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INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

Departamento de Geografia
Disciplina: Biogeografia - GGE 0019
Turma B1 - 2020.2
Professora: Rita de Cássia M. Montezuma

Alix Gabriel da Silva Ferreira - 117003019

Rosana de Oliveira de Oliveira da Costa Pereira - 415003148

SEMINÁRIO: PARA QUE SERVE A BIOGEOGRAFIA?

A Biogeografia dos Espaços Livres Urbanos: a Zona Norte Carioca

Introdução

O espaço urbano brasileiro, especialmente nas metrópoles, cidades grandes e médias, é


marcado pelo traço de um crescimento rápido e fragmentário em que o tecido de ocupação se
espalha e se espraia horizontalmente sobre o território de tal maneira em que não se consolida
um adensamento e se configuram assim núcleos dispersos muitas vezes desconexos deixando
espaços livres de construção em seu meio, seja por ocupação agropecuária pretérita, seja por
construções de atividades outras que foram deixadas em ruínas e objeto de especulação
imobiliária, com características de degradação ou recuperação das feições naturais, ou
fragmentos que não chegaram a ser ocupados pela atividade antrópica, com manutenção da
vegetação original.
A fim de observar tal fenômeno, o trabalho presente intitulado A Biogeografia dos
Espaços Livres Urbanos: a Zona Norte Carioca, buscou dentro da temática da biogeografia
urbana, através da análise do sistema de espaços livres no meio urbano como um instrumento
de interconexão de corredores de biodiversidade e manutenção da cadeia trófica e fluxo
gênico da biota, analisar o ordenamento territorial na região de abrangência de entorno da
denominada Serra da Misericórdia, localizada no “coração” da Zona Norte Carioca,
analisando os projetos relacionados à conservação e manutenção desta localidade no cenário
atual.
Para a análise iniciamos o trabalho realizando uma contextualização histórica, usando
como referencial teórico João Carlos Nucci que em seu texto: Origem e desenvolvimento da
Ecologia e da Ecologia da Paisagem, aborda o surgimento da Ecologia durante o século XIX
e o seu processo de construção da Ecologia como ciência que perdurou durante todo o século
XX. Nucci ainda apresenta o conceito de Teoria Geral dos Sistemas que foi apresentado por
Bertalanffy em 1968, acreditando que a Biologia seria capaz de substituir a abordagem
analítica e mecanicista por uma visão sistêmica. Em seguida, o autor apresenta o surgimento
da Ecologia da Paisagem após diversos cientistas desenvolverem seus estudos e suas teorias
desassociando o ser humano do meio ambiente. Então, em meados do século XX, na Europa
Central e Ocidental, surge a Ecologia da Paisagem com o objetivo de incluir o ser humano, a
sociedade e o meio físico de forma integrada.
Para concluir, o autor descreve sobre o surgimento da Ecologia e da Ecologia da
paisagem no Brasil. A Ecologia surge no Brasil em 1976 como uma disciplina no curso de
graduação em uma Universidade Pública, no Instituto de Biociências da UNESP – Rio
Claro/SP, tendo o seu reconhecimento pelo Ministério da Educação em 1981 e a
implementação da sua grade curricular em 1995. Mas, observando as grades curriculares dos
cursos de graduação, pós-graduação, os títulos dos trabalhos de teses, dissertações e
publicações, o autor constata a apresentação de uma percepção do ser humano e da sociedade
sendo sempre vistos como agentes que destroem os recursos naturais, eliminam espécies e
ecossistemas, comprometendo os serviços oferecidos pela biosfera, causando impactos como
a poluição do ar, da água e do solo, ou seja, o homem é visto constantemente como um vilão.
O autor ainda aponta a necessidade da Ecologia da Paisagem ser utilizada para a elaboração
do planejamento geral e do planejamento urbano e não apenas para estudos das unidades
naturais. Sendo também usada de forma interdisciplinar com o objetivo de entender a
complexidade do ambiente.
Siqueira (2008) alerta para o caráter interdisciplinar que sempre permeou a
biogeografia como ciência e o quanto tal característica se torna mais primordial sobretudo
quando num contexto contemporâneo “na perspectiva ambiental vivemos um processo de
profundas mudanças como a degradação e redução dos ecossistemas, a fragmentação dos
biomas, a descaracterização dos fragmentos remanescentes, as influências antrópicas na
dispersão de muitas espécies, os efeitos das mudanças climáticas sobre o planeta, afetando as
dinâmicas sociais e ambientais” (op. cit., p. 193). Assim, ele reforça que a
interdisciplinaridade deve constituir a formação do conhecimento biogeográfico a fim de
contemplar grandes desafios globais e locais de forma mais articulada e integrada.
Devido à fragmentação do ambiente, os ecossistemas perdem diversas de suas
espécies, tendo sua fauna e a sua flora destruídas, portanto há a necessidade da sua
preservação. Para isso poderá ocorrer a implementação dos chamados Corredores ecológicos
para a manutenção da biodiversidade e da sua cadeia trófica, principalmente no ambiente
urbano. Além dos corredores ecológicos, será necessário que ocorra a manutenção e a
preservação dos chamados sistemas de espaços livres como possibilidade de estruturação
desses corredores. Apoiando-se na Lei Federal Nº 9.985, de 18 de julho de 2000, nas autoras
Rita de Cássia Martins Montezuma e Elisa Sesana Gomes definimos o conceito de Corredores
Ecológicos. E utilizando as bases teóricas de autores oriundos do Urbanismo como Queiroga
(2007), Schlee (2009) e Tângari (2009 e 2011) delimitamos o debate acerca do conceito de
Sistema de Espaços Livres que se apresenta ainda em amadurecimento epistemológico.
Por fim, fizemos um recorte apresentando a Serra da Misericórdia, localizada na Zona
Norte do Rio de Janeiro. A Serra da Misericórdia estende-se por uma área circunscrita por 27
bairros, além de ser o quarto maciço urbano da cidade do RJ, depois da Floresta da Tijuca,
Mendanha e da Pedra Branca. Sendo a principal área verde da região, ela apresenta uma
grande importância histórica, ambiental e política.
O estudo da implementação dos Corredores Ecológicos, bem como do Sistema de
espaços livres na região da Serra da Misericórdia é de tamanha relevância ao analisarmos suas
políticas de planejamento urbano para conservação e proteção ambiental em meio ao
ambiente urbano. Portanto, o cuidado da preservação e da manutenção desse sistema na
conciliação do meio ambiente urbano ao natural é de extrema importância para a qualidade da
sustentação da biodiversidade na área estudada, bem como do seu ecossistema que abrange as
espécies vegetais, animais e toda espécie humana.

A crise de visão de mundo – Visão Mecanicista e Visão holística


Pensando no tema proposto para elaboração deste trabalho - A Biogeografia dos
Espaços Livres Urbanos: a Zona Norte Carioca - podemos classificá-lo como um tema
ecológico, portanto sendo de interesse da área de estudo denominado de Ecologia. Mas, o que
seria Ecologia? De acordo com Lago & Pádua (2017), em 1866 o biólogo alemão Ernest
Haeckel propôs a criação de uma nova disciplina científica, ligada ao campo da Biologia e
com o objetivo de estudar as interações entre as espécies animais e o seu ambiente orgânico e
inorgânico. Seu termo tem origem na palavra grega oikos que significa casa, portanto dando
origem ao nome “ecologia” que significa ciência da casa.
Ainda de acordo com Lago & Pádua (2017), atualmente a palavra ecologia não está
apenas relacionada à uma disciplina científica oriunda da academia, mas ela também
atualmente faz parte da identificação de variados movimentos sociais, que em alguns lugares
e momentos compreendem diversos movimentos de massas alcançando uma expressividade
política.
Quando pensamos nas questões atuais da Ecologia, assim como também na
concretização e manutenção dos Espaços livres urbanos, vemos que ainda não foi possível
desenvolver uma visão de ações conjuntas a fim da resolução dos problemas ambientais. Para
solucionar esta problemática, unindo-se à Geografia e a Biologia, criou-se a Ecologia da
Paisagem com a intenção de ocorrer uma integração entre as diferentes formas de
conhecimento científico. Porém, com uma sociedade fragmentada que pensa e elabora as
relações entre as partes de forma separada do todo, dificilmente tem sido possível ao longo
dos anos desenvolver projetos que incluam especialistas de diferentes áreas do conhecimento.
Segundo Nucci no artigo intitulado Origem e desenvolvimento da Ecologia e da
Ecologia da Paisagem, o mundo contemporâneo embora desenvolvido tecnologicamente e
economicamente tem o seu ambiente natural cada vez mais deteriorado, cada vez mais
aumenta os problemas de saúde física, mental e social dos indivíduos. Ainda segundo o autor,
de acordo com Capra (1982) essa crise seria uma crise de visão de mundo, ou seja, embora
vivamos num mundo globalizado, interligado, tendo seus fenômenos biológicos, psicológicos,
sociais e ambientais interdependentes, ainda hoje a nossa sociedade persiste em resolver seus
conflitos com base em uma visão de mundo mecanicista e cartesiana. Portanto, toda atuação
fragmentada que analisa os problemas de forma isolada não consegue se atentar para a
complexidade do ambiente.
Assim como na sociedade, o sistema educativo apresenta o conhecimento de forma
fragmentada, em compartimentos através das chamadas disciplinas. Segundo Nucci, os
autores Capra e Morin utilizam o termo “ecologia” como sinônimo de visão sistêmica e de
holismo, portanto usando a “ecologia” como uma panaceia que será capaz de resolver todos
os problemas ambientais. O autor busca identificar o local da Ecologia na polarização entre o
Reducionismo e o Holismo, apresentando um breve histórico do século XV ao XIX da origem
da Ecologia como ciência, tratando do surgimento da visão sistêmica e do ecossistema em
suas implicações, em seguida apresenta a Ecologia da Paisagem como uma esperança de
estudos, pois passa a considerar o ser humano, a sociedade e o meio físico como um todo, e
finaliza sua escrita apresentando a Ecologia no Brasil atualmente.
Vejamos:
Ecologia como ciência
Durante o século XVI ocorreu a transição da visão mística dos escolásticos para a
concepção científica do mundo. Entre os anos de 1596 – 1650, Descartes enfatizou a visão de
mundo mecanicista e a separação corpo-alma, sendo o corpo humano visto como uma
máquina e de forma isolada. Isaac Newton, na Inglaterra em torno de 1642, formulou a
concepção matemática e mecanicista da natureza, portanto dando início ao pensamento
cartesiano e completando a revolução científica. Essa revolução científica proporcionou a
fragmentação e divisão dos pensamentos e das disciplinas acadêmicas.
Neste contexto o estudo da natureza se reduzia na realização de inventários de plantas
e animais, na descrição das paisagens, sendo a principal atividade dos naturalistas da época.
Mas, ao longo dos anos algumas mudanças começaram a ocorrer, como por exemplo: em
1805 o médico e geógrafo Alexander von Humboldt sugeriu uma visão mais integradora da
natureza, através do conceito de geobotânica estudando as relações das plantas com o
ambiente. Em 1859, Darwin propôs a teoria da evolução com base na influência das relações
entre organismos, chamando atenção para as infinitas, complexas e ajustadas relações mútuas
de todos os organismos entre si. Após as descobertas de Darwin os cientistas abandonaram a
concepção cartesiana do mundo, passando a descrever o universo como um sistema formado
por estruturas em permanente mudança, surgindo, portanto, uma teoria integradora reunindo
conhecimentos e conceitos de vários campos do saber.
Apoiando-se nas ideias de Darwin, o biólogo alemão, Ernest Heinrich Haeckel em seu
livro “Morfologia Geral dos Organismos” ao observar que as espécies variavam de acordo
com a localização na qual se encontravam, Haeckel sugeriu o termo “oecologia” como um
novo campo de estudo das relações dos animais e plantas com o ambiente. Logo após
considerar a forma como os animais, as plantas e os humanos são dependentes de seus
respectivos ambientes, ele transformou essas observações em uma nova disciplina científica,
sendo proposta com o nome de Ecologia. Inicialmente esta definição de Ecologia não
deslanchou e durante a passagem do século XIX para o século XX ainda permaneceu uma
visão analítica do que sistêmica, então esse processo de construção da Ecologia como ciência
continuou durante todo o século XX.

Ecologia, Teoria Geral dos Sistemas e Ecossistemas


Durante o início do século XX, a Ecologia continuou sua busca por uma constituição
teórica capaz de fornecer um modelo sistêmico e que utilizasse a aplicação científica para os
seus propósitos investigativos. Mas, a mudança de paradigma não é algo fácil de realizar, o
que pode levar anos para que um novo modelo possa ser aceito pela comunidade científica. Já
sendo usado por alguns cientistas o conceito de sistema, mas sem muita evidência, até que em
1928 o biólogo Ludwig von Bertalanffy ao ampliar a teoria do holismo de Smuts (1926) que
dizia que o universo estaria edificado em estruturas de complexidade crescente, segundo
Nucci (2007, p.83) “abriu uma porta para a utilização do conceito para diferentes disciplinas e
campos de atividade humana, como uma teoria geral de sistemas”.
Em 1993, Bertalanffy apontou o fato de que o esquema mecanicista não era suficiente
para resolver os problemas que a cada dia eram mais complexos, passando a defender uma
concepção organísmica na biologia que considerava o organismo como um todo ou um
sistema. No seu início a teoria dos sistemas influenciou a Ecologia inspirando o surgimento
do termo “ecossistema” sugerido pelo ecólogo Arthur Tansley, que em 1935 já havia sugerido
o termo ecossistema como um modelo teórico, destacando a importância do estudo conjunto
dos organismos e dos fatores inorgânicos como sistemas, portanto, sendo para os ecólogos os
ecossistemas as unidades fundamentais da natureza na face da terra. A Teoria Geral dos
Sistemas foi apresentada por Bertalanffy em 1968, após 40 anos de estudos. Ele acreditava
que a Biologia seria capaz de substituir a abordagem analítica e mecanicista por uma visão
sistêmica.
De acordo com Nucci (2007, p. 85)
A teoria dos sistemas ressaltou os riscos da visão reducionista na
tentativa de se explicar o todo pelo comportamento de uma de suas
partes constituintes. Segundo a Teoria Geral dos Sistemas, existem
propriedades que só podem ser encontradas na complexidade e que,
portanto, não devem ser identificadas por meio de análises ou
fragmentação do todo, ou seja, uma organização só pode ser estudada
como um sistema, pois o todo é maior do que a soma das partes.

A Teoria Geral dos Sistemas, proposta por Bertalanffy, formularia os princípios


válidos para todos os sistemas em geral, sendo eles da natureza física, biológica ou social.
Nela os seres humanos não seriam considerados como uma simples peça de uma engrenagem,
mas sim como elementos com uma mesma responsabilidade. Sendo também englobados os
diferentes campos de conhecimento.
Durante a construção da Ecologia como ciência, o ser humano não era levado em
consideração nos estudos dos ecossistemas. Em 1989, Branco teceu alguns comentários sobre
essa questão. Segundo Branco, o ser humano se comporta de forma incompatível com os
ecossistemas, provocando sua destruição, porém preservando a si mesmo. Ele ainda afirma
que o Meio Ambiente se diferencia do Ecossistema natural e o estudo do meio ambiente
sendo algo sensivelmente diverso da Ecologia. Para ele, o meio ambiente inclui o elemento
antrópico e tecnológico, já o ecossistema não inclui o homem. Porém, há outros cientistas que
apresentam uma visão diferente, podemos observar tais exemplos em estudos ecológicos em
áreas urbanizadas.
Segundo Nucci (2003) muitos consideram a cidade e a natureza como conceitos
opostos. A cidade seria um meio adaptado para satisfazer as necessidades e permitir a
sobrevivência da espécie humana, espécie esta que seria dominante, já a urbanização
substituiria os ecossistemas naturais por centros de grande densidade criados pelo homem.
Para o professor Dr. Felisberto Cavalheiro, em relação à paisagem urbanizada, as cidades
devem ser incluídas nos estudos sociais, de engenharia e de ecologia de forma integrada em
detrimento de um estudo cartesiano. Ainda de acordo com Nucci, Sukopp (1973) descreve um
ecossistema urbano criticado por alguns, pois para ele a cidade ecologicamente ideal é
destituída de quaisquer relações e realizações humanas. E, alguns ecólogos no final do século
XIX, apontaram as grandes cidades como principais elementos de destruição para o que eles
consideravam como natureza.
Devido o distanciamento do ser humano nos estudos dos ecossistemas, nas décadas de
20 e 30, sociólogos norte-americanos, impulsionados por diversos autores propuseram uma
disciplina nomeada de Ecologia Humana.

Ecologia da Paisagem
Diante de todo esse cenário histórico abordado anteriormente, cuja diversos cientistas
desenvolviam seus estudos e suas teorias desassociando o ser humano do meio ambiente, em
meados do século XX, surge a Ecologia da Paisagem com o objetivo de incluir o ser humano,
a sociedade e o meio físico de forma integrada. Sua origem ocorreu na Europa Central e
Ocidental. Em 1984 Naveh e Lieberman escreveram o primeiro trabalho sobre o tema, em
inglês, posteriormente introduzindo nos EUA e em outros países de língua inglesa, porém
inicialmente a Alemanha e a Holanda foram os primeiros países que elaboraram as maiores
quantidades de trabalho sobre o tema.
Em 1939 o termo Ecologia da Paisagem foi usado por Troll para nomear uma
disciplina científica, pois o mesmo estudava questões relacionadas ao uso da terra por meio de
fotografias aéreas e interpretação das paisagens. Tendo também como objetivo incentivar uma
colaboração entre a Geografia e a Ecologia. Nucci aponta que para Zonnevel (1990), o termo
Ecologia da Paisagem usado por Troll foi uma tentativa de unir a Geografia (paisagem) com a
Biologia (Ecologia).
A utilização de “Paisagem” como um termo científico-geográfico ocorreu no início do
século XIX por A. von Humbolt. Na língua alemã, o termo paisagem contém uma conotação
geográfico-espacial, diferenciando deste termo nas áreas das artes e da literatura. Paisagem
para os biogeógrafos da europa não era observada como grande parte dos arquitetos da
paisagem, a partir de uma visão estética, também não era vista como a maioria dos geógrafos,
que a observava como parte do ambiente físico, mas sim como uma entidade espacial e visual
da totalidade do espaço de vida humano, integrando geosfera, biosfera e noosfera.
Em suas pesquisas, Neef destacou o caráter interdisciplinar da Ecologia da Paisagem.
Outros geógrafos e ecólogos também fizeram esse apontamento:

Geógrafos e Ecólogos na Europa Central, após a II Guerra Mundial,


procuravam construir uma noção de Ecologia da Paisagem como uma
ciência interdisciplinar que conduzisse a um inter-relacionamento
entre a sociedade humana e seu espaço de vida – suas paisagens
construídas ou não. Profissionais das mais diversas áreas se uniram
com a intenção de se criar uma ponte entre o sistema natural, o rural e
o urbano (NUCCI, 2007, p.89).

Segundo Nucci, de acordo com Neveh e Liebernam (1984) a partir do surgimento da


Ecologia da Paisagem, novas fronteiras foram traçadas em relação à Teoria Geral dos
Sistemas, ambos autores sugeriram um novo conceito com um supersistema físico-geosférico,
mental e espiritual, neste conceito os homens seriam integrados com seu ambiente total. Eles
apontam ainda que na Europa a Ecologia da Paisagem é vista como uma base científica
utilizada para o planejamento, manejo, conservação, desenvolvimento e melhoria da
paisagem. Porém, Naveh (2000) aponta uma insatisfação devido a necessidade da inclusão do
ser humano e sua dimensão cultural-social e econômica como parte integral de uma ecologia
global. Também devido a importante tarefa de criar sustentabilidade, saúde, paisagens
produtivas e atrativas para o próximo milênio, a Ecologia da Paisagem precisa ser concebida a
partir de uma concepção mais holística, pois ainda há bastantes ecologistas da paisagem que
se apoiam no paradigma mecanicista e reducionista.

Ecologia no Brasil
A Ecologia como primeiro curso de graduação em uma Universidade Pública, foi
implantada no Brasil em 1976, no Instituto de Biociências da UNESP – Rio Claro/SP, porém
o seu reconhecimento pelo Ministério da Educação ocorreu em 1981. Apresentando uma
proposta de formação de profissionais capacitados para o reconhecimento da estrutura e do
funcionamento dos ecossistemas naturais, a fim de identificar problemas causados pelas
atividades humanas, encontrando soluções e resolvendo tais problemáticas. A grade
curricular foi implementada em 1995 incluindo as áreas do conhecimento como ciências
biológicas, ciências da terra, ciências exatas e ciências humanas. Sendo considerada uma
ciência multidisciplinar incluindo a Zoologia, Botânica, Genética, Etologia, Geociências,
Microbiologia, Ciências Sociais e Estatística.
Até a presente escrita o autor havia constatado que este era o pioneiro e provavelmente
o único curso de Ecologia na graduação, porém em cursos de pós-graduação há diversos, em
diferentes partes do Brasil. Em pesquisa o autor também constatou que o seu currículo
enfatiza as disciplinas das Ciências Biológicas, fazendo algumas referências às Ciências
Exatas com pouca disciplina das Ciências Sociais. Observando as grades curricular dos cursos
de graduação, pós-graduação, os títulos dos trabalhos de teses, dissertações e publicações
apresentam uma percepção de que o ser humano e a sociedade são sempre vistos como
agentes que destroem os recursos naturais, eliminam espécies e ecossistemas, comprometendo
os serviços oferecidos pela biosfera, causando impactos como a poluição do ar, da água e do
solo, ou seja, o homem é visto constantemente como um vilão.
Nucci afirma que Morin (2000) aponta a necessidade da Ecologia recorrer a múltiplas
disciplinas físicas, biológicas e às ciências humanas para analisar as interações entre o mundo
humano e a biosfera, pois raramente as pesquisas têm se voltado para as questões do ser
humano e da sociedade. O mesmo deve acontecer nas disciplinas de Ecologia dos cursos de
Ciências Biológicas. Assim como nos livros didáticos para o Ensino Fundamental e Médio,
também na graduação e na pós-graduação que geralmente abordam o funcionamento dos
ecossistemas e a importância da conservação da natureza. Observando os anais do VI
Congresso de Ecologia no Brasil os trabalhos apresentados na área da Ecologia da Paisagem
apresentam uma visão da escola americana quantitativa desvalorizando o ser humano e
enfatizando os aspectos biológicos.
Apoiando-se em Klink (1981) e Monteiro (1978), Nucci afirma que a Ecologia da
Paisagem deveria ser utilizada para a elaboração do planejamento geral e do planejamento
urbano e não ser utilizado apenas para estudos das unidades naturais, sendo também usada de
forma interdisciplinar com o objetivo de entender a complexidade do ambiente.

A fragmentação dos espaços - Corredores Ecológicos e Sistemas de espaços livres


Fazendo uma analogia a todo processo histórico do surgimento da Ecologia e da
Ecologia da Paisagem com a atual realidade de diversos espaços urbanos e seus Sistemas de
espaços livres como instrumentos de interconexão entre a biodiversidade, observamos a
fragmentação dos espaços. Para resolução de tal fragmentação do ambiente e de suas
interações, os chamados Corredores ecológicos são implementados para a manutenção da
biodiversidade e da sua cadeia trófica no ambiente urbano.
Diante dessa apresentação do estado da arte da Ecologia e da Ecologia da Paisagem,
vale ressaltar o estudo de Josafá Carlos Siqueira (2008) que analisa a importância da
reformulação da ciência biogeográfica para aplicação ao espaço urbano brasileiro que ele
classifica como um desafio de congregar de um lado um distanciamento entre a vida urbana e
as unidades ecossistêmicas que integram um determinado território e de outro uma dupla
preocupação que surge com a crescente conscientização ambiental da sociedade. Essa dupla
preocupação diria respeito a “preservar os parcos fragmentos de áreas verdes ainda existentes
em nossas cidades, agregando valores culturais e científicos a essas representações simbólicas
e dando às mesmas dimensões sócio-educativas” (SIQUEIRA, 2008. p. 196) e “às mudanças
de modelos paisagísticos que vêm ocorrendo no Brasil, distantes cada vez mais dos modelos
clássicos e aleatórios de organização do espaço verde urbano, inspirados em sua maioria em
modelos europeus e exóticos. Estes novos paradigmas paisagísticos se aproximam
progressivamente de modelos mais ecossistêmicos, cujo objetivo consiste em integrar no
espaço urbano das relações sociais as representações da fauna e da flora nativas dos nossos
ecossistemas brasileiros.” (idem).
Devido ao processo de degradação da biodiversidade, a Ecologia da Paisagem visa a
recuperação e a conservação dos remanescentes das florestas em áreas ocupadas com
diferentes tipos de uso, a fim de possibilitar a preservação da fauna e da flora, bem como de
toda sociedade. Para a recuperação do espaço fragmentado, assim como a preservação do
meio ambiente utilizando os chamados Corredores ecológicos, como estratégia de
planejamento ambiental, também poderá ser realizada a manutenção e a preservação dos
Sistemas de espaços livres. A seguir a definição de tais conceitos.

Corredores Ecológicos
A conectividade e continuidade dos fluxos de matéria e energia pela cadeia trófica
devem ser garantidas pela fluidez de espaços contíguos. Montezuma e Gomes (2010) em sua
pesquisa intitulada: Conectando cidades e florestas: o caso do município de Nova Iguaçu,
expõem que, segundo Forman (1995), Forman e Godron (1986), Corredor Ecológico é
caracterizado por uma faixa que difere do seu entorno e permeia uma área, podendo ser
isolado ou ligado a algum fragmento ou algum tipo de vegetação similar.
Ainda citando Forman (1995), as autoras afirmam que os corredores ecológicos são de
extrema importância para a sociedade, pois eles protegem a biodiversidade, preservando as
espécies raras e ameaçadas de extinção, contribui como rotas de dispersão; favorecem o
manejo de recursos hídricos, preservando suas águas e suas espécies aquáticas; funcionam
como quebra-vento e ajudando no controle da erosão do solo; pode ser utilizado como área de
recreação, caminhada, ciclismo, canoagem, etc.; os cinturões verdes promovem a coesão
cultural, através da identificação de vizinhança e funcionam como barreiras topográficas
regionais que promovem a diversidade cultural; os corredores também podem ser utilizados
como rotas de dispersão de espécies isoladas em reservas da natureza e faixas costeiras que
sofrem ameaças pelo aumento do nível do mar em eventos de mudanças climáticas. Estradas,
cercas, linhas de transmissão, canais, etc. são exemplos de corredores ecológicos.
Os corredores ecológicos no Brasil tem suas áreas regulamentadas pela Lei n. 9.985,
de 18/07/2000. Esta lei regulamenta o artigo 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição
Federal, instituindo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Sua origem
ocorreu a partir dos dados do Projeto Corredores Ecológicos do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), através do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais no Brasil. De
acordo com o MMA (2009) os corredores ecológicos são considerados cordões de vegetação
nativa, que são os corredores ecológicos, conectados aos fragmentos localizados nos chamado
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), podendo ocorrer nas Terras
Indígenas, nas áreas de interstícios entre estas e nas Unidade de Conservação, podendo
pertencer ao domínio público ou privado.
Ainda de acordo com a lei de n. 9.985, no Art. 2º do Capítulo I, corredores ecológicos
são definidos como:
porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação,
que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a
dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a
manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com
extensão maior do que aquela das unidades individuais (BRASIL, 2000).

Dentre diversos outros aspectos, no art. 5º do Capítulo II afirma que o SNUC será
regido por diretrizes que:
busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades de
conservação de diferentes categorias, próximas ou contíguas, e suas respectivas
zonas de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as diferentes atividades
de preservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e
recuperação dos ecossistemas (BRASIL,2000)
De acordo com o Art. 20 a Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área
natural que abriga populações tradicionais, tendo sua existência ao longo de gerações por
meio dos sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, portanto desempenham
um papel importante na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.
Portanto no seu §6º afirma que o Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento
Sustentável definirá as zonas de proteção integral, de uso sustentável e de amortecimento e
corredores ecológicos, e será aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade (BRASIL
2000).
No que se refere a criação, implantação e gestão da Unidades de Conservação, no Art.
25 do Capítulo IV aponta que as Unidades de conservação devem possuir uma zona de
amortecimento e havendo necessidade de corredores ecológicos. Ainda nos 1º e 2º § diz que
os órgãos se responsabilizarão pela administração da unidade, deverá elaborar as normas
específicas para a regulamentação, ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e
dos seus corredores ecológicos. Tais normas e os limites da zona de amortecimento e dos
corredores ecológicos poderão ser definidos no ato da criação da unidade ou posteriormente.
Ainda no que se refere ao Capítulo IV, no Art. 27 estabelece que as unidades de
conservação devem dispor de um Plano de Manejo. E em seu § 1º diz que este plano deve
abranger a área da unidade de conservação, sua zona de amortecimento e os corredores
ecológicos, promovendo a integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas.
Para finalizar, no que se refere à lei federal de n. 9.985, no Capítulo V que trata dos
incentivos, isenções e das penalidades, no Art. 38 ressalta que a ação ou omissão por parte das
pessoas físicas ou jurídicas, na falta de cumprimento desta lei, no dano à flora, à fauna e aos
demais atributos naturais das unidades de conservação, de suas instalações, às zonas de
amortecimento e aos corredores ecológicos serão considerados como infratores e estarão
sujeitos às sanções previstas em lei.

Espaços Livres Urbanos


A estrutura fragmentária dos tecidos urbanos produzem áreas livres de edificação,
contudo essas áreas não são somente aquelas deixadas descampadas ou aos fragmentos
florestais, mas também se refere ao sistema viário que articula os espaços edificados. O
somatório desses espaços constitui um sistema complexo que permeia os ambientes urbanos e
cabe aqui fazer um debate teórico acerca desse conceito ainda pouco explorado na Geografia,
que se origina principalmente a partir do Urbanismo e do Paisagismo, sendo portanto um
conceito que se constrói basicamente a partir da categoria de paisagem.
Da estrutura viária, praças, parques urbanos e lineares aos quintais e terrenos
subutilizados e baldios, todos esses são elementos espaciais que fazem parte do rol do sistema
de espaços livres juntamente aos jardins, públicos ou privados, rios, mangues e praias como já
definira Marina Magnoli (1982 apud. QUEIROGA et BENFATTI, 2007), isto é, todos os
espaços livres de edificação, vegetados ou não. Conforme Queiroga e Benfatti, “os espaços
livres urbanos formam um sistema, apresentando, sobretudo, relações de conectividade,
complementaridade e hierarquia” (op. Cit., p. 86), constatação que converge para a
aproximação desejada com o conceito de corredores, contudo neste trabalho nos cabe ressaltar
aqueles espaços a terem sua cobertura vegetal preservada ou recuperada quando não mais
houver. Os autores, contudo, insistem em ampliar o conceito do sistema de espaços livres
além do que nos interessa ao considerar os espaços não vegetados, que não servem à
dispersão da biodiversidade.
Sclhee e demais (2009) partem em outra direção de abordagem sobre os espaços livres
ao buscar conceituações de paisagem na Ecologia da Paisagem, e trazer além da referência de
Magnoli sobre espaços livres de edificação, o conceito de “tecido pervasivo” introduzido por
Catharina Lima que sugere que o sistema de espaços livres permeia o espaço urbano e é
hegemônico.
A importância biogeográfica do sistema de espaços livres urbanos, cabe aqui ressaltar
que consiste na base espacial que possibilita que em meio ao ambiente urbano, sejam criados
corredores ecológicos que garantam fluxos gênicos, de matéria e energia através da cadeia
trófica garantindo que a biodiversidade se disperse. Assim, cabe ressaltar que o instrumento
legal da revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável da Cidade do Rio
de Janeiro (PDDUS) no dispositivo da lei complementar 111 de 2011 prevê dentre outras
políticas ambientais uma figura que pode nortear o estabelecimento futuro do Sistema de
Áreas Verdes e Espaços Livres (SAVEL) a fim de garantir esse sistema de conexões de
corredores através do seguinte artigo:
Das Áreas Verdes e Espaços Livres
Art. 180. Entende-se por Áreas Verdes e Espaços Livres o conjunto formado:
I - por espaços públicos ou privados do Município, com ou sem cobertura vegetal
remanescente, possuindo ou não bens arquitetônicos, sob regimes diferenciados de
proteção e conservação em função de seus atributos naturais, paisagísticos,
históricos e culturais, tais como:
a) bosques;
b) corredores urbanos arborizados;
c) parques urbanos;
d) parques históricos;
e) praças;
f) jardins públicos;
g) reservas de arborização;
h) as áreas do Bioma de Mata Atlântica acima da cota de cem metros em todo o
município;
i) demais áreas verdes públicas e privadas de interesse ambiental.
(RIO DE JANEIRO, 2011)

Esse artigo 180 do PDDUS é objeto de possível regulamentação dentro do âmbito do


Projeto de Lei Complementar n. 30 de 2013 que prevê estabelecer o Código Ambiental
Municipal, e dentre outras coisas, criar a figura do SAVEL, a ser descrito mais adiante.

A Serra da Misericórdia na core área da Zona Norte


Os atuais instrumentos de política ambiental municipal do Rio de Janeiro remetem ao
marco legal do Plano Diretor Decenal de 1992 (LC n.16 de 1992), que estabelecia no artigo
124, inciso II, o dispositivo da Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana, ou
APARU, como uma unidade de conservação ambiental “dotada de características ecológicas e
paisagísticas notáveis, cuja utilização deve ser compatível com sua conservação ou com a
melhoria das suas condições ecológicas” (definição de APA) que “depende de ações do Poder
Público para a regulação do uso e ocupação do solo e restauração de suas condições
ecológicas e urbanas”, tendo sido atualizado no novo Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano Sustentável (LC n.111 de 2011), passando a ser considerado no artigo 110, parágrafo
3º, inciso III, juntamente com a figura da APA como unidade de conservação de uso
sustentável “com um certo grau de ocupação humana, dotada de características ecológicas e
paisagísticas importantes para a qualidade de vida, que tem como objetivos proteger a
diversidade biológica e disciplinar o processo de ocupação da área” dependente das mesmas
ações de regulação do uso e ocupação do solo. Ou seja, ambos planos diretores estabelecem a
figura da APARU como uma APA que requer políticas de regulação do uso e ocupação do
solo congruentes com a atividade urbana, sendo um dispositivo importante para nosso estudo
de caso por ser aquele que orienta as diretrizes de proteção e recuperação ecológica da área
que incide sobre o entorno da Serra da Misericórdia.
Uma análise específica do caso da Serra da Misericórdia na Zona Norte do Rio,
isolada em meio à malha urbana entre Madureira, Irajá, Complexo da Penha, Complexo do
Alemão, região da Leopoldina e Inhaúma apresenta o grande desafio que existe em conectar
através desse tecido essa região à rede de UCs da cidade do Rio de Janeiro, reconhecida pela
portaria 245 de 2011 do Ministério do Meio Ambiente como Mosaico Carioca, e de se
consolidar em sua área de abrangência um parque urbano com funções sócio-ambientais a
serviço das comunidades adjacentes. A escolha da região consiste no entorno de um conjunto
de morros e colinas que se encadeiam a partir da vertente nordeste do Maciço da Serra da
Tijuca entre as baixadas de Irajá a norte e Inhaúma a sul conflagrando um divisor de águas
das sub-bacias do Canal do Cunha (sul), de Ramos e Canal da Penha (leste), de Irajá (norte) e
Meriti (oeste), sendo importante organizador de boa parte do fluxo hídrico da Zona Norte
carioca.

Figura 1: Localização da APARU da Serra da Misericórdia no município do Rio de Janeiro.


(Disponível em: verdejar.org/o-macico)

Figura 2: Delimitação pela linha verde clara da APARU da Serra da Misericórdia com o entorno dos
27 bairros da AP-3 por ela abrangidos - destaque-se em verde os maciços, dentre os quais Sapê,
Serrinha, Dendê, Juramento, Urubus, Misericórdia (Caricó, Alemão e Pedra da Bicuda), Adeus e
Pedra da Penha (Disponível em: verdejar.org/o-macico)

A luta pela delimitação da APARU da Serra da Misericórdia tem um histórico que


remete à criação da ONG Verdejar Socioambiental no ano de 1997 pelo morador Luiz Carlos
“Poeta”, idealizador da recuperação ambiental das vertentes do maciço, tendo sido contudo
oficializada pelo Decreto Municipal n. 19.144 de 14/11/2000 abrangendo não somente o
maciço, mas toda a área densamente ocupada e urbanizada de seu entorno, totalizando área de
cerca de 3695ha no centro da Zona Norte, a fim de que se recuperassem funções
ecossistêmicas em meio a esse ambiente urbano de 27 bairros da AP-3 que, segundo a
Verdejar Socioambiental, possui a menor relação de área verde por habitante do município no
valor de 3,75m²/hab comparativamente às outras áreas de planejamento, quando a OMS
recomenda um mínimo de 12m²/hab (VERDEJAR SOCIOAMBIENTAL). Isso porque, além
da histórica ocupação dos bairros do subúrbio ferroviário da Zona Norte carioca fortemente
ocupados e atravessados por ferrovias e grandes vias urbanas, sobre os maciços se
expandiram e ainda exercem forte pressão de expansão, grandes conjuntos de favelas sobre
suas encostas, como os Complexos do Alemão, da Penha, do Juramento e da Serrinha.
Diante da falta de iniciativa do Poder Público em executar as prerrogativas previstas
quando da criação da APARU pelo decreto 19.144/2000, as entidades civis organizadas que
pressionaram pela consolidação da proteção e recuperação ambiental da área lançaram em 10
de julho de 2001 uma Carta Aberta da Serra da Misericórdia
(https://www.verdejar.org/carta-da-serra) com 26 propostas de ações que norteassem as
políticas públicas essencialmente de cunho sócio-ambiental. Dentre as ações propostas havia a
exigência de criação do Conselho Gestor da APARU, manutenção dos limites originais
delimitados no decreto e elaboração do Plano de Manejo e Uso Sustentável, implantação de
parque público com áreas disponíveis à fruição do uso de lazer, sinalização ecológica e
cercamento, projetos habitacionais de reassentamento da população de áreas de risco
geológico, desativação e cobrança de passivo ambiental das mineradoras (pedreiras e
saibreiras) presentes na Serra, com a devida recuperação ambiental das áreas degradadas,
recuperação dos espaços públicos, inclusive da arborização viária de todas as ruas dos bairros
abrangidos pela APARU, a fim de reduzir o déficit de área verde per capita disponível na
região, dentre outras ações.
Em 2006, a partir das promessas de melhorias urbanas vindas com as obras do Plano
de Aceleração do Crescimento (PAC) e às vésperas dos Jogos Pan-Americanos, é criado em
parte do maciço da Serra da Misericórdia o Parque Municipal da Serra da Misericórdia pelo
Decreto Municipal 27.469 de 20/12/2006, num projeto limítrofe aos complexos de favelas do
Alemão e da Penha, que é substituído num novo governo municipal, pelo Decreto 33.280 de
16/12/2010 pela recategorização como Parque Municipal Urbano da Serra da Misericórdia,
que o delimita em uma área de 240,91 ha dentro dos cerca de 3695ha da APARU. A criação
de um parque municipal, posteriormente substituído por um parque urbano nesta área cercada
por comunidades conflagradas pela violência urbana não se dava aleatoriamente, mas dentro
de um contexto que previa primeiramente a proximidade de um grande equipamento esportivo
para os jogos citados e segundo por antecipar uma nova classificação que viria a figurar no
novo plano diretor municipal, o de parque urbano: “§2º Os parques públicos que não
apresentem relevância ecológica não serão considerados Unidades de Conservação da
Natureza não estão incluídos na categoria referida no inciso I do §1º e passarão a ser
classificados como Parques Urbanos” (RIO DE JANEIRO, PDDUS, 2011), distinguindo da
figura do parque natural definido no inciso citado como “área de domínio público, destinada à
preservação de ecossistemas naturais de relevância ecológica e beleza cênica, permitida a
visitação pública e o lazer em contato com a natureza”, portanto reduzindo sua importância de
recuperação ecossistêmica prevista nos parâmetros legais vigentes até então, sendo
diminuídos apenas à categoria de lazer. Isso ocorria em área adjacente a comunidades que
haviam, naquele mesmo ano, passado por um violento processo de deflagração de guerra ao
narcotráfico e que prometia levar a tais espaços os serviços urbanos e ecossistêmicos que não
se encontravam na região, promessas que ficaram somente no arcabouço legal e que nunca
foram efetivamente executados, como se demonstra ao longo de toda a década de 2010.
A partir dessa revisão em 2011 do Plano Diretor municipal, que revia toda a política
urbana e ambiental da cidade a partir de ações estruturantes de proteção ao Bioma Mata
Atlântica e à Biodiversidade em seus artigos 178 e 179, dentre as quais:
Da Proteção do Bioma Mata Atlântica
Art.178. São ações estruturantes relativas à proteção do Bioma Mata Atlântica:
(...)
II. promover ações de reflorestamento e de recuperação de áreas degradadas,
privilegiando, quando possível, a utilização de mão-de-obra de comunidades
carentes localizadas no entorno ou ainda através da contratação direta ou por
cooperativas;
III. priorizar o reflorestamento com espécies autóctones de vertentes de morros e
maciços que contribuam para a proteção de mananciais e de faixas marginais de
cursos d´água;
IV. criar corredores ecológicos conectando os fragmentos florestais do
Município, de forma a mitigar as conseqüências da fragmentação dos ecossistemas
aumentar o potencial de sobrevivência das espécies e da conservação da
biodiversidade;
(...)
Subseção VI
Da Biodiversidade
Art.179. São ações estruturantes relativas à biodiversidade:
(...)
III. impedir e prevenir as pressões antrópicas sobre áreas de relevância ambiental, de
forma a garantir a diversidade biológica;
IV. prover, através de projetos, a implantação de corredores ecológicos de
interligação dos remanescentes naturais;
V. prevenir e impedir a introdução e a disseminação de espécies alóctones;
(RIO DE JANEIRO, PDDUS, 2011)

Assim, uma série de estudos para regulamentação de leis complementares que rejam a
proteção ao meio ambiente da cidade do Rio de Janeiro passa a ser planejada de modo a
garantir corredores ecológicos de conservação e recuperação da biodiversidade da Mata
Atlântica originária. Paralelo a isso ocorre um importante avanço que é o reconhecimento do
Mosaico Carioca pela Portaria 245 de 2011 do Ministério do Meio Ambiente com base no
decreto federal 4.340 de 2002 sobre o dispositivo dos mosaicos previstos no SNUC. Esse
encadeamento de base legal provocou que a Secretaria de Meio Ambiente (SMAC) elaborasse
resolução para instituir grupos de trabalho para planejamento dos Corredores Verdes, que
viriam a ser os corredores ecológicos a consolidar a conexão entre as UCs reconhecidas no
Mosaico Carioca, com relatório finalizado em 2012, posteriormente um projeto de lei
complementar nº. 30 de 2013 a fim de instituir um Código Ambiental Municipal, que criaria o
Sistema de Áreas Verdes e Espaços Livres (SAVEL), e em 2015 a elaboração do Plano
Diretor de Arborização Urbana, conforme estabelecido no artigo 182, parágrafo único e no
artigo 183, inciso II, e o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica,
esse último tendo sido aprovado em 2020.
Em 2013, passa a tramitar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro o Projeto de Lei
Complementar 30 de 2013 a fim de regulamentar a política de meio ambiente municipal
prevista no PDDUS de 2011 através da instituição do Código Ambiental do município. Nessa
intencionalidade legal estaria previsto o instituto do Sistema de Áreas Verdes e Espaços
Livres (SAVEL) conceituado no Anexo I deste PLC da seguinte forma:
“52. Sistema de Áreas Verdes e Espaços Livres - SAVEL do Município: é composto
pelo conjunto dos espaços livres urbanos, com ou sem vegetação, que apresentem,
ou não, relação de conectividade e complementaridade e que constituam um sistema
complexo, inter-relacionado com outros sistemas urbanos, aos quais se possam se
sobrepor, total ou parcialmente, enquanto sistemas de ações e instrumento de
ordenamento do território, exerce múltiplos papéis, por vezes sobrepostos, que
englobam a circulação e a drenagem urbanas, as atividades de lazer, o convívio
social, o conforto, a preservação, a conservação e a requalificação ambientais e a
compatibilização do desenvolvimento social e econômico com a proteção do próprio
sistema;” (PLC 30/2013 - Anexo I)

Contudo tal instrumento legal ainda não teve sua tramitação concluída na Câmara
Municipal, de forma que ainda não integra o arcabouço legal vigente que rege as políticas de
uso e ocupação do solo urbano, no entanto demonstra uma intencionalidade da estruturação de
corredores ecológicos através do sistema de espaços livres no meio urbano.
As principais áreas com possibilidade de implantação de corredores ecológicos que
conectassem o maciço da Serra da Misericórdia, juntamente à do Juramento e à Serrinha, aos
fragmentos próximos pertencentes ao Mosaico Carioca, como a APA da Serra dos Pretos
Forros, seriam as faixas non-aedificandi das linhas de transmissão de energia, contudo estas
também são fortemente descontinuadas pelas barreiras das grandes avenidas, mas
principalmente dos ramais ferroviários que cortam a região na altura dos bairros de Madureira
e Cascadura.
Segue um exemplo de um mapeamento proposto de corredores ecológicos elaborado
pelo Grupo de Trabalho Corredores Verdes (2012) a fim de conectar o fragmento de
recuperação florestal das vertentes da APA da Serra dos Pretos Forros, de conexão direta ao
Parque Nacional da Tijuca, através de um sistema de espaços livres constituído por terrenos
públicos, privados e faixas de linhas de transmissão de energia desde os bairros de Quintino
Bocaiúva e Cascadura, passando por Madureira e Turiaçu, aos Morros da Serrinha, do Dendê
e do Sapê, integrantes da cadeia da Serra do Juramento e da Misericórdia na abrangência da
APARU da Serra da Misericórdia.

(Fonte: Relatório Final GT Corredores Verdes - Mosaico Carioca, 2012)

Este constitui parte de um estudo conjunto elaborado para subsidiar esse programa de
Corredores Verdes a ser instituído pelo Plano Diretor de Arborização Urbana e pelo Plano
Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica. Contudo, assim como Gomes e
Montezuma (2010) sugerem para o caso estudado da cidade de Nova Iguaçu, também caberia
aqui aplicar a proposta por elas formulada em que “uma intervenção urbana que considerasse
um modelo de arborização de ruas, parques e jardins públicos, e o fomento à população para a
utilização de espécies nativas nos espaços privados, tais como jardins, escolas e quintais,
poderia constituir um corredor arbóreo-arbustivo de forma a melhor conectar tais áreas à
cidade, na escala espacial do município” (p. 7) como instrumentos de parâmetro
urbanístico-ambiental a serem estimulados nos planos de manejo da APA da Serra dos Pretos
Forros e da APARU da Serra da Misericórdia. Contudo tais áreas de proteção ainda não
tiveram seus planos de manejo elaborados.

Proposta Didática
A educação ambiental é uma importante base de sustentação à importância da
Biogeografia ao debate urbano, assim com base nos conceitos e recorte apresentados, a
proposta didática, que se encontra detalhada no Anexo I, se desenvolverá segundo o tema
“Meio ambiente - Mapeamento e arborização da escola e do seu entorno”. Essa proposta
tem como Objetivo Geral desenvolver a conscientização dos alunos em relação à
importância da preservação do meio ambiente, levando em consideração todos os espaços de
circulação dos alunos, como por exemplo: o bairro e a escola.
A proposta será desenvolvida no formato de Sequência didática e as aulas serão
propostas de forma interdisciplinar com o objetivo de envolver outras disciplinas na sua
realização. A proposta se estenderá para os professores de Artes, Biologia, Educação física,
História, Matemática e Português. A sequência didática poderá ser elaborada pelo professor
de Geografia que irá apresentar aos demais professores com um convite para o
desenvolvimento e possíveis contribuições na proposta. A sequência didática foi elaborada
pensando nas turmas de Geografia do Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano. O conteúdo foi
elaborado para a realização de 4 aulas. Havendo a necessidade, a quantidade de aulas
poderá ser ampliada. Dessa forma, será utilizada a avaliação continuada.
Os professores das demais disciplinas serão convidados a participarem da seguinte
maneira: Artes e Matemática: Participação e contribuição na elaboração de mapas; Biologia:
Contribuição na pesquisa das possíveis espécies existentes no bairro; Educação física:
Contribuição na elaboração da proposta da “Caminhada Ecológica”; História: Pesquisa e
levantamento da história do bairro, no que se refere às áreas arborizadas, desmatadas, etc. A
pesquisa poderá ser realizada com moradores antigos do bairro que irá relatar como era o
bairro antigamente e como está o bairro atualmente, em relação ao meio ambiente. O aluno
também poderá realizar pesquisas bibliográficas (livros, jornais, etc.). Português:
Contribuição nas atividades de escrita dos alunos.
Assim a sequência didática se organizaria em:

AULA 1: Meio ambiente

Conteúdo: A globalização e os problemas ambientais. Objetivo: Apresentar aos


alunos a questão dos problemas ambientais no âmbito da questão mundial em
decorrência do processo de globalização, mediante ao avanço do capitalismo.

AULA 2: Desmatamento e biodiversidade

Para iniciar esta aula será proposto um debate sobre a questão do desmatamento e suas
consequências. Conteúdos: Desmatamento; Biodiversidade; A importância das áreas
florestadas; Mapa mental; e a Serra da Misericórdia. Objetivo: Pontuar de que forma
o desmatamento e a perca da biodiversidade tem contribuído para as transformações
na sociedade e na paisagem, causando também impactos no meio ambiente.

AULA 3: Planejamento ambiental

Conteúdos: Problemas ambientais; Planejamento e Conservação ambiental.


Objetivo: Compreender a importância da realização do Planejamento ambiental.

AULA 4: Arborização da escola e do seu entorno & Caminhada Ecológica

Nesta aula será proposto aos alunos que a turma organize uma atividade prática de
Arborização de uma área da escola ou do seu entorno e uma Caminhada Ecológica.
Toda elaboração será feita pelos alunos, eles deverão detalhar cada passo de como as
atividades práticas deverão ser desenvolvidas.

Dessa forma, pretende-se fixar a apreensão aos alunos através da vivência empírica do
cotidiano e da atividade dirigida à importância da conservação, preservação e proteção dos
espaços livres como áreas importantes à manutenção dos processos ecossistêmicos que
garantem a qualidade do meio biótico no ambiente urbano. Métodos, materiais e avaliações
encontram-se detalhados no Anexo.

Conclusão
Mediante a pesquisa exposta observamos que a consolidação da Ecologia como uma
ciência ocorreu durante o século XIX por meio de uma perspectiva mecanicista baseada na
teoria de diversos autores que enfatizavam a separação do ser humano dos estudos ecológicos.
Portanto, com a finalidade de resolver esta situação em meados do século XX, na Europa
Central, surge a Ecologia da Paisagem que passou a incluir o ser humano em suas pesquisas,
integrando-o à sociedade e ao meio físico.
Em vista disso, percebeu-se que a visão mecanicista não contribuiria para as questões
complexas da sociedade, então em 1928 o biólogo Ludwig von Bertalanffy desenvolveu a
Teoria Geral de Sistemas defendendo uma concepção que considerava o organismo como um
todo ou um sistema, incluindo, portanto toda natureza física, biológica e social. Englobando
os seres humanos neste processo.
Apesar da proposta da Ecologia da Paisagem sendo apresentada para contrapor a visão
mecanicista, foi observado que ela ainda não tem sido utilizada ao longo dos anos de forma
eficiente, a fim de contribuir para a compreensão do espaço como algo complexo.
Da mesma forma, os espaços urbanos sofreram um processo de fragmentação e
degradação, provocando a fragilização e muitas vezes a destruição da sua biodiversidade
nativa, e para a solução dessa fragmentação e restauração das áreas degradadas, criou-se a
implementação dos chamados Corredores Ecológicos, assim como também a manutenção e
conservação dos Sistemas de espaços livres, o que podemos ver nas tentativas de se
regulamentar programas de Corredores Verdes e Sistemas de Áreas Verdes e Espaços Livres
(SAVEL) a fim de permitir a manutenção do fluxo gênico da biodiversidade autóctone com a
dispersão ocorrendo através desses corredores interligando o Mosaico Carioca.
Do mesmo modo, ao observarmos o caso da Serra da Misericórdia na Zona Norte do
Rio de Janeiro, constatamos que de fato faz-se necessário que ocorra a consolidação de uma
rede de espaços que possibilite a preservação e recuperação dos fragmentos remanescentes da
Mata Atlântica existentes em meio ao ambiente urbano.

Referência Bibliográfica

BRASIL. Lei Federal Nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o,
incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm Acesso em: abril de 2021.

______. Decreto Federal Nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. Regulamenta artigos da Lei


9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza - SNUC, e dá outras providências. 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4340.htm Acesso em: abril de 2021.
RIO DE JANEIRO. Lei Complementar Nº 16, de 04 de junho de 1992. Dispõe sobre a
Política Urbana do Município, institui o Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro, e
dá outras providências. Rio de Janeiro, 1992.

______. Decreto Nº 19.144, de 14 de novembro de 2000. Cria a Área de Proteção Ambiental


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______. Decreto Nº 27.469, de 20 de dezembro de 2006. Cria o Parque Municipal da Serra


da Misericórdia e dá outras providências. Rio de Janeiro, 2006.

______. Decreto Nº 33.280, de 16 de dezembro de 2010. Renomeia o Parque Municipal da


Serra da Misericórdia como Parque Municipal Urbano da Serra da Misericórdia, estabelece
seus limites e dá outras providências. Rio de Janeiro, 2010.

______. Lei Complementar Nº 111, de 01 de fevereiro de 2011. Dispõe sobre a Política


Urbana e Ambiental do Município, institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
Sustentável do Município do Rio de Janeiro e dá outras providências. Rio de Janeiro, 2011.

______. Projeto de Lei Complementar Nº 30/2013. Institui Código Ambiental da Cidade do


Rio de Janeiro, 2013.

PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Relatório Final GT Corredores


Verdes. Rio de Janeiro, 2012.

______. Plano Diretor de Arborização Urbana da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de


Janeiro, 2015.

______. et ECOBRAND GESTÃO AMBIENTAL. Plano Municipal de Conservação e


Recuperação da Mata Atlântica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, maio de 2015.

GOMES, Elisa Sesana e MONTEZUMA, Rita de Cássia Martins. Conectando cidades e


florestas: o caso do município de Nova Iguaçu. VI Seminário Latino-Americano de
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LAGO, Antônio e PADUA, José Augusto. O que é ecologia? 1ª edição eBook 2017.
Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt
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MOREIRA, Igor. O espaço geográfico – Geografia Geral e do Brasil. 44ª edição. Editora
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NUCCI, João Carlos. Origem e desenvolvimento da Ecologia e da Ecologia da Paisagem.
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QUEIROGA, Eugênio F.. et BENFATTI, Denio M. Sistemas de Espaços Livres Urbanos:


Construindo um Referencial Teórico. Paisagem Ambiente: Ensaios, n. 24, pp. 81 - 88. São
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SCLHEE, M. B.; NUNES, M. J.; REGO, A. Q.; RHEINGANTZ, P.; DIAS, M. A;


TÂNGARI, V. R. Sistema de Espaços Livres nas Cidades Brasileiras - um debate
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https://www.verdejar.org/o-macico Acesso em: março de 2021.

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2021

______. Serra da Misericórdia, a última área verde da Leopoldina. Disponível em:


https://www.verdejar.org/carta-da-serra . Acesso em: março de 2021.

Videos assistidos:

Ecologia da Paisagem e conservação da biodiversidade são abordados em diversos


estudos da UFSCar. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0Yz5uDbiEHk
Acesso em: abril de 2021.

Entenda a Fragmentação. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-86ySh1jWto


Acesso em: abril de 2021.
ANEXO I

PROPOSTA DIDÁTICA: SEQUÊNCIA DIDÁTICA

PROFESSORES: Alix Gabriel da Silva Ferreira e Rosana de Oliveira da Costa Pereira.

TURMA: A sequência didática foi elaborada pensando nas turmas de Geografia do Ensino
Fundamental do 6º ao 9º ano.

TEMA: Meio ambiente - Mapeamento e arborização da escola e do seu entorno.

A proposta será desenvolvida no formato de Sequência didática e as aulas serão


propostas de forma interdisciplinar com o objetivo de envolver outras disciplinas na sua
realização. A proposta se estenderá para os professores de Artes, Biologia, Educação física,
História, Matemática e Português. A sequência didática poderá ser elaborada pelo professor
de Geografia que irá apresentar aos demais professores com um convite para o
desenvolvimento e possíveis contribuições na proposta.

Os professores das demais disciplinas serão convidados a participarem da seguinte


maneira: Artes e Matemática: Participação e contribuição na elaboração de mapas; Biologia:
Contribuição na pesquisa das possíveis espécies existentes no bairro; Educação física:
Contribuição na elaboração da proposta da “Caminhada Ecológica”; História: Pesquisa e
levantamento da história do bairro, no que se refere às áreas arborizadas, desmatadas, etc. A
pesquisa poderá ser realizada com moradores antigos do bairro que irá relatar como era o
bairro antigamente e como está o bairro atualmente, em relação ao meio ambiente. O aluno
também poderá realizar pesquisas bibliográficas (livros, jornais, etc.). Português:
Contribuição nas atividades de escrita dos alunos.

DURAÇÃO PREVISTA: O conteúdo foi elaborado para a realização de 4 aulas. Havendo a


necessidade, a quantidade de aulas poderá ser ampliada.

AVALIAÇÃO: Será utilizada a avaliação continuada.

OBJETIVO GERAL: Desenvolver a conscientização dos alunos em relação à importância


da preservação do meio ambiente, levando em consideração todos os espaços de circulação
dos alunos, como por exemplo: o bairro e a escola.
AULA 1: Meio ambiente

Conteúdo: A globalização e os problemas ambientais.

Para apresentação do tema, nesta primeira aula de abertura do projeto será realizado
um debate com os alunos, onde serão indagados com alguns questionamento sobre a situação
do meio ambiente atualmente. Os alunos deverão relatar suas impressões e opiniões sobre o
assunto, de forma geral (planeta) e local (bairro e regiões vizinhas). Após os alunos
responderem oralmente será apresentado um pequeno texto sobre os problemas ambientais.

Objetivo: Apresentar aos alunos a questão dos problemas ambientais no âmbito da questão
mundial em decorrência do processo de globalização, mediante ao avanço do capitalismo.

Materiais e métodos: Livro didático e quadro branco.

Etapas de desenvolvimento: Aos alunos será apresentado o trecho abaixo, em seguida o


professor irá fazer a apresentação do texto e debater à questão junto com os alunos.

Texto didático: Problemas ambientais

Solicitação de registro: Após a aula expositiva os alunos deverão realizar o registro, no seu
caderno, do texto apresentado.

Avaliação individual e do grupo:

Atividade de aula: Em seu caderno, escreva com suas palavras sobre os problemas ambientais
debatidos na aula. Cite em sua redação a atual situação do meio ambiente de forma geral
(planeta) e local (bairro e regiões vizinhas). Dê a sua opinião sobre o assunto, etc.

Atividade de casa: Pesquise em livros e sites da internet sobre o conceito de Espaços livres
urbanos. O aluno deverá escrever em seu caderno.

Trabalho avaliativo para ser entregue por cada aluno: Faça um mapeamento das áreas livres,
preservadas e degradadas do seu bairro.

AULA 2: Desmatamento e biodiversidade

Para iniciar esta aula será proposto um debate sobre a questão do desmatamento e suas
consequências.
Conteúdos: Desmatamento; Biodiversidade; A importância das áreas florestadas; Mapa
mental; e a Serra da Misericórdia.

Objetivo: Pontuar de que forma o desmatamento e a perca da biodiversidade tem contribuído


para as transformações na sociedade e na paisagem, causando também impactos no meio
ambiente.

Materiais e métodos: Data Show / Vídeo do YouTube, quadro branco, livro didático e lápis
de cor.

Etapas de desenvolvimento: Antes da introdução do conteúdo será pedido a pesquisa (Dever


de casa) pedida na aula anterior. Então será abordado o conceito de Espaços livres urbanos, a
partir das pesquisas realizada pelos alunos. Neste momento os alunos também deverão
apresentar o resultado do mapeamento das áreas livres, preservadas e degradadas do seu
bairro.

- Texto didático: Desmatamento e biodiversidade: a vida em perigo.

- Após a apresentação e leitura do texto didático será utilizado um vídeo do Youtube que
mostra o trabalho realizado pelo Projeto Verdejar que realiza atividades de agroecologia na
Serra da Misericórdia, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro. O vídeo tem como título:
“Verdejar: o projeto que refloresta morro no Rio”. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=AfFEK1HhPlw

Solicitação de registro: Os alunos deverão anotar no caderno o que mais lhe chamar atenção
no vídeo para depois socializar com a turma.

Avaliação individual e do grupo:

Atividade de aula: Elabore um mapa mental do caminho que você percorre da sua casa até a
escola. Incluía os principais pontos de referência e crie uma legenda para eles.

Atividade de casa: Identifique as áreas e Espaços livres existentes no seu bairro e aponte quais
locais poderiamos realizar um projeto de arborização ou compor um corredor verde entre as
praças, jardins, terrenos baldios, etc.

AULA 3: Planejamento ambiental

Conteúdos: Problemas ambientais; Planejamento e Conservação ambiental.


Objetivo: Compreender a importância da realização do Planejamento ambiental.

Materiais e métodos: Quadro branco e o livro didático.

Etapas de desenvolvimento: Para iniciar a aula os alunos serão indagados com os seguintes
questionamentos: Vocês sabem o que é um Planejamento ambiental?, Qual a importância da
realização do Planejamento ambiental? Etc.

- Texto didático: Planejamento ambiental

Solicitação de registros e avaliação individual: O registro desta aula será realizada através
da escrita das respostas das indagações realizadas aos alunos no início da aula. E a sua
avaliação também será realizada através da participação dos alunos.

Atividade de Casa: 1 - Faça uma pesquisa sobre o tema da aula: Planejamento ambiental.
Pesquise quais são os principais projetos de lei que possibilitam que ocorra o planejamento
ambiental no Brasil em níveis Federais, Estadual e Municipal?
Depois responda a seguinte questão: Em sua opinião os projetos elaborados para a
realização do Planejamento ambiental no Brasil, no seu Munícipio e Bairro tem sido
implementado e desenvolvido de forma eficaz, a fim de contribuir para a preservação do meio
ambiente? Aponte os pontos positivos e negativos.

Trabalho em grupo: Forme grupo de até 4 ou 5 alunos e crie uma proposta de arborização em
uma área da escola ou do seu entorno. O grupo deverá elaborar um Mapa mental da área
escolhida, detalhar de forma escrita a proposta do grupo e listar os materiais que deverão ser
utilizados para a arborização (terra, vasos, nomes das mudas das plantas, etc). Em data
determinada pelo professor todos os grupos deverão apresentar para os demais grupos suas
propostas. Este trabalho também será utilizada com trabalho avaliativo.
Após a socialização de cada grupo, a turma deverá escolher de forma coletiva, de
forma amistosa ou por votação o local que deverá ser realizado o projeto de arborização.

AULA 4: Arborização da escola e do seu entorno & Caminhada Ecológica

Nesta aula será proposto aos alunos que a turma organize uma atividade prática de
Arborização de uma área da escola ou do seu entorno e uma Caminhada Ecológica. Toda
elaboração será feita pelos alunos, eles deverão detalhar cada passo de como as atividades
práticas deverão ser desenvolvidas.

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