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Metafísica e Estética

A palavra metafisica deriva de dois termos gregos “meta” (além de) e “physis” (realidade física). Então,
metafisica quer dizer aquilo que está além da realidade/mundo físico.
Andrónico de Rodes (Séc. I aC), foi o primeiro a usar a palavra metafisica em alusão às obras de
Aristóteles de conteúdo não experimentável como: ser, substância, essência, vida, beleza, dor, paixão.
Aristóteles é considerado o pai da Metafisica.
O que nós chamamos de metafisica ele chamou-o de Filosofia primeira ou Teologia, pelo facto de estudar
as primeiras causas e os primeiros princípios das coisas.

Objecto de estudo da Metafísica


É o ser enquanto ser ou ente enquanto ente.

Divisão da Metafísica
Metafisica geral ou Ontologia e Metafisica especial.
A Metafísica geral ou ontologia estuda os problemas do ser em geral ou do ente em si.
A Metafísica especial subdivide-se em:
Cosmologia racional – estuda o mundo exterior (espaço, tempo, matéria, vida).
Psicologia racional – estuda a alma em si.
Teodiceia ou Teodiceia natural ou racional – procura compreender o Homem na sua preocupação em
relação ao seu fim último. A Teodiceia tenta conciliar a existência de Deus com a existência do mal do
sofrimento no mundo. Ela reponde à pergunta Sendo Deus bom e todo-poderoso como admite a
existência do mal?
O que é o ser?
O ser é tudo o que há ou existe (independentemente de como existe).
Este conceito é indefinível, porque tem género superior e não tem diferença específica.

Categorias do ser (substância e acidente)


a. Substância – é o que é em si e por si. Não em outra nem por outra coisa.
Aristóteles divide a substância em dois, a saber:
– Substância primeira que são todas as coisas individuais e concretas.
– Substância segunda que são todas as coisas existentes como pensamento ou conceitos.

b. Acidente – é tudo quanto ocorre ou acontece na substância. É aquilo que para ser ou existir se
apoia na substância.

Tipos de acidente
 Qualidade – Exemplo: Belo, feio, claro, escuro, bom, mau;
 Quantidade – Exemplo: Muito, pouco, nenhum, todos, dois, alguns;
 Relação – Exemplo: Pai, filho, aluno, professor, amigo;
 Tempo – Exemplo: Dia, noite, verão, inverno, madrugada;
 Lugar – Exemplo: Perto, distante, vila, céu, em cima;
 Acção – Exemplo: Falar, chorar, dormir, sorrir, jogar;
 Estado – Exemplo: Feliz, aborrecido, doente, irritado;
 Posição – Exemplo: Sentado, inclinado, recostado;
 Paixão – Exemplo: Prazer, dor, vontade.
Potência e acto
Potência – é a capacidade ou possibilidade que algo tem de vir a ser o que ainda não é. É o poder vir a ser
de alguma coisa. Por exemplo, uma flor é, em potência, um fruto já que se admite a possibilidade de um
dia vir a sê-lo.
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Acto – é a concretização da potência. É o ser real, isto é, o que ele é de facto. Por exemplo, chamar mãe a
uma parturiente.

Essência e existência
Chama-se essência àquilo que faz com que uma coisa seja o que ela é e não outra coisa. É o que uma
coisa é. A essência existe no pensamento. A essência do ser humano é a de ser um animal racional.
Chama-se existência à essência em acto; refere-se à realidade. Por exemplo: Eu sou um aluno da 12ª
classe.
Nota: Metafisicamente falando a essência precede a existência. A essência define, determina a existência.

Matéria e forma
A matéria refere-se ao sujeito que recebe a forma. É a substância física. O telemóvel, por exemplo.
A forma é referente àquilo que define a matéria. A mesa redonda de madeira, por exemplo.

Crítica de Immanuel Kant à Metafisica


O Homem não pode conhecer o númeno (a coisa em si, a realidade absoluta, aquela de que não temos
conhecimento nem pela experiência nem pelo entendimento). O que podemos conhecer é o fenómeno
(aquilo que é objecto da experiência sensível).
A Metafisica não é propriamente uma ciência, mas sim uma pseudociência. Isto porque é incapaz de
produzir um conhecimento que seja universal, necessário e demonstrável. A Metafisica baseia-se em
conceitos e princípios que não podem resultar da experiência, mas sim da faculdade de pensar sem
recorrer aos sentidos (a razão pura).

A cadeia aristotélica das causas


Causa é o que produz um resultado chamado efeito. É o antecedente constante de tal efeito e a sua
condição permanente.

Aristóteles distinguiu quatro tipos lógicos na estrutura de uma realidade, a saber:


Causa eficiente ou agente de transformação – tem a ver com o autor da coisa;
Causa material ou objecto de transformação – tem a ver com aquilo de algo é feito (a matéria);
Causa formal ou modelo conceptual de transformação – tem a ver com a forma da coisa (a forma);
Causa final ou de transformação – tem a ver com a finalidade para a qual a coisa foi feita. É o para quê
da coisa (a finalidade).

Os cinco argumentos/vias a posteriori de S. Tomás de Aquino (para provar a existência de Deus)


1.º Do movimento ao motor imóvel
Todo o movido é movido por outro
Ora, a série de movidos e motores não pode ser infinita, nem circular
Logo, existe um motor imóvel que move tudo – Deus.

2.º Da causalidade eficiente


Todo o ente do mundo é feito de uma causa
Ora, a série de causas e efeitos não pode ser infinita
Logo, existe uma causa incausada – Deus.

3.º Dos entes contingentes ao Ente necessário


Todo o ente do mundo recebe a sua existência do outro
Mas, a série de dadores e receptores não pode ser infinita
Existe um ser que não recebeu a sua existência de nenhum outro – Deus.
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4.º Dos graus de perfeição à perfeição absoluta
O menos e o mais supõem o máximo
Ora, existe no mundo entes mais ou menos perfeitos
Isto pressupõe a existência de um ser sumamente perfeito – Deus.

5.º Do finalismo e ordem do universo ao supremo ordenador ou inteligência transcendente


A ordem e a finalidade no mundo supõem uma inteligência
Ora, essa inteligência não pode ser humana
Logo, é transcendente – divina.

Metafísica e o fim último do homem – Uma interpretação religiosa

Aristóteles – O fim último do Homem é a felicidade. Esta depende de três elementos: o prazer, a
liberdade e a responsabilidade. O ser humano deve viver em função do bem e segundo a razão.

St. Agostinho – O fim último do Homem é a felicidade. Esta é alcançada quando se tem Deus no coração.

S. Tomás – O fim último do Homem é Deus. Cada um alcança-o conforme a sua natureza. O Homem é
dotado de razão e de vontade (livre arbítrio) por isso é o único ser que age em função de um fim para o
qual se move.

Arthur Dante – O Homem tem um fim natural e outro sobrenatural. O natural consiste na felicidade
terrena resultante dos bens materiais e das virtudes morais, no contexto da polis. O segundo tem em vista
a salvação das almas individuais.

Brazão Mazula – O Homem deve agir de acordo com a ética da felicidade. Esta é baseada no trabalho
árduo, criatividade e honesto para ter bens materiais e morais. Não se deve acumular bens ilicitamente.

Nota: O ser humano tem consciência de si, dos seus problemas, das suas fragilidades, da sua finitude e
orienta a sua vida em função de um fim que o faz abrir-se à realidade metafísica, incluindo a questão
divina. Este é o caminho que o Homem encontrou para chegar à resposta das questões que a existência o
coloca.

Estética e Arte
Estética
A palavra estética tem a sua origem no grego (aesthesis) e significa sensibilidade ou tudo o que é
percebido pelos sentidos. De acordo com Alexander Gottlieb Baumgarten, em sua obra intitulada
Aesthetica, estética é a teoria do belo e das manifestações artísticas.
Com Kant, em sua obra, Crítica da Faculdade de Julgar (1790), a Estética é a ciência do belo.

Arte
A Arte é uma expressão de sentimentos. É, portanto, uma representação subjectiva da realidade.
Platão vê-a como uma simples imitação da natureza; uma cópia da ideia do mundo das ideias. É
resultante da dialéctica entre a realidade e a imaginação. A principal arte a ser desenvolvida é a música.
Para Aristóteles a Arte é o bem que agrada.
Já para Gian Battista Vico a Arte é um modo fundamental e original de o Homem expressar-se em cada
fase do seu desenvolvimento.
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Essência do belo
A essência do belo mora no reflexo da sociedade porque a beleza das coisas está nelas mesmas.
Uma obra de arte é algo subjectivo já que a beleza é relativa. Eis por que se diz que os juízos estéticos
têm fundamentos subjectivos.
De acordo com a reflexão estética, uma obra de arte é polissémica, ou seja, tem várias interpretações,
porque o seu significado depende de quem a aprecia.

Significado e valor social das produções artísticas


– Criar, inovar e criticar a realidade social. Mas sendo que a arte também é o espelho da sociedade,
então ela pode ser uma previsão desta.

Divisão e classificação das artes


As artes são classificadas de acordo com a utilidade. Dividem-se em artes mecânicas e belas-artes.
Artes mecânicas (metalurgia e têxtil) – A sua produção tem finalidade lucrativa.
Belas-artes – Expressam sentimentos e atitudes e gosto pelo belo. Subdividem-se (três):
a. Artes plásticas – A escultura, a arquitectura e a pintura;
b. Artes rítmicas ou de movimento – A poesia, a música, a coreografia, o teatro, a literatura;
c. Artes mistas – A música e a dança ou a poesia e a música.

Relação entre Arte e Moral


A Arte é uma expressão de sentimentos. Mesmo assim ela deve considerar a Moral, isto é, deve respeitar
o conjunto das normas, dos usos e dos costumes sociais.
Uma produção artística deverá juntar o belo e o bom.
Concluindo, a Arte deve subordinar-se à Moral.

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