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O anseio propriamente humano em buscar compreender quem somos, de onde viemos, o que estamos fazendo aqui e para
onde vamos fez a humanidade caminhar da elaboração de mitos à metafísica, chegando a Deus como causa primeira de
tudo. Com a atualidade de crescente materialismo, somos interpelados sobre a presença do Invisível entre nós. Vamos
refazer este caminho para podermos melhor responder a este desafio hoje.
Nesta aula, estudaremos a construção da história da cosmologia cristã, fazendo a distinção entre conceitos da Filosofia e
Teologia. Dessa forma, será possível estabelecer um diálogo entre fé e razão, que ajudará nos seus estudos acadêmicos,
assim como para a compreensão da realidade.
Objetivos
Atividade
1.Assista ao vídeo <https://www.youtube.com/watch?v=gFBg_jrQAsE> e leia o texto <//www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf>
sobre o mito da caverna de Platão. Ele explica a perspectiva do mundo das ideias e sua relação com o mundo real. Explique esta
concepção.
2. Preencha a linha do tempo com os princípios identificados por cada autor grego.
Os princípios primordiais precisam ser contrários e, portanto, serem pelo menos dois. Como princípios contrários não subsistem
juntos (calor e frio, por exemplo), o terceiro seria o sujeito. A realidade do mundo e a existência do movimento são dois princípios
na Metafísica. O termo clássico para a realidade é perfeição. Assim temos três princípios: perfeição, privação e sujeito.
Perfeição Privação
Aquilo que está totalmente feito. O ser É o contrário da perfeição, quando falta
humano, portanto, é perfeito, pois nada algo.
falta para ser considerado humano (não
se trata da perfeição moral, mas da
existência na realidade).
Sujeito
O ser é compreendido como ato e
potência; o movimento como a
passagem do ser em potência para o
ser em ato (estudante de teologia para
teólogo).
Motor
Comunica
algo ao Ambos participam do
mesmo ato de modos diferentes.
Móvel
O sujeito é o princípio do movimento. Considerando que o sujeito muda, supõe-se um sujeito do sujeito, que subsiste à mudança
– a matéria-prima.
Sendo a substância o ato final, não pode ser o termo inicial – o sujeito é uma imperfeição. Como não há imperfeição completa, a
matéria-prima é potência passiva.
Nestes conceitos, as coisas são ordenadas, ou seja, um conjunto de coisas de uma espécie e gênero. Dessa forma, é possível
considerar a espécie como algo perfeito, assim como o gênero. Assim, substância e acidentes são gêneros supremos do ser.
Espécie Gênero
A espécie humana integra o gênero animal
Humana Animal
Na procura dos atos do móvel, encontramos os acidentes – a formação das coisas (dos entes) – e entendemos que a perfeição
do motor precede a do móvel como noção de causa. A causa é o princípio do efeito que lhe confere uma perfeição, se positivo; ou
uma privação, se negativo. São quatro causas para as leis da natureza, isto é, para a existência do necessário absoluto:
Eficiente Final
A origem da coisa, o que torna possível sua existência. A finalidade de algo existir, sem a qual a coisa não é perfeita.
Formal Material
É a forma da coisa, o que define o ser enquanto tal. É a matéria da qual a coisa é feita, o que define o ser enquanto
tal.
O mundo considerado em ato tem um efeito, há uma causa. A Metafísica, ciência das primeiras causas, supõe o ser como causa
primeira, fundamento do ente. Provar uma necessidade no mundo é provar o ser absolutamente necessário.
GOZZOLI, Benozzo. Tomás de Aquino. The Yorck Project. 10.000 Meisterwerke der
Malerei (DVD-ROM): Directmedia Publishing. 2002.
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A primeira via é pela percepção do movimento através dos A segunda via considera que tudo tem uma causa eficiente.
sentidos. Tudo que é movido, o é por outro. Tendo um Removida a causa, não há efeito. Retrocedendo à causa
movimento causador, não pode haver um infinito de moventes, anterior, torna-se necessário admitir a causa primeira, que
chegando ao primeiro motor, que move, mas não é movido – chamamos de Deus.
Deus.
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A quarta via é sobre os graus de perfeição a partir da A quinta via diz sobre o fim das coisas. Tudo tem um objetivo,
comparação entre os entes. O grau máximo seria a causa, que com uma causa, que lhe orienta. Esta só poderia ser
só pode ser Deus, a Suma Perfeição. inteligente, Deus, que dirige as coisas a um fim próprio.
Atividade
3. Tomás de Aquino elabora argumentos a posteriori para provar a quem não acredita que Deus existe. Vejamos uma explicação
aprofundada da segunda via:
Vídeo 1 <https://www.youtube.com/watch?v=YWa7mNTMQLU> ;
Vídeo 2 <https://www.youtube.com/watch?v=ughY0z-G2V4> .
Assista aos vídeos e escreva sobre a relação entre causa e efeito, com a participação do ente no Ser.
4. Correlacione as vias de Tomás de Aquino para o conhecimento de Deus, digitando o número correspondente nos campos em
branco:
a) Causa e efeito
1 Via – movimento
b) Governo e finalidade
2 Via – causa eficiente
c) Móvel e motor
3 Via – existência
O relativismo nega que possamos conhecer Deus além de afirmações simbólicas. Religiões e instituições tradicionais são
abandonadas por experiências tidas como místicas, em busca de consolo para os dramas humanos. Há crise de valores e de
ética. Anuncia-se a morte de Deus. Há uma forte emergência da subjetividade, com intolerância ao diálogo, novas racionalidades,
interpretações da realidade e normatividades.
A desmitologização1 do meio acadêmico e o aggiornamento2 no meio dogmático tiveram como resultado a teologia histórica e
a teologia política. Preocupadas com a estrutura social, estas perspectivas não foram suficientes para responder ao sentido da
vida humana.
Precisamos identificar o que é específico da Teologia frente à realidade para dialogar. As ciências analisam as diferentes
manifestações de fé enquanto fenômeno social. Não é seu campo de pesquisa aprofundar questões espirituais, pois Deus é
objeto de estudo da Teologia enquanto ciência e da Filosofia, na Metafísica.
A Filosofia, que não é religiosa, apresenta a fé como atividade humana legítima, pode provar a atitude racional da fé e ajudar a
Teologia no seu discurso, mas não tem o alcance de apresentar Deus como revelação. A Teologia é uma ciência sui generis, um
campo da ciência que pressupõe a fé, no crer para compreender de Agostinho (354-430). Na teologia cristã, a revelação é
pressuposta.
A fé é uma das primeiras tarefas da Teologia quando, por meio do Logos, estabelece
seu método científico e encontra espaço entre as ciências.
Na teologia cristã, a mitificação transformada em metafísica pelo espírito grego, encontra o Creator Spiritus judaico no Logos
cristão. A originalidade do espírito criador que perpassa o Ser se apresenta como pensável, objeto do pensamento e da ciência
que aspiram à sabedoria, sem possibilidade de esgotá-lo.
Palavra do início (Jo 1, 1 e Gn 1), razão e amor criadores, o Logos define a imagem cristã de Deus, sendo o centro da Cristologia e
da fé em Jesus Cristo. Ele nos afiança a racionalidade do mundo e do ser. A razão pode e deve falar de Deus, do contrário se
mutila.
O modo cristão de significar a realidade é construído através da fé como base firme e imaterial que sustenta o material. A
existência se apresenta como resposta ao Logos, em atividade responsável à Criação e à participação de tudo e de todos no Ser.
O Logos é o fundamento da teologia cristã, chave de leitura, sentido do pensamento técnico-científico, discurso entendedor da fé
sobre Deus.
O encontro do mundo grego com o judaico faz com que razão e fé sejam inseparáveis. A fé dá-se a conhecer.
Hoje, temos o desafio de apresentar a fé de forma nova, a partir da mudança da sociedade, em sua busca de sentido e de
verdade. Trazemos a necessidade de superar a antítese entre conhecimento e fé, entre ciência e religião.
Independentes e inter-relacionadas, com objetos próprios de estudo, a ciência e a religião oferecem contribuições próprias que
explicam como o mundo é e seu sentido a partir do Ser. Quem cria e como cria são especificidades de cada uma.
Grande parte da humanidade não encontra sentido no viver e no conviver. O processo de descristianização e a perda de valores
essenciais convocam a uma nova posição. A Teologia identifica a crise da verdade enquanto crise de Deus, camuflada por uma
realidade vazia, em que o ser humano quer ficar sozinho, envolvido em sua própria finitude, isolado.
(Fonte: pimchawee / Shutterstock).
O conceito de verdade é a concepção a ser usada frente ao mundo relativista, capaz de restabelecer o sentido da vida humana.
Assim, possibilitar o diálogo entre tudo o que é verdadeiramente verdade, ou é cristão ou está em consonância. Ir ao encontro do
mundo e comprometer-se com ele é a responsabilidade da Teologia para comprovar sua fé e sua eficácia como elemento de
justiça.
O Cristianismo é profundamente ligado a forças propulsoras da realidade, na qual temos a oportunidade de descobrir e preencher
lacunas deixadas pelo tempo. O processo de afirmar o que crê para compreender (Is 7, 9) envolve a reflexão sobre si mesmo e
todo o ser, o que se estende a todas as épocas e lugares. É uma das decisões fundamentais que todo ser humano precisa tomar.
Deste modo, a teologia cristã confronta duplamente a realidade, com o salto de confiança heroica no invisível, estendendo esta
relação à atitude metodológica a qual as ciências devem seu êxito.
Atividade
5. “Se o mundo e o ser humano não provêm de uma razão criadora que traz em si a sua medida e a insere no ser humano, nada
mais resta a não ser regras de trânsito para o comportamento humano que devem ser projetadas e justificadas de acordo com a
utilidade”. (Ratzinger, 2015, p. 21-22)
A partir da identidade cristã centrada no Logos, de acordo com o pensamento acima, desenvolva uma análise sobre a orientação
de um grupo de jovens de uma denominação cristã, alunos do ensino médio, que estão se preparando para avaliações de seleção
para a graduação e definindo perspectivas de cursos.
6. Marque (V) para as alternativas que forem verdadeiras e (F) para as alternativas falsas.
a) Ciência e fé são campos humanos distintos, que não se g) A Teologia é uma ciência que pressupõe o crer para compreender.
relacionam.
c) Para o Cristianismo, as pessoas e as coisas têm valor em si i) O Logos define a identidade dialógica entre fé e razão para o
mesmas. cristão.
d) O diálogo entre religião e ciência equivale ao diálogo entre fé e j) A atribuição de sentido à realidade, na Teologia cristã, é recebida do
razão. Ser.
e) As ciências podem ter questões espirituais como campo de k) Tendo a revelação enquanto parâmetro, a realidade é
pesquisa. desnecessária aos estudos teológicos.
f) A Filosofia, nos seus estudos metafísicos, torna-se religiosa. l) Verdade e cristianismo são intrinsecamente relacionados.
Notas
Desmitologização 1
Aggiornamento 2
Referências
ARISTÓTELES. Obras completas. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2005. Disponível em: <//
www.obrasdearistoteles.net/ files/ volumes/ 0000000022.PDF <//www.obrasdearistoteles.net/files/volumes/0000000022.PDF> >.
GRUDEM, Wayne.
Acesso em: 23 jul.Teologia
2018. sistemática. 2.ed. São Paulo: Vida Nova, 2017.
INTERSABERES
CHESTERTON, G.(org).
K. O Fundamentos teológicos
homem eterno. Campinas:educacionais. Curitiba: InterSaberes, 2015.
Ecclesiae, 2014.
TOMÁS DE AQUINO. Comentário a la Física de Aristóteles. Disponível em: <// www.estudostomistas.com.br/ 2012/ 09/
comentario-la-fisica-de-aristoteles.html <//www.estudostomistas.com.br/2012/09/comentario-la-fisica-de-aristoteles.html> >.
Acesso em: 23 jul. 2018.
_____. Suma Teológica. Disponível em: <https:// sumateologica.files.wordpress.com/ 2017/ 04/ suma-teolc3b3gica.pdf
<https://sumateologica.files.wordpress.com/2017/04/suma-teolc3b3gica.pdf> > Acesso em: Acesso em: 28 jul. 2018.
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Na perspectiva da discussão sobre a relação entre ciência e religião, considerando a teologia cristã, a obra Introdução ao
Cristianismo <https://sumateologica.files.wordpress.com/2009/09/joseph-ratzinger-introducao-ao-cristianismo.pdf> , de Joseph
Ratzinger, aprofunda o diálogo e direciona as afirmações da fé anunciada nesta perspectiva.