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MEMÓRIA

Material organizado por: Edmundo Benigno


sou
mediciner
OBJETIVOS MEMÓRIA

1) Discutir as bases neurobiológicas da memória e os tipos


de memória (segundo tempo de aquisição e estrutura
cerebral envolvida).

2) Debater sobre as alterações patológicas da memória


(qualitativas e quantitativas).
1
Discutir as bases neurobiológicas da memória e
os tipos de memória (segundo tempo de
aquisição e estrutura cerebral envolvida).
DEFINIÇÃO MEMÓRIA

É a capacidade de codificar, armazenar e evocar as experiências,


impressões e fatos que ocorrem em nossas vidas.
Tudo que se aprende depende da memória.
Todos os processos relacionados com a memória são altamente
contextualizados, integrados em uma rede de múltiplas informações e
contextos da vida.
A capacidade específica de memorizar relaciona-se com vários fatores:
Nível de consciência e atenção
Estado emocional e o interesse motivacional
Contextos (lugar, momento, com que pessoas, em que tipo de
atividade e em que fase da vida a codificação, o armazenamento e
a evocação das informações ocorrem).

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MEMÓRIA
PSICOLÓGICA, COGNITIVA OU
NEUROPSICOLÓGICA
É uma atividade altamente diferenciada do
sistema nervoso, que permite ao indivíduo
codificar, conservar e evocar, a qualquer
momento, os dados aprendidos da experiência.

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DEFINIÇÃO MEMÓRIA

MEMÓRIA PSICOLÓGICA
Não é um processo unitário: composta de múltiplos elementos,
que podem ser organizados e expostos de distintas formas e
exigem redes e estruturas cerebrais diferentes.
Não é um processo passivo e fidedigno de fixação de elementos
e de evocação exata e realista do que foi arquivado. Vários
elementos do indivíduo participam da codificação e da evocação,
como elementos sensoriais, imaginativos, semânticos e afetivos.
É frequentemente reeditada, ou seja, as informações de eventos,
cenas e acontecimentos do passado, que já foram armazenadas,
podem ser reconfiguradas com acréscimos de elementos novos
(vividos ou imaginados pelo próprio indivíduo ou instigados por
estímulos externos, conscientes ou não).

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DEFINIÇÃO MEMÓRIA

MEMÓRIA PSICOLÓGICA
Fases:
Codificação: captar, adquirir e codificar informações. É o
processo inicial da memorização. Depende muito da
atenção.
Armazenamento: reter as informações de modo fidedigno.
Recuperação ou evocação: também denominada de
lembranças ou recordações; é fase em que as informações
são recuperadas para distintos fins. É a etapa final do
processo de memória.

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DEFINIÇÃO MEMÓRIA

MEMÓRIA PSICOLÓGICA
Lembrança é a capacidade de acessar elementos no banco
da memória de longo prazo.
Reconhecimento é a capacidade de identificar uma
informação apresentada ao sujeito com informações já
disponíveis na memória de longo prazo.
Esquecimento é a denominação que se dá à
impossibilidade de evocar e recordar.
Disponibilidade (possuir a lembrança) e a acessibilidade
(conseguir lembrar no momento que se quer) da informação.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO
O TEMPO DE AQUISIÇÃO MEMÓRIA

TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO O TEMPO DE AQUISIÇÃO

Percepção, atenção e memória se sobrepõem. Muitos conteúdos, mas se apagam


Memória sensorial e depósito rapidamente.Há um depósito sensorial, que funciona geralmente abaixo do limiar da
sensorial consciência, em apenas 50 milissegundos, quando se deve “decidir” (quase sempre sem
(até 1 segundo) consciência) se voltamos a atenção para certos estímulos ou se estes serão rapidamente
apagados.
Capacidade de reter o material (palavras, números, imagens, etc.) imediatamente após ser
Memória imediata ou de
percebido. A memória imediata tem também capacidade limitada e depende da concentração,
curtíssimo prazo (de poucos
da fatigabilidade e de certo treino. As memórias imediata e de trabalho dependem sobretudo
segundos até 1 a 3 minutos)
da integridade das áreas pré-frontais.
Capacidade de reter a informação por curto período. Também é um tipo de memória de
Memória recente ou de curto
capacidade limitada. Muitas vezes, as memórias de curto prazo e de curtíssimo prazo são
prazo (de poucos minutos até
consideradas simplesmente como memória de curto prazo. A memória recente depende de
3 a 6 horas)
estruturas cerebrais das partes mediais dos lobos temporais.
Transferência de informações para depósitos de longo prazo, tendo capacidade quase
ilimitada.Evocação de informações e acontecimentos ocorridos no passado, geralmente após
muito tempo do evento (pode durar por toda a vida). As informações são arquivadas e
Memória de longo prazo ou
conservadas de acordo com seu significado, em redes semânticas nas quais conceitos
remota (de dias, meses até
semelhantes ou semanticamente. Acredita-se que a memória remota se relacione tanto ao
muitos anos)
hipocampo, no processo de transferência de memórias recentes para memórias de longo
prazo, como implicando também, para o armazenamento de longo, amplas e difusas áreas
corticais de associação em todos os lobos cerebrais (mas principalmente nos frontais).

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BASES NEUROBIOLÓGICAS
DA MEMÓRIA MEMÓRIA

MEMÓRIA PSICOLÓGICA
Estruturas relacionadas à
memorização:
Hipocampo, à amígdala e córtex
entorrinal.
Atuam na consolidação dos registros
e na transferência das unidades de
memória de curto e médio prazos
para a de longo prazo.
Memória de longo prazo (registros bem
consolidados): está no córtex cerebral
(principalmente áreas frontais e
temporoparietoccipitais).

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BASES NEUROBIOLÓGICAS
DA MEMÓRIA MEMÓRIA

MEMÓRIA PSICOLÓGICA
O processo neuronal de memorização é diferente:
Memórias recentes: há mudanças e
consolidações de sinapses neuronais relacionadas
a complexas cascatas de eventos moleculares e
celulares necessárias para a primeira estabilização
de informações recentemente adquiridas, nas
redes neuronais coordenadas pelo hipocampo.
Memorizações lentas e de longo prazo: a
consolidação das memórias se baseia em
processos de nível sistêmico (redes neuronais),
lentos, tempo-dependentes, que convertem os
traços lábeis de memória recente em formas mais
permanentes, estáveis e ampliadas, baseadas na
reorganização de redes neurais de suporte à
memória, também coordenadas pelos hipocampos.

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BASES NEUROBIOLÓGICAS
DA MEMÓRIA MEMÓRIA

MEMÓRIA PSICOLÓGICA
Os hipocampos (direito e esquerdo) são
estruturas do cérebro, localizadas na parte
medial dos lobos temporais, filogeneticamente
antigas, de importância central para os
processos de aprendizagem e memória.
Entretanto, de certa forma, quase toda a
cognição está relacionada a eles, pois os
hipocampos se conectam a múltiplas áreas do
córtex cerebral, organizam eventos
relacionados entre si em uma rede estruturada
de memórias, além de atuarem na percepção
e na organização mental, espacial e temporal
dos eventos.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

1) MEMÓRIA DE TRABALHO (WORKING MEMORY)


Situa-se entre os processos e habilidades da atenção e os da
memória imediata.
Memória explícita, consciente, que exige esforço.
Conjunto de habilidades que permite manter e manipular informações
novas (acessando-as em face às antigas).
As informações (verbais ou visuoespaciais) são mantidas ativas, em
operação (on-line), geralmente por curto período (poucos segundos
até, no máximo, alguns minutos), a fim de serem manipuladas, com o
objetivo de selecionar um plano de ação e realizar determinada tarefa.
O conteúdo mnêmico deve ser utilizado imediatamente sob alguma
forma de resposta.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

1) MEMÓRIA DE TRABALHO (WORKING MEMORY)


É gerenciadora da memória:
Analisa e seleciona as informações que chegam constantemente
Compara as informações novas com as existentes nas demais
memórias, de curta e de longa duração, mantendo-as on-line por breve
período, até que a decisão e a resposta adequada sejam tomadas.
É plenamente ativa: realiza operações mentais de modo constante,
diferente da a memória de curto prazo.
Exemplos: ouvir um número telefônico e retê-lo na mente para, em
seguida, discá-lo, assim como, ao dirigir em uma cidade desconhecida,
perguntar sobre um endereço, receber a informação e a sugestão do
trajeto e, mentalmente, executar o itinerário de forma progressiva.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

1) MEMÓRIA DE TRABALHO (WORKING MEMORY)


Componentes:
a) alça fonológica: utiliza códigos articulatórios e
depósitos fonológicos para sintetizar e operacionalizar
as informações
b) esboço visuoespacial: realiza armazenamento
temporário e manipulação das imagens
c) sistema executivo: faz a mediação da atenção e das
estratégias para coordenar os recursos cognitivos entre
a alça fonológica e o esboço visuoespacial

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

1) MEMÓRIA DE TRABALHO (WORKING MEMORY)


As regiões corticais pré-frontais são importantes para a
integridade da memória de trabalho.
Tarefas verbais: maior envolvimento das áreas pré-frontais
esquerdas, assim como das áreas de Broca (frontal esquerda
inferior) e de Wernicke (temporal esquerda superior).
Tarefas visuoespaciais (seguir mapas mentalmente, sair de
labirintos gráficos e montar quebra-cabeças): há maior
implicação das áreas pré-frontais direitas, assim como de
zonas visuais de associação do carrefour
temporoparietoccipital direito.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

2) MEMÓRIA EPISÓDICA
Trata-se de memória explícita, de médio e longo prazos, relacionada a eventos
específicos da experiência pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado
contexto.
Relatar o que foi feito no último fim de semana é um típico exemplo de memória
episódica.
Ela corresponde a eventos específicos e concretos, comumente
autobiográficos, bem circunscritos em determinado momento e local.
Recordação consciente de fatos reais.
A perda da memória episódica, em geral, se evidencia para eventos
autobiográficos recentes, mas, com o evoluir da doença (p. ex., doença de
Alzheimer), pode incluir elementos mais antigos.
Nesse sentido, a perda de memória episódica obedece à lei de Ribot (perdem-
se primeiro os elementos recentemente adquiridos e, depois, os mais antigos).

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

2) MEMÓRIA EPISÓDICA
Esse tipo de memória depende, em essência, de mecanismos relacionados às regiões
da face medial dos lobos temporais (hipocampo e os córtices entorrinal e perirrinal).
Quando as áreas se deterioram o paciente perde totalmente a capacidade de fixar e
lembrar eventos ocorridos há poucos minutos ou horas, inclusive situações
marcantes e significativas para ele.
Os pacientes com síndrome de Wernicke-Korsakoff têm déficits graves na memória
episódica, uma condição relacionada a danos no diencéfalo (corpos mamilares, trato
mamilo-talâmico e tálamo anterior).
A memória remota de eventos antigos permanece mais tempo sem alterações.
O hipocampo é um depósito transitório de memórias, uma estação de transferência de
elementos recentemente registrados para um arquivo mais permanente de lembranças,
localizado de modo difuso em amplas áreas do córtex dos distintos lobos cerebrais.
A memória episódica interage constantemente com a memória semântica (de
conhecimentos gerais e conceitos), contrastando ou se articulando com ela.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

2) MEMÓRIA EPISÓDICA
Investigação semiológica da memória episódica
Suspeita-se de alteração da memória episódica quando se nota que o sujeito vai
se tornando incapaz de reter e lembrar informações e experiências recentes de
maneira correta e acurada.
Contar uma pequena história e, alguns minutos depois, pedir que a reconte.
O relato de parentes próximos e cuidadores é essencial
O indivíduo geralmente não tem crítica de seu estado cognitivo e não costuma
perceber suas perdas.
É importante, para avaliar o significado da alteração da memória episódica, que
sejam investigadas outras áreas cognitivas além da memória (como linguagem,
atenção, habilidades visuoespaciais e funções executivas).
Por fim, devem ser examinados sinais neurológicos focais e alterações de
possíveis doenças físicas sistêmicas.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

3) MEMÓRIA SEMÂNTICA
Se refere ao aprendizado, à conservação e à utilização do arquivo geral de conceitos
e conhecimentos do indivíduo (os chamados conhecimentos gerais sobre o mundo).
Conhecimentos de caráter geral e que se cristalizam por meio da linguagem são de
caráter semântico.
É frequentemente explícita (mas pode ser, eventualmente, implícita).
É a representação de longo prazo dos conhecimentos que temos sobre o mundo
(significado das palavras, dos objetos e das ações).
Diz respeito ao registro e à retenção de conteúdos em função do significado que têm.
É um componente da memória de longo prazo que inclui os conhecimentos de
objetos, fatos, operações matemáticas, assim como das palavras e seu uso.
A memória semântica é, de modo geral, compartilhada socialmente, reaprendida de
forma constante, não sendo temporalmente específica.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

3) MEMÓRIA SEMÂNTICA
Memórias episódicas são convertidas, ao longo do tempo e
por exposição repetida, em memórias semânticas.
A memória semântica previamente adquirida é muitas vezes
preservada em pacientes que apresentam graves alterações
no sistema de memória episódica.
Corresponde às capacidades de nomeação e categorização.
Depende, de forma estreita, das regiões inferiores e laterais
dos lobos temporais, sobretudo no hemisfério esquerdo.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

3) MEMÓRIA SEMÂNTICA
Investigação semiológica da memória semântica
Pesquisam-se alterações de memória semântica verificando-se a
dificuldade do paciente em tarefas como nomear itens cujos nomes ele
previamente sabia (mostrar um relógio, uma caneta e uma régua e pedir
que o indivíduo os nomeie).
Pacientes com disfunções leves na memória semântica têm capacidade
reduzida em testes de geração de palavras (p. ex., solicitar ao indivíduo
que nomeie o maior número possível de animais em 1 minuto).
Alterações mais avançadas na memória semântica:
Déficits de duas vias na nomeação;
Empobrecimento marcante de conhecimentos gerais.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

4) MEMÓRIA DE PROCEDIMENTOS
Trata-se de um tipo de memória automática, não consciente, não
declarativa (mas, durante a aquisição da habilidade, pode ser
explícita na fase de aprendizado).
Na maioria das vezes, a memória de procedimentos é implícita, pois
manifesta-se tipicamente por ações motoras e desempenho de
atividades, e não pela expressão de palavras (tornando-se
consciente apenas com esforço).
A memorização ocorre de forma lenta, por meio de repetições e
múltiplas tentativas.
As principais áreas envolvidas são a área motora suplementar (lobos
frontais), os núcleos da base (sobretudo o striatum) e o cerebelo.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

4) MEMÓRIA DE PROCEDIMENTOS
Investigação semiológica da memória de procedimentos
Suspeita-se da presença de alterações da memória de
procedimentos quando o indivíduo apresenta ou perda
de habilidades motoras ou visuoespaciais previamente
aprendidas, ou grande dificuldade em aprender novas
habilidades.
Um paciente com lesão no sistema de memória de
procedimentos pode nunca mais readquirir as
habilidades motoras automáticas que pessoas saudáveis
realizam sem perceber.

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TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A
ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA MEMÓRIA

TIPOS DE MEMÓRIA SEGUNDO A ESTRUTURA CEREBRAL ENVOLVIDA


TIPO DE ESTRUTURAS INVESTIGAÇÃO
CARACTERÍSTICA EXEMPLOS PATOLOGIAS RELACIONADAS
MEMÓRIA ENVOLVIDAS SEMIOLÓGICA

Demências (frontotemporal,
As informações (verbais ou visuoespaciais) são Teste Minimental,
Alzheimer, vasculares e com
mantidas ativas, em operação (on-line), Ouvir um número sequências
corpos de Lewy) . Esclerose
Memória de geralmente por curto período (poucos segundos Regiões corticais telefônico e retê-lo numéricas,
múltipla e traumatismo craniano.
trabalho até, no máximo, alguns minutos), a fim de serem pré-frontais na mente para, em labirintos gráficos
Esquizofrenia, transtorno de déficit
manipuladas, com o objetivo de selecionar um seguida, discá-lo e quebra-
de atenção/hiperatividade e
plano de ação e realizar determinada tarefa. cabeças.
transtorno obsessivo-compulsivo.
Regiões da face
Contar uma
medial dos lobos Alzheimer, Síndrome de Wernicke-
Memória explícita, de médio e longo prazos, pequena história
temporais, Relatar o que foi Korsakoff. Esquizofrenia, transtorno
Memória relacionada a eventos específicos da experiência e, alguns minutos
particularmente o feito no último fim dissociativo (dificuldade na
episódica pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado depois, pedir que
hipocampo e os de semana evocação da memória episódica) e
contexto. a reconte.
córtices entorrinal doença de Parkinson
e perirrinal.
Se refere ao aprendizado, à conservação e à Regiões inferiores Mostrar um
A cor do céu (azul)
utilização do arquivo geral de conceitos e e laterais dos lobos relógio, uma Alzheimer; Deficiência
ou de um
Memória conhecimentos do indivíduo (os chamados temporais, caneta e uma frontotemporal (variante que afeta
papagaio (verde),
semântica conhecimentos gerais sobre o mundo). É sobretudo no régua e pedir que mais os lobos temporais: variante
ou quantos dias há
frequentemente explícita (mas pode ser, hemisfério o indivíduo os semântica da DFT)
na semana (sete)
eventualmente, implícita). esquerdo nomeie
Perda de Doença e síndrome de Parkinson.
área motora habilidades Doença de Huntington, paralisia
suplementar (lobos Andar de bicicleta, motoras ou supranuclear progressiva e
Memória automática, não consciente. A
frontais), os digitar no visuoespaciais degeneração olivopontocerebelar.
Memória de memorização ocorre de forma lenta, por meio de
núcleos da base computador, tocar previamente Tumores, acidentes vasculares
procedimentos repetições e múltiplas tentativas.
(sobretudo o um instrumento aprendidas, ou cerebrais (AVCs), hemorragias,
striatum) e o musical, grande dificuldade degenerações e outras lesões nos
cerebelo. em aprender núcleos da base ou no cerebelo
novas habilidades. (degeneração cerebelar)

Feito a partir do Psicopatologia - Paulo Dalgalarrondo.pdf


2
Debater sobre as alterações patológicas da
memória (qualitativas e quantitativas).
2.1
ALTERAÇÕES
QUANTITATIVAS
ALTERAÇÕES
QUANTITATIVAS MEMÓRIA

HIPERMNÉSIAS
Em alguns pacientes em mania ou hipomania, representações (elementos mnêmicos) afluem
rapidamente, uma tempestade de informações ou imagens, ganhando em número, perdendo, porém,
em clareza e precisão. A hipermnésia, nesses casos, traduz mais a aceleração geral do ritmo psíquico
que uma alteração propriamente da memória.
Há outro tipo de hipermnésia, chamada hipermnésia para memória autobiográfica. Trata-se de um
fenômeno raro, no qual o indivíduo tem uma memória autobiográfica quase perfeita (Parker et al., 2006).
Foi estudado detalhadamente o caso de HK, um rapaz de 20 anos, cego de nascença, que apresentava
hipermnésia autobiográfica. Sua memória para detalhes de vários eventos de sua vida passada era
profunda e minuciosa, quase perfeita. Por meio de várias fontes, a memória de HK foi checada em
relação ao diário de sua avó, entrevistas com vários familiares e registros de prontuários médicos do
hospital onde ele era tratado, revelando-se altamente fidedigna (Ally et al., 2013).
HK apresentava, em relação a controles, hipertrofia da amígdala direita (de cerca de 20%) e
conectividade aumentada entre a amígdala e o hipocampo (10 vezes acima do desvio-padrão). A
hipermnésia autobiográfica é considerada um fenômeno complexo, dependente de intricada interação
entre memória episódica, memória semântica, habilidades visuoespaciais, memória para emoções,
viagem mental no tempo, teoria da mente e funções executivas. Embora muito rara, ela fornece
elementos valiosos para a compreensão da memória autobiográfica.

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ALTERAÇÕES
QUANTITATIVAS MEMÓRIA

AMNÉSIAS (OU HIPOMNÉSIAS)


Denomina-se amnésia, de forma genérica, a perda da memória, seja da capacidade
de fixar, seja da capacidade de manter e evocar antigos conteúdos mnêmicos.
No indivíduo que sofre uma lesão ou doença cerebral, sempre que esse processo
patológico atinja seus mecanismos mnêmicos de codificação, armazenamento e
recordação, a perda dos elementos da memória (esquecimento) segue algumas
regularidades:
1. O sujeito perde as lembranças e seus conteúdos na ordem e no sentido inverso
que os adquiriu.
2. Consequência do item anterior, ele perde primeiro elementos recentemente
adquiridos e, depois, os mais antigos.
3. Perde primeiro elementos mais complexos e, depois, os mais simples.
4. Perde primeiro os elementos mais estranhos, menos habituais e, só
posteriormente, os mais familiares.

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ALTERAÇÕES
QUANTITATIVAS MEMÓRIA

AMNÉSIAS (OU HIPOMNÉSIAS)


Processos fisiopatológicos:
a) psicogênicas ou dissociativas
Há perda de elementos mnêmicos seletivos, os quais podem ter valor
psicológico específico (simbólico, afetivo).
É quase sempre uma amnésia retrógrada.
Pode surgir em sequência a um episódio de trauma emocional e/ou relacionada
a fuga dissociativa.
b) orgânicas:
A perda de memória é geralmente menos seletiva, em relação ao conteúdo
emocional e/ou simbólico do material esquecido.
Em geral, perde-se primeiramente a capacidade de memorização de fatos e
eventos recentes, e, em estados avançados da doença (geralmente demência),
o indivíduo passa gradualmente a perder conteúdos mais antigos.

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ALTERAÇÕES
QUANTITATIVAS MEMÓRIA

AMNÉSIAS (OU HIPOMNÉSIAS)


Amnésia anterógrada e retrógrada
Anterógrada: o indivíduo não consegue mais fixar elementos
mnêmicos a partir do evento que lhe causou o dano cerebral.
Retrógrada (verificável na amnésia dissociativa): o indivíduo
perde a memória para fatos ocorridos antes do início do
transtorno (ou trauma).
De modo geral, é comum, após trauma craniencefálico, a
ocorrência de amnésias retroanterógrada (déficits de fixação para
o que ocorreu dias, semanas ou meses antes e depois do evento
patógeno).

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2.2
ALTERAÇÕES
QUALITATIVAS
ALTERAÇÕES
QUALITATIVAS MEMÓRIA

Envolvem a deformação do processo de evocação de conteúdos mnêmicos


previamente fixados.
O indivíduo apresenta lembrança deformada que não corresponde à
sensopercepção original.
Os principais tipos de paramnésias são:
1. Ilusões mnêmicas: há o acréscimo de elementos falsos a elementos da
memória de fatos que realmente aconteceram. Por isso, a lembrança adquire
caráter fictício. Podem ocorrer na esquizofrenia, no transtorno delirante e,
menos frequentemente, nos transtornos da personalidade (borderline,
histriônica, esquizotípica, etc).
2. Alucinações mnêmicas: criações imaginativas, dotadas de sensorialidade,
marcadamente com a aparência de lembranças ou reminiscências que não
correspondem a qualquer elemento mnêmico, a qualquer lembrança
verdadeira. Podem surgir de modo repentino, sem corresponder a qualquer
acontecimento. Ocorrem principalmente na esquizofrenia e em outras psicoses.

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ALTERAÇÕES
QUALITATIVAS MEMÓRIA

CONFABULAÇÕES (OU FABULAÇÕES)


Produções de relatos, narrativas e ações que são involuntariamente
incongruentes com a história passada do indivíduo, com sua
situação presente e futura.
Aspectos básicos:
Elas são memórias ou recordações falsas (conteúdo ou contexto
falso).
A pessoa que confabula não sabe da falsidade de suas
recordações.
Confabulações são recordações plausíveis, ou seja, elas se
parecem com o que poderia ter acontecido, mas que não
aconteceu.

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ALTERAÇÕES
QUALITATIVAS MEMÓRIA

CONFABULAÇÕES (OU FABULAÇÕES)


As confabulações ocorrem principalmente na síndrome de Wernicke- Korsakoff,
frequentemente secundária ao alcoolismo crônico associado a déficit de tiamina
(vitamina B1).
Elas também podem ocorrer em traumatismo craniencefálico, encefalites que
implicam os lobos temporais (como a encefalite herpética), intoxicação por monóxido
de carbono, aneurisma da artéria comunicante anterior e doença de Alzheimer.
Pode ocorrer, na esquizofrenia.
As alterações anatômicas relacionadas às confabulações compreendem lesões:
Nos corpos mamilares
No núcleo dorsomedial do tálamo
No córtex orbitofrontal.
Entretanto, cerca de outras 20 áreas lesadas já foram associadas às confabulações,
indicando a complexidade de sua fisiopatologia.

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ALTERAÇÕES
QUALITATIVAS MEMÓRIA

ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA MEMÓRIA

ALTERAÇÃO CARACTERÍSTICA

Produções de relatos, narrativas e ações que são involuntariamente incongruentes com a história passada do indivíduo, com
Confabulações
sua situação presente e futura.

Trata-se de um falseamento da memória, em que as lembranças aparecem como fatos novos ao paciente, que não as
reconhece como lembranças, vivendo- as como uma descoberta. Por exemplo, um indivíduo com demência (como do
Criptomnésias
tipo Alzheimer) conta aos amigos uma história muito conhecida como se fosse inteiramente nova, mas que, há poucos
minutos, foi relatada por outra pessoa do grupo.

Trata-se da recapitulação e da revivescência intensa, abreviada e panorâmica da existência, uma recordação condensada
de muitos eventos passados, que ocorre em breve período. Na ecmnésia, o indivíduo tem a vivência perceptiva de visão de
Ecmnésia
cenas passadas, como forma de presentificação do passado. Esse tipo de ecmnésia pode ocorrer em alguns pacientes com
crises epilépticas.

Também denominada ideia fixa ou representação prevalente, manifesta-se como o surgimento espontâneo de imagens da
memória ou conteúdos ideativos do passado que, uma vez instalados na consciência, não podem ser repelidos
voluntariamente pelo indivíduo. A imagem da memória, embora reconhecida como indesejável, reaparece de forma
Lembrança obsessiva
constante e permanece, como um incômodo, na consciência do paciente. Manifesta-se em indivíduos com transtornos do
espectro obsessivo-compulsivo.

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FIM

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