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Vamos compreender os

processos cognitivos e
seus instrumentos?
Conceito de Inteligência

O termo inteligência vem do


latim.

Esta é uma palavra que é


composta por dois outros
termos: intus (“entre”) e
legere (“escolher”).
Assim sendo, a origem etimológica do conceito de inteligência
faz referência a quem sabe escolher: a inteligência permite
portanto selecionar/escolher as melhores opções na hora de
solucionar uma questão.
Wechsler adotou uma
abordagem mais ecológica e
concebeu a inteligência como
um construto multidimensional.

Não considerou só como


entidade global, mas também
como um conjunto de
capacidades específicas.
Global porque caracteriza o comportamento do
indivíduo como um todo.

Específica porque é composta de elementos ou


capacidade qualitativamente distintas.
“Aprendizagem é o processo de aquisição de novas
informações, ao passo que memória se refere à
persistência da aprendizagem em um estado que
pode ser revelado em uma ocasião posterior ”.

(Squire,1987, pg 3)
Alguns instrumentos
Criança Adulto Idoso
Inteligência WISC – IV WASI WASI
CPM – Raven WAIS III APM -Raven
Colorido APM – Raven TIG-NV
WASI TIG-NV G-38
SON-R 2 ½ -7 [a] G-38 ADASCog
SON-R 6 a 40 SON-R 6 a 40 Rastreio
Colúmbia 3 (MEEM/MoCA)
TNVRI
THCP
Atenção
• Conjunto de mecanismos que agem no direcionamento ou no
controle da seleção de informações, as quais terão prioridade
de processamento pelo sistema nervoso.

• Essa seleção pode ser baseada em vário aspectos (espacial,


temporal, forma, cor).
Aspectos da Atenção
Nível de alerta
Corresponde à intensidade que uma pessoa está acordada
e alerta.
Aspecto tônico: Mecanismo interno (alerta) que regula a resposta
global à estimulação ambiental (sono-vigília) e potencial para
responder ao ambiente.

Aspecto fásica: modificações momentâneas na responsividade (para


estímulos internos externo).
Seletividade ou Atenção
Seletiva

É a seleção de parte dos estímulos disponíveis para


processamento enquanto se mantem os demais “suspensos”.

Refere-se também a capacidade de focalizar um estímulo


específico em detrimento de distratores. (auditivo, visual, interno
ou externo)
Alternância ou Atenção Alternada

Refere-se a nossa capacidade de alternar


o foco atencional de um estímulo para
outro retornando posteriormente a
informação inicial.
Divisão ou Atenção Dividida

Capacidade de dividir a
atenção em diferentes tarefas
simultaneamente.
Sustentação ou Atenção Sustentada

Capacidade de manter o foco


atentivo em uma determinada
atividade por um tempo mais
prolongado com o mesmo
padrão de consciência. Mesmo
que a atenção concentrada.
Peculiaridades da Avaliação da Atenção

• Velocidade de processamento

• Impulsividade

• Déficit é primário ou secundário (ex: transtornos de


humor)
Estímulos Visuais
Estímulos auditivos
Alguns instrumentos
Habilidade Criança Adulto Idoso
Atenção TAVIS – 4 BPA BPA
-Seletiva BPA TEACO / TEAD / TEACO / TEAD /
-Sustentada d2-R TEALT TEALT
-Alternada Teddy Bear d2-R TMT – Teste de
-Dividida TMT – Teste de AC-15 Trilhas
Trilhas TMT – Teste de FDT
FDT Trilhas Teste dos Sinos
CA. CD. OS. DG FDT
(WISC)
THCP
Memória
Uma habilidade que usamos todos os dias sem
perceber!!!
A complexidade e importância da memória faz com que ela seja
uma das funções cognitivas mais estudadas em diferentes campos
científicos.

Psicologia Jurídica

Psicologia
Psicoterapia Social

Neuropsicologia
A complexidade da memória diz respeito ao envolvimento de
diversos processos:
Recepção,
Arquivamento
Recordação da informação

Trata-se de uma função multifacetada:


Diversos mecanismos neurais
Funcionamento do indivíduo
A capacidade individual de adquirir, reter e resgatar informações de
forma consciente permite, teoricamente, utilizar as experiências
anteriores.

O indivíduo quando é novamente submetido a situações similares


aquelas já vivenciadas, torna-se capaz de reconhecer:

Padrões
Ter comportamentos coerentes com suas experiências
Muitas informações até agora?
Etapas damemória
Atenção

Decodificação

Armazenamento

Recordação

(Baddeley, Wilson & Watts, 1995; Huppert & Piercy,1982; McDowall,1984; Posner & Petersen,1990)
Atenção:

Manter o mesmo estado de ativação, necessário à tarefa que


estamos desempenhando, durante o tempo suficiente.

Direcionar a atenção para uma determinada posição do ambiente,


enquanto os demais estímulos à sua volta são ignorados.
Decodificação:

Processamento da nova informação a ser


armazenada.

Aquisição: registra as informações


em arquivos sensoriais.

Consolidação: cria uma


representação da informação
através do tempo.
Armazenamento:
Resultado da aquisição e da consolidação → Cria e mantém um
registro permanente.

Recordação:
Utiliza a informação armazenada para executar um comportamento
Memórias

São sempre modeladas :

Pelas emoções
Pelo nível de consciência
Pelo ânimo
Memória e Neurociência

Memória: processo neuronal resultante de mudanças na força das


interações sinápticas entre os neurônios nas redes neurais.

Áreas relacionadas:

HIPOCAMPO

AMÍGDALA

CÓRTEX FRONTAL
Estrutura dos sistemas de memória

(Strauss, Sherman e Spreen,2006)


Memória de longa duração

• Divisão dos sistemas de memórias

• Memória declarativa ou explícita:


• A capacidade de armazenamento e recordação consciente de
experiências prévias
• Relação funcional e anatômica diferenciada da memória implícita

• Memória não declarativa ou implícita:


• Habilidade para realizar algum ato ou comportamento que
originalmente exigiu algum esforço consciente ou intencional da
experiência.
• Aprender a dirigir é um bom exemplo do uso dessa memória.
MemóriaDeclarativa
Memória episódica

Refere-se ao sistema que permite o resgate de


eventos pessoais com rótulo temporal.

Exemplo: nascimento de um filho, o dia da


formatura, viagem realizada.
Memóriaepisódica
Sempre que nos lembramos a memória é
RECONSTRUÍDA
Está sujeita a erros:
Pré-conceitos sobre pessoas, objetos ou eventos podem
enviesar nossa recordação

Falsas memórias (sugestionabilidade)


Também pode sofrer interferência de:

Eventos que ocorreram após o evento que queremos lembrar


ou interferências no momento da recordação
MemóriaDeclarativa
Memória Semântica:

Refere-se a uma parte da memória de longo prazo que processa ideias e


conceitos que não são derivados da experiência pessoal.

Inclui coisas que são do conhecimento comum, tais como os nomes das
cores, os sons das letras, as capitais de países e outros fatos básicos
adquiridos ao longo da vida.
MemóriaDeclarativa
Memória de Curta duração:

Está associada ao tempo de recuperação de uma


informação, geralmente limitada em até um minuto.

Limitada a uma quantidade de informação.

Necessita de descarte ou de uma aglutinação de novos elementos para sua


ampliação.
Memória Operacional
• É um sistema de memória responsável pelo arquivamento
temporário da informação.

• Serve para que operações mentais sejam realizadas no decorrer do


mesmo.

• Permite que haja o uso, gerenciamento e organização da informação.

• Manipulação mental de diversas informações simultâneas e


sequênciais.
Alguns instrumentos
Habilidade Criança Adulto Idoso
Memória RAVLT RAVLT RAVLT
-Visual 7F 7P Figuras Figuras Complexas
-Auditiva Figuras Complexas Complexas de de Rey
-Curto de Rey Rey TEPIC-M
-Longo – Armaz. Dígitos (WISC) TEPIC-M Vocabulário
Recup. Vocabulário (WISC) Vocabulário (WASI)
TIME-R (WASI) Memória Lógica
Memória Lógica (WMS)
(WMS)
Sem a “cola” da memória, passado e futuro perdem
seu significado e a consciência é reduzida ou
mesmo perdida.

(Markowitsch, 2005)
Estímulos visual e auditivo
O que você
entende por
Linguagem
A linguagem oral pode ser definida como um sistema finito de princípios e regras
que possibilita a um falante codificar significado em sons e que um ouvinte
decodifique sons em significado.

• Em outras palavras...
– Codificação: o falante realiza a conversão de um conceito ou
ideia que deseja comunicar em uma série de sons.
– Decodificação: o ouvinte processa os estímulos recebidos
(sons), transformando-os (decodificando) novamente em ideia.
Componentes da Linguagem oral
Desenvolvimento
Depende da complexa interação:

fatores genéticos x estimulação ambiental

Pré-requisitos biológicos:
Desenvolvimento adequado de funções sensoriais, perceptuais, motoras e
cognitivas.

Assim, deve haver uma adequada maturação cerebral concomitante com um


preservado desenvolvimento do processamento auditivo.
Pré-requisito ambiental:
Convivência com modelos adequados

Pré-requisito psicológico:
Desenvolvimento de relações interpessoais
Desenvolvimento da Linguagem Oral
• 0 aos 6 meses:
– choro e sons de conforto
• 6 aos 9 meses:
– vocalizações com entonação e ritmo (pré-conversação)
• Ao final de 12 meses:
– compreende algumas palavras familiares, agrupa sons e repete
sílabas
• Até 18 meses:
– fala de 5 a 50 palavras
• A partir de 18 meses:
– desenvolvimento sintático
– primeiras interrogações
• 18 aos 24 meses:
– Frases com 2 palavras
– Frases negativas com uso do não
• 24 aos 36 meses:
– Frases com 3 elementos
– Sem uso de palavras funcionais (artigos, preposições) e
concordância
• 26 aos 42 meses:
– Sequência com 4 palavras
– Expansão gramatical (estrutura melhor organizada)
– 300 palavras
• A partir dos 54 meses: aprimoramento
Em torno de 2 pólos:
– RECEPTIVO: compreensão (audição)
– EXPRESSIVO: canal de saída (fonação e articulação verbal)

Ao mesmo tempo as crianças desenvolvem a habilidade de


refletir sobre a linguagem (A partir dos 3 anos)
A linguagem oral como preditora da linguagem escrita

• Os falantes de uma língua percebem a cadeia da


fala como um continuum:

– não existindo limites contrastivos entre as palavras e


entre suas partes (morfemas, sílabas ou fonemas)

“Para que haja compreensão do princípio alfabético da correspondência


grafofonêmica, a criança necessita entender que as letras
correspondem a segmentos sonoros sem significados. A
linguagem escrita tem, assim,
estreita relação com a oral”
Portanto... Na alfabetização é necessário refazer a percepção que o
indivíduo tem da cadeia de fala como um continuum >>>>>
METALINGUAGEM!
Habilidade Metalinguística:
Capacidade de refletir sobre a linguagem

Atenção aos níveis:


– Fonológico: sistema sonoro (consciência de frases,
palavras, sílabas e fonemas)
– Morfológico
– Sintático
– Semântico
Habilidades Metalinguísticas x
Linguísticas

• Linguísticas:
– percepção ou discriminação fonêmica (habilidade de
discriminar entre pares de estímulos que diferem em apenas
um fonema ou em um traço fonético).

• Metalingüísticas:
– reflexão consciente e voluntária sobre a linguagem (habilidade de
manipular ativamente os sons da fala nos níveis da palavra, sílaba
e fonema).
Consciência Fonológica
A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA é a habilidade de
refletir e manipular os segmentos da fala.

• Inclui:
– capacidade de reflexão (consultar e comparar)
– capacidade de operar com rimas, aliteração, sílabas e fonemas
• Contar, segmentar, unir, adicionar, suprimir, substituir

• Está relacionada ao sucesso na alfabetização


– procedimentos para desenvolver a CF promovem a aquisição de leitura e
escrita.
• Exemplo:
Uma criança não-alfabetizada e um adulto analfabeto conseguem
discriminar funcionalmente entre as palavras PATO E RATO (habilidade
lingüística),

Mas são incapazes de intencionalmente contar o número de fonemas


de cada uma dessas palavras, ou de manipulá-los (habilidade
metalingüística).
Consciência Sintática
É a capacidade de refletir sobre a estrutura sintática da
linguagem oral

• fundamental que o leitor avalie a coesão dos aspectos sintáticos e semânticos da


mensagem. Exemplo:
– “Ontem eu irei à festa de casamento da Pedro e Laura. Os docinhos estava
maravilhosos.”
• Análise de erros na leitura:
– Maus leitores produzem maior quantidade de erros gramaticalmente inaceitáveis
– Tais resultados sugerem que a CS desempenha um PAPEL FACILITADOR NA
COMPREENSÃO DA LEITURA, influindo nas habilidades de monitoramento da
compreensão por meio da detecção de erros incoerentes com a estrutura das sentenças
e da autocorreção dos mesmos.
Memória fonológica de curto-prazo
Refere-se à capacidade de reter e recuperar
informações fonológicas por curtos
períodos de tempo

Durante a compreensão de uma


mensagem oral, a memória de curto-
prazo é usada para acumular informações
enquanto a compreensão ocorre,
mantendo essa informação na mente
apenas o tempo necessário para que o
problema seja solucionado ou para que a
compreensão ocorra
Nomeação
Capacidade de dar nome à figura/objeto
apresentado

Quando aplicados testes de nomeação, crianças


com dislexia tendem a ser mais lentas para
produzir palavras, além de apresentar uma
proporção maior de erros
Vocabulário
Quais e quantas palavras faladas a criança é
capaz de compreender.

Eles diferem dos maus leitores em seu uso do


conhecimento geral do mundo para
compreender o texto, assim como para fazer
inferências a partir do texto e empregar
estratégias de monitoramento da compreensão.
Alguns instrumentos
Habilidade Criança Adulto Idoso
Linguagem SM. CO. VC. RP. SM. VC. (WASI) SM. VC (WASI)
-Expressão IN. (WISC) FAS / Animais FAS / Animais
-Repetição TDE II Boston Boston
-Oral PROLEC Anele Anele
-Nomeação Livros Capovila &
-Leitura/escrita Seabra
-Fluência FAS/ Animais
IAR
Coruja PROMAT
TENA
Praxia e Visuoconstrução
Praxias
– Refere-se à capacidade de executar movimentos ou gestos de
maneira precisa, intencional, coordenada e organizada com vistas à
obtenção de um fim ou resultado específico.

Apraxias
– Remete ao comprometimento da capacidade de realizar algum
gesto ou ato motor voluntário, sob comando ou por imitação.
Apraxia ideomotora
– Prejuízo na realização de gestos
simples. O paciente mostra-se incapaz
de fazer o movimento de modo
intencional, mas faz de modo
automatizado.

Apraxia ideatória
– Inabilidade para realizar um
sequência lógica e harmonioso de
gesto de um ato complexo.
Apraxia ideomotora - YouTube
Apraxias Mielocinética

Apraxia da Marcha

Apraxia do Vestir

Apraxia Bucofacial
Visuoconstrução (ou praxia construtiva)

É a capacidade de realizar as atividades


construtivas. Ou seja, habilidade de juntar
partes de maneira que formem uma entidade
única ou objeto.
São dependentes de habilidades visoperceptivas e visoespaciais e
incluem:
A discriminação visual,

Diferenciação figura e fundo,

Síntese visual,

Reconhecimento de faces, cores, pontos no espaço, direção,


profundidade...
Alguns instrumentos
Habilidade Criança Adulto Idoso
Praxias Cópia de Cópia de Cópia de
-Ideomotora gestos gestos gestos
-Viso- Cópia de Cópia de Cópia de
construção formas formas formas
-Bucofacial Bender
Habilidade Criança Adulto Idoso
Percepção CB. CF. (WISC) Figuras Figuras
Figuras Complexas Complexas de Complexas de
de Rey Rey Rey
Bender Figuras Figuras
Figuras Faces – Faces –
Faces – Neupsilin Neupsilin Neupsilin
Cenas Cenas Cenas
Hooper Hooper Hooper
Elaboração do Laudo

Por que buscar


testes
atualizados?
Porque os testes devem ser revisados?

Em função das diferenças transculturais, dos aumentos


de QI na população e inclusive pelas mudanças no
contexto histórico e sociocultural de um mesmo país.

Essas revisões são especialmente importantes para os


testes que avaliam inteligência, devido ao chamado
“efeito de Flynn”.
https://papodehomem.com.br/efeito-flynn-por-que-nao-estamos-ficando-mais-inteligentes-
que-nossos-pais-or-tecla-sap-20/
“Efeito Flynn”

Cerca de 3 pontos por década nos Estados


Unidos, principalmente quanto à
capacidade não verbal.

Em Países como (França, Holanda e Japão),


os ganhos seriam de 5 a 8 pontos por
década, pelo menos em crianças urbanas
(Lichtenberger & Kaufman, 2009).
Elaboração de laudo
Quais os principais cuidados a serem seguidos:

✓Sempre levando em consideração sua finalidade,


✓conter a descrição dos procedimentos e conclusões
resultantes do processo de avaliação psicológica.
✓deve dar direções sobre o encaminhamento,
intervenções ou acompanhamento psicológico.
Evitando-se a apresentação de dados desnecessários
aos objetivos da avaliação.
Como faz?

Investiga-se as funções cognitivas e o


comportamento, por meio de técnicas de
entrevistas, exames qualitativos e
quantitativo.
A neuropsicologia estuda a relação entre comportamento e
funcionamento cerebral em condições normais e
patológicas.
Como Avaliar?
Instrumentos
Teste padronizados
Testes não padronizados
Teste restritos/não restritos
Avaliação sem o uso de testes

..... O mais importante é


o olhar neuropsicológico!
Modelos de laudos
1. Identificação; Resolução 06/2019, do Conselho
Federal de Psicologia.
2. Descrição da demanda;
3. Procedimentos: instrumentos utilizados;
4. Análise: anamnese, resultados,
5. Conclusão, encaminhamentos;
6. Referência bibliográficas;
Anexos
Rubricar todas as páginas, sendo
necessário carimbar e assinar no final do
laudo.
Relatório de Avaliação Neuropsicológica

Relatora: Esp. (CRP – 09/)


Solicitante:
Finalidade: Avaliação diagnóstica

I. Dados da criança
Nome: R.
Data de Nascimento: 07/04/2011 Idade: 08 anos e 09 meses
Filiação:
Escolaridade: Educação Infantil – 2 º ano
Dominância Manual: Destro
Período da Avaliação:
Data da Devolutiva:
II. Descrição da demanda

O presente documento tem como objetivo investigar características cognitivas e


emocionais de R., frente a queixa da criança e da escola de dificuldade escolar.
Filha única por parte materna, mãe relata gestação surpresa sem intercorrências, nasceu
de parto a termo. Mãe considerava R. mais “molinha”. Andou com 1 ano e 6 meses, tinha medo
em caminhar sozinha, “andava tropicando”, fala aos 2 anos, apresenta dificuldade atualmente para
pronunciar algumas palavras. Desmamou para entrada na escola e introdução alimentar.
Foi para escola aos 2 anos no intuito de evoluir o desenvolvimento da linguagem e da
motricidade, boa aceitação e socialização a partir do primeiro ano R. iniciou com professora
particular para melhor evolução acadêmica. Concluiu em 2019 o segundo ano da educação
infantil, contudo R. vem apresentando dificuldade em acompanhar seus pares, de acordo com a
responsável a criança não consegue ler, dificuldade de memorizar o conteúdo escolar, e não
consegue realizar contas. Se esforça para acompanhar e muitas vezes fica chorona por não
conseguir.
Reside com os pais e há um ano com o irmão. Apresenta bom relacionamento com os
familiares, calma, brinca sozinha, cria historinhas, mãe considera infantilizada quando observa
com outras crianças, é medrosa, toda noite chama os pais com medo, apresenta comportamento
de timidez e ansiedade. Pai apresenta dificuldade em colocar limites. Sono e apetite adequado.
Nega uso de medicação, acidentes e internação.
III. Procedimento

3.1. Técnicas principais


3.1.1. Observação clínica do paciente e realização de tarefas ecológicas para
observação do processamento linguístico, discursivo oral e escrito, mnemônico,
atencional e executivo.
3.1.2. Entrevista e questionário sobre comportamento com familiares de
primeiro grau.
3.1.3. Escala de Inteligência Wechesler para Crianças-WISC-IV (Rueda,
Noronha, Sisto, Santos & Castro, 2013; Wechsler, 2013); Casa-Arvóre-Pessoa
Técnica Projetiva de Desenho (Tardivo, 2003); Figura Complexa de Rey (Oliveira
& Rigoni, 2010); RAVLT (Paula,J. & Malloy-Diniz,2018).
3.2. Técnicas Complementares
3.2.1. Atividade Infantil de Nomeação (Seabra, Trevisan & Capovilla, 2007).
3.2.2. Trilhas A e B (Montiel & Seabra, 2007).
3.2.3. Teste de Atenção por Cancelamento (Montiel & Seabra, 2007).
IV. Atitude em Tarefa
A criança apresentou-se receptiva e comunicativa. Foi observada dificuldade
na compreensão de comandos verbais curto e longo, esforço para se manter atenta e
muitas vezes indicou ansiedade quanto ao seu desempenho nas atividades. Explorou
o ambiente, apresentou pouca iniciativa para escolher outras atividades.
Comportamento infantilizado.
V. Resultados

5.1. HABILIDADE COGNITIVA GERAL


Tabela 1 – WISC IV Escala Wechsler de Inteligência para crianças

Escalas Pontos compostos Classificação


Compreensão verbal 84 Média Inferior
Organização Perceptual 77 Limítrofe
Memória de trabalho 62 Extremamente Baixo
Velocidade de processamento 77 Limítrofe
QI TOTAL 69 Extremamente Baixo
Este instrumento fornece um Quociente Intelectual (QI) em quatro domínios
e um QI total.
19

17

15

13

11

1
SM VC CO IN RP CB CN RM CF DG SNL AR CD PS CA
160

130

100

70

40
CV OP MT VP QI TOTAL
5.2.1. Linguagem oral

Para a avaliação da linguagem oral foram observados aspectos fonológico,


sintáticos, semânticos da linguagem. Para isso foram utilizadas, para análises
qualitativas, algumas provas de nomeação (tabela 2) e discriminação fonológica.
Os resultados indicaram que apresenta desenvolvimento da linguagem oral
dentro do esperado para a sua idade nas atividades de nomeação. Nos aspectos de
discriminação fonológica R. indicou resultado abaixo do esperado.
5.3. AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO
Em relação à avaliação da atenção, foram aplicados testes e atividades ecológicas, além
da observação da criança durante a execução dos testes e durante as atividades informais (jogos
e brincadeiras).
Nos testes que mensuraram os aspectos da atenção, como nos subteste do WISC IV
citados acima os resultados obtidos demostraram resultados abaixo do esperado.
Nas atividades complementares R. indicou dificuldade nas atividades que exigem atenção
concentrada, alternada e seletiva não conseguiu pontuar.
5.4. AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

Em relação ao desenvolvimento das habilidades nucleares que compõem as


funções executivas observou: Memória de Trabalho (MT) com seu padrão de
desenvolvimento extremamente abaixo da média (IMT 62). Apresenta prejuizos em
atividades que exigem atenção, como por exemplo foi observado dificuldades para seguir
comandos curto e longos.
Em relação à habilidade de Flexibilidade Cognitiva foram observados desenvolvimento
inadequado, na atividade ecológica indicou dificuldade de flexibilizar frente a dois ou mais
estímulos.
Quanto ao Controle inibitório (CI) foi observado desenvolvimento adequado, não teve
dificuldade em aguardar sua vez, no entanto quando essa habilidade esta ligada a atividades que
exigem atenção, R. apresentou dificuldade nas atividades que exigem planejamento e
organização.
5.5. FORMAÇÃO DE CONCEITOS, RACIOCÍNIO ABSTRATO E
JULGAMENTO.

Para a análise dessas funções, foram utilizados alguns testes já apresentados


anteriormente. Os resultados apontam capacidade de desenvolver raciocínio abaixo
do esperado para a resolução de problemas e julgamento de situações novas.
5.6. FUNÇÃO MNEMÔNICA E APRENDIZAGEM

Para maior compreensão a memória foi classificada como: memória de longa


duração explícita (episódica e semântica) e implícita, e memória recente.
De acordo com o instrumento RAVLT (auditivo-verbal) tabela 3, R. indicou boa
capacidade de aprendizagem, com retenção das informações de curto prazo, apresentou
intrusões e não se beneficiou com pistas com presença de interferência acima do
esperado para reconhecimento
5.7. PERCEPÇÃO E VISO CONSTRUÇÃO

O desempenho na bateria de testes para essas funções revela habilidades viso


construtivas e viso espaciais estão abaixo do esperado, como indicou na tabela 5 e
nas atividades ecológica indicou dificuldade para realização.

Tabela 5. Figura Complexa de Rey

Cópia
Total 15
Percentil -10
Tempo (em 7’26”
minutos)
Percentil 60

No que refere à imitação de gestos simples e complexo e construção de figura


simples realizou com dificuldade. Na identificação e a representação das partes do
corpo humano realizou adequadamente.
VI. Dados comportamentais/ sociais e emocionais

R. apresentou contato social adequado, interagiu de forma saudável, foi capaz


de iniciar e manter o diálogo. Durante as sessões apresentou humor estável, contudo
apresentou comportamento infantilizado, insegurança e ansiedade para saber do seu
desempenho.
Na teste projetivo (HTP) indicou no momento sentimentos de refúgio na
fantasia, falta de autoconfiança, medo de ações independentes, necessidade de
realização imetiada, imaturidade e insegurança.
Atividade Avaliativa

VII- COMENTÁRIOS FINAIS

VIII. ENCAMINHAMENTO

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