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COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL, MARÇO 2022 1

Modulação contı́nua e análise espectral de sinais


AM e FM
Bárbara de A. Santos, UNIOESTE, Samuel G. Bender, UNIOESTE

Abstract—O presente trabalho apresenta um estudo sobre


sistemas de transmissão em Ultra-Alta Tensão, considerando
seus equipamentos e tecnologias envolvidas. Com o aumento
do emprego de transmissão em corrente contı́nua por longas
distâncias (UHVDC - do inglês Ultra High Voltage Direct Current),
cada vez mais se busca elevar a tensão e distância de transmissão,
surgindo a necessidade do desenvolvimento de equipamentos
consideravelmente mais robustos para suportar nı́veis de potência
e tensão cada vez maiores. Neste contexto, existem equipamentos
desenvolvidos especificamente para aplicação nesta classe de
tensão de transmissão, que possibilitam a operação adequada dos
sistemas em corrente contı́nua e sua conexão com os sistemas Fig. 1. Estrutura geral de um sistema de comunicação [1].
em corrente alternada. Uma revisão bibliográfica é realizada
para identificar estes equipamentos e tecnologias, levantando suas
principais caracterı́sticas, bem como as perspectivas futuras de
empreendimentos de transmissão em Ultra-Alta Tensão (UHV). A. Transmissor
Index Terms—Modulação, Comunicação, AM, FM, Sinais,
O transmissor é um conjunto de componentes eletrônicos e
Simulação. circuitos responsável por converter o sinal elétrico contendo
a informação inicial em um sinal adequado para o meio de
transmissão. São constituı́dos de osciladores, amplificadores,
I. I NTRODUÇ ÃO circuitos sintonizados, filtros, moduladores, misturadores, sin-
Comunicação é definida como um processo de troca de tonizadores de frequência e outros. Geralmente, o sinal de
A informações. Este processo é inerente à vida humana,
sendo utilizado para transmitir pensamentos, ideias e senti-
informação modula uma portadora de alta frequência que
passa por um amplificador de potência para ter sua amplitude
mentos entre pessoas. Os dois obstáculos principais para a aumentada, resultando em um sinal compatı́vel com o meio
comunicação são a linguagem e a distância. Do ponto de [1]. Contudo, existem outras formas de modular o sinal de
vista da engenharia, a comunicação teve um grande salto ao informação, sendo que algumas delas serão abordadas poste-
final do século XIX com a descoberta da eletricidade e suas riormente.
aplicações. Dentre estas aplicações estão o telégrafo (1844),
telefone (1876), ondas de rádio (1887), entre outras [1]. B. Canal de comunicação
A comunicação eletrônica, associada a tecnologias como
O canal de comunicação é o meio pelo qual o sinal
telefone, rádio, TV e internet, aumentaram nossa capaci-
eletrônico é transmitido de um local para outro. Os principais
dade de compartilhar informações e atualmente vivemos na
meios são condutores elétricos, meios ópticos e o espaço livre
chamada ”sociedade da informação”. É neste contexto que a
[1]:
comunicação eletrônica se torna tão importante por viabilizar
1) Condutores elétricos: A comunicação, em sua forma
a circulação e utilização das informações da maneira mais
mais simples, pode ser realizada por um par de fios que
oportuna possı́vel [1].
transporta sinais de áudio de um microfone para um fone
de ouvido, por exemplo. O meio pode ser também um cabo
II. S ISTEMAS DE C OMUNICAÇ ÃO coaxial utilizado em sinais de TV a cabo, ou então um cabo de
Um sistema de comunicação convencional é formado, essen- par trançado utilizado em redes locais LAN de computadores.
cialmente, por um transmissor, um canal de comunicação 2) Meios ópticos: Formado por cabos de fibra óptica, trans-
(comumente chamado de meio) e um receptor, como ilustrado mitem o sinal em forma de ondas luminosas. É muito usado
na Fig. 1. O objetivo deste sistema é possibilitar a trans- em telefonia de longa distância e Internet, sendo a informação
missão de uma mensagem ou informação de um ponto inicial, final convertida em formato digital. Sinais de áudio e vı́deo
chamado de transmissor, através do meio de transmissão até fazem variar a amplitude da luz para serem transmitidos.
que ela seja recebida em um ponto final, o receptor. Ao 3) Espaço livre: A transmissão pelo espaço livre caracter-
captar a mensagem, o receptor recupera a informação do sinal iza o rádio. Este termo é aplicado para qualquer comunicação
recebido e a retransmite na linguagem adequada para a correta sem fio. O rádio faz uso do espectro eletromagnético, sendo
interpretação [1]. que os sinais são convertidos em campos elétrico e magnético
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distância entre o transmissor e o receptor. O meio de trans-


missão é seletivo em termos de frequência, o que significa que,
um determinado meio pode se comportar como um filtro passa-
baixas para um sinal transmitido. O resultado deste fenômeno
é a distorção dos pulsos digitais do sinal, além da redução da
amplitude dos mesmos em longas distâncias. Desta forma se
faz necessária a amplificação do sinal, tanto no transmissor
quanto no receptor para uma transmissão bem-sucedida [1].
As seções a seguir tratarão de algumas das técnicas de
modulação bem estabelecidas na literatura, os principais con-
ceitos envolvidos em cada uma delas bem como simulações
Fig. 2. Propagação de onda eletromagnética pelo espaço livre [2]. no software MATLAB (versão 2018a) para a aquisição dos
formatos de onda caracterı́sticos. Também será realizada a
análise do espectro em frequência dos sinais, sendo que alguns
que se propagam instantaneamente pelo espaço (Fig. 2). parâmetros serão variados a fim de identificar a influência dos
Também é possı́vel realizar comunicação por meio de luz mesmos na qualidade do processo de comunicação.
visı́vel ou infra-vermelha por meio do espaço livre.
4) Outros meios: Os meios mais utilizados são condutores
III. M ODULAÇ ÃO AM-DSB
e o espaço livre (rádio). Contudo, existem sistemas especiais
que operam em meios extremamente especı́ficos. Pode-se O termo AM se refere a um sinal de informação que modula
citar o sonar, que utiliza a água como meio para detectar uma portadora senoidal variando sua amplitude (do inglês
frequências sonoras por meio de hidrofones sensı́veis, que - Amplitude Modulation). O modulador AM convencional
utilizam uma espécie de técnica de reflexão de eco. Outro possui duas entradas, sendo estas o sinal modulante (Vm ) e
exemplo pode ser a própria terra, podendo ser utilizada como a portadora (Vc ). A saı́da do modulador é o próprio sinal
meio de comunicação para transportar ondas de som de baixa modulado, como ilustra a Fig. 3.
frequência por sua caracterı́stica condutora.

C. Receptores
Os receptores são um conjunto de componentes eletrônicos
cuja finalidade é de receber uma mensagem transmitida pelo
canal de comunicação e a converter novamente para um for-
mato compreensı́vel para equipamentos ou pessoas no fim do
sistema de comunicação. Possui componentes semelhantes aos
já citados na seção referente a transmissores, com a diferença
que os receptores possuem demoduladores (ou detectores) que
recuperam o sinal a partir da portadora modulada [1].
Fig. 3. Entradas e saı́da de um modulador de amplitude [1].
D. Problemas no canal de comunicação
O sinal modulante pode ser expresso matematicamente de
Ao longo do percurso da informação desde o inı́cio do acordo com a Eq. 2.
processo de comunicação até o final, inevitavelmente ocorre
a ação de ruı́do no sinal. O ruı́do está associado a qualquer
vm = Vm = sin 2πfm t (2)
fenômeno que degrada ou interfere na informação transmitida.
Uma forma de quantificar o ruı́do se dá em termos da relação Em que vm representa o valor instantâneo do sinal de
sinal-ruı́do (SNR - do inglês signal-to-noise rate), expressa informação, Vm representa o valor de pico do sinal de
pela Eq. 1, em que Psinal é a potência do sinal, e Pruı́do é a informação e fm é a frequência do sinal modulante [1].
potência do ruı́do. Desta forma, para um bom desempenho do Um dos requisitos para se gerar um sinal AM sem distorção
sistema, é desejável que esta relação seja o mais alta possı́vel. é que a tensão do sinal modulante Vm seja menor que a tensão
Isso realizável por meio da utilização de componentes que da portadora Vc . A relação de entre as amplitudes do sinal
produzam menos ruı́do e baixar suas temperaturas. Em casos modulante e da portadora são, portanto, muito importante para
especiais, também há a possibilidade de filtrar partes desses a correta modulação. Esta relação é chamada de ı́ndice de
ruı́dos [1]. modulação [1].
Considerando um ı́ndice de modulação de 0,9 com uma
Psinal
SN R = (1) amplitude do sinal modulante de 1,35 V e frequência 500
Pruı́do Hz, foi realizada a modulação de um sinal AM-DSB por meio
Outro fenômeno inevitável, independente do meio de trans- de simulações. A frequência da portadora utilizada foi de 10
missão, é a atenuação. Ela é proporcional ao quadrado da kHz:
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IV. M ODULAÇ ÃO AM-DSB SC


Como alternativa para o AM-DSB, que desperdiça boa
parte da potência do sinal na portadora, surge o conceito da
modulação AM-DSB SC. A transmissão do sinal modulante
é deslocado pela frequência da portadora, sem a informação,
caracterizado pelo AM-DSB-SC. Este tipo de modulação faz
com que tenha um deslocamento do espectro de frequência
para a esquerda e para a direita por fc , como na Eq. 3.

1
m(t) · cos 2πfc t → · [M (f + fc ) + M (f − fc ) (3)
2
Em que m(t) é a função linear do sinal de banda base,
com frequência e fase da portadora constantes. O espectro
do sinal modulado consiste em um lado externo, conhecido
como banda lateral superior (USB – Upper Sideband) e um
lado interno, sendo a banda lateral superior (LSB – Lower
Fig. 4. Simulação de um sinal AM-DSB modulado.
Sideband). Ao menos que o sinal de mensagem M (f ) tenha
um impulso de frequência igual a zero, o sinal modulado
não irá conter uma componente discreta da portadora fc , ou
Como observado na Fig. 4, as envoltórias estão muito seja, o processo de modulação não irá incluir uma senoide
próximas de tangenciar a o eixo das abcissas. Quanto mais em fc . Desta forma, define-se a modulação em banda lateral
perto de 1 o ı́ndice de modulação estiver, mais próximo desse dupla com portadora suprimida (DSB-SC – Double-Sideband
tangenciamento as envoltórias estarão. Também é evidente a Supressed Carrier) [3].
diferença de frequências entre o sinal modulante e o sinal da O sinal original m(t) pode ser recuperado devolvendo
portadora (fc ≫ fm ). o espectro à posição original, processo este denominado
demodulação. Ao deslocar o espectro para esquerda ou direita
A análise do espectro de frequência destes sinais é útil para
por fc , obtêm-se o espectro de banda base desejado. Contudo,
identificar o maior problema do AM-DSB que é o desperdı́cio
serão obtidos também espectros indesejados para 2fc , que
de potência na portadora, como ilustra a Fig. 5.
podem ser corrigidos por filtros passa-baixas.
A demodulação consistirá em multiplicar o sinal modulado
recebido m(t) cos ωc t por uma portadora cos ωc t, sendo o
resultado aplicado em um filtro passa-baixas. Assim, a trans-
formada de Fourier do sinal é dada pela Eq. 4.

1 1
E(f ) = · M (f ) + · [M (f + 2fc ) + M (f − 2fc )] (4)
2 4
Para o sinal DSB-SC, o filtro permitirá a demodulação sem
a distorção do sinal de mensagem. O método de recuperação
do sinal em banda base é denominado detecção sı́ncrona ou
detecção coerente, usando uma portadora com a frequência
igual da portadora da modulação, sendo necessário ter uma
portadora local no receptor para a demodulação. Esta é uma
das desvantagens deste método de modulação, visto que a
complexidade dos circuitos demoduladores é maior.
A Fig. 6 exibe os resultados das simulações realizadas para
modulação do sinal AM-DSB SC.
Fig. 5. Espectro de frequência do sinal AM-DSB. Além da necessidade de detecção coerente, outra desvan-
tagem é a inevitável inversão de fase do sinal modulado
quando as envoltórias se aproximam do eixo das abcissas.
É possı́vel observar que as maiores amplitudes do sinal Contudo, do ponto de vista de eficiência de transmissão, o
modulado corresponde às frequências da portadora, sendo que AM-DSB SC é melhor comparado ao AM-DSB pelo fato de
apenas uma fração da potência estará sendo utilizada para toda potência ser utilizada na transmissão da informação, como
transmitir as bandas laterais, que efetivamente carregam a ilusta a Fig. 7.
informação. Desta forma, a eficiência máxima para o sinal É possı́vel observar que não há mais picos de amplitude
AM-DSB, considerando que esta representa a maior fração de nas frequências correspondentes ao sinal da portadora. Por este
potência utilizada na transmissão da informação, é de apenas motivo, apesar da complexidade da demodulação, este método
33,3% [1]. se mostra mais eficiente.
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Em que θ(t) é o ângulo de uma função t. Este ângulo para


uma senoide convencional é uma reta. Para o sinal FM, a
frequência angular instantânea ωi vai variar linearmente com
o sinal modulante, representador pela 6 [3].

ωi (t) = ωc + kf m(t) (6)


Em que kf é uma constante. Desta forma, assumindo que
em θ(t) o termo constante é zero, sem perda de generalidade,
a onda FM pode ser representada pela Eq. 7.
Z t
ϕF M (t) = A · cos {ωc t + kf m(α)dα} (7)
−∞
Quando o sinal modulante é menor que zero, ocorre a
diminuição da frequência da portadora, diminuindo até chegar
no pico do semiciclo negativo de um sinal modulante senoidal.
Posteriormente, o sinal modulante irá aumentar em direção ao
Fig. 6. Simulação da modulação do sinal AM-DSB SC.
zero, aumentando a frequência da portadora. Esse sinal pode
ser representado na Fig. 8, pode-se observar que inicialmente
a onda senoidal da portadora é comprimida e depois estendida.

Fig. 8. Sinal FM modulado [1]

O sinal modulante é representado por uma série de dados


binários, para esse tipo de sinal, com apenas duas amplitudes,
a frequência da portadora tem dois valores. Desta forma, o
valor do desvio vai depender da amplitude do sinal modulante,
denominado de chaveamento de frequência (FSK – Frequency-
Shift Keying), utilizado muitas vezes em transmissão de dados
binários em telefonia celular.
Fig. 7. Espectro de frequência do sinal AM-DSB SC. O sistema FM e considerado superior ao AM, de forma
que o FM oferece mais benefı́cios. A seguir estão expostas
algumas das vantagens do FM:
V. M ODULAÇ ÃO FM
A. Imunidade ao ruı́do
Para uma informação em uma portadora que varia a sua
frequência, o sinal FM (Frequency Modulation) é produzido. tem uma imunidade superior ao ruı́do, devido aos circuitos
Em um sinal FM, a frequência é alterada por um sinal ceifadores no receptor, que retira as variações de ruı́do, resul-
modulante, enquanto a amplitude da portadora é mantida con- tando um sinal de amplitude constante.
stante. Com a variação da amplitude do sinal de informação,
haverá uma mudança da frequência da portadora de forma B. Efeito de captura
proporcional e essa variação de frequência é denominado os sinais de interferência da mesma frequência são rejeita-
desvio de frequência [1]. dos, devido aos limitadores de amplitude e aos métodos de
A razão do desvio de frequência é determinada a partir da demodulação utilizados nos receptores.
frequência do sinal modulante ou também pode ser determi-
nada a partir de quantas vezes por segundo a frequência da C. Eficiência do transmissor
portadora é desviada acima e abaixo da frequência central [1], possui uma amplitude constante não sendo necessário a
ou seja, se o sinal modulante é uma onda senoidal de n Hz, utilização de amplificadores lineares para aumentar o nı́vel
a frequência é desviada para cima e para baixo da frequência de potência.
central em n vezes a cada segundo. O sinal senoidal é dado A seguir estão representados os resultados das simulações
pela Eq. 5. realizadas referentes à modulação do sinal FM. Foi consid-
erado um ı́ndice de modulação de 50, uma frequência de
ϕ(t) = A cos θ(t) (5) portadora de 200Hz e um passo de integração de 500 µs:
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este tipo de sinal não irá ocupar espaço maior do que de um


sinal AM, esse tipo é chamado de FM de banda estreita, ou
NBFM (Narrowband FM).
Pode-se definir como um NFBM o sistema que possui um
ı́ndice de modulação menor do que 1,57 (π/2). O NBFM
tem como finalidade a economia de espaço no espectro de
frequência, sendo utilizado em comunicação de rádio. Essa
economia de espaço se dá pela relação sinal-ruı́do. Uma
simulação utilizando um ı́ndice de modulação de 1,5 e os
mesmos parâmetros da simulação do sinal FM convencional
foi realizada, sendo o resultado ilustrado na Fig. 11.

Fig. 9. Simulação do sinal FM modulado.

É evidente que a amplitude do sinal modulado não varia,


sendo o único parâmetro variável sua própria frequência. Desta
forma não são necessários amplificadores de potência para
elevar a amplitude destes sinais para sua transmissão.
O espectro em frequência do sinal FM é ilustrado na Fig.
10. Em relação ao espectro dos sinais AM, ele é consider-
avelmente mais difı́cil de se compreender, visto que há mais
componentes de frequência nos sinais justamente pela carac-
terı́stica de variação de frequência que é inerente ao processo
de modulação FM. Contudo, as principais componentes do Fig. 11. Simulação do sinal NBFM modulado.
sinal modulado são múltiplas da frequência da portadora.
Como está evidente, a variação de frequência é muito baixa,
sendo esta impossı́vel de se identificar analisando o gráfico da
função no tempo. Isso se traduz em uma redução no espaço
ocupado por esse sinal no espectro de frequência durante o
processo de transmissão, aumentando a quantidade de sinais
que podem utilizar a modulação por frequência para processos
de comunicação.
Como a saı́da do modulador do tipo NBFM tem variações
de amplitude, um dispositivo não-linear que limita a amplitude
do sinal passa-faixa pode remover a maior parte da distorção
devido a aproximações de equacionamento [3].
A modulação em ângulo é não-linear, diferente do sinal
AM. Desta forma, nenhuma propriedade de Fourier pode ser
aplicada para efeitos de análises de largura de banda. Como
mencionado anteriormente, há uma aproximação matemática
de uma modulação linear com expressão similar de um sinal
AM com sinal de mensagem, para NBFM. O sinal modulado
Fig. 10. Espectro de frequência do sinal FM modulado. é representado pela Eq. 8.

ϕN BF M (t) ≈ A{cos ωc t − kf α(t) sin ωc t} (8)


VI. M ODULAÇ ÃO NBFM
Essa aproximação é linear e similar a expressão de onda
Os sinais FM possuem espectros de frequência com difer- AM, como representado pela Fig. 12.
entes ı́ndices de modulação. Com a modulação, a amplitude
na portadora irá diminuir e as amplitudes das bandas laterais
irão aumentar. Têm-se um caso especial para o sinal FM, em VII. F UNÇ ÕES DE B ESSEL
que o ı́ndice de modulação é de 0,25, no qual produz um par Para um sinal que é representado pela série de Fourier,
de bandas laterais [1]. Para o ı́ndice de modulação de 0,25, os sinais mostrados serão vetores. Há várias maneiras de
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Fig. 12. Gerador de sinal NBFM [3].

Fig. 13. Variação de Jn (β) em função de n(β) [3]


representação de vetores, como por exemplo, a soma de com-
ponentes, de acordo com a escolha do sistema de coordenadas,
também representando um sinal como a soma de componentes.
O sistema de coordenadas é formado por um conjunto de ∞
X
vetores ortogonais, como um sistema de coordenadas de sinais, ϕF M (t) = A Jn (β) cos (ωc + nωm t) (13)
sendo os sinais base. Desta forma, há conjuntos ortogonais de n=−∞
sinais usados como base para séries de Fourier, conhecidos
como como funções trigonométricas, funções exponenciais, Desta forma, para um dado β, Jn (β) é decrescente em n e
funções de Bessel, entre outras [3]. há um número finito de linhas espectrais nas bandas laterais,
Em uma portadora FM, para o sinal de menagem, a análise como na Fig. 13. O Jn (β) é despezı́vel para n > β + 1, sendo
espectral necessita de uma aproximação do sinal por degraus, o número de impulsos nas bandas laterais β + 1.
para o qual a análise espectral é possı́vel quando m(t) é Assim sendo, as amplitudes das bandas laterais podem ser
uma senoide. Aproxima-se, assim, a largura de banda FM determinadas pelos coeficientes Jn que são determinados pelo
inicialmente para α(−∞) = 0, com o sinal apresentado na ı́ndice de modulação. Na prática, existem tabelas com estes
Eq. 9. valores disponı́veis, de forma que não há necessidade se saber
ou calcular os coeficientes.
kf α
ϕF M (t) = Ae(jωc t+ ωm sin ωm t)
(9)
Para uma largura de banda de m(t) igual a 2πB = VIII. C ONCLUS ÕES
ωm rad/s, o ı́ndice de modulação é dado pela Eq. 10.
Foram apresentados os principais métodos de modulação
∆f ∆ω αkf utilizados para processos de comunicação, tanto de modulação
β= = = (10)
B 2πB ωm por amplitude quanto por modulação em frequência. Foram
Para um sinal periódico ejβ sin ωm t , com um perı́odo de explicitadas as equações que representam tais sinais, bem
2π/ωm , a exponencial em série de Fourier exponencial é dada como suas representações gráficas no domı́nio do tempo e da
pelas seguintes equações: frequência.
Por meio das simulações, foram identificadas as princi-

jβ sin ωm t
X
jωm t pais vantagens e desvantagens de cada método para casos
e = Dn e (11)
especı́ficos, porém de acordo com a literatura este com-
n=−∞
portamento se mantém diante de variações dos parâmetros
Z ωπ Z π considerados.
ωm m 1
Dn = ejβ sin ωm t e−jnωm t dt = ej(β sin x−nx) dx
2π − ω−π 2π −π
m
(12) R EFERENCES
Em que a integral direita é calculada de forma fechada por
meio de expansão de série infinita. Este tipo de integral é [1] L. E. Frenzel Jr., Fundamentos de comunicação eletrônica. Porto Alegre,
denominada Jn (β), função de Bessel de primeira espécie e RS: Bookman, 2013, p. 337.
[2] Vamos Estudar Fı́sica, “Ondas mecânicas e eletromagnéticas,” 2020,
ordem n. Na Fig. 13 pode-se observar o gráfico de Bessel em (Acesso em 15 de março de 2022). [Online]. Available: https:
função de n(β) para valores de β. //vamosestudarfisica.com/ondas-mecanicas-e-eletromagneticas/
Após algumas manipulações matemáticas, pode-se obter a [3] B. P. LATHI and Z. Ding, Sistemas de comunicações analógicos e digitais
modernos. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2019.
Eq. 13.
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A PPENDIX
A. AM-DSB
% Parâmetros da modulação
m = 0.9; % Índice de modulação
Am = 1.35; % Amplitude do sinal modulante
Ac = Am/m; % Amplitude da portadora
fm = 500; % Frequência do sinal modulante
fc = 10000; % Frequência da portadora
fs = 100000; % Frequência de amostragem (análise espectral)
t = 0:10e-6:0.5; % Vetor tempo

% Sinais da modulação
m_t = Am * sin(2*pi*fm*t); % Sinal modulante
env_p = Ac*m.* m_t/Am + Ac; % Envoltória superior
env_n = -Ac*m.* m_t/Am - Ac; % Envoltória inferior
c_t = Ac * cos(2*pi*fc*t); % Portadora
s_t = (1 + m * m_t/Am) * Ac .*cos(2*pi*fc*t); % Sinal modulado

B. AM-DSB SC
% Parâmetros da modulação
m = 0.9; % Índice de modulação
Am = 1.35; % Amplitude do sinal modulante
Ac = Am/m; % Amplitude da portadora
fm = 500; % Frequência do sinal modulante
fc = 10000; % Frequência da portadora
fs = 100000; % Frequência de amostragem (análise espectral)
t = 0:10e-6:0.5; % Vetor tempo

% Sinais da modulação
m_t = Am * sin(2*pi*fm*t); % Sinal modulante
env_p = Ac*m_t/Am; % Envoltória superior
env_n = -Ac*m_t/Am; % Envoltória inferior
c_t = Ac * cos(2*pi*fc*t); % Portadora
s_t = m_t/Am .* c_t; % Sinal modulado

C. FM
% Parâmetros da modulação
tf = 0.15; % Tempo final de simulação
dt = 0.5e-3; % Passo de integração
kf = 50; % Índice de modulação
fc = 200; % Frequência da portadora
fs = 2000; % Frequência de amostragem (análise espectral)
t = 0:dt:tf; % Vetor tempo

% Sinais da modulação
% Sinal modulante
m_t = [2*ones(1,tf/(3*dt)), -2*ones(1,tf/(3*dt)), zeros(1,tf/(3*dt)+1)];
c_t = cos(2*pi*fc*t); % Portadora
int_m(1) = 0;

for i=1 : length(t)-1


int_m(i+1) = int_m(i) + m_t(i)* dt;
end

s_t = cos(2*pi*fc*t + 2*pi*kf*int_m); % Sinal modulado


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D. NBFM
% Parâmetros da modulação
tf = 0.15; % Tempo final de simulação
dt = 0.5e-3; % Passo de integração
kf = 1.5; % Índice de modulação
fc = 200; % Frequência da portadora
fs = 2000; % Frequência de amostragem (análise espectral)
t = 0:dt:tf; % Vetor tempo

% Sinais da modulação
m_t = [2*ones(1,tf/(3*dt)), -2*ones(1,tf/(3*dt)), zeros(1,tf/(3*dt)+1)]; % Sinal modulante
c_t = cos(2*pi*fc*t); % Portadora
int_m(1) = 0;

for i=1 : length(t)-1


int_m(i+1) = int_m(i) + m_t(i)* dt;
end

s_t = cos(2*pi*fc*t + 2*pi*kf*int_m); % Sinal modulado

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