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VII SRST – SEMINÁRIO DE REDES E SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES

INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – INATEL


ISSN 2358-1913
SETEMBRO DE 2017

Introdução aos padrões de TV digital mais


difundidos no mundo e suas atualizações
Hamilton Alves Fernandes1, Rodrigo Barbosa Brito2

módulos: sintonizador, decodificador digital e estimador de


Abstract — The objective of this paper is describe an canal. Estes módulos fazem parte do terminal de acesso (TA).
introductory analysis of the European DVB-T standard with its É importante destacar que o canal de transmissão da TV digital
update called DVB-T2, the American ATSC standard updated for adotado no Brasil tem a mesma largura de banda do canal
ATSC 3.0 and the Japanese ISDB-T standard adapted by Brazil
empregado pela TV analógica que é de 6 MHz.
for ISDB-Tb.
Index Terms — Capacity, Normalizations, Service, Update.
Resumo — O objetivo deste trabalho é descrever uma análise
introdutória do padrão europeu DVB-T com sua atualização
denominada de DVB-T2, o padrão americano ATSC atualizado
para o ATSC 3.0 e o padrão japonês ISDB-T adaptado pelo Brasil
para o ISDB-Tb.
Palavras chave — Capacidade, Normatização, Serviço,
Atualização.

I. INTRODUÇÃO
Atualmente o número de cidades brasileiras com
disponibilidade do sinal de TV no padrão digital ISDB-Tb
(Serviços Integrados de Radiodifusão Digital Terrestre do
Brasil), inspirado no padrão de TV digital japonês ISDB-T
(Serviço Integrado de Transmissão Digital Terrestre), ainda é Fig. 1. Diagrama simplificado e os elementos básicos de um sistema de
relativamente reduzido. comunicação digital.
A transmissão digital se utiliza de ondas Hertzianas, A camada de transporte é composta pelas seguintes
conhecidas como ondas eletromagnéticas, para se propagar, etapas:
porém seus dados são codificados em sequências binárias • Codificador de canal – inclui de forma sistemática e
(compostas de 0 e 1), os quais obedecem um conjunto de controlada informações redundantes no feixe de
normas que serão abordadas neste artigo, cujo enfoque será transporte que permitem aumentar a robustez do sinal
uma análise básica da evolução dos padrões DVB-T para transmitido. Esta robustez é alcançada, pois, as
DVB-T2 (europeu), ATSC para ATSC3.0 (norte-americano) e informações adicionadas permitem que, na recepção,
o ISDB-T para ISDB-Tb (nipo-brasileiro). Portanto, faz-se sejam realizadas detecção e correção dos erros
necessário esclarecer, de forma breve, alguns conceitos e introduzidos pelos transientes do canal de transmissão.
elementos básicos de comunicação digital. • Modulador Digital - Processa o sinal codificado para
que seja possível sua transmissão em radiofrequência
II. COMUNICAÇÃO DIGITAL (RF), com ocupação espectral limitada e com
adversidades dos canais de transmissão.
A Figura 1 ilustra o diagrama simplificado e os elementos
• Up-converter- realiza a conversão do sinal modulado de
básicos de um sistema de comunicação digital.
uma frequência intermediaria (FI) para o canal de
O transmissor é formado pelos seguintes módulos:
radiofrequência (RF) desejado, dentro da faixa de VHF
codificador de canal, modulador digital, up converter e
ou UHF.
amplificador de potência. Este conjunto é chamado de difusão
de acesso (DA). O receptor é formado pelos seguintes • Amplificador de Potência - eleva a potência do sinal RF

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de


Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado
de Pós-Graduação em Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações.
Orientador: Prof. MSc. Rodrigo Barbosa Brito. Trabalho aprovado em
09/2017.
ao nível requerido para cobrir a área de interesse da denominar ISDB-Tb [Tabela V]. Os padrões citados foram
emissora. O amplificador de potência deve operar de adotados por diversos píese do mundo. Pode-se se destacar
maneira mais linear possível, com objetivo de evitar ainda o padrão de TV digital DMB-T/H que é o padrão de
distorções no sinal amplificado, como distorções televisão digital criado e adotado na república popular da
harmônicas e intermodulação e manter a ocupação china. Este padrão não é muito difundido devido à política
espectral do canal de transmissão da emissora. adotada naquela região. Atualmente os padrões de TV digital
Na recepção são realizados processamentos inversos àqueles estão difundidos no mundo conforme a Figura 2 [13].
realizados na transmissão. A seguir estão apresentadas as
etapas principais que compõe a recepção:
• Sintonizador - similar ao utilizado nos receptores
analógicos e tem como função receber o sinal de RF
captado pela antena receptora, e realizar os seguintes
procedimentos:
• Amplificação de baixo ruído, para minimizar o nível de
ruído adicionado pelo receptor;
• Conversão do sinal recebido do canal de RF recebido
em VHF ou UHF, à frequência de FI, em um down-
converter, ou misturador.
• Controle de Ganho, para manter constante o nível de Fig. 2. Mapa de distribuição dos padrões de TV digital no mundo.
sinal enviado ao demodulador digital, qualquer que seja
o nível de sinal recebido em RF;
IV. PADRÃO DVB-T2
• Filtragem e amplificação de sinal FI, para filtrar outros
canais e interferências fora da faixa do canal recebido, O DVB-T2 é o sistema de televisão digital terrestre (DVB)
e adequar o nível de sinal de saída ao valor requerido que oferece maior robustez, flexibilidade e pelo menos 50%
pelo demodulador digital. mais eficiência em relação a sua versão anterior, DVB-T [7].
• Estimador de canal tem como finalidade principal Ele suporta transmissão do sinal de vídeo nas resoluções LD,
corrigir a atenuação que o sinal sofre durante a SD, HD, UHD.
transmissão, ou seja, é realizada uma estimativa do Tal como acontece com o padrão DVB-T. O padrão DVB-
desvanecimento causado pelo meio através de T2 considera como recepção não apenas antenas externas e set-
diferentes algoritmos que equalizam o sinal no top-box, mas também diferentes tipos de receptores fixos e
estimador de canal. móveis. Nos países em que os serviços DVB-T já estão em
operação, os serviços DVB-T e DVB-T2 provavelmente
• Demodulador digital é responsável pela recuperação do
coexistirão lado a lado durante algum tempo, mas os países que
feixe de transporte, a partir do sinal em FI disponível
ainda não implementaram os serviços de DVB, poderão
em sua entrada.
implantar diretamente o DVB-T2 ao invés do DVB-T.
• Decodificador tem a função de retirar a informação
Embora o padrão DVB-T2 seja mais recente, tem-se
redundante e corrigir erros introduzidos no canal.
disponível no mercado uma grande quantidade de modelos de
• É importante ressaltar que nenhuma norma
receptores compatíveis com tal padrão. Pode-se destacar que
internacional regulamenta fazer o uso de uma solução
os preços destes receptores no mercado são semelhantes aos
especifica para a comunicação entre o codificador de
preços dos receptores do padrão DVB-T.
canal e o multiplexador (camada de transporte, no lado
A Tabela I descreve uma comparação dos modos
de difusão e acesso), entre o decodificador de canal e o
disponíveis em DVB-T e DVB-T2 [9].
multiplexador (Camada de Transporte no lado do
Por exemplo, um perfil DVB-T no Reino Unido (64QAM,
terminal de acesso). Esta interface deve respeitar a
modo 8k, taxa decodificação 3/5, intervalo de guarda 1/32) e
recomendação ITU-TH. 222 (UIT, 2000a), que define
um equivalente- pois foi aplicada a mesma taxa de código e
como os quadros do feixe de transporte devem ser
modulação em ambos os padrões- DVB-T2 (256QAM, modo
estruturados.
32k, taxa de codificação 3/5, intervalo de guarda 1/128)
permite um aumento na robustez e na taxa de bits de
III. PADRÕES DE TV DIGITAL
24,13Mbit/s para 35,4Mbit/s. Isto significa um aumento de
Dentre os padrões de transmissão da TV digital, pode-se 46,5% [9].
destacar o padrão europeu DVB-T (Digital Vídeo Broadcast) Outro exemplo, para um perfil DVB-T Italiano (64QAM,
[7] com sua atualização denominada de DVB-T2[8], o padrão modo 8k, taxa de codificação 2/3, intervalo de guarda 1/4) e
Norte-americano ATSC (Advanced Television System um equivalente- pois foi aplicada a mesma taxa de código e
Committee) com sua recente atualização ATSC 3.0 e o padrão modulação em ambos os padrões- DVB-T2 (256QAM, modo
japonês ISDB-T[3] (Integrated Services Digital Broadcasting 32k, taxa de codificação 3/5, intervalo de guarda 1/16) atinge
Terrestrial), cuja versão adaptada pelo Brasil passou a se um aumento na taxa de bits de 19,91Mbit/s e mantém a
robustez, aumento de 67% [9]. • Intercalação prolongada, incluído intercalação de bits,
células, tempo e frequência.
TABELA I
COMPARATIVO ENTRE DVB-T E DVB-T2 • Futuros quadros de extensão (FEF) permitem que o
DVB – T DVB – T2 padrão possa ser atualizado no futuro.
Fluxo de transporte Como resultado, o DVB-T2 pode oferecer uma taxa de
Único fluxo de múltiplo e dados muito maior do que o DVB-T e um sinal muito mais
Interface de Entrada
transporte. encapsulamento de
robusto.
fluxo genérico (GSE).
Codificação constante Codificação variável e
Modos V. PADRÃO ATSC
e modulação. modulação.
Modulação OFDM OFDM
O ATSC (Advanced Television System Committee) é o
Esquemas de QPSK, 16QAM, QPSK, 16QAM,
modulação 64QAM. 64QAM, 256QAM. padrão americano de TV Digital que foi desenvolvido no início
1/4, 19/128, 1/8, dos anos de 1990 pela Grand Aliance, um consórcio de
Intervalo de guarda 1/4, 1/8, 1/16, 1/32. 19/256, 1/16, 1/32, empresas de eletroeletrônicos. O objetivo desse comitê foi criar
1/128. um sistema totalmente digital para substituir o sistema
Tamanho da
transformada de 1K, 2K, 4K, 8K, 16K,
analógico NTSC utilizando a mesma largura de banda de um
2K, 8K. canal NTSC. Para isso foi necessário o estudo de técnicas de
Fourier Discreta 32K.
(DFT) compressão de vídeo e de áudio e a utilização de modulações
Pilotos Dispersos 8% do total. 1%, 2%, 4% do total. digitais adequadas à transmissão. Esse comitê atua através de
Pilotos Contínuos 2,6% do total. 0,35% do total.
um conjunto de documentos, onde são especificadas as
PLPs NÃO SIM
características do padrão quanto à modulação, compressão e ao
desenvolvimento do middleware. Em 1995, foi publicado o
As configurações de taxa máxima de até 53 Mbps documento (ATSC A/53) da Grand Aliance, com as
recomendadas para largura de banda de 8MHz é de 32k FFT, especificações do sistema [1].
intervalo de guarda 1/128 portadora piloto 7- no padrão DVB- O método de modulação empregado no sistema ATSC é
T2 existe a possibilidade de configuração de 8 modos das conhecido pela sigla 8VSB (Eight-Vestigial Side Band). A taxa
portadoras pilotos e comprimento entre a sequência de de bits na entrada do modulador 8VSB é fixa (19,39 Mbit/s).
símbolos. A escolha do modo de transmissão resulta em A Figura 3 ilustra o diagrama de blocos simplificado do
diferentes respostas de acordo com o canal de comunicação [9]. modulador 8VSB.
O padrão DVB-T2 transmite dados digitais de áudio, vídeo
e outros, comprimidos em PLPs (Physical Layer Pipes),
usando modulação OFDM com codificação e intercalação de
canais.
O padrão DVB-T2 para largura de banda de 6 MHz a taxa é
de até 37,73 Mbps e para largura de banda de 8 MHz taxa é de
até 53 Mbps o que possibilita transmissão de sinais 4k- UHD Fig. 3. Diagrama de blocos simplificado 8VSB.
em canal de TV terrestre, principalmente com a utilização de
antenas fixas de recepção. O "Reed Solomon Encoder" é um FEC ("forward error
Estudos apontam que é possível realizar transmissões 4k corrector" = corretor posterior de erro). Ele acrescenta 20 bytes
com taxas de 18 a 36 Mbps utilizando uma largura de banda de no "packet" de MPEG-2, com o objetivo de corrigir erros no
6 MHz resultando numa qualidade boa de imagem de vídeo, sinal que irá chegar ao receptor. O "Reed Solomon" não corrige
segundo análises feita por BAE (2013), [9]. erros concentrados, tais como o ruído impulsivo.
O "Interleaver" embaralha os bits de tal modo que, se no
IV. NOVAS TECNOLOGIAS IMPLEMENTADAS NO DVB-T2 percurso do sinal, entre o transmissor e o receptor, houver uma
interferência concentrada, no receptor, ao se fazer o
• Múltiplas camadas físicas permitem o ajuste separado da desembaralhamento, os erros ficam distribuídos.
robustez de cada serviço entregue dentro de um canal para O "Trellis Encoder" é um FEC convolucional. A cada 2 bits
satisfazer as condições de recepção exigidas (por ele acrescenta 1 bit com a finalidade de corrigir possíveis erros
exemplo, antena interna ou externa). no receptor. Assim, tem-se: taxa de código (CRC) = 2/3.
• Ele também permite que os receptores façam a O "8 VSB Modulador" modula uma portadora localizada a
descodificação de um único serviço em vez de todo o 310 kHz do início da banda de 6 MHz, em AM-VSB / SC
conjunto de serviços. (amplitude modulada, com banda vestigial e portadora
• A codificação alamouti é um método de diversidade de suprimida). Na modulação 8VSB, existem 8 níveis bem
transmissão que melhora a cobertura em redes mono definidos: 4 positivos e 4 negativos. Esses níveis são tais que,
frequências de pequena escala. cada conjunto de 3 bits consecutivos do sinal irá corresponder
• A rotação da constelação fornece robustez adicional para a um nível. Consequentemente, a taxa de bits fica dividida por
constelação de baixa ordem. 3 e assim, a frequência do sinal modulado resultante torna-se
compatível com a banda de 6 MHz, visto que a modulação é transmissão em que as informações são alocadas em slots no
em VSB. tempo e a LDM (Laeyred Division Multiplexing), técnica que
A Figura 4 ilustra o aspecto do espectro do sinal ATSC, para utiliza múltiplas camadas com diferentes níveis de potência
um canal com banda de 6 MHZ (canal 14 de UHF). A função para transmissão simultânea em um único meio. Portanto, a
do "piloto" (7%) é enviar uma pequena porção de sinal da técnica LTDM tem o propósito de transmitir vários serviços ao
portadora, para sincronizar o oscilador do receptor, que irá mesmo tempo com diferentes taxas de transmissão, conforme
permitir a recuperação do sinal enviado pelo processo de a Tabela II [11].
"portadora suprimida".

Fig. 4. Espectro do canal ATSC canal 14


Fig. 5. Estrutura geral da camada física em uma transmissão simultânea
A. Trabalho atual do padrão ATSC 3.0 UHD/HD.
TABELA II
A nova versão do padrão Norte-americano ATSC, CONFIGURAÇÃO LTDM (LAYERED TIME DIVISION MULTIPLEXING)
denominado ATSC 3.0, foi desenvolvida com o objetivo de
prover múltiplos serviços baseados em wireless, além da Núcleo da Camada Camada Aprimorada
transmissão convencional da televisão. Tais serviços podem Serviço de Diversos HDs para
Fixo 4K-UHD
ser multiplexados juntos no tempo dentro de um único canal de Destino Interiores/Móvel/Serviço Fixo.
RF. Taxa de
A flexibilidade nas opções de serviço é uma pedra angular 15.7
Dados 1.3 Mbps 2.6 Mbps 4.1 Mbps
do sistema de radiodifusão DTV ATSC 3.0, incluindo a Mbps
(Mbps)
oportunidade para as emissoras terrestres enviarem serviços de
conteúdo híbrido para receptores fixos e móveis sem Formato de 1080p 1080p 2160p
720p 30fps
interrupção, combinando tanto a transmissão over-the-air Vídeo 60fps 60fps 60fps
como a banda larga. Opções como "multiview" e "multiscreen" CNR
também são importantes, como é a opção de escolher entre Requerido -0.4 dB 5.8 dB 15.8 dB 19.3 dB
definição padrão, HD ou UHD. (dB)
O sistema ATSC 3.0 também deve se adaptar às futuras
Parâmetros QPSK & 64QAM & 256QAM
inovações. "Escalável", "interoperável" e "adaptável" são QPSK & 4/15
de PHY 8/15 8/15 & 8/15
algumas das palavras-chave que descrevem os princípios
gerais por trás do ATSC 3.0.
Esse trabalho, considerado coletivamente, reformulou o VI. PRIMEIRA TRANSMISSÃO 4K UHD
panorama da televisão, com o desenvolvimento do ATSC 3.0 A primeira transmissão 4K Ultra HD de ponta-a-ponta
como resposta [2]. aconteceu nos Estados Unidos no ano de 2015. Segundo a LG
A Figura 5 da Empresa ETRI (Electronics and Electronics USA, Inc, os testes representaram um
Telecommunications Research Institute) representa um sistema desenvolvimento significativo, porque as demonstrações
ATSC 3.0 ponta-a-ponta, incluindo a camada física para as passadas (incluindo vários testes Futurecast conduzidos nos
tecnologias de camada de apresentação, fornecendo UHD e EUA em 2014 e 2015) simplesmente usavam material pré-
múltiplos fluxos HD para serviços em dispositivos fixos e gravado carregado diretamente em um transmissor. Esta
móveis simultaneamente. Como um dos recursos distintos do transmissão de teste apresentou um feed de câmera ao vivo com
padrão de camada física ATSC 3.0, o LDM (two-layer Layered transmissões IP em tempo real do estúdio da rede SBS. Os
Division Multiplexing) em conjunto com o TDM (Time sinais IP transmitidos no Canal 53 foram então recebidos
Division Multiplexing) é demonstrado para transmitir usando uma antena e decodificados por um 4K UHD receptor
eficientemente quatro serviços diferentes dentro de um canal ATSC 3.0 desenvolvido pela LG Electronics. Os sinais na
de 6 MHz [4]. transmissão coreana foram entregues com a próxima geração
A técnica LTDM (Layered Time Division Multiplexing), de tecnologias IP baseadas no DASH (Dynamic Adaptive
trata-se da combinação de duas técnicas de multiplexação: Streaming sobre HTTP) e ROUTE (Real-Time Object Delivery
TDM (Time Division Multiplexing), técnica utilizada para SBS coordenou uma combinação de equipamentos e sistemas
transmissão de vários canais em um mesmo meio de de transmissão, incluindo o servidor de vídeo 4K, O
codificador HEVC de codificação de vídeo de alta eficiência seletividade de frequência e por fim o modo 3 que é indicado
(ROUTE), o multiplexador baseado em ROUTE, o servidor de quando o receptor é fixo e existe uma seleção de frequência
sinalização e o sistema de gerenciamento ATSC 3.0, todos os (ABNT NBR 15601, 2008).
quais foram usados para a demonstração de broadcasting [15]. TABELA III
MODO DE OPERAÇÃO ISDB-Tb
Desenvolvido como um padrão global pelo Comitê de
Sistemas Avançados de Televisão dos EUA, o padrão ATSC
3.0 é apresentado como o primeiro sistema de radiodifusão Modo de Operação
Parâmetro
baseado em Internet Protocol (IP), combinando transmissão de
banda larga pela primeira vez. A maioria dos 20 elementos que
compõem o padrão ATSC passou agora para o status de 2k 4k 8k
Candidate Standard, uma das últimas etapas no processo de
padronização [14].
Número Total de
VII. PADRÃO ISDBT- TB Portadora 1 405 2 809 5 617

O sistema japonês ISDB-T pode ser considerado uma Portadora por


evolução do sistema DVB-T, que foram acrescentadas algumas Segmento 108 216 432
particularidades com o objetivo de melhorar o seu desempenho
usando o mesmo sistema de múltiplas portadoras, modulação Espaçamento
OFDM e inserção de intervalo de guarda. Em virtude da entre portadoras
maioria das funcionalidades serem iguais e já terem sido (kHz) 3,968 1,984 0,992
comentadas nos itens anteriores, aqui serão comparados apenas Comprimento do
alguns itens adicionais introduzidos. O padrão ISDB-Tb possui Símbolo (µs)
três modos de multiportadoras: 2K, 4K e 8K. Uma inovação 252 504 1 008
deste sistema é a segmentação de banda que divide a largura de
Intervalo entre
6 MHz do canal em 13 segmentos e, conforme o tipo de
Símbolos 7,8 – 63 15,75 – 126 31,5 – 252
transmissão escolhida utiliza um ou mais segmentos para cada
camada, com a possibilidade de transmitir até três feixes de
dados simultâneos com modulações diferentes entre si. Duração do
Quadro (ms) 53 – 64,2 106 – 128,5 212 – 257
Comparando com a evolução do padrão DVB-T, o DVB-T2,
possui, por exemplo, modos de multiportadoras de 1k, 2k, 4k,
8k, 16k e 32k, em função desse e outros itens descritos na Clock Principal
Tabela I, o padrão ISDB-T que é semelhante ao sistema DVB- (MHz) 8,127 (512/63)
T, no que diz respeito ao número de portadoras, já é um sistema
que necessita de atualizações, ou seja, já está obsoleto.
A Figura 6 ilustra o uso da banda segmentada, nesses 13
VIII. CONFIGURAÇÕES COFDM NO ISDB-TB segmentos existe a possibilidade de transmissão de até três
A banda de 6 MHz é dividido em 14 segmentos de 428,57 programações com robustez e modulações diferentes.
kHz com um seguimento usado para intervalo de guarda e 13
segmentos chamados OFDM. Um segmento OFDM é
dedicado a banda base para transmissão do sinal que contém os
sinais de controle junto aos pacotes de dados que formam o
quadro OFDM (ABNT NBR 15601, 2008). Em virtude dessa
segmentação de banda, possibilitaram-se diferentes formas de
transmissão. No caso do ISDB-Tb existem três modos de
operação 2k, 4k e 8k, conforme a Tabela III. Esses modos
Fig. 6. Ilustração da segmentação do canal de RF em 13 segmentos de banda.
definem os espaçamentos entre as subportadoras OFDM para
o modo 1, modo 2 e modo3 (3,968 kHz, 1,984 kHz e 0.992
kHz). De forma que cada modo trabalha com um número IX. NORMA B RASILEIRA: ABNT NBR
diferente de subportadora OFDM. Ressalta-se que quanto A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o
maior o número de subportadoras utilizadas em uma Foro Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras, cujo
transmissão, maior será a resistência do sistema em relação aos conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros
problemas causados pelos multipercursos, no entanto, fica (ABNT/CB), dos Organismos de Normalização Setorial
mais sensível em relação ao efeito Doppler, causado pela (ABNT/ONS) e das Comissões de Estudo Especiais
mobilidade do receptor em relação ao transmissor. Indica-se o (ABNT/CEE), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE),
modo 1 para recepção móvel, modo 2 onde há mobilidade com formadas por representantes dos setores envolvidos, delas
velocidades relativamente baixas e o canal apresenta
fazendo parte: produtores, consumidores e neutros aproveitamento do espectro além de proporcionar aumento
(universidade, laboratório e outros) [7]. significativo dos serviços oferecidos.

TABELA IV REFERÊNCIAS
NOMA BRASILEIRO – ABNT NBR
[1] Padrão de televisão digital – (ATSC A / 53).
Referência Título [2] Anúncio de Serviço do Padrão ATSC 3,0 – (A/332: 2017. Pdf) -
https://www.atsc.org/standards/atsc-standards.
ABNT NBR Televisão digital terrestre - Sistema de transmissão [3] ARIB STD-B31:2005, Transmission system for digital terrestrial
15601 television; ITU BT.1306:2006, Error correction, data framing,
modulation and emission methods for digital, modulation and emission
Codificação de Vídeo, Áudio e Multiplexação. methods for digital terrestrial television broadcasting;
ABNT NBR http://teleco.com.br/pdfs/tutorialtvdnorm.pdf.
[4] Padrão ATSC 3.0.Disponível em:
15602 https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-
ABNT NBR Multiplexação e Serviços de Informação (SI) BR&sl=en&u=http://atsc.org/newsletter/atsc-3-0-where- we-
stand/&prev=search
15603 http://atsc.org/
ABNT NBR Receptores http://atsc.org/wp-content/uploads/2016/03/A321-2016-System-Discovery-
and-Signaling-1.pdf.
15604 [5] BAE, S.-H. et al. Assessments of Subjective Video Quality on HEVC-
Tópicos de Segurança (parcialmente em Encoded 4K-UHD Video for Beyond-HDTV Broadcasting Services. 2013.
[6] DE PAIVA, M. C.; MENDES, L. L. Uma implementação em software do
ABNT NBR elaboração) subsistema de transmissão do padrão ISDB-TB. 2010. Dissertação de
15605 Mestrado, Instituto Nacional de Telecomunicações.
[7] Padrão DTV. Disponível em: http://www.dtv.org.br/
Codificação de Dados e Especificações de D. A. Guimarães; R. A. A. Souza, Transmissão Digital: Princípios e
ABNT NBR Transmissão para Radiodifusão Digital Aplicações, 1. ed. São Paulo: Érica, 2012.
Normas. Disponível em:
15606 (parcialmente em elaboração) http://www.dibeg.org/techp/aribstd/harmonization/090918_Harmonization_v
ABNT NBR Canal de Interatividade olume6_Basic%20SI.pdf
https://www.htforum.com/forum/threads/abnt-normas-tecnicas-da-tv-digital-
15607 brasileira-sbtv.59768/.
www.abntcolecao.com.br/viewer/colecao20.exe.
ABNT NBR Guia de Operação
http://www.set.org.br/revistaderadiodifusao/pdf/revista10.pdf.
15608 http://www.teleco.com.br/tvdigital.asp.
[8] ETSI EN 300 744 V1.6.2 (2015-10) : Digital Video Broadcasting (DVB);
ABNT NBR Suíte de Testes (em elaboração)
Framing structure, channel coding and modulation for digital terrestrial
15609 television.
[9] ETSI, T. S. 302 755 v1. 3.1 (2012-04): Digital Video Broadcasting. (DVB).
Acessibilidade – Parte 3: Língua de Sinais Frame structure channel coding and modulation for a second generation digital
ABNT NBR
(LIBRAS), elaborada pela Comissão de Estudo terrestrial television broadcasting system (DVB-T2), 2012,
15610-3:2016 https://www.dvb.org/standards,
Especial de Televisão Digital (ABNT/CEE-085) https://www.dvb.org/resources/public/factsheets/dvb-t2_factsheet.pdf
[10] Eugene R. Bartlett: Cable Television Technology and Operations -
McGraw-Hill, 1990.
Além das normas relativas ao sistema de TV digital [11] LDM (Layered Division Multiplexing). http://www.ldm-tech.com/. ,
propriamente dito, os equipamentos utilizados para a http://www.transmitter.com/RF251/LDM.pdf. ,
transmissão de TV Digital no Brasil devem ser homologados http://ieeexplore.ieee.org/document/6746098/?reload=true&arnumber=67460
98.
pela Anatel atendendo aos requisitos da Norma para [12] MONTEZ, C.; BECKER, V. TV Digital Interativa: conceitos, desafios
Certificação e Homologação de Transmissores e e perspectivas
Retransmissores para o SBTVDT, Anexo à Resolução Anatel [13] Mapa de Distribuição de TV Digital no Mundo -
https://pt.wikipedia.org/wiki/Televis%C3%A3o_digital#/media/File:Digital_
Nº 498, de 27/03/2008 [19]. broadcast_standards.svg ( Data de Acesso 24/08/2017 às 23h51mn.
Em uma análise comparativa entre os padrões DVB-T, [14] Protocolo de Camada Física ATSC 3.0 – (A/322: 2016. pdf) -
DVB-T2 e o ATSC 3.0, feito através das tabelas I, II, III e IV, https://www.atsc.org/standards/atsc-standards/
[15] Primeira transmissão 4k UHD - http://lumensul.com.br/2015/07/14/lg-
o padrão ISDB-T/Tb, no que diz respeito ao sistema de incia-testes-com-a-tecnologia-atsc-3-0-para-transmissao-4k/,
transmissão, codificação de vídeo, áudio, multiplexação dentre http://www.gatesair.com/pt/media-center/news/field-tests-of-futurecast-next-
outros parâmetros normatizados e em fase de normatização gen-tv-broadcast-system-first-to-demonstrate, http://www.lg.com/us/tv-
necessitará passar por um processo de atualização que, aliás, já audio-video.
[16] Protocolo ALP (Link-Layer) – (A/330: 2016. pdf) -
está acontecendo. https://www.atsc.org/standards/atsc-standards/
[17] TECH, E. B. U. 3348,“. Frequency and Network Planning Aspects of
X. CONCLUSÃO DVBT2”, EBU, 2011.
[18] W. FISCHER. Digital Television - A Practical Guide for Engineers.
No que diz respeito a evolução dos três principais padrões Springer, 2004.
de TV digital difundidos no mundo: o europeu DVB-T, o [19] ANATEL , http://www.anatel.gov.br/legislacao/resolucoes/2008/180-
resolucao-498.
norte-americano ATSC e o nipo-brasileiro ISDB-Tb, pode-se
perceber um aumento importante nas taxas de transmissões e
sobretudo na robustez do sinal que possibilitaram um melhor
Hamilton Alves Fernandes nasceu em Alagoinhas, BA, em 02 de abril de
1966. Possui os títulos: Técnico em Eletrônica (Escola Técnica Eletromecânica
da Bahia, Salvador, BA, 1994). Graduado em Matemática (Faculdade de São
Paulo, 2008). De 1994 a 1998 trabalhou na área operação e manutenção de
sistemas de transmissão de telecomunicações na Vence Engenharia. De 1998
a 2012 atuou na transmissão e gerencia de rede de telecomunicações na
Telefônica. Em 2007 ingressou na Rede Estadual de São Paulo, Professor de
Matemática/Física. Atualmente trabalha na EBC – Empresa Brasil de
Comunicação, no cargo Manutenção e Suporte de Televisão, na Rede Estadual
de São Paulo, Professor efetivo de Física, no SET – Sociedade Brasileira de
Engenharia de Televisão (www.set.org.br) participa de Grupo SET de Estudos
IP – GEIP, cujo objetivo é desenvolver solução de Infraestruturas e topologias
de migração SDI/IP.

Rodrigo Barbosa Brito Atualmente, Professor de Pós-Graduação do INATEL e líder


do time de desenvolvimento de software de TV Digital da LG Electronics do Brasil.
Formação Acadêmica, MBA em gestão de projetos e negócios pela FIA (2014), Mestrado
em Telecomunicações pelo INATEL (2005) e Graduação em Engenharia Elétrica,
modalidade Eletrônica e ênfase em Telecomunicações pelo INATEL (2002). Líder de
projetos de desenvolvimento de softwares para televisores digitais. Experiência em padrões
de TV Digital, desenvolvimento e testes na área de Front-end e Áudio. Conhecimento
técnico em Processamento Digital de Sinais e Comunicação Digital.

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