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de Bacias Hidrográficas e de
Propriedades Rurais
Soluções Integradas em Ecologia Energia
Economia Ética Gestão – 4EG
Nome da Série:
Soluções Integradas em
Ecologia Energia Economia Ética
e Gestão de Bacias Hidrográficas
e Propriedades Rurais
Gestão Geo-ambiental e Econômica de Bacias
Hidrográficas e de Propriedades Rurais
Apoio e agradecimentos
Ficha Bibliográfica
ÍNDICE
Nossos trabalhos na
INTRODUÇÃO
A Ética enquanto tema da Filosofia, do saber, da atividade legislativa humana, tanto civil como
religiosa, não se constituíra, até nossos tempos, como um saber para resolver as questões do
homem com a Natureza. Até tempos recentes as questões éticas eram somente tratadas para as
relações intra e entre grupos humanos. Só mais recentemente é que se esboçaram questões éticas
sobre a questão ambiental. A questão é historicamente nova, em particular ante a dimensão que a
questão ecológica ganhou no decurso da Modernidade.
O homem, que é Natureza, na Tradição judaico-cristã é visto como “semelhante ao seu Criador”,
que por sua vez é visto como Superior e Transcendente à Natureza, isto é, não se trata de um
similar ao demiurgo grego. Cogita-se naquela Tradição sobre uma hierarquia estrita nas relações
Natureza / Homem que leva à independência de ação para que esse Homem possa operacionalizar
o domínio dessa mesma Natureza. Isto foi acentuado, ou assim interpretado na revolução
burguesa. Desse modo o Homem seria um intermediário de Deus para com a Natureza, sendo ao
mesmo tempo uma parte da Natureza. Preponderou assim o interpretado conceito religioso de
dominar e sujeitar a Natureza, em particular como interpretado mais recentemente pelo projeto
burguês e acentuadamente pelos Modelos capitalista e comunista, em quaisquer das versões. Bem
entendido que o conceito de dominar implica em duas questões [1] o porquê se deve dominar
e [2] de que modo se deve dominar.
A resposta mítico-religiosa original foi dada com a metáfora do jardim e do jardineiro, o que é
uma metáfora elegantemente ecológica. Distintamente, a metáfora do mito arquetípico de
fundação da alma ocidental, com origem dentro da alta Idade Média, nos é dada pelo mito de
Fausto, que é bem distinto da metáfora do jardim. Mefistófeles propõe ao Dr. Fausto a vida eterna,
isto é, o domínio sobre a matéria em troca de sua alma, o que foi aceito (Spangler, 1917).
Mefistófeles apresenta uma cilada porque a alma é a vida, a alma do Latim anima é a palavra para
animado, ou o que tem vida. Como é que se “dá a vida” e se pede a alma em troca? Onde jaz essa
cilada? Ora numa leitura atual a cilada jaz “no domínio da matéria” com a destruição do
ecossistema - o jardim - que mantém a vida.
Assim, a ganância humana e o afã de viver ao modo consumista, como se vive na atualidade,
levam o próprio homem a destruir o seu substrato, o que equivale a dar sua alma, já que o homem
está perfeitamente encerrado no ecossistema. Tira-se-lhe o substrato, e nada sobrará para sustentar
a civilização. Alcança-se o conhecimento, e dele se faz o uso que se segue fazendo, e nada nos
restará. A biodiversidade se tornará apenas “memórias fotográficas, livrescas e cinematográficas”
enquanto durarem esses produtos tão descartáveis. Ao se pensar as propriedades de permanência
no tempo, por certo que as pedras dos antigos são notavelmente mais resistentes, assim como os
tabletes de terracota usados pelos sumérios.
A Natureza é criadora, mas também destrutiva. Ela mantém, dá, toma, sustenta e suprime. Ela é
ambivalência e paradoxo por excelência, porque é assim que conduz a vida em seu processo
evolutivo. Este é o próprio modus operandi de empurrar a evolução para níveis cada vez mais
complexos. As dualidades, o ruído, a flutuação dos sistemas, o aprendizado, as transformações, a
complexificação e a ruína são “personagens especiais do drama da história da vida” junto com as
próprias espécies. A situação do Homem diante da Natureza, que é sempre dificultosa para
oferecer à humanidade as condições ideais de vida, obriga a todos os povos em todos os tempos
a buscarem soluções para resolver a questão da sobrevivência, sempre de algum modo se
inserindo ou “domesticando a Natureza”.
Notável é que Ticho Brahe, astrônomo dinamarquês da época do Renascimento, que contribuiu
significativamente para ciência junto com Kepler tenha dito da atividade científica - “Eu penso
os pensamentos de Deus após Ele”. Tal expressão não é negligenciável e parece ser lapidar para
descrever o quadro religioso que fundou a ciência moderna, ainda que essa viesse a se libertar da
idéia de um Criador, em tempos ainda recentes de seu processo de maturação. Como dizia Laplace
“nous n’avons pas besoin de cette hypothèse là”, isto é, da hipótese de um Criador.
A própria liberdade de pensamento científico é um tento que muito se deve à mentalidade do
protestantismo na qual a relação de base do homem com seu Criador, direta e sem intermediários,
é apreendida como a única legítima. Nisto a ciência lucrou como atividade, já que a licença era
dada também para o acesso direto à Natureza, a um modo não mítico, isto é, pela observação
empírica. René Descartes soube muito bem traduzir isso em seu Discours de la Méthode. Deve-
se ter em conta que o movimento do humanismo foi radical também nesta questão da relação
liberdade versus Natureza, como dois pólos antinômicos desse movimento cultural. O pólo
Natureza veio a se expressar como o modo de acessar a Natureza pelas vias matemática e
empírica, para enfim dominá-la (!?!). Tal movimento subsidia a revolução burguesa e a tecnologia
emergente bem como a tecnologia contemporânea.
O choque cultural da Europa com os outros povos, que não viviam os mesmos mitos, que não
conheciam uma licença religiosa para dominar a Natureza, que não viveram historicamente uma
revolução tecnológica, afora os chineses em outro contexto, portanto, é tão grande, que as esses
mesmos povos só sobraria a condição de dominados, condição esta que permanece com
“variações em torno do mesmo tema” até a nossos dias. Atualmente com uma reviravolta
completa no tabuleiro de poderes geopolíticos e econômicos planetários.
Restam sem solução as questões das classes sociais, seja entre brancos tanto quanto entre não-
brancos. Povos tão civilizados como os chineses e hindus vieram a ser submetidos ante a nova
organização tecnológica e militar do Ocidente, mas não mais atualmente. O mundo tem mudado,
mas restam desequilíbrios muito complexos e amplos ainda.
Herman Dooyeweerd (1960) foi bem a fundo na questão da pseudo autonomia do pensamento
teórico, questão tácita ou explicitamente aceita desde a Antiguidade grega. Essa questão, que pode
parecer inócua ou mesmo simplória, à primeira vista abarca justamente uma das questões mais
negligenciadas durante os últimos 2.500 anos. Enfim, o que esteve em questão no Ocidente,
civilização essa que é um encontro renovador da Grécia com a tradição hebreia?
Na Grécia surgiu no decurso do período pré-socrático ao período da polis, uma tensão entre dois
modos de se fazer Filosofia cuja repercussão ressoa até hoje. A antiga tradição grega fundava-se,
quer o quisessem reconhecer ou não, em um processo religioso cujos mitos se articulavam em
uma absolutização (ou deificação) dos processos vitais, isto é, da vida. Sua religião e divindades
representavam exatamente a absolutização desses tipos de processos sob a insigne de Dionísios.
A evolução de uma sociedade fundamentalmente rural para uma sociedade urbana, juntamente
com o aparecimento do ego-solar racional na história humana (Neuman, 1973 e Wilber, 1983)
levou a Filosofia grega a surgir, de fato, como uma expressão refinada dos processos cognitivos
racionais e lógicos, então em plena evolução. Tais processos, todavia fundaram-se na Grécia com
a absolutização da razão como um processo autônomo, isto é, praticamente como auto-referente.
Ainda que tal situação não fosse alvo de defesa específica era um pressuposto implícito que
fundava a Filosofia, e toda a episteme a ela agregada e que veio posteriormente impregnar a
ciência moderna. O processo tinha sua ambivalência e tensões já que a razão como toda atividade
humana não é autônoma, embora tenha sua economia própria. Nada que o ser humano produza
é, a propósito, destituído de alguma relação com outros aspectos que estejam fora do âmbito
específico daquela atividade ou produção, quaisquer que sejam as atividades.
O ser humano tem sempre buscado referências absolutas, por assim dizer. Tais referências se
apresentam no pensamento teórico como a base para a própria autonomia deste, seja reconhecida
ou não essa suposta condição.
Tomás de Aquino, como mestre maior da Filosofia Escolástica, procurou realizar uma tentativa
de conciliar dois absolutos, que antiteticamente se querem como referência por um e outro grupo
de homens da cultura ocidental, mas que são irreconciliáveis a saber, a razão e a revelação,
assim traduzido por Aquino como natura et gratia. Estas duas correntes de pensamento têm
fundamentos diferentes, uma se apoia numa função do ego comum à psique humana e a outra se
funda como uma função transpessoal, tratando-se da revelação, não importa como interpretada.
Uma advém das relações das funções de observação e da lógica, e a outra advém de funções
profundas da psique humana. Uma dá base para a ciência positiva outra para a expressão da
intuição, e para a consciência moral no qual o ego se funde ao seu contexto cósmico de modo
muito mais expressivo. Isto foi descrito por diversos homens que experienciaram tais processos,
por sinal, inerentes ao ser humano embora pouco comum em nossas condições atuais comuns.
Deve-se notar que as funções transcendentes da psique necessitam de serem adequadas aos
conhecimentos dos fatos da Natureza sem o que a realidade das coisas pode vir a ser distorcida.
A função da intuição é, portanto orientativa e necessita do burilamento da razão. Um ser humano
que saiba usar corretamente as duas funções têm uma psique mais ampla em face aos demais
humanos.
Da ECOLOGIA à ÉTICA
A ecologia, enquanto tal é a ciência que busca o entendimento das relações que constituem o
meio-ambiente tanto inorgânico quanto orgânico e entre ambos. A Natureza evidentemente segue
leis de funcionamento, bem como possui estruturas que evoluíram, evoluem e se transformam no
tempo, sejam com aumento em complexidade sejam se desfazendo com aumento de desordem. A
descoberta de tais leis é a base das atividades científica e filosófica que, a todo o momento,
buscam simetrias e dessimetrias na Natureza, como parte dos próprios processos de
transformação. Tais coisas são não somente aspectos e expressões da percepção intelectiva
humana, mas dizem respeito à Ordem do mundo, logo ontológicas.
O pressuposto de que o mundo real funcione com simetrias e dessimetrias, mesmo que isso
obrigue a abstrações que atendam muito mais ao processo lógico-cognitivo, faz-se imperioso
como modo do homem se relacionar com seu meio. Aprender de seu meio para saber usá-lo é
uma alternativa, por certo, melhor do que querer alterar o meio para dele obter-se o que se queira
num processo de dominação. A questão tem seus matizes que não podem ser negligenciados. No
mais das vezes sempre se tem caído nestes dois extremos no qual o pólo alterar para dominar é
o que tem predominado culturalmente. Esta questão é muito clara na disputa entre as técnicas
agrícolas à base de insumos e as técnicas bio-agrícolas como, por exemplo, a Permacultura
(Mollison & Holmgren, 1983). Todavia, essa questão tem diferentes níveis de complexidade pela
predominância do fato econômico e do poder derivado deste.
A ética dita ambiental, entre geólogos, denominada geoética, com suas particularidades, necessita
passar de uma ética comportamental entre cidadãos a uma ética em que a Ontologia dê bases para
uma estruturação condizente do comportamento, que recebe seus fundamentos da percepção dos
seres e de seus processos de sustentação.
Nas questões éticas sempre se estabelece uma tensão entre aquilo que se poderia reconhecer como
um direito natural [direito do que é natural] e aquilo que é fruto das convenções e acordos sociais,
que serão sempre em última instância característicos de uma dada civilização. A Ética, tanto
quanto a ciência, necessitam de seus invariantes, i.e., de seus princípios fixos tanto para o
processo de valoração quanto para o de avaliação, que antecede a valoração e que a sucede no
processo de revaloração e/ou de reafirmação. Princípios fixos permitem a realização da “tensão
entre universais e particulares” e das relações de prioridade entre estes últimos.
A ciência contemporânea vem em socorro à questão dos invariantes, introduzindo outra questão
sobre a relatividade das coisas nos sistemas naturais. Isto foi particular e notadamente apreendido
na ‘Filosofia da Ideia Cosmonômica’ (Dooyeweerd, 1936 e 1958). Mas enquanto um sistema em
sua história sofre os efeitos do acaso, da necessidade, da complexificação bem como da desordem,
o próprio sistema está regido por leis intrínsecas, que não são mais do que as próprias leis naturais,
determinando as questões específicas do dito sistema (Prigogine & Stengers, 1979 e 1988).
São muitos os modos como os corpos e as estruturas, a energia e a informação se organizam num
dado ecossistema e o organizam, em particular em suas áreas homogêneas, que funcionam como
subunidades sistêmicas. Em verdade tais princípios de funcionamento da Natureza vão se
expressar em contextos de tamanho, domínio próprio, funções e/ou processos, taxas próprias de
energia dos processos, tendências a respostas específicas ante o stress e as diversas configurações
sistêmicas específicas. Assim, dois imperativos são comuns à Ética e à ciência, a saber, a busca
e o reconhecimento dos invariantes. Dessa forma ética e ciência podem caminhar juntas,
distintamente da concepção moderna que pretendia uma pseudo-neutralidade do projeto da
ciência face “a subjetividade da ética”. Ora, tal neutralidade baseava-se justo na subjetividade de
que a Natureza não tem valores, melhor dito, que não permite fundamentar uma abordagem de
valores, justo porque se entende que valor é uma coisa específica e restrita ao campo da moral.
No entanto definimos valor como:
As referências relacionais tomadas como verdades ou também como absolutos, que mantêm
sistemas sociais em coesão, fundando-se seja em instâncias tanto bióticas quanto em instâncias
comportamentais socialmente convencionadas, bem como em funções transcendentes e
transpessoais”.
(Princípio 1).
Se a instância biótica tem algum fundamento para estabelecer valor esse só pode ser de natureza
ontológica, isto é, denota e aponta para a sustentação orgânica e sistêmica aos níveis da
permanência das estruturas e da manutenção das funções vitais dos indivíduos e dos ecossistemas,
de que o homem tanto depende e faz parte.
Eis aí, como o argumento pode se entrelaçar, estabelecendo as bases ônticas e psico-
comportamentais. Desta forma qualquer argumentação restringindo a ética tão somente às
relações entre-humanos perde sua força, logo a expansão aos ecossistemas se faz não somente
possível como imperiosa. Assim, Natureza e cultura se entrelaçarão nessa perspectiva
paradigmática na qual a ciência será preservada em sua neutralidade possível, mas não se
ideologizando essa neutralidade, e ao mesmo tempo colocando-se o pesquisador ante a questão e
o uso dos resultados da ciência e da tecnologia sob uma Ética geral humanitária e global
planetária.
Muitos questionam que não existem valores na Natureza, que esta é amoral e que qualquer
trabalho com a mãe Natureza deva ser dirigido pela intenção humana de uso de seus recursos,
exclusivamente. Quais seriam, portanto alguns dos critérios para se estabelecer relações de valor
dos homens para com a Natureza, e de como se extrair dessas, as bases para uma teoria de valores
naturais?
Uma ponte parecer ser indicada por Dooyeweerd (op.cit.) com os conceitos de antecipação e
retrocipação no seio do processo analítico, em especial para o pensamento analógico. Em
particular, aponta-se para as várias relações de interdependência entre as diversas modalidades
de manifestação do cosmos.
A antecipação é uma forma de se ver o mais simples suportando o mais complexo e de se ver o
mais complexo apoiado no mais simples, embora mantenham distinção de seus modos de ser.
Os valores humanos, embora sejam construtos das relações sociais, baseiam-se nas relações de
trocas entre humanos, quando estes reclamam a si os bens materiais e atribui-se-lhes algum valor.
A noção de antecipação advém do fato de que em Modalidades da Existência como “a Física e a
Biótica”, por exemplo, são essas mais anteriores ou básicas na sequência de complexidade entre
as várias Modalidades de manifestação do cosmos como, por exemplo, a Social e a Econômica.
Então, entre as Modalidades Física e Biótica, uma estrutura ou mesmo algumas funções são
antecipadoras de funções mais complexas, que surgiriam mais tarde no processo evolutivo. A
função antecipadora é menos complexa, menos operacional, mas é a base mesma para as funções
mais complexas de novas ordens emergentes no tempo evolutivo. Não são funções idênticas, mas
são equivalentes em cada Modalidade e eventualmente aquela função na Modalidade anterior é a
que possa ter evoluído para a equivalente em outra Modalidade posterior, mas essa possibilidade
não é uma certeza, mas percebe-se equivalência. Há certo aspectos que são diretamente mais
interligados na evolução.
Do ponto de vista tanto do Ser quanto do pensamento sobre o Ser, pode-se dizer que, por exemplo,
a irritabilidade antecipa sistemas sensoriais mais complexos em seres mais altos na escala
taxonômica. Em contrapartida a retrocipação permite olhar-se de uma função mais complexa a
outra menos complexa equivalente, e assim se estabelecer as relações de fundamentação de uma
função, ou mesmo de uma estrutura, sobre outra que lhe antecede, seja na própria ontogênese seja
na filogênese. Esses conceitos de antecipação e retrocipação de Dooyeweerd passam, por
exemplo, na sustentação da noção de recapitulação da filogênese na ontogênese.
Por vezes o valor natural, isto é, a qualidade [qualia] é tão explícito que tem valor pecuniário
imediato; por vezes o valor está totalmente no campo simbólico, o que não tem significado
universal entre as várias culturas, mas que é não menos apreensível por qualquer homem de
qualquer cultura, quando entra em contacto com outra cultura diferente da sua.
Valor na Natureza não tem o mesmo status de valor na sociedade humana, por certo! É uma
situação antecipativa aos valores sociais. Assim galhos secos que podem ser objetos para um
pássaro fazer seu ninho (Dooyeweerd, 1958) apresentam-se de modo antecipativo e simples como
o pré-sentido de valor utilitário para uma espécie não-racional que goza de “certa inteligência”
para criar um significado ou relação nova para um tipo de objeto [os galhos secos] que foram
elementos bióticos vivos, portanto partes de um sujeito biótico no sentido da Teoria das
Modalidades Cósmicas de Dooyeweerd (1958). Os galhos são transformados como objetos
bióticos utilitários pela espécie de pássaro. O sentido de valor é assim “antecipado na Modalidade
biótica” com o pássaro, embora esse valor seja em seu próprio significado intrínseco ‘muito tosco’
em relação a um valor qualquer entre-humanos, mas valor assim mesmo.
Nos povos animistas a Natureza é dotada de espíritos, isto é, a função profunda da psique que
trata da unidade entre-homens e entre esses e a Natureza, isto é, com o próprio numinoso natural,
já está apropriada na própria Natureza. As forças das relações percebidas o são como espíritos, o
que é um mundo de energia e de significados percebidos nas relações de interdependência entre
os seres vivos e o substrato, tanto quanto com a atmosfera. A lembrar que alma é pneuma em
grego, isto é, ligada ao ar, bem como em sânscrito é atma, que é a comum raiz hindo-européia
para atmosfera.
Assim, o valor se apresenta como dois campos de relações próprias com as coisas naturais o
campo antecipativo e o campo social retrocipativo sobre a Natureza. Em ambos os campos as
relações são de dependência e de interdependência de quaisquer tipos e de quaisquer intensidades
que sejam.
No que diz respeito a uma antecipação do sentido de valor no mundo inorgânico sub-atômico
poder-se-á, tão aparentemente longínquas que pareçam ser, ainda evocar as relações de não-
localidade como um exemplo e fenômeno notável. Isto não é forçar nenhum sentido esdrúxulo à
Natureza, mas assumir o próprio conceito de antecipação. Para tal pode-se assentar as
argumentações, a seguir apresentadas, em cima do conceito de antecipação.
No caso das dimensões quânticas basta terem estado ligadas duas partículas uma única vez para
que respondam instantaneamente a estímulos de modo idêntico, a não importa qual distância e
qual velocidade uma esteja se afastando da outra, isto é, a interação entre as mesmas é instantânea,
ou não-local. Assim se pode descrever a condição de não-localidade dos fenômenos quânticos em
contrapartida à localidade da modalidade espacial, isto é, no espaço extensão, do senso comum.
Esse fenômeno denominado EPR de Einstein-Podolsky-Rosen foi demonstrado empiricamente
por Alain Aspect et al.
As partículas subatômicas, de modo geral comportam-se de modo clássico no que diz respeito a
todas as suas propriedades físicas (exceção dos neutrinos). Com a propriedade do spin os eléctrons
se comportam como se um fator de coesão espaço-comportamental existisse, não importa se a
grandes distâncias e a grandes velocidades de separação entre os dois eléctrons, que alguma vez
estiveram em interação.
O efeito de não-localidade permite que um evento que aconteça com uma partícula seja imediata
e instantaneamente absorvido e respondido pela outra, desde que já tenham estado em contacto.
Assim os spins se ajustam com sinais contrários a grandes distâncias. Isto é um valor de relação
essencial em uma série de fenômenos no cosmos, e em especial para a existência da consciência
que parece ter propriedades não-locais.
Em experimentos mais recentes utilizou-se o spin de eléctrons que ocupam dois estados Sz = ±(h/
2), onde h é a constante de Planck. Assim se Sz do primeiro eléctron for +(h/ 2) o valor de Sz do
segundo será -(h/ 2). Tal coisa é possível porque pelo “Princípio de incerteza” de Planck é possível
medir-se simultânea e precisamente ST (S total) do sistema dos dois eléctrons, e alternativamente
ou Sz ou Sx, onde Sx é o componente do spin na direção x (Barrow & Tipler, 1985). A ideia é de
que, se se medir Sz ou Sx seja do eléctron ⊕1 ou do eléctron ⊕2 alternadamente, saber-se-á o valor
do outro, porque o ST (S total) permanece constante. Isto se dá de modo alternativo, isto é, quando
se obtém um resultado positivo, para um, o outro será negativo e vice-versa. Tal coisa é verdade
a não importa qual distância os dois eléctrons estejam entre si, mesmo a distâncias astronômicas
(Barrow & Tipler, 1985).
Ora, Einstein não queria admitir que ao medir-se a propriedade, seja do e- ⊕1, ou a do e-⊕2
possam emergir as propriedades do outro eléctron não-medido. O experimento EPR demonstra
que ocorre a interferência recíproca, isto é, contrariando o senso comum, o eléctron medido
permite emergir as propriedades do eléctron não-medido. Isto pode significar que a informação
entre os dois tenha caminhado a velocidade instantânea, portanto maior do que a velocidade da
luz já que existe instantaneidade de comunicação entre as duas partículas. Isto é o efeito de não-
localidade confirmado por J.S. Bell (1964, apud Barrow & Tipler, 1985). Tal efeito demonstra
que a relação - sujeito / objeto da Física clássica, descrita pelo “Princípio de neutralidade” de
Descartes, não atua no mundo das partículas fundamentais.
O efeito EPR apresenta-se como a mais radical subversão dos valores da ciência moderna e
introduz o mundo da complexidade como visto pela ciência contemporânea. Parece que tal fato
ainda não foi devidamente aproveitado e explorado em outros setores do conhecimento.
Estabelece de algum modo que o sujeito e sua atuação no cosmos determinam algumas
propriedades do cosmos.
O assunto é polêmico e alguns autores dariam outra interpretação, mas uma coisa é sabida, o
efeito EPR não é apenas um construto teórico, é evidenciado experimentalmente. Esta é, a nosso
entender, a mais primária antecipação, própria das “Modalidades espacial, cinemática e física”
(Dooyeweerd, idem) (Tabela 1.1). Pode, portanto, assentar no mundo natural, o sentido de valor
que emergirá nos fenômenos mais complexos das “Modalidades social, estética, econômica,
histórica, ética jurídica e pística” e que funda, assim, a relação de inserção da Ética na Natureza
e não simplesmente como um negócio entre humanos.
É fato que o conceito de valor é social, isto é, está inserido e é criado num corpo social. Pode
assim ser percebido como traduzindo uma relação de significado no qual o núcleo significante de
Valor se funda na relação de “interdependência entre os seres humanos”. Por extensão, sobre as
bases do Princípio de antecipação, tomado pelos aspectos ontológico e cognitivo-lógico, o núcleo
significante de Valor será também válido entre os homens e os outros seres não-humanos, bem
como entre o homem e o mundo inorgânico.
Assim, pode-se fundar o conceito de valor sobre bases naturais em perfeita consonância com os
conceitos lógico-cognitivos como tratados por Dooyeweerd (1953). Fundar o conceito de valor
ético em bases naturais é a nosso entender explicitar a responsabilidade humana, por um lado, e
por outro indicar que independente de um acordo social a Natureza pode, como que, reclamar seus
direitos, direitos estes que denominaremos doravante de direito à existência pelo simples fato de
existir.
O efeito EPR é um indicador inconteste de que o ser humano como observador determina e
interage com o observado criando realidade. Este é por certo um conceito que ultrapassa toda a
concepção clássica da Modernidade e dá as bases para reintroduzir a responsabilidade humana
enquanto cidadão e como parte da Natureza, isto é, uma cidadania que é parte da Natureza.
Paradoxo?!
Assim, esse Princípio de Inserção da Ética na Natureza, sobre o qual nos interrogamos, se funda
também na própria condição de manutenção do sistema social, portanto, da espécie humana. Não
é uma argumentação antropocêntrica, isto é, voltada para os interesses humanos exclusivos, mas
é uma argumentação que estabelece e reconhece que na Natureza existem dimensões de relação
de dependência e interdependência de carácter ontológico, independentes da vontade do
observador humano, e às quais, esse observador deve respeitar se quiser vir a continuar a ser
observador em gerações vindouras. O observador-interventor é inseparável da realidade, criando-
a segundo sua visada-intervenção. Isto deve ser entendido como cada vez mais consequente, tanto
mais quanto se progrida na observação das Modalidades cósmicas, das mais básicas às mais
complexas (Tabela 1.1).
Tabela 1.1 – As Modalidades cósmicas são reconhecidas não apenas como um construto lógico,
mas como aspectos fundamentais da Realidade empírica do Cosmos. Nesse sentido cada
Modalidade é reconhecida como irredutível a qualquer outra, tanto pelos aspectos dos
sujeitos e dos objetos que as constituem como também pelos processos.
ASPECTOS MODAIS ou NÚCLEOS-SIGNIFICANTES ou
MODALIDADES PRINCÍPIOS
1. numérica quantidade discreta (números)
2. especial extensão contínua
3. cinemática movimento
4. física energia e matéria
5. biótica vitalidade (vida)
6. sensitiva (psíquica) sentir / sentimento
7. lógica (analítica) distinção
8. histórica poder formativo da cultura
9. lingüística significado simbólico
10. social intercurso social
11. econômica frugalidade em gerenciar recursos
escassos, ou poupança
12. estética harmonia
13. jurídica justa retribuição
14. moral amor nas relações temporais
15. pística fé, firme segurança, firmeza, (*)
confiança intrínseca (*) por
interpretação desse autor.
Algumas observações quanto à questão da consciência (Clarke, 1995; Seager, 1995) se fazem
pertinentes. Considerando-se o campo dos fenômenos quânticos pode-se considerar que o campo
dos fenômenos de matéria e o campo qualificável, como o Newtoniano, sejam colapsos do campo
quântico, e não vice-versa. Tal posição vem em concurso à ideia de que a consciência seja
primeira um dado fundamental da Natureza e seja não-local.
Clarke (op. cit.) considerou que neste sentido a consciência extrapola o crânio e estende-se para
todos os lados ou sistemas em que esteja em interação, ou com o qual tenha estado em interação,
sendo que sistema é tudo aquilo que está em interação. Neste sentido retorna-se ao argumento de
Dooyeweerd de que a Realidade é significado, isto é, todas as coisas que existem, existem em
relação umas com as outras, e só assim podem ser percebidas e se dão significados
reciprocamente. Isto é, significado ontológico tanto quanto lógico em nosso entender.
Assim, para a pergunta se podemos exterminar com tal espécie e/ou com tais espécies, ou o quanto
será possível destruir ou transformar-se um ecossistema específico, o quanto é tolerável que o
direito ao uso da propriedade ultrapasse os limites toleráveis de intervenção naquele pedaço da
Natureza existe resposta.
A resposta óbvia é de que, a partir daqueles argumentos fundadores, deve-se buscar mediante
judicioso estudo da Natureza, de suas leis, processos, taxas de troca de energia / massa /
informação e de suas configurações sistêmicas, os indicadores de limites e de estilos para a ação
e interação humanas de modo a manter a unidade e a coesão dos sistemas naturais e da própria
vida do homem. Desse modo pode-se estabelecer limites para o Homem e determinar-se um
caminho para a continuidade do processo de humanização.
Da ÉTICA à ECONOMIA
Quais alguns princípios básicos que estabeleceriam, portanto, ligação consistente entre Ecologia,
Energia, Economia e Ética? Por certo que:
Observemos que não há sentido do Homem fora da Natureza, e a rigor o Homem é Natureza, e
no intrínseco de sua Humanidade ultrapassa a Natureza, paradoxalmente continuando como parte
da Natureza.
Inclui-se nesses o caso dos recursos renováveis e dos não-renováveis, ou ainda aqueles em
estágios avançados de produção cultural, como é o caso da produção virtual. Este é o trajeto para
se discutir a questão crucial das relações de Ética, Ecologia e Economia.
O outro eixo da discussão sobre Ética, Ecologia e Economia diz respeito à circulação da riqueza,
sua poupança e distribuição entre todos os homens, considerando-se essencial nessa discussão
uma premissa fundamental pelo menos para os homens, as sociedades industrializadas e também
as sociedades ainda em fases pré-industriais fortemente rurais (as sociedades tribais têm outra
perspectiva organizacional com equivalentes antecipativos da fase de evolução transpessoal da
consciência coletiva em que esteja existindo):
Todo ser humano tem por direito fundamental tornar-se participante efetivo como cidadão(a)
do corpo social, integrando-se como agente econômico responsável em qualquer escala da
sociedade, e com direito a sustentação mínima necessária em casos de defeitos da ordem social
e de crises maiores.
(Princípio 2)
O Quadro 1.1 apresenta uma série de assertivas obedecendo à lógica lei natural, dever técnico
e condicional antecedente, baseadas em Rolston (1989) e modificado segundo a lógica de
argumentação que se desenvolve neste estudo com o apoio da Idéia Cosmonômica (Dooyeweerd,
op.cit.). No Quadro 1.1 se estabelecem relações seqüenciais justas e equilibradas nas quais as
relações naturais e antropológicas se fazem perceber ajustáveis, coerentes, co-evolutivas e
consistentes, sendo possível equilibrar as exigências de umas com as outras instâncias natural,
ética e economicamente.
Quadro 1.1 – Relações lógicas das interrelações entre Lei natural, Dever ético e Opções
antecedentes de sustentação da realidade com algumas modificações a Rolston (1989).
Nível lógico-ético:
Dever moral
Dever moral Relação com o ecossistema
conseqüente
Se o homem quer
manter sua vida deve
É dever do homem deixar ser tudo conseqüentemente
Porque o ecossistema ou mantém o seu
aquilo que o deixa ser, i.e., a manter os eco-sistemas,
processo de reciclagem ou então morrerá
Natureza e seus ecossistemas estabelecendo suas leis
sociais em consonância
com as leis naturais
Rolston (1989, p.17) declarou que: “The claim that morality is a derivative of the holistic
character of the ecossystem proves more radical, for the ecological perspective penetrates not
only the secondary but also the primaries qualities of the ethic. It is ecological in substance, not
merely in accident; it is ecological per se, not just consequentially”.
A conclusão de Rolston (1989) aparece como integralmente consequente com a argumentação de
que a Realidade é significado. Neste caso o esforço pelo entendimento do sentido de Ética
deveria, portanto lançar suas próprias raízes nas bases ecossistêmicas (Realidade). Pode-se assim
sugerir um terceiro princípio a nos autorregular:
Por reconhecermos a realidade sistêmica encontramos bases para relações éticas fundadas na
realidade dos seres e na manutenção dos processos mais fundamentais que sustentam a
totalidade da existência.
(Princípio 3)
Por outro lado, os ecossistemas devem ser reconhecidos como de carácter tão abrangente quanto
holístico para prefigurar a necessidade imperiosa de uma ética de conduta científico-econômica
no trato com a Natureza, enquanto fonte de recursos e fonte da própria vida. Dessa forma fecha-
se uma clave cíclica que reitera as respostas às perguntas sobre os limites da interação entre os
humanos e a Natureza, enquanto fonte de recursos a lei natural e a lei social compatibilizadas
segundo os princípios de frugalidade, parcimonia, justa retribuição, poupança e imitatio naturae
(imitação da Natureza).
Deve, contudo, ficar claro que para que os princípios que conduzem às – frugalidade, parcimonia,
justa retribuição e poupança - sejam atendidos, a comunidade humana deve por sua vez
administrar-se em consequência de sua capacidade de exercer auto-controle do ponto de vista
biológico. Assim a reprodução humana necessita ser controlada ao limite de sustentabilidade da
organização social e desta com os ecossistemas. Eventualmente, a humanidade poderia ir
crescendo em número, desde que soubesse gerenciar seus ecossistemas e ser possível receber os
nascituros.
O controle de natalidade deve ser pensado e praticado, buscando-se atingir uma homeostase entre
as duas potencialidades, tanto a da sociedade quanto a dos sistemas naturais, nos quais aquela
sociedade está inserida. A primeira instância dá conta da possibilidade do homem criar novas
fases de homeostase, mas a segunda fornece a condição limítrofe da qual não convém uma
sociedade ultrapassar, ao custo de vir a sofrer os efeitos da cega seleção natural e cultural por não
menos {fome, peste, sede, violência, devastação dos ambientes naturais etc.}. Pode-se estabelecer
uma relação de valor nada trivial, porque complexa entre população e ecologia / economia com
um enunciado de um princípio como:
A população para ser condizente com sua economia interna, com sua economia cultural e com
sua economia ecossistêmica deve oscilar entre termos de valores absolutos no tempo, tais que
as três relações de sustentação sejam ao mesmo tempo reciprocamente homeostáticas para os
sistemas social, econômicos e ecológicos.
(Princípio 4)
É uma declaração axial de valor e ao mesmo tempo um princípio com o qual pode-se trabalhar
qualquer tipo de projeto de governo e de discussão sobre a auto- regulação social tanto do ponto
de vista político quanto educacional. O conceito de homeostase assegura a largura em que esse
processo possa se estender dado que as formas de produção, alterando-se para maior virtualidade,
com altos acréscimos de ordenamento e informação, aumentam os graus de liberdade de eventuais
crescimentos populacionais, salvaguardado o Princípio 4.
INSTRUMENTOS CONCEITUAIS para a PRÁTICA do TETRANÔMIO
ECOLOGIA-ENERGIA-ECONOMIA-ÉTICA
Toda visão econômica não escapa do sentido último que um autor e/ou uma cultura atribuam a
sua posição no mundo ou sua weltanschaung (o termo mundi-visão, passa a ser doravante
utilizado neste texto em lugar de weltanschaung). Em assim sendo, essa assertiva é um ponto de
partida para se assumir uma mundivisão com a qual operar em estudos de ética-ecologia-energia-
economia.
Pode ocorrer a um leitor que qualquer mundivisão econômica seja necessariamente arbitrária, o
que em nosso entender não é um fato a priori. Se existe arbitrariedade ela aparecerá em escolhas
e modos de justificar em como deve o sistema econômico ser encarado. Tal coisa é notável no
sentido da ideia sobre mercado. “O Mercado” parece, ele mesmo, ser entendido quase que como
uma “entidade inteligente, auto-reguladora”, ocupada de fazer “o que é certo” porque é óbvio
no discurso neo-liberal, que, o que “O Mercado” faz é o que é - portanto é o que pode ser feito,
é um dado com o que se lidar e sobre o qual se deve correr atrás. Isso é um discurso óbvio e a
midia o pratica sem nenhum pudor. Não é assim, todavia, o espírito científico e filosófico que nos
deve guiar.
Os enfoques que acima se vinham desenvolvendo tiveram, ao final das contas, o objetivo de se
mostrar que se pode pensar um projeto ético fundado e inserido na própria fenomenologia da
Natureza, o que seria um bom sinal que nos permitirá fugir de qualquer convenção arbitrária.
Assumamos que a verdade é um compromisso que se deve ter enquanto filósofo, ou cientista ou
político, embora “a razão” desse último tenha peculiaridades próprias. Escapar do erro e do auto-
engano é um pré-requisito sério para se fazer Filosofia e Ciência. Traduzir um pensamento
econômico não é tão somente estabelecer um método para se discutir sobre “o que aí está”, porque
“o que aí está”, não está por uma obra da Natureza, não é um dado inevitável, mas é em todos os
aspectos um construto humano.
Os critérios para qualquer uma teoria econômica devem ser baseados em diversos aspectos de
como os sistemas econômicos tendem a propriamente a evoluir seja com intervenção ou sem
intervenção do Estado, dado que todo sistema econômico é necessariamente um sistema sob
intervenção de agentes econômicos, que detêm maior ou menor margem de poder de intervenção.
Por intervenção aqui se entende qualquer ação do agente-econômico seja ela individual ou
coletiva, seja ela um movimento espontâneo seja um movimento de grupos oligárquicos, seja a
intervenção de um governo, sejam intervenções racionais, sejam intervenções sem razão aparente
ou mesmo “causadas por momentâneo pânico coletivo”.
Existem critérios de entendimento de como ao mesmo tempo se espera que os agentes econômicos
hajam de modos consistentes, isto é, sem que venham a desencarrilhar todos os sistemas. Situando
a relação complexa entre a liberdade relativa dos agentes econômicos e a liberdade de ação
também relativa dos governos, como parte da função única do Estado, esta deve regular as ações
do campo econômico, para que haja uma boa andança dessas mesmas atividades econômicas em
geral. No sentido acima parte-se de um a priori que pode ser defendido, obviamente, desde um
ponto de vista da observação filosófica:
Não é possível pensar-se e nem existe qualquer sistema econômico que não seja intimamente
correlato e coextensivo com outros sistemas sejam éticos, jurídicos, científicos, tecnológicos,
sociais e históricos.
(Princípio 5)
Em assim sendo, temos também por princípio, que os agentes públicos devam ocupar duas
posições éticas e políticas importantes em face ao sistema econômico:
[1] como agentes reguladores, de modo a não permitir que o sistema evolua de modo antinômico
e,
[2] como fomentadores de oportunidades tanto para os agentes que já detêm poder econômico
como para os agentes marginais que precisam ser inseridos como agentes de fato.
(Princípio 6)
Estes dois princípios parecem ser não-intervencionistas e nem com os defeitos dos princípios
neoliberais, sendo ambos amplos, mas não vagos. Assim pode-se trabalhar com os mesmos como
fatores normativos para a pesquisa e desenvolvimento de um pensamento ético, ecológico e
econômico.
Com os princípios acima especificados, que parecem amplos o suficiente para recobrirem o
desafio de uma Ética que se queira consistente com um princípio ontológico básico, deve-se
enunciar ainda:
Todo sistema vivo tem direito a continuar a viver simplesmente pelo fato de que a vida nos
possui a todos, e a ela devemos o tributo de nos auto-mantermos como ecossistemas e como
espécie integralmente parte da biosfera.
(Princípio 7)
Por uma ARQUITETURA de SABERES
Um primeiro e fundamental saber é que tanto a Natureza quanto as atividades culturais, e entre
elas, as atividades econômicas seguem leis típicas e leis modais (Dooyeweerd, op. cit.). Introduz-
se a noção de lei típica como um conceito para nos servirmos dele ao longo de toda essa proposta
de teorizar sobre alguns dos instrumentos conceituais do tema em questão.
Por lei típica entende-se que: “existem para todos e quaisquer sistemas naturais e culturais - leis,
que são reconhecíveis exclusivamente para ditos sistemas, não permitindo assim que se reduza
um sistema em relação ao outro, como, por exemplo, sendo um sistema apenas o somatório dos
subsistemas que o componham”.
No caso do sistema sócio-econômico suas leis típicas permitem que subsista tanto em auto-
manutenção (stasis) quanto em criação de poupança, de modo que o próprio grupo cultural possa
obter força para a expansão de seu próprio mandato cultural interno, à luz de seus valores já
existentes, ou à luz de novos valores renovadores.
Ora a própria noção de lei se reporta a algo intestino aos sistemas em geral e aos sistemas
econômicos em especial, isto é, algo próprio aos sistemas em seus mais variados níveis de
atualidade e níveis de complexidade, tal que o aumento de organização dos mesmos seja possível,
sem que necessariamente o obrigatório aumento de entropia (do 2º princípio da Termodinâmica)
afete destrutivamente partes do sistema, tanto no espaço interno quanto no espaço da Natureza.
Neste sentido o que se está afirmando é a necessidade de internalizar a Natureza no pensamento
econômico, levando em consideração todo o trajeto da produção cultural: do meio-ambiente,
à matéria prima, às transformações sequenciadas, aos resíduos ao longo de toda a cadeia
transformativa e à destruição final dos produtos ao fim de um prazo de uso dos mesmos, que é o
prazo dos diferentes tempos de durabilidade.
É sabido que não existe aumento de ordem sem aumento de entropia, e assim um aspecto radical
da produção cultural está em como lidar com a entropia a um modo imitatio naturae. Este é um
aspecto ético radical aqui defendido, e no mais não desconhecido em seus aspectos maiores,
embora pouco praticado. Assim é o que ocorre no mundo contemporâneo, que pese a grande
contribuição normativa das leis das várias nações e da Agenda 21.
Sabido é que toda atividade cultural ocorre com base em produção de troca de energia, massa e
informação. Estas três entidades são intercambiáveis, mas evidentemente não redutíveis uma à
outra. Para a massa e a energia, já bem conhecidas, a transformação se descreve pela lei de
Einstein E = mc2.
O que parece interessante, todavia, é que enquanto a informação aumenta de um modo logarítmico
a entropia aumenta, mas em uma quase paralela e assíntota ao eixo dos x. Isto indica que a entropia
tende a uma produção constante mesmo quando a informação cresce e passa de um determinado
ponto de inflexão da curva e progride também assintoticamente, segundo (1 - ln y). Esse aspecto
interessa, porque aponta para a possibilidade de que as sociedades possam crescer em ordem, mas
manterem uma produção de entropia constante, sobretudo se a produção mais importante for por
meio de sistemas informacionais, isto é, sistemas organizacionais.
De resto, toda produção de entropia deve ser mediada pelo processo que denominamos imitatio
naturae em virtude mesmo da Natureza, pelo processo da evolução, ter desenvolvido processos
de transformações criando nichos dentro de nichos em que espécies várias executam as tarefas de
fazer de toda entropia insumos para suas próprias existências. Essa noção permite internalizar
de modo definitivo em todo modelo econômico as relações com a Natureza, e elimina toda
“dicotomia opositiva cultura x Natureza”.
Antinomia – É mister apropriar-nos dessa palavra para se ter um conceito poderoso para todo
esforço de teorização, de planejamento e de avaliação. A palavra é antiga e provém do campo
filosófico (Kant, 1781; Dooyeweerd, 1958). Podemos entendê-la como uma distorção cognitiva,
que por força distorce a própria lógica com suas leis intrínsecas ou à realidade observada. É
também a geração de dois pensamentos que se antagonizam, supondo-se que sejam ao mesmo
tempo válidos. Podemos utilizar a noção de antinomia tanto do ponto de vista da cognição quanto
de um ponto de vista ontológico, e isto é uma tese que defendemos. Assim se for do ponto de
vista da cognição, a antinomia é identificável sempre que se lança o pensamento teórico em algum
tipo de contradição, e se de um ponto de vista ontológico, necessariamente, temos de identificar
que o pensamento conduza a conclusões que podem levar a ações que são contrárias a valores
fundamentais do Homem, da Natureza e da realidade.
Não reconhecemos que existam valores fundamentais do Homem, tão somente porque se criou
um acordo mundial, embora acordos sejam bons e necessários, mas porque se pode comprovar
que existem muitos bons fundamentos na Realidade para que tais acordos existam. Ou seja, deve-
se procurar como os valores se enraízam na Realidade e, bem entendido, em um Princípio de
simetria entre os seres humanos e os outros seres da Natureza, que não é, a primeira vista na
prática histórica, uma coisa evidente para a humanidade.
A opção levantada nessa pesquisa e proposição é de que devemos reconhecer que partimos de
alguns princípios, e que esses princípios, esperamos, suportem resultados desejáveis, mesmo que
vicissitudes conduzam alguns dos esforços por desvios, afastando-nos das intenções e de nossas
previsões. Isto vale para todo e qualquer ser humano, para todo e qualquer teorista, para todo e
qualquer político e cidadão, é parte da existência. Difere essa posição de outra, a neoliberal, cuja
confiança exclusiva no mercado de capitais escamoteia práticas dos fortes agentes econômicos
cujos resultados testemunhamos em tempo atual, a saber, excessiva concentração de riqueza
nas mãos de poucos e exclusão de expressiva maioria de seres humanos, que não podem, por
quaisquer motivos históricos, ter ingresso a fim de participarem do processo.
Não se nega a possibilidade de auto-regulação legítima dos agentes financeiros e dos agentes de
produção, pois afinal de contas a inteligência é um bem comum e todo sistema complexo pode se
auto-regular, em princípio, o que é uma característica da complexidade. É fato histórico que a
auto-regulação nas bolsas não seja tão notável, a não ser que se considere a especulação como
processo legítimo e as quebras como processos de auto-regulação. Não se deve, por isso deixar
sob total laissez faire a ação dos agentes no mercado. O Estado e governos devem ter meios de
serem agentes indutores e fomentadores de modelos que regulem os agentes e o mercado, em
busca de um contexto de soluções desejáveis para os excluídos, os não-possuidores bem como
para um projeto de desenvolvimento nacional. Isto vale igualmente para as regiões do País dado
que nelas também se estabelecem os programas e projetos.
É ilusório, por outro lado, crer que as regras dos sistemas de tecnologia intensiva sejam
includentes. Não o são por uma impossibilidade histórica, a saber, a humanidade não está toda
ela em um mesmo estágio de evolução transpessoal da consciência coletiva. Imensos grupos
humanos estão em fases arcaicas, o que é plenamente compreensível face às condições ambientais
e formadoras do ego transpessoal (Dooyeweerd, 1958; Neuman, 1973; Wilber, 1977, 1983).
Irredutibilidade – Esta noção é fundamental a toda atividade científica. Nela se situa uma das
bases para o sucesso das pesquisas filosófica e científica, e para as atividades de gestão
econômica. A irredutibilidade é uma característica única de todos os sistemas e Modalidades de
organização do cosmos e das relações humanas (Dooyeweerd, op.cit.) ainda que sistemas de
diferentes elementos e critérios de ordenação tenham propriedades semelhantes, fato esse que
permitiu o desenvolvimento da Teoria Geral de Sistemas de Von Bertallanfy.
Cada Modalidade é em si um micro-cosmos, e nesse sentido suas leis de evolução interna são
irredutíveis, e qualquer tentativa de reduzir um fenômeno a outro coloca o pensamento teórico
em antinomia, em contradição ou mesmo no absurdo. A qualidade de reconhecer que em um dado
modelo não se esteja cometendo reducionismo implica no reconhecimento e respeito às leis que
devem reger todos os sistemas conheçamô-las ainda, ou não tenhamos bases conceituais para vir
a conhecê-las ainda. O fato é que todo sistema evolui no âmbito de leis típicas, e isto permite não
somente se reconhecer as peculiaridades únicas de um sistema, como as possibilidades de inter-
relações e codependências mútuas com outros sistemas.
Por certo, o mercado existe, mas não é uma entidade tão coerente, consistente, suficientemente
racional, mas sim um corpo social detentor de muito poder financeiro que decide segundo grupos
fortes de interesse. No seu aspecto saudável a lógica do mercado de capitais existe para dar suporte
à produção e dessa receber parte da mais-valia justamente por tê-la possibilitado progredir.
Todavia, isto não se dá desse modo em nossos tempos atuais. Vale mais a especulação financeira
do que o suporte à produção. Tal constatação conduz-nos necessariamente a perceber que ocorre
uma hipertrofia do valor do mercado de trocas financeiras em relação à produção, ou seja, gera-
se uma antinomia entre o sentido da produção, como meio de sustentação do processo cultural,
substituindo o meio-financeiro como um fim em si mesmo, ou seja, ganhar, lucrar, transacionar
de modo que o lucro advenha do próprio fluxo de capitais – é legítima situação ganhar-se. Isto é
uma antinomia face às leis internas da Modalidade econômica na qual a produção de riqueza se
faz em seu todo a partir de duas fontes – as matérias primas, quaisquer, e a informação como o
conjunto total da inteligência e habilidades humanas que transforma a matéria e lhe dá novos
sentidos.
Embora o fluxo de capitais seja informação não é, ele mesmo, base necessária e suficiente para
sua própria sustentação, como é notório em face da antinomia que surge entre pagar dívidas, que
crescem com uma política de juros altos, e não poder desenvolver um próprio excedente da
produção, para pagar as dívidas e ainda manter a inclusão social. Este é um caso típico de
antinomia cognitiva, ontológica e política, como aqui definimos.
A livre-empresa não se opõe à empresa pública, porque em primeira instância uma empresa
pública é gerada pela liberdade do agente-econômico – governo – no exercício da função de
Estado que lhe é concedida pelo povo, que por pressuposto é livre. A oposição não aparece entre
empresa estatal e empresa privada, mas na não-regulamentação, ou nos entraves gerados pelo
sistema de administração pública. Os oligopólios e os monopólios, do mesmo modo, são
obstáculos à livre-empresa apesar de terem sido, em dada fase de suas evoluções, também livres
empresas.
A regulação é ao mesmo tempo a intenção e o ato para regular segundo uma homeostase desejada
e possível. A regulação é também o reconhecimento de que o sistema não é totalmente auto-
regulável para algum determinado aspecto, e se o for, os agentes mais poderosos podem
desconsiderar necessidades de outras partes do sistema maior, ou poderão produzir
irreversibilidades em quaisquer partes do sistema natural ou do sistema social.
Marcos regulatórios – São conjuntos de normas que permitem que os agentes econômicos atuem
tal que se lhes garanta o sucesso e o respeito de seus direitos como investidores, por um lado, e
ao agente público o seu direito de ser a todo tempo um regulador, inclusive com o direito de mudar
as regras quando a regulação anterior não tiver sido suficientemente larga para abrigar novidades
na evolução do sistema econômico, ou ainda, para mudar, salvaguardando ao máximo direitos já
estabelecidos, conforme a noção de direito se defina dentro do campo jurídico. Ressalva-se ainda
as exceções catastróficas ou de ruptura que possam ocorrer na ordem social.
Poupança – Parte do superávit que um agente econômico e o conjunto de agentes não utilizam
para si mesmos de modo imediato, permitindo um tempo entre a produção do superávit e seu
eventual uso posterior; a poupança é o fundamento para os investimentos que sustentam outros
agentes econômicos que precisam de suporte em face da condição de não possuírem ativos iniciais
ou para expansão.
Internalidade – todo sistema possui por força a sua internalidade no sentido de que seus
subsistemas, que o compõem, permitem a sustentação do sistema maior; os sistemas são
complexos entre os aspectos materiais e virtuais que o compõem, como é no caso do sistema
econômico, não importam em qual grau de complexidade estejam organizados.
A internalidade coloca como condição – que se pense a organização econômica como uma
internalidade à biosfera e às sociedades. Justamente evita-se desse modo pensar em externalidades
a um sistema econômico, por fácil que isso seja para lidar com a organização analítica de um
subsistema, isolando suas variáveis paramétricas, e assim, talvez, seus processos internos serem
mais facilmente reconhecíveis. Considerar um sistema econômico é considerá-lo ao mesmo
tempo tendo suas formas básicas internas de evoluir, tanto quanto sendo influenciado por outros
sistemas, a que necessariamente pertença.
Externalidade – A rigor não existem externalidades, mas para fins práticos, tendo-se a devida
prudência pode-se pensar em externalidades. Assim por externalidade define-se tudo aquilo que
não faz parte intrínseca de um subsistema, mas que é, todavia, parte de um sistema maior que
inclua o dito subsistema, como o econômico, por exemplo. Toda externalidade só o será para um
dado subsistema. Em particular considere-se o sistema econômico total como uma internalidade
ao sistema geral do planeta, das sociedades e das nações. Isto é óbvio.
Análise - Síntese – Qualquer trabalho filosófico e científico para ser possível de ser devidamente
realizado deve partir da análise. Neste sentido a análise obriga a divisão do mundo real em
subsistemas, e em processos, os quais devem então ser objeto de estudo. Em se tratando de estudos
ambientais, sociais e econômicos a noção de análise e a noção de neutralidade da observação,
como Descartes a propôs, não é de fácil tarefa dado que os estudos sociais e econômicos podem,
sobretudo, em propostas de projetos e programas serem viesados por opiniões que são sempre
baseadas em uma mundi-visão específica. Aqui nossa análise parte de uma perspectiva ecológica,
isto é, interpretamos que o Homem é parte do ecossistema e não o reverso, ou que o ecossistema
seja alguma espécie de coisa externa – que está lá.
Quanto à síntese, que é também parte da Filosofia e da Ciência, de certo modo a menos lembrada,
pode-se dar mediante três abordagens. Foram formalizadas por Martins Jr. (2000). Trata-se das
Abordagens pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. Essas permitem diversos modos
de sínteses, que ao fim oferecem uma visão caleidoscópica da Realidade. Essa visão
caleidoscópica é indispensável para que a complexidade das decisões seja apreendida e expressa
nas próprias decisões. A síntese é em suma a tentativa de reunir o que se havia sido separado. Não
é uma tarefa trivial, todavia não é impossível.
Sistema(s) e Sistema de sistemas – a noção de sistema é hoje consagrada e não apenas como
uma imagem biológica. Todas as partes constituintes do todo - Terra - são sistemas ou mais
propriamente subsistemas. Pode-se, todavia definir um subsistema como um sistema, mas aí
novamente necessitar-se-á de reintegrá-lo aos sistemas maiores a que está efetivamente ligado. O
reconhecimento de sistema é mais complexo do que os conceitos de zoneamentos, de
classificações das terras, e ainda mais se essas classificações forem realizadas à luz de uma única
ciência – estudos disciplinares. Efetivamente a noção de sistema envolve, por força, a noção de
processo – de trocas de energia, massa e informação. Envolve ainda a noção de ordem interna e
de desordem, bem como as noções de estabilidade, sustentabilidade e sensibilidade.
Análise sistêmica – Toda análise de um ou mais sistemas deve envolver a noção de evolução ou
transformação. Toda intervenção humana é uma intervenção sistêmica dado que ela afeta pelo
menos um sistema na Natureza ou mesmo na sociedade. A análise deve ser estruturada em [1]
análise de estrutura [2] análise de processos internos [3] análise de transformações sob
intervenção [4] análise de sensibilidade [5] análise prospectiva ou de construção de cenários [6]
análise de perdas toleráveis e [7] análise de impactos sobre outros sistemas.
Ordenamento do território – retoma-se aqui a definição anterior (Martins Jr., 2003) sobre
Ordenamento do Território, como:
Fomento – O conjunto de critérios acima permite então reimplantar a noção de fomento como
uma noção básica fundada na noção de sustentabilidade. Tal coisa não é trivial, porque em muitas
partes da biosfera a intervenção humana está produzindo impactos irreversíveis sobre sistemas
regionais. Essa reflexão é também um esboço preliminar ao desenvolvimento regional, servindo,
todavia, para abrir perspectivas de trabalhos futuros em pesquisa e desenvolvimento de uma
filosofia de tecnologia da informação e da decisão com inteligência artificial, que exigem forte
viés de enraizamento em questões éticas e legais.
Normatização – A normatização deve obedecer a alguns critérios maiores: [1] servir a tudo que
diga respeito aos sistemas locais e regionais [2] servir para todo tipo de intervenção que se realize
ou se queira realizar [3] permitir a previsibilidade e monitoramento das intervenções realizadas
sobre os sistemas naturais e culturais e [4] quanto aos cenários futuros o controle e os limites à
ação humana.
A noção de antinomia, como conceito delimitador é sobremodo útil por se poder com ele operar
nos estudos teóricos e nos modelos. Deve-se admitir não somente uma antinomia cognitiva, mas
também uma antinomia ontológica na qual a antinomia vem para indicar que o pensamento teórico
e sua prática podem levar eventualmente os sistemas a irreversibilidades, quando se explora
indevidamente o patrimônio que a Natureza fornece ao modo sistêmico. Em geral a percepção de
uma antinomia no pensamento pode ser algo nada trivial. A antinomia é, sem bem usada, um
conceito maior para a avaliação crítica de modelos de desenvolvimento e ela, necessariamente,
permite a interdisciplinaridade como um modo de construção cognitiva integradora.
[1] atribuir peso demais a alguma ação com detrimento de estruturas e funções,
[2] projetar de modo simplista em torno de poucas ou de uma única variável,
[3] reduzir um único aspecto de um sistema complexo ao centro de tudo, fazendo o resto do
mundo girar em torno desse aspecto do processo natural e/ou produtivo, e
[4] produzir conclusões díspares, sobretudo aquelas que são de difícil percepção por se
apresentarem como obedientes às regras da lógica, embora sejam derivadas de premissas que
escondam algum aspecto antinômico. A noção de antinomia permite ao longo de todo o processo
observar-se se o pensamento não está produzindo contradições, para alguns tipos de aspectos e
processos nos sistemas em estudo e sobre os quais se queira intervir.
Herman Doyeweerd [1958] estabeleceu o principium exclusae antinomiae que traduz uma regra
para se decidir se um dado pensamento está sendo conduzido a uma antinomia, qualquer que ela
seja. A condição de reconhecimento de entrada em antinomia exige, portanto que se reconheça a
singularidade e irredutibilidade dos vários conceitos, dos aspectos dos vários sistemas das várias
Modalidades cósmicas, como assim as denomina Dooyeweerd. O reconhecimento da
singularidade e irredutibilidade de um aspecto de uma modalidade, como a econômica, não
permite desconhecer-se essas duas mesmas condições para todas as outras modalidades, sem que
novamente corra-se o risco de se fazer o pensamento entrar em antinomia.
Dado que nas condições humanas e nos sistemas humanos existe possibilidade de evolução,
portanto de transformações, as normas podem e devem também evoluir tanto quanto mais
complexos se tornem os sistemas. De todo modo pode-se reconhecer que independentemente da
complexidade de um sistema sócio-econômico e de seu estágio evolutivo existem leis que, ao fim
e ao cabo, traduzem a viabilidade de qualquer sistema. Assim, sistemas humanos têm algumas
folgas, isto é, a condição ontológica de poderem evoluir dá-lhes condições de transformar suas
regras a um modo auto-organizador.
CONCLUSÕES
[1] toda ação e decisão para escolha de áreas a se aplicar a Permacultura devem obedecer a
critérios geo-ambientais devidamente reconhecidos como realidade,
[2] toda ação e decisão de investimentos devem atender a mais de uma instância econômico-
social, a saber:
[2.1] promoção das classes mais desfavorecidas que não possuam conhecimentos técnicos
suficientes para a produção agrícola, silvicultura e zoocultura,
[2.2] atendimento àqueles que possuam alguma tradição,
[3] estabelecer critérios de viabilidade econômica para as dimensões do mercado interno à bacia,
[4] estabelecer os critérios de viabilidade econômica para o mercado externo à bacia tanto para
importação quanto para exportação,
[8] criar processos cada vez mais sofisticados de produzir ganhos econômicos com as atividades
de manutenção dos ecossistemas, aqui denominadas atividades ecológico-econômicas.
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2
CLASSIFICAÇÃO dos TERRITÓRIOS em ÁREAS HOMOGÊNEAS
– Gestão de Bacia Hidrográfica –
As temáticas dos zoneamentos são revisitadas no sentido de se estabelecer regras lógicas mais
precisas para os procedimentos dos vários tipos de zoneamentos. Longe está de ser uma tarefa
completa. É um bom ponto de partida, todavia. Entende-se que todo tema, ainda em
desenvolvimento, deva ser tratado do ponto de vista epistemológico e somente após entrar-se nas
questões metodológicas, que fazem parte daquele, uma vez definidos todos os contextos. Todavia,
os produtos de tal tema devem ficar claramente definidos de modo a se ter condições de identificar
suas aplicabilidades. Isto deve ocorrer logo de início como proposições do campo cognitivo dos
zoneamentos, em si.
As questões sobre decisão são discutidas de modo sucinto já que esse tema merece, em si, um
amplo tratamento (Huang, S-L; Ferng, J-J. 1990; Martins Jr, P.P. & Rosa, S.A.G, 1994, in Projeto
MDBV / FAPEMIG).
CLASSIFICAÇÃO das TERRAS em UNIDADES HOMOGÊNEAS
PRINCÍPIO
Se contemplarmos as bacias hidrográficas, como uma bona fidae medida de segurança é assumir
que o conjunto de sub-bacias de todas as ordens constituem efetivamente as unidades naturais de
estudo e de classificação do território das bacias, todavia, estas mesmas sub-bacias podem se
agregar em diferentes desenhos em função de como se queira ver a classificação das terras em
unidades sistêmicas.
Tratar de unidades homogêneas na Natureza sempre exige algum nível de abstração, já que os
recortes de homogeneidade são sempre amplos e variegados. O pressuposto de unidades
homogêneas de terra pode parecer um pouco contraditório com o fato da existência das sub-
bacias, a não ser que a unidades homogêneas venham a se constituir como conjunto de sub-bacias,
que não serão todos necessariamente contínuos no espaço, isto é, podem ser unidades comuns,
mas espaçadas entre as mesmas. Esse aspecto é próprio do fato disciplinar em que as unidades
homogêneas, por exemplo, da geomorfologia sejam unidades geomórficas que integram, cada
uma, diversas sub-bacias relativamente não notórias sob o conceito de geoformas.
Pode acontecer, e deve acontecer, que uma sub-bacia tenha em si mesma heterogeneidades
significativas, questão essa que fica aberta, por um lado ao próprio uso da sub-bacia, e por outro
à possibilidade de uso de unidades de malhas com maior resolução no terreno, a fim de se obter
dados mais justos, bem como pela validade intrínseca de se vir a entender as próprias sub-bacias
no contexto da totalidade da bacia englobante.
A rigor todo estudo disciplinar com que se mapeia algum aspecto da Natureza como
geomorfologia, pedologia, drenagem, circulação hídrica, lito-estratigrafia, relevo, vegetação e
outros são a rigor classificações de homogeneidades em referência ao tema disciplinar. Quando
se considera as sub-bacias parte-se, todavia, de uma peculiar divisão natural que reflete de modos
diversos as influências daquelas características mapeáveis pelas disciplinas clássicas acima
citadas. A pergunta que se coloca, portanto, é ‘qual é a vantagem de se usar as sub-bacias’? A
resposta é simples pelo fato mesmo de que as sub-bacias apontam para os processos geodinâmicos
superficiais, mesmo que uma sub-bacia possa ter muitos mais aspectos heterogêneos em seu
espaço.
As UNIDADES HOMOGÊNEAS
Em assim sendo, as áreas homogêneas pressupõem que existam nos ambientes naturais conjuntos
de situações que possam ser consideradas homogêneas, tanto pela interação dos próprios
processos naturais vigentes quanto pelas respostas que possam dar às interações antrópicas. Desta
forma, algumas premissas emergem necessariamente do sentido da classificação:
2 – unidades de terra são segmentos completamente integrados nos quais os fluxos da água
funcionam inter-relacionados com os outros processos telúricos.
3 – as ligações funcionais são identificáveis mais efetivamente pelos processos que ligam os
componentes entre os mesmos e em Geologia são denominados de processos da ‘geodinâmica
externa ou supergênica, isto é com origem na parte externa do planeta.
5 – a lógica da circulação hídrica é mais fundamental do que os processos de fluxo que resultam
em quantidade e qualidade da água; a questão da circulação hídrica inclui os vários tipos de
aquíferos subterrâneos, as zonas de recarga e as áreas precisas de recarga, as áreas de exsudação
e os corpos d’água tais como: os lagos, as áreas de inundação periódica e permanentes, os
pântanos, os cursos d’água e também os solos profundos armazenadores.
As áreas homogêneas são unidades complexas nas quais, se, tomar-se as sub-bacias como
unidades a priori os agrupamentos dessas mesmas sub-bacias podem vir a constituir
distintos tipos de áreas homogêneas. Portanto, essa homogeneidade deve ser entendida
como unidades de áreas que apresentam características dominantes que as definem como
equivalentes, logo homogêneas no sentido dessas características partilhadas em comum.
Pelo fato dessas considerações existem várias possibilidades de se realizar zoneamentos
geo-ecológicos e de uma sub-bacia aparecer em distintos grupos de zoneamentos, isto é,
em dois ou mais tipos de zoneamentos geo-ecológicos (Quadro 2-1). Particionam-se os
zoneamentos em:
(1) os vários geossistemas e modos de expressar suas associações entre rochas, geoformas
do relevo, solos e formações superficiais no sentido da Geotecnia,
(3) do uso dos potenciais ideais da terra para fins agroflorestais e pastoris e outros,
Quadro 2-1b – Classificações de terras e condicionantes a observar os quais devem ser usados
para classificações de áreas para usos diversos em amplas extensões.
1 – Os estudos devem seguir o mesmo método em anos sucessivos de revisão dos estudos
básicos para atualizá-los a luz da evolução dos processos em dada região.
3 – Identificar áreas críticas e/ou sensíveis para o controle e/ou prevenção rigorosa sobre
os agentes poluentes, inclusa a poluição difusa.
4 – Prover bases para se estabelecer sistema de estações de monitoramento de qualidade
de águas.
7 – Valorar o potencial das terras expresso por meio da produção biofísica natural e/ou
antrópica em consonância com as limitações de impactos permissíveis e a preservação
das qualidades gerais de produção do sistema natural.
Todo e qualquer zoneamento que vier a ser realizado de modo interdisciplinar não pode,
por certo, contemplar todas as variáveis que são atuantes nos sistemas avaliados, a saber
mesmo, que algumas são mais relevantes e outras de pouca influência. Esses métodos em
apresentação já contemplam a priori pelo menos variáveis que são reconhecidamente
significativas nestes tipos de sistemas concernidos, a saber: os geo-sistemas, os hidro-
sistemas e os bio-sistemas. O modo de abordar as variáveis é o de identificá-las quanto a:
Algumas definições dadas para unidade de terra são muito antropocêntricas tais como
“um complexo de atributos da superfície e subsuperfície significantes para o homem”
(Mabbut, 1968). Ainda outra “terra refere-se a todas aquelas características físicas e
biológicas da superfície terrestre que afetam a possibilidade de uso da terra” (Gardiner,
1976). Poder-se-ia tentar assim uma definição não antropocêntrica da seguinte maneira:
Esta última definição atende melhor à intenção com a qual se propõe trabalhar com os
zoneamentos do território com base nas condições naturais. A abordagem é
fundamentalmente lógica, buscando-se apreender os verdadeiros atributos do meio,
associando-os aos componentes físicos e identificando aqueles que são mais ativos,
menos ativos, ou mesmo menos significantes.
Assim é, que os focos da pesquisa devam ser sempre centrados em diversos aspectos tais
como os bióticos, os termodinâmicos das interações ambientais, os de morfometria do
terreno, o de capacidade assimilativa de cursos d’água, o fundo hidrogeoquímico, as
características geotécnicas, a caracterização agroecológica e os sistemas hídricos,
incluindo-se a circulação hídrica, a quantidade e qualidade da água bem como a
climatologia como fator envolvente.
Assim, os objetivos que devem balizar o enfoque para uma classificação em eco-unidades
são os seguintes:
1 – Sugerir como podem dados ambientais disponíveis, para os quais existam coberturas
generalizadas serem usados como preditores dos processos de ciclagem de nutrientes para
os quais faltem dados em espaços vizinhos.
2 – Propor mais forte integração do ambiente físico no padrão de ciclagem de nutrientes,
de tal modo a incrementar a utilidade dos ciclos biogeoquímicos na biogeografia
(Meentemeyer & Elton, 1977).
Gersmehl (1976) e Meentemeyer & Elton (op. cit.) apresentam bases para uma premissa
efetiva ao enfoque biótico:
Os inventários clássicos têm, por certo, limitações conceituais efetivas porque neles se
assumem algumas relações entre as formas da terra e os perfis de solos que podem ou não
ter alguma função de fato relevante.
Uma abordagem que coloque mais ênfase em trabalhos de percepção ecológica, isto é,
relações planta / ambiente, do que no tradicional enfoque sin-ecológico, isto é, relações
planta-planta (taxonomia e listagem da comunidade) terá, por certo, maior significância
para o entendimento da dinâmica do sistema e de suas partições no espaço. Moss (1984)
aponta para o fato de que “o caso crítico é o de definir processos relevantes nos
componentes que são termodinamicamente ativos no domínio dos impactos antrópicos”.
O que significa, por necessidade, enfocar sobre os componentes do solo e da vegetação
do sistema ambiental e dos processos operativos dentro destes componentes.
Figura 2-1 – Transferência da biomassa viva para o húmus (org. Martins Jr.2013).
transferência de nutrientes do folhedo para o solo deve ser equivalente à transferência
desde os solos à biomassa para o folhedo, mais adições da precipitação ou alteração
de rocha, menos qualquer perda por escoamento superficial, desconsiderando-se as
trocas gasosas com a atmosfera” (Meentemeyer & Elton, op. cit.).
A bacia hidrográfica é uma unidade fisiográfica natural da crosta terrestre recente que
tem em sua evolução traços marcantes de variáveis das dinâmicas de longo e de curto
prazo, determinadas por estruturas, processos geológicos e biológicos os mais diversos.
4 – Prover bases para o zoneamento de recursos hídricos que permitam os vários tipos de
ações como a outorga de água, enquadramento de cursos d’água, mitigação, ajustamento
de conduta, conflitos entre partes e não menos o planejamento do futuro.
O propósito da classificação dos sistemas geo-hidrodinâmicos e por derivação os sistemas
econômicos dentro das bacias devem atingir objetivos bem precisos que são ainda parte
daqueles acima considerados, a saber:
2 – Determinar o impacto das atividades antrópicas nos processos telúricos que afetem a
qualidade das águas em virtude de gerenciamento inexistente ou mal adequado das
terras,
O enfoque metodológico básico foi trazido por Huang & Ferng (1990), mas o sentido de
aplicação para zoneamentos é o que se desenvolveu como inovação e se apresenta nesse
estudo.
A classificação para ser eficiente deve diminuir o grau de opiniões subjetivas, viesadas
pela mentalidade especialista, visando aumentar o grau de eficiência na espacialização
covariante dos diversos parâmetros que apresentem quaisquer tipos de sinergia dentro do
sistema (Figura 2.2). As obtenções de tais resultados no âmbito dos sistemas geo-
hidrodinâmicos provêm dos seguintes dados aplicativos mensuráveis:
1 – Morfometria de bacias
2 – Capacidade assimilativa de cursos d’água
3 – Circulação hídrica, da quantidade e da qualidade das águas
4 – Condições geotécnicas regionais e locais
5 – Realidade e potencialidades eco-agroflorestal
As UNIDADES FINAIS de CLASSIFICAÇÃO
Dado que o recorte de terras homogêneas é distinto do recorte para eco-unidades tanto
quanto para o recorte dos sistemas hídricos aconselha-se, todavia, conforme haja a
integração das duas tendências de pesquisa a se adotar de modo diferenciado a
nomenclatura canadense de Moss (1983, 1985):
A escolha de escala, ademais, contempla o grau de acurácia com que alguma decisão
gerencial deverá ser tomada seja no enquadramento de cursos d’água, para os usos das
terras, para outorga, na mitigação, nos planos regionais, sobretudo e os vários outros
documentos de auxílio à decisão (Figura 2.3).
Figura 2.3 – Da dinâmica ambiental como centro dos sistemas naturais e produtivos às condições
de capacidade assimilativa de cursos d’água, morfometria das sub-bacias, o fundo
hidrogeoquímico, às eco-unidades reconhecidas, planejadas e implantadas em sistema de
informação que suporta os sistemas de decisão dentro das atividades do sistema de gestão para
os seis níveis de escala de observação e de auxílio à decisão de eco-elemento a eco-província
(org. Martins Jr, 1993).
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3
VARIÁVEIS e FATORES de CLASSIFICAÇÃO de TERRAS
– Gestão de Bacia Hidrográfica –
Palavras-chave: variáveis disciplinares, agregação de variáveis, utilidade da agregação,
significado das variáveis na dinâmica sistêmica.
A sequência de estudos que se deve estabelecer deve seguir uma ordem lógica de decisões
sucessivas que deixem claro o processo de se decidir mesmo em situações de difícil
contexto, que sejam operacionais ou mesmo sociais e dependentes da mentalidade dos
atores, ou ainda por motivos financeiros, especialmente em situações em que se tenham
estabelecido condições de custo irrecuperável.
PROBLEMAS
1 – Quais são as condições mais sensíveis após o conhecimento das relações dos geo-
sistemas “rochas/ geoformas/ solos/ formações superficiais” que se apresentam como
mais críticas para a busca de soluções de planejamento do futuro, mitigações e de
reorientações das condições atuais?
5 – Quais culturas são mais recomendáveis para se atuar com elas em face das condições
hídricas reinantes e da “preservação / conservação” das condições de circulação hídrica?
Essas seis perguntas são genéricas, mas evidente o como se deve conduzir questões de
uso da terra.
São condições óbvias para todos os tipos de bacias. Todavia, a simples condição de
facilidade para a agricultura, sobretudo intensiva, não é condição plena para se decidir
agir como se tem agido no bioma Cerrado que será doravante a área de estudo de caso
nesse livro. Há alguns aspectos que são críticos e devem ser Temas, considerados
determinantes para a tomada de decisões:
Outros temas de interesse são vários, mas os enumerados acima têm as características de
se tratar com temas sensíveis.
A Tabela 3.1 (Huang & Ferng, 1990) apresenta um conjunto de variáveis próprias para os
diversos tipos de zoneamentos de tipo geoecológicos como acima descritos para serem
estudados em todas as escalas de acordo com a proposição de Moss (1985).
São três os métodos amplos de zoneamento em áreas homogêneas do ponto de vista
ecológico (Martins Jr., 2008).
Desses três, o método M-1 é o que se trata nesse capítulo e se subdivide-o em seis sub-
tipos de zoneamentos ecológicos com a classificação em sub-bacias como perspectiva, a
saber (Tabela 3.1).
Tabela 3.1 – Temas e variáveis por sub-bacias ou sub-regionais selecionadas para os diversos
tipos de zoneamentos ecológicos de bacias (Huang & Ferng, 1990).
Contexto Variáveis Classificação de terras / Zoneamentos
Capacidade Eco-
Circula- Eco-
Morfo- assimilativa Geo- Agro-
ção unida-
métrico de cursos tecnia florestal
hídrica des
d’água pastoril
Área de drenagem. x x
Comprimento axial x
Métrico e de de bacia.
configuração Fator de forma.
x x
Coeficiente de
compacidade. x x x
x
Áreas de tipos de x x x x x
solos.
Drenagem de solos. x x x x x x
Textura de solos. x x x x x
Pedológicos Capacidade de x x x x
acumulação
potencial de
umidade.
Altitude máxima. x x x x
Altitude média. x x x x
Altitude mínima. x x x
Áreas de intervalos x x x x x
de declividades.
Índice de x x x x
diversidade do x
terreno.
Fisiográfico Índice morfo- x x x
litográfico.
Índice x
pedogeomórfico. x
Direções angulares x x
de drenagem. x
Índices de x x x
rugosidade de x
superfície.
Evapotranspiração x x x x x
potencial.
Evapotranspiração x x x x x
Clima real.
Precipitação anual x x x x x
total.
SAR – taxa de x x
absorção de Na.
Irrigação
CSR – NaCO3 x x
residual.
pH x x
Eh x x
Condutividade em x x
µS/cm.
Temperatura oC. x x
Hidrogeo-
Oxigênio x
químico
dissolvido.
Vazões x
específicas.
Índices de x
qualidade da água
Medida anual de x x
decomposição como
% da produção de
folhedo.
Produtividade
primária potencial x
líquida não ajustada. x
Produtividade
primária valor
ajustado.
Índice de
performance dos x x
solos.
Produtividade
Ecodinâmica primária líquida x x
potencial média.
Produtividade anual
líquida acima do x x
chão.
Escoamento
superficial x x x x x
acumulado. x
Capacidade de
acumulação. x x x x
Áreas de x
assembléias
vegetais. x x
x
Tabela 3.1 – Continuação
Índice de x x
saturação de
Langelier. x
Índice de x
Larson. x
Nível freático. x
Direções x x
angulares de
fraturas.
Fontes e x x x x
nascentes – x
áreas de
segurança.
Áreas de erosão x x
atuais.
Geologia Profundidade de x
aplicada / nível freático.
Geotecnia Áreas de
empréstimos.
Áreas de x
instabilidade. x
Taxa de x
progressão da
erosão.
Áreas potenciais x
de recursos
minerais.
Vulnerabili-
dade às várias
fundações. x
Zonas de
recarga de
aquíferos. x
1 - Morfométrico
2 - Capacidade assimilativa de cursos d’água
3 - Qualidade da água
4 - Quantidade da água, que pode efetivamente ser dividido em três sub-tipos de zoneamentos para água
superficial, para água subterrânea e também para ambas em um único zoneamento.
5 - Eco-unidades do bioma na bacia reconhecidas em cada sub-bacia.
6 - Geotecnia e obras de engenharia.
7 - Eco-agroflorestal pastoril
Acrescenta-se a Tabela 3.2 com as variáveis próprias para a cartografia do lidar com a
erodibilidade dos solos tema este também tratado no livro Certificação da Qualidade da
Produção Geo-ambiental e Econômica de Bacias Hidrográficas e de Propriedades Rurais
(Martins Jr., 2012, inédito). Essa Tabela 3.2 ao incluir o aspecto da erodibilidade permite
mapear como uma forma específica de classificação de terras e sub-bacias.
Tabela 3.2 – Variáveis para se estruturar as variações dos solos no território do ponto de vista
da erodibilidade (org. Martins Jr., 2019).
Classificação de terras / Zoneamentos
Variáveis por sub- Erodibi- Eco-
Circu- Eco-
Contexto bacias e/ou sub- Morfo- lidade x Unidades Geo-
lação agrí-
regionais métrico Erosi-
hídrica
pedo- tecnia
cola
vidade lógica
Porosidade η - x x x x
é a relação entre o
volume de vazios e o
volume total da amostra
η = Vv / Va
x x x x
Índice de vazios é
o volume de vazios pelo
volume de sólidos
e = Vv / Vs
x x x x
Teor de umidade
w - massa de água e
massa sólida
w = MH2O / Ms
Massa específica x x x x
natural γ -
é a relação entre a
massa da amostra e seu
volume
γ=M/V x x x x
Grau de saturação
Sr - relação entre o
Erodibi- volume de água e o
lidade local volume de vazios.
e regional Sr = Vw / Vv
cartográfica Limite de x x x x
liquidez é a fronteira
entre o estado líquido e
o plástico; medido
experimentalmente pelo
no de golpes dados pelo
aparelho próprio.
Limite de x x x x
plasticidade LP -
é o teor de umidade que
determina a fronteira
entre o estado plástico e
o estado semi-sólido;
medido.
Índice de x x x x
plasticidade IP -
mede maior ou menor
plasticidade do solo;
fisicamente representa a
quantidade de água
necessária acrescentar a
um solo para a mudança
do estado plástico para o
estado líquido.
Tabela 3.2 – Continuação das variáveis para se estruturar as variações dos solos no território do
ponto de vista da erodibilidade (org. Martins Jr. 2019).
Índice de x x x x
consistência é a
consistência do solo em
função do teor de
umidade.
Erodibili- Ic = (LL - w) / (LL
dade local e - LP) x
regional Coesão reflete a x x x
cartográfica relação entre as partículas;
é experimental.
x
Ângulo de atrito ϕ x x x
- é relativo ao arranjo dos
grãos de dada substância. x x x x
Erosividade pluvial
Para uma cartografia de bacia hidrográfica desde o ponto de vista da erodibilidade sobre
um mapa de pedologia pode-se articular o mapa de erodibilidade articulado com o mapa
de elevação digital do terreno e em integração com os remanescentes de vegetação nativa
de modo a se poder salientar as áreas entendidas como disponíveis e/ou em uso do ponto
de vista da sensibilidade a erosão. A articulação com um mapa de pluviosidade pode-se
ainda entender as áreas mais sensíveis sob a relação ‘erodibilidade x erosividade’ tal que
permita se estabelecer um amplo programa de boas práticas e de mitigação de áreas em
processo de degradação.
Todos esses métodos já são caracterizados como métodos próprios para os zoneamentos
geo-ecológicos, e não implica que em um projeto de estudo se deva realizá-los todos, nem
mesmo que se realize algum deles, haja vista o fato de que existem dois outros métodos
distintos como se apresentam em seguida.
Nesses três casos os resultados são diversos. Em M-1 apresenta-se uma cartografia com
o qual se pode agrupar sub-bacias segundo o tema que foi escolhido entre os seis temas
específicos acima citados. Em M-2 o zoneamento deve ser apresentado segundo algum
tema focal, como por exemplo, a agricultura intensiva de oleaginosas. Em M-3 o enfoque
é voltado para os vários sub-sistemas naturais do bioma dentro da bacia maior e também
as relações entre a vegetação, a circulação hídrica e distribuição da água, altitudes e
eventualmente micro-climas, visto por exemplo pela pluviosidade nas várias sub-bacias.
Entende-se que os zoneamentos devam ser realizados em número mínimo e voltados para
as questões reconhecidas em diagnósticos, ou por objetivos, de modo que as respostas
dos zoneamentos possam atingir o objetivo central de auxiliar as decisões de quaisquer
ordens.
Em todos os três casos M-1, M-2 e M-3 pode-se aplicar o método para o conjunto da
bacia como um todo ou para as várias sub-bacias, neste caso classificando-as em grupos
de homogeneidade segundo as variáveis determinantes do tema (Tabela 3.1). A
recomendação que se faz é a de aplicar o método M-1 para sub-bacias de 3ª ordem cujas
áreas permitem uma melhor apreensão da complexidade da questão enquanto as bacias
de 2ª ordem se mostram de modo geral muito grandes para tratar em uma única carta de
zoneamento.
Todos esses tipos de zoneamentos ecológicos são, a rigor, feitos por temas e por isso são
de utilidade para se montar modelos de gestão da bacia não mais voltados unicamente
para questões biológicas, ecológicas e geológicas de modo genérico, mas com um apoio
na geo-ecologia e na aplicabilidade de zoneamento como um documento de auxílio a
decisões. Trata-se de documentos de ciência aplicável.
CONTEXTO da FISIOGRAFIA
Para o cálculo de índices necessários há que especificar todas as áreas por rochas,
geoformas, solos e em seguida rochas/ geoformas, rochas/ solos, geoformas/solos e
rochas/ geoformas sejam no total da bacia seja em cada sub-bacia, de jusante a montante
(Figuras 5 a 15).
Figura 3.1 – Variáveis do contexto fisiográfico necessárias para vários métodos de classificação
de áreas homogêneas do terreno, tendo-se a fisiografia como referência.
A importância dessas variáveis serve para contribuir que se possam agregar áreas de
bacias ou sub-bacias em áreas homogêneas com distribuição de altitudes expressivas no
contexto.
Importância:
A diversidade do terreno ao ser indicada por sub-bacia e ao se classificar o conjunto de
sub-bacias de uma grande bacia pode-se ver grupos que se agregam por semelhanças.
ÍNDICE MORFOLITOGRÁFICO
Importância:
As diferentes Formações, Grupos e Super Grupos têm diferentes condições líticas que
produzem formas de relevos próprias. Embora formas diversas possam ser expressas por
diferentes litossomas a relação forma-substrato expressa uma peculiaridade de uma área
e/ou de uma sub-bacia.
Equações do índice morfolitográfico
ROCHAS
As rochas são importantes pelo fato de que se deva pesquisar as relações rochas /
geoformas / solos, que são as relações superficiais que contam para as questões da
geodinâmica externa e dos planos de uso da terra.
GEOFORMAS
Em quaisquer vales de bacias a pesquisa das formas do modelado é importante pelo fato
de que essas formas em parte condicionam o relevo, em parte são condicionadas pelas
rochas subjacentes e condicionam em parte os solos, já que esses têm mais de um fator
como causação dos mesmos (Figura 3.3).
ROCHAS e GEOFORMAS
As condições ambientais entre rochas/geoformas em qualquer bacia devem ser descritas
pelas relações espaciais de associatividade entre as mesmas. As relações rochas e
geoformas são consideradas de ambos os pontos de vista da Geomorfologia estrutural
e/ou climática de relações espaciais entre rochas e geoformas; as medições de áreas
podem ser em km2 ou hectares, conforme melhor convier.
Cada sub-bacia pode ter uma variável que indique o número de índices Iml necessários
para descrever a sub-bacia e as eco-unidades.
Importância:
Qualquer que seja o tipo de drenagem, os drenos formam ângulos entre si ao longo de
trechos do percurso total. Tais ângulos podem refletir características de estruturas rúpteis
impostas às rochas e geradora de relevo. A medida das direções médias fornece um
indicador discriminante de áreas de uma bacia hidrográfica.
Modos de expressão:
Os ângulos devem ser medidos tratando-se os drenos e trechos dos cursos d’água como
linhas retificadas que representem aquela direção, apesar oscilações do curso d’água. As
medidas devem ser feitas em azimutes. Uma vez feitas as retificações, deve-se medir os
azimutes começando dos drenos mais altos para os de mais baixa altitude sucessivamente.
A medida do azimute deve ser guardada em uma tabela reportando-se aos drenos de todas
as ordens. Como expressão final das variáveis:
Importância:
Busca-se a quantidade de semelhança entre a área teste e uma superfície planar, que em
si mesma não é determinante, em virtude de áreas com diferentes rugosidades poderem
vir a ter a mesma superfície. Os dados básicos para este parâmetro são a série de medidas
de transversos ortogonais li e wi nos quais
n p
W = Σ Wi L = Σ lj
i=1 j=1
a área estimada Â= W x L
Esta área deve ser comparada à área de um polígono com mesmas dimensões externas
que sejam iguais àquelas da área teste.
Outros modos de expressar índices de rugosidade são apresentados abaixo apenas com a
indicação de definição de rugosidade entre vários autores. Outros índices de rugosidade
existem disponíveis nos SIG.
Christofoletti sugere outro índice com esse nome, qual seja, o produto entre a amplitude
altimétrica (H) e a densidade de drenagem (Dd), resultando na formulação:
H* Dd
Importância:
Destina-se a descrever a orientação tridimensional das superfícies dentro da rugosidade
da área em estudo. O sítio é simulado por um conjunto de superfícies planares
intersectantes que são por sua vez definidas por grupos adjacentes de leitura de três
elevações. As normas a estes planos são representadas por vetores. Estes vetores são
calculados para suas médias, força e dispersão, usando os métodos.
A força vetorial indica o comprimento resultante da soma dos vetores unitários e é obtido
utilizando-se o método da direção do cosseno. A força vetorial é um parâmetro
normatizado variando de zero a um, quando zero representa nenhuma orientação
preferencial e um a orientação preferencial idêntica dos vetores.
Extração de parâmetros: leitura das altitudes por sub-bacia de modo iso-espaçado com as
coordenadas iniciais da 1ª elevação lendo-se na linha 1, coluna 1 no canto superior
esquerdo da carta com precisão de três decimais; leitura de coordenada da 1ª elevação
lendo-se na linha 1, coluna 1 medida para a direita da posição da elevação no canto
esquerdo superior do mapa também a três decimais.
São as seguintes variáveis: (1) áreas de drenagem total das bacias (2) declividade do
talvegue principal (3) área de drenagem a montante de local escolhido (4) comprimento
axial de bacia (5) fator de forma ou índice de conformação. Essas variáveis são
especialmente úteis para o zoneamento pelas características métricas das sub-bacias
(Figura 3.4).
Determinação:
Por planimetria ou em SIG, expresso em km2 ou em hectares.
Equação:
Extrai-se a declividade por trecho de talvegue expressa em diferença de cota e distância
entre dois pontos em m/km; extrai-se a inclinação por segmento de reta representativo do
trecho e calcula-se a média ponderada.
I inclinação ou declividade
Y cotas em metros
X distância em km
Significado:
É um aspecto de importância para descrever sub-bacias segundo o aspecto da forma. Tal
procedimento associa as medidas de forma da sub-bacia a uma forma geométrica
conhecida.
Relaciona a largura média da bacia (l) com o seu próprio comprimento axial (L).
largura média l = A/L
Kf = 1/L
onde, Kf = A/L2
Kf constitui um índice que aponta para a maior ou menor propensão de uma bacia a vir a
ter enchentes. Maiores valores do fator de forma indicam maior probabilidade de vir a
ocorrer enchentes.
Essa conceituação deve ser idêntica para a geração dos índices pedo-litográficos e
geomórficos, indistintamente, trocando-se apenas os símbolos para áreas de rochas,
geoformas e solos em cada caso.
Evidentemente, muitos outros fatores deverão ser confrontados, mas as relações rochas
/ geoformas / solos / formações superficiais são os primeiros fatores a serem
considerados para se estabelecer os modelos e cenários de Desenhos de Uso Optimal do
Território – DUOT de qualquer bacia hidrográfica”. Esse tema constitui o Capítulo 4
desse livro.
Com essa conclusão aponta-se para o sentido básico que se atribui para os cálculos dos
índices pedo-geomórficos, pedo-litográficos e lito-geomórficos como variáveis próprias
para serem aplicadas para a classificação da grande bacia, como um todo, ou da mesma
grande bacia pelas sub-bacias para classificar em áreas homogêneas pelos geossistemas.
Nas indicações em seguida aponta-se para a descrição desses índices nos quais as
conclusões do primeiro tema desse capítulo indicam.
ÍNDICES PEDO-GEOMÓRFICOS
ÍNDICES LITO-GEOMÓRFICOS
Os índices lito-geomórficos são importantes variáveis para se usar para classificação das
sub-bacias em áreas homogêneas. As relações rochas/ geoformas são importantes tanto
para geotecnia quanto para agricultura, a construção de rodovias, ferrovias, hidrovias,
centrais hidroelétricas e outras obras de engenharia. Os dados a serem utilizados são
aqueles da Tabela 5, que foram medidos para o conjunto da bacia de 2ª ordem.
ÍNDICES PEDO-LITOGRÁFICOS
Os índices pedo-litográficos são importantes variáveis para se usar para classificação das
sub-bacias em áreas homogêneas. As relações rochas/ solos são importantes tanto para
geotecnia quanto para agricultura, neste caso associadas com a carta de aptidão de solos.
Sem dúvida, que as questões sobre as relações de estabilidade podem ser indicadas com
essa cartografia.
As Figuras derivadas dos dados da Tabela 3.8, foram calculadas para a bacia de 2ª ordem
vale do rio Paracatu.
As Figuras 3.6 a 3.14 apresentam essas relações das rochas sob os principais tipos de
solos dominantes na mesma bacia.
Figura 3.6 – Neste caso a rocha EoCtm está integralmente em contacto direto com o
solo AQ.
Figura 3.7– Neste caso as rochas que estão sob o solo CX são EoCtm, EoCpd e EoCpa.
Figura 3.8 – Neste caso a rochas GX são EoCpd, EoCpc, EoCpa, EoCtm, EoCp, PCc,
Ka, Kmc, Ku, Qa, TQd e TQda.
Figura 3.9 – As rochas que estão sob o solo LV são EoCtm, EoCpd, EoCpc, EoCp, Ka,
Ku, Kmc, PCc, Qa, TQd, TQda.
Figura 3.10 - As rochas que estão sob o solo LVA são EoCtm, EoCpa, EoCpc, EoCp,
Ka, Ku, Kmc, TQda, TQd.
Figura 3.11 - As rochas que estão sob o solo PV são EoCpa, EoCp.
Figura 3.14 - As rochas que estão sob o solo são EoCp, EoCp, EoCtm, Ku, Kmc, Ku,
TQd, TQda, Qa
Figura 3.12 - As rochas que estão sob o solo PV são EoCp, EoCpa, EoCpc, EoCpd,
EoCtm, PCc, Kmc, Ku, Ka, Kmc, TQd, TQda.
Figura 3.13 - As rochas que estão sob o solo RQ são EoCpc, EoCpa, EoCpd, EoCp,
Ku, Kmc, Qa, TQd, TQda.
Geoformas vistas por sub-bacias: Áreas de geoformas por sub-bacia com base na
carta geomorfológica
CONTEXTO HÍDRICO
1 - VARIÁVEIS HIDROLÓGICAS
1 - VAZÕES ESPECÍFICAS
Significado:
É a relação entre a vazão média de longo termo em uma seção transversal do curso
d’água e a área de drenagem relativa a esta seção.
onde:
qml = contribuição específica média de longo período
Qml = vazão média de longo período
A = área de drenagem
Significado:
É a relação entre a vazão mínima média em uma seção transversal do curso d’água e a
área de drenagem relativa à seção. Esta vazão pode ser associada a uma duração e a uma
probabilidade de ocorrência.
onde:
qmín (d,t) = contribuição específica mínima com d dias de duração e T anos de período de
retorno. Qmín(d,t) = vazão mínima média com d dias de duração e T anos de período de
retorno.
A = área de drenagem
1.3 - CONTRIBUIÇÕES Específicas Máximas
Significado:
É a relação entre vazão máxima média em uma seção transversal do curso d’água e a
área de drenagem relativa à seção. Esta vazão pode ser associada a uma probabilidade
de ocorrência.
Equação: qmax(T) = Qmax(T) / A
onde:
Comentário:
4 – DENSIDADE de DRENAGEM
A totalidade das medições do comprimento dos drenos expressa em relação à área da sub-
bacia em hectares ou km2 indica a densidade. Neste caso a densidade expressa algo
diverso do número de drenos por sub-bacia e também poderia ser expressa pelo número
de drenos de mais alta ordem dentro da sub-bacia em estudo, bem como os comprimentos
totais desses drenos na sub-bacia. Tais dados refinam ainda mais a classificação de terras.
5 – TAXA de BIFURCAÇÃO de DRENAGEM
Equação: Tb = Nb / L
7 – TEMPO de CONCENTRAÇÃO
É o tempo contado a partir do início da chuva para toda bacia que contribui para o
escoamento superficial na seção transversal estudada. Pode ser considerado como o
tempo que uma parcela do escoamento superficial, no ponto mais distante da bacia, leva
para chegar à seção considerada. O tempo de concentração é calculado através de
fórmulas empíricas e ábacos que fornecem o valor desse tempo em função das
características físicas da bacia hidrográfica.
2 – VARIÁVEIS HIDROGEOLÓGICAS
São as seguintes variáveis: (1) áreas de exsudação (2) áreas das fontes e localização (3)
zonas de recarga de aquíferos (4) áreas precisas de recarga de aquíferos (5) número de
fontes por tipo de aqüífero em cada sub-bacia. São calculadas como áreas, localizações,
vazões em fontes, tipologia de nascentes, tipos de áreas de recarga em função dos tipos
de aquíferos.
CONTEXTO ECOLÓGICO DINÂMICO
Significado:
O folhedo é o estado da matéria orgânica caída ao solo e ainda não ativamente
transformado em húmus. A medida anual de decomposição como percentual de produção
do anual de folhedo é uma medida de eficiência bioenergética do ambiente associado à
disponibilidade de precipitação, isto é, o escoamento superficial menos a percolação
(Meentemeyr & Elton, 1977).
Equação:
d = log % = 1,127 + 0,0010181 x
onde:
100 Valores…
valores…
1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
Significado:
Equação:
PPN = 3.000 |1 – e (-0,0009695(Er-20) |
onde:
PPN = g/m2/ano
Er = evapotranspiração real em mm/ano
e = base do logaritmo natural
(Meentemeyer, 1977)
Produtividade Primária (PPN) g/m2/ano 3000
2500
2000
1500
1000
PPN =3000 |1 – e(– 0,0009695 (Er – 20) |
500
0
0 250 500 750 1000 1250 1500 1750
Evapotranspiração Real Anual (mm)
Figura 3.18 – Relação da evapotranspiração real anual pela produtividade primária (citação de
Meentemeyer, 1977).
Significado:
Na escala de ecodistrito toma-se a produtividade primária líquida. A proporção de cada
valor de classe de solos, que cai dentro dos limites de cada ecodistrito deve ser
determinada através dos valores de ponto médio para cada classe, que é assumida ser o
valor medido representado por esta classe (Moss, 1985).
Equação:
onde:
m – número dos valores de classes
Aj* – a terra numa classe particular de solos como percentual da área total do
ecodistrito.
*
Vj – é o valor de ponto médio do potencial da produtividade primário líquida para cada
um.
O termo [nítido] substituirá doravante o termo mais usual de [líquido] como uma opção
proposta por esse autor. A produtividade primária provê uma [medida de quantificação
do fluxo de energia e de informação] nas comunidades naturais.
Uma das variáveis de significado para estimar trocas é a evapotranspiração efetiva Ee.
Major [1963] relata que a Ee de ambientes terrestres é qualitativamente conecta à
quantidade de plantas vasculares. A evapotranspiração efetiva é definida como a
precipitação menos o escoamento superficial menos a percolação. Como fenômeno é a
quantidade de água que efetivamente retorna à atmosfera, sendo, portanto, o oposto da
precipitação. Para que a água retorne à atmosfera é necessária a sua disponibilidade e a
disponibilidade de energia solar que efetivará as mudanças do estado líquido para o de
vapor. Portanto, a Ee é uma medida efetiva daquelas relações.
Um problema se coloca para o cálculo destas variáveis no fato das assembléias vegetais
estarem ou não em clímax, serem vegetação pioneira, áreas agrícolas ou áreas em
degeneração e/ou desertificação. Tais situações devem ser consideradas à parte das
populações em clímax para as quais foram calculadas a curva de Ee x log Pannac -
produtividade nítida acima do chão (Quadro 3.2). No Quadro 3.2 foram transcritos os
dados de Rosenzweig [1968] pela sua importância na metodologia de estudo de trocas,
especialmente para os cálculos de Ee e Pannac. Deve-se a Rosenzweig a descoberta dessas
relações como matematicamente descritíveis.
Quadro 3.2 – Dados de diversas procedências para o valor calculado de log Pannac e de log Ee
segundo Rosenzweig (1968, p.69) – para referências ver autor.
Código Ambiente Localidade log Pannac log Ee Referências
A arbusto creosote deserto Nye Co., Nevada, USA 1,60 2,10 Odum, 1959
B tundra úmida Ártica Cape Thompson, Alaska 2,16 2,30 Rickard, 1962
Hadley and Bliss,
C tundra úmida alpina Mt. Washington, US 2.16 2,37
1965
O método de estimativa de Ee foi desenvolvido por Thornthwait & Mather [1957] com
base no conhecimento da latitude, temperatura média local mês a mês e a precipitação
mês a mês.
Significado:
A produtividade bruta é definida como uma integral da taxa de fotossíntese ao longo do
ano. A taxa de fotossíntese depende da concentração da matéria biótica, da água, da
energia solar. Dado que o outro componente dióxido de carbono é mais ou menos
constante 0,029% em ambientes terrestres ele se torna mais dispensável nos cálculos
(Sellers, 1965).
onde:
Panac = produtividade anual líquida acima do chão
Er = evapotranspiração real (Rosenzweig, 1968)
N = 20
Os valores observados e estimados da relação entre a evapotranspiração real e a
produtividade nítida acima do chão são apresentados na Figura 3.16.
4
Acima do Chão 3
CONTEXTO da CLIMATOLOGIA
EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL
Significado:
A quantidade de evapotranspiração que pode ocorrer se o solo de uma grande área, tendo
vegetação típica de seus em tornos vier a se manter constantemente úmido, isto é, acima
de sua capacidade de campo.
Ep = 58,93 B
onde:
Ep = evapotranspiração potencial
B = biotemperatura
Equação:
Ep = 1,6 (10 T / I)a
onde:
Ep – evapotranspiração potencial medida em mm
T – temperatura média mensal em oC
I – índice de calor anual (soma dos valores dos índices de calor mensais para 12 meses
determinados na equação)
I = (T/5)1,514 função linear do índice de calor I
EVAPOTRANSPIRAÇÃO REAL
Significado:
A evapotranspiração real em ambiente terrestre é um fenômeno ligado a magnitude da
atividade das plantas vasculares. É também entendida como a precipitação, menos o
escoamento superficial, menos a percolação. É uma medida da disponibilidade simultânea
da água e da energia solar em um ambiente durante um intervalo de tempo.
Método e critérios de coleta de dados:
Um valor ambiental específico não deve ser usado para predizer mais do que um dado de
produtividade. Valores de fluxo de energia em comunidades na condição de clímax para
a vegetação local são os únicos valores de fluxo de energia predizíveis a partir de qualquer
variável climática geral.
PRECIPITAÇÕES ANUAIS
Essas variáveis são de importância diversa para vários quadros de decisão (Martins Jr.,
Coord., Nunes et al., 2006). A precipitação total anual tem como significado ser uma
variável com a qual se expressa a precipitação em função real da área de ocorrência, com
isto entendendo-se a sub-bacia, cada sub-bacia e a bacia maior em seu total, conforme
conveniência. Uma generalização de valores numa bacia não teria o efeito discriminante
desejável, como se esperaria decidir sobre temas de geotecnia e estabilidade em diferentes
vertentes, por exemplo, bem como planícies, latitudes e zonas de microclimas.
Figuras 3.23 e 3.24 todos esses mapas têm a bacia do Paracatu ao centro o Distrito Federal ao
noroeste e a bacia do rio São Francisco a sudeste e a sub-bacia do rio Sã Marcos a oeste.
CONTEXTO HIDROGEOQUÍMICO
São as variáveis: pH, Eh, condutividade elétrica, temperatura, oxigênio dissolvido, índice
de qualidade da água (Figura 3.25).
Nesse contexto hidrogeoquímico aponta-se como produto das relações temas e variáveis,
a descrição de um método de trabalho com o sistema amostral de qualidade sobre grandes
áreas de bacias hidrográficas e a baixo custo operacional.
Esse método é sugerido como uma inovação metodológica dentro desse capítulo para se
estabelecer um Sistema de Decisão sobre Locações de Pontos Amostrais em bacias
hidrográficas, SDLP, bem como de base para interpretação da análise de qualidade química da
água. Cabe deixar claro que não se trata de locação de estações hidrométricas, mas efetivamente
de locais de amostragem de água. Pela característica desse sistema tem-se como premissas
metodológicas:
1 – bem representar o território com um mínimo de despesas.
2 – amostrar o mais completamente em um ano hidrológico de referência.
3 – distinguir áreas não poluídas de áreas poluídas, aquelas como referências para essas.
4 – amostrar em sucessivos anos sobre uma base amostral de referência.
5 – atualizar a base de referência de 10 em 10 anos ou em tempos menores conforme seja o
caso.
Tendo-se as premissas acima citadas como base, a filosofia amostral em proposição vai
se embasar em algumas características das relações espaço-temporais em qualquer bacia, a
saber:
2 – as correções de erros por falta de registros confiáveis ou ausência dos mesmos em estações
hidrométricas já foram tratadas metodologicamente acima para a bacia do Paracatu, tanto em
teoria quanto na aplicação aos dados disponíveis.
3 - as relações métricas das diversas sub-bacias de 3ª ordem dentro de uma bacia de 2ª ordem
são apenas um dos aspectos a serem computados para a caracterização do campo amostral para
pontos de amostragem d’água.
5 – as variações das chuvas (Figuras 3.17 a 3.24), Chuva máxima anual, Chuva máxima no
período chuvoso e Precipitação máxima no período chuvoso) devem ser utilizadas como fatores
complementares para decisão para se escolher pontos amostrais com as seguintes condições:
a – as áreas mais chuvosas devem ser amostradas, tanto nos períodos secos e chuvosos, como
potenciais pontos de referências para vazões específicas e para assinaturas hidroquímicas caso
provarem-se que não estejam poluídas por íons, anions biocidas, outras substâncias tóxicas,
com depleção de oxigênio livre, ou com DBO inconveniente a meios típicos, em diversos
trechos de trajeto de um rio ao longo de uma mesma ocorrência lítica e/ou de solo.
b – as áreas menos chuvosas devem ser amostradas tanto nos períodos secos e chuvosos como
situações de referências para essas áreas.
c – a chuva anual é importante de ser conhecida e nesse sentido as várias sub-bacias de 3ª ordem
devem ser mapeadas segundo as suas distribuições em face da chuva anual; a rigor todas as
sub-bacias podem ser mapeadas segundo as diversas variáveis da pluviosidade pela
importância dessas variações na hidrodinâmica.
SEGUNDA VARREDURA para Localização de Pontos e/ou Trechos de Referência
No que diz respeito a partes médias e baixas das sub-bacias os critérios para se obter
pontos ou trechos de referências devem ser os seguintes:
Esses nove condicionantes atendem a qualidade dos pontos ou trechos escolhidos para
se obter bons resultados sobre os pontos amostrais que permitirão determinar as assinaturas
físico-químicas e químicas das águas superficiais no todo da bacia com apreensão das variações
em função dos solos e das rochas eventualmente mais ou menos agentes sobre as condições
químicas.
Importante ressalva deve ser dada em função da ocorrência de minerais especiais com
alta mobilidade geoquímica para seus elementos componentes. Tais condições são naturais e
pode ocorrer a lixiviação desses elementos por via natural. O conhecimento dessas áreas
possíveis de distribuir esses íons deve ser observado na condição de se classificar um local ou
um trecho como referenciais.
TERCEIRA VARREDURA
Os pontos ou trechos determinados como referenciais devem ser amostrados 4 vezes em
um ano hidrológico para os pH, Eh, condutividade elétrica, temperatura da água, OD, DBO,
principais íons e aníons e biocidas. Nessa fase os pontos ou trechos são definitivamente
estabelecidos como referenciais, restando, todavia, observar alterações ambientais e
econômicas a montante de modo a se evitar aparecer condições de poluição.
QUARTA VARREDURA
Nessa etapa, com a cartografia de pontos referenciais mínimos pode-se desde então
escolher pontos ou trechos amostrais segundo os mais diversos critérios com vistas a se
acompanhar a qualidade e as interferências sobre a qualidade da água, tomando-se como
assinaturas hidrogeoquímicas os valores dos pontos ou trechos de referência.
TRATAMENTO REFERENCIAL de QUALIDADE NATURAL das ÁGUAS
Esse tratamento deve-se dar em relação aos pontos ou trechos referenciais. Assim, para
as descrições principais da físico-química deve-se recorrer às relações redox, diagrama |
pH x Eh |, às relações | pH x Eh x OD |, a seleção por análise canônica ou por análise de
grupamento de todos os pontos ou trechos referenciais para classificá-los segundo várias
assinaturas hidroquímicas. As variáveis de condutividade elétrica, temperaturas, oxigênio
dissolvido OD e demanda bioquímica de oxigênio DBO devem fazer parte desse conjunto
básico de parâmetros a serem medidos, descritos e interpretados como referências
naturais. Esses íons e aníons devem ser estudados com a definição das médias, desvio
padrões, Q1, Q2, mediana e máxima para os pontos agrupados em subconjuntos (Scherrer
& Martins Jr., 2009, in Projeto GZRP).
Entre os muitos elementos estudados segue um exemplo de estudo para o cálcio da água
de fontes em área do divisor de águas entre as bacias do Paracatu, Alto Paranaíba, São
Marcos e São Bartolomeu coletada em fontes (Martins Jr. et al., Projeto GZRP),
recobrindo mais de 11.000km2 (Figuras 3.25 a 3.27).
Com base nos resultados da Tabela 3.2, nota-se que a metade dos pontos amostrados
possui concentração de Cálcio (mg/l) entre 0,275 e 1,790 (considerando o 1º e 3º quartil).
Tem-se que a concentração média do Cálcio é igual a, aproximadamente, 2,05 mg/l, com
desvio-padrão igual a 4,252 mg/l. A Figura 3.25 apresenta a distribuição da amostra com
relação ao Cálcio.
Tabela 3.2 - Estatística Descritiva para o Cálcio.
A Figura 3.26 indica que a mediana do Cálcio é de 0,46 mg/l, pois a linha central da caixa
encontra-se nesse valor. A variabilidade do Cálcio é representada, no gráfico, pelo
comprimento da caixa. Este comprimento é calculado pela diferença do 3º e 1º quartil
(1,515 mg/l). Assim, quanto maior o comprimento, maior será a variação do Cálcio.
Como um dos objetivos do estudo é comparar o Cálcio entre as áreas na qual pertencem
os pontos amostrados, neste caso, realizaram-se as estatísticas descritivas por grupo de
áreas para o Cálcio considerando as três campanhas, Tabela 3.3 e Figura 3.26.
Tabela 3.3 - Estatística Descritiva para o Cálcio (mg/l) por área.
Área Casos Média DesPad Mínimo Q1 Mediana Q3 Maximo
Área_3 1 2.990 * 2.990 * 2.990 * 2.990
Área_1 3 0.893 0.957 0.230 0.230 0.460 1.990 1.990
Área_2 6 0.267 0.073 0.180 0.203 0.255 0.335 0.380
Área_4 4 0.448 0.051 0.390 0.398 0.450 0.495 0.500
Área_5 3 1.710 2.210 0.290 0.290 0.580 4.260 4.260
Área_6 3 0.600 0.239 0.340 0.340 0.650 0.810 0.810
Área_7 4 8.800 8.080 1.590 1.990 7.250 17.150 19.100
Área_8 1 0.220 * 0.220 * 0.220 * 0.220
Área_Total 25 2.056 4.252 0.180 0.275 0.460 1.790 19.100
Fonte: dados primários da pesquisa (2009).
A Figura 3.27, indica que a mediana do Cálcio (mg/l) para a área 7 (7,25 mg/l) é maior
que as demais áreas, pois a linha central da caixa referente a esta área está na escala acima
das demais no eixo mg/l. Além disso, esta área apresenta maior variabilidade do Cálcio
do que as outras áreas, pois sua caixa tem comprimento maior.
Em resumo, para os dados do Cálcio nas oito áreas, temos um valor mediano (amostral)
maior na área 7 e, também, uma maior variação entre os pontos amostrados nesta área.
Essas conclusões são válidas apenas para valores amostrais observados.
Resultados
Ca Pontuação Estatística P-valor Conclusão
1ª Campanha 0.28 3.35 0.188 1ª Cam.=2ª Cam.=3ª Cam.
2ª Campanha 0.61
3ª Campanha 0.46
Esse é, portanto, o tipo de estudo que aplicado a cada íon e aníon permite que se decida
sobre a qualidade de um ponto ou trecho amostral como referências atendidas às
condições acima especificadas. As Figuras 3.28a, b e c integram a visão da ocorrência do
Ca nas três campanhas.
Como funciona, portanto, o sistema referencial em relação aos locais amostrais para
controle de poluição?
Tendo-se um quadro sempre cada vez mais preciso das condições normais de assinaturas
hidrogeoquímicas pode-se acompanhar as amostras das várias localidades nas quais se
monitoram a poluição a partir das relações entre vários pontos amostrais, a legislação e
os pontos e trechos referenciais. Com efeito, esses referenciais nos dão os teores normais
das assinaturas hidrogeoquímicas e assim, os pontos de amostragem para poluição podem
ser analisados de modo comparativo e em relação com a legislação concomitantemente.
Cálcio – Ca
Figura 3.28 – Resultados analíticos sobre o íon Ca em água de fontes. A Figura 3.28a é de Junho
de 2007, a Figura 3.28b é de setembro de 2007 e a Figura 3.28c é de agosto de 2008.
CONTEXTO da IRRIGAÇÃO
Esse contexto segue as regras da pesquisa de ocorrências e de jazimentos. Por certo que
as noções de Distritos minerais e Províncias minerais são compatíveis com a noção de
zoneamentos de bacias hidrográficas. Todavia, esse tipo de zoneamento não é ambiental,
mas é um tipo de zoneamento que pode fornecer informações básicas para os pontos e
trechos amostrais de referência para qualidade da água ou para a assinatura
hidrogeoquímica. Serve também como um zoneamento para gestão das atividades
minerárias dentro de bacias hidrográficas, sob os vários aspectos que interessam à gestão
de bacias, que são:
CONTEXTO da SEDIMENTOLOGIA
Esse contexto serve diretamente para dar suporte aos estudos de erosão natural, erosão
induzida e de dispersão de resíduos como em atividade de mineração e da construção
civil. Do ponto de vista da erosão pode-se considerar uma carta base de erodibilidade de
solos, rochas e formações superficiais e as sub-bacias e a classificação dessas sub-bacias
em decorrência dessa distribuição de base da erodibilidade.
O símbolo de duas barras equivale ao símbolo de intervalo aberto e nesse caso tem dois
significados compatíveis (1) a possibilidade de mais de uma fonte de poluição a montante
e (2) o fato de poder ser erosão natural ou erosão induzida.
São as seguintes variáveis das áreas sensíveis: áreas de zonas de recarga, áreas precisas
de recarga, áreas de inundação permanente e temporária, fontes e nascentes, pântanos,
brejos, florestas de galerias, áreas típicas ecológicas, Veredas, áreas de alta declividade
etc.
As variáveis acima citadas e classificadas como de áreas sensíveis devem ser expressas
em hectares ou km2 em função das dimensões de áreas. Devem ser desenhadas em mapas
como áreas de especial destaque e em quaisquer dos métodos de classificação em áreas
homogêneas, recomenda-se que essas áreas sensíveis sejam medidas em cada sub-bacia.
Poderá ser que uma sub-bacia possa estar totalmente ligada a uma ou mais áreas sensíveis
e isto trará para essa sub-bacia um status particular nos modelos de gestão geo-ambiental
e econômico.
(M-2) é o método integrado de zoneamento das sub-bacias e de temas focais ZSTF, para
o qual se pode usar as mesmas variáveis acima descritas, em especial as variáveis de áreas
sensíveis, sendo que essas áreas podem ser um dos possíveis temas focais.
Tabela 3.5 – Interseções mais marcantes de Temas para produção de resultados pluridisciplinares
como indicados nas colunas1.
Lito- Topo
Temas Climato- Vege- Uso Econo- Pedo
estratigrafia Hidro- Agro- - Hidro-
pluridis- logia tação da mia -
expressão geologia nomia grafi logia
ciplinares aplicada natural terra rural logia
superficial a
Aptidão
1 1 1
de solos
Geotecnia
1 1 1 1 2 2 2 1 1 1
aplicada
Refloresta-
mento de 2 2 2 1 2 1 1 1 2
nativas
Uso de
Culturas e 2 1 1 1 1 1 1
cultivares
Corredores
florestais
ecológicos 1 1 2 2 1 2 1 1 1 1
e
econômicos
1
– Com o número 1 mostram-se as várias possibilidades de integrar, de modo direto, os diversos temas e
variáveis de vários tipos, tais como: hidrológico, climatológico, lito-estratigráfico, geológico estrutural,
vegetação, uso da terra, engenharia florestal, agronomia, culturas, cultivares, variáveis de economia rural,
geomorfologia, pedologia, aptidão dos solos, drenagem, topografia, geotecnia aplicada, cartografias em
geral, limnologia, minicentrais hidroelétricas, geopotenciais hidrológicos, energia de biomassa, e outros
mais disponíveis. Com o número 2 indicam-se integrações secundárias, também importantes em diversos
casos.
Diversos métodos de suporte a essas cartografias por objetivos com bases em zoneamentos
ecológicos são os organogramas / fluxogramas / modelagens geomatemáticas / cartografia
regional de bacia / cartografia regional com as sub-bacias de 3ª ordem / classificação de unidades
geo-ecológicas ou mesmo simplesmente ecológicas.
PERDA UNIVERSAL DE SOLOS
Este tema é apresentado em uma série de Tabelas de 3.6 a 3.18 nas quais se consideram
diversas formulações de medições dos fatores de perda universal dos solos. As referências
são citadas nas tabelas e ao final. Esta síntese esteve sob orientação deste autor com o
mestrando Marco Antonio Martins Cantisano (Eng. geólogo).
A perda universal é um fenômeno normal embora seja em muito afetado pela intervenção
antrópica que pode ampliá-la de modo notável ainda abaixo do processo erosivo strictu
senso.
As relações de perdas previsíveis à condição de perda real oferecem a diferença que pode
ser atribuída aos efeitos da ação humana. Portanto, esse tipo de estudo deve fazer parte
do processo de avaliação sub-regional a regional das condições de uma bacia hidrográfica.
Todos esses fatores podem ser expressos na cartografia em relação aos vários tipos de
áreas do terreno tanto nas bacias quanto nas propriedades rurais.
Tabela 3.6 - Tabelas de definições e de significados das variáveis paramétricas.
A
Variável a ser calculada normalmente por unidade de área para o
Perda de solos (ton /
conjunto de um campo
acre / ano)
R
É o número de unidades de índice de erosão da chuva mais um fator
Fator de chuva e de
para o escoamento do degelo ou água de uso onde tal escoamento seja
escoamento
significante
superficial
K É taxa de perda de solo pelo índice de erosão para um solo específico
Fator de quando medido em um lote unitário o qual é definido como o
erodibilidade do solo comprimento de 22 m (72. 6 pés), em um declive uniforme de 9% em
um contínuo alqueive.
L
É a razão de perda de solo para um comprimento de vertente sob
Fator de
condições normais em comparação com aquela de 22 m de
comprimento da
comprimento em condições de alqueive.
vertente
S É a razão de perda de solo para gradiente de vertente sob condições
Fator do gradiente da normais em comparação com um gradiente de 9% em condições de
vertente alqueive.
C
É a razão de perda de solos para uma área com específicas condições
Fator de uso e
de uso e manejo em relação a uma área em contínuo alqueive
manejo do solo
P É a razão de perda de solos com a utilização de uma prática
Fator de prática conservacionista (plantio em nível, terraceamento etc.) com relação a
conservacionista um plantio de declive abaixo.
I = a intensidade do intervalo
em cm / h
COMENTÁRIOS /
VARIÁVEIS EQUAÇÃO ORIGINAL
UNIDADES
M = o, parâmetro
tamanho da partícula
definido acima
a = % de matéria
orgânica
b = código de
estrutura de solos da
classificação de solos,
e
c = classe de
permeabilidade do
perfil
A - % de matéria
orgânica
B - número
correspondente a
estrutura do solo
segundo a seguinte
codificação:
100K = 2,1M 1,14 (10 −4 )(12 − a ) + 3, 25(b − 2) + 2,5( c − 3)
1, grânulo muito fino e
K grumo muito fino
[Wischmeier & Smith, 1978] (<1mm)
2, grânulo fino e
Fator de grumo fino (1-2mm)
erodibilidade 3, grânulo e grumo
L = comprimento do
L
LS = (1, 36 + 0,97S + 0,1385S 2 ) declive em metros
100 S = grau de declive em
percentagem
T = perdas de terra em
T = 0,145D1,18 quilos / unidade de
largura / unidade de
comprimento
D = grau de declive do
T = 0,166C1, 63 terreno, em percentagem
T = perdas de terra em
quilos / unidade de
m largura
λ
LS
LS = (
65,41 sen θ + 4,56 sen θ + 0,065
72,6
2
) C = comprimento de
rampa do terreno, em
[Wischmeier & Smith, 1978] metros
Fator de λ = comprimento do
compri- declive em pés
mento e θ = ângulo de declive
m
declividade λ m = 0,5 se percentagem
LS = [Wischmeier & Smith, 1978] do declive for 5 % ou
da vertente 72,6 mais
0,4 se for 3,5 a 4%
0,3 se for 1 a 3%
(
S = 65,41 sen 2 θ + 4,56 sen θ + 0,065 ) 0,2 se for menor do que
1%.
[Wischmeier & Smith, 1978] λ = comprimento do
declive em pés
m = assume
aproximadamente os
valores dados na
equação LS na seção
anterior.
θ = ângulo de declive.
S = declive em percentagem
onde: λ = comprimento da vertente em pés / m = 0,2 para gradientes < 1%, 0,3 para declives
entre 1 e 3%, 0,4 para declives entre 3,5 e 4,5%, 0,5 / para declives iguais ou maiores que
5% /
θ = ângulo de declive. (Para outras combinações de comprimento e gradiente, interpole entre
os valores adjacentes).
Percenta-
Comprimento de vertente (em pés)
gem
de declive 25 50 75 100 150 200 300 400 500 600 800 1000
0.2 0.060 0.069 0.075 0.080 0.086 0.092 0.099 0.105 0.110 0.114 0.121 0.126
0.5 0.073 0.083 0.090 0.096 0.104 0.110 0.119 0.126 0.132 0.137 0.145 0.152
0.8 0.086 0.098 0.107 0.113 0.123 0.130 0.141 0.149 0.156 0.162 0.171 0.179
2 0.133 0.163 0.185 0.201 0.227 0.248 0.280 0.305 0.326 0.344 0.376 0.402
3 0.190 0.233 0.264 0.287 0.325 0.354 0.400 0.437 0.466 0.492 0.536 0.573
4 0.230 0.303 0.357 0.400 0.471 0.528 0.621 0.697 0.762 0.820 0.920 1.01
5 0.268 0.379 0.464 0.536 0.656 0.758 0.928 1.07 1.20 1.31 1.52 1.69
6 0.336 0.476 0.583 0.673 0.824 0.952 1.17 1.35 1.50 1.65 1.90 2.13
8 0.496 0.701 0.859 0.922 1.21 1.41 1.72 1.98 2.22 2.43 2.81 3.14
10 0.685 0.968 1.19 1.37 1.68 1.94 2.37 2.74 3.06 3.36 3.87 4.33
12 0.903 1.28 1.56 1.80 2.21 2.55 3.13 3.61 4.04 4.42 5.11 5.71
14 1.15 1.62 1.99 2.30 2.81 3.25 3.98 4.59 5.13 5.62 6.49 7.26
16 1.42 2.01 2.46 2.84 3.48 4.01 4.92 5.68 6.35 6.95 8.03 8.98
18 1.72 2.43 2.97 3.43 4.21 3.86 5.95 6.87 7.68 8.41 9.71 10.9
20 2.04 2.88 3.53 4.08 5.00 5.77 7.07 8.16 9.12 10.0 11.5 12.9
Tabela 3.18 – Fatores, variáveis e mensuração.
*F= força, L= comprimento; M= massa; T= tempo; m= expoente que varia de 0,2 a 0,5
(modificado de Foster et al., 1981)
Sistema
Fatores Símbolos Dimensões Dimensional Unidades
internacional
REFERÊNCIAS
(1) dos vários geossistemas e modos de expressar suas associações entre rochas,
geoformas do relevo, solos e formações superficiais no sentido da Geotecnia,
(2) das sub-bacias segundo a morfometria das mesmas,
(3) do uso dos potenciais ideais da terra para fins agroflorestais e pastoris,
(4) da Geotecnia para fins de segurança, de mitigação e de construções de engenharia,
(5) da quantidade, qualidade e circulação das águas subterrâneas e superficiais,
(6) da vegetação e áreas de projetos agrícolas
(7) da capacidade assimilativa dos cursos d’água na qual a questão do potencial de
depuração natural das águas superficiais ante a poluição se faz questão.
Apesar de ser uma prática já consagrada, o zoneamento ecológico é visto aqui de diversos
modos que podem traduzir a complexidade dos sistemas naturais. Assim deve-se
perfeitamente usar o termo ‘zoneamentos ecológicos’ no plural, em virtude do fato de que
estes zoneamentos podem ser realizados de diversos modos ante a complexidade e
variedade de questões relativas aos vários sistemas naturais inorgânicos e orgânicos em
articulação.
Por toda parte em nosso País, a partir da década de 1980, a evolução da tecnologia
agrícola permitiu um aumento de produtividade sem que a demanda por novas terras
agrícolas fosse proporcional ao aumento de produção. Todavia, a demanda por novas
terras não deixa de ser um fato, e imperativo, como parte de um aumento crescente da
população humana e do comércio internacional. A Amazônia sofre por depredação com
18% das terras desmatadas já abandonadas em 2006. Por outro lado, a questão da
produção de alimentos, de produção de energia associada às questões de segurança
ambiental, também ligadas às mudanças climáticas provocam novas demandas por terras,
e essas seguramente poderão ser muito fortes, tanto para a produção de cana de açúcar e
etanol, quanto de plantas oleaginosas (biodiesel). Regionalmente as demandas por terras
são críticas para regiões já tão impactas como nos Estados de São Paulo e Minas Gerais
e Mato Grosso.
Seguramente que o aproveitamento de pastagens usadas e/ou abandonadas parcial ou
totalmente, servirá para se resolver a pressão de demanda sobre novas áreas para
desmatamento, pelo menos em tese, já que a ação normativa e de controle do Estado
Federal ainda é fraca ou pelo menos de pouca eficiência. Isto é sabido, já que a tradição
histórica no País é predatória e as funções de monitoramento, controle e punição são
ineficientes ante os interesses econômicos e políticos.
ZONEAMENTOS ECOLÓGICOS
Diversos zoneamentos têm sido realizados no País, tais como o zoneamento ecológico
ZE-L de Minas Gerais, executado na Universidade de Lavras e o zoneamento ecológico-
econômico ZEE do Estado do Maranhão. O Estado do Rio de Janeiro possui lei que dá
diretrizes ao ZEE – Lei 4.063 de 02/01/2003. Oliveira (2004) em dissertação aponta para
o aspecto absolutamente fundamental da abordagem ZE-L.
Em pesquisas anteriores (Martins Jr. & Rosa, Projeto MDBV, 1992-1994; Martins Jr. et
al., 1993-a, 1993-b, 1994-a, 1994-b, 1998) e nos capítulos 1 a 3 utilizou-se da noção de
“classificações em áreas homogêneas de sub-bacias” (utilizando-se de todas ordens
contadas do rio principal para os cursos próximos aos divisores de águas com outras
bacias), como efetivos métodos de zoneamentos multi-sistemas / multi-objetivos, tendo
como aspecto fundamental delinear áreas homogêneas para o gerenciamento de terras.
Geologia ambiental GA, Geologia estrutural GE, Estratigrafia Es, Geotecnia Gt,
Pedologia Pd, Aptidão de solos AS, Análise e descrição de impactos ambientais IA,
Hidrologia Hd, Hidrogeologia Hg, Zonas de recarga (ZRAs) e Áreas precisas de recarga
(APRs) de aquíferos (Martins Jr. et al., 2006), Botânica Bt, Climatologia Cl, Implicações
das Mudanças Climáticas IMC, e secundariamente Economia Física EF, Engenharia
Florestal EF, Engenharia Elétrica EE, Engenharias Agronômica EAn e Agrícola EAc,
Engenharia ambiental EA, Economia financeira EF. Como ciências de fundo para a
montagem dos sistemas informatizados de gestão estão as: Lógica Interdisciplinar (LI)
(Martins Jr. et al., 2006), Engenharia e Arquitetura de Conhecimentos (Schreiber et al.,
2000; Martins Jr. et al., 2006-2008 Projeto ACEE) e Inteligência artificial (IA).
Quantificações
Os zoneamentos ecológicos não podem ser confundidos com as cartas de uso da terra,
cartas também diagnósticas, mas que têm a função apenas de descrever os usos, ainda que
em casos diversos os autores dêem indicação de usos desejáveis. Nem tampouco podem
ser confundidos com cartas de Aptidão de solos e cartas Agroclimatoógicas que são
ambas, formas de zoneamentos voltados para a produção agrícola.
ZONEAMENTOS ECONÔMICOS
PROBLEMAS
Desses três, o método M-1 é o que se desdobra em pelo menos seis subsistemas. Nesse
capítulo o mesmo se subdivide em seis sub-tipos de zoneamentos ecológicos para a
classificação das sub-bacias como perspectiva, a saber:
1 - Morfométrico
2 - Capacidade assimilativa de cursos d’água
3 - Qualidade da água
4 - Quantidade da água, que pode efetivamente ser dividido em três sub-tipos de
zoneamentos para água superficial, para água subterrânea e também para ambas em
um único zoneamento.
4 - Eco-unidades do bioma na bacia reconhecidas em cada sub-bacia.
5 - Geotecnia
6 - Eco-agroflorestal pastoril
(1) os zoneamentos por temas ou zoneamento por sistemas, todos descritivos e de caráter
genérico, sobre os sistemas existentes em seus vários estados de conservação e
degradação e
(2) quando o zoneamento ecológico é voltado para quaisquer objetivos referentes a cada
tipo de planejamento que se deseje realizar. Esse segundo não é alvo específico desse
capítulo.
O zoneamento por objetivos trata da questão do que é “o ideal para que as ações e os
projetos executivos atendam para manter os pontos de vista sobre as condições de
“sustentabilidade ambiental e econômica”. Tal zoneamento não somente descreve o que
é, mas deve apontar para condições de sustentabilidade das interações do homem com o
ambiente. Essa versão de zoneamento é muito rara como prática na ciência e na
administração no País, mas há um caso tipo que são os zoneamentos agrícolas conduzidos
no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento M.A.P.A. Esse tipo de
zoneamento que é agroclimatológico não é o mesmo que o Desenho de Uso Optimal do
Território DUOT, mas trata-se de um zoneamento por potencialidades agroecológicas
para a produção econômica agrícola.
OBJETIVOS
(2) discutir alguns aspectos lógicos, ecológicos como parte própria dos ZE-L, para se
chegar a uma modelagem mais adequada desses Zoneamentos ecológicos para bacias
hidrográficas.
(3) evidenciar a importância desses estudos para a Economia como atividade, e para a
produção de energia hidroelétrica e de biomassa.
FUNDAMENTAÇÃO
(1) diagnóstico
(2) reconhecimento conceitual e possibilidade descrição de diferentes sistemas naturais
(3) dos vários paradigmas especialistas para realizar o diagnóstico e por fim
(4) as representações da realidade com vários sistemas semióticos.
Para realizar um dos tipos de zoneamento ZE-L, utilizou-se um método (Martins Jr. &
Rosa, 1994-a; Martins Jr. et al., 2007) com sete variantes de classificação de sub-bacias
em áreas homogêneas. Esse método geral foi aplicado na Alta Bacia do Rio das Velhas
(Projeto MDBV, 1993), como também em uma sub-bacia dessa mesma Alta bacia, sub-
bacia das Codornas (Viana, 1998; Cantisano, 1999). Todavia três métodos distintos e
específicos estão desenvolvidos:
São os seguintes zoneamentos (Martins Jr. & Rosa, Projeto MDBV, 1992-1994):
(1) dos vários geossistemas e modos de expressar suas associações entre rochas,
geoformas do relevo, solos e formações superficiais no sentido da Geotecnia,
(2) das sub-bacias segundo a morfometria das mesmas,
(3) do uso dos potenciais ideais da terra para fins agroflorestais e pastoris,
(4) da Geotecnia para fins de segurança, de mitigação e de construções de engenharia,
(5) da quantidade, qualidade e circulação das águas subterrâneas e superficiais,
(6) da vegetação e áreas de projetos agrícolas e
(7) da capacidade assimilativa dos cursos d’água na qual a questão do potencial de
depuração natural das águas superficiais ante a poluição se faz questão.
Essas noções de sete variantes para a classificação do território em áreas homogêneas
servem como base para um amplo zoneamento geoecológico e para dar suporte às
posteriores análises das questões energéticas e econômicas, com especial foco nas
questões agrícolas e de engenharia, bem como em questões de inserções urbanas.
Como resultado obtém-se mapas com zonas de homogeneidade que serão tanto mais
homogêneas quanto a escala de observação e os parâmetros que se desejem utilizar como
referência de base para a homogeneidade o permitam. Consideram-se como zonas de
homogeneidade aquelas determinadas pela conjugação dos aspectos geomorfológicos
constituidores do relevo, pedológicos e de ecossistemas vegetais. Ao fim do processo se
pode mapear sub-bacias de 2ª ou de 3ª ordem, ou de quaisquer outras ordens conforme as
proporções espaciais da região e a conveniência em face da complexidade. Pode-se então
aferi-las com as zonas homogêneas pelas variantes metodológicas M-1 e M-2 de
zoneamento de sub-bacias.
Tanto M-1 quanto M-2 são dois tipos de zoneamentos que devem ser aferidos entre si
para se averiguar as coincidências entre grandes áreas homogêneas, por exemplo, pelo
“método regional dos geossistemas + vegetação (M-3)” e pelo “método de classificação
de sub-bacias em áreas homogêneas com as n-ordens de sub-bacias existentes”. Assim se
tem as seguintes hipóteses optativas [M-1 + M-2] [M-1 + M-3] e [M-2 + M-3]. Pode-se
desse modo observar como a agregação das sub-bacias acompanha, e em qual grau de
acompanhamento, cada uma das áreas classificadas no zoneamento geo-ecológico
regional M-3, bem como com a distribuição dos ecossistemas vegetais naturais,
porventura ainda existentes.
Cabe ressaltar que mesmo que não mais restem sistemas naturais, as imagens de satélites
e de aerofotos de vôos antigos podem servir de base mínima de interpretação para as
condições naturais anteriores e para as modificações antrópicas. As “relações das
modificações versus a atualidade” permitirão montar projetos de mitigação ambiental e
econômica.
ZONEAMENTO em ÁREAS HOMOGÊNEAS no ALTO RIO das VELHAS – Método
ZSAH
A sub-bacia do Alto Rio das Velhas, afluente de 2ª ordem do Rio São Francisco, é
marcada por um intenso processo erosivo. Na Figura 4.1 apresenta-se essa área com
indicação das localidades de erosão sobre a base de rochas. Na Figura 4.2 apresentam-se
as localidades erodidas em função das sub-bacias classificadas em nove grupos distintos.
Na sequência de Figuras 4.3 a 4.11 apresentam-se as imagens comparativas de
classificação usando morfometria e os geo-sistemas, conforme indicadas na Tabela 3.1
(variáveis morfométricas e variáveis dos geo-sistemas).
Figura 4.1 – Alta Bacia do Rio das Velhas com a base de rochas estratigraficamente representadas.
Os pontos são áreas erodidas com voçorocas profundas mesmo de até 60m em rochas de
diversas idades com diversos potenciais geotécnicos para gerar problemas (Martins Jr. et al.,
1998).
Figura 4.2 – Classificação das sub-bacias do Alto Vale do rio das Velhas em nove grupos
segundo a morfometria e os geo-sistemas (rochas, solos, geoformas) e a localização das áreas
erodidas com as características de erosão laminar, rvinas, voçorocas e deslizamentos (org
Martins Jr, 1993).
Figura 4.3 – Classificação em áreas homogêneas segundo as vairáveis dos geo-sistemas e as
variáveis morfométricas com as áreas dos morfotemas e as áreas de isodeclividades medidas
por sub-bacias(org Martins Jr, 1993).
Pode-se observar que existem relações evidentes entre as classificações das Figuras 4.2 e
4.3 que oferecem agrupamentos que permitem realizar interpretações úteis para se
modelar decisões em função de características particulares segundo cada grupo de sub-
bacias.
Assim, na Figura 4.2 as sub-bacias agrupadas a oeste de número 9 conincidem com três
agrupadas no 8º sub-grupo da Figura 4.3. Assim, esses agrupamentos quando bem
caracterizados e comparados permite de acordo com o conjunto de variáveis escolhidas
poder chegar-se estabelecer modelos de gestão das sub-bacias com ênfases nas
características dos sub-estratos.
Obviamente este estudo classificatório para estabelecer uma visão integral de relações
predominantes não é simples, mas é factível para se entender as áreas das sub-bacias e
estabelecer diversos tipos de relações tais como as de sensibilidade, criticidade, estado de
conservação, estado de degradação e tantos outros tipos de critérios que se necessite para
definir ações de gestão, conservação, licenciamento agrícola, mitigação e muitas outras
ações.
Na Figura 4.4 agregam-se todos os noves sub-grupos da classificação em função das
variáveis dos geo-sistemas e das variáveis morfométricas. As diferenças de agrupamentos
são notáveis, mas a numeração dos grupos em sequência não é o que importa e sim a
relação das várias sub-bacias como se reúnem em mesmos grupos. Nota-se como fator
prioritário que sub-bacias que se reúnem sistematicamente em mesmo grupos, não
importa quais variáveis tenham sido usadas para classificá-las dão forte indicação de
como as variáveis estão em alta correlação ou em alta sinergia e a partir dessa constatação
pode partir para grupos mais específicos e avaliá-los quais são as peculiaridades de cada
um e o que elas significam para o sistema de gestão.
Figura 4.4 – Conjunto de nove grupos de sub-bacias do Alto Vale do rio das Velhas agrupadas
segundo a morfometria e os geo-sistemas. As diferenças indicadas no capítulo 2 aparecem
como classificações distintas e esses agrupamentos distintos são aspectos importantes segundo
a qualidade que os vários conjuntos de variáveis podem indicar. Assim a interpretação é
relativa às sub-bacias segundo as variáveis escolhidas de modo associado.
a b
Os estudos das relações entre os dois tipos de classificações podem fornecer algumas
informações importantes entre morfometria de cursos d’água e das formas das sub-
bacias e o substrato rocha/geoformas/solos. Neste exemplo de variáveis as
características de agrupamentos são indicativas de relações naturais, mas que ainda
faltaria as distribuições de estruturas reológicas dúcteis e rúpteis para se obter um
quadro próximo ao completo.
c d
Estes três grupos vão permitir a fase interpretativa inicial da classificação. Aquelas sub-
bacias que se separam sempre com quaisquer variáveis constituem 1 ou mais grupos
distintos. As que tendem a ser unir em um nível mais alto, médio ou mesmo menor de
associação tendem a ser de grupos idênticos aos próximos em estilo.
Assim, ter-se-ão mapas com números de classificação das sub-bacias ao modo de mapas-
mudos. Com a sobreposição em um mapa de classificação sobre mapas de fundo ou de
rochas, solos, geomorfologia, vegetação e ou modelo digital de elevação, assim os
significados se tornam mais evidentes.
Ao se agrupar definitivamente as sub-bacias deve-se então montar matrizes de
características dominantes e matrizes de uso específicos de boas práticas. Quando se
trabalhar o ‘estado de Degradação eD’ ter-se-á melhor clareza dos procedimentos que
devam vir a entrar no Desenho de Uso Optimal do Território até se definir o Mapa do
Futuro.
No caso particular da sub-bacia das Codornas (Figuras 4.6 e 4.7) ocorre assoreamento
expressivo da barragem de mesmo nome, processo esse ainda em continuação. Por certo,
os resíduos da mineração a montante são mais importantes no processo de assoreamento,
mas a erosão dentro da sub-bacia das Codornas tem importância também relevante
(Cantisano, 1999). Diversas indicações sobre a intervenção antrópica e as condições
naturais permitiram realizar-se estudo de caso de zoneamento geo-ecológico, conforme o
Método M1 – ZSAH na área do Alto Vale do rio das Velhas (Figura 4.1).
No caso do Alto rio das Velhas o zoneamento das sub-bacias foi realizado pelo método
de classificação hierárquica ascendente ou análise de grupamento (Davis, 1973) com as
variáveis de rochas, geoformas e solos associados e as variáveis formas das sub-bacias.
No caso da sub-bacia das Codornas, de 4ª ordem no Vale do rio das Velhas, o método foi
o mesmo, com o acréscimo dos diversos mapas de Geologia Estrutural, de Estratigrafia,
de aspectos notáveis do relevo com as geo-estruturas para o tema que esteve em foco – a
erosão.
Para a Alta bacia do Rio das Velhas realizou-se um zoneamento em áreas homogêneas
pelos geossistemas (rochas + geoformas + solos) na escala de 1:50.000 e na sub-bacia das
Codornas, para a mesma escala e a escala de 1:25.000. A forma de tratar a maior área e o
maior número de variáveis implica que o zoneamento do Alto Rio das Velhas teria uma
menor acurácia, ou maior agregação de sub-bacias, na representação em áreas
homogêneas do que o zoneamento específico da sub-bacia das Codornas dentro da própria
área do Alto rio das Velhas. A sub-bacia das Codornas é uma sub-bacia de 4ª ordem no
Alto rio das Velhas (Figuras 4.2, 4.3, 4.4a e 4.4b).
(3) de modo interdisciplinar toma-se a totalidade das variáveis paramétricas dos dados
descritivos de estruturas em cada sub-bacia, e realiza-se a classificação dessas sub-bacias
(Figuras 4.8a, 4.8b).
Figura 4.6 – Resultado da
rodada de integração com o
método de Análise de
grupamento, da última
rodada de uma série de testes
com essa análise, com a qual
se obteve uma divisão em
áreas homogêneas que
melhor represente as
características de agregação
das sub-bacias da bacia das
Codornas da Figura 4.2;
agregou-se a litoestratigrafia
(áreas de rochas), áreas das
geoformas do relevo, solos
áreas de solos), morfometria
(variáveis morfométricas) e
erosão (Cantisano, 1999)
Método M1 – ZEAH.
17
DF
Escala Gráfica
Figura 4.7 – Mapa de divisão em 35 sub-bacias da sub-bacia de 4ª ordem das Codornas situada
entre 20º 07’ 20” e 20º 17’ 20” de latitude Sul e 43º 50’ 00’’ e 44º 00’ 00” de longitude Oeste
na Alta Bacia do Rio das Velhas, com aproximadamente 103 km2 nos municípios de Itabirito e
Nova Lima com acesso pela Via JK (Br 040) e a estrada para Ouro Preto.
Figura 4.8a – Zoneamento das sub-bacias da bacia das Codornas com indicação de
associatividade de áreas homogêneas e focos de erosão, bem como de rochas; trata-se de uma
classificação por objetivos pelo Método M1 – ZSAH.
Figura 4.8b - Zoneamento das sub-bacias da bacia das Codornas com indicação de
associatividade de áreas homogêneas pelo Método M1 – ZEAH.
ZONEAMENTO de ÁREAS GEO-ECOLÓGICAS REGIONALIZADAS
A sub-bacia do Ribeirão Entre Ribeiros no Vale do Rio Paracatu foi tratada com o método
M-3. Ela é marcada por uma intensa presença da atividade agrícola mecanizada,
sobretudo com manejo irrigado. Isto ocorre em função de uma topografia favorável,
principalmente nas porções centro-oriental da bacia. Contudo, a rápida expansão desses
projetos, na última década de 1980, produziu e ainda produz problemas ecológicos e
conflitos com a dinâmica natural.
AJ AK AL
AM
TQd
AN
AO
TQda AP
AQ AR
Qa
AS
DC AT
CONCLUSÕES
Zoneamentos ecológicos ZE-L, feitos por quaisquer dos métodos discutidos, apresenta
bases para os estudos ecológicos e econômicos sob aspectos como da estabilidade natural
dos sistemas rochas, solos e relevos, das características de: (1) associatividade entre
vegetação natural e rochas e solos (2) da erodibilidade e da erosão (3) das áreas para
mitigação com reflorestamento (4) das áreas para agricultura (5) do estado de alteração
dos sistemas naturais (6) da tipologia de impactos das atividades econômicas e outro
temas consequentes.
Todo e qualquer tipo de zoneamento ecológico é feito para servir de base para os estudos
integrais de Ordenamento do Território, que têm por objetivos servir de base de
informações para o auxílio à decisão sobre projetos de desenvolvimento regional e para
a gestão ambiental e econômica de bacia hidrográfica e dos biomas. No nível da sequência
de zoneamentos os ZE-Ls são os mais fundamentais.
Todos os zoneamentos ZE-L dão respostas várias às demandas por auxílio à decisão sobre
os temas de sustentabilidade, limitações das intervenções humanas, mitigação, áreas
próprias para atividades agrícolas, para reflorestamento, para desenvolvimentos
energéticos hidroelétricos e de biomassa para produção de madeiras, alimentos e
biomssas para energia. Em muitos casos de objetivos específicos como esses dois últimos
os ZE-L devem se associar a mapas de aptidão de solos e mapas de entropia dos perfis
das sub-bacias de diversas ordens com os quais se obtêm indicações de áreas de potenciais
hídricos.
Deixa-se claro que as interpretações dos zoneamentos são ato contínuo às classificações
e dependem das análises em função de fatores diversos como rochas, solos,
geomorfologia, modelo digital de elevação e vegetação, de modo a ser apreender como
as classificações, sobretudo aquelas de ordem da dinâmica energética da bacia, dos efeitos
climáticos, da produtividade primária das florestas e campos, do sistema de drenagem e
da circulação hídrica e outras para as classificações para aplicação orientativa para obras
de engenharia civil e agronomia devam ser interpretadas.
Palavras-chave: relações rochas geoformas solos, ordem ideal para gestão do uso da terra,
instrumentos de gestão, sucessos de gestão.
A questão dos métodos de gestão de bacias hidrográficas, vistos a partir dos problemas,
objetivos e constatação de eficiência administrativa e eficácia de resultados está ainda
longe de ser devidamente executado e avaliado positivamente para as condições do Brasil.
A bacia do Paracatu com 45.060km2, tomada neste capítulo como estudo de caso, é a
maior sub-bacia do Vale do São Francisco. A área dessa bacia é constituída por um
conjunto de rochas pré-cambrianas e por uma sequência de depósitos sedimentares de
idade Cretácia, além de sedimentos e coberturas detríticas do Terciário-Quaternário.
PROBLEMAS
São vários os problemas a que se propõe responder nesta inquirição desenvolvida a partir
do ano de 2007 (Martins Jr. et al. 2006):
(1) existe alguma ordem ideal para tratar com a gestão do uso da terra na totalidade de
uma bacia hidrográfica?
(2) se existir, essa ordem ideal pode ser usada, mesmo em bacias cujos processos de uso
e degradação já sejam antigos e avançados?
(3) qual a importância relativa das Geociências Agrárias e Ambientais – GAA (Martins
Jr. 1998) para modelar os processos de gestão?
(4) quais alguns dos aspectos fundamentais trazidos pelos conhecimentos científicos das
Geociências que se podem considerar irredutíveis e condição sine qua non de sucesso na
atividade da gestão geo-ambiental?
OBJETIVO
METODOLOGIA
Para a análise da relação espacial entre os temas, foram utilizadas ferramentas básicas de
análise espacial, tais como Intersect, Clip e Union. Para as operações de manipulação de
banco de dados e operações matemáticas, foram utilizados, além dos softwares
supracitados, também os programas MapInfo 9.0 e Excel.
HIPÓTESES
A Tabela 5.1 aponta para essas associações cogenéticas gerais e mais típicas, derivadas
de processos de gênese de geoformas e solos que tenham maior correlação com a rocha
portadora numa relação de pedogênese quando direta.
As estruturas rúpteis têm algumas propriedades importantes para o auxílio à decisão geo-
ambiental. Aquelas são descontinuidades nas rochas que influem sobre:
ROCHAS
O Vale está assentado em um grupo de rochas, que não é em si notável no que diz respeito
à agricultura e a silvicultura. Não obstante, muitos solos do Cerrado regional, uma vez
corrigidos e fertilizados têm oferecido condições excelentes para ser um dos vales de
maior produção de grãos no País.
Alcalinas e sienitos:
Super-saturados – 1
– qtz-sienitos / qtz-
microsienitos / qtz-
traquitos
Saturados – 2 – Aquíferos centrados
1, 2, 3, e 4 – encostas de
sienitos / micro- Cambissolos. em circulação hídrica
cones vulcânicos e
sienitos / traquitos Argissolos. em paleo-vulcões e
crateras.
3 – traquitos Neossolos. pegmatitos; confinados
Diques.
Sub-saturados – 4 – e caracterizados como
Derrames.
nefelina-sienitos água mineralizada.
/nefelina micro-
sienitos / leucitófiro e
fonolitos / lavas
livres de leucitas e
feldspatos nefelínicos
Tabela 5.1 – Continuação de Tipos de rochas ígneas, metamórficas e sedimentares com vista a
integrar em escala regional de 1:5.000.000 a 1:500.000 as relações mais notáveis rochas /
geoformas / ordens de solos / aquíferos; tratam-se de conjuntos abertos com amplas
possibilidades de variações rochas/solos , mas também com incompatibilidades de relações
co-genéticas (org. Martins Jr., 2005).
Aquíferos raros em
quartzitos amplamente
fraturados friáveis.
Rochas orto- e/ou Aquíferos pouco
para -metamórficas prováveis.
/ fácies colinas com várias
xisto declividades. Idem
Cambissolos. Aquíferos rasos solos.
xisto verde idem. Argissolos.
almandina anfibolito idem. Neossolos. Aquíferos em rochas
altamente alteradas;
granulito (1),(2), (3), (4), (5), (6), muito fraturadas;
eclogito (7) confinados
idem
*os solos, selecionados como típicos, podem ocorrer em outras rochas em virtude de alterações
meteóricas diversas; a não-citação de outras ordens pedológicas e sub-ordens não as excluem desses
contextos, todavia.
Tabela 5.2 – Rochas e estratigrafia da Bacia sedimentar de São Francisco no Vale do Paracatu
apresentada na Figura 4.1 (CETEC e UFOP 1981, Martins Jr., 2006).
TERCIÁRIO/QUATERNÁRIO
TQd - sedimentos detríticos laterizados ou não ou
TQdα - sedimentos detríticos laterizados ou não mais antigos.
α - mais antigo
CRETÁCIO
Formação Urucuia
Ku - Arenitos avermelhados ou róseo claros, localmente silicificados, com horizontes argilosos.
Formação Areado
Ka - Arenitos finos médios, com intercalações de siltitos e argilitos fossilíferos, cores
variegadas do vermelho claro ao verde, localmente calcíferos, arenitos avermelhados com
estratificação cruzada e conglomerados.
Formação Mata da Corda
Kmc – Tufos, Tufitos, Conglomerados e Arenitos Cineríticos
EO-CAMBRIANO
Super grupo São Francisco
Grupo Bambuí
Formação Três Marias
EoCtm – Arcósios e siltitos arcosianos, micáceos, cores verde a marrom arroxeado.
Formação Paraopeba
EoCp – margas, siltitos argilitos, calcários e ardósias.
EoCpd – margas, siltitos argilitos, calcários e ardósias com predominância de dolomitos.
EoCpc – margas, siltitos argilitos, calcários e ardósias com predominância de calcários e
margas.
Formação Paranoá
EoCpa – quartzitos, filitos e siltitos
PRÉ-CAMBRIANO
Formação Ibiá
PCi – calcoxistos e clorita xistos
Grupo Canastra
PCc - quartzitos, filitos, calcários grafitosos e piríticos e xistos
Figura 5.1 – Carta lito-estratigráfica da Bacia do Paracatu derivada e atualizada (org. Martins Jr.,
2004, escala original de 1:250.000; Plano Noroeste - CETEC, 1981).
GEOFORMAS
O Vale comporta grande número de formas, mas as principais, que correspondem a mais
de 90% das variações do terreno, são: st, pd, rv, so, ch, pt, sa, krv, r, d, itrv, cr, str, sto,
kerv, ptrv, pdr, pf, crv, sor (Figura 5.2; Tabela 5.3).
Figura 5.2 – Mapa geomorfológico do Paracatu, derivado e atualizado, disponível na escala de
1:250.000 (CETEC, 1981; Martins Jr. et al., 2006).
Tabela 5.3 – Principais geoformas do Vale estão em 98% da área total.
Geoformas
st - superfície tabular de aplainamento em área de planalto, com depósitos de
cobertura arenosos e argilosos e rede de drenagem pouco densa, constituída
1
por veredas. Ocorrência acentuada de áreas de infiltração, sobre formações
arenosas.
str - superfície tabular reelaborada – superfície de aplainamento em área de
2 planalto, com depósitos de cobertura predominantemente arenosos; rede de
drenagem constituída por veredas em densidade relativamente elevada.
pd - pedimentos – vertentes de declividade inferior a 8% elaboradas sobre
rochas expostas ou cobertas por formações superficiais que se integram
3
com os depósitos colúvio-aluviais das superfícies de aplainamento. Áreas
com escoamento superficial difuso.
r - vertentes ravinadas – vertentes dissecadas pelo escoamento fluvial
4 concentrado, elaboradas predominantemente sobre rochas de baixa
permeabilidade.
rv - vertentes ravinadas e vales encaixados – vertentes íngremes dissecadas
5
pelo escoamento fluvial, concentrado em talvegues profundos.
ch - vertentes em chevron – vertentes litólicas ravinadas e/ou com vales
6 encaixados, elaboradas sobre flancos de estruturas dobradas. Áreas de
escoamento superficial concentrado e difuso intenso.
7 cr - colinas com vertentes ravinadas.
8 crv - colinas com vertentes ravinadas e vales encaixados.
9 krv - cristas com vertentes ravinadas e vales encaixados.
10 kerv - cristas estruturais com vertentes ravinadas e vales encaixados.
pt - patamares rochosos – superfícies de aplainamento exumadas resultantes
da atuação de processos de erosão diferencial entre formações cretácicas e
11
rochas do Grupo Bambuí. Áreas de escoamento superficial difuso intenso,
com ocorrências de cascalheiras remobilizadas.
sto - superfície de aplainamento degradada em área de planalto, com depósitos
12 superficiais pouco espessos. Predomínio de escoamento superficial
concentrado.
13 sor - superfície ondulada com vertentes ravinadas.
14 pdr - pedimentos ravinados.
15 ptrv - patamares rochosos com vertentes ravinadas e vales encaixados.
16 itrv - interflúvios tabulares com vertentes ravinadas e vales encaixados.
d - depressões rasas de fundo plano – áreas de má drenagem com
rebaixamento pouco pronunciado evoluídas sobre as superfícies de
17
aplainamento, com ocorrências de solos hidromórficos e concentração de
lagoas temporárias.
SOLOS
Os solos mais comuns são os neossolos quartzarênicos, três tipos de cambissolos háplicos,
três tipos de neossolos litólicos e cinco tipos de latossolos vermelhos. Essa dominância é
própria às rochas típicas do Vale (Figura 5.3; Tabela 5.4).
Solos
LVd1 – LATOSSOLOS VERMELHOS Distróficos típicos argilosos A moderado
1
álicos fase cerrado relevo plano e suave ondulado
RQo3 – NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS Órticos típicos A fraco e moderado
2 álicos + LATOSSOLOS VERMELHO AMARELOS Distrópicos típicos textura
média A moderado álicos fase cerrado relevo plano e suave ondulado
CXbd3 – CAMBISSOLOS HÁPLICOS Tb Distróficos típicos argilosos textura
média A moderado álicos fase campo cerrado + LATOSSOLOS VERMELHO
3
AMARELOS Distróficos típicos argilosos A moderado álicos fase cerrado fase
relevo plano e suave ondulado
RLd1 – NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos típicos textura indiscriminada A
4
fraco e moderado álicos fase campo cerrado relevo forte ondulado
RQg – neossolos quartzarênicos hidromórficos típicos A fraco e moderado álicos
5
fase campo cerrado relevo plano.
CXbd2 – CAMBISSOLOS HÁPLICOS Tb Distróficos típicos argilosos textura
6 média A moderado álicos + NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos textura
indiscriminada A fraco e moderado álicos fase campo cerrado relevo ondulado
CXbd2 – CAMBISSOLOS HÁPLICOS Tb Distróficos típicos argilosos textura
7 média A moderado álicos + NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos textura
indiscriminada A fraco e moderado álicos fase campo cerrado relevo ondulado
RLd1 – NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos típicos textura indiscriminada A
8
fraco e moderado álicos fase campo cerrado relevo forte ondulado
RLe1 – NEOSSOLOS LITÓLICOS Eutróficos chernossólicos + NEOSSOLOS
LITÓLICOS EUTRÓFICOS típicos A moderado ambos textura indiscriminada fase
9 floresta caducifólia relevo montanhoso + NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos
típicos A moderado, textura indiscriminada fase campo cerrado relevo montanhoso
+ AFLORAMENTOS DE ROCHAS
LVd1 – LATOSSOLOS VERMELHOS Distróficos típicos argilosos A moderado
10
álicos fase cerrado relevo plano e suave ondulado
CXbd2 – CAMBISSOLOS HÁPLICOS Tb Distróficos típicos argilosos textura
11 média A moderado álicos + NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos textura
indiscriminada A fraco e moderado álicos fase campo cerrado relevo ondulado
RLd2 – NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos típicos textura indiscriminada A
fraco e moderado álicos + CAMBISSOLOS HÁPLICOS Tb Distróficos típicos
12
argiloso e textura média A moderado álicos fase campo cerrado relevo ondulado e
forte ondulado
RLd1 – NEOSSOLOS LITÓLICOS Distróficos típicos textura indiscriminada A
13
fraco e moderado álicos fase campo cerrado relevo forte ondulado
LVAd5 – LATOSSOLOS VERMELHO AMARELOS Distróficos plínticos
14 argilosos A moderado álicos + NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS Órticos típicos
A fraco e moderado álicos fase campo cerrado relevo plano e suave ondulado
Figura 5.3 – Mapa de solos do Paracatu como 40 tipos mapeados disponível na escala de
1:250.000 (CETEC, 1981) atualizado em 2004 para o Sistema FAO-Brasileiro.
Rochas e Geoformas
As condições ambientais entre rochas/geoformas do Vale são descritas pelas relações
espaciais de associatividade na Tabela 5.5. As relações rochas e geoformas são
consideradas de ambos os pontos de vista da Geomorfologia estrutural e/ou climática.
Tabela 5.5 – Relações espaciais entre rochas e geoformas no Vale em km2.
Rochas /
Geoformas EoCp EoCpa EoCpc EoCpd EoCtm Ka Kmc Ku PCc Qa TQd TQda
A 78,16 36,54 3,99 0,43 1,77 5,10
Kit 3,70 35,81 12,75
Kv 5,15 0,38
c 182,96 2,64 5,91 11,25 3,68 6,98 1,55 0,19
carv 24,89 0,28 1,37
cd 0,48
ch 17,06 2,33 9,38 1,45 0,04 0,94
ckerv 152,25 1,27
ckrv 23,52
cr 344,05 6,79 64,10 0,52 153,19 11,60 3,17 5,31 0,76
crc 53,30 1,13 11,08
crv 659,30 10,97 38,46 2,05 133,13 18,89 0,01 1,57 2,59 3,57 1,96 0,40
crvk 122,51 4,15
cv 18,51
d 218,93 1,03 3,67 6,75 557,36
gf1 1.057,94 0,02 4,59 0,00 529,48
gf2 80,11 5,06 2,18 0,96 3,54
it 0,53 5,87 7,46 0,44
itk 7,42 0,00 21,32 3,28 0,00
itrv 81,77 11,10 78,19 385,29 13,76 4,61
k 4,42 1,02 1,06 0,77
kav 2,72 19,06
kcrv 14,68 3,63 3,12
ker 4,63 0,19
kerv 1.470,60 90,99 238,12 103,78 37,92 7,94 0,08 7,28 10,44 7,92 3,85
kka 14,37 123,76
kr 80,33 0,22 8,95 2,65 1,22 1,30 0,07 2,61 0,94
krv 2.302,53 9,46 37,42 64,48 287,83 30,88 13,30 113,41 0,57 24,65 45,49
krvit 6,08 3,26
pd 77,53 2,20 11,11 0,26 484,96 279,39 5,80 22,60 3,81 4,37 23,98 0,81
pdr 133,26 2,73 1.269,03 453,74 0,98 10,52 2,91 3,99 1,43
pdrv 0,06 3,65 0,00 62,92 60,76 2,93
pf 320,80 2,89 15,49 11,09 104,66 4,11 0,72 1.401,49 80,65 0,19
pfc 0,38
pfcd 2,65 13,31 2,48 0,04
pfve 16,66 14,06 5,74
pt 5,06 1,07
ptkrv 15,17 0,75 378,55 3,86
pto 32,98 0,00
ptpd 1,34 89,80 4,09 0,52 0,39
ptpdr 115,41 14,60 0,00
ptr 2,45 53,24 0,69
ptrv 60,41 211,13 271,39 3,09 3,94 0,03 2,64
r 384,15 8,36 24,41 24,38 142,97 16,43 0,18 7,52 1,65 19,29 9,56 1,75
rc 72,75 0,76 3,78 23,51 3,72 18,66 9,10
rcd 13,51
rv 820,91 5,98 32,04 13,99 1.327,56 388,78 39,98 21,67 31,07 4,24 17,56 17,85
rva 6,50 0,00
rvk 231,66 1,32 1,44 3,75 0,30 12,24 0,16 4,95 0,32 2,68 0,50
sa 3.895,74 9,98 37,22 283,57 1.449,84 52,41 0,93 419,47 5.929,35
so 1.063,29 9,85 31,82 106,27 221,43 0,01 6,03 23,67 165,45
soka 15,28 79,07 15,44 25,82
sor 470,34 22,42 75,29 20,56 17,05 0,00
st 259,72 1,48 9,19 0,62 23,17 103,79 542,20 362,76 38,04 0,00 227,77 317,45
sto 763,51 1,53 20,76 1,13 105,86 558,04 74,99 39,97 0,00 1.413,61 14,31
str 110,39 8,34 11,96 584,72 3.523,96 12,04 46,83 6,78 371,32
tf1 6,92 1,32 0,15 141,29 8,35
tf2 7,31 2,81 168,26 12,17
tk 1,22
v 1,00 5,21 0,14 0,23
ve 14,59 8,28 26,82 38,19 27,88
Total 15.820,08 179,00 665,48 880,97 6.824,14 6.972,73 751,44 555,00 212,11 2.326,33 9.460,44 407,80
GEOFORMAS e SOLOS
As condições ambientais entre geoformas/solos do Vale podem ser descritas como
favoráveis para diversos tipos de projetos agrícolas, florestais e de zoocultura. Os simples
aspectos obtidos das cartas de Aptidão Agrícola, os tipos de plantas com suas exigências
ambientais e as técnicas agrícolas disponíveis formam um quadro de opções que podem
ser combinadas e descritas em quatro níveis de complexidade de condições como: (1)
ultra-favoráveis (2) favoráveis (3) restritas e (4) desfavoráveis.
Esta classificação é própria do conceito de aptidão, mas precisa ainda ser referida a outros
fatores para se obter um modelo mais amplo e representativo com: (1) geotecnia do
território da bacia hidrográfica (2) as formas do terreno (3) tipos de solos (4) zonas de
recarga (5) áreas geo-ambientais específicas (6) áreas florestais naturais específicas (7)
micro-climas, entre outros temas, todos eles a serem considerados de modo integrado,
como determinantes para os quatro níveis de classificação acima citados. Isto não ocorre,
todavia, para os mapas de aptidão de solos.
Tabela 5.6a – Relações espaciais entre geoformas (linhas) e solos (colunas) em km2.
Solos /
AQd3 CXbd1 CXbd2 CXbd3 GMd GXbd LVAd1 LVAd2 LVAd3 LVAd4
geoformas
st 3,52 17,47 49,78 1,28 350,73
pd 190,26 279,09 14,32 2,59 19,44
rv 472,71 21,39 3,14 5,47
so 309,45 28,10 15,86 34,59
sa 0,05 215,01 168,83 3,36 72,43 664,50 102,90 371,71 1546,83
krv 119,38 0,43 0,06
r 119,56 0,06 0,63 26,16
d 3,97 219,48 23,54 9,13 13,25 42,34
itrv 191,72 4,33
cr 224,89 6,44 12,15
str 14,58 291,43 9,14 4,14 15,94
sto 299,40 115,13 99,15 31,97 1,43 102,01
kerv 15,78 0,08 0,07
ptrv 18,47
pdr 361,10 4,09 5,54
pf 122,51 4,85 4,36 9,41 1,12 5,20 16,88
crv 390,96 0,03
sor 523,52 0,42
Tabela 5.6b - continuação
Solos /
LVAd5 LVAd6 LVAd7 LVAd8 LVd1 LVd2 LVd3 LVd4 Lvdf LVe
geoformas
st 0,56 348,00 413,88 129,21 189,76 2,90
pd 24,17 0,05 54,45 2,52 32,91
rv 71,98 3,75 37,40 25,25 0,75 2,94 6,47 1,05
so 15,70 19,21 692,35 0,07 27,50 20,19 0,02
sa 225,91 878,95 649,76 3061,80 68,89 48,28 1176,43 101,96
krv 28,98 0,91 31,34 0,84 1,31 3,61 1,48
r 18,62 1,88 1,85 17,55 0,23 16,27 0,29
ROCHAS e SOLOS
Em face dos dados apresentados é possível iniciar a verificação das hipóteses levantadas
na primeira parte do artigo como fundamentadas para a construção de modelos de gestão
geo-ambiental e econômica.
Em síntese, a evidência geral da Tabela 5.8 e o estudo de caso sobre o Vale do Paracatu
permitem considerar como demonstradas as Hipóteses 1 a 3, que resumidas são as
seguintes proposições finais às hipóteses:
(1) as relações sistêmicas entre rochas / geoformas / solos / e a incluir as formações
superficiais geotécnicas são os aspectos irredutíveis fundamentais para modelos de
gestão do uso da terra
A Tabela 5.9 apresenta e confirma as relações entre rochas, solos e geoformas para a
Bacia do Rio Paracatu, conforme se propõe com as três hipóteses acima confirmadas para
modelar os usos da terra apoiado nas análises e confirmações que se apresentam neste
artigo.
A Hipótese 4 trata das categorias de solos que se evidenciaram, de fato, ser das instâncias
as mais fundamentais, para a elaboração das decisões de uso da terra em escalas do
regional ao local. As evidências relacionais das Tabelas 5.6a a 5.6c; 5.7; 5.8 e 5.9
permitem essa perspectiva integrada da importância dos solos, como os mais
diversificados sistemas em função das rochas, essas em menor quantidade de variedades,
seguida das geoformas em maior número, e os solos em maior número ainda. Todavia, a
dominância de solos segue de perto as rochas e geoformas, com ocorrência de solos mais
raros em áreas restritas, o que permite identificar-se as “associatividades comuns” da
conclusão sobre a hipótese 2 como “associatividades dominantes”.
Desta forma, pode-se conceber que a tipologia de solos seja o aspecto mais sensível para
o auxílio à decisão geo-ambiental de gestão do uso da terra, sem exclusão dos outros
geossistemas, que analisados podem informar o que a carta pedológica e a carta de aptidão
de solos e a carta agroclimatológica não podem informar. Aquelas informações são de
outras categorias do que essas.
Tabela 5.8 – Relações espaciais entre rochas e solos no Vale do Paracatu – km2. Em negrito, estão
marcadas as interseções das rochas mais típicas encontradas sobre cada tipo de solo (análise
por linha). Em vermelho, estão marcadas as intercessões dos solos mais típicos encontrados
sobre cada tipo de rocha (análise por coluna).
Rochas /
EoCp EoCpa EoCpc EoCpd EoCtm Ka
Solos
1 CXbd1 370,971
2 CXbd2 2.006,303 49,562 193,792 52,785 777,102 837,709
3 CXbd3 121,656 0,515 535,551 18,757
4 GMd 5,797 3,693
5 GXbd 218,775 0,026
6 LVAd1 229,246 0,623 236,489 5,135
7 LVAd2 28,767
8 LVAd3 2,257 35,922 20,605
9 LVAd4 1.064,459 2,270 5,050 102,221 1,515
10 LVAd5 0,137
11 LVAd6 137,271 2,082 227,405 594,136
12 LVAd7 91,179 22,146
13 LVAd8 157,497 0,001
14 LVd1 2.387,409 8,104 54,173 151,463 220,001 122,586
15 LVd2 21,866 35,293
16 LVd3 7,268 34,001 38,144
17 LVd4 1.411,638 3,668 6,721 77,154 4,343 66,769
18 Lvdf 19,413
19 LVe 49,378 53,905
20 PVAe 13,470 4,736
21 RLd1 3.639,472 16,928 45,466 226,955 540,800 1.528,271
22 RLd2 573,361 1,176 33,403 0,040 1.557,456 135,375
23 RLd4 915,558 53,696
24 RLe1 1.064,637 95,882 260,449 100,847 18,252 0,507
25 RLe2 628,587 53,093 112,628 119,662 106,831
26 RQg
27 RQo1 45,269 312,860 896,527
28 RQo2 7,074 148,908 27,207
29 RQo3 105,375 3,601 675,734 2.339,384
30 RQo5 2,076 1.142,005 207,556
31 RUbe2 289,092 1,104 7,646 11,215 78,160 1,719
32 _Aqd3 14,634
Tabela 5.8 – Continuação de Relações espaciais entre rochas e solos no Vale do Paracatu – km2
Rochas /
Kmc Ku PCc Qa TQd TQda
Solos
1 CXbd1 360,562
2 CXbd2 15,084 20,077 37,101 70,778
3 CXbd3 0,832 8,759 23,735
4 GMd 10,703 33,508
5 GXbd 1,259 0,837 85,315
6 LVAd1 131,411 58,886 437,200 160,268
7 LVAd2 3,336 83,311
8 LVAd3 16,625 344,879
9 LVAd4 112,978 421,723
10 LVAd5 5,443 573,783
11 LVAd6 0,425 0,823 29,317 679,807
12 LVAd7 47,068 572,013
13 LVAd8 16,429 245,309
14 LVd1 411,918 14,022 106,545 2.872,231 14,411
15 LVd2 155,605 48,436
16 LVd3 0,236 41,766
17 LVd4 211,403 44,947 553,278
18 Lvdf 12,690
19 LVe 5,757 29,389
20 PVAe
21 RLd1 106,310 67,271 17,189 64,464 40,774
22 RLd2 0,317 31,845 10,216 37,398
23 RLd4 172,285 6,569 61,829 31,787
24 RLe1 9,179 15,147 5,804 3,854
25 RLe2 5,910 0,770 1,421 6,243 10,011
26 RQg 36,678
27 RQo1 0,536 0,450 20,375 374,336
28 RQo2 71,562 691,218
29 RQo3 21,727 51,677 67,706 501,677
30 RQo5 10,193 1,724 1,581
31 RUbe2 1.628,987 202,818
32 _Aqd3
Tabela 5.9 – Relações principais entre solos, geoformas, rochas e materiais de origem (CETEC,
1981, p. 202, 203; Martins Jr et al., 2006).
Classes de Superfícies Estrati-
Materiais de Origem
Solos Geomórficas grafia
TQda
ST Ku
Depósitos de cobertura do Cretáceo Superior /
Kmc
LVA, textura Terciário Inferior
TQda
argilosa STO
Eop
SA TQd
Sedimentos detríticos pleistocênicos
pd EoCtm
TQda Depósitos de cobertura do Cretáceo Superior /
LVA plíntico d, st
Ku Terciário Inferior
textura argilosa
d TQd Sedimentos detríticos pleistocênicos
Tabela 5.9 – Continuação de Relações principais entre solos, geoformas, rochas e materiais de
origem (CETEC, 1981, p. 202, 203; Martins Jr et al., 2006)
.
Classes de Superfícies Estrati-
Materiais de Origem
Solos Geomórficas grafia
STR Ka, Ku Sedimentos detríticos provenientes da alteração de
LVA, textura
STO EoCp arenitos cretáceos
média
SA TQd Sedimentos detríticos pleistocênicos
TQda
ST Ku
Depósitos de cobertura do Cretáceo Superior /
Kmc
Terciário Inferior
LVd, textura TQda
STO
argilosa EoCp
SA TQd Sedimentos detríticos pleistocênicos, com
provável influência de sedimentos, provenientes da
SOKa EoCp
alteração de rochas da F. Paraopeba
Depósitos de cobertura do Cretáceo Superior /
ST Kmc
Terciário Inferior
EoCtm
SA Sedimentos detríticos pleistocênicos
LVd, textura TQd
média Sedimentos detríticos provenientes da alteração de
arenitos cretáceos, com provável influência de
vx, pt, rv EoCp
sedimentos, provenientes da alteração de rochas
calcíferas da Fm. Paraopeba
Dissecação/ Sedimentos detríticos pleistocênicos provenientes
EoCp
mistas da alteração de rochas calcíferas da Fm. Paraopeba
LVe, textura
SA TQd Sedimentos detríticos pleistocênicos, com
argilosa *
provável influência de sedimentos, provenientes da
SOKa EoCp
alteração de rochas calcíferas da Fm. Paraopeba
Sedimentos detríticos provenientes da alteração de
arenitos cretáceos, com provável influência de
vx, pt, rv EoCp
Lve, textura sedimentos, provenientes da alteração de rochas
média calcíferas da Fm. Paraopeba
Sedimentos detríticos pleistocênicos provenientes
SOKa TQd
da alteração de rochas calcíferas da Fm. Paraopeba
Sedimentos provenientes da alteração de rochas
LVdf* ST, rc, crv Kmc
básicas da Fm. Mata da Corda
PVAe, textura TQd Sedimentos detríticos pleistocênicos provenientes
SOKa
média EoCp da alteração de rochas calcíferas da Fm. Paraopeba
Dissecação/
PVAe, textura Sedimentos provenientes da alteração de rochas
mistas EoCp
argilosa calcíferas
SOKa, SA
PVAe, textura Sedimentos detríticos pleistocênicos, provenientes
SOKa TQd
média/argilosa da alteração de rochas da Fm. Paraopeba
Dissecação/ Sedimentos provenientes da alteração de rochas
NV similar * EoCp
mistas calcíferas da Fm. Paraopeba
PLe vértico,
textura
teKa TKd Sedimentos detríticos pleistocênicos
siltosa/argilosa
*
PLd plíntico,
textura
teKa TKd Sedimentos detríticos pleistocênicos
siltosa/argilosa
*
CXbd, textura TQda
Rochas essencialmente ardosianas dos Grupos
argilosa e STO EoCp, tm
Bambuí e Macaúbas
média Eomb
Classes de Superfícies Estrati-
Materiais de Origem
Solos Geomórficas grafia
SA
EoCp,
Dissecação/
EoCtm
mistas
SA – Soda EoCp Sedimentos detríticos pleistocênicos, provenientes
te TQd da alteração de rochas calcíferas da Fm. Paraopeba
Sedimentos detríticos pleistocênicos e recentes,
CXe, textura
tf, te Qa provenientes da alteração de rochas calcíferas da
argilosa *
Fm. Paraopeba
Dissecação/
EoCp Rochas ardosianas e calcárias da Fm. Paraopeba
mistas
EoCp Rochas essencialmente ardosianas, mas também
Dissecação/ EoCtm quartzíticas e areníticas do Pré-cambriano, Eo-
RLd
mistas PCc cambriano e Cretáceo (formações Areado e Mata
Ka, mc da Corda).
Rochas essencialmente ardosianas, provenientes
EoCp,
RLd, Dissecação/ do grupo Bambuí, com influência de materiais
EoCtm
concrecionário mistas lateríticos, provenientes do desmonte de níveis de
PCc
acumulação
Dissecação/
RLd arenoso Ka, Ku Arenitos Cretáceos
mistas
Dissecação/
RLe* EoCp Rochas ardosianas e calcárias da Fm. Paraopeba
mistas
GMd VE Qa Sedimentos recentes colúvio-aluviais
TQda
GXbd, textura Depósitos de cobertura do Cretáceo Superior /
d Ku
argilosa Terciário Inferior
TQd
d TQd
RQg Sedimentos detríticos pleistocênicos
SA EoCtm
RUbe pt, tf Qa Sedimentos aluviais recentes
d Sedimentos detríticos pleistocênicos
TQd
SA
EoCp,
RQo STO
EoCtm Sedimentos provenientes da alteração de arenitos
STR cretáceos
Ka, Ku
Dissecação
Sedimentos pleistocênicos e recentes, detríticos e
V* Tf, pf, SA TQd, Qa aluviais, provenientes da alteração de rochas
calcíferas da F. Paraopeba
Sedimentos provenientes de rochas básicas da F.
NV* st, rc, crv Kmc
Mata da Corda
Sedimentos provenientes de rochas básicas da F.
LVef* st, rc, crv Kmc
Mata da Corda
*Classes de solos com representatividade em nível de inclusão
São necessárias também as várias cartas de pluviosidade chuva total anual, chuvas do
período chuvoso, do período seco, coeficiente de variação anual das chuvas, número de
dias de chuvas anual, chuva máxima anual, coeficiente de variação do período chuvoso,
número de dias de chuvas no período chuvoso, chuva máxima no período chuvoso e
chuvas de janeiro a dezembro, já que a chuva é entre os agentes naturais o mais ativo
em regiões tropicais. Por certo, que os ventos e o tempo de foto-periodicidade são
aspectos não negligenciáveis, também.
Com essas informações completa-se o sistema básico de informações para se iniciar os
zoneamentos ecológicos, econômicos e ecológico-econômicos de bacias hidrográficas
(Martins Jr. et al. 2008; Martins Jr. & Ferreira 2009; Martins Jr. et al. 2010).
onde, cada membro deve ser desenvolvido segundo a(s) questão(ões) em pauta:
Σ SF - área total disponível para reflorestamento e/ou florestamento, em macro-visão
SBH - área total da bacia
SRs - área de rochas com formações superficiais sensíveis ou meta-estáveis
SGi - áreas de geoformas mais ou menos inadequadas
SSi - áreas de solos mais ou menos inadequados
SCVr - áreas de coberturas vegetal remanescentes e áreas legais
SAd - áreas com agricultura
SAv - áreas agricultáveis
SP - áreas de pastagens
SU - áreas urbanas e urbanizáveis
SOE - áreas de obras de engenharia
SCa - áreas de corpos d’água
± - significa poder utilizar, ou não, para finalidades florestais”.
“A questão econômica também se apoia sobre as questões geo-ecológicas ou de
adequação planta / água / solos / climas-microclimas de modo que as relações
específicas entre produção de biomassa para energia – BE - e biomassa para alimentação
– BA - se colocam de modo crítico no País, daí demandar estudos detalhados das bacias
para o Mapa de Usabilidade como um instrumento de auxílio à decisão a fazer parte do
‘Sistema de Arquitetura de Conhecimentos e dos Sistemas Inteligentes de Auxílio à
Decisão’ (família SisDec de sistemas)” (Martins Jr. et al., 2006; Marques & Martins Jr.
2004; Martins Jr. & Vasconcelos 2008). Esses sistemas podem ser desenvolvidos por
todos os que se interessam nessas questões de gestão geo-ambiental e econômica.
CONCLUSÕES
Evidentemente, muitos outros fatores deverão ser confrontados, mas as relações rochas
/ geoformas / solos / formações superficiais são os primeiros fatores a serem
considerados para se estabelecer os modelos e cenários de Desenhos de Uso Optimal do
Território - DUOT de qualquer bacia hidrográfica.
REFERÊNCIAS
PROBLEMA
Por outro lado, o reconhecimento de áreas precisas de APR ficava também sem critérios
mais estritos de definição, sem que se tivesse que recorrer a mensurações caras e não
factíveis para amplas regiões com múltiplas APRs. Muitos desses problemas estão
resolvidos como se apresenta nesse capítulo.
OBJETIVO
É também comum se admitir que haja recarga acima dos mais altos topos na bacia, acima
de todas as fontes mais altas. Esse tipo de recarga depende, por certo, de solos e de modo
mais acentuado depende da porosidade. Eventualmente podem ser áreas de recarga de
efetivos aquíferos subterrâneos estabelecidos em sistemas rochosos de vários tipos
existentes em dada região, e cuja área de infiltração possa ocorrer estar nos altos topos
por motivos estruturais ligados a estratigrafia.
Para compreensão geral deste tipo de identificação de ZRA e APR em qualquer bacia,
embora não seja meta deste livro discutir detalhadamente métodos, mas para
entendimento alguns aspectos do método são apresentados como forma de procedimentos
que viabilizem os reconhecimentos de ZRAs e APRs. Na Figura 6.1 tem-se as áreas dos
sistemas rochosos que podem conter aquíferos. A sinalização desses sistemas não implica
necessariamente que contenham aquíferos subterrâneos e nem tampouco se saiba onde
estão os reservatórios. Para tanto, estudos específicos são demandados.
MÉTODOS e TÉCNICAS
Os estudos de casos apresentados são para a bacia do rio Paracatu nos espaços potenciais
de ocorrência de aquíferos nos 45.154km2. Já a partir da década de 1980, a bacia tem sido
palco de diversos conflitos pelo uso da água e do solo, envolvendo projetos de irrigação,
barragens hidroelétricas e assentamentos de reforma agrária (Vasconcelos; Martins Junior;
Hadad, 2012a). As Figuras 6.1, 6.2 e 6.3 apresentam a situação geral da bacia do Paracatu no
que interessa à questão da água subterrânea.
1 – aquíferos granulares
2 – aquíferos granulares fraturados
3 – aquíferos estratificados
4 – aquíferos kársticos
5 – aquíferos kársticos fraturados
6 – aquíferos alcalinos
No entanto, entendendo-se que recarga pode ocorrer nessas áreas em função da linha de
alta exsudação topográfica, para se determinar essas áreas acima das nascentes deve-se
então partir da informação altimétrica dos pontos de surgência de modo a demarcar a
linha de transição entre o predomínio dos possíveis processos de recarga e os de
exsudação de eventuais aquíferos.
Nesse estudo de caso no Vale do Paracatu os pontos de localização das surgências são
obtidos da base cartográfica do IBGE, de 1970, em escala de 1:100.000, ao passo que a
altimetria de cada ponto é obtida pela interpolação das curvas de nível e pontos
altimétricos da base de altimetria SRTM.
Com efeito, a delimitação dessas áreas tem como base a elaboração de um plano de
interpolação por krigagem da altitude das surgências. As surgências da Bacia do Paracatu
foram locadas a partir da base de cartográfica do IBGE (1971), em escala de 1:100.000. Um
modelo de elevação digital hidrologicamente consistente – MEDHC – foi elaborado com
base no tratamento da topografia do radar SRTM (Jarvis et al., 2008) e da hidrografia do
IBGE (1971), recondicionados com a extensão Hydrotools para ArcGis 10 e com os
algoritmos de pré-processamento do programa Saga 2.0.8.
O método de krigagem, bem como seus parâmetros, foram otimizados interativamente pelo
algoritmo da extensão Geostatistical Analyst, do programa ArcGis 10.1. Esse plano krigado
foi subtraído do modelo de elevação digital por álgebra de mapas, tendo como produto o
mapeamento da altimetria relativa em relação às nascentes. A altimetria de cada nascente
serve de base para a elaboração de um plano tridimensional com a interpolação
geoestatística por krigagem ordinária gaussiana com 2 a 5 vizinhos por quadrante (45o).
Nos mapas [A] e [C], são destacadas as áreas altimetricamente mais elevadas em relação ao
nível das nascentes, como recurso de visualização de áreas com predominância de recarga.
O estudo mais regionalizado das zonas de recarga da bacia do Paracatu foi realizado por
RURALMINAS (1996) e Martins Junior (2009). Esses estudos são importantes por
indicar quais unidades geoambientais (conjugando litoestratigrafia, geomorfologia,
pedologia e pluviometria) serão mais importantes para recarga dos aquíferos da Bacia do
Vale do Paracatu. Como base nos estudos supracitados, adota-se a seguinte tipologia que
caracterizaria a maior favorabilidade à recarga de aquíferos nas áreas altimetricamente
acima das nascentes dessa bacia:
3 – por fim, as áreas altimetricamente acima das nascentes que não apresentam nenhum
dos atributos favoráveis à recarga são as de menor potencial para a recarga dos aquíferos.
Assim, com base nas bases cartográficas disponíveis, pode-se elaborar um índice
ponderado de favorabilidade de recarga dos aquíferos. O método escolhido é o da
modelagem baseada em conhecimento, consistindo no acesso a especialistas e à
bibliografia consolidada. Desse modo, a ponderação mescla um ordenamento qualitativo
a um quantitativo. Foram tomados como base os mapeamentos de litoestratigrafia e
pedologia (Martins Junior, 2006), pluviosidade (Nunes e Nascimento, 2004) e
declividade, esta última tomada pela altimetria SRTM.
Para os tipos de solo, a referência balizadora foi o sistema Hydrology of Soil Types –
HOST, adotado pelo Reino Unido, conjugando estimativas quantitativas aos critérios de
drenagem de solos, profundidade permanente ou sazonal do aquífero e presença de
camada impermeável ou semi-permeável.
O critério de cálculo de totais parciais se dá por multiplicação dos índices de cada atributo.
A modelagem multiatributo por multiplicação segue as recomendações de Clarke (2009),
Tucci (2009) e Naghettini e Pinto (2007) para a modelagem hidrogeológica e hidrológica.
Parte-se do pressuposto teórico de que se modela um fluxo contínuo de água (da
precipitação à surgência), que será potencializado ou restringido quantitativa e
qualitativamente pelas características ambientais, incluindo efeitos iterativos (USEPA,
1986).
Assim o método que se discute nesta etapa insere-se no contexto de instrumentos ambientais
de aplicação local, isto é, áreas precisas de recarga APRs. Inclui-se neste caso uma série de
questões que necessariamente estão ligadas às legislações e a administração tais como
fiscalização, autorizações de desmate, EIA/Rimas e averbações de reserva legal.
Do ponto de vista da cartografia de APRs estes procedimentos são úteis por serem rápidos e
de baixo custo, todavia eficientes em resultados. Servem, sobretudo, para se estabelecer
procedimentos de pesquisa e levantamentos expeditos, além de também poder ser utilizado
como recurso didático, para treinamento de pessoal em hidrogeologia.
O critério de cálculo de totais parciais da planilha se dá por multiplicação dos índices de cada
atributo. Para os critérios do diagnóstico expedito, toma-se como referência um pequeno
leque de modelos visuais geomorfológicos esquemáticos das situações clássicas de recarga e
descarga de aquíferos com foco em surgências (Custódio; Llamas, 1976; Dahl; Hinsby, 2008;
Junqueira Júnior, 2006; Valente; Gomes, 2005).
O Córrego da Areia foi escolhido para receber essa forma de mapeamento extensivo,
abarcando toda a bacia e não só a área de maior favorabilidade de recarga. Para essa sub-
bacia, são apresentados e avaliados mapas com as classes das categorias de quantidade e
qualidade de recarga, para cada geotopo.
Figura 6.4 – Localização das áreas de estudo para o método de diagnóstico expedito. 1 – Vale do
Córrego da Areia; 2 – Serrinha; 3 – Chapada da Serra do Boqueirão; 4 – Serra do Sabão; 5 – Serra
das Araras; 6 – Lagoas do Rio da Prata; 7 – Captação do Córrego da Bica; 8 – Captação do Ribeirão
dos Órfãos; 9 – Chapadão do Pau Terra.
Aquíferos de Transição
Sem embargo, os mapeamentos das Figuras 6.6 e 6.7 demonstram uma diversidade da
favorabilidade da recarga em toda a Bacia, tornando possível selecionar as áreas mais
favoráveis para cada região, inclusive as localizadas nas áreas onde ocorram os maiores
conflitos pelo uso da água, conforme as demandas para a gestão dos recursos hídricos.
A Figura 6.7 avalia a favorabilidade de recarga na Bacia do Paracatu em relação aos atributos
de solos, geomorfologia e litoestratigrafia, com uma visão geral da bacia e outra focando
apenas as áreas mais elevadas em relação às nascentes. A Figura 6.8 apresenta a abordagem
de Unidades Hidrológicas de Paisagem, conjugando os critérios de altimetria em relação ao
nível de nascentes e ao curso d’água de jusante. A Figura 6.9 exibe também a distribuição
espacial do índice quantitativo de recarga para a bacia, tanto na visão geral quanto com o foco
nas áreas acima das nascentes.
Figura 6.8 – Estudo da atividade relativa da dinâmica de recarga nas várias unidades de
paisagens hidrológicas.
Figura 6.9 – Mapas com o índice de favorabilidade de recarga de aquíferos na Bacia do Paracatu.
No caso da Bacia do Paracatu, essas as áreas de maior recarga sobre de aquíferos porosos
profundos também são as que apresentariam, teoricamente, a maior capacidade de
acumulação e margem de reservas utilizáveis. Nessas áreas de maior favorabilidade de
recarga, também se potencializam os efeitos das ações de manejo do solo e das águas, tais
como barragens de retenção e infiltração do escoamento superficial (barraginhas), plantio
direto e/ou em nível, terraceamento, entre outros.
Para uma caracterização mais precisa das áreas de recarga são necessários estudos
hidrogeológicos mais detalhados, com maior abundância de dados primários,
provenientes de estudos de perfuração de poços, traçadores e análises químicas das águas
superficiais e subterrâneas.
Esses dados necessitariam ser conjugados a estudos mais detalhados de geologia
estrutural, linhas de potencial piezométrico, identificação de fácies hidrogeoquímicas de
águas superficiais e subterrâneas, bem como balanços hidroclimatológicos. Tais estudos
poderiam identificar e quantificar melhor os prováveis fluxos das águas subterrâneas.
Figura 6.10 – Estratigrafia do Vale do Córrego da Areia – baseado em Furuhashi et al. (2005a).
Toda a chapada encontra-se ocupada por agricultura mecanizada de alto nível tecnológico,
incluindo alguns pivôs de irrigação. Nessa área distinguem-se também lagoas temporárias,
conectadas hidrogeologicamente às principais nascentes de encosta do vale por meio de
estruturas lineares bastante evidentes.
No interior do vale, entre as cotas de 840m e 880m, encontram-se litossomas kársticos de
afloramentos dolomíticos bastante evoluídos, com sumidouros, cavernas (algumas com mais
de dois quilômetros de extensão), maciços e lapiás (Furuhashi et al., 2005b), integrando a
Formação Vazante (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM, 2003). Uma
floresta estacional semidecidual bastante preservada recobre esse compartimento
geoambiental, sobre neossolos litólicos ou praticamente sobre a rocha carbonática aflorante.
São padronizados os conteúdos e semiótica conforme os exemplos das Figuras 6.10, 6.11 e
6.12.
Figura 6.11 – Caracterização áreas maior favorabilidade de recarga - sub-bacia Córrego da Areia.
No Quadro 6.4, são apresentados os produtos obtidos em cada um dos métodos apresentados
neste estudo.
Analisando a Tabela 6.2, que inclui todas as áreas estudadas e não somente aquelas
apresentadas acima como exemplos, a chapada com neo-solos quartzarênicos (Serra do
Boqueirão) apresentou o maior potencial de recarga, enquanto as duas chapadas com
latossolos (Chapada do Córrego da Areia e Chapadão do Pau Terra) apresentaram a maior
proteção de recarga.
Tabela 6.2 – Consolidação dos Diagnósticos Expeditos de Recarga nos sítios de estudo selecionados.
Neste livro discute-se tão somente o Córrego da Areia e Córrego da Serrinha, com base nos
critérios dos Quadros 6.2 e 6.3.
(quantidade de água)
(qualidade da água)
Potencial de recarga
Área de
Estudo
Declividade
Uso do solo
Geologia
Solos
água
Lagoas do Rio
0,8 2,5 1 2,2 1,3 0,7 1 4 0,43
da Prata
Vale do Areia –
0,9 2 2,5 2,2 0,8 0,8 1,4 8,87 109,01
Chapada
Vale do Areia –
0,8 0,35 0,6 1,4 1,5 1,5 1 0,53 0,54
Karst
Serra do Sabão 0,9 0,5 0,8 1,2 - 1,5 1 0,65 2,16
Captação do
1,3 0,75 4 3 1,2 1 1 14,04 5,16
Córrego da Bica
Captação do
Ribeirão dos 1,3 0,75 4 3 1,3 1,2 1,5 27,38 10,46
Órfãos
Chapadão do
0,9 2,5 2,5 2,2 1,2 0,8 1,2 14,26 100,04
Pau Terra
Serra das Araras 1,3 0,4 0,6 0,7 0,8 1,5 1 0,26 1,14
Serrinha 0,9 0,35 0,9 1,1 - 1,3 1 0,41 1,71
Chapada da
Serra do 1,3 2,5 6 3 1,25 1,3 1 90,31 10,69
Boqueirão
Tabela 6.2 – Consolidação dos Diagnósticos Expeditos de Recarga nos sítios de estudo selecionados.
Neste livro discute-se tão somente o Córrego da Areia e Córrego da Serrinha, com base nos
critérios dos Quadros 6.2 e 6.3.
(quantidade de água)
Posição topográfica da fonte de
(qualidade da água)
Potencial de recarga
Transmissão no aquífero
Área de
Transmissão no solo
Estudo
Fontes de poluição
Processos erosivos
Assoreamento
surgência
Lagoas do
Rio da 0,95 1 0,2 0,8 3 0,95 1 1 1 4 0,43
Prata
Vale do 1
109,
Areia – 0,9 1 10 3 2,5 0,95 1 1 , 8,87
01
Chapada 7
Vale do
Areia – - - 4 0,3 0,3 1 1 1,5 1 0,53 0,54
Karst
Serra do
- - 4 0,6 0,6 1 1 1,5 1 0,65 2,16
Sabão
Captação
14,0
do Córrego 0,5 1 2,5 1,7 3 0,9 0,9 1 1 5,16
4
da Bica
Captação 1
27,3 10,4
do Ribeirão 0,95 1 2,5 1,7 3 0,8 0,9 0,8 ,
8 6
dos Órfãos 5
Chapadão 1
14,2 100,
do Pau 0,9 1 10 3 3 0,95 1 1 ,
6 04
Terra 3
Serra das
- - 4 0,3 1 0,95 1 1 1 0,26 1,14
Araras
Serrinha 0,95 1 4 0,8 0,75 1 - 0,75 1 0,41 1,71
Chapada
90,3 10,6
da Serra do 0,95 1 10 0,5 3 1 1 0,75 1
1 9
Boqueirão
ANÁLISE INTEGRADA
O enfoque nas áreas de recarga altimetricamente acima das surgências privilegia a gestão de
aquíferos em meso e micro-escalas, apresentando grande potencial para a resolução de
conflitos por uso da água, visto que os sistemas hídricos de micro bacias tendem a ser mais
sensíveis ao efeito das práticas de uso da água e do solo sobre suas reservas hídricas limitadas.
Ademais, os programas comunitários de conservação das águas tendem a alcançar mais êxito
quando em aquíferos rasos localizados, pois os usuários e a população observam mais
diretamente os efeitos do incremento das recargas na vazão das nascentes e de poços.
Nas áreas de maior favorabilidade de infiltração, podem-se aproveitar melhor os efeitos das
ações de manejo do solo e das águas, tais como barragens de retenção e infiltração de águas
pluviais, plantio direto e/ou em nível, terraceamento, entre outros, em uma estratégia de
manejo integrado de ocupação do solo, recursos hídricos subterrâneos e superficiais.
Os produtos podem ainda ser conjugados a estudos mais detalhados de geologia estrutural,
linhas de potencial piezométrico, identificação de fácies hidrogeoquímicas de águas
superficiais e subterrâneas, bem como balanços hidroclimatológicos. Tais estudos podem
auxiliar a aferir a confiabilidade das hipóteses obtidas nos produtos dos métodos aqui
propostos, na medida em que contribuem para identificar e quantificar melhor os prováveis
fluxos das águas subterrâneas e permitem uma compreensão mais abrangente dos fenômenos
hidrológicos, hidrogeológicos e climáticos das áreas analisadas.
Alocação de reserva legal, regulada pela Lei Federal no 12.651, de 2012, que dispõe sobre
a proteção da vegetação nativa;
Delimitação das áreas com direito de preempção (preferência de compra pelo Poder
Público) ou desapropriação; e para delimitação de áreas com coeficiente diferenciado de
aproveitamento no meio urbano, no âmbito dos Planos Diretores Municipais, nos termos
da Lei Federal nº 10.257, de 2001.
Além disso, os métodos apresentados também podem oferecer informações inter-escalares
adicionais aos estudos técnicos de outros importantes instrumentos de política ambiental e de
recursos hídricos, tais como Planos Nacional e Estaduais de Recursos Hídricos, Planos
Diretores de Bacia Hidrográfica, Zoneamentos Ecológico-Econômicos. Ainda no caso do
diagnóstico expedito de campo, sua utilização se mostra promissora nos dois instrumentos a
seguir, entre outros:
- Mapeamento das áreas superiores às nascentes, por krigagem, como recurso cartográfico
para foco da cartografia de áreas preferenciais de recarga.
Como disse o escritor Jean Giradoux (1946), “a Água é o elemento do qual a Terra nada pode
esconder; sorve os seus mais profundos segredos... e os traz até nossos lábios.”
RECOMENDAÇÕES
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7
ZONEAMENTOS ECONÔMICOS
– Gestão de Bacia Hidrográfica –
Por certo, o zoneamento econômico pode ser realizado logo após os zoneamentos
ecológicos, mas isso não é recomendado. Tal fato advém de que se precisa de uma visão
muito clara do substrato ou como aqui se denomina dos geossistemas, por motivo de se
poder observar todas as parcelas de território mais próprias para os plantios em função
das rochas, geoformas e solos, embora essa divisão não seja definitiva do ponto de vista
da legitimidade geo-ambiental de se utilizá-las, consideradas as diversas condições de
tecnologia de plantios e de outros usos para engenharia. Por um lado, as zonas de recarga
e as áreas precisas de recarga como parcelas do território absolutamente sensíveis aos
efeitos e erros na produção são ambientes críticos para se observar todas as medidas de
segurança ambiental caso essas áreas venham a estar ocupadas ou já estejam ocupadas.
Podem-se citar diversos zoneamentos atuais que têm sido realizados no País, tais como o
ZEE de Minas Gerais, realizado na Universidade de Lavras, e o ZEE do Estado do
Maranhão. O Estado do Rio de Janeiro possui lei que dá diretrizes ao ZEE – Lei 4.063 de
02/01/2003.
Várias ciências, engenharias e temas são ncessários: Economia Física EF, Geologia
ambiental Ga, Geologia estrutural Ge, Litologia Lt, Estratigrafia Es, Geotecnia Gt,
Pedologia Pd, Aptidão de solos AS, Impactos Ambientais IA, Hidrologia Hd,
Hidrogeologia HG, Zonas de Recarga de Aquíferos (ZRAs) e Áreas Precisas de Recarga
(APRs) de aquíferos (Martins Jr. et al., 2006), Botânica Bt, Técnicas de Conservação TC,
Análise de Impactos sobre os biomas AI, Climatologia Cl, Análise exergética AE,
Implicações das Mudanças Climáticas IMC, Engenharia Florestal EF, Engenharia
Elétrica EE, Engenharias Agronômica EAn e Agrícola EAc, Economia Ec, Lógica
Interdisciplinar (LI) e Inteligência Artificial (IA).
PROBLEMAS
(2) zoneamento das relações de potenciais – ZE-Np, tais como para a produção agro-
florestal e pastoril cujo tema, embora não alvo específico desse livro, deve tratar da
questão do que é “o ideal para que as ações e os projetos executivos devam atender para
manter os pontos de vista de ambas condições de sustentabilidade a ambiental e a
econômica”.
OBJETIVOS
(2) desenvolver alguns aspectos lógicos, ecológicos e econômicos como parte própria dos
ZE-N para se chegar a uma modelagem mais adequada dos zoneamentos econômicos das
bacias hidrográficas.
Pode-se definir Economia Física no contexto da Economia Clássica, embora esse conceito
seja ainda de pequena disseminação. A Economia clássica trata das relações de produção,
consumo, comércio de bens etc., usando conceitos próprios como: capital, valor, renda,
custo de oportunidade, taxa de desconto e outros que tais.
Ao longo dos séculos, diferentes temas têm ocupado a atenção dos economistas:
Adotando diferentes modelos para cada situação estudada, a Economia Clássica não
logrou desenvolver, todavia, um modelo suficientemente geral para abranger as diversas
tendências manifestadas. Exprimindo as variáveis econômicas em termos monetários,
encerrou-se em si mesma, ignorando o ambiente da produção que, ao fim, representa a
fronteira última para o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos.
2 A variação da exergia de um sistema, definida como o trabalho máximo que se pode obter ao levar um sistema
termodinâmico do estado atual, descrito pela energia interna e a entropia do sistema, ao estado de equilíbrio com o
ambiente é dada pela equação E = U – T0S, sendo T0 a temperatura do ambiente. A exergia no estado de equilíbrio
com o ambiente é nula.
consumo. Em contrapartida a conveniência da reciclagem é feita pela comparação da
exergia do rejeito com a exergia do produto, em alguma etapa intermediária da produção.
Cabe ainda ressaltar que os sistemas naturais, que são sistemas abertos, possuem também
exergia. Assim, podem-se citar algumas situações, tais como:
A exergia pode também ser entendida como a parte energética da “informação” contida
em uma substância química, por exemplo. Todavia, a exergia seria nesse caso, a parte da
informação que pode exercer trabalho sobre o meio-ambiente, enquanto em termos
ambientais uma substância química pode inclusive decompor sua exergia, isto é, a energia
livre que é parte da energia interna total, e também pode, eventualmente, decompor sua
energia retida na estrutura.
ZONEAMENTOS
Cabe ainda indicar que o método principal para os zoneamentos econômicos deve se
basear, principalmente, na Análise Exergética e na Análise de Produção (Georgescu-
Roegen, idem; Robert Ayres, idem).
(1) diagnóstico;
(2) reconhecimento conceitual entre diferentes sistemas naturais e culturais;
(3) os paradigmas especialistas para realizar o diagnóstico e por fim
(4) as representações da realidade.
Esses exemplos permitem indicar quão longe se pode ir com zoneamentos que, a rigor,
podem ser tantas quantas forem as necessidades de se perceber, estudar e poder planejar
as ações da sociedade no e sobre o ambiente.
Para todos os efeitos considera-se o tipo de zoneamento ZE-N, como parte de uma
Abordagem Interdisciplinar – AI, indispensável para o planejamento da sustentabilidade,
quaisquer que sejam as condições em que esteja uma dada região. Anterior a essa
Abordagem, necessita-se dos consagrados estudos especialistas das várias ciências com a
Abordagem disciplinar e a cartografia disciplinar clássica.
A QUESTÃO ECONÔMICA e a SUSTENTABILIDADE
(8) lucros;
Esses 17 aspectos permitem elaborar modelos econômicos nos quais entram as relações
de ganhos por área plantada, e sobre o qual se deve computar toda perda de integridade
do ecossistema de modo a levá-lo para a condição de risco ambiental e à inadequação
para a vida vegetal e animal. Retoma-se, portanto, um exemplo de uma equação lógica
para se constituírem algumas relações de Ecologia- economia com algumas variáveis
(Tabela 7.1) (Martins Jr, 1998):
Condição 1:
Vs (>) [ atp + Icatp + Idf ] << Atbhordem-n (1)
Condição 2:
pdcp (>) {[ mc – ep ] < ls } (2)
Cabe ainda salientar que os cálculos financeiros são aqueles já consagrados nas ciências
econômicas, enquanto em Economia Física pode-se prosseguir com todo o balanço
econômico, com as avaliações medidas e/ou estimadas de exergia das diversas fases
produtivas, e somente ao fim expressar tudo em unidades financeiras, se necessidade
houver.
Os aspectos econômicos são múltiplos e podem se combinar de diferentes modos. Nesse
sentido, deve-se procurar apreender aqueles que podem ser gerais o suficiente para
indicarem as relações entre a sociedade e a Natureza no que diz respeito aos recursos
renováveis, ou aos não-renováveis, do modo que devem ser descritos em um ZE-N. O
sentido de desenvolvimento auto-sustentado pode ser traduzido numa equação simples
cujas variáveis são as seguintes (Tabela 7.2 in Martins Jr, 1998).
Tabela 7.2 – Variáveis de relações entre sistemas naturais de produção renováveis e não-
renováveis e variáveis econômicas e lógicas (atualizado de Martins Jr., 1998).
Por certo, que os preços ambientais agregados aos produtos atuais já deveriam, de fato,
começar a agregar o passivo ambiental produzido pelas empresas que devem hoje, à
Nação, a solução desse problema maior. Como agregar à Microeconomia industrial e à
Macroeconomia social o custo real dessa restauração, sem inviabilizar um processo
industrial? No entanto, o problema existe e sem uma lógica que associe mitigação com
interesses socioeconômicos, tanto quanto a experiência o demonstre, ficará inviável o
processo econômico para os séculos vindouros, e assim os ecossistemas que restam
progredirão para irreversibilidade, inexoravelmente.
O que ocorreu de fato é que os processos industriais implantados no Vale do Rio Doce
não foram avaliados de modo algum quanto ao custo ambiental, daí decorrendo a
devastação ecológica em que está o Vale. Como efetivamente agregar este custo à política
ambiental e à política de preços industriais através dos dois princípios, o do imposto e o
de controle atual da qualidade? Será isto uma causa perdida?
Consideremos os aspectos abaixo como critérios que devem ser usados como parte de
uma equação formal de viabilidade eco-sustentada de empreendimentos. São os seguintes
fatores a indicar a viabilidade eco-sustentada de exploração e/ou de produção de qualquer
recurso numa perspectiva eco-sustentada (Tabela 7.3).
Esses são alguns dos aspectos de ordem econômico-social que influem na perspectiva das
relações da Ecologia e Economia no caso de extração de recursos naturais, tanto quanto
no caso de implantação de indústrias e de projetos agronômico pastoris florestais. Nestes
ainda pode ocorrer demanda excessiva de quantidade de água, o que pode, por sua vez,
provocar stress ambiental na bacia hidrográfica.
Tabela 7.3 – Fatores de viabilidade econômica e ecológica das atividades produtivas em relação
com uma bacia hidrográfica (atualizado de Martins Jr., 1998).
O conceito de áreas totais – nativa, plantada e recuperável implica que em todo território
encontraremos áreas com vegetação em diversos estados de alteração, áreas plantadas
com agricultura e/ou com bosques mono-específicos e áreas que podem ser entendidas a
serem replantadas para atenderem exigências ecológicas e/ou ecológico-econômicas.
Planejar o ordenamento regional do território para se estimar a área total replantável,
garantidos os interesses geo-ecológicos entre rochas/ geoformas/ solos/ áreas agrícolas e
agriculturáveis e os interesses econômicos apresentados na equação fundamental lógica
(eq.3).
Efetivamente, a direção para as opções sobre as áreas adequadas para plantações nessas
duas situações se apresenta atualmente sob o foco de interesses políticos e econômicos
nacionais e internacionais. O fato de que a população cresce no planeta, que mais pessoas
podem comer melhor, de que o capital internacional atua de modo especulativo sobre os
alimentos ante as pressões críticas dos preços da fonte de energia de maior exergia (como
petróleo) faz com que as opções por terras devam obedecer à seguinte equação geral:
Σ SpAE ≡ SBH - SAd tradicionais - SCVr - SCa + ( eventual fração SAd + SP + áreas de semi ou
total estabulamento de gado + SstEg << SP) - Spag
(3)
Σ SpAE - área total plantável para produção de energia de biomassa e produção alimentar.
SBH - área total da bacia
SAd - áreas com agricultura
SCVr - áreas de cobertura vegetal remanescentes e legal
SCa - áreas de corpos d’água
SP - áreas de pastagens
SstEg - áreas de semi-estabulamento do gado
Spag - áreas de plantio de forragem para o gado
OBJETIVO
O Proálcool, desde sua fundação, trouxe às usinas de açúcar já existentes subsídios para
instalar aparatos de destilarias maiores. Juntamente com estes financiamentos foram
criadas as Destilarias Autônomas, unidades de produção exclusivas para a produção de
álcool. Exceto os Estados do Acre, Rondônia e Tocantins, no Norte, e de Santa Catarina,
no Sul, todos os demais Estados têm produção de álcool combustível, destacando-se o
Paraná com a segunda maior produção nacional, perdendo somente para São Paulo.
Atualmente tem-se falado muito sobre produção mais limpa – “P+L”, um recurso
extremamente importante a ser levado em consideração. A geração de resíduos é resultado
da ineficiência de transformação de insumos em produtos, trazendo danos ao meio
ambiente e aumentando os custos às empresas. A geração de resíduos é de vários modos
um sinônimo de desperdício de dinheiro com compra de insumos, desgaste de
equipamentos, horas de empregados, dentre outros, além dos custos envolvidos com o
seu armazenamento, tratamento, transporte e disposição final. A solução para diminuir
efetivamente estes problemas veio com as técnicas de “controle preventivo”, evitar ou
minimizar a geração de resíduos na fonte geradora, como a minimização do consumo de
água, o uso de matérias-primas atóxicas etc.
Assim, a cana-de-açúcar pode ser usada não somente como fonte de etanol ou açúcar, seu
bagaço pode gerar alimento para o gado, remediar áreas degradadas por erosão ou mesmo
mineração, caso comum em Minas Gerais, produzir fertilizantes agrícolas, dependendo
do objetivo e contexto. Desta maneira se torna mais fácil o modo de definição da gestão
territorial, visto que para cada característica física do local existe um cultivar de cana que
poderá ser usada para um melhor aproveitamento desta área, e para cada variedade há
uma aplicação no contexto ambiental, seja na produção de energia a partir de resíduos ou
mesmo em quaisquer outras aplicações desta gramínea mesmo que em baixa
produtividade como forma intermediária de de reconquistar terras degradadas.
DESENVOLVIMENTO
Todo projeto deve ser voltado em seu início à coleta de informações significantes para
que se possa desenvolver um banco de dados, sobre o tema, suficiente para publicações
coesas e desenvolvimento de bases fundamentais a uma análise mais aprofundada do
tema, tendo em vista a relação entre os fatores pedológicos, de aptidão de solos, agro-
climatológicos e as relações de produtividade de modo a atender diversos aspectos de
interesse ecológico e econômico tais como autonomia de energia da propriedade rural,
produtividade nas circunstâncias, competitividade definidos os objetivos, relações de
custo / benefícios, funções de sustentabilidade do terreno, a logística envolvida no
processo e da circulação hídrica.
onde:
Σ SF - área total disponível para reflorestamento / florestamento
SBH - área total da bacia
SRs - área de rochas de formações superficiais sensíveis
SGi - áreas de geoformas inadequadas
SSi - áreas de solos inadequados
SCVr - áreas de cobertura vegetal remanescentes e legal
SAd - áreas com agricultura
SAv - áreas agricultáveis
SP - áreas de pastagens
SU - áreas urbanas e urbanizáveis
SOE - áreas de obras de engenharia
SCa - áreas de corpos d’água
± - significa, poder utilizar ou não para finalidades florestais.
Pode-se obter com esta equação o cálculo das diferentes variáveis a serem analisadas em
qualquer ambiente para que possa ser efetuado estudos a fim de maximizar a produção e
minimizar os impactos ambientais negativos relativos a essa produção, ao invés de
aumentar a atividade agropecuária com a pretensão de maiores lucros, não efetuando-se
um estudo mais aprofundado das melhores opções em relação ao relevo, geomorfologia,
pode-se esperar como maximizar lucros com segurança ambiental.
A partir de todos os dados estudados até então pode-se observar no Quadro 9.1 as inter-
relações e suas respectivas ligações no âmbito do desenvolvimento das equações, dos
quais serão estudadas mais profundamente (Curiel, 2009, orientador Martins Jr.)).
Em todo projeto energético no sentido do paradigma aqui proposto é de que com o projeto
busque-se tender à auto-suficiência energética dentro de uma bacia hidrográfica. Para
tanto utilizou-se inicialmente o município de Entre Ribeiros em Minas Gerais, lugar onde
há atualmente competição entre a produção de cana e alimentos. Todas as condições,
tanto referentes a agroclimatologia, bem como ambientais são extremamente favoráveis
ao plantio.
A Figura 7.1 apresenta a área de Entre Ribeiros, bacia do Paracatu SF7, local onde já
existe competição entre produção de alimentos e cana. Com o ordenamento parcial do
território para produção de biomassa, alimentos para gado, fertilizantes, dentre outros,
pode-se amenizar os problemas existentes.
Figura 7.1 – Mapa da Sub-bacia de 3ª ordem de Entre Ribeiros no Vale do Paracatu (Fonte:
Martins Jr, 2006).
A partir dos dados obtidos para este estudo foi criada uma equação de fatores iniciais,
destacando os seguintes resultados:
variedades de cana-de-açúcar;
áreas potenciais para melhora da produção da bioenergia e biomassa;
a importância do ordenamento territorial;
a competição entre a produção da cana/alimentos e auto-suficiência energética dentro
de uma bacia hidrográfica para análise prévia do local a ser estudado para produção de
cana tanto para renda econômica quanto para mitigação de solos.
A Figura 7.3 apresenta tabela resumida dos estudos feitos no projeto e aponta para alguns
dos fatores os quais são analisados:
Figura 7.3 – Discussão Fonte: PMGCA - CECA Centro de Pesquisa e Melhoramento da Cana-
de-açúcar -Universidade Federal de Viçosa - ANEXO.
CONCLUSÕES
A esses vários tipos de equações devem se ajuntar a análise da Economia Física com a
Análise exergética, ou com a Análise de entropia dos sistemas, com o ciclo dos materiais
da produção ao descarte , como o passo para se organizar um quadro geral de todas as
ações de conservação, preservação, mitigação e uso optimal do território de uma bacia
hidrográfica.
A “temática geo-ambiental / econômica” abre assim, após a execução dos ZE-L e ZE-N
um novo passo que deve se seguir para o processo da gestão ecológica-econômica do
território e das relações homem / Natureza, a saber, o Zoneamento Ecológico-econômico
integrado propriamente dito - ZEE, a partir dos amplos métodos aqui discutidos.
Pode ser observado que para diferentes espécies, há os mais diversos fatores o qual
maximizarão suas respectivas produtividades, e outros fatores de interesse econômicos
nos mais adversos ambientes. O escopo de qualquer programa de trabalhos geo-
ambientais e econômicos, em longo prazo, é de poder fazer com as aplicações em
pequenas propriedades rurais, agricultura familiar, venham a ser aplicadas em bacias
hidrográficas.
A bacia do Paracatu possui uma área maior do que a metade da área da Áustria. Com uma
aplicação efetiva desta técnica dentro desta bacia, ter-se-ia como produto final a auto
suficiência alimentar e energética, obviamente administrando todas as incógnitas da
gestão territorial, como aplicável em países com as mais diversas condições econômicas
e um avanço maior no contexto socioeconômico e ambiental.
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8
DEGRADAÇÃO e PLANO para REVITALIZAÇÃO
– Gestão de Bacia Hidrográfica –
A noção de revitalização parece, por ser corrente, tratar-se de uma noção óbvia e, no
entanto, não o é. Ela implica visões sobre o meio ambiente, especialmente sobre a
estrutura do substrato, as questões geodinâmicas e a topologia da vida em sua ocupação
territorial. Entende-se que o assunto é complexo o suficiente para não ser reduzido a
decisões exclusivas sobre áreas preferenciais para se plantar ou para se realizar obras.
Nesse sentido, diversos artigos já publicados demonstram essa complexidade, uma vez
que o ecossistema tenha sido desmatado em uma sub-região (Martins Jr. et al., 2006,
2008a, 2008b, 2010).
REVITALIZAR O QUÊ?
Tomando-se uma bacia não ocupada pelo homem como referência nós só podemos
compreender que essa bacia é vitalizada dentro das condições de contorno geo-ambientais
reinantes, tendo o clima como um fator determinante de todos os processos bio-
geodinâmicos. Assim, quando se pensa em revitalização como uma ação necessariamente
tardia sobre a conservação, que deveria ter sido aplicada, recai-se na necessidade do
reconhecimento primordial sobre os processos geo-biodinâmicos que devem ser
mantidos, sobretudo, nas áreas críticas dentro da bacia, que sustentam e mantêm esses
processos. Entende-se que manter os processos bio-geodinâmicos significa mantê-los sem
produzir degradação, o que implica que esses processos sejam direcionados para manter
os fluxos de troca e de trânsitos dentro da bacia, sem afetar as estruturas do substrato.
Essas questões não são simples, a começar pelo fato de que seria condição primordial que
uma bacia tenha sido sobrevoada para tomadas de aerofotos na escala de 1:10.000 para
possibilitar, de fato, a observação de todos os processos de trocas e de toda a degradação,
de fato já instaurada. Uma cartografia rigorosa permitirá mapear todas as áreas degradas
e suas superfícies em m2 ou em hectares, ou mesmo eventualmente em km2, conforme a
escala de observação e de integração das informações ou da realidade da dimensão dessa
condição.
Alguns dos impactos de obras humanas, embora sejam legítimas e necessárias são em si
impactos, inclusive em muitos casos proibidos por lei, mas efetivamente observados no
campo. As obras em si são impactos, bem como as repercussões dessas obras na
vizinhança e sobre grandes distâncias.
TIPOLOGIA de IMPACTOS
São diversos os resultados que podem ocorrer no processo de degradação de uma bacia
hidrográfica:
22 – Poluição derivada das vias seja pelos próprios transportes ou por atividades
comerciais e residenciais ao longo das vias.
Tais condições devem ser estabelecidas para esses seguintes temas operacionais, entre
outros:
2 - Os valores de mitigação por área com as técnicas existentes e o estudo de não retornos
econômicos para o produtor rural.
6 – Os estudos para aplicação com técnicas que possam envolver retornos econômicos
com a mitigação.
7 – Modelar a parte dos custos que possam ser transformadas em aplicação econômica e,
portanto, daqueles abatidos.
eC – estado de Conservação
Sb – área total da bacia
Sad – superfície total de áreas degradadas
ƒ– em função de 1 a n tipos de impactos
Σ Sat – somatório das superfícies de áreas degradadas por tipos de degradação com
indicação da intensidade dos impactos (Tabela 1) com dedução de funções por
caso, nesse membro.
ƒ imp ... – função dos impactos como, por exemplo, as variáveis de repercussão.
– são muitas as variáveis do tipo “imp” e entre elas pode-se citar: (1) área
impactada (2) perda de valor de uso da terra (3) áreas que são impactadas como
repercussão de outra área originalmente impactada (4) perda de calado de rios
(5) diminuição de vazões específicas (6) descontinuidade floral do bioma entre
outras; a família de variáveis de repercussão tem diversas unidades dimensionais
tais como área, massa, perda de qualidade, extinção de espécies, desestruturação
sistêmica, destruição dos sistemas, entre outros assuntos tomando-se os sistemas
e as relações entre os mesmos.
ƒ imp ... – essas variáveis dependem dos impactos efetivos em cada área; são muitas as
unidades de medidas.
A equação pode ser tratada ou pela área total ou por tipo de área degradada, conforme se
queira dar ênfase ou estudar os impactos por resultados no ambiente, no caso de avaliação
de áreas, mas as outras variáveis acima citadas devem ser tratadas tanto do ponto de vista
ecossistêmico quanto econômico.
Os valores expressos em percentuais o são para serem aplicados de modo dedutivo, isto
é, quando se puder e tiver os valores percentuais medidos, esses devem ser enquadrados
em intervalos de valores que se consideram dedutivamente mais ou menos críticos.
Fica evidente que os valores podem ser expressos em diversos intervalos para se facilitar
a inclusão do observado em condições de criticidade conveniente. Alguns aspectos
relevantes no que diz respeito a áreas são os seguintes:
4 – Uma área impactada é fonte de outros tipos de impactos em áreas mais longínquas de
modo que não se possa reconhecer que a área total de impacto seja contínua?
Essas seis perguntas perfazem um quadro de relações causais que permitirá a priori
caracterizar-se qual é efetivamente a área de impacto para então expressar-se as medidas
possíveis para cada situação apresentada nessas perguntas. Aperfeiçoamentos podem ser
esperados com a aplicação progressiva. Os valores percentuais são intervalos para se
enquadrar os impactos observados e medidos. Apesar dos aspectos semiquantitativos
apresentados conterem certo grau de subjetivismo eles dão uma ordem de grandeza dos
impactos e das medidas de mitigação consideradas.
As faixas escolhidas para o Quadro8.1 têm valores definidos de modo ‘qualitativo / semi-
quantitativo’ e como predeterminantes de limites considerados lógicos, a saber:
1 – Os valores < 10% até 10% devem ser considerados quando se reconhece que o estado
de uma área é realmente não impactado, ou minimamente impactado, passível de solução
técnica convencional e de baixo custo operacional.
2 – Os valores entre > 10% até 20% já indicam para cada caso de impacto específico,
entre os 23 tipos de impactos citados acima, como exceção o de número 24, aquela
condição que é ainda viável ser realizada mitigação com tempo de retorno dos custos em
intervalos de tempo entre 2 a 5 anos, a partir das consequências benéficas derivadas da
mitigação; toma-se 5 anos como referência porque certo grupo de plantas utilizáveis em
replantio ecológico-econômico podem frutificar em até o limite máximo considerado.
4 – Os valores entre >50% até 65% implicam em riscos de mais alto nível para o sucesso
da mitigação, quaisquer que sejam; implica também que já existem impactos em cadeia
o que vem a tratar-se de processos mais complexos de gestão e de mitigação; os tempos
de retorno já são maiores do que 15 anos, e em alguns casos os impactos secundários
derivados de repercussão são irreversíveis, ainda que não comprometam os sistemas
impactados em nível de irreversibilidade nas condições de estado geral do sistema e/ou
de uso desse sistema.
5 – Os valores entre >65% até 85% implicam em perdas irreversíveis ainda que os
sistemas impactados não tenham perdido os aspectos gerais de seus funcionamentos, mas
as perdas são notáveis e podem exigir de 25 a 30 anos para recuperação; em alguns casos
como perda de calado em rios, portos e canais implicará em obras de engenharia custosas.
Quadro 8.1 – Intervalos deduzidos para expressar e/ou enquadrar níveis de criticidade dos
impactos ambientais em função dos diversos métodos de expressar impactos únicos e impactos
múltiplos.
médio inferior ⇒ degradação mais ampla do que na condição baixo a médio e que exige
intervenções com máquinas e/ou ações diversas para interrupção do processo.
>20% até 50%
médio superior ⇒ degradação mais ampla do que na condição médio inferior na qual é
necessário intervenções com máquinas e com obras de engenharia ou com ações de
reocupação dos solos.
>50% até 65%
superior ⇒ degradação efetiva com modificação da paisagem local ou não, mas com
exigência de intervenção corretiva para interromper o processo, ou recuperar o ambiente em
áreas críticas, com obras de engenharia; estágio de dispersão de poluentes irrecuperável em
virtude da extensão.
>65% até 85%
máximo ⇒ degradação sem retorno, impossível de recomposição de quaisquer ordens com
perdas irreparáveis para o território e sistemas naturais.
>85% até 100%
Assim, as indicações abaixo são definidas a priori para que os pesquisadores e doadores
de notas no monitoramento se enquadrem nessas definições de limites como modos
efetivos de classificar os impactos, as possibilidades, efeitos e custos de mitigação. No
que diz respeito aos processos de repercussão a noção de índices é de mais complexa
feição, todavia, necessária à produção desses indicadores indispensáveis. O Quadro 8.2
apresenta uma sucessão de repercussões que sem dúvida produzem efeitos diversos em
sucessão no espaço e no tempo. O Quadro 8.3 apresenta relações de repercussão. Neste
com apresentação de conjunto de possíveis de interações entre impactos de um modo
ainda mais amplo do que no Quadro 8.2.
Variáveis de repercussão são todas aquelas que dos pontos de vista físico, químico e
biológico atuam e levam as consequências do evento local de degradação até outras áreas
fora da área imediata da degradação.
II – Circulação hídrica
Zonas de recarga de aquíferos subterrâneos ZRA
Áreas precisas de recarga de aquíferos APR
Nascentes de água NA
Cursos d’água Cd’a
Trechos de curso d’água TCd’a
Áreas de inundação permanente AIP
Áreas de inundação periódica AIp
Lagoas Lg
Pântanos Pnt
Veredas VRD
Capacidade de campo de solos CcS
1 – Aumento de evaporação.
6 – Represamento de Veredas pelas
2 – Destruição do ecossistema associado.
rodovias
3 – Morte dos Buritis por excesso de água nas raízes.
IV – Erosional Er
Erosão laminar Erl
Erosão em sulcos Ers
Erosão acelerada Ea
Voçorocas EVç
V– Geotécnico GeoT
Escorregamento de talude Et
Enchentes Ench
Entupimento de talvegues Etal
1 – Inutiliza solos.
2 – Pode tornar-se fonte de disseminação de metais
pesados.
16 – Comprometimento de solos e 3 – Pode afetar a produção agrícola com absorção
sedimentos com metais pesados dos metais.
4 – Pode favorecer a infiltração em água
subterrânea.
5 – Pode vir a ser uma fonte difusa de poluição.
ÍNDICES SEMI-QUANTITATIVOS
É preciso que qualquer avaliador seja capaz, portanto, de expressar os impactos em função
de:
(1) áreas, como extensão total de ocorrência de cada impacto e do conjunto de impactos
associados a cada caso com repercussão, para todos os casos sem qualquer outra
consideração,
(2) área do impacto em si com mitigação possível com (tempo de retorno até 2 anos),
(3) mitigação ou reconstrução ainda possível (tempo entre 2 a 5 anos),
(4) reconstrução ou restauração difícil com custos maiores, mas ainda possível (tempo de
retorno de 10 ou 15 anos),
(5) com intervenções de máquinas necessárias para a reparação com interrupção de
processo (tempo de retorno de 10 ou 15 anos),
(6) intervenções com máquinas e com obras de engenharia, ou com ações de reocupação
dos solos (tempo de retorno de 25 a 30 anos),
(7) modificação da paisagem local ou não, com exigência de intervenção corretiva para
interromper o processo + obras de engenharia (tempo de retorno >30 anos, <50anos),
(8) dispersão irrecuperável (tempo de retorno > 50 anos) e
(9) degradação sem retorno e com custos irrecuperáveis.
Quadro 8.3 – Matriz de Impactos do Quadro 9.2 com indicação de relações possíveis embora não
necessárias entre os mesmos impactos, que podem ocorrer tanto no mesmo espaço quanto em
espaços a jusante e no tempo como sucessão de eventos, entre os 32 tipos de impactos
considerados; os números procedem do Quadro 9.2.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
1 x x x x x x
2 x x x x x x x
3 x x x x x x x x x x x
4 x x x x x x x x x
5 x x x x x x x x x
6 x
7 x x x x x x x x x x
8 x x x x x
9 x x x x x
10 x
11 x x
12 x x
13 x x
14
15 x
16 x x x x x
17 x x
18 x x x x x
19 x x x x
20
21 x x x
22
23 x x x x x
24 x
25 x x x x
26 x
27
28
29
30
Quadro 8.3 – Continuação da Matriz de Impactos do Quadro 9.2 com indicação de relações
possíveis embora não necessárias entre os mesmos impactos ...
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
1 x x
2 x x x
3 x x x x x
4 x x x x
5 x x x x
6 x
7 x x
8 x x x
9 x x
10 x x x x
11 x x x
12
13 x x
14 x x x
15
16 x x
17 x
18 x
19 x x
Quadro 8.3 – Continuação da Matriz de Impactos do Quadro 9.2 com indicação de relações
possíveis embora não necessárias entre os mesmos impactos ...
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
20 x
21 x x
22 x x
23 x
24 x
25 x
26 x x x x x
27 x x x
28 x x x
29 x
30 x x x
Assim, as indicações abaixo são definidas a priori para que os doadores de notas para o
monitoramento da situação se enquadrem nessas definições de limites como modos
efetivos de avaliar impactos e possibilidades, efeitos e custos de mitigação. Cabe ressaltar
que as notas devem ser estimadas ou reconhecidas em função de:
1 - As áreas,
2 - Dos efeitos de repercussão ainda considerados em áreas vizinhas,
3 - Da intensidade dos efeitos como destruições diversas e
4 - Da viabilidade de obras de mitigação em função de custos pecuniários e tempos de
retorno.
<10%
até > 11%
1 – Encrostamento
até
localizados de solos.
20%
2 – Desmatamento <10% a
controlado feito segundo até > 11% > 21% a conside-
> 51%
critérios de legítimo uso da até até considerar rar
até 65%
terra com retornos 20% 50% inaceitável inacei-
econômicos de bom nível tável
– Desmatamento realizado a
> 21% a
de forma descontrolada e não > 51% conside-
até considerar
sistêmica até 65% ar inacei-
50% inaceitável
tável
4 – Desmatamento extensivo
> 66% > 86%
e aniquilador de
até 85% até 100%
ecossistemas.
5 – Ruptura do processo de
> 11% > 21%
infiltração da água pluvial > 51% > 66% > 86%
até até
nas zonas de recarga dos até 65% até 85% até 100%
20% 50%
aquíferos subterrâneos.
6 – Comprometimento de > 66%
> 86%
solos e sedimentos com até 85%
até 100%
metais pesados
7 – Diminuição das vazões > 66%
> 86%
específicas de curto, médio e até 85%
até 100%
longo prazo.
8 – Processos erosivos em > 21% > 51%
> 66% > 86%
vários estágios de até até 65%
até 85% até 100%
adiantamento. 50%
9 – Áreas extensivas com > 51% > 66% > 86%
encrostamento de solos. até 65% até 85% até 100%
10 – Poluição pontual > 11% > 21% > 51%
proveniente de áreas urbanas até até até 65% > 66% > 86%
e de indústrias nos cursos 20% 50% até 85% até 100%
d’água.
11 – Poluição difusa das > 51% > 66%
atividades agropastoris. até 65% até 85%
12 – Enrijecimento de solos
com pisoteio de gado, fato > 66% > 86%
que ocorre nos caminhos de até 85% até 100%
pisoteio.
13 – Exploração indevida de > 51% > 66% > 86%
Veredas. até 65% até 85% até 100%
Quadro 8.4 – Continuação de Relação dos 32 tipos de degradação com descrições em relação a
índices semi-quantitativos reportados a ‘áreas, a intensidade e a repercussão do processo
degradacional’. Os índices em percentuais devem ser enquadrados para as relações área /
intensidade / repercussão.
Percentuais limites
definidos segundo baixo a médio médio
baixo superior máximo
expectativas de estado de médio inferior superior
degradação
14 – Represamento de > 51% > 66%
Veredas pelas rodovias. até 65% até 85%
15 – Ressecamento definitivo
de áreas de inundação > 86%
permanente e de áreas de até 100%
inundação periódicas.
16 – Produção de
descontinuidade floral ao
> 66% > 86%
longo do bioma com
até 85% até 100%
remanescentes de matas
isoladas.
17 – Construção inadequada
<10% > 11% > 21% > 51% > 66% > 86%
de barramentos de quaisquer
0% até 20% até 50% até 65% até 85% até 100%
tipos.
18 – Queimadas de origem > 51%
antrópica. até 65%
19 – Impedimento dos
processos reprodutivos das > 66% > 86%
espécies de animais até 85% até 100%
existentes no bioma.
20 – Poluição pontual a
> 21% > 51% > 66%
difusa provenientes de
até 50% até 65% até 85%
indústrias rurais.
21 – Indução à erosão
> 51%
propiciada pela construção
até 65%
de vias.
22 – Poluição derivada das
vias seja pelos próprios
> 51% > 66%
transportes ou por atividades
até 65% até 85%
comerciais e residenciais ao
longo das vias.
23 – Agricultura intensiva
fora de planejamento do > 66% > 86%
desenho de uso optimal do até 85% até 100%
território.
24 – Áreas inundáveis por
nota
barragens em projeto prévio <10%
máxima
de construção, tomada sobre até
> 11% de
a área máxima de um modelo
até 20% sucesso
em relação ao outro, e em
> 21%
função da produção esperada
até 50%
de energia
> 66% > 86%
até 85% até 100%
> 11%
<10% considera conside-
até
até 10% do de rado de
20% isto
25 – Poluição de corpos isto com > 21% > 51% alto alta
é com
d’água depura- até 50% até 65% improba- improba-
depura-
ção bilidade bilidade
ção
natural de de
natural
recupe- recupe-
ração ração
REVITALIZAR
Assim, pode-se buscar as condições que possam ser denominadas “revitalização” a partir
dos conceitos-chave, acima identificados, sob a égide da mitigação, haja vista que os
conceitos 2 e 3 são essencialmente operacionais (Figura 8.1).
A revitalização assim é vista como recuperação das áreas degradadas em correlação com
a “recuperação possível” do ecossistema enquanto tal, e das condições financeiras de
viabilidade econômica.
A revitalização deve, todavia, não ser pensada apenas do ponto de vista de um tema, mas
deve ser vista no conjunto de temas da degradação e deve ser cartografada de modo
correto em escalas de detalhe de 1:10.000 a 1:5.000 de modo a permitir a visão integrada
das questões e dos impactos.
Figura 8.1 – Organograma do conceito de revitalização em nível de contexto; são cinco unidades
de cognição e de operação enquanto os sistemas naturais estão concernidos; as questões
econômico-financeiras devem posteriormente ser introduzidas para se considerar a viabilidade
da revitalização (Martins Jr., org, 2011).
Entenda-se que um impacto nunca é apenas um impacto, mas sempre tem influência em
outras áreas físicas ou em outros sistemas. Assim não somente a visão espacial, mas a
visão sistêmica também deve dirigir a decisão quanto ao revitalizar, e por certo as
questões da viabilidade ecológica e da viabilidade financeira são centrais no processo de
decisão.
Claro é que se devam levantar as condições reais da bacia hidrográfica, e não menos das
propriedades rurais, agrícolas e industriais (Quadro 9.2), de modo a se poder decidir com
a visão integrada necessária. Para tanto, a série de decisões deve ser fundamenta nos
zoneamentos ecológicos, econômicos, ecológicos-econômicos, na cartografia dos estados
de preservação, conservação e degradação e por fim no Desenho de Uso Optimal do
Território – DUOT e no Mapa do Futuro (Figura 8.2).
Por certo, que todas as obras indicadas no Quadro 8.5 contribuem em muito para o
emprego, para o desenvolvimento econômico, e se assim não o fazem de modo
sistemático, isto acontece pelo modo desconsiderado com os aspectos ambientais, do
despreparo dos políticos administradores que não fazem respeitar minimamente as leis
existentes.
Na mesma Figura 8.2 chama-se a atenção para uma série de certificações agrupadas
dentro do conceito de “Certificação da Qualidade Geo-ambiental e Econômica de Bacia
Hidrográfica, de Propriedades Rurais e da Produção”.
Tais certificações não são tratadas nesse projeto, embora sejam estudadas e estejam em
estado avançado de concepção. São, todavia os modos referenciais de se medir a
aplicação de boas práticas e os sucessos e insucessos das políticas de gestão derivadas
do conjunto de zoneamentos em relação ao Desenho de Uso Optimal (Figura 8.2).
Figura 8.2 – Procedimentos conceituais, metodológicos e administrativos necessários para a
Modelo de gestão de bacias hidrográficas e de propriedades rurais no âmbito de um sistema de
decisão para o planejamento e a revitalização; as certificações são citadas, mas não são alvo
desse projeto (Martins Jr., org, 2011).
O Quadro 8.6 aponta para as técnicas de mitigação. Essas devem ser alvo de três tipos de
avaliações: (1) a viabilidade geo-ambiental (2) a viabilidade econômica e (3) poder
fazer parte de soluções ecológico-econômicas.
Quadro 8.6 – Impactos e ou degradação e indicações de mitigação necessárias.
Segue, portanto, uma lista desses processos para os quais as alterações na Natureza têm e
repercutem de modo efetivo nas condições econômicas de uma nação e não menos no
sistema planetário.
[poluição progressiva dos solos que permite infiltração após um número de anos para
a circulação hídrica – NPK, metais pesados]
⇒ Impactos sobre os cursos d’água e corpos d’água em geral (como pode ser observado
na Figura 9.1).
1 2
3 4
Figura 9.1 - Bacia do rio Urucuia no Noroeste de MG - Córrego Campo Grande (1, 2) e córrego
da Grota Seca (3 e 4) (Fotos cedidas por Eng. Júlio Ayala, EMATER).
Eis um tipo de impacto sobre quantidade de água em circulação cujos resultados saíram
em estudo no ano de 2009 no “Journal of Climate” da Sociedade Meteorológica
Americana que publicará estudos sobre os 925 maiores rios do planeta – A pesquisa foi
realizada no “National Center for Atmospheric Research” com dados coletados entre
1948 e 2004 (Aiguo et al., 2009). Os resultados sobre rios do Brasil são em síntese os
seguintes: (1) a bacia do São Francisco com perda de 35% da vazão (2) a bacia do
Amazonas com perda 3,1% (3) a bacia do Paraná com aumento de 6,0% e (4) a bacia do
Tocantins com de aumento 1,2%
Essas situações ocorrem de modo oscilante e pode-se também estar vivendo entre ciclos
de funcionamento da atmosfera, combinados com as previsões acima indicadas.
o conjunto de trocas de massa, energia e informação que flui por todo o planeta na
atmosfera, hidrosfera, biosfera e litosfera, tendo a água circulando nos quatro estados
físicos – sólido, líquido, vapor e plasma; a circulação em seres vivos deve fazer parte
do processo geral bem como a circulação nas obras humanas, apesar das peculiaridades
desses dois fatos.
PROBLEMAS
Figura 9.2 – A caracterização de áreas-tipo hídrica deve ser realizada em diversas escalas de modo
progressivo para se definir os macro-ambientes e os sucessivos ambientes dentro de cada macro
ambiente; nessa figura são apresentados macro-ambientes em uma perspectiva regional; as
zonas de recarga não são indicadas (escala original 1:250.000 - Projeto CRHA, 2006 – Coord.
Martins Jr.).
(1) evapotranspiração
(2) produção / manutenção de umidade relativa
(3) infiltração em solos e aquíferos
(4) escoamento superficial total
(5) escoamento superficial imediato pós-chuvas
(6) retenção em aquíferos
(7) trocas dos aquíferos com os cursos d’água
(8) escoamento superficial, embora com valores médios anuais mantidos, mas com
descontrole por incremento excessivo na estação chuvosa
(9) perda universal de solos
(10) condições de conservação das zonas de recarga dos aquíferos
(11) todo tipo de erosão
(12) colmatação de barragens, lagos e pântanos
(13) trocas eólicas
(14) trocas por glaciares
(15) desertificação
(16) salinização de solos e/ou de fundos de lagos ressecados
(17) trocas de gazes com a atmosfera
(18) produção de folhedo (serapilheira)
(19) a produtividade primária (Gersmehl, 1976) e, em referência a outros aspectos, que
não sejam necessariamente ligados ao clima, tem-se ainda:
(19 - 1) a vida animal e a cadeia trófica total e
(19 – 2) o aumento ou a diminuição da área total vegetada, que podem ambos
(19 – 3) também podem ser afetadas pelo clima e seus agentes.
ECONOMIA FÍSICA
Do ponto de vista da Economia, conecta-se a Economia física aos valores de terras que
apresentam as seguintes relações centrais:
Esses três aspectos são mensuráveis em escala de detalhe, a saber, pelo relatório de custos
crescentes com a agricultura, ou pela análise do estado do grau de uso da terra e seu estado
de contínuo uso agrícola.
Tais análises são necessárias em relação aos valores de custos de todas as técnicas de
restauração, incluídas as dos usos e consumos de insumos e de biocidas, bem como de
irrigação. A irrigação, todavia, tem significados distintos e o que importa saber é se a
irrigação utilizada veio a ser pelo efeito da diminuição da quantidade de água em função
das culturas que são utilizadas. Nesse caso as culturas que foram utilizadas ou ainda o são
ou as novas culturas implicará uma análise da demanda efetiva por água por ha
2 – Perda efetiva da qualidade de produtividade da terra seja com insumos seja sem
insumos como no plantio direto.
Muitas vezes pode-se ter noção da produtividade em dada fazenda e nas glebas de terra.
Quando possível é bom se observar as perdas de produtividade em sucessivos seja quando
o agricultor use insumos ou mesmo com o uso da técnica de plantio direto. O valor desse
indicador pode ser dado pelo aumento de custos por hectares nos plantios, feitas todas as
correções para cada cultura com suas exigências, os plantios em cada parte do terreno ao
longo do tempo e/ou com ou sem interrupções.
Essa noção é temporal e implica as outras duas. Nesse caso deve-se estabelecer uma
prospectiva em caso de declínio de condições de plantios e alguma previsão de perda de
produtividade pelos anos vindouros, o que pode ser obtido por uma previsão de perda
pelo esgotamento da terra em processo. O esgotamento da terra é mensurável por
medições de perda de nutrientes in natura, e aumento progressivo do uso de insumos.
A Economia Física deve ser também vista como aquela que traduz as relações de trocas
no planeta como um todo e nas bacias em específico. Nesse sentido as trocas são de massa,
energia e informação. Os estudos de Análise Exergética (Georgescu-Roegen, 1971;
Ayres, 1998) e os de Análise Emergética (Odum, 1996) são seminais e servem de
referência para esse tipo de trato da questão relativa à Economia Física.
Na ECONOMIA FINANCEIRA
1 – Destruição sistemática da terra mãe; essa situação deve ser considerada sobre grandes
extensões territoriais, como é o caso típico do Brasil (Figura 9.3).
Figura 9.3 – Evolução do espaço antropizado nos períodos de 1964, 1989, 2005 e cobertura nativa
remanescente em 2005, na parcela mineira da área de estudo. Histórico do desmatamento nos
divisores de águas dos rios Paracatu, São Marcos, Alto Paranaíba e São Bartolomeu (Carneiro
et al., 2009)
3 – Impacto sobre os preços dos alimentos; nesse caso o histórico, que não dos melhores,/
tem sido controlado pela abundância advinda do desenvolvimento tecnológico na
agricultura e o aumento de produção no País, embora que sem aumento de uso de terras,
mas uma vez que essas terras foram desmatadas arbitrariamente sem um planejamento de
uso da terra a luz de algum conceito de época equivalente ao conceito de Desenho de Uso
Optimal do Território.
Tem-se como evidente a relação imediata entre a dependência das atividades produtivas
agrícolas, localizadas na bacia, e os recursos hídricos disponíveis que se pode considerar
um fator crítico. Em assim sendo, a pergunta que se segue é:
Qual tem sido o custo ambiental, nos termos da bacia, dessas atividades agrícolas?
Essas três últimas questões apontam e/ou configuram, de fato, para investimentos em
revitalização ou para preservação ou também conservação ambiental (de recursos
naturais), em processo de exaustão ou não.
O fator tempo de exploração possível remanescente pode, em parte, ser apreendido pelos
custos crescentes de exploração desses recursos conforme aplicados pelos produtores
rurais. A relação |escala de utilização desses recursos naturais por essas atividades
econômicas| e a relação |custos de investimentos / dispêndios como custos ambientais| em
relação aos ganhos com a venda da produção explicitam de modo claro, ao longo do
tempo, o processo de impactos e de degradação das condições de produção e de
produtividade. Podemos denominar como ‘custos ambientais crescentes’ na forma de
remediação dos impactos ambientais.
Não se deve esquecer que todos esses estudos tratam de um diagnóstico para
customização (custo de degradação) da Bacia Hidrográfica, customização da exploração
econômica da Bacia e não customização das atividades. Essa customização é o fator da
viabilidade e conservação das condições de economicidade da bacia hidrográfica.
Do ponto de vista das atividades produtivas pode-se e deve-se tratar dos casos viáveis,
apesar do nível de degradação da Bacia em que essa estiver, mas que são ainda rentáveis
economicamente. Não seria o caso de se dar um viés de mitigação à própria atividade
econômica conforme os casos e quando possível?
Temos que tornar esses conceitos bem nítidos na aplicação específica em cada caso. Logo
o conceito de customização deve ser universal e amplo o suficiente. Este é o teste de
consistência da teoria e de sua aplicação prática.
Pode significar uma efetiva capacidade de expressar a avaliação do estrago que atividades
produtivas impactam no meio ambiente gerando sunk cost para a Bacia.
É o custo (sunk cost) do meio ambiente que está sendo customizado, de fato, para a Bacia.
É o custo de meio ambiente ou a customização da Bacia Hidrográfica, ou custo
irreversível (sunk cost) da bacia, ou custo da degradação ou ainda estimativa da avaliação
econômica dessa degradação.
CONCLUSÕES
Identificou-se 25 tipos de impactos, cujas formas de produzi-los podem ser diversas, isto
é, por agências diferentes, mas cujos resultados vêm a ser equivalentes, mesmo que os
agentes possam ser diversos.
Este é um texto complementar no qual se aplica a visão deste capítulo para descrever o
que sucedido no Vale do rio São Francisco. Este vale é um dos mais notáveis entre as
bacias hidrográficas da América do Sul. Participa quase totalmente do bioma Cerrado e
outra parte no bioma Caatinga e abriga ricas terras com agricultura intensiva,
florestamento com Eucalyptus spp, grandes indústrias, minerações, a região
metropolitana de Belo Horizonte, muitas cidades, hidroelétricas e outros aspectos da
economia nacional.
Martins Jr. (2012, in Projeto SACD) especificou um método para tratar com impactos em
bacias hidrográficas e neste são indicadas três tipos de variáveis macro, a saber: (1) a área
do impacto, não importando de qual tipo (2) a intensidade do impacto e (3) a repercussão
do impacto nas formas de impactos sucessivos. Na Tabela 9.1 foram selecionados dos 25
tipos de impactos básicos 17 tipos que ocorrem de modo intensivo em todo o vale do rio
São Francisco.
Tabela 9.1 – Tipos de impactos que ocorrem extensivamente no Vale do rio São Francisco (org.
Martins Jr, 2012), constituindo um estado de catástrofe ambiental.
Impactos Típicos Características de Repercussão
1 – Encrostamento e adensamento 1 - geralmente local quando em início de processo.
localizado de solos
2- aumenta o escoamento superficial durante
chuvas.
2 – Desmatamento controlado segundo 1 – impacto de perda florestal.
critérios de legítimo uso da terra com 2 – espera-se, se produzir impactos, seja sem
conservação de sistemas naturais repercussão.
1 – produz perda de espécies ou atua nessa direção.
3 – Desmatamento realizado de forma
2 – aumenta possivelmente a descontinuidade floral.
descontrolada e não sistêmica
3 – pode afetar a circulação hídrica.
1 – contribui para o fim de ecossistemas locais ou
de pequena extensão.
4 – Desmatamento extensivo e 2 – compromete a existência da fauna.
aniquilador de ecossistemas 3 – aumenta a descontinuidade floral.
4 – pode afetar a circulação hídrica.
5 – pode atuar como indutor de erosão.
1 – aumenta o escoamento superficial durante
chuvas e pós-chuvas.
5 – Ruptura do processo de infiltração 2 – diminui a infiltração.
da água pluvial nas zonas de recarga 3 – compromete a quantidade de água reservada.
dos aquíferos subterrâneos 4 – pode induzir a erosão.
5 – pode favorecer conforme o caso a facilitar a
infiltração de biocidas e NPK.
1 – essa diminuição pode resultar de impactos na
circulação hídrica.
2 – pode ser resultante de diminuição do processo
7 – Diminuição das vazões específicas
de infiltração.
de curto, médio e longo prazo.
3 – pode ser derivada de mudança climática.
4 – pode ser conjugada as relações dos itens 1, 2 e 3
ao mesmo tempo.
1 – perda de solos produtivos.
2 – perda universal de solos acelerada ainda que
sem erosão explícita.
8 – Processos erosivos em vários
3 – instabilidade com impactos sobre obras
estágios de adiantamento
humanas.
4 – desastres coletivos sobre obras humanas.
5 – perdas de vidas humanas.
1 – aumento expressivo de escoamento superficial.
2 – perda expressiva do processo de infiltração.
9 – Áreas extensivas com
3 – perda de nutrientes de solos.
encrostamento de solos
4 – perda de produtividade agrícola, pastoril e
florestal.
1 – produção de caminhos nas vertentes.
12 – Enrijecimento de solos com 2 – endurecimento progressivo dos caminhos.
pisoteio de gado 3 – endurecimentos do solo na pastagem.
4 – eventual aumento de escoamento superficial.
1 – efeitos na circulação hídrica
13 – Exploração indevida de Veredas 2 – efeitos na variação da quantidade de água para
menos, pelo aumento de evaporação
1 – aumento de evaporação.
14 – Represamento de Veredas pelas
2 – destruição do ecossistema associado.
rodovias
3 – morte dos Buritis.
Tabela 9.1 – Continuação de Tipos de impactos que ocorrem extensivamente no Vale do rio São
Francisco (org. Martins Jr, 2012), constituindo um estado de catástrofe ambiental.
Em assim sendo resta um grande desafio de se caracterizar o que venha a ser revitalização
da bacia hidrográfica do rio São Francisco em termos:
Este desafio necessita de uma política nacional de revitalização e os Estado da União têm
especial posição de responsabilidade diante dos fatos, bom como quaisquer níveis de
administração concernidas em todos os países do Mundo.
No ano de 2009 saiu a publicação do Trabalho Aiguo et al. (op. cit.). Relatando a perda
de vazão em 35%. Desde este ano 2009 o regime de chuvas no Sudeste do Brasil mudou
de modo que pode ser um ciclo de 40 ou 50 anos, como pode ser efeito da mudança
climática ou a superposição de ambos. Como estará atualmente a vazão do rio São
Francisco se o testemunho dos residentes é que o processo das fontes secarem ser muito
comum em muitas partes da bacia.
Urge agirmos como sociedade civil, cientistas, engenheiros, empresas com o apoio dos
governantes para que se possa salvar a bacia do rio São Francisco.
REFERÊNCIAS
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Freshwater Discharge from 1948 to 2004. J. Climate, 22, 2773–2792. DOI:
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Woodbury, New York: American Institute of Physics, ISBN 0-88318-911-9, retrieved 22
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Biótopos no Brasil. Base para um planejamento ambiental eficiente. 2ª ed. Belo Horizonte:
Fundação Alexander Brandt, 146 p.
Carneiro, J.A.; Martins Jr, P.P.; Oliveira, L.C. 2009. Projeto GZRP. Sexto Capítulo
“Monitoramento do Uso da Terra com Ênfase na Cobertura Vegetal, nos Períodos de 1964, 1989
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Dai, Aiguo, Taotao Qian, Kevin E. Trenberth, John D. Milliman, 2009: Changes in Continental
Freshwater Discharge from 1948 to 2004. J. Climate, 22, 2773–2792. doi:
10.1175/2008JCLI2592.1
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Martins Jr., P.P.; Coutinho, C.S.; Vasconcelos, V.V.; Carneiro, J.A.; Hadad, R.M.; Jano, D.R.;
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Odum, H.T. 1996. Environmental Accouting – Emergy and Environmental Decision Making.
New York: John Wiley & Sons. 370p.
10
DESENHO de USO OPTIMAL dos TERRITÓRIOS – DUOT
– Gestão de Bacia Hidrográfica –
Ética (Ea), Legislação (Lg), Economia Física (EF), Geologia ambiental Ga, Geologia
estrutural Ge, Estratigrafia Es, Geotecnia Gt, Pedologia Pd, Aptidão de solos AS, temas
sobre impactos ambientais IA, Hidrologia Hd, Hidrogeologia HG, Zonas (ZRAs) e Áreas
precisas (APRs) de recarga de aquíferos (Martins Jr. et al., 2006), Botânica Bt, Técnicas
de Conservação TC, Análise de Impactos sobre os biomas AI, Climatologia Cl,
Implicações das Mudanças Climáticas IMC, Engenharia Florestal EF, Engenharia
Elétrica EE, Engenharias Agronômica EAn, Engenharia Agrícola EAg, Lógica
Interdisciplinar (LI) e Inteligência artificial (IA).
O sistema DUOT com o Mapa do Futuro é o quarto sistema proposto como sequência
lógica da modelagem da gestão geo-agro-ambiental industrial rural de bacias
hidrográficas. Qual é, portanto, o sentido do sétimo sistema de suporte à gestão de bacia
hidrográfica DUOT? Pelo fato dos zoneamentos ecológicos, econômicos e o zoneamento
ecológico-econômico serem três produtos com feição de uma ontologia científica, e que
respondem à pergunta “o que é” como também podem responder sobre “o que pode ser
potencialmente”, eles são parcialmente fora de foco direto no que diz respeito a várias
exigências lógicas:
De fato, o DUOT responde à questão “o que pode e/ou o que deve ser”, que é questão
intrinsecamente distinta das questões “o que é” ou “o que potencialmente pode ser” como
no caso do zoneamento econômico; todavia, estes zoneamentos devem preceder ao
DUOT e são inseparáveis no processo de decidir e operar a gestão.
PROBLEMAS
A questão sequencial aos zoneamentos ZE-L, ZE-N e ZEE envolve ainda dois
procedimentos fundamentais. O primeiro é o diagnóstico, que deverá ter a feição própria
para os objetivos de um planejamento específico. O segundo trata da questão do que é
ideal para que as ações e os projetos executivos devam atender para manter as condições
ideais de sustentabilidade ambiental e econômica. A sustentabilidade dos sistemas
econômicos é retro-alimentada, no tempo, pela sustentabilidade ambiental. Assim essas
duas questões dizem respeito à natureza do(s) diagnóstico(s) e ao Desenho de Uso
Optimal do Território no âmbito de uma Política de Ordenamento do Território - POT.
OBJETIVOS
O que se entende por desenho de uso optimal? O uso optimal deve ser um conceito
epistemologicamente bem definido, isto é, um conceito que abrigue diversos paradigmas
setoriais do conhecimento, bem como soluções cientificamente reconhecíveis pela sua
legitimidade sistêmica. Da forma assim especificada fica claro que o desenho optimal não
é um esquema de força nem alguma espécie de regra total para o uso do território, mas
PRINCÍPIOS EPISTEMOLÓGICOS
Os princípios que devem reger um cenário ideal, ou mais de um cenário possível com
características ideais devem necessariamente tomar em consideração os diversos aspectos
modais, ou seja, as diversas modalidades segundo o conceito que H. Dooyeweerd (1958)
desenvolveu, como as modalidades em que as relações, entre sujeitos e objetos se
organizam e se inter-relacionam no mundo real. Partindo-se, portanto, dos princípios da
Teoria Cosmonômica (Dooyeweerd, 1958) pode-se enunciar alguns princípios:
[1] nenhum aspecto modal (físico, biótico, econômico, social, etc.) pode ser reduzido a
qualquer outro aspecto de outra modalidade sem que com isso se traga o pensamento a
uma antinomia cognitiva, e desta forma se venha a transformar os atos de intervenção em
atos potencialmente ameaçadores à estabilidade dos sistemas naturais.
[2] as relações na Natureza devem ser reconhecidas como tais em seus múltiplos estilos,
intensidades, taxas de trocas e de direções de fluxos, como base para qualquer decisão.
[3] as leis típicas que regem cada subsistema natural e cada subsistema de subsistema,
devem ser descritas envolvendo-se o reconhecimento das estruturas, funções, inter-
relações, interdependências e funcionamento em geral.
O desenho regional do uso optimal da bacia para se avaliar aspectos de aplicação entre
três programas, a saber, o SAF, a Permacultura e Agricultura Sintrópica em uma região
com indicadores regionais para agricultura irrigada, ou com falta de possibilidade de
irrigação, silvicultura com espécies nativas e/o com florestas mistas com espécies
nativas e espécies econômicas, visando a ideia de segurança ambiental.
Se esses quatro aspectos puderem ser maximizados pelo modelo DUOT ter-se-á toda a
lógica da Conservação ambiental estabelecida da gestão à prática efetivas.
Apresenta-se como ênfase três dos princípios acima enunciados, que devem ser
considerados como “princípios determinantes” das ações de planejamento em uma bacia,
no que diz respeito à conservação da circulação hídrica, da quantidade da água, via
controle da distribuição. Assim, o controle e manutenção da quantidade, e indiretamente
da qualidade, da água deve se assentar sobre três princípios:
[1] Em termos regionais a variação da quantidade de águas dos aquíferos e dos cursos
d’água, mantém-se ou se altera ao diminuir-se o escoamento superficial da fase pluviosa,
favorecendo a infiltração,
[2] O controle da demanda por água é a forma adequada para gerir o uso consuntivo, de
modo científico, quando já foi garantido o controle da manutenção da quantidade na
dinâmica retro-alimentativa do sistema natural e
[3] O ordenamento do território é o fator primordial para se garantir que a intervenção
humana, mesmo alterando a sub-bacia e os ecossistemas, não os coloquem em
condição de irreversibilidade.
Estes três princípios estão organizados em uma sequência lógica na qual se prioriza que,
estando a quantidade de água em circulação sendo equivalente em todos os anos, isto é,
obedecendo às variações cíclicas naturais, a distribuição temporal da água é que passa a
ser o problema fundamental.
No que diz respeito à prática da outorga de água implica que a condição primordial da
conservação tenha sido atendida por meio de ações de conservação e de preservação, que
serão decididas e praticadas de acordo com a realidade das zonas de recarga de aquíferos,
devidamente identificadas em localização e tipologia ecológica, bem como com a
dinâmica de infiltração. Isto jamais fora realizado em nosso País e tão somente a partir de
nossos estudos aqui apresentados em uma série de artigos.
A crença de que os altos de montanhas sejam zonas de recarga pode ser verdadeira em
algumas circunstâncias, mas não necessariamente em todos os altos, e não se deve assim
estabelecer uma generalização a partir desse aspecto geomórfico. Este assunto é parte do
sistema de decisão a ser sempre considerado, todavia, como já tornado evidente no
capítulo 6.
As condições de recarga envolvem desta forma entre muitos fatores, alguns, que se podem
considerar como potencialmente notáveis:
[1] A recarga depende do tipo de aqüífero, sendo eles basicamente de 6 tipos: (a) o de
rocha granular (b) granulares fraturados (c) aquíferos estratificados (d) o kárstico (e)
o kárstico fraturado (f) aquíferos alcalinos e secundariamente (g) os rasos, podendo aí
incluir-se os solos e saibros mais porosos.
A ampla área da rocha com intensa distribuição de diaclases e/ou com meso-fraturas,
permitindo porosidade e/ou zonas seletivas de infiltração,
Os aspectos kársticos típicos que sustentam infiltração,
Os solos mais porosos em superfície, tal que a infiltração se faça pelos mesmos, e
inclusive com acúmulo nestes próprios,
[4] Reservatórios podem existir de modo estratificado tal como as rochas portadoras
podem ser também estratificadas.
Por certo, a mais simples decisão já tomada na forma legal determina a priori parte do
desenho optimal. Como por exemplo:
Lagos têm especial função para as biotas aquáticas e pântanos são indispensáveis para,
por exemplo, produzirem nitrogênio para a atmosfera,
As áreas agrícolas não devem ser consideradas fato irreversível, já que uma verdadeira
política de gestão deve intervir e obrigar as correções e as medidas mitigadoras antes que
a atividade agrícola produza verdadeiras irreversibilidades generalizadas.
[5] como espécies de sustentação financeira para a manutenção das florestas biodiversas
plantadas em regime de manejo e uso de mais alta rotatividade.
O cômputo total de áreas plantadas deverá obedecer a critérios de partição dirigidos pelos
5 itens acima e ainda mais o balanço total com os outros tipos de florestas, matas, savanas
e terras de usos antrópicos diversos. As florestas biodiversas são por excelência aquelas
que traduzem melhor o binômio ecologia-economia.
[2] entre as oito variedades desejáveis, umas duas que forneçam frutos para as espécies
animais próprias da região,
[5] de possuírem espécies de árvores e arbustos oleaginosos, entre eles plantas exóticas
de rica produção de proteínas como as nogueiras, avelaneiras, amendoeiras provendo
meio de substituição de importação, e entre elas as oliveiras para produção de óleo de
oliva,
As Florestas, como medidas mitigadoras em áreas erodíveis e erodidas, são especiais para
fazer parte de modelos empreendedores de contenção e conservação de solos, saibros e
rochas menos frescas. As variedades devem ser plantadas sempre no sentido de que as
áreas mais degradadas devam receber as plantas de mais durabilidade além de obras de
contenção convenientes. As gramíneas são as companheiras ideais para todos os
processos de plantio, sendo plantas que funcionam como conservadoras de solos e de
serventia para adubação natural.
Entram nessas considerações para todos os tipos de florestas aqui sugeridas os seguintes
aspectos:
[2] uso adequado das áreas plantadas por espécie, por tipo de solo e de condições geo-
ambientais diversas,
[4] entremear com gramíneas das mais diversas variedades possíveis nas fases iniciais de
crescimento,
[8] balanço de captura de carbono com esforço para obtenção de créditos internacionais
entre outros temas de pertinência.
[1] os corredores terem larguras tais que permitam o crescimento de espécies arbustíferas
necessárias para fechar blocos contínuos de plantas,
[2] permitir o fluxo das diversas espécies animais pelos corredores, indo de um núcleo
florestal a outros núcleos, sobre grandes extensões medidas em centenas de quilômetros,
[5] ter espécies de frutíferas, que embora não sendo próprias da Região, perceba-se que
espécies animais locais aceitem como novas variedades alimentares conforme já
testemunhado entre aves,
As estradas devem ser arborizadas com árvores florais das mais diversas espécies,
fazendo grandes volumes para embelezamento dos caminhos e com árvores frutíferas para
alimentar a alimária do campo. As combinações eventuais de angiospermas e
gimnospermas podem produzir belos efeitos e efeito específico de purificação notável do
ar. Arborizar pelas estradas significa ainda praticar a conservação de solos e de vertentes
muitas vezes cortadas.
A QUESTÃO da BIODIVERSIDADE
Todas as sugestões acima apresentadas têm um carácter científico, e assim devem ser
implementadas com o auxílio de biólogos botânicos e zoólogos, visando permitir que as
ações de replantio ou mesmo de novos plantios sejam eficazes quanto aos resultados
esperados.
Quanto aos núcleos de vegetação natural remanescente deve-se de todo modo alisá-los,
isto é, replantá-los de modo a evitar fronteiras sinuosas e com tal procedimento evitando-
se ‘os efeitos de borda’ que é afinal de contas um efeito de interação indesejável com
campos agrícolas ou com assentamentos humanos de quaisquer tipos que sejam sobre os
remanescentes florestais.
Para uma mais efetiva eliminação dos efeitos de borda nos corredores plantados é
recomendável que espécies arbustíferas da vegetação local sejam plantadas de um modo
mais densamente distribuído, visando isolar os corredores da ação humana e tornar a
penetração nos mesmos, mais difícil.
Todo o esforço deve ser de se diminuir as interações entre campos agrícolas e corredores
e florestas remanescentes, criando-se condições plausíveis para mínima interação, o que
implica em:
[1] uso de espécies mais protetoras, como as portadoras de espinhos, contra a entrada do
homem e de animais domesticados, quando o corredor for exclusivo para os animais e
plantas silvestres,
[2] carreiras duplas de árvores frutíferas de grande porte que possam servir de isoladoras
do núcleo do corredor com as espécies nativas,
PRECEDENTES do DESENHO
(1) trata, a priori, todos os subsistemas de “modo integrado” em suas totalidades, tanto
quanto de “modo ontológico”, isto é, apreendendo os sistemas por eles mesmos,
(3) trata-os de modo transdisciplinar, quando se modela o sistema natural pelo viés das
peculiaridades das funções associativas da humanidade, objetivando, assim, os sistemas
naturais para fins vários, e entre eles os fins de produção econômica.
Como visto acima tem-se na noção de desenho uma noção integradora: cartográfica,
ecológica, econômica, logística, climatológica com outras ciências e temas, e que se
define como:
O desenho regional e/ou local, na forma de zoneamento das condições de usos, que se
julga devam determinar o que seja o uso optimal ou ideal da terra (terra, no sentido de
todas os subsistemas e das interações entre esses).
A noção de desenho, no sentido aqui discutido, é uma noção de “modelagem do que deva
ser”. Para o sentido de modelar aplica-se como definição a:
Por sua vez, o somatório de cenários locais deve ser integrado como um [Modelo de Uso
Optimal], genérico e amplo o suficiente para nele se trabalhar com diversos cenários
cambiantes no tempo – [Cenários-Modelos Temporais – CMT]. O tempo entra como um
fator fortemente associado à produção rural e industrial e pode-se entender como um
tempo na “Modalidade Econômica” no sentido de Herman Dooyeweerd (1958) adotado
por Martins Jr. (2000). Assim os cenários incluem, ao longo dos anos, a temporalidade
das atividades humanas dentro do campo real da Economia e da transformação das
técnicas produtivas.
Os aspectos optativos são todos aqueles que são permissíveis, mas dependem ou de
negociação entre o comitê de bacia e os proprietários rurais, ou de algum interesse de fato
para o sistema produtivo.
Outro aspecto importante deve-se ter em conta em relação com as licenças a serem dadas
ante as condições apto, restrito e inapto do mapeamento de Aptidão dos solos e o uso da
Agroclimatologia, pelo fato de que o uso dos solos em cada uma dessas condições pode
implicar no uso de insumos que, conforme a situação possa vir a afetar áreas sensíveis.
Todavia, nem sempre uma área sensível deve ser necessariamente classificada como uma
área totalmente restrita, mas isto implica aplicar cuidados especiais.
OS ASPECTOS ECONÔMICOS
Até muito recentemente não se teve condições, ou não havia mentalidade, para se agregar
o custo ambiental aos produtos. Ao se começar um movimento neste sentido já existe um
passivo ambiental a ser pago pelas gerações, atual e futura, a fim de reparar o processo
degenerador que anda em curso, e de restaurar a algum nível significativamente viável
parte do que fora perdido. Tal passivo deverá ser recobrado na forma de impostos e de
ações consertadas que terão ônus efetivo sobre a coletividade.
É notável também que a regeneração nunca é completa por não haver meios de fazer
retornar a riqueza para uma mitigação total. De fato, a regeneração pode ser ampla
dependendo de uma lógica de uso dos poderes da revegetação que pode durar o tempo de
gerações.
Um exemplo notável é o desmatamento feito no Vale do Rio Doce sob o intento principal
de atender às empresas metalúrgicas e siderúrgicas situadas nesta bacia hidrográfica e
alhures. Por certo que os preços ambientais agregados aos produtos atuais já deveriam de
fato começar a agregar o passivo ambiental produzido por estas empresas que devem hoje
à Nação a solução desse problema maior. Como agregar a microeconomia industrial e à
macroeconomia social o custo real dessa restauração sem inviabilizar um frágil processo
industrial? No entanto, o problema existe, e sem uma lógica que associe restauração com
interesses socioeconômicos, e tanto quanto a experiência o demonstre ficará inviável, e
assim os ecossistemas que restam progredirão ou podem progredir em irreversibilidade.
O que ocorreu de fato é que os processos industriais implantados nesse Vale não foram
avaliados de modo algum quanto ao custo ambiental, daí decorrendo o caos ecológico em
que está o Vale do Rio Doce. Como agregar este custo efetivamente à política ambiental
e à política de preços industriais através dos dois princípios: o do imposto e o de controle
atual da qualidade? Será isto uma causa perdida?
Esses são alguns dos aspectos de ordem econômico-social que influem na perspectiva das
relações da Ecologia, Ética e Economia no caso de extração de recursos naturais, tanto
quanto no caso de implantação de indústrias e de projetos agrícolas. Neste último caso
ainda podem ocorrer demandas excessivas de quantidade de água, o que pode ser
provocador de stress na bacia.
Esses tipos de temas, entre outros, podem fazer parte direta e indiretamente do Desenho
de Uso Optimal do Território de uma bacia hidrográfica e devem também ser
representados com semiótica adequada em mapas, especialmente nos mapas de cenários.
(1) não haja descontinuidade floral sobre grandes extensões, tal que afete o bioma e os
ecossistemas específicos locais, de preferência nenhuma descontinuidade floral,
(2) que as descontinuidades não cheguem a ser um obstáculo real às trocas de informação
genômica entre as populações de espécies terrestres,
(3) que não haja irreversibilidade de algum ecossistema específico, quando este ocupar a
totalidade do ecossistema maior em uma bacia, ou quando for o único ecossistema em
uma sub-bacia de 3ª a 8ª ordens,
(4) que haja comunicação entre maciços florestais e matas diversas com as floretas
ripárias, comunicando todos os corpos d’água correntes,
(5) que haja segurança para as espécies terrestres circularem pelos corredores,
(6) que se elimine, de fato, todo efeito de borda em maciços, corredores e florestas ripárias
e
(7) que nenhuma população animal e grupo de plantas arrisquem ser confinadas em
relativamente pequenas áreas menores do que 300 ha a 1.000 ha, conforme situações
específicas.
Corredores florestais fazem parte de cenários tanto quanto do modelo DUOT. A criação
de corredores florestais ecológicos e ecológico-econômicos (Martins Jr. et al., 2006;
2008) ao longo das linhas de cumeadas pode ser parte de um tipo de cenário. A sub-bacia
em questão, antes da década de 1980 era portadora de ecossistemas vegetais próprio de
áreas úmidas e inundadas (Figura 10.2, áreas em branco).
De um ponto de vista do Modelo DUOT esse deve se apresentar como uma carta de
limitações e de possibilidades na qual se resguardem concomitantemente a integridade
dos ecossistemas e da produção agrícola enquanto potencial, enquanto fato real atual e
enquanto cenários cambiantes no tempo.
Os mapas das Figuras 10.1 a 10.4 mostram a transição de um Zoneamento de viés
Ecológico (Figura 10.1), passando para o zoneamento de aspectos de caráter econômico
(Figura 10.2 e 10.3), até atingir o Desenho de Uso Optimal do Território com um cenário
específico (Figura 10.4).
Figura 10.3 – Zoneamento Econômico diagnóstico, ZE-Nd, dos Sistemas agrícolas da Bacia de
Entre-Ribeiros para o ano de 2008. Trata-se de um Zoneamento Econômico strictu sensu,
apesar de também delimitar a tipologia de fragmentos remanescentes de vegetação nativa (org.
Vasconcelos, 2009).
Figura 10.4 – Um estudo e um modelo de Desenho de Uso Optimal do Território dessa bacia de
3ª ordem com cenário de corredores desenhados em cor sépia para o planejamento regional,
como modelo/cenário de possibilidades geo-ecológicas e econômicas. Destaque para a área em
branco que corresponde à agricultura e pastagens; o impacto sobre as sub-bacias de 4ª e 5ª ordens
é visível na parte centro-oriental. Na lateral a extensão dos eixos da sub-bacia está em metros.
(Martins Jr. et al., 2007 in Projeto CRHA, 2006; Andrade, 2006).
Esse tipo de produção dentro de Modelo DUOT é expresso pelo potencial dos cursos
d’água pela análise de entropia de evolução da bacia hidrográfica. O método de análise
de perfil de maturidade foi estabelecido por Yang (1971) e foi aplicado e desenvolvido
para uso cartográfico dentro do Modelo DUOT pela sinalização de amplitudes de
potenciais com especial ênfase para pequenas centrais e mini-centrais hidroelétricas. Os
potenciais são indicados por coloração especial de trechos de cursos d’água, em função
de vazões específicas, em conjugação com diagramas do perfil previsto e do perfil
analisado de maturação da sub-bacia em questão. A locação de estações hidrométricas
deve ser adequada para complementar as informações de maturidade de perfil de modo a
se integrar a modelagem de vazões específicas e os perfis medidos para o conjunto de
sub-bacias, já que as locações devem ser exploradas em diversos rios e trechos dos
mesmos cursos d’água (Figura 10.5).
Figura 10.5 - Tela do sistema sisORCI para o programa de cálculo de perfil de bacia hidrográfica
de um Banco de Executáveis a ser introduzido em qualquer sistema de processamento; os dados
são provenientes do trabalho seminal de Yang (1971).
CONCLUSÕES
Assim, o sistema DUOT torna-se um sistema patenteável como novo método, novo
instrumento, e novo sistema de gestão ecológica e econômica de bacias hidrográficas,
inclusive com acesso viam rede e sistemas executáveis próprios.
REFERÊNCIAS
Palavras-chave: índice de sustentabilidade, boas práticas, produção, rural, industrial, lógica, teoria
de valor.
A história recente da Amazônia já aponta para uma nova tragédia no País e no planeta.
Assistimos a tudo isso de forma patética, agindo apenas com medidas paliativas e legais
para diminuir o número de incêndios e de desmatamentos nessa Região. Assim foi, e
assim será, até vermos a extinção da Floresta Atlântica, do Cerrado e da Amazônia. Não
existem indicadores bons de que essa tendência histórica mude. Danos há, totalmente
irreversíveis, com toda sorte de impactos e assim paira a pergunta – o que fazer? – com a
espada de Dâmocles sobre nossas cabeças.
Não existe um único tipo de ação para resolver essas tragédias, mas há necessidade de
um concerto de ações interligadas, interconectadas, consistentes, coerentes, ajustadas,
eficientes e eficazes em seus respectivos objetivos. Esse capítulo estabelece o terceiro
tipo de via com ações interligadas, dos quais a segunda foi também uma inovação
científica e tecnológica proposta desde 2002 (Martins Jr. et al., 2007a; Martins Jr. et al.,
2007b). São, portanto, várias ações com sistemas interconectados, a saber:
Com o conceito de certificação CQPE surge então como uma nova Abordagem
Interdisciplinar integrando novos conceitos, epistemologia própria, desenvolvimento
científico próprio e modelagem operacional administrativa a ser desenvolvida. Como
sistema e abordagem pode ser integrado aos conceitos das Abordagens disciplinar,
pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar (Martins Jr., 2000) para a gestão
agrogeo-ambiental e urbana das bacias hidrográficas. Esses estudos, portanto, dão
sequência e fazem parte da proposição inicial de criação do ramo de conhecimentos das
Geociências Agrárias e Ambientais (Martins Jr., 1998), mas deve ser considerado como
Abordagem parte de um trato plural com diversas ciências, temas e engenharias.
PROBLEMAS
(3) Como já indicado (Martins Jr. et al., 2007a, b), a arte de internalizar esses problemas
das descobertas produzidas nos âmbitos dos itens (1) e (2) nas ciências da
Administração (Ad) e nas Ciências Econômicas (CE).
(1) como tratar, reconhecer e dar nota aos limites entre sustentabilidade e
irreversibilidades parciais toleráveis em biomas e ecossistemas, que não impactem sobre
a totalidade de um ou mais sistemas e subsistemas naturais no médio e no longo prazos,
(3) como modelar a dinâmica de longo prazo com modos prospectivos, retro-alimentáveis
com os dados de atualização dos monitoramentos das bacias,
(4) como utilizar a análise exergética e/ou a análise emergética (Odum, 1996) como
modelos quantificadores dos processos acima considerados.
Esses princípios e conhecimentos devem entrar nessas ciências e práticas nas formas de
conceitos epistemológicos diretores, equações, regras de uso e de articulação em
conjunção com os conceitos econométricos financeiros e com os sistemas de
administração. Por certo restam as questões éticas que transcendem as questões legais em
si mesmas.
As questões éticas devem ser normativas de condutas que não são passíveis de serem
previsíveis por um sistema legal. De outro modo as questões éticas mediam as relações
de uma percepção e perspectiva científica que apontam para noções ontológicas sobre os
sistemas naturais e as limitações que a legislação tem em apreender e traduzir as relações
ideais, mesmo que sejam leis bem avançadas como é o caso da legislação brasileira apesar
de contradições entre sistemas de leis nos diferentes códigos.
OBJETIVOS
JUSTIFICATIVA
A certificação implica em qualificar uma bacia sobre a verdade de seu estado ambiental,
e assim oferecer todas as noções de qualificação sobre o que é uma bacia em estado de
boa e/ou de má qualidade, em um espectro de situações, além daquelas qualidades ou
condições que a legislação já é capaz de traduzir.
Cabe ressaltar que não se precisa necessariamente cartografar e desenhar os mapas das
disciplinas especialistas, mas utilizar diretamente as informações alfanuméricas e
pictográficas dessas análises disciplinares, para realizar o zoneamento ZEE. Todavia, isto
pode ser produzido conforme a práxis de cada equipe.
A noção de desenho é uma noção de modelagem do que deve ser. Chama-se a atenção
para a construção de Modelos Naturais e Econômicos – MNE, que devem ser
interpretados à luz de um Zoneamento Ecológico-Econômico ZEE, para então se vir a
determinar as macro condições legítimas e permissíveis de intervenção do homem no
ambiente. A modelagem DUOT pode então ser especificada como “pré-projeto executivo
regional - PER” sob o conceito de “cenários regionais e locais”.
O somatório dos cenários locais transforma-se no Modelo Atual de Uso Optimal genérico,
e amplo o suficiente, para nele se trabalhar com os diversos “cenários cambiantes no
tempo”. Assim os cenários incluem a temporalidade das atividades humanas dentro do
campo da Economia no mundo real e das técnicas produtivas usadas e mais atuais.
CERTIFICAÇÃO da QUALIDADE
(2) O Desenho de Uso Optimal, tanto sob o aspecto de “Modelo Geral” – DUOT, quanto
sob o aspecto de vários cenários – DUOT-Cenários (i = 1,n), que indiquem e normatizem “o
que e como deve ser o uso da bacia” no espaço e nos tempos, e enfim a certificação como
o passo seguinte
(3) Indicar todas as transformações ocorridas em direção aos vários usos optimais, sob a
égide dos vários cenários geo-ambientais e econômicos, como “cenários regional-locais
de disposições e de imposições”, que devem ser planejados, cooptados junto aos
produtores, monitorados para ser possível emitir-se certificados testemunhas do sucesso
da gestão e dos empreendimentos em integrar “Ecologia, Economia e Conservação”
enquanto práticas efetivas de gestão.
Qualquer decisão deve ser tomada em cima de critérios do que é verdadeiro, bom e
conveniente no tempo. Essas três macro-condições estabelecem a base para todo o
Sistema de Critérios Lógicos – SCL - e de Regras de Inferência – RI - sobre
sustentabilidade. Entende-se por Regras de Inferência:
Toda relação que possa ser estatuída a partir de relações previamente conhecidas, já
estabelecidas quantitativa e/ou qualitativamente, e que possam, ainda, traduzir novas
relações sobre as relações anteriormente percebidas, ou ainda novas relações então
desconhecidas, e neste caso que interessem aos objetivos de conservação ou de
intervenção sobre o meio-ambiente.
O Verdadeiro
O Conveniente no Tempo
Por outro lado, qualquer Teoria de Valores implica em uma ciência de relações entre o
homem e os sistemas naturais e sociais. Em nível mais avançado esta teoria implica
também em um conjunto de “relações, injunções e determinações” que apontem para uma
Ética, muito mais do que para um sistema de “obediência x desobediência”, que os
sistemas legais das nações significam e implicam. O Quadro 1.1 (a, b, c, d; página 12)
aponta para essa sequência lógica própria a uma Teoria de Valores.
Fica claro, que as regras lógicas mais evidentes dizem respeito às leis da Natureza e às
leis socioeconômicas, já que nesses três grandes sistemas – natural, social e econômico –
são reconhecíveis existir leis lógicas e funcionais que permitem e/ou traduzem a
sustentabilidade dos processos e a manutenção de suas existências enquanto sistemas. Isto
é claro, dado que toda sociedade, ainda que com produção de alto nível de valor agregado,
depende sempre na base da pirâmide da sustentação derivada dos sistemas naturais
solos, clima, circulação hídrica, agricultura, e outros, mesmo que essa dependência seja
atendida pela importação.
Mapas das Geociências, sob os pontos de vista da Geodinâmica Externa, muitos dos quais
devem ser ainda devidamente concebidos, são de particular interesse por envolver temas
típicos dessa Geodinâmica, tais como:
(2) Aspectos inorgânicos das condições limnológicas dos cursos d’água, lagos, pântanos
e outros corpos d’água
(8) As descrições dos ecossistemas dentro do bioma e de suas relações com microclimas
e com as várias condições do substrato e
(9) As áreas sensíveis das zonas de recarga de aquíferos e das áreas precisas de recarga
no interior daquelas, entre muitos temas da Geodinâmica Externa com os processos
supergênicos ou superficiais naturais ou induzidos antropicamente, próprios dessas
condições nos mais variados tipos de ambientes.
Especial ênfase deve ser dada a um dos tipos de Abordagem transdisciplinar, com o uso
da Termodinâmica, nas formas da Análise exergética (Georgescu-Roegen, 1970) ou da
Análise emergética (Odum, 1996) para aplicação indistinta em ciências da Natureza e
ciências econômicas (Projeto CAM, 1997). Estas duas formas de análise,
complementares, trabalham com o conceito de trocas de energia e massa nos sistemas
naturais e produtivos e permitem excelente nível de quantificação dos mesmos, sem o uso
da noção financeira na base dos cálculos.
A quantidade de energia que, fazendo parte da energia interna de um sistema, não está,
todavia, presa em sua estrutura, e assim pode exercer trabalho sobre o meio circundante
em se tratando de um sistema que não esteja em decomposição embora a decompisção
exerça trabalho na forma poluição.
Em certos casos bem específicos a exergia, medida em joule, é a própria energia livre de
Gibbs. Deve-se ter em mente que produtos transformados em lixo possuem exergia em
diversos níveis da complexidade da estrutura dos mesmos. Assim a exergia química de
um produto ou de uma substância que se decompõe pouco a pouco, atua em cada fase de
modo peculiar sobre o meio-ambiente.
A exergia é confundida por muitos com a própria energia de um sistema, mas deve ficar
claro que a energia de um sistema será sempre em parte presa a sua própria estrutura, e
somente a exergia vem a ser trocada com o meio, sob quaisquer modos que ocorram essas
trocas. Em certos aspectos a exergia mede a eficiência, mas não necessariamente, dado
que a exergia, de fato disponível, se comparada à eficiência de um processo, será sempre
maior do que essa, por efeito da entropia crescente com a execução do trabalho sistêmico,
como ocorre nos sistemas naturais, ou do trabalho produzido pelo homem com ou contra
a Natureza.
Exergia é a parte da energia que pode ser completamente convertida em qualquer outra
forma de energia.
Exergia é o padrão de qualidade de energia igual ao máximo trabalho que pode ser
obtido de uma dada "forma de energia", utilizando parâmetros do ambiente (p0, T0,
etc.) como aqueles do estado de referência.
A VARIÁVEL EXERGIA
Q = ∆U + W ou
∆S = Σ rev Q / T.
Porém, se o processo for irreversível, a somatória não pode ser calculada (no processo
irreversível, T ou p não é conhecido). Entretanto, a variação de entropia da fonte de calor
pode ser calculada em qualquer caso por ser constante sua temperatura. Limitando a
dedução ao caso em que o sistema troca calor com uma única fonte cuja temperatura é
T0, situada na vizinhança, temos:
∆S0 = - Q / T0
(lembremos que Q é positivo se recebido pelo sistema, ou cedido pela fonte cuja entropia,
neste caso, decresce),
porém:
∆S0 ≥ - ∆S e Q / T0 ≥ ∆S e finalmente
W ≤ - ∆U + T0 ∆S.
W ≤ -∆(U - T0 S).
A variação da função exergia entre os estados inicial e final do processo aberto, com o
sinal trocado, mede o trabalho máximo que o sistema pode realizar no processo.
Para definir-se o que é [valor], quanto aos aspectos da [economia interna dos
ecossistemas] necessita-se definir quais podem ser as questões que interligam a [ecologia]
e os [sistemas inorgânicos de suporte, incluída a atmosfera], por um lado, e as atividades
humanas de [organização] e de [produção social] com aqueles, por outro lado (Rolston,
1989) (Martins Jr., 1998, Tab.1 e 2 e eq. 1) (Faucheux et al., 1995).
De outro modo a noção de valor natural implica não somente os recursos naturais,
enquanto recursos como matéria-prima,
Todo sistema isolado mantém a sua energia não importa que transformações internas
nele ocorram, embora a tendência seja para maior entropia interna.
Ora, os sistemas naturais não são nunca isolados. Faz-se então necessário identificar e
enunciar um equivalente princípio de conservação para os ecossistemas, que sirva para
caracterizar o estado dinâmico de auto-manutenção. Pode-se enunciar que:
Todo sistema aberto, como são os sistemas naturais, crescem em ordem e/ou mantêm
sua ordem interna se receberem energia, mas sempre produzem entropia
correspondente ao tipo de trabalho interno de ordenação realizado.
Tal princípio concorda com o segundo princípio geral da Termodinâmica da entropia e
permite que sistemas naturais sejam perceptíveis como se o estado maturo de equilíbrio
de um ecossistema for equivalente a um “quase estado de auto-equilíbrio” [pelo menos
em suficiente escala de tempo].
Pode parecer utópica essa condição, mas faz sentido, se um sistema puder ser monitorado
e retro-alimentado, isto é, ser mantido em homeostasia, coisa própria para a atividade
econômica em macroeconomia, como por exemplo, sob uma perspectiva keynesiana
(Keynes, 2004) onde relações de dissimetria podem e devem ser corrigidas dentro da
perspectiva de uma homeostasia ou equilíbrio dinâmico econômico geral do sistema.
Sabido é, que todo trabalho produz entropia, ainda que o sistema que exerça esse trabalho
cresça em ordem. Todo movimento caótico que afaste um sistema para longe do
equilíbrio, colocando-o em flutuação, produzirá também entropia, ainda que esse mesmo
sistema venha a crescer em ordem (Prigogine & Stengers, 1988). Em todas essas
situações, todo acréscimo de ordem interna produz entropia, portanto, não se deve esperar
que a presença do homem no planeta não produza entropia sobre o meio-ambiente. Assim,
o que fazer quanto ao “balanço exergético (energia livre), em relação com a ordem pré-
existente e a que surgirá”, é o que deve caracterizar o fio condutor de qualquer análise
geo-ambiental e econômica.
Todo trabalho produzido pela exploração de um sistema natural gerará inexoravelmente
alguma entropia em um espaço, por assim dizer, externo ao sistema, ou interno ao mesmo.
Tomemos a Terra como exemplo.
[1] de como se fazer para que a entropia seja mínima, ou que a taxa de crescimento dessa,
intra-ecossistemas, seja mínima,
A cartografia DUOT, que serve de base para se estabelecer os cenários, é necessária para
a geração de um conjunto de critérios de sustentabilidade, que devem ser usados para a
certificação:
(01) usos e não-usos possíveis e/ou obrigatórios de solos
(02) quantidade e
(03) qualidade das águas superficiais e
(04) subterrâneas dos vários tipos de aquíferos
(05) conservação de ecossistemas particulares e do bioma regional
(06) conservação da qualidade química de solos
(07) desmatamento passados e atuais e análise de impactos
(08) condições de susceptibilidade a erosão
(09) ocorrência de erosão acelerada
(10) perda universal de nutrientes e de solos
(11) desvalorização de terras
(12) desertificação
(13) arenização
(14) secagem de rios
(15) alterações expressivas da circulação hídrica
(16) assoreamento de cursos d’água e de corpos d’água menores
(17) conservação de zonas de recarga de aquíferos subterrâneos (ZRAs)
(18) impactos sobre ZRAs
(19) perda de fauna e
(20) condições de conservação da fauna com a presença de atividades antrópicas
(21) critérios lógicos completos para projetos de licenciamentos agrícolas
(22) aplicação de critérios lógicos completos para projetos de licenciamentos de
construção de barragens
(23) análise prospectiva de impactos de obras de engenharia a construir
(24) análise e modelagem de compensações ambientais de impactos de obras a construir,
ou já construídas, com medidas de conservação e reconstituição de paisagens
(25) critérios de paisagismo rural
(26) medidas de previsão de incêndios naturais
(27) medidas regionais efetivas para evitar e apagar incêndios naturais, ou antropicamente
induzidos, com pesquisas e modelagem climatológicas de probabilidades de
incêndios naturais
(28) qualidade e quantidade da educação ambiental regional efetivas junto aos agentes
sociais público em geral e os proprietários rurais
(29) disseminação de projetos executivos de conservação e restauração de solos com
biodigestão anaeróbica e aeróbica no campo para aplicação de nutrientes e insumos
naturais
(30) saneamento ambiental urbano e
(31) corretos critérios para tratar com as águas de usos e de re-usos, entre muitos outros
temas.
Por certo, o sistema de certificação deve acompanhar as formas legais hoje existentes no
País, enriquecendo-as, com as exigências de (1) mitigação (2) ajuste de conduta (3)
reparos legais compensatórios, mas não somente isso. Todos os procedimentos ZE-L, ZE-
N, ZEE, eP, eC, eD, DUOT / DUOT-Ci (i=1,n) e SCQP fecham uma clave lógica do
diagnóstico, ao planejamento com prospectiva em forma de cenários, às premiações para
os produtores e para a qualificação nacional e internacional de nossos produtos.
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12
DESENVOLVIMENTO GEOAMBIENTAL E ECONÔMICO
– Gestão de Bacia Hidrográfica –
Que pese a contestação de Michel Bosquet jornalista francês em debate promovido pelo
Clube do “Nouvel Observateur”, em Paris, a 13 de junho de 1972 – poucos dias depois
da Conferência de Estocolmo disse: “A consciência ecológica ostentada por alguns
grandes patrões parece-me, antes, ser uma manobra estratégica com um duplo objetivo.
O primeiro é o de desarmar a contestação ecológica apropriando-se de alguns dos seus
temas, servindo-se deles como de um álibi ....” (Bosquet, 1973).
Este autor está convencido de que existia um álibi atualmente plenamente em curso pela
elite mundial do poder.
A concepção deste grupo ressoa até hoje dado que as condições ambientais têm piorado
de modo notável seja para a atmosfera, a biosfera e a hidrosfera apesar de alguns esforços
internacionais para se chegar a alguns acordos de condutas. A litosfera tem no aumento
da desertificação o paradigma de uma calamidade ameaçadora, bem como com a perda
de nutrientes dos solos e por não menos a perda dos próprios solos.
Para que ocorra o aumento de ordem em qualquer parte do cosmos é necessário que
ocorra um aumento de desordem em outra parte da vizinhança,
Toda produção gera resíduos, que são mais ou menos agressivos, logo toda produção
deve tender a condição de produção limpa cuja geração de resíduos oferecerá o menor
risco possível de exergia química no ambiente e de efeitos mecânicos sobre o mesmo.
Quer se queira ou não em toda cadeia de produção geram-se resíduos que devem de algum
modo ser guardados nos sistemas naturais, ou por eles ‘metabolizados’, como boa
metáfora biológica, e em muitos casos literalmente metabolizados pelo ecossistema.
Apresentam-se ainda seis enunciados categóricos:
Entende-se por soluções limpas aquelas que permitem, ou guardar resíduos, ou mesmo
transformá-los, reduzindo a exergia dos mesmos a substâncias não reagentes,
Todo posicionamento, por mais estabilizado que seja sempre será ao longo tempo uma
situação meta-estável sujeita às transformações geológicas de todas as estruturas e
objetos da superfície da Terra,
A localização mesma de resíduos quimicamente inativos nas planícies abissais dos
oceanos deve obedecer a condições tais que os mesmos não afetem as condições
sistêmicas das biotas marinhas,
Todo resíduo deve fazer parte da condição econômica do processo produtivo desde o
seu início ao resíduo final do produto, uma vez descartado.
Os enunciados acima são elucidativos do ponto de vista ontológico. Servem para dar
limites ao pensamento e aos modelos de interação socioeconômica / geoambiental no
processo de geração de superávit para as populações humanas. Decorre daí que os
sistemas socioeconômicos devem por sua vez também ser norteados por Princípios, a
saber:
Embora a riqueza possa fluir livremente no jogo de vai-e-vém do capital, o mesmo deve
ser regulado de modo a permitir que os tempos e as condições de trânsito permitam
sustentar a produção de riquezas localmente, enquanto aqueles capitais são remunerados
de modo justo, diminuindo-se assim os altos gradientes de riqueza, sem necessariamente
se interferir no armazenamento.
O controle do fluir deve ser feito pelo controle dos tempos de residência do capital e pelos
impostos ou não-impostos, conforme regras de residência em projetos de
desenvolvimento produtivo.
A noção de total e livre fluxo de capitais sem regulação aporta necessariamente um efeito
desestabilizador do sistema produtivo, e por outro lado favorece concentrar mais capital
nos armazéns pessoais, aumentando assim ainda mais os gradientes sociais de riqueza,
que são nocivos às sociedades por gerarem exclusão social, e ao fim poderem vir a
desestabilizar o sistema como um todo.
Os Princípios acima enunciados vão contra práticas atuais da economia. Neste sentido a
discussão com esses princípios, como pontos de partida, deve ser parte do processo
político e do processo teórico de caracterização do que é efetivamente desenvolvimento
eco-sustentável. E a pergunta primária é seria o projeto econômico atual forjador de
algum tipo de sustentabilidade?
Para responder a isto devemos notar que pelos resultados até então obtidos esse projeto
produz:
Profunda exploração dos recursos naturais com esbanjamento das riquezas produzidas
pelo ‘método consumista de viver’,
Depredação dos reservatórios naturais de recursos das águas, dos solos, da atmosfera
e da biosfera,
Deve-se, todavia, entender que a premência dos fatos em nível planetário tem favorecido
conceituar-se o desenvolvimento e analisá-lo sob a perspectiva da sustentabilidade, como
discutido no próprio âmbito do grande capital com visão mais integrada (Forum
Econômico Mundial, 2013). Estabelecidos esses princípios reconhecidos como válidos
deve-se ainda buscar na noção de ‘antinomia’ uma noção norteadora e delimitadora das
formas de pensamento como também do aspecto ontológico, sob a perspectiva aqui
estabelecida.
A noção filosófica de antinomia apresenta-se como uma norma para o adequado pensar,
isto é, aquele que capta a realidade, quando investigativo e/ou quando propositivo, sem
entrar em algum tipo de contradição com o real e com o próprio pensar. Acrescente-se
também quando ainda não gere antagonismos socioeconômicos e geoambientais, como
no tema aqui tratado. Deve-se adotar também a noção de antinomia para as ações humanas
que entrem em contradição com a sustentabilidade natural dos ecossistemas.
O plano de uso da terra e da água, bem como o quadro gera de ocupação dos territórios
e biomas de modo a se manter íntegros os vários sistemas naturais, não permitindo que
os mesmos possam ultrapassar o limiar de irreversibilidade.
Que pesem as dificuldades dos processos econômicos a viabilidade pode ser expressa
como a condição tal que:
Todas tais coisas ainda devem ser agregadas quanto aos aspectos de uso da água, seus
custos e conservação, uso dos biocidas e insumos adubos com as implicações de poluição,
de tal modo que esses aspectos todos sejam correlacionados e ao fim emirja uma visão
econômica parametrizada por um pensamento e práticas conservacionistas (Martins Jr. et
al., 2012, inédito).
(1) manter as zonas de recarga de aquíferos com condições naturais ideais de infiltração,
(2) a minimização do escoamento superficial derivado diretamente das chuvas por meio
de reocupação adequada do território com agricultura e silvicultura,
(3) o uso adequado de quantidade de água para a agricultura irrigada com o melhor
aproveitamento da relação cultivar / condições / técnicas de rega,
(7) a proteção de fontes no entorno imediato e nos trechos mais frágeis dos cursos d’água,
Florestas naturais podem ser de diversos tipos como as dos biomas, Cerrado e Caatinga,
as florestas úmidas e toda gama de variantes específicas dessas. A sabedoria, a
inteligência e o bom senso devem impelir à gestão das relações humanas com as florestas,
de tal modo que mantendo-as com adequados programas de conservação e de exploração
possamos viver e enriquecer com seu produto natural. Tal coisa não tem sido assim na
história da constituição territorial do Brasil. Nas Regiões Sudeste e Sul ocorrem que
grande parte das florestas já foram desmatadas. Pode-se também incluir na Região
Nordeste a Zona da Mata Atlântica.
Por modelos de florestas, como parte dos Desenhos de Uso Optimal do Território –
DUOT (Martins Jr. et al., 2010-b), pode-se caracterizá-los como:
Todo modelo ecológico é aquele no qual estão presentes apenas espécies nativas em
condições tais que o maciço florestal possa ser mantido em integridade de modo a permitir
o tráfego de animais nativos com condições para o evitamento das invasões dos animais
domesticados.
Todo modelo econômico é aquele que sem ofender necessariamente o balanço local
de relações geoecológicas está fortemente ancorado na produtividade econômica total do
corpo florestal, e neste caso algumas medidas estratégicas deverão ser mantidas para que
as condições geoecológicas da micro-região não sejam comprometidas.
IMITANDO a NATUREZA
Imitar a Natureza é imitar os processos geobióticos no processamento da matéria e
energia, basicamente. Estão implicados nisso:
(1) a matéria vegetal disponível do processo agrícola
Figura 12.1 – Modelo ideal de corredor florestal ecológico econômico e Desenho de Uso Optimal
do Território DUOT, na sub-bacia de Entre Ribeiros Vale do Paracatu. 12.1a – Desenho de Uso
Optimal do Território com um cenário de modelo ideal de corredor florestal ecológico
econômico, onde a faixa central é de plantas nativas protegidas pelas faixas laterais de plantas
econômicas na sequência de dentro para fora, plantas frutíferas, árvores de madeira de lei,
árvores de madeira energética, estas na condição de sustentação ecológica do substrato; 12.1b –
cenário de Desenho de Uso Optimal do Território – DUOT (Martins Jr et al., 2010-b), da sub-
bacia de Entre Ribeiros com corredores florestais (Figuras 2) (org. Martins Jr., 2004).
Figura 12.2 – Área da sub-bacia de Entre Ribeiros a partir de imagem Landsat, 2006. 12.2A –
Vista do satélite Landsat de área na sub-bacia de Entre Ribeiros, 12.2B – sub-bacias de 4ª a 5ª
ordens na mesma área com vegetação remanescentes (em vermelho) em florestas de galeria (em
verde), 2C – na mesma imagem de satélite insere-se desenhos de corredores florestais ecológico-
econômico, cujas várias espécies são representadas por cores diversas como um cenário de
Desenho de Uso Optimal do Território - DUOT, 2D – o mesmo desenho na área como
representada na imagem 12.2B (org. Martins Jr., 2006). Em A e B todas as áreas são desmatadas
para agricultura intensiva.
TECNOLOGIA LIMPA
ORDENAMENTO do TERRITÓRIO
Muito se tem discutido sobre a defesa da autonomia e sustentabilidade dos povos, sobre
como se mostra estratégico para um povo conseguir suprir suas próprias necessidades,
diminuindo assim sua dependência externa. Um povo com autonomia alimentar,
energética, hídrica e econômica se encontra protegido contra crises e reveses que atinjam
a região, ou mesmo o mundo como um todo, já que as necessidades da população podem
continuar a ser supridas.
Do ponto de vista ético e moral, também deve ser considerada como essa autonomia
regional é importante para defender a dignidade de um povo, podendo sobreviver sem ser
submissão a outro grupo externo, mantendo assim seu modo de vida, seus valores, sua
cultura, seus saberes tradicionais, sem esquecer também o direito a uma vida segura e
qualitativamente boa.
Afinal, como já visto que há uma singularidade tanto do sistema natural quanto do
humano dentro das bacias hidrográficas, torna-se útil utilizá-las como unidades
estratégicas de desenvolvimento sustentável. Do ponto de vista da economia física, elas
devem ser consideradas como unidades naturais e de produção.
UNIDADES GEO-AMBIENTAIS
Com o desmatamento das áreas de vegetação nativa que recubram essas zonas especiais
de infiltração e as subseqüentes alterações na camada superficial do solo, a água passa a
escorrer mais superficialmente, sem infiltrar no solo. Em consequência, essas alterações
fazem aumentar as enchentes repentinas na época das chuvas, e diminui a quantidade de
água disponível nos aquíferos subterrâneos. Essa água é destinada a alimentar as
nascentes na época de seca, além de manter a umidade do solo e poder ser utilizada para
uso humano via poços. As ZRAs devem ser alvo especial de preservação ambiental,
embora a identificação das áreas precisas de recarga possa requeirer estudos complexos
de hidrogeologia, climatologia, hidrologia, litoestratigrafia e geologia estrutural. Esta
solução de mais baixo custo já foi estabelecida (Vasconcelos e Martins Jr, 2012).
GEOVULNERABILIDADE AMBIENTAL
O conceito de geovulnerabilidade é:
A ênfase no conceito – ‘uso optimal dos solos’ (Martins Jr., et al, 2010 ) apresenta-se em
especial sobre as características pedológicas (como nutrientes, salinidade, acidez,
porosidade, retenção de água, etc.) e com os potenciais para as diversas destinações a que
possam ser dados como uso de um terreno. Também é interessante conjugar informações
sobre rochas e relevo, visto que influenciam diretamente nas potencialidades do solo
(Martins Jr et al., 2012).
2 Corredores Florestais
3 Unidades de Conservação
4 Expansão urbana
Têm-se tornado cada vez mais comuns situações onde o poder público necessita de
intervir para contornar calamidades como rios e fontes que secam ou que têm suas águas
tornadas tóxicas pela inadequada adição de agrotóxicos.
Percebe-se que há grande trabalho pela frente para preparar a população rural de uma
maneira competitiva para o mercado agrícola em unidades familiares, ainda que essa
produção alimente entorno de 60% da população nacional. No caso do feijão representa
95% do consumo, dos hortigranjeiros 98% e as carnes e leite, o consumo fica entre 70%
e 80%. Tendo em vista as dificuldades levantadas valeria a pena investir com alto nível
tecnológico nessas pequenas unidades de produção.
Além do ganho ambiental, devem ser computados os ganhos de âmbito social da política
tecnológica de agricultura familiar. A importância pessoal para um habitante rural, de
poder cultivar sua própria terra, garantir o sustento seu e de sua família, vender
garantidamente para o mercado, levando assim uma vida digna segundo a sua cultura e
novos saberes tecnológicos, é algo que deve ser levado em conta.
Interessante convergência de ideias entre estes estudos e a defesa realizada por Abreu
(2012; Tabela 1), que cita Eliseu Alves sobre a modelagem da EMBRAPA, indicam a
necessidade de se aplicar equivalente modelo de desenvolvimento tecnológico e de
assistência tecnológica aos pequenos produtores como fora desenvolvido na EMBRAPA
para o agronegócio.
Tabela 12.1 – Dados do Censo Agropecuário de 2006 apud senadora K. Abreu (2012).
Número de Rendas declaradas
Valor de
propriedades em salários
referência para Produtividade média rural
rurais (prop.rur) mínimos (s.min)
manter adultos
no País
27.300 prop.rur (*) valor 50 mil prop.rur seriam
geram renda > 200 insuficiente para suficientes para manter o País
s.min e 3 adultos em 100% com atual média∴
4,4 x 106
4,3 x 106 pro.rur não rendem o
2,9 x 106 prop.rur que deveriam
< 2 s.min (*)
Mostra-se ser muito mais interessante assentar um homem em uma pequena propriedade
rural do que tê-lo em uma favela, desempregado e sem condições de se sustentar. Isto é
evidente tanto do ponto de vista dos direitos fundamentais do homem, quanto também
para o desenvolvimento econômico e para as boas condições de saneamento ambiental
urbano.
CONCLUSÕES
Quanto ao agronegócio, haja vista que se tornou um fato primordial na realidade brasileira
e de importância internacional, as políticas públicas precisam assumir o importante papel
de conduzi-lo por alternativas que minimizem os seus impactos geoecológicos e sociais,
por exemplo, direcionando-o para as áreas ecológica e economicamente potenciais, e
estabelecendo prêmios e sanções em vista da sustentabilidade ecológico-econômica
desses empreendimentos.
Todas essas condições para alta eficácia de soluções ecológicas e econômicas que se
espera poder-se-á atingir no País, pressupõe, todavia, que o esforço de integrar as várias
formas e escolas de pensamento de modo criterioso, observando os aspectos da realidade
natural e as condições conjunturais da produção em meio rural.
Os esforços para se introduzirem os consórcios agroflorestais, muito pequenos ainda, já
podem ser seguidos por renovados esforços de se apresentar também a Permacultura e as
práticas dos zoneamentos ecológicos e do Desenho de Uso Optimal do Território (DUOT)
que permitiriam, de fato, um grande avanço nas práticas de gestão ambiental ainda frágeis
no País. Diversos textos são citados nos quais se discutem questões de gestão
geoambiental e econômica, que deram suporte aos enfoques aqui tratados.
Quadro 12.1 – Soluções ecológicas, energéticas e econômicas com o método Permacultura
(Martins Jr. et al., 2006) e soluções de planejamento in Martins Jr. et al., 2006-a, 2006-b, 2008-
a, 2008-b, 2008-c, 2009, 2010-a, 2010-b e 2012.
Quadro 12.2 – Regras das engenharias florestal, agronômica e geo-ambiental para o plano de
uso da terra em ambientes para uso da permacultura e com soluções ecológicas e econômicas
(idem, referências Quadro 1).
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Fim da obra