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LIÇÃO 2

SUBSÍDIO PARA O ESTUDO DA 2ª LIÇÃO DO 1º TRIMESTRE DE


2019 – DOMINGO, 13 DE JANEIRO DE 2018

A NATUREZA DOS ANJOS – A BELEZA DO


MUNDO ESPIRITUAL

Texto áureo

“Bendizei ao SENHOR, anjos


seus, magníficos em poder, que
cumpris as suas ordens,
obedecendo à voz da sua
palavra.” (Sl 103.20)
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE – Lucas 1. 26-35

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Meu Dileto e nobre Amigo Leitor, passemos para a 2ª Lição deste trimestre
com um tema bem debatido e estudado nos circuitos teológicos, embora nem
sempre entendido em sua totalidade; estamos falando da Angelologia – estudo,
tratado, sobre os Anjos e suas relações com os homens. Evidentemente, que no
caso em questão terá uma abordagem menos extensa. Portanto, trataremos sobre a
Natureza dos Anjos.

Assim, nesta presente Lição, exporemos a identidade dos anjos; explicaremos


a natureza e o ofício dos anjos; elencaremos a ordem hierárquica dos anjos; e,
destacaremos a relação de Jesus com os anjos a partir do Arcanjo Miguel.

Portanto, amado amigo leitor - boa leitura e bons estudos!


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I – OS ANJOS

1. Quem são eles?

As Sagradas Escrituras nos ajudam a responder estas e outras perguntas,


mas não todas. Os Anjos são seres espirituais. Diferem dos humanos e dos animais.
Os animais possuem corpos, mas não têm espíritos, são considerados seres
animados, isto é, semelhantes aos homens têm alma como alento de vida. Todavia,
os seres humanos, têm corpo, alma e espírito. Já os anjos não têm corpos, pelo
menos não como os nossos. Há quem pense que eles têm corpos espirituais,
gloriosos, mais isso está no campo da imaginação.

Estes seres, embora sejam reais, são invisíveis, isto é, são de outra essência
que não a matéria, nossa constituição natural.

Segundo o Dr. Francis Schaeffer, este nosso mundo pode se assemelhar a


uma casa com dois andares ou pisos. No andar inferior temos o mundo físico,
palpável, tangível, visível, onde vivemos, nos movemos, laboramos, nos
relacionamos, etc. Já no andar superior, existe o mundo espiritual, impalpável,
intangível, invisível, onde é habitado por anjos de Deus e ao mesmo tempo por
demônios, ou anjos caídos.

2. Os gregos e os romanos.

Segundo os estudiosos no assunto, a palavra Daemon vem do grego daímôn


(δαίμων) e pode significar “espirito” ou “divindade”, ou seja, é referente a anjos e
domônios. Já a palavra escrita no plural, Daemones, serve para representar um ser
da mitologia grega que se assemelha muito a um gênio, comum na mitologia árabe
ou genius entre os romanos.

A palavra Daemon teve sua origem na antiguidade, com os gregos,


entretanto, com o passar dos anos a história fez com que surgissem diferentes
descrições para esses seres. Se analisarmos a origem da palavra Daemon em latim
ela significa nada menos que demônio.

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Entre os gregos, então, Daemones representavam uma força primordial que
regeu todos os elementos naturais presentes na criação, fazendo também com que
o mundo dos humanos fosse permeado com o sobrenatural. Essas divindades
recebiam os nomes de Ouranioi, representante do ar, Georgikoienomioi,
representante da terra, Halioi, representante do mar e Khtonioi representando do
mundo inferior.

As suas funções eram nada mais do que fazer a intermediação entre os Theoi
e os seres humanos. Os Theoi nada mais eram do que uma das categorias de
deuses do Panteão grego que representavam três diferentes gerações de deuses
governantes do Universo. Além dessas três existiam ainda mais seis Theoi que
representavam emoções, ideias abstratas, entre outras coisas.

3. Na Bíblia.

A Bíblia declara em Gênesis 1.1 que “No princípio criou Deus os céus e a
terra”. Esta frase é qual uma introdução do relato da criação, o que segue está
contido neste relato. Ora, em João 1.1, assim, está escrito: “O Verbo estava com
Deus, e o Verbo era Deus”, e ainda neste mesmo capítulo e versículo três: “e sem
Ele nada do que foi feito se fez”. Logo, depreende-se que os anjos são criaturas de
Deus, e como Jesus não só estava com Deus, mas era também Deus, logo, os anjos
são suas criaturas e lhes devem honra, louvor e serviço.

Em Colossenses 1.16 encontramos: “porque nEle foram criadas todas as


coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam
dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por Ele e para
Ele”. Como já relatamos, os anjos são seres espirituais e existiam antes da criação
do homem, até porque a própria Bíblia confirma isso, em Jó 38.1,7: “[...] quando eu
lançava os fundamentos da terra [...]”; “quando juntas cantavam as estrelas da
manhã, e todos os filhos de Deus bradavam de júbilo?”. Uma bela declaração
poética em que estes filhos de Deus são indubitavelmente os anjos. Há na Bíblia
muitas passagens sobre a existência dos Anjos. Eis algumas: Gn 19.13; Sl 103.19-
20; Is 6. 2,3; Sl 8.5; Ez 1.14; Ez 10.8; 2 Rs 6.17; 2 Rs 19.35; 2 Cr 32.21; Lc 1.11-20;
26-38; Lc 2. 10-12; Mt 4.11; Mt 28. 2-7; At 10. 3-7; Cl 1.16; Hb.12.22; 2 Pe 2.11.

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II – OS SERES CELESTIAIS PARA SERVIR

1. Natureza.

A palavra Anjo vem do grego άγγελος (transliteração: ángelos e aparece 188


vezes na Bíblia, sendo traduzida como Anjo 181 vezes; nas outras 7 como
mensageiro, sempre se referindo a seres e não a coisas), pelo latim angelu. A
palavra em grego foi uma tradução da palavra hebraica (transliteração:
malach), que significa mensageiro.

Destarte, os Anjos são:

a) Criaturas. Logo, são seres criados (Cl 1.16). Após a rebelião e queda de
Satanás (Ap 12. 3-12) duas classes de anjos então surgiram, os anjos bons
(chamados de eleitos 1Tm 5.21 e santos Ap 14.10) e os anjos maus,
identificados no Novo Testamento como demônios, embora as Escrituras não
revelem a sua origem, mas os citam (Mt 12. 26-28). Por serem seres criados,
não aceitam adoração (Ap 19.10; 22.8,9) e ao homem é-lhes vedado qualquer
adoração (Cl 2.18; Ap 19.10).

b) Espíritos. São assim denominados, pois não são condicionados às limitações


naturais e físicas como o homem. Não obstante serem espíritos, eles podem
assumir a forma de corpos humanos (Gn 19. 1-3).

c) Imortais. Isto é, não estão sujeitos à morte (Lc 20.34-36; Hb 2. 5-9).

d) Numerosos. As Sagradas Escrituras descrevem-nos como milhares de


milhares e milhões e milhões; por legiões e grandes multidões (Dn 7.10; Hb
12.22; Mt 26.53; Lc 2.13). Não é a toa que a Bíblia descreve o Criador como
“Senhor dos Exércitos”.

e) Assexuados. Portanto, eles não têm sexo (Lc 20.34,35). Não propagam sua
“espécie”, pois na verdade não têm etnias (raças), são um batalhão, ou um
exército.

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f) Poderosos (Sl 103.20). Eles são muito maiores em força e poder que os
homens (Is 37.36). No livro do Êxodo temos o relato de que apenas um anjo
dizimou todos os primogênitos da terra do Egito.

2. O Ofício.

Os Anjos têm ofícios. Mas o que significa esta palavra? Ofício é um substantivo
masculino que tem origem na palavra em Latim officium, que está associado com
opifex – termo que vem de opus, que significa “obra” e fex, sufixo que está ligado ao
verbo fazer. Destarte, Opifex era a pessoa que fazia a obra, enquanto que officium
era o trabalho do opifex. Eles são:

a) Agentes de Deus. São os executores dos pronunciamentos de Deus (Gn


3.24; Gn 19.1; Nm 22.22-27; 2 Sm 24.16; 2 Rs 19.35; Mt 13. 39, 41, 49;
16.27;24.31; Mc 13.27; At 12.23).
b) Mensageiros de Deus. São os portadores, anunciadores, pressagiadores,
precursores de Deus. Por intermédio deles Deus envia: 1. Anunciações (Lc
1.11-20); 2. Advertências (Mt 2.13; Hb 2.2); 3. Instruções (Mt 28. 2-6; At 10.3;
Dn 4.13-17; 4. Encorajamentos (At 27.23; Gn 28. 12); 5. Revelações (At 7.53;
Gl 3.19; Hb 2.2; Dn 9. 21-27; Ap 1.1).
c) Servos de Deus (Hb 1.14). Estes mensageiros são enviados para: 1.
Sustentar (Mt 4.11; Lc 22.43; 1 Rs 19.5; 2. Preservar (Gn 16.7; 24.7; Ex
23.20; Ap 7.1; 3. Resgatar (Gn 48.16; Nm 20.16; Sl 34.7; 91.11; Is 63.9; Dn
6.22; Mt 26.53); 4. Interceder (Zc 1.12; Ap 8. 3,4); 5. Ministrar aos justos
(Igreja) depois da morte (Lc 16.22).

3. A ação dos anjos durante o ministério de Jesus.

Este ministério se revela glorioso. Vejamos:

a) Na Anunciação. (Lc 1. 18,19, 26-33);

b) Aos pastores que estavam no campo (Lc 2. 10-12);

c) Aos Magos (Mt 2. 1-12);

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d) Após a tentação de Cristo (Mt 4.11; Mc 1.13);

e) Na agonia do Getsêmani (Lc 22.43);

f) Na ascensão aos céus (Mt. 28.2-7; At 1. 10,11).

III – AS HOSTES ANGELICAIS

Mas, o que são hostes? Hostes é um termo que vem do latim, o qual designa
uma tropa ou um corpo de exército. Originalmente, no entanto, esta palavra era
relacionada como um sinônimo de inimigo.

Do latim hostis (a mesma raiz etimológica de “hostil”), este termo era usado
para denotar inimizade ou rivalidade.

Durante a Idade Média, os hostes eram grupos de vassalos que prestavam


serviços militares para os seus suseranos. Neste contexto, conclui-se que hostes
eram trabalhadores que formavam uma das classes sociais mais baixas da época.

Nos estudos religiosos, mormente nos escritos do Apóstolo Paulo, as hostes


espirituais (também conhecidas como “hostes da maldade” ou “hostes do mal”) são
exércitos de seres comandados pelo diabo no “reino das trevas”. Esta interpretação
de hostes espirituais é vista em Efésios 6.11,12.

1. As hierarquias angelicais.

Hierarquia é um substantivo feminino com origem no termo grego hierarkhia,


onde hieros significa sagrado e arkhei significa ordem e governo.

Os anjos são seres celestiais, contíguos a Deus e citados em diversos textos


sagrados nas mais diversas religiões. A hierarquia angelical foi criada pelo teólogo
Dionísio (século V ou VI) e é estudada na Cabala e Angelologia. Segundo alguns
estudiosos, são definidas ao todo 9 hierarquias: Serafins, Querubins e Tronos, mais
próximos de Deus e que recebem suas ordens diretas;
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Dominações, Virtudes e Potestades, abaixo e em posição intermediária, são os
anjos que são responsáveis pelo Universo e os reinos: mineral, vegetal e animal; e
os Principados, Arcanjos e Anjos, são os mais próximos dos homens com os quais
sempre se comunicam. Atentemos que esta divisão não está na Bíblia com estes
significados, são conjecturas dentro do estudo da Angelologia. Biblicamente,
portanto, temos:

2. Serafins e querubins.

Serafins. Segundo os estudiosos, a palavra hebraica serafim ( - Is


6.2,6) é plural da raiz saraf, que significa “abrasador”, “ardente".

Segundo Myer Pearlman, grande pesquisador judeu convertido ao


Cristianismo, e um dos mais apaixonados estudiosos das Escrituras, em sua obra
magistral Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, nos diz que os “Serafins são
mencionados em Isaías, capítulo 6. Pouco sabemos acerca deles. Certo escritor crê
que eles constituem a ordem mais elevada de anjos e que a característica que os
distingue é um ardente amor a Deus. A palavra serafins significa literalmente
“ardentes”. Alguns textos que podem se referir a eles (Ap 4.8; Ez 1.11; Sl 104.4;

Querubins. Querubim é uma palavra que surgiu na língua


hebraica ‫( כרובים‬keruvim), no plural, tendo sua forma singular: ‫( כרוב‬keruv). O nome
aparece na Torá, o livro sagrado do judaísmo. Ao que parece, os querubins também
eram conhecidos por outros povos semitas.

Na Antiga Babilônia era conhecido como Shedu ou Lamassu. Era uma


divindade Tutelar. Era um deus guardião, protetor e patrono. Protegia pessoas e
locais. Tinha corpo de animal e cabeça humana. Havia uma variedade de querubins
segundo cada região: Suméria, Assíria, Babilônia, Fenícia, Canaã, Acadia, Persia e
Egito. Como ja vimos, os hebreus chamavam de Keruv.
As religiões neo-judaicas fazem uso de ensinamentos e passagens judaicas,
sendo assim, a palavra querubim está presente no latim eclesiástico, e, portanto, na
Vulgata (Bíblia Católica em Latim), registrado como cherubim. A Igreja Católica
Ortodoxa também possui a palavra em grego, grafada χερουβείμ (keroubeim).

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Biblicamente ainda, segundo Myer Pearlman, em sua obra já citada, “Os
querubins parecem ser de uma classe elevada de anjos relacionados com os
propósitos retributivos (Gên. 3:24) e redentores (Êxo. 25:22) de Deus, para com o
homem. Eles são descritos como tendo rostos de leão, de homem, de boi e de
águia, e isto sugere que representam uma perfeição de criaturas — força de leão,
inteligência de homem, rapidez de guia, e serviço semelhante ao que o boi presta”.

3. Arcanjos.

O termo “arcanjo” não é usado nas versões em grego, no entanto, a palavra


aparece nas versões em grego de pseudepígrafos como os escritos de Enoque que
atribui classe aos anjos e apenas duas vezes nas Sagradas Escrituras, apenas no
Novo Testamento (I Tessalonicenses 4.16; Judas 9).

Digno de nota é o fato de que a Bíblia quando menciona arcanjo o faz no


singular, “o arcanjo”, sendo este identificado por seu nome, Miguel, que significa:
“Quem é semelhante da Deus?”. É curioso que os Testemunhas de Jeová
interpretam a passagem que diz que o Senhor mesmo descerá do céu com grande
brado, com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus, como prova de que Jesus
seria o próprio arcanjo Miguel. Ledo engano. Vejamos mais adiante.

IV – JESUS E O ARCANJO MIGUEL

1. A identidade de Miguel.

Citando ainda Myer Pearlman “Miguel é mencionado como o arcanjo, o anjo


principal. (Jud. 9; Apoc. 12:7; vide 1 Tess. 4:16.) Ele aparece como o anjo protetor
da nação israelita. (Dan. 12:1.) A maneira pela qual Gabriel é mencionado, também
indica que ele é de uma classe muito elevada. Ele está diante da presença de Deus
(Luc. 1:19) e a ele são confiadas as mensagens de mais elevada importância com
relação ao reino de Deus. (Dan. 8:16; 9:21.)”.

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2. Uma diferença abissal.

Rebatendo o que fora exposto acima, sobre o que pensam as Testemunhas


de Jeová, ouçamos o comentarista da Lição: “Não é verdade que o Senhor Jesus
Cristo seja o mesmo Miguel, pois há uma diferença abissal entre ambos: Jesus é
Deus, o Criador e transcendente, Miguel é anjo, portanto, criatura (Jo 1.1-3; Cl
1.16,17; Jd 9). Jesus é adorado até pelos anjos, e isso inclui o próprio Miguel; no
entanto, Miguel, sendo anjo, não pode ser adorado (Hb 1.6; Ap 19.10; 22.8,9)”.

CONCLUSÃO

Destarte, como bem escreveu o comentarista da Lição: “A diferença entre os


anjos e os seres humanos está, entre outras, no fato de que a nós o Criador deu a
capacidade reprodutiva e, para tal, quando criou o ser humano, criou um casal que
geraria outros da mesma espécie. Os anjos não se reproduzem”.

Portanto, louvemos ao Senhor Jesus com a primeira estrofe – extraída do


hino de número 42 da nossa Harpa Cristã –, tendo consciência de que “os anjos são
seres espirituais reais, cujo serviço glorifica a Deus e auxilia seu povo.”

Saudai o nome de Jesus!


Arcanjos, vos prostrai;
Arcanjos, vos prostrai;
Ao Filho do eterno Deus,
Com glória, glória
Glória, glória,
Com glória, coroai!

[Jairo Vinicius da Silva Rocha. Professor. Teólogo. Tradutor. Bacharel em


Biblioteconomia – Presbítero, Superintendente e Professor da E.B.D da Assembleia
de Deus no Pinheiro.]
Maceió, 12 de janeiro de 2019.

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