica defende a abolição ,

aiano
não é de estranhar que o médico e filósofo
Ferreira França vá
,

mais além e apresente indicação em


sessão de 13 d ,

e setembro do 27 no sentido de que "o nosso clero


seja casado e
que os frades e freiras acabem entre nós" 81 .

ÿvariedade de problemas a sensibilizar os deputados conse-


quência do fato de ,

da possibilidade e daque pela primeira vez brasileiros vêem-se diante


necessidade de equacioná los
suas forças . . e dos seus interesses
.
e, na medida de -

solucioná-los faz com que se


possa observar outros aspectos ,
,

tantemente sob a mira dos parla além da educação que estão cons-
,
,

mentares .

O problema da escravidão
putados um tratament por exemplo, recebe de muitos de-
,

o duramente realí
promissos estruturais da sociedade e d stico em termos dos com- ,

tivemos oportunidade de destacar a economia brasileiras como ,

quando
ções formais entre o liberalismo apre observamos as contradi- ,

mento do re goado e a acão pelo manteni-


gime escravista\C-°
Sao constantes por exemplo
as intervenções através das quais
,

se pode inferir um certo co ,

M „r
escravo
"

n no
_ Brasil nhecimento d
cunnecimento do problema do trabalho
; outras tantas em í
que taxativamente se faz men-
nrnrl. L f Pr0m°Ver a indústria no país
de proteger o
Em tornoÿessp C0™0 m£Í° d
assuntos temos ocasião de
® aCelerar o crescimento económico.
,

nho fazendo
fazendoaa se encontrar Lino Couti-
guinte declaração: " eu serei semnre de or.
mao que se proíb
.
..

a a intromissão de man
principalmente daqueles aartigos
rtiros de
âp ufaturas estrineeiras
estrangeiras. .
h
que nos temos oficinas"®2 .
O
30. Ibidem .

31. Anais
32. Anais
,
1875, ano 1827
,
1874, ano 1826
28
"

baflios da C
problema em apreço era a impressão dos tra
sugeria-se um francês para fazê-la.
de 1, J
O Brigadeiro Cunha Matos elabora um projeto
as P'
parecer coube a J. Clemente Pereira, ordenan o dutQS
blicas , igrejas e corporações religiosas que consu c iem a res-
E os debates se
"

manufatura nacional e indústria


pelÿprodutos
.
t
peito de indústria nacional, preferência do governo çrodu ÿ
ingleses e descalabro em que se encontram, no pa , ' ÿ c|e
bricas de vidro , lona, cabos, tecidos. Nesse dia ÿ norém como
1826 - ainda Cunha Matos assim se expressa. ... animar
hão de as fábricas trabalhar, se o governo em ug Y Targini,
só procurou destruí-las tendo condescendencia
, mesmo e em
Philipps ,
Nailor e outros?"... "No Rio de Jane o ® af
Minas Gerais houve grandes fábricas de tecidos,, ÿcstruída, por
anda um empreendedor arruinado, e a sua <
'

do grasii.
ingleses introduzirem fazendas francamente pe pelos deferidos
Na vila de Barbacena fabricam-se selins que sÿrjQ comprar
próprios ingleses, e entretanto q"&"d° fe 'ura feitos no país:
selins para a cavalaria dí£ governo nao 1
não senhor compram-se aos ingleses
, .
ravos,
A propósito da abolição do comércio de jÿ ÿ de
Clemente Pereira apresentado um projeto Vasconcelos
26 só a 14 de maio de 27vo problema vo a
, , . ÿ ÿ Ingla-
diz que "é público" que o governo esta C0" „_o grancles os
terra um tratado de abolição daquele come . siniplesmente
protestos, e um deputado qué o taquigra COntra a pre-
Cavalcanti põe-se violentamente contra o pi J , mesmo
sença de "estrangeiros" «. ÿ ETdo Brasil,
tempo a favor da abolição. Diz-se que o g
a
ro;eto é aten -

decisão é brasileira" . O pedido de uigencu P . £ an0> um


dido .
Mas na sessão do dia 22 daquee m c
- assinacla em
ofício do Paço à Câmara enviava copia a .

Inglaterra.
novembro de 26 , ratificada pelo Imperadoi e \ ,
quanto do
O nacionalismo "papo de tucano""tanto dos exa.
Imperador não chegava a tanto. Por ou o "
humana", a ins-
tamente aqueles referentes aos direitos ca p ida brasileira.
brasuei
tituição da escravidão tomava seus rumos na v
* * *

O panorama geral na Câmara dos problemas:


por um interesse explicitado em enfren

33. Ibidem.
29
velhos , muitos deles; novos
conforme diziam os mais te outros tantos novos e de difícil solução,
,
,

merosos .

Em várias ocasiões observamo


se o deses s a perplexidade de muitos qua- ,

deparavam pero diante das tarefas com que a cada momento se


A maioria desses problemas porém, decorrem da ne-
.

cessidade de se erguer ,

definitivamente a estrutura jurídica do país-


,

E grande parte daquela perplexidad


,

creditada as contradições e, quer nos parecer deve ser ,

daqueles hom vividas por quase todos e por cada utn


ens aos quais cabia uma parcela de responsabilidade
da vida nacional.
O momento no desenvolvimento d
,

relacionávamos como o capitalismo ao qual nos


subsistema periférico
mover a generalização dos di exigia do Estado pro- ,

liberdade contratual reitos civis: liberdade de expressão,


racional administração da justiça; órgãos insti-
,

tucionalmente estruturados
para fiscalizar e salvaguardar aqueles di-
reitos fundamentais constituci
tados em legislação onalmente discriminados e re
gulamen-
entre outras
específica E o escravo está ali como uma
.

peças na engrenagem da produção. O seu ajuste só


se demonstrará incorreto
central do ca exigindo extirpação quando o subsistema
,
,

pitalismo em evolução
desenvolvendo modos mais efi-
cazes de produção, achar por bem deslocá ,

lo da situação de mera -

peça na engrenagem produtiva para a situação de elemento no


processo produtivo (força de trabalho) integrando-o inclusive no
mercado consumidor. J
,

X
,
, altura
Aquela ,
porem, ao lado da promoção dos direitos e
,
,çA° ÿv<0e . .
garantias liberais atuando como ideologia (projeto) nas mentes ilus-
,
tradas
ÿ
de muitos dos homens da Independênci
tradição os compromissos de
,
a, a força social da
nómicas do subsistema periféric classe e as próprias exigências eco-
o em que o Brasil se constituía, tam-
bém se impunham: forças renovado
equilíbrio delas
sairá ras e forças conservadoras: Do
dico entre outros elementos no novo sistema jurí-
e com grandes
,

Criminal .
e graves responsabilidades - o Código
Dele só teremos melhor medid
comparativo com a de visão se fizermos um apelo
preensivo à legislação que o precedeu:
das Ordenações Filipinas o Livro V
a outroi esquema direito penal construído para responder
,

sócio-econômico
tão muitas das razoes socioló no qual sem dúvida alguma
,
,
es-
sitivos,
ou da elimmaçao de gicas" da manuten ,

ção de certos dispo-


outros tantos no Códi
go de 1830.

30
Capítulo III

DIREITO PENAL E ESTRUTURA SOCIAL

1. AS ORDENAÇÕES E SEU LIVRO V


ri?- 0ÿ
Fruto das lutas pela centralização do poder em ÿ ÿodi- mo
Ordenações Afonsinas Manuelinas e Filipinas r6ii®t®r' . ância na
,

ficações de normas jurídicas momentos de especu ,


sobre
história portuguesa entre outros: a supremacia o po
,
,
na_
o feudal , a afirmação nacional, a situação nova c e deftnitiva-
vegador e colonizador o absolutismo em vias,
c as jjante jn_
mente o poder a ratificação do absolutismo rema
, canô-
clusive o afastamento das profundas influências o
,

nico. CP Ò® ,ÿ
O® ° 0 A _

Quanto às Ordenações Filipinas (decretadas nacional ,

to do absolutismo no poder e legislação emmen romano


vivamente influenciada ainda, pelo autoritarismo o ÿ
naciond que
,
olução
a sua rigidez não é abalada sequer com a rev ,

derrubou a dinastia espanhola que 8°,i""°U 1 fI anejr0 deÿ1reva.


aquele código Em verdade, com a Lei de 29
.
643,

D João IV
.

,
ia de Brÿ ÇJc-si] , terão vigência,
o instaurador da dinast
lida as Ordenações Filipinas que para nos, no - numerosas
com as alterações feitas no decorrer do tempc -ÿ i-

já nos fins do século XVIII e começos do X ôm;ca exigi-


_

independência quando a realidade sócio-poii d codi.


rá uma reformulação da estrutura jurídica com * exjinçao
,

ficações já de há muito anacrónicas e incongiuei . ÿ

P
No decorrer de sua longa vigência, aS nos fins
passaram relativamente incólumes. Mas, mes acumular ao seu
do século XVIII uma vasta legislaçao C°f®«a *
, d vida de Por-
lado , consequência, por certo, da própria dmamica
tugal e de suas colónias.
31
denacões o ™ m período colonial , os dispositivos das Or-
_ a
'1Uf "°? i°Ca ®™ especial os dispositivos do Livro V
n
. ,

rialfchVn pni i am eS1rUiurados dentro da realidade impe-


do do naiscnHJi'& r ™Und0 ibérico Acrescenta-se ainda o rescal- .

mentil me íeval e as consequências de uma sociedade esta-


mental pJ/
e ardoro samente beata .

E0 *°
vivenda °
nja brasileira, a contínua luta pela sobre-
.
.

terial H-k "


!\1a'
°" a
a
S
1" cúria f mesmo a impossibilidade física, ma-
toriais p n °
Í"i''£.arÍSS> o emaranhado das disputas terri-
.

próm-io dpfhr fiS> fS *nVa30eS> a pirataria


, o choque de culturas, o
isso e m11i dVa"?£"*° Ç1,e era ° cotidiano na vida da colónia tudo ,

mpsmn .
° ,
rf,S
1rit»uído para que difícil f 1er C°" e talvez ,

código r°"rei' Se 10r"aSSe & aplicação das normas jurídicas, do


ter (ocorrido
fcorrido ?à ' mar
f* S1'U"ÿ0eS re3{S> a« quais, em boa parte, deviam
"
gem do controle jurídico-institucional .

0
afirmar !! u1Z "e15eSSa1'°
1a
ÿ
buscar dados mais concretos para se
vida do Brasil C° 0ma19rfÿme"1f "& observação do quadro geral da
.

> que uma forma evoluída de norma indi- |


-

ferencia . .

p ò:z: ÿdenaçoes se fazendo


- * . "»*.*> *. «*i
urbanos nu no i , tão-só nos centros
punha n pm
'

ÿ"eef aJi fm que a presença da autoridade im-


"
ferozes" doTivró V .
SC™P""e &à&1"at°> d0i Pri"tJPi0S

_ se;a jjq ÿJ* JUSiÿa Pÿvada no âmbito da vida do colonizador


°
dade seia no rnl ? aZe"da, C'f C&ia-grande, da grande proprie-
-

,
't
de conquista códígoseÿ?®ÿ
_
, í?* fa"d°Íra®> daf expedições
os
populações trib-iis
" tpnhn' a S e aS rCgrai ritualísticas das
interessase o L"! ™
i»'t "®"° as condutas, os
zatio" do metrópole existindo ™ i ÍT .i™P°i; ° £Ú11iS°a "iÍ,',,-
uma faixa por certa pequem 1"ÿtuiçao e realidade afetar
privada é assim umaS Y°i""i«â°
m
<h «*** A . justiça
eia °
bem observa Ge i° '°,,",'° >«alista
orges BSdiêr i- .
Como
°
viço de uma estrutura social eme P°
eSià S®mPre a Ser"
nL * i
,
venção do 'costume> ou da le, e manter pela só inter-
automática às regras ... 1' P0r Ura eXpécie de conformidade
ÿ

vulnerável , realizaa um .. {0da sociedade é


um equilíbrio aproximai,w
aproximativo" .

l-A .

Georges Balandier 1969, p ,


. 35.

32
Os direitos concedidos aos capitães e governadores pelos esta-
tutos jurídicos dos primeiros séculos, fazendo-os jue ízes capazes de
gentios, esten-
aplicar até a pena de morte aos peães, escravos i
dem-se por força da necessidade e do costume, aos potentados terr
-

,
ízes em todas as
toriais transformados em senhores absolutos, em ju
em legisladores e aplicadores de normas criadasidiana.
ao sabor
,

instâncias,
das circunstâncias das suas vontades e da realidade cot
,

ssim um
O direito legislado pela autoridade metropolitanabirá
e ade refor-
dado estranho ,
inexistente quase, e a tradição se incum
domésticos,
"
de uma
tribunais
"

çar o princípio da justiça privada dos


espécie de "direito natural
"
intrincado, discriminatório, casuístico.
Do ponto de vista institucional, as Ordenações Filipinas (o seu
las
Livro V) regularam nossa vida, na esfera penal - salvo naque
logo após o 7 de se-
partes já alteradas antes da Independência, e
tembro mediante decretos especiais - até 16 de de/cinbro de 1830.l
quando é promulgado o Código Criminal, o primeiro código pena
,

brasileiro .

carência de
A caótica técnica legislativa das Ordenações e a
coordenação das matérias disciplinadas tornam difícil uma abordagem
interpretativa sistemática. ao<0
O Livro V chamado pelos historiadores e comentadores de
código bárbaro incumbindo-se do
, "
" " "

catálogo de monstruosidades bsolutis-


,
,

direito penal e respectivo processo, é um bom dareflexo do a


indilcrenciaçao de
mo colonialista, da justiça beata e ritualística,
rídicos. As esfeias
princípios religiosos, morais e propriamente judesse alcançar, num
normativas se entrelaçam como se se preten da conduta humana,
nível de abarcamento total, todos os aspectos
cujo controle se faz ali de modo desproporcionado e preciosamente
as, se não têm
minudente Crimeÿpecado se confundem, e as pen
caráter privativo da vindita, muito dele se aproximam,autêntica
a sua
.

transmissibilidade sendo tomada em muitos casos como


do-se, largamente, a
garantia da "composição", admitindo-se e usan
analogia .

verdadeira
O sentido expiatório das penas, entendidas como
retribuição quase sempre desproporcional ao mal causado, aptoxi
-

1n& em muito a punição penal da penitência religiosa. Se, impor-


como
,

se pode observar os delitos são alinhados de acordo com iores


a
os
stasia são os ma
,

tância de sua gravidade a heresia o a apo


A política das Ordenações Filipinas, expurgando a '»VUe"
, "

crimes .

o afastamento do cuidado
cia do direito canónico não representou
e do trato com as coisas
,

«a observância do comportamento religioso


à Igreja e a religião.
que direta ou indiretamente se ligavam
33
C,m&n
ce princimlmpn(-
°
i)0 C,'re re hereSia> por exemplo, "perten-
-
'

fazer as a°S
eve™ Ç°fS
- ÿU'ZeS eClesiásticos . . . porque eles não podem ,

sangue" 1-b nr i j
"0S C0ndenados do dito crime por serem de ,
C enar
desembargaria em 0S hereSeS cumpre a el Rei ordenar aos
estenÿlsfn ° -

h qUe JfJ3m aS Sef1f"?aX C as executem. E a pena


escendentes pelo confisco dos bens que acarreta.
das trazendn q
- ÿ?reS*a> a apostasia e a blasfémia são assim trata-
3 U*1Íma
penas de deErrpd ' conforme a situação social do réu,
acordo , ainda
acordo nínH
'
mU > açoite com baraço e pregão, galés, de
,
com o alvedrio dos julgadores
f
I ç \ f'aSi®™Ía> P0i exemplo
seja contra N n« seja contra Deus,
,
"
palavras mais K °" °i $i"1°i> i= i i'i,i r=dÍi"t°
d™ . i C?r° C0"S£tl"e"CÍf PefaS ma1S Srf"
>
ves,
segundo o parecer
ainda ,
L - julgadores, os quais levarão em conta,
r.„n
ray
e do tem po e luenr
empo e lu 1 ÿ eZa dfS P&iavras e qualidade das pessoas
, ,

gar onde foram ditas" 2 .

sejam pronunciadas ÿPf,&VraS> a°S locais e às horas em que


e ritualismo da vida PreSÿ"ia "m irfÇ° do intrincado simbolismo
ção estreTendoresagraÿ
«el guardião
i CÍeàfe * "° tfS° eSPer31' a reia"
C1V'1 ° ®Sift° f1"3> assim, como
plique em desrespeito à ?.""i" ° 1°àa e qualquer conduta que in-
'

ass portadoia
considerada ? 1V'ndfde
portadomes das cren
e/°U à santidade , as quais são
ças, da fé e da verdade .

cipal autoÿd f 0rdenaci° a Sp f 0terÍa eSPer3r da fé beata do prin-


penhado em punir os nnÿ> . ?e
ÿ
f"10r e guardião, sempre em-
ou o que se entendia c
servava e defendin
omo» 1S RÇmcipios
/ nr n
°S ?rÍ"CiPÍ0S r£1ÍSÍ0S0f'
que ele zelosamente pre-
disposição de punir "
i° ° S°f«rr"° à 'Srrji "
através de se us dlSfSecutores&0 ESiad°> PeSS°a r° m°"ârCâ'

aturapTindic ÿ?'-°a-?f® a°® qUe ia2eT feitiçaria. O


"

morra morte n
a

Ção" (social) àquele "aue dp i ePC"te"ie de "qualidade e condi-


pedras de Ara ou Cornorak Ugfr SfÈraà0> 011 não sagrado tomar
, ,
°"
ou qualquer outra coisa saoraH
?fr1e de Cfàa U™a destas coisas ,

abusoes
Os Pormeno res vfót„ ,

PfraJfZer
"
C0r fia alguma feiti-
udencias do uso de coisas, às
ver futuro
,
às adivinhações ÿ< flui ,
,
livrar de males ohw m q1"C represente tentativa de
_
, C°ncessões ou Interesses especiais
_
1 n /*\ »
1 -B .
Ordenações Filipinas, 1824
2. Idem p. 6. ,
Livro V ,
, p. 1.
3 . Idem p. 5, ,

34
através invocações , esconjúrios, manipulações e/ou aplicação de
objetos especiais .
A "morte natural", em certos casos, é condicio-
nada ao conhecimento prévio do monarca ( no-lo farão saber para
"

vermos a qualidade da pessoa"i) que examinará melhor a questão, ,

verificando como as coisas foram realmente feitas. A qualidade


da pessoa - entendida como a situação social - possibilitará,
então, um tratamento especial em nova instância.
A disposição das possibilidades de tais atividades e engenhos
é um bom indicador do quanto teria sido comum na sociedade ibé-
rica dos séculos XVI XVII, costumes e ritos mágicos, apelos ao
,

sobrenatural por certo que ainda mais reforçados pelos exemplos


,

da própria ritualística da Igreja pelos mistérios dos dogmas e da


,

do
liturgia da religião oficial pelo caráter tabu das próprias peças
,

ritual das cerimónias religiosas.


A existência de tais apelos como usos e costumes naquela so-
ciedade deveria ter orientado o legislador no sentido de considerá-
los como comportamento delituoso, aos quais se aplicam pena capi-
tal ou, nos casos menores, penas que vão do açoite ao degredo
,

para o Brasil, para a África, para Castro-Marim - este, quando se


trata de mulheres - ,
à multa, que em alguns casos será paga ao
próprio acusador.
É interessante observar que o fato de a legislação punir com "

a pena capital pessoas de qualquer condição e qualidade que pra-


"

ticassem tais crimes de feitiçaria é revelador de que ela admite a


possibilidade de fidalgos, cavaleiros, enfim, pessoas de estratos mais
altos na hierarquia social cometerem aquele tipo de delito. Contu-
do, em outros casos, como por exemplo: aquele que para adivinhar
"

lance sortes .. ..
.
veja em água ... trabalhe em adivinhar em cabe-
ça de homem morto, ou de qualquer alimária não se contempla a
"

possibilidade de "qualidade e condição Aí a disposição penal re- "


.

ferindo a pena vil do açoite com baraço e pregão, o degredo para


o Brasil e a multa de três mil réis em favor do acusador, não
menciona a distinção social o que nos leva a concluir que não se
,

admitiria que tal crime fosse cometido por pessoa de mor quali-
"

dade". E além do mais, o terceiro dispositivo sobre o crime de


,

feitiçaria logo no seu início faz uma referência, como que a justifi-
car as razões de sua inclusão , dizendo: "por quanto entre a gente
rústica se usam muitas abusões, assim como passaram doentes por
silvão ou machieiro, ou lameira virgem, e assim usam benzer com
,

espada que matou homem, ou que passe o Douro e o Minho três


4 , Idem, Ibidem.

35
sam cometer eÿ cr,LadrJJ"!i° qUe "escude,ros para c,ma" pos-
™ ,

Dara tnis nMCA, „ P qUe Se menciona a pena de degredo


ÿ~
monstra o air
monstra o alcance ada norma gente à erÿ"C"a a " rústica" por si só já de-
ali incluída .

°
chos sem anfnHH aS benzeduras ("os que benzem cães ou bi-
«Wo com di spósflt» ligÿÔ sô '°i P''"",°i"*
"
"r
"

é de,», !;;,™: ÿ,1!°SerVa"d0~Se


0 ió<'tS°> ai° tratamento pena] para esses crimes
°
ciais
ciais advindas 5
advindas de nda uma vez as discriminações so-
uma estratificação estamentária.

se tríaTe aPlicaf penal0 C

F
™, "
Tÿ° PrÍyÍ1èSi0 PeSS0a1 qUf"d°
crime de "m oeda falL" n P CfS fXCeS°eS e Parf °
°"

crime de mnprtn f * . Titulo XII assim se expressa: "E neste


de Fidalgo cL?ie£n nT
f
tenha d° ?rÍVÍiègÍ° PeSS0ai> q Ue

porque som Cidadao f t0'


.
'
, ou qualquer outro semelhante,
S
um do novo -i- ~
ia &10rmentado e punido como cada
f f®"°i"a° SeJa" Observe-se que a pena em
'

questão é a "
rnorh
a corn-i rin
°
. fa "a Pe'° fogo, com bens confiscados para
e da.
'

isto" com' cnnfkr


'
S£SUe-fe cm gradação com o "morra por
°S S'
com o degredo " dÍVjàÍr0S entre a coroa e o acusador;
bens) Toda e,t,P&ra>e,?Pre'' ?arr ° fr&5Í1 ÿ
'
om confisco dos ,

réu mas ao tinr. ÿ fÇr° eX1a ÿ§ada não à condição social do


0 È " rf P&rtiCÍ
moeda falsa: comnr-f ÿ P&Çã° que ele teve com a
P ' Vefda, utilização mediante pagamento etc.
a
as diferenças socia is °
d0 reÍ"0 na0 puderam atender
pies peão quando nm ?fU"d&rfnto
j na° ecS& à'it'fgue o fidalgo do sim-
rigo com incubo
'

onómico do país está em pe-


e
reaí. A gravidade das 1erieUo que é privilégio do poder
"

np

demonstra o cuid ado ("pS ÿ ôXff f0 a t® m0eda if!S?


na República .) na nreservÿ- f ? Ser C0>Sa m"Íi0 Preí"d'C1a'
"
.. .

tralizado ,
do autoritarismo ante q d° P°df
qua, de resquícios de loealismo f
q"er 3reaça por mais longin-
,
,

tiva de cunhar moeda dada aos ,


UdahZa"1e- Mesmo a prerroga-
representa uma munificência d
o podefrealÿCaPÍtaniaS ' "° ®rfSÍ)>

minudência e cuid ado Tqueles ?ÿ1ÿÇâ0- ie®a, ia,YeZ Uitr3PaSSe ef


"

representa para a própria sohw 7er?S1& e feitiçaria - pelo que


P i"a S0brevivencia e conti
_
__
nuidade do Estado ,

5 . Idem p. 6.,

6. Idem p. 21.
,

7 . Idem pp. 20-21


,
.

36
da forma de governo e do sistema político - é o de "lesa-majes-
tade". A riqueza dos detalhes das possibilidades de realizar uma
conduta delituosa, que se estende do matar o rei, ou a rainha, ou
seus filhos, diretamente ou fornecendo ajuda, até... o quebrar ou
derrubar "alguma imagem de sua (do rei) semelhança, ou armas
reais por sua honra e memória é tão grande quanto à referente
"8
,

às penas aplicáveis ao próprio crime. Estas ultrapassam a pessoa "

do réu: no caso máximo a pena é "morte natural cruelmente e ,

alcança os descendentes, infamando-os ( posto que não tenham cul-


"

pa ), confiscando-lhes os bens.
"
Quando houver morgado, feudo "

ou foro retornam esses ao rei


"
para fazer dele o que for sua mercê .

O crime de "lesa-majestade", segundo o título VI, quer di-


"

zer traição cometida contra a pessoa do rei, ou seu real Estado,


que é tão grave e abominável crime e que os antigos sabedores
tanto estranhavam que o comparavam à lepra; porque assim como
essa enfermidade enche o corpo, sem nunca mais se poder curar e
empesta ainda os descendentes de quem a tem e aos que com ele
conversam pelo que é apartado da comunicação da gente, assim o
infama os
erro da traição condena o que a comete e empesta e
que de sua linha descendem, posto que não tenham culpa" t.
E vai adiante a discriminação a esses crimes, considerando-se,
entre outras formas, como
"
lesa-majestade", subtrair o condenado
por sentença do rei, matar, ferir, dar fuga ou ajuda a refém do rei
(todos chamados capítulos de "segunda cabeça ) Os condenados
"
.

por tais crimes, independente de privilégio, sofrerão penas de "tor-


mento" e confisco, valendo inclusive testemunhas que em outros "

casos não poderiam sê-lo; e nessas situações


"
valerão seus ditos ,

expressa a norma.
Defende-se assim, por vários meios, o poder e a integridade
dos governantes ao tempo em que, mediante o expediente do con-
,

fisco , amplia-se o tesouro real, e em certos casos extingue-se o poder


local com a anexação de foros, feudos e morgados.
Em vista das facilidades com que se cercam a acusação e a
prova testemunhal - a mais admitida no código, aliás - é de se
acreditar que aquela tenha sido, entre outros, um expediente que
ismo mo-
contribuiu à sua maneira para a consolidação do absolut
nárquico que sem dúvida vê-se claramente amparado pela institui-
,

ção jurídica das Ordenações.


Como código de uma sociedade institucionalmente desigualitá-
diretamente lhe diziam
ria, observada , naqueles aspectos que mais
8.
Idem, p. 10.
9 . Idem p. 9.
,

37
então cóme çavÿaTanhn
e a m1eg"tare à° poder absoluto - que .

tificada existência dc direitoa1S ÿ™ SÍtUaÇâ0 de iat0> Ura J"S"


r
não distinguiam mediante o emprego de penas que
Ções, em numerosos ÿ ,!eU d1SP0®Í1ÍV°S
"
?U3]id&te" social, tratam as Ordena-
desigualdades semnrp > de marcar e acentuar tais
Pena dTacoL» T h °
Se ÿ à "<lWfJÍà3àe em que não caiba
n&&*&5
í

Pio, pelo degredo npi ,


CaS0S 1a1 Pefa substituída, por exem-
Tnrt
lodo o t"
Título XCTt
privilégio de fidalguia e linhagem.
' &
uj
dom ou apelidos o
, S qUe t0mam insígnias de armas, e
hp ih»o -
vez,o cuidado com S fa° Per1efCem" - exprime ainda uma ,
nn

los de nobre?;) P
it ÿe
,. .
,
guardam os privilégios pessoais dos títu-
As distinções de bastardia C°m qUf 0S m0Sm0S fâ0 perdidos.
° C0me1™en10 de qualquer desobedien-
cia aos rígidos e mmÿr a "°
ria" podem resnltnr a 0S P"ncípios do "nobre ofício da arma-
parável auandn f Cm Se"aS PefaS PeCU"iárias além da perda irre-
renis pS los
,

g
° CaS0'
d° diS1ÍftÍV° ÿe dos seus decor-
ÿ
trata de m téria a nrocpc
CXXXViii> na Parie das Ordenações que
que são escusas rl<? h
G
X®Ua '
0C"pa-se explicitamente "das pessoas
algos pSals Ít P£"& VÍ'> e"irf aS quais estão incluídas:
,
V

** u
e"°
-
1 .
,
'

conselheiros f iiUbagem, autoridades judiciárias,


e orocm-aH
ou de "cem ton2? íreS àe VÍJaS' "PÍi°1°S àe navios de gávea". . .
"

°
escudeiros de quem aue? JU C01fÇ0S de f0SS s desembargadores,
,
°

ve-sc ~ "ncs ÿ
.

f q S&Ja' Page"S d® iÍdaig°S' e" - fbSei"


sm n
m

estada em sua estr ÿh Pr"Vafem <IU® costumam sempre ter cavalo de


que traf
'
°
sejam , e mercadores P°St° qUe Pea®S> 0" iÍif°S de PeâeS
daí para cima" 10
tratarem com cabedal de cem mil réis e
.

alguma relação conTelaÿ ÿffra'gU1a 0U de situações que tenham


«nu ocupaçõese °°
r° »ir»<'»M P<™ i',
de capital ou do próprio .> ™ r °?r° ® disposição de certos bens
concessões confirmam i n
C e"S1
m
! 'r ÿ Um determinado nível. Tais
mental no momento em iCa 1ransicional do sistema esta- .

afluência da sociedade de claÿÿinÍCÍa, em termos definitivos, a


cantil em franca expansão S Pr0P0rC*0fada pelo capitalismo mer-
p
estão os pilotos das embarcará ÿ°S eXCJUid0S de sofrer pena vil
mais ricos ,
é evidente o n!n S Srande porte e os mercadores
politica e social da burguesia eSS°
co rerC1&' ? aSCS"são e de legitimação
°
açoite com baraço -

rega0
naqueles casos , pelo degredn P
f er° 1emP°rano ,
~

7~ Pefa - é substituído ,

_
__
__
para a África com pregão
tn r.i
i0. Idem_

p. 299.
,

38
na audiência; o açoite com degredo para o Brasil é substituído por
mais um ano de degredo. Se o degredo traz baraço e pregão
(sem açoites), o baraço é substituído por mais um ano de degredo,
e assim por diante . A vileza é, dessa maneira, sempre diminuída de
um grau, de modo a se evitar tanto quanto possível, maiores ata-
,

ques à integridade física... e moral do condenado, em razão de


sua situação social .

A prisão de fidalgos e cavaleiros desembargadores e doutores,


"
em leis, cânones, medicina, "feitos em estudo universal por exame
merece todo um título das Ordenações, o CXX. Eles só podem
ser presos "sobre suas homenagens" o que quer dizer: não podem ,

ser presos "em ferros" (salvo quando condenados à


"
morte natural
ou civil"); têm direito a prisão especial ("castelo da vila, ou sua
casa,ou a mesma cidade, vila ou lugar, segundo for a qualidade
do caso"11) .

"
O dispositivo processual que retira o privilégio é taxativo:
mandamos que pessoa alguma assim das sobreditas (aquelas que ,

são excluídas das penas consideradas vis) como de outra qualquer ,

qualidade, não seja escuso das ditas penas, nem de outra qualquer
pena vil, quando for condenado por crime de lesa-majestade, sodo-
mia, testemunho falso ou por induzir testemunhas falsas, moeda fal-
sa, ou outro crime de falsidade, furto, feitiçaria ou alcovitamento,
por que a estes tais não será recebida alguma exceção de abonação, " ii
antes serão executados como qualquer pessoa vil .

. <\0 4 ÿ -aV-
Assim os crimes que atingem diretamente a estrutura e a or-
,

ganização política, os princípios morais e religiosos mais acatados,


bem como a propriedade estão sob punição independentemente de ,

privilégios pessoais.
A discriminação que é mais comum, vai, em muitos casos,
,

além da condição social quando refere diferenças raciais e cultu-


,

rais .
As relações entre nacionais e "mouros", por exemplo, estão
minuciosamente reguladas bem como entradas e saídas desses de
,

terras portuguesas Ciganos, arménios, árabes, persas e mouriscos


.

de Granada estão proibidos de entrar em terras dei Rei: "E sendo


achadas em nossos reinos pessoas que nos trajes lingua e modo ,

pareçam arménios gregos, árabes, persas ou de outras nações sujei-


j

tas ao turco" 1® , ordena-se que sejam presas para que se averigúe


a causa de suas viagens, o que fazem, de que vivem, já que a Pre®"
suposição é de "serem havidos por espias e vadios
"
.
No Livio V

11. Idem p. 236.


,

12. Idem p. 300.


,

13. Idem p. 110.


,

39
Perda dos bens MrsÿTfil™0f i,&",a',. de degredo, galés perpétuas,
de Granada nu? ™ ÿ
°> aPhcave,s a cristãos novos mouriscos ,
'
A di ÿ ~ SS° °" a'ÿ"''0 leguem a terras de Portugal.
e m
meios de °
£Sm0 0 confinamento são usados como
,

C0"ViVÍ0 da
costumes exóticos população a gente estranha, de
oar-Tv! ÿGia"ada Se eX'ge que ao habitarem o reino
só o façam C°r S
rem em c rimes cuiaÿe"aS ~
yS ÿf™?''aS
sao as galés e o confisco dos bens.
- E não o fazendo, incor-
Os escravos VeZ
PSUa
por si". Faz-se Prfi0® 0n brancos não podem "viver '

Título LXX est-fn Hifn Sq"e 1C"tam senhor e dele dependam. No ,

sintam seus escrivã " f& ie"a® aPiiCáVSÍS a°s senhores que con-
-

em casa escrav™ÿ y1™ P°r XÍ f às pessoas que recolham "

1 ° '
S, S
coisa .
Aos escravo ~ feCeÿam 011 a eles dêem qualquer
a ou de nni?0 Se
seus de di PC™Íif ÿ"e fa?fm "bailes nem tangeres
As ter- dias de FestasJ™ .

Pelas Ordenações qÿ
da índia
Aál " '

a1èm"mfr fStâ0 rigidamente protegidas


, Mina Guiné n «*°"Cnrf ° comércio de coisas preciosas
de nossa Conquista" « a raS g"fÍSti"fr 1err3s - , mares e lugares
mente proibidas. cnnÿ,,âlY™?&fS HHe,aK ÿrras são terminante-
da mercadoria crime
ôbtidn nn - ,
cujas penas vão da apreensão
confisco de bens VJf®e™ a1è o degredo para o Brasil o
ÿ.. '
,

verno preserva suas rim J eS e a Pefa de Com isso o go-


morte .

sua con
quista. E para °
° C °™ércio com as terras de
modos e aos lueares ?
_

~S® men
ção, no próprio código, aos
se,
dessa maneira ™™ Se afaS1eCfr 0S navios controlando-
os nnrit ,

os mares por onde passavlm eS{ra1èêÍC0S> cuidando-se de proteger


° °"
que constituíam autênfirne ÿ" 1° e aS especiarias, e as terras
,

daquelas riquezas. E nnir», , amP nS Par3 as nascentes ou fontes


,

cesas,
holandesas e inelesaÿri? 1ie
*
aC'1,C'a f'1Ura as investidas fran-
,

num ritmo acelerado de tnl i)1 raS exóticas começam a crescer


Jidades
"

a nação ibérica cohmT °


,
"
q"e "a mCdida das suas possibi-
'

quase sempre ineficaz ! C0r 3 Proteção do seu direito in-


terno,
„ ,

qualquer modo perfeitamente S Pi°memas mais gerais mas de ÿ ,


ficos
quando é possível nôr ac Pi5&yeÿ naqueles casos mais especí-
,

mas penais em "


m outro infrator das nor-
protetoras da rim.
,
Pÿ ,

cio-econômico que se
arremetidas definidoras d
vinha insinV Pf"S' garantias do sistema só-
e sua e ti1"e naquele século daria
um consequente processo de f™- S°3 ~ Para Uma centralização e
mação de
periferias dependentes.
14. Idem pt H2,
,

15. Idem , p. jgg.

40
O caráter eminentemente autoritário do código filipino, dado,
referido na primeira pessoa, expressa a necessidade que
"
ordenado",
tem o poder central o soberano, de manter-se acima dos poderes
,

localistas remanescentes , talvez, como produtos retardatários do


passado feudal.
A própria discriminação social indicada nos dispositivos das
penas, demonstrando um tratamento desigualitário e aristocratizan-
te, não deixa de ser expressada como uma espécie de real deferên-
cia ou atenção para com as camadas sociais que dele - do rei e
senhor - mais se aproximam seja pelo nascimento, seja pela mar-
,

ca especial de nobreza (ou de aproximação dela) que de algum


modo emana da vontade , do benefício ou da atenção real.
Nada, assim , no código, ocorre sem que direta ou indireta-
mente esteja ligado aos interesses do reino; seja no que diz res-
peito aos aspectos propriamente materiais, seja nos aspectos morais
ou religiosos alçados à esfera protetora ou coatora do direito, quan-
,

do importam na manutenção ou preservação de costumes, de valo-


res cuja tradição é relevante na vida social do país.
A separação das esferas de ação do direito canónico e do di-
reito secular constituiu um passo importante no regime dc controle
direto do terreno jurídico por parte do Estado na pessoa do rei e
últi-
seus representantes, mantida nas mãos do primeiro, sempre, a
ma instância.

A manutenção da punibilidade nas afões que constituem crime


de heresia apostasia, feitiçaria, é um verdadeiro reconhecimento
,

da importância que têm naquela sociedade, as rígidas regras religio-


,

sas, por um lado , e por outro um certo traço de modernidade quan-


do se execra , punindo com todo vigor, as. condutas que exprimem
exorcismos a apelos a forças sobrenaturais. O nível de racionaliza-
ção da vida, a que se tinha chegado em pleno momento da revo- ÿ

lução comercial o desenvolvimento dos conhecimentos, das técnicas


,

de controle da natureza não se poderiam coadunar com costumes e


ações decorrentes de crenças medievais postas num nível da mais ,

absoluta irracionalidade .

O desconhecimento ,
ou melhor, a não-aplicação do princípio
da responsabilidade individual é a razão pela qual se faz a puni-
bilidade ultrapassar a personalidade do réu para atingir seus des-
cendentes; a indistinção entre moral e direito sendo ainda responsá-
vel pelo cuidado com que se lança a execração, a marca de vileza
e de infâmia àqueles que por mero acidente de nascimento, são
,

portadores "do sangue" do criminoso, os quais terão de arrastar,


por isso, durante suas vidas, a mancha do crime que não cometeram.
41
° °'
levar à consaonÿ~ a
Í"d*ferenciação entre moral e direito irá
,

rie de acões Hp ? > em 80S e detalhados dispositivos uma sé- ,

à vida moral ÿ UreZa P"Vad a, que seriam afetas exclusivamente

ÿ
dos seiscentos Jiÿe nÿ a m0r3l sexual da sociedade portuguesa
pmr
a &°
em condições rondl C0"1r°'e jurídico o comportamento sexual
e harmonT a So
°
a
,

S' P?r Ceri°> ÿ gosas para a estabilidade


tratam do "dormir rn m
ÿT « .q"e 1reZe dispositivos do Livro V
mais variadas F aJ""iame"10 carnal" em condições as
,
.

e™ ™U,i°S desses casos ao crime é aplicada a


pena de mortp A
ascendente ou i f°"JufÇã° carnal do homem com mulher sua
"

1»= *i.m ÿ
norma
im S°d'°"=
, *" "
.

ÿ
?»»>'morte pelo togo:
0S feitos por fogo em pó" 1f, diz a
.

mente na discriminação S
H
''
U&'S Cer10S aspectos morais pesam direta-
mem com mulherpc a,-p~ ®3° Pÿnas; tais são os casos "dos que dor-
bigamia e de outros tint U J?ief0reS> <lU® estão a seu cargo "

, da
barregueiros. A not- fnt?eS> /lUe se referem às barregãs e
veremos mais adianta r0 ™a"S violenta acontece
porém, como ,

costumes aqui e Li? ! '


"°S C&S°f âe âd"itè»°
C°t
Os meros usos e -

trole da norma iurídiea a ÿSf "S® Ordenações alçados ao con-


indumentária; a,uso do \t
,
SSnf 0C rre C°m 3S rí
? gidas normas da
aJe m3SCulino e feminino é exclusivo res-
pectivamente do h nm™

preceito representa crim e ÿ


r"iÿer' e a desobediência a esse
condição social do rpn- ÿ CUÿa Pefa V3riará em função direta da
i'°"i
Um ou,m >
W"i outro aspecto rmp u' a
N» Ú'«'=d°" à ™™»"rr-
aquele da desigualdade formai . ?ÿ ifr a'nda uma vez destacado é
'

estrutura social de hieramn;-, ,


,
"íi ÿucionalizada , decorrência de uma
tece sempre em sociedades r,È"damente delimitadas, como acon-
o status herdado ou atrih,,,ÿ aiS C°™0 ailUei&- Assim é que
penas decorrentes de condut-K l™a"Ud0 e S0 retirado por força de
es. Afora tais exce '
ni,
ÿjerSJ&S juridicamente degradan-
ções o ctm
a intrincada hierarquia sorinl e n°ÿreZ& e todos os escalões
dade ,
distingue de imediato n- e™a eSir3to superior da socie-
para o nobre °
as suas várjaÿ 7i"aÇa ° das penas reservando-se
'
- n
. ,
s ejam marcadas de
° caso
vileza nrlf ."e"0rt1"fÇ°es - penas que não
às degradantes galés T ° Se mesmo a morte, quando
,

o
-
"

'
ÿ a°S &Ç°keS
Contudo, os interesses
a

nomicas são
er -
.

essencialmente agrícohiT°S àe Ur ?a?S °"JaS ÿses eco-


.e comer
.

_
-
16 tA._--
ciais hão que prevaler
16. Idem p. 29.
,

42
"

ou "qualidade so-
cer sobre os privilégios de linhagem, condição ando se trata, prin-
cial. E assim esses privilégios são apagados qu dade estão a
cipalmente de preservar certos pontos de cuja integri
,

depender em boa medida, os negócios e os


interesses do Estado.
,
ações
Desse modo dá-se grande ênfase aos crimes que representam
que possam afetar as atividades económicas e financeiras do país;
,

"

e a eles se aplicam penas indistintamente, não prevalecendo


con-

dição" social ou título de nobreza.


terística
O tom prolixo em que é vazado todo o código, carac
Livro Vinfor-
temporal que as Ordenações, de um modo geral, e o celente em

particular, não podem deixar de refletir, nos dá uma ex


mação sobre o burocratismo que abarca todos os dispositivos, e que
as demonstra, na
na enumeração e nos modos de execução das pen
processualística, a sobrevivência de numerosos ritos e mitos em tor-
no da morte ,
do sentido expiatório e intimidatório da pe
na.

"
expressa a
A distinção entre "morte natural e "morte civil
"

sua
idéia da possibilidade de se retirar ao homem, no segundo caso,
e considerada "

condição de unidade social. Pois a


"
morte civil
bem mais que a perda da cidadania. Esta palavra, como conceito,
entrará com outro significado semântico no contexto político-jurí-
dico , por vias do contratualismo e racionalismo ilustrado do século
tem
XVIII. Nas Ordenações, pelo que se pode entender,daa palavra
cidade.
um sentido eminentemente etimológico de habitante
"
natural ,
A forma de execução da pena.-de morte - morte "
morte
morte "natural cruelmente", morte
"
natural para sempre ,

"

pela forca", morte "com fogo -


"
ind ica, por sua vez, o nível de
gravidade do crime cometido e a função intimidadora e expiatória
que a pena exprime. Como segunda função a pena representa,
em certos casos, u a marca distintiva, um
' lançamento ao ridículo
tido pelo
ou à execração pública Tal é o caso do adultério consen
.

marido (Título XXV do Livro V: do que do dorme com mulher "

além do degre e dos açoites, a


casada") que tem como pena ,
ou o
obrigação de marido e mulher usarem capelas de cornos ;
"

crime de alcovitaria para o qual, quando não se dá pena maior,


,
polaina ou "

se exige a obrigação da alcoviteira trazer para sempre 1i


enxaravia vermelha na cabeça ,
fora de sua casa .

iatória das
Ainda para exprimir a função intimidatória e uintes
exp de deta -

Penas, na sua tipologia, no Livro V, chega-se a req


lhes quando, por exemplo, se trata dos meios de obtenção de pro
,

(Tít. CXXXIII). Pois em


-

"
através os chamados "tormentos

17. Idem, p. 58.


43
?
dos ''tormei] tífs"Care"1C em r50i t0 3rf]'trio da autoridade o uso

te de ratificir-Mÿ ÿ™aÍ°i Vf1Ítarf iÍca de certo modo dependei


neira que Tf 5 ÿiâ° °f1Ída P°r aqueles meios, «de ma-
n
"
outra maneir a nrpÿ
° "a° ienh& J0r J0 tormento, porque de
Ume"Se
mento que houvr T
?0}* direito, que com dor e medo do tor-
ratificarád a confiar?
confissão ÿ a1"<Ja neie C'"ra' reC£ando a repetição,
ainda que verdadeira não seja"».
,

1 1S ahSeiVaÇÕes, contudo constituem uma certa con-


tradição se nlfin ,
a
digo áka is n - T
' .
qÿntidade de situações para as quais o có-
ao arbítrio do jtrígadj ÿjU"dÍC&S e ™Ciro a cominação das penas
"

* * *

feita Ke P&Si{™ para que alguma alteração seja


leira .
" JU"d"=°-penal portugiiesi; e, por extensão, brasi-
n <0 \CN
e preservo u os 1e"?f0 ° Livro V, à sua maneira, garantiu
bém moral , religiosa e c(Wi\mÿS aSPCC1°S da vida
ra iQt"edade lusa
.
jurídica, e tatn-
últimos Pparraa aa esfem , cont
esfera do , chamando esses
role institucionalizado do direito.
£ C f6 Í"C 1mfÍU de
tos dispositivos aup fn
™ CfdUCa"à0 PC1a inadequação
} , aos poucos , amortecer cer-
tuações criadas pelo ,3!
'
a novas si-
entre princípios aindn P"° Pr0°eSS0 de mudan ça. A discrepância
costumes acentuadamentp1Ca ?°r V'"C"'0® religiosos e morais por
,

tuadamente estamental e 1! n°vos


'ey0S
*
'
?C,° 1Í?° Jf estratificação acen-
estilos de vida e necessidades
resultantes de InodificartW f
mica da inf?a Tstritu?| enft
-
1CrP°i Pei«f ÍdèÍaX> P0"a di"à"
muito mais trouxe comn 5 Pr0Cesso histórico tudo isto e ,

enquadra naquela que Gaston í?"®"®if. "ma fi1"f?â° 1Ue bef Se


":

contra o código".
'
Morin chamou de "
fevolta dos fatos

ÿ processo de nitfolQi 11»rr ,1


volvimento da ciência e d Ta y1f & KQC"f'>
.

it
resultante do desen-
de atender mais rápid-i o Pff£"'Ca '
f® descobertas de novos meios
1C"®"1
e a mudan ça no panoramn ÿm°"1e as necessidades humanas,
já começará a ocorrer no léS xvilí '
110ÿe ÿ r° h°meW
"
pela Europa a partir d éci7nYvnTÿgU® C°meÇ3 3 Se estender
o
cia da reli ]m?i"Cfrà a Perda de influên-
gião em muitosS aS?eCt0S
asnmi d,a vida individual
_ e coletiva.
18. Iclem p. 290.
,

44
Numerosas instituições começam a sepaiar a eÿi'ÿ °
.

j:v;cjual x
vida religiosa de outros círculos de controle da vida
n(

ÿ
social. A pragmática dos novos tempos, Pse coadunar Com
nômicos da indústria máquino-fatureira nao p inrídicos nos
a ritualística e a tão vasta intromissão de drsposittvojundmos ™
aspectos por assim dizer, mais rcconditos ou pess
,
ÿ ÿpróprio
formalismo processual há que ser atenuado unis próprias
ritmo da vida social imposto pelas novas estru
relações
relações que
que elas
elas criam
criam ou
ou propiciam.
propiciam.
A indústria e a máquina, favorecendo o 1 íari '
por sua
classe enriquecida pela posse de capitais mo to ;
econom.c dos
vez, colaborar para o paulatino
''
enfraquec.men
proprietários territoriais, e, U sistem
co-
apoiadas exclusivamente na tradiçao. ÿ

meça a sofrer impostos em sua dinâmica.


A ordem jurídica tenderá, assim, a sei gerada
o hiato entre a realidade sócio-econômico po
da tra.
1 ,
-

m0 uma espé
-

dição e o próprio conservadorismo, enten 1 o n 0 se far


~
á ,

da socie a e. -
"

cie de forma de reação natural


"

caPáter está-
porém, com a "naturalidade que seria f P£'|C', la e a dinâmica
"

tico do direito" de que nos fala Recasens


social , são, como veremos' adiante, antitéticos.
Henri Lévy-Bruhl observando as múltiplas JJê e

formação do direito verifica que diferentes ao


neira de uma
iÿa imantada
"
o fazem oscilar ,
um pouco à ma ÿgÿàqueles
sob a ação de uma corrente eletrica . evolução do d i rei -
três fatores que considera como fundamen ais impulsionado-
<.: iatores econômioos, políticos e cultora s, ageutts daP s ,

trutura juridtca
res das alterações que pode sofrer a es """,

Muito embora o compasso entre o


e o processo de institucionalização dos
ÿÿ
°
da socie-
,

u
.
mpre em retardo
dade seja sempre algo discrepante, esses ÿ ser acentuado
a
relativamente àquela, tal descompasso
"

fatorcs que estão fora


quando a aceleração está incrementa a p ,
sociedade.
do alcance de qualquer das esíeras controladoras da so ÿ

Isso ocorreu com as rápidas transíormaçõe P Jas alte-


sociedade ocidental européia, impulsionada pelo adven

573.
19. Rccaséns Siches, 1956, p.
°
20. H. Lévy-Bruhl, 1961, p. 8 -

45
coamentr. r, aaSraClUma
P 1"ra material com a descoberta e o aperfei-
a vapor, de novos e eficientes sistemas de
,

cnmnniew-

asnpptn i
aspectos da vi
vid a humana
a° a"SP0r1e e da maior racionalização de todos os
,

Genrÿ« U
p
"
,
S ÿ°rÿfS S°C'a"S atuantes do direito das quais nos fala
,

nnem L p
f°rças conservadoras e forças reformadoras -
ma1S ClUC fUnCa no jogo dos valores e das novas idéias. ,
i
*
do h lm?râS
> C ™ ®era'
> e®ta° i"SPÍradas no desejo de libertação
,
"

®n? d.Z""0S ° mesmo Ripert - "a defesa da ordem


~

,. .
,

i e C } } tlUaf1'° eS1a representada pela resistência egoísta


,
das classes dominantes"S1
,

QrjpfQ °
_
<3Uf importa especialmente aqui porém, o Livro V das ,

volta doTf- °
P'faS> ° fen ocaso resultou de uma autêntica
S f0"1i® ° códi
"
re-

biram Wr. i go" ~2, quando os primeiros se incum-


egfr f° eS'lUeCirento, por inaplicabilidade circunstancial
eP histórica
u;„f' ÿ .

,
muitos de seus dispositivos .

Dira tr!"?â0 conservadora, existente embora, não foi suficiente


interessa nn PrQEna dinâmica da vida social, os novos valores e
P stos em jogo pela sociedade de duzentos anos depois.
ÿ
sente ÿ ! i4"e ° Jire1'0
cia f2° mais corresponda ao estado pre-
nHw
forca do hS\r SSe
q Ca®0
eftre1a"1° nha, sem razão, pda
°
Uf»
> mante

estabelecem i r& ° Se" C0m efeito, as relações novas que se


"

f '

podem durar aÿ
_

na° "0 deixam organizar pois elas não '


,
ÿPr°CUrar S"a c onsolidação" escreve Émile
Durkheim23 .
,

b
que ?no ?curx ÿV s
C d0
po
V 0
emnlo
°
iÍ"Pin° 0fS&rV3"?°S
'

de ohfpnpSr. a 7- - P exemplo, ex
os tormentos, como meios
alvará de ,774 rfSS* ***» Prr««"*ente em desuso Se um
P°mfa, iaZ reviver as torturas
.

alvará de 1790 (
'
outro ,

,já repudiados nelo r>ró J1.Va ° dispositivo, entre outros meios


repudiados pelo propno costume que os levou ao desuso .

t
morte, medidas maiS defin?tivífn ,"
ge' em m"i1°S Ca®0S ' a Pe"a de
tomadas ,

diocridade dos estadkti«


afirma o historiador dn ír T í"a"? reS1nÇa0 "a° f0ram
brasileiro 21 devido à me-
°
. ,

D . João ,

rista que começava a ganhar


o futuro D . JoãoÿIÿhe.a,? èP0Ca em 10r"0 de

21. Georges Ripert, 1955


p. 88 ,
"
. Gaston Morin 1945 nn ,
'

P
1922 nP:ÿ
,
23- Émile Du $f®S.
ni, > p 30°-
A . rkheim
tZ. f"C»n LV22, 1
24. Assis
Assis Rih
Ribeiro
; * ™
,,.
,
'

1943, p 30. ,
.

46
Precipitados os acontecimentos nas duas primeiras
século XIX com a arremetida e os reveses"&P01e0ÿ os, Po' s» ÿ
tugal sob o controle económico mais definido e a li Ç , ão
Inglaterra a mesma Inglaterra que teve sob sua egi
, .
ÿeulo ' e
Industrial e o comando do imperialismo economico " aerár ia"
que nos primórdios do século XVIII definiu a ,
os acon-
de Portugal no célebre Tratado de Methuen, prCC'Pÿ Revolução
tecimentos - dizíamos - como consequência direta , Políti.
Constitucionalista D. João jurará as Bases da
"

, marcará,
ca da Monarquia Portuguesa" produto revolucio q regiam
,

em 1821 uma primeira mudança nos princípios penais q


,
fe
até então a vida jurídica portuguesa e brasileira.
Nas "Bases" já estão contidos os princípios hÿ&'S de
força das mudanças políticas serão retomados pa j1 id P
"
setembro de 1822 .
Mas, apesar delas e das & «°'S
u c nstitui-
política do Brasil - nas quais se inclui ate vigente entre
ção, a de 1824 -, o-Livro V continuou formalm g maÿ
nós, até que na primeira legislatura do Brasil m epe
ÿ

de
exatamente a partir de *1826, começa a elab3U. Çc
que resultou, afinal, o Código Criminal de 18

2 . ANTECEDENTES IMEDIATOS
ÿÿ XX
tf*
21 . . Projetos e pareceres - autores e comissoes
Logo da instalação dos trabalhos da
1826 a Câmara dos Deputados do novo Impe
, ag tarefas de
organização de comissões especiais às ÿuais g ndispensáveis
,

coordenação e elaboração das novas leis, do ÿpnPndente. :


n

ao funcionamento da estrutura jurídica do pais Pvemt>lo


ÿ "
No que se refere aos aspectos da organização 'ÿda >

Qrc|eriaçõeS
já antes alterados vários- dispositivas Bases
3o ronstituição Po s
lítica
Filipinas principalmente por vias das
,
ÿÿ ÿ yêem.se
da Monarquia Portuguesa", juradas em 1$2 p daspelaLa
. de ÿ d
as normas legais até então vigentes contorn a
as O Ç
outubro de 1823. Nessa lei se declara que inte iro
'

vigor na
tos cartas régias e regimentos portugueses 1C'
,
t nao Se orga-
parte em que não tiveram sido revogados . . . enquarrtoÿao s
nize um novo código, ou não forem inteira i 1924.
A própria Constituição, alguns meses ÿCP°;S' 18 do art. 179
irá expressar o problema e a urgência, ÿUa ódig0 civil e
assim expressa: "Organizar-se-á ™
id2e»
Gtkíiinal- fandmfcr nas -sólidas bases thr justrça -
q
Urgia naturalmente, dar continuidade à vida jurídica da nova
,

nação indicando as disposições normativas mediante as quais ela


se regeria dentro do seu novo status político.
Assim em 1826, passada
,
ou pelo menos suspensa, a crise entie
,

os poderes legislativo e executivo-moderador lança-se a Câmara dos ,

Deputados no afã de construir a nova estrutura jurídica nacional.


Na sessão de 12 de maio o deputado Silva Maia propõe à comis-
são de legislação que indique à Câmara "as medidas que se devem
tomar para organização dos códigos civil e criminal" (Anais, 1874,
ano 1826) E mais ainda: o deputado Pires Ferreira propõe que se
.

conceda prémio a quem, dentro de dois anos, apresente o melhor


projeto de tais códigos Cinco dias depois as indicações tiveram
.

segunda leitura e foram à comissão de legislação & já a 3 de junho .

o deputado José Clemente Pereira apresenta um projeto de código


criminal que logo após é enviado àquela comissão. Ao entregá-lo faz
a seguinte observação: "... é desnecessário e até supérfluo mostrar
a necessidade que temos de um código criminal pois na realidade o
ÿ ,

não possuímos; visto que as ordenações imensas e informes que se


dizem em vigor são inteiramente inaplicáveis às nossas circunstâncias.
Desta falta de legislação resultam os grandes males que se experi-
mentam na administração da justiça" (Anais, 1874, ano 1826). Mas
"

logo adverte que é necessário meditar e estudar o projeto que ele traz
aos seus pares .

A Câmara começa então, a ser agitada pelos problemas ligados


,

à questão da liberdade de imprensa Um projeto de lei, a partir


.

daquela ocasião ocupará durante longo tempo as atenções dos depu-


,

tados. A nova experiência política que se vive e o arroubo decorrente


do sentido novo da liberdade por certo contribuem para a agitação
de opiniões na relativamente rica e polémica imprensa da capital do
Império E se muitos não se cansam de exortar a necessidade da
.

liberdade de imprensa e de comentar a importância da liberdade de


expressão e se manifestam e movimentam contra a
,
censura ou quais-
quer outros meios limitativos
estabelecimento de normas re
,
outros tantos pedem urgência no &

gulamentadoras
crimes por abuso da liberdade de imprensa"
.
capazes de punir os
.

Cheia a Camara de vibrantes e combativos jornali


stas, os pro-
blemas externos do dia-a-dia são incentivadores d
se processarao,
as lutas que então
gravitando em torno dos projetos da lei de imprensa.
A historia da formação do primeiro código penal brasileiro corre
assim paralela as discussões sobre a lei de im
U™
prensa, e decisões preli-
° md1Car&0 a sorte do códi
> go, pelo menos no
íimprensa
mnrema ee ríníl. ?--aÿ
a expressão deCt0S Pr0X{m0S »W diretamente referentes à
e opinião .

48
Enquanto o primeiro projeto de código criminal naquele primeiro
issão de legislação, um
estágio - 1826 - está em mãos da com dade de imprensa é
projeto de lei sobre crimes por abuso da liber
longamente debatido. E é necessário e esclarecedor ver como alguns
problemas vêm à tona no momento das discussões: o das penas, por
irrada discussão,
exemplo. Em julho daquele ano, em meio a ac
Bernardo Vasconcelos propõe pena de morte para quem ataca o
sistema político e seu chefe; pena preferível, diz ele, aos trabalhos
forçados se bem se observa quem é possivelmente mais capazé de
de "

- diz Vasconcelos -
,
"

cometer tal tipo de crime. "O escritor


ordinário um homem de construção delicada, e não acostumado a
trabalhos pesados ora, que comparação pode ter a pessoa de um
. . .

escritor que passou a vida inteira no seu gabinete, com a de um


,
tamente, o sofri-
carreiro ou outro qualquer trabalhador?. . . Não cer
mento da pena é muito desigual em cada um deles, uee por conse-
é contra a
quência dá-se desigualdade na lei que impõe, o q
Constituição" E diz ainda Vasconcelos, opinando sobre as penas.
que elas "devem ser acomodadas às circunstâncias dos réus e às suas
.

qualidades físicas e morais" (Anais, 1874, ano 1826).


Quando J. Clemente Pereira discute a questão da proporcionali-
frer uma pena
dade das penas Vasconcelos diz que o réu deve soressão da pena
,

correspondente também ao delito, logo pedindo a sup aqueles


de "trabalhos públicos" dizendo serem mais condizentes com
,

tipos de crimes as penas de prisão.


lamentares
Além da "lei de imprensa" outros projetos de leis reguiamentos da
ensejam bem pouco tempo antes dos primeiros pronunc
,
iminal, ou melhor,
comissão de legislação sobre o projeto de código cr
J Clemente Percha,
sobre o único projeto até então apresentado: o de ódigo criminal em
.

observações que de alguma sorte repercutirão noilidade


c dos ministros
gestação. Tal é o caso da lei sobre a responsab este último, ja
e a questão do privilégio de foro pessoal, assunto, 16 e 17 do
posto em primeiros termos pela própria Constituiçãodo(§§projeto de lei
&1,t. 179) e agora retomado quando da discussão 16 do citado
sobre abolição de foros pessoais. A disposição doão §lorem essencial
artigo ("ficam abolidos todos os privilégios que n
e inteiramente ligados aos cargos por utilidade pública') dá ocasiao
a manifestações de alguns eclesiásticos, os quais, apegados à expiessao
"

utilidade pública" defendem o princípio de que os religiosos não


devem comparecer perante juízes temporais. Ora" diz o 1 adie
"

baiano Marco Antonio - "sendo este privilégio estabelecido e san-


cionado pela longa duração de quinze séculos, como pretende a
bra tão antiga? (Anais,
"

assembléia legislativa do Brasil destruir o


1874 ano 1826).
,

49
De pronto o espírito mais laico mais liberal, passa a distinguir ,

o ministério próprio do eclesiástico em sua função e os seus atos como


cidadão ,

Nicolau Vergueiro retruca, assim ao padre: "O ilustre


.

deputado quer uma lei para sua classe e outra para o resto dos
,

homens Nós já não estamos


nos séculos XI e XII Os tempos das
.

isenções .

1826) e passa a mostrar como t já passaram" (Anais, 1874, ano


esses tenebrosos tempos
,

dc querer gozar do privilégio que odas as classes teriam igual direito


ele chama de "odioso" prejudicial
e até escandaloso a uma nação inteira ,

que quer ser livre.


Também contra o privilégio está o médico baiano Lino Coutinho,
liberal combativo ,
quer saber qual a vantagem que o foro privilegiado
para os eclesiásticos traz à nação: "Só vejo" - diz ele
se estabelecerão d
-
"que assim
uas classes na sociedade, das quais uma além de
outros meios ,

a seu salvo
que tem para dominar a outra goza de mais este, para ,
iludir e zombar das leis
,
(Anais, 1874, ano 1826). . . .
"

E ainda sobre os privilégios encont aO


militar expressado por Cunha Matos ramos o ponto de vista do
Goiás; afirmando que brigadeiro e representante de ,

embora os militares não queiram privilégio,


,

eles são o sustentáculo da reli


gião, do trono e da liberdade dos
povos .. . mas "não nos compete outro
todos iguais perante a lei" (Anais privilégio senão sermos
1874, ano 1826) ,
.

As discussões sobre privilégio de f


Em julho de 26 ainda se discute oro ainda se estenderão muito.
os crimes que expressem de algum modosobre problemas de mixti fori para
da moral sexual vigente ou um uma quebra dos princípios
,
,

ataque
pios religiosos tais como o adultério
,
à integridade de certos princí-
bigamia o lenocínio o concubinato o incesto, a ,
,
,
ou o sacrilégio e a blasfémia. E dessa discussão
,

sai a definição aceita aliás


eclesiásticas": "aquelas a quede Bernardo Vasconcelos sobre causas
, "
,
,

temporais" (Anais 1874, anopelas leis civis não estão impostas penas
1826) ,
.

Mas logo em 1"? de agosto o


amara problema do código criminal volta
A "comissão de legislação e justiça civil e cri-
.

™ T (tePU'ados: Cruz Ferreira, A. Augusto da Silva e A da


Silva M }? p íf f1S1r&d0X' &1JàS) dá parecer sobre as propostas
'
.

li hl a Fer
f aCei1afdo-as ío tempo em que traça as
deVe
Jra"
,
qUe
ainda se defendi: ,
Ser 0 C0dÍ
8° criminal (Anexo I). AU
o códieo nenal r * ,
de JUaS ParteS gerais: a primeira contendo
de processo climi T n
'
Neste ou em outro códi eXPreSK°: Penal), e a segunda, o código
estar as contmvenp0< -

go separado deveriam
consultos" os mn? H & C0rn'SSÿ° apela para "os sábi
os e juris-
externandò obseí V&V* &efSÍfÍiÍZÿpor "este árduo trabalho "

os fundamentos da in«t"S0 0 Pwjeto J. Clemente Per


v

eira, e sobre
,

j iça e da equidade conforme já antecipava a ,

50
própria Constituição. Outros projetos, ÿrincípios deverão
dizem os membros da comissão, acl ÿ associações polí-
conformar-se "com o direito universa , na " seguir um sistema
ticas e luzes do século", podendo, se qura a comissão
diverso ou "guardar uma outra ordem . O p rnnfrontados pela
é que se apresentem projetos parará tolher
que sej S g obstar a que
assembléia , pois de outra sorte se
"

a nação possa conseguir o melhor codigo ( .

]ÿ 0jeto de Ç °

A 17 de agosto decide-se que a comissão ,ÿeÿ p


reduzir a projeto a indicação sobre premiaçao rpauer p0r su a

código criminal E o deputado J. gemente erei


'

.
ÿ comissã0
vez, adiamento das observaçoes sobre o seu, ate 1 ÿ

realize o projeto solicitado.


Ainda em 26 do mesmo mês, projetos ?°ÿre °ÿ
>

jjretamente,
chegados à Câmara ou dela mesma nasados jurídico-penal e
antecipam assuntos que se referem de perto a
que em breve se irá criar com um novo código.
°S'
Um projeto de lei, de autoria de Bernardo ÿaSÿ "CCd

j "
jej <je
Supremo Tribunal de Justiça; na discussão do pr°Je
imprensa" decide-se e aprova-se que os crimes de abuso a

de imprensa sejam julgados por tribunal do jun. c


Em discussão sobre cursos jurídicos no Brasil são no
inúmeros problemas , inclusive a necessidadeovode j11a;
ire
estão
'
sendo
ensino jurídico quando novos códigos, n
,
,

organizados; realismo que não pode prescindir, pensa pcfatística


estender aqueles estudos a conhecimentos de economia, „mente
e de geografia O Padre Mortos Antonio conserv
. nd,"2™ÿ
defende o estudo exclusivo do "direito natural e

ÿp\y* * >K
Chega-se, assim, ao segundo ano da primeira legislatura.
A fala imperial de 25 de abril já faz referencia a urgência
"

boas leis" para pôr cobro à desordem das finanças et]


ropriada
Não há código" - diz D. Pedro -, não há forma ap
"
"

às luzes do tempo nos processos; as leis sao con r partes


outras os juízes vêem-se embaraçados nos ju ga
, , ÿ S
-

Q
dena os -
padecem, os maus não são punidos, os or interesse, e,
suficientes para que não sejam tentados pelo,vi ÿÿ lar com
portanto, é necessário que esta assembleia felicidade
or ai P'
sumo cuidado e prontidão um ramo tao ™p
o )ÿ
e sossego públicos"... (Anais, 1875, an
51
Em sessão de 4 dp muír* \/r» i
de código criminal- nn r
'
Vasconcelos entrega à mesa um projeto
Pense a leiCSÕwoieto-íf1"t ° "rriidi""' <*°Pi" ""1 »
°ntão
o deputado C-> J,i Ser ™Uit° volumosa" (!) Lembra,
são especi f para exam " a neCeSSÍd&re de se criar uma comis-
, .

a ra
No dia SeguiS compõíse í, Clemente Pereira. ° de J "

logo no di a 12 é eleiH

comissão de cinco membros i® que
p *
sentido de que não ma mÿicação de Vasconcelos é feita no
,r
relação com o códieo rHm. JS CU
aS 'e"& regulamentares que tiverem
,

ou não ser discutidos n« ri 'fa a"teS a Câmara resolva se devem


'

àpoiado por J. Clempnto diS P r0 l°10S já apresentados De logo ele é


.
-
.

ieito se não contiver um íhZ* ÿÿ q"e ° C0dÍS° Ser0 ÍrP£1 "

empregados públicos
especial sobre res
nco,
t <
& reSPe110 da responsabilidade
qUerend° Í"tUÍr
dos
ÿ
ponsabilidade dos minfstros .

'
go. Se são tal? 'MÿSUn1a qUfis as relações entre "essas leis"
e o códi ,

bilidade dos ministros dP 1


Par1'C"*areS", a que trata da responsa-
«á aprovada, ™ S "«.*> - <% ele é sui generis pois já
c t
_

empregados públicos" (A/iail 1H7* f ""arf tfm e°m 3 'eÍ à0i


1875 nnt1ÿ
Traça e ~ ,
, ano 1827) .

vididoY 7oÿCei°S fS linhas gerais do seu projeto que


assim está di
a
"

°
sociedade e da aplicacãr» riot S C"meS que se podem cometer na
,
.

judiciais; 30 da 0 . ÿ aS Penas correspondentes; 2?) matérias


chamando atenção no s™ Pr°CeSS0" ÿ nais 1875, ano 1827), ,

jurados" (sobre a oreanit* ?r°Jÿt0 P3ra o que denomina "lei dos


,
'

responsabilidade dos mi nS" << mS1Í1UÍÇ20 d° júri) da "lei da ,

próprioalém da matérin rÿr '


P°r 1erfm no código seu lugar
"

As idéiaÿV ÿ
" afUS° d° P°der"
O mesmo não ocorre noSmS Sâ° &?0ÍataS por J Clemente Pereira. .

projeto "é do deputado ou °"


ir0S deputados Discute-se se .

matéria constante de l
ei já .)rJ! !rfra"; reclama se o fato -
de que a
código; diz-se que com istr a Pe'& Câmara esteja num projeto
0S r®Putados . ° Se esta querendo coactar a liberdade

buço1 dfP°Í® ÿondeÿAtoúT * ÿPa1''a e t°]a"ta C&Vai"


r
. 26. Silva Mtia ™a "° y"° Gabinete dei1nar° i°r Pernar"
Jas? rcr ,
âe
,
-

V Mome Srÿresen-
Pará .
°e i frnambuco; J C. De™
.
*e
. ge"C*a; Almeida e Albuquerque,
e b
Posteriormente .
acharel e representante do

P°r a comissão .
var
SaPU«<, --*
representante<*--
de Minas Ge-
CO
Vasconcelos defende seu ponto de vista, no co ígo es a o
"
os delitos todos c evem ser
lugar de todos os delitos e penas" ...
punidos geralmente
"
(Anais, 1875, ano 1827), os projetos c ama os
sui generis, diz ele, são todos contrários à lei. Depois de solicitar
que seu projeto seja examinado pela comissão especial, exp ica as
razões da necessidade de manter um sistema integral, coisa que nao
se pode conseguir enquanto se permanecer na idéia de discu
ir as
t

outras leis antes do código. E diz ainda:


"
Ficando a discussão o
código para outra sessão não se fará nada, nem lei alguma regu a
mentar sairá conforme as luzes do século presente, como acontece
com todas as leis feitas à maneira do código filipino. E queremos nos
no século XIX seguir com as leis regulamentares o método que se
seguiu com esse livro de capa tão rota? . .. (Não se entendeu
ter
o
o
taquígrafo Cipriano)... sendo a consequência de talficando
falta assim
cidadão de defender-se na cadeia de todos os crimes,
mais vexado do que no tempo do cativeiro. Como érem que querem
lazer eis
que se façam leis regulamentares sem sistema? . . ÿ Que
destacadas à imitação de um edifício carunchoso, ainda para evi ar
essa falta de unidade é que eu quisera não se discutissem as eis
regulamentares a tais respeitos enquanto a Câmara nao decidisse que
,

se deve discutir o código Tomara saber, quando a Câmara aprove o


.

projeto de código, qual é a utilidade que se pretende tiiar de reso


luções destacadas sem nexo nem atenção ao todo do sistema.
,
( nais,
1875 ano 1827)
,

da estru
Pelo que se pode verificar, além de lutar pelarente
unidade
e harmonico,
tura jurídico-penal por um sistema unificado, coe
,

aSÿeri
como se pode observar desde as primeiras discussões emto- c ,e ma ? .

celos apresenta um projeto de código penal tratando tan


substantiva quanto adjetiva já que na sua última parte se Cy)ia
,
ac
ordem do processo" Suas observações em favor da priori
.

discussão do código sobre outros projetos que tratam tam em


matéria penal são tão veementes quanto as resistências, pimcipa
mente daqueles que ora se queixam de desconhecimento trate os pio]
e c ai
>

ora do perigo de paralisação da vida jurídica, caso não se


andamento às chamadas leis regulamentares.
Trava-se, naquela longa sessão de 5 de maio de 182J'
ressante diálogo entre Vasconcelos e Calmon (Miguel
Bahia e mims t
. ÿ

Pin e Almeida Marquês de Abrantes), deputado pela


,

dos estrangeiros no 8° gabinete. Calmon faz varias pe :ye


Vasconcelos sobre o conteúdo do seu projeto de cocig ,
se esse trata de assuntos considerados matéria de leis reg ' L '
indagado por
tentando ver-lhe também a extensão. E a cada assunto ÿ
S
Calmon Vasconcelos responde incisivamente com um
,

E conclui o deputado baiano que o projeto do co eg


53
ssão; e
f ÿ° ÿ"f e'e PenSaVa> f pois de difícilaradiscu
que assimsem-Ir ao se deviam paralisar os trabalhos p
n
~ discuti-lo.
se
tida, rejeita -

nÿ SÍfCrada
°"
a matèrÍa P0r demais discu ainda s e
a proposta
passará par i alT*aSSU"i°
pitn
P°r V&SC«"Eÿ os.penal
d° C0rtg°
°
E muito
volte tempo
aos debates
em

termos definitivos
1i0 ÿ outras matérias de importância próxima
r ria o Suprem o

Tribuna/de<**> <?« lei que concelos, autor


vão a debate a

também de outro nm
tT ,Pr*?Jet0°èq"e
tf eX1Ífgue
°
autoria deos Vasc
obsoletos tribuneis
ais

de Desembarco Ho pJ e Je C0"Sciência e Ordens, justificáv


apenas _ d f ° ePUtad0 P0r Minas Gerais - em monarq


?
uias

absolutas.
uni
essoal, e
"

de
3
Vn!rr.
t'SC
U1f S?fre ab01jÇa0 do foro p criminais'
0S sobre publicidade dos juízes
i "
outro proieto
está nas "
proximidnrlp . ™ PeM1- A° Pr°P"Sf3-§e & PUfJ-
cidade de

od os a os
! Pr0CfSS0 e distingue-se juiz de direito de
°
juiz de fato ou jurado lembra
e ° Pi0f'era da publicidade, uência
Vasconcelos n- iw- ÿ s
ÿ

° S Se Cre 10S df inquisição e as conseq0dÍ°


que o segredo e a ob? tr0"Xerfm a0 ePiS
. .

| *
Inconfidência. Aproveita
!
entÿ
a0rT ÿ mais umaumvenovo
Parf criticar z a situaç
código "
ao

penal vigente r,
abolindo o atua ? r-r,S° ff aJ1er3ra>
,„

diz ele, com


d° dÍreÍt0 Canônico e aditado com
°
os cos
-

tumes dos bárbaros"ÿ


a1 oaros (Anais, 1875, ano 1827).
ará boa
ÿratLniowH 1iferrate°
Je imprensa ainda
™ em 1§27i e C0m0 eie a
r
*
ocup
C°nVfnÇ â°
Parte dos
feita entre Rrnii r - erra Sÿfre C0™èrCÍ° Je escravos. Mu itos

deputados põem-sc cnf


™ %tesacordo e denunciam a conv enção co
se frontal-
mo

atentatória -i Utr°S fi"da rostram -

mente contra a escravid-<o,


lo mas
ÿ ° se pode ver quanto pesava nos
aC"0"" bem
3 da
£ÿpafe
espíritos lúcidnQ P
estrutura ag * fiS""S a rea"dade fE°"0miC ecial, lou -

ÿ!fÿÿ1'? ,4 df Setembro, a comissão esp Pereira e


vando os doi
o Bernardo Vií 7 1° fPreSenta
C0d"®° CrÍmÍfài
n

n
(° }- (Anexo
SeU parecer ClementeII) no sen-
tido de que sejam amh™ '
'mPr&iS0S e que se preferisse para
discussão
rejeita a
TuarHÿTÿa PriIWejra indicaçãodeliberar.
e
*
o de Vasconcelos A r
segunda e decide que se a
ic o
A0 cic maio
.
ÿ
i coo «
"
&eSia0
irpressao
-
para depois
J0 código não voltará à tona.
No ano legislativo de 1827
.ív

'
ÿ
't
novembro, ainda se cuidará, em
lição
dos privilégios de foro pess P?r0 T"fUnai rf Justiça e da abo
terceira discussão da lei rir, ç, ,

Pe&S0a,> correndo ainda as discussões da

54
comissão eclesiástica sobre problemas de celibato do clero, quando
então se assiste o voto em separado do deputado Padre Feijó, contra
o celibato e certas intervenções vigorosas de liberais e anticlericais
,

exaltados como o médico e filósofo baiano Ferreira França, que além "

de mostrar-se favorável ao casamento do clero, quer ainda que os


frades e freiras acabem entre nós!" (Anais, 1875, ano 1827).
1828: 9 de maio. O visconde de Caeté, antes deputado e agora
senador requer, em vista da urgência que o assunto merece, e da
,

existência de dois projetos de código criminal, os quais já passaram


por uma comissão especial, que se faça uma comissão mista de sena -

dores e deputados em igual número, à qual caberá examinar madu-


"

ramente cada um dos artigos dos mencionados projetos, interpor o


seu parecer sobre a preferência oferecer emendas que julgar necessá-
,

rias e propor os meios que parecerem mais eficazes para abreviar a


discussão em ambas as Câmaras" (Anais 1876, ano 1828). ,

A Câmara dos Deputados recebe a sugestão, e logo a 14 de maio


o Senado , nas pessoas de Silva Maia (que é o próprio visconde de
Caeté) e Feijó comunica àquela que resolveu nomear senadores para
,

a comissão especial AO® o .

A 7 de junho o deputado Padre Ferreira de Melo, de Minas


Gerais e figura atuante na Câmara durante várias crises do legislativo
lato de
com o Imperador e com a Regência observa a seus pares o ,

que a comissão mista até aquela altura não se tinha reunido,ÿ e em


veemente discurso diz que o assunto é de grande interesse como
todos o reconhecemos pela barbaridade do código que ainda nos
,
debaixo
rege só próprio dos séculos de trevas, e de um país que gema
,

do despotismo" (Anais 1876, ano 1828). E faz uma indicação no


,

sentido de que se marque dia e lugar para a reunião da comissão


mista , e que ela tome conhecimento das
"
outras partes do código do
Sr. Vasconcelos não impressas relativas às autoridades judiciais ,
e

processo, e isto ao menos quanto à responsabilidade dos empregados,


destacando-a ,
se for necessário, e formando uma lei particular
(Anais, 1876 ,
ano 1828). Em vista da reação de alguns, o próprio
Ferreira de Melo põe-se contra a comissão nomeada no ano anterior,
diz "

e que continuou no ano então corrente. "A mesma comissão --

cie -, "
seus membros são os mesmos. . . e ainda nao vimos fruto
do seu trabalho . Todavia julgo que a comissão já terá revisto os
códigos muito e muito bem e se não o tem, então permita-se-me dizer
,

que a comissão não tem cumprido o seu dever, nem mostrou obediên-
cia à Câmara .
Salta aos olhos, Sr. Presidente, a necessidade de me -

lhorar o nosso código; todos os dias ouço dizer aqui que a Ordenaçao
do Livro V manda morrer os cidadãos por qualquer crime; e não
será este negócio urgente? porque dele depende a vida e a
...
"
...
"

fortuna de todos os brasileiros" (Anais, 1876, ano 1828).


55
o,

ÿ0 °°rr*a nUm C&r10 °'<mf


de marasm
Tdejíutad
começa a agitar o
nós não "

1 Ciama Pe]f urgência, dizendo:


cidndÿ
is-

queremos verÿ fraS''e]r0S castigados a arbítrio dos


u
mag
forcados,
trados; não querem™S Yer a UnS C0m 'eVeS crimes serem en ano
e a outros eme imic ™ere°Ja", SCrfr
"
(Anais, 1876,
perdoados missão se
1828). Por fim fl ° yf~Se Um& indicação à co
.

para que
reúna com urgência ue
a tâmara participação do Senado de q
criminal reunir-
a comissão escolhirH ° PrQ-'f10S de C°digo
se-á no dia 14 às 6 horaVdÿÿ
te e comenta o
Entra-se em |soo \t mfra ainda se discu for
Projeto de lei eme rn" fe'e PrÿTi'°f a0 projeto de código que

função
escolhido. Pergunta-cp S° 1SS° "a0 Se"a at0 inerente à própria
ótese de s e
legislativa, quando fo- ° ÿaS ÿa quem alvitre a hip
°

PrerJ0S °S h°re°ÿ
"

"
"
convidar por meio d
-
SàbÍ0« -

O de ut °
° ÿ"'Va rÿa1a f 1a0 delongadaconstitu
histórídas; ia dos
e
dois projetos referimln ~Se a;S C0m'-Siões tantas vezes
Se, pois, para um
.

pergunta: "Oual -\tn i


exame simplesmente "
° ÿU1° reSSÿ 1rff3'f0?
1em ieÍ10' C°m° poderemos espe is,
rar

que uma comissão mista P0SSa fPresentar um código?" (Ana


1877, ano 1829). f nh >™ iJ"C a S°lução não sairáionais de comissões,
'

S de todos, nac j e estran-


como tantos pensam o rw
tos ao trabalho
C™' ra

ÿ'!° e Prefiação estejam ap


.

geiros, que com a convnr-,


rojeto de um
de criar um código n-im'
f "W í,?® ° eSC01hÍd0 è o p certo l he re-

sultara". E defende o T ÿ . e"hUmaAi"dignidade poro que parece,


deputado o aceitar prêmk
,

estava empolgando mii<! '


ITi egisladores
° ÿ i, PrèmÍ0S>
de
o qual,
que os própraios projetos
código.
áficas, grande
Pelo
parte da discussão r t
pousav
ÿP*"eCa"ÿ1f"3S t0S
P™biera notasprémios,
taquigr no projeto de
ão à comissãol
ido ?SP°?ifiC°'
legislativo ee também aí nas~ ® , ]CaÇ°es
a uma mm-
que caber
CÍnC° jurisconsultos(!)" " à qua
íL !?°e reVisão.
Je.
o

incumbirá ainda uma tar


Desd a
l"Sÿ"SS°e S, embora não explicitamente se
riminal foi
demonstre, o concurso rnr ",
n
°r Pr°Íet0 de código c ue se
o expediente encontrado mm 9SS,m ®e P°der escolher o q
"
entendia como o qUe de mplh Se C°adunasse com os interesses
o constante adianZ ÿ resulta
? . '°S _1rfba"i°S dasUStifÍC3r-
comissões
"
gerais ,

numa espera que, após três ann


-

A retomada, em terceira . f a' d°ÿPr°jet0


P°re J que indica a '

orga-
.
,
"
?
nizaçao da comissão dos prémio 3QS projetos de código, dá ensejo

56
s contínuas idas e vindas
a que se possam verificar os impasses que a
estão a trazer .
, , .
.
tf.

Lino Coutinho discussão t ÿÿ


,
em maio de 29, na
esentarem eiros
aplaude-o porque "convida brasileiros e estrang
es, as academ
um código" . . . pois assim fazem as naçõ
,
"

o ced .
ias Q ÿ
cias", mas poderemos nós ter codigo ta
"

vantaeens e
(Anais 1877, ano 1828). E continua a comentar
, uÿagme °

desvantagens do código vir a ser de origem naci on 1


~es 0
fazendo referência às novas idéias penais e as ra ÿ

direito penal vem sofrendo graças as "luzes do secu


agita
O projeto que trata da "comissão de píêmios
Câmara .
Discute-se sobre capacidade de comisso ® obser-
comissões de jurisconsultos urgência da matéria. , as mistas '

va contradições no projeto quando este se refere a f°


ÿ

temp0 ;

prazo de três anos, comissão podendo fazer o co igo ' as


remunerações etc E diz mais: que os dois últimos aÿ
. gÿSes de
disposições sobre comissão mista chocam-se com as
todo o projeto .

°
Sobre tais contradições muito se discutia, ora se ngej.
missão mista ,
ora se aceitando projetos estranhos, m ,

ros, candidatos aos prémios que a própria lei es a a p ÿ

Por fim, rejeita-se o projeto sobre con&sões de -


'

o problema do código continua repousando em ma


designada. . ,

As discussões de assuntos correlatos ao °0d1P° .-

p
"S

g p
J
ÿ
0cUpa-
uma vez uma boa observação sobre o clima de opm como que
ções sobre as matérias, por assim dizer, filosofico-jui
ue se
' '» trgs
a demonstrar os impasses ante uma questão qtraca.
anos sem que a solução seja realmente encon
Do cidadão João Clemente Vieira Souto, futuro p;

2? legislatura recebe a Câmara, como q


, 1fÿ£"ÿ
* mèsmo mome
ue a
.

°
nto
do código penal de Louisiana, Estados Uf1f S mensagem r
o Ministro da Justiça, deputado Teixeira te dificuldades na
do Imperador na qual se explica os problemas
de uma
< (jQ r0_
administração da justiça ante a carência ÿ
gÿ problema é
cesso O governo propõe um codigo de p ÿÿ comissão
levado à comissão especial. Poucas sem fltrnr ns embaraç os

monstrar os em» J
„„

já se pronuncia em parecer no qual se tenta ÿ


vigentes e os princípios
e as contradições entre as leis menores
titucionais .

0 destino do código
Diferente do codigo criminal pai mrece irá tramitar
de processo criminal. O projeto desse co g , P1
57
proposta simples e cnnrÿt , eSi& a fxigir. O parecer conclui numa
formação imediata .
*

1rPressão do código proposto, sua trans-


e revogando-se ÿr0ie10 de fazendo-o aplicar de imediato
vSSmcSo? T'°?" i1V"riÍS> Pretos ele
is "
n t

°e"X
.

acusando o proietn (P, ? violentamente contra a proposta,


qual, para parrote Ha i i C0tÍ &° S° tem o nome e o título no .

de jurados
"
"
.
* A rom. ~ . ÿriam-se 151 magistrados. . . e nada
Eu sempre esperei" - "
fPrfSfU1& o seu parecer.
que isso não é nrmVfÿ a )Z -
j-
qUe a ÍiUS1rf comissão dissesse
principiar? Há rte- i a- ?ÿ °° g0 . . . É pelo adjetivo que se deve
O substantivo é o rátV Je 'V° eStfr "a 0rfÇão Sem o substantivo? . . .
como para o crime- m g° if° Pre®CreVe 3S regras tanto para o cível
a
tar primeiro as reura*ÿ £ Se a 0rde™ 'i0 processo sem se apresen-
~

to?" (Anais, 1877 , àno 1829°) arJfiÍV° ff 0raÇa0 Ser ° substan-


sobre um profeta
de rf rnl
C°°
" °
T
fe'°S è 8ra"Je; e'e pede explicações
quer satisfações do nm- * j Processo do deputado Silva Maia;
parte do governo A Pÿ UU
°™'S$ .
raP"dez e preferência sobre tudo que
~

tinho solicitam a imnrpt f0 Se fSCUSa- Vasconcelos e Lino Cou-


i
a0
E o primeiro diz: 'V fn 0 Pr°je10 de código do deputado Maia.
ÿ'

™ e ,

meu projeto de códi<m p r reilUC"'° que se mande imprimir o


-
1
todos em considerarão" , Jm1 ; para que na discussão se tomem
iMucraçao (Anais, 1877 ann 1R?cn
sta-se em junhcKÿJe 29 A 11 a a
o parecer da comissão agosto, afinal, é apresentado
Maia
Almeida e Alb
, ÿneX0 in)> assinado por Vergueiro,
nmiP
como projeto por eh elahn* ÿ'
"
a Carvalho e Deus e Silva, bem
padrão o proje?0 Vatcotcel ?X' ÿ "°,.qUfi Se dÍZ que se tomou como
o
°
jeto J. Clemente Pereira fVf"1d0 e™ consideração ainda, o pro-
,

1830: 6 de maio w
pauta o parecer da comic<A SeSU,K'a parte da ordem do dia volta à
minai .
*&Sf° r1sta sobre o projeto do Código Cri-
te de Pernambuco anln n
ÿ™1i França magistrado e representan-
,

das: "a) para quê entre a I?r e 0ferfCe 3S seguintes emen-s p


de todo o projeto; b) chip Se arrJ1issem as substitutivas
geral quando se discutisse amara ®e convertesse em comissão
o nrr> ÿ

ciada com oito dias de anteppH"


e ÿ qUe a discussão fosse anun-
para que os deputados formem ÿfC13 -
e ra*S °*10 dias fossem dados
no projeto a pena de morte natu >/'J&0 aÿ qUe desde já se suprima '
ra
me a escala d
as penas" (AnaU t sit C°r eSie Pressuposto se refor-
_ No dia seguinte compõe™ ; l , ÿ]830).
nra
3? e WV™Z farreto;
f
-
e o pr esidem? SSa0: "
P'"'° da Gama> Carneiro
o mal para recebiment
o de emendasÿ° d"a 1<? í""ÿ° C°f0
A Câmara recebe e envia à comissão espceial Ç do
Milliet de Saint Adolph "contendo informações sobre Sl lvestre
Código Criminal" 27; logo depois um cidadão de nome sia_
Rebêlo oferece à Câmara um exemplar do Codigo _

na. Esse código ,


aliás, levará a Câmara a
mui as ÿ comissão
põe-se tradução
"

P t q governo
pelos membros da casa , ÿ

de fora presidida por um membro da casa , 1


mande fazer e pague que se imprima . ÿ .
"

, ou
"

Vasconcelos mais uma vez interfere chamando jP ova(j0


boa razão . O código de Louisiana, segundo requeri especial
de autoria de Ernesto F. França, deve ser bre
lido seu
pe a > comparan-
para que sobre ele interponha parecer so
do-o com o que serviu de base às emendas. nferece
No dia 12 de junho o deputado Paula e A1bÿCl"f'q comissão
suas observações sobre o código criminfityredigi °P
mista. aò . ,

A 6 de julho a comissão dá parecer, declarando, te' e*ÿgncja


as emendas apresentadas e indicando-as ÿ.líjtipressa
o

Em 10 de setembro de 1830 iniciam-se as mentos ÿão


jeto de código criminal. No dia seguinte Van°S ÿdas
Das várias proposições apresentadas
"
Venceu-se
enviados à mesa .
nS()
que fosse eleita uma comissão de três membros, que t
"
j
os p0r
fosse obrigada a seguir , os artigos que Vesa
qualquer deputado; que, oferecido o codieo, breve) se
os dias necessários e passando certo prazo (que a dotado e
votasse, sem discussão, se esse código devia sei ou
c
* ÿÿ
que antes daquele trabalho decidisse a CSMraÿe
admitidas as penas de morte e de gales .
ÿsessão Re -

Cavalcanti)
lcantu
ge-se a comissão (Limpo de Abreu, Paula Souza e Lu.zCÿva as
e discute-se ainda nos dias 13 e 15 a questão p re minaiÿ
penas. Vota-se uma emenda do deputado ego as de morte
pena de morte nos crimes políticos. Permanecem P especial.
e galés nos casos vencidos Remete-se tudo a con <.

fipnu.

A 19 de outubro a comissão apresentaLidoo S°" íÿÿÿesse dia ,

tado Luiz Cavalcanti assina-se vencido. o p


no dia 22 é lido novamente e aprovado. Senado
Na sessão de 26 de novembro a Câmara reciabe 0 »C1

f° qual este participa ter sido adotado o pioje o p Pedro o


Em 16 de dezembro de 1830 é sancionado por ÿ ÿÿ
decreto da Assembléia sobre o Código Criminal.

27. Organização e Programas Ministeriais, 1962, p

28. Idem ibidem.


,

59
cjuc mandou cxerntÿr an j
Estado dos Netrócin® a S? ret0 i0Í publicada na Secretaria de
de Ministro o Visconde ÿf Alentara
a íiÇ a 3 8 *
re janeiro de 1831 servindo ,
" ®°
, que referendou o decreto .

22
. A ideolo
gia dos projetos
-

primeira lepklat. encontramos na Câmara dos Deputados da


de uma nov a estnft " aa
S" "ma evidente preocupação de dotar o país
.
.

que derrocaram -i mn "J" iCa condizente com os princípios políticos


.

regime de semrnnõ àrÿ"'& absoluta e instalaram formalmente um


mas também nmn ° i? P0dereS de representação e de liberdade, >

Se" i,(dfdC> por tantos tantas vezes externada,


'

para com as idéi > S


re amadoras do sistema de controle social for-
mal ™
na f"f
sua ex
pynr« -

pressão mals radIcal Wo é: „ direit0 peraI


da Cãmaraÿ in e
fa 'a do trono instalando os trabalhos,

as situações,ao temnn d° ifSiS1ativo um código para regular


consequências aue , qUe eXPreSSa 3X contradições das leis e as
situação caótica Prf
da justií
nn fia®1J
R I0CUPfy& a
ÿ
° Imperador dada a ,

magistratura lind-, , " i j a tentação" do suborno na ,

moldes colo niais nré r


omais r P°'' "m XÍS1fma de hierarquia dentro de
pre-constitucionais
,
.

ç,ÿ
fenecem as cUiJirlaí ÿ' aS fUmer0
SfS comissões que se organizam e
elaboCum ÍJÍ, . T ™ °
te '>em P°Je" e à* àfVf
"

gir refletem bem pareças ÿ


, t reahdfde sócio-política está a exi-
PerPeX1d&tes
e precau ções no tocar um t. ,
ÿ
certa insegurança receios
,

da nação .
<,Cva , importância fundamental na vida
"
ÿ '

Or d . ao
triénio 26/29' il1,f G°mpõem a comissão no qua-
mo bem se pode coikm
'

ÿeS eUrrpéias doutores alguns deles, co-


,

«.ranhar
"
quá a rST Ú°d»spos,t,vos °»4!». i« »«.« biografias não 6 de ,

Ordenações fosse ul mn t obsoletos do Livro V das


°
problema do código ÿ Li™ t VeZ g"e ?0r ÍSS° 0" P°r 3il"Í10
cipalmente daqueles orieiliá 1°?aS -
*
° 1ÍberaiÍSmo de tantos prin- ,

aburguesadas dos hnm/ n°S


r n
'
Cf™adfS mais urbanas mais ,

dernas do novo século exniÿT VÍVerar fa intimidade as idéias mo-


rderam "livro de cana rofa» e eí" f3iaV/aS de repúdio ao que con- l( .

nova situação política anp a C° S° bárbaro" incongruente com a


lismo e das "idéias francesa s
" "1a- ® ainda produto do libera-
constante
preocupação em resguardar
29. Thomaz Alves Jú
nior 1886> p.
,
,0
60
re-
responsabilidades políticas como que a demonstrar a vigilancia
costumada, no corier
sultante do temor de que a casa de Bragança, a e
de quase dois séculos ao mando autoritário e absoluto, viesse a qu
-

, écie de
brar o edifício político-liberal que ela própria,
vinha de
"
por uma esp
"
autoritariamente
paradoxo, de "cruel ironia do destino ,

edificar .

onsabilidade
As longas discussões do projeto de lei sobre a resp
não menos lon-
específica dos ministros e secretários de estado, osm
tais precauções
gos debates sobre liberdade de imprensa demonstra ser, de alguma
e os temores de que a liberdade alcançada viesse es-
sorte, violentada ou perdida. Mas, por outra parte, vê-se a nec
sidade de cercar a integridade física e moral do imperante de piote-
ões do projeto de
ÿ

Ção jurídica especial, como se observa nas discuss ão de


lei sobre responsabilidades dos ministros. E desde ali a atenç
ência dos
Bernardo Vasconcelos está voltada não só para ndo a obedi
se pretendeu
princípios constitucionais (como, por exemplo, quao crime de traição
quebrá-los estabelecendo a pena de confisco para
oibido pela Consti-
praticado por ministros como tais, dispositivo pr istema estrutura-
tuição) como para a necessidade de se impor um leis
ão em s especiais pai a

do de direito penal evitando-se a dispers


,
so merecesse legu -

cada aspecto da interferência de condutas que aca


lamentação ou tratamento normativo-penal.
O liberalismo e as ideias laicistas ainda se demonstramligião
nas nu-
ofi-
ercício da re
merosas discussões sobre religião e estado, ex onstra quando afloram
cial e cultos particulares. E ele mais se dem
de foro. Deputados pa -

os problemas de abolição dos privilégios Bahia, reagem veemente


-

dres entre os quais está o arcebispo da


,

mente contra aquilo que consideram um pr ivilégio que os séculos


ásticos.
consolidaram: o foro especial para os eclesi
as idéias, mesmo
Mas os "novos tempos" se impõem com su conservadoia nao
aqueles homens cuja idade e tradição relativamente
Vergueiro, já em 28 feito
são suficientes para abafá-las. É Nicolau alavras evidentemente
senador e regente em 31, quem reagirá com p nte a lei, que
influenciadas pelos princípios da igualdade formal pera O ilustre
o Ocidente herdou das lutas do fim do século XVIII.
deputado" - diz Vergueiro ao Padre Marcos Antônio - "quer uma
os tempos
lei para sua classe e outra para o resto dos homens ...
das isenções ,
esses tenebrosos tempos já passaram".
s causas eclesiásticas
A definição que Vasconcelos trazmereçam,
para a definitivamente, nao
elucida a questão: as penas que acaso iluminam ainda a extinção
"

são temporais . .. As luzes do século


"

monarquias absolu-
de tribunais que foram peças de relevância nas ópiia oiga
tas, a exigência da publicidade dos juízes criminais, a pr
61
uanto a
opular. Q
ÿ
último ?3®jS1rat"r& e & instituição do júri plo funcionar; há um
"

este ya"Se "m VÍV0 Í",ere,,f de fazê dos


-

igência socialto da
entendimpntn S k
re ° J"" e°mo uma espécie de ex nvolvimen
"
novos tpmnr> X
"
' a te ™e°10 a0S reclamos do dese a das transfor-
ÿeY eC0"°r,C&S>
& °C0rrendodesde
no Brasil, por forç
.
,
vida nrlrim lo.
mações Dolífir a primeira década do sécu
E VasconcelnQ ti, a justiça itine-
rante "no Brasil
ÿa aPre20ar a necessidade de um resente nos sa ex -

tensão errftoriaí I d& ÿ


fJC"Jdades ÿ rra; elocais
tem ep- quem
sabe? os
das justiças
desmandos dn nr!ie! f ÿJ"Si'Ça privada decorrentes do mandonis -

i -

de pequenos re
mo do senhor! "°S
a1"/°fd.05> daquelas espécies ela sua
nos encravados 1mPèrÍ0 g"e ""ia> ainda àquela liões
r
altura,localistas
p
imegridade a todn momento perturbada pelas rebe
e

separatistas e
ição do regim
de liberdade
£>
nue
'

?!! a1°Sorganização
d° Pr0C5®S0política
è Um& traz
imposcomoisitoriais
princípio.
dos
Temem-se n« Li.,f - . 0S' af deiÍberaÇ°eS inqu
tempos do absolutismo' pÿ
S ia,

J e0°UPa ° fa1G de que, com ao vigênc


cida dão :
"

ainda, do Livro v a aS °rde"fÇões, tenha muitas vezes


de defender-se n-> . "
BSSa Úi'Írrf Prf
!
ocupação é externar) ÿ0i
'

'0d°S °S CrimfS . .

aS5°"Ce'°s ao defender a urgência


do có-
ÿ

eSia° SenJ° Produzidas e da incompatibie


-

digo em face riu; 1 ÿ


lidade entre os nrinÿ°S °0"Sí'1UC'°na<S e os dispositivos penais, qu
embora obsoletos mlf is regulamenta
-

res, as "leis narticnTa


n?am V,2e"'f5- De fato, as le
> 1r&13ndo problemas cujo lugar m
ais ade -

'

C°"S1it"em, para Vasconc


, . elos, uma
quado seria o c
quebra na sistemátf
E ao
apresentar Seu nÿ
S o
cn

°
/U1Ur°
PU1a'*°C0dÍ-° ÿmostra
de Minas 5frà editado.
a urgência que
nto estão
ÿaS C?fSe1"è"CÍSS que no mome
a matéria exige bem r "

ocorrendo em virtude de -

3 ÿ armf ÍtdÍCfm°S-
Lamentavelmente falharanf aS n°iSS taquigráficas no discurso
de Vasconcelos proferido Tf1° te 1827- A menç
ão à pos-
na cadeia indica que o
"
sibilidade de "ter o cirWM i e defender-se
, ' °
ia-se
famoso político dos ipitn ri
ÿ iÿ'"dependência refer
Por certo ao habeas cornu T° fVidente conquista das
.
novas "

da-

quelas falhas, a fala de VasrõnJiiSm°- C°™ ifCU"aSa menção


decorrentes
"
idéias dos "novos temnos"
, iu
rin-
a '"d1C3r aos p
cípios expressos em vários narWÿ
fÿ
o código criminal, imp«i,i 4mcL v£a icolher. C°"i"""iÇi° .

No decorrer dos cinco anos que vão das primeiras manifestações


Lei
sobre a necessidade de um código penal ao sancionamento da ,

62
discussões
de 16 de dezembro de 1830, entre comissões e parecei es,
tempo, não vislumbra
que ocorrem ano após ano, durante todo esse idéias
-

mos maiores discussões teóricas em torno de penais de modo


a podermos firmar os pontos de vista filosóficos, as lteorias que nor -

tearam a elaboração do nosso primeiro código pena .

Ao apresentar seu projeto, José Clemente Pereira não chega a


discutir as fontes doutrinárias nas quais teria se apoiado.
Bernardo Vasconcelos, ao explicar o seu projeto, preocupa-se
mais com a sua sistemática, discriminando as partes que o compõem.
da aplica-
"
1*: dos crimes que se podem cometer na sociedade e
ção das penas correspondentes; 2?: matérias judiciais; 3'>: da ordem
is matérias incluem-se o quÿ
do processo" acrescentando que entre ta
então se vinha chamando "lei dos jurados e os aspectosbilidadereferentes
, "

dos
ao "abuso do poder" dizendo ainda que a,
lei de responsa ódigo o
ministros irá infalivelmente para o código por terem no c "

desses dispositivos,
seu lugar próprio" e passa a defender a inclusão
contra a opinião de muitos. No código" - dÿ
"
-ele está o lu-
gar para todos os delitos £ penas
"
Mas
...
não há maiores refe-
rências teóricas .

Nas discussões a respeito de se se deve ou não aceitar o projeto


ntados por brasilei-
que premia projetos de códigos que sejam aprese
ros ou estrangeiros Lino Coutinho tece observações
,
sobre as vanta-
certo, diz ele, que
gens de projetos de autoria de estrangeiros.não Por
conhecem as leis do "
muito se criticará pois os estrangeiros
país". E faz, então, a seguinte referência: Bentham é de parecer
, "

s nacionais, por -

que os legisladores sejam antes os estrangeiros que o


que não tendo grande correlação com os hábitos e prejuízos piopnos
is claramente as coisas,
da nação podem ver estando fora delas, ma ,

e é ele mesmo que quer que nos corpos legislativos haja assessores,
posto que não votem, mas que discutam como deputados estrangei-
ros, porque como esses homens não são filhos do país, não conhe-
cem os seus hábitos e os seus abusos, podem ver mais claramente
imbuídos dos seus
que os próprios nacionais, os quais podem estar de um có-
hábitos e prejuízos .
O mesmo deve ser para a formação
im-
digo civil e criminal porque um homem estrangeiro pode estar ito
buído das leis de qualquer país e de seus hábitos, sem estar suje
,

a vergar debaixo de suas influências (Anais, 1877, ano 1829). E"

refere-se ainda ao fato de que a elaboração de um códigoãocriminal,


são es-
mais que nenhuma outra, depende de outras luzes que n moral do
"

tas de direito positivo; depende do conhecimento ização


físico ede um có-
homem é necessário muito cuidado na organ
digo criminal porque de necessidade devem-se chamar homens co
...
-

nhecedores do físico e do moral do homem; não quero dizer que se-


,

63
idos, não
ÿUf na ÿran?a muitos médicos foram ouv
™mai C°m° reSm0 "a Pfrt& à0 CÍyÍi--- (Anais,
"

1877 ano T829)


tÿ00 ÿ*f° i-'°Uÿfl10> com base, segundo ele própriieo de
indica,
tra-
em iWifh
tampnfn ar2Umpn1& com a necessidade de uma espéc
° fSPfC1a* Pfra & elaboração dos novos dispositivos que
estranho "
reaerm
a1J- fÿPreg°a a necessidade de um autêntico hábitos,
sodnlr,m™»'
i ? XfrVfJ0r ilUf não esteja trabalhado pelos ue os
eS °fiaJS'T °S. I1Ja.® podem ver mais claramente qmo a
"
usos e r ,,

Drónrirx; n-»ÿ
melhor m anf1ra ÿ" Se*ndjca,
1?fa'ÿ assim, o deputado pela Bahia, co
.

'

Cÿfr k°aS ÿC'S"' 1"e e*aS sejam elaborada


"
s

l para
ÿU& 3°r eStfJ ar *fSeridas no contexto sócio-culturalhadas
- ,

por r>p<;<;m
o mnl t S
! àS fr ? ,e"1aS>
]

e *í"eÿdesse modo não estejam traba


~

Dela nnínri & 'e*S SerVÍra° C0m0 normas regulado-


ras das condutas
oode t;:rXidfdC tf ta' eS1rffÿ
ÿ° er"Penh0
' tf Se eZa S£i'ia assim
conseguir ditada, édeo isenç
um máximo que se ão

e equilíbrio
de cui-
dadowÿnTÿ1° 'ad°' dÿ&fd° ° citado parlamentar a adoção Para
"
S n° 1'aÿa'ÿ° df elaboração daquelas normas. conhe- "
tanto lembra
cimento
unento físirr,
físico e moral do homem"
a feCeSÿ1daàe à& observar o que ele chama de .

e fS doutrinas iluministas e enciclopedis


-

tas d1V\ /r
P CCCf""&
°S Pr'fCípi°S da Declaração de direitos do ho-
r
'
ÿ .

mem p nmi -r ™®n1e ° próprio Código francês de 1791 e o Código


de Lnnkii '
?0m.° expressões do humanitarismo de que trans
borda
de
o direifn ™111'
punir e dp 11
aYeS dfS novas definições do próprio direitoos do
a eSPfC1e d® redefinição do ato criminoso em term
,

próprio Hopntl do, ao


que tudo inHipn &S teorias
e M? .
C°™° Un'
e r0rf,>
utilitaristas de
tudo
Bentham
t
isto, associa
teria
-

traba lhado
o esnírito dn Á
go Criminal de f8ÿaSÍifÍr°S q"fnJ° ra daf0raf3° d0 C0di"
o -

ietos ° íe1!V? Cn!n1na1> 'lU& eSta presente, aliás, em todos os pr


cam

segundo nm
frf°feZa/° traJU1°r francês, Victor Fouché, o qual,
»

m&iS deStfCad0S comentadores do Código Thomaz


Alves
es Júninr n -
Júnior, assim se expressou:

ÿ tf PÈmP're du Brésil ne répond pas entiè-


? eÿ' ,& d*e1*Qn>
Pr°Prement qu un Code péna' l,

f* deparler,
rement " '

car il ne tnit
-

1
j
° a
Jÿ™S I3 procédure en matière " 2f-A
omme penalite c est un oeuvre assez complète
..

criminelle-, cnmm ,
.

29-a. Idem, pp. 29-30.

64
contravenção .

O Código não distingue crime dee delito e


delito. O comentaris a
C°ntrário , enfatiza a sinonímia crime er, segundo diz, m
V<fX Júnior defende a expressão criminal por s
ibuído decisivamente paia
abrangente O fato é que deve ter contr penainstante
causa
a expressão
.

a ad°ção da expressão criminal o pavor quedores que a todo


ao liberalismo e à modernidade dos legisla ela enfase que o
destacam a obsolescência do Livro V, exatamente ento
p normativo aa
livro de capa rota" dedicava às penas, ao tratam
om um sentido prc omi
Pena. Tratava-se agora de criar um código c nas representan o u
nantemente ordenatório dos crimes, as pe
consequência do mal por esses causado. tituídas no decorrer
Os pareceres das diversas comissões ão
conschegam a demonstrar
dos trabalhos ,
isto é, de 1826 a 1830,aisn evidentes das razoes so-
maiores bases teóricas ,
nem análises m ue lhes são a os
ciais e jurídicas dos dispositivos dos projetos q °
mentar AÒ>
.

Câmara dispunha tão


A primeira comissão, em 1826, quando Àa indicar a divisão que
«° do projeto J Clemente Pereira, limita-se
.
ene
terá o codigo p
deve ter o código: "Duas partes, a primeiracriminal
con , indican o
e a segunda conterá o código de processo m ser compreendi-
da que "neste ou em outro código separado deve nas ou mu as, e
das as meras contravenções de polícia, suas pe
ma verbal e sumária de processo
"
(Anexo I). ÿsa ios e
lo convite aos
Por outra parte, apela para a saída pe J. Clemen e
jurisconsultos", embora reconheça que o projeto
. _

is vigentes, e o ser < q


se coaduna com os princípios constituciona
conseguir o me " or co §
não se deve perder a oportunidade de queiram concorrer " a
_

pelas vias do concurso daqueles ÿ


que
,'
apresentar um código criminaPp
bilidade de discutii e apio
Até essa altura, receia-se 3 responsa
var um projeto brasileiro, saído da própria Câmara. dos o*
uestão os projetos;
Quando em 1827, já postos em q
deputados a comissão encarrega
da de examina-los, pe o q ,
e
,
II), limita-se a qs
inferir do parecer apresentado (Anexo
exemplo, a obseivaça jajs
considerações laterais, como, porde algumas mms e me com 0
projetos "são ainda precisados harmonia perfeita as p a e
considerações que produzamironia
a quando se diz que nem se ÿ
«pre
todo" e há uma certa
beleza da teoria corresponde à utilidade da pia ic > ealiidade
. .

uitas
tudo vicioso também tornaria em prejuízo m
demasiada do filantropo" (Anexo II). . .„<?
E fica-se tentado a perguntar:
nde estar
o te Perena. ia o eÿCÿ°a aÿida-
No projeto Vasconcelos? No Clemen 65
ÿaf1r0P°"? Estaria a comissão em desacordo
i,e'ia1 t°S r°ÍS Pr°Je10S' ta0 tÍS1f"1fS r° rig°r PU
~

ÿ
ÿ
"
nitivo d Livro

nrn!pt !!"T1°rÿmÿ0ra C0nSidere a comissão haver melhor método no


que supre na clareza e ordem a fa lta "

rfe invM a & ÿUeente Pereira


°ÿerece ° d0 Sr Vasconcelos", ante as dificuldades
,

de fran f r™af 0S d0"S "Um só projeto escolhe e indica o projeto .

Vasrnnÿ®?0S Para a pauta de discussão descobrindo-lhe virtualidade, ,

,
„ f
rme se ve no n? 2 das conclusões daquele parecer .

° PâreC&r ta comissão mista da Câmara e do Senado (Anexo


Tm ,.

mi-intr
? >e"i te"íe"1e d0S deraiS> além de tomar incisivas posições
S° uçao do problema do código demonstra conhecimento
'| ~
,
ni
S ®er'nX d0 direito penal bem à altura dos tempos, e certa
°
sprKrhiiiri ?
& f Pma aSP£°1aS qUe de perto dizem respeito às relações
T£ & e e ™ecanismos de controle social *expressos no direi-
entrp ÿ
tr> _
Pe"a]- «cr a<tp
ÿC0ih£ndQ como base o projeto Vasconcelos compõe a comis- ,
T,
'1 CC, a SiS1emática distinguindo crimes de contravenções, de- ,
.

°S Ç" ?,e "i0Si d'31'tguindo os crimes "contra os interesses ge


-

raiwin , , "
ffÇa° dos crimes contra os interesses dos indivíduos
q
.

3'0 L'a PCta de m0r1e tantas vezes e por vários motivos


venfiHr / ,

iusfifint;-. f& i
encontra no parecer da comissão mista uma
arara'
e SUa inClusão e um interessante destaque de um este-
reótinn r u
lêncin ml Ui'1 * a °ÿSerVaÇão a respeito do repúdio que uma vio-
,

tumes rl<w .a Pe1ía de mPríe recebe "no meio de um povo de cos-


comissãn Jf> ÿUa 1° fra«"leiro". Ficam consolados os membros da
Je ÿUe ° P0der moderador por certo encon-
trarí', nunr.,1 0 & SUa faculdade os meios de substituir a pena máxima
,
(l

quan o convierE a experiência histórica comprovará a previsão.


S
iiÍCat *fC1USa0 d3 pena de morte encontra-a não
a coé
-

ya
missTn nn ; - - "
"0ranC1a à0 P0V0 A "docilidade dos costumes
suficiente J =

m?&"Sfr f ffreSSa° nascida da falta de instrução,


°
-

acham os rehf™
°S' afS U™1nd0 assim uma atitude que por demons-
trar um uifpn<ÿÿ .

e a Zff;0nI!iaCi0"arf"10 entre o "bem e o saber", "o mal


SS° deSmeieCe um esforço compreensivamente '
sociológico mi-.
'
a
pa? Serir" adeqU&r a5 1eiS à KÍ1Ua?a° sócio-cultural do
go há que ser "oro ÿ eXPre®Samefte quando se diz que o códi-
tomada na naturezf social» S,StematÍCamf"1e f°bre n™a base sólida .

f "inflnMÿc1ie 1 C0mÍSSâ°
eente expressa às desconexas leis penais são
SUP?rStiÇâ° & por grosseiros prejuízos
vi- "

compièta d as por
ompletadas nor observaçoes indicadoras do conhecimento dos prin
. .

66
cípios da pessoalidade e da proporcionalidade entre pena e delito
(nexo quantitativo), da preexistência da lei na definição do crime,
da limitação do direito punitivo às ações racionalmente consideradas
delituosas e não "a fatos que a razão nega existência e a outros que
estão fora dos limites do poder social" .

Sem dúvida o parecer da comissão mista mostra uma preocu


,
-

pação teórica que nos leva a acreditar que os seus membros, talvez
expressando também a média das idéias mais acatadas pelas figuras
intelectuais mais significativas nas casas do legislativo brasileiro,
estivessem de algum modo aproximados das doutrinas penais que es-
tavam na ordem do dia e que nesse terreno demonstram uma faceta
importante da modernidade que então marcava seus primeiros pas-
sos entre nós .

Lamentando não terem seguido "com todo o rigor de análise"


o princípio da utilidade pública, princípio que evidentemente se de-
"

duz na natureza social" e que está consagrado na Constituição,


,

abrem os membros da comissão mista uma brecha para discussões


posteriores nas quais como veremos, se deterão juristas e his-
,

toriadores .

o0X ,6° t
°

3.
BASES TEÓRICAS E DOUTRINÁRIAS DO CÓDIGO DE 30 -

V
X\ÿX V® ,
A maioria dos tratadistas e comentadores do nosso direito penal
e dos historiadores do direito brasileiro, ao cuidar com brevidade, ou
mesmo com maior cuidado ,
do Código de 1830, não chega a ua
maior análise de suas raízes teóricas .

jyi c,6v \c£> jxP.


As referências ao humanitarismo de Beccaria ou ao utilitarismo
de Bentham são feitas sem maior detalhamento quer dos próprios ,

dispositivos quer das discussões que os projetos e os pareceres das


,

comissões suscitaram na Câmara.


É bem verdade que se tem de contar com a precariedade da
fonte primária os Anais do Parlamento Brasileiro, editados já nos
,

fins do século XIX precariedade decorrente em grande parte das di-


,

ficuldades que os taquígrafos tiveram para ouvir e anotar os debates,


as discussões cruzadas e os apartes dificuldades por certo oriundas
,

das deficiências acústicas do recinto e das próprias técnicas de regis


tro ainda pouco íntimas dos taquígrafos. A isso podemos somar
alguma perda das notas cujo maior responsável é, por ceito, o tem-
Po: mais de cinquenta anos foram passados para que se cuidasse em
editar as atas das sessões dos primeiros anos de funcionamento do
legislativo brasileiro .

67
SP ah , í í JSS0 f3° f"Íma a Um& afàiiSe m3ÍS detida, salvo a quen,
Dor íim intA PfC,en1fren1e a uma investigação sistemática,
poi um interesse específico
motivada
.

1e
C!a PUf1ÍC3Ção , em 1875, das atas dos trabalhos legis-
ii f° fn0 de ÿ37
° re»Ponsável pela publicação,
AntoninPp ÿ10i
-
n
-
'

do trnhnih ÿ 10' nu™a nota introdutória, explica as dificuldades


d-K ° ie ÿeC°™PÿaÇão e cita, entre outras a irregularidade
j
,
,

tianí(ri-?frf S °
,
S
|
°
trWS da Câmara , e ainda a pobreza das notas dos
obrisarin n-f ÿ S 1eX1°? da® redatores. Confessa então, ter sido ,

énnm" & ™a PfS'lU1Sa> a apelar para jornais e publicações da "

aue fio ..
'
?àra 01ÿCaS e ai"3 para pessoas, vivas àquela altura, e
que figuraram naquelas primeiras assembléias .

"
ÿ i «fIh0"ífZ AiVfS ,
ÿ"'0r ÿaZ menção expressa àquelas dificuldades:
como L i d°°"me"it0S que nos servissem de guia"..., explica, e
SeU P3"do-se: °
contramns
"
...
assim diremos pouco pelo que en-
f&S a1 1S 1fUtC&ÿ&S da Câmara dos Deputados no ano
de 1830"3°- .

,fVnl
ÿP°f1'fa dfS 1ÈC"ÍCaS tipográficas

Sa °'
e editoriais do Brasil do
jnvp<;tj0í!,,~ fà
F°r S"a VeZ' dificultam ainda mais os trabalhos de
f G ']a> então
melhor il -
*

, que se fazer apelo, para tentar


S T lnTícs do
. nJ ?
Codigo e à
°''"
.
Se Pretefde descobrir e interpretar, aos poucos
escassa literatur
ÿ de pequenos artigos. .

lise '?fllÿ " 1f"1 ad


n
° |
°
r
ÿ S
.-
,"""
tam"fe apenas a repetir, sem maior aná-
aue til -.fir"
,

~
l
ai ÿéias utilitaristas cm alguns casos sem ,

;nÇ"° 1Ue qualquer apoio nas discussões e comentá-


'

rios d™ „
1 Jm f1a1eX
Delo nrimn' ÿ daqueles que afinal, foram os responsáveis :
,

pelo primeiro estatuto penal brasileiro.


ÿ
mente -
aS maÿ de"XfS sobre o Código - comentários
e Sb°radas tardiam
, principal-
e mesmn iS
'

err&1J°
quando muitos dispositivos
ente,

vas e emenrp t r -
C0™e?aV&m a encanecer por força das no-
C0n(*'?QQS sociais do país
empoleavam n % , das doutrinas penais que
lEUr°Pf e d°S Pr0Prros avanços da ciência e da téc
ias que ja expressavam tentativas de renovação no

Alves Júnior coín ÿa'e


"
°,,f®rVyr que comparando certas indicações de
,
' "
por exemplo cimndn d v
'
e"f°n1r"m°S alguns enganos do comentador como, ,

q"f ° ir°jt1° ,- C,frf"1« ÿi°Í


Pessoa: Código Crimina! ÿ.CX£"?P'° ' à"S °t™s de Vicente Alves de Paula
cuja 2? edição é T 1885 de Th ° Zràfi{ erii&J° f° Ki° à® i&"fÍf°« ,°
-

Práticas ao Códi TclimLÿJrÿ ÿ /1Vf $ J11"j°r> dações Teóricas e


g
com uma segunda edição em
leiro editado em São Paul J l88?
'

I Ai
i
Á ÿ r f"° tf J&"£Ír° fr 186i'
°

de CaW&r8° Direito Penal Brasi-


"

, .
o, em mi

68
campa do direito penal. Algumas já anunciavam um novo código
que deverá substituir o primeiro criado pelos homens do Brasil da ,

Independência e do Primeiro Império.


Os historiadores por sua vez, tomando por base os comentado-
,

res,
não vão muito além da referência ligeira àquelas citadas dou-
trinas e aos elogios feitos à época, às excelências do Código®2.
,
,

Thomaz Alves Júnior autor de um dos mais conhecidos comen- ,

tários do Código de 30 na 2? edição de seu livro (1886), faz refe-


,
rência como que em tom polémico a
,
"
um conspícuo e ilustrado pro-
,

fessor de Direito Criminal na Faculdade de Direito de S. Paulo, o


qual nos foi roubado pela morte"3® que teria escrito, truncando ob- ,

servações suas feitas na 1? edição, que o comentador negara qual-


,

quer vinculação do Código Criminal à doutrina utilitarista de Ben-


tham. O "conspícuo e ilustrado professor (J. A. de Camargo, "

também autor de uma obra sobre o Código) faltara à verdade, diz


Alves Júnior já que são evidentes as vinculações, e ele próprio as
,

revelara naquela primeira edição de seu comentário.


"

A cada passo (no Código)" - diz Alves Júnior - "encontra-


rão ou doutrina referida a algum princípio de Bentham, ou acober-
tada com sua inabalável autoridade . . . para se convencerem de que
Bentham foi o principal oráculo que inspirou o nosso legislador 3
E passa a observar as influências das idéias de Bentham no projeto
Vasconcelos no dispositivo constitucional contido no § 2° do art.
,

179 ("nenhuma lei será estabelecida sem utilidade pública ) fazen- "
,

do referência ainda a uma famosa conferência do jurista brasileiro


Bernardino Ribeiro, publicada na revista Minerva Brasileira. Nessa
conferência dizia se que o nosso código bem como o francês, foi in-
-

fluenciado pelas idéias do filósofo inglês, "sem criar, porém, sistema


novo"
Esta expressão sistema novo querendo expressar, segun-
.

,
" "
,

do Alves Júnior uma adoção dos princípios do sistema benthaniano


,

e não outra qualquer inovação, teria parecido a Camargo uma nega-


tiva da influência da doutrina utilitarista. E por constatar essa in-
fluência o conferencista pôde afirmar: "podemos com ufania chamar

João Vieira de Araújo autor de algumas obras referentes ao direito penal


,

brasileiro no século passado é responsável por uma Nova Edição do Código


Criminal Brasileiro, de 1830 feita na década de 80 a fim de adaptar o Código
,
à nova situação decorrente da abolição da escravatura e das leis esparsas que
já se acumulavam .

32. Entre outros historiadores do direito penal brasileiro que assim se


comportam em face do problema podemos encontrar, entre outios, Cesai
Tripoli 1947; Martins Júnior 1941; José Câmara, 1954; Waldemar Ferreira,
,
,

1952.
,

33. Thomaz Alves Júnior, 1886, p. XII.


34. Idem pp. XIV-XV.
,

69
ÿ derna"
reS?eÿ°S < d"È0); a última ex
$
35 pressão da penalidade "'
°

. ÿfí° ÿUf Ke P0de Ver> a questão da filiação doutrinária do Có-


.] ,

rir dir/famÿt Pr0V0C& discussões e polémicas a


que não chegam a refe-
rências filosóHc0- ju
P maiS Pr0iU"damfn1e denunciadores de in-
rídicas
&Camar
fluêncin« i 1C e'ài
go não é possível pensar em quaisquer in-
eauívoco d p
1

f
m
ilitaristas; e faz tal afirmação baseado num
nor cinni I 1" rmaÇa° X0fre a filosofia de Bentham afirmação,
,

diz ele « Primariamente moralista. "Não é possível" -


meditaonpc SeqUf° "°SS0 C0dj§° Criminal
aSeaSSe "°
, produto das mais sábias
tham "
>

" sensualismo e no utilitarismo de J. Ben-


moral" 8®
'

a jUSt*Ç& da lei está na conformidade com a


f
exnresstvn !ÿ0' frf ,™°J0' a1èm de equivocar-se quanto ao conteúdo
J
fias simDlesmpnt ° "
<<-
f&m0
'™°ia'i
- f> Sef.Sual'smo, entende-os como filoso-
e "perigosas",,
por parte Hp h e como tais inadmissíveis
dores rln ró r 0refS fUJa formação moral e intelectual - os legisla-
sas" pnfrp stÿ° . P0de"a Se coadunar com doutrinas "pernicio-
rismo
' q"a'S ?°r °er10 q"e ingenuamentoÿfilólui o utilita -

. \0
.

T, < f
Av\1>
utilitarir ? rX '?° afirmar °S Vínculos do Código à teoria
r„„
'

titucional t a C°™ mticadores tais como o dispositivo cons-


'

n n

daquela dn,,£ ,a C0miSSat mista, mostrando ainda a influência


m ? da dtkt 1 0?
d1V'S3° d° C0àig° ~ rf5"'1a"t«, segundo afir-
zação
zação dos
dos rrí
crimes r
públicos
- ? a n0 Pr°jet0 Vasconcelos - e na caracteri-
'

e particulares.
estraMei?nÿH-fV U"1°r °fi£rVam°$ ainda os comentários de juristas
dmor dn rÿ ?nJ- ÿ XÍG1°1r»sileiro F0UChè P°r exemplo, o francês tra-
~

'

adietivacãr. i"g° ÿnm1°a' f responsável por uma crítica à ,

naf Z te ZT7 n"r C0di&° qUe> CUÍJ3tà° dos crimes e das pe-
estruturacão r>a f°S aSPeC10S processuais, não poupa encómios à sua
?Códi,o dl,tin a Ca> amJ a'
° CÍ'ad° comentador, o fato de que
, , .

põe aneiris snhrÈ"m &™ÿ10 da moral do âmbito do direito dis-


°
«,
ÿ d1°S
,

rão se suieitir ÿma „ m""do externo", os únicos "que pode-


S&"Ça° e a Ura r°PreSSa0" a7 organizadas
Inrktn k i .

rfS1.f]r0S ®8 e estrangeiros, a par de mostrarem o in-


teresse susHtn o pe o estatuto
penal do Império em estudiosos e

36
.
'

1PAd T1"™*Z A1V®® Jifi°r> 1886, p. 38.


f

37. Idem
, A- â6 Camargo, 1881, p. 224.
pp. 62-63.
,

"
creveu Vicente dT PaXvkente de Aÿved C0dj®° Crimi"f1
o! 193L °

70
grandes nomes do direito penal no século XIX, apontam ainda as
influências que o mesmo exerceu sobre numerosas codificações de
países da América Latina feitas após as lutas nacionaisde in e-
pendência.
lau
de 1830 - escreve o jurista argentino Ladis
"
"O Código
Thót - "era o primeiro código penal independente e odem
autónomo
ser o
da
América Latina" ®®,e sua importância e significação p
servadas em vários pontos de vista, como o nacional, o " it
americano,

e do direito comparado e o da política criminal .

Para Thót o nosso Código Criminal influencia as codificações pe-


nais dos países latino-americanos e o Código Penal Espanhd de
1848 "d , e modo tal que a maior parte das mais sãs ideias politico-
criminais (deste último) ...
se devem ao Código Penal Biasileno e
1830" 41, que por sua vez é produto
"
do espírito do jurista nacio-
nal, e que, por isso, deve ser considerado como depositáiio do ente-
" i2
rio jurídico-penal do Brasil de então .

Resumindo a importância e os efeitos do Código, o jurista ar ÿ

gentino destaca, além da influência sobre outras legislações, a a oça


de uma definitiva política criminal - que segundotineleam graneea mi ÿ

parte das legislações, mesmo européias, até então nao


tido - e o que parece mais importante: o fato de ter sido, na me
,

rica Latina ,
"
o primeiro Código Penal efetivamente

naciona e pre
prto»". V0 .? .

finidas ideias
As principais inovações: postulação prática de de
ica interna, o C°
ele política criminal; aeloção ele uma sistemát
e o sentido das penas elentro do que bem se poderia c amar
" ntam uma rup uu
filosofia penal" entre outros pontos represe
,

a legislação arcaica das Ordenações - vigentes dui ante oa


La ma.
P1

século XIX sobre o mapa quase inteiro da América


de certas proporções o CódigO-XlS-iP representa
,
uma e 1

adequar o direito penal a uma nova realidade socio traor mana po 1 ice
-

e
mica. Mesmo que se levem em conta - dada a ex ais
tensão territorial do país ÿ-- os vários ritmos histonco-cu ui í
nômicos das diversas regiões decorrentes das diveisas ases a
,

tida exploratória do capitalismo seus vínculos de depen ei <


,

saldos de subdesenvolvimento e a própria cultuia as P°P


,
i
dor, mesmo
"

primitivas" preexistentes ao processo coloniza


39. Ladislau Thót, 1930, p. 40.
40. Idem p. 30.
,

41. Idem p. 41.


,

42. Idem ibidem.


,

43. Idem, p. 51.

71
forçados,
inclusive np,
5
ÿÿimentos sociais e económicos, ier
re sentido
ÿ'Ç&°" eS15an8&Ír°
ÿ"SS0 de Ladislau
a'ê"™a sorte deve
f
,

um bom nh
V& ?r'S °reiaÇ°eS> Thót, quando, ho
embora
sem aoonfar 1
0fserva ao mesmo tempo o cun
acentuadampn ÿaVf"Çad0 e & marca profundamente naciona
" "
l do
m
s refere
ÿi Pefa'. brasileiro. E se alguns comentadore
.

primeiro códiem cabi-


a "
frouxirl-m
menío de niitm
àe Se«s dispositivos,
f m"JJ10S a rigidezblema,
.
ou desjá ob -

°?' iSS0 P0r Cfr1° S& deve ao pro difícil ade-


servado nnr t- " t °S S0C1
0!0S°S do direito, de que é sempre l, como
quar convenip " t ° e fUfiCÍef 1emen1e as normas do direito pena
.

controle snri-ii fm 1 instância, ao entendimento socie


.
tário mais
radicil n™ va ,iores e a exata realidade de qualquer sociedade.
r>V cN®
4 . COMENTÁRIO SOCIOLÓGICO DO CÓDIGO DE 30
41 . .
Caracterização geral
* S>?,. cS& nte di-
zem resnehoÿÿ"!!*irei10S
C0fS1*CÍVÍS
1. "."Ça0e políticos
de 1824 que
dos mais diretamecontidos "

cidadãos ,

tais sobre
mais esnecificimp
° s quais se aSSe"1am
assent
n° ÿ179' S3° °S P0"105 fundamen
0S dispositivos normativos do Código Criminal
de 1830
llum
'f* "a definição da conduta delituosa (nu a
iminação,
crimen
T"' e / a 'rrC11,°atividade da lei, a discr lização,
referênch lemi
o acatamento
f Pe."a,£iÿ1°SW''f®eraÍS
'

nrv
poenaàasineigualdade
""
lege) e formal
sua individua
peran
te a lei,
ente,
a abolição das ?nprin
e daspenas l Z CrUe.Si 3?0ÍíeS'. tortur
a s, marcas
0 e J"ÿamÍ3> 3 inviolabilidade do dom
r
de ferro quicílio,
a garantia do direito ÿ
-
expressamente no
,
33* "*>
r conhecerá p"CÍa't0 -C0i1'g0
tre Criminal, firmado naquel
««tre ecrime
s prin
-

e
cípios e à °°i'fS' a dÍS'Í"?a°
teStSva aÍire clÿ >/
f'e?>iUStiiiCaSa°>
"

legítima defesa, tabi-


, cir-

cuns âncias agravantes e ntr


lidade.
Pr0VaS eXCeÇ°eS de inimpu
ÿj medida, a estrutura e a org
Contudo ele refleíe
" '
.
a

*nr\ X j de
,

nização social de uma sociedade


cie uma economia dependente, ainda co
72
do sistema e da forma po
-

escravocrata e patriarcal, temerosa


ÿ 'eCe1n-instaurados, e por isso cau
telosa ao resguardá-los, cer-
cando-os de proteções legais. orções
ruptura de. grandesõesprop
com e'e ÿCa'*Za> ® verdade, nm;iivro V das Ordenaç Filipinas,
;f °aga0
comefe"t° Pe"a, contida no L
-
~

C'Ue '3em Se P01'e cons


iderar como avanços s
ensíveis

na \ , '1i1 1'° C0t1ir°Ie social mais formal do-direito


de punir a condu-
"interesses públicos" em
tu c° tXi , aÿa °ÿCfS'Va> atentatória aos
geíal
ão SD-
™° C°"Se'lÍjÈfCÍ» estrutural dos sistemas de estratificaç
° i, por exem-
cialm ÿ «es, ° P"tC.Pÿ°
t
igualdade perante a le leira. O
plÿ F
r'i'0 U& a1°a"?fr 1°d°S 0S membros da comunidade brasi
lação legal
escr-) ° fa° Ser C.t'ft*a0 - eS1a í°r& da contemp
ÿ°r em casos
mais « e aXS*m Sendo, dispositivos existirão para normar
-

em que ela
S"fS C0f{*U1fS> exatamente naqueles aspectos
'

esne t ,
sua vez
venh- 3ÿe1ar a Própria instituição da escravidão, que por ís.
é u W1 i os fundamentos da estrutura económica agrária do pa
'

is" não serão de


nCia, as chamadas penas crué
"

0 C°n«£ÿ
todo Cr
à °'"<Jas, já que aos escravos se ap
,
ites como
lica a pena de aço
ão estejam ex-
pei ®er" Para todas as ações delituosas às quais n
'

Dr ssamente cominadas as penas de morte e galés.


im cha-
"r& Ça° de certos crimes,
incluídos entre os ass DOva
ÿ T? ÿ °" a
pode refletir as prggauções_gom.---
--
-

"
mad
estrr
t?ia P0ÿ'ÿT °"mfS PÚb!rcos
instaurada com a indepe
ndência. A,
norma da im-
islau Thót, a expres-
"

Dre

são d
S r111
tade <?yS Pe"aS è' C0m0 eXP''Cf Lad
c a ideia político-criminal do legislador daqueles
Vi'- tempos de que
° i °nm£5 não ficam impunes
dutas consideradas vio-
ja, oras
Certas penas pecuniárias aplicadas a con bservação
ou atentatórias da honra feminina conduzem à o éculos de
-
um nítido traço jp pamarcalismo alicerçado, em três s
ivas marcas culturais de
Pf«encia social, numa sociedade com v
raigado apego aos valores masculinos. óprias figu-
das penas,é seja
Assim é que, seja no aspecto definição, nas pr
possíve l encontrar na
s normativas nos crimes e sua
eS rutura jurídico-penal do Código Criminal
,
de 1830, convivendocom
nstitucionalmente acolhe,
c°m os princípios liberais que ele com
co a filosofia penal que em a
l -

as ideias penais ou, se quisermos, o da socie -

guma medida o inspirou, a nota influenciadora ou o pes l ele foi


,

borou e para a qua


el b ÿC°r0 cultura) que o ela
44. Idem, p. 50.
73
capacitem com a P0SSa dispor, nesse caso de escalas que ,

a relação entre n t &! d° d°i n"mer0S a medir convenientemente ,

de e os disnosifivÿ™ "Ia S0Ci°~P0lítico-econômica daquela socieda-


jam as fi3s S JU"didefÍ°Ídff
,C0;Pfn&Íÿe~aS seja
rela
o sistema das penas, se-
sem dúvida é nn«
SÿS ,
ções entre aquele e estas
composição e recnm ÿ~ eSiatf1eCCfdo um nível de análise de de-
râmetros históricos P°S1ÇJ°> levados em devida consideração os pa-
senta um áutênSc H 0CU'r"en1°
ÿ qUe ° C0djS°
'

soci
Criminal de 1830 repre-
sa as idéias de uma ológico e histórico Ele expres- .

C,£dad£ que acaba de ganhar sua autonomia


ÿ

política e que acnil


~

°
s quais terão de mnP° >

y 1 CQrf concessõe
minadas nel-i r ,
-

s nascidas e talvez deter-


-

,
trutura econômica colonial
periférica, que nan-cir-ÿ
à
dependente e_ ,

pedientesÿqÿe reflpfÿÿFeiLrÿ ÿ Pe--'i1fÿLP°ÿ ÿ&" C°™ eX" ~--

cimentado em séculrÿTTrÿ °f£S ÿa ÿ


~
ãdigiot o peso do costume -

cimento e exigibilidade
"
"

fl"e isso, de reconhe-


*

A
Livro V das Ordenarfi?ÿ !ÿÿ°X Ci.reS e das penas contidas no
' 'Pi"fS
por dois séculos d™ aSPeC1os
_
°
direito penal que nos regulou
mais essenciais da estrutura da so-
,

ciedade brasileira wL ,
que elÿSSS oteS décadas do século XIX, dos homens
mos dn filr.fr.f-
ÿ

°
u, se quiser a' 0f Íet0 deXi3 análise, das idéias -

,
digo a partir de
sive,
, tais inrfir»ÿg"e n0r1C0"' 0U melhor inspirou o Có- ,

estabelecer algumas hinr'?ÿ e "d°X 3P0Í"r°i è possível, inclu-


te certos destaques%m fSeS geraiS
d™ qUe serão aferidas median-
as seguintes: d°ii i°"1°S; aK Penas e os crimes; e que são
"
) O Código Criminal de
Penais mais avançada i
e rfora influenciado pelas idéias
,

«nttura pressão da
nas específicas m™ PaiS admite dispositivos e pe-
'

*"
Por ser escrava e stá fora T ! Camada da população que
reitos civis e políticos d
os cidadãos? ÿPr01eÇâ° ®erfi d°S dÍ"

normativos eÿ ÿ
cífSs cuâ !iUnÇaoè eí'£S?0nXàVC'
garanti
'
"
P0r dispositivos
unr
~

tura político iurídirn


-
ri
r e manter a estru-
£ 0 Pa,S e
ÿ trativo; SeU funcionamento adminis-
3)
ÿ " a1
diretamente
lia. se reteiem
referem a h
onra feminina
! !?a1i1 °f d1SPositivos penais que mais
e às relações de famí-
4)
não só entr e livres eÿ c f d'ifrefÇ3S de tratamento punitivo
escravos r-n
,
mas nos próprios dispositivos re-
74
lativos a crimes que mais geralmente possam oc
camadas da sociedade
Assim, as penas mais t egi . ÿ

mo as galés) não são conferidas a crimes mais


rem cometid Pr°
os por pessoas das camadas mais a
.

"

ilustradas"
preferindo-se para os crimes públicos q
,

em algum planejamento (ou que expressem a ®U m


Pnortem
a prisão ou a tradicional e socialmente res , ,

ÿe
desterro * pei a
5) certos dispositivo
s diagnosticam a presença do d(T
costumes religiosos
à superioridade dos mais ve àÿ
,
,i1°ft°
, cata_
mento aos valores tradicionais e os com
prome imei
vaguarda da estrutura sócio-econômica do
pais.

ÿ2 .

- As penas

No estabelecimento das
praeviapenas,
lege) acolhido o
penal (nulla
poena sine
corretivo e preventivo e o seu sei só tempo
dutividade social pelo ,
entendidas ainda como mal ievertidoe m Ppr0_ . ,

uma gradação penal ou de


exemplo verifica-se no c & ÿ ,

de morte à de açoite uma hierarquia das peru 1 (ja ena

ferem os comentadoress, encontrando-se um meio ÿ re. >

do Código de 1830 'entre osd»P«»


projetos
apresent
ados no mo
Clemente Pereira mento de sua elaboraçao
.
. o o y

A admissão da penajje rQQl|e reveste ém_ de certos as.


pectos dignos de destaque .
_
,
P 50
Desde os momentos iniciais de nrimeira le-
gislatura '

vindo o assunto à discussão


,
decididos logo
se perfil
am contra a pena máxima, coerentes e intransigentes a
fesa das idéias
,

os liberais ÿ de.
que professavam.
Repudiada inclusive como modo de
, PStribilho
_

tão
constante no Livro V - "
da pena de
ÿ

morte é f morra por ello -


eita dentro de dois entendimentos q funcionam também
como justificações e talvez até mesmo como ÿmanter a
bonne conscience d
o legislador; a saber .

«) a certeza de ÿ
comutá la
™„do em co
que, conferido ao podei '™°Jÿ
este provavelmente o fax
-

, d
P que possível, le- ,

nta o "caráter dóc. e paefcoe do pov brasileiro";


h> °
presença do escravo ÿÿ
como consequência entenÿdo eomo ,

violento,tendo
cessidade da pena máxima forç em vista
>P,

, P e a harmonia
a

sociais .

75
1830,
S t* SC S S0fS d° Pr0Jet0 do Código, em maio dede afas-
e agitando-sp f> n K |
f™' eYafta"Se a ÍdèÍa. i0go acolhida,
tar de todo a Pnem?i d e morte nos chamados crimes políticos.
Ferreira França, A
sendo su-un
'
!!!'! ÿf.fCm 0S ÿherais na voz de
Ça° aC3'ada- Embora as notas taqu
igráficas
is detalhado
.

e as atas di CW ™° f°S i°rneÇ3r um material ma


das sessões damirlt™ iscussões anteriores e
!fi \ P°demos inferir de d
,
1
tos, as experiên-
S fÿ em dos
ai1°'movimentos
n3qneIes momen
posteriores nn nacio -

cias das tentativa* ™Siradas de emancipação óis


inconfidentes ("traidores de ontem, her as
'

nal. Os expmn |
de hoie" cnmn 1T " "arrr a dizer), condenados à morte con-
e
decorrentes nprin ÿ '1, 3ra"'eS alcançando suas descendências -
ente nas
forme estatuí-im "™ d° LÍVr0 V -> pesaram certam ia,
decisões ZZZ&T
Ilrr™> fa1Ue'a primeira década
da Independênc ,

"ma experiência politica em pleno verdor.


tá cheia de de-
clarações deTOt íímví
i1i &S i6
nà d® ®tembro
®eSSa0
" do diade 1830 esquer contra, q
anterior,
uer
leia,
itava a assemb
a favor da nem ri
r°rte' 1 fÿS""1°
&if°S q"e e"tão agC0m f discussão do
d° C0dÍS°
quando se acelpnv., ' °

projeto da comiss ão mis a .

ais
X contra a pena máxima de deputados das m
conhecidos li-
variadas formacfíe f : e"1re os quais estão os
«W»! o <*
p
0n®efi .

vogado, .ambém bate!f O/f''°i'a


,m0 F'i°«» . tÍ"° s;Cc o magistrado
,

berais, os médienc h . "


1t1ra Reboliça „

mineiro Chichorro da rdra, des da Silveira,


'

um monsenhor: Fernan
eS Pacheco Pimentel, do Ceará, e Ai
-

deputado nor Sprain». °i


'
favor da pena
meida Fortuna
dê morte, e entre pL
rlp p "
a"?UCa C0"hfCÍdfS
Mas outrosfaestão a
VÍJ3 P0ii1ÍC3 J0 Pa-
os pa
'

ae e' 0 marquês do Paraná,


-

meiro império: o visconde lo.


dres mineiros Custódio rv
Nn
T ÿf&1fS e J0$è fentoestiveFerreira
ÿÿ®?1embro C0',«-.
de Me
ram presentes1"°7 S° P
r
6 depu-
°i "

tados; a pena de nior "°

«a saber cÕm que °


isso não faz
° y°10S" a f1a da Câmara a
qualquer referência Se
'

Sa C0ÿg° CrimÍ"fi; e o1°g°


toma -

atenta em cerc
dos cuidados esnecinis ÍL , ° B
própria"Oexecução
N
«0 1erm°saÚfj1 <dai
&
dis- "

P'aÇa pública) e civilizadaos com


. "

a publicidader enforcamentn ,

PS Sÿ i°i 'ÍtUa1iS1ÍC°* « burocrátic


tanciando-a dos anantmn-
a
que se revestia na s,
! Assim é que
' se exige " "°r ' que
execução seja imediata. "Mn
-

seguinte da intimação
"
, se irre
"
-

co-
a r0UPa ordinária
' "
vogada a sentença o réu Peto
inum, e desfilará pelas rnas
ruas ate
at /ÿ
a forcaC°m(para que todos vejam).
,

76
Mas se exige também que a sentença não se execute na vésp

domingo dia santo ou festa nacional.


,

Perduram ,
com esses requisitos, ainda, o sentido aQS
da antiga lei embora em menor grau, e o acatame
, _
festas na-
sentimentos religiosos ,
aos quais a§°rafe
das vuo
da emancipação
cionais, representativas das lutas e
ÿ
A previsão dos legisladores relativamente a C0
mU
p
ÿaj °
:
c omo
máxima confirma-se no tempo. Reiteradas vezes, e P ' cjecj.
dizem alguns após um episódio cujos resultados orie
, a

sões do poder Moderador a pena de morte foi com , <ÿ ÿ


de galés4® .
, h
A pena de morte é assim admitida nos casos eyP&<:' "Cÿovimen-
ÿ
micídio com agravantes de roubo seguido de moi e ,
cont
"seeu-
&
tos de insurreição de escravos (considerado crime .

rança interna do Império e pública tranqiiihdac e ), p car_se a


do movimento , em cujo caso a lei taxativamenteescravos.
o sei

pena tanto para as pessoas livres como para os !1


Ainda no campo das penas podemos levantar, ejti)e£jjeilte
ção, no Código da pena-dfi-gajés, a sobrevivê
loni
ncia, ef uma so_
marcado por características nitidamente co Contudo,
ciedade escravocrata e pois, socialmente discnm , . ÿÿ um e
° 1
ressalva-se sua aplicação às mulheres, &° ® prisão com
aos maiores de sessenta anos, os quais sofrei, p cna de
ipvando-se em
trabalho o que deixa antever um tratamento das
,
espe
mulheres, sera
conta o sexo (a prisão com trabalho, no caso '

prida "com serviço análogo ao seu sexo) e a 1 a e. toTTinn

Como a pena de morte, a de galés preocupa por con-


os parlamentares; em várias ocasiõesmarca
vozes de
se |ebarVa"/
bane 1
,
, u„tentacj0
atentado à
tra ela , pelo que representa comat
civilização" etc .

no con
45. Tal episódio deve ler sido um erro ÿdicia
Um homem foi eonsiderado P<
ÿ ÿchacina de
caso Mota Coqueiro" .
outro homem
uma família julgado e condenado a forca.
, P ÿ autQr do masSacre.
confessa ao filho momentos antes de m ,.-VPWÍ. vários artigos na
orrei,

Esse caso deu lugar a que José do Patrocínio escreves e«, nwj
,

blicados sob
Gazeta de Notícias coletados depois e pu contestada por
,

a Pena de Morte (Rio de Janeiro, 1887). a vci tQ de Mota


Raimundo de Menezes num trabalho intitulado ÿ 1952).
Coqueiro" publicado na revista Investigações (í>< , informam Kidder e
ndÿ torm ÿÿi854
,

A título de ilustração vale assinalar que Mÿ


Fletcher (1941) o relatório do Ministro da Justiça vos e v.nte e
homens
diz que entre 7 9-1853
,

-
e 16-3-1855 quarenta escra un ÿ
.ivres foram condenados à morte por homicídio, foram com
de quatorze escravos e quatro homens livres.
77
Só P f*
trabalhos de elabOTacãnÿlÿvr"t°3 ™a"S Pr0Xi®°S à finalização dos
combate-se -i inH,. ~ i Codigo, em maio de 1830 mais uma vez
rante e aviltante M» «a«i P""° 1™ ">"> *
PrescreviaTproietoÿS ,Ú'®°, i™ ÿ'°°Vá-la, conforme já «

considerava a pen-i de
Clemente Pereira nao °S I0 Prrj&1° J
C '
-

código francês« , §>°Si. f V='Ú»iC 1«<> diferentemente do


mais próximo £"°a o P0r Cert°s estudiosos como o que lhe é
e pronuemm .> e aÿaSiffd°~Se àa® ideias utilitaristas que preferem
_

ri™*Ui',1tade
Pr iSa°'
gido em razão * Pe'° sentido de mal individual infrin-
presenta. n - , ,

'
e Pei° fÿáter intimidatório que re-

galé fperpétuk m, ÿCa'a


ÿ
dfX Pe"«i admitidas no Código de
°,ÿ &P'1CaC'a "
1830 a ,

mes de pirataria inÿ em diferentes graus, a cri-


,

resultou condenação /"nfa° ,


fSCr3V0S> homicídio perjúrio de que
,

C*tò '°Z' *»*«**' iÿpaS Óu taabitaSff,e'",[i"'ir, ÿ*"


"

Í1 í que se poete entender tf 1S&a° da Pef3 rf galés, no Código - pelo °

ÿ I "e xistência do escravo" 01aS d0S AfaÍS i°Í decorrência da af "


.
~

i ignorante e comn t*i . ' CiU f e>


Seg"ndo os legisladores um ser ,
,

I mais violentas
L ™ÍentfS> mais capazes
i"CaPaZde deafetá-lo
sofrer fisica
outras penas senão aquelas
-

mente.

galés atingem nrenS !nie"r d°S


emef1e
C0mentários de Alves Júnior, as
e1ff1
° elemento servil, e, nas últimas
décadas do século nK, „

'
3®rVaÇ°fS como esta do referido comentador do
Código indicim n «
i1
entre nós: "os o-iIpq / ° e fS C°nseqiiências que aquela pena teve
| outros artefatos carrP ?1aV0S-* ilue Se ocupam de fazer trança e
° ii
ía faxina das prisões ° L'â PC'as ruas, e quando muito fazendo
Ide, e o preferem no w qUart0iS' 1èr eSXe £X13t° como de liberda-
k*> é pena, é es-

incentivar a delfnaiiênri!»3'
frf'
ÿ Pf"S3 o citado comentador será
"

certa feita , entre escravos S eSCJaV0S" 4f> f informa ter ouvido de ,

1' nheiros: "sou bem feliz- s<> , , ef.aà0S a galés, um dizer aos compa-
W crime que me concedeu estiÿ ff tfrP° S0nf&sse teria
'

, praticado o
eSia S0r16 que hoje partilho"'# .

Pen . .

°
legisladores ,
pelos crim!ÿ °*3SCrVam 0S
P S C"meS a°S 1"3ÿ «ao
comentadores
, esperavam os
-
aplicadas as penas de galés,
'

n° Código francês de I81o são ?1d™*1f 1U£


'

umT™, "os trabalhos forçados


Idem p. 91. Ur& fSPfC"f de galés" .
,

48. Idem ibidem, .

1deW
PP. 719-720
ÿ

,
.

78
que elas viessem de alcançar principalmente a massa e , 1

se esperava - como resultante de uma especie de ana ÿ


ignorância e o mal - a execução de crimes mais degra a
bo e outras formas de atentados à propriedade e a pess . '
pelo que se pode inferir de observações como a decia envcs '
galés teriam, a seu modo, incentivado a delinquên
pelo que representavam de gozo de alguma libei dade.
árias pe
A disposição do art. 311 (substituição das galés tempor
aiece m
prisão com trabalho pelo mesmo tempo) também p
funcionado como idealizou o legislador. E também nao eri
cionado outra disposição deste mesmo artigo (resultan e, a i >
uma emenda de Vasconcelos) segundo a qual as ga es e ,

substituídas pela prisão com trabalho, logo que houverem


"

cumpri
correção nos lugares em que os réus estiverem
sentenças" .

Ainda uma vez o comentador yem em nosso apoio,


denunciando uma autêntica restrição resultante de uma p «
deias ei , <
criminatória: a igualação no infortúnio das ca,

do, esse companheiro" -r*- diz ele -


"
é o escravo da vesper . . . .
pena de galés deve ser riscada do nosso Código enquan o
tada de 011
:
ra
livre , conservado para o escravo, mas execu
que o não é hoje"Q«. Q <&V qÍÔ - fuiúv
A pena de prisão, da qual no Código de 18 ÿ9 -ÿmDUtamÿal
ãphcações (mais de 50% dos crimes de mi ? sjs_
"

mero de
"

sanção) é, ainda para o comentador,


,
a pena por ex
" ®1
tema de wrí código bem formulado .

O acolhimento da pena de prisão para a maioiia dos de e


Jf
finidos no Código Criminal é por si só um indicador da a«"
_

deias
novadora resultando das influências das novas i
pelos legisladores*;ÿ
Se compararmos, por exemplo, a disposição ea
ladora ou desmoralizante das penas do Lwo V asna p
< ÿej_
vasta aplicação da pena de prisão no novo Código,
deias "tilitanstas que
xar de concluir pela presença da influência das i
têm na prisão todo um sentido a um só tempo coator, p
traz ao destinatário , e intimidatório, pelo exemplo.
Contudo condições não ocorreram de modo a se ÿ
tica as idéias que apenas repousaram nos mais de 150 d p
,

código que acolhem a pena de prisão.

50. Idem p. 92.


,

51. Idem p. 95.


,

79
aue o Hil!w!fS í,en1j1fi""a"aS da prática
,"
de um sistema penitenciário
garam até nóÿ ÿ€ÿ}r
Código l
â?"U n0 projeto de Panopticum °2 não che-
de 30 não refere qualquer sistema peni-
tenciário s-ih
i

a anlicacãn Cmí'S °S Ífi0r™es de comentadores e viajantes que


gerais ml n, ÿ" P°"&s em muito se distanciou, talvez, das idéias
'

do código KX0mfr&m °S legisladores no momento da elaboração

rios metnStd!1ar "° teS1emU"h° àe Kidder e Fletcherf3, missioná-


i eS11Verfm f0 Brasil em plena vigência do Código
de 30 dRIfi
J e q"e tiaS3™ observações extremamente interes-
-
~

santec ÿ. mc„
°
R;0S f
0S'Um®S de "r r°do geral e de aspectos da
delinquência no
(a prisão da Xiiÿ
fi P0r
f"e'r0' SeS""do eles, na prisão do Aljube
tados" vivenrlrv fxemplo são vistos "criminosos acorren- ,

em C°"d"ÇÕes precárias; "a maioria dos prisioneiros


_

e de escravo«" 1 "ZCm ainda eles -, "se bem que as leis brasileiras


» não distinpim
tingam cor e condição social" n*(!)ÿ

foi an< Pÿ?71m ™nÍ


r
S aiQdai er 1852 o diretor da Casa de Correção
,

ce esfnnhíV' °S ? . S C0f'1eCei" os sistemas penitenciários e "pare-


ministro hrcisii . f iffa™ "ler-se numa mensagem oficial de um
e'r0 0Pin1&eS a respeito dos sistemas de Auburn e
Pensilvânia"
rensilvani «s
ÿ ÿ q\
<$
CobrÿnT1° )fd° '
i0rta]fZaS C°m° as de Santa Cruz e da Ilha das
rêncin mnfi U&f1|aS C°r0 prisões, informam os dois viajantes , ocor-
P°r A'
simnles fn.--. ™ r
VeS i0"Í°r a0 dizer que penas de prisão -
"

art 48 i n - r CU™Pr'das contrariando inclusive o disposto no


art. 48 do Codigo Criminal"
» -

e Drisãn rn!!f rat| alho S


-

f
distinguem-se em dois tipos: prisão simples*
,
as quais podem ser perpétuas ou temporárias.
posição dn ÿVrfka'h{? Jf'Xa 0 C0digo, de um
°
s n
modo geral, à dis-
observacão de ÿfÿà e i iegn'amentos policiais , das prisões , com a
que evem ser realizados nos recintos dessas últimas.

da construcão
construção estar
p tnw
S)
!
m i0rf\? circular no qual estando a direção no centro
iam os d.retores em consoante vigilância das celas.
,

53 -
P. Kidder e J C Fletcher 1941.
.

.
.
,
54. Idem pp. 144-145.
,

ÿ ,

teria feito um relatório °


'eifr'à° diretor da Casa de Correção
"

opiniões" sobre
admiram quando comnirim n -t
os sistemas ÿénít %iar.QSJ"®.if& f°frf & viagem, emitindo
observados. ,n

S Os missionários se
relatório do citado diretor S1 "aia° £frà' 1'f® prisões que visitaram e o

nas prisões públi cas quÿofo-ec- ÿ '


'S
Je P"S5° S1fPies devem ser cumpridas
pro*,W,« E 7 r*.í,
-

m m
. '=i°'""'* .» -
, o

80
Mas, a acreditar ainda uma vez nos depcimentos de IC ÿ
os condenados a penas de prisão com ra <. uais
Fletcher,
se
no Rb de Janeiro na construção de aterros com os q
quistavam faixas de mar.
A prjs ão perpétua, corn trabalho, é designada paia p0_
blicos que de algum modo representem atentado a me p
. ÿ

a
lítica ou à integridade nacional; enfim, a alta traiçao p< ter
através do auxílio à nação inimiga para fazer a gue <.
hostilidades contra o Império; para os crimes Ç0"1111 f (je.
do Império e a forma do seu governo; contra o che eco g ,
pondo-o, privando-o de sua autoridade constitucional ou a
ordem legítima da sucessão) bem como para o cume
,
e r »
crime que se consuma mediante a prática especifica e ?
tatórias à independência e integridade nacionais e ao ex
poderes políticos. z-A
CCrtos ca
Outros crimes públicos como a peita c o suborno cm' ÿ

sos são castigados com a prisãcKperpétua, compen 1 q 1C'


mo crimes contra a "boa ordem e administração pu
reservação
A perpetuidade da pena tem assim um sentido ÿp
daquilo que mais de perto representa a manutença integridade
político-administrativo, a continuidade da vida politic ,

da justiça e o cuidado com a coisa pública. vpO


Quando se cuidava, nos primeiros anos da
iaÿ01aÇ'J vários momentos
'

da organização da justiça seja através da e


,

com a criação do Supremo Tribunal de Justiça, magistratura.


reclamava-se e mesmo denunciava-se, desmant os
, ' t)o Le_
O próprio Imperador numa fala" de abertura os ' '
"

, cjQ „a;Si
gislativo, insiste na urgência da organizaçao da vi ag
< Jmaj or.
mostrando os perigos de peita e suborno numa m
ganizada e mal paga.ÿ )
E se o Código impõe penas graves, como a prisão I
aqueles crimes ,
há observações interessantes sobre
tar a lei .

do "éculo passa-
Carl von Koseritz" exprime nos anos okenta
do um verdadeiro libelo sobre a situação da jus iç em
'

s0b as
os crimes impunes e toda sorte de ilícitos penais q
57. Alemão, chegou ao Brasil em 1830 como ÿeÿjor-
mercenária Radicou-se na zona de colomzaç
.
' '' .inti-escravista, deixa
nalismo e política Liberal, evolucionista
.
sobre
Koseritz um livro interessante e rico de inf JL . observa que
refacio, 0hserva q se trata de
o qual Afonso Arinos de Melo Franco, em p
81
e&1e (° Código Criminal) não é observado
deÿde ml,,toÿ
e™P?,
11 * ' *

P°]S na0 há no país um magistrado que tenha


, _

" =8
coripem ri a
coragem de com ela (no caso a imprensa) se meter ,
.

à Kjdde! e F'e1cher referem-se à corrupção na administra-


cãn na magistratura, embora reconheçam dificuldades que por
ódigos
cert _
PenSa1" e"eS
vpnínrr, de ser "mais bem assimilados" «>.
venham
só serão vencidas à medida que os c
de
ÿf S"e med*da aS 1a0 duras penas cominadas aos crimes
nerti

cãn
0yfCeiXfrar de ser aplicadas; em que medida frontando
-
a corrup-
amiplp« !y15 rd.,J.ya ÿ0reSCeu
J®P0X.tivos entredo nós,
específicos de alguma
Código sorteeis a um dado
Criminal, listas e
ÿ°eSe'"QS ffa'™ef1e avaliar. Mas, em verdade, anartas
~

oup n

nesniTícoH ' Ca °"a Brasil constantemente fazem ce re-


diência,
fprênrin .
' aPreS®"1af1'0 inclusive casos concretos de desobe
.
ou rnpih0r ' e SaC&1° aS disposições normativas dos códigos eloca-
aos
rptTiii-im C ° .
list-is p |
?K' Tÿ ÿdos, seja pela arraigada força dos poderesaís dos
1iU"' Seja Pe'3S distâncias da maior parte do p ão das
eC1f°í"10S da vida nacional, seja mesmo pela inadequaç
,

cpntmc
norm-is a realidade- social.
normas ;

"
nriv '
fÿ 0™ definida no Código, a pena de banimento, pela qual se
ia ÿyr& XemPre 0S réus dos direitos de cidadão bras ileiro e os
iiiihi
perpetuamente de habitar o território do Império (art. 50), "

descritos
!!1C'e 1er S'ÿ° fP'"Ca'ÿa er quaisquer dos crimes
~

nn m
no mesmoÿp

refere-se à privação do exercício dos direitos políti-


"

da condena-
cn<

p
] a
d? asileiro enquanto durarem os efeitos
cãn" ' ,
a5a0 nCl"e'QS condenados a galés, prisão, degredo ou des-
terrn °n U °' ° ba°Ímef1o como tal não aparece como pena im-
nnfiHo
? ÿUi 'l"fr aÇa0 delituosa, e o comentadort0 acrescenta que
>

§ 3?
ÿreÿ"ÿeCe" °S defeitos da pena, mas atendeu ao
tt , .
°
dn ar/S
posições.
70
Cÿ1ÍtUÍÇâ°" C°r° 'iUe Pdra farr0fiZar fS diS"
r?-!,?l *ÿ"fÍ.Se P0'ÿe' ainda, inferir das discussões na Câmara nos relevo
várir>
os nmhipr
l?etS ?Se C-ÿa'at'a'
5"f.P°rÿe*S10sentimento
011 P0r 3ilnÍ'° se punham
nacional em de
e integrida na-

e
cion-il ' ÿ r)p &e aCre'htar numa tendência confirmada na inaplicação

uma obra de estrangeiro, mas de um estrangeiro que viveu no Biasil e muito


"

o amou". Obra escrita na segunda metade do século passado, Imagens <ÿ


Brasil foi publicada em 1943.
58. Koseritz, 1943 p. 77. ,

59. Kidder e Fletcher, 1941 p. 307. ,

60. Thomaz Alves Júnior, 1886.

82
da pena de banimento mesmo para os crimes que mais de perto di-
,

zem respeito à integridade paz e segurança naciona , aos quais se


l
,

impõem penas de prisão perpétua ou temporária, s imples


,
ou com
trabalhos , ou, em certo caso, como a pirataria, as galés, a afastar o
uso de uma solução drástica ,
definitiva, como o banimento. E é
de se acreditar que tal tendência tenha nascido não só da convicção
da maior eficácia de penas como a prisão, pelo sentido, por assim
ém da neces-
dizer , pedagógico de advertência, de exemplo; mas tamb
sidade de preservar para todos o bem da nacionalidade, não admi -

tindo sequer a possibilidade da mancha da extirpação pura e simples


dos cidadãos do organismo nacional que se estava construindo. O
empenho de evitar qualquer aproximação com o conceito de morte
civil , que à sua maneira encontrava-se no Livro V das Ordenações,
que para os legisladores do Código de 30 representava a escravidão
jurídico-colonial, a normação desumanizante e violadora dos princí-
pios que as "novas idéias" acabavam de trazer ao mundo civilizado,
aquele empenho teria sido poderoso incentivo no evitar a inclusão
do banimento .

t 53,
A privação dos direitos políticos prevista nos casos do ar ,
.

por sua vez, não implica privação dos direitos civis. Ai se veri-
ivil.
fica, ainda uma vez, a precaução de afastar a idéia dedemorte c
seus bens,
Desse modo pode o condenado dispor, por exemplo,
,

observando-se nessa disposição o acatamento aos princípios ou às


idéias da individualização da pena ou da rejeição absoluta do que se pu-
desse entender por confisco consequência penal tão comum no
,
Li-
vro V das Ordenações .

As penas de degredo e desterro têm uma situação muito espe-


cial de aplicação no Código de 1830.
Já tentamos mostrar como os legisladores, ao incluírem no Có-
digo a pena de galés indicam-na em geral para crimes que esperam
,

ser facilmente cometidos por pessoas dos estratos mais baixos da so-
ciedade , pelos mais ignorantes: o legislador estava pensando princi-
palmente no escravo). E observamos, também, que para os crimes
de natureza política preferiu-se a pena de prisão a qualquer outra.
Também aí as razões são de teor evidentemente preconceitual,
ideológico .

As penas de degredo (art. 51) e de desterroi (art. 52) são penas


impostas a crimes que constituem agressões mais violentas à vida po-
ões
lítica e moral da nação Tais são os casos, por exemplo, das aç
.

que afetam a ordem da autoridade: abuso ou uso ilegítimo do podei


de modo a pôr em perigo a ordem e a hierarquia militar, ou que
agridam a segurança da honra, pondo tambémão.em petigo piincípios
morais consagrados pelo costume e pela tradiç
83
f''°
pela sentença durnnf *
,
° réu a residir em lugar destinado
ser ?<">°0m31'Ca
P°' £i">e Prescrito. E o lugar há qoe
por exemplo n ™>n . ™ m que morar o réu .
Essa é,
e situações vevitÿ. ™P0$1a a Um crime cujas consequências morais
'

rais e religiosos- ÿ am diretamente a família seus valores mo- ,

da defloradT C"re de e
/>;
!1"Pr0 <«. 221) "cometido por parente
O degredo nec«p aU ?"f f"° t(ÿm'{a dispensa para o casamento"ÿ
3
remota da
'
0' imP°St0 (Z a 6 anos) "para a província mais
em au? -

'eS, n 3 deflorada". Tenta-se desse modo, afas-


tar a presenci rlr> ,

ofendida e naturaS?
"
'
Sa Çe1a
e' S"a
!'VerS0fha" P°r q"f passou a
™1'ÿa
.

se o dote -
E ao degredo acrescenta-

da sua nrin!cin?i ' Íÿa ° íéu a S3n" "dos termos dos lugares do delito,
°,

não entmr Z ® da P',ÍndPai reXÍdèfr& t° °iefrÍJ0> e & *

ÿUm ÿe'eS d"ran1e ° tempo marcado na sentença",


' 1
conforme exn rp -

ressalva: "mL/a a n0rma Mas é esta mesma que faz de início a


° 01
-

141 ("arrosn 1r3 d°C'ara?a0 não houver" .


No caso do art.
r-c í
timo , comando miNnrÿSerVar ÿe"tC eXerCer> Sem direito ou motivo legí-
Governo mi wv™ ' comando militar contra a ordem do
'

șf'
.Jc Sab
pr que a i o ÿt 01f C0"SerVar reunida a tropa depois ,

tflm 1 .] , °U «jualquej autsurulade compçtcute


prtete, tora iMyén» J** « <Sÿ c degredo tf que
J
poraueVâ™ ? eS1"PrQ ÿser reparado pelo casamento,
ofensor "parÿaÿroScÍf
0 luear em mm Q !,
m/f0tattí°otaPÿ,WÍlivrando
1e« ° 1,e«rfàt iaZ fia®tai °
assim a ofendida e
.

dano social a Pr&Se"?& do causador de um grave


djv'-' _
ÿV Okò C.0
deradas tarnh/m fP|*C&d0 em vários casos de condutas consi-
nos eímês i f""'3','i "
i i=S»'3"*> <>» ÿ
resultante de d
nra, como. por exemplo,
ÿ
menor de 17 anos. de efloramento de mulher virgem
e a guarda da d
honesta menor de 17
eflwada ÿud n m
í° eie1"ft° P°r 1»em 1em ° P°rfr
Se C°fSJreie sedução de "
mulher
,

Preservam ÿÿÿÿ C3rfa1


'

t °C'°
'

tados e as d isposic<vV . ,
'
ÿ
°i Pr.tCípios morais socialmente aca-
f'fa- nalar que TmodoS
Vale assi
pro consumado alem ch ? ,
°
ÿreKPeÍt° & h°fra ieWi"
0S dispositivos referentes a estu-
.

so da cópula carnal obtida mJríi fS1eH;° impõe-se o dote .


No ca-
tratando de "mulher honesta" Há violência ou ameaça, em se
se a violentada for prostitm-, ?1e, ° qUa1 S0 na0 Sf aP1ÍCa
'
S1'1U]ndo-se ainda, nesses dois ca-
sos,
o desterro pela prisão
'
,

84
O dote representa assim ao mesmo tempo, compensação do
,

mal causado pela perda do requisito essencial para o casamento -


quando se tratar de mulher virgem - e modo de marcar as condições
especiais em que se deu tal perda indicando a não-participação voli-
,

tiva da mulher Ele pode representar simplesmente a reparação pe-


.

cuniária da conjunção carnal obtida de modo violento ou fraudulento .

De qualquer modo o dote consequente à realização de um ato


delituoso confirma a situação de inferioridade da mulher numa socie-
dade dominada pelos valores masculinos. O dote expressa a sujei-
ção feminina e a situação da mulher como uma espécie de mercadoria
familial e também um modo de garantir e impor os direitos masculi-
,

nos, direitos pelos próprios homens consagrados impositivamente,


porque garantidos pelas normas penais.
O casamento, em qualquer dos casos em que se efetive o estu-
pro - à exceção daqueles em que ele 1180 seja admissível - se
realizado dispensa os réus (os ofensores, portanto) das penas, repre-
,

sentando um modo de se anular a ofensa cometida Recompõe-se


.
,

assim, a ordem e a harmonia social antes quebrada e violada .

\ 0
Atendendo ao princípio da satisfação, inclui o Código penas de
multa, seja como pena exclusiva, para certos crimes seja como pena
,
acessória. A* Uròlusãa da invilta é f-.pibà
, porém, çofeti Um rígqr,
às moào st eúkw qualquer semMnqa cotn eonfeo , com-
queira no Livro V., è proibida pefa própria Conÿtítaíção (att.
179, § 2?),

Mas um aspecto logo sc destaca, em se tratando de multa: a


possibilidade dos réus não disparem de meios para pagá-la. Nesse
caso a prisão com trabalho é o meio encontrado para que ele possa
ganhar a importância devida.
Contudo, se bem observarmos, os crimes aos quais se aplica a
pena de multa, única e exclusivamente, veremos que se trata de atos
que de alguma sorte contrariam o que se pode entender como com-
portamento adequado ao cidadão das camadas mais altas daquela
sociedade: recusar-se a auxiliar ou a obedecer alguma ação ou convo-
cação da justiça reunir-se ilicitamente seja para planejar, seja para
,

executar ato considerado delituoso, seja para obstar o gozo ou exercí-


seja descumprindo normas impostas ao estabelecimen-
cio de direito,
to de impressoras seja desobedecendo à censura de obras impressas.
,

Observa-se ainda o fato de que as quantias são relativamente


elevadas quando as multas estão imputadas àqueles crimes que mais
,

facilmente poderão ser cometidos por pessoas com maior disponibili-


dade económica.

85
acões mirmr>*
b 1" P f 01í iU&pensào de emprego são aplicadas a
,

!0Xà"1e"1e descritas e podemos assim descobrir o cuidado


.

esnecínl H °
efiS a?°' C°™0 a denunciar as precauções tomadas para
'

cnm r, "K
°
iurírfim n i m UrCi?namfn1°" o correto cumprimento" do sistema
"
.
jundico-admmistrativo
.

que se acabava de implantar .

t
* tem n0 °0dÍ8° de 1830 uma situação espe-
a fnrW V i eS° 0t'"f & especificamente para o escravo mas aplicada
,

mentrK ~
d& a'gUm modo tenham tomado parte em movi-
renca \ ÿ inSUrreiÇão ela define muito claramente a imensa dife-
,

art fio L r &™efio penal entre homem Jivre e escravo, quando no


,

sei-i t m -t Jf *'Ue Se °/ÿ" ÿ0r escravo e incorrer em pena que não


J

sofrer sp!-'! p '

" t
°
U ° Sa'és ,
será condenado a açoites e, depois de os ,

ferro nplot 1e®Ue a Se" fGfhor que se obrigará a


°
, trazê-lo com um
tes será fivnÿ° ™aff",f ilUe o juiz designar O . número de açoi-
mais de cinq ÿenta"ÿ"i1e11Çf '
e ° eS°raV° "â0 P°derà 'eVar P0r Jif

tradaiÿ, 1lUa''lUei justificação , realmente desnecessária da en-


légMado,C0ii8°'
C" " C rffo
,,' 1a° i= S=,Í=»1»t ° expediente, do ,

Çando mediante u,a medida normativa,


'

i
um coítnmp ,
funcionamentÿe CV'!"1°
C C
, m grande parte responsável pelo próprio
.
. _

pelo senhor ÿ mstituiçao da escravidão: o castigo físico imposto


° eSCK V0
ciai no sist
sistema fX?ed1e"ie q"e 1em assim uma função
de relações
ema r| |
so-
e de controle daquela sociedade
~

se acrescentand o
30 aSi"ma Pe"a comum imposta ao escravo; a eles
mento> C°m° /Z ° djSP°Âi1iV»>
duplo
upio sofri
sofriment o ferro a pena impõe um
,
o ao condenado .
Ambos igualmente humilhantes .

ficáveis no capítulo dos crimes justi-


tive dadcf nT - ,ÿ1f2f?|P altamente denunciador do amparo norma-

ocorrido "auando Jy ÿaV®1> e "a0 haverá punição para o crime


j "" CaStÍg0 ™rerSd0 qWe 0S ?SÍS
] discípulos, ou desse ciático >a Se"S eSCraV0S e 0® mestres a seus
I/ nâ0
passaSeJassim
-a contrária
no ÿ às Hleis em víor»õ™3
níVPi
ÿ ÿ ÿ ÿ Ufi
™ a qf,Ídadf. deÿ
<? r . O exercício do poder patriarcal
Agn
.
f

-
ÿí£ludente _ daÿlicitude .
--

"
o eXPreSSa° "castigo moderado ,

sitivo uma válvula de a,S Ve1}1°


,
» encontramos nesse dispo-
patriarcal, e que pode cum
'

.
Ci®" CÍf "0 funcionamento do poder
.

tarefa social e xtremamente Lisigniricativa


ficàH;a sW
a
reSgUarr&r° Pd° direÍ1°> Ufa
para o sistema.
Por outro lado se atentamos para as tão notórias dificuldades
,

de funcionamento da justiça no Brasil, para a precariedade e para


,

os vícios dos órgãos e das instituições judiciárias para o amplo poder


,

ainda desfrutado pela justiça privada podemos em boa medida con-


,

cluir que em verdade o escravo encontrava-se plenamente nas mãos ÿ


do senhor o que não
, será de estranhar num regime escravista, cujas
leis criminais elaboradas , pelos senhores, objetivam a manutenção
do sistema e sua defesa.
,

43
. .
Os crimes

Acatados os dispositivos constitucionais (em especial o art 179) .


,

os quais terão como consequência primeira no Código, a definição ,

de crime (sinónimo de delito como expressamente se diz logo no


,

art. 1?) e a influência dos princípios liberais que facilmente podem


ser identificados, fazendo com que a maioria das normas discrepem
de modo radical do Livro V das Ordenações Filipinas pode-se cons- ,

tatar que o legislador do Código Criminal de 1830 teve em mente


uma distinção relativamente nítida entre moral e direito o que em ,

princípio vem repercutir na tipologia e na classificação dos crimes


compendiados.
O sentido da "utilidade" no que se refere á pena vem cobrir
"
,
"
também , o terreno da correção moral , do "exemplo", da salva-
guarda e preservação dos princípios morais dos quais o crime, como
violação das regras colocadas na última escala da hierarquia do con-
trole social , também constitui uma violação.
, ,oX \w wíCJ1 .e.Or
Ao distinguir crimes públicos de crimes particulares, além dos
policiais, o Código aproxima-se do projeto Bernardo Vasconcelos,
cuja classificação fazia tal distinção. Mas embora discriminando ,

em títulos e capítulos não se faz ali uma suficiente definição seja de


,

uns, seja de outros.


A distinção porém, se esclarece, e pode-se observar que todos
,

os dispositivos referentes aos chamados crimes públicos dizem res-


peito a ações que de alguma maneira possam afetar desde a própria
integridade e independência do país até monumentos, edifícios e bens
,

públicos, danificando-os ou destruindo-os. E entre esses dois limi-


tes encontramos figuras jurídicas de crimes que assim entendidos, re- ,

presentam precauções que a nação recém-independente toma tendo


em vista a sobrevivência do seu sistema político e da sua forma de
governo.

Como consequência da situação sócio-política que, permane-


cendo após a independência estender-se-á até a regência
, e mesmo
87
ciosos que se alastram H, pe
1"e Se
- -
C0°CretiZa er movimentos sedi-
história de episódio= a a° R'° Gr&fàf rQ 3Ul> enchendo nossa
toda uma época dr *
& SafS"e e de heroísmo, marcando também
Cabanagem) entram
® med° (V '
S" FfrraP0S' Balaiada,
crimes aue nli t[><Jigo certos dispositivos para configurarem
PoSSj inLuíado e
-

Pct
'
m ?822 Ú "
P ,-
°r° r=Í°" * ° ***
ração ,
da rebelião e da ldição
s
ÿ° aS i"gUrfS da
' , ,
In
"

tenças dentrí(
' "

,
> C 3Presentam na sua definição sutis dife-
pela hierarquia das pU? ii C°"i"""

integridade ÿ ° C1™e diretamente contra a independência e


i
C0n{1& a C°"S{"tuição do Império e sua forma
e contra o chefe do
rem-se vinte vlÍ J 0U ra1S$ Para
S"&
an
°
- ™1jVa é: "concerta-
n° grau máximo é r> , praticar essas ações. E a pena
Q i
a desistência do inteníoVÿ e™P°ràr'0 Para fora do império. Mas ,

o crime de conspiração 'V iJe®C°fe1ÿto 3P3ga completamente


. , P°r eÿ& não se procederá criminalmente".
ÿ
compreendam ÿ odas a ifU"]fi0 r& "Uma °" mais povoações que
mente destiuTr mn

"
V'n1e rÍi
.
Pisoas» para tentar direta-
modos a constituiçãoÿ
ÿÿÿ
,
fo
a
'
f ,"1efnJaJe J0 império, por vários
1'® governo a autoridade e os direitos
do chefe do governo r,
,
1
dos poderes constituídoÿp eSaCS{ar 0U impedir a execução de atos
'

grau máximo ,
a prisão "-»>.pétua
P"Sa" Pÿ
-fa com
eSSf C1'mà Se dá
trabalhp °
, como pena, no
.

há dúvida um évjdentp ÿ< ÿ?"[re '


C"fU1P'ràC"° f rebelião tem, não
não d4?S£ l 1ÿ
,


- f
,2* à ii"iifiM"Úi a

em face da a gitaeãoÿoÿítÿ ÿ ''1''ii''" Sefal das expectativas e


<>= comportamCS SS TLT'" "° i"iS W"*"»
,

"

mesmos fins O crimp HP


. - ~ consecução, praticamente, dos *
mais urbana mais concernpm* ?1™ÿ
,
0 Y'Sa f°r fSSir djZer> conduta '

que, confabulando em número ,-H £amaraS opositoras mais ilustradas,


de algum mod o, pôr eTn 1 are"ie iedUZji0 PWdeK3c> assim, '

implantado A conspiração £
.
5{a{US qU0 político recentemente °
-

expressão "concertarem-se" iá s aSS1™ C'Í™f mfÍS Ídf0'ógico (a


indispensável ao aliciamento *i! 1'°? "K',°"° d® deliberado proselitismo
dando-o por inexistente! >***** «peraÿ
,

e apagar o crime ,

Com esse dispositivo o legislador ÿ°f°er10" não se efetiva em ação .

ades tíbias e os ânimos revolucionaHÿ a matr e1rf1T1ent'i sobre as von-


a deserção em algum momento ri mente duvidosos, sugerindo-lhes ' j

«jumento de perplexidade .

88
a
Por sua vez a pena aplicável - desterro
,
temporário -ÿ e
ticáveis por indivíduos
pena típica para aqueles crimes políticos pra a planejar
das camadas mais altas mais letradas", mais capacitadas
"

,
do país. Sabe-se
qualquer alteração no quadro constitucional xemplo, deram lugar que
episódios ocorridos no período regencial, por e
à aplicação dessa pena a políticos atuantes no Império.
imento, de ação
A rebelião tem um sentido mais expresso de movbada do regime,
de massa de populações que se propõem à derru
,
iminal expressa, no
do governo do chefe da nação. Essa figura cr
que a cada mo-
,

Código a influência dos movimentos e agitações r


,
reservação norma-
mento aconteciam em vários pontos do país, a p império colonial
tiva do risco do separatismo que desmembrara o
espanhol .

Sobre esse crime o comendador Thomaz Alves Júnior diz que o


Código de 30 "adotou doutrina sua e original fazendo referência
"
,

ltantes da própria
ainda às dificuldades de aplicação das penas, resu
das nos movimentos.
quantidade de pessoas que podem estar implica
ituação também
A sedição é a figura criminal que tem uma s cometido
muito especial no Código, que assim a define: as"julgar-se-á
armadas todas, ou
este crime ajuntando-se mais de vinte pessodo empregado pub ico
parte delas, para o fim de obstar a posse lo legítimo; ou para o
nomeado competentemente e munido de títu obstar à execução e
privar do exercício do seu emprego; ou para ÿ

l de legítima autoridade .
cumprimento de qualquer ato ou ordem lega lar
Com isso verifica-se o cuidado do legislador em contemp lo-
ís em que a tradição co
situações perfeitamente ocorríveis num pa der vinculado á proprie -

nial fixou o costume do mandonismo, do po


dade da terra ,
do senhor dispor amplamente doresença
poder, de tal modo
da autonda e
que - e os exemplos são numerosos - a aop costume socialmente
constituída possa até representar afronta defendido com violência,
acatado e muitas vezes, por esse motivo,
inclusive organizada. as insti-
Sabe-se das dificuldades com que tiveram de contar
tuições legais do país para impor a organização judiciária, a admi-
ente se marcou
mais profundam
nistração pública nas regiões em que otentados, das grandes e pode-
,

a presença dos grupos localistas, dos p do Brasil, o delega o,


rosas famílias. Até hoje, em muitos pontos de qualquer orgao
o coletor e mesmo o juiz, o promotor, o fiscal de ceito 1110 o
constituído, representam
,

oficial representando o poder


,
harmonia dos man-
o estranho o intruso, aquele que vem quebrar a muitas
,

dos e das obediências, as composições e a tr anquilidade


vezes intranqiiila - até então reinante.
dialm?nte um1wmfd1ÿ,1f"?fèm ÍftUid° n0 C0dÍg0' è Prjm°r"
das ordens Wak- n PreCaUÇao contra a oposição ao cumprimento
prevenir as dificuldad ÿ
e
"""
!Ç"0; reiiete a cautela do legislador em
"

n0Va
o acatamento daquelas .
SÍ1UaÇão política garantindo
,

ÿ
E,
,
C°™° ÿSe P0àe Ver> é o típico crime do escravo.
justamente nor „

conquistar a lib erdadTÿW™e" ÿef°rÇa"


SPeCÍai
°
,
a0 escravo que procura
> eif
Código , que dessa fnrmn está em separado no
na economia dr.
onomia do garante uma propriedade importantíssima
pais, e um capital da mais alta relevâicia.
'
r,

d
J1áX'r0 C0"} f Pf"a de morte, a insurrei-
™" J
Ção não poupa o hom
qualquer modo n m . fm Vre que ajuda incita ou aconselha de ,

dá-se a ele tamhém a eSCraVa Se fif cabeça o movimento,


também
pena capital.

então jovem pai ! .'"ÿC08| a"f''a ie$ia''a como imperativo social do


de todo um caDí!níPen "1e ° CrÍTf de ™>eda falsa. A utilização
certo uma imposição do
nos debates
s ratos
fatos
narhmmt.,
ÿ
.
Hm P ,
mi"U°i0faS 3 respeito é por
vários momentos observamos ,

vários pontos do Bnsil '


a
vencias a moeda falsa derramada em
e a ocorrência de ini f * i r'f.CU'dades de descobrir os criminosos
debates , rataria ° ''"3,-
">=,° 1-» « P»i" i°J
(a falta de um mdrõ - piocesso de assustador crescimento
sido sempre um poderos!?metano a confusão de
JYad0r r° r°edeir
, moedas deve ter ,

levaram o legislador a o falso), por certo


porária e multa fr ° C"re C0r dupla pena: prisão tem-
ÿ

. SP
a r
AJj terdade e a segurança individuais e a
tegidas no Códi
tivas incluíd go Criminal de 1830 através daspropriedade são pro-
disposições norma-
as sob a rubrica de crimes
particulares.
Todos eles são contem
influxo liberal que os plados com um menor rigor e um vivo
colocam numa situação bem diversa daquela
em que eram tratados no Li
três se vro V das Ordenações Entre todos eles,
ÿ

ressonância destacam de modo a nos dar alguma .

medida do alcance da
naqueles dispositivos da estrutura
,

da sociedade brasileira
das áreas mais urbanas ,

mais "modernas" mais influenciadas ,


pelas ideias mais liberais,
.

O primeiro dos três crim


entre os crimes particulare es que se a
presentam nesse aspecto
s é o que está definido
encabeça a logo no arti
parte dos
livre que se achar em crimes particulares: "reduzir à escravidão go que
pessoa
posse da sua liberdade".
Numa sociedade escravista, o bem ra'°ÿ . Se ser
homens livres) há que ser defendido em pri ne.
homem livre" equivalia praticamente a avidao
ser om >
"

nao p a deixar
nhum outro ato reduzir ,
alguém à escr
ser um grave crime .

_ ários
Durante a primeira legislatura, em várias e£ escravo.
motivos discutiu-se o problema do fundamen o d pessoas
Apareciam na Camara , de quando em vez caSos,
se dizendo livres e que no entanto estavam, p "
q verdadeiro --
reduzidas à situação de escravo inclusive P0r1'1"de.
i ,

ou pretenso - senhor ,
título legal de proprieda
Duas petições chegadas à mesa da das gentes "
.

1826 deram lugar a longas discussões sob livres" teriam


Uma delas referia-se ao fato de que algumas p ta cje
sido "violentamente reduzidas ao cativeiro por n g fief;nicão de
ão aceitou-se:* defmiçao
Cabinda na África.
,
Da longa discuss
Bernardo Vasconcelos de que "a cor preta pre p ÿ

Mas a referência expressa no Código é a PÿC1\"ÿnação e ÿujei-


bilidade de se usar a escravização como meio socialmente bran-
Ção, mesmo de indivíduos legalmente livres, . . .
cos. 06 .

Como no caso da redução à escravidão, o 9°digo ÿição


normas que são precauções contra o cárcere privo
ta a pstado)
do Estado)
por motivo de religião (se o perseguido respei
Ainda na parte dos cr,mes contra a liberdade
o Código de referir expressamente o direi o recusem a
do juízes oficiais de justiça e outras
, ou qUe de
dar ou demorem no "passar ordens de ha medida jurí-
alguma maneira confundam ou obstem o empreg

O instituto penal novo precisa assim seide casos


seus aspectos , e vale assinalar como, mes ÿ ÿ q crime é,
cujos responsáveis são íiindonônos pu
no caso suspensão do cmprcgo)
colocou todos os dispo-
,
o g Jesc rimento ou mau
sitivos que contemplam a possibilidade crimes particula-
cumprimento do instituto do habeas corpus , ajn(}a mais
„s crimes contra a liberdade
res,

a proteção na aplicação dessa grande C0fil"f ! ÿ quajs


os princípios gerais os q
o Código de 1830 acolhe, coerente com

Dos demais crimes particulares, °S ÿos


r1""
ÿ ÿvalores
costum
0 es c o
da honra estão tratados coerentemente com
91
que o conceito de honra fazem vigentes na sociedade brasileira àquela
altura do século XIX .

Entendido o estupro como có


e/ou violência pula carnal obtida mediante fraude
coloca-se o Código
moral das mais importantes no
de 30 em defesa de uma exigência
,

quadro geral dos valores morais c


dos requisitos patriarcais no que se refere
assim, à mulher. Defende-se
nos artigos referentes a estupro
menor entre outros, a virgindade da ,
a obrigação de respeito a quem tem o poder ou a guarda
,

de menor acatando-se aind


a o princípio dos graus de parentesco pÿrf
,

a realização do
ÿ

casamento .

Nos casos em
mas a sedução que não se verifica o estupro propriamente dito,
a simples "ofensa pessoal para fim libidinoso" ou a
copula carnal obtida mediante
,

mulher honesta, nesses caso violência ou ameaça com qualquer ,

...
casarem com as ofendidas"
s "não haverá penas" ...
se "
os réus
.

Já no momento em que fizemos


que a pena acessória em alguns dos referência às penas observamos
crimes contra a honra, o dote
,

é uma foima específica de m


ulta embora nitidamente solidária do ,
regime privatista e patriarcal .
.

Através do dote
e se o pré requisito omoral
contrato familial garante-se economicamente,
-

honestidade o respeito para o casamento - a virgindade, a


a honra feminina - desa
,
,
parece, ou de qual-
quer modo está posto em questão,
mediante a fun o dote não só recompõe a situação
mediante também
ção manifesta de compensar economicamente, mas
a mulher
,
uma espécie de função latente de marcar a posição
,

livrando-a de quais
,
quer dúvidas morais .

O rapto expresso com o mesm


,

destaca-se a o sentido do estupro da sedução, ,

hei de casapenas pelo fato de que há que haver a retirada da mu-


, expressão que tem sido usada aliás, em certas re-
giões do Brasil ,

como eufemisticamente para exprimir defloramento:


,

sair de casa" tirarÿde casa" ,


"

"
|ÿf'r~ 0S Cr"me® °°ntra a segurança do estado civil e doméstico:
celebração de matrimónio cont
adultério, ra as leis do Império poligamia,
parto suposto e outros fi ,

nos oferece condições de observar ngimentos" entre esses o adultério ,

nos sobrepondo se de alguma mais uma vez os valores masculi-


-
,
,

cípios gerais de igualdade n maneira às idéias liberais cujos prin- ,


unca
a uma extensão absoluta do se em sociedade alguma chegaram ,
,
u sentido noque diz respeito à mulher.
No primeiro
projeto do código - informa Thomaz Alves Júnior
qual L
se Sf
dizia: «y0S Tbreal ady]tèrÍ0 começavam com
quando guma pessoa casada cometer
um artigo no
adultério ..
enquant
Iher c o o segundo projeto expressava: "
asada por matrimónio legítimo e
tério será punid consumado q eterÿdul- o h°ÿ™ ÿ
o com prisão temporária"
seqiientes detalha ° os sUb- ,

tesco ou de de vam-se aspectos sobre violenc c, nculos de paren-


pendência entre os adúlteros etc .

A fórmul
a adotada pelo Código de 30 nao discrepou in
códigos da époc
homem "concubinaa, o adultério ma
t sculino caracter ÿ
eúda e manteúda" o feminin .
ÿ0
na de > certo,
pendência de indí
Vaga diante do cios ,
,

de costumes, pon o- neÿujosa)


problema.
Assinale
se que no Livro V das Ordenações o adult no
-
/ . . .

era punido com


direito d a pena de morte dando-se, ' , 0
e matar
a mulher surpreendida em
mais ai acjultério; e
nda: que
Pessoas (contantoele pudesse levar consigo p
p < flaorante outras
se dav
que não fossem inimigas da flgrio. às quais
a também o direito do uso de violência
, se
Sabe-se de casos ocorridos no Br
levou o homemasil °0'°"!ÿ'a tentar, ou ÿÿ mera
suspeição de adultério
mesmo e/ou
damente,a ou
fazer "justiça com as próprias mao'
até m
ncarcerando priva-
atando os verdadeiros ou s adúlteros usan-
do-se atéo expediente de autênticos tri unais P ésticos» 01. Lava,
assim
a família a honra doméstica fenda
,
as instituições
jurídicas ,

P
'
,
mas de algum modo acompan anco ;r;to geral da lei
r,iÈ°' .

A evidente superioridade .

„ do homem mais
notada nas camadas
também
mais altas da es ra
,

em todos os sentidos
s0CÍai; mas existente
,

baixas e por extensão dos valores e por


,
'
nas camadas mais
,
até mesmo entre os escravos, pe ÿp0C]e inferir de
observações de croni
stas e viajantes um vivo impe-
diente d a conduta adúltera da mulhei no na 4 ,

' colonial e mesmo no


século XIX
tos com os
,

quando os costumes, poÿtorç


novos valores do secu o ,
"
contactos mais dire-
a sofrer uma serie
de modificações .

Mas se ocorre a .

da eliminação
- lavando-se com san quela conduta, 1aÿ"®®diada - matando-se os
comparsas, ou apenas um deles gue a honre P - como se sabe de
tantas informações e estórias
,

ou P ° m0ral que a imaginaçao


XaexeSSdffàS a humilhação coddiana como autêntico cárcere pr -
, a ««
-

i7-iTb,e o «*. refere-se S«o Bu«.e 0. H-"- ÿ»


do Brasil 1957, P- 103.
,

93
dos filhos, o repúdio sob vários modos, até a adúltera (ou suposta
adúltera) sucumbir, quase nunca, porém, se usando o meio jurídico
da acusação de adultério, coisa que representa para o homem u a
marca da qual ele dificilmente será socialmente purificado.
Quanto aos crimes contra a propriedade, observados os avanços
sobre a legislação penal anterior, nada de mais especial se observa,
causando estranheza o fato de que não se contempla no Código em
especial o furto e o roubo da propriedade maior, algumas vezes ainda
mais valiosa que a terra: o escravo. Embora a referência do art.
268: "haverá crime contra a propriedade ou o objeto tenha valor
em si, ou de qualquer maneira o represente das definições de furto
"

e de roubo nada expressamente se diz quanto ao escravo.


Considerado semovente dentro da velha tricotomia romana (mó-
veis, imóveis, semoventes) o escravo não mereceu como bem, como
valor, um tratamento específico no Código Criminal. Sete anos de-
pois (15-10-1837), porém, um decreto atende ao problema, consi-
derando roubo e punindo com as penas imputadas a esse ilícito penal
o furto de escravos. Foi uma lei de exceção" - diz Thomaz Alves
"

Júnior - "aconselhada pelas circunstâncias e natureza da proprie-


dade" f2.

Os crimes policiais, que segundo o Conselheiro Olegário na sua


Prática das Correições são "aqueles fatos que a lei incrimina não
tanto pelo mal que em si contêm ou pelo dano que deles resultam ,

como pelos perigos e males a que podem dar ocasião" fi são, em ,

verdade, autênticas contravenções.


Ali se prevêm as "ofensas à religião, moral e bons costumes e "

o comentador no qual temos nos apoiado para tantas observações nos


informa que o projeto chegava a referências sobre blasfémias nega- ',

ções da existência de Deus e das verdades dos dogmas da Terre "a


Católica, "zombarias a Maria Santíssima ou algum outro
" santo cann
nizado pela Igreja e conquanto muito
,
longe estivesse do í ivm v
nas suas disposições sobre tais assuntos ,
mesmo assim não obtivemm
tais referencias as simpatias dos legisladores os , auak re ie"rar
nesse ponto acolher as idéias do primeiro projeto mak
erdade Z l
.

com o princípio constitucional de lib


peitada a religião do Estado. S , C0filuanto res-

62. Thomaz Alves Júnior 1886, t


,
III p 683
.
'

63. Apud Thomaz Alves Júnior , 1886, t


,
IV, p 9
94
de culto de leligião
Assim é que se pune celebração pública
casa ou edifício que tenha
"

que não a católica, fazendo-se menção a e a zombaria


alguma forma exterior de templo ; pune-se o abuso
"

ação
à religião do Império por vários meios externados, ou adamentais
propag da
de doutrinas que "diretamente destruam as verdades fun "

existência de Deus e da imortalidade da alma .

ira legislatura,
Desde os primeiros debates da Câmara, na prime
m choque com a
0 laicismo dos liberais mais avançados punha-se e ilo de
ortodoxia de alguns padres É de observar, .
com João Cam adas
Oliveira Torres que o sentimento religioso
" nas classes ilustr
por sua vez nada tinha de fanático" fi. E não há dúvida que nossos
,

"

legisladores estavam incluídos nas "classes ilustradas .

Contudoembora ainda ressaltados e resguardados por vias des-


,
ão há negar que
ses dispositivos os princípios da religião de Estado,idan na Constituição,
ante a embora limitada liberdade religiosa admit o Código Crimi-
e as definições normativas sobre religião dispostas n esen-
nal conclui-se por um considerável avanço por esse último repr
iante
,

tado quer em vista da ortodoxia desenfrea da do Livro V, quer d


,
Católica
do peso e da força da tradição e da importância da Igreja
° o Brasil ,
7\° ,.
-
ov 0V
.
.

ércio feito com a


É interessante notar que num tratado de com ia aos súdi-
Inglaterra em 1810 ficou estabelecido que Portugal garant
tos ingleses em suas terras, perfeita liberdade de culto nas suas
,
assemelhassem
contanto que se
"

particulares igrejas e capelas" . . . ia Graham, em sua estada


a casas de habitação" 6® observando Mar certo
na Bahia a capela protestante e o culto que ali se fazia. Por
,

,
dispositivo constitucio-
que hão de ter pesado na deliberação sobre onças de religião e culto
nal a respeito de liberdade religiosa, as difereompradores e vendedo-
que tínhamos com os nossos mais próximos c
res: a Inglaterra anglicana.
*
. .

O tema das sociedades secretas entra nos crimes policiais, e é


ódigo, se obsei-
de estranhar que de alguma sorte tenha ele vindo uea Cse concluiu, no
vamos que se teve em mira a maçonaria, e q
texto normativo por uma espécie de solução conciliadora.
,

onaria no Brasil à
Cientes do papel representado pela maç da presença no
época da Independência e mesmo depois dela, e
legislativo de muitos dos seus mais importantes dirigentes, levando-se
64. João Camilo de Oliveira Torres, 1957, p. 436.
65. Maria Graham, 1956, pp. 290 e segs.
95
Vasrnnrpin.
'
a di$P0fiia° 1aXa1*ya d° chamado projeto Bernardo
Droihidas" Sÿ Uei aSSim Se rffere: "todas as sociedades secretas são
°"
Droietn W e™e UiU~i° qUe & adoção quase total dos dispositivos do
lerislativn urr ?i&, ÿ£re'ra sobre sociedades secretas recebeu do
,

normas r>p .
a.a ÿid& 1Uf podemos chamar de conciliadora. São
ÿ
aue P miSS1V3s, as dos arts 282 283 e 284, e por elas conclui-se .
,

evidpntp C0nSaSr0U ° funcionamento de uma força política de


nômirrv PieX ,£i0 S0Cial e de estreitas vinculações com o poder eco-
elite nnlítfpc.raÿ°!ii &' ÿUf aC°ÿ'a "0S KCUs quadros boa parte da
r
"

modo pra e m e fC1Ua* da época inclusive padres, e que, de certo


,
,

» era responsável pela própria existência do país independente.


Draticnmp !ÿ,e"ÿ"
j SfS,red°> PC'° me"°s do maior segredo, estava
tinham tmn f a aStat°
desde que as conspirações maçônico-liberais
'

secretn ín ÿ&Ç®f&r'&° tinha


& eStr"tUr&
saíd
política do país. A confabulação
aue antpc o vitoriosa com a independência; e o
ra licito alçara se à condição da mais alta legitimidade.
-

„olít; !ÿir L'° ffjaQS mifÍS1èiÍ°s


°X segredos são os próprios detalhes das lutas
Dartidm
'
r,i e"?feS
f Um3
'
, pouco depois dos gabinetes e dos
°U 0U1ra questão mais séria como a da maiori-
(jajg
A à ) \\ÿ \Ò°
avanct 3

an
' tp
O

'
,
aLSS C?'raV
"ià
f"Ç0eS
t
soci
,
"'1° Che8ar & marcar acentuado
com ela
edade brasileira ou uma concordância

"
ciiiHnHft ? *f° ÿ
. i
° "
e °
. -
ÿdigo dos vadios e mendigos, vale acentuar o
S
àauela pn
'

.
C !"'Çr'f" "01r°a1ÿV&i e 3 observação de viajantes que
sociólofrm nr e VYeram "° Brasil e que como autênticos estranhos ,

velhos nnrt i C,XaW ?CUS eSPi1ntQS ante a quantidade de escravos


Kueira
'

e a
iiírv Seÿ
\ d0C"SaS
"i >i
* Fletcher destacam a ce-
se dizia mend-
'
Oe"tigando pelas ruas das cidades; segundo
doentes o?íÿ Á" i®1f SfUSfu5efh°rf5- E como os escravos
,

°
assim ímnnn .m f S gindo doenças ... infringindo,
citados mLi f ° £° Criminal. Nossos observadores os ,

chefede!2n me1°JÍ51a« "os informam que sabia-se de um V


'

de janeiro
ae Janeiro, a m'f> h- Z íi1en°S re3'ista que teria reprimido, no Rio
a mendicancia *
,

,
os "mendigos fingidos" .

* * *

ciais ÿm" capTtÍrts f


Código Criminal CQ™o em numerosos artigos do
p ci' , á™PrNele
eÿe
>
'>

MÿJ°S CfÍmeS P°iÍ"


da liberdaTe dc T
o

omnni™ 1ÿ Pfi° 3r1" 7° °fde 0K r=1Í10« ÿe abuso


discriminados d
dentro rlp uma°f Pe"Xa™e"108 têm seus responsáveis
entro de
escala sucessiva - finaliza-se uma
96
dos durante praticamente
questão que agitou a Câmara dos Deputa
toda a primeira legislatura.
os crimes de abuso
Absorvendo todos os aspectos referentes a fazê-lo, adota urna
da liberdade de imprensa o Código Criminal,a aoexigir
boa parte dos
posição francamente liberal, como estavamdo a realidade da impo r

parlamentares brasileiros que vinham viven


tancia de um novo poder: a imprensa.
lhe como crime a
Muito embora observando - quando aco
conduta contrária - o respeito à religião (é crime propagar por
e à imortalida
impressos doutrinas contrárias à existência de Deusoderes e
constituídos,
da alma) à moral pública, às autoridades e aos ento
, p o Código Crimi-
em matéria de liberdade de comunicar o pensam
diar o princípio da cen -

nal toma uma posição de vanguarda ao repu


sura prévia .

Sabemos das lutas empreendidas nos idosdedaumIndependência


lado, punha-se
e
f°s anos posteriores por uma imprensa que, da liberdade, da
numa atitude de vanguarda defendendo os princípios
,
ros ideais libei tarios,
separação e harmonia dos poderes, dos mais ca uinho do ataque
e> por outro lado lançava-se ao trato mais mesq
,

Pessoal às pequenas lutas por pequenos interesses. constatação de


Das discussões de 1826 a 1830 fica-nos a viva
nsa realmente livie,
quanto custou a tantos manter de pé uma impre
informadora.
cumprindo sua missão a um só tempo crítica e
pouco não poderia
Realmente ,
ao absolutismo vigente até bem observado. E nao
agradar a possibilidade de se ver criticado ou com idas e
foram poucas as lutas entre o governoódios
e a deimprensa,
sangue e morte.
vindas , a culminar, inclusive, com epis
censurar os aios
A adoção, no Código, da possibilidade de se ostos que vigo -

do governo e da Pública Administração em termos, p strição


rosos decentes e comedidos" (§ 4? do art. 9
?) malgrado a re
,
ue
,

dessa última expressão representa, contu


do, uma medida libei a q
bem se coaduna com o repúdio da censura prévia, pedida por alguns
,

deputados quando das discussões da Lei de Imprensa.


é crime "deixar de
No art. 307 do Código Criminal se diz que
rito ou obra impressa, no
remeter ao promotor um exemplar do esc é multa de dez a
dia da sua publicação e distribuição". E a pena
trinta mil-réis .

ficinas de impiessão,
Nos centros maiores, onde existiam as o avulsos,
onde era possível um público razoável para jornais, impressos
rande para
OU mesmo livros, o ambiente não era suficientemente gtamente co-
icados. O promotor, cer
exigir mecanismos mais sofist
97
nhecido de todos, era a autoridade a quem se deveria enviar, no dia
da publicação e distribuição, um exemplar do escrito ou obra i m -

pressa.

ôs em
ÿ'!SSa<ÿ°S C"f<í".e1)ta an0S da promulgação da lei quenstitui
p um
J?1f11? C0dÍ8° Peta1 brasileiro, este já se co
ÿ

vionr "
dociimÿ-nP
documento legal em vias de obsolescência.
sistema
S imS
fe 1888> C0r° C0"sequência da abolição do ituação
U~5e de ajustar o texto normativo à nova s
-

pcrra o
C"
'

ad& Pe!° i3 de mai°- f imperioso ditame o


A "
sórin pm
,

t
a es-
° e J
QS 0S institutos que podem fazer lembrar
cravidãn" «n,
cravidão «« escreve J. Vieira de Araújo E assim se faz.
P'Ct0 a"damento a idéia de substituir o Código dos
idas rlt Trth m ência das
&Ce1era?ão do tempo histórico, consequ enais
'

tão vinmla r £1ef°1i? f da técnica, o panorama das novas idéias p


conmiktnc rio .A .

amker e'aS> àquelas conquistas, as transformações


Dolíticis traVH 8i' ÿ -

. aO v<OV \çf>r
$?.
-.< ao . ©
ÿ A\yÿ \cfr' rtÿV
vòr

<>>v°
i

66. J. Vieira de Araújo 1910, p, 22. ,

98
ANEXO I

Parecer da Comissão de Legislação de Justiça Civil e Criminal (lido


em sessão de 1-8-1826)*

ri-
"
O Código Criminal deve ser dividido em duas partes, a p
nda conterá o co ígo e
meira conterá o código penal, c a segu ser
processo criminal: neste ou em outro código separado devem
enas ou
compreendidas as meras contravenções de polícia, suas p
multas ,
e forma verbal e sumária do processo...
Para se obterem estes códigos parece à comissão serempreen-
conve-
risconsultos a
niente que a Câmara convide os sábios e ju islação e de justiça
der este árduo trabalho A. A Comissão de leg
do ilustre deputado o Sr.
civil e criminal examinou o projeto de lei Criminal do Im-
José Clemente Pereira sobre a divisão do Código nhecidos como bases
pério do Brasil, e princípios que devem ser reco da ordem do pro-
Para o desenvolvimento dos delitos e das penas, e ios postos
cesso criminal A Comissão é de parecer que os princíp
.

s que devem ter os


são fundados em justiça e equidade,179sólidas base
da Constituição;
e, p
ortanto,
códigos conforme o § 18 do art. eto ou qualquer
,

admissíveis para sobre elesHfr mesm o autor do proj


não para ligarem pre
-

outro poder constituir o código criminal; mas idados pela assembleia


cisamente os jurisconsultos e sábios que conv inal, no
feiram concorrer à honra de apresentar um código crim forman-
qual, tomando as mesmas bases de justiça e equidade, con
ito universal, na-
do-se com a Constituição do Império, com o dire
do século, podem con tudo
tureza das associações políticas e luzes todas as partes da jurispru-
seguir um diverso sistema que abranja dução dos delitos e a s

dência criminal e guardar outra ordemdeverão


na de ser igualmente admi-
Penas e forma do processo os quais
utados, Rio de
* do Parlamento Brasileiro,. 1826, Câmara dos Dep
Anais ao ruriuiiw" ~--
< ÿ « OOOC
* -

e Sf£®-
Janeiro ,
1874, t. 4<?, 2"? vol., PP-
99
tidos, e
,
depois da confrontação e exames desses códigos decidirá ,

a assembleia qual deva obter a preferência: de outra sorte será tolher


o génio e obstar a que a nação possa conseguir o melhor código.
Câmara dos Deputados 19 de julho de 1826, José da Cruz
,
Ferreira , Antonio Augusto da Silva Antonio da Silva Telles".
,

tf
«p 6
,
V 0°
xO
Jÿ\àQ {b
,

,
*V
cM
°
ÿ

ioõ
ANEXO ,T

Parecer da Com,ssão encarregada de exam,nar os do,s projetos do


Cód,go Cr,m,na,*

"A comissão encarregada de examinar os dois projetos do códi-


go criminal apresentados a esta câmara pelos ilustres deputados,
os Srs. Clemente Pereira e Vasconcelos deu-se como escrúpulo ao
,

penoso trabalho da meditada leitura e avaliação de cada um deles,


comparou o método por um e outro adotado na classificação dos
delitos e distribuição das penas e confrontou mui atentamente as
disposições contidas nos seus artigos com os princípios da jurispru-
dência que mais se amoldam às atuais circunstâncias físicas, morais
e políticas do império mas ela não pode lisonjear-se de haver colhido
,

de suas combinadas fadigas mais terminante resultado que a per-


feita convicção da superior dificuldade de uma tal empresa muitas
vezes tentada, e porventura ainda não felizmente conseguida.
\0 , W\2t Qv ,,qO _
A comissão tem pesado bem a importância do serviço de tão
dignos membros desta augusta câmara e já se tem antecipado em
reconhecer o patriotismo que neles realça as bem notórias luzes ,

mas a mesma comissão falharia no desempenho de seus deveres ,

e trairia talvez a confiança que nela se tem posto se limitada a


,

esse reconhecimento não anunciasse com a franqueza correspondente


àquela confiança ter ela ajuizado que cada um dos referidos proje-
tos, posto que dignos de muita consideração são ainda precisados
,

de algumas mais e menos essenciais alterações que produzam a har-


monia perfeita as partes com o todo e este com as supramencio-
,

nadas circunstâncias.

Nem sempre a beleza da teoria corresponde à utilidade na prá-


tica, e o excesso em tudo vicioso também tornaria em prejuízo
muitas vezes a equidade demasiada do filantropo .

*
Anais do Parlamento Brasileiro 1827, Câmara dos Deputados, Rio de
,

Janeiro, 1875, t. 49, Sessão de 14-8-1827


.

101
dois Se fPreSe"tfra à comissão a idéia de organizar dos
lhado em aliiT ÿ o ° 1Uf de melhor escolha se acha espa-
S'
°'

ao mm™
ÿ
. , ,
Pfr& °fereCer à discussão uma, senão completa,
pi er °idffada base pelo método que seguira
o
Sr. ClempntP ,

novidadp n.fe
'
trC'rf' e l1iQ supre na clareza e ordem a falta da
rfC® ° d0 5r Vasconcelos quando imediatamente
lh'a rWn -
,

du IS h ? a,.fSe™ contemplação das dificuldades que se lhe


1'1 f
insimpr-n/pk
'

| JC Cÿ°S insuperáveis por sua natureza e mais


trabalhos p 1 eS1reiteZa do tempo, pela concorrência dos outros
°

suas faculdades ÿ°UC° ÿUe 0S rembros da comissão presumem de

vel emitir f01Ç°so tomar uma deliberação e era indispensá- ,


r
radi p tp P"rfC°r a terminada incumbência com que fora hon-
v,

dos dnic 1 °S 'X>' "iX° 0S esforços renovada a confrontação ,


aS'
submetpr 10C0U comissão o ponto de poder decidir-se a
(muito n o/$a aU8USta câmara a sua opinião que além de tardia
Pe Sar)> e circunscrita à manifesta
,

ietos mip p ÿ°" era"


®er
,
ção daquele dos pro-
seiam imh
sejam ambos recomendáveis
preferido para a discussão, posto que
.

é, pois
,
a comissão de parecer:
fsrf rÿ
e
°
deputados o
a ÍÈ"aÍS '0"V0reS 3os ilustres
pecial agrado em&n1e ú Pereira e Vasconcelos receba com es- ,
°
tanto nara t S °S Pr°Je10S e ordene que ambos se imprimam ,
° j
seu juízo sohrp °S ° .
°
S deputados possam melhor formar o
™e]fC™ff10 deles como para se dar lugar às
observações dns i "
, ,

SC°" 0S e SàbÍ°S
litarão os debates. da f3Çâ° C°m ° qUe Se iat"
'

d°s trShoTTe prefka dÍSCUSSa0 C0fi0rre a ordem


por mais amnln ir> a if, , Vn,'
. Vasconcelos por ser aquele que, ,

veis e equitativas e ÿ JnG das máximas jurídicas razoá- -

,
°
prudente £ ™'SCQ""e
OMd° M Úi1ii'» <>'1 P°™- =°ii
para a b "
delas poderá miis fnrii em regulada distribuição
menor Eúmero de retoaÿ
,

Te à ?°SSiVe1 PerrfÍSâ° C°r


lhe deu de acordo com o seu H ustreíutorÿ1JeJeS ÿjà f C°rÍSSâ°
Ç° a m d° °
Antônio da SiWa Maia râ Hÿ t& "
r
°S
'
14 de a®0St0 de 1&27> J0Sè
Costa Carvalho M. D de Aireida
Al1i °-. Araújo Vianna, José da
'

de Deus e Silva"
, * *

e Albuquerque, João Cândido


.

vada a decisão da 2a. Para


narn d
epois de im
Jfd°- ÿ,'a".1° a ÿparte, ficando reser-
°

pressos os códigos.
102
ANEXO III

Parecer da Comissão Mista do Código Criminal apresentado em


31 de agosto de 1829*

"A comissão das duas câmaras encarregada de examinar os dois


projetos do Código Criminal oferecidos pelos Srs. Vasconcelos e
Clemente Pereira tomou por padrão de sua discussão o primeiro ,

como havia indicado a 1ÿ comissão da Câmara dos Deputados, tendo


sempre à vista e na devida consideração o segundo; e, empregando
em negócio de tanta importância todo o seu desvelo compatível com
o trabalho ordinário das câmaras, fazendo as alterações que lhe pa-
receram convenientes, e avaliando em mais o dano da demora que
o das imperfeições, que com vagar pode-se corrigir, apressa-se a
apresentar o resultado de seus trabalhos no projeto novamente re-
d1È>d°, 0S
Divide-se este projeto em quatro partes: trata a primeira dos
crimes e das penas em geral; nela se qualificam as ações criminosas
e dão-se as regras para conhecer e graduar a imputação, trata-se da
satisfação do dano, definem-se as penas adotadas, e estabelecem-se
as regras gerais para a sua aplicação e execução. Pode-se dizer que
esta primeira parte contém a teoria do sistema, que nas outras se
desenvolve em um quadro classificado de todos os crimes.
A 2?- trata dos crimes contra os interesses gerais da nação.
A 3ÿ dos crimes contra os interesses dos indivíduos.
E a 4ÿ compreende os crimes policiais, sobre que a autoridade
pública deve cuidadosamente velar para prevenir maiores males.
A comissão desejou suprimir a pena de morte, cuja utilidade
raríssimas vezes compensa o horror causado na sua aplicação, prin-

*
Apud Thomaz Alves, Anotações Teóricas e Práticas ao Código Crimi-
nal, primeira parte, t. 1, 2® ed . correta e aumentada, Garnier Rio de Janeiro,
,

1886.

103
leko-Torém ÿ "T?! "
de U™ P0y° àe CQi1Umes dóceis, qual o brasi-
J ° &1Uf* da Ji0
primária nín nnÿ& ° ÿ
Ssa população , em que a educação
pensável- tenr? °
a
ÿ r&'' deixa Ver hipóteses em que seria indis-
C°"S°ÿar"S& d
dêncii dn Ipí ÿUC
esta triste necessidade com a provi-
mento do Pr, ri
'

1°r \í>)?i'ie a eXeCUÇã° de tal pena sem o consenti-


Moderador
.

convier a substituição
,
que seguramente o recusará quando
.

retido ÿ nem ÍS n
"
'

f
0/ÿC0me"da C0m0
d° a h°™ef
0frf Perfe't& ° Pf°je1° 0ie"
gislacão Ttnai "n0
S; maS> comparando-o com a le-
r eCei a aÿrmiir a utilidade e mesmo necessidade
de ser a d of a rir ,
.

T , ,

j fa? t£m°S Código Criminal, não merecendo


'

este nomp n 1CerY °


sem o conhpp; ", f
™ ° d°S Verd
f deSC°"eX3§ ditadas em tempos remotos,
persticão p nn adeiros princípios e influídas pela su-
,

baridade r ÿ!"0SS°1r0S prejuízos, igualando às de Draco em bar-


_

XCC
f a °S °a aS °a *lUaíÿfaÇão
"

gando anpm« absurda dos crimes irro- ,

estão fora dnÿr ÿUe a raZaQ nega existência e a outros que


S£5? ?r
ÿ

i , ,
°
,
P°der S0C{ai: ®iaS também o vício de
'"
centes .
Ao cnnÿ' 1i° °
n?"e"1eS> f de estender as penas aos ino-
da Constituir™ a t P™Je1° oferecido é baseado no art. 179, II,
'Ne"hUra
utilidade pública' ° lei será estabelecida sem
"
"

cJi <Q ÿ rfiè


tod ÿÍ
°' ÿUe ey"d5"1eme"1e se deduz na natureza social
e abraça n n
SUaS a?0CS> Çlaro em si mesmo destruidor de
todos os erros a ,

vasto camnn à a. 1?,?°


rl
S ra
°~ SO&1"Zfdores têm sido conduzidos no
legisladores
dadores ainda ÿ0eS'malreSPeitado
ainda quando
,
fixados mais ou menos por todos os
'
, é o regulador do projeto.
análise o desenvoMmLfÿSiÿi° SeÈUÍt0 C0m 10do o rigor da
'
°
calculado com justeza ns h i""C'P1° Cfràeal da utilidade nem de ,

minosas oooncSS? ÿ * e 0S ™&ieS resultantes das ações cri-


ou enfraqueçam foÿ pm " J"Sta fi0P0rÇ5° outros males, que tirem t

lação criminal a esse rp V* ief'aÇa° a0 erime: a ciência da legis-


" SUa Í"iàfCÍa
à madureztendo Dorém f > e ™& Cheÿ à
tempo está intimamentP
,
n
! e
-
quando coube nas suas forças e
perfeição substituindo as leiTTÿ <lUe muito avançaremos para
X,®te°t es, indignas do século em
a
vivemos , por um Códiím rvr
f _
que
sólida tomada na naim-Pÿa"iÿ SiS1e™atÍC&mente sobre uma base
social
fundamental .
,
e já consagrada no nosso Código
Nesse convencimÿntr. ÿ ÿ . ÿ>
nação anela pela reforma Hp 0"S'àer3nto a impaciência com que a
como bárbaro, é de narerpr Um 1f™° d& legislação tão incompleto
passar pela discussão dns Ue Pr°je10
dos rpí?-
oferecido se adota sem
regiment os das câmaras, cuidando-se só
104
em corrigir os seus defeitos mais salientes; e para que este fim se
consiga com brevidade propõe o seguinte plano:
,

l9 O projeto do Código Criminal redigido pela comissão das


duas câmaras será impresso e distribuído .

2(> Logo que for distribuído na câmara da iniciativa se assi-


nará um prazo fixo para serem recebidas as emendas que cada mem-
bro da câmara quiser fazer e as memórias que qualquer cidadão
,

oferecer.

39 As emendas e memórias apresentadas dentro do prazo se-


rão remetidas a uma comissão ad hoc composta de três membros,
,

à qual se reunirão os autores das emendas e poderão ser convidados


os das memórias .

49 A comissão fundirá em uma só as emendas que tiverem a


mesma doutrina ou em que os seus autores concordarem; examinará
,

a harmonia e discordância em que as emendas possam estar com


todo o projeto; e proporá como emenda o que nas memórias en-
contrar de seu adotado.

Logo que a comissão ad hoc apresentar as emendas e estas fo-


rem impressas será dado o projeto com elas para a ordem do dia. A
,

discussão começará pela questão se o projeto deve ou não ser admi-


tido. Vencendo-se que sim, serão discutidos os artigos emendados,
tendo-se os outros como aprovados. Terminada a discussão, se o
projeto for adotado, será remetido à outra câmara, onde se proce-
derá do mesmo modo.

Rio de Janeiro, 31 de agosto de 1831 (!), Nicolau Pereira de


Campos Vergueiro, José Antônio da Silva Maia, Manoel Caetano
de Almeida Albuquerque, Visconde de Alcântara, José da Costa
Carvalho, João Cândido de Deus e Silva".

Parecer da Comissão Especial do Código Criminal apresentado


em 19 de outubro de 1831 (eleita a 11 de setembro e composta
de A. P. Limpo de Abreu, F. de Paula e Souza, Luiz Cavalcanti)

"A Comissão especial encarregada da revisão das emendas do


Código Criminal vem apresentar a esta Augusta Câmara o resultado
de seus trabalhos: bem quisera ela mais cedo ultimar a sua tarefa,
como lhe tinha sido ordenado, mas não lhe foi possível, apesar dos
seus esforços; querendo corresponder à confiança que se lhe pres-
tou, ela julgou dever embora demorar a apresentação do trabalho,
uma vez que o tornasse melhor.

105
ilda e pública.
organizado
o código- til™, ® "i °
3,'ff0" Q método co'n que estava
ito mais em
?"P=''" à, »°», M mu ndas oferecidas
tão

breveTmoí Fta
' , .

m'10U"Se a escolher entre as eme outras


as que llie mw neCeSSÿr'aS> bem como a fazer algumas de-se
ÿ

emendas an? men1e Pareceram necessárias, e persua im-


que tal au.il pi ii 'ii,i""', Íà ?»'1= ° bem que ainda
perfeito ler mí
V CU°. ser muito ,
t„ de suma ut
,

emendas ado-
tadas pelaÿomtesÿÿ aS a11er3Ções e ra
n r"'1° me'h0r Se depreenderá pela leituue
do Código aDresenf,ÿ. r - Se> portanto, a comissão, a notar q s
"
-

delitos, ou me
o sistema quis mí-ih
Pr0P0rCÍ°"ar a natureza dos ificou graus, e só
deixou a nenn Hp m ? em
mo em que ouantiHnH 10i?0S 0S ÿeÿ10S class
"0 de'Í'o de homicídio com certas cir
cuns-
'

tâncias agravante , ar' e "0 dÍ& de cabeça


de insurreição
de escravos ídelit e ?àra r°U
? trozes), e ainda
'

os «á
nesses delitos S0 ,a
? àe'X°uÿUeno grau
sempre homicídios a
máximo.
C ° de deS1r"ir d° C0dÍê° t0daS aS d!S?0"
sições rSaSyVex r pensamento, deixando inisterial, que
pre são d
es-
-as na lei
pecial, assim rnmr. f ÿ e"íiUa"f0 a responsabilidade m
f , fif'Í"r°
ela destacou ficandr
nenhuma das comissões?S i i ÿ M eS?eCÍaii r
r a®>
ocuparam do Código lem
e
re brou-se dis-
to, sem dúvida Dan m - Código, refíetindo
além disto que a L . ,"f° i'CaSSe r3"C0 Q
defeÍt0S' sobretudo quanto
aos sistemas das penaÿ doS fS1f"ieS
" 3*ren1e & opinião de conserva-
'
f
las,
.

melhorá-
'ijP°S'Ções, e trabalhou para °"",i,!rridi"
_

rem-se no Códi?n m;.


rrf°i'"
como apropriando as pf« cordb ttaêntoí
não só evitando n nori, "

ce
e
ÿ °1Q1J f supressão de alguns delitos,
dp1& ®U°i °""'°i' ,="KÍ° i'rP"= =m
ÿ
i
i'i1» °
mudou a classificacão
que lhe pareceu Sor
âmara, mas
Cl
Criei nao sabô &° Y01° deSta Augusta C
eJ°" Sft'Sÿ&Zer> e que para isto fez quanto
.

pode afirmar que muito


estava ao seu alcance
P ÿreu, de Paula e Souza, Luiz Cavalcanti
(vencido)",

106
BIBLIOGRAFIA*

Alves Júnior Thomaz. , Anotações Teóricas e Práticas do Código Criminal,


2 ® ed
.
. correta e aumentada, Rio, Garnier, 1886.
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Mi"° da 5°€'£d"d£ Brasileira


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* O- * «»-

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T °
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1957 - México Fondo de Cultura Económica,
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t,&
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DIREITO PENAL E
ESTRUTURA SOCIAL

Esta obra constitui uma aborda-


gem sociológica e um documento
histórico da maior importância para
ulteriores pesquisas. Nela, o jurista,
especializado ou não em Direito
Penal, o sociólogo e o historiador,
encontrarão uma fonte de consulta
obrigatória e, quiçá, um ponto deÿO
partida em seu levantamentoÿ©!
História e da Sociologia jurídicas do
Brasil.
Como lembra a autora seu obje-
tivo na obra em questão, fato ,
,
Oi

cação dos elementos fundamentais


,

da análise sociológiçaÿao direito às qO


instituições juridico-penais do Cóÿ
digo Criminal de 1830. E assinala o
avanço ideológico deste diploma
legal em numerosos aspectos
9

, apesar
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C?ÿ

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de sua inevitávetÿnculação Gÿàrh .


Cr,
reflexo de uma
uma estrutura social ,

economia dependente e periférica ,

agrário-patriarcal-escravistà. Para
bem apreender o significado socio-
lógico do Código Criminal de 1830 ,

adverte a autora é preciso perlustrar


,

seus antecedentes imediatos Ipro-


jetos, pareceres, autores e comis-
sões), para ao depois, ingressar em
,

suas bases teóricas.


No segundo capítulo são estuda-
,

das a ideologia dos membros da


Câmara dos Deputados (1826/1830)
e as circunstâncias que os cercaram.
No capítulo seguinte, é analisado
o Livro V das Ordenações Filipinas ,

para bem frisar o contraste entre


o novo regime penal surgido no
Brasil independente e a tradição
criminal herdada da metrópole por-
tuguesa. Áo depois, outros tópicos
vão enfocando as bases teóricas e

o
,
oV , 0,ÒSdoutrinárias do Código de 1930, o
Vs>° çafeomentário sociológico ao referido
gÇjp
estatuto. Três anexos complementam
comple
a obrajÂo primeWo consistente em
Parecer da Comissão de Legislação
de Justiça Civil e Criminal, lido em
sessão de 11-8-1826; o segundo,
versando Parecer da Comissão en-
1 . e\& carregada de examinar os dois pro-
- OÍe1°S
<
d0 Código Criminal; o terceiro,
Parecer da Comissão Mista do Có-

o* digo Criminal, apresentado em


31-3-1829.

edição
EDUSP

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