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MEMÓRIA PSICOLÓGICA
Não é um processo unitário: composta de múltiplos elementos,
que podem ser organizados e expostos de distintas formas e
exigem redes e estruturas cerebrais diferentes.
Não é um processo passivo e fidedigno de fixação de elementos
e de evocação exata e realista do que foi arquivado. Vários
elementos do indivíduo participam da codificação e da evocação,
como elementos sensoriais, imaginativos, semânticos e afetivos.
É frequentemente reeditada, ou seja, as informações de eventos,
cenas e acontecimentos do passado, que já foram armazenadas,
podem ser reconfiguradas com acréscimos de elementos novos
(vividos ou imaginados pelo próprio indivíduo ou instigados por
estímulos externos, conscientes ou não).
MEMÓRIA PSICOLÓGICA
Fases:
Codificação: captar, adquirir e codificar informações. É o
processo inicial da memorização. Depende muito da
atenção.
Armazenamento: reter as informações de modo fidedigno.
Recuperação ou evocação: também denominada de
lembranças ou recordações; é fase em que as informações
são recuperadas para distintos fins. É a etapa final do
processo de memória.
MEMÓRIA PSICOLÓGICA
Lembrança é a capacidade de acessar elementos no banco
da memória de longo prazo.
Reconhecimento é a capacidade de identificar uma
informação apresentada ao sujeito com informações já
disponíveis na memória de longo prazo.
Esquecimento é a denominação que se dá à
impossibilidade de evocar e recordar.
Disponibilidade (possuir a lembrança) e a acessibilidade
(conseguir lembrar no momento que se quer) da informação.
MEMÓRIA PSICOLÓGICA
Estruturas relacionadas à
memorização:
Hipocampo, à amígdala e córtex
entorrinal.
Atuam na consolidação dos registros
e na transferência das unidades de
memória de curto e médio prazos
para a de longo prazo.
Memória de longo prazo (registros bem
consolidados): está no córtex cerebral
(principalmente áreas frontais e
temporoparietoccipitais).
MEMÓRIA PSICOLÓGICA
O processo neuronal de memorização é diferente:
Memórias recentes: há mudanças e
consolidações de sinapses neuronais relacionadas
a complexas cascatas de eventos moleculares e
celulares necessárias para a primeira estabilização
de informações recentemente adquiridas, nas
redes neuronais coordenadas pelo hipocampo.
Memorizações lentas e de longo prazo: a
consolidação das memórias se baseia em
processos de nível sistêmico (redes neuronais),
lentos, tempo-dependentes, que convertem os
traços lábeis de memória recente em formas mais
permanentes, estáveis e ampliadas, baseadas na
reorganização de redes neurais de suporte à
memória, também coordenadas pelos hipocampos.
MEMÓRIA PSICOLÓGICA
Os hipocampos (direito e esquerdo) são
estruturas do cérebro, localizadas na parte
medial dos lobos temporais, filogeneticamente
antigas, de importância central para os
processos de aprendizagem e memória.
Entretanto, de certa forma, quase toda a
cognição está relacionada a eles, pois os
hipocampos se conectam a múltiplas áreas do
córtex cerebral, organizam eventos
relacionados entre si em uma rede estruturada
de memórias, além de atuarem na percepção
e na organização mental, espacial e temporal
dos eventos.
2) MEMÓRIA EPISÓDICA
Trata-se de memória explícita, de médio e longo prazos, relacionada a eventos
específicos da experiência pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado
contexto.
Relatar o que foi feito no último fim de semana é um típico exemplo de memória
episódica.
Ela corresponde a eventos específicos e concretos, comumente
autobiográficos, bem circunscritos em determinado momento e local.
Recordação consciente de fatos reais.
A perda da memória episódica, em geral, se evidencia para eventos
autobiográficos recentes, mas, com o evoluir da doença (p. ex., doença de
Alzheimer), pode incluir elementos mais antigos.
Nesse sentido, a perda de memória episódica obedece à lei de Ribot (perdem-
se primeiro os elementos recentemente adquiridos e, depois, os mais antigos).
2) MEMÓRIA EPISÓDICA
Esse tipo de memória depende, em essência, de mecanismos relacionados às regiões
da face medial dos lobos temporais (hipocampo e os córtices entorrinal e perirrinal).
Quando as áreas se deterioram o paciente perde totalmente a capacidade de fixar e
lembrar eventos ocorridos há poucos minutos ou horas, inclusive situações
marcantes e significativas para ele.
Os pacientes com síndrome de Wernicke-Korsakoff têm déficits graves na memória
episódica, uma condição relacionada a danos no diencéfalo (corpos mamilares, trato
mamilo-talâmico e tálamo anterior).
A memória remota de eventos antigos permanece mais tempo sem alterações.
O hipocampo é um depósito transitório de memórias, uma estação de transferência de
elementos recentemente registrados para um arquivo mais permanente de lembranças,
localizado de modo difuso em amplas áreas do córtex dos distintos lobos cerebrais.
A memória episódica interage constantemente com a memória semântica (de
conhecimentos gerais e conceitos), contrastando ou se articulando com ela.
2) MEMÓRIA EPISÓDICA
Investigação semiológica da memória episódica
Suspeita-se de alteração da memória episódica quando se nota que o sujeito vai
se tornando incapaz de reter e lembrar informações e experiências recentes de
maneira correta e acurada.
Contar uma pequena história e, alguns minutos depois, pedir que a reconte.
O relato de parentes próximos e cuidadores é essencial
O indivíduo geralmente não tem crítica de seu estado cognitivo e não costuma
perceber suas perdas.
É importante, para avaliar o significado da alteração da memória episódica, que
sejam investigadas outras áreas cognitivas além da memória (como linguagem,
atenção, habilidades visuoespaciais e funções executivas).
Por fim, devem ser examinados sinais neurológicos focais e alterações de
possíveis doenças físicas sistêmicas.
3) MEMÓRIA SEMÂNTICA
Se refere ao aprendizado, à conservação e à utilização do arquivo geral de conceitos
e conhecimentos do indivíduo (os chamados conhecimentos gerais sobre o mundo).
Conhecimentos de caráter geral e que se cristalizam por meio da linguagem são de
caráter semântico.
É frequentemente explícita (mas pode ser, eventualmente, implícita).
É a representação de longo prazo dos conhecimentos que temos sobre o mundo
(significado das palavras, dos objetos e das ações).
Diz respeito ao registro e à retenção de conteúdos em função do significado que têm.
É um componente da memória de longo prazo que inclui os conhecimentos de
objetos, fatos, operações matemáticas, assim como das palavras e seu uso.
A memória semântica é, de modo geral, compartilhada socialmente, reaprendida de
forma constante, não sendo temporalmente específica.
3) MEMÓRIA SEMÂNTICA
Memórias episódicas são convertidas, ao longo do tempo e
por exposição repetida, em memórias semânticas.
A memória semântica previamente adquirida é muitas vezes
preservada em pacientes que apresentam graves alterações
no sistema de memória episódica.
Corresponde às capacidades de nomeação e categorização.
Depende, de forma estreita, das regiões inferiores e laterais
dos lobos temporais, sobretudo no hemisfério esquerdo.
3) MEMÓRIA SEMÂNTICA
Investigação semiológica da memória semântica
Pesquisam-se alterações de memória semântica verificando-se a
dificuldade do paciente em tarefas como nomear itens cujos nomes ele
previamente sabia (mostrar um relógio, uma caneta e uma régua e pedir
que o indivíduo os nomeie).
Pacientes com disfunções leves na memória semântica têm capacidade
reduzida em testes de geração de palavras (p. ex., solicitar ao indivíduo
que nomeie o maior número possível de animais em 1 minuto).
Alterações mais avançadas na memória semântica:
Déficits de duas vias na nomeação;
Empobrecimento marcante de conhecimentos gerais.
4) MEMÓRIA DE PROCEDIMENTOS
Trata-se de um tipo de memória automática, não consciente, não
declarativa (mas, durante a aquisição da habilidade, pode ser
explícita na fase de aprendizado).
Na maioria das vezes, a memória de procedimentos é implícita, pois
manifesta-se tipicamente por ações motoras e desempenho de
atividades, e não pela expressão de palavras (tornando-se
consciente apenas com esforço).
A memorização ocorre de forma lenta, por meio de repetições e
múltiplas tentativas.
As principais áreas envolvidas são a área motora suplementar (lobos
frontais), os núcleos da base (sobretudo o striatum) e o cerebelo.
4) MEMÓRIA DE PROCEDIMENTOS
Investigação semiológica da memória de procedimentos
Suspeita-se da presença de alterações da memória de
procedimentos quando o indivíduo apresenta ou perda
de habilidades motoras ou visuoespaciais previamente
aprendidas, ou grande dificuldade em aprender novas
habilidades.
Um paciente com lesão no sistema de memória de
procedimentos pode nunca mais readquirir as
habilidades motoras automáticas que pessoas saudáveis
realizam sem perceber.
Demências (frontotemporal,
As informações (verbais ou visuoespaciais) são Teste Minimental,
Alzheimer, vasculares e com
mantidas ativas, em operação (on-line), Ouvir um número sequências
corpos de Lewy) . Esclerose
Memória de geralmente por curto período (poucos segundos Regiões corticais telefônico e retê-lo numéricas,
múltipla e traumatismo craniano.
trabalho até, no máximo, alguns minutos), a fim de serem pré-frontais na mente para, em labirintos gráficos
Esquizofrenia, transtorno de déficit
manipuladas, com o objetivo de selecionar um seguida, discá-lo e quebra-
de atenção/hiperatividade e
plano de ação e realizar determinada tarefa. cabeças.
transtorno obsessivo-compulsivo.
Regiões da face
Contar uma
medial dos lobos Alzheimer, Síndrome de Wernicke-
Memória explícita, de médio e longo prazos, pequena história
temporais, Relatar o que foi Korsakoff. Esquizofrenia, transtorno
Memória relacionada a eventos específicos da experiência e, alguns minutos
particularmente o feito no último fim dissociativo (dificuldade na
episódica pessoal do indivíduo, ocorridos em determinado depois, pedir que
hipocampo e os de semana evocação da memória episódica) e
contexto. a reconte.
córtices entorrinal doença de Parkinson
e perirrinal.
Se refere ao aprendizado, à conservação e à Regiões inferiores Mostrar um
A cor do céu (azul)
utilização do arquivo geral de conceitos e e laterais dos lobos relógio, uma Alzheimer; Deficiência
ou de um
Memória conhecimentos do indivíduo (os chamados temporais, caneta e uma frontotemporal (variante que afeta
papagaio (verde),
semântica conhecimentos gerais sobre o mundo). É sobretudo no régua e pedir que mais os lobos temporais: variante
ou quantos dias há
frequentemente explícita (mas pode ser, hemisfério o indivíduo os semântica da DFT)
na semana (sete)
eventualmente, implícita). esquerdo nomeie
Perda de Doença e síndrome de Parkinson.
área motora habilidades Doença de Huntington, paralisia
suplementar (lobos Andar de bicicleta, motoras ou supranuclear progressiva e
Memória automática, não consciente. A
frontais), os digitar no visuoespaciais degeneração olivopontocerebelar.
Memória de memorização ocorre de forma lenta, por meio de
núcleos da base computador, tocar previamente Tumores, acidentes vasculares
procedimentos repetições e múltiplas tentativas.
(sobretudo o um instrumento aprendidas, ou cerebrais (AVCs), hemorragias,
striatum) e o musical, grande dificuldade degenerações e outras lesões nos
cerebelo. em aprender núcleos da base ou no cerebelo
novas habilidades. (degeneração cerebelar)
HIPERMNÉSIAS
Em alguns pacientes em mania ou hipomania, representações (elementos mnêmicos) afluem
rapidamente, uma tempestade de informações ou imagens, ganhando em número, perdendo, porém,
em clareza e precisão. A hipermnésia, nesses casos, traduz mais a aceleração geral do ritmo psíquico
que uma alteração propriamente da memória.
Há outro tipo de hipermnésia, chamada hipermnésia para memória autobiográfica. Trata-se de um
fenômeno raro, no qual o indivíduo tem uma memória autobiográfica quase perfeita (Parker et al., 2006).
Foi estudado detalhadamente o caso de HK, um rapaz de 20 anos, cego de nascença, que apresentava
hipermnésia autobiográfica. Sua memória para detalhes de vários eventos de sua vida passada era
profunda e minuciosa, quase perfeita. Por meio de várias fontes, a memória de HK foi checada em
relação ao diário de sua avó, entrevistas com vários familiares e registros de prontuários médicos do
hospital onde ele era tratado, revelando-se altamente fidedigna (Ally et al., 2013).
HK apresentava, em relação a controles, hipertrofia da amígdala direita (de cerca de 20%) e
conectividade aumentada entre a amígdala e o hipocampo (10 vezes acima do desvio-padrão). A
hipermnésia autobiográfica é considerada um fenômeno complexo, dependente de intricada interação
entre memória episódica, memória semântica, habilidades visuoespaciais, memória para emoções,
viagem mental no tempo, teoria da mente e funções executivas. Embora muito rara, ela fornece
elementos valiosos para a compreensão da memória autobiográfica.
ALTERAÇÃO CARACTERÍSTICA
Produções de relatos, narrativas e ações que são involuntariamente incongruentes com a história passada do indivíduo, com
Confabulações
sua situação presente e futura.
Trata-se de um falseamento da memória, em que as lembranças aparecem como fatos novos ao paciente, que não as
reconhece como lembranças, vivendo- as como uma descoberta. Por exemplo, um indivíduo com demência (como do
Criptomnésias
tipo Alzheimer) conta aos amigos uma história muito conhecida como se fosse inteiramente nova, mas que, há poucos
minutos, foi relatada por outra pessoa do grupo.
Trata-se da recapitulação e da revivescência intensa, abreviada e panorâmica da existência, uma recordação condensada
de muitos eventos passados, que ocorre em breve período. Na ecmnésia, o indivíduo tem a vivência perceptiva de visão de
Ecmnésia
cenas passadas, como forma de presentificação do passado. Esse tipo de ecmnésia pode ocorrer em alguns pacientes com
crises epilépticas.
Também denominada ideia fixa ou representação prevalente, manifesta-se como o surgimento espontâneo de imagens da
memória ou conteúdos ideativos do passado que, uma vez instalados na consciência, não podem ser repelidos
voluntariamente pelo indivíduo. A imagem da memória, embora reconhecida como indesejável, reaparece de forma
Lembrança obsessiva
constante e permanece, como um incômodo, na consciência do paciente. Manifesta-se em indivíduos com transtornos do
espectro obsessivo-compulsivo.