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Platão, Aristóteles e a questão do

conhecimento

Geovanna Callai de Miranda N 30


Hector Montenegro N 7
Thiago Kim Marcovic N 28

Professor Marcos Melo


Foi Platão o homem que, entre um meio de disjunção entre o
espírito humano e o espírito da realidade que nos encerra e cerca, funda
uma Sabedoria tão genuína que acaba não apenas estabelecendo o ponto
arquimédico e movente da Metafísica, mas também, do destino da
Civilização Ocidental e sua força moral e cultural. Há uma tradicional
atribuição à Aristóteles como criador da Metafísica, injustamente
ignorando a Mathésis platônica que, mediante o logos puro faz a
Alétheia; a revelação de uma realidade suprassensível e metafenomênica.
A primeiro esclarecimento é relacionado à verdadeira acepção de ideia
para Platão, a que muitos lógicos atribuindo uma visão racionalista e até
psicológica, atribuem à existência dessas ideias uma atualidade real- física
e espacial, um erro de interpretação comum entre aqueles que primeiro
se aprofundam no pensamento platônico. Outro erro presente e
observável é a classificação apressada e preguiçosa de Platão como
idealista, integrando-o à noção clássica ( muitas vezes reducionista) da
oposição gnosiológica de “ idealismo contra empirismo”.
O termo “ ideia” se origina da palavra grega Idéa e Eidos.
Contrariando uma tradução tão literal, a significação intencionada e usada
deve ser de “forma”. O pensamento e a apreensão do conteúdo de um
objeto da esfera do devir é tão somente a imitação noético-eidética de um
esquema e estrutura com prioridade causal e determinante à realidade
sensível, sendo então, aquilo ao qual e pelo qual o pensamento se dirige e
é. Há de ter, pois, uma forma anterior, uma estrutura metafísica,
essencial, inteligível e passível de uma contemplação dialética por parte
do homem. Em linguagem pitagórico-platônica, é a forma um Arithmós
Eidos ; uma proporcionalidade intrínseca numérico-qualitativa e
quantitativa ordenando à matéria uma fisicalidade intensiva e harmônica
das propriedades de dois grandes princípios metafísicos-platônicos: O Uno
e a Díade, confluídas pelo Demiurgo, o artífice inteligente e intermediário
do cosmos que faz tudo pelo Bem e pelo Amor. Identifica-se com O uno o
Bom, o Belo e o Verdadeiro, propriedades supremas e emanadoras
pertences a Arkhé, derivando formas inferiores e operadas conforme
esses três princípios primeiros. Isso revela uma hierarquia intensiva de ser
onde cada coisa participa de maneira mais e menos perfeita nessa
realidade suprema. Essa multiplicidade de ideias absolutas inclui também
a perfeição de valores estéticos, morais, corpóreos, geométricos e
matemáticos. É complementar a essas formalidades a Diadé, princípio
indeterminado e ilimitado que tende tanto para a infinita grandeza de
unidade do cosmos quanta a infinita pequenez de algo. É a díade esse
substrato material e indeterminado sobre o qual a forma perfeita age e
faz da physis uma participação imanente da dialética ontológica
evidenciada.
Esclarecido a teoria das formas platônica, é urgente carregar de
volta à luz de nossas consciências o método de conhecimento socrático-
platônico. O conhecimento é anamnese , isto é, recordação de verdades
desde sempre conhecidas pela alma e que reemergem na experiência
concreta. Esse conhecimento é ascendente, tem degraus, começando pela
Doxa, seguido do epísteme mediano e intelectivo, logo em seguida pela
Dialética Ascensional e descensional. A anamnese é o método de
atualização daquelas verdades profundamente intuitivas e virtualizadas na
própria alma. Com os sentidos

Aristóteles
Dogmático que era, classifica explicitamente o corpo das ciências em três
grandes gêneros, a saber : a ciência prática, a ciência teorética e a ciência
poética, respectivamente definidas como o saber da perfeição moral, o
saber da realidade em si mesma e o saber da operação produtiva humana.
A ciência teorética constitui-se de três grandes áreas: a metafísica, a física
e a matemática, pilares superiores dos outros dois gêneros do Saber. A
metafísica é a sabedoria da formalidade geral da realidade-física, ou seja,
aquilo que precede essencialmente a natureza acidental dos entes,
indagando-se principalmente das causas, do ser, da substância e de Deus
como quatro formalidades principais e Inter-relacionadas.
A causa é dividida em formal, material, eficiente e final. A causa
formal de todo ente é a sua forma ( ousia deutera , substantia secunda) ,
entendida como princípio ativo do ser e do agir, é a pela qual o ente é
algo, a razão da coisa, princípio de sua natureza, causa de determinação e
limitação positiva ( o possível ) . A causa material ( ousia prote, substantia
prima) é o receptáculo puramente potencial da forma, o principio passivo
de todo ente, sendo a causa de limitação negativa (o impossível). Tais
intelecções abrangem a compreensão do ser finito em ato cuja substância
é composta precisamente dos expostos acima. A causa eficiente e a causa
final não encerram a estática intensiva do Ente, mas sim, as suas relações
potenciais e atuais com os fatores extrínsecos e predisponentes. A causa
eficiente é exigente de uma anterioridade e de uma posterioridade, uma
relação real formada pela necessidade anterior que gera um consequente
posterior. A causa final é a intenção ou objetivo pela qual o movimento
ocorre.
O ser é a formalidade máxima do ente, pela qual há uma comunhão
na realidade e como uma realidade, abarcando toda a existência e toda
aptidão de existir. Se tudo que foi, é e existirá é uno pelo ser, é também
diverso e múltiplo pelo ser, convindo então à heterogeneidade e
homogeneidade serem elementos basilares às modais, os modos de ser de
um ente; às categorias, gêneros extensivos de todo ente; e à sua própria
substância, intelectivamente compreendida como um processo de
intensidade. É a substancia o fundamento metafísico dos entes, aquilo que
é receptáculo da mutabilidade mas que é em si imutável. A substância dos
entes é composta tanto da forma quando da matéria, já explicadas. Por
isso são geráveis e geradas, corruptíveis e corruptoras. A universalidade
dos entes, ou seja, a classificação comum de vários semelhantes entre si, é
causada pela forma e predicada como espécie e definição.
A quantidade predicamental se divide em quantidade continua e discreta,
respectivamente ditas como o fundamento da dimensão espacial e a
divisão intelectiva dessa mesma dimensão espacial, surgindo daí o número
predicamental que da ordem e relação a uma multidão de partes,
nomeando-se unidade, valor e medida essa relação ao mesmo tempo
coletiva e individual de elementos a partir de um mínimo unitário. O lugar,
o movimento e o tempo são modais consecutivas e acidentais da
quantidade, sendo nesta ordem, superfície ambiente (ubi); ação motiva-
gerativa ( genésis), motiva-corruptora ( phtorá) , transitiva de uma
potência ao ato (kínesis) por movimento tópico (phóra), alterativo
(àlloiosis), aumentativo ( phtisis) ou diminutivo ( auxésis); e a numeração
de momentos passados , presentes e futuros da alteração- motiva de um
ente ou de um conjunto dado desses.
Da qualidade vem o hábito e disposição, potência e impotência , a paixão
e o sofrer, a forma e a figura. É o habito e o estado a disposição que dura,
duradoura, ao contrário da própria disposição que não durável. O
conhecimento e a virtude só podem ser dignas de tal nome quando são
hábitos e estados recorrentes do espirito. A justiça e a moderação são
exemplos de qualidades por hábito. Calor, frio, a saúde, a doença, são
qualidades de fácil mobilização, deste modo, passiveis a sofrer rápida
mudança. A potência, a capacidade vem da facilidade de fazer algo, em
outros dizeres, a aptidão natural, intensiva e ativa que um ente tem de
agir sobre si ou sobre outro. Há também as qualidades passivas e afeições,
também ditas sensíveis, capazes de sensibilizar a outrem. O doce e o
Azedo produzem a sensação do paladar, o tato é afetado pelo frio e pelo
quente. A cor é resultado de uma paixão de uma afeição sendo também
consequência natural de sensação. As coisas também se apresentam
triangulares ou quadrangulares, retas ou curvas, densas, ásperas , lisas,
todas resultantes da figura que visualizamos e da reação que um ente tem
por fatores externos.
A relação pode ser real, ou de razão predicamental ou
transcendental. Pode ser também não-mutua e mutua, conveniente e
desconveniente. Segundo a substância, temos a identidade e a
diversidade, segundo a quantidade temos a igualdade e desigualdade e
segundo a qualidade temos a semelhança ou a dessemelhança. A
distinção substancial pode ser também genérica, especifica e numérica
tópica, numérica-distante , numérica indistante, numérica- anterior e
numérica-posterior.

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