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Disciplina: Teologia sistemática II

Aula 2: Anjos na história da salvação


Apresentação

Nesta aula, estudaremos a presença dos anjos na história da salvação. A tendência atual em negar a existência dos anjos ou
em justapô-los como mitos ou personificação do bem e do mal exige uma fé apoiada em dados firmes e precisos para
compreender sua existência, identidade e atividade.

Pela fé na revelação, na criação das “coisas visíveis e invisíveis”, a palavra nos oferece inúmeros testemunhos destes seres
intermediários que refletem melhor a perfeição de Deus. Assim, podemos perceber que não estamos sós, mas sob os
cuidados de Deus através deles.

Objetivos

Reconhecer a doutrina angelical;

Identificar a presença dos anjos no Antigo e no Novo Testamento;

Relacionar a ação angélica com a história da salvação.


ondemand_video Introdução.
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O que são anjos


A palavra anjo vem do grego ángelos, que significa mensageiro. São criaturas puras, simples, e cada uma é única. Sem matéria,
não há corpo, peso, cor ou sentido. Logo, também não são uma forma de energia nem se multiplicam ou se reproduzem – cada
um esgota sua espécie (Mt 22, 30; Lc 20, 34-36).


Os anjos não existem desde sempre; fazem parte do universo que Deus criou.

Gruden: 2017, p. 323.

Corpos e asas são expressões figuradas para indicar sua leveza e imaterialidade,
como os Serafins, Querubins, os quatro seres vivos do Apocalipse (Is 6, 2; Ez 1, 9-11;
10, 21; Ex 37, 9; Ap 4, 9), ou para serem percebidos por nós de modo especial (Nm 22,
31; 2Rs 6, 17; Lc 2, 13). Eles não estão sujeitos ao tempo ou a qualquer outro
fenômeno físico. Como criaturas de Deus, tiveram um começo, mas não terão um
fim.

 (Fonte: dobrograph / Shutterstock).


Pela ausência de corpos, os anjos têm uma capacidade intelectual mais profunda
que os homens, um conhecimento inato e intuitivo (diferente do sensitivo humano),
mais direto e menos passível ao erro. Com sua pureza angélica de trazer uma
existência direcionada à vontade divina, trazem noções inatas sobre Deus, outros
anjos, homens e natureza. Intuitivos (não discursivos), os anjos chegam ao centro de
uma questão sem hesitações, em um saber sólido, firme e profundo.

 (Fonte: dobrograph / Shutterstock).

Os anjos apresentam elevada inteligência ao se dirigirem às pessoas (Mt 28, 5; At 12,


6-11; Lc 2, 13). Então eles têm, necessariamente, vontade, que a exercem livremente,
sem serem influenciados por paixões ou movidos por sua natureza intelectual.
Criados com um grande fim, trazem o grande poder (Sl 102, 20; Ef 1, 20-21; Cl 1, 16;
2Pd 2, 11; Mt 28, 2) de serem direcionados para Deus, de protegerem Israel (Dn 12, 1),
adorarem Jesus Cristo (Hb 1, 6), anunciarem sua vinda (Lc 1, 31) e seu retorno (1Ts
4, 16), guardarem o trono de Deus (Ez 10, 1-4; Is 6, 2-7), assistindo-O (Cl 1, 16; 2, 10; Ef
1, 21; 3, 10).

 (Fonte: dobrograph / Shutterstock).

Não há como definir objetivamente a criação dos anjos, mas podemos procurar
indícios na Sagrada Escritura. Através de Gn 2, 1, sabemos que sua criação é anterior
ao sétimo dia. Por Ex 20, 11 e Gn 2, 2, que foi anterior ao sexto dia. Gn 1, 2, sendo a
terra inacabada, sugere que o céu teria sido finalizado. Gruden (2017, p. 237), tendo
em vista Gn 1, 1 e Jó 38, 6-7, afirma que a criação dos anjos teria sido antes do
primeiro dia da criação da terra.

 (Fonte: Igoror / Shutterstock).

Atividade
1. Os capítulos 1 e 2 do livro Gênesis apresentam a criação como mais ampla que o ser humano e mesmo o planeta. Deus é
criador do céu e da terra. Indique, no texto bíblico, os sinais da criação das coisas invisíveis.
A presença dos anjos no Antigo Testamento

ondemand_video A presença dos anjos no Antigo Testamento.

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Os anjos aparecem como figuras misteriosas no Antigo Testamento. Do hebraico, mal’ak YHWH, são os enviados, mensageiros
do Senhor. Sua presença às vezes se apresenta distinta da de Deus, outras é identificada com Ele (Gn 16, 11-13; 18, 2.9s; 21, 17-
19; 22, 11s; 31, 11-13; Ex 3, 2-6).

Recebem grande poder para as missões que lhes são atribuídas e executam-nas sem questionamento, como:

Proteger Integrar a corte de Deus Executar vontade de Deus


Gn 24, 7; 48, 16; Gn 28, 12; 2Sm 24, 16s;
Ex 23, 20-23; Tb 12, 15; Sl 35 (34), 6;
Sl 34 (33), 8; Sl 89 (88), 8; Sl 78 (77), 48;
Dn 6, 23. 1Rs 22, 19. 2Rs 19, 35.

Aos poucos, Israel vai distinguindo melhor os anjos. A tendência de acentuar Deus fez com que Ele se distanciasse dos homens,
envolvido pela presença de seus emissários, configurando sua Angeologia. Importante ressaltar que, na exaltação do poder
absoluto de Deus sobre o mundo, a posição de intermediários não é confundida com a de semideuses e muito menos com mitos,
como os povos ao redor. Israel apresenta-nos seu relacionamento com os anjos de modo próprio, expressão de uma monarquia,
em que o Senhor aparece servido em sua corte (1Rs 22,19).
A figura de um anjo é responsável pelos seguintes fatos bíblicos:

Visão de Jacó de um anjo

1
Proteção dos portões do Paraíso 4 subindo a escada que liga a terra
ao céu (Gn 28, 12);
(Gn 3, 24);

Socorro prestado a Elias,

2 Aviso a Lot sobre o castigo de


Sodoma (Gn 18, 22);
5
protegendo seu sono,
alimentando-o e orientando-o
(1Rs 19, 5-8);

3
Proibição do sacrifício de Isaac

6
por Abraão (Gn 22, 11); Acompanhamento da família no
livro de Tobias.

 (Fonte: VladisChern / Shutterstock).

O período de escravidão da Babilônia (587-538 a.C.) levou a um contato com as culturas persa e grega, desenvolvendo uma nova
compreensão, em uma mentalidade nova. Crescem as citações de anjos em seus escritos, com uma maior consciência da
distinção entre anjos bons e maus.

Anjos maus

A noção de anjo mau, como adversário


dos homens, surge gradativamente no
Antigo Testamento. No livro de Jó,
através da figura de satã, temos um anjo
da corte de Deus e, portanto, um anjo
bom. No entanto, ele atua como
acusador e tentador do homem justo,
Jó, o que indiretamente coloca satã
como um anjo adversário de Deus, pois,
atacando um homem fiel ao Senhor,
indiretamente ataca a Este.

 Os tormentos de Jó. Ilustração de William Blake para o Livro de Jó, 1793. (Fonte: Fine Arts Museums of San Francisco
<https://art.famsf.org/william-blake/complaint-job-6930215> )
Através do diálogo com Deus, satã quer ferir a imagem de fidelidade de Jó, apresentando-o como uma pessoa interesseira,
somente sendo fiel pelos benefícios recebidos. Na mentalidade do hagiógrafo1 , no período de escrita em que se começa a
questionar sobre a consequência pós-morte da fidelidade, até então acreditando-se que todos adormeceriam no sheol,
esvaziando a posição de fé dos bons. A recompensa pela justiça teria que ser em vida e Jó estava perdendo tudo.

Nesta transição, a figura do anjo é apresentada de modo a gradativamente ser passível de uma posição perante Deus. Satã, em Jó
1, 6-12 e 2, 1-7, não é um nome próprio, mas, acompanhado do artigo o, é o anjo que traz a função de acusador, como em Zc 3, 1.
No período após o exílio babilônico (587-538 a.C.), satã é compreendido como o tentador ao pecado, ao mal, como em 1Cr 21, 1.

Textos mais recentes, como Sb 2, 24, satã é indicado explicitamente como adversário de Deus, em uma clara referência a Gn 3, 1-
5.14s. É identificado em sua inteligência, astúcia e mentira, com uma personalidade definida (não como uma personificação
instintiva do homem). No entanto, só pode agir com a permissão de Deus. O Antigo Testamento não apresenta sua queda e o
porquê, mas a traz como suposta em Jr 11, 10; Is 14, 12-15.

Presença dos anjos no Novo Testamento

ondemand_video Presença dos anjos no Novo Testamento.

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No Novo Testamento, os anjos são mensageiros do reino anunciado por Jesus. Milhões de milhões e milhares de milhares de
anjos (Ap 5, 11), em eco a Dn 7, 10, são membros do exército celeste (Lc 2, 13), em uma figura de linguagem que exalta sua
quantidade e ação de Deus junto à humanidade.

Os anjos se envolveram nos seguintes fatos:

Nascimento e vida de Jesus


Os anjos se fazem presentes na vida de Jesus
desde o início à ressurreição.

Eles anunciam que Jesus está vindo (Mt 1,


18-21; Lc 1, 26-38; 2, 8-20);

Levam e cantam aos pastores a notícia do


nascimento (Lc 2, 8-14);

Avisam sobre o perigo de Herodes, enviando


sua família ao Egito e, depois, avisando que
podiam voltar (Mt 2, 13);

É tentado por um no deserto (Mt 4, 3-10; Mc


1, 13);

Servem-no após a tentação (Mc 1, 13; Mt 4,


11).

Vida ministerial de Jesus


Os anjos acompanham a vida ministerial de
Jesus, por referência (Mt 18, 10; 26, 53; Lc 12, 8-
9; Jo 1, 51) ou presencialmente:

Consolam Jesus no Horto das Oliveiras (Lc


22, 43);

Removem a pedra da gruta e anunciam a


ressurreição (Mt 28, 2-6; Lc 24, 23; Jo 20,
12);

Predizem a segunda vinda após a ascensão


(At 1, 10s);

Acompanharão Jesus (Mt 24, 31; At 1, 9-11;


1Ts 4, 16; 2Ts 1, 7; 1Cor 15, 52).

Primeiras comunidades cristãs


A consciência da presença dos anjos
acompanha a Igreja, que se manifesta nas
primeiras comunidades:

Aparecem aos discípulos na Ascensão (At 1,


10);

Abrem as portas da prisão de Pedro (At 5,


19);
Levam o diácono Filipe ao carro do eunuco
etíope (At 8, 26-28);

Assistem ao centurião romano Cornélio (At


10, 3-7);

Libertam novamente Pedro da Prisão (At 12,


5-11);

Ferem o rei por não louvar a Deus (At 12,


23);

Encorajam Paulo na sua viagem de Cesareia


para Roma, garantindo sua vida e das
pessoas, bem somo sua presença diante de
Cesar (At 27, 22-25);

Visitam as pessoas (Hb 13, 2).

Angeologia no Novo Testamento


Percebemos uma compreensão sobre os anjos bem aprofundada nos escritos do Novo Testamento.

Eles são espíritos servidores, enviados ao serviço dos que devem herdar a salvação
(Hb 1, 14). São ministros que agem em favor dos santos, orientando-os ao bem,
defendendo-os e agindo contra os poderosos da Terra.

Encontramos outras informações no Novo Testamento acerca dos anjos:

Clique nos botões para ver as informações.


Anjos bons e maus 

O Apocalipse se refere inúmeras vezes aos ministros da liturgia celeste, oferecendo a Deus as orações dos justos (Ap 5, 11s;
8, 2-5), com destaque especial a Miguel e seus anjos defensores em favor do povo de Deus (Ap 12, 7; 21, 3).

João Apóstolo (Ap 1, 1) é claro em definir um anjo como porta-voz da mensagem de Deus. Com a plenitude da revelação,
temos a exposição do mistério da iniquidade pela presença dos anjos maus. Sob diversos nomes e qualitativos, Satanás é o
homicida desde o princípio e que não permaneceu na verdade (Jo 8, 44; 1Jo 3, 8).
Queda dos anjos maus 

Em Lc 10, 18, a queda dos anjos é clara, sendo presenciada por Jesus. Ele pede ao Pai pelos seus (Lc 22, 31-32), mostrando
que só podem agir com a permissão de Deus. A relação entre a permissão divina na atuação diabólica é um mistério, mas
sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que o amam (Rm 8, 28).

Sabemos que tudo que Deus faz, a Suma Bondade, é bom. Todos os anjos foram criados bons e são criaturas dependentes
do Criador. Pela sua atuação junto a Deus e como seres de grande inteligência, seu serviço precisa ser livre. Então, os anjos
maus livremente afastaram-se de Deus, escolhendo a privação de Sua presença para sempre.

São Paulo indica o pecado da soberba como causa da queda destes anjos (1Tm 3, 6). Jd 6 e 2Pd 2, 4 presumem o pecado
com a referência da justiça de Deus. João considera que tenham sido em um terço (Ap 12, 4).

O pecado angélico, como o humano, não destrói a natureza. Continuam sendo seres angelicais com toda a dignidade que
isso significa. Não perderam sua inteligência perfeita nem a vontade livre. A mudança envolve a perspectiva infalível que tem
sua origem na visão de Deus, além da vontade ser conformada ao pecado, sem possibilidade de conversão.

A batalha dos anjos 

Ap 12, 7-9 conta a batalha entre os anjos bons e maus, bem como a vitória sobre Satanás. O pecado dos primeiros pais, que
permitiu sua ação no mundo, é ordenado pela vitória de Cristo na cruz, subordinando-os (Ef 1, 21; Cl 2, 13-15; Hb 1, 7-14).

Sendo criatura, além da submissão a Deus, Satanás é incapaz de impedir a instauração do reino de Deus, pois só pode agir
com a permissão divina, levando a pessoa humana ao mal, mas sem poder anular sua liberdade. Nem todos os pecados
podem ser atribuídos aos anjos maus (Ef 6 , 11-12). Ainda que a vontade humana seja fragilizada, enfraquecida, ela não pode
ser retirada. É nas concessões que permitimos sua ação e o fortalecemos, a ponto de não conseguirmos agir devidamente
sozinhos.

 O Juízo Final. Afresco de Michelangelo, Capela Sistina.


No juízo
A fé, a família e a dignidade humana têm sido enfraquecidas com distorções de ideias de progresso, direitos humanos, cultura e
liberdade, em sentido restrito, dificultando o alcance do bem comum como um todo, todo homem e o homem todo, como a
centralidade cristológica indica. A vida tem sido direcionada por projetos materialistas, sem considerar o transcendente e a
família.

Depois da vitória da Paixão, é a nossa vez de ir ao campo de batalha. Não numa luta dualista entre o bem e o mal, como duas
forças opostas em conflito entre si, pois Cristo já venceu. A questão está centrada em nossa definição pessoal por Deus ou não.
Nada nos pode ser dado que seja acima de nossas forças (1Cor 10, 13). Nesta perspectiva, o Cristianismo compreende a ação
dos anjos maus.

No entanto, independentemente do mistério da iniquidade, da presença do mal no mundo, no modo como sua ação favorece o
justo (Rm 8, 28), o afastamento dos anjos maus e a consequente negação de Deus de muitos é um fato em si e um
posicionamento objetivo. Este abismo que foi construído pela vontade livre dos anjos maus é manifesto por Deus em 2Ts 1, 6 e no
começo da tribulação (Ap 6).

O mal será plenamente manifesto em 2Ts 2, 6-9, quando passar este mundo e o Senhor voltar com os seus anjos para julgar os
ímpios (2Ts 7, 10; Ap 19, 11-21) e em Mt 24, 31; 25, 31; Mc 8, 38; 13, 27; Lc 9, 26.

Atividade
2. Percebemos claramente o aprofundamento da angeologia do Antigo para o Novo Testamento, tanto quanto a distinção dos
anjos e a qualidade de sua atuação junto a nós e perante Deus.

Faça a leitura de Gn 3, 1-7 e de Hb 1, 7-14. Considere a ação do anjo junto ao ser humano, imagem e semelhança, a posição dos
anjos junto ao que senta à direita do trono e o aprofundamento da angeologia do Antigo ao Novo Testamento.

Relação entre anjos e a história da Salvação


A presença dos anjos percorre toda a Bíblia, ligada a grandes eventos e com papel decisivo no anúncio da justiça e da
misericórdia divinas. Podemos identificá-los facilmente:

Na Antiga Aliança.
(1Rs 13, 18/ Jó 4, 15-16/ Zc 3, 3/ Dn 6, 22-29)

Prontos a agir em nosso favor.


(23, 20-23/ 2Rs 6, 14-17/ Jó 33, 23)

Ministros do mundo espiritual no meio do povo.


(Gn 32, 1-2/ Sl 91, 11/ Is 63, 9)
Confortam-nos.
(Zc 1, 13b/ Dn 10, 19)

Apresentam-se mais do que expectadores de Deus. Vendo Deus face a face (Mt 18, 10), participam de nossa vida e se felicitam
por nós (Lc 15, 10; 1Tm 3, 16), atuam na cura a doentes (Jo 5, 4), cooperam com Deus junto a nós (Hb 1, 14; 1Pd 1, 12),
tranquilizam-nos (Lc 22, 43), acompanhando os que se afastam (Ap 14, 13-14), estarão presentes de modo especial nos eventos
finais (Mt 25, 31-46; Ap 14, 6).

Os anjos são integrantes da revelação, de modo especial a partir de Jesus Cristo. A permanência no afastamento de Deus dos
anjos maus ocorre por uma negação da misericórdia de Deus, em obstinação no pecado. Eles não podem conhecer nosso futuro
livre, pois dependem da liberdade humana. Não têm acesso a nossos pensamentos e desejos íntimos, que só Deus pode, mas
eles identificam no modo como manifestamos com palavras e atos, sinais e expressões.

A presença dos anjos no serviço a Deus nos mostra que sua atuação independe do
tempo e, portanto, alcança-nos hoje. Em momentos especiais, Deus nos permite
percebê-los (Lc 24, 31; Ef 1, 18-21). Sua presença é muito importante, pois nos dispõe
à variedade e à harmonia com que Deus cria tudo, colocando-nos na adoração junto à
grande multidão de anjos (Hb 12, 22-23).

Na perspectiva angélica, compreendemos que nossas lutas cotidianas não se restringem ao sensitivo, ao visível, material. Há uma
dinâmica anterior, causa desta, que nos conduz. Nossa batalha passa a se centrar nesta dimensão, pela fé e pela oração (Ef 6, 18-
19). Mesmo sem podermos descrever o modo, sabemos que eles acompanham nossa oração e a apresenta a Deus (Ap 8, 3).
Trazem à nossa memória que as coisas invisíveis são reais e que temos bons exemplos a seguir, pois realizam a vontade de Deus
de modo imediato, sem questionar (Is 6, 3; Mt 6, 10) e com alegria (Ap 5, 11-12).

Os anjos nos apresentam, de forma sutil, a um mundo espiritual infinitamente melhor e mais perfeito que o nosso, em que Cristo
está no centro. Lembram-nos de que somos feitos para sermos imortais, vivermos na eternidade, em que o amor a tudo rege e
inspira nossa confiança de esperar a presença face a face com Deus. Com os anjos, sabemos que o melhor está por vir.

Atividade
3. Considerando a batalha no céu de Ap 12, 7-12, classifique as alternativas em verdadeiro ou falso.
a) Como a batalha é no céu, é justo que os anjos tenham asas. d) Cristo venceu o grande Dragão sozinho, sem qualquer outra
participação.

b) Como referência ao anjo mal, temos sua atuação como


adversário. e) A luta entre o bem e o mal não tem um ganhador definido ainda.

c) Sendo os anjos espíritos inteligentes, a batalha é intelectual.

4. A perspectiva de Deus rodeado de uma corte de anos é uma imagem característica do Antigo Testamento, como Is 6. Duas
questões se destacam neste capítulo sobre a relação entre os anjos e a humanidade:

a) O corpo dos anjos e o barulho do céu;


b) O período histórico e o pecado dos povos;
c) O culto do céu e a missão do profeta;
d) A visão de Deus e a aparência dos anjos;
e) A obstinação do povo e a beleza da terra.

5. O pecado está em querer ocupar o lugar de Deus – a soberba, que tem o orgulho e a vaidade como relativos. Foi o que levou
1/3 dos anjos à queda. É significativo que, na plenitude da Revelação do Novo Testamento, de Deus como Amor, tenhamos o
mistério da iniquidade exposto claramente. Identifique como o apóstolo Paulo considera a ação do mal na história da Salvação.

Notas

Hagiógrafo 1

1. Diz-se de ou cada um dos livros do Antigo Testamento, exceto o Pentateuco e o dos Profetas;

2. Diz-se de ou autor dos livros da Bíblia, por inspiração divina;

3. Diz-se de ou autor de biografias de santos.

Fonte: Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/hagi%C3%B3grafo/> .

Referências

CELESTINO, Pedro Barreto. Os anjos. 5.ed. São Paulo: Quadrante, 2017.

FORTEA, José Antonio. História do mundo dos anjos. São Paulo: Palavra & Prece, 2012.

GRUDEM, Wayne. Teologia sistemática. 2.ed. São Paulo: Vida Nova, 2017.

GRÜN, Alsem. Cada pessoa tem um anjo. Petrópolis: Vozes, 2009.


GRÜN, Alsem. Cada pessoa tem um anjo. Petrópolis: Vozes, 2009.

MARTINS. Jaziel Guerreiro (org.). Teologia sistemática. Curitiba: Intersaberes, 2015.

Próxima aula

Anjos e mensagem da revelação;

Distinção dos anjos;

Misticismo e superstições.

Explore mais

Leia o trecho inicial do livro História do mundo dos anjos <https://edoc.site/historia-do-mundo-dos-anjos-pdf-free.html> . A partir
de um anjo narrando, José Antonio nos conta, a partir dos conhecimentos da Angeologia, como foi sua criação, como se dá a
relação com Deus, seu livre arbítrio e como tomam uma decisão definitiva: glorificar ou negar a Deus.

Leia um trecho do livro Cada pessoa tem um anjo <//www.arcanjomiguel.net/livros-25/Cada-Pessoa-Tem-um-Anjo.pdf> . Anselm


trabalha com acompanhamento espiritual de pessoas. Neste livro, ele realiza uma exegese de vinte e quatro textos bíblicos de
anjos, em que eles se apresentam no auxílio de pessoas. Vale a pena trabalhar a percepção de que Deus nos dá seres que cuidam
de nós.

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