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Neuropsicologia da
aprendizagem e memória
NEANDER ABREU
THIAGO STRAHLER RIVERO
GABRIEL COUTINHO
ORLANDO F. A. BUENO

Talvez por sua complexidade e importân demonstraram correlação po sitiva entre


cia, a memória seja uma das funções o tamanho da lesão cerebral e o tempo
neu ropsicológicas mais estudadas em que os animais levavam para sair de
diferen tes campos científicos. A labirintos, gerando (possivelmente) as
complexidade da primeiras evidências de que não haveria
memória diz respeito ao envolvimento de apenas uma região cerebral responsável
diversos processos de recepção, arquiva pela memória, independentemente do
mento e recordação de informações. local da le são. Já na década de 1940 –
Trata- -se de uma função multifacetada, e, novamente, se guindo uma tendência
envolven do diversos mecanismos antilocalizacionista –, Hebb (1949)
neurais (Bueno, 2011) e de fundamental propôs que a exposição a deter minados
importância para o funcionamento do eventos ativaria assembleias de cé lulas,
indivíduo. A capaci dade individual de primeiramente uma ativação eletrofi
adquirir, reter e resgatar informações de siológica de curta duração (responsável
forma consciente permite, teoricamente, pela memória de curto prazo), seguida
utilizar as experiências an teriores como de trans formações bioquímicas mais
dados para a tomada de de cisão. duráveis nas si napses; essas
Conforme o indivíduo é novamen te assembleias, quando reativadas,
submetido a situações similares àquelas permitiriam a recordação daqueles
já vivenciadas, ele torna-se capaz de eventos. Essa ideia reforçou a hipótese
reco nhecer padrões e ter de que a me mória deveria ser entendida
comportamentos coe rentes com suas como uma fun ção inerente a vários
experiências – obviamente, os circuitos neurais, sepa rando a aquisição
processos de tomada de decisão do resgate de informações. Por volta da
também podem depender de outras década de 1960, ganhou força a
variáveis, co mo ansiedade, controle dos hipótese de que haveria uma dissociação
impulsos, ca racterísticas da en tre processos de memória de longo e
personalidade, entre outras, as quais curto prazos (McGaugh, 1966; Marr,
são discutidas em outros capítulos deste 1971), já exis tindo algumas evidências
livro. de participação de regiões cerebrais
Apesar de a maioria dos estudos so bre distintas (lobos fron tais e temporais)
o tema vir de longa data, veremos que al para esses processos (Gol dman-Rakic,
guns dos grandes achados são 1995; Milner, Corkin, & Teu ber, 1968).
relativamente recentes. Ainda na Grande parte do conhecimento atual
década de 1920, estudos com roedores sobre neuroanatomia da memória teve
co mo gatilho o famoso caso de amnésia agente amnéstico) do pa ciente H.M.,
an terógrada profunda (perda da que também sofreu de amné sia
capacidade de fixar na memória retrógrada por alguns anos anteriores à
acontecimentos ocor ridos após um
104 Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo & Cosenza (orgs.)
neurocirurgia a que foi submetido. A pri declarativa, tendo em vista sua grande
meira publicação sobre esse paciente im portância para a prática clínica.
ocor reu no final dos anos 1950 (Scoville
& Mil ner, 1957), quando foi relatada a
retirada AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA
cirúrgica de porções temporais mediais
bi lateralmente, evidenciando a O estudo da avaliação da memória é um
importância das estruturas dessas campo consagrado na neuropsicolo gia.
regiões para a memó ria, assim como Devido à complexidade dos sistemas de
possibilitando seu fracio namento entre memória, esta pode se tornar deficitá ria
memória declarativa (ex plícita) e não em diferentes patologias que atingem
declarativa (implícita) – esta última etapas distintas da vida e que acometem
preservada no paciente, apesar de sua diversas regiões cerebrais. Para
total incapacidade de se lembrar de podermos falar de avaliação da
eventos novos (Milner et al., 1968; Scovil memória, é impor tante levar em
le & Milner, 1957) e apoiando fortemente consideração suas diver sas
a dissociação entre memória de curto e características e fases, buscando, assim,
lon go prazos. Mais ainda, esse caso uma compreensão mais ampla do termo
revelou que a capacidade de adquirir memória também no controle da
novas memórias era uma função avaliação neuropsicológica.
cerebral distinta de perso nalidade e Muitos modelos explicativos da me
inteligência. Além de ter eviden ciado a mória humana têm sido propostos e revi
importância das porções temporais sados desde os anos 1960 e 1970, como
mediais e motivado estudos com o modelo proposto por Atkinson e
pacientes com lesões em regiões Shiffrin (1968) diferenciando a memória
semelhantes e em re giões diencefálicas de cur to prazo da de longo prazo.
(para revisão, ver Olivei ra & Bueno, Posteriormen te, o modelo
1993) novos avanços seguiram com multicomponente da memória
trabalhos em animais, que permitiram a operacional (Baddeley, 2000; Baddeley &
testagem de lesões seletivas em regiões Hitch, 1974) substituiu o modelo mais
es pecíficas e seu impacto sobre o sim ples de Atkinson e Shiffrin (1968) e a
funciona mento mnêmico (Squire & Zola- distin ção entre memória episódica e
Morgan, 1991). memória se mântica (Tulving, 1972) foi
O objetivo deste capítulo é comparti incluída como uma subdivisão da
lhar com o leitor peculiaridades da avalia memória de longo prazo declarativa em
ção da memória para a prática clínica, oposição à memória não de clarativa
não esquecendo a importância de bases (Squire, 1992). Para fins didáticos,
neu roanatômicas para o entendimento utilizaremos a estrutura básica dos
de di ferentes patologias e, sistemas de memória proposta por
principalmente, para a discriminação Strauss, Sherman e Spreen (2006) (Fig.
dos distintos processos de memória. 8.1).
Procuraremos apresentar aspec tos
clínicos e neuroanatômicos de forma
paralela, abarcando desde estudos com MEMÓRIA DE LONGO PRAZO
mo delos animais até pesquisas
mais recentes, já utilizando A memória declarativa é pelo indivíduo (“o quê”).
tecnologias de imageamen ca racterizada pela
to cerebral, com a finalida capacidade de Memória declarativa
arquivamento e recupera
de de possibilitar uma visão ção consciente de
(explícita)
integrada por parte do lei informações
tor. Enfatizaremos especial relacionadas a A memória declarativa é ca
mente o estudo da experiências vi vidas ou racterizada pela capacida
memória informações adquiri das de de arquivamento e

Memória Memória de
Memória Neuropsicologia 105

longo prazo operacional

Explícita Implícita

Episódica (eventos) Pré- Procedimento Aprendizado


Semântica (fatos) -ativação Emocional condicionado

FIGURA 8.1 Estrutura dos sistemas de de informações.


memória. Fonte: Strauss e O RAVLT é particularmente confiável
colaboradores (2006). para mensurar perda de informação ao
lon go do tempo, apresentando alta
recuperação consciente de informações consistên cia interna e estrutura bifatorial
re lacionadas a experiências vividas ou relacionada aos processos de
infor mações adquiridas pelo indivíduo armazenamento e evoca ção de material
(“o quê”) (Ullman, 2004). A memória (de Paula et al., 2012). O examinando é
declarativa en volve dois sistemas submetido a cinco tentativas de
adjacentes propostos por Tulving aprendizagem de uma lista de palavras,
(1972): a memória episódica e a me que são lidas em voz alta pelo examina
mória semântica. A memória episódica dor; após as cinco repetições, o
es tá relacionada ao sistema de resgate examinador apresenta uma lista
de in formações vivenciadas pelo sujeito distrativa e, logo em se guida, solicita
(eventos pessoais – casamento, que o examinando resgate a lista inicial,
formaturas, térmi no de um em procedimento que permite avaliar
relacionamento). Em geral, a me mória interferência de material distrativo.
episódica é avaliada por testes como o
Rey Auditory Verbal Learning Test
(RAVLT) – o teste das 15 palavras de
Rey (Rey, 1958) –, que inclui evocação Após um intervalo de 30 minutos,
livre e resgate com di cas de solicita- -se outra recordação da primeira
reconhecimento de uma lista de pala lista. O ní vel de confiança para
vras não relacionadas entre si avaliação da perda de informação entre
aprendidas an teriormente. O sistema a quinta tentativa e a evo cação tardia
episódico é bastante suscetível à perda (após o intervalo) é de cerca de 0,70
(Uchiyama et al., 1995); outra etapa de dos devem ser analisados de modo não
reconhecimento (escolha forçada) é rea apenas quantitativo, mas também quali
lizada na sequência com palavras-alvo tativo, identificando, por exemplo, a pre
(da primeira lista) e palavras distrativas sença de interferência proativa (i.e.,
(pala vras da segunda lista e palavras efeito de material aprendido em
não apre sentadas anteriormente). momento ime diatamente anterior à
Os testes de memória declarativa são aquisição de mate rial novo),
bastante úteis para verificar alterações interferência retroativa (inter ferência de
neu ropsicológicas presentes em uma material novo sobre a retenção de
extensa lista de problemas e mesmo material aprendido em momento ime
como instru mentos auxiliares para diatamente anterior) ou perseveração.
avaliação de estres se psicológico ou No Brasil, existem versões normatizadas
depressão (p. ex., Gainot ti & Marra, para adultos com idades entre 20 e 60
1994; Uddo, Vasterling, Brailey, & anos (Sal gado et al., 2011) e também
Sutker, 1993). Nesses casos, os resulta para pacientes acima de 65 anos
(Malloy-Diniz, Lasmar,
106 Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo & Cosenza (orgs.)
Gazinelli, Fuentes, & Salgado, 2007). A memória declarativa tem o papel de
Existe, ainda, uma versão modificada estocar/acumular informações tanto do ti
para crianças e adolescentes com po espacial como do tipo temporal
dados normativos cole tados em nosso (Squire, 1986). Testes de memória
meio (Oliveira & Charchat- -Fichman, visuoespacial, co mo o Rey-Osterrieth
2008). Trata-se de um recurso Complex Figure Test (ROCF) (Corwin &
importante para avaliação nos quadros Bylsma, 1993) – tam bém conhecido
de demência e suspeita de declínio simplesmente como Figu ra Complexa
cognitivo. Diferentes regiões cerebrais de Rey ou Figura de Rey –, são úteis na
podem partici detecção de déficits na memó ria visual.
par de etapas distintas desse tipo de Entretanto, parece haver uma in dicação
tarefa. Outro teste sensível para medida razoável de correlação entre a ha
de memória episódica verbal é o Califor bilidade para copiar a figura complexa e
nia Verbal Learning Test-II (CVLT-II), in a habilidade para resgatá-la, o que
cluindo sua versão para crianças (CVLT- indica cui dado nos casos em que a
C). Além de mensurar o nível geral de cópia já apresen ta pontuação abaixo do
lembran ça nas tentativas de esperado (Meyers & Meyers, 1995).
armazenamento e após intervalo, o teste Kneebone, Lee, Wade e Loring (2007)
é bastante útil para veri ficar aspectos mostraram que o ROCF é menos
qualitativos do desempenho, como, por sensível para epilepsia refratária do
exemplo, tipos de erro, estraté gias de lobo temporal direito, talvez por permitir
recordação e mecanismos de falhas da alguma nomeação de seus
memória (Strauss et al., 2006). De fato, componentes, apresentando maior
as características qualitativas do CVLT sensibilidade quando o lobo temporal
po dem fornecer ao neuropsicólogo prejudicado é o esquerdo.
inferên cias importantes sobre o
funcionamento mnêmico do indivíduo;
no entanto, ressal ta-se a relevância de Aspectos neuroanatômicos
entender os resultados com cautela, da memória episódica
uma vez que os coeficientes de
confiança são menores para os Conforme já mencionado, a importância
componen tes específicos e maiores das porções temporais mediais foi eviden
para os resultados gerais do teste.
ciada primeiramente pelo estudo do pa hipocampal – tam bém apresentam
ciente H.M. Estudos com modelos grande importância e serão discutidas a
animais permitiram identificar algumas seguir. Para um melhor enten dimento do
regiões, co mo a amígdala, que papel das diferentes regiões nos
desempenham papel muito importante diversos mecanismos envolvidos na
na aquisição de apren dizagem aprendi zagem, vale ressaltar que a
emocional (Coelho, Ferreira, Soa res, & formação de no vas informações
Oliveira, 2013; Le Doux, 1994; Mc compreende as seguintes:
Gaugh, 2004), corroborando estudos
com pacientes com lesões nessa 1. aquisição de material;
estrutura do lo bo temporal medial 2. armazenamento;
(Adophs, Cahill, Schul, & Babinsky, 3. resgate do material.
1997). Respostas emocionais a
fotografias com conteúdo emocional Para que ocorram essas etapas,
foram mensuradas em amostras da vários processos neurais são
população brasileira (jovens: Ribeiro, necessários, como
Pompéia, & Bue no, 2005; idosos: Porto,
Bertolucci, Ribeiro, & Bueno, 2008).
Neuropsicologia 107
Ressalta-se que as emoções aumentam
a retenção de memórias, mas também a codificação do material entrante, a con
podem induzir falsas memórias (Santos solidação desse material mais firmemente
& Stein, 2008). O hipocampo é a
principal estrutura envolvida no
aprendiza do de novas informações, mas
outras regiões temporais mediais – tais Hipocampo
como córtices en torrinal perirrinal/para-

na memória e a estratégias, tais como Córtex Córtex perirrinal para-


hipocampal
decodificação para resga te categorização de
(Squire, 1992). informações, associação da
A participação de regiões nova informação com tra ÁREAS ASSOCIATIVAS POLI E
cerebrais que não as ços já armazenados na UNIMODAIS
porções temporais mediais memória de longo prazo, (lobos frontais,
ocor re sobretudo nos chunking ou agrupamentos, parietais e temporais)
processos de codificação e etc. Tais Outras
resgate de material. O projeções diretas
processo de codifica ção Córtex entorrinal
demanda uso de diferentes

estratégias envolvem a participação de Glowinski, 2000). As pontes entre


re giões pré-frontais, embora essas hipocampo e regiões pré-frontais são,
áreas não tenham conexão direta com o em grande parte, mediadas pelas
hipocampo (Simons & Spiers, 2003; regiões pa ra-hipocampais. Porém, o
Thierry, Gioanni, Dégénétais, & córtex entorrinal é a região que
concentra as principais pro jeções para o também projetam para o córtex entorrinal. O
hipocampo, ao passo que as regiões córtex entorrinal também recebe projeções de
perirrinal/para-hipocampal são res regiões pré-frontais, do giro do cíngulo e do giro
temporal superior. As setas sinalizam
ponsáveis por aproximadamente 60% projeções recíprocas.
das projeções que chegam ao córtex
entorrinal. Além de regiões pré-frontais,
as regiões pe rirrinal/para-hipocampal
recebem também projeções de outras e orbitais. As mesmas regiões pré-
áreas associativas, co mo temporais frontais também recebem projeções
laterais e parietais, tanto uni como para-hipocam pais e hipocampais –
polimodais, representando informa ções estas últimas seriam mediadas pelo
de diferentes vias sensoriais (Fig. 8.2). fórnix. Além da participação na
Outras regiões também apresentam codificação, as regiões pré-frontais tam
papel estratégico em processos de bém são importantes para processos de
codifica ção de material. Warrington e res gate de material, além de
Weiskrantz (1982) sugeriram que inputs monitorarem o desfecho do próprio
para o córtex pré-frontal através dos resgate. Os processos de codificação e
corpos mamilares e tálamo medial resgate de material envol vem as
teriam papel importante na mediação da projeções pré-frontais que agem de
codificação de material (p. ex., volta sobre o hipocampo por meio de pro
organização, formação de imagem men jeções que chegam às regiões para-hipo
tal, elaboração), uma vez que essa campais.
descone xão pode causar graves déficits Estudos com crianças
mnêmicos (Vann et al., 2009). Estudos demonstraram que a evocação do
com prima tas sugeriram também que o ROCF, realizada tal qual na prática
córtex retro esplenial e os núcleos clínica – isto é, evocação depois de um
talâmicos anteriores e rostrais também intervalo de até 30 minutos após a có
têm projeções conver gindo para os pia –, apresenta maior correlação com es
córtices pré-frontais mediais pessura cortical de porções pré-frontais,
evidenciando uma possível influência de
FIGURA 8.2 Esquema resumido da funcionamento executivo durante a codifi
conectividade de porções temporais mediais. O cação e o resgate do material complexo.
córtex entorrinal funciona como a principal via A in fluência do volume do hipocampo
de projeções para o hipocampo; os córtices revelou- -se mais importante apenas
entorrinal e para-hipocampal recebem após intervalos
projeções de regiões poli e unimodais e
108 Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo & Cosenza (orgs.)
de aproximadamente uma semana evento) e familiaridade (ideia de
(Østby, Tammes, Fjill, & Walhovd, exposição prévia sem contextualização)
2012), o que po de sinalizar ao clínico (Vann et al., 2009). Há evidências de
diferentes possibilida des de aplicação que
do instrumento, dependen do do objetivo (Tulving, 1972). Ao contrário da memória
em questão. episódica, a semântica é caracterizada
A memória de reconhecimento tam pela perda de dados contextuais
bém foi alvo de estudos. Existe relativo temporais e es paciais. Por exemplo, o
con senso de que a memória de significado da pala vra coqueiro é
reconhecimento tem a participação de conhecido em uma comuni dade
dois aspectos distin tos, porém linguística, mas o episódio real em que
relacionados: lembrança (res gate tal informação foi adquirida, isto é, quan
consciente e contextualizado de um do exatamente e onde, geralmente se
per deu na memória. com percepção e ação. Por exemplo, o
A memória semântica (ou conheci mento conhecimento que temos sobre determi
conceitual) também envolve rela ções nado animal envolve suas ca
a lembrança seja mediada
pelo hipocampo, enquanto
as regiões entorrinais e
perir rinais são importantes
pa ra a familiaridade
(Aggleton & Brown, 2006).
Desta for ma, é possível
hipotetizar um papel
importante da fami liaridade
para tentativas de
É possível hipotetizar um
pa pel importante da
familiarida de para
tentativas de lembran ça,
o que poderia explicar,
ao
menos parcialmente, a
melho ra de desempenho
em tarefas de
reconhecimento em
indiví duos com certo
grau de dificul dade de
memória.
racterísticas visuais, seu
mo vimento, número de
patas, presença de pelos,
etc., en quanto o
conhecimento de uma
ferramenta envolve o uso
que se faz dela, o mate rial
de que é feita, etc.
Os conceitos que cons
tituem a memória
semântica
lembrança, o que poderia explicar, ao se distribuem em redes de nódulos
me nos parcialmente, a melhora de interco nectados conforme a proximidade
desempe nho em tarefas de de signi ficado entre eles. Por exemplo, o
reconhecimento em in divíduos com conceito de fogo está fortemente
certo grau de dificuldade de associado ao conceito de incêndio e
memória. Processos de lembrança têm mais fracamente com o con ceito de
pa pel específico para rejeição de água (Bueno, 2011).
familiaridade, evitando respostas do tipo Uma teoria distributed-only view (Pat
alarme falso (fal so-positivo) (Dobbins, terson, Nestor, & Rogers, 2007) sugere
Kroll, Yonelinas, & Liu, 1998). que a rede seja distribuída e
Dificuldades mais evidentes em parcialmente organi zada de acordo com
processos de lembrança podem se a neuroanatomia dos sistemas
associar a respostas baseadas sensoriais, motores e linguísticos. Essa
principalmente na fami liaridade com os teoria sugere que tais regiões, bem co
estímulos (podendo gerar respostas do mo as conexões entre elas, constituam a
tipo alarme falso); dificuldades em re de semântica neural. O modelo
familiaridade e lembrança poderiam se distributed plus-hub view (Fig. 8.3)
associar a um padrão de rejeição para (Patterson, Nestor, & Rogers, 2007),
itens previamente apresentados. sugere que o cohecimen to seja
distribuído em diferentes áreas do
cérebro, havendo, porém, um eixo
Memória semântica e seus central que concentra o fluxo de
aspectos neuroanatômicos ativação dessa re de que pode ser
desencadeado por uma ta refa específica
A memória semântica foi definida como (p. ex., nomeação de figuras) que
nos sa enciclopédia mental, sendo conectam e se comunicam convergindo
responsável pela memória necessária para um eixo central (hub) amodal, o
para a linguagem qual seria dependente do polo temporal
anterior.

Nome Ação Representação dependente estímulos


ambíguos,
de tarefa
tanto do ponto de
vista perceptivo
como semântico.
Tarefa
Representação
independente de Neuropsicologia 109 Memória não
tarefa específica
declarativa
sugeriram que
porções perirrinais
(implícita)
do lobo temporal A memória não
Forma
medial teriam declarativa ou
também papel im implícita de adquirir
portante para o habilidades
processamento de perceptomotoras ou
Cores informa ções
Movimento cognitivas por meio
semânticas, da exposição
sobretudo para a repetida a atividades
identifica ção de que seguem regras
constan periência (Schacter, rotineiras modalidades e
tes mas que não 1987). Alterações no extremamente úteis, hábitos adquiridos e
requerem resgate é a funcionamento dessa como usar o treinados progres
ha bilidade modalidade de me computador ou o sivamente, tais como
consciente ou mória podem celular de modo aqueles desenvolvi
intencional da ex interferir na aquisição adequado. Há dos em tarefas como
de habilidades diversas jogar futebol, usar
FIGURA 8.3 Representação neuroanatômica estudos
de conectivi dade do modelo distributed plus- um controle de videogame ou cozinhar;
hub view. pré-ativação (priming); condicionamento
Fonte: Adaptado de Lent (2010). clássico, encontrado nas respostas
emocio nais de medo, com ativação da
amígdala; condicionamento operante, e
Nesse polo, a associação entre na aprendi zagem não associativa (Fig.
diferentes pa res de atributos (nome e 8.4).
forma, forma e mo vimento ou forma e A avaliação neuropsicológica de um tipo
cor) seria processada por um mesmo de memória implícita, a pré-ativação, em
grupo de neurônios e sinapses, geral envolve identificar palavras, com
independentemente do tipo de tarefa – pletar sentenças, completar palavras, so
por isso ser um eixo “amodal”. Alguns lucionar anagramas e outras tarefas que

Outros Informação sensorial Substância negra Córtex


sítios do neocórtex e motora Dopamina pré-motor
Gânglios da base Tálamo ventral

FIGURA 8.4 Circuitaria anatômica da memória implícita.


110 Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo & Cosenza (orgs.)
envolvam sobretudo o uso A avaliação 1993).
de dicas prévias ou de neuropsicológica de um da informação, ultrapassan
conhe cimento prévio já tipo de memória implí do os limites da memória
cita, a pré-ativação, em de curto prazo, que exige
automati zado (Rajaram & geral envolve identificar
Roediger, 1993). Testes palavras, completar
rever beração constante da
para avaliação de sentenças, comple tar infor
habilidades e hábitos cos palavras, solucionar ana mação (Strauss et al.,
tumam envolver tarefas mo gramas e outras tarefas 2006). O modelo multicom
toras ou visuomotoras, tais que envolvam sobretudo ponente, originalmente pro
como a escrita ou o o uso de dicas prévias posto por Baddeley e Hitch
ou de conheci mento (1974), prediz que a memó
desenho a partir da prévio já automatizado
imagem projetada em (Rajaram & Roediger, ria operacional é dividida
espelho, labirintos e tor em um sistema supervisor
res (Torres de Hanói, etc.). MEMÓRIA DE CURTO PRAZO
Quando falamos de memória de curto subordinadas
pra zo, estamos discutindo a ao executivo central, que funcionaria
recuperação da informação, dentro de como um gerenciador dos subsistemas
poucos segundos após a exposição e e alocador de recursos atencionais.
limitada a cerca de qua tro itens (Cowan, Mais recentemen te, foi acrescido um
2008). Essa memória ne cessita de quarto componente ao modelo: o
reverberação do conteúdo ou de uma retentor episódico (Baddeley, 2000), que
aglutinação de seus elementos para sua seria o responsável pela conexão de
ampliação (capacidade). Do ponto de informações da memória de longo pra zo
vista funcional, a memória de curto pra às informações de curto prazo, integran
zo foi assimilada ao conceito de memória do, assim, a lembrança de episódios
operacional. O modelo tornou-se relativa (Fig. 8.5), bem como envolvendo-se na
mente simples para explicar os associa ção (binding) de diferentes
componen tes presentes no registro grupos de infor mação (ver Baddeley,
imediato e no uso da informação, que Allen, & Hitch, 2011).
passaram a ser com preendidos dentro Existem muitos testes para
do modelo de memória operacional. avaliação da memória operacional. O
mais comum é o span de dígitos das
baterias Wechsler (WAIS, WISC, WMS).
Memória operacional O teste consiste de sete pares de
números em sequência alea
A memória operacional é um sistema de tória, os quais são lidos pelo examinador
memória responsável pela manutenção a uma média de um número por segun
temporária e pela manipu do, tanto na ordem direta como na inver
– o executivo central – e dois sistemas sa. Uma variante dessa avaliação é o
es cravos – a alça fonológica e seu teste de span de letras o qual exige um
equivalen te para material visuoespacial, desempe nho mínimo com um número
o esboço vi suoespacial. As alças seriam de letras le vemente inferior, pois o span
lação da informação, servin números. Por exemplo, em Memória operacional executivo
central
do para que operações vez de 4-8- 3-2, o
men tais sejam realizadas examinando poderia criar
on-line, isto é, no decorrer uma estratégia como
de sua co leta ou recoleta 48031, facilitando, assim, a Retentor episódico
(Baddeley, 2007). A recordação dos algarismos.
memória operacio nal
permite o uso, o geren
ciamento e a organização Memória declarativa episódica

A memória operacional é Neuropsicologia 111


um sistema de memória
respon sável pelo
arquivamento e pela
manipulação temporários
da informação, servindo Esboço visuoespacial Memória
para que operações
mentais sejam
realizadas no decorrer
desse tempo. Alça fonológica
declarativa visual
de dígitos permite a
transfor mação de número
da sequ ência em pares de
Linguagem
FIGURA 8.5 Estrutura dos sistemas de memória.
Memória operacional. Fonte: Adaptada de Baddeley
(2000).

Outras variantes permitem também uma uma ação


maior demanda da memória operacional, planejada para o futuro. Ela requer que o
como, por exemplo, as tarefas que indivíduo recorde tanto da natureza de
envolvem números e letras que devem um evento futuro como da hora em que
ser repetidos separadamente e em ocorre rá (intenção baseada no tempo)
ordem crescente pelo examinando (p. ou, então, lembre um conteúdo a ser
ex., a sequência 6-3-M-2- tratado em um evento futuro (intenção
-R-G deve ser repetida como 2-3-6-G-M- baseada em even to). Em geral, as
-R). Um exemplo desse tipo de tarefa é a avaliações de memória prospectiva têm
sequência de letras e números das sido realizadas experimen talmente em
baterias Wechsler, a partir da versão III. procedimentos variados que costumam
A memória operacional está envolvida envolver a apresentação de situa ções
em tarefas diá rias, como registrar um futuras e a sustentação de um estímu lo-
número de telefo ne por um tempo curto alvo, como, por exemplo, uma palavra a
para uso posterior. ser lembrada todas as vezes que
Para a avaliação da memória opera determina do estímulo for apresentado.
cional visuoespacial, um dos testes mais O teste mais utilizado para a avaliação
utilizados é o de Cubos de Corsi, que de memória pros pectiva é o Cambridge
con siste de nove cubos numerados Test of Prospective Memory
distribuí dos em uma placa. O (CAMPROMPT) (Wilson et al., 2005),
examinador toca uma sequência que ainda não foi validado no Brasil
progressiva de itens, solicitando que, (Piauilino et al., 2010).
logo a seguir, o examinando toque-os
tanto na ordem direta como na inversa. É
uma prova de fácil aplicação e bastante CONSIDERAÇÕES FINAIS
sen sível, sobretudo para lesões do lobo
frontal e prejuízos no hemisfério direito Os sistemas de memória são construtos
(ver Lezak, Howieson, & Loring, 2004). va lidados na pesquisa experimental,
tendo grande utilidade na prática clínica.
Ape sar de não haver um consenso, há
Memória prospectiva aceita ção bastante razoável para os
sistemas de memória de longo prazo
A memória prospectiva refere-se à dual e de memó ria operacional,
capaci dade de lembrar-se de executar expostos neste capítulo. A proposição
de novos tipos de memória (p.
112 Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo & Cosenza (orgs.)
ex., memória prospectiva) e a revisão deste livro são vinculados tanto à teoria
das propostas existentes (p. ex., retentor como à necessidade de compreensão
epi sódico da memória operacional) clíni ca de pacientes com disfunção ou
permiti ram expandir o entendimento lesão ce rebral. Enquanto há uma
proporcio nado pelas teorias disponibilidade de testes
apresentadas no século passado. Os neuropsicológicos validados para
instrumentos de avaliação de memória memória em outros países, sobretudo
expostos neste capítulo e ao lon go nos Estados Unidos e na Europa, no
Brasil, os pesquisadores têm que phosphorylation in amygdala after contextual
desenvolver tanto a validação de fear conditioning. Hip pocampus, 23(7), 545-
instrumentos já consagrados na 551.
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