Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mc Dougall (1989) amplia a noção de Alexitimia dizendo que não se trata somente de
ter palavras para as emoções, mas também de uma incapacidade para distinguir um afeto do
outro, seja doloroso ou prazeroso. Esta incapacidade é para si próprio e também para o
outro, sendo sentida na relação analítica através dos sentimentos contratransferenciais.
Esses fenômenos de Alexitimia e pensamento operatório devem ser considerados como
sintomas isolados e que não ocorrem somente nos pacientes psicossomáticos. Podemos
encontrar nos estados de regressão neurótica, depressão mascarada, com o aumento da
idade, na dor psicogênica e também relacionado com a classe sócio-econômica inferior.
Quanto à gênese destes fenômenos operatórios e alexitímicos, o campo requer
investigação. Alguns dizem que não se trata de uma forma de defesa da estrutura psíquica,
mas sim de uma carência vital. Através da investigação da patologia do afeto em vítimas do
holocausto, toxicômanos e pacientes psicossomáticos, Henry Kristal (1977, 1978a, 1978b),
apud Mc Dougall (1989, p. 154), refere-se à limitada capacidade destes pacientes de
desempenhar um papel parental protetor para consigo próprio; eles ficam como que
esperando que outra pessoa faça por eles. Isso corresponde à deterioração da capacidade de
autocuidar-se. O autor propõe uma regressão na expressão dos afetos devido a fatos
traumáticos na idade adulta. Constitui-se em uma defesa para impedir o retorno ao estado
traumático. O conceito psicanalítico da Alexitimia pode ser como complemento do conceito
neurobiológico. Mc Dougall (1987) diz que “a criança nos seus conflitos primitivos e
iniciais na sua relação com a mãe inicia o destino de doenças psicossomáticas”. As pessoas
que sofrem de reações psicossomáticas severas tiveram um relacionamento muito
complicado no início do seu desenvolvimento.
Rocha (1988,p. 40), comentando as idéias de Joyce Mc Dougall, afirma que a hipótese
da autora é que “os fenômenos psicossomáticos, em resposta a conflitos psíquicos, estão
relacionados a processos psicobiológicos de natureza primitiva, pré-verbal, que não
chegaram a transformar-se em processos autenticamente simbólicos, aptos a serem
representados psiquicamente”.
Mc Dougall (1989) enfatiza que, em alguns casos, os sintomas psicossomáticos e
alexitímicos desaparecem em resultado do tratamento analítico e, com isto, afasta a teoria
do defeito neurobiológico.
Rosa (1990, p.27), comentando sobre Medicina Psicossomática, assinala que o
indivíduo, frente aos conflitos de angústia existencial, pode apelar a somatização: “o soma
adoece quando as defesas neuróticas ou psicóticas, ou as organizações perversas falham ou
se mostram incapazes de gerir o conflito". É a energia psíquica lesionando o corpo, já que
não é fantasiada.
Sendo assim, enfatizamos que esses sintomas, o pensamento operatório e a Alexitimia,
são expressões da patologia dos sentimentos, com conseqüente dificuldade no
estabelecimento do contato afetivo real e na expressão da capacidade de criação e/ou
ciência.
Finalizando, podemos recapitular que os pacientes somatizados, além de representarem
pensamento operatório e Alexitimia, são pessoas que não sonham ou se mostram incapazes
de transmitir seus sonhos. Quando os relatam, estes aparecem como uma forma pragmática
do pensamento operatório, sendo detalhados atos sucessivos que haja associação. Também
podem sofrer de insônia e serem aditos ao trabalho.
4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS