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Luto: Tratamento baseado na

Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)

José Ignacio Cruz Gaitán


Zenyazenn Ivonne Corona Chávez
Michel Reyes Ortega

Tradução e adaptação para o português, com a autorização dos autores,


realizada pelo Grupo de Pesquisa em Perdas e Luto CEFI/CORA.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 2

Evitação e Luto Complicado

Depois de um luto é comum que os enlutados evitem a experiência de certas emoções, como
ansiedade ou tristeza, geralmente esta evitação está relacionada a seguir regras verbais segundo as
quais enfrentar a realidade da perda (ex: sentimentos, pensamentos) ou memórias relacionadas a
ela) levará à "loucura", a "perda de controle", ou a experiências "insuportáveis"; portanto, evitam a
experiência da perda para se proteger da ameaça (Horowitz et al., 1986; Ramsay, 1979). Desta
forma, para evitar o desconforto que leva à perda, os enlutados mantêm uma forte ligação com o
falecido (Field & Friedrichs, 2004), falam constantemente sobre a pessoa morta e o que fariam se
estivesse viva, mantém objetos relacionados a ela, ou tentam ter conversas com a pessoa morta,
para manter a conexão que tinham antes de sua morte e evitar a ansiedade que pode gerar o
confronto com sua realidade atual. A ruminação constante sobre as razões ou circunstâncias em
que a morte ocorreu é outra estratégia comumente usada que tem várias funções de evitação, entre
as quais pode incluir (a) tentar entender uma perda inesperada, (b) focar na raiva em relação a
pessoa morta para evitar sentimentos de culpa (ou vice-versa) e (c) preocupação em parar de pensar
na pessoa morta, pois isso indicaria desrespeito ou falta de amor por ele, ou poderia levar que a
pessoa seja esquecida (Watkins & Molds, 2012).
Outras formas de evitar a experiência de tristeza são a inatividade e fuga, por exemplo,
abstendo-se de atividades sociais, trabalho e recreação (lazer) que poderiam proporcionar reforço
positivo ou eram importantes antes da perda. Essa evitação está relacionada à obediência (fusão
cognitiva) dos pensamentos, de acordo com os quais a realização de atividades sem a pessoa morta
envolve falta de respeito. Obediência a pensamentos pessimistas em relação à participação em
comportamentos potencialmente úteis (por exemplo, "encontrar amigos não me fará sentir melhor")
e a capacidade de fazê-lo (por exemplo, "não consigo assumir novas responsabilidades"). Essa
interrupção das rotinas diárias pode causar uma desregulação biológica que contribui para a
instabilidade emocional (Ehlers, Frank & Kupfer, 1988), também enfraquecendo o acesso a
experiências gratificantes e prazerosas na ausência da pessoa morta, interferindo assim na
incorporação da perda ao conhecimento sobre si mesmo, o presente e o futuro.

Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)

A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) é uma das chamadas terapias comportamentais


de terceira geração, um conjunto de terapias comportamentais sensíveis ao contexto e funções dos
fenômenos psicológicos. O ACT é um tipo de análise de comportamento clínico que enfatiza o uso de
processos de "aceitação de consciência" e o "compromisso com valores pessoais" como formas de
desenvolver "flexibilidade psicológica" e, assim, criar mudanças no comportamento. Essa flexibilidade
psicológica permite a aceitação do sofrimento psicológico como ele é, sendo possível aprender com
ele e mudar o foco de atenção para os comportamentos que potencializam e dão sentido à vida
(Hayes, et al., 1999). Esta terapia foi validada cientificamente para um grande número de distúrbios

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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psicológicos e é consistente com o Modelo do Processo Dual do Luto (Stroebe & Schut, 1999,
Romanoff, 2012) então optamos por aplicá-la a clientes com Luto Complicado.
O modelo ACT considera a "mente" como um conjunto complexo de comportamentos
cognitivos relacionados. Essa "mente" pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição, "ter
linguagem é ter ambos os lados. Um lado luminoso que permite construir conhecimento útil para
atuar de forma efetiva e eficaz, além de promover o bem-estar; e um lado escuro que pode criar
sofrimento."
A ACT fornece uma base teórica útil para ajudar os terapeutas que pensam em adotar novas
maneiras de trabalhar com o luto, pois contempla o trabalho com emoções e pensamentos,
mudanças nas rotinas e redefinição de papéis pós-perda em um quadro que incentiva a esperança
para o futuro (Walker, 2013). Do ponto de vista da ACT, a resolução apropriada do luto implicaria que
o indivíduo reconhecesse a perda, que ele possa permanecer em contato com os outros e que ele
acredite que a vida ainda pode ter significado e propósito, isto é, aceitação em vez de evitação
emocional (Walser & Hayes, 2006).

Transtorno de Evitação Experiencial

Na sociedade ocidental, a busca pela felicidade e o uso do relaxamento como forma de evitar
pensamentos e sentimentos desagradáveis é constantemente promovida, assumindo que "ser feliz"
e "sentir-se bem" são indicativos de saúde mental e normalidade (Molina e Luciano, 2003). Do ponto
de vista da ACT, a dor é uma parte normal da experiência humana e o sofrimento humano é uma
consequência da tentativa de suprimir ou eliminar experiências desagradáveis (Hayes et al., 1999).
Um paradoxo inerente à tentativa de evitar, suprimir ou eliminar experiências pessoais
indesejáveis é que tais tentativas resultam em um aumento na frequência e intensidade da
experiência de evitação (Wenzlaff & Wegner, 2000), isto é, embora no curto prazo possa parecer
aparentemente eficaz, as situações de evitação a longo prazo multiplicam-se e aumentam, os
pensamentos e sentimentos para evitar tornar-se mais transbordantes e a capacidade de entrar em
contato com o momento presente e aproveitar a vida desaparece pouco a pouco (Hayes et al. al.,
1999), e a pessoa se afasta do que deseja para sua vida.
O Transtorno de Evitação Experiencial (ETE) ocorre quando uma pessoa tenta
deliberadamente alterar tanto a forma quanto a frequência de experiências que parecem
desagradáveis e as condições que as geram, às custas do que é importante em suas vidas (Hayes et
al. al., 1996). O ETE é observado em padrões depressivos, ansiedade, alcoolismo e outros padrões de
dependência, padrões obsessivos, delírios, alucinações, etc. (Molina e Luciano, 2003) incluindo o Luto
Complicado.
É comum ouvir clientes enlutados dizerem que querem ter controle sobre seus sentimentos
ou pensamentos, inclusive desejarem que desaparecem. Comumente, após a morte de um ente
querido, os enlutados expressam o desejo de deixar de se sentirem tristes ou constantemente se
lembrarem do falecido, considerando o controle de seus eventos privados como a solução para seus

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problemas. No entanto, as tentativas de controlar e eliminar não só não neutralizam o conteúdo


angustiado, mas tendem a prolongar o curso de seu luto.
A evitação experiencial pode afetar de três maneiras: (1) a evitação experiencial pode
aumentar a aparência das experiências que se deseja evitar, de modo que a pessoa entre em um ciclo
que produz comportamentos extremos ou disfuncionais; (2) algumas estratégias de evitação, como
abuso de substâncias, dissociação ou isolamento social, podem parecer eficazes a curto prazo, mas
acarretam afetações sociais, físicas ou psicológicas, de modo que a solução se torna um problema;
(3) o aparecimento de conteúdos privados que você deseja evitar pode se tornar o gatilho para
comportamentos patológicos de evitação, por exemplo, o aparecimento de ansiedade, raiva ou
tristeza desencadeia a necessidade de voltar a consumir alguma substância ou medicação (Hayes &
Gifford, 1997).

Aceitação, Mindfulness e Flexibilidade Psicológica

Aceitação
A aceitação é entendida como a vontade de experimentar plenamente os pensamentos,
sentimentos e sensações, preocupante e desconfortável. A ACT encoraja os enlutados a não fugir do
contato com a dor de sua perda, pois a evitação consciente e deliberada de eventos privados é
inutilizável quando o evento (ou seja, a morte) não pode ser mudado. Nenhuma quantidade de
controle emocional pode desfazer a perda ou mudar um evento (Hayes et al, 1999; Walker, 2013).
Tem sido demonstrado que quanto mais você tenta esconder os pensamentos e sentimentos
derivados da perda, mais aumenta sua frequência e intensidade (Wegner & Zanakos, 1994).
Concentrando-se em ter controle sobre experiências desagradáveis, a pessoa perde energia
emocional e física, deixando pouca energia e controle para outras tarefas exigentes e necessárias
(Baumeister, Gailliot, DeWall & Oaten, 2006).
Hayes et al. (1999) reconhecem que é difícil para as pessoas mudarem de rumo devido ao
estresse psicológico que isso provoca e por não estarem dispostas a sentir dor. Lidar com essa dor é
crucial porque: "permanecer no aqui e agora" e "dar permissão" facilita a promoção do oposto da
evitação experiencial. Incentivar os clientes a se permitirem ser como são no momento, facilita uma
experiência ativa, positiva e não passiva, que não se trata de sucumbir as emoções angustiantes, e
sim ter disposição de experimentá-las e aceitá-las (Walker, 2013).

Mindfulness
Mindfulness (isto é, a plena consciência/atenção plena) é definido como "Manter a
consciência viva a partir da realidade atual" (Hanh, 1976) e na literatura da ACT isso é descrito como
"prestar atenção com flexibilidade, abertura e curiosidade". Harris (2009) sugere que existem três
fatores importantes que são relevantes para a compreensão da Atenção Plena: (1) Não é um processo
de pensamento, (2) requer uma atitude de abertura e curiosidade e (3) requer flexibilidade
consciente e foco direto em todos os aspectos de uma experiência particular.

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A ruminação, a preocupação com o passado e os pensamentos sobre o futuro podem


confundir a percepção do que está acontecendo no momento presente. A atenção plena também
pode ser inibida pela preocupação com várias tarefas ou preocupações que diminuem a qualidade da
consciência da experiência presente (Walker, 2013; Deci & Ryan, 1980).

Flexibilidade Psicológica
A flexibilidade psicológica é definida como "a capacidade de entrar em contato com o
momento presente junto com os pensamentos e sentimentos que ele contém, sem a necessidade de
defesa e, dependendo do que a situação permite, a persistência ou mudança de comportamento para
buscar alcançar valores e objetivos pessoais" (Hayes, 2004; Luoma, Hayes & Walser, 2007; Hayes &
Strosahl, 2004).
A ACT descreve seis processos centrais que geram flexibilidade psicológica: atenção flexível ao
momento presente, valores pessoais, compromisso com a ação, eu como contexto, desfusão e
aceitação. A partir desses processos, formam-se díades que correspondem aos estilos de resposta:
aberta (desfusão-aceitação), centrada (consciência do presente "eu-como-contexto") e
comprometida (ação comprometida com os valores) (Hayes, Strosahl e Wilson, 1999).

Estilo aberto de resposta: desfusão e aceitação


A fusão cognitiva é uma forma de dominância verbal na regulação do comportamento. Alguns
conteúdos mesclados podem ser identificados por serem formulações repetitivas, monótonas,
categóricas e avaliativas. Por meio da desfusão se busca que o cliente perceba a organização verbal
que tem do mundo e, desta forma, influir sobre seu conteúdo e modo de pensar. A aceitação
psicológica é a adoção de uma postura aberta, receptiva, flexível e sem julgamentos em relação à
experiência que ocorre momento a momento, mesmo quando o conteúdo é indesejável e
angustiante. Em geral, a aceitação e a desfusão permitem a abertura pessoal à experiência direta
(Hayes et al., 1999).

Estilo centrado na resposta: O momento presente e o eu-como-contexto


Mudar a atenção para o que acontece no momento significa entrar em contato tanto com
estímulos internos, como sensações corporais, pensamentos e sentimentos, como com estímulos
externos, como sons, aquilo que se vê, cheiros e sensações (Fletcher & Hayes, 2005). O eu-como-
contexto refere-se a um aspecto do self que se caracteriza pela capacidade de perceber o conteúdo
da consciência a partir de uma perspectiva particular: eu / aqui / agora (Hayes et al., 1999).

Estilo de resposta comprometida: Valores e ação comprometida


Os valores cumprem a função de orientar o cliente na determinação de um propósito e
atuam como "incrementadores" de transformação e motivação. A ação comprometida refere-se
a uma "ação baseada em valores, concebida para criar um padrão de ação". Manter um
compromisso implica, a cada momento, redirecionar o comportamento para padrões mais
amplos de comportamento, a fim de manter os propósitos da pessoa (Hayes et al., 1999).

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Avaliação Inicial

Entrevista Inicial
O formato de entrevista inicial que sugerimos ajuda o terapeuta como um guia para a
avaliação, enfatizando (1) os fatores circunstanciais da perda mais recente, (2) as variáveis
históricas relevantes, (3) os fatores de vulnerabilidade individuais, (4) apoio pessoal, (5) os outros
problemas atuais (onde se pergunta sobre as situações complicadas adicionais em que o cliente
está imerso neste momento, ou que diminuem sua funcionalidade atual). É necessário nesta
parte da entrevista explorar a possível presença de ideação suicida ou pensamentos de morte,
principalmente em casos de mortes traumáticas. E finalmente, em (6) notas e comentários, o
terapeuta incluirá outros aspectos relevantes sobre o problema do cliente, bem como suas
impressões sobre o caso.

Instrumentos Psicométricos Sugeridos

Inventario de Duelo Complicado Revisado (IDC-R-ECEP)


Consiste em 4 critérios: (a) estresse à separação em razão da morte (b) estresse do trauma que
supõe a morte, (c) cronologia e curso do processo de luto, e (d) deterioração/prejuízo. Este
instrumento fornece informações indispensáveis para entender a maneira pela qual a pessoa
conceitua sua perda.

Cuestionario de Aceptación y Acción - II (AAQ-II-YUC)


É composto por 10 itens, que são pontuados com uma escala Likert, que medem a evitação
experiencial (EE) e a aceitação psicológica.

SymptonCheckList 90 (SCL-90-R, Derogatis, 1996)


Avalia o grau de sofrimento psíquico, utilizando 90 itens que são respondidos em uma escala
Likert (Cruz, López, Blas, González, Chávez, 2005).

Inventario de Calidad de Vida y Salud (InCaViSa)


Este instrumento avalia 12 áreas, cada uma com quatro reagentes. Estas áreas são: (1)
Preocupações, (2) Desempenho físico, (3) Isolamento, (4) Percepção do corpo, (5) Funções
cognitivas, (6) Atitude antes do tratamento, (7) Tempo livre, (8) Vida diariamente, (9) Família,
(10) Redes sociais, (11) Dependência médica e (12) Relacionamento com o médico.

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Análise Funcional

A Análise Funcional é realizada considerando os princípios da Terapia Analítica Funcional


(FAP), que é uma abordagem comportamental que enfatiza a relação terapêutica e focaliza a
intervenção na influência que o terapeuta pode ter sobre o cliente. Do ponto de vista dessa
orientação, o terapeuta tem três funções possíveis: provocar, evocar e agir em consequência do
comportamento do cliente. Portanto, a avaliação enfoca a identificação e definição de
Comportamentos Clinicamente Relevantes (CCRs) (Tsai et al., 2012).
Os CCRs são comportamentos óbvios e observáveis, assim como eventos privados que o
cliente manifesta nas sessões e também em seu cotidiano, e que o terapeuta procurará reforçar
positiva ou negativamente (García & Pérez, 2003; Tsai et al., 2012). Eles são divididos em três tipos:

(a) Os CCR1 se refere aos problemas do cliente que ocorrem durante a sessão, por exemplo,
que o cliente evita falar sobre o falecido, nega seus sentimentos ou evita a expressão de suas
emoções, ou, que ele fala muito sobre o falecido por medo de esquecê-lo, que ele evita ir
adiante com sua vida porque ele considera uma falta de respeito ou apreço pelo falecido, que
ele não se envolve em atividades que lhe deram satisfação antes da perda etc.

(b) Os CCR2, são as melhorias do cliente que ocorrem durante a sessão, por exemplo, quando
o cliente que evitou a expressão de emoções chora ou fica irritado durante a sessão, ou faz
uma mudança em suas rotinas ou qualquer outro comportamento que envolva lidar com algo
que estava sendo evitado. O terapeuta deve reconhecer o CCR2 e reforçá-lo, mesmo quando
a melhora é apenas uma aproximação do comportamento objetivo.

(c) Os CCR3, as interpretações do cliente de seu comportamento, referem-se às verbalizações


do cliente sobre sua própria conduta e que tipo de eventos causam isso. Considera-se que o
melhor tipo de CCR3 compreende a descrição do comportamento de uma pessoa em conexão
com as circunstâncias ambientais das quais é uma função.

Análise Funcional como ferramenta de avaliação


Uma vez que foi realizada a entrevista inicial e foram aplicados os instrumentos psicométricos,
é importante integrar esta informação com a avaliação comportamental entendida como o
reconhecimento de padrões dos problemas da pessoa enlutada a partir da identificação das relações
funcionais entre (A) Antecedentes (B) Condutas e (C) Consequências (obs: explicadas segundo sua
função) visto que nos ajudará a organizar as condutas clinicamente relevantes (CCR) da pessoa
(Kanter, Weeks, Bonow, Landes, Callaghan, & Follete, 2009). Na tabela abaixo há vários exemplos da
identificação de relações funcionais.

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Tabela. Análise Funcional (Kanter, 2009)

(A) Antecedentes (B) Condutas (C) Consequências


Situação na qual se apresenta Privadas (pensamentos, Função
emoções, recordações, etc.)
ou públicas (ações)

Aniversário de morte do Afastar-se de lugares que Evitar a tristeza


cônjuge lembrem o cônjuge

Conversa com alguém que Dizer “se foi” ou “já não está” Evitar aceitar a realidade da
pergunta sobre o cônjuge ao invés de “morreu” ao morte
referir-se ao cônjuge

Perceber um perfume similar Pensar no que poderia ter feito Evitar contato com a
ao que usava o cônjuge para evitar a morte experiência

Uma vez identificadas essas condutas e a função que tem é importante verificar se existe uma
relação entre as mesmas para definir as condutas sobre as quais vamos trabalhar, ou seja, identificar
quais deverão ser reforçadas positivamente ou negativamente. Cabe ressaltar que no exemplo
anterior poderia haver uma interpretação errada de que a conduta teve consequências positivas,
uma vez que evita o evento privado desagradável e, portanto, diminui o mal-estar, entretanto, os
esforços focados na evitação de emoções, pensamentos, lembranças, etc., conduzem a um
desaparecimento temporal dos sintomas, mas não garante seu desaparecimento a longo prazo, ao
contrário, aumenta a probabilidade de luto complicado.

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Entrevista Inicial – Conceitualização do Caso

OBJETIVOS
Realizar uma avaliação sobre os fatores circunstanciais da perda, variáveis históricas, fatores de
vulnerabilidade individual e suporte pessoal relevante.

Conceituar para distinguir comportamentos públicos e privados que mantenham a evitação


experiencial e alternativas para neutralizar essa evitação.

1. Entrevista Inicial

 Realizá-la com base no Formato de Entrevista Inicial.

2. Aplicação de instrumentos psicométricos

 Inventario de Duelo Complicado (IDC-R-ECEP)


 Cuestionario de Aceptación Acción (AAQ-II-YUC)
 Inventario de Síntomas Psicopatológicos SCL-90
 Inventario de Calidad de Vida (InCaViSa)

3. Análise Funcional

 Identificar 3 problemáticas presentes neste momento na vida do paciente.


 Pedir um exemplo de uma situação específica onde se tem apresentado algum destes
problemas.
 Identificar um evento.
 Identificar a experiência: pensamentos, sentimentos, sensações, impulsos, etc.
 Identificar ações de evitação em relação a experiência.
 Identificar as consequências desejáveis e indesejáveis dessas ações.
 Repetir com outros 2 exemplos.
 Definir metas da terapia.

4. Fechamento

 Perguntar ao cliente o que lhe pareceu importante da sessão.


 O terapeuta comenta o que lhe pareceu importante da sessão.

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Entrevista Inicial

1. Fatores circunstanciais da perda mais recente

Relato da experiência sobre a morte e o contexto em que ocorreu:

Tipo de relação e apego que tinha com o falecido:

2. Variáveis Históricas Relevantes

Perdas anteriores:

Formas de enfrentamento dessas perdas:

Nível de eficácia a curto prazo:

Nível de eficácia a longo prazo:

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3. Fatores individuais de vulnerabilidade

Redes de apoio e suporte social:

Condutas de risco (abuso de substâncias, cortar-se, etc.):

Estado de saúde (Doenças, diagnósticos prévios, uso de medicamentos, etc.):

4. Suporte pessoal

Pessoa Proximidade Tipo de suporte Disponibilidade da pessoa para


(0-10) ajudar (0 -10)

5. Outros problemas atuais

6. Notas e observações

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Sessão 1 – A oportunidade de fazer algo novo

OBJETIVOS
Mostrar ao cliente que tentar controlar eventos privados (ou seja, pensamentos, sentimentos,
sensações e emoções) só o levou a aumentar significativamente seu sofrimento. Trata-se de fazê-lo
entender que as tentativas de controlar o sofrimento não são a solução, mas que fortalecem o
problema.

Estrutura da sessão
1. Exercício de mindfulness: Observação da respiração.
2. Quando as soluções não são soluções.
3. Reconhecer o custo das estratégias utilizadas até agora.
4. Criando desesperança (metáfora do homem no buraco).
5. A oportunidade de fazer algo novo.
6. Estabelecimento do contrato terapêutico.

1. Exercício de mindfulness: Observação da respiração


No início de todas as sessões se utilizará um exercício de mindfulness. Isso tem dois objetivos
principais: 1) promover no paciente a atenção ao momento presente; e 2) ajudá-lo a estar focado no
que vai ser trabalhado na sessão (Walser y Westrup, 2007).
Para o exercício, pede-se ao paciente que se coloque em uma postura cômoda na poltrona,
com as costas eretas, os pés apoiados no chão e os braços ao lado do corpo. Com voz calma se diz:

Terapeuta:
Gostaria de começar com um exercício. Quero que você feche seus olhos e se concentre
em si mesmo. Olhe para si mesmo nesta sala, olhe para si mesmo sentado na poltrona. Nota
a posição dos seus braços, das suas pernas, dos seus pés e das suas mãos. Nota o seu corpo
pressionando a poltrona, e os músculos do seu rosto, nota os músculos ao redor dos seus olhos
fechados. Perceba como, ao fechar os olhos, seus ouvidos ficam mais apurados. Tome um
momento para prestar atenção aos sons que você ouve (dar um minuto).
Agora eu quero que você mude sua atenção dos sons para sua respiração. Nota a sua
respiração, como o ar entra e sai pelo seu nariz. Ao entrar, o ar parece um pouco mais frio do
que quando sai. Nota os músculos de sua barriga ao respirar e o ritmo de sua respiração, sem
alterá-la, só coloca atenção ao que ocorre. Ao inalar, permita que o seu estômago se expanda
de modo que o ar entre na parte inferior dos pulmões. À medida que os espaços superiores
dos pulmões começam a se encher de ar, o peito aumenta e o estômago diminui.

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Se você se distrair com os seus pensamentos, dê um momento para ver aonde eles o
levam; olhe para onde foi a sua mente, e então, sem fazer nenhum julgamento, deixe-os ir e
volte sua atenção para sua respiração. Se você se distrair cem vezes, volte sua atenção para
sua respiração cem vezes. Agora, tome alguns minutos para se concentrar completamente em
sua respiração (dar 2 minutos).
Agora, volte a atenção para os sons que você percebe. Dê um momento para perceber
o que você está escutando (dar um minuto). Agora, foque novamente em seu corpo, em como
você se sente na poltrona. Nota a posição dos seus pés... dos seus braços... da sua cabeça.
Imagine-se novamente nesta sala, olhe para si mesmo sentado aqui, e quando estiver pronto
abra seus olhos.

Os minutos após o exercício de mindfulness devem ser usados para revisar a experiência do
paciente durante o exercício. Perguntar-lhe "O que você notou?" é suficiente. Recomenda-se que o
terapeuta explique ao paciente que o objetivo do exercício não é o relaxamento, mas sim, ter a
consciência plena do momento presente, bem como dizer-lhe que esse tipo de exercício será
realizado com frequência nas sessões.

2. Quando as soluções não são soluções


Para começar a trabalhar com desesperança criativa, primeiro é necessário que o terapeuta
tenha uma visão clara dos comportamentos (públicos e privados) com os quais o cliente tem lutado.
Para isso, as seguintes questões podem ser colocadas:

• Conte-me sobre o que você tem vivido desde a morte de ________________, incluindo por
quanto tempo você está lutando com isso.
• Como esses sintomas e a luta contra eles tem interferido para que você possa continuar com
sua vida? Quais as barreiras que tem lhe impedido que você melhorasse?
• Além da dor, quais são os maiores problemas com os quais você tem lutado?
• Que impedimentos para lidar com esses problemas você pode identificar? Como você
gostaria que fosse a sua vida em cinco anos?

É importante obter descrições completas e estar atento a qualquer padrão de evitação


experiencial que o paciente possa estar apresentando (Walser y Westrup, 2007). É muito provável
que os pacientes em luto mencionem que poderão continuar com suas vidas quando não se sentirem
tão tristes ou quando parem de sentir falta ou lembrar tanto do falecido. Ao explorar o item anterior
(perguntas acima), é importante que o terapeuta ofereça feedbacks ao paciente, de modo que este
se sinta compreendido e aceito. O terapeuta deve buscar a validação da experiência e do sofrimento
com o qual o paciente tem lutado; uma maneira de fazer isso é comunicando a sua empatia através
do seu tom emocional e destacando que ele entende seus comportamentos (públicos e privados),
que eles são compreensíveis e têm sentido dentro do seu contexto histórico (Koerner y Linehan,
2004).

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Uma vez que o terapeuta tenha claro aquilo contra o qual o paciente tem lutado, pode-se
fazer uma lista das estratégias usadas para se livrar das emoções, pensamentos ou sensações físicas
percebidas como desagradáveis. Para isso, o terapeuta deve pedir ao paciente que lhe diga todas as
coisas que ele tem tentado fazer para mudar ou resolver as dificuldades com as quais tem lutado.
Pode-se apoiar isso preenchendo um registro de estratégias como o que se mostra abaixo (ver o
material 1).

Registro de estratégias
Tabela. Registro de estratégias. Adaptação de Hayes e Smith, 2005.

Eficácia a curto Eficácia a longo Custo com


Pensamentos/
Estratégias de prazo prazo relação aos
sentimentos
controle meus objetivos
dolorosos (1-5 eficácia) (1-5 eficácia) a 5 anos

Toda vez que Guardo suas fotos, Não ver suas Algo acontece Deixo de fazer
lembro dele, me evito coisas e fotos evita que que faz com que coisas que eu
sinto muito triste lugares que me me lembre eu volte a me gosto e não
lembrem dele muito dele (5) lembrar dele (1) saio muito

Depois de desenvolver uma lista ampla das estratégias utilizadas pelo paciente, você precisa
pedir ao paciente que as observe e avalie a eficácia de cada uma a curto e a longo prazo, atribuindo-
lhes pontuação em uma escala de 1 a 5, sendo 1 Nada eficaz e 5 Incrivelmente eficaz.
É possível que certos pacientes argumentem que uma ou várias dessas estratégias funcionam
para eles; em situações como essa, o terapeuta pode questionar, de forma empática, por quê, então,
ele está recorrendo à terapia. É importante avaliar as estratégias de evitação que o paciente poderia
estar considerando como efetivas, pois talvez estejam se focando apenas no efeito que elas têm a
curto prazo. Ao analisar as estratégias de enfrentamento empregadas pelos enlutados, muitas vezes
é detectado que o que eles procuram é eliminar ou controlar pensamentos e sentimentos dolorosos
ou desagradáveis. No entanto, a mente não funciona dessa maneira, porque tentar controlar o que
causa dor não funciona a longo prazo e, além disso, as tentativas de controle às vezes podem ter um
custo ainda maior do que a experiência dolorosa.

3. Reconhecer o custo das estratégias utilizadas até agora


Depois de avaliar a eficácia das estratégias do paciente, o terapeuta passará a reconhecer o
custo que elas têm, o qual pode ser determinado mediante perguntas diretas (Walser e Westrup,
2007) ou usando a tabela 6-1 para registro de estratégias. Os pacientes frequentemente relatam que
limitaram suas interações sociais, pararam de fazer coisas que gostavam ou até que abandonaram o
seu trabalho ou os seus estudos.
A metáfora a seguir destaca as estratégias disfuncionais para as quais o paciente tem
recorrido e promove o abandono das mesmas para abrir a possibilidade de tentar algo novo.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 15

4. Criando desesperança
Empregar uma metáfora ajuda a enfatizar a inutilidade de prolongar o uso de estratégias que
promovem a evitação experiencial. Abaixo está um exemplo que promove a desesperança criativa:

Metáfora do homem no buraco


(Adaptado de Hayes, Strosahl e Wilson, 1999)
É como se você tivesse vivido toda a sua vida em um campo muito grande. Mas antes
de chegar aí, colocaram uma venda nos seus olhos e lhe deram uma maleta de ferramentas.
Já estando no campo, lhe disseram para viver a sua vida e foi o que você fez. Sem que você
saiba, nesse campo existem vários buracos e, como você vai caminhando, mais cedo ou mais
tarde você cai em um. Estando no buraco, você abre sua maleta de ferramentas e tudo que
você encontra é uma pá. Então você faz o que que se deve fazer com uma pá e começa a cavar.
Então você descobre que o buraco vai ficando cada vez maior e maior e você continua nele.
Então você cava com muito mais força, mas continua no buraco. Cava mais rápido, mas
continua no buraco. Você tenta cavar de diferentes formas, fincando a pá mais fundo ou mais
superficialmente, em partes diferentes. Você tenta cavar mais devagar e metodicamente.
Você pode até mesmo parar e pensar sobre os passos que você deu para entender
como foi que você caiu no buraco, mas mesmo que você pense muito sobre isso, você continua
aí, e então começa a cavar de novo. Com o tempo, você percebe que seu buraco continua
ficando maior e você continua sem sair dali. Você sabe que deve haver alguma forma de sair,
ou pelo menos é o que disseram a você. Você está tão acostumado a cavar que às vezes nem
se dá conta de que está fazendo, você faz isso automaticamente. O que eu gostaria que você
fizesse é parar um momento para perceber que justo agora você está segurando a pá e está
cavando para sair do buraco. Mas o problema é que cavar não tira as pessoas dos buracos,
apenas faz os buracos maiores. Assim que, pare um momento para parar de cavar e apenas
se veja no buraco. Você está preso.

Depois de explicar a metáfora, o terapeuta fará perguntas de seguimento, como as seguintes:


• O que você notou?
• De que forma se parece ou é diferente de como você responde a ...?
• Que utilidade você encontra em ...?
• Como você pode aplicar isso em ...?
O terapeuta deve reforçar o efetivo nas respostas fornecidas pelo paciente. O mais provável
é que, neste ponto da sessão, o paciente comece a pensar que suas tentativas foram inúteis e se sinta
sem esperança, até mesmo com raiva. Walser e Westrup (2007) recomendam dizer-lhe algo como:
“Eu não estou dizendo que você não tem esperança, só estou dizendo que a estratégia, o que você
faz, é o que não tem esperança”.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 16

5. A oportunidade de fazer algo novo


Em vez do terapeuta tentar resolver possíveis pensamentos ou sentimentos negativos que o
paciente possa estar experimentando nesse momento, ele deve enfatizar o fato de que se dar conta
que está preso no buraco ou que está estagnado é uma coisa positiva, já que lhe dá a oportunidade
de fazer algo novo. É importante que o terapeuta enfatize esse ponto; pode-se dizer ao paciente algo
como o seguinte:

Terapeuta:
Eu sei que não é agradável se dar conta que você está preso no buraco, mas parar por
um momento e olhar as dimensões do seu buraco, o tempo que você está aí e quão
desgastante tem sido até agora pode nos ser útil de alguma maneira. Agora que você parou,
você tem a oportunidade de fazer algo diferente, algo que não implique estar lutando
constantemente contra o que você sente ou pensa, nem repassar na sua mente uma e outra
vez os “e se” (o terapeuta pode mencionar neste momento algumas das estratégias
identificadas pelo paciente na primeira parte da sessão), e é sobre isso que este processo vai
ser. É possível que tudo isso pareça confuso, mas isso não é necessariamente uma coisa ruim,
mas pelo contrário: a confusão e o "não saber" é o que pode levá-lo a algo diferente e novo.

6. Estabelecimento do contrato terapêutico


Antes de finalizar a sessão, os últimos minutos podem ser usados para estabelecer o contrato
terapêutico. Não é necessário descrever explicitamente os princípios da terapia, o importante é que
o paciente tenha claro qual será o seu papel e o do terapeuta durante o tempo de duração do
tratamento. Embora seja possível que o terapeuta já tenha seu próprio modo de estabelecer o
contrato terapêutico, aqui se inclui uma sugestão para fazê-lo a partir da abordagem da ACT.

Terapeuta:
Esta terapia pode ser um pouco diferente do que você experimentou com outros
terapeutas ou o que você ouviu falar sobre terapia. A terapia de luto é baseada em trabalhar
para aceitar o que não pode ser mudado, no seu caso a morte de __________, e para que você
adquira um compromisso com o que é importante para sua vida. Para que isso possa
funcionar, será necessária sua confiança no que estamos fazendo, por isso é essencial ter
frequência e que você atribua tempo suficiente para que comprove por si mesmo se o que
fazemos aqui funciona para você. É de se esperar que ao longo do caminho nos deparemos
com alguns altos e baixos, mas é normal. Isso é sobre nós dois trabalharmos no que é melhor
para você.

Se você está trabalhando em um ambiente institucional ou o considera útil, você também


pode optar pelo formato do contrato terapêutico, que também inclui diretrizes de tratamento.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 17

Material 1 - Registro de estratégias


(Adaptado de Hayes & Smith, 2005)

Pensamentos / Eficiência a Eficiência a


Estratégias de
sentimentos curto prazo longo prazo Custo
enfrentamento
dolorosos (1-5 eficiência) (1-5 eficiência)

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basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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Sessão 2 – A aceitação como alternativa

OBJETIVOS
Mostrar como uma alternativa para a forma como ele tem lidado com seus eventos privados reside
na disposição e aceitação.

Estrutura da Sessão
1. Exercício de mindfulness: Observação do fluxo da experiência privada.
2. Revisão da sessão anterior.
3. Reconhecendo as barreiras.
4. Exercício: O Gênio.
5. A aceitação como alternativa.
6. Tarefa 1: Exercícios de mindfulness.
7. Tarefa 2: Trazer uma foto da pessoa que morreu.

1. Exercício de mindfulness: Observação do fluxo da experiência privada


Este exercício promove a posição do eu-como-observador e o mindfulness. O que se busca é
que o paciente se dê conta de suas experiências privadas e que quando essas resultem desagradáveis
não tente lutar contra elas ou afastá-las, somente que adote uma postura de observador diante das
mesmas. Pedimos ao paciente que se coloque em uma postura cômoda na cadeira, com as costas
retas, pés apoiados no chão e os braços estendidos ao lado do corpo. Com voz calma dizemos:

Terapeuta:
(Adaptado de Walser e Westrup, 2007)
Vamos começar com um exercício. Quero que feche os olhos e centra-te em ti mesmo.
Visualize-se nesta sala, visualize-se sentado nesta cadeira. Nota a posição dos teus braços, das
tuas pernas e das tuas mãos. Nota teu corpo pressionando a cadeira, os músculos do teu rosto,
os músculos ao redor dos teus olhos fechados. Nota a tua respiração, como o ar entra e sai
pelo teu nariz. Nota os músculos da tua barriga ao respirar e o ritmo da tua respiração, sem
alterá-lo. Só coloque atenção no que ocorre. (dê um minuto).
Não faça nada além de observar o que vem. Observe as sensações que ocorrem agora
mesmo no seu corpo. Se dá conta dos pensamentos que vem a tua mente, como se você os
visse refletidos em uma tela de cinema. Nota como eles vêm e vão, não se prenda a nada e
não afaste nada, deixe-os estar como chegaram e deixe-os ir quando se forem. Agora, observe
o estado da sua mente. Observe e não faça nada para afastar ou reter algo em sua mente,
apenas note. (dê um minuto).

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 19

Agora, nota sua mente julgadora, analítica, crítica; simplesmente nota o que ela diz,
talvez ela lhe diga que está fazendo isso certo ou errado. Apenas nota. Seu trabalho aqui e
agora é só te dar conta do que vem. Permita-se vivenciar suas sensações e pensamentos neste
momento.
Se você tem pensamentos ou sensações que você não gosta, não tente afastá-los,
empurrá-los ou atraí-los. Se você nota que não percebe nada e que não vem nenhum
pensamento, identifica esse pensamento e essa sensação de não notar nada. Simplesmente
adote a posição de estar aberto a qualquer sensação e pensamento que te vem neste
momento preciso. Trata o que vem com gentileza, com carinho, sem paixão, como se tentasse
observar abertamente o céu no topo de uma montanha.
Fique agora por alguns minutos vivenciando o que vem (aguarde um ou dois minutos).
E agora, volta a te dar conta da sua posição nesta sala, sua posição na cadeira, os músculos
ao redor de seus olhos, e quando estiver pronto, pode abrir seus olhos.

Ao terminar o terapeuta deverá perguntar como foi a experiência do paciente durante o


exercício, para isso sugere-se perguntar: O que você notou? De que forma se parece ou é diferente a
forma que respondes diante dos teus pensamentos normalmente? Qual a utilidade que você encontra
em adotar uma posição de abertura diante do que vem? E como poderia aplicar isso em outros
momentos? É importante que o terapeuta reforça no paciente toda conduta de aceitação que o leve
a diminuir a evitação experiencial.

2. Revisão da sessão anterior


Depois do exercício de mindfulness recomenda-se deixar de 5 a 10 minutos para revisar o que
foi visto na sessão anterior. Este é o momento adequado para explorar a experiência do paciente
sobre os temas trabalhados na primeira sessão e suas reações posteriores.

3. Reconhecendo as barreiras
Com frequência quem passa por um luto complicado evita outras pessoas e lugares associados
a essa perda ou à pessoa que morreu, devido a ansiedade que as recordações lhe provocam. Também
é comum que experimentem dificuldades para encontrar novas relações que lhe sejam satisfatórias
ou para envolver-se em atividades potencialmente gratificantes (Boerner, Mancini e Bonanno, 2013).
Não somente sofrem pela perda de seu ente querido, como também por todas as mudanças que isso
implica na sua vida, que nem sempre estão dispostos a encarar ou não se sentem seguros sobre como
fazê-lo.
Neste ponto da sessão se busca que o paciente visualize as outras áreas da sua vida que têm
sido afetadas a partir da perda. Para isso, o terapeuta pode utilizar o seguinte exercício como apoio,
que preencherá como descrito abaixo (ver material 2):

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 20

Terapeuta:
1. Pensa na morte do teu ente querido e nas áreas da tua vida que foram afetadas por isso.
Lista na coluna esquerda estas áreas afetadas e o impacto que tem em sua vida.
2. Na coluna do meio pontua a habilidade que tens tido para responder ao impacto desta perda.
Usa uma escala de 0 a 10, explicando depois a tua resposta.
3. Na coluna da direita descreve as barreiras que tens tido para responder a esse impacto.
4. Revisa tuas respostas e observa que tipos de problema realmente são obstáculos no teu luto.

Impacto da Habilidade para responder ao


Barreiras
Perda impacto (0 a 10)

Dificuldade para Pontuação: 6. Posso fazer amizades Penso: “Se faço mudanças certamente
conseguir novas facilmente, ainda que as vezes ele acreditará que eu estou esquecendo
redes de apoio. prefiro não manter essas amizades dele e que já não é mais importante
ou me afastar porque acredito que para mim, como se eu não o tivesse
o estou traindo. amado suficiente”.

Frequentemente, logo depois da análise, o paciente se considera culpado por não melhorar
sua situação ou de não estar “saindo do buraco”, já que a única coisa que faz é cavar mais. É
necessário pontuar e recordar que antes de cair no buraco lhe haviam vendado os olhos e assim não
pôde prevenir o que aconteceu. Então, não é responsável por estar ali dentro e não tem culpa do que
tem passado. Em caso de paciente em luto por morte violenta ou traumática é vital enfatizar este
ponto.
Responder este quadro ajudará o paciente a distinguir o que realmente está o afastando de
fazer o que quer fazer. É importante neste ponto que o terapeuta faça o paciente notar que a sua
dor atual se deve em parte aos sentimentos derivados da perda e também à evitação de atividades
ou situações que lhe poderiam ser satisfatórias. Se pode dizer algo como:

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 21

Terapeuta:
Você se dá conta das barreiras com as quais têm se deparado? Se vemos a totalidade
da dor que tem agora, nos damos conta que vem de duas fontes. Uma é a tristeza, a raiva, a
preocupação e outros sentimentos que derivam da morte de ____________, porém a outra
fonte vem de tudo o que impede você mesmo de fazer as coisas que faria se não fosse pelo
seu sofrimento. Parece que devido a tudo o que sente agora, você não está se permitindo viver
o tipo de vida que gostaria de viver.

4. Exercício do Gênio

O exercício do gênio (Vargas, 2014) tem por objetivo que o cliente descreva o tipo de vida que
quer para si mesmo, focando-se nas coisas que dependem dele e não de outros. Introduzir este
exercício neste momento da intervenção oferece ao terapeuta e paciente a oportunidade de conduzir
ações futuras para alcançar a vida que deseja, apesar de todos os conteúdos privados desagradáveis
com que o paciente possa se deparar no caminho. É conveniente que o paciente realize este exercício
por escrito. (Ver material 3).

Terapeuta:
Imagine que você encontrou uma lâmpada mágica com um gênio que pode realizar
três desejos. As condições que ele te impõe para estes desejos são:
1. Que não pode pedir para mudar o passado.
2. Que os desejos que faça tem que ser para você mesmo.
3. Que não pode pedir desejos que tenham a ver com vontade, amor ou aceitação de
outras pessoas.

Isso nos limita!


Imagina que o gênio é um mesquinho e não quer te dar a opção de ganhar na loteria.
Em poucas palavras o gênio está te dando a opção de realizar três desejos que estejam focados
na sua vida futura. Imagina como você gostaria que fosse a sua vida....

Se este gênio te desse três desejos com as características antes mencionadas. Como
seria sua vida?
1. __________________________________________________________________
2. __________________________________________________________________
3. __________________________________________________________________
Difícil!
Quão longe está de atingir a vida que você quer?

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5. A aceitação como alternativa


As respostas aos exercícios realizados nesta sessão devem ser utilizadas pelo terapeuta para
impulsionar o paciente à prática de mindfulness, tal como foi feito no exercício de “Observação do
fluxo da experiência privada”. A ideia é que comece a se envolver em ações, que devido a seus
conteúdos privados desagradáveis, tem estado evitando. Isto também lhe dará antecedentes para
trabalhar a desfusão, tema que se verá nas sessões seguintes. Pode-se dizer ao paciente algo como
o seguinte:

Terapeuta:
Com frequência nos deixamos levar pelo sofrimento que temos por todas emoções,
pensamentos e recordações que fazem com que nos sintamos mal, e começamos a julgar
nossas próprias vidas a partir disto. E não somente isso, começamos a limitar nossas vidas e
deixamos que o sofrimento se converta em uma barreira para darmos os passos necessários
em direção ao que queremos. Lembra que antes falei das duas fontes de onde vem a tua dor?
Na sessão passada percebemos que lutar contra o que sente é inútil, e como não podemos
mudar esta fonte, o que podemos fazer é focar nas ações que aproximam você da vida que
quer ter e que têm deixado de fazer, por estar preso nos seus sentimentos. Para isto, é
necessário que pratique algo como o que fizemos no início da sessão, é dizer que observe suas
sensações, estados de ânimo e pensamentos que surgem em seu dia a dia, notando como
surgem e como se vão, sem se agarrar ou afastar nada. Deixe-os estar como vem e deixe-os ir
quando se forem.

6. Tarefa 1: Exercícios de Mindfulness


Para fomentar a prática do mindfulness no paciente, o terapeuta deve entregar por escrito
um ou vários exercícios indicando que deve praticar um ou mais deles durante o dia (Ver material 4).
Recomenda-se que ao lhe passar a tarefa, o terapeuta lhe explique que o propósito dos exercícios é
dar continuidade ao que foi visto na sessão e que pratique ao menos um deles antes de finalizar, para
esclarecer as dúvidas que possam surgir. Esta tarefa será realizada de forma indefinida.

7. Tarefa 2: Trazer uma foto da pessoa que morreu


O terapeuta deve solicitar ao paciente que traga na sessão seguinte uma fotografia da pessoa
que morreu, explicando que será necessário para trabalhar.

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Material 2 - Reconhecendo as barreiras

1. Pense sobre a morte do seu ente querido e as áreas de sua vida que foram afetadas pelo evento.
Liste na coluna da esquerda sobre as áreas afetadas e o impacto que eles tiveram em sua vida.
2. Na coluna do meio, avalie a habilidade que você teve para responder ao impacto da perda. Use
uma escala de 0 a 10, explicando mais tarde sua resposta.
3. Na coluna da direita, descreva as barreiras que você teve para responder a esse impacto.
4. Revise suas respostas e veja quais tipos de problemas estão realmente dificultando seu sofrimento.

Habilidade para responder ao


Impacto da perda Barreiras
impacto (de 0 a 10)

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Material 3 - Exercício: o gênio

Imagine que você encontra uma lâmpada maravilhosa com um gênio que pode cumprir 3 desejos,
as condições que o gênio coloca para esses 3 desejos são:

1. Que você não pode pedir para mudar o passado.


2. Que os desejos que você peça devem ser para você.
3. Esse gênio não pode cumprir os desejos que têm a ver com a vontade, amor ou aceitação de
outras pessoas.

Bem, isso nos deixa limitados!

Imagine que o gênio também é mesquinho e não quer dar-lhe a opção de ganhar a loteria!
Que gênio!

Em suma, o gênio está lhe dando a opção de cumprir 3 desejos que se concentram em sua vida
futura!

Imagine como você gostaria que sua vida fosse!

Se esse gênio lhe desse 3 desejos com as características acima mencionadas, como seria a sua vida?

1. ____________________________________________________________________________

2. ____________________________________________________________________________

3.____________________________________________________________________________

Difícil!
Quão longe está de atingir a vida que você quer?

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Material 4 – Exercícios de mindfulness para fazer em casa


(Adaptado de Marsha Linehan, 1993)

Concentre sua atenção na respiração, como o ar entra e como sai. Observe a respiração como
uma maneira de controlar a mente sem lutar contra a realidade, abandonando a não aceitação dela.

1. Respiração profunda
Deite-se de costas. Respire suavemente, concentrando a atenção no movimento do abdômen.
Quando você começa a respirar, você deve permitir que o abdômen se expanda abrindo caminho
para que o ar entre na parte inferior dos pulmões. Na medida em que os espaços superiores dos
pulmões começam a encher de ar, o tórax aumenta e o abdômen diminui. Não se canse. É necessário
continuar assim por 10 respirações. A saída (expiração) do ar deve ser mais longa do que a entrada
(inspiração).

2. Medir a respiração usando os passos


Caminha lentamente através de uma grama, uma calçada ou um caminho. Respire normalmente.
Sintonize o tempo de respiração, inspiração e expiração através do número de passos que são dados.
Faça o exercício alguns minutos. Em seguida, prolongue a expiração apenas um passo. Não force a
inspiração para ajustá-la à expiração.
Seja natural. Observe cuidadosamente a inspiração para verificar se há uma tendência para fazê-la
mais longa. Continue por 10 respirações. Agora, prolongue a expiração um pouco mais. Verifique se
a inspiração também prolonga mais um passo. Só alongar a inspiração quando você sente vontade
de fazer isso. Após 20 respirações, respire novamente normalmente.
Após 5 minutos, você pode tentar novamente aumentar sua respiração. Quando sentir-se um pouco
cansado, volte à respirar normalmente. Depois de praticar este exercício várias vezes, inspiração e
expiração tenderão a acelerar naturalmente. Pratique cerca de 10 ou 20 longas respirações antes de
retornar à respiração normal.

3. Contar a respiração
Sente-se no chão com as pernas cruzadas (se você sabe como fazê-lo, experimente a posição de lótus
ou metade de lótus) ou em uma cadeira com as solas dos pés tocando no chão (também é possível
ajoelhe-se, deite-se no chão ou caminhe). Ao inalar, preste atenção para o processo e pensar "Eu
estou inspirando, 1". Quando você expira, esteja ciente de que "eu sou expirando, 1 ". Lembre-se de
que você deve respirar com a barriga. Quando você inicia a segunda inalação, esteja ciente de que
"eu estou inspirando, 2". E lentamente expire, estando atento a "Estou expirando, 2". Continue até
fazê-lo 10 vezes. Quando você chegar a 10, volte para 1. Sempre que perder a conta, volte para 1.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
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4. Observe a respiração enquanto escuta música


Ouça uma melodia. Faça respirações longas, suaves e regulares. Observe a respiração; esteja ciente
do movimento e do sentimento da música ao mesmo tempo que observa a respiração. Não se perca
na música; continue acompanhando a respiração.

5. Observe a respiração enquanto conversa


Faça respirações longas, suaves e regulares. Observe a respiração enquanto escuta as palavras de um
amigo e as próprias respostas. Continue com a música.

6. Observe a respiração
Sente-se no chão com as pernas cruzadas (se você sabe como fazer, opte pela posição de lótus ou
metade de lótus) ou em uma cadeira com as solas dos pés tocando no chão (também válido ajoelhe-
se, deite-se no chão ou caminhe). Comece inspirando suavemente e normalmente (utilizando a
barriga), percebendo como "eu respiro normalmente". Respire percebendo o que estas fazendo e
pense "respiro normalmente". Faça três vezes. Na quarta vez, alongue a inspiração, consciente de
que "inspiro de uma forma prolongada". Expire consciente de que "Espiro de forma prolongada".
Faça três vezes. Agora, observe a respiração com atenção, considerando todos os movimentos da
barriga e dos pulmões. Observe a entrada e a saída do ar. Esteja ciente de como "eu estou inspirando
e observando a inspiração desde o início até o fim. Estou expirando e vejo a expiração desde o início
até o final". Faça isso por 20 respirações. Retornar ao normal Depois de cinco minutos, repita o
exercício. Mantenha um meio sorriso enquanto respira. Uma vez que domine este exercício, passar
para o próximo.

7. Respire para acalmar a mente e o espírito


Sente-se de pernas cruzadas no chão (se você sabe como fazê-lo, adote a posição de lótus ou metade
de lótus) ou em uma cadeira com as solas dos pés tocando no chão (também válido ajoelhar-se ou
deitar-se no chão). Faça um meio sorriso. Observe a respiração. Quando corpo e mente estão
relaxados, mantenha-se inspirando e expirando muito suavemente. Esteja atento à respiração e
pense: "Eu estou inspirando e pacificando corpo e mente. Estou espirando e pacificando corpo e
mente.” Faça isso três vezes, intensificando o pensamento "Eu estou inspirando enquanto meu corpo
e minha mente estão em paz. Estou respirando enquanto meu corpo e minha mente estão em paz ".
Mantenha este pensamento por 5 a 30 minutos, dependendo da habilidade que você tem que fazer
e do tempo disponível. Tanto o início como o final deste exercício devem ser relaxados e suaves.
Quando você quer parar, massageie os músculos das pernas antes de voltar a sentar em uma posição
normal. Aguarde um momento antes de levantar-se.

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Fusão Cognitiva

A fusão cognitiva refere-se à tendência de permitir que o pensamento prevaleça sobre outras
fontes de regulação do comportamento. Implica contextos que favorecem a transformação das
funções estimulantes da linguagem e da cognição, no entanto, à medida que o comportamento se
torna cada vez mais direcionado pelas relações derivadas do estímulo, a experiência direta perde
relevância. De acordo com Hayes e Smith (2005), quando boa parte do conteúdo dos pensamentos
tem caráter valorativo, também significa que as avaliações do cliente estão vinculadas aos
acontecimentos como se fossem parte do próprio acontecimento e não apenas no pensamento sobre
ele e, como consequência isso, as funções do evento real são transformadas. Um exemplo disso são
as avaliações que o indivíduo faz de sua própria história, de sua situação atual, eventos ou
relacionamentos; quando se fundem com esses e os mantêm como verdades absolutas, essas
avaliações acabam prejudicando-o, pois favorecem a evitação experiencial. A mente nunca deixa de
fornecer material, no entanto, as pessoas têm a capacidade de atender seletivamente a esses
produtos mentais (Hayes et al., 1999).

Desfusão Cognitiva
A desfusão cognitiva é um dos processos centrais da flexibilidade psicológica que permite ao
indivíduo distanciar-se do controle de suas experiências privadas, isto é ... deixar de obedecer a seus
pensamentos, sem julgá-los, percebendo-os como mera atividade mental. O objetivo dos métodos
de desfusão é ajudar o cliente a diminuir a conexão literal que eles têm com o conteúdo de sua mente
(Walser, & Westrup, 2007); é procurado principalmente para alterar a função do pensamento, ao
invés de sua forma.
Para trabalhar com a desfusão cognitiva, o terapeuta deve estar ciente dos CCR3s em todos
os momentos, ou seja, as interpretações do cliente de seu comportamento e que tipo de eventos
causam, levando em conta a função que o comportamento realiza, já que esse tipo de verbalizações
podem conter informações importantes sobre algum conteúdo com o qual o cliente pode estar
fusionado; alguns deles geralmente incluem expressões como "eu sou" ou "eu estou" em relação ao
sofrimento deles. Alguns exemplos de CCR3s de clientes enlutados são: "Eu sempre fui o mais forte
da família, é por isso que sou eu quem cuida de todos", "Estou cansado demais para me concentrar
em qualquer coisa", "ele era tudo que eu tinha e agora que se foi, não tenho um motivo para viver",
"já não saio com meus amigos, porque eles já devem estar zangados por eu estar sempre triste."

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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Sessão 3 – Desfusão Cognitiva

OBJETIVOS
Ajudar o cliente a reduzir a conexão literal que tem com o conteúdo de sua mente, procurando
principalmente alterar a função do pensamento, ao invés de sua forma.

Estrutura da Sessão
1. Exercício de mindfulness. Observação do fluxo da experiência frente a lembrança da pessoa
morta.
2. Revisão da sessão anterior.
3. Exercício do bolo de chocolate. Consequências da fusão cognitiva.
4. Metáfora do especialista em arte.
5. Tarefa. Registro do que foi dito pelo especialista.

1. Exercício de mindfulness: Observação do fluxo da experiência frente a recordação do falecido


A sessão iniciará com um exercício de mindfulness similar ao da sessão anterior, ainda que nesta
ocasião se realizará uma segunda parte em que o paciente deve observar a fotografia do falecido(a)
enquanto pratica o exercício. Sugere-se que seja dado antes uma explicação ao paciente para que
saiba que talvez se topará com emoções intensas ou desagradáveis, pode-se dizer algo como o
seguinte:

Terapeuta:
(Adaptado de Walser e Westrup, 2007)
Eu gostaria agora de fazer um exercício. Talvez algo do que faremos te evoque
emoções intensas ou recordações, e muito possivelmente a sua primeira reação seja tentar
afastá-las ou lutar contra elas, mas se você se recorda o que vimos na sessão anterior, esse
esforço que você tem feito até agora tem um custo muito alto, então eu peço a você que você
tenha a melhor disposição para o que vamos fazer.
Eu vou pedir que você se coloque numa posição cômoda, com as costas retas, os pés
apoiados no chão. Deixe os seus braços estendidos ao lado do corpo. Vou lhe pedir para você
fechar os olhos e se concentre em si mesmo.
Concentre-se em si mesmo e perceba-se nesta sala, perceba-se sentado no sofá.
Observe a posição de seus braços, seus pés e suas mãos. Observe seu corpo pressionando a
cadeira, os músculos do seu rosto, observe os músculos em torno de seus olhos fechados.
Observe a sua respiração, como o ar entra e sai pelo seu nariz, observe os músculos da sua
barriga ao respirar e o ritmo da sua respiração, sem alterá-la, apenas preste atenção ao que
acontece.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 29

Não faça nada além de observar o que vem. Observe as sensações que ocorrem agora
no seu corpo. Observe os pensamentos que chegam a sua mente como se você os visse
refletidos em uma tela de cinema. Observe como eles vem e vão, não se prenda a nada e não
expulse-os, deixe-os ficar. Assim como eles chegaram e deixe-os sair. Agora, observe o estado
da sua mente. Observe e não faça nada para expulsar ou fixar algo em sua mente, apenas
observe isso.
Agora, observe sua mente que julga, analisa e critica; observe o que tua mente diz,
talvez ela lhe diga que está fazendo isso certo ou errado. Apenas observe, seu trabalho aqui e
agora é apenas perceber que o vem a sua mente. Permita-se experimentar suas sensações e
pensamentos neste momento.
Se você tem pensamentos ou sentimentos que você gosta, não tente movê-los, expulsá-
los ou atraí-los. Se você perceber que não observa nada e que nenhum pensamento chega até
você, observe apenas essa sensação de não perceber nada. Simplesmente adote a posição de
estar aberto a qualquer sensação e pensamento que chega até você neste momento preciso.
Experimente o que vem com gentileza, com amor, sem paixão, como se tentasse observar
abertamente o céu no topo de uma montanha.
Fique agora por alguns minutos experimentando o que vem (aguarde um ou dois
minutos). E agora, volte a observar sua posição nesta sala, sua posição na cadeira, os
músculos ao redor de seus olhos, e quando estiver pronto, pode abrir seus olhos.

Devemos pedir ao cliente que pegue a foto da pessoa falecida que trouxe consigo (tarefa da
sessão anterior). Ele deverá segurar a foto nas mãos a sua frente.

Terapeuta:
Agora eu quero que você veja a fotografia na sua frente (dê um minuto ou dois). Não
faça nada, apenas observe ao que vem. Observe as sensações que ocorrem agora no seu
corpo. Lembre-se do que estava fazendo há alguns minutos com os olhos fechados. Da te
conta dos pensamentos que surgem. Observa como eles surgem e como eles vão; ou não
segure nada e não expulse nada, deixe-os chegar e sair. Agora, observe o estado da sua
mente. Observe e não faça nada para expulsar ou fixar algo em sua mente, apenas observe
isso. Permita-se experimentar suas sensações e pensamentos neste momento (dê dois
minutos).
Se você tem pensamentos ou sentimentos que não gosta, não tente fugir, empurrá-los
ou atraí-los. Se você perceber que não aprecia nada e que nenhum pensamento chega até
você, note o pensamento e a sensação de não perceber nada. Simplesmente adote a posição
de estar aberto a qualquer sensação e pensamento que vem até você neste momento
preciso. Experimente o que vem com gentileza, com amor, sem paixão, como se você estive a
observar abertamente o céu no topo de uma montanha.
Você pode guardar a foto ou deixá-la sobre a mesa, como preferir.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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Ao finalizar o exercício o terapeuta deve: Perguntar ao cliente sobre a sua experiência


procurando não centrar-se muito no conteúdo.

2. Revisão da sessão anterior


Após o exercício de mindfulness, revisaremos o que foi visto na sessão anterior e a tarefa
sobre a prática dos exercícios de mindfulness. Sobre esta tarefa o cliente será questionado sobre a
frequência com que praticou os exercícios e sua experiência durante a realização.

3. Exercício do bolo de chocolate (desfusão cognitiva)


Para trabalhar a desfusão cognitiva é necessário que o cliente compreenda em termos gerais
como funciona a fusão cognitiva, o que não implica que o terapeuta incorra em descrições teóricas,
mas sim, a partir de um exercício, demonstre a natureza arbitrária dos conteúdos internos e
tentativas inúteis para evitá-los.
Aplicar o exercício do "bolo de chocolate" para demonstrar a natureza arbitrária dos eventos
privados.

Terapeuta:
Vamos fazer um pequeno exercício. Vou te dizer uma palavra e quero que você faça o
possível para não pensar nela. Está pronto? Tente não pensar em Bolo de chocolate!
Pronto? Como foi?

Há duas possibilidades: (1) o cliente afirma que ele o alcançou ou (2) ele percebe que é
impossível parar de pensar no bolo de chocolate. No primeiro caso, o terapeuta perguntará "Como
você fez isso?". Ao que o cliente provavelmente responde, ele pensou em algo diferente que não
tinha relação com bolo de chocolate, então ele perguntará "E como você percebeu que você o tinha
conseguido? "ou" Como você descobriu o que deveria pensar? ", o que levará de volta ao bolo de
chocolate. Em ambos os casos, o terapeuta deve destacar a futilidade dos esforços para não pensar
ou sentir algo.

Terapeuta:
Algo parecido acontece com os esforços que fazemos para não pensar em algo que nos
é desagradável, triste ou doloroso. Seja lá o que façamos, sempre terá relação com o que não
queremos fazer. Ainda que por alguns momentos pareça funcionar, no final sempre os
pensamentos voltam. É assim que a nossa mente trabalha.

O fato do terapeuta se referir constantemente à “mente” como se fosse algo em separado ou


um objeto externo, independente do paciente, ajuda a estabelecer uma distância saudável entre o
pensamento e o pensador. Esta prática deve ser contínua durante o restante do tratamento quando
o terapeuta considere apropriado.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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Consequências da fusão cognitiva


Uma vez que o cliente compreenda o processo de fusão, é importante que ele entenda as
consequências que ele pode ter, para isso, usaremos a seguinte metáfora:

4. Metáfora do especialista em artes

Terapeuta:
Imagine que você vá para uma galeria de arte para ver uma exposição que você nunca
viu antes. Você está acompanhado por um renomado especialista em arte. Vocês entram e
começam a ver as obras de arte juntos. Enquanto passeiam pela galeria, ele expressa sua
opinião sobre tudo o que ele vê. Talvez você saiba algo sobre arte, mas você vai com um
especialista, então você o escuta com muita atenção. Ele para na frente de uma pintura diz:
"Esta pintura é lixo, a técnica é muito ruim". Em seguida vocês vêem uma escultura e ele diz:
"Isso é magnífico, os detalhes são requintados", e talvez você não tenha certeza do que está
vendo, mas deve ser ótimo porque é o que o especialista disse. Vocês continuam andando e
você para em frente a outra peça e ele diz: "Não perca seu tempo contemplando isso, é um
músico que, em seu tempo livre, pensa que é pintor", então você continua andando e procura
outra peça. Todo o passeio pela galeria ocorre de forma semelhante e em certos momentos
ele volta a criticar peças já vistas por vocês, te distraindo.
Quando terminam de ver tudo, você deixa a galeria com uma opinião baseada no que
o especialista disse, sem ter se permitido observar cuidadosamente qualquer trabalho, e mais,
você nem se lembra das cores desse trabalho feito por um músico que na seu tempo livre ele
se considera um pintor.
Agora imagine que a galeria é sua vida, que cada obra de arte é um acontecimento e
que tal especialista em artes é a sua mente, que o acompanhou em todos os momentos
emitindo suas opiniões e críticas sobre cada evento, por menor ou maior, embora você nem
sempre o solicite, o mesmo que acontece há muito tempo, e parece que nunca para. Quantas
vezes sua mente interferiu quando algo importante aconteceu em sua vida? Quantos dos
trabalhos na galeria de sua vida você se lembra mais da opinião do especialista do que do que
observou por si mesmo?

5.Tarefa: Registro do que foi dito pelo especialista


O objetivo desta tarefa é que o paciente comece a praticar a desfusão cognitiva. Para isso, ele
dividirá em duas folhas de papel, no meio. Em cima, de um lado, o terapeuta irá escrever: o que a
mente disse? e no outro: o que você observou? (Veja o material 5).
O paciente deve realizar o exercício de mindfulness com a foto de novo, se for possível uma
vez por dia, e depois escrever na página o que sua mente disse e o que ele podia observar ou perceber
com seus cinco sentidos.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 32

Material 5 - Exercício: o que a mente disse? O que você observou?

Observe a fotografia novamente, assim como você fez na sessão e, ao fazê-lo, distingue o que
sua mente disse e o que você observou. Escreva na coluna correspondente.

O que a mente disse? O que você observou?

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Valores

A palavra "valores" vem de uma raiz latina que significa "valioso e forte" (Hayes & Smith,
2005). Uma das características distintivas do ACT é a ênfase nos valores, pois considera-se que
somente no contexto dos valores é que a flexibilidade psicológica faz sentido. Desde esta perspectiva,
os valores são conceituados como padrões comportamentais individuais e dinâmicos que abrangem
diferentes áreas da vida e proporcionam um senso de direção (Wilson & Byrd, 2004). Eles são direções
de vida escolhidas. São escolhidos livremente e têm a função de orientar e motivar o cliente na
determinação de um propósito (Hayes et al., 1999). Se trata de qualidades desejadas que envolvem
como a pessoa quer se comportar, como quer atuar, o que é importante para ela e o que é relevante
(Harris, 2009) e, portanto, os valores serão decisivos para que as ações da pessoa sejam significativas.
É necessário fazer a distinção entre valores e metas/objetivos. Metas referem-se a coisas,
acontecimentos, situações ou objetos concretos que podem ser obtidos ou completados, no entanto,
se metas são confundidas com valores, então, uma vez que os objetivos tenham sido alcançados, o
progresso terá parado definitivamente (Hayes & Smith, 2005).
Um ponto importante durante o tratamento é o esclarecimento de valores. O terapeuta deve
estar ciente de que os valores do cliente são baseados no que ele quer para sua vida e não no que os
outros esperam dele, na aprovação social ou prestígio que esses valores podem lhe trazer.
Às vezes, os clientes vêm travando uma batalha contra seu sofrimento há muito tempo
(ansiedade, depressão, vícios, etc.), de modo que sua direção de vida pode não ser clara (Wilson &
Luciano, 2002) e é possível que a única coisa que desejem seja uma vida sem sofrimento ou em que
já não sentem dor, no entanto, "deixar de ser triste" ou "sentir-se melhor" não são valores, pois não
expressam ações por parte do cliente ou fornecem uma direção clara. O trabalho do terapeuta com
relação a este tópico será criar um relacionamento terapêutico que permita aos clientes considerar
valores de acordo com o que eles querem e não em função do que eles querem evitar.

Ação Comprometida
O processo para que o cliente retome a vida que deixou devido ao seu sofrimento representa
um desafio para o terapeuta, pois envolve ajudar o cliente a se engajar e permanecer comprometido
com uma série de atividades voltadas para seus valores, apesar das barreiras que podem ser
encontradas ao longo do caminho, o que requer ação comprometida (Eifert & Forsyth, 2005). No
modelo ACT, o termo ação comprometida refere-se a uma "ação baseada em valores, criada para
criar um padrão de ação baseado neles". Manter um compromisso é uma escolha que envolve agir e
redirecionar o comportamento de maneira consistente com os valores (Hayes et al., 1999).
Os clientes, em boa medida, são orientados para o resultado imediato de seu
comportamento; eles querem se sentir bem e rapidamente, querem se sentir felizes e, quanto menos
demorarem os resultados positivos, melhor. Este tipo de expectativas pode afetar seriamente seu
estado, já que, ao não melhorar rapidamente, eles se sentem piores, tornam-se mais deprimidos e
seu desespero aumenta. O terapeuta deve considerar em todos os momentos a importância do

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 34

cliente não se concentrar em obter resultados imediatos, mas deixar claro que a escolha de uma
direção valiosa inclui todos o tipo de circunstâncias, algumas delas agradáveis e outras desagradáveis,
no entanto, cada passo que se dá na direção aos valores é importante (Wilson & Luciano, 2002).
Viver de acordo com os valores não é um processo de "tudo ou nada" (Hayes et al, 1999),
todos falham em algum ponto do caminho, no entanto, é necessário que a cada dia o compromisso
de agir de acordo com as direções escolhidas seja renovado (Eifert & Forsyth, 2005).

Sessão 4 – Valores e Ação Comprometida

OBJETIVOS
Ajudar os clientes a considerar os valores de acordo com o que eles desejam e não em função do que
eles querem evitar.

Estrutura da Sessão
1. Exercício de mindfulness. Visualizando os valores perdidos.
2. Revisão da sessão anterior.
3. Entendendo os valores. O professor.
4. Identificando os valores.
5. O significado dos valores.
6. Tarefa. Folhas para esclarecer valores.

1. Exercício de mindfulness: Visualizando os valores perdidos

No início da sessão o exercício de mindfulness, será feito com três objetivos:

1. Que o paciente tome consciência dos valores que abandonou ou vem negligenciado desde a
morte do seu amado;

2. Facilitar a identificação dos valores correspondentes a diferentes áreas de sua vida (o que
será feito na próxima etapa da sessão);

3. Promover a ação comprometida, motivando o paciente a retornar (e gerar mais) a conduta


congruente com seus valores. Isso será feito da seguinte maneira:

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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Terapeuta:
(Adaptado de Walser e Westrup, 2007)
Gostaria que fizéssemos um exercício. Te acomoda, com as costas retas, os pés
apoiados no chão. Deixe os seus braços caídos ao lado do corpo. Feche os olhos e te concentre
em ti mesmo.
Perceba a si mesmo nesta sala, perceba a si mesmo sentado no sofá. Observe a posição
de seus braços, seus pés e suas mãos. Observe seu corpo pressionando a cadeira, os músculos
do seu rosto, observe os músculos em torno de seus olhos fechados. Observe a sua respiração,
como o ar entra e sai pelo seu nariz, observe os músculos da barriga ao respirar e o ritmo de
sua respiração, sem alterá-la, apenas preste atenção ao que acontece. Não faça nada além
de observar o que vem. Observe as sensações que ocorrem agora no seu corpo. (pausa de 2
minutos).
Agora pensa na tua vida e com gentileza visualiza os valores dos quais você pode ter
se afastado da morte de _________; essas coisas, atividades, pessoas importantes e de onde
você se afastou ou você não dedica mais tempo a elas. Observe o que te custou perder ou
negligenciar tudo isso, mas tente pensar neste custo sem emitir qualquer julgamento ou
crítica, sem prensar se é certo ou errado. Apenas visualize. Fique por alguns minutos
experimentando o que vem (espere um ou dois minutos). E agora, volte a sua mente aqui para
e sua posição nesta sala, sua posição na cadeira. Imagine que você pode reviver esses valores.
Imagine que esses valores receberam o dom da vitalidade. Bem, agora observe sua respiração,
enquanto o ar entra e sai por seu nariz, anote os músculos da barriga quando respira e o ritmo
da sua respiração, e quando estiver pronto, abra seus olhos.

Questionar o paciente sobre os valores que visualizou e a importância que tem para ele. Peça
que mencione alguns exemplos de ações concretas que costumava realizar de acordo com estes
valores. Também se pergunta sobre a experiência em geral e se tem feito os exercícios de
mindfulness.

2. Revisão da sessão anterior


Uma vez finalizado o exercício de mindfulness, lembrar de revisar o que foi visto na sessão
anterior, assim como a tarefa do registro do que é dito pelo especialista em obras de arte. Para isso,
solicita-se ao paciente que leia as duas colunas. Se pergunta sobre a tarefa:

Terapeuta:
Eu gostaria que você comparasse os que escreveste em uma coluna e outra. O que você
acha que seria a melhor forma de ver a morte de ___________? O que você acha que seria a
maneira mais adequada de observar os acontecimentos da vida?

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 36

3. Compreendendo os valores
Para introduzir ao paciente o conceito de valores e ajudá-lo a pensar de uma forma
equilibrada entre o que deve fazer e o que realmente importa, recomenda-se utilizar a metáfora do
professor.

Metáfora do professor
(Adaptado de Stoddart e Afari, 2014)

Terapeuta:
Imagina que um professor entra na sala de aula e de frente para os seus alunos,
mostra-lhes uma jarra vazia. Põe a jarra na mesa e começa a encher a mesma com bolas de
ping pong. Ao terminar, pergunta aos seus alunos se a jarra está cheia. Os alunos respondem
que sim.
Depois o professor pega umas pedrinhas pequenas e as coloca na jarra, de maneira
que se preencham os espaços entre as bolas. Novamente o professo pergunta se a jarra está
cheia. Os alunos respondem que agora sim ela está cheia.
Em seguida, o professor pega um saco de areia e vai despejando sobre a jarra,
preenchendo assim os espaços que ficaram vazios entre as pedrinhas. Outra vez ele pergunta
aos alunos, que lhe respondem com unanimidade que sim, a jarra está cheia. Para finalizar o
professor pega duas garrafas de cerveja e a despeja sobre a jarra. A cerveja preenche todos
os espaços vazios que possam ter ficado entre os grãos de areia.
Então o professor explica: Esta jarra representa a sua vida. As bolas são as coisas
importantes na sua vida – São sua família, saúde, relacionamentos e paixões, coisas que, ainda
que tudo possa se perder e somente estas permaneçam, sua vida estaria cheia. Isso é o que
entendemos na terapia que são os valores. As pedrinhas são outras coisas que importam
também, mas de outra maneira, como seu trabalho, a sua casa, ou carro. A areia é o resto, as
coisas pequenas. Se colocarmos na jarra a areia primeiro, não haverá lugar para as
pedrinhas e muito menos para as bolas. E assim é o que acontece na nossa vida. Se gastarmos
s o nosso tempo e energia com as coisas pequenas, não sobra espaço para o que de verdade
importa. Use o espaço para o que torna sua vida significativa: visite sua família, saia com seus
amigos e gaste algum tempo com um hobby que você gosta tanto. Dê prioridade às bolas de
ping pong, é o que realmente interessa, ou resto é apenas areia.
Ao terminar, um dos alunos levantou a mão e perguntou sobre as duas cervejas. O
professor sorrindo lhe respondeu: Fico contente que tenhas perguntado. Estas simplesmente
demonstram que não importa o quão cheio é a nossa vida: sempre há tempo para uma cerveja
com um amigo.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 37

4. Identificando os valores
Identificar os valores do paciente de acordo com diferentes áreas vitais é muito útil para
identificar quem se importa, o que ele quer alcançar e para o qual ele queria trabalhar. Para isso, será
utilizado o “Formulário de Valores Narrativos” (ver material 6), que será completado entre o
terapeuta e o paciente. Recomenda-se que o terapeuta o explique da seguinte maneira:

Terapeuta:
As seguintes são áreas vitais que são valiosas para algumas pessoas. Nem todos têm
os mesmos valores e esta planilha não é uma prova para verificar se você possui áreas de
valores "corretas". Gostaria que você descrevesse suas áreas de valores como se ninguém
jamais os lesse. Enquanto você trabalha, pense em cada área em termos de metas concretas
que você acha que pode ter, e também em termos de como fazer para cuidar, preservar. Então,
por exemplo, sua meta concreta poderia ser seu casamento e o como cuidar poderia ser um
bom parceiro como uma direção de vida valiosa. Você sempre pode ser um parceiro melhor,
não importa quanto tempo você já esteja casado.
É possível que algumas áreas não sejam consideradas relevantes para tua vida. Você
pode ignorar essas áreas e discutiremos elas no final.
É importante que você escreva sobre o que você gosta e sobre o que deseja alcançar,
independentemente de você achar que você poderia alcançá-lo realisticamente, ou o que você
pensa ou o que os outros podem achar que você merece.

Área Como trabalhar para manter, preservar ou valorizar

Relações íntimas/casal Ser uma esposa carinhosa e atenta

Relações familiares Ser um pai admirado e respeitado por meus filhos

Relações sociais Ser um amigo leal e fonte de apoio para meus amigos

Trabalho

Educação e formação Adquirir mais conhecimentos especializados em minha área


profissional

Ócio

Espiritualidade

Cidadania

Saúde/bem-estar físico

Outras

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basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 38

Se o paciente deixar áreas incompletas, o terapeuta pode fazer perguntas sobre se há algo
que ele gostaria de fazer ou o que ele faria em relação a essa área. Uma vez que o "formulário
narrativa dos valores" seja completado, cada área será discutida com o paciente, de modo que os
valores sejam claros e cada área será discutida com exemplos de possíveis ações direcionadas aos
objetivos relacionados à direção descrita. Os valores do paciente, certificando-se de que são
definidos por seus desejos e pela busca de prestígio, reconhecimento social ou aprovação de outros.
É importante esclarecer que é quase impossível que os valores das pessoas não sejam inflados
pelos fatores externos acima mencionados, mas o terapeuta pode questionar quanto valioso será o
valor na ausência de qualquer consequência fornecida por outro, por exemplo:

Terapeuta:
Vejo que entre o que é importante, em relação à educação e à formação, é a aquisição
de mais conhecimento. O que aconteceria se, no final de um curso ou um curso de pós-
graduação, eles não lhe deram nenhum reconhecimento ou certificado? Ainda seria
importante para você...?

5. O significado dos valores


Para definir objetivos e ações concretas em relação aos valores, o paciente receberá as "folhas
para esclarecer os valores" (veja o material 7), que começará a ser preenchido em sessão,
completando pelo menos o que corresponde a uma seção, para depois termine a lição de casa. Ele
será preenchido da seguinte forma:
1. Usando o "formulário narrativa de valores" que foi concluída na sessão, o paciente
escreverá os valores, um por sessão.
2. Cada valor receberá uma pontuação de 1 a 10 para indicar a importância do paciente.
3. O paciente descreverá vários objetivos específicos que podem ajudá-lo a viver uma vida de
acordo com cada valor.
4. Anote alguns pensamentos ou emoções que podem impedir que você atenda suas carnes
específicas.
5. Para uso, o paciente escreverá um pequeno parágrafo sobre o que significa viver de acordo
com esse valor e, também, o que significa não fazê-lo.

6. Tarefa. Folhas para esclarecer os valores


O paciente levará as “Folhas para esclarecer os valores” (material 7) para termina-las como
tarefa, bem como foi feito na seção.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
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Material 6 - Formulário de Valores Narrativos


(Adaptado de Hayes, Strosahl y Wilson, 1999; Wilson, y Soriano, 2002)

Escreva uma breve narrativa em cada área sobre o que você valoriza. Se alguma área não for
aplicável a você, deixe-a em branco.

Área Narrativa da direção valiosa (valor)

Relações íntimas / casal

Relações familiares

Relações sociais

Trabalho Educação e formação

Lazer

Espiritualidade

Cidadania

Saúde / Bem-estar físico

Outro

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Material 7 - Folhas de trabalho para esclarecer valores

Complete estas planilhas da seguinte maneira:


1. Usando o Formulário de Valores Narrativos que foi concluído, escreva os valores, um por seção.
2. Em cada valor, atribua uma pontuação de 1 a 10 de quão importante você acha que é para você.
3. Descreva vários objetivos específicos que podem ajudá-lo a viver uma vida de acordo com cada valor.
De preferência, eles devem ser objetivos que podem ser alcançados no curto e médio prazo.
4. Anote alguns pensamentos ou emoções que possam impedir que você atenda seus objetivos
específicos.
5. Finalmente, escreva um pequeno parágrafo sobre o que significaria para você viver de acordo com esse
valor e também o que significaria não fazê-lo.

Valores / instruções vitais

1. Relações íntimas / casal


Valor: Importância (1 a 10):
Objetivos específicos:

Pensamentos e emoções que poderiam impedir a realização de seus objetivos:

O que significaria para você viver de acordo com esse valor? O que significaria não fazê-lo?

2. Relações familiares
Valor: Importância (1 a 10):
Objetivos específicos:

Pensamentos e emoções que poderiam impedir a realização de seus objetivos:

O que significaria para você viver de acordo com esse valor?

3. Relações sociais
Valor: Importância (1 a 10):
Objetivos específicos:

Pensamentos e emoções que poderiam impedir a realização de seus objetivos:

O que significaria para você viver de acordo com esse valor? O que significaria não fazê-lo?

4. Trabalho
Valor: Importância (1 a 10):
Metas específicas:

Pensamentos e emoções que poderiam evitar o cumprimento de suas metas:

O que significaria para você viver de acordo com esse valor? O que significaria não fazê-lo?

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 41

5. Educação e formação
Valor: Importância (1 a 10):
Objetivos específicos:

Pensamentos e emoções que poderiam impedir a realização de seus objetivos:

O que significaria para você viver de acordo com esse valor? O que significaria não fazê-lo?

6. Lazer
Valor: Importância (1 a 10):
Objetivos específicos:

Pensamentos e emoções que poderiam impedir a realização de seus objetivos:

O que significaria para você viver de acordo com esse valor? O que significaria não fazê-lo?

7. Espiritualidade
Valor: Importância (1 a 10):
Objetivos específicos:

Pensamentos e emoções que poderiam impedir a realização de seus objetivos:

O que significaria para você viver de acordo com esse valor? O que significaria não fazê-lo?

8. Cidadania
Valor: Importância (1 a 10):
Objetivos específicos:

Pensamentos e emoções que poderiam impedir a realização de seus objetivos:

O que significaria para você viver de acordo com esse valor? O que significaria não fazê-lo?

9. Saúde / Bem-estar físico


Valor: Importância (1 a 10):
Objetivos específicos:

Pensamentos e emoções que poderiam impedir a realização de seus objetivos:

O que significaria para você viver de acordo com esse valor? O que significaria não fazê-lo?

10. Outro
Valor: Importância (1 a 10):
Objetivos específicos:

Pensamentos e emoções que poderiam impedir a realização de seus objetivos:

O que significaria para você viver de acordo com esse valor? O que significaria não fazê-lo?

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 42

Sessão 5 – Ação Comprometida

OBJETIVOS
Ajudar o cliente a ter claro o que é um compromisso e o que isso implica, para evitar que, quando o
cliente obtiver um resultado indesejado ou não consiga cumprir suas atividades, ele abandone seu
compromisso.

Estrutura da Sessão
1. Exercício de Mindfulness. O leitor de mentes.
2. Revisão da sessão anterior.
3. A natureza do compromisso. Metáfora do convidado grosseiro.
4. Com quem tens o compromisso?
5. Definindo os primeiros passos em direção aos seus valores. (ao que te importa)
6. Tarefa. Ativação do comportamento.

1. Exercício de mindfulness: O leitor de mentes


A seção começará com um exercício de mindfulness cujo objetivo é que o paciente reflita seus
valores pessoais imaginando-se na perspectiva de alguém próximo deles.

Terapeuta:
(Adaptado de Walser e Westrup, 2007)
Gostaria que fizéssemos um exercício. Te acomoda, com as costas retas, os pés
apoiados no chão. Deixe os seus braços caídos ao lado do corpo. Feche os olhos e te concentre
em ti mesmo.
Perceba a si mesmo nesta sala, perceba a si mesmo sentado no sofá. Observe a posição
de seus braços, seus pés e suas mãos. Observe seu corpo pressionando a cadeira, os músculos
do seu rosto, observe os músculos em torno de seus olhos fechados. Observe a sua respiração,
como o ar entra e sai pelo seu nariz, observe os músculos da barriga ao respirar e o ritmo de
sua respiração, sem alterá-la, apenas preste atenção ao que acontece. Não faça nada além
de observar o que vem. Observe as sensações que ocorrem agora no seu corpo. (pausa de 2
minutos).
Imagine que você está em um mundo ideal, no qual você vive sua vida como a pessoa
que realmente quer ser; Pegue algum tempo para pensar sobre quais ações você está fazendo

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 43

para que esse mundo ideal funcione. O que você fez para chegar aqui? quais obstáculos você
teve que superar? (pegue uma pausa de um ou dois minutos).
Bem, agora imagine que nesse mundo ideal você tem uma máquina que lê mentes e
está programada para ler a mente de alguém que é muito importante para você, para que
você possa ouvir cada pensamento dessa pessoa. Enquanto você ouve, você percebe que essa
pessoa está pensando em você: pense no que você representa, seus pontos fortes, o que isso
significa para ela e o papel que você desempenha em sua vida. O que você ouviria que a pessoa
pensa? Tome um momento para imaginar (dar um ou dois minutos).
Agora, volte para realizar sua posição nesta sala, sua posição na cadeira. Observe sua
respiração à medida que o ar entra e sai por seu nariz, observe os músculos da sua respiração
e o ritmo de sua respiração quando estiver pronto, abra seus olhos.
No final, o paciente será perguntado sobre sua experiência durante o exercício, de
forma semelhante ao que já foi feito em sessões anteriores.

2. Revisão da sessão anterior


Após o exercício de mindfulness, revisar a sessão anterior. Na tarefa "O Significado dos Valores",
perguntar ao paciente sobre o quão difícil foi realizá-la. Sobre o que o paciente escreveu nas "Folhas
para esclarecer os valores", abordar cada área considerando o seguinte:

- Sobre o valor que o paciente definiu, pergunte a ele: Você pode estabelecer um compromisso
com o que realmente importa para você e conseguiria mantê-lo? É importante certificar-se de
que o paciente entenda que o terapeuta não está falando sobre viver de acordo com o que é
importante para outras pessoas, mas sobre a capacidade de viver de acordo com o que deseja
para si. Muitas vezes, os pacientes não querem estabelecer um compromisso porque temem não
poder cumpri-lo, deve ser claro que este é um compromisso que lhes interessa em suas vidas, e
essa direção não muda porque alguém falha.

- A pontuação de importância não serve como um guia para priorizar em quais áreas as ações
devem ser estabelecidas imediatamente, isso não significa que as pontuações mais baixas devem
ser negligenciadas.

- Em relação aos objetivos específicos, verificar se eles são objetivos práticos, acessíveis e
congruentes com os valores. Para isso, pergunte diretamente ao paciente. Esse objetivo é
prático? Pode ser alcançado? Isso funciona na sua situação atual? Isso leva você na direção do
seu valor escolhido. Também é importante fazer a distinção de quais objetivos podem ser
alcançados no curto e médio prazo.

- Em referência aos pensamentos e emoções que poderiam impedir o cumprimento dos


objetivos, é provável que o que o paciente descreva esteja focado nas falhas no passado ou
preocupações futuras. No caso de suas respostas trazerem falhas do passado, o terapeuta pode
se referir à metáfora do homem no buraco (ver primeira sessão):

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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Terapeuta:
Você se lembra da metáfora do homem no buraco? Naquela ocasião, eu disse que, não
importa o quanto você parou para pensar como você caiu no buraco, você ainda estava lá. O
fato de você se concentrar em suas falhas no passado não muda sua situação atual, você só
permanece como um refém de algo que você não pode mudar mais, como aconteceu. Com
isso, não quero dizer que você tente eliminar esses pensamentos que agora parecem barreiras,
mas você pode tomar as medidas necessárias para todos os seus objetivos, mesmo que você
leve consigo pensamentos, porque eles são apenas isso: pensamentos.

Se os pensamentos e as emoções giram em torno de preocupações futuras, o terapeuta pode


recordar a metáfora do especialista em arte (ver terceira sessão):

Terapeuta:
Quando falamos com você nas últimas sessões da metáfora do especialista em arte,
mencionei que é necessário aprender a distinguir entre o que a mente diz e o que você observa
por si mesmo, porque o que a mente diz nem sempre é útil. Neste caso, parece que a mente
estava tentando prever o futuro. No entanto, é muito melhor adotar uma postura flexível de
"esperar e ver", dar um passo de cada vez. Você pode decidir antecipando o que pode
funcionar (te ajudar), o que não é uma fantasia, mas tomar a decisão de caminhar em direção
a seus valores, é o essencial.

Finalmente, o parágrafo em que o paciente descreve o que significaria viver de acordo com
esse valor e significar não fazê-lo será útil para o terapeuta enfatizar a importância de manter seus
valores, mesmo quando há uma falha ou parece que existem muitas barreiras no seu caminho.

3. A natureza do compromisso
Ter clareza da direção nem sempre garante que se chegue a resultados agradáveis em cada
momento, é importante o paciente tenha em mente que os resultados que esperam nem sempre
chegam rápido. Cada passo é importante e, embora nem sempre seja agradável, ele deve estar
conectado com um valor importante para o paciente. Para enfatizar este ponto, a seguinte metáfora
será usada:

Metáfora do convidado grosseiro


(Adaptado de Hayes et al., 1999)
Terapeuta:
Imagine que você vai comemorar a festa da sua vida e você é o anfitrião. Há apenas
uma regra na localidade para poder celebrar festas, e é que você deve ter um cartaz na
entrada que diz: "Bem-vindo a todos". Você concorda, embora você não esteja muito
convencido. Você coloca o cartaz e começa a chegar os convidados, qualquer pessoa pode

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basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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entrar, pois está no cartaz "Bem-vindo a todos". Antes de poder desfrutar de sua festa
observas um morador de rua. O sem-teto, é um convidado grosseiro, sujo, tem mau cheiro e é
sem modos. Imediatamente você reage e vai até ele para expulsá-lo da festa, mas você não
pode fazê-lo porque está no cartaz "Bem-vindo a todos", e ele volta imediatamente. Você não
encontra outra opção que não seja seguir o sem-teto para garantir que não incomode os
demais convidados. O que fazer para que não incomode? Te ocorre que você pode trancá-lo
em uma sala, mas então você não tem certeza de que ele não conseguiria sair. No final, você
não tem nenhuma outra opção que não seja levá-lo até a saída e ficar lá cuidando para que
ele não moleste ninguém. Se te distrai, ele se mistura rapidamente com os convidados e você
tem que voltar a ir atrás para que não incomode a ninguém. A questão é que, se você quiser
que ele não moleste os demais convidados, você precisa ficar atrás dele cuidando o tempo
todo e, mesmo assim, ele consegue escapar de você. Você tem liberdade para escolher se vai
fazer isso ou não. Fazendo você tem um custo muito alto. O anfitrião realmente está em sua
festa ou ele a esta perdendo?

Como em metáforas anteriores, a seguir o terapeuta realiza as perguntas que considerar


oportunas. Este momento é adequado para falar com o paciente sobre o custo que pode ter ao não
estar disposto a aceitar conteúdos ou resultados desagradáveis. Não se trata de estar esperando-os,
mas caso se apresentem, assim como o convidado indesejado, deixá-los estar sem lutar contra eles
nem abandonar a direção.

Terapeuta:
Estabelecer um compromisso é indispensável neste ponto do processo. Você já avançou
muito até agora e este é o momento em que você aplica tudo o que aprendeu. Não estou
pedindo que você se comprometa com um resultado ou consequência em particular. O
compromisso é para você realizar as ações que você propõe a fazer e que faças com seriedade.
Isso não significa que você nunca vai romper com um compromisso, de fato, provavelmente
em algum momento você o faça. Seu objetivo será que, mesmo quando você romper com um
compromisso, volte ao rumo e faça tudo o que puder para mantê-lo ao máximo de possa.

4. Com quem tens o compromisso?


Ao começar a agir na direção de seus valores, às vezes o paciente perde o objeto de seu
compromisso, quer dizer, com quem esse compromisso foi estabelecido. É mais provável que o
paciente abandone a ação comprometida se o paciente estiver fazendo para obter reconhecimento
ou aprovação do terapeuta ou de outras pessoas em seu ambiente social. Há ações que certamente
em algum momento serão reconhecidas por outros, no entanto, isso deve ser visto como um ganho
adicional, não como o principal objetivo. O terapeuta pode dizer-lhe algo como o seguinte:

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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Terapeuta:
O que realmente interessa é o que é importante para você. Qualquer compromisso que
você fizer e manter será para você, não para mim ou para ninguém. Meu trabalho é ajudá-lo
como um guia na direção ao tipo de vida que você deseja.

O terapeuta pode retornar a esse ponto quantas vezes julgar necessário durante as sessões
subsequentes para ajudar o cliente a manter essa ideia em mente o tempo todo.

5. Definindo os primeiros passos até os valores

Com base no que o paciente descreveu nas "Folhas para esclarecer os valores", entre o
terapeuta e o paciente, se definirão, atividades que podem ser realizadas a curto e médio prazo e
que estejam focadas nos valores. O registro de atividades será feito sob a forma de uma tabela (veja
o material 8), que será preenchido com o seguinte formulário:

1. As atividades de curto e médio prazo focadas nos valores serão definidas, elas serão
organizadas em ordem hierárquica, de acordo com a importância que cada valor tem para o
paciente. Recomenda-se que comece por atividades simples, de modo que seja mais provável
que seja realizado de forma satisfatória.

2. Na segunda, a (s) pessoa (s), quem, onde e quando da atividade serão definidos.

3. Na comuna de "Obstáculos previsíveis" serão definidas possíveis situações ou condições


que, se apresentadas, representariam um obstáculo.

4. A coluna "Soluções para obstáculos" listará possíveis estratégias que o paciente pode usar
ao enfrentar um obstáculo. O terapeuta deve recomendar algumas das estratégias
observadas durante o processo terapêutico quando for considerado apropriado.

5. A coluna "Resultados" será deixada em branco para ser contemplada na tarefa.

Por exemplo, no caso de uma mãe cujos valores visam aumentar as expressões de carinho
para com seus filhos, as atividades sugeridas podem ser as seguintes:

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basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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Tabela. (Adaptado de Kanter, Busch e Rusch, 2009)

Quem? O Que? Obstáculos Soluções para os


Atividade Resultados
Onde? Quando? Previsíveis obstáculos

Para aproximar Na minha casa, Pensar que Concentrar me Embora eu me


meu filho em momentos ele vai me na lição de casa, sentisse ansiosa
espontaneamente que rejeitar, observar meus antes de fazê-lo, vi
e abraçá-lo normalmente eu vergonha, pensamentos e que consegui alcançá-
não faça não decidir o que eu lo e que ele vai de
encontrar quero acordo com o que eu
tempo para realmente quero
fazê-lo fazer

Ficar mais Sempre que tiver Medo de ser Concentrando- No começo eu tive
interessada pelas oportunidade julgada ou se no que eu medo, mas, enquanto
atividades rejeitada quero alcançar estava fazendo, este
cotidianas do com isso e não sentimento diminuiu
meu filho nos resultados e comecei a gostar
imediatos

6. Tarefa: Ativação de comportamento


O paciente deve começar a realizar as atividades focadas em valores que foram definidos na
sessão (ver material 8), registrando na última coluna os resultados obtidos em cada um. Você será
solicitado a ser tão descritivo quanto possível em termos do que sentiu, pensou e os resultados no
ambiente.

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basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 48

Material 8 - Primeiros passos para valores


(Adaptado de Kanter, Busch, & Rusch, 2009)

1. Defina atividades de curto prazo focadas em seus valores; organiza-los em ordem hierárquica de
acordo com a importância que cada valor tem. Comece com atividades simples para que você seja
mais provável que as faça.
2. A segunda coluna define o quem, o que, o onde e o quando da atividade.
3. Na coluna "obstáculos previsíveis", são definidas situações ou condições possíveis que, se
apresentadas, representariam um obstáculo.
4. Na coluna "soluções para obstáculos", liste estratégias possíveis para usar quando você está
enfrentando um obstáculo.
5. Na coluna "resultados" descreve como você fez ao executar cada atividade.

Data/ Obstáculos Soluções para os


Atividade Resultados
Momentos previsíveis obstáculos

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basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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Eu como Contexto

O eu como contexto é uma postura em relação a si e ao mundo. A ACT faz uma distinção entre
o "eu" e os fenômenos internos, o "eu" não é a experiência como tal, simplesmente fornece o
contexto para a experiência, de modo que os indivíduos não são o conteúdo da experiência, mas o
contexto desta. Ou seja, uma pessoa não é seu passado ou suas preocupações, nem mesmo seus
pensamentos, sensações corporais ou emoções. Tudo isso é na verdade uma parte de nós, porém
não pertencem a nós, essas experiências se manifestam e desaparecem, não importa se agradem ou
desagradem. O self observador simplesmente observa a experiência, não faz julgamentos (por
exemplo, "horrível" ou "bonito"), uma vez que nenhum pensamento é melhor ou pior que o outro.
Hayes et al., (1999) fazem a analogia da casa (por exemplo, quartos, teto, paredes, piso), que fornece
o contexto para que certas experiências ocorram para as pessoas que vivem dentro, juntamente com
todos os móveis e outros pertences. A casa permanece praticamente a mesma, não importa quem
mora lá dentro, que pertences você coloca ou como você pinta. Tanto quanto se sabe, a casa não se
importa com que a mobília está dentro ou o que acontece com quem mora lá, como se sente, o que
pensa ou o que faz em casa, simplesmente fornece o contexto para tudo isso acontecer (Eifert &
Forsyth, 2005).

O poder do eu como contexto


Walser e Westrup (2007) mencionam que existem quatro vantagens em adotar essa
perspectiva: (1) permite ao indivíduo perceber as experiências de forma mais saudável, já que ao se
observar como algo constante e que transcende meros fenômenos transitórios como pensamentos
ou emoções, é possível separar-se deles gerando maior grau de objetividade, conseguindo assim a
desfusão cognitiva. Em clientes com luto complicado, ser capaz de separar seus pensamentos e
emoções deles como pessoas facilita a possibilidade de redirecionar sua atenção para o que eles
consideram importante, permitindo-lhes avançar, independentemente da tristeza e nostalgia
esperadas em seu luto. Isto está relacionado (2), ao indivíduo pode tomar decisões por si mesmo,
com relação aos seus valores, em vez de ser governado pelos pensamentos ou emoções que ele está
tendo no momento. Outra vantagem é (3) a redução do sofrimento, pois paradoxalmente a
ansiedade diminui quando o indivíduo consegue aceitar os pensamentos e emoções que se
manifestam, por mais dolorosos que sejam, reconhecendo-os como simples experiências transitórias
que não significam necessariamente que algo está "mal", “errado” ou "arruinado."
Isso ajuda a colocar em contexto as experiências de luto que a pessoa experimenta, pois deixa
de avaliá-las como "ruins", "anormais" e começa a vivenciá-las tal qual elas acontecem, o que facilita
o processo de luto fluir normalmente, entendendo que o contato com essas experiências gera,
inevitavelmente, certo grau de dor e desconforto, mas que vivenciá-las, impede que essa dor se
prolongue a longo prazo e, consequentemente, reduz o sofrimento envolvido no combate a esses
eventos privados. Finalmente (4) o fato de que, apesar de todos os problemas, traumas ou situações
extremas que um indivíduo pode vir a viver, essa parte do "eu" permanece intacta.

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Sessão 6 – Eu como Contexto

OBJETIVOS
Ajudar a colocar em contexto as experiências de luto que a pessoa experimenta, distanciando do que
sua mente diz e agindo em relação aos seus valores.

Estrutura da Sessão
1. Exercício de mindfulness. Experimentando o eu-como-observador.
2. Revisão da sessão anterior.
3. Jogando xadrez. Metáfora do xadrez.
4. O que dizia minha mente?
5. Tarefa. O eu observador que atua/age.

1. Exercício de mindfulness: Experimentando o eu-como-observador


O objetivo deste exercício é que o paciente compreenda o processo eu-como-contexto
experimentando a postura do eu-como-observador utilizando a imaginação, sem necessidade de
explicar-lhe o conceito em detalhe. O exercício se realiza da seguinte forma:

Terapeuta:
(Adaptado de Walser e Westrup, 2007)
Quero que fecha os olhos e te ponhas cômodo em teu assento. Nota tua respiração, o
peso de teu corpo pressionando a cadeira. Nota qualquer som que chegue está esta sala.
Agora quero que penses em uma experiência que tenhas tido esta manhã; não importa o que
há sido, apenas fica com a primeira coisa que te ocorra. Quando te ocorrer algo levanta teu
dedo indicador para que eu saiba. Bem. Agora, pensa nesta experiência, olha si podes recordar
o que estava acontecendo ao teu redor neste instante. Pensa no que estavas fazendo?... Onde
estavas?... Havia alguém mais ao teu redor ou estavas só?... Que estavas fazendo?... (o
terapeuta deve esperar um momento entre cada pergunta para permitir que o paciente se
foque em suas recordações).
Agora quero penses em algo que tenhas experimentado na semana passada. Talvez
uma conversa com um amigo, alguma atividade que realizaste. Não importa o que seja,
apenas concentra-te em qualquer coisa que te ocorra. Levanta teu dedo indicador quando
tenhas algo em mente. Bem. Agora veja se podes recordar o que acontecia neste momento…
O que vias ao teu redor?... Recordas alguns de teus pensamentos deste momento?... Recordas
teus sentimentos?... Recordas os sons que podias escutar?... Podes ver a pessoa que eras na
semana passada?... Era o mesmo “tu” que teve a experiência esta manhã? É a mesma pessoa

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que pode escutar vários sons e tem vários pensamentos agora. Há um “tu” aí mesmo que
recorda eventos da semana passada, que recorda o que aconteceu esta manhã; o mesmo “tu”
que escuta o que estou dizendo agora. Vamos ir mais adiante.
Recordas algo que tenhas experimentado no verão passado. Leve o tempo que você
precisar. Somente pensas em algo que tenhas experimentado então, e faz-me saber quando
tenhas algo em mente levantando teu dedo indicador. Bem. De novo, podes recordar o estar
nesta situação?... Recordas o que vias ao redor?... Recordas o som de tua voz enquanto falavas
com alguém?... O que pensavas neste instante?... Recordas alguma emoção que tiveste neste
momento?... Olha nesta recordação e veja o que havia de realidade aí, observa o que estavas
experimentando. Enquanto olhas esta recordação, nota que é o mesmo “tu” recordando isso
enquanto também tens uma lembrança da semana passada e também tens uma recordação
sobre esta manhã. Um “tu” contínuo que está sentado aqui e agora, fazendo este exercício
comigo.
Agora vamos a algo que tenha acontecido enquanto estavas no Ensino Médio, talvez
em uma aula em particular ou nas férias. Sem pressa, somente deixa que tua mente vá ao
encontro deste momento e faz-me saber quando tenhas algo em mente levantando teu dedo
indicador. Bem. Agora faz o mesmo; recorda tudo o que possas sobre essa situação… Onde
estavas?... O que havia ao teu redor?... Dê uma boa olhada dentro dessa recordação, e
enquanto o faz te dê conta de que esse “tu” contínuo, nota quem está recordando isso. Estavas
aí então, e estas aqui agora. É o mesmo “tu” que esteve aí a semana passada, esta manhã, o
verão passado. Um “tu” que é maior que qualquer recordação.
Agora pensa em algo que tenhas experimentado quando eras criança, talvez umas
férias familiares ou uma festa, talvez uma interação com tua professora preferida. Bem.
Recordas algum sentimento que estavas tendo neste momento?... Algum pensamento?...
Recordas ser essa pessoa que estava experimentando isso neste momento?... É o mesmo “tu”
contínuo, esse mesmo ser que teve essas experiências quando criança, o verão passado e esta
manhã; é o mesmo “tu” que tem estado consciente de todas essas coisas… o mesmo tu que
tem estado aí todo esse tempo sentado nesta sala, justo aqui e justo agora escutando-me
dizer tudo isso.
Agora mudamos as coisas um pouco. Quero que penses nos diferentes papéis que tens
tido em tua vida e que tens hoje em dia. Por exemplo, pensas em teu papel como o(a) filho(a)
de alguém, como familiar de alguém. Pensas em teu papel como paciente… como cidadã(o)...
como empregado(a) (se deve fazer uma pausa entre cada papel para dar tempo ao paciente
de formular esses papéis em sua mente).
Agora vamos nos mover-nos para outra área: o teu corpo. Toma um momento e pensa
como vias teu corpo quando eras uma criança. Éras alto(a)? magro(a)? baixo(a)? forte?
Imagina que tão pequenas era tuas mãos. Agora avança um pouco no tempo, imagina
como era teu corpo como adolescente ou como um(a) jovem adulto(a). Nota como era teu
corpo então. Agora nota teu corpo hoje. Pensa em como mudou. Talvez agora tenhas
cicatrizes que antes não tinhas, ou talvez tiveste alguma intervenção cirúrgica que mudou teu
corpo. Talvez tenhas perdido cabelo ou ganhado peso. Observa como mudou teu corpo através

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dos anos. E inclusive agora, enquanto estás sentado(a) aqui, teu corpo está mudando: há
células que estão sendo reparadas, há comida que se está digerindo, se está transportando
oxigênio a todas as partes de teu corpo. Enquanto observas todas as mudanças em teu corpo,
fixa-te em quem os está observando. Há um “tu” que sabe que esta é teu corpo agora e esse
era teu corpo antes. Há um “tu” que é maior que teu corpo. Um “tu” que tem estado aí o
tempo todo.
Agora quero que notes de novo tua presença em esta sala. Nota tua respiração, o peso
de teu corpo pressionando a cadeira. Nota qualquer som que chegue até esta sala. Quando
esteja pronto(a) podes abrir os olhos.

Um aspecto chave de ACT é a ideia de que o self (o eu-como-contexto, não o eu-conceito)


segue intacto. Isto explica que apesar das aprendizagens passadas, os traumas vividos, as
autoavaliações negativas e demais coisas, o self não está mal. É importante que o terapeuta ponha
ênfase neste aspecto, de maneira que o paciente compreenda que o self está intacto e é por
completo capaz de experimentar pensamentos e sentimentos difíceis, e que quando tal coisa
acontece não precisa desfazer-se disso para poder estar completo.

2. Revisão da sessão anterior


Depois do exercício de mindfulness se revisará o visto na sessão anterior e a tarefa de ativação
condutual. O terapeuta deve recordar em todo momento reforçar as CCR2s e motivar ao paciente a
manter o compromisso com aquelas atividades nas que não haja obtido os resultados que esperava.

3. Jogando xadrez
A metáfora do xadrez ajuda a que o paciente compreenda o significado do eu-como-contexto;
de maneira indireta se promovem também elementos como a desfusão, a desesperanza criativa, o
controle e a orientação aos valores. É recomendável utilizar um tabuleiro de xadrez real para que
haja melhor assimilação por parte do paciente.
A seguir se oferece um exemplo de como se apresenta esta metáfora ao paciente:

Metáfora do xadrez
(Adaptado de Stoddard e Afari, 2014)

Terapeuta:
Imagina que cada uma dessas peças representa uma experiência; podem ser
pensamentos, emoções ou sensações que tenhas experimentado em tua vida; uma cor
representa as positivas e a outra as negativas.

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O terapeuta pega uma das peças ao mesmo tempo que menciona o representa cada uma e
as coloca no grupo correspondente. É recomendável alguns dos pensamentos identificados no
exercício anterior e pedir ao paciente que mencione certas experiências para seguir colocando peças;
para isso é importante que exista ao menos uma peça que representa um problema grave ou atual
que o paciente tenha.

Terapeuta:
Esta peça pode representar a sensação de sufocamento ao ver as fotografias; esta
outra poderia ser a alegria de ter saído para tomar café com tua irmã. Tens alguma ideia de
que outra experiência poderia representar esta nova peça?

Enquanto se explica o seguinte é recomendável fazer movimentos no tabuleiro representando


o jogo entre algumas peças, tanto a tentativa de desfazer-se das peças como a constante soma de
estas ao tabuleiro.

Terapeuta:
Este jogo representa tua vida e a batalha que experimentas, é a tentativa de tentar
manter as experiências positivas e se desfazer das negativas; entretanto, isto não é muito
efetivo, já que na vida se agregam experiências constantemente, então as peças seguem
aparecendo em ambos os lados, de maneira que nunca há um ganhador. Então, se seguimos
enchendo cada um dos lados do tabuleiro, por mais que tentemos vencer as peças negativas
nunca vamos terminar, torna-se um desgaste desnecessário até mesmo tentar lutar a batalha.

Uma vez que fica claro que não haverá nenhum benefício ao manter esta luta, já que não
haverá nenhum ganhador, se pergunta ao paciente se há algo mais que ele poderia ser neste jogo,
fora as peças. É provável que o paciente mencione que poderia ser o jogador e, em tal caso, se deve
mostrar como o jogador segue imerso no jogo, pego ao tentar vencer esta batalha sem fim; se
menciona como ele poderia tentar mover as peças para se desfazer delas e, entretanto, como a
mesma experiência do paciente o demonstra, isto não será alcançado.

Terapeuta:
Tendo em conta este problema sobre as peças e tentando ganhar o jogo, acreditas que
há algo mais que pudera ser em este jogo, fora as peças? O jogador está imerso no jogo, está
tentando ganhar, segue tentando vencer uma batalha sem fim ao tentar mover as peças para
se desfazer de suas experiências negativas; entretanto, como tua própria experiência
demonstrou, isto não parece ser a solução. Existe alguma outra coisa que pudera ser no jogo?

O ideal é que o paciente chegue por si mesmo a conclusão de que pode ser o tabuleiro, mas
se isto não acontece, se pode lhe sugerir. Durante a explicação se pode mover o tabuleiro com as

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basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
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peças sobre a superfície na qual ele se encontra, inclusive incentivar que o paciente o mova na
direção que prefira.

Terapeuta:
Ser o tabuleiro tem diferentes vantagens: é sólido e completo; além disso, pode se
mover com liberdade de um lado ao outro apesar de ter as peças sobre si; está em contato
com as peças, mas ao mesmo tempo separado delas, coexiste com elas, mas não são o mesmo.
O tabuleiro também está imerso no jogo, mas não lhe afeta quem o ganhe, simplesmente o
presencia; não tenta controlar as peças, não importa que lado vença o outro, somente observa
o que acontece. Apesar de que o tabuleiro deve seguir com as peças, estas não são um
impedimento para que ele siga sendo o que ele é: um tabuleiro.

O propósito da metáfora é que o paciente se dê conta de como é que, apesar do tabuleiro


estar sempre em contato com as peças, o tabuleiro não é “as peças”, somente as segura, não tenta
controlá-las ou se desfazer delas, coexiste com elas e, assim, pode se mover com liberdade. Desta
maneira o paciente é também livre para seguir a trajetória que prefira, sempre orientada a seus
valores, apesar de todas as emoções, sensações ou pensamentos que possam aparecer no caminho,
já que o paciente não é nenhuma destas coisas, simplesmente fornece o contexto para que ocorram
as experiências.

4. O que dizia a mente?


Este exercício pretende revisar a experiência do paciente enquanto realizava a tarefa de
ativação comportamental e promover a postura do eu-como-observador, pelo que se retomará a
metáfora do especialista em arte. O terapeuta questionará ao paciente se pode dar atenção ao que
sua mente lhe dizia sobre as atividades que se estabeleceram para sua tarefa e distinguir entre aquilo
que ele prestou atenção e o que ele apenas notou, mas não o impediu de realizar a atividade. Se
recomenda que o paciente preencha na sessão uma tabela como a seguinte (ver Material 9):

Não dei atenção a... Prestei atenção a...

Antes de fazer a Não quero fazê-la, é Não saberei antes de fazer


atividade bobo
Isto vai estragar o resto
do meu dia

Enquanto fazia a Isto não me está Nunca deixarei de estar triste


atividade ajudando O melhor é terminar o mais rápido
possível, para acabar com isto

Depois de completar Não foi tão ruim


a atividade

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 55

O terapeuta deve evitar discussões sobre o conteúdo dos pensamentos do paciente;


entretanto, ao identificar alguns pensamentos que tenham evitado que fizesse aquilo que é
importante para sua vida lhe pode perguntar algo como o seguinte:

Terapeuta:
Vejo que quando tua mente te diz “Nunca deixarei de estar triste” lhe desse atenção.
Parece uma destas predições que a mente gosta de fazer. Gostaria que prestasse atenção a
este conto de novo: “Nunca deixarei de estar triste”. Como tem funcionado acreditar nisso?
(dar tempo ao paciente para responder). Por quem deverias guiarte, pela tua mente ou por
tua experiência? (o paciente responde). Às vezes é algo complicado não nos deixarmos levar
pelo que diz a mente, inclusive quando o que ela diz não nos ajuda a chegar aonde queremos
chegar. Algo que podes fazer quando a mente que diga um conto desse tipo é te perguntar:
Como tem funcionado para mim isso? Por quem deveria me guiar, por minha mente ou por
minha experiência?

Também é importante perguntar se muda algo ao realizar esta tarefa nos primeiros dias em
comparação com os últimos, e estar ciente de possíveis interpretações (CCR3s) que o paciente pode
fazer sobre a experiência ao início e ao final.

5. Tarefa. O eu observador que atua


Para a tarefa desta sessão se utilizará de novo uma tabela (ver material 10) com as mesmas
atividades da vez anterior. Nesta ocasião o paciente deve utilizar o que se praticou no exercício
“Experimentando o eu-como-observador”. Se pode explicar da seguinte forma:

Terapeuta:
Para esta semana também terás uma tarefa de atividades como a que estás fazendo até
agora. Vais levar a tabela na forma que já conheces, só que com uma variação: enquanto
realizas as atividades, quero que coloque em prática a observação como a que fizeste há
alguns instantes. Deves dar atenção a teus pensamentos e sentimentos; as sensações de teu
corpo, os sons e imagens que podes captar neste momento e, enquanto fazes tudo isso, quero
que estejas consciente de “quem está observando tudo isso?”, “quem é que está pensando,
sentindo, escutando?”

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 56

Material 9 - Exercício: O que minha mente disse?

Não dei atenção a... Prestei atenção a...

Antes de fazer a
atividade

Enquanto fazia a
atividade

Depois de completar a
atividade

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 57

Material 10 - Tarefa: O eu-observador que age

Suas atividades esta semana praticam a observação de seus pensamentos, sentimentos,


sensações de seu corpo, sons e imagens que você pode capturar naquele momento, e ao fazer tudo
isso, você deve estar ciente de: Quem está observando tudo isso? Quem é que está pensando,
sentindo, ouvindo?

Dificuldade Data de
Atividade Resultado Dificuldade Real
prevista realização

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 58

Sessão 7 – Despedida

OBJETIVOS
Incentivar ao encerramento do tratamento um ambiente que reforce a capacidade de
despedir-se de pessoas significativas.

Estrutura da Sessão
1. Exercício de Mindfulness. Prevenção de recaídas
2. Revisão da sessão anterior.
3. Repassando o processo
4. Reações diante da finalização da terapia
5. Exercício: cartas de despedida
6. Retroalimentação e vida depois da terapia

1. Exercício de mindfulness: Prevenção de recaídas


Do ponto de vista de ACT, uma recaída pode ser considerada um sinal cauteloso como uma
oportunidade de aprender e apreciar o que precisa ser alterado e repensar o que a pessoa se
preocupa (Wilson e Luciano, 2002). É importante lembrar o paciente a natureza do seu compromisso,
isto é, dizer que seus valores não mudam quando há uma falha ou uma recaída, e que posicionando-
se como um observador de seus pensamentos e emoções negativos, sem que estes determinem seus
passos, lhes permitirá retornar à direção que escolheram. Para dar mais ênfase ao acima, será
realizado um exercício de atenção e imaginação, conforme descrito abaixo:

Terapeuta:
Gostaria que fizéssemos um exercício, se você concordasse. Vou pedir-lhe para fechar
os olhos e torná-lo o mais confortável possível. Concentre-se em si mesmo e veja o fluxo de
sua respiração, observe enquanto o ar entra e sai por seu nariz (dê alguns minutos).
Agora eu quero que você imagine o pior cenário possível de uma recaída que você
poderia ter. Quando você tem algo em mente, me avise ao levantar a mão. Identifique os
medos e preocupações e a dor que a recaída lhe traz. Não faça nada além de assistir o que
vem. Observe as sensações que ocorrem agora no seu corpo. Realize os pensamentos que vêm
para você, como eles surgem e como eles vão; não agarre ndas e não empurres nada, deixe-
os ser como eles vieram e deixá-los ir quando eles saem. Agora, aprecie seu estado de espírito,
note-o e não faça isso empurrando-o ou segurando-o, basta notá-lo.
Ouça todas as histórias que a mente está lhe dizendo agora, as opiniões, julgamentos
e avaliações que enfrentam a recaída (dê alguns minutos).

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 59

O que está dizendo agora, ajuda você a retomar suas direções de vida? Isso leva você
para onde você quer ir ou está tirando você daquilo? (Dê alguns minutos e peça-lhe para abrir
os olhos).

Quando terminar, o paciente será solicitado a descrever sua experiência durante o exercício.

2. Revisão da sessão anterior


Após a execução da atenção plena, serão dedicados alguns minutos a revisar o que foi visto
na sessão anterior, bem como a rever a tarefa "O eu observador que age", sobre o qual o terapeuta
questionará o paciente como é difícil para ele observar seus pensamentos, sentimentos, sensações
de seu corpo, sons e imagens enquanto ele trabalha e se ele estava ou não ciente de quem observou
tudo isso.

3. Repassando o processo
Para avaliar o que a terapia tem envolvido até agora para o paciente oferece a oportunidade
de resumir e reforçar o trabalho realizado. Pode ser útil esclarecer os propósitos das metáforas,
exercícios e tarefas que foram incluídos neste processo, bem como para que o paciente faça uma
comparação entre seu status anterior e seu status atual.

Terapeuta:
(Adaptado de Walser y Westrup, 2007)

Gostaria que olhássemos o que fizemos até agora. Você se lembra, começamos
listando todos os pensamentos, emulações e outras situações com as quais você tem lutado
desde a morte de _____________ e valorizamos a eficácia das estratégias que você usou. Você
também notou que algumas dessas estratégias tinham custos bastante elevados e, além disso,
sua eficácia não era a melhor. Então, trabalhamos para você abandoná-los.
Então nos concentramos em atividades de reencontrar lentamente que você estava
evitando concentrando-se em tudo triste e doloroso que você sentiu e pensou. Para isso, você
fez vários exercícios em que você começou a assumir o controle de suas ações,
independentemente do que sua mente pudesse dizer, e você aprendeu a observar ou o que
sentiu sem lutar com isso, para se concentrar no que considera valioso e o que você tem
negligenciado em ocupando-se da sua dor. De agora em diante, cabe a você não perder de
vista o compromisso que você fez para realizar as ações necessárias que, pouco a pouco, o
aproximam da vida que você deseja.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 60

4. Reações diante a finalização da terapia.


É conveniente que o terapeuta identifique as reações do paciente diante da ideia de que a
terapia está por finalizar. Si puder, peça a ele que descreva qualquer reação e o que representa,
enquanto lhe escuta com atenção e sem emitir nenhum juízo. As representações que impliquem em
emoções ou pensamentos negativos deverão ser validadas pelo terapeuta com a finalidade de
normaliza-las. Já que também são uma oportunidade para reforçar no paciente a desfusão; recordar
a metáfora do especialista de artes pode ser útil para ele. Recomenda-se que o terapeuta dívida
também as suas reações e que deixe claro que o paciente pode retornar à terapia no futuro, caso
considere necessário.

5. Exercício. Cartas de despedida


Para finalizar, se sugere ao terapeuta e paciente que se escrevam cartas de despedida que
abordem a sua experiência sobre o processo terapêutico. Se pede ao paciente que seja bem
descritivo quanto aos seus pensamentos e sentimentos que tenha tido ao longo do processo. A carta
que o terapeuta escreverá ao paciente deverá reforçar os avanços obtidos e destacar as interações
significativas ocorridas durante o processo entre o terapeuta e paciente, também algumas sugestões
sobre o que fazer diante possíveis dificuldades ou recaídas (ver anexo 4).

6. Retroalimentação e vida depois da terapia.


O final da terapia é um bom momento para pedir a paciente que descreva suas impressões
sobre todo o processo, que mudou desde o início até agora, que habilidades adquiriu e pode seguir
utilizando. É importante que o terapeuta reforce tudo o que o paciente adquiriu e pode seguir
utilizando. É importante que o terapeuta reforce tudo o que o paciente mencione r faça ênfase nos
avanços que ele pode observar. Também ele incentivara para continuar com os compromissos
adquiridos, se ele pode dizer algo como o seguinte:

Terapeuta:
Bem, agora que descobriste as ferramentas que tens para aproximar-se do que é
importante para ti e obteve novos segue por esta vida que queres. Com o objetivo de
documentar os resultados obtidos do processo, recomenda-se que, uma vez finalizada a
terapia, sejam aplicados instrumentos psicométricos sugeridos na avaliação inicial.

Para documentar os resultados obtidos no processo terapêutico, recomenda-se que, uma vez
concluída a terapia, sejam aplicados os instrumentos psicométricos sugeridos na avaliação inicial.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 61

Carta de finalização de terapia para o cliente


(Adaptado de Tsai, Kohlenberg, Kanter, Kohlenberg, Follette, & Callaghan, 2009)

O terapeuta deve escrever a carta de acordo com as particularidades do caso. Sugere-se que
seja escrito à mão, para que seja mais pessoal para o cliente e inclua os seguintes pontos:
1- Os objetivos e o progresso do cliente na terapia.
2- As qualidades únicas e especiais do cliente.
3- As interações significativas que ocorreram durante o processo entre o terapeuta e o cliente.
4- O que o terapeuta aprendeu ao trabalhar com o cliente.
5- O que o terapeuta considera importante para o cliente lembrar.
6- Algum arrependimento (caso exista).
7- O que o terapeuta quer para o cliente.
8- Sugestões sobre o que fazer em caso de possíveis dificuldades ou recaídas.

A seguir, um exemplo de uma carta para o cliente:

Querida Carmen:
Esta carta representa um tipo de graduação com honras para você. Ao revisar a lista de objetivos
que estabelecemos na terapia, fiquei surpreso com o progresso significativo que você fez em relação a
elas. Até agora você conseguiu criar um espaço para a aceitação da perda de ________________ e para
a dor inevitável que isso significou para você. Você trabalhou para esclarecer o que é importante para
você, seus valores; estabeleceu um compromisso e deu passos inestimáveis para o que deseja para sua
vida. Embora possamos nos ver mais adiante, é importante que saibas que juntos conseguimos um
trabalho extraordinário, tanto que me é impossível resumir a viagem tão valiosa que percorremos. Estou
sinceramente grato pela oportunidade de trabalhar com você. Esta viagem envolveu muita dor, mas
também houve vários lampejos de felicidade e tranquilidade, e entre tudo isso, também uma sensação de
alívio. Houve muitas lutas, mas também muitos triunfos.
Eu realmente gostei de trabalhar com você. O objetivo dessa terapia é envolver os clientes em
ações que mudam suas vidas e você foi muito bem. Ser uma testemunha da grande dor que você enfrentou
e a coragem com a qual você fez isso foi realmente enriquecedor. Toda esta experiência tem sido um sinal
de que você pode conseguir qualquer coisa que você se proponha.
Antes de participar desta terapia, você estava lutando com muita tristeza e raiva em sua vida.
Agora, muitos desses sentimentos foram aliviados e, embora alguns momentos da escuridão da vida
sejam normais e você provavelmente os terá, agora você sabe como lidar com eles de maneira diferente.
Este processo foi muito inspirador para mim, especialmente por sua motivação e seu
compromisso. Agora você está no caminho para uma grande transformação, Carmen, e eu tenho plena
confiança na capacidade que você tem de alcançar seus sonhos. Você sabe que se em algum momento
você precisar de uma outra sessão, pode me ligar sem hesitar. Até nos encontrarmos novamente, desejo-
lhe todo o sucesso no caminho que você tem pela frente.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 62

Sessão de Seguimento 1 – Desfusão Cognitiva

OBJETIVOS:
Ajudar o cliente a lembrar de diferenciar a conexão literal que ele tem com o conteúdo de sua
mente, buscando principalmente alterar a função do pensamento, ao invés de sua forma.

Estrutura da Sessão
1. Aplicação de instrumentos psicométricos.
2. Exercícios de Mindfulness. O fotógrafo.
3. Revisão do estado atual.
4. Os contos da mente. Metáfora do mestre contador de histórias.

1. Aplicação dos instrumentos psicométricos


Com o objetivo de obter informações sobre o estado atual do paciente, recomenda-se aplicar
novamente os mesmos instrumentos psicométricos que foram aplicados na avaliação inicial.

2. Exercícios de mindfulness: O fotógrafo


Em seguida da aplicação de instrumentos psicométricos se realiza um exercício de
mindfulness para o qual o se pede ao paciente que relembre como viveu a morte do seu ente querido.
O terapeuta se deterá nos momentos mais relevantes da história com o propósito de que o paciente
identifique sensações, emoções e pensamentos associados a narração e que possa adotar uma
posição de observador frente a tudo isso. Ao interrompê-lo deverá dizer algo como o seguinte:

Terapeuta:
(Adaptado de Wilson e Luciano, 2002)
Espera, quero que pare aqui, que a partir deste momento olhes... (faça um abreve
descrição da cena que o paciente mencionou, nominando uma por uma das pessoas que se
encontravam com ele, caso ele estivesse acompanhado) e que te olhes. Quero que dês dois
passos atrás, como um fotógrafo que se afasta para tirar uma fotografia. Desde aqui, como
se fostes um fotógrafo, quero que observes a tudo e olhes esta pessoa (é conveniente trocar
por pai, filho, esposo, irmão, etc., dependendo da relação com o falecido) sofrendo como tu
sofrias naquele momento, desde aqui, isso não está acontecendo agora.
Abre o álbum e olha esta foto em que estava acontecendo isso. Ao olhar esta foto, fica
por alguns segundos contemplando ao que vem a ti (dar um minuto). Deixa fluir, deixa estar,
não faças nada, abre a porta a tudo que vem ao ter a imagem de _________ (descrever
novamente a cena) e de ti mesmo ali. Observas o que sentes agora mesmo com estas
recordações, deixa estar e não faças nada para reter nem expulsar, deixa fluir todas as
sensações que vem aqui e agora.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 63

As pausas se farão em outras partes do relato que o terapeuta considere necessárias depois
da primeira vez, a intervenção do terapeuta pode ser mais breve se considera oportuno. Ao terminar
o exercício se realizarão perguntas para revisar a experiência do paciente.

3. Revisão do estado atual


Será revisado o que o paciente tem trabalhado no tempo posterior a finalização do
tratamento, repassando os tópicos vistos nas sessões e os avanços e possíveis dificuldades que esteja
tendo em sua vida neste período.

4. Os contos da mente
Nesta sessão, também se busca reforçar a desfusão cognitiva, a qual se havia trabalhado em
sessões anteriores. Deve-se contar a seguinte metáfora ao paciente:

Metáfora do mestre contador de histórias


(Adapatdo de Stoddart e Afari, 2014)
A mente humana é como o maior contador de histórias do mundo. Nunca se cala.
Sempre tem uma história para contar, e mais que isso somente quer que escutemos. Quer a
nossa mais completa atenção e dirá o que quer que seja para obter a nossa atenção, mesmo
que isso seja doloroso, asqueroso, ou que cause calafrios. Algumas histórias que conta podem
ser verdadeiras. Nós chamamos isso de fatos. As histórias são mais com opiniões, crenças,
ideias, atitudes, suposições, etc. São histórias sobre como vemos o mundo, o que queremos
fazer, se o que pensamos é correto ou não, se é justo ou injusto, etc... Uma das coisas que tu
e eu queremos fazer aqui é aprender a reconhecer quando uma história é útil e quando não.
Assim que estiveres disposto a fazer um exercício eu gostaria que você fechasse os olhos e não
dissesse nada por 30 segundos, somente escuta a história que tua mente está te contando
neste instante.

Recomenda-se que o terapeuta proceda com cautela a utilizar a metáfora anterior, já que se
corre o risco de que o paciente creia que o terapeuta está trivializando ou restando importância ao
que tem estado vivendo. Pode se explicar algo usando o seguinte:

Terapeuta:
Com o anterior não quero dizer que as histórias de sua mente estão bem ou mal,
tampouco que devas ignorá-las. Existe uma alternativa: podes aprender a olhar para elas ao
invés de ver a partir delas. Quando aprendes a ver os pensamentos como pensamentos, no
aqui e agora, agora sabes o seu significado. Porém se consegues fazer desaparecer a ilusão
daquilo em que pensas, acontece somente por haver pensado.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 64

Sessão de Seguimento 2 – Valores e Ação Comprometida

OBJETIVOS:
Ajudar o cliente a lembrar de diferenciar a conexão literal que ele tem com o conteúdo de sua
mente, buscando principalmente alterar a função do pensamento, ao invés de sua forma.

Sessão de Seguimento 3 – Eu como Contexto

OBJETIVOS:
Ajudar o cliente a lembrar de diferenciar a conexão literal que ele tem com o conteúdo de sua
mente, buscando principalmente alterar a função do pensamento, ao invés de sua forma.

Clientes que não fazem as tarefas

Um dos obstáculos mais comuns que acontece durante o processo terapêutico ocorre quando
os clientes não se comprometem com a realização de exercícios e tarefas de casa. Quando isso
acontece, o terapeuta deve examinar se a tarefa envolve confrontar experiências privadas
desconfortáveis ou indesejáveis para o cliente que ele prefere evitar, ou, se possivelmente ainda não
está claro de que maneira a tarefa se relaciona com seus valores ou com o que ele se importa. Se não
completar as tarefas é uma forma de evitação experiencial - por exemplo, quando o cliente tem medo
do fracasso - é aconselhável recorrer a uma metáfora que incentive a disposição, como a metáfora
do túnel.
Caso o cliente não ter clareza sobre o modo como a tarefa se relaciona com seus valores, será
necessário verificar se os valores do cliente estão claros para ele, se estão a serviço do que ele acha
que os outros esperam dele ou, se ele os escolheu para reconhecimento ou prestígio social, ao invés
de porque são importantes para ele. Outro aspecto importante a considerar é a possibilidade de que
as mudanças que as tarefas implicam para sua vida sejam muito grandes. Ao atribuir tarefas, deve-
se sempre ter em mente que quanto mais simples forem as mudanças, mais fácil será para o cliente
executá-las, o que também servirá como reforço e as incentivará a continuar fazendo mudanças em
seu comportamento.

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 65

Metáfora para propiciar disposição


Essa metáfora pode ser usada quando o cliente se recusa a realizar um exercício ou atividade.
Muitos clientes começam a dar razões como "eu não posso", "eu não quero abrir essa ferida", "estou
com medo", etc. A metáfora do túnel ajuda a mudar a negativa do cliente, mostrando a importância
que pode ter ele passar por um mal momento, se tiver um valor significativo para os objetivos do
cliente.

A metáfora do túnel
"Imagine que o que é importante para você se encontra no final de um túnel. Mas você
não gosta de túneis; na verdade, você os odeia. Você procurou por atalhos, como passar por
cima do túnel, mas tudo isso não levou ao outro lado do túnel. Suponha que a única maneira
de chegar lá seja através do túnel. Entre não passar pelo túnel e passá-lo, você escolhe passá-
lo porque o que importa para você está do outro lado do túnel. No entanto, quando você
atravessa o túnel, há escuridão e frio, você não sabe o que tem dentro, você vê um inseto que
você não gosta, o mau cheiro é perceptível e você começa a se sentir mal. Antes de piorar,
você se vira no caminho e se vê novamente no começo do túnel. Entrar e voltar para trás,
quando você começa a se sentir mal, é como estar disposto a passar pelo túnel, mas dentro
de um limite. Seu sistema lhe diz: se eu percebo que me sinto mal, então fecho a válvula de
estar aberto a me sentir mal. Mas então, você terá que se contentar com o que está deste lado
do túnel. Se você escolher passar pelo túnel, terá que se abrir cem por cento com os
pensamentos e sensações que vêm quando você anda pelo túnel. Tem um grande valor para
fazer isso e esse valor está em o que importa para você estar do outro lado do túnel. Se trata
da jornada de sua vida, com os túneis que não se sabe quando eles terminam, mas se trata de
permanecer fiel àquele caminho que importa para você, se é isso que você escolhe."

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.
Luto: Tratamento baseado na Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). 66

Cruz Gaitán, José Ignacio; Reyes Ortega, Michel André; Corona Chávez, Zenyazenn Ivonne. (2017). Duelo: Tratamiento
basado en la Terapia de Aceptación y Compromiso (ACT). Ciudad de México: Editorial El Manual Moderno.

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