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SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO I

1. Introdução aos Sistemas de Comunicação Analógica

1.1. Elementos de um sistema de comunicação

Para se entender o funcionamento de um sistema de comunicação, considere-se o


digrama em blocos seguinte:

Fonte Transdutor Transmissor

Canal

Destinatá rio Transdutor Transmissor

Figura 2.1-1 Diagrama em blocos de um sistema de comunicaçã o analó gico

Fonte – É onde é gerada a informação ou mensagem a transmitir, podendo ser áudio,


vídeo, imagem, texto, etc.
Transdutor – É um conversor de energia de um tipo para o outro. No caso de áudio,
há a registar dois tipos de transdutores:

1- Microfone – Converte as ondas sonoras (mecânicas) em ondas elétricas


(tensão ou corrente).

l
R= ρ
S

Figura 2.1-2 Esquema Eléctrico de um microfone

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O microfone é alimentado electricamente por uma tensão contínua. Uma das partes do
microfone é preenchida com grãos de carvão e está em série com uma bateria. A
resistência da parte preenchida pelo carvão varia de acordo com a variação da pressão
da voz sobre os grãos de carvão, já que estes são comprimidos conforme a pressão
recebida, aumentando ou diminuindo a resistência. Sendo um circuito eléctrico,
obedece a lei de Ohm, assim a pressão da onda de voz produz uma variação da
corrente, produzindo uma onda eléctrica.

2- Alto – falante – converte a energia eléctrica em energia mecânica, fazendo


vibrar um pequeno disco metálico que gera ondas acústicas de pressão que
serão sentidas pelo ouvido. Usa o princípio de indução electromagnético para
o efeito.

Resumindo, o terminal telefônico tem funções transdutoras na emissão e na recepção.


Existem tantos outros transdutores, como, a câmera de vídeo, etc.

Transmissor – Nesta etapa, o sinal é adaptado e amplificado por forma a se adequar ao


canal de transmissão e suportar todas as possíveis interferências do ruído que possam
surgir.

Canal – É o meio físico de transmissão por onde passa o sinal transmitido, como por
exemplo, cabos, fibra óptica, espaço livre, etc.

Receptor – No receptor o sinal é demodulado e descodificado.


Transdutor de recepção – converte o sinal da forma eléctrica para a forma desejada
pelo destinatário.

Destinatário – é o utilizador final

Os sistemas de comunicação classificam-se em analógicos e digitais.

Sistemas analógicos – Processam sinais analógicos. Nestes sistemas, os principais


recursos a ter em conta são a largura de banda do sinal a transmitir (necessidade de

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se saber a forma da onda) e a potência de transmissão (necessidade de se prestar
atenção à relação sinal ruído).

Sistemas digitais – Processam sinais digitais. Nestes sistemas a atenção que se deve
tomar é sobre a probabilidade de ocorrência de erros durante a transmissão e os
métodos necessários para a correcção desses mesmos erros. No caso de sistemas
digitais, o diagrama em blocos toma a seguinte forma:

Codificador Codificador Modulador


Fonte Digital
da Fonte do Canal

Canal

Decodificador Decodificador Demodulador


Destino
da Fonte do Canal Digital

Figura 2.1-3 Diagrama de um Sistema de Comunicaçã o Digital

Fonte – É o gerador de informação ou mensagem – m(t). a mensagem pode ser áudio


(Voz, som, música, etc.), imagem, vídeo texto. O sinal pode ainda ser analógico ou
digital.

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Codificador da fonte – Neste estágio o sinal de informação, m(t), se for analógico é
convertido para sinal digital e também é feita a compressão, eliminando-se dados
redundantes. Se for digital, acontece apenas o processo de compressão.

Codificador do canal – É o processo pelo qual no sinal da mensagem são


introduzidos bits redundantes com objectivo de combater prováveis erros que possam
ser introduzidos pelo canal de transmissão.

Modulador digital – No estágio modulador ocorre a adaptação da sequência de


mensagem (modulação digital) de modo a adequá-la ao canal de transmissão.

Canal – É o meio físico de transmissão de informação, podendo ser: cabos, guias de


ondas, fibra óptica, etc.

Demodulador digital – Na demodulação, os sinais recebidos são convertidos em


sequências codificadas, que na verdade são uma estimativa da mensagem mais os bits
de redundância.

Decodificador do Canal – Aqui é retirada a redundância e durante este processo, são


detectados e corrigidos os erros que possam ter ocorrido durante a transmissão.

Decodificador da Fonte – No estágio da decodificação da fonte, primeiro faz se a


descompressão (expansão) do sinal e depois a conversão do mesmo em sinal
analógico.

Destino – Aqui é onde se localiza o utilizador final da informação transmitida.

Como foi observado no diagrama em blocos de um sistema de comunicação digital,


um dos processos imprescindíveis na transmissão digital é a conversão do sinal m(t)
analógico em digital. As vantagens dessa conversão são as seguintes:

1. A sensibilidade ao ruído de sistemas digitais é menor que a dos sistemas


analógicos. Isto permite que, no caso de a transmissão ser à longa distância,

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em diferentes estágios, seja possível a regeneração do sinal sem erros (lembre-
se que o sinal é uma sequência de zeros e uns).
2. Os sistemas digitais facilitam a integração de serviços no mesmo esquema de
transmissão. Como exemplo, a imagem e o áudio ou qualquer outra
combinação vinda de diferentes fontes podem ir no mesma esquema, o que
não acontece na transmissão analógica.
3. É possível usar um esquema de transmissão independente da fonte. Por
exemplo, pode se transmitir dados e áudio a mesma velocidade, 256Kbps.
4. Há facilidade de repetição de circuitos digitais para a manipulação de sinais
digitais e estes circuitos são igualmente resistentes ao ruído branco (efeitos
físicos tais como vibração e/ou variação da temperatura).
5. A caracterização de sinais é mais simples, visto que não possuem a mesma
faixa de amplitude e variabilidade que os sinais analógicos, tornando a
projecção do hardware para os sistemas digitais mais fácil.

Também pode se verificar que de modo geral, as técnicas de transmissão analógica


possuem estratégias de utilização mais eficiente dos meios de transmissão (cabos,
fibra óptica, radiofrequência, guias de ondas, etc). Algumas dessas estratégias são:

A. As técnicas de multiplexação são facilmente implementadas na transmissão


digital.
B. A minimização da quantidade de informação a transmitir é feita graças às
técnicas de eliminação da redundância existente na transmissão digital.
C. Pode se adicionar redundância controlada na transmissão digital, para corrigir
erros que possam surgir no processo de transmissão.
D. Na transmissão digital pode se especificar padrões complexos e os mesmos
serem partilhados mundialmente. Exemplo: a telefonia digital, a televisão
digital, etc.
E. Existem técnicas de compensação do canal, de fácil implementação na
transmissão digital.
Resumidamente, pode-se tirar as seguintes conclusões sobre a transmissão digital:
a) Na transmissão digital é enviada uma forma de onda extraída de um conjunto
finito de formas de onda, durante um intervalo de tempo finito.

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b) Na transmissão digital, o receptor não precisa de reproduzir com precisão a
forma da onda transmitida, mas sim, determinar a forma da onda que,
pertencendo ao conjunto finito de formas de onda, terá sido envida pelo
emissor, ainda que no processo de transmissão essa onda tenha sido perturbada
pelo ruído.
c) Em contra partida, na transmissão analógica é enviada uma forma de onda de
um conjunto infinito de formas de onda.

Existem vários sistemas de comunicação, tanto analógicos como digitais, não obstante
actualmente os sistemas digitais estarem a dominar o mundo.

1.2. Enlaces de Comunicação

Os enlaces ou links de comunicação estabelecem a comunicação entre pelo menos


dois pontos.

1.2.1. Classificação dos enlaces

1. Quanto aos pontos de ligação


a) Ponto a ponto

Tx Rx

Figura 2.1-4 Enlace ponto-a-ponto

b) Ponto – multiponto

Rx1

Tx Rx2

Rx3

Figura 2.1-5 Enlace ponto-multiponto


c) Multiponto – ponto
Tx3
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Tx2 Rx
Tx1

d) Multiponto – multiponto

Tx1/ Tx4/
Rx1 Rx4

Tx2/ Tx1/ Tx5/


Tx/Rx
Rx2 Rx1 Rx5

Tx3/ Tx5/
Rx3 Rx5

Figura 2.1-7 Enlace multiponto-multiponto

1.2.2. Quanto ao sentido de transmissão


a) Simplex – A transmissão ocorre num único sentido
b) Half – dúplex – A transmissão ocorre nos dois sentidos mas de forma
alternada
c) Full – dúplex – A transmissão ocorre nos dois sentidos simultaneamente

1.2.3. Quanto à Mobilidade

a) Fixo – os usuários estão definidos em pontos fixos, sem mobilidade e estão


ligados por cabos ou fibra óptica.
b) Móvel – Os usuários tem a possibilidade de se comunicar em movimento e
estão ligados por radiofrequência.
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1.3. Sinais

Um sinal é uma função matemática que representa uma grandeza física variável. Os
sinais contêm informações que caracterizam matematicamente essas grandezas. A
variável independente que se usa para representar sinais é o tempo, e representam-se
como x(t), m(t), s(t), etc.

1.3.1. Classificação de sinais

1. Sinais contínuos ou discretos no tempo – um sinal é contínuo no tempo se


ele for definido para todo o tempo, isto é, apresenta um valor definido de
amplitude. Se for definido em instantes concretos de tempo, então o sinal diz-
se discreto no tempo.

Figura 2.1-8 Exemplo de um sinal contínuo

Figura 2.1-9 Exemplo de um sinal discreto

O sinal discreto obtém-se através de amostragem de sinais contínuos:


Aí: x[n]=x(nTa), onde Ta=Ts – é o intervalo de amostragem.

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Exemplo: Medição da temperatura com intervalos tempos definidos, resulta
que a temperatura é uma variável discreta, mas na realidade é uma variável
contínua.

2. Sinais pares e sinais ímpares – Um sinal x(t) ou x(n) é par se satisfazer a


seguinte condição:

x ( t )=x (−t )
para todo o tempo t

Figura 2.1-10 Exemplo de um sinal par

Um sinal x(t) ou x(n) é ímpar se satisfazer a seguinte condição:


x (−t )=−x(t) para todo o tempo t

Figura 2.1-11 Exemplo de um sinal ímpar

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Note-se que um sinal x(t) pode ser descrito pela soma de dois sinais, um par e
outro ímpar: x ( t )=x p ( t ) + x i (t)

x p (−t )=x p (t ); x i (−t )=−x i (t )

Colocando t=−t

x (−t )=x p (−t )+ xi (−t )=x p ( t )−x i (t)

Resolvendo para xp(t) e xi(t), obtém-se

1 1
x p ( t )= [x ( t ) + x (−t ) ] e x i ( t )= [x ( t ) −x (−t ) ]
2 2

3. Sinais reais e sinais complexos – x(t) é real se os seus valores forem reais e é
complexo se tomar a forma: x ( t )=x 1 ( t ) + j x 2 (t ), onde j=√−1

4. Sinais analógicos e sinais digitais – um sinal é analógico se poder assumir


valores infinitos de amplitude ao longo do tempo.
Um sinal é digital se poder assumir valores predeterminados ao longo do
tempo.

Figura 2.1-12 Exemplo de um sinal analó gico

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Figura 2.1-13 Exemplo de um sinal digital

5. Sinais determinísticos e sinais aleatórios – são sinais determinísticos aqueles


cujos valores estão completamente definidos para qualquer valor de tempo.
Podem ser modelados por funções de tempo.
Sinais aleatórios são aqueles que podem tomar valores aleatórios para cada
valor de tempo e só podem ser caracterizados estatisticamente.

6. Sinais periódicos e não periódicos


Um sinal é periódico se satisfazer a condição: x ( t )=x (t +T ), onde T é uma
constante positiva. Se T=T0, também é válido que T=2T0, 3T0, 4T0...
O menor valor de T que satisfaz a condição acima, chama-se período
fundamental de x(t), significa T define a duração de um ciclo completo x(t).
Frequência fundamental é o inverso do período fundamental e descreve quão
frequentemente o sinal periódico x(t) se repete.

1
f= [ Hz ] → Hertz
T

Frequência angular, media em radianos por segundo:


x(t)

ω= =2 πf
T

T0 1T0 2T0 t

Figura 2.1-14 Sinal Perió dico

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Sinal não periódico é qualquer sinal x(t) para o qual não haja nenhum valor de
T para satisfazer a condição: x ( t )=x (t +T )

7. Sinais de energia e sinais de Potência – os sinais eléctricos podem


representar tensão ou corrente.
Seja uma tensão v(t) desenvolvido através de resistência R, produzindo a
corrente i(t). A potencia instantânea desenvolvida na resistência será:

v 2 (t) 2
p (t)= ou p ( t )=R i (t )
R

Se R=1, as duas equações assumem a mesma forma matemática.


Para a análise de sinais, define-se a potencia em termos de resistência de 1Ω,
não interessando se x(t) representa tensão ou corrente. Assim, a potência
instantânea do sinal define-se como:

p ( t ) =x2 (t )

Com base nesta convenção, a energia do sinal é:

−T
2 ∞

E= lim
T →∞
∫ x ( t ) dt ⇒ E= ∫ x 2 ( t ) dt
2

T −∞
¿
2

Note-se que assume-se o módulo de x(t) e pode se escrever:


E=∫ ¿ x ( t ) ∨¿ dt ¿
2

−∞

A potência média do sinal periódico é:

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−T
2
1
P=
T
∫ x2 ( t ) dt
T
¿
2

No caso do período fundamental:

T0
2
1
P= ∫ x2 ( t ) dt
T 0 −T 0
2

Para sinais discretos, x(n), os valores de energia e potência calculam-se como:

Energia:


E= ∑ x 2 (n)
n=−∞

Potência:

N N
1 1
P= lim
n→ ∞ 2N
∑ x 2 (n) , ou ainda : P= ∑ x 2 (n)
N n=0
n=− N

Propriedades de sinais:
1. x(t) é sinal de energia se e só se 0< E <∞⇒ P=0
2. x(t) é sinal de potência se e só se 0< P< ∞⇒ P → ∞
3. Sinais que não satisfazem nenhuma das propriedades acima, não são nem de
energia, nem de potência.

Para um sinal periódico com período fundamental T0:

T0
2
1
P= ∫ x2 ( t ) dt
T 0 −T 0
2

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1.3.2. Operações com sinais

1. Mudança de escala de amplitude


A mudança de escala procede-se como: y ( t ) =Cx(t) ; em que C é o factor de mudança
de escala.

Exemplo: pela Lei de Ohm a mudança de escala representa a variação da escala da


corrente, tendo como constante a resistência: u ( t )=Ri(t )

Para sinais discretos tem se que: y ( n )=Cx (n)

2. Adição
Se x1(t) e x2(t) forem sinais contínuos, tem-se que: y ( t ) =x1 ( t )+ x 2 (t) .

Exemplo: um misturador de Áudio representa soma de sinais.

3. Multiplicação
y ( t ) =x1 ( t ) x 2 (t)
Exemplo: Um sinal AM (Modulado em Amplitude) é resultado da multiplicação do
sinal da mensagem m(t) e da portadora c(t)

4. Diferenciação
d
y (t)= x (t)
dt
d
Exemplo: tensão em uma bobina: v ( t )=L i( τ)
dt

5. Integração
t
y ( t ) =∫ x ( τ ) dt
−∞

Exemplo: Tensão num Capacitor

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t
1
v ( t )= ∫ i ( τ ) dτ
C −∞

1.3.3. Alguns Sinais Elementares

1. Sinal degrau unitário – também conhecida por função unitária de Heavside –


define-se como:

{
x ( t )= 1 , t>0
0 , t< 0

x(t)

0 t

Figura 2.1-15 Sinal degrau unitá rio

O degrau unitário pode tem valor indefinido no ponto t=0. Pode ainda sofrer
deslocamento ao longo do tempo, ficando:

x ( t−t 0 ) =
{
1 ,t >t 0
0 ,t <t 0

x(t)

0 t0 t

Figura 2.1-16 Pulso unitá rio deslocado

Também se pode representar a sinal degrau na forma discreta:

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{
x ( n )= 1 , n≥ 0
0 , n ≤0

x(n)

0 1 2 3 4 n

Figura 2.1-17 Pulso unitá rio discreto

O sinal degrau unitário é de muita aplicação na engenharia para teste de resposta de


sistemas, afim de se verificar a rapidez dos mesmos.

2. Sinais sinusoidais – os sinais sinusoidais representam-se pela forma:

x (t )= A cos( ωt+Φ) ; em que ω=2 πf , assim: x ( t )= Acos ( 2 πft + ϕ )


onde: A – é amplitude do sinal (valor real)

ω ∈ R - é a frequência angular do sinal

1 2π
ω=2 πf , como: f = , tem-se que: ω= , T – é período do sinal
T T

ϕ ∈¿ – é o ângulo da fase em radianos

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Figura 2.1-18 Sinal Sinusoidal


2.1. Comprimento de Onda (λ) – É a distância de propagação em um ciclo.
c
λ=
f
onde: c – é a velocidade das ondas eletromagnéticas (velocidade da luz) no vácuo
f – é a frequência da onda
c=300.000.000m/s – para o som e c= 300.000km/s para a luz e ondas
electromagnéticas

2.2. Banda – Chama-se banda o intervalo entre duas frequências.


Largura de Banda (BW) – é a diferença entre a maior frequência e a menor
frequência.

BW= f2 –f1

Pode se provar que:


x ( t +T )= Acos [ ω ( t+T ) +ϕ ] = Acos ( ωt +ωT + ϕ )

como: ω= , então:
T

(
x ( t +T )= Acos ωt +

T )
T + ϕ = Acos ( ωt +2 π + ϕ )

então: x ( t +T )= Acos ( ωt+ ϕ )=x (t), cqd

Representação do sinal sinusoidal pela forma de Euler:


j(2 π ft+ϕ )
A parte real é: A cos(2 π ft +ϕ )= A Re {e }
j( 2 π ft+ ϕ)
A parte imaginária é: Asen (2 π ft +ϕ)= A Im {e }

3. Sinal delta Dirac (impulso de Dirac) – δ(t) – É o limite de uma função com
área unitária, mas com intervalo de tempo infinitesimal (ε0).

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δ (t )=lim g T (t)
T →0

onde: gT (t) é qualquer pulso para uma função par de tempo t, com duração T e área
unitária.
A força do impulso é definida pela δ(t)
área sob o pulso, o que significa que a força é
unitária.
Área=1

0 t

Figura 2.1-19 Representaçã o geométrica do impulso de Dirac

δ(at)

0 t
Figura 2.1-20 Sinal impulso de Dirac

Propriedades do impulso de Dirac


a) Deslocamento no tempo

{

δ (t )= 0 , se t ≠ 0 e ∫ δ ( t ) dt=1
∞ ,t=0 −∞

δ(t) δ(t)

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0 t 0 t t
b) Paridade – o impulso de Dirac é uma função par, por isso respeita a condição:
δ (−t )=δ(t )

1
c) Mudança de escala no tempo: δ ( at ) = δ (t). Pode se prover esta condição
a
fazendo:

δ ( at ) =lim g T ( at)
T→0

d) x ( t ) δ (t)=x (0) δ(t ), se x(t) for contínua em t=0

e) x ( t ) δ ( t−t 0 )=x (t 0 )δ (t −t 0), se x(t) for contínuo no instante t=t0.

f) Qualquer sinal contínuo pode ser descrito como:



x ( t )= ∫ x ( τ ) δ ( t −τ ) dτ
−∞

4. Sinal Rampa – r(t) – Deriva do impulso unitário, onde a integral da função


degrau u(t) é uma função rampa de inclinação unitária.

{
r ( t )= t ,t ≥0 ,
0 ,t <0
ou ainda: r ( t )=tu(t)

r(t)

Inclinação unitária
1

0 t
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Figura 2.1-22 Sinal rampa
Na forma discreta a função rampa define-se como:

{
r ( n ) = n , n ≥ 0 , ou ainda: r ( n ) =nu(n)
0 , n<0

r(n)

0 n

Figura 2.1-23 Sinal rampa discreto

1.4. Sistemas

Um sistema define-se como sendo um modelo matemático de um processo


físico que relaciona a entrada (excitação) e a saída (resposta), ou seja:
y (t)=T {x (t )}, onde x- é a entrada e y- é a saída.

Na forma discreta tem-se que:

y [ n]=H { x [n]}

T ou H é o operador que define a regra em que x é transformado em y. T ou H


designa-se função de transferência do sistema.

Graficamente:

x Sistema y
T

Figura 2.1-24 Diagrama de um sistema

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Se o sistema for de múltiplas entras e múltiplas saídas, fica:

x1 y1
Sistema
x2 T yn

Figura 2.1-25 Sistema de mú ltiplas entradas e mú ltiplas


saídas

1.4.1. Classificação de sistemas

a) Sistemas contínuos e sistemas discretos – se os sinais de entrada e saída


x e y forem contínuos, então o sistema é contínuo.

x(t) Sistema y(t)


T
Por outro lado, se os sinais
Figura 2.1-26 Sistema contínuo
de entrada e saída x e y forem discretos, então o sistema é discreto.

x(n) Sistema y(n)


H

Figura 2.1-27 Sistema Discreto

b) Sistema Causal e sistema não Causal – O sistema é causal se a saída y(t)


para qualquer tempo t=t0 depender apenas da entrada x(t), isto é, dos
valores actuais ou anteriores que ocorreram para t >t 0 , e nunca de valores
futuros.

Não há Sistema Não há


entrada T saída

Figura 2.1-28 Sistema causal

Para os sistemas causais, a resposta é produzida mediante a excitação.

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Em encontra partida, se a resposta de um sistema depender de valores futuros
de entrada do sistema, então o sistema diz-se não causal. Exemplo:
y ( t ) =x ( t+ 1 ) ou y ( n )=x (−n)

Note-se que todos os sistemas sem memória são sistemas causais, mas nem
todos os sistemas causais são sistemas sem memória.

c) Sistemas lineares e sistemas não lineares – Um sistema é linear se


satisfazer as propriedades de aditividade e homogeneidade. Ou seja:
1. Aditividade – Se T{x1}=y1 e T{x2}=y2, tema se que T{x1+x2}=y1+y2,
onde x1 e x2 são sinais quaisquer de entrada.

2. Homogeneidade – Se T{αx}=αy , para qualquer x de entrada e


qualquer valor escalar α.

Combinando as duas propriedades tem-se que:

T{α1x1+α2x2}= α1y1+ α2y2

Se o sistema não satisfaz a propriedade de sobreposição, então não é linear.

d) Sistemas com memória e sistemas sem memória – Um sistema tem


memória se a saída depender de valores passados da entrada. Se depender
única e exclusivamente da entrada em qualquer instante, então o sistema é
sem memória.

Exemplo:
1. Sistema sem memória:

y ( t ) =Kx(t) , a corrente numa resistência, por exemplo, depende do valor


1
presente da tensão, isto é, i (t )= v (t)
R

2. Sistema com memória:


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1
y ( t ) = ∫ x ( τ ) dτ
C −∞
A corrente numa bobina, por exemplo, não depende apenas do valor
presente da tensão, isto é:

∂ i(t) 1
v L ( t)=L ⟹ i ( t )= ∫ v L ( t ) dt
∂t L −∞

e) Sistemas invariantes no tempo e sistemas variantes no tempo – um


sistema é invariante no tempo se um deslocamento (atraso ou avanço) no
tempo do sinal de entrada produz o mesmo efeito (deslocamento) no sinal
de saída. Ou seja, T { x ( t−τ )= y (t−τ ), para qualquer valor de τ.

Caso contrário, o sistema é variante no tempo.

f) Sistemas estáveis e sistemas instáveis – sistema estável é aquele limitado


em amplitude na entrada e saída, ou seja, se é limitado em amplitude,
então a saída também é limitada em amplitude. Este tipo de sistemas
designa-se por BIBO – bounded input/bounded output.
Exemplo: |x|≤k1, corresponde na saída a |y|≤k2; em que k1 e k2 são
constantes reais e finitas.

g) Sistemas com realimentação (Feedback) – Num sistema com


realimentação a saída é reutilizada à entrada, para o controlo de erros,
sendo somada à entrada.

x(t) Sistema y(t)


T

Figura 2.1-29 Sistema com realimentaçã o

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1.4.2. Sistemas Lineares e Invariantes no Tempo (SLIT)

Os sistemas lineares e invariantes no tempo são muito importantes porque muitos


processos físicos podem se representados por este tipo de sistemas. Existem diferentes
métodos para a análise dos mesmos, destacando-se entre eles, o de análise pela
resposta ao impulso de Dirac (resposta impulsional).

1.4.2.1. Resposta de um SLIT a um impulso de Dirac


A resposta a um impulso de Dirac – resposta impulsional – de um SLIT é dada por:

h ( t )=T {δ ( t ) }

δ(t) h(t)
T

Figura 2.1-30 SLIT cuja entrada é impulso unitá rio

1.4.2.2. Resposta do SLIT a uma entrada arbitrária

Conforme dito anteriormente nas propriedades do impulso de Dirac, qualquer sinal


x(t) pode ser descrito como:


x ( t )= ∫ x ( τ ) δ ( t −τ ) dτ
−∞

Assim, para um sistema linear e invariante no tempo, tem-se que:

x(t) y(t)
T

Calculando y(t): y ( t ) =T {x ( t ) }, substituindo x(t) pela sua expressão, tem-se que:

{ }
∞ ∞
y ( t ) =T ∫ x ( τ ) δ ( t−τ ) dτ = ∫ x ( τ ) T {δ ( t−τ ) } dτ
−∞ −∞

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sabe-se que num sistema invariante no tempo, um deslocamento na entrada produzirá
o mesmo deslocamento na saída. Por isso é válido escrever que:

h ( t−τ )=T {δ ( t−τ ) }, substituindo na equação acima, obtém-se que:



y ( t ) =∫ x ( τ ) h(t −τ) dτ
−∞

Analisando esta expressão, conclui-se que um SLIT contínuo no tempo caracteriza-se


pela sua resposta ao impulso de Dirac, h(t), melhor caracterizado pela convolução.

1.4.2.2.1. Convolução - Integral de convolução

A convolução entre dois sinais contínuos define-se como:


y ( t ) =x ( t )∗h( t)= ∫ x ( τ ) h (t−τ )dτ
−∞

Logo, a resposta de um SLIT à uma entrada qualquer é a convolução da sua resposta


impulsional com essa entrada.
y ( t ) =x ( t )∗h(t )

δ(t) h(t)
T
x(t) y(t)=x(t)*h(t)

1.4.2.1.1. Propriedades da Convolução

1. Propriedade comutativa: x ( t )∗h (t )=h ( t )∗x (t )

2. Propriedade Associativa: { x ( t )∗h1 ( t ) }∗h2 ( t ) =x ( t )∗{ h1 ( t )∗h 2 ( t ) }

3. Propriedade Distributiva: x ( t )∗{h1 ( t ) +h2 ( t ) }=x ( t )∗h1 ( t ) + x ( t )∗h2 ( t )

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1.4.2.1.2. Algoritmo para resolver a integral de convolução

Os Passos para resolver a integral de convolução são:



y ( t ) =x ( t )∗h( t)= ∫ x ( τ ) h (t−τ ) dτ
−∞

Passo 1: Inverter a resposta ao impulso de Dirac, h(τ), no tempo, relativamente à


origem, para se obter h(-τ) e seguidamente transladá-la no tempo t, a fim de se obter:

h [ −( τ −t ) ] =h ( t−τ ) ; que é função de τ com parâmetro t.

Passo 2: Multiplicar ponto-a-ponto os sinais x(τ) e h(t- τ) para todos os valores de τ,


enquanto t estiver fixo num valor qualquer.

Passo 3: Integrar o produto x(τ)h(t- τ) para todos os valores de τ, afim de se obter y(t).

Passo 4: Fazer variar t de -∞ a +∞ e repetir os passos 1 a 3, a fim de se obter todos os


valores de y(t).
Concluindo, a integral de convulsão permite a obtenção da resposta no domínio de
tempo, para qualquer entrada, dos sistemas lineares e invariantes no tempo, SLIT,
conhecida a resposta destes a um impulso de Dirac. O método de calculo pode ser
analítico ou gráfico, como se pode ver no exemplo a seguir.

Para o caso de sistemas discretos, a abordagem é similar, porém as variáveis são


diferentes, ou seja:
1. passar h[n] e x[n] para h[k] e x[k].
2. Inverter h[k] para se obter h[-k]
3. Fazer o deslocamento no tempo afim de se obter h[n-k] da seguinte forma:
h [ −( k −n ) ] =h[n−k ]

4. Realizar a operação:

y [ n ] =x [ n ]∗h [ n ] = ∑ x [ k ] h[n−k ]
k=−∞

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Exemplo 1.5.1: Para um Sistema linear e invariante no tempo (SLIT) cuja resposta ao
impulso unitário é h ( t )=e−t u(t ), encontra através da convolução (métodos analíticos e
gráfico) a sua resposta no domínio de tempo se a entrada for x ( t )=u (t).
Dados
−t
h ( t )=e u(t ); x ( t )=u (t )
pretende-se: y ( t ) −?

Resolvendo primeiro pelo método analítico:


a) converte-se a variável t em :
x ( τ )=u(τ ); h ( t )=e−τ u(τ )

b) visto que a integral de convolução goza da propriedade comutativa, procura-


se o sinal mais simples para as ser transladado. Neste caso será o x(t).
a. Faz –se a reversão na origem:
x (−τ )=u (−τ )

b. Desloca-se no tempo: isto é: τ =τ −t :


x [−( τ−t ) ]=u[−( τ −t ) ]
x (t−τ )=u (t−τ )

c) Integração do produto: h(τ ) x (t−τ ) ao longo de todo o 


y ( t ) =∫ e u (τ )u (t−τ )dτ
−τ

−∞

As funções u(τ)u(t−τ) na integral, dão-nos a indicação dos limites de


integração, por isso devem ser retirados da integral. Neste caso integramos
de 0 (função degrau unitário) até qualquer valor t – , pois não é indicado o
limite superior:
t−τ
e−τ t−τ
y ( t ) = ∫ e dτ= ¿0 =−( e −e ) =1−e
−τ −(t−τ ) 0 −t +τ

0 −1
Na composição do resultado final, é preciso lembrar os limites impostos
pelo pulso unitário. Assim, a solução fica:
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y ( t ) =( 1−e−t +τ ) u (t)

Assumindo que t é qualquer valor no infinito:


y ( t ) =( 1−e−t ) u (t )
Resolvendo segundo pelo método gráfico
Desenhar os gráficos
−t
h ( t )=e u(t ) x ( t )=u (t)

h(t) x(t)
1 1

t t

Invertendo para a variável 

h() x()
1 1

Fazendo x(t-)
x(t-)

t-

1º Movimento t−τ< 0 ⟹t <τ

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t- 0
y(t)=0, pois não há interseção

2º Movimento t−τ> 0 ⟹t >τ

0 t-

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t −τ
y ( t ) =∫ e u ( t−τ ) dτ= ∫ e−τ dτ
−τ

e−τ t− τ
¿0 =−[ e −e ]=1−e
−(t−τ ) 0 −t +τ
y (t)=
−1

Na composição do resultado final, é preciso lembrar os limites impostos


pelo pulso unitário. Assim, a solução fica:
y ( t ) =( 1−e−t +τ ) u (t )

Assumindo que t é qualquer valor no infinito:


y ( t ) =( 1−e−t ) u (t)
Exemplo 1.5.2: Calcule e represente graficamente a saída de um sistema discreto
para os seguintes dados:

x [n ]= {0 , para1 ,3qualquer
≤n≤8
caso

h [ n ]= {0 , para1 , 4qualquer
≤ n ≤15
caso

a. Esboçar os gráficos de x[n] e h[n]

b. Mudança de x[n] e h[n] para x[k] e h[k]

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c. Escolher uma das funções e fazer as operações de inversão e deslocamento.
Neste caso o x[n] e femos as transformações para se obter x[n-k]

d. Fazer os movimentos e calcular y[n]

I. Primeiro movimento: n−3<4 ⟹ n<7

Nesta situação os blocos não se encontra, significando que não há convolução, ou


seja:
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y [ n ] =0 , se n<7

II. Segundo movimento: n−3 ≥ 4 ⋏ n−8< 4 ⟹ n ≥ 7 ⋏ n<12


7 ≤ n<12

∞ n−3 n−3
y [ n]= ∑ x [ n−k ] h[ k ]=∑ 1 x 1=∑ 1
k=−∞ k=4 k=4

Para fazer o somatório de 1, basta fazer a diferença entre o limite


superior e o limite inferior e adicionar 1. Assim:

n−3
y [ n ] =∑ 1=n−3−4+1=n−6
k=4

Ou seja:
y [ n ] =n−6 , se 7 ≤n< 12

III. Terceiro movimento: n−8 ≥ 4 ⋏ n−3 ≤ 15 ⟹n ≤ 12 ⋏ n ≤ 18


12 ≤n ≤ 18

n−3
y [ n]= ∑ 1=n−3−( n−8 ) +1=6
k=n−8

Ou seja:
y [ n ] =6 , se 12≤ n ≤ 18

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IV. Quarto movimento: n−3>15 ⋏ n−8 ≤ 15⟹ n>18 ⋏ n ≤23
18<n ≤ 23

15
y [ n]= ∑ 1=15−( n−8 ) +1=−n+24
k=n−8

Ou seja:
y [ n ] =−n+ 24 , se 18< n ≤23
V. Quinto Movimento: n−8>15 ⟹ n>23
n>23

Nesta situação os blocos não se encontra, significando que não há convolução, ou


seja:
y [ n ] =0 , se n>23

Compondo a solução final:

{
y [ n ] =n−6 , se 7 ≤ n<12
y [ n ] =6 , se 12 ≤n ≤ 18
y [ n]=
y [ n ] =−n+24 , se 18< n ≤23
0 , para todos os outros casos

o gráfico de y[n] é:

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1.5. Análise de Fourier para sinais e sistemas

A análise de Fourier permite estabelecer uma relação entre o domínios de tempo e


frequência na análise de sinais e sistemas.
Os sinais podem ser representados como séries exponenciais complexas, ou séries
trigonométricas, sob certas condições.
Por exemplo, qualquer sinal periódico e que obedeça as condições de convergência,
pode ser aproximado através de uma série infinita de sinusoides (senos e cossenos) de
frequências múltiplas da frequência fundamental e amplitudes distintas para cada um
deles – Teorias da Séries de Fourier.

1.5.1. Série exponencial complexa de Fourier

Seja um sinal x(t) periódico (de período T0). O sinal pode ser representado como:


x ( t ) =∑ C k e
− j 2 πk f 0 t

−∞

1
onde: f 0= → frequência fundamenta; CK – coeficientes complexos de Fourier,
T0
definidas como:

T0
2
1
C k= ∫ x (t)e− j 2 πk f t dt
T 0 −T
0

0
2

∫ ❑T → é integral em qualquer período


0

se k=0, tem-se que:

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T0
2
1
C 0= ∫ x (t)dt
T 0 −T 0
2

C0 – é o valor médio de x(t) durante o período, ou componente DC ou contínua de


x(t).

No caso do desenvolvimento de um sinal real periódico pela série harmónica de


Fourier, tem-se:


x ( t )=a0 +2 ∑ [a k cos ( 2 πk f 0 t ) +bk sen ( 2 πk f 0 t ) ]
k=1

onde:
T0 T0
2 2
1 1
a 0= ∫ x (t) dt , para k=0 ,
T 0 −T
a k= ∫ x (t)cos ⁡¿ ¿ e
T 0 −T
0 0
2 2

T0
2
1
bk= ∫ x (t)sen ⁡¿ ¿
T 0 −T 0
2

Nota: As formas exponenciais complexa e trigonométrica são


equivalentes.
x(t) só pode ser representado por uma série de Fourier se respeitar as condições de
convergência de Dirichlet, que são suficientes, mas não necessárias para a existência
da série de Fourier de um sinal. Com efeito, a série de Fourier pode existir mesmo
sem que haja satisfação das condições de convergência de Dirichlet, que são:

1. x(t) é absolutamente integrável em qualquer período, T0, ou seja,


T0
2

∫ |x ( t )|dt ¿ ∞
T0

2 .
2. x(t) tem um número finito de máximos e mínimos em qualquer intervalo de
tempo finito t.
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3. x(t) tem um número finito de descontinuidades em qualquer intervalo finito t,
e cada uma dessas descontinuidades é também finita.

1.5.2. Representação de sinais no domínio de frequência – espectros de


amplitude e fase

Os coeficientes exponenciais de Fourier podem tomar a forma:

ϕk
C k =¿ C k ∨e
|Ck| - o gráfico do |Ck| é uma função de frequência e chama-se espectro de amplitude
do sinal x(t) – são linhas contínuas que só aparecem em frequências discretas kf 0,
porque k só assume valores inteiros, gerando espectro de linhas.
ϕk – O gráfico de ϕk em função de frequência é chamado espectro de fase – linhas
contínuas que só aparecem em frequências discretas kf0, porque k só assume valores
inteiros, gerando espectro de linhas.

Exemplo: Seja u m sinal dente de serra.

x(t)

-A

Figura 2.1-31: Sinal dente de serra no domínio de tempo

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Espectro de Amplitude

ϕk

900
Espectro de fase
-3f0
- f0 3f0
f0 |CK|
-2f0 2f0 f

-900

Figura 2.1-32: Espectro de amplitude do sinal dente de serra

-3f0 -2f0 -f0 f0 2f0 3f0 f

Figura 2.1-33: Espectro de fase do sinal dente de serra

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1.5.3. Potência de um sinal periódico

Como dito anteriormente, a potência de um sinal x(t) periódico é:

T0
2
1
P= ∫
T 0 −T
¿ x 2 ( t ) ∨dt
0
2

se x(t) pode ser representado no domínio de frequência, isto é, pelas séries de Fourier,
a potência pode ser escrita de acordo o teorema de Parseval:

T0
2 ∞
1
P= ∫ ¿ x ( t ) ∨dt= ∑ ¿ Ck ∨¿ ¿
2 2
T 0 −T 0
k=−∞
2

esta expressão chama-se igualdade de Parseval.

1.5.4. Transformada de Fourier

É utilizada para representar sinais não periódicos, como um caso particular das séries
exponenciais complexas de Fourier. Define-se como:


X ( f )=F { x ( t ) }= ∫ x (t) e
− j 2 πft
dt
−∞

como ω=2 πf , Assim:


X ( ω )=F {x ( t ) }= ∫ x (t)e
− jωt
dt
−∞

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1.5.4.1. Transformada inversa de Fourier

A transformada inversa de Fourier tem como finalidade, converter um sinal que esteja
no domínio de frequência para o domínio de tempo.


x (t)=F {X ( f ) }= ∫ X (f )e
−1 j 2 πft
df
−∞

ou simplesmente:


1
−1
x (t)=F {X ( f ) }= ∫
2 π −∞
jωt
X (ω) e dω

Par transformada de Fourier

x (t) ⟷ X ( f )

X ( f )=F { x ( t ) }; x (t)=F−1 {X ( f ) }

espectro de Fourier (Amplitude e fase)

jϕ (f )
X ( f )=¿ X ( f )∨e

|X(f)| - espectro de Amplitude de x(t)

ϕ(f) – Espectro de fase de x(t)


Se x(t) é real, então


X (−f )=F { x ( t ) }=∫ x ( t ) e j 2 πft dt ⟹ X (−f )= X ¿ ( f )
−∞

Assim: | X (−f )|=¿ X ( f ) e ϕ ( f )=−ϕ( f )


A transformada de Fourier, similarmente às séries exponenciais complexas de Fourier,
pode existir se o sinal satisfazer as condições de convergência de Dirichlet.
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Exemplo 1.5.4.1: Sinal pulso rectangular

x(t)

Figura 2.1-34: Sinal pulso rectangular

{
T T
x ( t )= Arec ( )
t
T
=
A ,− <t <
2 2
0 fora do intervalo

Determinado a função de transferência do sinal:

T
2

X (f )= ∫ A e− j 2 πft dt = AT ¿ ¿
−T
2

sen(πx )
A função sinc expressa-se por sinc ( x ) = , assim”
πx

X (f )= ATsinc (fT )

Figura 2.1-35: Função sinc

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Figura 2.1-36: Espectro de fase da funçã o sinc

1.5.4.2. Propriedades da transformada de Fourier

As propriedades da transformada de Laplace são importantes para a simplificação de


cálculos com transformada de Fourier

1. Linearidade
a x 1 ( t ) +b x 2 ( t ) ⟷ a X 1 ( f ) +b X 2 ( f )

onde a e b são constantes

2. Deslocamento no tempo

x ( t−t 0 ) ⟷ e− j2 πf t X ( f )
0

3. Deslocamento na frequência

e− j2 πf t x ( t ) ⟷ X ( f −f 0 )
0

4. Compressão/ expansão (escalonamento no tempo)

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1 f
x ( at ) ⟷ x( )
|a| a
5. Dualidade

x ( t ) ⟷ X ( f ) ⟺ x(t )⟷ X (−f )

6. Diferenciação
a) no tempo:

dx (t)
⟷ j2 πfX (f )
dt

b) na frequência:

dX (f )
− j2 πfx (t)⟷
df

7. integração no tempo

X (0)
∫ x ( τ ) dτ ⟷ j 21πf X (f )+
2
δ (f )
−∞

8. Convolução no tempo

x 1 ( t )∗x 2 (t ) ⟷ X 1 ( f ) X 2 ( f )

9. Multiplicação no tempo

x 1 ( t ) x 2 ( t ) ⟷ X 1 ( f )∗X 2 ( f )

10. Funções conjugadas

¿ ¿
x (t ) ⟷ X (f ) ⟹ x (t )⟷ X (f )

x ( t )=x p ( t ) + x i ( t ) , se X ( f )= A ( f )+ B ( f ), então:

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X (−f )= X ¿ (−f )

onde:
x p ( t ) ⟷ ℜ { X ( f ) } =A ( f )
x i ( t ) ⟷ jIm { X ( f ) }=B(f )

11. Relação de Parseval

∞ ∞

∫ x 1 ( λ ) x 2 ( λ ) dλ=∫ X 1 ( λ ) X 2 ( λ ) dλ
−∞ −∞

∞ ∞

∫ x 1 ( t ) x2 ( t ) dt= ∫ X 1 ( f ) X 2 (−f ) df
−∞ −∞

∞ ∞

∫ ¿ x ( t )∨¿2 dt= ∫ ¿ x ( f )∨¿ 2 df ¿ ¿


−∞ −∞

12. Área sob x(t)

∫ x (t) dt=X (0)


−∞

13. Área sob X(f)


X ( 0 ) =∫ X (f )df
−∞

14. Teorema de Rayleigh de Energia

∞ ∞

∫ ¿ x ( t )∨¿ dt= ∫ ¿ x ( f )∨¿ df ¿ ¿


2 2

−∞ −∞

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1.5.5. Transformada de Laplace

As transformadas de Laplace são importantes na análise de sistemas dinâmicos por


reduzem as equações diferenciais a simples polinómios.

A transformada de Laplace define-se como:


X ( S )=L { x ( t ) } =L ( S ) =∫ x(t) e
−st
dt
0

A transformada inversa de Laplace define-se como:

σ+j∞
1
x ( t )=L { X ( s ) } =
−1

2 πj σ − j ∞
st
X (S)e ds

No anexo encontram-se as tabelas de Laplace de alguns sinais elementares.

1.5.6. Resposta em frequência de Sistemas Lineares e Invariantes no Tempo (SLIT)


contínuos no tempo

Sabe-se que a resposta de um SLIT à uma entrada qualquer x(t) é:

y ( t ) =x ( t )∗y (t )
De acordo com a propriedade de convolução no tempo, pode se dizer que:

x (t) ⟷ X ( f ) ; y (t)⟷ Y (f ) ; h( t)⟷ H (f )

Y ( f ) =X ( f ) H (f )

Assim, a resposta em frequência do sistema, H(f), é dada por:

Y (f )
H (f )=
X (f )
H(f) – é grandeza complexa, logo:
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jθ H (f )
H ( f ) =¿ H ( f )∨e – representa espectro de frequência e de amplitude do sinal.

Representação em diagramas de blocos:

SLIT

Se

j θ X (f )
X ( f )=¿ X ( f )∨e

j θY (f )
Y ( f ) =¿ Y ( f )∨e

então: ¿ Y ( f ) ∨¿∨ X ( f )∨¿ H ( f )∨¿ e θY ( f ) =θ X ( f )+ θH ( f )

1.5.7. Análise de Sistemas de primeira e segunda Ordem

Os sistemas dinâmicos e invariantes no tempo podem ser descritos por equações


diferenciais lineares. Geralmente, recorre-se à função de transferência destes sistemas
para a sua análise.
A função de transferência descreve-se pela seguinte expressão:

m m−1 m−2
Y ( S) S + b1 S + b2 S + …+bm −1 S +bm
G ( S )= =K n n−1 n−2
X ( S) S + a1 S + a2 S + …+ an−1 S +an

Assim, G(S) é um polinómio de ordem n, cujo denominador é composto de produtos


de termos da primeira e segunda ordem, representando pelos reais e complexos e
complexos de G(S)

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Uma decomposição de G(S) em termos da primeira e segunda ordem pode se escrever
como:

h=mr i=mc

∏ (S+ z h )∏ (S + z i)(S+ z i )
h=1 i=1
¿

G ( S )=K j=nr k=nc

∏ (S+ p j )∏ (S + pk )(S + p¿k )


j =1 k=1

j=nr
A j k=n r
B k + SC k
⟹ G ( S ) =∑ +∑
j=1 S+ p j k=1 (S+ ℜ { pk } )2+ ℑ2 { pk }

Em que:
Ai, Bk e Ck – São resíduos que se obtém pelo método de fracções de parciais

zh – Zeros reais
pj – Pólos reais
zi e zi* - zeros complexos e seus conjugados
pk e pk* - polos complexos e seus conjugados

mr – é o número de zeros reais da função da transferência, G(S).


nr – é o número de polos reais da função da transferência, G(S).
mc – é o número de zeros complexos de função da transferência, G(S)
nc – é o número de polos complexos da função da transferência, G(S)

Assim, o número de zeros de G(S) calcula-se como:


nc
m=mr +
2
e o número de polos de G(S), calcula-se como:
nc
n=nr +
2

Presentando por meio do diagrama de blocos:

X(S)
© 2020 – Eng. Arlindo D. Mondlane – apontamentos em elaboração – carecem de revisão Y(S)
46
K

Figura 2.1-37: Sistema de ordem decomposto em parcelas da primeira e segunda ordem


Se se fizer uma representação do mesmo sistema em termos de termos de primeira e
segunda ordem fica:

X(S)

Y(S)

Figura 2.1-38: Sistema dinâ mico decomposto em parcelas de primeira e segunda ordem

1.5.7.1. Grau relativo dos sistemas

O grau relativo de sistemas dinâmicos define-se como sendo a diferença entre o


número de polos e de zeros pressentes na sua respectiva função de transferência, isto
é, n – m.

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Observação;

1. Se n>m, a função de transferência chama-se própria, e é fisicamente


realizável.
2. Se n<m, a função de transferência chama-se imprópria, e é fisicamente
irrealizável.
3. De n=m, a função de transferência chama-se estritamente própria.

1.5.7.2. Ganho DC dos sistemas dinâmicos

O Ganho DC é um valor constante e obtém-se estabelecendo a reação entre o sinal de


saída quando atinge o regime estacionário e o sinal de entrada.

Seja um sistema descrito pela seguinte função de transferência já passada para o


domínio de frequência (transformada de Laplace):

Y ( S)
G ( S )=
X (S)

Y(S) – é a saída do sistema, e X(S) – é a entrada do sistema

Admitindo que no regime estacionário, Y(S) é constante, e a entrada é também


constante, o ganho DC pode ser determinado com recurso ao teorema do valor final.
Assim:

lim y ( t )= lim SY ( S)
t⟶∞ S⟶0

Da expressão da função de transferência, resulta que: Y ( S )=G ( S ) X ( S)

Assim: lim y ( t )= lim SG(S) X ( S)


t⟶∞ S⟶0

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Seja o sinal de entrada um salto unitário (respeita-se a suposição de entrada
constante):
x ( t )=u ( t ) ,isto é , x ( t )=1 , se t >0

1
A transforma de Laplace da entrada é: X ( S )=
S

Neste caso, o valor final do sistema será:

y (∞)= lim G(S )


S⟶0

e o Ganho DC será:
y ( ∞)
Ganho DC = = y ( ∞ ) ∀ t >0
x (∞)

Já que o valor de x(t) é constante e é igual a 1.

1.5.7.3. Análise de sistemas da primeira ordem

Há vários tipos de sistemas dinâmicos, desde mecânicos, químicos, elétricos, etc.


Considere-se para este caso um sistema elétrico, concretamente, um circuito RC em
série representado na figura a baixo.

vo(t)
vi(t) i(t)

Figura 2.1-39: Circuito R-C em série

A equação do circuito é: v i (t )=v R (t )+v o (t )

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Observando o circuito conclui-se que a tensão de saída, eo, é igual à tensão do
capacitor, ec. Assim, pode se escrever:
1
v o ( t )=v c ( t )=
C
∫ i ( t ) dt

Determinando a expressão da corrente em ordem a tensão de saída, tem-se que:

1 d v o (t)
v 0 ( t )=
C
∫ i ( t ) dt ⟹ i ( t )=C
dt

Similarmente, a expressão de tensão na resistência é: v R ( t ) =i ( t ) R .

Tendo em conta a expressão da corrente acima determinada, da tensão na resistência e


no capacitor, a equação do circuito pode ser reescrita como:
vi ( t )=i ( t ) R+ v o (t ), e substituindo a corrente pela sua expressão, obtém-se:

d v o (t)
vi ( t )=RC + v o (t )
dt

Chagou-se a uma equação do circuito que relaciona a entrada e a saída.

Transformando a equação para o domínio de Laplace, obtém-se:

d
vi ( t)⟶ V i (S); v o (t)⟶V o (S) ; ⟶S
dt

E a expressão equação final fica:

V i ( S )=RCS V o ( S )+V o ( S )
o passo seguinte, consiste em desenvolver algebricamente a equação do sistema de
V o (S)
modo a se obter a relação entre o sinal de saída e o sinal de entrada, isto é,
V i (S )
Assim:

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V o ( S) 1
V i ( S )=V o ( S ) ( RCS+1 ) ⟹ =
V i ( S ) RCS+1
V o (S ) 1
o quociente = é precisamente a função de transferência do circuito RC
V i ( S ) RCS +1
, ou seja:

V o (S) 1
G ( S )= =
V i ( S ) RCS+1

Fazendo desenvolvimentos algébricos adicionais:

1 1
V (S ) 1 RC RC
G ( S )= o = x =
V i ( S ) RCS +1 1 RC 1
S+
RC RC RC

1
V o( S) RC
⟹ G ( S)= =
V i( S) S + 1
RC

1
RC
G ( S )=
1
S+
RC

d v o (t )
Visto que a equação diferencial vi ( t )=RC + v o (t ) é da primeira ordem, o que
dt
significa que o circuito RC é um exemplo de um sistema da primeira ordem, pode se
generalizar que os sistemas da primeira ordem têm uma função de transferência do
tipo:
Y ( S) k
G ( S )= =
X ( S ) S+ p
De uma comparação directa entre forma geral do sistema da primeira ordem e a
equação que relaciona a entrada e saída do circuito RC, pode se concluir que:
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1 1
k= ; p= ; Y ( s )=V o (S) e X ( s )=V i (S)
RC RC

Desta análise, o que se pretende mesmo é a resposta do sistema no domínio do tempo.


Contudo, a análise no domínio da frequência é o caminho fácil para se chegar a esse
desiderato.
Para a análise, considera-se que a entrada do sistema é um degrau unitário, ou seja:
x ( t )=1 V , por exemplo. A transformada de Laplace de x(t) será:

1
X ( S )=
S
Por outro lado, se a função de transferência do sistema descreve-se como:
Y ( S)
G ( S )= , então a saída do sistema será:
X (S )

Y ( S )=X ( S ) G( S)
Substituindo pelos valores:

1 k
Y ( S )=X ( S ) G ( S )= .
S (S + p)

Desenvolvendo esta expressão pelo método das fracções parciais tem-se que:
k A B
Y ( S )= = +
S ( S+ p) S S +p

em que A e B são coeficientes ou resíduos, cujos valores são a seguir calculados:

k A ( S+ p ) + BS
Y ( S )= =
S (S+ p) S(S+ p)
Simplificando o denominador:
k = A ( S + p ) +BS
Para o cálculo de A e B, deve-se testar valores de S que possibilitem anular uma das
parcelas e, desta forma, calcular se os coeficientes:

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k
para S=0: k = A ( 0+ p ) + Bx 0 ⟹ k= Ap ⟹ A=
p
k k k
Para S=1: k = A ( 1+ p )+ Bx 1 ⟹ k= ( 1+ p ) + B ⟹ k= + xp+ B
p p p
k −k
k = +k + B ⟹ B=
p p

k −k
Então os valores de A e B são: A= e B=
p p

Substituindo estes valores na expressão de Y(S), tem-se que:

k −k
p p
Y ( S )= +
S S+ p

Da tabela das transformadas de Laplace, pode se achar as transformadas inversas de


Y(S), ou seja:

k k k
y ( t ) =L−1 [ Y ( s ) ]= − e− pt = (1−e− pt )
p p p

k −pt
y ( t ) = (1−e )Esta é a resposta em tempo da saída do sistema da primeira ordem,
p
que sem se recorrer a transformada de Laplace, requeria a resolução da equação da
primeira ordem, isto é, encontrar a solução própria e a solução homogénea de pois
somar as duas.
É possível calcular parâmetros da resposta em tempo do sistema da primeira ordem,
nomeadamente:
a. Valor do regime y(t) – Calcula-se através do teorema do valor final:

k 1 k k
y ( ∞ )=lim SX ( S ) =lim Sx x =
S →∞ S+ p S →∞ S S+ p p

b. Ganho DC:
k k
Ganho DC =lim GS= lim =
S→∞ S→∞ S+ p p
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c. Constante de tempo () – nos sistemas da primeira ordem, constante de tempo
é o valor do tempo para o qual o expoente da parcela exponencial da saída é
igual a unidade. Matematicamente:

1
e−(p . t ) ⟶ p . τ=1 ⟹ τ=
p
1
τ=
p

Substituindo  na expressão de y(t), pode se encontrar o valor correspondente de


saída, ou seja:
k k k
y ( τ )= ( 1−e− pτ )= ( 1−e−1 ) ≈ 0.632
p p p

Conclusão: A constante de tempo de um sistema da primeira ordem é o valor de


tempo necessário para que a saída do sistema atinja aproximadamente 63% do seu
valor final (valor do regime estacionário).

Graficamente pode se representar a saída do sistema e ilustrar-se os parâmetros, como


ilustra a figura seguinte:

Figura 2.1-40: Resposta no domínio do tempo do sistema da primeira ordem

1.5.7.4. Análise de sistemas da segunda ordem

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Há vários tipos de sistemas dinâmicos, desde mecânicos, químicos, elétricos, etc.
Considere-se para este caso um sistema elétrico, concretamente, um circuito RLC em
série representado na figura a baixo.

ei(t) eo(t)
i(t)

Figura 2.1-41: Circuito R-C-L em série

A equação do circuito é: e i (t )=v R (t )+v L (t )+e o (t )

Observando o circuito conclui-se que a tensão de saída, eo, é igual à tensão do


capacitor, ec. Assim, pode se escrever:
1
e o ( t ) =v c ( t )=
C
∫ i ( t ) dt

Determinando a expressão da corrente em ordem a tensão de saída, tem-se que:

1 d e ( t)
e 0 ( t )=
C
∫ i ( t ) dt ⟹i ( t )=C o
dt

di (t )
Similarmente, as expressões de tensão na resistência e bobina são: v L ( t )=L e
dt
v R ( t ) =i ( t ) R .

Tendo em conta a expressão da corrente acima determinado, de tensão na resistência e


no capacitor, a equação do circuito pode ser reescrita como:

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di(t )
e i ( t )=i ( t ) R+ L +e o (t ), e substituindo a corrente pela sua expressão, obtém-se:
dt

2
d eo (t) d e o (t)
e i ( t )=RC + LC + e o (t)
dt dt

Chagou-se a uma equação do circuito que relaciona a entrada e a saída.

Transformando a equação para o domínio de Laplace, obtém-se:

2
d d 2
e i (t)⟶ E i (S) ; e o (t) ⟶ Eo ( S); ⟶S e ⟶S
dt dt
2

E a expressão equação final fica:

2
Ei ( S )=RCS Eo ( S ) + LC S E o ( S )+ E o ( S )
o passo seguinte, consiste em desenvolver algebricamente a equação do sistema de
Eo (S)
modo a se obter a relação entre o sinal de saída e o sinal de entrada, isto é,
Ei (S)

Assim:
Eo ( S ) 1
Ei ( S )=E o ( S ) ( LC S2 + RCS +1 ) ⟹ =
Ei ( S ) LC S + RCS +1
2

Eo ( S ) 1
o quociente = é precisamente a função de transferência do
Ei ( S ) LC S + RCS+1
2

circuito RLC , ou seja:

Eo ( S ) 1
G ( S )= =
Ei ( S ) LC S + RCS +1
2

Fazendo desenvolvimentos algébricos adicionais:

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1 1
E (S ) 1 LC LC
G ( S )= o = x =
Ei ( S ) LC S + RCS+1 1
2
LC 2 RC
S+ S+
1
LC LC LC LC
1
E (S ) LC
⟹ G ( S) = o =
E i ( S ) S2 + R S+ 1
L LC

Resolvendo o denominador (equação quadrática) em ordem a S, tem-se que:

R
S2 + S +
L
1
LC
=0 ⟹ S 1 =
2
−R
L
R 2
± ( ) −4
L
2
√ 1
LC

desenvolvendo, obtém-se as soluções seguintes:

S1=
−R
2L
+

CR 2−4 L
2
4L C
e S 2=
−R
2L


CR 2−4 L
2
4L C

Analisando o resultado, conclui-se que se está perante uma situação em que existem
dois polos e num zero.

Cálculo do ganho DC
1
LC
Ganho DC = lim G( S)= lim =1
S⟶0 S⟶0 2 R 1
S + S+
L LC

O valor do sinal em regime estacionário para uma entrada constante de amplitude


unitária.
e i ( ∞ )=Ganho DC . ei ( ∞ )=1

Também pode se calcular o ganho pelo teorema do valor final. Para tal considera-se
uma entrada de 1V.

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1
1 LC
x (∞ )= lim S Ei ( S) G(S )= lim S =1
S⟶0 S⟶0 S 2 R 1
S + S+
L LC
A presentação gráfica do sinal é:

Figura 2.1-42: Saída do sistema da segunda ordem

Para uma análise em termos de resposta, considere-se o sistema de segunda ordem


descrito na forma geral pela seguinte função de transferência:

K
G ( S )=
(S+ p1 )(S + p2)

Uma comparação directa com o circuito RLC em análise, leva a seguinte constatação:

K=
1
LC
; p 1=
−R
2L
+

CR 2−4 L
2
4L C
e p2 =
−R
2L

CR 2−4 L
2
4L C √
Daqui pode se concluir que podemos ter os seguintes casos de polos:

CR 2−4 L
1- Polos reais, se 2
>0
4L C
2
CR −4 L
2- Polos complexos, se ≤1
4 L2 C
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1.5.7.4.1. Primeiro Caso: Polos reais e diferentes

O sistema pode ser descrito no domínio de frequência, considerando, por exemplo,


uma entrada unitária. Assim:

1
e i ( t )=1 V ⟹ E i ( S )=
S

A saída será:

1 K
E o ( S ) = Ei ( S ) . G ( S )= x
S ( S+ p1 )(S + p2)

Usando o método de fracções parciais para a decomposição da expressão acima, tem-


se que:

1 K A B C
Eo ( S )= x = + +
S (S+ p1 )( S+ p 2) S (S + p 1) (S + p2)

desenvolvendo algebricamente a expressão:

K A ( S + p 1 )( S+ p 2 )+ BS ( S+ p 2) +CS (S + p1)
=
S (S + p1)( S+ p 2) S ( S+ p1 )( S + p 2)

⟹ K= A ( S+ p1 ) ( S+ p2 ) + BS ( S+ p2 ) +CS(S+ p 1)

Para se encontrar os valores dos coeficientes residuais A, B e C, escolhe-se valores


possíveis de S, e vai se calculando os resíduos, ou seja:

K −K −K
A= ; B= e C=
p1 p 2 p1 ( p2 − p1 ) p 2( p 1− p2)

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Generalizando o caso, isto é, considerando uma entrada qualquer x(t) e saída y(t), a
saída fica:

k −k −k
p1 p2 p1 ( p2− p1 ) p2 ( p1− p2 )
Y ( S )= + +
S S + p1 S + p2

Para se obter a saída do sinal no domínio de tempo, basta que determine a transforma
inversa de Laplace de Y(S).

y ( t ) =L
−1
{ X ( S ) G ( S ) }=L−1 { Y ( S ) }

k k −p t k −p t
y (t)= − e − 1
e 2

p1 p 2 p1 ( p 2− p1 ) p 2( p 1−p 2)

Analogamente aos sistemas da primeira ordem, pode se calcular outros parâmetros,


como:
1- Valor final de y(t):
Considerando que a entrada do é x(t)=1V:
1 k k
y ( ∞ )=lim SX ( S ) G(S)=lim S =¿ ¿
S →0 S→0 S (S+ p1 )(S + p 2) p 1 p2
2- Ganho DC
k k
Ganho DC =lim G( S)=lim =¿ ¿
S→0 S→0 ( S+ p1 )(S + p2) p1 p2

1.5.7.4.2. Segundo Caso: Polos reais e iguais

p1 = p2 = p

Assim:

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1 K A B C
Y ( S )=X ( S ) G(S)= x = + +
S ( S+ p)(S+ p) S (S+ p) S+ p
2

Pelo método de fracções os coeficientes A, B e C são:

k −k −k
A= 2 ; B= e C= 2
p p p

A resposta Y(S) toma a forma:

k k k
2
p p p2
Y ( S )= − −
S ( S+ p )2 S + p

achando a transformada inversa de Laplace:

y ( t ) =L−1 { X ( S ) G ( S ) }=L−1 { Y ( S ) }

k k − pt k − pt
y (t)= − te − 2 e
p2 p p

A análise é análoga a do caso de polos reais e diferentes.


Caso de Polo dominante – No caso em que um dos polos tem a constante de tempo, τ,
muito menor que a do outro (τ1<< τ2), diz-se que este polo é dominante e o sistema
pode ser aproximado ao da primeira ordem da seguinte forma:

K K
G ( S )= ≈
(S+ p1 )(S + p2) p1 ( S+ p2 )

1.5.7.4.3. Terceiro Caso: Polos complexos

K α ω2
G ( S )= = 2
(S+ p1 )(S + p2) S +2 ξ ω n S+ ωn2

Onde:

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α – Ganho DC
ξ – Factor de amortecimento do sistema
ωn – Frequência natural do sistema

Indo ao caso particular do circuito RLC e fazendo uma comparação Directa, conclui-
se que:

1
E (S ) LC αω
2
G ( S )= o = = 2
Ei ( S ) S 2+ R S+ 1 S + 2ξ ωn S +ω n2
L LC
α=1 – como se provou pelos cálculos.
2
ωn =
1
LC
⟹ ω n=

1
LC
R R R
2 ξ ω n= ⟹ ξ= =


L 2 L ωn L
2
C
Os polos da função descrevem-se como:

p1=−ξ ω n+ ωn √ ξ −1 p2=−ξ ω n−ω n √ ξ −1


2 2
e

Pode-se ver que estes polos são complexos conjugados no intervalo -1< ξ<1

Frequência amortecida do sistema em rad/s:

ω d=ωn √ 1−ξ 2

No intervalo 0< ξ<1, os polos estão localizados na parte esquerda do plano esse e se
escrevem como:

p1=−ξ ω n+ j ωd e p2=−ξ ω n− j ω d

representando no plano esse:

Plano S
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d
Localização dos polos no plano S

Onde: d=ωn e θ=arccos ⁡(ξ )


A resposta do sistema é:

2 2
1 α ωn α ωn
Y ( S )=X ( S ) . G ( S ) = =
S S +2 ξ ωn S+ ωn S (S ¿¿ 2+2 ξ ω n S+ ωn2)¿
2 2

α ωn2
Y ( S )=
A BS+C
S ( S ¿ ¿ 2+2 ξ ω n S+ ωn )= + ¿
S (S ¿ ¿ 2+ 2ξ ωn S)2+ ωn2 ¿

Calculando os coeficientes (resíduos) pelo método de fracções parciais, tem-se que:

A=α ; B=−α e C=−2 αξ ωn ; e reescrevendo a expressão de Y(S):

α S +2 ξ ω n
Y ( S )= −α
S 2 2 ξ ωd
( S ¿ ¿ 2+2 ξ ω n S) +ω n −α ¿
√1−ξ 2 2 2
(S ¿ ¿ 2+2 ξ ω n S) +ωn ¿

Para se obter y(t) basta que se calcule a transformada inversa de Laplace de Y(S)

y ( t ) =α ¿
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Ou ainda:

−ξ ωnt ξ
y ( t ) =(α −α e )[cos ( ωd t )− sen ( ω d t ) ]
√ 1−ξ 2

O Valor do regime final do sistema é:


2
α ωn
Ganho DC =lim G( S)=lim 2

S→0 S→0 S +2 ξ ωn S +ω n

Graficamente, a resposta no tempo, y(t) do sistema está representado na figura abaixo.

Figura 2.1-44: Resposta de um sistema da segunda ordem com os parâ metros


indicados

1.5.7.4.4. Cálculo
dos parâmetros relevantes da resposta no domínio do tempo de um
sistema

1. Tempo de subida – tr
O tempo de subida (raise time) é o tempo necessário para que a saída do
sistema atinja 100% do valor final.

π−arccos ⁡(ξ)
t r=
ωd

2. Tempo de pico – tp

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O tempo de pico (peak time) é o tempo necessário para que a saída atinja o seu
valor máximo.

π
t p=
ωd

3. Sobressinal máximo ou sobre-elevação – Mp


O Sobre – sinal máximo (Maximum peak) é o valor máximo que a saída
alcança em relação ao valor do regime permanente.

−ξπ
√ 1−ξ2
M p=e

4. Tempo de estabilização – ts
O tempo de estabilização (settling time) é o tempo necessário para que a saída
alcance e permanece no regime estacionário. O valor do tempo de
estabilização é percentual e depende do nível de precisão (erro) assumido.

4
Para um erro de 2%: t s=
ξ ωn

3
Para um erro de 5%: t s=
ξ ωn

1.5.7.4.5. Representação de sistemas por diagrama de blocos

Um sistema pode ser representado por diagrama de blocos de acordo com a


sua expressão matemática característica.

X(S) Y(S)
G(S)

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Y (S)
G ( S )= ⇒ Y ( S )=G ( S ) . X ( S)
X ( S)

1.5.7.4.5.1. Se os blocos estiverem em cascata

X(S) I(S) Y(S)


G1(S) G2(S)

Figura 2.1-45: Sistemas em cascatas

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I ( S)
Para o primeiro bloco: G1 ( S )=
X ( S)
I (S)
Para o segundo bloco: G 2 ( S )=
X (S)
Das expressões acima pode se fazer um seguinte sistema de equações:

{I ( S )=G1 ( S ) . X ( S )
Y ( S )=G2 ( S ) . I ( S )
⟹ {−¿ Y ( S )=G2 ( S ) . G1 ( S ) . X ( S ) ⟹

Y ( S)
G ( S )= ⇒Y =G 1 ( S ) . G2(S)
X (S)

1.5.7.4.5.2. Somador

X1(S)

Y(S)
X2(S)

Xn(S)

Figura 2.1-46: Representaçã o de um somador

Y ( S )=X 1 ( S ) + X 2 ( S ) + X n ( S )

1.5.7.4.5.3. Detector de Erro

X(S) E(S)

B(S)
© 2020 – Eng. Arlindo D.Figura
Mondlane – apontamentos
2.1-47: em elaboração – carecem de revisão
Detector de Erro 67
E ( S )= X ( S )−B ( S )

1.5.7.4.5.4. Sistemas com realimentação

X(S) E(S) Y(S)


G1(S)

Y(S)

Figura 2.1-48: Sistema com realimentaçã o

Escrevendo as equações do sistema:

{ E ( S )=X ( S)−Y (S ) ⟹ −−−−¿ Y ( S )=G ( S ) .[ X ( S )−Y ( S ) ]⟹


Y ( S )=G 1 ( S ) . E( S)
{ 1

{−−−−¿ Y ( S )=G1 ( S ) . X ( S )−G1 (S)Y ( S ) ⟹ {−−−−¿ Y ( S ) [1+G1 ( S ) ]=G 1 ( S ) . X ( S )

conclui-se que:

Y ( S) G1 (S )
G ( S )= =
X ( S) 1+G1 (S)

1.5.7.4.5.5. Seja o caso em que a função de transferência do ramo de


realimentação é diferente de 1

X(S) E(S) Y(S)


G1(S)

B(S)

H(S)
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Figura 2.1-49: Sistema com ramo de realimentaçã o diferente de unidade
{
E ( S )=X ( S )−B( S)
Y ( S )=E ( S ) . G1 (S ) ⟹¿
B ( S )=Y ( S ) . H ( S)

{−−−¿ Y ( S ) [1+ H ( S¿) G ( S ) ]=X ( S ) G (S)¿−−−−¿


1 1

conclui-se que:

Y ( S) G1 (S)
G ( S )= =
X (S) 1+ H ( S ) .G1 ( S)

As outras considerações sobre manipulação de diagramas em bloco podem ser vistas


no anexo 1.

Exemplo 1.5.7.4.5.1: Exemplo de representação de sistemas por diagramas em


blocos:
1- Sistema da segunda ordem: Circuito R-L-C (Resistência, bobina e
condensador)

ei(t) eo(t)
i(t)

Figura 2.1-50: Circuito R-C-L

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A equação do circuito é: e i (t )=v R (t )+v L (t )+e o (t )
Desenvolvendo a expressão, tem-se que:

di (t ) di( t)
e i ( t )=i ( t ) R+ L +e o ( t ) ⟹ ei ( t )−e o ( t )=i ( t ) R+ L
dt dt

Passando para o domínio S:

Ei ( S )−E o ( S )=I ( S)( R+ LS)

daqui, pode se escrever a expressão da corrente eléctrica:

E i ( S )−E o ( S )
I ( S)=
R+ LS

por outro lado, a equação da variável de saída é:

1
e o ( t ) =v c ( t )=
C
∫ i ( t ) dt

Passando para o domínio S:


I (S )
Eo ( S )=
CS

Estas duas expressões são utilizadas para a elaboração do diagrama de blocos da


seguinte forma
E i ( S )−E o ( S )
1- Para a obtenção da corrente tem-se que: I ( S) =
R+ LS

Ei(S) Ei(S) - Eo(S) I(S)

Eo(S)
© 2020 –Figura
Eng. 2.1-51:
ArlindoRepresentaçã
D. Mondlaneo –doapontamentos em elaboração – carecem de revisão
detector de erro e da corrente do circuito RLC 70
I (S )
2- Para a obtenção de saída tem se que: Eo ( S )=
CS

I(S) Eo(S)

Figura 2.1-52: Geraçã o da saída através de I(S)

3- Combinando os dois diagramas tem-se que:

Ei(S) Ei(S) - Eo(S) I(S) Eo(S)

Eo(S)

Figura 2.1-53: Diagrama de blocos do circuito RLC

© 2020 – Eng. Arlindo D. Mondlane – apontamentos em elaboração – carecem de revisão 71


2. Transmissão Analógica em Banda Base

2.1. Introdução

Transmissão em banda base refere-se aquela que usa sinais passa-baixas, isto é, sinais
cuja frequência está centrada está centrada na origem até algum nível de frequência. O
seu conteúdo é limitado por |f|<W. A comunicação em Banda Base (BB) aplica-se à
instalações com fios e cabos de curta distância.

2.2. Transmissão de sinais através de sistemas lineares


Podem ser tomados como exemplos de sistemas lineares, os filtros e canais de
comunicação que operem na sua região linear. Concretamente, filtros são dispositivos
cuja função é selecionar frequência, usados para limitar o espectro de um sinal à
alguma faixa de frequência.

A definição da resposta no tempo de um sistema linear foi vista no tema 1, e de forma


resumida é:

δ(t) h(t)
T
x(t) y(t)=x(t)*h(t)

Figura 2.2-54: Sistema Linear e Invariante no Tempo


y ( t ) =x ( t )∗h( t)= ∫ x ( τ ) h (t−τ ) dτ
−∞

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2.2.1. Resposta em frequência de um sistema linear

Seja um SLIT com h(t) como resposta ao impulso. Se o sinal de entrada for:

x ( t )=e j 2 πft

Pelo método de convolução, a resposta y(t) é:


y ( t ) =∫ h(τ ) e ¿
¿¿

−∞

Então, a função de transferência do sistema é:


H ( f ) =∫ h(t)e− j 2 πft dt
−∞

Assim, a resposta do sistema é:


j 2 πft
y ( t ) =H (f )e

Conclui-se que a resposta de um SLIT a uma função complexa de frequência f é a


mesma função exponencial complexa multiplicada por um coeficiente constante
H(f).

A Função de transferência do sistema também pode se definir como:

Aplicando a transformada inversa de Fourier para x(t):



x ( t )= ∫ X ( f ) e
j2 πft
df
−∞

Calculando esta transforma no seu valor limite, tem-se que:

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∞ ∞
x ( t )= lim ∑
Δ t → ∞ k=−∞
H ( f ) X ( f )e j 2 πft
∆ f = ∫ H ( f ) X ( f ) e j 2 πft dt
−∞

Calculando a T.F de y(t), tem-se que:

Y ( f ) =H ( f ) X (f )

Da expressão acima, vê-se que no domínio da frequência, a saída do sistema


corresponde ao produto da função de transferência do sistema e da entrada.

H(f) é complexo, assim:

jϕ(f )
H ( f ) =¿ H ( f )∨e

Onde: |H(f)| é a resposta em amplitude e (f) é a resposta em fase.

Considerando que a resposta é ao impulso unitário:

|H ( f )|=¿ H (−f )∨¿ e ϕ ( f )=−ϕ (−f )

Trabalhando com H(f) na forma polar:

lnH ( f )=α ( f ) + jϕ ( f )

onde: α ( f )=ln |H ( f )| – é o ganho do sistema em Nepers, e (f) – é a fase em


radianos.

Expressando o ganho em dBs: α ' ( f )=20 lg|H ( f )|


E a relação entre (f) e ’(f) é dada por:

'
α ( f )=0.69 α (f )

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Para a especificação da constância da resposta em amplitude |H(f)| ou o ganho
(f) do sistema, utiliza-se a largura de banda. Para sinais passa-baixas, a largura
de banda de 3dB corresponde à frequência em que a resposta em amplitude |H(f)|
1
é vezes o seu valor de frequência zero, ou seja, a frequência em que o ganho
√2
’(f) cai 3dB abaixo do seu valor na frequência zero, conforme ilustraa figura 2.2 -
2 abaixo.

Figura 2.2-55: Largura de banda de sinais passa baixas

2.3. Sinais Passa-Baixas e Sinais Passa-bandas


Sinal Passa-faixa ou sinais passa-banda refere-se a um sinal g(t) cuja sua
transformada de Fourier não é desprezível apenas em uma banda de frequências
de extensão total 2W, centrada nas frequências positiva e negativa de fc (fc). O
seu espectro de amplitude está representado na figura 2.3-1.

|G(f)|

|
G(fc)|

-fc fc f

2W 2W

Figura 2.3-56: Representaçã o do sinal passa-banda

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fc – é frequência da portadora.
Em muitos casos, 2W<fc, o que significa que o sinal de frequência W é de banda
estreita.

2.3.1. Representação do sinal passa-banda no domínio de tempo

O sinal passa-banda no domínio de tempo é ilustrado na figura 2.3-2 que segue, de


onde se pode constar que existem um componente de alta frequência, e outra de
baixa frequência, a(t).

a(t)
g(t)

Figura 2.3-57: Sinal passa-banda no domínio

A expressão de g(t) é:

g ( t ) =a ( t ) cos ⁡[2 π f c t+ ϕ ( t ) ]
onde:
a(t) – é a envoltória do sinal passa-banda, g(t).
(t) – é a fase do sinal

Note que o sinal a(t) não pode ser negativo. Se a(t) cruzar o zero, a fase é ajustada
180º para manter a envoltória positiva.
Basicamente g(t) representa um sinal de modulação em amplitude ou modulação
angular. Este sinal g(t) pode ser representado como um fasor de cumprimento a(t)
e fase 2fct+(t), representado na figura 2.3-3.

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g(t)

a(t)

2fct+(t)

Figura 2.3-58: Fasor de comprimento a(t) e fase 2πfct+(t)

Se utilizar-se a relação trigonométrica seguinte:


cos ( α + β )=cos ( α ) cos ( β )−sen ( α ) sen(β ), g(t) pode ser reescrito como:

g ( t ) =gI ( t ) cos ( 2 π f c t )−gQ ( t ) sen ( 2 π f c t )

que é a representação canónica do sinal passa-banda, onde:


g I ( t )=a(t) cos [ϕ ( t )¿ ]¿ - Componente em fase

gQ ( t )=a (t)sen [ϕ ( t )¿ ]¿ - Componente em quadratura

usando a representação com os componentes em fase e em quadratura, tem-se o


gráfico seguinte:

gQ(t)
g(t)

a(t)

(t)

gI(t)

Figura 2.3-59: Fasor representado pelas suas componentes em fase e


em quadratura

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Analisando a última equação de g(t), pode se dizer que:

gQ (t )
a ( t ) = √ g I 2 ( t ) + g Q2 ( t ) , e ϕ ( t )=arctg
g I (t)

Conclui-se que cada uma das componentes em fase e em quadratura de g(t) contém a
informação de fase e de amplitude de g(t), o que significa que ambos são necessários
para a definição da fase (t) e do módulo de a(t).

2.3.2. Representação do sinal banda-base complexa

O sinal g(t) pode ser escrito como:

g ( t ) =ℜ[ ~
g (t ) e j2π f t ]c

em que: ~
g ( t )=g I ( t ) + gQ ( t ).
Note que gI(t) e gQ(t) são sinais de valor real.
Sendo assim, ~g( t) é a envoltória real do sinal passa-banda complexo, pois que ~
g( t) é
complexo.

A envoltória complexa corresponde ao fasor g(t), com rotação em fase constante,


2fct suprimida.

g(t) pode ser expandido como:

1
g ( t ) = [~g (t ) e j 2 π f t + ~
c
g ( t ) e− j 2 π f t ]
c

~
Fazendo a transformada de Fourier: ~
g( t)→ G(f ), e aplicando a propriedade de
deslocamento em frequência:

1
G ( t ) = [~
G ( f −f c ) +~
G (−f −f c ) ]
2
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~
Assim, G(f ) é espectro de um sinal passa-baixa (banda – base) porque a porção
~
não nula de G(f ) está centrada próxima da origem.

|GI(f)| |GQ(f)|

-W 0 W f -W 0 W f

Figura 2.3-60: Espectros das componentes em fase e em quadratura

|G(f)|

-fc -W 0 fc f

2W 2W

Figura 2.3-61: Espectro do sinal passa-banda

-W 0 W f

Figura 2.3-62: Espectro da envoltó ria complexa

As transformadas de Fourier de gI(t) e gQ(t) são simétricas devido à natureza


passa-baixa destes sinais e são não nulos apenas para |f|<W. Logo, a transformada
de Fourier de g(t) é simétrica em relação à origem, por ser sinal real, mas não se
pode garantir simetria em torno da frequência fc. Daí, pode se concluir que a
transformada de Fourier de ~
g( t) corresponde a um sinal passa-baixa.

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2.3.3. Derivação dos sinais passa-baixas (banda base) g I(t) e gQ(t) a partir de
g(t).

Filtro Passa-
baixas

cos(2fct)
Oscilador

g(t)

Deslocador de fase
em -90º

Filtro Passa-
baixas

Figura 2.3-63: Derivador das componentes em fase e em quadratura

Oscilador

g(t)

Deslocador de fase
em -90º

Figura 2.3-64: Reconstrutor do sinal passa-banda a partir das componentes em fase e


em quadratura

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2.4. Densidade Espectral de Energia
A energia de um sinal x(t), conforme visto no tema 1, é definida por:

1

2
E x= |X (ω)| dω
2 π −∞
Esta expressão pode ser interpretada da seguinte forma: A energia do sinal x(t) é o
resultado das energias de todas as componentes espectrais de x(t). A contribuição da
2
componente espectral da frequência  é proporcional à | X (ω)| . Para uma abordagem
mais profunda, considere-se um sinal x(t) aplicado à entrada de um filtro passa-banda
ideal, cuja função de transferência H() é ilustrado na figura a baixo.

H()

-0 0

Figura 2.4-65: Função de transferência do filtro passa-


banda ideal

O filtro elimina todas as frequências, excepto a banda estreita Δ ω ( Δ ω ⟶0 ) centra


na frequência ω 0, como ilustra a figura que se segue.

-0 0

Figura 2.4-66: Interpretaçã o da densidade espectral de energia

Se a saída do filtro for y(t), então a respectiva transformada de Fourier é


Y ( ω ) =X ( ω ) H (ω), e a energia Ey da saída y(t) é:

1

2
E y= |X ( ω ) H (ω)| dω
2 π −∞

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Dado que H ( ω ) =1 acima da banda passante Δ ω e zero em qualquer outro intervalo, a
parte direita da integral acima é a soma das duas áreas sombreadas da figura acima, e,
para Δ ω ⟶0 , tem se que:
∞ ∞
1 2 2
E y =2 ∫
2 π −∞
| X ( ω0 )| dω=2 ∫ |X ( ω 0 )| df
−∞

2
Assim, 2|X ( ω 0 )| é a energia contribuída pelas componentes espectrais dentro de duas

bandas estreitas, cada com largura de banda Δ f [ Hz], centradas em ω 0. Portanto,


2
| X ( ω )| ser interpretado como sendo energia por unidade de largura de banda em Hz
das componentes espectrais de x(t) centradas na frequência . Em outras palavras,
2
|X ( ω0 )| é a Densidade Espectral de Energia (ESD – Energy Spectral Density) por
unidade de largura de banda em Hz de x(t).
2
Na realidade a energia contribuída por unidade de largura de banda é 2|X ( ω )| porque
ambas componentes positiva e negativa da frequência são combinadas para formar as
componentes na banda Δ f . No entanto, por uma questão de conveniência, considera-
se as componentes positiva e negativa de frequência como sendo independente.
2
Alguma literatura define 2|X ( ω )| como densidade espectral de enrgia, Ψ x ( t ), expressa
por:

2
Ψ x ( ω )=| X ( ω )|

Assim, a energia do sinal pode ser expressa como sendo:

∞ ∞
1
E y= ∫ Ψ ( ω) dω=∫ Ψ x ( ω) df
2 π −∞ x −∞

Exemplo: Seja o sinal x ( t )=e−2 at u( t ). Verifique o teorema de Perseval para a


energia e determine a densidade espectral de energia do sinal.
A energia do sinal é:
∞ ∞
1
E x =∫ x(t)2 dt=∫ e−2 at dt=
−∞ 0 2a
O espectro (Transformada de Fourier do sinal ) do sinal é:
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1
X ( ω )=
jω+a
Usando o teorema de Perseval, a Energia é:

∞ ∞
E x=
1

2 π −∞
|
2
X ( ω0 )| dω=
1
∫ 1
2 π −∞ ω +a
2 2
dω=
1
2 πa
arctg
ω ∞

a −∞
¿¿ ( )
Foi provado o teorema de Persaval.
A Densidade espectral de energia do sinal é:

( )
2
2 1 1
Ψ x ( ω )=| X ( ω )| = = 2 2
√ ω +a ω + a
2 2

2.5. Densidade Espectral de Potência


Se o sinal for de potência, então a sua potência é finita e o sinal truncado x T (t ) é de
energia, desde que o período T seja finito. Se o sinal truncada tem a sua
transformada de Fourier, isto é, x T (t )⟷ X T (ω), então a partir do teorema de Parseval
pode se dizer que:
∞ ∞
1 2
E xT =∫ xT (t) dt = ∫ |X T ( ω0 )| dω
−∞ 2 π −∞

Consequentemente, P x, a potência de x(t) é dada por:

[ ]

E xT 1 1

2
P x = lim
T→∞ T
= lim
T → ∞ T 2 π −∞
|X T (ω)| dω

Se T aumenta, a duração de x T (t ) aumenta, a sua energia E xT também aumenta


2
proporcionalmente. Isto significa que | X T (ω)| aumenta também com o T, e como
2 2
T → ∞ , | X T (ω)| vai aproximando ao infinito. Contudo, | X T (ω)| deve aproximar ao
infinito à mesma taxa do período T porque para o sinal de potência, a parte direita da

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equação acima deve convergir. Esta convergência permite trocar a ordem do processo
de limitação e integração da equação da potência e obter-se:

2
1

| X T (ω)|
P x= ∫ lim
2 π −∞ T → ∞ T

A densidade espectral de potência (PSD – Power Spectral Density), S x (ω) é definida


como:

2
|X T (ω)|
S x ( ω )= lim
T→∞ T
Consequentemente

∞ ∞
1 1
P x= ∫
2 π −∞
S x ( ω ) dω= ∫ S x ( ω ) dω
π 0

1
Este resultado tem paralelismo com o da energia do sinal. A potência é vezes a

área sob a densidade espectral da potência.
Observe que a densidade espectral da potência é a média da densidade espectral de
energia de x T (t ).
Como no caso da densidade espectral de energia, a densidade espectral de potência
também é positiva, real e é função de . Se x(t) é um sinal de tensão, a unidade da
V2
densidade espectral de potência é .
Hz
A equação de potência acima pode ser expressas da forma mais compacta usando a
variável f (em Hz) como:

∞ ∞
P x =∫ S x ( ω ) df =2 ∫ S x ( ω ) df
−∞ 0

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2.6. Transmissão sem Distorção
Numa transmissão sem distorção significa que o sinal de saída tem a mesma
“forma” que o sinal de entrada, ou seja, a saída não é distorcida, podendo apenas
diferir da entrada pela constante de multiplicação e pelo tempo de atraso finito.

Seja um sinal x(t) a ser transmitido dos pontos A à B, através de um sistema linear
e invariante no tempo (neste caso o SLIT é o canal de transmissão).
Matematicamente, a saída desse sistema pode se expressar como:

y ( t ) =Kx(t−t d )

onde K e td são constantes e representam o factor de multiplicação da amplitude e


o tempo de atraso respectivamente.

Analisando a saída y(t) no domínio de frequência, tem-se que:

Y ( f ) =F { y ( t ) } =KX (f )e
− j 2 πf t d

Ou seja, a função de transferência do SLIT que não provoca distorção é dada por:

Y (f ) − j 2 πf t
H (f )= =K e d

X (f )

O que significa que a amplitude é |H ( f )|=K ;

e a fase é ϕ ( f )=arg [ H ( f ) ] =−2 πf t d ± m1800

Note que H(f) deve passar através da origem, ou intersectar o eixo das frequências
num múltiplo interno de ± 1800. Foi adicionada a parcela ± m1800 para se mostrar
que K pode ser positivo ou negativo.

No caso de não haver atraso, a fase é constante no ponto zero ou ± 1800.

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Graficamente:
(f)=arg[H(f)]

|H(f)|

-2td f
f
Figura 2.6-68: Espectro de amplitude de
H(f)

Figura 2.6-67: Espectro de fase de H(f)

2.7. Distorção na transmissão de sinais


Um sistema de transmissão é um canal elétrico entre a fonte de informação e o
destino. Esses sistemas variam de complexidade, desde um simples par de cabos
até um link sofisticado de raios lazer ópticos.
Contudo, todos os sistemas de transmissão têm dois atributos físicos de particular
preocupação nas comunicações: 1- Dissipação interna de potência, que reduz a
potencia de saída do sinal; e 2- Conservação de energia, que altera a forma do
sinal de saída.
Assim, os sistemas de transmissão produzem, na prática, uma certa distorção do
sinal. Para o propósito do estudo dos efeitos de distorção em vários sinais,
definem-se os tipos de distorção mais comuns:

1- Distorção linear, que se manifesta da seguinte forma:


a) Distorção da amplitude, que acontece quando:

¿ H ( f ) ∨≠∨K∨¿

b) Distorção de atraso, que acontece quando:

arg [ H ( f ) ] ≠−2 πf t d ± m180


0

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2- Distorção não linear, que se manifesta quando o sistema de transmissão inclui
elementos não lineares.

2.7.1. Distorção Linear


A Distorção linear ocorre quando |H(f)|K e arg[H(f)]-2ftd, nomeadamente
distorção em amplitude e distorção em fase. Algumas vezes a distorção em
amplitude é chamada distorção em frequência, uma vez que ela é causada por |
H(f)| não ser constante com a frequência.

As formas mais comuns da distorção em amplitude são o excesso de atenuação


ou o reforço extremamente alto de altas e baixas frequências no espectro do
sinal do sinal.

Menos comum, mas igualmente incómoda, é a resposta desproporcional de


uma bada de frequências de um e espectro.

Como exemplo, seja um sinal que se traduz pela seguinte expressão:

1 1
x ( t )=cos ( ω 0 t )− cos ( ω0 t ) + cos ( ω 0 t )
3 5

a representação gráfica de x(t) é a que se vê na figura 2.5-1 seguinte e revela


que x(t) é uma aproximação de uma onda quadrada.

Figura 2.7-69: Sinal x(t) resultante da soma de sinusoides

Atenuando a baixa ou a alta frequências por ½, o resultado é ilustrado nas


figuras seguintes;
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Figura 2.7-70: Sinal x(t) com a baixa frequência atenuada por 1/2

Figura 2.7-71: Sinal x(t) com a alta frequência atenuada

Das figuras acima pode se ver que a forma da onda ficou reduzida por causa
das perdas resultantes da atenuação da frequência.
Para que a distorção em fase e em amplitude seja suficientemente pequena, o
intervalo de frequência sobre a qual |H(f)| será constante (um estará dentro de
uma tolerância aceitável), deve estar a um certo nível desejado, que só pode
ser encontrado através de testes experimentais práticos.

2.7.1.1. Análise do atraso em fase

Tomando em consideração a mudança da fase não linear, as várias


componentes de frequência vão sofrer diferentes valores de atraso no tempo, o
que significa que será gerada uma distorção em fase ou em atraso.

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Como: arg [ H ( f ) ]=−2 πf t d ( f ), vê-se que a mudança de fase é função de
frequência, com todos os ângulos expressos em radianos.
Assim,
−arg ⁡[ H ( f ) ]
t d ( f )=
2 πf
Da expressão acima, constata-se que td(f) é independente da frequência se o
argumento de H(f) for linear com a frequência.

Há confusão no atraso de tempo constante versus mudança constante de fase.


Para a análise, seja um sistema caracterizado por θ ≠ 00 ou θ ≠ ±m 1800. Neste
θ
caso, cada componente do sinal será atrasada por ciclos da sua própria

frequência, o que significa mudança constante de fase. Contudo, o atraso no
tempo será diferente da descrita acima e, como consequência, os componentes
de frequência serão mexidos no tempo, resultando numa outra distorção.
Considerando o sinal ilustrado anteriormente, e mudando cada componente
por ¼ do ciclo, isto é, θ=−900 pode se ver a distorção resultante na figura que
se segue.

Figura 2.7-72: Sinal x(t) com a componente de fase mudada para = -90º

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2.7.1.2. Análise do impacto de atraso em fase num sinal modulado

A função de transferência de um canal arbitrário pode se expressar como:

H ( f ) =A e j(−2 πf t g +ϕ0)
=( A e j ϕ )e− j 2 πf t
0 g

onde: arg [ H ( f ) ]=−2 πf t g+ ϕ 0, que conduz à seguinte expressão:

ϕ0
t d ( f )=t g−
2 πf

Seja a entrada deste canal passa-banda:

x ( t )=x 1 ( t ) cos ( ω c t )−x 2 ( t ) cos ( ω c t )

Pela propriedade de atraso no tempo da transformada de Fourier, a saída do


canal será atrasada em tg. Se e− j ϕ pode ser incorporado nos termos de seno e
0

cosseno, o que originará a seguinte saída do canal:

y ( t ) =A x 1 ( t−t g ) cos [ ω c ( t−t g ) +ϕ c ]−x 2 ( t −t g ) sen [ ωc ( t−t g ) +ϕ c ]

Observa-se que: H ( f c ) =−ω c t g + ϕc =−ωc t d , de maneira que a saída será:

y ( t ) =A x 1 ( t−t g ) cos [ ω c ( t−t d ) ]−x 2 ( t−t g ) sen [ ωc ( t−t d ) ]

Pode se ver desta equação que a portadora foi atrasada em t d, correspondente à


mudança de fase na portadora e que se chama atraso da portadora.

Os sinais moduladores x1(t) e x2(t) foram atrasados em tg, e este atraso entre a
envoltória da entrada e a envoltória de saída chama-se atraso do grupo ou da
envoltória do canal.
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Geralmente, t d ≠ t g.
Existem condições para que um canal passa-banda linear seja sem distorção:
1. A resposta em amplitude deve ser constante.

|H ( f )|=¿ A∨¿
2. De modo a se poder recuperar os sinais originais x1(t) e x2(t), o atraso do
grupo deve ser constante.

Da equação da função de transferência do canal, H ( f ) =A e j(−2 πf t g +ϕ0) j ϕ0


=( A e ) e
− j 2 πf t g
,
pode se obter tg, derivando o argumento de H(f):

1 dθ(f )
arg [ H ( f ) ]=θ ( f ) ⟹t g =
2 π df
Nota: Esta condição no argumento de H(f) é menos restritiva para o caso geral
apresentado anteriormente.
Se ϕ 0 ( f )=0, as condições de transmissão sem distorção são alcançadas e t d=t g

2.7.1.3. Equalização de Sistemas

A distorção linear (de fase e de amplitude) é resolvida ou corrigida com o uso de


redes de equalização, cujo respectivo processo se ilustra no diagrama seguinte (figura
2.5-5).

Canal Equalizador

x(t) y(t)
Hs(f) Heq(f)

H(f)

Figura 2.7-73: Redes de equalização

Considerando que este sistema é constituído por dois subsistemas ligados em cascata,
a função de transferência H(f) será:

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H ( f ) =H s ( f ) . H eq ( f )
onde: Hs(f) – é a função de transferência do canal de comunicação com ruído
(distorção linear) e Heq – é a função de transferência do equalizador.

Para que não haja distorção, a função de transferência deve ser:

H ( f ) =|H ( f )|e
− j2 πf t d − j 2 πf t d
=K e
Assim,
− j 2 πf t d
H s ( f ) . H eq ( f )=K e

Desta equação resulta que a função de transferência do equalizador será:

K e− j 2 πf t d

H eq ( f )=
Hs (f )

Nota: Infelizmente não é fácil projectar o equalizador que satisfaça a equação


anterior, daí a equalização chamar-se, muitas vezes, de solução teórica. Contudo, é
possível fazer-se aproximações que permitam uma redução da distorção linear para
um nível tolerável. Para o efeito, são utilizados equalizadores conhecidos como escuta
da linha retardada (Tapped-delay-line) ou filtro transversal, cujo diagrama de blocos a
seguir se mostra.

Desfasador Desfasador

Entrada

k-d k0 kd
Amplificador Amplificador
inversor não inversor

Saída

Equalizador

© 2020 – Eng.Figura
Arlindo D. Mondlane
2.7-74: Diagrama–em
apontamentos em elaboração
blocos do equalizador do tipo–escuta
carecem de revisão
de linha retardada 92
Da figura pode se ver a linha de atraso com o tempo total de 2, tendo chaves em cada
extremidade e no meio.
As chaves de saída passam por ganhos ajustáveis, k-d, k0 e kd, somadas para formar a
saída final. Matematicamente pode ser expressar como:
y ( t ) =k −d x ( t )+ k 0 x ( t−τ ) + k d x ( t−2 τ )

e
− jωτ − j 2 ωτ
H eq ( f )=k −d + k 0 e + kd e ⟹

jωτ − j 2 ωτ − j 2 ωτ
H eq ( f )=[k ¿¿−d e + k 0 +k d e ]e ¿
Generalizando a equação acima para o caso de linha de atraso de 2m com
rendimento das chaves igual a 2M+1:

( )
M
H eq ( f )= ∑ C m e− jωmτ e− jωMτ
m=− M

Esta expressão tem a forma da série exponencial de Fourier com a frequência


periódica de 1/. Por conseguinte, dado um canal Hs(f) para ser equalizado acima de |f|
<W, pode se aproximar o lado direito da equação acima pelas séries de Fourier com a
frequência periódica de 1/≥W (e deste modo determinar-se o valor de ), estimar-se o
número de termos significativos (que terminam em M) e fazer coincidir os ganhos das
chaves com os coeficientes das séries.
Em muitos casos, os ganhos das chaves (ganhos comutados) devem ser reajustados de
tempos em tempos para compensar a mudança de características do canal. Em muitos
casos, a equalização adaptativa é comummente implementada com recurso aos
circuitos digitais e o controle através de microprocessadores.

2.7.2. Distorção não linear


Um sistema contendo distorção não linear não pode ser descrito pela sua função de
transferência. Porém, os valores instantâneos de entrada e saída estão relacionados

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pela curva ou função comummente chamada característica de transferência,
representada na figura 2.5-7.
Y(t)=T{x(t)}

Figura 2.7-75: Característica de transferência de um sistema com distorção nã o linear

O achatamento da saída para excursões de entrada grandes é o efeito de saturação e


corte, que é comum nos amplificadores transistorizados. Para a análise serão
considerados dispositivos sem memória, os quais a característica de transferência dá-
lhes uma descrição completa.
Sob condições de um pequeno sinal de entrada, é possível linearizar a característica de
transferência de forma parcial, como se pode ver na linha vermelha da figura acima.

Uma abordagem generalizada consiste na aproximação polinomial da curva


característica, formando a seguinte expressão:

2 3 4
y ( t ) =a1 x ( t )+ a2 x ( t ) + a3 x ( t ) +a 4 x ( t ) +…

A parte alta da potência de x(t) nesta equação traduz distorção não linear.

Mesmo não havendo função de transferência, o espectro de saída pode ser encontrado,
pelo menos formalmente, transformando a equação acima e evocando o teorema de
convolução.

Y ( f ) =a1 X ( f ) + a2 X∗X ( f ) +a3 X∗X∗X ( f ) + a4 X∗X∗X∗X ( f )+ …

Assim, se x(t) for limitado em banda W, a saída da rede linear terá frequência além de
|f|<W, mas no caso de não linearidade, a saída envolve X*X(f) que é limitado em
banda em 2W, X*X*X(f) em 3W, e assim sucessivamente.

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As não linearidades criaram, por conseguinte, componentes de frequência de saída
que não estavam presentes na entrada. Além disso, visto que X*X(f) podem ter
componentes de |f|<W, esta porção de espectro sobrepõe a de X(f). Usando técnicas
de filtragem, as componentes adicionadas a |f|>W podem ser removidos, mas não
existe uma forma conveniente de se livrar das componentes adicionadas de |f|<W, que
constituem, de facto, a distorção não linear.

A medição quantitativa da distorção não linear é dada tomando uma simples onda
cossenusoidal, x ( t )=cos ⁡(ω0 t), como entra.

Inserindo a entrada na equação anterior, tem se que:

y (t)=( a2 a4
)(
+ +… + a1 +
2 8
3 a3
4 ) a2 a 4
( )
+… cos ( ω0 t ) + + + … cos ( ω0 t )
2 4

Por conseguinte, a distorção não linear aparece como harmónicas de onda de entrada.
O valor da distorção da segunda harmónica é a relação de amplitude deste termo com
a amplitude fundamental em percentagem.

| |
a2 a 4
+ +…
2 4
distorção da segunda harmónica= x 100 %
a3
a1 +3 + …
4

As harmónicas de ordem superior se relacionam de forma similar. Contudo, o seu


efeito é geralmente inferior e podem ser inteiramente removidas por meio de um
processo de filtragem.

Seja a entrada de um canal a soma de cossenos:

x ( t )=cos ( ω1 t )+ cos ⁡(ω2 t)

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A entrada vai incluir todas as harmónicas de f 1 e f2, f2+f1 e f2-f1, etc. Essas somas e
diferenças de frequências são chamadas distorção de intermodulação.

Generalizando o efeito da intermodulação: se x ( t )=x 1 ( t ) + x 2 ( t ), então y(t) contém


produtos cruzados x 1 ( t ) x 2 ( t ) (e produtos de ordem superior, que são argumentos). No
domínio de frequência, x 1 ( t ) x 2 ( t ) torna-se X 1∗X 2 ( f ) , e mesmo sendo previsível
separar x1(t) e x2(t) em frequência, X 1∗X 2 ( f ) pode sobrepor-se a todos eles (X1(f) e
X2(f)), produzindo uma forma de conversas cruzadas nos sistemas telefónicos.

2.7.3. Outros tipos de ruído (distorção)

Os sinais são susceptíveis a distorções causadas pelos meios de transmissão e outros


dispositivos. À essas distorções dá-se o nome de ruído.
A razão de distorção, conhecida como relação sinal – ruído é dada por:

Sinal S Potênciado sinal


⟹ =
Ruído R Potência do Ruído
Em decibéis, tem-se que:

( SR )
dB
S
=10lg ⁡( )
R

2.7.3.1. Tipos de Ruído

1. Ruído Eléctrico – é resultado de agitação térmica dos electrões existentes na


matéria. A forma de percepção é a existência da corrente elétrica gerada
internamente pelos dispositivos electrónicos, e/ou da onda electrónica em
espaços livres, presente em todo o espectro de frequência e é aleatório,
prejudicando as comunicações via radiofrequência, pois soma-se ao sinal de
informação no canal de comunicação.

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Figura 2.7-76: Sinal sem ruído

Figura 2.7-77: Sinal com ruído


Efeitos práticos do ruído:
Chiado nos alto-falantes e chuviscos na tela, para o caso de transmissão
televisiva.

Os ruídos podem ser internos ou externos. O ruído descrito anteriormente é


interno. Os ruídos seguintes são externos.

1. Ruído atmosférico – é causado por descargas eléctricas atmosféricas. Tem


como efeito a perda de informação, ouvindo-se algo estranho para o caso de
uma conversação telefónica ou transmissão radiofónica.

2. Ruído cósmico – é originado por explosões solares, gerando forte campo


magnético, podendo danificar dispositivos trans-receptores na transmissão via
satélite, por exemplo.

3. Ruído provocado – este é originado pela acção humana, e surge como


resultado de roncar de máquinas (equipamentos electromagnéticos, motores,
etc.).
Mesmo com a presença de ruído, existem valores mínimos de distorção provocados
por esse ruído, para que, ainda assim, haja uma boa recepção do sinal, a saber:

S
a) Voz analógica – >30 dB
N

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S
b) Vídeo Analógico – > 45 dB
N
S
c) Vídeo digital – >15 dB
N

2.7.3.2. Figura de ruído produzido por um dispositivo

Seja n a potencia do ruído na saída do dispositivo. A figura de ruído de um dispositivo


é definida por:

F=10 lgn
A potência do ruído sobre uma carga resistiva R, casada com a saída do amplificador
é dada por:
Pn=K T 0 B
onde: Pn – é potência do ruído em Watts [W];
K – é constante de Boltzman
−23
K=1,38.10 Joule /Kelvin

T0 – Temperatura ambiente em Kelvin


B – Largura de Banda do ruído.

Se houver estágios amplificadores no sistema, o ganho deve ser:

Pn ( saída )=G sist . F sist . K . T sist . B

Gsist =G1 .G2 … Gn ⟶ Ganho total

F2−1 F 2−1
F sist =F1 + + +… ⟶ Figura do rúido total
G1 G2
T2 T3
T 0=T 1+ + + … ⟶Temperatura efectiva do sistema
G 1 G1 .G2

2.7.3.3. Largura de Banda equivalente do ruído (BN)

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Seja |H(f)| o módulo da função de transferência de um filtro ideal (em banda base)
com a largura de banda B e ganho unitário, cujo espectro é ilustrado na figura abaixo.

|H(f)|

-B 0 B f

Figura 2.7-78: Espectro de amplitude do


filtro ideal de banda B e ganho unitá rio

Considere-se uma fonte de ruído térmico (ruído branco) à entrada do filtro, com
densidade espectral de potência:
KT
N (f )= em [W/Hz}
2

N(f) n
H(f)

Figura 2.7-79: Diagrama de uma fonte do ruído térmico


A potência média do ruído
disponível à saída do filtro, n, é dado por:


KT
n=∫ N ( f ) ¿ H ( f )∨¿ df =
2
2 B=KTB [W ]¿
−∞ 2

Se no exemplo acima se substituir H(f) por um filtro cuja função de transferência


é G(f), não ideal, ter-se-á à saída uma potência média do ruído, n, dada por:

∞ ∞
KT
n=∫ N ( f ) ¿ G ( f )∨¿ df = ∫
2 2
¿ G ( f ) ∨¿ df =KTB [W ]¿ ¿
−∞ 2 −∞

Designando a integral

BN = ∫ |G ( f )| df
2

−∞

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por largura de banda equivalente do ruído do filtro G(f), pode se escrever:

' KT
n= 2 B N =KT B N (W )
2

Conclusão:
A largura de banda equivalente de ruído de um filtro genérico, é igual a largura de
banda de um filtro ideal que produz à saída a mesma potência média de ruído que
o filtro genérico, para a mesma fonte de ruído branco à entrada. A figura 2.5-12
abaixo ilustra essa largura de banda.

Figura 2.7-80: Largura de bada de um filtro ideal

2.7.3.4. Factor do Ruído (F)

Seja um quadripolo com ganho de potência g e factor de ruído F. A fonte do


ruído à entrada do quadripolo é de origem térmica (Temperatura T). A
potência do ruído disponível à entrada é:

KT
n¿ = 2 B N =KT B N [W ]
2

Define-se como factor de ruído do quadripolo, a relação:

S out /n¿
F=
S ¿ / n out

onde:
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Sin – é a potência do sinal de entrada
nin = KTBN – é a potência (disponível) de ruído à entrada
Sout – é a potência do sinal à saída
Sout =gnin
nout – é a potência de ruído à saáida.
nout = gnin + ruído gerado pelo quadripolo

Reescrevendo F:

S out .n out n
F= =g out
S¿ .n ¿ n¿

ou
n out =gF n¿ =gFKT B N

n out =gFKT B N

O ruído referido nos terminais do quadripolo é:

n out =F n¿ =gFKT B N

Em unidades logarítmicas:

N out ( dBm , dBW ) =N ¿ ( dBW , dBm ) + F (dB)

Para T=290K

N out ( d Bm , dBW ) =−204+10 lg ⁡(B N )

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2.8. Perdas de Transmissão em dB
O sinal perde sua força ou nível de potência num sistema de transmissão. Mesmo
que esta perda possa ser compensada através de amplificação da potência, a
presença do ruído eléctrico pode dificultar a recuperação bem sucedida de perdas
na transmissão.

Potência:
Seja um sistema linear e invariante no tempo;

Pin Pout
g

Onde:
Pin – é a potência do sinal de entrada
Sout – é a potência do sinal à saída
g – é o ganho do sistema

Pout =g P¿

O ganho do sistema é:

Pout
g= em[w]
P¿

g pode ser um valor alto, por isso é conveniente expressá-lo em dB:

gdB =10lg ⁡( g)

Como o decibel é uma unidade logarítmica que converte a potência de base 10 em


produtos de 10, tem-se que:

M
g=10 ⟹ g dB=mx 10 dB

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Note que o ganho de potência é sempre positivo, mas se g<1.0=100, gdB ≤0.

0 dB ⟺(g=1)

Dado um valor em dB, o rácio é:

gdB
10
g=10

P
PdBW =lg
1W
P
PdBm=lg
1 mW
Pout P¿
como: =g ; tem-se que:
1mW 1 mW

Pout (dBm)=gdB + P¿(dBm)

Potência normalizada

A x2
P x=
2

A y2 2
P y= =¿ H ( f ) ∨¿ ¿
2
Como H ( f ) =K e− jωt , assim:
d

2 2
g=¿ H ( f )∨¿ =K ¿
e em dB fica:

¿ H ( f ) ∨¿dB=10 lg ¿ H ( f )∨¿2 ¿ ¿

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2.8.1. Perdas em Transmissão

Um sistema de transmissão passivo provoca perdas de potência que se caracteriza por


Pout<Pin

Perda ou atenuação:

1 P
L= = ¿
g P out

em dBs:
P¿
LdB=−g dB=10 lg
Pout

P¿
Pou t = ; Pout (dBm)=P¿(dBm)−LdB
L

Neste caso nas linhas de transmissão, cabos coaxiais, cabos de fibra óptica e guias de
onda, a potência de saída diminui exponencialmente com a distância.

Escrevendo a relação:

−αl
Po ut =10 10 P¿

Onde l – é o comprimento do caminho entre a fonte e o destino.


 - é o coeficiente de atenuação

αl
L=10 10 ⟹ LdB =αl

Exemplo

Pin g2 g2 Pout
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Secção do Secção do
cabo Repetidora cabo Amplificador
amplificadora de saída
Figura 2.8-81: Exemplo de um sistema de transmissão com ganhos e perdas

g2 g4
Pout = ( g 1 g2 g3 g 4 ) P¿ = P¿
L1 L3

Pout = ( g 2+ g 4 ) −( L1+ L3 )+ P ¿

3. Transmissão Analógica de Sinais Passa Banda

3.1. Introdução
O meio de transmissão separa o transmissor do receptor, e nele deve passar a
informação que frequentemente é representada como sinal banda base, ou seja, um
sinal de espectro zero à uma frequência máxima. Isto significa que para um
transmissor eficiente, o sinal de banda base deve ser deslocado para uma outra faixa
(banda) que se adequa às características do meio de transmissão, e na recepção deve
haver um processo inverso. Ao processo de deslocação do sinal de banda base para
uma outra faixa, chama-se Modulação, ou seja, Modulação é o processo pelo qual
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uma das características da onda portadora varia de acordo com o sinal (que se assume
como onda modulante).

Uma das grandes famílias dos sistemas de modulação é a modulação da onda contínua
(CW – Continuous Wave), onde a portadora é, geralmente, uma onda sinusoidal
contínua, e a onda modulante é também uma onda contínua. Nesta família destaca-se
a modulação em amplitude, em que a amplitude da portadora varia de acordo com o
sinal da banda base.

3.2. Modulação em Amplitude

Seja uma onda portadora sinusoidal: c ( t ) =A c cos ⁡(2 π f c t)

Onde Ac – Amplitude da portadora e fc – frequência da portadora

Neste caso considera-se que a fase inicial da portadora é zero.


Seja igualmente a onda modulante, ou seja, o sinal da mensagem em banda base, m(t).

Deve-se considerar ainda que as fontes de c(t) e m(t) são independentes.

Por definição, na modulação em amplitude a amplitude Ac da onda c(t) será variada


em torno de um valor médio, linearmente pelo sinal m(t), ou seja:

s ( t ) =A c [1+ k a m ( t ) ] cos ⁡(2 π f c t)

em que ka é constante de sensibilidade do modulador que gera o sinal s(t), medido em


[1/V], pelo facto de Ac e m(t) serem medidos em Volts.

Graficamente

m(t) S(t)

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Figura 3.2-82: Sinal de mensagem -m(t)


Figura 3.2-83: Onda modulada em
amplitude
Onda modulada e amplitude para |K a m ( t )|<1

Figura 3.2-84: Onda modulada em amplitude |K a m ( t )|>1

Na figura acima, os valores de Ka para Ac=1V. A característica principal da envoltória


de s(t) é de que ela possui, essencialmente, o mesmo formato do sinal de mensagem
m(t). Para isso, devem ser satisfeitos os seguintes requisitos:

1- |K a m ( t )|<1 para todo o valor de t, ou seja, 1+Kam(t)≥0, o que implica que a


envoltória tem a expressão: a ( t )= A c [1+k a m ( t ) ]. Com esta condição garante-
se que 1+Kam(t) é sempre positivo, e pode-se expressar s(t) como
Ac[1+Kam(t)], pois Ka é grande o suficiente para fazer |K a m ( t )|<1 em
qualquer instante de tempo t.
Se a sensibilidade for maior e permitir que |K a m ( t )|>1 para qualquer t, ter-se-
á uma onda sobremodulada e o efeito disso são as inversões da fase da
portadora sempre que o factor 1+ K a m(t) cruzar o zero., e como resultado,
haverá distorções na onda modulada ( como mostrado na figura 3).

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A sobre modulação deve ser evitada de modo a se manter a relação biunívoca
entre a envoltória da onda AM e a onda modulante em todos os valores de
tempo.
Percentagem da modulação – é o valor máximo absoluto de K a m(t)
multiplicado por 100.

2- A relação entre a frequência da onda portadora e a banda do sinal modulante


deve ser: f c ≫ W , ou seja, a frequência da portadora deve ser muito maior que
a frequência do sinal m(t).
W – Largura de banda da mensagem.
Não se satisfazendo esta condição, não se pode ter uma visualização
satisfatória da envoltória.

3.2.1. Análise da onda modulada no domínio de frequência

Desenvolvendo a expressão de s(t), tem-se que:

s ( t ) =A c [1+ k a m ( t ) ] cos ( 2 π f c t )= A c cos ( 2 π f c t ) + k a A c m ( t ) cos ( 2 π f c t )

E fazendo a transformada de Fourier do sinal s(t), obtém-se:

Ac K A
S ( f )=
2
[ δ ( f −f c ) +δ ( f + f c ) ] + a c [ M ( f −f c ) + M ( f + f c ) ]
2

Onde M (f )↔ m(t ) é o espectro do sinal banda base, m(t).

Seja o sinal banda base m(t) limitado em banda, isto é, −W ≤ f ≤ W , o seu espectro é:

M(f)

M(0)

-W W f
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Figura 3.2-85: Espectro de amplitude do sinal m(t)
Para fc>W, o espectro de S(f) consistirá de duas funções delta ponderadas pelo factor
Ac
, ocorrendo em ± f c, e duas versões do espectro de banda base transladadas em
2
Ka Ac
frequência ± f c e escalonadas por amplitude . Graficamente:
2

S(f)

Banda Lateral
Superior – BLS
BLI Banda Lateral
BLI Inferior – BLI

-fc - w -fc -fc + w fc - w fc fc + w f

Figura 3.2-86: Espectro de amplitude do sinal AM

Notas
1- Como resultado da modulação, o espectro do sinal da mensagem m(t), para
frequências negativas se estende de –W ao W e é completamente visível para
frequências positivas, o que significa que é mensurável. Para que isso
aconteça, basta que fc seja maior do que W, fc>W.

2- No caso de frequências positivas, a porção de s(t) situada acima de f c é


chamada Banda Lateral Superior (BLS) e a porção simétrica a baixo de f c é
chamada Banda Lateral Inferior, BLI. Para frequências negativas, a BLS é
representada pela porção do espectro abaixo de –fc e a BLI pela porção acima
de –fc. A condição fc>W garante que as bandas laterais não se sobreponham.

3- Para frequências positivas, a componente de frequência mais alta da onda s(t)


equivale a f c +W , e a mais baixa equivale à f c −W . A diferença entre essas

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frequências define a largura de banda de transmissão BT para o sinal AM s(t),
que é o dobro da largura de banda do sinal da mensagem.

BT =f c +W −( f c −W ) =f c +W −f c +W

BT =2W

3.2.2. Exemplo prático

Tomando como exemplo, a modulação de tom único:


Para a onda banda base (modulante), considera-se que ela é composta por uma única
componente de frequência (tom único), ou seja:
m ( t )= A m cos ⁡( 2 π f m t)
onde: Am – é a amplitude do sinal de mensagem, e fm – é a frequência do sinal da
mensagem

Figura 3.2-87: Sinal m(t) sinusoidal

O espectro de frequência do sinal representa-se a seguir:

M(f)

-fm 0 fm

Figura 3.2-88: Espectro do sinal m(t)


sinusoidal

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A onda portadora é igualmente sinusoidal, de amplitude Ac e frequência fc, ou seja:

c ( t ) =A c cos ⁡(2 π f c t)

a representação gráfica nos domínios de tempo e de frequência, representam-se a


seguir.

s(t)

Figura 3.2-89: Sinal c(t) - portadora

C(f)

-fc 0 fc

Figura 3.2-90: Espectro de amplitude da onda


portadora

A onda AM, por definição é dada por:

s ( t ) =A c [ 1+ μ cos ( 2 π f m t ) ] cos ⁡(2 π f c t)

onde: μ=k a A m

 – É chamado factor modulante ou coeficiente de modulação, ou ainda percentagem


de modulação (quando expresso em percentagem).  deve ser menor do que 1 (<1)
para que não haja distorção da envoltória do sinal s(t), como se representa
graficamente.

Amax
Ac– Eng. Arlindo D. Mondlane – apontamentos em elaboração – carecem de revisão
© 2020 111
Amin
S(f)

-fc 0 fc

2fm 2fm

Figura 3.2-92: Espectro da Onda AM_DSB

Amax e Amin denotam os valores máximos e mínimos da envoltória da onda modulada.

Da expressão de s(t) tem-se que:

Amax = A c (1+ μ) e Amin = A c (1−μ)

Achando-se a razão entre as duas amplitudes tem-se que:


A max A c (1+ μ)
= ⟹ Amax ( 1−μ )= A min ( 1+ μ )
A min Ac (1−μ)

⟹ A max μ+ A min μ= A max− A min

Assim:

A max− A min
μ=
A max + Amin

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A expressão da onda modulada pode ser desenvolvida utilizando a seguinte identidade
trigonométrica notável:

1 1
cosα . cosβ= cos ( α −β ) + cos ( α + β )
2 2

E obtém-se:

1 1
s ( t ) =A c cos ( 2 π f c t ) + μ A c cos [ 2 π ( f c + f m ) t ]+ μ A c cos [2 π ( f c −f m ) t ]
2 2

Fazendo a transformada de Fourier de s(t) tem-se que:

1 1 1
S ( f )= A c [ δ ( f −f c ) +δ ( f + f c ) ] + μ A c [ δ ( f −f c −f m )+ δ ( f +f c + f m ) ]+ μ Ac [ δ ( f −f c + f m ) +δ ( f + f c −f m ) ]
2 4 4

Da expressão acima vê-se que o espectro da onda AM é composto de funções delta de


frequências ± f c, f c ± f m e −f c ± f m.

3.2.3. Potência do sinal modulado em Amplitude

S(t) é uma onda de tensão ou corrente, pelo que se pode determinar a média da
potência considerando que se entrega esta mesma onda a uma resistência de 1Ω.
Importa antes lembrar que a potência média para uma carga de 1Ω se calcula da
seguinte forma:

2
e (t )
P=
R
seja: R=1Ω e e (t )=E m cos ⁡( ω0 t+ φ)

A potência média será:

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T0 2 T0
1 1 E
P= x ∫ ¿ Em cos ⁡(ω 0 t +φ)∨¿ 2 dt = m ∫ cos2 ⁡(ω0 t+φ) dt ¿
R T0 0 T0 0

2 2 1+cos 2 α
Pela identidade trigonométrica: cos 2 α =2 cos α −1 ⟹cos α =
2

Portanto,

2 T0 2 T0 2 T0
E 1+cos ⁡(2 ω0 t+ 2φ) E 1 E cos ⁡(2 ω0 t+2 φ)
P= m
T0
∫ 2
dt= m
T0
∫ 2 dt+ Tm ∫ 2
dt
0 0 0 0

Valor médio do cos ⁡(2 ω0 t+ 2 φ) no período é igual a zero, pelo que a potência será:

2 2 2
Em T Em Em
P=
2 T0
t ¿0 = 0

2T 0
( T 0−0 ) ⟹ P=
2

Assim, considerando que a portadora é expressa por c ( t ) =A c cos ⁡(2 π f c t), a potência
da portadora será:
A c2
Pc =
2

Olhando para a expressão do sinal modulado AM:

1 1
s ( t ) =A c cos ( 2 π f c t ) + μ A c cos [ 2 π ( f c + f m ) t ]+ μ A c cos [2 π ( f c −f m ) t ]
2 2

A sua potência será:

A c 2 μ2 A c2 μ 2 Ac 2
P AM = + +
2 8 8

No caso em que a resistência de cara é diferente de 1Ω, as potências de portadora e


1
das bandas laterais devem ser multiplicadas por ou R, para a onda de tensão ou de
R
corrente, respectivamente.

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A razão entre a potência das bandas laterais e a potência do sinal s(t) é expressa por:

2 2 2 2 2 2
μ Ac μ Ac μ Ac
+ 2
P BL 8 8 8
= 2 2 2 2 2=
P AM A c μ A c μ A c 2 Ac 2
2
+ + (2+ μ )
2 8 8 8

Vê-se que a razão depende apenas do índice de


P BL μ
2
= modulação.
P AM 2+ μ2

Para μ=1 , a modulação é realizada a 100%, e a potência nas bandas laterais


1
corresponde a da onda modula s(t), ou seja:
3

P BL 1 1 1
= = ⟹ P BL = P AM
P AM 2+1 3 3

Graficamente pode se mostrar que:

Figura 3.2-93: Relaçã o de potência entre a


portadora e as bandas laterais

3.2.4. Modulador de Chaveamento

O circuito a baixo é um dos mais conhecidos geradores da onda AM, comummente


chamado modulador de chaveamento.

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v1(t)
v2(t)

Figura 3.2-94: Circuito modulador por chaveamento

Em que: c ( t ) =A c cos ⁡(2 π f c t)

A amplitude de c(t) deve ser suficientemente maior, é aplicada ao díodo e oscila ao


longo da curva característica deste díodo. O díodo deve ser considerado como chave
ideal, assumindo impedância nula quando directamente polarizado, isto é, quando
c(t)>0. Isto faz com que a característica de transferência combinada (díodo mais a
resistência de carga, RL) seja linear por partes.

v2(t
)

Inclinação = 1

v1(t
)

Figura 3.2-95: Característica linear do Modulador por chaveamento

Pelo circuito acima, vê-se que a tensão de entrada nos elementos de transferência
(Díodo e Resistência) é dada pela soma de c(t) e m(t), ou seja:

v1 ( t )= Ac cos ( 2 π f c t ) +m(t )

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Note-se que a amplitude do sinal da mensagem, |m(t)|, deve ser menor ou igual a A c,
|m ( t )|≤ A c .

A tensão na resistência de carga será

v 2 ( t )=
{
v 1 (t ) ; c ( t ) >0
0 ;c ( t ) <0

Isto significa que v2(t) varia periodicamente entre os valores v1(t) e zero a uma taxa de
frequência igual à frequência de fc.
Assim, se m(t) for um sinal fraco (frequência e amplitude baixas) em relação à
portadora c(t), o comportamento não linear do díodo terá sido substituído por uma
operação aproximadamente equivalente, linear por partes e variante no tempo. A
expressão da tensão v2(t) poder reescrita como:

v 2 ( t )=[ Ac cos ( 2 π f c t ) +m ( t ) ] gT (t)


0

Em que gT (t) é um trem de pulsos periódico de meio ciclo de trabalho e período


0

1
T= , que se representa graficamente abaixo.
fc

+1

Figura 3.2-96: Pulso gT 0 (t )

Representando gT (t ) pela aproximação da série de Fourier tem-se que:


0

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∞ n−1
1 2 (−1)
gT ( t ) = + ∑ cos ⁡[ 2 π f c t ( 2 n−1 ) ]
0
2 π n=1 2n−1

substituindo gT (t) ma expressão de v2(t) constata-se que a tensão de carga v2(t)


0

consiste de soma de duas componentes:

 Primeira componente

Ac
2 [
1+
4
π Ac ]
m(t ) cos ⁡(2 π f c t)

4
A expressão acima vê-se que é uma onda modulada em amplitude com K a = ,o
π Ac
que torna o modulador mais sensível se for reduzida a amplitude da portadora A c. Isto
significa que Ac deve ser mantida grande para permitir que o díodo se comporte
sempre como uma chave ideal.

 Segunda componente – é composta por vários subcomponentes indesejáveis,


que formam um espectro que contém funções delta em 0, ± 2 f c , ± 4 f c , ... ,
ocupando intervalos de frequência na largura de banda 2W, centradas em 0,
± 3 f c , ± 5 f c , ... Importa lembrar que W é a largura de banda do sinal de
mensagem, m(t).

3.2.5. Demodulação

A demodulação é o processo inverso à modulação, através do qual a onda modulante


é recuperada a partir da onda modulada. Um dos circuitos utilizados para a
demodulação é o detector da envoltória.

3.2.5.1. Detector de Envoltória

O circuito detector de envoltória é o que se representa na figura abaixo.

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Saída

Figura 3.2-97: Circuito detector de envoltó ria

As características deste detector são:

 É eficaz – por isso é utilizado em quase todos os receptores comerciais de


rádio AM.
 Funciona adequadamente quando a onda AM for de banda estreita, isto é,
fc>>fm.
 A percentagem de modulação deve ser menor que 100%.
 É simples.

A saída do circuito detector é um filtro RC. Quando s(t) é maior do que zero, o díodo
é directamente polarizado, carregando-se rapidamente o capacitor até atingir o valor
de pico do sinal de entrada, s(t). Na situação contrária, isto é, quando s(t)<0, o díodo é
reversamente polarizado, provocando a descarga lenta do capacitor através da
resistência de carga, até que s(t) seja de novo maior do que zero. Este processo ocorre
sucessivas vezes. Assume-se que o díodo é ideal, apresentado resistência r f ao fluxo
da corrente na região de polarização directa e resistência infinita na região de
polarização inversa. Assume-se ainda que a onda AM é de tensão, com impedância
interna Rs.
A constante de tempo (rf + Rs)C deve ser pequena comparada com o período do sinal
c(t), isto é,
1 1
≪ Rl C ≪
fc ω

Assim, a saída do detector será a envoltória da onda AM.


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Figura 3.2-98 : Sinal AM - DSB

A percentagem de modulação considerada para este caso foi de 50% para a onda de
que entra no detector.

A saída do detector é uma onda m(t) com pequenas distorções, ilustrada na figura que
se segue.

Figura 3.2-99: Saída do Detector de envoltó ria

3.2.6. Vantagens e desvantagens da Modulação em Amplitude

A modulação em amplitude é das mais antigas e serviu de inspiração para outros tipos
de modulação. Ainda assim, apresenta vantagens e desvantagens.

Vantagens
 Facilidade de realização tanto da modulação quanto da demodulação

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 A modulação realiza-se no transmissor com recurso ao modulador por
chaveamento ou outros tipos, tais como: Modulador quadrático.
 A demodulação realiza-se no receptor e usa técnicas simples, tais como:
detector de envoltória, detector quadrático, etc.
 É relativamente de debaixo custo, daí ser o mais usado e popular.

Desvantagens
Sendo a potência transmitida e a largura de banda do sinal modulado os recursos
primários num sistema de transmissão analógico, a modulação em amplitude padrão
(AM – DSB) tem as seguintes desvantagens:
 Desperdício de potência – o facto de a onda portadora c(t) ser completamente
independente do sinal útil, m(t), faz com que ao ser transmitida represente o
desperdício de potência, pois só uma pequena parte da potencia transmitida
contém a informação útil [a que foi afectada por m(t)].
 Desperdício da largura de Banda – As bandas laterais são simétricas,
possuindo, desta forma, uma relação unívoca. Isto significa que a partir dos
parâmetros de uma das bandas pode-se gerar a outra, não sendo necessária a
transmissão das duas bandas, o que pouparia a largura de banda.

Como solução às desvantagens acima, as seguintes variações da modulação em


amplitude DSB são utilizadas:

3.2.7. Modulação em Amplitude de Banda lateral dupla com portadora


suprimida – AM DSB – SC

Nesta versão de AM, o sinal transmitido consiste apenas das bandas laterias,
economizando-se, deste modo, a potência transmitida visto que a portadora é
suprimida. Contudo, a largura de banda mantém-se, ou seja, BT =2W .
Matematicamente o sinal s(t) obtém-se fazendo o produto de m(t) e do c(t):
s ( t ) =c ( t ) m ( t )= Ac cos ( 2 π f c t ) m(t)

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Nota: Nos pontos A e B observa-se a distorção de fase.

Observando 2, vê-se que o sinal s(t) tem fase invertida sempre que m(t) passa
o tempo zero, fazendo com que a envoltória do AM DSB – SC seja diferente
de m(t).

Análise de AM – DSB – SC no domínio de frequência:

Fazendo a transformada de Fourier de s(t) tem-se que:

1
S ( f )= A c [M ( f −f c ) + M ( f + f c ) ]
2

Deve se considerar que – W ≤ f ≤ W . Os espectros de m(t) e s(t) podem ser


observados nos gráficos abaixo.

Figura 3.2-101: Espectro do m(t)


Figura 3.2-102: Espectro de s(t)

Analisando estes espectros pode se concluir que, na modulação AM DSB – SC


o espectro do sinal de mensagem, m(t), é transladado para ± f c. A largura de
banda mantém-se em 2W.
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3.2.7.1. Modulador em Anel

Para a realização de AM DSB –SC usa-se o modulador em anel, que é um


modulador multiplicador, cujo circuito electrónico pode se observar no
circuito abaixo.

m(t) m(t)

Figura 3.2-103: Circuito electró nico do modulador em anel

Funcionamento do modulador – para se entender o funcionamento do


modulador em anel, considere-se os respectivos circuitos equivalentes,
ilustrados na figura abaixo.

Figura 3.2-104: Circuitos eléctricos equivalentes do modulador em anel

Os quatro díodos no circuito estão interligados de modo a formar um anel,


apontando na mesma direcção. A onda c(t) controla os díodos e possui a
frequência fc aplicada de forma longitudinal através dos transformadores de
tomada central. No caso em que os transformadores estiverem balanceados, os
díodos idênticos fazem com que haja chaveamento perfeito, impedindo que na
saída do modulador haja vazamento da frequência de modulação, fc.

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Observando os circuitos equivalentes, assume-se que no caso em que os
díodos estiverem directamente polarizados possuem uma resistência constante,
r f , e no caso de polarização inversa, têm uma outra resistência constante, r b .
Os díodos comutam quando c(t) passar por tempo zero. Num semi-ciclo de
c(t) os díodos ficam directamente polarizados (resistência r f ) e no outro semi-
ciclo ficam inversamente polarizado, assim sucessivamente. As resistências
terminais na entrada e saída do modulador são as mesmas (significa que os
transformadores são ideais).
Assim, pode se concluir que a tensão de saída no circuito a é igual à tensão de
saída no circuito b, mas com polaridades opostas. Isto faz com que o
modulador em anel seja um comutador.
Em termos matemáticos, assumindo que m(t) é uma sinusoide e c(t) um sinal
quadrático, conforme ilustram os gráficos da figura abaixo.

Figura 3.2-105: Onda portadora quadrá tica


Figura 3.2-106: Onda m(t) sinusoidal

Representando c(t) série de Fourier da seguinte maneira:

∞ n−1
4 (−1)
c (t)= ∑
π n =1 2 n−1
cos ⁡[2 π f c t ( 2 n−1 ) ]

A saída do modulador será:


∞ n −1
4 (−1 )
s ( t ) =c ( t ) m(t)⟹ S(t )= ∑ cos [ 2 π f c t ( 2 n−1 ) ] m(t)
π n=1 2n−1

Graficamente ilustra-se como:

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Na saída do modulador não há frequência f c, apresentando-se apenas produtos da
modulação, daí o modulador em anel chamar-se modulador duplamente balanceado
porque é balanceado com respeito tanto ao sinal de banda base, quanto à onda
portadora quadrada. Na figura seguinte pode-se ver o diagrama em blocos do
modulador balanceado.

Figura 3.2-108: Modulador balanceado

Considerando m(t) limitado em banda, isto é, −W ≤ f ≤ W , o espectro do sinal de saída


do modulador será formado de bandas laterais em torno de cada harmónica da onda
quadrática c(t), conforme ilustra a figura abaixo.

Figura 3.2-109: Espectro do sinal de saída do modulador balanceado


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Para que não haja sobre – modulação (sobreposição da banda lateral) basta que se
respeite a condição: f c > W . A sobreposição é consequência de as frequências
adjacentes, f c e 3 f c sobrepuserem umas das outras. Assim, fazendo f c > W pode se
usar um filtro passa-faixa cuja frequência média dessa banda é f c e largua 2W para a
seleção do par desejado das bandas laterais em torno de f c. Isto significa que a frente
do modulador de anel deve se acoplar um filtro passa-banda.

3.2.7.2. Detecção Coerente de AM DSB – SC

Para a recuperação onda m(t) a partir de DSB – SC deve-se multiplicar s(t) por uma
onda sinusoidal gerada localmente e o produto resultante deve passar por um filtro
passa-baixas. A figura seguinte ilustra o diagrama em blocos do Demodulador em
causa.

Figura 3.2-110: Detector coerente de AM DSB-SC

Assume-se que o oscilador local gerar gera exactamente c(t) tanto em amplitude Ac,
como em frequência fc, originando o que se chama detecção coerente ou
demodulação síncrona.
A diferença reside apenas na fase, , medida em relação à onda portadora c(t).
Chamando o sinal do oscilador local por A' c cos ⁡(2 π f c t + φ), e recorrendo à expressão
da modulação DSB – SC, s ( t ) =c ( t ) m( t).

A saída de multiplicador (modulador multiplicador) será:

' '
v ( t )= A c cos ( 2 π f c t +φ ) s ( t ) =A c A c cos ( 2 π f c t +φ ) cos ( 2 π f c ) m(t )

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1 1
v ( t )= Ac A ' c cos ( 2 π f c +φ ) m ( t ) + A c A ' c cos (ϕ )m ( t )
2 2

Na expressão resultante de v(t), a primeira parcela contendo cos ( 2 π f c +φ ) é um sinal


AM DSB – SC com uma frequência portador 2 f c . Por isso é filtrada e descartada. A
segunda é proporcional ao sinal m(t), a parcel desejável, v o ( t ). Fazendo a
transformada de Fourier de v(f) obtém-se o espectro abaixo ilustrado.

Figura 3.2-111: Espectro do sinal retirado do detector

É preciso lembrar que o sinal m(t) é limitado em banda, ou seja, −W ≤ f ≤ W


Para a remoção da primeira parcela, é utilizado um filtro passa- baixas com a
frequência de corte maior que W, mas menor que 2 f c −W , o que é possível se f c > W .

Na saída do filtro tem-se:

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1
v o ( t )= Ac A ' c cos (ϕ )m ( t )
2
Este sinal é proporcional a m(t) quando o erro da fase, , é constante.
π
A amplitude de v o ( t ) é máxima quando  = 0, e mínima (zero) quando ϕ =± .
2
π
O sinal demodulado nulo para ϕ =± representa o efeito nulo de quadratura do
2
detector coerente.
O termo cosϕ representa um facto de atenuação. Se  for constante a saída do detector
será uma versão de m(t) sem distorções. O erro de fase  varia aleatoriamente com o
tempo na prática, devido a variações do canal de comunicação. Isto significa que
deve haver soluções para evitar a variação, o que implica custos elevados do detector.

3.2.7.3. Receptor de Costas

A outra forma de demodulação da onda AM DSB –SC, é o uso de receptor de costas


que é um sistema receptor de AM prático, ilustrada no diagrama em blocos da figura
que se segue.

Figura 3.2-112: Receptor de costas

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Basicamente, o receptor de costas é constituído por dois detectores coerentes que são
alimentados pela onda DSB –SC, Ac cos ( 2 π f c t ) m ( t ) , em simultâneo, mas com sinais
distintos do osciladores local, que estão em quadratura de fase entre si (desfasados
noventa graus). A frequência do oscilador local é a mesma que a frequência da
portadora. Isso faz com que o receptor tenha dois caminhos: superior e inferior.
O caminho superior é conhecido como detector coerente em fase, ou canal I, e o
inferior é o detector coerente em quadratura, ou canal Q. Estes detectores são
acoplados conjuntamente e formam um sistema de realimentação negativa que
mantém o oscilador local síncrono com a onda portadora. O princípio de
funcionamento descreve-se a seguir:

a) Considera-se o oscilador local com a mesma fase da onda portadora,


Ac cos ⁡(2 π f c t). Nesta situação, a saída do canal I, tem o sinal m(t)
demodulado e a saída do canal Q é zero, por causa do efeito nulo da
quadratura do canal Q.
b) Considera-se que a fase do oscilador local varia para  radianos. A
saída do canal I não vai variar, mas no canal Q haverá um sinal
proporcional a sen(ϕ)≈ ϕ , se  for pequeno. As duas saídas terão a
mesma polaridade para uma direcção do deslocamento de fase do
oscilador local. Combinando as duas saídas num discriminador de fase
(multiplicador), obtém-se o sinal DC que corrige automaticamente os
erros de fase do oscilador controlado por tensão.

O receptor de costas tem a desvantagem de bloquear a fase, bloqueio esse causado


pelo controlo de fase no receptor, fazendo cessar a modulação.

3.2.8. Modulação em Amplitude de Banda Lateral Única - AM – SSB

Nesta versão da modulação em amplitude, apenas uma banda lateral é transmitida,


seja ela superior ou inferior. A modulação AM – SSB translada o espectro de m(t)
para uma nova localização no domínio de frequência.
Esta modulação é confortável para sinais de voz, dada a existência de intervalos de
energia nula existente nos sinais de voz entre zero e algumas centenas de Hz. A
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potência e a largura de banda requeridas em AM – SSB são mínimas. Porém, tem a
desvantagem na construção pois é complexa.
A geração do sinal AM – SSB é directa, isto que se gera primeiro a onda AM –DSB e
com recurso a um filtro passa – faixas ideal com frequência de corte f c e f c +W , se se
requer a banda superior, por exemplo, é filtrada a banda inferior.
Note-se que o sinal de voz tem pouca energia em frequências baixas (<300Hz) daí a
existência de energia nula no espectro próximo à origem.

Figura 3.2-113: Espectro do sinal de voz ilustrando intervalo de energia nula

Aplicando o filtro passa-faixa ideal (filtro SSB), obtém-se:

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Figura 3.2-114: Sinal AM-SSB

O sinal SSB é analisado com recurso à transformada de Hilbert de seguinte


maneira:

Seja um dispositivo invariante no tempo com função de transferência:

{
− j , se f >0
H ( f ) =− jsgn ( f ) = 0 , se f =0
j , se f <0

1
h ( t )=
πt

Graficamente

|H(f)| arg|H(f)|

1
90o

0 f 0 f

Figura 3.2-115: Espectro de amplitude -90o

Figura 3.2-116: Espectro de fase

A Transformada de Hilbert de x(t) descreve-se como:

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^x ( t )=x ( t )∗( )
1 1
= ∫
x (τ )
πt π −∞ t −τ

Representando pelo diagrama de blocos, fica:

Transformada
de Hilbert

^
X ( f )=− jsgn ( f ) X (f )

Os sinais SSB têm a seguinte forma:

Figura 3.2-117: Espectro do sinal AM-SSB

Ac
su ( t ) = [m ( t ) cos ( 2 π f c t )− m
^ ( t ) sen ( 2 π f c t ) ]
2

Figura 3.2-118: Espectro do Sinal AM - SSB

Ac
sl ( t ) = [m ( t ) cos ( 2 π f c t ) + m
^ ( t ) sen ( 2 π f c t ) ]
2

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Figura 3.2-119: Modulador AM - SSB

3.2.8.1. Demodulação do sinal AM – SSB

Para a demodulação do sinal AM – SSB usa-se o demodulador coerente para se


detectar o sinal m(t). Dois métodos são usados para se obter a informação de
sincronização requerida para a realização da demodulação coerente:
a) Transmissão da portadora piloto de baixa potência adicionada à banda
lateral selecionada.
b) Utilização dos osciladores estáveis tanto no transmissor como no
receptor para gerar a frequência da portadora.

No caso b, há sempre existência de erro de fase entre os osciladores do emissor e do


receptor, que conduz às distorções do sinal modulado e produz o efeito de voz do pato
Donald.

Figura 3.2-120: Sinal AM - SSB

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Figura 3.2-121: Demodulador AM - SSB

O sinal v(t) da expressão acima descreve-se como:

Ac
v ( t )=cos ( 2 π f c t ) s ( t )=cos ( 2 π f c t ) [m ( t ) cos ( 2 π f c t ) ∓ m
^ ( t ) sen ( 2 π f c t ) ]
2

Ac Ac
v ( t )= m ( t ) + [m ( t ) cos ( 2 π f c t ) ± m
^ ( t ) sen ( 2 π f c t ) ]
4 4

A primeira parcela da expressão v(t) corresponde à saída v o (t) e a segunda parcela é


filtrada porque é inútil.

Considerando o erro  da fase, na saída do Demodulador tem-se:

Ac Ac
v o ( t )= m ( t ) cos ⁡(ϕ )∓+ m ^ ( t ) sen ( ϕ )
4 4

De notar que o sinal negativo é para o sinal SSB – BLS.

3.2.9. Modulação AM por banda lateral Vestigial - VSB

Neste tipo de modulação uma das bandas laterais passa completamente e na outra é
transmitido apenas um terço – o vestígio.

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A largura de banda requerida será igual à largura de banda da mensagem, W, mais a
largura vestigial (largura da banda vestigial).
Esta modulação é utilizada na transmissão de sinais de banda larga, como por
exemplo, sinais de televisão com componentes significantes em frequências
extremamente baixas. Por exemplo, o sinal de televisão comercial transmite-se com
uma portadora grande juntamente com a onda modulada, tornando possível a
demodulação do sinal modulado que chega através de um detector da envoltória no
receptor, simplificando, deste modo, o projecto do receptor.
Na prática, a modulação AM – VSB é uma versão da modulação AM – SSB, aplicada
a sinais que não apresentam intervalo de energia nula na origem. A figura a baixo
indica mostra a característica da modulação AM – VSB.

Figura 3.2-122: Espectro do sinal AM - VSB

A condição para se ter o espectro do sinal acima é de que o filtro usado em VSB tenha
uma banda de transição não nula.
A questão é: havendo a transição não nula, que restrições deve ter o filtro para
permitir que haja recuperação do sinal?

Para a resposta desta questão, considere-se que a geração do sinal VSB através de um
circuito cujo diagrama de blocos a seguir se ilustra.

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Figura 3.2-123: Modulador AM - VSB


Como se pode ver na figura acima, H(f) é a função de transferência do filtro que vem
depois do multiplicador.
Recorde-se ainda que o sinal modulado é s(t), que sai do multiplicador onde é
deslocado em frequência, u(t) no tempo, através do filtro H(f). Seu espectro de
frequência expressa-se por:

Ac
S ( f )=U ( f ) H ( f )=
2
[ M ( f −f c ) + M ( f + f c ) ] H (f )¿

Onde:
M(f) é a transformada de Fourier de m(t)
U(f) é a transformada de Fourier de u(t)

Na expressão acima é necessário determinar H(f) particular que se requer para


se produzir um sinal modulado s(t) com as características de espectro
desejadas, de modo a se poder recuperar o sinal de mensagem, m(t), partir
daquele s(t), por meio de detecção coerente.

Sendo que se sabe o tipo de demodulador que se vai utilizar, nada melhor que
começar a análise a partir da recepção. Assim, seja considerado o detector
coerente cujo diagrama de blocos a seguir se ilustra.

Figura 3.2-124: Demodulador AM - VSB

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Neste detector, o s(t) é multiplicado por uma onda sinusoidal, A' c cos ⁡(2 π f c t ),
tanto em frequência quanto em fase. O produto da multiplicação é o v(t) que
se pode expressar como:

v ( t )= A' c cos ⁡(2 π f c t) s (t)

Fazendo a transformada de Fourier de v(t), obtém-se:

'
Ac
V (f )= [S ( f −f c ) + S ( f + f c ) ]
2

Substituindo S(f) na expressão de V(f), obtém-se:

' '
Ac A c A A
V (f )= M ( f ) [ H ( f −f c ) + H ( f +f c ) ]+ c c [ M ( f −2 f c ) H ( f −f c ) + M ( f +2 f c ) H ( f +f c ) ]
4 4

O segundo termo da expressão de V(f) representa as componentes da


expressão de alta frequência de v(t), e são removidas com recurso a um filtro
passa-baixas representado no detector. Assim, o que passa do filtro será o
v o (t) cujo espectro é:

'
Ac A c
V o ( f )= M ( f ) [ H ( f −f c ) + H ( f + f c ) ]
4

O V o (f ) deve ser uma versão escalonada de M(f) de modo a se reproduzir sem


distorção o m(t) no detector coerente. Dito isso, o H(f) deve satisfazer a
seguinte condição:

H ( f −f c ) + H ( f + f c )=2 H (f c )

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Onde H ( f c ) é H(f) para f =f c , e é constante. Para que w=0 (banda de M(f) fora do
intervalo – w ≤ f ≤ w ), basta que se satisfaça a igualdade acima, para os valores de f
nesse no intervalo anteriormente especificado.

1
Como forma de simplificar a análise, considera-se que H ( f c ) = , assim H(f) deve
2
satisfazer a condição:

H ( f −f c ) + H ( f + f c )=1 , se – w ≤ f ≤ w

Assim, no domínio de tempo, v o ( t ) é dado por:

'
Ac A c
t o (t )= m(t)
4

Da expressão acima conclui-se que se H(f) satisfazer a condição


H ( f −f c ) + H ( f + f c )=1 , se – w ≤ f ≤ w , o sinal m(t) pode ser recuperado sem distorção.

3.2.9.1. Exemplo prático


Supõe-se que é necessário gerar uma onda AM – VSB com o vestígio da BLI
transmitido, cujo espectro é ilustrado na figura abaixo.

Figura 3.2-125: Espectro do sinal AM - VSB para BLI

A resposta em frequência (centrada em f c) da porção do corte é simetricamente ímpar,


satisfazendo as seguintes condições:

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a. A soma dos valores das frequências simétricas em relação a f c deve ser 1. Ou
seja, f c −f v ≤ f c + f v .
b. A resposta em fase da função de transferência do filtro H(f) é linear, o que
significa que satisfaz a seguinte condição:
H ( f −f c ) + H ( f + f c )=1 , se – w ≤ f ≤ w .
Sendo a largura de banda de transmissão expressa-se como:

BT =w+ f v

Onde fv é a largura de banda vestigial e w é a largura de banda de m(t).

Graficamente:

Figura 3.2-126: Espectro de AM - VSB

A expressão matemática da onda VSB é:

Ac Ac
s (t)= m ( t ) cos ⁡(2 π f c t)± m ( t ) sen ⁡(2 π f c t )
2 2 Q

Em que m Q ( t ) obtém-se quando m(t) passa por um filtro cuja resposta em frequência é
expressa por:

H Q ( f )= j [ H ( f −f c ) −H ( f + f c ) ] , para−w ≤ f ≤ w

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O mQ ( t ) tem como função interferir com a sua componente de fase de modo que a
potência seja parcialmente reduzida numa das bandas laterais de s(t) e seja retida um
vestígio da outra banda.

3.2.9.2. Detecção do sinal AM – VSB com portadora

Tal como referido anteriormente, uma das utilizações práticas de AM – VSB é na


televisão comercial, em que a portadora é enviada junto com a onda modulada para
facilitar a demodulação por envoltória. Nestas condições, s(t) fica:

[ 1
2 ] 1
s ( t ) =A c 1+ k a m ( t ) cos ( 2 π f c t )− A c k a m Q ( t ) sen(2 π f c t )
2

Ka chama-se factor de escala.

A saída do detector de envoltória será:

√[ ][ ]
2 2
1 1
a ( t )= A c 1+ k a m ( t ) + k a mQ ( t )
2 2

Desenvolvendo algebricamente a expressão acima, pode se escrever que:

√[ ]
2
1
k m (t )
[ 1
a ( t )= A c 1+ k a m ( t )
2 ] 1+
2 a Q
1
1+ k a m ( t )
2

Note-se que existe uma distorção proveniente da componente em quadratura, mq (t ).


Para a redução desta distorção pode-se fazer:
a. Redução da percentagem da modulação para reduzir o ka;
b. Aumento da largura de banda lateral vestigial, para reduzir o mq (t ).

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