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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO DE FÍSICA

ANÁLISE DA RADIODIFUSÃO ANALÓGICA E DIGITAL NA


TELEVISÃO TERRESTRE

Autores: Serghei Psar


Eduardo Panzo
Carlos dos Santos

Luanda, 2019
ÍNDICE

INTRODUÇÃO

OBJECTIVOS

1 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DE TELEVISÃO

2 - TRANSMISSÃO E RADIODIFUSÃO

3 - ANÁLISE COMPARATIVA DA TRANSMISSÃO DE SINAIS EM RADIODIFUSÃO

ANALÓGICA E DIGITAL NA TPA (TELEVISÃO PÚBLICA DE ANGOLA)

CONCLUSÕES

RECOMENDAÇÕES

BIBLIOGRAFIA

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INTRODUÇÃO

Desde o seu surgimento até aos dias de hoje a televisão tem se tornado um meio cada
vez mais interessante na sociedade, desenvolvendo novos serviços e aplicações tanto na
qualidade de produção e reprodução de som e imagem, como na apresentação da programação
dos conteúdos.
Pretendemos com este trabalho, analisar comparativamente a transmissão dos sinais
de televisão analógica no padrão PAL-I e televisão digital nos padrões ISDB-T e DVB-T2
(novo padrão), através da radiodifusão terrestre, tendo em conta os seus respectivos
procedimentos operacionais, e outros parámetros como a relação sinal ruido nos receptores, a
taxa de erro de bit, etc.
No entanto, é nosso principal interesse, tecer algumas considerações, relacionadas
com a importância deste meio de comunicação (televisão em radiodifusão terrestre) numa
sociedade, particularmente em Angola e os proveitos que se podem obter para o
desenvolvimento sustentado do nosso país.
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OBJECTIVOS

Objectivo Geral

Identificar as características próprias de transmissão da radiodifusão analógica e digital na TPA-


Televisão Pública de Angola, e propór estratégias que visam a melhoria da qualidade de transmissão
em radiodifusão.

Objectivos Específicos

 Caracterizar as técnicas, os materiais e os parâmetros utilizados no processo de transmissão de sinais


em radiodifusão analógica;

 Caracterizar as técnicas, os materiais e os paràmetros utilizados no processo de transmissão de sinais


em radiodifusão digital;

 Comparar as técnicas, os materiais e os procedimentos utilizados no processo de transmissão de sinais


em radiodifusão analógica, em relação ao processo de transmissão de sinais em radiodifusão digital;

 Elaborar propostas de estratégias para a melhoria da qualidade de transmissão de sinais em


radiodifusão.
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1 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DE TELEVISÃO

A televisão é definida como um sistema eletrônico de reprodução de imagens em


movimento, sons e/ou dados de forma instantânea, que funciona a partir da análise e
conversão da luz e do som em ondas eletromagnéticas (fonte do sinal) e da sua reconversão
em um aparelho (televisor). A forma como o sinal é processado desde a fonte até o
destinatário é organizada através de um conjunto de técnicas, que definimos como sistemas
e/ou padrões de transmissão, que podem ser analógicos ou digitais.

Fig. 1.1 Sistemas de TV analógica no mundo [4] Fig. 1.2 Sistemas de TV digital no mundo [14]
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2 - TRANSMISSÃO E RADIODIFUSÃO

2.1. Transmissão de sinais analógicos e digitais


A transmissão se refere
.
aos processos através
do qual, o sinal é
obtido e enviado ao
receptor ou
destinatário.
Fig. 2.1. Sistema de transmissão de sinais de televisão em
radiodifusão analógica [Fonte: TPA/ autores da monografia]

Fig. 2.2. Sistema de transmissão de sinais de televisão em radiodifusão digital


[Fonte: TPA/desenhado pelos autores da monografia]
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2.2. Propagação das ondas electromagnética e radiodifusão

As frequências no espectro
A onda eletromagnética é
eletromagnético variam
definida como uma
desde dezenas de Hertz até
combinação dos campos
Hertz, incluindo rádio. A
eléctrico e magnético, ou
energia (onda)
como o resultado da
eletromagnética, ao ser
oscilação da carga elétrica
irradiada por uma antena,
(energia que se propaga) e
propaga-se em varias as
tem a forma sinusoidal. Fig. 2.3. Onda terrestre e onda celeste [19] direcções.
A onda de superfície é formada pela energia que se propaga guiada pela superfície
terrestre, com uma atenuação dependente das características do terreno e da frequência de
transmissão. A faixa das frequências apropriadas para utilização em transmissões de rádio é
denominada de espectro de

radiofrequências (10 kHz -

300.000 MHz )/ na TV usa-se:

(VHF)30-300MHz e
Fig. 2.4. Composição dos campos que formam as ondas terrestre [32]
(UHF)300-3.000MHz 7
2.3. Recepção de sinais analógicos e digitais
Depois da difusão do sinal
.
pelo ar existe a necessidade
do sistema receptor
efectuar um o processo
inverso em relação ao
processo que ocorre no
sistema transmissor.
Fig. 2.5. Sistema receptor de televisão analógico [Fonte:
TPA/desenhado pelos autores da monografia]

Fig. 2.6. Sistema receptor de televisão digital [Fonte: TPA/desenhado pelos autores da monografia]
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2.4. Análise da relação sinal ruido (S/N) e taxa de erros
A potência do sinal em relação a potência do ruido em qualquer ponto pode ser
analisada em função da equação (2.26).

No sistema receptor, a relação Sinal/Ruído depende de diversos factores, tanto


positivos, como a potência do transmissor ou o ganho das antenas, quanto negativos, como
as diversas perturbações ou atenuações (naturais ou não) ocorrentes na transmissão/recepção
de sinais de RF, tais como chuva, atenuação atmosférica, descasamento de polarizações, etc.
E dependendo das características do sistema de comunicação, a análise desta relação pode
ser feita tendo em conta a equação (2.27).

A taxa na qual os bits são gerados (número de bits por segundo) do transmissor é
um importante parâmetro nos sistemas digitais e podemos analisar através da equação
(2.31).

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3 - ANÁLISE COMPARATIVA DA TRANSMISSÃO DE SINAIS EM
RADIODIFUSÃO ANALÓGICA E DIGITAL NA TPA

3.1. Realce histórico e situação actual

A partir de 18 de Outubro de 1975 a televisão dá início às suas emissões regulares,

funcionando no sistema PAL-I.

No final de 2010 iniciaram os testes para a digitalização em Angola, com o sistema

ISDB-T nas faixa de 6 MHz e 8 MHz.

Actualmente, está concluida com sucesso a primeira fase dos testes com o sistema

ISDB-T, e estavam previstos os

testes para as fazes 2 e 3. Mas

estam sendo criadas as condições

de implementação do DVB-T2,

devido alguns factores políticos

e socio-económicos. Fig.3.1 Segunda e terceira fase de instalação do ISDB-T [26]


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3.2.Características da TV analógica e digital
Características TV Analógica TV Digital

Resolução SD LD; SD; ED; HD

Novos recursos Nenhum Interactividade

Interferência Tem Não tem

Programação Única (1 HDTV+1 LDTV) ou (4 ou mais


programações SD) em simultâneo

Razão de aspecto 4:3 (SD) 4:3 (LD; SD) ou 16:9 (ED;HD)

Som Mono ou estéreo de até dois canais Dolby digital de até 6 canais

Forma do sinal Contínuo Discreto

Recepção em Angola Directa Indirecta (set top box) (com


possibilidade futura de recepção
directa)

Tabela 3.1 Características do sinal analógico VS sinal digital


11
3.3. Parte experimental
3.3.1. Equipamentos de transmissão analógica e digital

Fig. 3.2. Emissor analógico adaptado


de 5 kW
[Fonte: TPA/ Esquema montado
pelos autores monografia]

Fig. 3.3 Emissor digital adaptado de 5


kW
[Fonte: TPA/ Esquema montado pelos
autores monografia]

12
3.3. Parte experimental
3.3.2. Equipamentos de transmissão/recepção analógica e digital
Recepção directa

Fig. 3.4 Sistema de recepção de sinais analógicos


[Fonte: TPA/autores da monografia]
Fig. 3.6 Sistemas radiantes. [Fonte: TPA/ Recepção indirecta
autores da monografia]

VHF-Transmissão

analógica
Fig. 3.5 Sistema de recepção de sinais digitais
[Fonte: TPA/ esquema montado pelos autores da monografia ]
13
3.3. Parte experimental
3.3.3. Medição da relação sinal ruido (SNR) e taxa de erros de bit (BER)
Padrão PAL-I ISDB-T
Potência/transm. (nominal) 5 kW 5kW
Potência/transm. (irradiada) 3 kW 2kW
Potência refletida (perdas) 50 W 37 W
Temp. de ruido (padrão/no receptor) 290 K
Localização do emissor Palácio justiça/Luanda ; Latitude = 8º 49´08,92´´ S;
Longitude = 13º 13´38,31´´E; Elevação = 41m

Distância Emissor/receptor Menos de 250 metros


Local de medição Arredores do centro emissor do palácio da justiça
Temp. Ambiente 26ºC à 27º C
Relação sinal ruido (SRN) 53.5 dB 18.0 dB
Taxa de erro de bit (BER) ------------------- 1.03 bits/12,098 Mbps
Qualidade de imagem Boa Melhor que na TV
analógica

Tabela 3.2 Medições de relação sinal ruído e taxa de erros de bit nos diferentes padrões
14
3.3.4. Discussões dos resultados
 A análise da S/N e a BER nos receptores, apesar de ser feita numa distância
próxima ao receptor mostra que o nível de sinal necessário para boa recepção da TDT é
menor do que no caso da TV analógica.

 Enquanto as comunicações analógicas buscam preservar a forma do sinal,


maximizando a relação S/N, a comunicação digital busca transmitir os bits o mais
precisamente possível.

 Os testes realizados durante a implementação do ISDB-T mostraram que o sistema


funcionou praticamente em todas as localidades até uma distância de aproximadamente 15
km do transmissor. Nota-se que dentro dessa região, por causa do relevo acentuado e do
grande número de prédios altos irregularmente distribuídos, existiam pontos com forte
interferência por multipercursos, além de grande interferência de ruído impulsivo.

 Através de algumas bibliografias verificamos também que o sistema DVB-T e


DVB-T2 operando nas mesmas condições apresentam um desempenho em campo
semelhante ao do ISDB-T. Nestes sistemas, há maior robustez a ruído impulsivo nos
pontos onde este fenómeno (ruido) está presente de forma significativa.[29]. 15
CONCLUSÃO

1. O sinal de televisão orientado através dos sistemas e/ou padrões, são transmitidos
sob a forma de ondas electromagnéticas em diferentes meios de transmissão. Os meios de
transmissão podem ser: Guiados (par de cobre entrançado, cabo coaxial, fibra óptica) e não
guiados (ar, vácuo).

2. O processo de transmissão de sinais de TV ocorre através das etapas importantes


como a captura da informação, a codificação e a modulação. Mas para os sinais digitais são
adicionadas de forma indispensável às etapas de digitalização, compreessão e multiplexagem.
E de um modo geral , depois de todas as etapas obtem-se uma informação, que após a sua
conversão em sinal de RF pode ser difundido para o ar.

3. A transmissão digital apresenta técnicas de modulação digitais que possuem


maior eficiência espectral, os seus equipamentos de emissão e recepção apresentam um
consumo menor de energia e no processo de digitalização do sinal são utilizadas técnicas
de segurança que proporcionam maior protecção e confiabilidade à informação.

16
CONCLUSÃO (CONTINUAÇÃO)

4. Enquanto o sistema analógico transmite o sinal de vídeo e de som, o sistema


digital transmite dados em forma binária (1 e 0) . Portanto, o sinal digital apresenta a
melhor definição de imagem e de som: a imagem pode apresentar diferentes tamanhos
ou formatos, com maior grau de resolução (alta definição) e com diferentes canais de
som.
5. Na TDT, os telespectadores passam a ser denominados usuários, pois eles
participam activamente ao interagir com as emissoras e com as empresas/provedoras de
serviços.
6. Em vários países, os padrões estão sendo estudados, testados e comparados, não
havendo um padrão de transmissão único. Os critérios para escolha do padrão digital no
nosso país incluem as características do mercado (consumidores, emissoras e fabricantes),
qualidade técnica das transmissões (robustez, interferências e qualidade do sinal),
condições de propagação em solo (extensão da área de cobertura), etc.

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CONCLUSÃO (CONTINUAÇÃO)

7. A escolha do padrão de TV digital DVB-T2 não significa, no entanto,


que toda a pesquisa desenvolvida no ISDB-T terá sido em vão. Pois, boa parte do
conhecimento desenvolvido no ISDB-T poderá ser utilizado para compreender as
operações do DVB-T2.

8. Por todos os motivos expostos nesse trabalho, acreditamos que a


previsão do governo de adoptar o sistema DVB-T2 como padrão para o país foi
bastante coerente. No entanto, podemos prever que a televisão digital obterá êxitos
em Angola.

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RECOMENDAÇÕES

1. A TV digital é um assunto de destaque no país. No entanto,


recomendamos em a criação ou implementação de Laboratórios de TV Digital à
nivel das universidades, garantido através da massa pensante universitária do país, a
possibilidade de crescer cada vez mais o nível de investigação nesta área.

2. Recomendamos também ás Universidades, Instituições de Ensino


Superior, Empresas e outros orgãos ligados a esta área, a organizarem seminários
de capacitação para estudantes, a fim de incentivar os investigadores sob novas
perspectivas científicas.

19
BIBLIOGRAFIA

[1] André Moreira; “Transmissão de Dados Digitais”, Departamento de Engenharia Informática do


ISEP, 2015.

[2] Marcelo Ricardo Stemmer, Alexandre Orth, Mário Lucio Roloff, Fernando Deschamps, Alberto
Xavier Pavim; Apostila De Sistemas De Visão, 2005.

[3] Balan, Willians Cerozzi; “Texto de apoio para Tecnologia em Rádio e TV”, São Paulo-Brasil,
2009.

[4] Anselmo Gomes Tomá s; Estudo da implementação da Televisão Digital em Angola, Universidade
Agostinho Neto, 2013.

[5] Antonio G. Thomé; Aquisição e Representação da Imagem Digital, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, 2012.

[6] Wilq Vicente; Apostila das Oficinas do Projeto Olha a Gente Aqui-Instituto Asas Comunicação
Educativa, 2012.
20
BIBLIOGRAFIA(CONTINUAÇÃO)

[7] Wilq Vicente, Carlos Alberto Gouvêa Coelho; Apostila de Sistemas de Televisão, Rio
de Janeiro–Brasil, 2008.

[8] FEUP/DEEC/CDRC I - MPR/JAR; Transmissão de Dados, 2002/03.

[9] Onésimo Dilangue Bernardo Manuel; Estudo Do Processo De Transmissão Do


Padrão Isdb-T Para A Radiodifusão Digital Em Angola, Luanda, 2011.

[10] Uvermar Sidney Nince; Sistemas de Televisão Digital1/Básico, 2009.

[11] Arilson Bastos & Sergio L. Fernandes; Televisão Profissional, Brasil, 2003.

[12] Etienne César Ribeiro de Oliveira & Célio Vinícius Neves de Albuquerque; TV
Digital Interativa: Padrões para uma nova era, Brasil.

[13] Arilson Bastos & Sergio L. Fernandes; Televisão Digital, Brasil, 2004.
21
BIBLIOGRAFIA(CONTINUAÇÃO)
[14] Diogo Teixeira, Eduardo Fonseca, João Silva, Rui Alves & Teresa Conceição;
TELEVISÃO DIGITAL TERRESTRE, Universidade do Porto, 2012.

[15] Marcelo Sampaio de Alencar; Televisão digital, Brasil, 2010.

[16] Rodrigo de Almeida Moreira; Tutorial de Televisão Digital e a Interatividade,


http://www.ethereal.com -Brasil, acessado em 2015.

[17] Marcus Aurélio Ribeiro Manhães e Pei Jen Shieh; Canal de Interatividade:
Conceitos, Potencialidades e Compromissos, Brasil, 2005.

[18] Carlos Montez e Valdecir Becker; TV Digital Interativa: Conceitos e Tecnologias,


Brasil.

[19] Vinicius C. Camboim; Noções sobre geração, transmissão, propagação e recepção


das ondas eletromagnéticas e acústicas, http:// sertpr.org.br-11/12/15, Wikipedia a
enciclopedia livre-acessado aos 16/03/2015.
22
BIBLIOGRAFIA(CONTINUAÇÃO)
[20] Fabiano Pádua; Modulação, Multiplex e Radiocomunicação, 2008.

[21] Paulo Azevedo; Manual de Antenas: Propagação e Linhas de Transmissão-CINEL


(Centro de Formação Profissional da Indústria Electrónica).

[22] Rui Silva; Conceitos de transmissão de dados, Escola Náutica Infante D. Henrique,
2007.

[23] Marcus V. Lamar; Modulação Analógica, Universidade Federal do Paraná, 2009.

[24] Paulo da Fonseca Pinto; Introdução às Telecomunicações, Brasil, 2013.

[25] Jorge Fernandes, Guido Lemos, Gledson Silveira; Introdução à Televisão Digital
Interativa: Arquitetura, Protocolos, Padrões e Práticas, Brasil, 2004.

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MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO...

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