Você está na página 1de 4

Disciplina PEN5021

Energia e Sociedade

Docente Responsável: Ildo Luís Sauer

Objetivos:

a) Apresentar elementos do pensamento científico e seu impacto sobre a construção de


conceitos e sua interpretação na análise das questões da atualidade, em especial no campo
da Energia.

b) Desenvolver a compreensão de que a noção da energia teve uma construção histórico-


social.

c) Analisar detalhadamente, a partir da historicidade, os vínculos da energia, em cada


formação histórico-social da Humanidade, no contexto dos limites dos recursos naturais
disponíveis, com as dimensões da compreensão de ciência, de tecnologia, da produção das
necessidades materiais e sociais e da sua repartição social e, das instituições de organização
e controle sociais hegemônicas, bem como dos processos de ruptura e superação dessas
formações.

Justificativa:

Presente em todas as atividades humanas, pouco se reflete sobre o papel e as escolhas


efetuadas em torno da energia. Mesmo no campo acadêmico, é pouco analisada em um
contexto abrangente, que considere historicidade, sociabilidade e espacialidade, para além
dos saberes das Ciências Naturais. Esta disciplina busca superar tal lacuna, tendo em vista a
formação de uma visão crítica e analítica do estudante, provocando uma ruptura com os
conteúdos usuais a partir dos quais se formam os especialistas em Energia e que privilegiam
conhecimentos de aplicação prática imediata, tanto no campo tecnológico, quanto no
econômico e até no ambiental, lidando com indicadores e padrões determinados e estáticos.
Seu escopo volta-se para períodos anteriores à compreensão cognitiva da energia, ou sua
noção, buscando, justamente, reconstruir, empregando métodos e conceitos das Ciências
Sociais, as trajetórias histórico-sociais que, consolidadas, resultaram nas formas com que se
produz e apropria a energia nos dias de hoje e respectivas consequências. Espera-se,
fornecer perspectivas que ampliem as possibilidades do pesquisador ao lidar com as
questões energéticas, permitindo que reconheça paradoxos e impasses e se arrisque na
construção de reflexões mais sofisticadas sobre suas possíveis causas, formas de superá-las,
ou antecipá-las, contribuindo, talvez, para produzir enfrentamentos distintos de "velhos"
problemas.

Conteúdo:

PRIMEIRA PARTE - CONTEXTUALIZAÇÃO, CONCEITOS, PRINCÍPIOS

1) Informes administrativos - programa, avaliações, metodologia. Elaboração e


debate de resenhas; formação de grupos

2) A dimensão natural da energia

• Processos naturais e sociais.

• Formação do Universo, da Terra, Vida

• Limites naturais: termodinâmica dos processos

3) Energia como base das duas grandes revoluções da Humanidade

• Revolução Agrícola
• Revolução Industrial

4) Síntese: a construção histórico-social da noção de energia

SEGUNDA PARTE - AS PRIMEIRAS FORMAÇÕES HUMANAS – O PERÍODO ANTERIOR


À REVOLUÇÃO AGRÍCOLA.

5) Energia como base das sociedades humanas: biologia, cultura e organização


social

• A energia como base da cultura

• A energia como parâmetro de desenvolvimento econômico

6) O homem como elemento da biosfera: A sociedade de caçadores-coletore

• Densidade humana nos grupos de caçadores-coletores: o equilíbrio entre energia


metabólica gasta na procura de alimentos e seu conteúdo energético

• Inexistência de excedente

• Estrutura social simples?

• Possibilidades de estratificação social nestas sociedades

7) A revolução agrícola

• A agricultura e a domesticação de animais

• Aumento da produtividade e início da complexidade social

• Aumento da densidade, transição demográfica e transição epidemiológica

TERCEIRA PARTE - O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DA GERAÇÃO E DO USO


DA ENERGIA NO PERÍODO A PARTIR DA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA E APÓS A
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: SETORES SELECIONADOS

8) Agricultura

• Problematização

• Breve guia do passado ao presente

9) Metalurgia

• Problematização

• Breve guia do passado ao presente

10) Transportes

• Problematização

• Breve guia do passado ao presente


11) Energia

• Problematização

• Breve guia do passado ao presente

QUARTA PARTE - O DEBATE CONTEMPORÂNEO SOBRE O PAPEL DOS RECURSOS


NATURAIS NA MANUTENÇÃO DE UM MODO DE PRODUÇÃO – A VISÃO DOS
ECONOMISTAS ECOLÓGICOS E DOS NEOCLÁSSICOS

12) Viabilidade do crescimento econômico nas visões de neoclássicos e


economistas ecológicos.

13) Dissensos entre neoclássicos e economistas ecológicos.

PRIMEIRA PARTE - Contextualização, conceitos, princípios

1) A energia como fenômeno natural

2) A construção histórico-social da noção de energia

SEGUNDA PARTE - O período anterior à Revolução agrícola. As primeiras formações


humanas – os caçadores-coletores.

3) Energia: Biologia, cultura e organização social

4) A sociedade de caçadores-coletores

5) A revolução agrícola

TERCEIRA PARTE - O desenvolvimento tecnológico da geração e do uso da energia


ao longo do período entre e após as grandes Revoluções Energéticas e Sociais: a
Revolução Agrícola e as duas fases da Revolução Industrial: Setores selecionados.

6) Agricultura

7) Metalurgia

8) Energia e Transportes

QUARTA PARTE - O debate contemporâneo sobre o papel dos recursos naturais na


manutenção de um modo de produção hegemônico – a visão dos economistas
ecológicos e dos neoclássicos.

9) Viabilidade do crescimento econômico nas visões de neoclássicos e economistas


ecológicos

10) Dissensos entre neoclássicos e economistas ecológicos


Bibliografia:

• BAUMOL, W.J. On the Possibility of Continuing Expansion of Finite Resources. Kyklos,


39(2), 167-179, 1986.

• BECKERMAN, W. (1972). Economists, Scientists and Environmental Catastrophes. Oxford


Economic Papers, New Series, 24(3), 327-344, 1972.

• BOSERUP, E. The Impact of Scarcity and Plenty on Development. The Journal of


Interdisciplinary History, 14(2), Hunger and History: The Impact of Changing Food
Production and Consumption Patterns on Society, 383-407, 1983.

• CARNEIRO, R.L. A reappraisal of the roles of technology and organization in the origin of
civilization. American Antiquity, 39(2), 179-186, 1974.

• CHILDS, S.T.; KILLICK, D. Indigenous African metallurgy: nature and culture. Annual
Review of Anthropology. 22(1993), 317-337.

• DALY, H. On Wilfred Beckerman's Critique of Sustainable Development. Environmental


Values, 4(1), 49-55, 1995.

• DIAMOND, J. Evolution, consequences and future of plant and animal domestication.


Nature, 418, 700-707, 2002.

• DIAMOND, J.; BELLWOOD, P. Farmers and their Languages: the First Expansions. Science,
300(5619), 597-603, 2003.

• GUPTA, A.K. Origin of agriculture and domestication of plants and animals linked to early
Holocene climate amelioration. Current Science, 87(1), 54-59, 2004.

• JACOBS, M. Sustainable Development, Capital Substitution and Economic Humility: A


Response to Beckerman. Environmental Values, 4(1), pp. 57-68, 1995.

• LOTKA, A.J. Contribution to the energetics of evolution. Proceedings of the National


Academy of Sciences of United States of America. 1922 June; 8(6): 147–151.

• LOTKA, A.J. Natural selection as a physical principle. Proceedings of the National Academy
of Sciences of United States of America. 1922 June; 8(6): 151-154.

• MAYUMI, K. Temporary emancipation from land: from the industrial revolution to the
present time. Ecological Economics, 4(1), 35-56, 1991.

• ROSA, E.A. Energy and Society. Annual Review of Sociology, 14(1988), 149-172.

• SMIL, V. Nitrogen and food production: proteins for human diets. Ambio, 31(2), 126-231,
2002.

• TESTART, A et al. The Significance of Food Storage among Hunter-Gatherers: Residence


Patterns, Population Densities, and Social Inequalities [and Comments and Reply]. Current
Anthropology, 23(5), 523-537, 1982.

• THORNTON, C.P.; ROBERTS, B.W. Introduction: The Beginnings of Metallurgy in Global


Perspective. Journal of World Prehistory, 22(2009), 181–184.

• YAGO, G. The Sociology of transportation. Annual Review of Sociology, 9(1983), 171-190.

Você também pode gostar