Martin Heidegger
Fenomenologia e Existencialismo
Sobre Heidegger:
➙ Filósofo alemão, do século XX, que foi discípulo de
Edmund Husserl.
➙ Segue na tradição da fenomenologia e é um dos
precursores do Existencialismo, embora rejeite o
rótulo de existencialista.
➙ Martin Heidegger apresentará algumas
divergências do pensamento de Husserl., por mais que
o método husserliano tenha sido de inquestionável
importância à filosofia heideggeriana.
➙ Seu objetivo era compreender o sentido do ser,
levando-o a publicar sua principal obra sistemática, Ser
e Tempo (1927).
➙ Ser e tempo busca estabelecer a ontologia
fundamental do existente humano, apontando que
toda e qualquer ontologia regional é histórica.
➙ Para ele, a tarefa da filosofia é compreender o
fundamento da existência de todos os entes. E, a partir
de uma investigação fenomenológica sobre o sentido
do ser, Heidegger conclui que há apenas um ente
diferenciado com abertura para a compreensão do
seu ser: o homem.
Dicionário de Heidegger:
↪ Ser: diz respeito ao homem que, ao ser lançado
ao mundo, encontra-se aberto às diversas
possibilidades do seu existir. Dessa forma, o poder-se
do sujeito caracteriza uma essência não determinada,
sendo passível de mudanças e constituída diariamente,
em que seu ser se dá ao longo da sua existência.
Portanto, o homem é possibilidade!
Exemplo: Eu, como tenho infinitas possibilidades de
ser, estou acontecendo a cada dia. Dessa forma, como
estudante de Psicologia, posso escolher quais
disciplinas cursar, a abordagem que prefiro, outra
carreira para seguir etc.
↪ Ente: diz respeito às coisas propriamente ditas,
que tem sua existência simplesmente dada e essência
pré-definida.
Exemplo.: Um livro é uma coisa com sua existência e
função pré-determinada, que não tem a possibilidade
de ser e mudar a partir da sua experiência, como
ocorre com o ser humano.
O homem é ser (possibilidade de acontecer no
mundo), mas também é ente, devido ao ser corpo
físico. Dessa forma, o ente é o receptáculo do ser.
Alusão aos termos “Ser” e “Ente”: Um PC tem
seu hardware (parte física) e software (sistema de
processamento de dados que possibilita o
funcionamento dos seus componentes físicos).
Nesse caso, o hardware seria o ente e o sotware
o seu ser, e da mesma forma ocorre com o ser
humano.
↪ Ontológico: Manifestação do ôntico, a partir das
possibilidades de tornar-se. Está relacionado ao ser.
↪ Ôntico: Aquilo que já é conhecido previamente,
sendo algo concreto. Está relacionado ao ente.
Exemplo: O ôntico seria a alegria e o ontológico seria
todas as possibilidades de demonstrar essa alegria
(rindo, cantando, chorando, gritando etc.)
↪ Experiência: O que é experenciado pelo ser
enquanto Dasein (ser-aí), ao ser afetado pelo mundo.
Sendo assim, é algo particular do sujeito, em que uma
mesma experiência pode ser vivida de diferentes
formas, não havendo uma forma certa ou errada de
experenciar as coisas. Na abertura existente entre
mundo e sujeito que podemos viver nossas
experiências.
Exemplo: Uma mesma música pode afetar de
diferentes maneiras a experiência do sujeito, podendo
causar alegria, tristeza, despertar lembranças etc.
↪ Desvelamento: Trata-se do fenômeno que não
se mostra em sua totalidade, enquanto uma parte da
experiência encontra-se oculta, a outra face está
desvelada. Essa parte desvelada relaciona-se com a
verdade (alétheia) do ser e é uma possibilidade
compreensiva dentre tantas outras.
Alusão ao desvelamento do fenômeno:
- No movimento de rotação da Terra, uma face fica
desvelada ao sol, enquanto a outra encontra-se oculta.
Dessa forma, da mesma maneira que ocorre com o
planeta, o fenômeno também vai emergindo/ sendo
desvelado aos poucos.
Exemplo: Uma cliente/paciente, durante a sessão,
revela que se encontra triste. Nesse caso, o fenômeno
da tristeza vai sendo desvelado, compreendendo suas
causas, contexto, coisas correlacionadas, dando luz a
esse ele aos poucos.
VERITAS X ALÉTHEIA
↪ Veritas: Verdade objetiva e comprovada, a qual
segue o pensamento racionalista/técnico.
↪ Alétheia: É a verdade particular do sujeito, a qual
se mostra através da experiência e é moldada a partir
das relações que o indivíduo tem no mundo, não
sendo algo objetivo ou absoluto. (Concepção de
verdade para Heidegger).
↪ Dasein (Ser-aí): termo que corresponde ao
homem, o qual está em constante construção no
mundo. Diante das suas infinitas possibilidades, esse ser
não tem uma essência a priori, acontecendo e sendo
afetado. Heidegger criou esse termo “Dasein”, porque
acreditava que as palavras homem, sujeito ou indivíduo
já haviam sido contaminadas pelo mundo.
Ter-sido
Dasein Sendo-aí
Vir-a-ser
-. O ter-sido, sendo-aí e vir-a-ser são constituintes do
Dasein.
↪Ter-sido: são experiências passadas que
constituem o ser do Dasein no presente, sendo coisas
que ele traz consigo. Nesse sentido, o passado
manifesta o agora.
Exemplo: Um cliente apresenta marcas psicológicas
do seu passado que afetam o seu sentir e agir no seu
momento presente.
↪ Sendo-aí: corresponde ao Dasein no agora, o
qual é influenciado por sua história passada (ter-sido) e
a futura (vir-a-ser).
↪ Vir-a-ser: diz respeito às perspectivas futuras do
Dasein, as quais influenciam as possibilidades do hoje.
Dessa forma, a partir das minhas projeções em
relação ao futuro é possível organizar o meu
presente.
↪ Ser-no-mundo-com-os-outros: devido a
abertura existente entre o Dasein e o mundo, há a
presença de uma correlação intramundana entre os
sujeitos e as coisas dispostas nesse mundo. Dessa
forma, o Dasein sempre existirá com o outro,
afetando e sendo afetado por ele.
↪ Ser-para-a-morte: É compreender a finitude
de todas as coisas que rodeiam o sujeito e dele
próprio, percebendo que o dasein é um ser-para-a-
morte e que não sabe quando esse fim vai chegar,
precisando viver o presente. É necessário apropriar-
se do “eu vou morrer”, sendo o fim do sujeito e o
projeto que o tornou.
↪ Tonalidades afetivas: Entendido também
como disposição (ou disponibilidade) afetiva,
caracteriza-se pela forma que o sujeito está disposto
e aberto a ser afetado pelos outros no mundo. Isso é
possível devido a abertura existente entre Dasein e
mundo, em que o ser é afetado pelo outro, a partir
de uma afinação positiva ou negativa entre eles.
Exemplo: uma música desperta gatilhos no indivíduo,
levando-o a não escutá-la mais – Nesse caso, o Dasein
seria afetado de uma forma negativa pela música,
fazendo com que ele a ache ruim.
↪ Angústia: A capacidade do Dasein ser afetado
gera, também, uma indeterminação existencial,
caracterizando a angústia. Ela é acarretada pelas
diversas possibilidades que o ser tem de existir,
levando-o a realizar escolhas e renúncias. Dessa forma,
frente a essas decisões, é necessário cuidar do ser e
assumir as responsabilidades pelo o que foi escolhido..
↪ Cuidado: Diante das diversas possibilidades de ser,
é inevitável que o sujeito não exerça o cuidado, o qual
significa assumir responsabilidades em relação às
escolhas e decisões tomadas ao longo da existência.
Ao fazer isso, o Dasein cuidará do seu ser.
➙ Há três características do cuidado: Decadência,
facticidade e existencialidade.
↪ Decadência (ser-junto-a-outros): Provém do
fato que estamos sempre junto a outros, em que
todas as escolhas relativas ao cuidado não são alheias
à existência dos demais indivíduos, uma vez que
estamos sendo impactados nessa relação Dasein-
Mundo.
↪ Facticidade (ser-já-em-um-mundo): Além
de estar com os outros, o ser humano também é
lançado no mundo concreto e da imparcialidade que
já existia previamente. Dessa forma, o mundo já existia
anteriormente ao sujeito e, com isso, o Homem deve
adaptar-se.
sendo, as possibilidades de ser são exercidas pelo
sujeito e não por outros, levando-o a escolher o que
realmente quer e/ou acredita para si.
2 – Impróprio: É o cuidado inautêntico e impessoal
de si mesmo, em que o sujeito está distraído de si e
vive a partir de um padrão determinado sem
questioná-lo. Isso pode ser uma forma de fugir de si e
das suas responsabilidades.
↪ Com os outros: pode ser por meio da ocupação
ou preocupação
1 – Ocupação: Cuidado com o outro, mas fazendo
por ele, ocupando-se do ente.
2 – Preocupação: Cuidado com o outro, mas dando
condições para ele fazer por conta própria,
preocupando-se do ser.
↪ Pensamento Técnico: Técnica moderna como
única forma de desocultamento, baseado no meio
racional e apresentando controle.
↪ Gestell: Corresponde ao vício na técnica, em que
ocorre uma dependência entre ela e o Homem.
↪ Serenidade: Refere-se à capacidade de refletir
sobre a técnica em questão, aprendendo a lidar com
ela e dosar entre seu uso ou não-uso. Não há negação
desta, apenas não a adota como único meio.

↪ Existencialidade (ser-à-frente-de-si-
mesmo): Por mais que sejamos lançados a um
mundo fático, com suas regras e concepções já
estabelecidas, é necessário que o Dasein tome as
rédeas do seu modo ser. Dessa forma, o Homem
pode fazer escolhas que fazem sentido para si,
assumindo a responsabilidade por essas decisões.

➙ O cuidado pode ser de si mesmo e/ou com os

outros:

↪ Si mesmo: pode ocorrer de forma própria ou

imprópria.

1 – Próprio: É o cuidado autêntico e pessoal de si

mesmo, em que o indivíduo tem as rédeas da sua
existência e o controle das suas decisões. Assim