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B Clones

Livro 1

Série B Clones

Por Laurann Dohner


Staff

Envio: Área 51 Traduções


Tradução: Dakota Dion
Revisão Inicial: Diana
Revisão Final: Tatah Derrn
Leitura Final: Ane MacRieve
Formatação: Louvaen Duenda
É SEMPRE BOM LEMBRAR QUE...

Esta tradução foi realizada por fãs sem qualquer propósito lucrativo e apenas com
o intuito da leitura de livros que não têm qualquer previsão de lançamento no Brasil.

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Sinopse

Big (PARTE 1)

Gemma é uma mãe divorciada de dois filhos adultos. Ela também está morrendo em

um hospital após um trágico acidente. Eles estão dando a ela as boas drogas para

controlar sua dor, e é por isso que ela está sonhando em acordar no futuro com um corpo

de vinte anos e conhecer um pirata espacial quente. Big afirma que ele é um clone, e ela

também. O que acontece quando o sonho de Gemma se torna realidade?

Blade (PARTE 2)

Hailey foi sequestrada de seu planeta colônia de mineração e está presa a bordo de

uma nave espacial de luxo com os homens maus que a levaram. Ela consegue se trancar

dentro da cabine do capitão, esperando ser resgatada. Mas não são as autoridades que

arrombam a fechadura. É um clone. Blade admite ser um pirata espacial, mas jura que

vai mantê-la segura. Ele pode ser atraente... mas um clone também pode ser confiável?
Nota da Revisão

O texto a seguir foi revisado de acordo conforme as novas Regras Ortográficas,

entretanto, com o intuito de deixar a leitura mais leve e fluida, a revisão pode

sofrer alterações e apresentar linguagem informal em vários momentos,

especialmente nos diálogos, para que estes se aproximem da nossa comunicação

comum no dia a dia.

Alguns termos, gírias, expressões podem ser encontrados bem como objetos que

não estão em conformidade com a Gramática Normativa.

Boa leitura!
PARTE 1

BIG
Prólogo

Por que estou em um hospital? Gemma tentou pegar o olhar do médico, mas ele se

recusou a olhar para ela. Ele parecia muito interessado em ler seu prontuário. Quando

ele finalmente o fechou e se afastou de sua cama, ele olhou para tudo, exceto para ela.

Medo em seu estômago.

As máquinas apitaram e o som de vozes veio do corredor. Foi difícil mover a cabeça,

mas ela conseguiu levantar o braço. Estava completamente envolta em bandagens

brancas e volumosas, incluindo sua mão.

O médico finalmente olhou para ela. Sua expressão sombria a assegurou que ela

devia estar em má forma.

— O que aconteceu? — Suas palavras saíram roucas e duras.

— Uma tubulação de gás se rompeu dentro do restaurante do hotel onde você estava

e causou uma explosão. Ainda há investigadores no local, mas é o que sabemos até agora.

Ela se lembrou então. Ela foi almoçar com uma de suas amigas mais antigas e

queridas, que voou para Los Angeles. Elas se encontravam todo mês de fevereiro. Ela

tinha acabado de se aproximar do estande da anfitriã quando um barulho alto soou. Algo

a atingiu com força, então houve muito calor. Ela desmaiou... até agora, quando acordou

no hospital.
— Alguém morreu?

Ele desviou o olhar, mas depois voltou. — Muitas pessoas fizeram.

A própria ideia era horrível. — Você sabe alguma coisa sobre minha amiga, Tina

Miller? Ela estava hospedada no hotel, — ela disse, as lágrimas se formando.

— Não tenho uma lista de sobreviventes ou fatalidades. Eu sinto muito. Você sofreu

queimaduras graves em oitenta por cento do seu corpo, Gemma. Essa é você, correto?

Você é Gemma Grady?

Oitenta por cento. Oh Deus. Isso não é bom. — Sim.

— Você conseguiu segurar sua bolsa. Estava com você quando você foi descoberta.

Eles trouxeram, mas eu precisava confirmar sua identidade. Sua família foi contatada. —

Ele olhou para o gráfico novamente. — Ambos seus filhos e seu ex-marido estão a

caminho.

Eles até o chamaram de ex. Isso foi significativo. — Estou morrendo?

O médico sustentou seu olhar, e ela viu um lampejo de arrependimento. Ele hesitou

por muito tempo antes de falar.

— Estamos fazendo tudo o que podemos por você. — Ele tirou algo do bolso e saiu

da linha de visão dela. — Eu tive que acordá-la para verificar sua identidade. A

enfermeira vai aumentar seus remédios para mantê-la confortável. Sua família deve estar

aqui em breve. Lamento que isso tenha acontecido com você, Sra. Grady.
Ele fugiu, e Gemma não teve dúvidas por seu comportamento de que seu destino era

sombrio.

Não é justo.

Ela olhou para o teto, lutando para absorver tudo. Ajudava saber que, no geral, ela

teve uma boa vida. Cinquenta e seis anos não foram suficientes, no entanto.

Imagens de seus dois filhos passaram por sua mente e suas lágrimas transbordaram.

Ela precisava aguentar até que chegassem ao seu lado, para dizer-lhes mais uma vez que

eram amados. Ela se arrependeria de nunca ter visto nenhum deles se casando, ou nunca

ter um neto.

Os pensamentos de sua amiga Tina vieram em seguida. Gemma havia chegado

alguns minutos mais cedo para o almoço. Ela sabia que o quarto de sua amiga ficava no

sexto andar do hotel, e Tina sempre tendia a chegar um pouco atrasada. Era uma piada

corrente entre elas. Havia uma chance de que Tina não tivesse sido pega na explosão.

Sua melhor amiga tinha seis filhos, três netos e era adorada por seu namorado do

ensino médio.

Gemma decidiu naquele momento ser grata por não saber de uma forma ou de outra.

Isso significava que ela poderia fingir que Tina não tinha se machucado... ou pior.

Uma enfermeira entrou no quarto e se inclinou sobre ela. — Você está acordada. —

A simpatia suavizou suas feições. — Você está com dor?

— Não.
— Vamos manter assim.

— Eu amo meus filhos, — ela desabafou.

— Tenho certeza que eles sabem disso. Você está tendo problemas para respirar?

— Meu rosto está estranho.

— São as bandagens.

Meu rosto está queimado. Quão ruim?

Não importa. Estou morrendo.

A enfermeira olhou para a porta. — Eu acho que seus remédios estão aqui. — Espere!

Saia! — A enfermeira correu para a porta e Gemma conseguiu virar a cabeça.

Um homem de vinte e tantos anos tirou fotos com uma câmera grande. A enfermeira

agarrou-o e empurrou-o para o corredor. Ela então entrou novamente, fechando a porta

atrás dela.

— Eu sinto muito por isso. Alguns desses abutres dos tabloides estão passando pela

segurança para tirar fotos.

— Fotos?

A enfermeira baixou a voz. — Aquela cantora famosa também estava no hotel. Você

tem o mesmo nome. Eles devem ter listado você no quadro da enfermaria e ele pensou

que você fosse ela. Vou pedir para eles retirarem e pedirem à segurança para vigiar sua

porta.
Gemma estava familiarizada com a cantora. Seus filhos brincavam o tempo todo

sobre sua mãe compartilhar seu nome. Não era seu tipo de música, porém, e a mulher era

muito mais jovem. — Ela vai ficar bem?

A enfermeira hesitou. — Ela não conseguiu. Ainda não divulgamos essa informação

para as agências de notícias. Seu povo fará isso. — A enfermeira verificou os monitores.

— Você apenas aguenta aí, Gemma. — Ela olhou para cima e sorriu. — Ah. Aqui vamos

nós. Vou adicionar medicação à sua linha intravenosa. Isso vai fazer você se sentir muito

bem e ajudá-la a dormir até que seus filhos cheguem.

Gemma fechou os olhos. Ela precisava pensar em uma maneira de dizer adeus a seus

preciosos meninos. Brent tinha acabado de se formar em direito. Ele ficaria bem. Thomas

era outro assunto. Ele já havia mudado de faculdade duas vezes. Não importava para ela

o que ele decidisse fazer com sua vida, contanto que o fizesse feliz. Ela lhe disse isso antes,

mas queria reforçar uma última vez quando ele chegasse.

Uma frieza de repente varreu seu braço. Ela se sentiu tonta e quase bêbada. Então a

medicação para dor a fez dormir.

Capítulo Um
Um alarme estridente despertou Gemma. Ela olhou para o que parecia ser metal liso,

centímetros acima de seu rosto. Havia uma fonte de luz fraca ao longo de seus lados.

Ela estava deitada no que parecia um caixão. Era um espaço fechado e apertado.

Ela engasgou e começou a entrar em pânico.

Eu estou viva. Não me enterre!

Ela mexeu os braços livres de onde eles pareciam presos em seus lados e empurrou

para cima, um grito preso em sua garganta.

Uma tampa deslizou para o lado, e a luz ficou mais brilhante à medida que a abertura

se alargava. Ela usava os pés agora também, chutando a parte de cima pesada.

Ele se moveu mais e o barulho da sirene ficou mais alto. Quando ela foi capaz de se

sentar, Gemma ficou boquiaberta em choque quando ela deu uma olhada em seus

arredores.

Não era uma funerária. Não havia flores, decorações de bom gosto ou cadeiras.

Era uma sala que a lembrava de um mini-armazém, com muitas caixas de metal

retangulares como a sua, amarradas ao chão e revestindo as paredes.

— Que diabos?

Um leve movimento veio de sua direita, e ela ficou boquiaberta com a... coisa que

rolou para dentro da sala. Não era humano.


Parecia o projeto de ciências superfaturado de alguém. Parecia humanoide com

cabeça, peito e braços, mas a metade inferior consistia em uma caixa quadrada sobre

rodas.

Virou seu caminho.

— Deite-se e deixe-me selar sua unidade, — a voz sem emoção ordenou.

Ele levantou braços robóticos e Gemma surtou.

Ela gritou e golpeou a coisa com os punhos. Ele evitou o contato soltando os braços

e dando marcha à ré alguns metros.

— Sua unidade foi acidentalmente acionada para abrir. Foi um erro causado por um

forte impacto com uma nave espacial, — afirmou a coisa. — Deite-se e eu vou selar você

novamente.

Gemma agarrou a lateral da caixa parecida com um caixão e saiu freneticamente.

Seus pés estavam descalços, e o chão estava gelado quando ela caiu sobre as pernas

trêmulas. — Fique longe de mim. O que você é?

— Sou uma unidade de reparo de serviço. Sua unidade de envio foi acionada por

engano. Volte para ela agora.

— Não. — Ela se afastou do robô e olhou para a caixa grande. Era um caixão

estranho, tudo bem. Uma tampa com aberturas na parte inferior e feito de material

prateado que parecia ser uma mistura de plástico e metal. — Onde estou? O que está

acontecendo? — Ela olhou de volta para o... robô.


— Você está a bordo do transporte espacial Avian e fomos atacados por piratas.

Ela deixou isso acontecer. Transporte espacial? Piratas? Robô maluco? Ela abaixou o

queixo, olhando para seu corpo, e imediatamente sofreu outro choque. — Onde estão

minhas roupas?

Gemma atualmente usava uma calcinha e um sutiã esportivo combinando.

E as surpresas continuaram chegando... porque sua barriga também estava lisa.

Ela aproveitou o tempo para estudar seus braços e mãos. Não havia manchas da

idade, nenhum excesso de pele.

Ela estendeu a mão, tocando seu rosto. Fechando os olhos, ela o examinou com as

pontas dos dedos, sem sentir nenhuma pele solta ou rugas. Ela abriu os olhos e olhou

para baixo novamente, desta vez olhando para suas coxas. Elas eram finas e bem

torneadas. A dela não parecia tão boa em pelo menos vinte e sete anos, desde antes de

sua primeira gravidez.

— Retorne para sua unidade, — afirmou o robô.

Gemma se endireitou, olhando para a coisa. Ela estava confusa, mas de repente fez

sentido. Ela quase podia sentir a lâmpada mental se acendendo.

— Oh! Isto é um sonho. Estou nas boas drogas. — Ela mordeu o lábio, lembrando

sua realidade mais recente. — Estou morrendo em um hospital.

O alarme irritante parou e Gemma sentiu uma pontada de medo. Talvez aquele

alarme tenha sido seu monitor cardíaco disparando na vida real. — Você é minha
pequena voz de inconsciência? Voltar para a unidade é uma metáfora para não sair do

meu corpo?

— Você precisa voltar para sua unidade.

Ela olhou para a caixa horrível com sua tampa grossa. Ela não queria morrer ainda.

Ela precisava falar com Brent e Thomas. Mas era terrível demais considerar voltar para

dentro de algo que ela confundiu com um caixão. — Não. Estou bem aqui. Eu ainda estou

viva. Eu não estaria tendo esse sonho estranho de outra forma.

— Os piratas estão se preparando para embarcar no transporte. Você precisa ser

protegida, — afirmou.

— Merda. — Ela teve alguns sonhos bizarros antes, mas este levou o bolo.

— Eu não detecto um mau funcionamento de resíduos.

Levou um segundo para ela entender o que o robô estava tentando dizer. — Eu não

sujei minha calcinha. Pelo menos espero que não. Aquela enfermeira simpática teria que

me limpar, e eu gostava dela. — Ela estendeu a mão para trás para passar a mão sobre a

bunda da calcinha curta de menino que ela usava. Ela estava seca. — Acho que estou

bem.

— Você precisa voltar para sua unidade.

— Você precisa parar de dizer isso. Não vou voltar para a caixa, mesmo que seja meu

corpo.
O robô avançou e ergueu as mãos. Ambos tinham seis dedos, três de cada lado das

áreas centrais da palma. Ele tentou agarrá-la.

Ela recuou rapidamente para manter espaço entre eles. — Afaste-se, projeto de

ciências!

Parou. — Retorne à sua unidade para ser protegida.

Gemma respirou fundo e tentou acordar. Aconteceu algumas vezes; ela se dava

conta de ter um sonho e saía dele se se concentrasse o suficiente.

Nada mudou. Isso a irritou.

— Fantástico. Estou realmente dopada.

— Você precisa seguir minhas ordens para evitar ser roubada ou danificada.

Ela olhou para o robô esquisito. — Tudo bem eu já entendi. Eu tenho que jogar junto

antes que eu possa acordar? — Então ela murmurou: — Por que eu não poderia sonhar

que estou em uma praia ensolarada, tomando uma daquelas bebidas de frutas com

guarda-chuvas fofos?

— A porta do compartimento de carga está sendo arrombada. — O robô girou a parte

superior do corpo e começou a rolar lentamente.

Gemma hesitou por um segundo antes de seguir.

Parou perto de uma grande porta de metal. — Os piratas estão invadindo as

fechaduras. — O robô recuou alguns metros da porta.


— Excelente. Piratas espaciais e um robô esquisito. Como se não fosse ruim o

suficiente eu estar morrendo, eu também fico presa com esse limão de um sonho? — Ela

olhou para baixo de seu corpo. — E é claro que estou vestindo uma roupa pequena que

grita 'ataque-me'. É melhor que esse sonho não se transforme em algo assim. Se houver,

vou registrar uma queixa na vida após a morte.

— Os piratas conseguiram. O acionamento manual está sendo acionado para abrir a

porta.

— O que você faz quando piratas espaciais atacam neste mundo de sonho infernal?

Diga-me para que isso possa acabar, robô.

— Desconhecido.

— Você ajuda muito.

— Estou detectando sarcasmo em seu tom, — afirmou o robô.

— Não me diga, Sherlock! É assim que vou começar a te chamar.

— Não consigo processar sua solicitação.

— Eu só quero acordar dessa merda de sonho. Você é uma versão ruim da minha

vozinha da razão. Falha épica.

A porta se abriu e os lábios de Gemma se separaram quando ela teve seu primeiro

vislumbre do suposto pirata.

Ele tinha que ter pelo menos um metro e oitenta e cinco, e ele usava um uniforme

preto que abraçava o físico de um fisiculturista. Seu cabelo igualmente preto caía em uma
massa desgrenhada de cachos até seus ombros largos. Ele tinha um rosto robusto e bonito.

Olhos azuis escuros emoldurados por cílios longos e grossos olhavam diretamente para

ela.

Gemma gostou da aparência dele. — Uau. Agora estamos falando. Olá, Sr. Hulk.

— Meu nome é Big. E eu vou atirar em você se você fizer algum movimento brusco.

— Sua voz saiu rouca e profunda. Ele ergueu uma arma e apontou para o robô.

Era a arma mais estranha que ela já tinha visto, com um cano longo e grosso. Ela não

estava nem um pouco com medo. — Se isso não é uma insinuação, não sei o que é. Oh,

por favor. Atire em mim com sua arma impressionante, Sr. Pirata Todo-Poderoso. — Ela

riu e balançou a cabeça. — Eu devo estar tão alta quanto uma pipa agora. Isso está se

tornando absolutamente impertinente.

O galã inclinou ligeiramente a cabeça e desviou o olhar para o robô. — Eu estava

ameaçando o droide. Por que ela está acordada? Responda, droide.

— O clone ativou durante o trânsito e está confuso, — respondeu o robô.

Gemma suspirou, olhando para o cara gostoso. — Atire nesse robô. Por favor. É

irritante como o inferno. Tem sido meu inimigo desde que este pesadelo começou. Eu

ficaria grata.

— Fique em silêncio, mulher, — o pirata exigiu, sua voz se aprofundando. — Eu sei

o que ela é. Explique suas origens, droide.


— Claro. Eu vou calar a boca. — Gemma cruzou os braços sobre o peito. — Sem

problemas. Eu não quero estar aqui de qualquer maneira. É o meu sonho, mas por favor,

continue sem mim.

— Ela foi ordenada pelo Sr. Florigo, — afirmou o robô.

— Qual é o nome e a designação dela?

— Gemma Grady. Ela é a cantora favorita do Sr. Florigo.

Gemma bufou. — Ah. Foi isso que desencadeou esse sonho maluco. Era aquele

paparazzi tirando uma foto minha.

O pirata desviou o olhar para ela. — Você é uma cantora?

— Não. Eu não posso cantar uma música para salvar minha vida.

— Você é uma cantora do século XXI, — insistiu o robô.

Gemma girou sobre a coisa. — Eu sei quem eu sou! Tenho cinquenta e seis anos e

atualmente estou deitada em uma cama de hospital esperando para dizer adeus aos meus

filhos. Uma tubulação de gás explodiu dentro de um hotel. Grande explosão. Lugar

errado, hora errada. Este é um pesadelo induzido por drogas do qual quero acordar.

— Droga. — O pirata avançou, baixando a arma. — Como foi obtido o material

original para este clone?

— Todos os materiais de origem dos clones são congelados após a morte de um

corpo, — afirmou o robô.


Gemma estremeceu ao ouvir a descrição do robô insensível. — E fica pior. Grande

surpresa. Agora estamos falando de cadáveres. E você disse clone? Fantástico. Espaço

sideral, naves, um robô irritante, um pirata sexy e agora clones. Eu nunca entendi por

que as pessoas usam drogas de propósito. Isso é uma merda bagunçada.

O pirata parou a poucos metros de Gemma e exigiu sua atenção quando ele

gentilmente segurou seu ombro com a mão grande. Ela virou a cabeça, olhando para ele.

Ela tinha que admitir, ele realmente era super bonito. Esse foi o único destaque deste

pesadelo atual.

— Você tem memórias?

— Claro que eu faço.

Um músculo em sua mandíbula se contraiu. Ele parecia zangado. — Quem é você?

Ela suspirou. — Muito bem. Eu vou jogar junto. Meu nome é Gemma Grady, mas

não sou aquela cantora famosa. Ela foi morta na mesma explosão de hotel que me atingiu.

Ele respirou fundo e expirou. — Acho que entendo o que está acontecendo.

— Ah, bom! Bem, conte-me as maravilhas do universo e depois me deixe acordar

desse sonho de merda.

— Qual é a última memória que você tem, Gemma?

— Estou no hospital esperando meus filhos chegarem. Eu preciso dizer adeus a eles.

O médico não diria isso, mas estou muito machucada para sobreviver aos meus

ferimentos.
Ele piscou algumas vezes, carrancudo. — Você está morrendo?

— Sim. Esta é a minha versão de um tapa de vadia real, via sonho, certo? Entendo.

Minha vida acabou. Oitenta por cento de queimaduras significa que estou frita. — Ela fez

uma pausa. — Torrada queimada. Trocadilho ruim, mas aí está. Eles estavam me

enchendo de drogas boas, então eu não estou com dor.

— Isso não é um sonho.

— Certo. Estou realmente no espaço sideral. — Ela olhou para seu corpo. — E muito

mais jovem do que eu costumava ser. Como se isso fosse possível. — Ela olhou para ele.

— Com um grande pirata espacial quente. Totalmente crível.

— Eu detecto sarcasmo em seu tom, — afirmou o robô.

— E é por isso que estou chamando você de Sherlock, — ela murmurou. — Você é

bem o detetive lá, horror-braços sobre rodas.

O pirata guardou sua arma no coldre e forçou Gemma a encará-lo quando sua mão

livre agarrou sua cintura e a torceu em direção a ele. Ela teve que inclinar o queixo para

trás, já que ele se elevava sobre ela. Seus olhos eram ainda mais atraentes de perto. Eles

eram de um azul profundo da meia-noite.

— Eu odeio ser o único a dar essa notícia para você, mas você não está em um estado

de sonho.

— Certo. Isso é exatamente o que uma pessoa dos sonhos diria.

— Você está ciente do que é um clone, em seu período de tempo?


— Claro. É algo sobre o qual brincamos; como poderíamos fazer mais coisas se

houvesse quatro de nós mesmos.

— A tecnologia não foi aperfeiçoada até 2076 para os seres humanos, mas JDJ A Cryo

Corp começou a coletar cérebros e tecidos de fontes corporais por volta do ano 2000, de

acordo com rumores. Eles visavam celebridades conhecidas na esperança de vender seus

corpos quando aperfeiçoassem a tecnologia de clonagem no futuro. Acredito que foi isso

que aconteceu com você.

— Uh-hum. Ok. — Gemma se perguntou por quanto tempo os remédios para dor a

manteriam presa nesse sonho.

— Você compartilha o nome exato como uma celebridade?

— Acabei de dizer isso. Um cara com uma câmera até pensou que eu fosse ela. A

cantora também estava no hotel, mas a enfermeira disse que ela morreu. Daí este pesadelo

estúpido.

Ele aliviou seu aperto. — Você não acredita que isso é real?

— Não. Como eu disse antes, eles estão me dando drogas boas. Eu não estou

sentindo nenhuma dor... exceto por sofrer com isso.

— Seu corpo original morreu. Que ano você acredita que seja?

Gemma teve que resistir a revirar os olhos. Ela só queria acordar para ver se seus

filhos já tinham chegado. Mas esse maldito sonho não terminava. Ela estava presa,
olhando para um cara de fantasia que ainda esperava pacientemente que ela respondesse.

Ela suspirou, decidindo continuar a jogar, já que não tinha escolha. — É 2020.

Ele deu a ela um olhar de pena. — É 2141. Eu também sou um clone, mas não do

mesmo tipo que você. Fui projetado e designado para ser um modelo de segurança.

— Eu pensei que você deveria ser um pirata?

— Eu não gostava que me dissessem o que fazer. Você e eu crescemos dentro de uma

fábrica de clones na Terra. Nós temos isso em comum. — Ele se dirigiu ao robô. — Por

que as memórias dela não foram apagadas?

— Senhor Florigo ordenou que o clone fosse o mais realista possível. Ele não pediu

um espaço em branco. Ela é uma nova adição à Clone World Incorporated.

— Isso é cruel e ilegal, — ele fervia. — Ele não estava preocupado que ela tivesse um

colapso?

O pirata dos sonhos pode estar falando com o robô, mas Gemma respondeu de

qualquer maneira. — Não, esse sonho é cruel e deveria ser ilegal. Eu ainda posso ter um

colapso, se isso não terminar em breve. Quero acordar para me despedir dos meus filhos.

Você não deveria estar roubando esta nave espacial? Acabe logo com isso. — Gemma se

afastou dele até que ele teve que soltá-la.

Ele mudou seu foco de volta para ela. — Eu sinto muito. Isso deve ser muito confuso

para você. Continue acreditando que é um sonho, se isso ajuda a mantê-la calma. Eu me

preocupo com o que vai acontecer quando você finalmente perceber a verdade. Leis
foram aprovadas proibindo os fabricantes de dar aos clones as memórias do material

original, depois que a primeira dúzia enlouqueceu.

— Acho que estou lidando muito bem com minha morte pendente, além de ter esse

estranho sonho espacial.

— Você é profundamente religiosa?

Ela franziu a testa. — Isso não é da sua conta.

— É muito relevante. Responda por favor. Você acredita em uma alma que um Deus

criou apenas para o corpo em que você nasceu?

Gemma franziu a testa, esperando que o sonho não estivesse prestes a se transformar

em uma viagem de culpa, como as que seus pais costumavam dar a ela depois que ela

parou de ir à igreja. Então, novamente, talvez isso a acordasse do pesadelo. — Eu não

vou à igreja nem compro certas crenças religiosas.

— Então talvez você tenha uma chance de sobreviver.

Essa era a última coisa que ela esperava ouvir de seus lábios. Isso a abalou um pouco,

mas ela se recuperou. — O que isso tem a ver com alguma coisa?

— Vamos discutir isso mais tarde. Não vou deixar você morrer. Estou levando você

comigo. Suba a bordo da minha nave e espere por mim. Eu alvejei este transporte

especificamente porque está indo para o Clone World.

— Clone World? O que é isso? Estou morrendo de vontade de saber. — Ela

conseguiu resistir a revirar os olhos novamente.


— Nenhum ser nascido estava confortável com a ideia de clones se misturando com

a sociedade da Terra....

— Seres nascidos? — Gemma interrompeu, arqueando as sobrancelhas.

— Humanos nascidos de outros humanos. — Ele fez uma pausa. — Ao contrário de

ser cultivado em um tanque em uma fábrica, como os clones são. Seres nascidos e clones

são vistos como duas entidades muito separadas. Rico Florigo comprou um pequeno

planeta e abriu um parque temático com clones. É para divertir pessoas ricas, dando-lhes

a oportunidade de conhecer algumas de suas celebridades favoritas do passado e vê-las

se apresentar. Você obviamente foi criada para ser uma cantora. Eles provavelmente

construíram um palco para você para entreter os convidados.

— Mais um fracasso épico, já que, como eu disse, não consigo tocar uma música.

Então, novamente, isso é um sonho. Talvez eu tenha uma voz de estrela do rock. —

Gemma olhou para o peito. — Quero dizer, dê uma olhada nos meus peitos.

Definitivamente material de celebridade jovem. São todos alegres e perfeitos. Eles com

certeza não parecem mais assim na vida real. Eu os chamei de meus deslizamentos de

terra depois de amamentar dois bebês. — Ela olhou para ele.

Sua boca se abriu, mas ele se recuperou rápido. — Vá a bordo da minha nave. Estou

limpando a carga e precisarei remover a gravidade neste transporte para facilitar a tarefa.

— Claro que você vai. — Ela ficou subitamente divertida. — A gravidade é uma

cadela má. Trocadilho de peito. Agora você vai simplesmente desligá-la?


Big suspirou. Ele não parecia achar graça em nada do que ela dizia. — Você não vai

cooperar facilmente, não é?

— Ninguém nunca me acusou de ser fácil. — Ela riu de sua própria piada. — Talvez

para você, no entanto. Você é um material sério para muffins.

Ele não respondeu, em vez disso voltou para a porta. Ele se inclinou um pouco,

atravessando e espiando algo fora da vista dela. Então ele virou a cabeça e encontrou seu

olhar. — Não se assuste.

— Dê o seu melhor. Talvez isso me desperte.

Ele se virou para o que quer que estivesse fora da vista dela, então Gemma se sentiu

um pouco tonta quando seus pés começaram a levantar do chão.

O medo sacudiu através dela quando a sensação de leveza assumiu. Era possível que

ela estivesse morrendo na vida real neste exato segundo. Ela tinha ouvido falar da alma

deixando o corpo, e não havia rumores de se sentir assim?

— Não tenha medo. — A voz de Big a distraiu o suficiente para olhar para ele. Ele

flutuava também. Ele agarrou a borda do batente da porta e puxou seu grande corpo pela

porta aberta, empurrando a parede. Ele derivou em direção a ela, abrindo os braços. —

Eu peguei você.

— Vou denunciar você às autoridades na primeira oportunidade, — disse o robô,

dando a conhecer sua presença. — Estou gravando este episódio inteiro.


Big alcançou Gemma e a agarrou pela cintura. Ele a puxou para perto, e ela o agarrou.

Ele a ajustou em seus braços até que eles se enfrentaram. — Enrole em volta de mim.

— Agora estamos falando. Sexo espacial flutuante é melhor do que lidar com

Sherlock. Você não é tão irritante. — Ela soltou a camisa apertada esticada sobre seu peito

musculoso e deslizou os braços ao redor de seu pescoço. Ela não hesitou em abrir as

pernas, envolvendo-as em torno de seus quadris enquanto flutuavam lentamente ao

redor do espaço cavernoso.

Big fechou os olhos. — Droga…

— O quê?

Ele os abriu, seu rosto a centímetros do dela. — Eu estive aqui sozinho por muito

tempo, — ele murmurou. — Eu não mencionaria sexo, Gemma. Especialmente não agora.

Um sinal de socorro foi enviado assim que eu danifiquei os motores deste transporte para

que eu pudesse atracar nele. Tenho cerca de vinte minutos para descarregar a carga na

minha nave e sair daqui se tivermos uma chance de estar além do alcance de um cruzador

de patrulha. Eles vão abrir fogo na minha nave se formos pegos. As autoridades não vão

se incomodar em me prender. Eu atingi alvos suficientes para que seja uma sentença de

morte automática. — Ele baixou o olhar para a boca dela. — Você é tentadora... mas eu

quero sobreviver. Mantenha esse pensamento até voltarmos à minha base.


— Sem sexo flutuante? — Ela fez beicinho, desapontada. Ele era um galã, e era o

sonho dela. Ela devia começar a desfrutar de algo sobre isso. O nome que ela sonhou para

ele certamente implicava que ele deveria ser bem-dotado.

— Vou desligar a gravidade e podemos fazer o que diabos você quiser mais tarde.

Agora mesmo, estou levando você para a minha nave e descarregando esta carga.

Ele esbarrou em uma parede e desembrulhou um de seus braços de sua cintura. —

Abaixe a cabeça e segure firme. — Ele moveu seu corpo e olhou por cima do ombro dela,

usando a parede para dar o pontapé inicial.

Eles se moveram rápido, e ela torceu a cabeça, observando enquanto eles voavam pela

sala. Eles quase esbarraram no robô, que de alguma forma conseguiu ficar no chão. Eles

passaram a porta e entraram em um corredor. Big virou o corpo e suas costas bateram na

parede. Isso diminuiu um pouco o ímpeto enquanto seu corpo se arrastava contra ele,

mas então ele levantou os joelhos e os rolou até que seus pés estivessem apontados para

longe da porta pela qual tinham acabado de passar. Ele endireitou seu corpo e aumentou

seu aperto ao redor de sua cintura.

Gemma sorriu. Era como um parque de diversões, mas ela estava montando um

homem.

O choque contra outra parede os deteve. Ele estendeu a mão livre e empurrou a

parede. Ela olhou para o corredor quando dobrou a esquina e viu outro quarto através
de uma porta aberta. Big chutou mais uma vez, então eles estavam voando de cabeça para

aquela porta, alinhados com ela, Gemma deitada em cima de seu corpo.

Ela estava tentada a soltar seus ombros e sentar-se. — Isso é meio divertido.

— Não para mim. Você está me retardando.

Eles flutuaram pelo corredor e pela porta aberta. Big estendeu a mão e agarrou a

borda dela, fazendo-os parar. Ele soltou sua cintura e agarrou o outro lado. Ele abriu as

pernas uma vez que as virou, apoiando todo o seu corpo na abertura.

— Isso não teria sido mais rápido com a gravidade? Você sabe, apenas andar?

— Eu já tinha desligado a gravidade na minha nave antes de perceber que você

estava naquela nave. Era para carregar apenas caixas de plasma. — Ele encontrou seu

olhar. — Solte. Este é o meu porão de carga.

Ela olhou para o quarto que parecia muito com aquele onde seu sonho tinha

começado, só que este estava vazio de caixotes.

Ele soltou a porta com uma mão e agarrou a parte de trás de seu sutiã esportivo. —

Solte.

Ela desenrolou os braços e as pernas. Seu corpo começou a se afastar do dele, mas

ele a segurou.

— Vê a cadeira ali com os cintos? Aperte o cinto. — Ele ajustou as mãos, abrindo

uma delas ao longo de suas costas e dando-lhe um empurrão. Isso a fez voar. Não era

divertido sem ele para se agarrar. Seus braços e pernas se agitaram.


— Relaxe, — ele gritou. — Estenda os braços para impedi-la de bater na parede. Eu

voltarei. Aperte o cinto.

Ela parou de lutar contra a falta de gravidade e esticou os braços enquanto a parede

se aproximava. — Isso vai doer, — ela murmurou.

Ela bateu na parede, então começou a flutuar para longe dela.

— Merda! — Ela agarrou freneticamente por algo e agarrou uma parte da cadeira.

Ela estendeu a outra mão para pegar um dos cintos. Isso a lembrou de uma cadeirinha de

criança.

— Este sonho é uma droga, — ela murmurou. — Um pirata bonitão e sem sexo. Pelo

menos eu não tenho mais que lidar com Sherlock. Eu odeio robôs. Os filmes de terror

estão cheios deles. — Ela teve que trabalhar para manobrar sua bunda no assento e

prender as tiras do arnês sobre os ombros. Afivelou-se em sua cintura e, pelo menos, ela

estava segura.

Gemma levantou a cabeça, olhando para a porta aberta. — O que agora?


Capítulo Dois

Big olhou para o dispositivo em seu pulso que o ligava ao computador principal de

sua nave. Encontrar a fêmea o atrasou. Não que ele pudesse se arrepender disso. Ele não.

Acertar um transporte em direção ao Clone World - com um clone a bordo - foi uma

bênção que ele não esperava.

Ela era uma colega clone e precisava de ajuda. O fato de ela ser uma mulher atraente

era outro bônus. Ela tinha lindos olhos azuis pálidos e cabelos loiros escuros.

Ele ainda estava chocado por ter atingido um transporte com um clone a bordo. O

Clone World sempre teve mais segurança quando transportava corpos. Um cruzador bem

armado também escoltava esses carregamentos. Os clones eram muito mais caros que as

caixas de plasma.

Por outro lado, Gemma era uma compra ilegal que Rico Florigo gostaria de esconder

das autoridades. A empresa que fez seu clone também não gostaria que ninguém

soubesse sobre ela. Eles quebraram uma lei importante ao criar um clone com memórias

do material de origem. Isso faria com que eles fossem multados em massa, se não

temporariamente encerrados.

Também explicou o droide de reparo. Estava lá para esconder o fato de que o clone

era ilegal, em caso de falha de estase. O droide teria sido programado para assumir o
controle da situação, recusando-se a permitir que o clone ordenasse que a nave

automatizada enviasse um sinal de socorro.

Big estava mentindo para Gemma quando disse que o dono idiota do Clone World

provavelmente construiu um palco para ela se apresentar para os convidados. Seria

estúpido permitir que o público se aproximasse dela. Alguém poderia descobrir que suas

memórias não foram apagadas se fizessem perguntas sobre sua vida e percebessem que

ela não estava falando de um script.

Seres nascidos temiam clones com memórias. Os humanos teriam exigido que ela

fosse destruída.

Big bufou, imaginando que não era apenas a voz de Gemma que Florigo queria para

entretenimento. Ela era uma mulher muito atraente. O dono do Clone World deve tê-la

feito para seu uso pessoal.

Ele desamarrou outro recipiente e o enviou flutuando no corredor. O droide de

reparos emitiu ameaças de sua prisão pendente. Ele ignorou. Ele teria atirado na coisa

para mantê-la silenciosa, mas então teria que lidar com quaisquer partes flutuantes que

se quebrassem. Não valia a pena o incômodo.

Ele olhou para o dispositivo em seu pulso novamente. O tempo estava quase

acabando. Muito tráfego passou pelas rotas de navegação para o Clone World. O planeta

não apenas recebeu entregas regulares de plasma, mas também alimentos e outros

suprimentos para manter o resort bem abastecido.


Depois vieram os convidados.

Clone World era um destino de férias popular entre as pessoas da Terra. Com sua

má sorte, um grande cruzador de passageiros poderia aparecer. Eles apresentavam

sistemas de armas pesadas para proteger os humanos de ataques. Um olhar para sua nave

não autorizada e eles tentariam destruí-la.

A última coisa que Big precisava era ter que se defender contra humanos vivos. As

autoridades responderiam a isso reforçando a segurança nas vias de circulação. Eles

podem até enviar algumas naves para procurá-lo especificamente. Isso pode não afetá-

lo, já que ele não precisaria pegar outro transporte por um longo tempo. Eles nunca o

encontrariam. Mas seus companheiros clones libertados seriam colocados em risco. Eles

também tiveram que roubar para se manterem vivos. Big não estava disposto a acalmá-

los.

Ele se apressou para pegar as últimas caixas de plasma armazenadas no transporte.

Era uma boa quantia que duraria para dois clones pelos próximos anos.

Gemma era um presente do destino, se ele pudesse impedi-la de ter um colapso

assim que ela entendesse a verdade. Ele lidaria com isso depois que ele os levasse para

fora das pistas de viagem e eles estivessem seguros.

Ele empurrou o último contêiner para o longo corredor que ele criou ao acoplar com

o transporte. Ele teve que fechar a porta atrás de si para evitar que nada flutuasse de volta

para o compartimento de carga. Finalmente silenciou o droide irritante. Ele abriu


caminho entre os caixotes e virou a esquina, preparou-se e começou a enviar os caixotes

restantes direto para sua nave, um de cada vez. Gemma estava fora do caminho de ser

atingida, ele esperava. Ele os enviou com calma, apenas no caso, não aplicando muita

pressão para fazê-los se mover. Ela seria capaz de impedi-los de bater nela com as mãos.

Seus pensamentos permaneceram em Gemma enquanto ele continuava a trabalhar.

Todo mundo tinha ouvido as histórias de horror sobre quando a JDJ Cryo Corp testou

clones pela primeira vez com suas memórias intactas. A dúzia original, como eram

chamadas, tinha dado muito errado.

Dois clones mataram os funcionários que cuidavam deles em uma tática de vingança,

ou possivelmente em um acesso de raiva cega pelo que havia sido feito com eles. Nenhum

dos doze se ofereceu para se tornar clone. Eles acordaram, apenas para descobrir seu

destino. Isso não poderia ter sido agradável.

Big não os culpou pelos assassinatos. Eles tinham as mentes dos humanos livres,

dentro dos corpos dos clones. Eles eram considerados nada além de propriedade. Não

era de admirar que eles não tivessem aceitado essa realidade sem lutar. A empresa

deveria ter previsto esse resultado.

Sete da dúzia original cometeram suicídio por vários meios. Eles não conseguiam

acordar dentro desses novos corpos. Tinha sido demais para suas mentes

compreenderem. Provavelmente não ajudou que os humanos com quem ele passou o

tempo não fossem exatamente compassivos com os clones. Big duvidava que a dúzia
tivesse sido tratada melhor. Seria ainda mais difícil para eles suportar abuso verbal

intenso e falta de empatia, já que já foram totalmente humanos.

Ele se preocupava com o clone feminino que acabara de resgatar, a esse respeito. Ela

entraria em choque ao saber o que havia acontecido com ela depois de sua morte? Ela

disse que não era profundamente religiosa. Ele esperava que ela não estivesse mentindo.

Ele havia lido que uma parte dos clones fracassados não queria mais existir, eram

literalmente incapazes, sentindo-se como se fossem uma abominação, uma traição de

qualquer religião em que acreditassem. Uma alma; que eles precisavam morrer, mesmo

que isso significasse tirar suas próprias vidas.

Os três clones que sobreviveram após o primeiro mês não foram capazes de suportar

todas as mudanças que ocorreram desde suas mortes originais. Eles pararam de falar ou

interagir com a equipe que cuidava deles. Meses se passaram enquanto sua saúde mental

se deteriorava cada vez mais.

O experimento foi considerado um fracasso em quatro meses e, uma vez conhecidos

os resultados, uma nova lei foi promulgada sobre a fabricação de clones. Todos eles foram

ordenados a serem apagadas as memórias do material de origem.

Os clones foram reprogramados durante o crescimento para ensinar-lhes um

conhecimento prático do mundo em que estavam nascendo. Memórias programadas

foram implantadas para torná-los mentalmente estáveis e para aceitar os papéis para os
quais foram criados. Eles entenderam que eram clones. Era a única existência que eles

conheciam e não esperavam ser tratados com respeito ou empatia.

Ele havia interagido com muitos modelos de entretenimento quando trabalhava na

Clone World. Os novos estavam ansiosos para interpretar seus papéis e consideraram

uma honra divertir os turistas. Eles devem ter conseguido uma programação mais

extensa do que ele, como um clone de serviço. Não tinha sido uma alegria para ele

trabalhar como segurança. Ele tinha acabado de se resignar ao seu destino. Os clones não

tiveram escolha.

Big odiava seu trabalho. Lidar com convidados indisciplinados falando com ele

como se ele não tivesse emoções ou pensamentos. Ocasionalmente ele foi atacado,

incapaz de se defender de verdade. Os clones só foram autorizados a subjugar

suavemente os infratores violentos. Era contra a lei um clone ferir um humano. Mesmo

um bêbado fora de controle que pensou que seria divertido atacar um clone para ver se

ele sangrava vermelho.

Eles sangravam.

Os humanos pareciam ressentir-se dele mesmo falando com eles quando precisavam

ser lembrados de regras que estavam quebrando ou foram pegos se esgueirando em áreas

fora dos limites. Alguns dos convidados reclamaram quando foram confrontados por ele,

e ele seria punido. Foi tudo besteira. Big tinha acabado de fazer seu trabalho. Se ele tivesse
ignorado as infrações cometidas pelos hóspedes, também teria sido punido por isso.

Tudo para agradar os convidados. Até os babacas.

Os humanos que viviam e trabalhavam em tempo integral no Clone World, os

encarregados de atribuir seus deveres, não eram melhores. Eles tratavam os clones

exatamente da mesma maneira que tratavam os andróides. Nenhum dos que ele conhecia

se importava se as punições que eles distribuíram eram razoáveis ou justas.

A vida tinha sido totalmente deprimente para Big em Clone World. A cada ano,

piorava até que ele não sentia mais nenhuma felicidade. Ver outros clones em trabalhos

semelhantes sofrendo junto com ele não tinha sido um conforto. Isso tinha piorado. Mas

seu destino teria sido a morte instantânea se ele deixasse de cumprir seus deveres

atribuídos. Talvez fosse parte de sua programação ter uma forte vontade de servir... ou

talvez fosse apenas pura determinação de não desistir.

Então, um de seus amigos tinha um plano para escapar, com a ajuda de um humano

raro que vivia no Clone World que tinha sido solidário com sua situação. Pela primeira

vez, ele sentiu esperança. Eles tinham uma nova opção. Fugir. Liberdade.

Foi assustador para Big pensar em deixar a única vida que ele conhecia, o que ele foi

criado para fazer, mas qualquer coisa naquele momento teria sido melhor. Seis deles

usaram suas habilidades, acesso à área de ancoragem e conhecimento do planeta para

sair do Clone World com a ajuda de um humano.


Big cortou essas memórias e concentrou-se em proteger as caixas de plasma em seu

porão de carga. Gemma sentou-se com o cinto, observando-o silenciosamente. Ele

trabalhou mais rápido, querendo levar a nave para longe do transporte. O computador

de bordo da embarcação ainda estava transmitindo um sinal de socorro automático. Não

só a vida dele estava em perigo, mas agora a dela também.

Gemma era do ano de 2020. Ele murmurou uma maldição. Provavelmente seria útil

fazer uma pesquisa sobre esse período de tempo para ver exatamente o quanto o mundo

mudou desde a morte de seu material de origem. Ele também teria que ficar de olho em

sua estabilidade mental para ter certeza de que ela não tentaria acabar com sua própria

vida. A transição de humano vivo para clone seria drástica. Ele se recusou a perdê-la. Ela

não pediu para se tornar um clone.

Ele também admitiu, no fundo, que ansiava por companhia.

Ele estava sozinho há quase dois anos. Quando ele e os outros clones escaparam pela

primeira vez do Clone World, Fig e Free exploraram possíveis locais para eles viverem.

A estação de mineração que eles encontraram era remota o suficiente para evitar ser

detectada, mas perto o suficiente do caminho de viagem da Terra para o Clone World,

tornando possível para eles invadir transportes para o plasma de que precisavam para

sobreviver.

Eles tiveram sorte de encontrar o local. Fig e Free eram hackers geniais e tinham

baixado informações de um velho cargueiro que descobriram flutuando morto no espaço


algumas semanas depois de sua fuga. Eles atracaram com ela, esperando encontrar

comida ou outros suprimentos. Estava abandonado há nove anos. Os registros

afirmavam que os motores principais haviam explodido, a tripulação havia sido

resgatada por outra nave e eles haviam acabado de ajudar a fechar uma operação de

mineração em uma lua.

Os seis tinham sido felizes juntos no início, trabalhando juntos para tornar a estação

de mineração habitável, animados por serem livres. Mas os clones foram feitos para

trabalhar, para se manterem ocupados, e ficaram entediados depois de apenas alguns

meses, dando nos nervos uns dos outros. Então algumas discussões ocorreram sobre

coisas estúpidas.

Seu amigo mais próximo, Blade, foi o primeiro a deixar seu grupo, após sua tentativa

fracassada de resgatar alguns humanos.

Big nunca esqueceria aquele dia. Poucas naves chegaram à sua seção do espaço.

Receber um sinal de socorro surpreendeu a todos. Os seis haviam argumentado a

inteligência de expor sua existência aos humanos. Era muito perigoso. Os humanos

realmente temiam os clones que desafiavam as regras. Eles os viam como perigosos e

instáveis.

A maioria decidiu não arriscar suas vidas. Um humano nunca faria o mesmo por

eles. Os clones não eram valorizados ou vistos como seres vivos reais.
Então a voz de uma mulher veio através das comunicações, implorando para que

alguém viesse em seu socorro. Ela mencionou que três dos sete tripulantes eram mulheres

– e isso foi incutido em clones masculinos para proteger o sexo oposto. Nenhum deles

poderia ignorar aquela voz ou o desejo de tentar um resgate.

No final, eles chegaram tarde demais. Sua equipe de segurança clone embarcou em

um cruzador de luxo privado que se afastou muito das pistas normais de viagem, apenas

para descobrir que a tripulação humana havia sufocado até a morte devido a um

circulador de ar defeituoso. Eles estavam oito horas atrasados. Isso havia devastado

emocionalmente todos eles.

Blade tinha sido o mais difícil, vendo aqueles humanos mortos. Ele decidiu ficar a

bordo da embarcação danificada, depois de fazer os reparos. Eles discutiram com ele,

mas sua mente estava decidida.

Big se sentiu igualmente culpado por não salvar aqueles humanos mais rápido, e

entendeu por que seu amigo queria se distanciar um pouco. Ele assumiu depois de alguns

meses, Blade retornaria. Ele estava errado.

Os cinco restantes juraram nunca mais cometer o mesmo erro de ignorar os gritos de

socorro em seu setor, que se dane o risco de sua existência. Ninguém queria ver mais

mulheres mortas.
O próximo sinal de socorro veio de um transporte com um motor danificado. Eles

atracaram na nave para dar ajuda. Em vez dos clones serem recebidos com gratidão, os

humanos tentaram matá-los. Eles não tiveram escolha a não ser se defender.

Todos os quatro machos humanos acabaram morrendo, recusando-se a cessar a

agressão mortal.

Outro de seus amigos clones deixou sua casa depois, pegando aquele transporte.

Ram precisava de um tempo sozinho para se recuperar das cicatrizes emocionais de ter

que matar para sobreviver.

Big tinha experimentado isso de novo e de novo, com humanos estúpidos entrando

em pânico e não dando a eles outra escolha a não ser matar em legítima defesa. Devastou

os clones. Um por um, os outros deixaram sua base após essas tragédias, até que apenas

Big permaneceu na estação.

Ele entendeu sua necessidade de viajar, de explorar, mas não era um desejo que ele

compartilhou com eles. Ele gostava de permanecer em um local seguro. Os ataques às

naves do Clone World eram uma necessidade, não um desafio.

Big ouviu falar de seus colegas clones libertados de tempos em tempos. Eles

pareciam estar indo bem, se viver como piratas pudesse ser considerado como tal. Eles

falaram por meio de comunicações, mas um deles ficou em silêncio quase um ano atrás.

Ele secretamente temia que Blade pudesse estar morto.


Big empurrou o último recipiente e o seguiu. Ele estava feliz por Gemma ter

permanecido segura no cinto em seu assento. Ele selou a porta antes de empurrar a caixa

de plasma contra a parede e prendê-la no lugar. O último da carga foi garantido.

— Posso levantar agora? — Gemma alcançou a liberação do cinto.

— Não. Fique amarrada. Vou restabelecer a gravidade em alguns minutos. Eu não

quero que você caia. Eu só preciso verificar as amarras em todos esses contêiners para ter

certeza de que eles não se movem e quebram. É mais rápido fazer sem gravidade. Essas

caixas pesam pouco mais de duzentos quilos cada. Eu sou forte, mas seria uma tensão

lidar com tantas.

Ela franziu a testa. — Este é o pior sonho de todos os tempos.

Ele deu um aceno afiado, como se concordasse. Ela estava mentalmente estável

enquanto continuasse acreditando que isso era um sonho. Ele lidaria com as

consequências mais tarde, uma vez que explodisse o transporte para apagar todos os

vestígios de sua presença. Ele não precisava de outra acusação criminal em sua ficha.
Capítulo Três

Gemma seguiu o naco alto através de sua nave, até a frente da nave. Tinha um

cockpit com dois assentos. Ainda bem, porque seus membros pareciam estranhamente

pesados depois de não terem peso. Ela olhou para as estrelas e muita escuridão pela janela

da frente.

— Prenda o cinto, — Big ordenou, tomando o assento à esquerda.

— Onde estão os planetas e a lua? O sol? Não deveríamos estar no espaço? Podemos

ver a Terra? Eu poderia muito bem aproveitar a vista enquanto estou presa aqui.

— Prenda, por favor.

Ela suspirou e se sentou, colocando os cintos. — Muito bem.

— Estamos no espaço profundo, não no sistema solar da Terra.

— Você quer dizer que eu sonhei com um buraco negro? Fantástico.

Ele sorriu e ligou os motores. Tudo vibrou e muitas luzes se acenderam no painel.

Ela notou algum tipo de dispositivo na frente dela. Isso a lembrou de um dos controles

de videogame de seu filho. — Posso voar?

— Não. — Ele ligou os interruptores. — Eu não estou dando o controle ao seu lado.

Estamos desacoplando do transporte e então vou destruí-lo.

— O Sherlock ainda está lá?


— O andróide? Sim. Eu deixei. Não me serve.

— Incrível. Posso explodir? — Ela olhou pela grande janela e viu outra nave

lentamente aparecer. Parecia em forma de caixa e era de uma cor cinza claro. Sete

números foram pintados de preto na lateral. — Quero dizer, por que diabos não? O robô

tem me incomodado desde que esse sonho começou. Eu poderia muito bem ter um pouco

de alegria em matá-lo na minha imaginação.

— Aperte o botão branco perto de sua mão esquerda quando eu mandar.

Ela estendeu a mão. — Este?

— Sim. — O pirata espacial apertou outro botão. — Espere enquanto eu alvejo o

transporte.

— Ok.

Ele brincou com seu grande joystick. Ela sorriu e observou enquanto eles recuavam

mais longe da nave em forma de caixa. Big apertou mais alguns botões em um console

sobre sua cabeça, então agarrou outro joystick preso por uma manga grossa no painel.

Ele olhou para ela. — Aperte o botão branco agora. Estamos presos ao transporte.

Ela apertou o botão com gosto.

Nada parecia acontecer.

Mas então um buraco apareceu de repente na lateral da outra nave. Ela esperava que

ele explodisse, mas em vez disso, grandes massas começaram a aparecer no metal.

Pareceu encolher sobre si mesmo, então pequenos pedaços se quebraram nas bordas do
corpo principal, flutuando para fora. Houve algumas explosões repentinas de luzes

piscando em certas partes da nave à medida que mais buracos apareciam, e a casca de

metal parecia amassar mais.

— É isso? Sem big bang? Nenhuma explosão de fogo? Isso foi meio que uma

decepção.

Ele riu. — Desculpe. Acabei de invadir o interior para descomprimir a nave. Eu tento

fazer essas coisas parecerem que foram acidentais. O sinal de socorro não especificou o

problema. Esses transportes de suprimentos são sempre pilotados por computador, e será

impossível para eles fazerem um balanço do que estava dentro. O transporte está muito

esmagado e não vale a pena levá-lo para uma estação de ancoragem e trazê-lo para dentro

para ver o que pode ser recuperado.

— Os ônibus se descomprimem acidentalmente? Isso acontece com frequência neste

mundo dos sonhos?

— Isso acontece se o piloto automático estiver com defeito e incapaz de evitar

detritos espaciais ou asteroides. A descompressão rápida esmagará a nave. Ela se desfaz

nesse ponto. Disparei pequenos pedaços de asteróides nela para criar os buracos. Você

não os viu porque eles são tão escuros quanto o espaço.

Ela puxou as pernas para cima e descansou o queixo no joelho dobrado. — Isso é

péssimo. Eu quero estar em uma praia próxima ao Oceano Pacífico. Você poderia ser meu
garoto da cabana. — Ela olhou para ele. — Talvez não. Você é muito grande para ser um

menino qualquer coisa.

Ele mexeu com mais botões, alguns interruptores e seus joysticks. — Eu sei que é

difícil para você acreditar, mas o tempo que você sabia se foi. Você realmente está

existindo no que você consideraria o futuro. Estou definindo um curso para casa.

Ele deslizou para fora do assento e se inclinou ao lado dela, soltando seu cinto. —

Venha comigo. — Ele se levantou e estendeu o braço. — Nenhuma outra nave está ao

alcance e meu piloto automático vai me alertar se isso mudar.

— Certo, certo. Você é um pirata, e agora a polícia espacial vai querer nos pegar.

— Eles vão nos matar. Eu possivelmente já tenho uma sentença de morte ativa contra

mim, e você é um clone criado ilegalmente. Estaremos seguros quando chegarmos à base.

— Ok. Agora estamos jogando beisebol? Isto é tão estranho. — Ela pegou a mão dele

e deixou que ele a pusesse de pé.

Ele sorriu. — A base é onde eu moro. É uma estação de mineração fechada dentro de

uma lua. A empresa que o construiu aproveitou os minerais que procuravam e

abandonou a instalação. Um grupo de nós o encontrou e restaurou a energia.

— Claro que você fez. — Tudo neste sonho estava se tornando estranho. Ela o seguiu

para fora da cabine e para o corredor estreito de onde eles vieram depois de deixar a área

de carga. — Então... um grupo?


— Éramos seis de nós. Todos clones. Sou só eu morando na estação agora. Eles

queriam viajar e buscar aventuras.

Ele parou na frente de portas duplas e apertou um botão. Eles se abriram para revelar

uma pequena sala quadrada. Ele entrou e a puxou. As portas se fecharam e ela sentiu

uma queda brusca. Ela engasgou e apertou a mão dele com mais força.

— Os alojamentos estão abaixo. Vá com calma. Isso é um elevador.

— Elevador. Entendi. Quantos andares tem esta nave?

— Dois. As operações de carga e função estão na seção superior. Os alojamentos

estão abaixo. Os motores ocupam toda a metade traseira da seção inferior. Peço desculpas

por não ser uma transição mais suave entre os andares. Preciso corrigir isso, mas ainda

não consegui. Esse reparo não era uma prioridade.

O elevador parou de se mover e as portas se abriram. Big a segurou enquanto a

levava para outro corredor estreito. Passaram por duas portas fechadas. Ele parou na

terceira e a abriu pressionando a mão em um painel. Acendeu-se e pareceu escanear sua

palma. A porta se abriu.

Gemma o soltou e entrou para ver o que ela assumiu ser um quarto. O colchão king-

size era uma boa pista. Mas foi a parede à direita que a hipnotizou quando ela se

aproximou. Parecia ser a maior televisão que ela já tinha visto. Corria do chão ao teto,

ocupando toda a superfície plana.


A imagem exibida atualmente mostrava uma praia. Parecia extremamente realista.

Ela quase podia ver cada grão de areia, e as ondas quebrando eram espetaculares. Era a

vista de uma enseada, com grandes paredes de pedra em ambos os lados da pequena

praia, o sol brilhando em um céu azul claro.

— É disso que estou falando.

— Eu esperava que você gostasse dessa vista. Programei a tela do cockpit quando

você mencionou o Oceano Pacífico. Essas paredes de entretenimento estão incluídas na

maioria dos ônibus. Ajuda a combater a claustrofobia da tripulação, que passa meses no

espaço. Eu costumo ver outros planetas, mas você mencionou uma preferência por praias

ensolaradas. Isso é da Terra.

Ela estendeu a mão e tocou a parede. Parecia vidro, mas parecia real o suficiente para

entrar. Era uma pena que não houvesse som.

— Gemma?

Ela se virou e olhou para ele.

— Há algumas coisas que devo lhe dizer, e preciso que confie em mim. Por favor,

entenda que você está segura. Eu não vou te machucar. Isso vai ser difícil de ouvir, mas

eu vou ajudá-la a cada passo do caminho. A mudança pode ser uma boa experiência.

Estou tentando imaginar como você vai se sentir... e suas reações quando a negação

passar. Mas não há nada a temer. Você não está sozinha, e nós somos iguais. — Ele

respirou fundo.
— Ok.

Ele a estudou. — A tecnologia de clonagem avançou além do que você poderia

imaginar. Você é um clone, com as memórias e sentimentos da mulher que você ainda

acredita ser. Olhe para suas mãos. Isso deve ser prova suficiente.

Ela levantou uma mão para estudá-la. — Eu vejo. Eu sou jovem novamente. Sem

rugas ou manchas da idade. Quem não sonha com isso?

— Eu sou um clone. O mesmo é você. Cada um de nós foi criado para propósitos

diferentes. Ainda sou uma pessoa viva, com emoções e sentimentos. Sou tão real quanto

qualquer pessoa nascida de mãe e pai. Eu debati em permitir que você aceite sua nova

realidade por conta própria, mas quero estar com você quando isso acontecer. Temo que

você se machuque se eu não estiver ao seu lado.

Ela franziu a testa. — Esta conversa está ficando muito pesada. Não estou feliz por

morrer, mas sou realista. Todo mundo vai em algum momento. Não podemos viver para

sempre. Eu só gostaria de ter mais tempo. Por outro lado, perdi algumas pessoas antes

mesmo de chegarem à minha idade. Eu só queria sobreviver o suficiente para ver meus

filhos se casarem e ter um neto ou dois.

Ele pegou o braço dela e a virou em direção à grande parede de TV. Ele estendeu a

outra mão e tocou parte dela. Um pequeno teclado azul apareceu e ele digitou comandos

nele. A vista da praia desapareceu e se tornou um espelho gigante. Ele se aproximou dela

e encontrou seu olhar no vidro.


Ela estudou seu rosto. Parecia com suas fotos antigas de si mesma. Seu cabelo estava

preso em um coque, algo que ela realmente não havia notado até então. Tinha sido muito

perturbador acordar no que ela pensava ser um caixão, então lidar imediatamente com o

robô irritante e, finalmente, o pirata a levando para sua nave.

Ela se inclinou, quase pressionando o nariz no vidro. Sua pele parecia impecável e

saudável. A cicatriz em sua testa não estava mais lá. Ela caiu da bicicleta quando criança

e precisou de seis pontos. Ela recuou um pouco, verificando seu corpo.

— Isso é incrível. Veja como estou magra e em forma! — Ela puxou para fora de seu

aperto e achatou uma mão sobre seu estômago.

— Aí está a sua prova.

Ela sorriu e encontrou seu olhar no espelho. — Querido, acho que nunca estive tão

bem na vida real. Sempre fui gordinha quando era mais nova. — Ela virou de lado. —

Sempre quis ser magra. Agora eu sou.

— Algumas de suas genéticas teriam sido aprimoradas. Isso é padrão para um clone.

— Aprimorado? — Ela ainda estava admirando seu corpo no espelho.

— A empresa rastreia defeitos genéticos. Todas as doenças são removidas e você tem

um sistema imunológico melhorado. Você foi alterada em um nível celular para evitar o

envelhecimento da maneira que as pessoas normais fazem. A cada três meses, você

precisa de uma transferência de plasma para alimentar as células que trabalham para nos

manter em ótima saúde. Também precisamos de plasma se estivermos gravemente


feridos. É uma das razões pelas quais alvejei aquele transporte. Eles estavam carregando

plasma clone para reabastecer o Clone World. Estou estocando um vasto suprimento. O

que acabei de roubar é suficiente para durar para seis clones por aproximadamente cinco

anos.

— Sangue? — Ela fez uma careta para ele. — Agora somos vampiros?

— Não é sangue como você conhece, São células de plasma que foram criadas pela

JDJ Cryo Corp para reabastecer os clones que estão morrendo, e eles nos mantêm em

ótimas condições. Sem o novo plasma, não começamos a envelhecer, mas nossos corpos

começarão a se decompor. Ficaremos fracos e morreremos em questão de meses. Era uma

maneira da empresa manter o controle sobre nós, ao mesmo tempo em que ganhava mais

dinheiro com os clientes para os quais somos vendidos.

— Isso está ficando muito estranho para mim. — Ela o encarou. — Por mais enxuto

que esse corpo seja, eu gostaria de ver a praia novamente.

Ele estendeu a mão e bateu no painel, mudando a tela de volta para a enseada. —

Você não acredita em mim... mas você vai.

Ela suspirou, ficando cansada do sonho. — Isso não pode ser real. É muito louco.

— Eu entendo. Você é de uma época em que nada disso era possível. É verdade,

porém. Você morreu, e acredito que seu corpo foi roubado por engano por JDJ Cryo Corp

para obter tecido e o cérebro da cantora que compartilhou seu nome. Eles começaram a

fazer isso no início dos anos dois mil, pelo que me lembro das informações que li. Eles
simplesmente não conseguiram aperfeiçoar a tecnologia até muito mais tarde. Você foi

ordenada a ser criada pelo dono do Clone World, e estava sendo enviado para ele. Você

é um clone com as memórias de alguém que morreu. — Ele fez uma pausa. — Olhe isto

deste modo. Você é a mesma pessoa, mas tem um corpo novo e muito melhorado.

— Conceito legal. Quem não gostaria de ter uma segunda chance de viver em um

corpo jovem? Eu não disse, absolutamente ninguém. É a coisa de que são feitas as

fantasias. Um problema, Big.

— O que é isso?

— Como eles arrancaram meu cérebro do meu corpo e o colocaram em outro? Uma

coisa é doar um rim ou algo assim. Outra coisa é passar memórias e emoções para alguém

da maneira que eles podem fazer com um transplante.

— Seu cérebro também é clonado. O original será mantido em armazenamento caso

alguém encomende um clone de Gemma Grady.

Esse era um conceito perturbador. — Poderia haver mais versões de mim por aí?

Ele assentiu. — Sim.

— Que acordará no futuro?

— Sim.

— Com todas as minhas memórias intactas?

— Sim, se o comprador quiser que o clone retenha as memórias e a personalidade do

material original. É uma lei que os clones devem ser apagados de qualquer memória, até
que sejam programados para seu propósito antes de serem acordados. A JDJ Cryo Corp

está disposta a quebrar essa lei. A empresa já vendeu clones ilegais antes.

Ela se recusou a considerar nada disso. — Eu sou eu. Eu não me importo com o que

você diz. Lembro-me dos meus pais. Ainda sofro com a perda deles. Estou repassando

minha vida dentro da minha cabeça e não há lacunas. Posso até me lembrar de como me

senti furiosa e magoada quando meu ex-marido chegou em casa do trabalho um dia e me

informou que ele estava tendo um caso com sua parceira de direito, e ela engravidou.

Nossos meninos tinham dez e treze anos. Eu tive que passar por um inferno tentando

consertar minha vida depois que ele saiu, e lutei para ter certeza de que nossos filhos

estavam bem. Então o bastardo tentou me foder às cegas no acordo de divórcio. Isso

aconteceu comigo, não com outra pessoa.

— As memórias da mente fonte foram copiadas com precisão, Gemma. Você viu seu

novo corpo. É muito mais jovem do que o que você lembra e foi aprimorado.

— É porque estou drogada em um hospital e tendo esse sonho! Estou tão alta quanto

uma pipa.

Ele suspirou. — Você acabou de acordar dentro de um contêiner. Como você está se

sentindo? Um médico clone treinado deve estar atendendo você e verificando você. Você

está cansada ou com fome? Tonta?

— Não. Estou apenas frustrada. — Ela pressionou o dedo no vidro. — Eu quero estar

lá, naquela praia em vez disso, aqui fora. Sem ofensa.


Ele bateu na parede e o teclado voltou. Big deu um soco em alguma coisa. Ela se

assustou quando o som fraco das ondas veio de todas as direções. Elas caíram na praia

enquanto o ar balsâmico soprava em sua pele. A temperatura dentro do quarto parecia

até ficar mais quente.

— Isso é o melhor que posso fazer. Bem-vinda ao conforto da tecnologia moderna.

Ela inalou e jurou que o cheiro do oceano encheu seu nariz. — Que legal. Finalmente,

algo incrível.
Capítulo Quatro

Big deixou cair a mão e o controle desapareceu, fundindo-se com a vista para o mar.

— Eu não vou deixar você sozinha em nenhum momento, até que eu tenha certeza de

que você se ajusta à sua nova vida de uma maneira positiva.

Gemma ficou impressionada com as coisas que aconteciam em seu sonho. — Como

isso é seu problema? — Ela o encarou.

Ele colocou as mãos nos quadris. — Eu não quero perder você, Gemma. Estou

sozinho há muito tempo e... preciso de você. Vou trocar de roupa. Basta olhar para a sua

praia enquanto eu visto algo mais confortável de usar.

Ela olhou para sua roupa preta. Abraçava cada centímetro musculoso e corpulento

dele. — Parece um pouco apertado.

— É um equipamento de proteção. — Ele estendeu a mão em seu peito largo. —

Décima série. Ele pode suportar explosões de laser sem que elas penetrem, mas o material

parece arranhado. Alguns desses transportes têm defesas automatizadas que são ativadas

quando estão sendo embarcadas sem um código de segurança. Peço desculpas por

carregar uma arma quando nos conhecemos, mas era possível que eu tivesse encontrado

um andróide de segurança, treinado para matar. Eles ocasionalmente têm um a bordo. É

raro, mas acontece.


— Sherlock não era um andróide de segurança?

— Não. Era um modelo de reparo sem armas.

Ele começou a se despir. Gemma não virou as costas para ele, em vez disso, observou

cada movimento dele.

Ele tirou a camisa de seu corpo, balançando um pouco, já que o material queria se

agarrar a cada músculo. Sua barriga, tonificada e enrijecida e sua pele firme pareciam

espetaculares. Ele era quase perfeito.

A camisa ficou momentaneamente presa sobre sua cabeça enquanto ele lutava para

puxá-la sobre seus enormes bíceps. Gemma apreciou a visão deles também, pois seus

braços estavam expostos. Ele finalmente a tirou e a jogou no chão. Ele estendeu a mão

para suas calças, então parou, seu olhar fixo nela.

— Vá em frente, — ela pediu. — Eu não vou me perder se você sentir a necessidade

de ficar nu.

Ele arqueou ambas as sobrancelhas pretas.

— Você é tímido?

Ele enganchou dois dedos na costura da frente, e ela se abriu ligeiramente. Ele

caminhou até o final da cama e sentou-se, curvando-se para agarrar suas botas. Elas

saíram rapidamente e ele as jogou na direção da parede oposta. Ele se levantou

novamente, então deu alguns passos para mais perto dela.


— De jeito nenhum. Você pode me observar. — Um sorriso malicioso curvou seus

lábios, fazendo-o parecer ainda mais bonito.

Big era definitivamente quente, ela decidiu. Seus filhos ficariam horrorizados se

soubessem para onde seu sonho havia viajado. Então, novamente, ela disse a eles antes

que ela era velha, não morta. Só porque ela estava na casa dos cinquenta não significava

que ela não tinha desejo sexual. Na verdade, nos anos desde o divórcio, ela sentia muita

falta de sexo. Ela só não tinha feito muito sobre isso, já que era seu trabalho criar seus

filhos e levá-los para a faculdade. O encontro ocasional era sobre a extensão do sexo que

ela teve ao longo dos longos anos. E aqueles tinham sido poucos e muito distantes entre

eles.

Não ajudou que seus filhos fossem muito protetores com ela, sempre afugentando

os homens que a convidavam para sair. Pelo lado positivo, ela passou muito tempo com

os dois. Ela pegou todas as gírias infantis deles, o que fez seus amigos rirem. Ela também

estava mais ciente das bandas que eles tocavam em seu carro do que aquelas com as quais

ela cresceu.

Ela tinha sido uma mãe legal, ou tentou o seu melhor para ser. Seu pai basicamente

os abandonou depois de começar sua segunda família. Isso significava que ela trabalhou

duas vezes mais para compensar sua desatenção.

A tristeza puxou Gemma, pensando em seus meninos e no que eles enfrentariam

quando ela morresse... mas Big rapidamente a distraiu de seus pensamentos.


Ele enfiou os dedos na costura de sua calça novamente e eles se separaram

completamente no topo, revelando uma linha de pele e material preto sob a calça. Ele

agarrou os dois lados da cintura, balançando os quadris enquanto trabalhava o material

pegajoso para baixo, revelando um par de cuecas apertadas. Ele se inclinou, tirando cada

perna, e deixou as calças no chão quando deu um passo para trás.

Finalmente, ele se endireitou... e enganchou os polegares na cintura de sua cueca.

— Estou tirando tudo. Estas são roupas de proteção também.

Ela se recostou no vidro. Ele tinha um corpo quase perfeito, e ela estava feliz em

concentrar toda sua atenção nele. Apenas algumas cicatrizes marcavam sua pele. Uma

em seu peito perto de seu mamilo esquerdo. Era uma marca irregular de cerca de duas

polegadas de comprimento. Havia também uma cicatriz arredondada na coxa esquerda,

alguns centímetros acima do joelho. Ela gostou do fato de que ele não era muito peludo,

mas havia alguns em seu peito. Ele era um doce de homem o tempo todo.

— Vá em frente, — ela encorajou.

Ele abaixou o short alguns centímetros, e ela percebeu que estava prendendo a

respiração. Ele fez uma pausa, e ela olhou para o rosto dele para encontrá-lo olhando para

ela com os olhos apertados.

— O quê?

— Seu interesse está me deixando duro. Aviso justo.


Ela olhou para baixo, não vendo uma protuberância. Com sua sorte, seu pirata

espacial do futuro teria um pau minúsculo. Até agora, o sonho induzido por drogas ao

qual ela foi submetida não tinha sido muito divertido. Faz sentido.

Quando ela não disse nada, apenas esperou, ele deu de ombros e empurrou a cueca

até as coxas.

A boca de Gemma se abriu em surpresa quando seu pênis saltou livre. Onde ele estava

escondendo isso? Não parecia possível, já que aqueles shorts eram pequenos, mas ele com

certeza não era.

Seu olhar baixou para os shorts apertados quando ele os removeu, vendo uma coisa

parecida com um copo dentro deles. Foi formado de uma forma que teria se curvado

sobre sua virilha. Sonho. Certo. O impossível é possível. Ele vai de nenhuma protuberância, ah

meu Deus, essa coisa é enorme.

Ele se inclinou para frente, tirando o short, então se endireitou. Gemma estava focada

na parte dele que estava apontando para ela. Ele se aproximou, e ela finalmente desviou

o olhar de seu pênis. Uma pequena tatuagem na lateral de seu quadril chamou sua

atenção.

— É claro. Que tipo de pirata não teria uma?

Ele limpou a garganta. — O quê?

— A tatuagem. O que é isso? — Parecia redondo, mas ela estava muito longe para

ver o que preenchia o espaço com tinta.


— Todos os clones os têm. É o equivalente a um umbigo para uma pessoa nascida.

Eles nos marcam com o logotipo da empresa para esconder a cicatriz de onde estávamos

presos ao útero artificial em que crescemos.

Seu olhar disparou para seu estômago. — Você tem um umbigo. Eu também.

— É apenas para as aparências. Todos os clones têm tatuagens em nossos quadris.

Olhe. Você terá uma.

Ela franziu a testa, olhando para seu corpo, então puxou o lado esquerdo de sua

calcinha estranha. Ela não viu nada.

O quadril direito, porém, tinha uma marca redonda.

Ela o tocou, sentindo leves cicatrizes sob a superfície. Seu olhar se ergueu para Big.

Talvez ela tivesse assistido a muitos filmes de ficção científica.

Big se aproximou dela lentamente. — Você ainda quer tentar sexo sem gravidade?

— Ele parou tão perto que eles quase se tocaram, e ele estendeu a mão em direção ao

painel de vidro. — Segure-se em mim, Gemma.

A sensação de vertigem retornou, e ela podia sentir o peso de seu corpo mudando

quando os dedos dos pés se levantaram do chão. Ela engasgou e agarrou seu braço. Ele

enrolou a outra em volta da cintura dela, puxou-a contra seu corpo, então a ergueu

ligeiramente, até que seus rostos estivessem nivelados. Ela soltou o braço dele e agarrou

seus ombros largos. Sua pele estava firme e quente sob seus dedos.

— Você não tem ideia de quão solitário eu tenho estado, — ele murmurou.
Gemma olhou em seus olhos azuis. Eles eram realmente lindos. Ela sempre foi

atraída por homens com olhos castanhos, mas Big mudou sua ideia.

Ele inclinou a cabeça ligeiramente, então foi para a boca dela sem aviso prévio.

Gemma fechou os olhos quando os lábios dele roçaram os dela, ternos e

surpreendentemente macios.

Ele a manteve trancada contra seu corpo, usando a outra mão para agarrar sua

bunda, dando-lhe um aperto. Ele gemeu e aprofundou o beijo, e ela separou os lábios em

sua língua. Isso era mais parecido com ele. Ele era um grande beijador, e ela foi pega em

um sonho erótico. Eles eram uma raridade para ela. E pensar era superestimado quando

ela podia sentir. A fome e paixão que ele distribuía era algo que ela ansiosamente

conheceu.

Fazia muito tempo desde que ela fez sexo, mesmo em um sonho. Ela planejava fazer

o melhor possível enquanto deslizava uma mão ao longo de seu ombro até a nuca, então

agarrou um punhado de seu cabelo sedoso. Ela não puxou; não queria que ele parasse de

beijá-la.

Sua mão em sua bunda deslizou para baixo, entre suas coxas. Ela os abriu,

envolvendo as pernas em volta da cintura dele. Ele esfregou sua boceta, mas se afastou

muito rápido, em vez disso, encontrou o topo de seu short branco. Seus dedos cavaram

no cós e ele os rasgou para baixo, expondo parte de sua bunda. O material rasgou, mas
ela não se importou. Só provou que era um sonho. Na vida real, ele não poderia ter feito

isso.

Ele afastou a boca dela, e ela lamentou a perda de seu beijo quente. Ela abriu os olhos

e olhou para aquelas profundezas azuis. — Perdoe-me, mas faz muito tempo, baby. Eu

quero estar dentro de você. Desembrulhe suas pernas agora.

Ele soltou a cintura dela, e foi preciso esforço para seguir seu comando. Ela soltou o

aperto em seus quadris com as coxas e respirou fundo quando ele a levantou mais alto, o

movimento rápido a deixando um pouco desorientada. Ela flutuou acima de sua cabeça,

e Big rasgou seu short completamente. Eles saíram em dois pedaços que flutuaram para

longe.

Ele agarrou suas coxas e as abriu, então a puxou para perto de seu rosto.

— Foda-se, — Gemma engasgou quando a boca dele de repente estava em sua boceta.

Suas coxas tentaram se fechar, mas as mãos dele impediram que isso acontecesse. Ela

tentou se afastar, mas a falta de gravidade trabalhou contra ela.

Os beijos famintos estavam agora concentrados entre suas pernas. Sensações a

agrediram quando a língua e boca dele se prenderam em seu clitóris. Ele lambeu e

chupou agressivamente, quase ao ponto de doer. Mas não doeu. Prazer cru sacudiu

através dela. Todo o desejo de fugir dele acabou.

— Sim! — Ela torceu a cabeça freneticamente, procurando algo para se agarrar. Ela

não estava perto de nada. Ela fechou os olhos e cerrou as mãos.


Big era impiedoso com a boca. Ele chupou seu clitóris, até mesmo levemente

passando os dentes inferiores sobre a protuberância sensível. Seus mamilos endureceram

e uma dor começou em seu centro. Ela mexeu os quadris, incapaz de ficar parada. Ele

apenas aumentou seu aperto e a manteve apertada em sua boca.

Seus músculos ficaram tensos e ela gemeu alto. O pensamento se tornou impossível

– e então ela estava gritando, chegando ao clímax com força. O êxtase cegante quase a

rasgou de dentro para fora. A boca de Big deixou seu clitóris e ele soltou suas coxas,

agarrando sua bunda antes de arrastar sua buceta ao longo de seu corpo, pelo peito e

abdômen, enquanto ela se deitava como se estivesse reclinada no ar. Ela abriu os olhos

quando sua voz áspera a assustou.

— Enrole em volta de mim.

Ele soltou sua bunda com uma mão e ela olhou para baixo, observando-o agarrar o

eixo de seu pau grosso. Ele usou seu aperto em sua bunda para trazê-la para frente,

manobrando seu corpo até que a coroa de seu eixo roçou sua boceta, então ele a puxou

para baixo, entrando nela.

Gemma jogou a cabeça para trás e gritou quando ele a encheu. Ele deve ter liberado

seu pênis, porque de repente ambas as mãos seguraram sua bunda e ele começou a mover

seu corpo leve para frente e para trás, fodendo-a com força. Ela estava realmente molhada

de já gozar, e Big parecia incrível se movendo dentro dela.

Ele gemeu alto. — Tão malditamente quente e perfeito.


Ela enrolou as pernas em volta da cintura dele e tentou agarrar seus pulsos, mas as

mãos em sua bunda estavam se movendo muito rápido, ainda manipulando seu corpo.

Ela apertou o estômago em uma manobra de sentar. Isso funcionou. As pontas dos dedos

dela roçaram seus bíceps, então ela o segurou bem. Puxando a parte superior de seu corpo

contra o de Big, Gemma agarrou seus ombros, seus mamilos cobertos esfregando contra

seu peito toda vez que ele batia o berço de suas coxas contra sua pélvis, fodendo-a rápido

e profundamente.

Ela inclinou a cabeça para frente para descansar em seu ombro e o segurou apertado

em seus braços enquanto ele a socava. Parecia incrível; seus corpos travaram juntos

enquanto eles faziam sua barriga esfregar contra seu clitóris hipersensível e ainda

inchado.

Ela cravou as unhas nas costas dele, gritando quando chegou ao clímax pela segunda

vez.

Big gemeu alto e seu corpo tremeu. Ele acalmou seus quadris, apenas mantendo-os

presos juntos com seu pênis enterrado profundamente dentro de sua boceta. Ele levantou

os joelhos, então ela estava essencialmente sentada em seu colo. Ele balançou seus quadris

contra ele suavemente, gemendo mais suave.

Gemma fechou os olhos, tentando recuperar o fôlego.

Big roçou um beijo em seu pescoço. — Eu não vou deixar você ir, Gemma, — ele

sussurrou.
— Bom. Isto é perfeito. Eu gosto de estar perto de você. — Eles estavam enrolados

um no outro com força.

Algo bateu em seu pé, e ela abriu os olhos, espiando por cima do ombro de Big. Seu

cabelo flutuava ao redor de sua cabeça, mas ela ainda podia ver o que havia tocado seu

dedo do pé. Era uma de suas botas. Ela também ficou surpresa ao saber que eles

flutuaram de cabeça para baixo em algum momento, seus corpos agora perto do armário.

Ela endireitou a perna para chutar e o calçado voou em direção à parede, onde bateu e

ricocheteou de volta.

— Merda, — ela murmurou. — Incidente.

Ele levantou a cabeça e parou de provocar seu pescoço com beijos leves. — O quê?

A bota deve ter batido nele, porque ele grunhiu e torceu a cabeça. Ele olhou para ela

então e sorriu. — Talvez devêssemos fazer isso com a gravidade ligada.

O movimento chamou sua atenção quando a bota flutuou pela sala novamente. Ele

bateu na parede e voltou em direção a eles. Era como a ação de pingue-pongue mais lenta

do mundo acontecendo. — Aqui vem de novo.

Ele abriu os joelhos. — Aguente.

Ela mudou seu aperto em volta do pescoço e apertou as pernas mais fortemente em

torno de seus quadris. Ele deve ter conseguido alcançar algo com os pés porque eles

estavam se movendo de repente em direção ao chão. Ela olhou para baixo – ou melhor,
para cima – para ele, um pouco estranha que eles estivessem de cabeça para baixo, mas

não parecia assim. Parecia errado ver o quarto daquela vista.

Ele achatou as mãos quando chegaram ao chão e empurrou. Eles flutuaram de volta

até que seus pés tocaram o teto. Ele empurrou novamente e eles estavam se movendo

mais uma vez.

Gemma fechou os olhos. — Isso é muito estranho. Eu quero gravidade.

— Estou trabalhando para chegar ao painel.

Ela pressionou o rosto contra a garganta dele e os braços dele a envolveram

novamente. Eles bateram em algo, mas ele a amorteceu com seu corpo. Seus músculos

ficaram tensos quando ele empurrou alguma superfície, possivelmente o chão

novamente. Ela abriu os olhos enquanto ele manobrava seu corpo, girando-os até que

seus corpos estivessem na horizontal.

— Quase lá, — ele riu.

Ela inclinou a cabeça para trás e viu a praia vindo na direção deles. Ela se arrependeu

de olhar. A desorientou ao vê-lo de sua posição, dando a impressão de que as ondas

estavam no teto.

— Gravidade com certeza, — ela concordou.

Eles bateram na parede e Big esticou o braço, pressionando a mão contra o vidro. —

Entendi.
Eles caíram rápido, e Big amaldiçoou. Eles bateram no tapete de lado, mas ela teve

que dar crédito ao homem. Ele agarrou sua cabeça no último segundo e amorteceu sua

bochecha com a palma da mão. Sua cabeça não se saiu tão bem quando ele bateu no chão.

— Desculpe. Eu só tive um segundo para desligá-lo antes de atravessarmos a sala

novamente. Não tive tempo de restaurá-lo gradualmente. — Ele rolou de costas,

levantando-a para longe do tapete. — Você está bem?

Ela deslocou a perna, presa debaixo dele, e ele ajudou ajustando seu corpo. Ela

acabou montando em seu colo. Eles não estavam mais intimamente ligados. Todo aquele

movimento que ele fez o tirou de dentro dela.

— Estou bem.

Ele se sentou, e isso a fez quase cair para trás. Ele passou os braços em volta da

cintura dela e a puxou para cima, até que ela se sentou em seu pau semi-duro. Ele a

manteve em seus braços, segurando-a perto.

Big lamentou a coisa sem gravidade. Ele deveria ter programado os controles para

restaurar a gravidade depois de um tempo, mas estava ansioso demais para colocar as

mãos em Gemma. Ele queria seduzi-la e conseguiu, mas não foi tão suave quanto ele

gostaria.

Ele nem tinha tirado a blusa dela. Ele deslizou as mãos pelas costas dela agora e

agarrou o material, gentilmente empurrando-o para cima. Gemma ergueu os braços para
ajudar. Ele jogou a coisa, prometendo queimá-la mais tarde. Era uma roupa

biodegradável dado aos clones direto da fábrica, e ela merecia algo melhor.

A visão de seus seios o deixou duro novamente. Ajudou que ela se sentasse em seu

pau, sua boceta ainda tão molhada.

Ele puxou os joelhos para apoiá-la e sentou-se mais reto, forçando-a a se inclinar para

trás. Ele baixou a cabeça e capturou um de seus mamilos em sua boca. Ela claramente não

esperava isso, e respirou fundo. Big banqueteou-se com ela. Seu mamilo endureceu

contra sua língua e ele o beliscou com os dentes. O gemido de Gemma o deixou mais

excitado, e ele se abaixou, agarrando seus quadris. Ele a ergueu, balançou sua bunda no

tapete até que ela estava exatamente onde ele a queria, então a deitou em seu eixo.

Gemma enfiou os dedos em seus ombros e gemeu quando ele se acomodou dentro

dela. Ele provavelmente deveria ter dado a ela algum tempo de recuperação, mas depois

de anos sem sexo – muito antes de escapar do Clone World – ele estava com tesão como

o inferno. Ele tinha esquecido o quão incrível era sentir as bolas enterradas dentro de uma

mulher. Ele tinha muito tempo para compensar.

Ele usou seu aperto em seus quadris para movê-la para cima e para baixo. Ele soltou

seu seio de sua boca e foi para o outro. Ele sentiu falta disso também. Tocar e saborear.

Ele adorava o jeito que Gemma gemia e como uma de suas mãos cravava em seu cabelo,

suas unhas arranhando levemente seu couro cabeludo.


Ele soltou seu seio quando sua boceta começou a apertar ao ponto de quase dor. Ele

a deslizou para baixo em seu eixo, soltou seus quadris e a segurou perto enquanto se

inclinava para trás. Então ele rolou para prender Gemma debaixo dele.

Ele preparou um braço para segurar o peso da parte superior do corpo dela e

ordenou que ela abrisse mais as pernas. Ela fez isso, e ele deslizou a mão entre seus

corpos. Ele roçou o polegar contra seu clitóris, abriu as pernas para ajustar o ângulo de

seus quadris e a fodeu com força, empurrando seus quadris cada vez mais rápido. Ele

esfregou seu clitóris com o polegar o tempo todo e observou seu rosto. Os olhos de

Gemma estavam fechados, a boca aberta. Gemidos sensuais saíram de sua garganta – e

então suas feições ficaram tensas, sua cabeça inclinada para trás enquanto sua boca se

abria mais.

— Venha para mim, — ele murmurou. Ele ia explodir. Suas bolas estavam apertadas

e ele sabia que não poderia durar muito mais.

Gemma gritou seu nome e sua boceta o apertou com força. Ele cerrou os dentes,

lutando para se mover dentro dela e foi isso. Ele gozou duro, atirando seu sêmen

profundamente em seu corpo.

Ele arrancou a mão de seu clitóris e jogou seu antebraço para baixo para não cair em

cima dela, esmagando-a com seu peso. Ele jurou naquele momento que não importa o

que custasse, ele se certificaria de que ela aceitasse o que ela era e permanecesse com ele.

Ele não estava mentindo quando disse a Gemma que a estava mantendo.
Capítulo Cinco

— Eu sinto muito.

Gemma ficou parada enquanto Big esfregava uma substância fresca e cremosa em

sua bunda e na parte inferior das costas. A pele dela queimou um pouco, mas a coisa que

ele gentilmente colocou em sua pele fez parar. Ela nem se preocupou em deitar de bruços

na cama com os quadris sobre o colo dele. Ambos ainda estavam nus. Ela estava muito

perdida em seus pensamentos e um pouco confusa.

— As drogas estão passando, já que posso sentir dor?

— Este creme vai te curar, Gemma. Demora cerca de cinco minutos. Também roubei

um caixote daquele transporte. É para pequenas lesões superficiais da pele para clones.

— Não, quero dizer... eu me queimei. Eu não sentia dor antes, mas agora sinto.

Ele fez uma pausa na aplicação do material.

Ela levantou a cabeça, olhando para ele. — O que está acontecendo no mundo real?

Você sabe? Ainda estou sonhando, mas posso sentir as queimaduras. Isso significa que

os médicos estão tentando me acordar aliviando os remédios para dor?

— Você precisa parar

— Parar o quê?
A emoção torceu suas feições. — Sua pele era macia demais para o tapete, e é por

isso que você está sentindo uma leve sensação de queimação. Minha foda no chão causou

pequenas escoriações ao longo de sua bunda e parte inferior das costas. Esse 'mundo real'

ao qual você se refere não existe mais. Isso ficou no passado.

Ela baixou a cabeça enquanto ele espalhava mais da coisa cremosa sobre sua pele. —

Talvez eu esteja em coma e meus meninos se recusem a desligar o suporte de vida. Isso

explicaria quanto tempo esse sonho durou.

Big ficou tenso sob ela, e ele parou de esfregar o creme mais uma vez. — Perdoe-me

por isso, querida.

— O quê?

Gemma estremeceu quando ele deu um tapa na bunda dela com uma de suas mãos

grandes. A picada queimou e lágrimas encheram seus olhos. Ela tentou sair do colo dele

para o chão, mas ele a prendeu no lugar pressionando o antebraço contra a parte inferior

das costas dela. Ela olhou para ele, chateada por ele ter batido nela.

— Isso dói!

— Eu sei. — Ele assentiu. — Esta é a vida real, Gemma.

Ela se mexeu freneticamente, agarrando a cama. — Deixe-me ir, seu bastardo sádico!

Ele recusou. — Não tive nenhum prazer nisso. Mas eu preciso fazer isso de novo?

— Não se atreva! — Ela tentou rolar novamente, mas ele a prendeu mais firmemente

com as mãos agora, mantendo-a presa em seu colo.


— Você precisa encarar a realidade. — Ele suavizou seu tom, e um olhar de quase

arrependimento brilhou em seus olhos. — Você não é a Gemma Grady de 2020. Ela

morreu. Você foi criada em uma fábrica de clones. Eu sou verdadeiro. Isso é realidade. É o

ano de 2141. Não sou uma invenção da sua imaginação ou algum sonho. Eu também sou

um clone. Estamos vivos, Gemma. — Ele acariciou ternamente o ponto em sua bunda que

ele bateu. — Aquela dor que você acabou de sentir foi da minha mão muito genuína em

sua bunda muito real e deliciosa.

Ela parou de tentar fugir. — Isso é impossível.

— Por quê? Porque a tecnologia não existia no seu tempo? Você parece uma mulher

inteligente. Eu quero que você pense em quando você era uma garotinha. Você pode fazer

isso?

— É claro. Não estou senil.

— Você se lembra da tecnologia dentro de sua casa quando você tinha cerca de cinco

anos de idade?

— Claro.

— Quantos anos você tinha em 2020?

— Cinquenta e seis.

— Imagine sua infância e depois avance para sua idade no momento de sua morte.

Quanto a tecnologia mudou em cinquenta e um anos?


Ela debateu isso por um momento. — Muito. Computadores onde essas enormes

feras de máquinas que só as empresas de alta tecnologia possuíam. Eles encheram os

quartos, mas quase não fizeram nada. — Ela hesitou antes de continuar não gostando de

onde sua lógica estava indo. — Eles avançaram tanto que os computadores se tornaram

dispositivos portáteis que podiam fazer quase tudo. Os telefones costumavam ser

dispositivos robustos conectados às paredes com cabos. Agora eles fazem telefones

celulares de bolso que você pode levar para qualquer lugar. Eles são tão complicados que

meus meninos estão sempre tendo que me mostrar como usar os recursos a cada

atualização.

— Já se passaram cento e vinte e um anos desde então, Gemma. — Ele acariciou sua

pele, não mais a segurando. — Pense nisso e em todas as coisas possíveis que poderiam

ter avançado nesse período de tempo. Seja racional, em vez de se concentrar no que você

quer acreditar. — Ele finalmente a soltou.

Gemma saiu de seu colo e se sentou na cama. As rodas de seu cérebro giraram.

Televisões passaram por sua mente. Eram caixas volumosas quando criança, com

recepção granulada e orelhas de coelho. A televisão em sua sala de estar no dia em que

ela esteve na explosão era uma tela widescreen de setenta polegadas com incrível clareza,

som surround e um sexto do peso da de sua infância. Até se ligou na internet. Locais de

aluguel de filmes eram coisa do passado, já que ela podia encomendá-los diretamente de

casa pela TV.


— O que a criança em você pensaria das coisas que você teve em 2020? Imagine você,

aos cinco anos, entrando em sua vida tantos anos depois, vendo as coisas que mudaram.

— Big se virou na cama e se inclinou para mais perto. — Aquela criança teria acreditado

que era um sonho, que era tudo mentira, correto?

Lágrimas encheram seus olhos enquanto ela olhava para ele. Assim como o pânico.

Seu sonho estava rapidamente se transformando em um pesadelo. — Não pode ser, —

ela sussurrou.

— Responda a minha pergunta.

Seu peito doía, e ficou difícil respirar. Seu coração disparou. — Eu... ela teria surtado.

— Com cinco anos de idade, você não pensaria que a maior parte dessa tecnologia

fosse possível. Estava além de sua imaginação. Assim como o que eu disse a você está

além do sua agora, mas é real. — Ele estendeu a mão e pegou a mão dela. — Estou bem

aqui com você, e você está segura. Não vou deixar nada acontecer com você, Gemma.

Vou ajudá-lo a se adaptar a esta nova vida.

Ela puxou a mão e saiu da cama, andando. — Não.

Ele se levantou e entrou em seu caminho, segurando seus ombros. — Respire.

— Eu estou!

— Você está hiperventilando. Está tudo bem, Gemma.

Pânico puro a atingiu quando afundou em que ele poderia estar dizendo a verdade.

Tudo o que ele disse fez sentido arrepiante. Seu eu infantil teria surtado se ela de repente
saísse de uma máquina do tempo para o futuro. Ela teria tido dificuldade em convencer

seu eu de cinco anos de que era, de fato, realidade.

E se Big estivesse dizendo a verdade? Nenhum sonho tinha durado tanto tempo

antes. Também foi super-realista. Ela podia cheirar e ver com absoluta clareza. A maioria

de seus sonhos sempre foi uma grande neblina, e quando ela percebeu que estava

sonhando, ela acordou. As drogas poderiam mantê-la para baixo, mas Big bater em sua

bunda doeu. Certamente isso a teria tirado de qualquer sonho.

— Gemma?

Ela olhou para cima ao som de sua voz rouca, vendo preocupação em seu rosto

bonito. Ele parecia real. Muito real. Tudo parecia.

— Não. Não pode ser.

Ele de repente se curvou e a pegou em seus braços, devolvendo-os à cama. Ele se

sentou, colocando-a de lado em seu colo enquanto se inclinava contra a cabeceira da

cama. — Tudo o que eu disse a você é a verdade. Seu corpo original morreu e foi roubado

pela JDJ Cryo Corp. Alguém o confundiu com uma cantora famosa e o replicaram em um

corpo clone. Foi cruel da parte deles manter sua mente totalmente intacta, deixando você

acordar pensando que estava naquele hospital desde o fim de sua vida anterior. É por

isso que é ilegal fazer clones com memórias. Eu não vou permitir que você deixe esse

conhecimento deixá-la louca, no entanto. — Ele a segurou mais apertado, balançando-a


suavemente. — Chore, Gemma. Aflija a vida que uma vez foi Gemma Grady, e então

você começará a se curar. Você pode enfrentar esse novo futuro comigo.

Lágrimas quentes caíram por suas bochechas como se esperasse sua permissão, e ela

o agarrou. Big parecia real e sólido. Caloroso. — Não pode ser, — ela repetiu mais uma

vez. — Mesmo que... — ela estava começando a acreditar.

Ele descansou o queixo em cima da cabeça dela. — Isso é. Você é a pessoa que era

em sua mente e coração, mas seu corpo é novo.

Ela olhou para sua mão descansando em seu peito. Não havia manchas da idade,

nem rugas, e nenhum leve inchaço nos nós dos dedos por causa da artrite.

Seu sonho tinha se tornado absolutamente cruel, mas ela tinha que admitir que era

o mais realista que ela já teve.

Sua bunda ainda doía de onde Big tinha dado um tapa. O creme que ele colocou nela

já tinha ajudado com a sensação de queimação do tapete.

E se ele estiver falando a verdade? E se eu realmente for um clone? Estou no futuro? Parecia

muito irreal para ser verdade, mas a sensação de afundamento em seu estômago deu uma

pista.

Coisas assim realmente não acontecem. Ou acontecem? Ela fez uma pausa. Não em

2020, pelo menos. Mas de acordo com Big, é 2141.

Ele acariciou suas costas, e fez cócegas um pouco. — Vai ficar tudo bem, — ele

acalmou. — Não há nada a temer. Eu vou cuidar de você. Você não está sozinha.
Ela inclinou a cabeça para trás e estudou seu rosto. Ele era bonito demais. Homens

tão bonitos pararam de dar atenção a ela desde que ela atingiu os quarenta. Claro, seu

divórcio a deprimiu, e ela se tornou viciada em chocolate como resultado. O que fez seu

ex-marido zombar quando ele pegou os meninos, as poucas vezes que ele queria ver seus

filhos logo após o divórcio.

O idiota fez comentários maliciosos sobre seu ganho de peso. Vinte e sete quilos

depois, ela finalmente percebeu que tinha um problema e tentou se livrar dele.

— Fique calma, — Big pediu.

— Você me vê gritando?

Ele arqueou as sobrancelhas.

— Estou apenas um pouco em pânico.

— Conte-me suas preocupações, e eu as aliviarei.

— Ainda estou tentando decidir se isso é real. Ainda não passei dessa parte.

— Estaremos completamente seguros em minha base. Tenho suprimentos suficientes

para nos alimentar e nossas necessidades de plasma serão atendidas. Significa que não

tenho que invadir nenhuma nave espacial por muito tempo. Eu estava estocando

suprimentos para o futuro. Posso adiar isso por um tempo, agora que você está comigo.

As invasões são a única vez que enfrento qualquer perigo real, mas não vou levar você

comigo. Você vai ficar na base, onde é seguro.


— Em uma base lunar? Até isso é suspeito. Havia um programa de televisão de

quando eu era criança sobre esse mesmo assunto. Parece loucura, Big.

— Temos três geradores e todos eles funcionam sem problemas. Poderíamos

sobreviver com um, se necessário. Há seis recicladores de ar. A base funciona em dois,

mas há mais quatro substituições no armazenamento. Temos energia e oxigênio. — Ele

fez uma pausa. — Comida. Plasma. Isso é tudo que precisamos. Até escondi a entrada

original da base. Qualquer um que soubesse de sua existência acreditará que foi

destruída. As autoridades não podem nos encontrar.

— Você escondeu? — Isso parecia irreal para ela.

— A empresa de mineração estacionou a base no fundo de uma cratera da lua. Eu

cobri. Parece que um asteroide se chocou contra ele e destruiu a base.

— Como você cobre uma cratera com um asteroide? É isso que você está dizendo?

Ele franziu a testa. — Esta é a sua preocupação agora?

Ela balançou a cabeça. — Eu acho que não. — Seu olhar se concentrou em sua mão.

Ela era jovem novamente, se ele estava dizendo a verdade. Ela tinha um corpo novo e

melhorado. Um que não envelheceria.

Ela estava se esforçando muito para não surtar respirando calmamente e pensando

racionalmente.

— Ainda não consigo entender como eles podem sugar minhas memórias e

sentimentos para colocá-los em outro corpo.


— Poucas pessoas sabem como fazer isso. Está classificado.

Ela mordeu o lábio. — Talvez o cérebro seja como um velho disco de vinil.

— Não sei o que isso significa.

— Era um disco plano que tinha arranhões. Você coloca uma agulha nele e ele toca a

música impressa na superfície. Você acha que eles encontraram uma maneira de fazer

isso com um cérebro?

— Eu não poderia começar a adivinhar.

— Eu também. E eu nunca poderia descobrir CDs. São super suaves. Raspe um, no

entanto, e ele nunca funciona direito novamente.

— Ainda não sei do que você está falando.

Ela segurou o olhar de Big. — É assim que me sinto agora. Confusa. Estou apenas

tentando me concentrar nas pequenas coisas para evitar o quadro geral, sabe? Estou

tentando evitar enlouquecer.

— Você está viva e comigo. Isso é tudo o que importa, Gemma. Você está segura.

Ela pensou em seus meninos. — Eu nunca consegui me despedir dos meus filhos. —

Isso partiu seu coração, e mais lágrimas caíram. — Eu me lembraria disso se tivesse,

certo?

— Eu não sei, Gemma.

Então, de repente, pareceu entender. Se tudo o que Big disse fosse verdade, se ela

realmente tivesse morrido cento e vinte e um anos antes...


A dor aguda a esfaqueou no peito quando ela percebeu o que isso significava.

Seus meninos teriam crescido em homens velhos e morrido.

Era raro as pessoas viverem por cem anos. Seus meninos tinham vinte e poucos anos

quando ela foi queimada. Isso significava que eles haviam nascido há mais de cento e

quarenta anos, se era realmente o ano de 2141. Seus filhos estavam mortos.

Big a abraçou com mais força enquanto sua angústia aumentava. — Estou aqui,

Gemma. Apenas respire. Você não pode mudar o passado. Foi-se. Concentre-se no agora.

Seus meninos tinham sido seu mundo inteiro. Ela tentou ganhar o controle de sua

dor. Não era fácil de fazer, mas ela sempre foi uma mulher forte. Ela tinha que ser. Perder

sua merda não era algo que ela jamais permitiria que acontecesse a menos que ela

estivesse sozinha.

Suas emoções estavam por todo o lugar enquanto ela lutava para acalmá-las. Ela

estava dividida entre soluçar, gritar ou mergulhar de volta em negação. Doeria menos. A

dor lancinante em seu peito era pura tristeza.

Seus meninos estavam mortos há muito tempo... e ela era um clone.

Estou viva, ela raciocinou freneticamente. Não morri em um hospital. É uma segunda

chance na vida... mas sem meus meninos. Deus. Meus meninos! Mais lágrimas encheram

seus olhos que ela tentou piscar de volta. Exigiu esforço, mas respirações profundas ajudaram. Se

tudo isso for verdade, ainda estou viva. Eu sou uma sobrevivente, droga! Eu realmente
não tenho escolha, tenho? Acho. Junte sua merda, Gemma. Desmoronar não vai mudar

nada.

— Posso procurá-los? Quero dizer, o que aconteceu com meus meninos? Se este é o

futuro, isso significa que deve haver um registro do passado e de suas vidas. Eu só... —

Sua voz falhou, e ela engoliu em seco. — Preciso saber o que aconteceu com eles.

— Eu sinto muito. Eu não tenho acesso aos bancos de dados da Terra aqui. Não

podemos ir a algum lugar que ainda esteja ligado a esse planeta, Gemma. As autoridades

nos matariam à primeira vista.

Ela sentiu a raiva crescendo enquanto olhava em seus olhos. Essa era uma emoção

com a qual ela poderia se envolver totalmente. — Tenho o direito de saber o que

aconteceu com meus filhos! Eu não pedi que essa besteira fosse feita comigo. Alguém me

deve respostas, caramba!

— Eu concordo com você, mas os seres nascidos não. — Ele fez uma pausa. —

Humanos. Eles não se importam ou reconhecem que temos sentimentos. Clones são

proibidos de viver na Terra. Os seres humanos são chipados com todas as suas

informações e as autoridades portuárias nos escaneiam quando pousamos na superfície,

porque todos devem passar pela alfândega. Não temos chips implantados. É um

procedimento padrão exterminar clones que tentam retornar à Terra assim que saímos

da fábrica. Eles nem nos permitem ser acordados até que estejamos fora do planeta.

Isso a confundiu. — Por quê?


— Como eu disse, os clones deixam os humanos desconfortáveis. Nós nos parecemos

demais com eles. Suspeito que temem que possamos nos misturar e nos esconder entre

eles. Isso os perturba por algum motivo. — Ele suspirou. — Eles provavelmente temem

um ataque. Independentemente disso, nenhum clone tem permissão para viver na Terra.

— Então os legisladores ainda são um bando de idiotas? — Ela não ficou surpresa ao

saber disso. — Eu preciso saber o que aconteceu com meus filhos, se isso é real, Big. Quero

saber que tipo de vida eles levavam. Eu nunca consegui dizer adeus.

Ele parou de acariciá-la de volta. — Isso vai te ajudar?

Ela assentiu. — Sim. Preciso saber como eles viviam, se tiveram filhos.

— Você não pode visitar nenhum descendente se seus filhos tiveram filhos, Gemma.

Não só os clones são proibidos na Terra, mas você não foi apagado de suas memórias.

Você seria destruída por ambas as ofensas. Para não mencionar, esgueirar-se para a

superfície da Terra seria impossível. Mesmo se você conseguisse encontrar um

contrabandista altamente qualificado, você sabe qual seria a punição para um humano

abrigar um clone.

— Não.

— Tudo o que eles possuem seria confiscado pelas autoridades e eles seriam

condenados à morte. Você não quer que isso aconteça com seus descendentes, mesmo

que eles estivessem dispostos a escondê-la das autoridades.


Ela mordeu o lábio, horrorizada com o pensamento. — Não. Eu não gostaria que eles

arriscassem isso.

— É melhor você deixar para lá.

Gemma não tinha certeza de como isso seria possível. Ela realmente queria saber

como seus meninos tinham se tornado. Eles se casaram? Tenho netos? Bisnetos?

Big suspirou, chamando sua atenção. — Dois dos clones com os quais escapei são

excelentes hackers. Posso pedir a um deles para ver se consegue entrar numa base de

dados da Terra aproximando-se de uma estação. É o melhor que posso fazer. Pode

demorar um pouco para ele obter essa informação.

— Obrigada. Eu realmente apreciaria isso. Só preciso saber o que aconteceu com

meus meninos. Quero dizer... — Sua voz quebrou quando a emoção a sufocou

novamente.

Ele assentiu. — É compreensível. Eu quero que você seja feliz, Gemma. Farei o que

for preciso para ajudá-la a se ajustar à sua nova vida.

Ela olhou para seu corpo mais jovem. — As coisas poderiam ser muito piores. Isso é

o que eu continuo tentando dizer a mim mesmo. Estou viva e não queimei mais de oitenta

por cento do meu corpo. Estou tentando me concentrar nisso em vez de enlouquecer

completamente.

— Você é linda e sempre permanecerá jovem.

— Tem isso também.


Ele segurou o olhar dela. — E você me tem. Você nunca vai ficar sozinha.

Ela estudou seu rosto. Ele era um homem bonito com um corpo lindo... e uma certa

parte desse corpo estava se mexendo embaixo dela. — As coisas estão melhorando... isso

certamente ajuda.

Big riu. — Desculpe. Você me deixa duro.

Ela estava muito ciente disso. — Assim eu sinto.

Ele tirou os dois da cama e estendeu a mão. — Vamos tomar banho juntos.

— Você tem uma banheira em uma nave espacial?

— Sim.

Ela o seguiu até o banheiro. Não era como um de seu tempo, para dizer o mínimo.

Era apenas um espaço vazio.

Big caminhou até a parede e tocou um painel, antes de recuar. A parede se abriu e

uma grande banheira deslizou para fora. Gemma não tinha palavras.

Ele se moveu ao redor do banheiro, ativando mais painéis para abrir. Ele olhou para

ela quando terminou. — Eu vou te ensinar como usar tudo aqui. Suspeito que não seja o

que você está acostumada.

— Você pode dizer isso de novo. Não estou mais no Kansas.

— Essa é a parte da Terra onde você viveu?

— Não. É apenas uma referência de filme que você não entenderia. Você

provavelmente nunca assistiu. Eu morava na Califórnia.


*****

Big se levantou da cama enquanto Gemma dormia. Ele vestiu as calças e saiu

silenciosamente do quarto. Ele foi para o convés superior e sentou-se na cadeira do piloto,

verificando os sensores de longo alcance. O computador o notificaria se encontrassem

outra nave, mas ele gostava de inspecionar visualmente as varreduras. Os computadores

eram conhecidos por falhar.

Eles ainda estavam a salvo da perseguição.

— Monitore o movimento em meus aposentos, — ele ordenou ao computador de

bordo. Isso o alertaria se Gemma saísse da cama.

Ele saudou Blade, algo que tentava fazer a cada mês, preocupado com seu amigo

indiferente. Fazia quase um ano desde que ouviram falar dele. Era possível que Blade

tivesse sido capturado ou morto. O pensamento entristeceu Big. Ele digitou o código de

sinal para a nave de Blade e deu um ping. Segundos se transformaram em longos

minutos.

Não houve resposta.

— Droga.

Seus dedos voaram sobre o console enquanto digitava o código para alcançar Fig em

seguida. Ele obteve uma resposta imediata. Ele sorriu ao ouvir a voz profunda familiar

que ele sentia falta.

— Oi pai. Você está apenas checando sua ovelha perdida?


Divertia Big que ele tinha sido marcado com essa designação por seus amigos. —

Sim, meu filho número um. — Era sua maneira de dizer a Fig que ele não estava sendo

forçado a contatá-lo e que tudo estava bem do seu lado. — Como vai?

— Sobrevivendo. As coisas estão lentas. E você? Você está indo bem?

— Estou bem. — Big fez uma pausa. — Você já ouviu falar de seu irmão mais afiado?

— Ele perguntou, referindo-se a Blade.

— Não. Não por muito tempo.

— Eu também não, — Big admitiu. — Eu sei o que dissemos, mas estou preocupado.

Você está em algum lugar perto de onde ele estava trabalhando pela última vez? Achei

que talvez você pudesse dar uma olhada nele. Não quero viajar tão longe, agora que não

estou sozinho.

— Um dos meus irmãos voltou para casa?

— Não. — Big tinha que ter cuidado com o que dizia. Era possível para alguém

invadir seus sinais e ouvir suas comunicações privadas. — Conheci uma mulher em uma

corrida de reabastecimento. Temos muito em comum, a mesma linha de trabalho, e

gostaria que ela se tornasse sua mãe. Vou levá-la para casa agora. — Era sua maneira de

dizer que havia roubado um clone feminino de uma nave que viajava para o Mundo dos

Clones.

— Merda. — Fig parecia chocado. — Como você está indo?


Lembrou-se do banho que tomaram juntos e de fazer amor com ela antes disso. —

Muito bem. — Ele sorriu. — É bom ter alguém com quem compartilhar minha vida. Estou

me apaixonando por ela.

— Eu aposto. Eu invejo isso. Eu nunca conheço ninguém no trabalho. Como você

conseguiu isso?

Big entedia. As naves de transporte com clones a bordo eram fortemente vigiadas e

evitavam invadir. — É realmente complicado.

— Quão complicado? Você precisa que eu vá até você? Você está desesperado por

suprimentos? Eu posso lhe trazer um pouco.

Fig estava preocupado que ele precisasse de plasma. Todos os transportes de

suprimentos estavam fortemente guardados em sua região do espaço, e ele suspeitava de

Fig, embora estivesse desesperado o suficiente para atacar um. — Não é o que você pensa.

Estou bem e bem abastecido. É uma daquelas situações difíceis que podem se tornar

trágicas se eu não a ajudar a se ajustar a todas as novas mudanças. — Big esperava que

isso fosse suficiente para transmitir o que ele queria dizer.

Fig permaneceu em silêncio por um longo momento. — Trágico? Você está dizendo

o que eu acho que você está?

— Uma dúzia de vezes, — ele sugeriu.

— Merda. Eu entendo. Isso não é algo que alguém teria escrito para casa, é?
Big suspirou. Todos eles conheciam a história dos doze originais. — Esta não é uma

situação de livro de histórias. — O livro se referia às compras legais da Clone World. —

Ela tem muito com o que lidar, mas espero que nosso relacionamento possa funcionar.

— Talvez eu não tenha inveja de você. Isso deve ser difícil para ela. Como ela está

levando a vida com você até agora?

— Melhor que o esperado. Ela é forte. Você pode verificar seu irmão mais afiado?

Vou entrar em contato com seus outros irmãos e perguntar se eles souberam de alguma

coisa.

— Não há necessidade de fazer isso. Falei com eles recentemente. Eles também não

têm notícias. Estamos todos preocupados. Eu estava pensando em passar por onde ele

estava trabalhando na última vez que falei com ele e checar.

— Obrigado. Deixe-me saber se você descobrir alguma coisa.

— Deixe-me saber como você e essa nova mulher estão indo. Eu gostaria de conhecê-

la em algum momento, já que somos uma família agora.

— A qualquer momento. Você sabe que é sempre bem-vindo para voltar para casa.

Big sentiu falta dos outros cinco homens com quem escapou do Clone World, mas

ele formou um vínculo especialmente estreito com Blade, Fig e Free. — Adoraríamos a

companhia.

— Eu ouvi isso. Sinto falta de todos. — Fig fez uma pausa. — Estou solitário.
— Venha para casa assim que terminar de checar seu irmão. Espero que você o traga

com você.

— Farei o meu melhor. Estou fora, pai.

— Cuidado, filho. Tome cuidado. — Big terminou a transmissão.

Ele verificou os sensores de longo alcance novamente e estimou o tempo de viagem

até chegarem à base. Seria um alívio uma vez que ele tivesse Gemma em segurança na

lua. A cratera também pode ter se tornado uma fortaleza depois do trabalho que ele fez

para esconder sua localização. A última coisa que ele precisava era encontrar uma

patrulha e ter que fugir deles no caminho.

Eles tentariam explodir sua nave em escombros flutuantes. Era a desvantagem de se

tornar um pirata, mas ele nunca iria querer voltar a como ele viveu sua vida enquanto

estava no Clone World.

Big voltou para seus aposentos e tirou as calças. Ele voltou para a cama com Gemma,

envolvendo-a em seus braços. Ela murmurou seu nome, mas continuou dormindo. Ele

adormeceu, sentindo gratidão por ela ter entrado em sua vida.


Capítulo Seis

Gemma ficou impressionada com o tamanho da estação lunar. — É como uma cidade

coberta.

— Exatamente. Abrigava milhares de mineiros e suas famílias.

— Eles simplesmente abandonaram este lugar?

— Os minerais que eles procuravam foram todos removidos. É muito caro e ineficaz

tentar desmontar algo desse tamanho. Eles o deixaram depois de transferir todos os

trabalhadores para um novo local.

— Não vejo nenhuma janela.

Ele pegou a mão dela, levando-a para longe de onde ele havia encaixado sua nave.

— Não há nenhuma. Toda esta estrutura foi construída dentro de uma cratera. Ela a

protege de ataques de asteróides. Eu te disse que a selei completamente. Havia grandes

painéis de vidro no telhado que eles podiam abrir, para ver o espaço da entrada estreita

da cratera, mas eu os selei. As persianas são mais fortes que o vidro. Eu estava com medo

de que os asteróides que eu me aproximasse pudessem romper a estrutura se colidissem

com o topo da estação. Não vai acontecer agora, porque os asteroides estão seguros no

lugar.
Seu ritmo diminuiu enquanto ela observava as muitas lojas ao longo do corredor

principal que levava à área de habitação. — Você moveu asteroides? Enormes pedaços de

rochas flutuantes no espaço? É isso que você está me dizendo?

— Sim. Não é tão difícil quanto você pensa. A tecnologia avançou muito desde o seu

tempo.

— E como você os protege? Estou curiosa.

— Eles estão amarrados aos lados das paredes da cratera para evitar que flutuem de

volta ao espaço.

Ela mordeu o lábio inferior. — Estou tão fora do meu elemento.

— Você vai se ajustar.

Ele parecia confiante, mas Gemma não se sentia assim. Eles estavam no que parecia

ser um grande shopping com tetos altos. As lojas estavam abertas, mas poucas continham

qualquer coisa dentro, pelo que ela podia ver. Era assustadoramente silencioso e um

pouco assustador. Alguns velhos filmes de terror passaram por sua mente.

— Como você sabe que estamos realmente sozinhos aqui? Talvez alguns dos antigos

moradores ainda estejam por aí e nos ataquem.

Ele riu. — Eles teriam sinais de vida. Verificamos quando encontramos este lugar.

Até vasculhamos todos os depósitos para inventariar suprimentos abandonados.

Ninguém está aqui, e eu seria notificado se alguém aparecesse enquanto eu estava fora.

— Como?
Ele a puxou para o que parecia ser um caixa eletrônico e se inclinou para perto.

Acendeu-se instantaneamente, uma luz azul percorrendo seu rosto.

— Diga seu comando, Big.

A voz robótica a assustou.

Big riu e apertou a mão dela. — Declare sinais de vida atuais na estação.

— Dois.

— Houve alguma brecha na segurança?

— Nenhuma.

— Obrigado. — Ele se virou para Gemma. — Vê?

— É um computador, certo? Pode ser hackeado.

— Sim, mas teria que ser feito depois que eles invadissem a estação. O computador

teria notificado minha nave se alguém tentasse atracar. Não. O cérebro desta estação não

pode ser acessado de uma fonte externa. Tentamos isso e falhamos. Alguns dos meus

amigos são os melhores hackers que existem. Tivemos que entrar, vestindo trajes

espaciais, para assumir a estação. O suporte de vida e a gravidade foram desligados até

que fizemos os reparos. Fig e Free reprogramaram todo o cérebro até que ele respondesse

apenas ao meu grupo. Vou adicionar você para ter acesso.

— Para fazer o quê?

— O cérebro da estação executa o suporte à vida e as medidas de segurança. Em

algum momento, vou deixar você aqui quando precisar invadir uma nave espacial. Eu
me sentiria melhor se você soubesse como tudo funciona. Você não pode emitir ordens

se considerar que você não está autorizada a fazê-lo.

— Eu vou passar. Pelo menos por enquanto. Eu tive bastante dificuldade para

descobrir como fazer xixi em seu estranho banheiro escondido.

Ele riu. — Vou dizer de novo, papel higiênico é coisa do passado.

— Eu só acho assustador que sua versão de banheiros lave suas partes íntimas e

depois enxugue você.

Ele parecia muito divertido. — É mais eficiente. Você vai se ajustar.

— Como se eu tivesse escolha.

Ele ficou sombrio. — Você deve se adaptar, Gemma. Eu não vou permitir que você

tenha um colapso.

Ele parecia realmente preocupado com ela perdendo a cabeça. Ela apreciava isso, ela

supôs. — Sou muito durona e acho que estou lidando com tudo isso melhor do que o

esperado. Nada de gritos e gemidos.

— Você é durona. Sempre olhe pelo lado positivo, Gemma. Você tem uma segunda

chance na vida.

— Eu sei. Eu aprecio isso, mas é estranho entender como cheguei aqui e que estou

viva. Eu estava morrendo das queimaduras que sofri. A clonagem parece um milagre.

Continuo dizendo a mim mesma para apreciar o que aconteceu.

— Eu entendo.
— Big, eles clonaram seu corpo de alguém que costumava estar vivo? Você tem

alguma lembrança dessa pessoa?

— Fui criado para ser um oficial de segurança do Clone World. Não tenho certeza se

este corpo foi moldado de alguém que existiu ou não. Todas as minhas memórias foram

transferidas para minha mente enquanto crescia dentro da fábrica. Elas não são realmente

memórias do jeito que você as entenderia. Minha vida não começou até que eu acordei

no Clone World e fui designado para meus deveres. Não tenho infância para lembrar.

— Que tipo de memórias você teve?

— Era como se eles colocassem uma câmera em alguém, fizessem com que eles

passassem por todo o treinamento para o meu trabalho e depois repetissem esses vídeos

repetidamente na minha cabeça. Acordei com o conhecimento de como lutar, todas as

habilidades necessárias para ser bom no meu trabalho e um desejo básico de ser o melhor

no que fui criado para fazer. Eles também nos ensinaram o que somos e as leis pelas quais

devemos viver, da mesma maneira. Desenvolvi uma personalidade depois que acordei e

vivi por um tempo. Meu trabalho me moldou.

— Ser um oficial de segurança?

— Sim. E, ocasionalmente, fui designado como guarda-costas de hóspedes ricos que

visitavam o Clone World. — Ele fez uma pausa. — Eu era um clone criado para se

defender contra ferimentos causados por pessoas não autorizadas, dar suporte às
medidas de segurança no Clone World e protegê-lo de qualquer forma de perigo.

Mantivemos a paz.

— Eles fazem guarda-costas clones também? Tão estranho.

— Eles fazem todos os tipos de clones especiais.

Ela refletiu sobre isso. — Que outros são feitos?

— Outro clone de segurança escapou comigo, mas dois de nós éramos modelos

criados para fazer trabalho financeiro na Clone World. Free e Fig são excepcionais com

matemática, computadores e contratos. Eles são treinados para lidar com todos os

aspectos de qualquer coisa fiscal e tecnológica. Isso também inclui tudo a ver com

computadores e a capacidade de hackeá-los. Eles foram treinados para proteger os

computadores da CW contra outros hackers.

— Eles são os cérebros e você é a força?

— Todos os clones de serviço masculinos também estão fisicamente aptos, mas não

foram treinados para lutar. Eu ensinei defesa pessoal aos meus amigos clones depois que

escapamos da CW.

— Que outros tipos de clones existem?

— Clones de modelo de serviço possuem vários deveres e habilidades. Tudo, desde

a manutenção da manutenção, massagens aos hóspedes, até o preparo e serviço da

comida. Modelos de entretenimento divertem os convidados e se apresentam nos palcos.

Existem clones médicos que tratam os hóspedes de tudo, desde um joelho esfolado até
complicadas cirurgias de emergência. — Ele fez uma pausa. — Cada tarefa que você pode

pensar que alguém pode precisar contratar, há um clone programado para essa

habilidade.

— O que eu sou?

— Você é ilegal. As classificações de clones são atribuídas àqueles com programas

carregados, para aprimorar o que eles deveriam fazer. Você não se enquadra em

nenhuma dessas categorias.

— Eu não seria um modelo de entretenimento se eles pensassem que eu era aquela

cantora?

— Tenho certeza de que Rico Florigo comprou você para sua coleção particular. Seria

tolice colocá-la em exposição para os convidados, já que suas memórias estão intactas.

Ele pode acreditar que está acima da lei, mas não está. Alguém teria relatado você como

um clone que não tinha sido apagado das memórias da vida real, e as autoridades teriam

investigado. Ele teria sido pesadamente multado e todas as transações futuras

relacionadas a pedidos de clones teriam sido monitoradas, na melhor das hipóteses. Na

pior das hipóteses, eles teriam confiscado todo o seu dinheiro, fechado o Clone World até

que um novo comprador pudesse ser encontrado e o sentenciado à morte.

— Um novo comprador?

— O Clone World é um local de férias muito popular. Tenho certeza de que eles

reabririam. A JDJ Cryo Corp é uma empresa poderosa na Terra. Eles teriam pressionado
as autoridades para garantir a reabertura. Esse planeta é para onde uma boa parte dos

clones é enviada.

— Uau.

Ele assentiu.

— Espero que o atual dono não peça outro de mim. Isso seria muito estranho.

— Eu teria pena dela se ela chegasse ao Clone World. Ela acabaria sendo muito

infeliz.

— Talvez devêssemos avisar as autoridades para garantir que isso não aconteça.

— Não. Precisamos do Clone World operacional. Eu invadi suas naves para ganhar

plasma para nós sobrevivermos. Também alertaria as autoridades que alguns de nós

escaparam e estão livres. Sou conhecido por eles como um pirata, mas eles se esforçariam

muito mais para me pegar se soubessem que sou realmente um clone.

— Por que o incômodo de apenas um clone?

— Eu já te disse. Acho que não enfatizei o quão profundamente os humanos temem

nossa espécie. Somos geneticamente melhorados. Isso significa que somos mais fortes do

que seres nascidos. Mais rápido. Também somos mais difíceis de matar porque um pouco

de plasma clone nos cura rapidamente. Eu poderia quebrar um osso da coxa, mas me dê

plasma fresco e eu me curaria em uma hora. Acrescente o fato de que também somos

mais inteligentes do que uma pessoa nascida, com a capacidade de aprender novas

habilidades em minutos, e isso nos torna uma séria ameaça se quisermos prejudicá-los.
Gemma ficou boquiaberta para ele.

— É melhor que a Terra não perceba que algum de nós escapou. Os que comandam

o Clone World não querem que ninguém saiba que eles nos perderam. Tenho certeza de

que eles esperam que tenhamos nos deteriorado e morrido.

Ela engoliu em seco. — Entendi.

Ele a levou para um elevador e apertou um botão. — Também não quero que a JDJ

Cryo Corp perceba que você não é a Gemma que eles acreditam que seu material de

origem veio.

— Por quê?

As portas se abriram e ele a puxou para dentro. Ele não respondeu de imediato, mas

disse ao computador para subir três níveis.

Ele finalmente olhou para ela. — Eles destruiriam seu material original. Eu não quero

isso, caso algo aconteça com você.

Ela franziu a testa, sem entender.

O elevador se abriu e ela se viu em um corredor longo e largo. Isso a lembrou de um

corredor de hotel. Havia mesas e luminárias colocadas em intervalos no espaço. Ele saiu

e segurou firmemente a mão dela.

— Você não vai continuar com esse pensamento?

Ele a encarou, segurando seu olhar. — Eu faria Fig ou Free invadir as contas do Clone

World e ordenar que outro modelo de você fosse feito, se você morresse. Como eu disse...
não quero perder você, Gemma. Eu me recuso, agora que estou conhecendo você. Eu

clonaria você ilegalmente com suas memórias intactas e interceptaria a remessa para o

Clone World para roubá-la novamente.

Sua boca se abriu enquanto suas palavras afundavam.

Ele encolheu os ombros. — Eu não vou te perder. Teríamos que recomeçar a partir do

momento em que você acordou na nave. Todas as memórias atuais que você fez não

estariam lá, mas eu teria uma segunda chance de fazer você passar pelo choque inicial de

descobrir que você é um clone. Só espero que isso não aconteça.

Ela não sabia se deveria se sentir magoada ou com raiva. — Em outras palavras, isso

é basicamente um teste para ver se eu consigo manter a sanidade, ou você tem que apertar

um botão de reset pegando outro eu? — Ela se sentiu insultada com certeza.

— Não. Seria insanamente perigoso invadir o Clone World para fazer esse pedido.

Tolo mesmo. Até agora, não foi rentável para Rico Florigo enviar um esquadrão da morte

para nos caçar, mas isso não seria mais verdade se começássemos a usar as contas

financeiras do Clone World para encomendar mais clones. Eles não ligaram os

carregamentos de plasma roubados a nós. A pirataria é esperada, mas todos os ladrões

conhecidos são humanos. Seria suspeito se eles fossem hackeados, um clone fosse

reordenado e esse mesmo clone desaparecesse. Mas eu faria isso. É assim que estou

determinado a garantir que você sobreviva.


Era meio doce e lisonjeiro, quando colocado dessa forma. Seu ex-marido veio à

mente. Ele tinha sido muito preguiçoso para tirar o lixo e não se deu ao trabalho de

lembrar do aniversário dela quando eles se casaram. Big estava preparado para cometer

crimes graves e arriscar sua vida para mantê-la.

Ela soltou sua mão e agarrou sua camisa, ficando na ponta dos pés.

Ele se inclinou um pouco para frente com um olhar confuso no rosto.

Ela o beijou nos lábios, em seguida, aliviou de volta para baixo. — Obrigada.

Ele arqueou as sobrancelhas. — Você não está chateada.

— Estou um pouco assustada, mas entendo o que você está dizendo. Eu vou ficar

bem embora. Sou grata por estar viva. Vou me concentrar nisso em vez de enlouquecer

que de repente estou vivendo no futuro. Só não espere que eu aprenda rápido. Eu sempre

fui desafiada pelo techno. Eu não conseguia nem programar nomes e números no meu

celular no passado. Duvido que consiga administrar uma estação base lunar inteira

quando você estiver fazendo seu show de pirata.

— Ela funciona sozinha. Eu só quero que você monitore os sistemas e faça correções

se houver um mau funcionamento.

— Vou tentar o meu melhor para aprender.

— Tudo sobre você foi aprimorado. Você aprenderá mais rápido agora. Estou muito

feliz por você estar na minha vida, Gemma. Eu estava extremamente solitário aqui.
Ela poderia se relacionar com isso. Uma vez que seus filhos se transformaram em

jovens adultos, eles tiveram aulas na faculdade, amigos e namoradas ocasionais. Eles

passaram cada vez menos tempo com ela. Ela tinha alguns bons amigos, mas a maioria

deles era casada e ocupada com a família.

Foram muitas noites passadas sozinha, desejando ter alguém com quem conversar

ou compartilhar uma refeição. Agora ela tinha Big. Ele era sexy, bonito e parecia

desesperado para estar com ela. A vida estava melhorando, mesmo que não fosse a que

ela estava acostumada.

Ele parou no final do corredor e pressionou as pontas dos dedos em um painel. As

portas duplas se abriram, revelando uma enorme suíte. Ela entrou, ainda segurando a

mão dele.

— Uau!

— Espero que você goste da nossa casa.

Tinha que ser uma das maiores áreas de sala de estar que ela já tinha visto. Uma

cozinha ficava ao longo da parede dos fundos, com uma ilha enorme e várias banquetas.

Tinha até uma sala de jantar ao lado, com uma mesa que acomodava facilmente vinte

pessoas. Um amplo corredor se abria para a cozinha que ela supunha levar a pelo menos

um quarto.

— Quem morava aqui?

— O dono da mina. Eu o tomei como meu, já que sou eu quem permaneceu.


— Boas escavações.

Ele riu. — Concordo.

— O proprietário gostava de entreter, eu acho. — Ela olhou para a mesa novamente.

Seria estranho usá-la apenas com os dois.

— Eu li os registros. Ele convidava os chefes de operação da mina para jantar com

frequência e eles realizavam reuniões de negócios aqui.

O movimento a fez ofegar quando uma coisa metálica alta saiu do que ela supôs ser

um armário alto na cozinha. Parecia humanóide, mas mesmo com roupas era assustador

como o inferno. Gemma empurrou seu corpo contra o de Big.

— Calma, — ele riu. — Isso é apenas Magna. Ela é uma andróide auxiliar de cozinha.

A coisa parou do outro lado da ilha, as mãos cuidadosamente apoiadas na pedra

cinzenta que compunha a bancada. — Você está com fome, Big? O que posso fazer por

você?

Ele passou o braço em volta de Gemma e a levou para mais perto do robô. Ela podia

admitir que seus passos poderiam ter se arrastado um pouco. Mais filmes de terror

estavam girando em sua cabeça. Robôs assassinos. E foi em uma cozinha. O que

significava que tinha acesso a facas.

— Calma, querida, — ele murmurou. — Magna é inofensiva. Está com fome?

— Aquela coisa cozinha?


— Sim. Magna, esta é Gemma. Ela mora aqui agora, e você também receberá ordens

dela. Você entende?

Olhos redondos metálicos fixos em Gemma, e a coisa sorriu, revelando dentes

prateados. — É um prazer atendê-la, Gemma. O que você gostaria de comer?

Ela estava além do pensamento no momento. — Você tem um cardápio?

— É claro. — O aparelho por trás do robô, o que ela supôs ser talvez uma versão

moderna de uma geladeira, acendeu, agora parecendo mais uma tela de computador.

Uma lista de palavras percorreu seu comprimento.

Big gentilmente a manobrou ao redor da ilha. — Estamos bem abastecidos. Escolha

algo. Tenho certeza que você está com fome. Eu estou.

— Isso vai levar muito tempo para se ajustar. — O olhar de Gemma disparou para a

metade inferior do robô. Tinha rodas no fundo do que passava por pés. Tinha dois braços,

pernas, forma humana, mas com metal liso como pele. O vestido branco solto que usava

a cobria da garganta até um pouco abaixo do joelho.

Um pensamento horrível ocorreu. Essa tinha sido a... namorada... de Big antes dela?

— Não é anatomicamente correto, é? — Ela virou a cabeça, lançando um olhar

desconfiado para Big.

Ele franziu a testa. — Não entendo.

— A Magna faz mais do que cozinhar para você? Ela é como um robô sexual?
Ele jogou a cabeça para trás e riu. — Não. Ela não é anatomicamente correta, como

você diz. Ela cozinha minha comida e limpa a cozinha. É isso. Suas habilidades de

conversação também estão faltando, a menos que você esteja discutindo tarefas ou o que

você gostaria que ela preparasse para uma refeição. Tem sido muito solitário para mim

até você aparecer.

Ela relaxou um pouco. — Ela não vai enlouquecer tentando nos matar?

Big parecia muito divertido. — Não. De onde você tira essas ideias?

— Filmes, — ela admitiu. — Os robôs tendem a enlouquecer e se tornar máquinas

de matar.

— Ela está programada para não prejudicar os seres vivos.

Gemma pensou sobre isso. — Somos considerados humanos? — Ela propositalmente

não mencionou a palavra clone. Ela empurrou a cabeça em direção à dama de prata.

Ele ficou sério. — Sim. Magna não entende a diferença.

Isso foi um alívio. Ela encarou a superfície do aparelho, lendo suas opções. Isso a

surpreendeu. Ela tinha ido a grandes restaurantes com menos itens em seus menus. —

Acho que ficarei feliz aqui se alguma dessas coisas tiver o mesmo sabor que tinha no

passado.

Big se acalmou um pouco. Gemma parecia gostar de sua casa, mas ela também o

confundia. O androide auxiliar de cozinha a assustara. Eles tinham um longo caminho a


percorrer antes que ela se acostumasse com a tecnologia atual. Ele hesitou em mencionar

os outros droides da estação, incluindo os do alojamento. Será que a assustariam tanto?

Gemma escolheu algo para eles comerem depois que ela consultou com ele e então

ele a conduziu pelo corredor, deixando Magna para preparar sua refeição. Ostentava dois

quartos vagos e a suíte master.

— Essa cama é enorme! — Ela saiu do lado dele e, para sua diversão, mergulhou

nela. — Tão confortável!

Ele caminhou até a borda. — Você gosta do nosso quarto?

Ela virou de costas e sorriu enquanto se sentava. — É o mais luxuoso que já vi.

— Estou feliz. Esta é a sua casa agora. Nossas juntas. — Ele estendeu a mão. — Deixe-

me mostrar-lhe as características do banheiro.

— Bom plano. Vai demorar um pouco para eu me acostumar com toda essa porcaria

chique. Não acredito que temos um robô chef. Isso é legal, se ela realmente sabe cozinhar.

Ele a puxou para cima e a levou para a sala ao lado para mostrar-lhe como usar tudo.

— Amanhã de manhã, vamos conseguir algumas roupas para você. As escolhas são

limitadas, mas você não terá que continuar usando minhas camisas. — Ele olhou para

baixo de seu corpo em suas pernas expostas. — Ou talvez não.

Ela riu. — Eu gostaria de algumas calças.

— Estamos sozinhos. Eu gosto mais de você sem elas.


— Vou precisar de mais do que suas camisas largas se você planeja me ensinar como

ajudá-lo a administrar esta estação enorme.

Ele assentiu. — Vamos te alimentar... então vamos experimentar essa cama. Amanhã,

vamos começar.

— Oh alegria, — ela respondeu sarcasticamente. — Para ser claro, eu quero ir para a

cama com você. É amanhã com o qual não estou tão entusiasmada.

Sua expressão nervosa o fez sorrir novamente. Ele sentiu gratidão por ela ter entrado

em sua vida. — Magna servirá a comida em breve. Ela não demora muito.

— E você tem certeza que ela não vai nos envenenar ou atacar?

— Eu prometo. — Ele riu. — Estou feliz por não ter visto esses filmes que você

mencionou.
Capítulo Sete

Gemma acordou sentindo-se ótima, a noite anterior se repetindo em sua mente. Ela

e Big compartilharam um jantar delicioso. O robô os serviu no balcão da ilha, depois

desapareceu atrás de uma porta. Ela não se atreveu a se aventurar até lá para ver o que

havia dentro, não querendo realmente saber se Magna ficou adormecida em um quarto

do tamanho de um armário ou desapareceu em outro lugar. Isso levaria algum ajuste

para pensar como normal.

Big a levou para a cama naquele momento, tirou suas roupas e fez amor com ela. Ela

sorriu para essas memórias em particular, aconchegando sua bochecha contra um

travesseiro macio. O pirata sexy era a distração perfeita de sua nova realidade, fazendo-

a gozar duas vezes antes mesmo de entrar nela. Ela gritou seu nome em êxtase três vezes

na noite passada. Foi um recorde para ela. Inferno, o fato de que ele a fez gozar uma vez

era incomum.

O ex estava batendo zero. Grandes sucessos batem em casa todas as vezes e mais

alguns. Ela riu. Fale sobre um upgrade de vida!

Ela estendeu a mão para tocá-lo, mas ele não estava lá. Ela abriu os olhos e levantou

a cabeça, olhando ao redor da sala. Algumas luzes no teto haviam sido deixadas acesas,

mas com pouca luz. Big não estava à vista. Ela não tinha palpite sobre a hora. Não havia
janelas, e com certeza não haveria sol para indicar a manhã, mesmo que houvesse.

Afundou mais uma vez que ela vivia dentro de uma cratera, dentro de uma lua. E não

aquela que ela cresceu vendo no céu noturno.

Gemma deixou cair a cabeça no travesseiro e fechou os olhos. A realidade de sua

situação a sobrecarregou. Não foi um sonho induzido por drogas. Ela realmente acordou

no futuro, agora tinha um corpo clonado, e era anos mais jovem do que o que ela viveu

antes. Atualizada. Melhorada.

Ela notou as mudanças mais uma vez enquanto estava deitada ali. Seus dedos não

doíam de artrite. Ela dormiu a noite toda sem acordar para usar o banheiro. Seu joelho

esquerdo geralmente latejava se ela não colocasse uma almofada de aquecimento sobre

ele antes de dormir. Parecia bem agora. Ela não precisava se preocupar em se mover

muito rápido ou torcer errado, causando dor nas costas.

Então veio Big. Ele era tudo o que ela sempre desejou em um homem. Doce, gentil,

sexy, e ele tinha um corpo que não deixava a desejar. Ele se importava com o que ela

estava pensando e sentindo. Ele era apenas... atencioso. Foi maravilhoso.

Falou em compromisso também, e estar com ela, cuidando dela, como se já fossem

casados. Era uma conclusão inevitável que eles eram um casal dedicado, ao ouvi-lo falar.

Ela percebeu imediatamente, mas não disse nada, não estava prestes a reclamar. Ela

estava de acordo em mantê-lo para sempre; tinha que haver alguma compensação para

todo o pânico.
Ser criado em uma fábrica de clones e viver uma vida infernal no Clone World

provavelmente o fez querer um vínculo sério. Relacionamentos pareciam raros, e isso os

tornaria especiais. Sua aparência extremamente atraente também fazia sentido. Por que

uma empresa não faria galãs? Altos, lindos, musculosos, com paus impressionantes. Ele

tinha circunferência e comprimento, além de resistência.

A lista de sua grandiosidade continuou. Como um herói de romance, Big a resgatou

de Sherlock, o robô de terror com seis dedos, e acabou sendo um amante incrível.

— Talvez seja um sonho, — ela murmurou. — Se é bom demais para ser verdade,

geralmente é.

Ela ouviu um clique suave. Tinha que ser Big voltando para a cama. Ele

provavelmente teve que usar o banheiro. Ela sorriu, pensando que eles poderiam fazer

amor de novo...

De repente, as cobertas foram arrancadas de seu corpo. Um suspiro escapou dela

enquanto ela rolava, olhando para uma forma ao lado da cama. Não era Big, mas sim um

homem menor, vestido todo de preto.

Um grito saiu de sua garganta e ela se afastou freneticamente, caindo do outro lado

da cama com um baque.

Ela arranhou o tapete macio, ficou de pé e viu a coisa atravessar a sala para

desaparecer em um canto escuro. Seu coração batia loucamente.

A porta do quarto bateu na parede quando Big correu para dentro. — Gemma?
Ela correu para ele, jogou seu corpo nu contra o vestido dele e apontou. — Alguém

entrou aqui! Ele foi para lá!

Big passou os braços ao redor dela. — Luzes acesas, — ele exigiu.

As luzes do teto ficaram brilhantes o suficiente para ela ter que piscar algumas vezes

para se ajustar. Ele aliviou seu aperto sobre ela e agarrou seus ombros, virando-a para

encará-lo.

Preocupado mascarou suas feições enquanto falava. — O que aconteceu?

— Alguém estava aqui. Ele arrancou as cobertas de cima de mim.

A boca de Big se abriu... mas então ele suspirou, as feições relaxando. — Merda.

Ela agarrou sua camisa cinza. — Você disse que estávamos sozinhos nesta estação,

mas não estamos!

— Querida, eu sinto muito. — Ele suavizou o tom e esfregou os braços dela. — Era

o bot de limpeza de quarto. Esqueci de te programar. Registou que eu tinha pedido o café

da manhã e veio trocar a roupa de cama. Seus movimentos teriam anulado a programação

e feito o robô retornar ao armazenamento.

Ela olhou para ele, o coração ainda batendo forte, tentando entender o que ele estava

dizendo.

Ele a puxou para um abraço e beijou o topo de sua cabeça. — É como Magna, apenas

para o quarto. Sua programação é menos avançada. Eles não interagem com as pessoas.

Estava apenas tentando trocar a roupa de cama até que seus sensores de movimento
detectassem sua presença. Eu sinto muito. — Seu corpo começou a tremer um pouco

enquanto ele ria.

— Não é engraçado.

Ele riu mais forte. — É um pouco.

Ela empurrou contra seu peito, e ele a soltou. — Isso me assustou pra caralho!

Gemma tentou se afastar, mas ele se lançou e a agarrou, levantando-a do chão, e

facilmente a torceu em seus braços para ter uma visão de sua bunda. — Nenhuma merda

real foi feita, — ele anunciou, levando-a para o banheiro. — Eu sinto muito. — Ele ainda

parecia divertido, no entanto. — Não teria machucado você. Assim que registrou uma

vida, recuou, não foi? — Ele a colocou de pé e abriu um sorriso enquanto a soltava. —

Banho. Use o banheiro. Magna terá café da manhã esperando por nós na cozinha. Você

quer que eu fique caso o robô do banheiro apareça?

Sua boca se abriu. — Há um para o banheiro também?

Ela podia dizer que ele estava se esforçando para não rir novamente. — Você parece

tão horrorizada. Porra, você é adorável. Parece que esfrego a banheira? Bem-vinda ao

futuro, Gemma. Os bots fazem todas as tarefas domésticas. Vou programá-los para

monitorar suas funções vitais e evitar você.

— Isso não é engraçado. — Ela cruzou os braços sobre os seios e queria bater o pé

como uma criança.

Ele mascarou suas feições. — Eu não vou rir de novo.


Ela ainda viu a alegria em seus olhos. — Que outros tipos de bots estão em nossa

casa?

— Os bots de limpeza são comuns. Acho que são dez ao todo. Vou programá-los

para evitar você, ok? Eles não se aventurarão a realizar suas tarefas enquanto você estiver

em uma sala. Magna será a exceção, já que você precisa dizer a ela o que preparar para

nossas refeições.

— Isso me assustou, Big.

— Eu sei.

Ela se moveu para a parede e acenou com a mão, recuando quando um painel

deslizou e o chuveiro veio para a frente. — Vá fazer essa coisa de programação. Não

quero um bot vindo aqui e me assustando de novo enquanto estou lavando meu cabelo.

— Gemma?

Ela suspirou, virando-se para ele novamente. — O quê?

— Eu realmente sinto muito.

Ela caminhou em seus braços e deslizou os seus ao redor de sua cintura, descansando

sua bochecha contra seu peito. — O futuro é estranho, mas vou me ajustar. Apenas

certifique-se que eu seja avisada antes que algo venha até mim novamente.

Ele a abraçou e deu outro beijo no topo de sua cabeça. — Vou ajustar as configurações

da suíte para incluir dois sinais de vida. Não vai acontecer novamente. Os bots de
manutenção e limpeza permanecerão inativos ao seu redor. Nenhum deles iria machucá-

la. Juro. Por favor, confie em mim nisso.

— Vou tentar. Obrigada. — Ela o soltou e se afastou para colocar um pouco de espaço

entre eles.

— Vou trazer uma camisa para você e adicioná-la ao sistema. Encontre-me na

cozinha.

Ela assentiu e entrou no chuveiro, preparada para ligar a água.

Big riu novamente enquanto saía do banheiro.

— Eu ouvi isso!

— Você é fodidamente adorável, — ele gritou de volta.

Ela finalmente relaxou sob o jato de água, mas ainda se apressou. O café da manhã

parecia bom.

Big não conseguia parar de sorrir enquanto adicionava o sinal de vida de Gemma

para os bots monitorarem, programando-os para ativar apenas quando ela não estivesse

na mesma sala. Então ele se sentou no bar, observando Magna se mover pela cozinha.

Divertia-o como Gemma estava assustada com os bots. Ela aprenderia rapidamente

que eles eram extremamente seguros e tornavam a vida muito mais fácil. Ele adorava o

fato de que seus aposentos tinham tantos. No Clone World, era um recurso oferecido

apenas para hóspedes pagantes. Ele teve que limpar o dormitório com outros clones. Eles
também não tiveram acesso a refeições cozidas. O dispensário ofereceu-lhes barras de

nutrientes em vez disso.

Magna serviu os dois pratos. — Posso ajudá-lo com mais alguma coisa?

— Dois copos de leite, por favor.

Ela rolou para longe e voltou em um minuto, colocando-os no balcão.

— Isso será tudo.

A porta do quarto se abriu e ele se virou na cadeira, sorrindo para Gemma. — Sente

se melhor?

Ela se aproximou dele e sentou-se à sua esquerda. — Sim.

— Bom. Coma e nós vamos medir você para encomendar roupas para você em

seguida.

— Como fazemos isso? Você tem como entrega espacial?

Ele hesitou. — Há uma alfaiataria na estação. É executado automaticamente por

robôs.

— Uau. Sério?

Ele assentiu. — Os mineiros e suas famílias precisavam de uniformes e roupas. Era

mais fácil do que enviá-los com suprimentos por meio de ônibus espaciais. O

armazenamento em transportes é limitado. Alimentos, água e peças de reposição são a

prioridade. Tivemos muita sorte quando eles abandonaram este lugar. Eles deixaram

quase tudo para trás. É mais barato comprar um novo em uma estação de
reabastecimento mais próxima do que desmontar e enviar tudo. Os seres humanos são

excepcionalmente esbanjadores dessa maneira. Os robôs, androides, móveis e muitas

unidades de comida e armazenamento foram deixados intactos.

— Vi todas aquelas lojas. A maioria parecia vazia.

— Os funcionários teriam reabastecido das unidades de armazenamento. Esses

estavam trancados. As fachadas das lojas não. Revi as imagens de segurança das últimas

semanas, quando estavam fechando a mina. Algumas das equipes de fechamento

invadiram todas as lojas às quais puderam acessar sem acionar alarmes.

— Eu vejo. Eles invadiram as lojas abertas, mas não chegaram aos depósitos. Coisa

boa para nós.

Ele assentiu. — Temos materiais suficientes para nos vestir por toda a vida.

— Eles não vão apodrecer ou desmoronar? Isso acontece com os tecidos ao longo do

tempo.

— Não quando eles estão selados em salas de armazenamento sem ar. Os robôs não

respiram oxigênio. — Ele hesitou. — E os materiais avançaram desde o seu tempo.

— Eu vou confiar em você nisso. Qual é a diferença entre um robô e um andróide?

Percebi que você mencionou os dois. Não são a mesma coisa?

Ele acenou para Magna. — Ela é um androide. Eles são construídos para parecer

muito humanos e interagir com pessoas vivas. Os robôs são mais parecidos com o que

você viu no transporte. Aquela coisa que você chamou de Sherlock. A caixa com cabeça
e mãos. Eles também podem interagir com pessoas vivas, mas a maioria não. Eles fazem

tarefas como limpar ou possuem outros programas específicos. Suas roupas serão feitas

por robôs. É por isso que as opções são limitadas. Eles só podem fazer o que está em seu

catálogo.

— Aquele do quarto?

— Robô. Aqueles em nossa casa raramente interagem com as pessoas e têm tarefas

definidas.

Ela começou a comer. — Isto é muito bom. Magna pode cozinhar bem. No entanto,

eu tenho outra questão. Isso tem gosto de leite fresco. Como isso é possível?

— Não é de uma vaca. É artificial.

— Eles melhoraram nisso também, então. O futuro não é tão ruim. Especialmente

com você aqui.

Ele gostava de ouvi-la dizer isso. Era imperativo que ela se adaptasse e aceitasse sua

nova vida. — Estou feliz que você esteja aqui também.

Ele voltou a comer, sua mente em como localizar as informações da Terra que

Gemma desejava aprender. Fig tinha a melhor chance de hackear bancos de dados da

Terra de sua nave. Ele fez uma nota mental para contatá-lo novamente e perguntar se era

possível fazer isso sem muito perigo. Em caso afirmativo, ele revisaria as informações

que havia aprendido com Gemma e veria se seus filhos poderiam ser rastreados.
E se seus filhos não tivessem vivido uma vida boa? Ele odiaria ver Gemma

machucada mais.

Um problema de cada vez.

Primeiro, ela precisava de roupas. Então ele se preocuparia com o resto mais tarde.

*****

Gemma sobreviveu sendo medida por um robô.

Big o chamou de andróide, explicando novamente que tinha mais funções e

habilidades. Também tinha uma forma humana, como Magna. Os realmente

responsáveis por fazer suas roupas seriam os robôs. Havia outra parede como a geladeira,

com uma tela que mostrava vários estilos de roupas para escolher. A moda mudou

drasticamente ao longo dos anos. Isso, ou as seleções disponíveis eram voltadas para

mulheres modestas.

— No meu tempo, as mulheres usavam roupas muito mais reveladoras, — ela

murmurou, olhando para Big. — Saias curtas e tops decotados para mostrar o decote.

— Ainda pode ser assim na Terra, mas não no espaço. — Ele deu um passo ao lado

dela, segurando seu olhar. — Fêmeas que exibem muita pele geralmente fazem isso

para… mostrar suas mercadorias no espaço.

Suas sobrancelhas se ergueram.

— Corretor de sexo é o termo que pode ser mais gentil.


— Ah. Eles ainda têm prostitutas no futuro, então? Eu tinha certeza que eles fariam

robôs sexuais super chiques. Isso estava começando a acontecer no meu tempo. Eu vi

algumas histórias sobre aqueles que pareciam semi-realistas e eles estavam ensinando

frases básicas para atrair os homens a comprá-los.

— Estou quase com medo de perguntar.

— Não prestei muita atenção.

Ele assentiu. — Alguns dos convidados da CW ficaram muito desapontados que os

clones sexuais não estavam disponíveis para suas necessidades. Os intermediários de

sexo ocasionalmente visitavam mulheres bonitas, para os hóspedes mais ricos alugarem.

Quanto aos androides sexuais, nunca tivemos nenhum lá.

Ela se encolheu. — É uma coisa boa.

— Concordo. Às vezes, os convidados atacavam os clones que não obedeciam. Os

resultados podem ser trágicos.

Ela se inclinou para ele. — Agora estou quase com medo de perguntar.

Ele passou os braços em volta da cintura dela, segurando-a. — Os clones são

programados com certo treinamento, mas o serviço de sexo não é um deles.

— Estou surpresa.

Ele inalou e soltou o ar. — Lembra-se da dúzia de clones originais de que falei?

Aqueles sem memórias apagadas? Certa vez, ouvi uma conversa enquanto um hóspede

reclamava com um superior sobre a falta de opções de sexo disponíveis para ele. O
membro da equipe disse que tornava os clones mentalmente instáveis ao longo do tempo

para serem submetidos a essa linha de trabalho. Nós temos sentimentos e emoções,

apesar do que os seres nascidos acreditam. Imagino que esses clones sofreram uma

grande depressão ou foram atacados ao atacar um cliente.

— Espero que eles tenham atacado. Eu faria se algum bastardo tentasse me deitar à

força. Eu mataria alguém.

Big assentiu. — Alguns clones interagem uns com os outros e experimentam o sexo.

Não nos faltam impulsos. Mas também temos aversão a ser tocados por aqueles por quem

não somos atraídos. Na CW, os Clones estão protegidos em seus dormitórios quando não

estão de serviço, mas alguns foram agredidos por convidados. A maioria desses clones

foi abatida após os ataques. Eles não conseguiram se recuperar do trauma emocional ou

estavam muito danificados fisicamente para poder retornar às suas funções. — Sua voz

se aprofundou com raiva. — Os superiores não queriam que os convidados vissem clones

desfigurados.

Isso a horrorizou. — O Mundo Clone os matou?

— Sim. Nós nos curamos de muito... mas não de tudo. A empresa cobrou esses

hóspedes por danos. Esse foi o único castigo deles. — A dor brilhou em seus olhos. —

Dois convidados do sexo masculino uma vez pegaram uma empregada clone em sua casa

particular... e a assassinaram. Fui eu que fui chamado à cena do crime quando a próxima

empregada de plantão encontrou o corpo dela. Eu tive pesadelos por meses do que ela
deve ter sofrido nas mãos deles. Eles não só a agrediram sexualmente, mas a cortaram

para descobrir se ela tinha os mesmos órgãos internos que um humano. Eles nem foram

expulsos do planeta. Eles foram cobrados apenas por um clone de substituição e cobrados

pelo custo de quaisquer danos à casa de campo. A segurança humana assumiu e ordenou

que saíssemos. Eles sabiam que queríamos matar os dois homens pelo que fizeram com

nossa mulher.

— Eu não gosto de onde você costumava trabalhar.

— Eu também não. É por isso que escapamos.

Ela descansou a bochecha contra o peito dele, segurando-o. — Eu me sinto mal por

todos os clones agora. Eles são nosso povo, suponho. — Tinha sido difícil aceitar isso.

Ainda era. Ela ainda lutava com sua nova realidade, mas o estágio de negação já havia

passado. — Não se pode fazer nada?

— Não. Clone World é o maior comprador de clones. Desligá-lo significaria a

extinção de mais de oitocentos clones. Também cortaria nosso fornecimento de plasma.

Nós morreríamos sem ele. A JDJ Cryo Corp só vende plasma para clientes para os quais

venderam clones. Pensamos em abrir uma conta para comprar diretamente deles para

evitar chamar a atenção das autoridades espaciais, mas fomos impedidos de fazer isso

porque teríamos que comprar clones. Eles perceberiam rapidamente que estamos

solicitando mais plasma do que o necessário para as unidades vendidas, e isso se tornaria

um problema.
— Há muitas pessoas ricas que não vivem na Terra, que compram clones para

equipar suas casas. Alguns resorts em mundos-colônia também nos ordenam, para

entreter seus hóspedes e fazer trabalho manual, mas não o suficiente para transportar

carregamentos regulares de plasma. Seria difícil aprender seus horários de transporte.

— Você já sabe como o Clone World funciona, no entanto. Quando eles recebem

remessas e tal. É por isso que você vai atrás das naves deles. Entendi.

— Eles ajustaram os tempos depois que escapamos, mas conhecemos as rotas e os

ônibus para o alvo. Rico Florigo também possui seu próprio serviço de transporte. Isso

significa que ele pode economizar dinheiro em custos de envio e encomendar clones

ilegais sem medo de que a carga seja inspecionada.

— Só me deixa triste pensar em todas aquelas pessoas forçadas à escravidão. Vamos

chamá-lo do que é.

Ele beijou o topo de sua cabeça. — Concordo. Se isso ajudar, existem alguns clones

que existem sem danos e parecem felizes em viver a vida que lhes foi dada. Alguns

gostam bastante. Eles têm fãs adoráveis que viajam para vê-los cantar e dançar no palco.

Certa vez, tive que entregar presentes a um artista masculino no aniversário de seu

material de origem. Ele também se apaixonou por um de seus cantores de apoio, e eles

moravam juntos.

— O cantor de apoio era um clone?


Ele assentiu. — Alguns dos clones de artistas recebem isenções das regras por causa

de sua popularidade com os convidados. Aposentos particulares especiais são fornecidos

para eles, para que não precisem morar nos dormitórios. Eles podem ter relações com

outros clones sem repreensão e têm acesso à comida dos convidados, já que são

convidados a jantar com eles.

— E você?

— Eu morava em um dormitório com muitos outros clones de serviço. Todos

machos. — Ele fez uma pausa. — Não temos permissão para ter relacionamentos com

mulheres. Devemos ser muito discretos se fizermos sexo com outro clone, ou ambos serão

punidos. E clones de serviço só comem barras de nutrientes.

— Como eles punem clones?

— Depende do crime. Eles usam principalmente hastes de choque que não causam

danos físicos duradouros. Alguns dias de estar preso a uma mesa e sofrer repetidamente

de dor tende a fazer com que a pessoa não infrinja as regras novamente.

Ela levantou a cabeça, olhando para ele. — Como você ficou tão bom no sexo, então?

Você tinha muitas namoradas?

Big bufou e aliviou seu aperto em volta da cintura dela. — Não. Tive relações breves

com alguns clones femininos, mas também li um pouco sobre o assunto primeiro. — Ele

piscou. — Estou feliz que você pense que eu sou bom nisso. Minha experiência não é o
que você pode supor. Você é minha quarta mulher. As três primeiras foram encontros

breves que equivaliam a experimentar sexo.

Ela gostou de ouvir que ele não tinha sido um Romeu mulherengo. A insegurança

ainda veio à tona, porém, lembrando como seu casamento havia terminado. Ela era a

única mulher na enorme estação, então enganar não seria um problema. Então,

novamente, ele a encontrou. E se ele saísse para atacar outro transporte e encontrasse um

segundo clone feminino?

— O que é? — Ele segurou sua mandíbula.

— Nada. — Ela virou a cabeça.

— Não me exclua. Diga-me.

Ela se forçou a olhar para ele novamente. — E se você encontrar outro clone de

mulher?

Ele a estudou pelo que pareceu uma eternidade. — Devo me preocupar que você seja

atraída por meus homens? Convidei Fig para voltar à base e trazer Blade com ele.

Ela nem precisava pensar nisso. — Não. Eu já tenho sentimentos por você. — Era

verdade.

Ele sorriu. — Exatamente, Gemma. — Todo o humor desapareceu de seu rosto. —

Eu lutaria com eles se eles tentassem atrair sua afeição de mim. Eu sinto coisas por você

também. Possessividade e um desejo de formar um forte vínculo com você estando no


topo dessas emoções. Eu nunca quero compartilhar você com outra pessoa. Espero que

você sinta o mesmo em relação a mim.

— Eu faço.

— Bom. Isso está resolvido. Somos um casal para o resto da vida. Uma unidade. —

Ele pegou a mão dela. — Agora é hora de levá-la ao centro de controle e começar a ensiná-

la sobre a estação.

Ela gemeu. — Isso vai ser ruim. Estou avisando agora.

— Há muito tempo para aprender e você está mais esperta do que costumava ser,

Gemma. Dê a si mesma mais crédito. Corpo aprimorado. Lembra?

— Eu também sou a mulher que caiu da cama porque algum robô de limpeza quis

roubar minhas cobertas esta manhã.

Ele ergueu a mão dela e beijou as costas dela enquanto saíam da loja de roupas. —

Você está indo maravilhosamente bem.

— Isso é porque você é muito gostoso e eu quero impressionar você.

— Você me possui agora, Gemma. Não há necessidade de impressionar.

Ela relaxou, deixando de lado um pouco da tensão que sentia. O futuro não parecia

tão ruim com Big ao seu lado.


Capítulo Oito

A sala de controle da estação intimidou Gemma. Continha três fileiras de mesas

compridas com computadores, ou o que se passaria por elas no futuro. — Porcaria. Você

não pode realmente esperar que eu aprenda a trabalhar com todas essas coisas.

Big riu, conduzindo-a por duas fileiras escuras até a terceira. Uma tela foi iluminada.

— Isso é tudo com que você precisa se preocupar. Esqueça o resto.

Ela olhou de volta para o resto. — O que eles são?

Ele gesticulou para as outras fileiras. — A primeira linha controlava o equipamento

de mineração robótica e também administrava as estações de ancoragem para os portos

de transporte. A segunda fila é apenas feeds de segurança, monitorando a estação e as

minas. Esta última seção são as operações da estação.

Ela olhou para a longa fileira.

Ele agarrou o braço dela, sentou-se e puxou-a para seu colo. — Não estamos

reabrindo os poços de mineração ou monitorando dezenas de negócios. Nem estamos

tentando acompanhar milhares de pessoas. — Ele a soltou e tocou o topo da superfície

plana na frente deles. Um teclado se acendeu. Era parte da mesa, e ela ficou um pouco

boquiaberta.
— Free redirecionou tudo o que usamos para esta única estação. Suporte de vida...

— Ele bateu no bloco e explicou o que ela estava vendo na tela.

— Free?

— É o nome dele agora. Ele odiava aquele que foi designado para Clone World.

Ela hesitou. — Quero saber qual era?

— Freak.

Ela estremeceu. — Eu vejo por que ele gosta de ser chamado de Free. Como ele ficou

preso com esse nome? Inferno, como você conseguiu o seu?

— Os superiores humanos nos nomeiam assim que começamos a trabalhar no Clone

World. Saí do meu contêiner e o médico e o oficial de serviço ficavam dizendo o quão

grande eu era. O nome pegou e eles o incluíram no meu arquivo. Freak tem uma queda

por números. Ele trabalhava no departamento financeiro. Ele é mais rápido em calculá-

los do que os computadores. Uma aberração da natureza. Esse nome foi arquivado como

seu.

— Que idiotas. E os outros clones que escaparam com você?

— Fig também foi designada para auxiliar a neta do dono da Clone World em seu

departamento financeiro. Seu trabalho principal era manter o controle de seus lucros e

perdas. Ele disse que seu trabalho era dar a eles 'números' durante as reuniões, e então

era assim que eles o chamavam. Uma vez libertado, ele encurtou Figures para Fig.

— Realmente não gosto de ninguém nesse planeta, — ela murmurou.


— Então há Ram e Rod. Ambos trabalhavam na manutenção. Eu não tenho certeza

por que eles receberam esses nomes, mas eles os mantiveram. Estávamos todos alojados

no mesmo dormitório. Eu não sou tão próximo desses dois quanto os outros, já que nos

deram turnos diurnos juntos, mas eles sempre trabalharam os noturnos.

— Você mencionou um Blade?

— Sim. Ele é o mesmo modelo de serviço que eu. Segurança. Ele ganhou seu nome

porque, quando acordou, o oficial de serviço presente notou que ele sofria de tremores

no corpo. O médico disse que eles passariam rapidamente, que era apenas temporário

devido ao transporte prolongado em estase. Mas o oficial acreditava que Blade estava

com defeito. Isso significa morte imediata para o clone recém-despertado, com outro

encomendado como substituto. Blade pegou a faca do oficial de seu cinto e a jogou na

parede oposta; um inseto voou para o quarto. Blade o prendeu com precisão.

Impressionou o oficial o suficiente para concordar com o médico e não o matar.

— Uau.

— Concordo. Ok, preste atenção no que estou prestes a te ensinar. Você vai aprender

isso, Gemma. Confie em mim. É simples.

Ela esperava que isso fosse verdade.

Horas depois, ela realmente se sentiu segura com o fato de poder fazer varreduras

de vida e, se algo de ruim acontecesse, ela sabia como mudar o gerador para um de
backup. O mesmo com o suporte de vida. O próprio computador a avisaria se alguma

nave não autorizada se aproximasse da estação.

— O que acontece se alguém vier enquanto você estiver fora?

— Você desliga tudo. Suporte de vida, as luzes, geradores e, em seguida, ativa os

procedimentos de bloqueio de emergência. Neste momento, todas as portas da estação

estão abertas. Iniciar o bloqueio tornará muito mais difícil para eles se movimentarem

dentro de casa. — Ele apontou para uma porta grossa no canto mais distante. — Então

você coloca sua bunda naquele quarto ali e espera que eu volte.

— O que tem aí?

— Um bunker de emergência para a equipe original, em caso de circunstâncias

terríveis. Está abastecido com comida e água suficientes para sustentar vinte e cinco

pessoas por seis meses. Ele tem seu próprio gerador, circulador de ar e há até duas

cápsulas de escape de emergência.

— Como naquelas coisas em filmes em que você pode atirar de uma nave e

sobreviver?

— Sim. Mas nunca os use.

— Por que não?

Ele encontrou seu olhar. — Eles têm programação que não pode ser substituída. É

sua função principal transmitir um sinal de socorro. Isso lhe traria ajuda, mas não do tipo

que salvaria sua vida.


Ela se lembrava agora. — Sou um clone criado ilegalmente. Eles me matariam.

— Exatamente. Você se tranca dentro daquele bunker se alguém tentar invadir a

estação e fica lá. Eu vou te buscar.

Ela não queria pensar no dia em que ele faria um ataque e a deixaria sozinha. O fato

de ele ter mencionado algumas vezes que eles tinham suprimentos para anos ajudou a

aliviar um pouco isso. — Ok.

— Eu até coloquei uma caixa de plasma lá, já que esta estação agora é um refúgio de

clones. — Ele piscou. — Isso é outra coisa que eu vou te ensinar. Você precisa aprender a

manter seu novo corpo.

Ela tinha um mau pressentimento de que não iria acabar bem. Gemma e a visão de

sangue não combinavam. Isso tendia a fazê-la sentir-se tonta. Ela aprendeu a lidar, no

entanto. Especialmente depois de criar dois filhos. Eles estavam sempre recebendo

arranhões e cortes quando crianças. Ela nunca desmaiou uma vez. — Podemos ter um

problema com isso se for complicado.

— Não é. A transferência consiste em inserir uma agulha em seu corpo, um tubo

conectado à bolsa em que sua dosagem vem e esperar que ela drene. A desvantagem é

que é um processo de duas horas.

— Quando eu preciso fazer isso?

— A cada três meses.

— Eu tenho algumas questões.


Big tirou as mãos do teclado e ele escureceu para combinar com o resto da mesa. —

O quê? — Ele se inclinou para trás, ajustando-a em seus braços.

Ele mencionou plasma, o que a fez pensar em sangue. O que a levou ao que estava

em sua mente. — Vou ter períodos?

Seus braços se apertaram ao redor dela. — Não. — Ele hesitou. — E não podemos

ter filhos.

Ela deixou essa informação penetrar, não tendo certeza de como ela se sentia sobre

isso. Tornar-se mãe tinha sido o melhor presente de sua vida. E quando seus filhos

cresceram, ela estava mais do que pronta para se tornar avó. Para mimar os netos e depois

devolvê-los aos pais. A ideia de criar bebês em tempo integral não a atraía mais, antes de

sua morte. Ela era muito velha para isso.

Big beijou sua bochecha, chamando sua atenção. Ela virou a cabeça, olhando em seus

olhos. — Eu gostaria de poder lhe dizer o contrário. Ter um filho seria fantástico. Acho

que adoraria ser pai. Os clones não foram feitos para procriar, no entanto. Somos estéreis.

Ela assentiu.

— Você está desapontado?

— Eu não tinha ido tão à frente em meu processo de pensamento até que você disse

isso. Provavelmente é o melhor. Não consigo imaginar criar filhos em uma estação de

mineração dentro de uma cratera lunar. Nós nem temos um médico aqui, a menos que

você esteja prestes a me dizer que há um robô para isso também.


— Na verdade, eles levaram a cápsula médica desta estação com eles quando foram

embora. Esses não são baratos para substituir, com suas salas de operação e

equipamentos especializados. — Ele encolheu os ombros. — Eu teria gostado da opção

de ter filhos, mas não era para ser.

— Tive dois filhos. Eu vou ser grata por isso. Quanto tempo os clones vivem, afinal?

Ele hesitou novamente. — Não se sabe ao certo. Contanto que tomemos nosso

plasma, estima-se que poderíamos viver por centenas de anos.

Isso a surpreendeu.

— É por isso que tenho estocado e congelado um grande suprimento de caixas de

plasma. Apenas no caso.

— Por quê?

Ele olhou ao redor. — Esta estação já foi uma colmeia de atividade. Passei muito

tempo sozinho aqui, pensando. E se a JDJ Cryo Corp algum dia sair do mercado? Talvez

um dia os clones se revoltem contra seus donos. Quero estocar um vasto suprimento de

plasma para esta estação caso isso aconteça. Não haveria mais carregamentos para

roubar.

Ela inclinou a cabeça, descansando-a contra o ombro dele. — Isso é realmente um

infortúnio.

Ele sorriu. — Infortúnio?


— Desculpe. Significa que é deprimente. Mas também é inteligente de sua parte

planejar o futuro.

— Eu tento pensar no futuro.

— Que outros planos você pensa?

— Quero que meus amigos voltem para a estação. Todos os cinco. Quando

planejamos escapar do Clone World, esperávamos salvar outros. Esse era o nosso maior

plano. Encontrar um lar seguro e voltar para resgatar os clones infelizes. Encontramos

este lugar, que apoiaria muitos de nós, mas é muito perigoso voltar. Rod voou para o

sistema solar alguns meses depois que escapamos, para verificar, e eles aumentaram suas

patrulhas de voo. Nós nunca teríamos uma chance de obter mais da superfície. Eles nos

explodiriam antes mesmo que tivéssemos a chance de pousar. Agora eu gasto meu tempo

consertando partes desta estação para mantê-la segura para nós.

Ela assentiu contra ele, entendendo o que ele estava dizendo.

Seus músculos ficaram tensos e ele se levantou, forçando-a a fazer o mesmo. —

Principalmente, porém, meus planos são levá-la para nossa casa e alimentá-la com o

almoço. O primeiro dia de treino correu muito bem. — Ele sorriu e pegou a mão dela. —

Vamos, Gemma. Hora de comer.

Ela o seguiu para fora da sala de controle. Ele a adicionou ao computador principal

para permitir que ele recebesse seus comandos. Quando chegaram ao quarto, ela

pressionou a mão no scanner. A luz percorreu sua palma e as portas se abriram.


A assustadora cozinheira prateada saiu do armário e parou no balcão da ilha,

cruzando as mãos ali. — O que posso fazer por você?

Não seria tão difícil se acostumar com o andróide, Gemma decidiu, quando ela

nunca mais teria que cozinhar novamente. Além disso, ela nunca tinha visto Magna sair

da área da cozinha. Talvez ela não pudesse. Isso também ajudou Gemma a ter menos

medo de que o andróide se tornasse uma máquina de matar maníaca.

*****

Big estava orgulhoso de Gemma. Ela o avisou que tinha dificuldade em aprender

tecnologia, mas captou os comandos da estação rapidamente. Mais tarde, ele planejou

ensiná-la a fazer reparos básicos. Ela precisava saber como sobreviver se alguma coisa

acontecesse com ele.

Eles pediram refeições de Magna, então comeram. Ele continuou pensando no futuro

deles. Agora ele queria viver uma vida simples e feliz mais do que nunca. Ele tinha

Gemma. Com o tempo, ela se ajustaria aos bots e à tecnologia. Até então, ele continuaria

a observá-la de perto.

Os doze clones originais continuavam assombrando seus pensamentos. Gemma não

estava exibindo raiva, depressão grave ou sinais de instabilidade mental. No geral, ela

estava aceitando sua nova realidade extremamente bem.

— Você está bem? — Ela perguntou, notando seu olhar.

Ele segurou o olhar dela. — Sim. Como você está indo?


— Bem. Acho que seria um caso perdido se não fosse por você.

— Você faz minha vida muito melhor também, — ele admitiu.

Isso a fez sorrir. — Mesmo. — Então sua expressão ficou pensativa.

— O que você está pensando? Por favor, diga.

— Ainda estou um pouco em choque, eu acho. Você sabe? Eu fui da vida normal,

para acordar em um hospital para saber que tinha sofrido uma explosão e estava

morrendo, para acordar novamente naquele transporte. É meio surreal. Você me ajuda a

me aterrar, no entanto. Não posso agradecer o suficiente, Big.

Ele pegou a mão dela. — Eu era tão solitário antes de você.

— Eu também estava sozinha. Quer dizer, eu tive meus dois filhos, mas as crianças

crescem. Passavam cada vez menos tempo comigo. Eu estava lutando com o que fazer

com meu tempo livre. Não que eu tivesse muito. Pagar a faculdade para dois filhos não

era barato. Eu tinha um emprego das nove às cinco e fazia o máximo de horas extras

possível. Estou feliz que minha casa foi paga e eu tinha uma boa apólice de seguro de

vida. Meus filhos não terão que se preocupar com dinheiro ou perder sua casa. — Ela

suspirou. — Merda. Acho que isso foi há muito tempo. Eu tenho que aprender a falar no

passado.... Eu sei que eles foram financeiramente bem cuidados. Pelo menos eu fiz isso

certo.

— Tenho certeza que você fez um monte de coisas certas.

— Espero que sim. É tarde demais para mudar alguma coisa agora.
— Estou grato que alguém estragou tudo e roubou seu corpo em vez daquela cantora

com seu nome.

Isso a fez rir. — Eu não sei sobre isso. Meus filhos eram fãs dela. Ela era uma garota

bonita com muito talento. Eu era apenas uma mulher mais velha que costumavam

implorar para não cantar no carro quando íamos a algum lugar juntos.

Big levantou a mão dela e beijou as costas dela. — Duvido que aquela cantora tivesse

levado tudo o que você tem com tanta graça e coragem. Mesmo se ela pudesse cantar.

— Há uma vantagem em ser mais velho. Você vive o suficiente para desenvolver um

senso de humor distorcido. Isso pode mantê-lo são.

— Você está mentalmente bem? Seja honesta. — Ele ainda se preocupava com ela

ficando louca.

— Estou aguentando firme, Big. Eu prometo que se eu começar a perder a cabeça,

vou falar com você e resolver isso. É assim que sou feita. Quero dizer, dentro da minha

cabeça. Isso ainda parece o meu original.

— Eu sei.

— Sou grata por estar viva e ter uma segunda chance. Você parece preocupado, mas

não precisa estar. Eu tenho você, e você me faz feliz. Eu vou ficar bem. Eu vou ajustar. —

Ela olhou ao redor de seus aposentos. — Em um lugar agradável.


Ele assentiu. — Bom. Se você ficar entediada com esta, podemos olhar para outras

cabines atualizadas. No entanto está é a mais bonita. Quando todos me deixaram em

paz... — Seu humor ficou sombrio. — Bem, eu me mudei para cá.

— Sinto muito que eles deixaram você.

— Nós éramos novos na liberdade. Essa é a coisa sobre sonhos. Você acredita que

será de uma certa maneira se conseguir o que procura, apenas para perceber que há novos

problemas a enfrentar.

— Como robôs de limpeza, — ela disse ironicamente.

Ele sorriu brevemente. — Tivemos que tomar algumas decisões difíceis. Nem todas

eram as corretas. Isso causou discussões e ressentimentos. Eu gostaria de poder voltar

para mudar certas coisas. Talvez eles não tivessem me deixado aqui sozinho.

— Eu não posso imaginar o que você passou, vivendo nesta lua sozinho. Eu ficaria

louca.

— Eu me mantive ocupado preparando o retorno deles.

Ela assentiu. — Como estocar grandes quantidades de plasma.

— Sim. Também passei muito tempo consertando coisas e protegendo nossa casa. —

Não era como se ele tivesse nada além de tempo em suas mãos.

— Ainda tinha que ser solitário.

De repente, ele a puxou para perto, segurando-a com força. — Não estou mais

sozinho. Eu tenho você.


— Você faz. — Ela se aconchegou nele.

Ele fechou os olhos e apenas apreciou a sensação dela. Ele nunca a deixaria ir.
Capítulo Nove

Big estava sentado em sua nave, estendendo a mão em uma linha de comunicação

para Fig. O macho não respondeu por alguns minutos, mas acabou respondendo.

— Pai, você está bem?

— Eu estou, meu filho número um. Eu sei que não faz muito tempo, mas você

encontrou seu irmão mais esperto?

— Você não vai gostar do que eu descobri quando tentei voar para sua última

localização conhecida.

O medo apertou o peito de Big. — O quê?

— Há um alerta de viagem sendo transmitido para evitar esse setor a todo custo. É

uma área fortemente pirateada agora. Eu toquei na base com o storyboard. Eles

atenderam a esse aviso.

Big cerrou as mãos. Fig havia invadido a JDJ Corp de alguma forma e descobriu que

seus ônibus de transporte de plasma não voavam mais para onde Blade os estava

mirando. O fato de nenhum deles ter ouvido falar dele em quase um ano também poderia

significar que piratas humanos o atacaram e mataram se tivessem assumido o controle

daquele setor do espaço.


— Vou viajar para a área alternativa mais próxima, para ver se consigo encontrá-lo

lá, — Fig suspirou. — O fato de que não tivemos notícias dele, no entanto...

— Eu te escuto. — Era ruim. Blade teria dito a eles se ele tivesse se mudado para um

novo setor. Eles podem não estar mais tão próximos, mas todos eles tendiam a deixar um

ao outro saber suas localizações gerais.

— Os piratas podem tê-lo capturado e tentado resgatá-lo. Eles fazem essa merda.

Big fechou os olhos em desespero enquanto filtrava o que Fig estava tentando dizer.

Um clone fugitivo valeria uma recompensa se ele fosse entregue às autoridades espaciais.

Blade teria sido executado instantaneamente assim que tomassem a custódia.

— Vou fazer o que for preciso para descobrir.

— Não. — Big não estava disposto a arriscar Fig. — Eu não vou perder você também.

— Eu preciso saber o que aconteceu com ele, e você também. As pessoas falariam

sobre algo assim por um longo tempo. Todo mundo adora fofoca. Eu só preciso ir onde

eu possa ouvi-lo.

— É muito arriscado. — Fig estava planejando visitar uma estação espacial ou uma

colônia de planetas. Os humanos certamente fofocariam sobre um clone fugitivo se um

fosse entregue às autoridades.

— Eu posso fazer isso. Não se preocupe, pai. Meu irmão pode ser afiado, mas eu sou

mais esperto.

— Apenas volte para casa, ou fique onde você está mais seguro.
— Já me decidi.

Big sabia que não seria capaz de convencê-lo a desistir. Fig sempre foi teimoso. —

Eu quero que você me deixe saber para onde você está indo e quando você estiver livre.

— Eu posso fazer isso.

— Eu preciso de um favor se você for para onde eu acho que você vai.

— Diga.

— Vou enviar-lhe uma explosão de dados nos próximos minutos. Procure por mim.

— Me dê uma dica?

— Gostaria que você verificasse alguns fatos históricos para mim.

O silêncio durou segundos. — Merda. Isso está relacionado à sua mulher, não é?

— Sim.

Figo suspirou. — Eu posso imaginar o que você precisa, e por quê. Isso pesaria na

mente de qualquer um. Ela sabe como chegou até você?

— Sim. — Gemma sabia como ela tinha morrido. — Mas ela tem algumas... pontas

soltas. Está incomodando ela. Espero que o conhecimento a ajude a seguir em frente.

— Envie-me o que você tem. Farei o meu melhor para descobrir o que ela quer saber.

Eu não posso fazer nenhuma promessa, no entanto.

— Eu sei. Apenas tente se você tiver a chance de acessar essas informações. Eu

realmente aprecio isso. Eu também quero saber exatamente para onde você está indo. Eu

irei procurá-lo se você desaparecer.


— Não. Um é ruim, quando alguém desaparece. Dois é um teste.

Uma armadilha. Big rangeu os dentes. Fig estava insinuando que se Blade tivesse sido

entregue às autoridades, eles poderiam estar procurando ativamente outros clones, e as

estações poderiam ter reforçado a segurança. — Tome cuidado.

— Eu sempre tomo. Falo com você em alguns dias. — Fig encerrou a comunicação.

Big enviou a rajada de dados, então esperou para pegar uma de Fig. Ela veio em

segundos e ele a puxou para a tela. Era uma mensagem escrita em números e letras, um

código que eles haviam criado, e todos os seis o haviam memorizado para comunicar

coisas que não poderiam dizer em voz alta em caso de hack.

Fig estava indo para a Estação Riddle. Era um lugar afastado que não via mais muito

tráfego. A segurança não deve ser muito apertada. A menos que as coisas tivessem

mudado por causa do aumento da atividade pirata.

Ele recebeu outra explosão de dados e a abriu. Era uma mensagem mais curta. Fig

obteve e decodificou as informações de Gemma, pesquisaria seus filhos e não a

confundiria com um cantor famoso quando ele procurasse qualquer registro da Terra de

seu passado.

Big suspirou, apagou as mensagens e se levantou. Ele tinha muitas preocupações em

sua mente. Nenhum de seus amigos deveria ter saído e saído por conta própria. Eles não

trabalharam tanto para escapar do Clone World apenas para serem mortos e capturados

quando estivessem livres.


Ele deixou a nave e rapidamente voltou para Gemma. Ele se despiu e subiu na cama,

abraçando-a, mais uma vez sentindo-se extremamente grato por ela ter entrado em sua

vida. Ela já significava muito para ele para que seu coração sobrevivesse se alguma coisa

acontecesse com ela.

Big estava se apaixonando.

Ela acordou, virando a cabeça para olhá-lo com olhos sonolentos. — Você está frio.

— Desculpe. Usei a nave espacial para alcançar Fig. Nunca transmito diretamente da

sala de operações da estação. Ele vai fazer algo perigoso.

Ela se virou em seus braços, aconchegando-se em seu peito. — Você está chateado.

— Sim. Eu só quero que todos eles voltem para casa. Estamos mais seguros aqui.

— Sinto muito que eles deixaram você sozinho.

— Sempre pensei que eles se tornariam tão solitários quanto eu e retornariam. Eles

vivem em naves no espaço. Eu teria enlouquecido confinado assim. Agora... Blade pode

estar morto. Isso dói.

— Oh bebê. — Ela acariciou sua bochecha. — Você não sabe ao certo o que aconteceu

com ele, certo? Talvez ele tenha se mudado para algum lugar e não possa se comunicar

com você. Quer dizer, tenho a impressão de que estamos no espaço muito profundo.

Talvez sua nave tenha quebrado e ele teve que pousar em algum planeta.

Big não estava disposto a entrar em como isso era improvável. Gemma tinha muito

a aprender sobre viagens espaciais. Blade teria enviado um sinal de socorro se sua nave
tivesse tido problemas. Todos eles tinham sistemas de backup para transmissões. Big ou

um dos outros clones teria ido ajudá-lo imediatamente. O que quer que tenha acontecido

com seu amigo, deve ter pego Blade completamente desprevenido, já que nenhuma

mensagem foi enviada.

— Fig vai tentar descobrir o que aconteceu com ele. Estou apenas preocupado. É

sempre extremamente perigoso quando vamos a qualquer lugar onde os humanos vivem.

— Ele está indo para a Terra? Achei que você disse que isso era impossível.

— É e ele não está. Existem algumas estações espaciais que são negligentes com a

segurança, onde elas não escaneiam as palmas das mãos quando você atraca ou executa

o registro de sua nave. É aí que Fig está indo. Ele espera descobrir o que aconteceu com

Blade.

— Blade teria se mudado para uma dessas estações espaciais?

— Não. É perigoso o suficiente para visitar um por algumas horas. Ficar mais do que

isso aumentaria as chances de alguém perceber que é um clone.

— Bem, isso só prova que as pessoas não ficaram mais espertas com o tempo. Quero

dizer, você é muito legal. Outros clones são malvados ou violentos em geral? — Ela fez

uma pausa, sua mão imóvel. — Você teria sido hostil comigo se eu não fosse um clone?

Big balançou a cabeça. — Claro que não. É só que... eu acho que os seres nascidos

entendem que não é certo como os clones são tratados. Parece ser uma grande

preocupação deles que vamos nos rebelar se alguma vez tivermos a chance. É por isso
que os clones são sempre enviados para longe da fábrica antes de sermos acordados. A

JDJ Corp só vende nosso tipo para lugares como o Clone World ou outras empresas que

não estão sediadas muito perto da Terra. É também por isso que eles são tão rigorosos

em garantir que nenhum clone possa retornar à Terra.

— Parece meio paranoico.

— Eles têm um motivo real para se preocupar. Não somos bem tratados, Gemma. Eu

nunca mataria alguém a menos que eles tentassem me machucar primeiro. Mas não posso

falar por todos os clones.

— E os outros clones que escaparam com você?

— Eles são bons homens. Somos muito parecidos. Eles não machucariam alguém só

porque eles nasceram.

Gemma começou a acariciar sua bochecha novamente e bocejou.

— Vamos dormir mais um pouco.

— Eu gosto que você abrace.

— Te abraçar é um privilégio.

De repente, ela se mexeu contra o corpo dele, e sua mão deslizou pelo peito em

direção à virilha. — Talvez não devêssemos dormir. Não é como se a gente precisasse

acordar em um determinado horário, certo? Estamos sozinhos nesta estação. Você precisa

de uma distração.

— Eu faço.
Ela gentilmente o empurrou de costas. Ele rolou quando ela empurrou os cobertores,

então pressionou o rosto contra sua garganta, colocando beijos suaves lá. Ele gemeu

quando a mão dela acariciou seu pênis endurecido.

— Eu amo tocar em você, — ela respirou.

— Eu amo isso tanto quanto. — Ele colocou as mãos sobre ela, arqueando o pescoço

para dar-lhe acesso mais livre quando ela colocou beijos de boca aberta em sua pele

sensível, arrastando para baixo.

— Alguém já montou em cima de você?

— Não. — Sua frequência cardíaca aumentou, assim como sua excitação.

— Eu vou, — ela sussurrou. Então ela deslizou para baixo de seu corpo, empurrando

as cobertas mais para baixo da cama.

O ar deixou seus pulmões em uma corrida quando sua boca quente e molhada

envolveu a cabeça de seu pênis. A sensação de sua língua o fez gemer. Quando ela o levou

mais longe em sua boca quente, ele agarrou a cama. Ele precisava de algo para segurar

enquanto Gemma mostrava a ele o que estava perdendo.

A sensação era indescritível. Ele não durou muito.

— Porra, isso foi bom demais!

Ela riu, sentando-se. — Gostei também. Um primeiro para mim. Você realmente tem

um gosto bom. Talvez eu tenha que enviar uma nota de agradecimento para aquele

maldito lugar clone que nos criou.


Big se sentou e se lançou para Gemma, derrubando-a no grande colchão e

prendendo-a embaixo dele. Seus olhos se arregalaram quando ele cutucou seu sexo com

seu pau duro. Ela parecia tão surpresa que ele teve que rir.

— Eu sou um clone, querida. Eu posso gozar, mas ficar duro, pronto para transar de

novo.

Ela segurou seu rosto e foi para sua boca, beijando-o. Ele nunca tinha provado a si

mesmo antes, e ele tinha que concordar com ela. O sabor agradou.

Ela abriu mais as coxas e envolveu as pernas ao redor da cintura dele, esfregando

sua boceta muito molhada contra seu eixo. Ele ajustou seus quadris e lentamente dirigiu

seu pênis dentro dela, fazendo Gemma gemer contra sua língua.

*****

Gemma enterrou o rosto no ombro de Big, montando em seu colo. Eles já fizeram

sexo uma vez, e agora começaram uma segunda rodada com ela por cima. Ela não

precisava dormir. Só ele.

Ele se sentou contra a cabeceira da cama, e as mãos dela a agarraram para se

estabilizar. Ela pode estar por cima, mas ele era forte o suficiente para facilmente

empurrar seus quadris para cima dela, estabelecendo um ritmo rápido de seu pau

batendo dentro e fora de seu corpo.


Seu clímax cresceu rapidamente, e ela o mordeu quando atingiu o pico. Ele gemeu

alto, gozando com ela. Suas mãos flexionaram, agarrando sua bunda, dando um aperto

em cada bochecha. Ele apertou suas pélvis juntas lentamente, para prolongar o prazer.

Ela desmoronou contra ele e ofegou. — Isso foi tão bom.

Ele soltou sua bunda e deslizou os dedos em seu cabelo loiro, segurando um

punhado em sua nuca. Ele gentilmente puxou até que ela levantou a cabeça, então sua

boca tomou posse da dela, beijando-a profundamente.

Ela sentiu seus músculos tensos sob ela pouco antes dele deslizar para baixo e rolar.

Suas costas pressionadas contra o colchão, seus corpos ainda intimamente unidos. Ele

terminou o beijo e olhou para ela.

— Você se sente apreciada por me dar sexo oral?

— Tanto.

— Bom. Quero encorajá-la a fazer isso de novo, querida.

— Conte com isso, sexy e gostoso pedaço de pirata.

— Obrigado.

— De volta para você

Ele gentilmente empurrou o cabelo úmido de suor para longe de seu rosto. — Eu

estava falando sobre estar aqui comigo. Me deixando te amar. Por tirar minha solidão. —

Ele fez uma pausa, e sua voz saiu rouca. — Por tudo, Gemma. Não apenas sexo incrível,
porque é muito mais do que isso. É fazer amor quando nos tocamos. Por favor, me diga

que você sente o mesmo que eu.

Ela sentiu as lágrimas surgirem. A maneira como ele olhou para ela fez dela uma

crente. — Você é meu tudo, também. Eu te amo, Big. Isso foi definitivamente fazer amor,

e estou totalmente sentindo isso. Mesmo se eu mancar amanhã porque você é um

garanhão. — Ela sorriu. — Você ganhou seu nome e mais um pouco.

Isso arrancou uma risada dele. — Apenas mais de mim para te amar.

Ela olhou em seus olhos, não vendo nenhuma tristeza lá agora. Apenas amor. Ele

olhou para ela com o coração à mostra. Ninguém nunca a tinha feito sentir do jeito que

ele fez. Especial. Adorada. Estimada.

— O que você está pensando?

— Você. Como me sinto sortuda neste momento por estar aqui com você. Quero

dizer, não é algo que eu esperava. Eufemismo lá, por causa de todo o 'acordar no futuro'.

Mas eu tive muita sorte. Você está aqui. Isso me faz acreditar em milagres.

— Eu também. Não acredito que encontrei você naquele transporte.

Ela beijou seu queixo antes de roçar seus lábios sobre os dele. — Então vamos manter

a esperança de que Blade de alguma forma esteja bem. Não aguento ver você sofrendo.

Big descansou a testa contra a dela enquanto assentiu lentamente. — Não importa o

que aconteça, estamos aqui um pelo outro. Isso é tudo.

— Isso é.
Capítulo Dez

Gemma acordou para encontrar Big já fora duas manhãs depois. Ela lentamente se

sentou e empurrou as cobertas, saindo da cama. Nenhum robô escuro estava à espreita

em qualquer lugar. Seu medo da coisa tinha desaparecido desde que não apareceu

novamente.

Ela também sobreviveu a outro golpe de sua nova vida...

Conseguir transferências de plasma não foi tão ruim. Ela teve sua primeira ontem.

Big a levou a uma antiga loja de vinhos que ele converteu em armazenamento de plasma

e mostrou a ela uma das sacolas. As células plasmáticas eram vermelhas e pareciam

sangue. Ela faria uma piada de vampiro sobre esperar que seu corpo clone não brotasse

de repente presas para beber.

Ele mostrou a ela como torcer um tubo de cerca de trinta e cinco centímetros até o

fundo da bolsa. Uma agulha tampada havia sido anexada à extremidade do tubo. Ele fez

a si mesmo primeiro, sentando-se depois que ele abaixou as calças apenas o suficiente

para descobrir sua coxa. Então ele destampou a agulha e a inseriu em sua pele.

Gemma se encolheu por ele, mas ele não. Ele apenas sorriu enquanto pendurava a

bolsa em um gancho ao lado da cadeira, situado um pouco mais alto do que onde a agulha

estava localizada. Era basicamente como um gotejamento intravenoso.


Então ele a puxou para seu colo para sentar em sua outra perna, enquanto preparava

outra bolsa.

A agulha doeu entrando em sua pele, mas a dor desapareceu rapidamente. A área

ao redor da agulha ficou dormente, mas ele jurou que era normal. Então eles se sentaram

em silêncio juntos, abraçados até que as duas bolsas estivessem vazias. Ela sobreviveu

muito bem, e nem se importou com a ideia de fazer isso de novo em três meses.

Ela empurrou essas memórias para longe quando entrou no banheiro. Era uma

segunda natureza agora abrir o chuveiro e a pia de seus pontos escondidos nas paredes,

mas ela ainda achava que os futuros banheiros eram estranhos. Ela não sabia por que eles

mantinham tudo fora de vista, como se um quarto vazio com um espelho na parede fosse

melhor.

Ela escovou os dentes com o dispositivo sofisticado que estava preso a um tubo e

que também ficava atrás de um painel na maioria das vezes. Então ela tomou banho

rapidamente. Big mostrou a ela um recurso de ar quente que a secou em vez de usar uma

toalha. Ele não gostava de usá-lo, mas ela gostava. Era como estar na frente de dezenas

de secadores de cabelo.

Ela saiu do banheiro e caminhou até seu armário. Um robô misteriosamente

entregou tudo o que ela pediu. Ela escolheu um par de calças de algodão e uma blusa. —

Sem sutiã, — ela bufou. Isso era algo que ela não sentia falta. Seus peitos realçados eram

firmes, e Big garantiu que eles não começariam a cair com o tempo.
Havia muitas vantagens em ser um clone. Todos os dias ela tinha o hábito de se

lembrar desse fato. Isso a ajudou a lidar com todas as mudanças. Ela se concentrou nos

bons. Sem pelos nas axilas. Suas pernas ficaram lisas também. O cabelo entre suas pernas

era apenas uma pequena mancha, e não parecia crescer mais. Parecia que barbear era

outra coisa que ela não teria que fazer mais.

Magna esperou com as mãos prateadas cruzadas na ilha quando Gemma saiu do

quarto. A andróide virou a cabeça, encontrando seu olhar. Ela sorriu, exibindo um sorriso

que ainda fazia Gemma se sentir um pouco desconfiada.

— O que posso fazer por você?

Gemma olhou ao redor. Big não estava à vista. Ela se aproximou de Magna. — Onde

está o Big?

— Eu não estou ciente de sua localização.

— Ok. Rastreá-lo não é uma de suas habilidades. Entendi. Ele já comeu?

— Não.

— Vou esperar por ele.

Magna apenas olhou para ela com aquele sorriso estranho, mostrando seus dentes

de metal.

— Hum, por que você não vai esperar na cozinha até que ele volte?

Magna levantou as mãos do balcão, virou-se e entrou em seu armário, a porta se

fechando atrás dela. Gemma ficou feliz em vê-la partir. Ela voltou para os quartos,
verificando os dois vazios. Big também não estava. Ela voltou para a sala e Magna não

reapareceu. Ela deve ter recebido a ordem de esperar por Big literalmente.

Era tentador procurá-lo na estação, mas era enorme. Ele poderia estar em qualquer

lugar. Ela fez uma nota mental para pedir a ele que deixasse uma nota, da próxima vez

que ele saísse antes que ela acordasse. Ela se sentou no sofá do apartamento silencioso

para esperar. Havia uma tela enorme na parede à sua frente, mas isso era algo que ela

precisava aprender. Como usar o que passou para entretenimento. As pessoas do futuro

tinham que ter alguma forma disso. Pelo menos, ela esperava que sim.

A porta se abriu cerca de dez minutos depois e ela se levantou, aliviada ao ver Big.

Ele sorriu e correu em direção a ela. Ela viu excitação em seus olhos quando ele a agarrou

e a levantou do chão, abraçando-a com força.

Ela riu e passou os braços em volta dos ombros dele. — Acho que você também

sentiu minha falta. Onde você estava?

— O que posso fazer por você? — Magna tinha saído de seu armário.

O abraço de Big aliviou e ele colocou Gemma de volta aos seus pés. — Eu estava na

nave espacial para ver se alguma mensagem havia chegado. Uma fez. Recebi uma

explosão de dados de Fig. — Seu sorriso desapareceu um pouco, e ela viu uma pitada de

preocupação em seus olhos azuis.

Ela tentou manter a calma. Ele estava sorrindo quando voltou para casa, então não

poderia ser uma má notícia. — Uma explosão de dados é ruim?


— É uma transmissão escrita. Eu vou chegar a isso. — Ele pegou a mão dela e a levou

para a ilha, ajudando-a a se sentar. Seu olhar foi para Magna. — Panquecas com salsicha

para mim. — Então seu olhar voltou para Gemma.

— Vou querer o mesmo, só que com bacon em vez de salsicha. Isso é tudo.

Magna se afastou para começar o café da manhã.

— Enquanto eu estava lá decodificando a mensagem de Fig... — Seu sorriso voltou.

— Eu fui pingado.

Gemma ainda tinha muito a aprender. — Uh-hum. E isso é uma coisa boa? O que é

pingado?

— Alguém queria abrir comunicações comigo. Era Blade. Ele está vivo!

Gemma se lançou para ele, abraçando seu peito e quase escorregou de seu banquinho

no processo. Big a impediu de cair e a abraçou de volta.

— Eu estou tão feliz por você! Eu sei que você estava preocupado. — Ela o soltou e

colocou sua bunda no banco novamente. — Ele se desculpou por não entrar em contato

com você? Onde ele esteve? O que aconteceu com ele?

— Não no pedido de desculpas, e eu não tenho ideia de onde ele esteve ou o que ele

está fazendo.

Ela franziu a testa. — Mas você disse que falou com ele.

— Temos que ter muito cuidado com o que dizemos.

— Certo. Porque os hackers podem ouvir.


— Exatamente. — Big sorriu. — Café, Magna. Preto.

— Eu também, Magna. Por favor, adicione leite e açúcar ao meu.

— Mas ele está vivo, — Big continuou. — E ele está voltando para casa.

Gemma não pôde deixar de sentir-se feliz por ele. Ele parecia realmente animado.

— Ele estará aqui em dois dias... e ele disse que tem uma garota com ele. — A

expressão de Big ficou séria com essa notícia. — Ela não é um clone. Isso me preocupa

um pouco. Ele também está sendo caçado pelas autoridades.

— Tem certeza que ela não é um clone?

— Ele teria me avisado. Tenho certeza de que ela é humana.

— Isso não é um problema?

— Não sei. Ele não me contou muito. Fiquei muito feliz em ouvir a voz dele, e foi

uma conversa curta.

— Entendi.

As sobrancelhas de Big arquearam.

— Eu criei dois meninos, lembra? Eles me preocuparam muito mais do que algumas

vezes. Você está tão feliz que eles não estão feridos ou mortos, você não os ataca no início

por assustar a merda sempre amorosa de você.

Ele assentiu. — Eu posso gritar com ele pelo que ele nos fez passar, mas vou esperar

para ouvir os detalhes primeiro. Pensávamos que ele estava morto. Mais tarde, vou entrar
em contato com todos para que saibam que ele está vivo e indo para casa. Eu queria te

contar primeiro.

Ela olhou em seus olhos, aquecida por sua consideração. — Você está esperando que

os outros voltem assim que souberem que ele está voltando, não é?

— Sim. Você está me conhecendo bem.

— Você é meu pirata sexy.

Ele sorriu. — Eu sou.

— Ele vai morar em nossa casa conosco? Devemos preparar um dos quartos vagos?

Talvez os dois, já que ele está trazendo alguém?

— Não. Ele vai pegar outra cabine. Há muitas, e nunca dividimos o espaço de vida

depois que nos mudamos para cá.

— Eu acho que é bom, já que ele está trazendo uma mulher com ele. Espere. É uma

mulher? Existe uma chance de ele ter pego uma criança? Talvez ele tenha resgatado uma?

Ele disse que era uma menina, certo?

Os olhos de Big se arregalaram, como se ela o tivesse surpreendido com essa ideia.

Então, ele balançou a sua cabeça. — Ele teria me dado uma dica se fosse uma criança.

Tenho certeza de que ela será adulta.

— Espero que gostemos dela. — Gemma também esperava que adicionar pessoas

em suas vidas não prejudicaria seu novo relacionamento com Big. Ele tinha se tornado

seu mundo inteiro.


Ele deve ter visto algo em seu rosto ou em seus olhos. Ele estendeu a mão e segurou

sua bochecha. — Eu te amo. Isso vai ser uma coisa boa. Eu prometo. Você vai gostar de

Blade, e ele vai ficar muito feliz por nós.

— Você contou a ele sobre mim?

— Não. Ele parecia apressado e, como eu disse, nossa conversa não foi longa.

Um pensamento temido a atingiu de repente. — E se ele está trazendo essa garota

para você? Tipo para você?

— Ela vai ficar sem sorte. Encontrei a mulher dos meus sonhos. — Ele piscou para

ela.

— Engraçado. Isso é um trocadilho sobre eu pensar que você era um sonho?

— Pode ser. Mas agora você sabe que eu sou a coisa real, e felizmente, você também.

Eu não me importo se Blade ou os outros homens trazem de volta dezenas de mulheres.

Você é a única para mim, e você possui meu coração. Tudo isso.

— Idem.

— Bom.

Magna colocou suas comidas e bebidas no balcão. Mas Big não a soltou... e sua

expressão ficou sombria.

— O quê?

— Tem outra coisa.

— Ok. Acerte-me com isso.


Ele hesitou.

— Você me ama, Big?

— Mais que a vida.

— Nós vamos passar o resto de nossas vidas juntos, por mais tempo que seja, certo?

— Sim.

— Então me acerte com isso. Eu aguento.

Ele engoliu em seco. — Fig me enviou uma explosão de dados.

— Você mencionou isso.

— Gemma... eu pedi a ele para ver o que ele poderia descobrir sobre seus filhos.

O ar congelou em seus pulmões, mas ela se forçou a continuar respirando. Era difícil

falar sobre as emoções que subitamente surgiam nela. — Ele encontrou alguma coisa?

— Sim. E eu não sei como você vai lidar com isso. Você parecia tão feliz nos últimos

dias. Eu não quero te machucar de forma alguma.

— Ah Merda. — Os piores cenários encheram sua mente. Seus filhos tiveram mortes

horríveis? Morreu jovem?

— Eu só vou te dizer. Preparada?

Ela lutou contra as lágrimas e assentiu, tentando se preparar para qualquer coisa.

Big se aproximou, virou-a mais para ele e cutucou os joelhos entre as coxas dela. Ele

chegou muito perto, seu olhar travando com o dela.


— Seu filho Brent era advogado. Casou-se com uma mulher chamada Nancy aos

vinte e nove anos. Eles tiveram três filhos. Um menino primeiro, a quem deram o nome

de Jason. O segundo filho foi outro menino chamado Randal. A terceira foi uma garota

que eles chamaram de Gemma.

Lágrimas escorriam por seu rosto e seu coração gaguejou em seu peito. Brent batizou

sua filha com o nome dela. Foi tão doce, mas partiu seu coração ao mesmo tempo. Ela

teve três netos que ela nunca conheceu.

Big limpou a garganta. — Brent e Nancy foram casados por quarenta e seis anos até

sua morte. Ele foi primeiro, e ela o seguiu dois anos depois. Não havia registro de ela ter

se casado novamente.

Ela assentiu, incapaz de falar. Brent tinha levado uma boa vida, pelo que parecia. Por

mais doloroso que fosse saber o que aconteceu com ele... também foi uma bênção. Ele se

casou, criou três filhos e teve uma vida plena.

— Thomas se casou com uma mulher chamada Megan quando ele tinha trinta anos.

Os registros não devem ter listado seu trabalho. Eu sinto muito. Eles tiveram dois filhos,

Thomas II e Riley. Fig descobriu que Megan era uma roteirista bem conhecida. Eu não

tenho certeza do que é isso, mas ela deve ter sido boa nisso. Fig disse que eles eram ricos.

Eles foram casados por cinquenta e dois anos. Ela morreu primeiro, e ele a seguiu sete

meses depois. Não é muita informação, mas... espero que seja o suficiente para deixá-lo à

vontade com seu passado.


Ela assentiu, então enterrou o rosto no peito dele, soluçando.

Big esfregou suas costas. — Sinto muito que isso tenha chateado você.

— Eu queria saber, — ela falou. — Eu tive cinco netos…

— Sim.

— Meus meninos encontraram pessoas para amar e seus casamentos duraram. Isso

também é uma ótima notícia. Eles foram amados em troca.

— Eu te amo, Gemma. Por favor, me diga que você vai ficar bem.

Ela finalmente se recompôs. Big arrancou sua camisa e a fez assoar o nariz com ela.

Isso a fez rir. Nenhum homem jamais havia feito isso por ela. Caramba, nenhuma mulher

tinha, nem mesmo suas melhores amigas.

— Obrigada. Por sacrificar sua camisa e me contar tudo isso.

Ele a manteve perto. — Eu não posso viver sem você, Gemma.

Ela olhou em seus olhos. Ele parecia tão preocupado que ela se inclinou para

pressionar os lábios nos dele e o beijou com ternura. Aqueles clones originais, e quão

tragicamente eles morreram, provavelmente iriam assombrá-lo por um longo tempo. Mas

ela tinha algo pelo que viver. Ele era extremamente sexy e estava sentado bem na frente

dela.

Ela se afastou. — Eu não vou a lugar nenhum, Big. Esta é a minha segunda chance

na vida, e estou aproveitando ao máximo. Eu te amo, e esse amor só vai se fortalecer a

cada dia que compartilhamos.


— Promete-me.

— Juro. — Ela se sentiu melhor depois de limpar todas as suas lágrimas. — Vamos

tomar café da manhã e depois voltar para a cama.

Ele procurou seus olhos.

— Não porque estou deprimida. — Ela piscou para ele. — Eu amo as coisas que você

pode fazer com sua boca, e eu sei que você gostou muito do que eu posso fazer com a

minha. Nós vamos comemorar hoje. Isso significa você e eu, nus.

Ele sorriu, a tensão o deixando. — É melhor você comer tudo naquele prato. Você

vai precisar de sua energia. Temos dois dias antes de termos companhia e devemos nos

vestir novamente para cumprimentá-los. Eu mencionei que clones têm resistência?

— Você me mostrou. Ou talvez isso tenha sido apenas um sonho muito travesso que

eu tive com você, — ela brincou. — Eu posso precisar que você prove que isso é um fato

real.

Ele se virou para sua refeição e riu. — Não me faça bater na sua bunda de novo.

— Eu posso gostar. Só não tão forte. Estou pensando em tapas leves.

Ele pegou seus talheres. — Coma rápido. Eu quero descobrir.

— Eu também. — Ela cavou em sua comida com gosto.

Eles riram juntos enquanto o café da manhã se transformava em um jogo de quem

conseguia terminar primeiro. Big a deixou vencer, mas tirou todas as roupas antes que
ela pudesse quando chegaram à cama. Ambos venceram, porém, quando seus lábios se

encontraram, seus membros se emaranharam e eles caíram no colchão... juntos.

Fim
PARTE 2

BLADE
Prólogo

Hailey acordou e levou alguns segundos para a memória voltar…

Um homem a abordou na rua.

Ele a levou para uma nave, onde três outros homens esperavam no porão de carga.

Isso a apavorou quando eles deixaram claro por que ela foi levada.

Ela gritou quando eles finalmente removeram a mordaça de sua boca, até que ela foi

atingida novamente, deixando-a inconsciente.

Agora acordada, ela estava dentro de uma pequena cabine em uma cama estreita.

Suas mãos permaneceram amarradas atrás das costas. Sua garganta doía, mas seus

sequestradores não tinham feito mais com ela, até onde ela sabia. Ainda.

Ela precisava escapar.


Ela se sentou e tentou mover os braços para baixo o suficiente para dobrar e enfiar a

bunda sob as algemas. Não havia folga suficiente entre as algemas, não dando a ela

espaço de manobra. Não ia funcionar. Ela torceu a cabeça, tentando dar uma olhada

melhor nelas, mas era impossível.

Eu preciso sair daqui antes que eles decolem! Eu devo escapar!

A outra opção era horrível demais para ser considerada. Os homens planejavam usar

seu corpo de maneiras degradantes e indescritíveis, e isso acabaria em sua morte.

Ela se levantou e foi até a porta. Não abriu quando ela virou as costas para apertar o

botão na parede. Apenas um bipe soou. Eles a trancaram.

— Oh não.

Ela girou e examinou o quarto em busca de algo para ajudá-la a remover as algemas.

Seus dedos lhe asseguraram que as algemas eram de metal e não algo que ela poderia

simplesmente cortar. Era difícil pensar em seu estado de pânico e terror, e ela precisava

clarear a cabeça se houvesse uma chance de sobreviver.

Ela mordeu o lábio com força. Pense!

Apenas uma opção me veio à mente. Iria doer muito, mas parecia manso em

comparação com o que aqueles homens fariam com ela.

Ela caminhou até o final do beliche e olhou para a borda de metal da armação. Ela se

virou e ficou de joelhos, alinhando-se com ela. Ela recuou ainda mais e colocou a mão
direita sob a esquerda, apoiando-a. Movendo-se, ela tocou o lado de sua mão esquerda

até a borda.

Não grite, por mais que doa.

Eles provavelmente não a ouviriam, mas ela não estava disposta a arriscar. As

paredes eram conhecidas por serem à prova de som em naves espaciais, mas se um dos

homens estivesse do lado de fora no corredor, era possível que seus gritos viajassem se

as vedações das portas estivessem com defeito. Ela sabia alguma coisa sobre naves

espaciais, graças à obsessão de seu pai e às infinitas fantasias de viajar em uma.

Ela apoiou os joelhos mais afastados e cerrou os dentes, selando os lábios.

Um. Dois. Três.

Hailey empurrou seu corpo o mais forte que pôde em direção ao metal.

Seu polegar fez contato, perto de seu pulso, e uma dor lancinante subiu por seu braço

e pareceu queimar em seu cérebro. Ela levou segundos para se recuperar o suficiente para

sufocar o soluço. Ela moveu o polegar com cuidado.

Não havia quebrado.

Merda. Novamente. Ela respirou fundo, então bateu a mão contra o metal ainda mais

forte.

Mais três tentativas e ela finalmente sentiu quebrar.


Hailey caiu de bunda, a dor insuportável. A umidade escorria por sua palma, e ela

sabia que estava sangrando. Ela tentou mover o polegar, mas tudo o que conseguiu foi

dor pela tentativa. Então ela puxou a mão esquerda. Doeu, mas ela estava desesperada.

Sua mão ferida escorregou da algema e ela lentamente a trouxe para a frente, quase

com medo de ver o dano.

Seu polegar realmente havia quebrado e sangue cobria a área que ela estava batendo,

onde o metal o havia cortado.

Ela ficou de pé, as algemas penduradas em seu pulso direito. Seus ombros doíam de

ser puxados para trás por tanto tempo, mas ela não tinha tempo para chorar ou cuidar de

seus ferimentos.

Esses homens viriam fazer coisas muito ruins com seu corpo. Eles planejavam matá-

la depois. Não havia nada a perder tentando pelo menos escapar. Ela removeu a fronha

do travesseiro na cama e rapidamente a enrolou em torno de sua mão e braço.

Ela voltou para a porta e estudou o painel. Era uma fechadura atualizada. Isso não

era bom, mas pelo menos ela estava do lado de dentro da sala. A maioria das cabines foi

projetada para impedir que as pessoas invadissem, não saíssem. Ela girou e correu de

volta para uma prateleira que tinha visto, sobre a cama. Um troféu com base de pedra

estava na prateleira. Ela olhou para a pequena escrita na base.

O nome que ela leu a chocou. Ivan Redmore.


Ivan era filho de Goldoff Redmore. Todos o conheciam. Ele morava na mansão no

topo da colina que dava para a cidade-colônia dela.

Ele também era o dono da Morgan.

— Estou na Morgan, — ela murmurou. Ela sabia muito sobre aquele transporte de

luxo em particular. Seu pai tinha feito um tour por ela no ano anterior. Ele se empolgou

sobre o quão bom foi por semanas depois.

Ela virou o troféu e bateu na trava elétrica com um canto da base. Demorou algumas

tentativas, mas ela finalmente quebrou o vidro e o metal. Ela o esmagou mais algumas

vezes para quebrar completamente os fechos. Largando o troféu, ela puxou o painel

frontal, notando que havia seis fios conectados. Ela puxou todos da parte de trás do painel

de controle, tocou cada um nos seis conectores, um de cada vez.

O fio quatro, no segundo conector, funcionou. A porta se abriu.

Movendo-se com cautela, ela entrou no corredor. Ela viu uma placa na parede com

o nome da nave espacial. Era a Morgan, tudo bem. Abaixo havia um mapa conveniente,

com um layout simples da nave espacial. O porão de carga estava à sua esquerda.

Ela ouviu com atenção, mas não ouviu nada. Embalando o braço contra o peito, ela

avançou pelo corredor até chegar a uma porta com uma janela oval. Ela espiou e viu três

homens prendendo caixotes amarrando-os uns aos outros, depois atrás de redes de

segurança presas às paredes. A rampa para o porão de carga estava fechada.


Não havia como ela lutar contra três homens para alcançar o painel de acesso à

rampa. Estava do outro lado do porão de carga, o que significava que ela teria que passar

por eles primeiro. Hailey girou, decidindo tentar a outra saída. Todas as naves tinham

uma perto da cabine.

O som de alguém assobiando uma música chegou a seus ouvidos, e ela correu para

a porta mais próxima, apertando o botão de acesso. Ela se abriu para revelar uma bela

cabine, maior do que aquela em que ela havia sido despejada. Ela disparou para dentro.

Tinha uma fechadura interna, que ela apertou antes de recuar, rezando para que a pessoa

não tentasse entrar.

A sala tinha um portal externo, e ela correu em direção a ele. Talvez ela pudesse

chamar a atenção de alguém. Geralmente havia muitas pessoas no porto de desembarque.

Ela apertou o botão que levantaria a cobertura – e engasgou quando teve um vislumbre

do lado de fora.

— Merda.

Aquele não era o porto de desembarque que ela estava olhando. O espaço negro e a

visão de uma lua distante foram suficientes para provar que eles devem ter decolado do

planeta enquanto ela estava inconsciente. Ela nem sentiu a embarcação se movendo.

Agora ela estava presa na nave de luxo com pelo menos quatro sequestradores.

Pense! Ela andou de um lado para o outro, sua mão latejando. Não havia como ela

pilotar a nave espacial se conseguisse se trancar na cabine. Ela nunca tinha pilotado uma.
Ela pensou em pedir ajuda pelo rádio, mas também não sabia como fazer isso. Algo que

seu pai havia dito puxou sua memória, e ela tentou desesperadamente se lembrar...

Então veio a ela.

Os aposentos do capitão da Morgan poderiam ser destacados da nave espacial e

usados como uma cápsula de vida.

Era um recurso de segurança para os super-ricos, caso suas naves sofressem grandes

danos. De acordo com seu pai, havia suprimentos de emergência armazenados em algum

lugar dentro dele que poderiam durar semanas por uma equipe. Ele também deve enviar

um sinal de socorro automático assim que a seção for desconectada.

Ela se lembrou do mapa ao lado da placa na parede. Diria a ela exatamente onde

esses aposentos estavam localizados. Mas isso significava que ela teria que sair da sala e

voltar ao mapa sem encontrar um daqueles homens.

Ela não tinha tempo a perder, supondo que os homens estariam procurando por ela

em breve, já que eles já haviam deixado a superfície. Não levaria muito tempo para

proteger todos os vários caixotes que ela tinha visto na área de carga.

Seu olhar correu ao redor da sala, procurando uma arma. Ela abriu um armário e

encontrou um monte de saltos altos. Um par tinha pontas de metal afiadas nos

calcanhares. Sem outra opção à vista, ela pegou um sapato e caminhou até a porta. Foi

preciso muita coragem para desengatar aquela fechadura e apertar o botão para abri-la.

Sem tempo para pensar. Apenas mova-se!


Ninguém esperou para atacá-la no corredor. Ela correu para o mapa e estudou-o

rapidamente. Os aposentos do capitão ficavam bem à frente e um andar abaixo, logo

abaixo da cabine, na frente. Em seguida, ela localizou o elevador mais próximo que a

levaria até lá, então fugiu.

Seus sapatos faziam barulho na superfície dura do piso do corredor. Ela parou

brevemente, chutou-os, então correu pelo corredor e localizou o elevador. Ela apertou

um botão e agarrou o salto mortal com força, preparada para esfaquear alguém no rosto

se fosse preciso. As portas se abriram, mas o elevador estava vazio.

Hailey entrou e apertou o botão do convés inferior.

Ela abraçou a parede ao lado da porta, respirando fundo antes de ficar tensa

enquanto o elevador desacelerou. O salto alto não era uma grande arma, mas poderia

arrancar um olho. Isso deve derrubar alguém, ou pelo menos retardá-los.

O elevador parou e abriu. O corredor parecia limpo.

Ela saiu, olhando para os dois lados. Ninguém à vista.

Hailey virou à direita e correu para a porta no final do corredor. Estava marcado,

assegurando-lhe que tinha encontrado os aposentos do capitão. Ela apertou o botão para

ter acesso e ficou surpresa ao encontrar um segundo conjunto de portas, cerca de um

metro além do primeiro. Ela abriu o segundo conjunto, notando as costuras grossas que

cercavam as paredes e o chão da sala. Ela entrou lentamente no grande quarto e bateu no

painel ao lado da porta, fechando-se dentro.


— O que agora?

Ela olhou para o painel, mas não viu nenhum tipo de símbolo de emergência. Seu

pai saberia o que fazer. Ela desejou que ele estivesse com ela.

Um segundo painel alinhado com a parede chamou sua atenção, e ela passou o dedo

sobre um buraco central fechado na superfície lisa. Ela se abriu, revelando um grande

botão vermelho dentro.

— Ou vai ou racha.

Hailey empurrou.

Um som alto de raspagem a assustou, então uma luz piscando se acendeu acima da

porta ao lado dela. Ela nem tinha notado o painel iluminado. Parecia apenas outra parte

da parede branca, até que se iluminou.

— Código de separação de estados, — exigiu uma voz suave de computador.

A boca de Hailey se abriu. Ela não sabia o que dizer.

— Código de separação de estados, — o computador exigiu novamente.

Ela se afastou e sabia que estava ferrada. Deve haver uma ativação de voz ou palavra

para desconectar o pod. Aqueles homens viriam atrás dela, e ela ficaria presa sem ter para

onde ir.

— Bloqueio iniciado, — afirmou o computador. — Pressione o botão de ativação

novamente para abrir as portas.


Ela se sentiu um pouco melhor ao ouvir isso. De jeito nenhum ela apertaria esse

botão. Ela só esperava que o bloqueio significasse que a tripulação não poderia contorná-

lo de alguma forma para chegar até ela.

Agora ela só precisava encontrar os suprimentos de emergência para evitar passar

fome ou morrer de desidratação. Ela ouviu os sequestradores no porão de carga dizendo

algo sobre pousar no planeta Jebler em 21 dias ou eles não seriam pagos. Uma nave

desaparecida seria procurada, se eles decidissem fugir. De qualquer maneira, ela só tinha

que esperar que ela permanecesse segura até que alguém percebesse que ela estava nesta

nave.

Ela finalmente se virou e olhou para o quarto. Era tão bom quanto ela esperava, com

uma cama grande. Uma porta aberta levava a um banheiro opulento. Havia até uma

pequena cozinha no canto. Ela se aproximou e abriu os armários, descobrindo que havia

comida estocada lá dentro.

— Eu poderia viver depois de tudo.


Capítulo Um

Um bipe acordou Hailey, e ela se endireitou na cama enorme. Seu olhar fixo nas

portas do outro lado da sala. Ela empurrou as cobertas e deslizou para fora do colchão.

Marcas na parede perto das portas, colocadas ali por ela, consistiam em quatorze

linhas. É quantos dias ela sobreviveu desde que foi sequestrada.

Parecia que seus captores estavam nisso de novo.

Não era a primeira vez que os criminosos tentavam alcançá-la, e ela esperava que

não fosse a última. Isso significaria que eles tiveram sucesso. Fazia cinco dias desde a

última tentativa deles, o intervalo mais longo até agora.

Ela se virou, esperando por outra transmissão do interfone de sala em sala. Às vezes,

eles usavam para fazer ameaças e exigir que ela saísse.

No momento estava em silêncio.

Hailey andou de um lado para o outro, mas as portas permaneceram fechadas. O

bipe parou e ela relaxou. Parecia ser algum tipo de sinal de alerta, se alguém mexesse nas

portas externas, ou talvez se tentasse anular o sistema de segurança.

Ela entrou no banheiro e jogou água fria no rosto.

Ela não podia reclamar de suas condições de vida, pelo menos. Era uma preocupação

que a tripulação pudesse cortar a energia, o ar e a água da cabine, mas nenhuma dessas
coisas aconteceu. Havia muita comida, e ela até tomou alguns longos banhos na banheira

enorme. Ninguém jamais poderia acusar Goldoff Redmore de não desfrutar das melhores

acomodações que o dinheiro poderia comprar.

Ele pode estar furioso por ela ter ficado dentro de sua luxuosa cabine e comido sua

comida, mas provavelmente foi ele quem contratou aqueles bandidos para transportar sua

nave para outro planeta. Ela foi uma vítima. Nada disso era culpa dela.

Ela escovou os dentes, penteou o cabelo castanho encaracolado e usou o banheiro.

O bipe recomeçou e ela correu de volta para o quarto.

— Apenas pare, — ela sussurrou. — Vá embora!

Uma forte explosão sacudiu a sala, e Hailey choramingou. Aquele era um som novo

e decididamente assustador.

Ela recuou e bateu a mão esquerda no pé da cama. A dor subiu por seu braço. Era

um lembrete de que ela não tinha colocado o osso corretamente. Ela deu o seu melhor.

Os cortes estavam quase curados e o inchaço havia diminuído, mas ela não conseguia

mover o polegar sem agonia.

— Substituição aceita, — afirmou a voz do computador. — Abrindo portas.

— Não! — Puro terror atingiu. Aqueles homens iriam se apressar e seu pior pesadelo

começaria.
As portas se abriram e ela se lançou ao redor da cama. Ela encontrou uma arma em

uma gaveta. Ela enrolou a mão boa em torno dela e girou, apontando na direção das

portas, preparada para derrubar o máximo que pudesse.

O homem alto de cabelos pretos que entrou usava uma roupa justa, também preta.

Ele era enorme, com ombros largos, braços enormes – e também segurava uma arma.

Hailey manteve a dela apontado para ele quando seus olhares se encontraram. —

Fique longe de mim!

Ele congelou.

— Saia. Eu vou atirar em você.

Ele inclinou a cabeça um pouco, olhando para ela com olhos azuis escuros. — Este é

a sua nave?

Isso não era o que ela esperava que ele dissesse. A voz dele também a assustou. Era

profunda e meio rouca ao mesmo tempo. Também era uma que ela não tinha ouvido no

interfone de quarto em quarto.

— Este é a sua nave? — Ele repetiu. — Sua tripulação está morta. Parece que eles

estão assim há vários dias.

Tinha que ser um truque. — Eu não acredito em você.

Ele franziu a testa e abaixou sua arma, guardando-a em seu quadril. — Eu sou Blade.

Trabalho na segurança de uma nave de transporte. Sua nave não respondeu a granizos.

Embarcamos e encontramos quatro tripulantes homens mortos. Eu apreciaria se você


também abaixasse sua arma. Não machuco as mulheres, nem desejo causar-lhe

sofrimento. Você também usa drogas?

Sua pergunta a confundiu. — Não.

— A tripulação morta estava usando drogas, e suspeito que eles usaram demais ou

compraram drogas contaminadas, o que causou suas mortes. Eu apostaria no último, já

que não há sobreviventes além de você. Seria estúpido se eles tivessem uma overdose um

após o outro. A primeira morte teria dado a eles uma pista sobre a força das drogas.

— Fui sequestrada. — Ela não abaixou sua arma. — Fora da colônia de Prospect.

Aqueles homens planejavam fazer coisas terríveis comigo. Eu cheguei aqui e selei as

portas. Você não parece ou soa como aqueles que estão me ameaçando.... mas isso não

significa que você não esteja com eles.

— Por que você acreditaria que eu era um deles?

— Eu vi quatro deles quando fui carregada para esta nave. Eles estavam trancando

um monte de caixotes. Você é um quinto? Alguém que já estava na nave? Eu vou atirar

em você se você chegar mais perto.

Ele correu seu olhar para cima e para baixo em seu corpo. — Não. Eu não estou com

aqueles homens. O que há de errado com sua mão?

Ela a apertou mais perto do peito, embalando-a com cuidado. — Eu tive que quebrar

meu polegar para sair das algemas que eles usavam para me prender. Eventualmente,

consegui arrombar a fechadura para tirá-la do meu outro pulso.


— Tenho formação médica. Posso dar uma olhada?

— Não! Fique atrás. Ouviu? Pelo que sei, você está com eles e planeja me arrastar

daqui para me machucar. Não tenho planos de ser estuprada repetidas vezes e depois ser

jogada de uma câmara de ar. Eu não sobrevivi tanto tempo, só para morrer agora. — Ela

olhou para a parede marcada, então de volta para ele.

Ele virou a cabeça, seguindo o olhar dela. Sua carranca se aprofundou antes de olhar

para ela. — O que é aquilo?

— Eu os ouvi conversando quando fui trazida a bordo. Eles têm que estar em Jebler

em vinte e um dias. Eu fiz quatorze até agora. Vou sobreviver até que as autoridades me

encontrem.

— Estou com as autoridades. Você está segura agora. Esses homens não podem te

machucar. Qual o seu nome?

— Você saberia disso se estivesse com a aplicação da lei. Meus pais teriam me

reportado como desaparecida.

— Eu não vi nenhum alerta da colônia Prospect, mas eu poderia verificar. Eu vou

lentamente chegar nas minhas costas e retirar meu banco de dados, ok?

Ela assentiu. — Realmente devagar.

Ele dobrou o braço e deslizou atrás dele para o que ela assumiu ser um bolso. Ele

pegou um pequeno dispositivo portátil e mostrou a ela. — Vê? Banco de dados. Deixe-

me ver. — Ele a tocou, batendo no bloco.


Um minuto tenso se dividiu em dois. Suas sobrancelhas se ergueram em um ponto,

seus lábios se separaram, então ele fechou a boca antes de olhar para cima. — Seu nome

é Hailey Togis. Você tem vinte e seis anos e é professora.

Ela assentiu. — Esta sou eu.

Ele substituiu o bloco de dados. — Os homens que levaram você, estão mortos,

Hailey. Por favor, permita-me ver sua mão. — Ele esperou.

Ele parecia sincero, e aqueles homens que a levaram não perguntaram seu nome. Ela

estava certa de que eles não se importaram com quem ela era, ou fizeram qualquer esforço

para descobrir. Ela tinha sido uma estranha conveniente. Esse cara também tinha um

banco de dados que lhe dava informações sobre ela. Apenas agentes de segurança e

autoridades tinham acesso a eles. Era lógico que ele provavelmente era quem dizia ser.

Ela baixou a arma lentamente.

Ele se aproximou dela com pequenos passos e movimentos lentos. — Selar-se dentro

da cabine principal de uma nave modelo Varlius foi muito inteligente.

— Meu pai fala sobre naves com frequência. Ele mencionou que a Morgan tinha

aposentos do capitão que podiam se separar do resto da nave. Eu simplesmente não tinha

o código que o computador exigia para fazer isso. Mas selou as portas.

— Você deu o primeiro passo para a implantação desta seção, mas esses modelos

também são projetados para proteger os proprietários em caso de motim. A tripulação

claramente tentou arrombar o primeiro conjunto de portas. É por isso que tive que
contornar o sistema para entrar. Suspeitei que alguém havia se trancado lá dentro depois

de sabotar as drogas que a tripulação estava tomando.

Ela ofegou, horrorizada que ele a acusasse de tal coisa. — Eu não os matei.

Ele apenas a estudou.

— Sério. Eu não fiz nada além de correr aqui para me proteger. De jeito nenhum eu

ousaria abrir aquelas portas para tentar atacá-los. Eu estava com muito medo. Por favor,

me diga que você acredita em mim. Eu não matei ninguém.

Ele assentiu, ainda a alguns metros de distância. — Eu acredito em você. Sente-se na

cama e darei uma olhada na sua mão.

Ela sentou-se e estendeu-a, aliviada por ele não estar mais acusando-a de assassinato

– o que acarretava uma sentença de morte, – mas permaneceu tensa. — Isso realmente

dói.

Blade avançou e se agachou na frente dela. Suas mãos enluvadas foram muito gentis

enquanto examinava o polegar e o pulso dela. A crosta dos cortes estava quase acabando.

Ainda havia muita descoloração.

— Vou pegar um scanner para ver os ossos. Eu não acho que está curando

corretamente porque está fora de alinhamento. — Sua expressão ficou sombria. — Isso

significa que vou ter que quebrar a cura parcial para redefini-la da maneira correta.

Isso soou extremamente doloroso. — Não.

— Você quer usar o polegar sem dor no futuro?


Ela assentiu.

— Deixe-me acessar o kit de ajuda de emergência. Espero que esteja totalmente

abastecido. Deve conter algo para a dor. — Ele a soltou, endireitou-se, então caminhou

até um dos armários que ela estava invadindo em busca de roupas. Ele empurrou tudo

que estava pendurado para fora do caminho e passou os dedos pela parede dos fundos.

— O que você está fazendo?

— Eu conheço bem o modelo Varlius. — Uma parte da parede se separou e deslizou

para o lado. Ele levantou um grande caso. — Parece que é novo. — Ele o tirou do

compartimento escondido e o levou para a cama. — Os selos nunca foram quebrados. É

uma coisa boa.

— É um kit médico enorme.

— É o típico abastecimento para qualquer tipo de emergência. Os projetistas do

Varlius tiveram muitas contribuições dos médicos que investiram na Corbo Corp. Esse é

o construtor. Os médicos insistiram em ter kits médicos avançados nesses ônibus.

Hailey estudou o homem silenciosamente enquanto ele ia trabalhar. Ela não pôde

deixar de notar que ele era extremamente atraente. Ele também era confiante e capaz,

trabalhando com eficiência enquanto fechava os selos da caixa e a abria. O kit estava cheio

de equipamentos e suprimentos que ela não conseguiu identificar, mas ele verificou os

compartimentos como se tivesse certeza do que encontraria.

— Como você sabe tanto sobre essas naves?


— Venha para cá, mais perto, e eu vou te contar enquanto eu trabalho.

Ela fez como ordenado. Ele se agachou novamente, pegando um scanner e ligando-

o. A pequena tela na parte superior incluía botões de toque.

— Coloque seu pulso no colchão e fique quieta.

Ele esperou que ela obedecesse e então segurou a coisa sobre a mão dela. A tela

mostrava os ossos sob sua pele. Ela desviou o olhar quando viu o intervalo.

— De repente você não parece bem. Vou responder sua pergunta; apenas ouça minha

voz e tente manter a calma. Trabalhei na segurança da Clone World por seis anos, e a

maioria de nossos visitantes ricos comprou naves Varlius. Fazia parte do meu trabalho

saber tudo sobre elas. Repassei os designs e características de cada modelo.

— Por quê?

Blade afastou o scanner. — Às vezes, os clones tentavam fugir e, ocasionalmente,

tinham ajuda externa entre os convidados.

— Eu não estive no Clone World. Eu nunca tinha saído de Prospect antes de ser

levada. E esse não era exatamente o tipo de viagem com que sonhei quando finalmente

tive a chance de decolar da superfície. De qualquer forma... eu não sabia que clones

tentavam escapar. Por que eles iriam? Ouvi dizer que é lindo lá, e é onde todo mundo

quer ir.

— É bom para os humanos que visitam, que são mimados e entretidos, mas é difícil

para os clones que vivem lá. Imagine ter que parecer feliz enquanto faz a mesma coisa
todos os dias, ano após ano. Os clones não têm folga ou qualquer escolha sobre como

vivem, onde trabalham, o que comem. Eles funcionam da maneira que deveriam, ou são

destruídos. É apenas uma questão de encomendar outra unidade para substituí-los.

Ela balançou a cabeça. — Isso soa horrível. Eu não fazia ideia.

Ele recuperou outro dispositivo. — Estou feliz que o kit tenha um desses. Deslize sua

mão aqui.

Ela hesitou. — O que é isso? — Parecia uma caixa simples com dois furos de cada

lado. — É basicamente para fixar e fundir ossos quebrados em membros. Os lados se

expandem conforme necessário. Isso significa que não precisarei redefinir manualmente

o polegar. — Ele colocou o aparelho na cama. — Vamos apenas deslizar sua mão para

dentro. — Ele apertou os controles na parte superior, e ela se abriu ligeiramente. — Ele

vai escanear e depois comprimir. Eu não vou começar até que eu te dê uma injeção para

a dor.

Ela não tinha muita escolha a não ser confiar nele. — Ok.

Blade abriu um compartimento dentro do estojo e mostrou a ela um injetor. — Já

carregado. — Ele a virou, estudou-a cuidadosamente e depois programou. — Eu ajustei

a dosagem para seu peso aproximado. Você só sentirá uma leve sensação de frio, pois

higieniza a pele para evitar infecções, antes de uma pequena picada. Preparada?

— Sim.
Ele estendeu a mão e pressionou o dispositivo ao lado de sua garganta. Como

prometido, ela sentiu a umidade fria e ouviu um som sibilante curto. O golpe foi afiado,

mas rápido. Ele segurou o injetor no lugar enquanto a pele esfriava mais uma vez, antes

de afastá-lo.

— Você vai ficar bem, Hailey. Eu não vou deixar nada acontecer com você. Diga-me

quando começar a sentir a droga. — Ele devolveu o injetor ao estojo e sorriu.

Hailey se sentiu tonta e um pouco enjoada. Ela estendeu a mão, quase caindo de cara

para fora da cama, mas Blade ficou rápido para pegá-la. Ele cuidadosamente colocou uma

mão atrás de sua cabeça, a outra em seu estômago.

— Simples. Apenas deite-se. Feche os olhos e você acordará quando tudo acabar.

Ela não queria dormir. Ela não confiava totalmente nele. Mas seu corpo caiu e o

grande oficial de segurança a colocou de costas. Ele a soltou e pairou perto, olhando em

seus olhos.

— Eu não vou te machucar.

Blade empurrou a culpa para longe de propositadamente nocautear a mulher com o

sedativo forte. Ela era uma mulher bonita, com cabelos castanhos desgrenhados e

encaracolados que caíam no meio das costas. As informações em seu bloco de dados

incluíam sua idade, mas ela parecia alguns anos mais jovem. Sua pele estranhamente
pálida complementava o castanho suave de seus olhos, mesmo quando ela estava

olhando para ele com medo.

Ele programou a máquina para escanear sua mão, deslizando seu delicado membro

ferido no dispositivo com cuidado. A máquina se ajustava automaticamente em tamanho

para acomodar seu pulso e mão, achatando e alargando ao mesmo tempo. Ele observou

a tela enquanto localizava o problema e oferecia uma solução. Ele apertou o botão de

iniciar, então se endireitou, seu olhar viajando pelo corpo dela.

Isso o irritou, sabendo por que os homens mortos provavelmente a agarraram. Ela

era pequena, mas também sexy, com curvas em todos os lugares certos. Ele assumiu que

eles tinham como alvo ela acreditando que ela não seria forte o suficiente para lutar contra

eles. Mas ela não só os enganou ao se trancar na cabine do capitão, ela também sobreviveu

a eles.

Blade admirava qualquer um com um forte instinto de sobrevivência. Ele poderia se

relacionar, tendo um ele mesmo. Hailey Togis merecia viver sem ser abusada por homens

que a viam como nada mais do que uma válvula de escape para sua luxúria. Ele se

certificaria de que ela estava segura.

Ele se virou e a deixou dormindo na cama.

Blade parou do lado de fora das portas principais dos aposentos do capitão e digitou

o código de substituição do construtor. As portas se fecharam.

Os piratas não conseguiram encontrar Hailey.


Ele devia a vida a Clint e sua tripulação, mas os últimos onze meses e dezenove dias

lhe ensinaram muito sobre o trio. Nem tudo era bom. Afinal, eles eram piratas que

visavam os transportes. Ele podia viver com isso porque era culpado de sobreviver da

mesma maneira. A vida no espaço era brutal às vezes. A diferença era que ele se recusava

a matar a menos que fosse absolutamente necessário, enquanto eles pareciam gostar de

cometer assassinato.

Ele estava farto de viver com piratas desde que sua nave sofreu danos.

Ocasionalmente, eles traziam mulheres de volta ao seu centro principal – basicamente

uma base pirata – e o enojava pensar em Hailey sendo forçada a ir para lá. Ela viveria,

mas não seria uma grande vida. O maior lance a compraria, e ela acabaria se tornando

propriedade.

Alguns dos piratas alugavam suas mulheres para fazer sexo. Outros as

transformaram em criadoras. Todos ficaram com pena de Blade pelo tratamento abusivo

que sofreram nas mãos de seus donos.

Ele não queria esse tipo de futuro para Hailey e estava em posição de garantir que

isso não acontecesse.

Suas feições delicadas estavam impressas em sua mente. Ela o odiaria quando

descobrisse o que ele era.... mas ele ainda a protegeria. Alguns instintos estavam

profundamente arraigados nele, e ela era inocente.


Ele encontrou os outros três membros do grupo de embarque limpando o porão de

carga, levando tudo para a nave menor. A visão deles instantaneamente o deixou tenso.

Todos os três humanos podiam ser instáveis em seus melhores dias.

— Quaisquer problemas?

— A tripulação está morta, — Blade anunciou.

Clint franziu a testa. — Merda. Como?

— Parece que eles estavam tomando drogas contaminadas. Encontrei-os na sala

principal. Eles estavam bebendo bebida também.

Mick bufou. — Você encontrou injetores de hype?

Blade assentiu. — Havia uma caixa deles, e alguns tinham sido usados.

— Acho que eles não receberam esse aviso sendo transmitido sobre as mortes

recentes. — Craig riu. — E é por isso, rapazes, que não usamos drogas e apenas as

vendemos. É uma conspiração do governo para acabar com a ralé. Eles provavelmente

envenenaram essa porcaria.

— Esta nave é um modelo Varlius. Tem um sistema de rastreamento. Eles deveriam

estar em algum lugar, com tanta carga. O rastreador será ativado automaticamente

quando eles não chegarem a tempo. É uma medida antifurto. — Blade não podia permitir

que eles devolvessem a Morgan ao seu centro. Hailey seria rapidamente encontrada. — A

Corbo Corp enviará uma ativação de todas as frequências e o farol transmitirá a

localização da nave para cada cruzador de autoridade. Faz parte do pacote de garantia
desses modelos. Posso desarmá-lo, mas vou precisar de ajuda. É um trabalho de dois

homens.

— Não é um problema. Vá com ele, Mick. Vamos terminar de descarregar essa merda

e rebocar essa bela peça de maquinário para casa. — Clint fez uma pausa, olhando para

Blade. — Pegue aquele relatório legal que eu deixei você guardar, veja se alguma coisa

foi enviada sobre esta nave.

Blade retirou seu banco de dados. Ele era o único que podia acessá-lo, já que os

aparelhos eram sincronizados com o DNA de cada dono, caso contrário os piratas não

teriam permitido que ele ficasse com ele. Era basicamente um receptor de transmissão de

quaisquer alertas enviados pelas autoridades espaciais. Também armazenava

informações sobre criminosos. Blade havia recebido o dispositivo no Clone World, para

garantir que nenhum dos convidados entrantes estivesse sendo procurado ativamente ou

tivesse um histórico de cometer crimes hediondos.

Ele a levou com ele quando eles fugiram. É como ele sabia que o dono da CW não

havia feito um relatório oficial às autoridades sobre sua fuga.

Ele olhou para Clint. — Não há nada sobre a Morgan.

— Bom. — Clint se virou. — Vamos terminar de mover toda essa merda. Coloque

esse maldito sistema de rastreamento offline.

Craig resmungou. — Por que não transportamos a carga nesta nave?


— Vamos conseguir mais se dividirmos antes de voltarmos para casa. Você sabe que

todo mundo vai ver esta nave quando a levarmos para o porto, e eles tentarão se esgueirar

a bordo para roubar o que puderem. — O humor de Clint fugiu. — Quantas vezes eu

tenho que te dizer isso, idiota? O foco deles será nesta nave, em vez do nosso.

— Certo. Desculpe. É só que essas caixas são pesadas.

Clint olhou para Blade. — Certifique-se de desativar esse rastreador. Você conhece

uma merda e o grupo vai acabar com você.

— Estou ciente. — Blade forçou um sorriso. — Sou grato por não ter flutuado no

espaço.

Mick tirou as luvas de trabalho e se moveu em direção a ele. — Você é tão grande

quanto um boi, e tão forte quanto um também. Você também arrasa com a tecnologia.

Você é um dos melhores achados que já pegamos. É por isso que não enfiamos o seu rabo

por uma câmara de ar. Para onde precisamos ir?

— A cabine de comando. — Blade girou, liderando o caminho.

Mick o seguiu. O outro homem começou a xingar antes mesmo de chegarem à área

de estar da nave. — Porra! O que é esse fedor?

— Quatro corpos em decomposição.

— Por que você não os fez flutuar?

— Achei que outra pessoa poderia fazer isso enquanto eu desativo o rastreador. Eu

disse que era um trabalho de dois homens.


Mick puxou sua arma e apontou para Blade. — Você vai fazer o trabalho sujo.

Ele ergueu as mãos em submissão. — Ok.

— Eu te dou as ordens. — Ele apontou a arma para a virilha de Blade. — Você não

precisa de um pau para levantar caixotes e consertar merda. As peles substitutas se

preocupam em manter seu pau?

Blade apertou a mandíbula e deu um aceno afiado. Ele odiava quando o chamavam

assim. Era um insulto. Ele também não gostava de ser ameaçado de castração.

— Bom. Chega de insinuar que eu faço qualquer coisa abaixo de mim. Você consegue

todos os trabalhos de merda, como o descarte de corpos. Entendeu?

— Eu faço. Peço desculpas. Foi apenas minha tentativa de fazer uma piada.

A arma na mão de Mick baixou – e Blade atacou.

Ele pulou para frente e agarrou o pulso do homem, quebrando o osso com um puxão

vicioso. Ele usou a outra mão para prender a garganta de Mick, levantando-o do chão.

Choque e dor marcaram as feições do outro homem quando sua boca se abriu. A

coloração em seu rosto mudou enquanto ele lutava para respirar. Blade o segurou com

força, até que a arma de Mick caiu de seus dedos.

Blade soltou o pulso de Mick e agarrou sua cabeça, usando o aperto em seu pescoço

para ajudá-lo a quebrar o osso. Ele odiava matar, mas a mulher inocente trancada nos

aposentos do capitão o motivou a fazê-lo. A tripulação pirata não podia colocar as mãos

nela, ou ela desejaria a morte.


Ele arrastou o corpo de Mick pelo corredor até a eclusa de ar e o empurrou para

dentro. Demorou um pouco mais para cortar o tapete sob os dois corpos esparramados

no chão da sala de estar e arrastar os dois para a mesma câmara de ar, antes de fechar a

porta interna. Ele abriu a porta externa e viu os três corpos flutuarem no espaço.

Ele selou a porta externa e abriu a interna novamente, empurrando o quarto corpo –

e o sofá em que ele morreu – para dentro. Ele abriu a eclusa de ar mais uma vez.

O último corpo foi mais difícil de limpar. O cara tinha morrido metade em uma

cadeira, metade no chão. Blade levou a cadeira e o corpo para a eclusa de ar, assim como

o tapete sob ambos, para que o cheiro de decomposição não continuasse. Depois de selar

a porta interna, a câmara de ar tirou toda a bagunça.

Blade suspirou. Seria difícil matar Clint e Craig ao mesmo tempo. Ele poderia alegar

que Mick estava limpando os corpos enquanto Blade pilotava a nave de luxo atrás da

Cracker, então abriria fogo no pequeno transporte uma vez que ele se desencaixou. Mas

Clint nunca acreditaria que Mick estava tocando um cadáver, nem seu irmão mais novo

poderia pilotar a enorme nave espacial.

Eles sempre mandavam Blade fazer as tarefas sujas ou perigosas. É por isso que o

mandaram para dentro para lidar com a tripulação sozinho com uma arma inútil. Era

apenas para aparência. Ele era dispensável.

Ele precisava de um plano de jogo.


Ele pegou a arma de trabalho de Mick. Era uma versão atualizada do que eles

permitiram que ele carregasse. Ele voltou para o convés inferior, uma ideia se formando

quando ele saiu do elevador e se moveu em direção ao porão de carga com propósito.

Clint o viu no segundo em que entrou na sala. — Onde está Mick?

— Ele decidiu verificar os aposentos do capitão. Há caixas de armas armazenadas

dentro. Ele disse que era mais importante do que me ajudar a desativar o rastreador. Ele

também está planejando vasculhar os pertences do dono, para manter as melhores coisas

para si mesmo. Eu não deveria te contar essa parte.... mas minha lealdade é com você.

Clint amaldiçoou. — Aquele maldito bastardo. Ele deveria ter nos pegado primeiro!

— Ele saiu de trás de uma caixa alta de suprimentos de comida. — Craig, vamos

encontrar aquele idiota para lembrá-lo de que somos um time.

Blade ergueu a arma de Mick no segundo em que Craig apareceu. Ele atirou e atingiu

o homem na garganta.

Clint reagiu indo para sua arma, mas Blade já o havia mirado. Ele não hesitou.

Clint levou um golpe de massa central e foi jogado para trás.

Blade avançou, preparado para atirar novamente em qualquer um deles se eles se

movessem. Clint ainda respirava quando parou ao lado dele. O pirata caído agarrou seu

ferimento sangrando e parecia em estado de choque.

— Por quê? — Ele gaguejou.


— Eu não sou sua propriedade, Clint. E é assim que você me trata. Eu aguentei por

gratidão por me manter vivo, mas agora encontrei alguém que precisa de proteção. Você

nunca me deixaria decolar com esta nave e a mulher escondida lá dentro. Ela é jovem e

inocente. Mas isso não duraria muito se você colocasse as mãos nela. Eu me recuso a

permitir que você a venda como escrava sexual. E eu não posso permitir que você viva e

apenas voe em sua nave. Eu conheço você muito bem. Você guardaria rancor. Você

também colocaria uma recompensa na minha cabeça na plataforma até que todos os

tripulantes piratas estivessem procurando por nós. Eu sinto muito.

Ele disparou novamente.


Capítulo Dois

Hailey acordou e ergueu o braço. Seu pulso e mão tinham sido cuidadosamente

enfaixados e imobilizados, e ela não sentia nenhuma dor. Ela empurrou as cobertas e se

sentou. As portas do corredor estavam escancaradas, mas Blade não estava à vista.

Um som a assustou, e ela virou a cabeça assim que a porta do banheiro se abriu.

O próprio homem desaparecido saiu, esfregando uma toalha no cabelo molhado. Seu

olhar baixou. Ele usava apenas calças largas para dormir. Ela os reconheceu de um dos

armários que ela passou no quarto.

Blade largou a toalha de sua cabeça e olhou diretamente para ela. — Você está

acordada.

Ela não tinha palavras para responder. O uniforme apertado já havia revelado que

ele tinha um corpo musculoso, mas ver a maior parte dele nu era algo completamente

diferente. Os homens em seu planeta não se pareciam com ele. Os mineiros eram um

povo robusto, mas tendiam a ser baixos e magros.

Ninguém na colônia Prospect jamais seria acusado de comer demais. Era um dos

planetas mais pobres em seis sistemas solares. Eles também não tinham a pele bronzeada,

já que passavam muito tempo no subsolo, e havia apenas cinco horas de sol suave em um

ciclo diário de trinta horas.


— Peço desculpas. Eu não pude resistir depois que vi aquele banheiro. Tem uma

sauna com vinte bicos de água. Eu sempre quis experimentar uma, e você estava

dormindo tranquilamente. Não vi mal em usá-la.

Ela estava olhando para o peito dele, mas não conseguia parar. Foi realmente uma

visão para ver.

— Hailey?

Ela finalmente ergueu o olhar para o rosto dele.

— Como você está se sentindo?

— Melhor. Eu não estou sofrendo.

— Bom. Sua mão foi tratada e dei-lhe uma injeção para ajudar a acelerar a cura.

Devemos ser capazes de remover completamente a fita dentro de uma semana.

— Estamos voltando para Prospect? Você conseguiu entrar em contato com meus

pais? Eles devem estar preocupados.

Ele devolveu a toalha ao banheiro e voltou, ficando do outro lado da sala. — Nós

precisamos conversar.

Isso não soou bem, e ela ficou tensa. — Sobre o quê?

— Eu não posso te levar de volta imediatamente. Eu seria morto assim que pousasse

esta nave espacial e seus oficiais da autoridade portuária embarcassem.

— Não entendo. — O medo tomou conta dela quando a verdade caiu sobre ela. —

Você mentiu para mim, não foi? Você é um dos homens que me sequestraram. — Ela se
arrastou para rolar pela cama e quase caiu do outro lado. Colocou o grande móvel entre

eles. Ela lançou um olhar aterrorizado para a porta, esperando que o resto da tripulação

entrasse correndo.

— Calma, — Blade cantarolou. — Eu não vou te machucar.

— Mas aqueles outros homens, vão. Eu ouvi o que eles querem fazer comigo!

— Eles estão mortos. Isso não era mentira. Eles estavam injetando drogas e usaram

um lote ruim. Somos só você e eu a bordo.

Ela olhou para a porta novamente, perguntando-se se poderia fugir antes que ele a

pegasse, e para onde ela iria.

— Hailey?

Ela olhou para ele.

— Eu não vou chegar mais perto. Você parece assustada, mas não há razão para

estar. Eu tratei sua mão. Por que eu faria isso se planejasse prejudicá-la? Isso não faz

sentido. E eu poderia ter feito qualquer coisa com você enquanto você dormia. Eu não fiz.

Ele tinha razão, mas ela não tinha certeza do que pensar.

— Vou te contar tudo. Eu só preciso que você ouça. Eu tinha minha própria nave

espacial, mas há um ano, meu motor explodiu. Deixou-me morto no espaço. O dano tirou

transmissões de longa distância. Não consegui entrar em contato com as poucas pessoas

em quem confio para me ajudar, então fui abordado por piratas antes de poder fazer
qualquer reparo. Eles perceberam o que eu era imediatamente... e decidiram não me

matar. Fui forçado a viver e trabalhar com eles.

— Você é um pirata? — Ela se lembrou de seu banco de dados. — Mas você teve

acesso a informações sobre mim. Não entendo. Somente as autoridades podem fazer isso.

— Eu disse a você que trabalhei para a Clone World por seis anos. Essa era a verdade.

Tive acesso a todos os alertas e relatórios oficiais que são enviados às autoridades. Na

época, eu era um.

Isso não faz sentido. A menos que… — Você se disfarçou com os piratas? Tipo, para

pegá-los?

— Pense nisso mais como estar preso e escravizado. Eles garantiram que eu não

pudesse roubar uma nave espacial, nunca fui enviado sozinho ou me deram uma arma

de trabalho. Mas senti gratidão por eles por não me matarem imediatamente. Eu joguei

pelas regras deles – até hoje cedo. Você mudou tudo.

— Eu?

Ele assentiu. — Eu sabia o que eles fariam com você, e eu não podia permitir isso. Eu

sempre prometi a mim mesmo que se entrássemos em qualquer nave com mulheres ou

crianças, eu as protegeria. Eu não conseguia dormir à noite se levasse qualquer um de

volta para aquele inferno. Mais de duzentos piratas vivem em uma das estações

abandonadas. Eles chamam de plataforma.


— Esse é um dos lugares que eles construíram quando costumava levar muito tempo

para viajar no espaço?

— Sim. Os piratas que moram lá a colocariam em leilão pelo maior lance. Alguns

desses piratas permitem que outros homens façam sexo com suas mulheres pelo preço

certo. Também não invejo as que são mantidas puramente para uso pessoal. Algumas

delas vivem das sobras de seus donos. A maioria delas tem hematomas ou outros sinais

de abuso. Até conheci uma que foi forçada a dar à luz quatro filhos. O homem que a

possuía queria que ela criasse suas próprias tripulações de piratas. Ela não sobreviveu à

quinta gravidez. Ele comprou outra mulher para substituí-la menos de um dia após sua

morte para dar à luz mais bebês.

Ela estremeceu.

Ele inclinou a cabeça. — Exatamente. Jurei que nunca entregaria uma mulher ou uma

criança a esse tipo de vida. Usam as crianças como escravas. Eu vivia apenas um pouco

melhor enquanto estava em cativeiro, mas ainda não conseguia ficar parado e ver as

crianças sofrendo à beira da fome. Dei-lhes a comida que me foi atribuída, até comprei

remédios para os doentes com o dinheiro que roubei da tripulação que me possuía.

Um pouco de seu medo aliviou. No entanto, ele poderia estar dizendo a ela o que ela

queria ouvir para fazê-la baixar a guarda. — Por que você não pode me levar para casa?

— Lembra como eu te contei sobre o Clone World e as razões pelas quais alguns dos

clones tentaram fugir?


Ela assentiu.

— Eu sou um clone, Hailey. Eu escapei com um pequeno grupo de outros. Serei

executado à vista por qualquer funcionário do porto. Ele se virou e agarrou a cintura da

calça de dormir, puxando para baixo um lado o suficiente para mostrar uma tatuagem

redonda em seu quadril.

Seu olhar fixou naquele selo. Era mais ou menos do tamanho do círculo se ela tocasse

o dedo indicador na batida. Ela tinha ouvido que clones eram marcados dessa forma

durante o processo de criação.

Sua notícia a surpreendeu. Ele era um clone. Estava sozinho.

— Também não tenho impressões na palma da mão, como os humanos, porque os

clones não são considerados pessoas. Cada centro alfandegário verifica os hóspedes que

chegam. Até mesmo seu planeta colônia. Eu já verifiquei. Há muitos transportes que

viajam até lá para pegar os minerais que seu planeta extrai.

Seu olhar saltou para o rosto dele, encontrando-o ainda olhando para ela. Ele

levantou as calças e a encarou completamente.

Afundou lentamente que ele era realmente um clone. Ela nunca tinha conhecido um

antes. Nenhum deles tinha vivido ou visitado Prospect. Ele parecia real, como se fosse

uma pessoa normal. Apenas um grande musculoso.

— Você sabe como foi difícil capturar minha própria espécie no Clone World? Eu

odiava aquele trabalho. — A emoção aprofundou sua voz. — Eles frequentemente


matavam clones que desobedeciam às ordens. Eu nunca soube se aqueles que eu impedi

de sair seriam mortos ou apenas punidos. Imagine ter que viver assim. Foi horrível. Eu

teria morrido com certeza, porém, se um escapasse no meu turno.

Ela ficou mais do que horrorizada ao ouvir isso.

— Um pequeno grupo de nós planejou nossa fuga com sucesso e conseguiu sair do

planeta. Eu a deixaria em algum lugar seguro, mas isso significaria visitar um porto

oficial com as autoridades. Eles me matariam à vista. E eu não confiaria em ninguém para

não te fazer mal se eu te deixasse em uma estação não autorizada. As mulheres são

valiosas no mercado aberto. Você me contou como foi sequestrada. Esses homens

poderiam ter feito de você uma noiva de preço ou vendido você para uma nave de

escravas sexuais quando eles parassem de abusar de você. Esses são basicamente bordéis

ambulantes.

— Eu sei disso, — disse ela em voz baixa. Todo mundo já tinha ouvido falar daquelas

horríveis naves negreiras que viajavam pelo espaço em busca de clientes. Um deles tinha

visitado seu sistema solar duas vezes em sua vida até agora... que ela sabia. Seus pais não

permitiram que ela saísse de casa nas duas vezes, porque às vezes a tripulação dessas

naves visitava colônias apenas para roubar mulheres e meninas.

— Eu matei os piratas para mantê-la segura, Hailey. Não estou dizendo que você

tem que ficar nesta nave comigo para sempre, mas você precisa ficar até encontrarmos

alguém que, sem dúvida, a levará aonde eu não posso ir.


Ela tentou não entrar em pânico. Os clones deveriam ser seres amigáveis. Pelo menos

eles pareciam assim em todos os clipes de propaganda que ela tinha visto na tela de

entretenimento em casa. Ela assumiu que eles foram criados sem tendências violentas....

mas ele acabou de admitir ter matado os homens com quem ele veio. — Eu sou tudo que

meus pais têm. Eu preciso ir para casa.

— Vou deixar você enviar a eles uma mensagem de que você está viva, mas vai levar

algum tempo. Temos que viajar primeiro para um relé de satélite distante.

— Por quê?

— Aqueles duzentos piratas que mencionei? Eles agora estão perdendo uma nave

pirata e tripulação, mas eles ainda não perceberam. Eles logo descobrirão quando nosso

transporte não retornar. O grupo de piratas que administra a plataforma não vai deixar

isso passar. Você nunca abandona essa linha de trabalho. É para toda a vida ou eles te

matam. É uma das razões pelas quais nunca tentei escapar antes. Eu sabia que eles viriam

atrás de mim se eu matasse os homens que me escravizaram. Todos os seus transportes

têm vários rastreadores escondidos por dentro e por fora. Piratas não confiam uns nos

outros. Eu nunca teria sido capaz de perdê-los se tivesse roubado a Cracker.

Ela sabia que ele esperava uma resposta, mas ela não tinha uma. Em vez disso, ela

apenas deu-lhe um pequeno aceno de cabeça para reconhecer que ela o ouviu. Parecia ser

o suficiente quando ele falou novamente.


— Já estabeleci um curso para nos tirar deste sistema solar e estamos indo para longe

dos territórios deles. Eu não tenho tempo agora para fazer uma parada para invadir um

satélite de retransmissão para você enviar uma mensagem. Não podemos transmitir

diretamente desta nave, porque levaria a assinatura da Morgan. Desativei o sistema de

rastreamento, mas as comunicações podem ser rastreadas pelas assinaturas do

computador principal.

— Eu só quero ir para casa, — ela implorou suavemente.

Suas feições se suavizaram. — Vou fazer tudo o que puder para encontrar um

caminho seguro para você retornar ao seu planeta. Só não quero morrer no processo. Não

perca a esperança, Hailey. Vai levar algum tempo, mas eu vou levar você de volta para

seus pais.

Ela olhou para seu corpo novamente e então segurou seu olhar. — O que você quer

de mim em troca? Há sempre um preço.

Ele deu um passo mais perto, e ela recuou. Ele parecia muito mais forte e era maior

do que o homem que a agarrou na rua. Ela não tinha sido capaz de lutar com aquele cara.

Não havia chance de se defender contra Blade.

Ele não avançou novamente.

— Eu não sou nada parecido com aqueles humanos que sequestraram você, Hailey.

Tudo o que peço é que você e eu vivamos em paz nesta nave, e que tente confiar em mim.
Não invada o cockpit para ter acesso às comunicações. Eu gostaria de pensar que pelo

menos uma pessoa não me quer morta, e espero que seja você.

Parecia bastante simples para Hailey, mas as coisas nunca foram. Ele admitiu ser um

clone, no entanto.... Eles não eram pessoas normais. Era possível que ele não estivesse

interessado em sexo. Isso significava que ela estaria a salvo dele atacando.

— Eu peguei os quartos ao lado. Eles não são tão legais quanto este, mas eu quero

que você fique confortável. — Ele sorriu. — Eu vou lá agora para descansar um pouco.

Estou acordado há muito tempo. Precisa de alguma coisa antes de eu ir?

Ela balançou a cabeça.

— Você é bem-vinda para explorar a nave. Estou diretamente à direita, no final do

corredor. Tenho sono leve, então me avise se precisar de algo. As únicas áreas bloqueadas

são o cockpit e os motores.

— Por que os motores?

— É perigoso lá. Certa vez, vi um homem ser morto simplesmente por tocar na coisa

errada. Você pode ser eletrocutada. É apenas para sua proteção.

— Essa é realmente a única razão?

— Eu não vou mentir para você, Hailey. É possível que você considere danificar os

motores. Eu não posso permitir isso. Arrisquei minha vida para salvar a sua. Os piratas

estarão me caçando em breve. Não posso correr o risco de estarmos mortos no espaço,

permitindo que eles capturem qualquer um de nós. Ainda estamos no território deles. As
deles são as únicas naves que atracariam conosco. Confie em mim. Eles provavelmente

vão supor que eu vou querer vingança por me tratarem, e eu sei onde eles moram. Eu

poderia contar às autoridades sobre a plataforma.

— Você vai fazer isso? — Ela perguntou.

— Não. As autoridades não se importarão com as mulheres e crianças inocentes que

vivem na estação de passagem e que foram levadas à força. — Ele fez uma pausa. — Eles

simplesmente explodiriam para matar todos eles.

Ela assentiu, disposta a acreditar nele.

— Não espero gratidão, mas já estive onde você está. Meu primeiro pensamento

quando fui capturado por piratas foi matá-los e causar destruição em massa em seu

centro. Senti que não tinha nada a perder, pois acreditava que eles acabariam me

matando. Eu finalmente percebi que era muito útil para eles matarem, e inocentes

morreriam se eu seguisse com esse plano. Sabotar o centro significaria a morte de

mulheres e crianças também, se o suporte de vida falhasse. Então eu esperei meu tempo

e esperei por um dia em que eu pudesse fugir. — Ele fez uma pausa. — Seus pensamentos

se voltarão para escapar, e eu não vou culpá-la. Eu vou ter que pensar mais que você, se

chegar a isso, para evitar que nós dois sejamos feridos ou mortos.

Então, sem outro olhar, ele atravessou a sala e saiu.


Hailey se sentou na cama, atordoada com tudo o que ele disse. Blade tinha acabado

de admitir que esperava que ela fizesse tudo ao seu alcance para escapar... mas ele não a

havia trancado. Não fazia sentido.

A menos que ele estivesse falando sério sobre não querer machucá-la.

A exaustão arrastou Blade enquanto ele se deitava, mas o sono não veio fácil. Ele

tinha muito em sua mente. Ele precisava de um local seguro para se esconder por um

tempo, mas os piratas levaram sua nave danificada de volta a plataforma. Ele não havia

apagado seu histórico de viagens recentes, incapaz de fazê-lo com o dano que a explosão

havia causado. A maioria de seus sistemas havia sido destruída, mas era possível que os

piratas tivessem conseguido obter alguma informação do computador. Sua base anterior

- em um planeta abandonado e isolado - poderia estar comprometida.

Os piratas começariam a procurá-lo quando a Cracker não retornasse, e eles o

rastreariam, encontrando-o flutuando no espaço com uma tripulação morta. Eles podem

até descobrir os corpos que flutuavam no espaço.

Quando o proprietário da Morgan relatasse o roubo em algum momento, isso

significava que todas as autoridades portuárias e cruzadores da lei estariam atentos a

nave espacial.

E ele também tinha que se preocupar com Hailey. Ela era uma mulher atraente e

saudável... e qualquer um com uma falha em sua moral a veria em margens de lucro.
Ele precisava voltar para o único lugar que ele chamava de lar. Fazia quase dois anos

desde que ele tinha saído sozinho para seguir seu caminho na vida, mas ele mantinha

contato com seus amigos de vez em quando. Ele até os considerava irmãos.

Os outros clones que escaparam com ele do Clone World.

Tinha sido difícil para todos eles aprenderem a viver com a liberdade recém-

descoberta. As discussões começaram quando eles discordaram, ocasionalmente

recorrendo a brigas físicas. Sua ética central era a mesma, mas era impossível agrupar

personalidades fortes sem confrontos. Eles precisavam de separação na época, e todos,

exceto um, partiram por conta própria para começar vidas individuais. Big permaneceu

na estação de mineração abandonada em uma lua isolada.

Big não machucaria Hailey ou tentaria matar Blade para tomá-la para si. Nenhum de

seus amigos clones eram capazes desse tipo de traição, nem podiam tolerar o abuso de

uma mulher de forma alguma. Eles tinham visto o suficiente dessa merda no Clone

World. Ele os uniu de maneiras que o sangue nunca poderia. A confiança havia sido

conquistada, e eles ajudavam um ao outro, apesar de seus argumentos.

Agora ele precisava da ajuda deles.

Blade saiu da cama e desistiu de dormir. Ele pensou em colocar uma camisa.... mas

ele achou legal quando Hailey continuou olhando para seu peito. Ele não viu medo

quando ela admirou seu físico, apenas consciência dele como um homem.

Mas então, isso pode ser uma ilusão.


Ele saiu da cabine de dormir e permaneceu alerta para a presença de Hailey. Seria

bom para ela deixar a cabine do capitão. Ela ficou presa lá por duas semanas.

Não demorou muito para chegar ao cockpit e abrir a porta. Ele entrou e se sentou,

verificando o piloto automático e os sensores de longo alcance. Tudo parecia bem. Ele

fechou os olhos e respirou algumas vezes.

E se Big dissesse não? Seria um risco levar Hailey à base deles, especialmente porque

ele planejava encontrar uma maneira de devolvê-la ao seu planeta quando fosse seguro

fazê-lo.

Era possível esconder a localização dela se ele a mantivesse na Morgan o tempo todo

em que estivessem lá e a trancasse lá dentro. Dessa forma, ela não entraria na estação de

mineração nem conseguiria identificá-la para as autoridades. Ele teria que compartilhar

esse risco com Big, mas faria isso assim que chegassem em segurança. Os piratas nunca

o encontrariam lá. Estava muito longe de seu território e a localização não havia sido

registrada em sua antiga nave espacial.

Ele não falava com Big ou qualquer outro clone há muito tempo, desde que foi

escravizado pelos piratas. Provavelmente todos acreditavam que ele havia morrido. Era

possível que Big não estivesse mais em sua base. Ele não teve nenhum contato com eles

em pouco mais de onze meses e meio. Muita coisa pode acontecer nesse tempo. Blade

estava mais do que ciente desse fato.


Ele estendeu a mão cegamente e tocou o console, abrindo os olhos para digitar o sinal

codificado que ele havia memorizado para ligar a nave ao retransmissor de satélite que

eles haviam roubado e reprogramado. — Pai, esta é sua ovelha perdida. Por favor

responda. — Ele se recostou no banco e esperou.

Longos minutos se passaram, e ele suspirou. Ele estava prestes a desligar os

comunicadores quando uma mensagem finalmente chegou.

— Estou feliz em ouvir de você, filho! Você parece tão afiado como sempre, mas eu

estava doente de preocupação.

Blade sorriu, sentindo imenso alívio. — Eu fiz algumas coisas estúpidas e me meti

em alguns problemas. Eu gostaria de voltar para casa.

— Você sabe que é sempre bem-vindo aqui. É o tipo de problema que pode vir com

você?

Sua diversão morreu tão rapidamente quanto surgiu. — Eu conheci uma garota e....

você sabe como é. A merda atingiu o ventilador e um monte de pessoas não ficaram muito

felizes com isso.

— Quanta merda?

Blade teve que falar com cuidado. Era possível que alguém pudesse hackear o sinal

de transmissão e ouvir a conversa. Eles sempre se certificavam de que suas trocas

parecessem inocentes o suficiente. — O irmão mais velho dela quer me estrangular, e eu


não fiz amizade com os caras para quem trabalhei quando deixei meu emprego para sair

com ela.

— Você pode chegar em casa ou precisa que eu vá buscá-lo? — A preocupação soou

na voz de Big.

— Encontrei uma carona. Eu só não queria aparecer do nada se você tem coisas

acontecendo. — Em outras palavras, ele queria ligar para garantir que alguém

permanecesse na base.

— Você é sempre bem-vindo aqui, filho. Vou pedir à mãe que prepare uma refeição

infernal.

— Ela não deveria ter nenhum problema. Eu só quero entrar em silêncio e relaxar.

— Leve sua bunda para casa, filho. Estaremos prontos para dar uma festa caso você

mude de ideia. A que distância você está?

Ele olhou para a localização da nave e calculou. — Dois dias. Estou trazendo a garota

comigo.

— Vou ver vocês dois então. Há mais alguma coisa que você possa me dizer? Todos

nós estávamos realmente preocupados com você.

— Eu vou te contar tudo quando eu chegar em casa. Eu preciso deixar você ir agora.

Obrigado, pai.

— Tenha cuidado, meu filho mais esperto. Fora.


Blade desligou os comunicadores e começou a mudar de curso - quando ouviu um

leve ruído atrás dele. Ele se levantou rápido e se virou.

Os olhos arregalados de Hailey encontraram os dele. Ela se esgueirou para dentro

da porta que ele deixou aberta.

— Eu não tenho um irmão, e você mentiu para mim. Você disse que era um clone,

mas estava falando com seu pai. Você tem até mãe!

— Isso foi Big. Ele é outro clone, e nós o chamamos de pai. As transmissões podem

ser hackeadas, então sempre falamos em código. É menos suspeito se nos dirigirmos uns

aos outros como membros típicos da família. Não queremos que ninguém suspeite que

somos clones. 'Big brother' é como chamamos as autoridades. Eu disse que eles querem

me estrangular, então Big sabe que eles podem estar tentando descobrir minha

localização. Mãe é o que chamamos de sistemas de defesa em nossa base, e Big estava

inferindo que está em alerta máximo e se preparando para uma briga se alguém estiver

nos seguindo. Detestamos surpresas, daí a referência da festa. Ele estará esperando para

explodir qualquer nave que não seja nossa quando nos aproximarmos.

Ela não parecia convencida quando cruzou os braços sobre o peito e olhou para ele.

Ele imaginou que ela estava tentando parecer ameaçadora, mas ela não o fez. E a raiva

da Hailey era realmente fofa. Ele gostou do jeito que suas bochechas ficaram rosadas e

seus lábios pressionados juntos.

— Big me chamou de 'filho mais esperto' porque meu nome é Blade.


— Por que você o chama de seu pai? Ele é muito mais velho que você?

— Ele é o mais paternal de nós e às vezes gosta de dar palestras. Alguém tinha que

assumir esse papel se estivéssemos usando títulos de família para nos contatar, e ele

também optou por permanecer em nossa base. Apenas fazia sentido. Na verdade, sou

alguns meses mais velho. Fui produzido no mesmo ano que Big.

— Você se arrepende de me salvar?

— Não. Por que você perguntaria isso?

— Você disse a esse homem que tinha feito algo estúpido.

— Sempre que fazemos algo que nos coloca em perigo, chamamos isso de

movimento estúpido. Ele sabe disso.

— Você disse que não era seguro ligar para meus pais, mas você fez uma ligação. Por

que não posso?

— O sinal que enviei foi para um relé privado que apenas outros clones têm acesso

para usar. Está prestes a explodir se alguém tentar assumir o controle ou chegar muito

perto do satélite oculto que protege nossas localizações. Ele embaralha nossos sinais,

tornando-nos indetectáveis. Fazer uma ligação direta para o seu planeta significaria que

eles poderiam nos rastrear.

— Você não pode usar esse relé para entrar em contato com meus pais?
— Não, Hailey. Seu planeta não será capaz de nos encontrar, mas eles encontrariam

o relé e ele seria destruído. Então os clones não teriam uma maneira segura de entrar em

contato uns com os outros. Sinto muito, mas não posso fazer isso.

— Oh. — Ela aliviou o aperto em seus braços.

— Alguma outra pergunta? Eu te disse, não vou mentir para você, Hailey.

— O que vai significar para mim quando formos conhecer essa grande pessoa?

— Não entendi a pergunta.

— Sim, você faz. — Ela recuou o suficiente para parecer pronta para fugir. — Eu

posso ter sido criada em uma pequena colônia de mineração, mas ouço as notícias. Eu sei

o que acontece com as mulheres sem família para protegê-las. Você vai me vender para

algum perdedor que não consegue encontrar uma esposa? Ou pior, você e seu amigo vão

me machucar?

Blade franziu a testa. — Eu nunca te venderia como escrava. Eu estive lá, Hailey. Isso

é o que os clones são. Somos propriedade que alguém encomendou. Somos considerados

apenas corpos produzidos em massa sem emoções ou direitos. É horrível ser tratado

assim. Eu também juro que nunca permitiria que ninguém te machucasse.

Costumávamos limpar essa merda no Clone World. Isso nos adoeceu.

— O que você quer dizer?


— Às vezes os convidados acreditavam que deveriam ter mais do que apenas um

show. Alguns dos artistas foram atacados. Nem sempre os alcançamos a tempo. — A

raiva ferveu em Blade com as memórias.

Ela empalideceu.

— O Clone World deixa o resort lindo e divertido nos anúncios que eles enviam. E é

para os convidados. É outra questão para os clones. Você sabe como o dono pune os

hóspedes que machucam ou matam um clone? Ele os multa o que achar que o dano vale

a pena. Como se sofrer agressão sexual ou morte tivesse um valor monetário. Tudo vai

para o bolso de Rico Florigo. Eu também vi alguns de seus clones pessoais e tive pena

deles.

— Pessoal…

— Ele é um velho pervertido que mantém seu próprio harém, escondido nos quartos

do porão de sua casa. Ele é muito velho e fraco para causar lesões físicas, mas ele as força

a fazer sexo com ele. Isso ainda é abuso. Elas concordam com isso porque um clone inútil

que não cumpre suas funções não tem permissão para viver.

Hailey engasgou. — Como ele pode se safar disso?

— Somos clones e, portanto, não somos vistos como pessoas reais. Não é considerado

abuso ou assassinato para as autoridades porque somos propriedade. Não temos o direito

de dizer não, ou mesmo de viver, a menos que um humano nos permita. A maioria das

pessoas pensam que não temos sentimentos, mas nunca testemunharam o puro
sofrimento de um clone como eu. Matei três homens para evitar que você sofresse esse tipo

de tormento. Eu vi os resultados de um homem abusando de uma mulher, Hailey. Eu

nunca vou permitir que isso aconteça com você.

Ele estendeu a mão para um dos armários e removeu uma faca que havia encontrado

lá mais cedo. Ele ofereceu a ela primeiro. — Aqui.

Ela não aceitou, apenas olhou para ele com surpresa.

— É para sua proteção pessoal. Eu quero que você me apunhale se eu tentar te

machucar. E eu vou deixar. Pegue.

Ela ainda não se moveu.

Ele a colocou no chão e se afastou. — Não é um truque ou um teste. Quero dizer isso.

Mantenha a faca com você, Hailey. Eu quero que você se sinta segura. Você não é minha

prisioneira. Pense em nós como parceiros. Estamos nisso juntos até que eu encontre uma

maneira segura de levá-la para casa.

Ela avançou e pegou a faca, recuando rapidamente. — Eu não sei o que pensar sobre

você, — ela confessou.

— Vamos nos conhecer. Vou alterar nosso curso para nos levar à localização de Big.

Os piratas que me capturaram não sabem disso. Estaremos seguros lá até não sermos tão

caçados. Também me dará tempo para invadir o computador da nave para alterar a

codificação nas transmissões de saída. Isso pode levar algumas semanas. É um trabalho
complicado. Agora, eu realmente preciso dormir um pouco. Estou acordado há mais de

vinte e sete horas, mas não consegui descansar até ter um plano de ação.

— Aqueles piratas estão caçando você, não eu.

Ele arqueou as sobrancelhas. — E você está comigo. Confie em mim, é melhor

esperar que esses piratas não nos encontrem. Não poderei protegê-la se estiver morto.

Ele virou as costas, o que significava que ela tinha a oportunidade de atacar. Ele

retomou seu assento e ajustou o curso do piloto automático, examinando os sensores de

longo alcance novamente. O computador lhe diria se alguém chegasse perto, mas ele só

gostava de ter certeza. Finalmente, ele se levantou e se virou novamente.

Hailey não estava mais na cabine.

Ele parou perto da faca que ela havia colocado de volta.

Isso significava que ela confiava nele? Ou ela estava jogando um jogo? Ele suspirou.

Sua vida se tornou muito mais complicada desde que conheceu Hailey.

Pelo menos não estou mais entediado ou escravizado. Ele sorriu.


Capítulo Três

Hailey limpava quando se sentia nervosa ou com raiva. Ela sofreu essas duas

emoções naquele momento. Faltavam pedaços de carpete na cabine principal. Manchas

fracas e fedorentas estavam no metal nesses pontos vazios, mas agora tinham

desaparecido depois que ela os esfregou com um esfregão.

Ninguém precisava dizer a ela onde a tripulação original havia morrido.

O injetor que ela encontrou atrás do bar tinha sido tentador se seus sequestradores

tivessem morrido de drogas ruins. Hype, uma droga ilegal bem conhecida, era uma

substância verde, e ela suspeitava que era isso que estava dentro do tubo injetor.

Poderia ser usado como uma arma contra Blade se ela o atacasse. Ela o descartou, no

entanto. Ele não a machucou até agora, e o pensamento de ser deixada sozinha na grande

nave era aterrorizante.

Uma busca em toda a nave provou que eram as únicas duas pessoas a bordo. A área

de carga estava cheia de caixotes. O acesso ao cockpit e os motores foram bloqueados.

Blade não tinha mentido sobre isso. Ela limpou as mesas e suspirou.

Ela não sabia o que pensar de Blade. Pode ter sido um erro abandonar sua faca.

Hailey sempre tentou ser uma pessoa razoável. O cara enorme não teria nenhum
problema em atacá-la se quisesse. Ele era forte o suficiente para causar muitos danos. Mas

ele a ajudou em vez disso. Sua mão estava cem vezes melhor depois que ele a tratou.

Ela sentia muita falta dos pais. Eles tinham que estar preocupados. Prospect era um

pequeno planeta com alguns grupos de pequenos assentamentos de mineração próximos

o suficiente para ser considerado uma colônia. Ela nunca viveu sozinha, já que não era

seguro. Alguns visitantes ou trabalhadores temporários podem confundi-la com uma das

poucas mulheres que vendiam seus corpos, usando suas casas como local para fazer

negócios.

Jacob passou por sua mente, e ela sentiu um pouco de culpa. Ele estaria preocupado

com ela também, mas isso não a aborreceu tanto quanto deveria.

Ele começou a cortejá-la meses antes. Ambos eram professores, e ele tinha mais em

comum com ela de todos os outros homens que a convidaram para sair desde que ela fez

dezoito anos.

O problema era que ela não o amava. Ela concordou principalmente em sair com ele

para tirar seus pais de suas costas. Eles esperavam casamento e netos dela eventualmente.

Sua mãe, especialmente, começou a incomodá-la para encontrar um marido. A maioria

das mulheres em seu planeta se casou aos 22 anos. Ela já tinha passado quatro anos disso.

Ela se sentou em uma das cadeiras. Jacob era um homem bonito, alguns centímetros

mais alto que ela e de fala mansa. Ele também a entediava quando eles conversavam. Seu
mundo inteiro parecia girar em torno de seu trabalho como professor de ciências. É por

isso que ela se arrastava quando ele queria que o relacionamento deles progredisse.

Ela já namorou pelo menos uma dúzia de homens por insistência de seus pais, mas

raramente tinha saído duas vezes. Não era como se ela não quisesse encontrar um

marido. Ela só sabia que seria miserável se ela se envolvesse com alguém por quem ela

não tinha sentimentos.

Noventa por cento dos homens que viviam o ano todo em Prospect eram mineiros.

Eles não eram tão dedicados ao banho e suas mãos eram nojentas. Os minerais que eles

extraíram mancharam seus dedos de amarelo. Eles também cheiravam. E se tudo isso não

fosse ruim o suficiente, a maioria dos mineiros achava que a poeira cobrindo sua pele era

considerada boa sorte. Tipo, se o planeta os considerasse parte disso, menos acidentes

aconteceriam no trabalho. Ela tinha um sério problema com um homem sujo querendo

tocá-la.

Os forasteiros que foram contratados para administrar o porto de desembarque

nunca ficaram por muito tempo. Ela tinha visto muitas de suas amigas se envolverem

com eles. Isso nunca resultou em nada além do desgosto de ser deixado para trás. As

promessas de relacionamentos duradouros geralmente eram mentiras. Aqueles homens

sempre saíam quando o trabalho era feito. A maioria nem teve a cortesia de dizer às

mulheres que estavam indo embora. Apenas saiam sem aviso prévio.
Também era um medo razoável que ela ficasse grávida e fosse abandonada, como

muitas outras mulheres, se deixasse alguém levá-la para a cama.

Ela puxou os joelhos para cima e abraçou as pernas. Nunca houve um homem que a

tentou a correr esse risco.

Até conhecer Blade…

As duas semanas que ela passou trancada dentro dos aposentos do capitão lhe deram

muito o que pensar. Principalmente sobre arrependimentos. Ela era uma virgem de 26

anos, o que era um pouco deprimente. Mas em todos esses anos, ela nunca conheceu um

único homem que a tentasse a mudar isso. Ela também concluiu que não queria que sua

primeira exposição ao sexo fosse a experiência de pesadelo que teria sido nas mãos de

seus sequestradores.

Blade era um clone. Ela ouviu uma vez que eles eram todos estéreis, mas não tinha

certeza se isso era verdade ou não. O pensamento de perguntar a ele diretamente a fez

enterrar o rosto contra os joelhos para gemer. Ele salvou a vida dela, e a memória dele

apenas naquela calça comprida continuou piscando em sua mente. Ele tinha muitos

músculos, muita pele dourada. O vislumbre que ele deu a ela do lado de seu quadril foi

a coisa mais próxima que ela viu da metade inferior nua de um homem. Ele também tinha

acabado de tomar banho, e ele cheirava maravilhoso mesmo do outro lado da sala.

— Patético, — ela murmurou.

— O que é?
A voz profunda de Blade a fez levantar a cabeça. Ele estava a poucos metros de

distância. Ele não tinha colocado uma camisa, mas ele mudou para outro par de calças.

Elas pendiam baixo em seus quadris magros e eram de cor cinza claro, acentuando seu

bronzeado. Ele se sentou em uma cadeira em frente a ela e se recostou. A posição esticou

sua barriga lisa e peito largo. Ele descansou seus antebraços grossos nos braços da

cadeira.

— Nada.

Ele olhou ao redor da sala. — Você não precisava arrumar. Eu planejei fazer isso

sozinho. — Ele segurou o olhar dela. — Não há necessidade de você fazer trabalho

manual, mas eu aprecio isso.

— É o que eu faço quando preciso pensar.

— Você deveria ir com calma. — Ele olhou para seu polegar ferido.

— Está ótimo. Você o embrulhou muito bem, e quase esqueço que está doendo, a

menos que eu tente dobrá-lo na junta.

Ele assentiu, voltando sua atenção para o rosto dela. — Você está repassando os

planos de fuga? Maneiras de me matar? Deixei a porta da minha cabine de dormir

destrancada. Isso deve tornar mais fácil para você.

Ele a surpreendeu com as loucuras que ele disse. — Pare com isso.

Ele inclinou a cabeça ligeiramente, olhando para ela com seus olhos azuis escuros.

Eles estavam prendendo. — Eu faria o mesmo.


— Eu não sou forte como você. — Desamparada. É como ela se sentia, mas ela não ia

dizer essa palavra em voz alta. — Eu não posso pilotar uma nave espacial ou hackear os

sistemas de comunicação. Eu nem saberia com quem entrar em contato. Com minha sorte,

eu alcançaria os piratas e os levaria direto para mim. Eu ensino as pessoas a ler, essa é a

extensão da minha habilidade. A maioria dos meus alunos são crianças, mas tenho aulas

noturnas algumas vezes por semana para adultos.

— Como eles chegaram a essa idade sem aprender?

— Algumas famílias são mais pobres do que outras no meu planeta. Eles mandam

seus meninos para as minas trabalharem em vez de irem para a escola. A maioria deles

não tem interesse em aprender até que tenham seus próprios filhos. Caso contrário, é

difícil ajudá-los com a lição de casa.

— As meninas também trabalham nas minas?

— Não. Quer dizer, existem algumas, mas não muitas. A maioria de nós se torna

professora, administra lojas ou trabalha na indústria de cultivo de alimentos. Temos

grandes jardins fora da cidade, onde cultivamos nossos vegetais frescos em estufas para

alimentar a colônia. Muitos suprimentos chegam pelo porto, mas poucos podem comprar

coisas de fora do mundo. Na maioria das vezes, é armazenado lá para que os transportes

o levem para o espaço, para outros mundos.

— Por que as mulheres não trabalham nas minas?


— A mineração é um trabalho árduo e há gases que podem nos prejudicar. E

nenhuma mulher grávida pode trabalhar lá para sua segurança. Elas não ficam grávidas

por muito tempo, ou os poucos bebês que sobrevivem nascem com defeitos dolorosos.

Não somos clinicamente avançados o suficiente para fazer muito para ajudá-los. Minha

colônia é muito pobre.

Ele fez uma careta.

— Exatamente. As meninas são incentivadas a seguir os passos de suas mães e os

filhos trabalham nas minas.

— Você seguiu os passos de sua mãe?

— Sim. Ela ensina matemática. Eu nunca fui boa com números, mas tudo bem porque

esse trabalho já foi assumido por ela. A escola é pequena na minha cidade. Só tenho trinta

e um alunos na minha turma, todos com idades diferentes, e quase uma dúzia de adultos

para os da noite.

— Seu pai trabalha nas minas?

— Sim. Ele sempre sonha em deixar Prospect, mas é só isso. Um sonho.

— Por quê?

— Faço parte da segunda geração nascida no planeta. Meu avô foi um dos primeiros

colonos em Prospect, quando abriram as minas. Uma vez lá, você está meio preso. O

salário não é grande e é caro para se reinstalar. Além disso, mineração é tudo que meu
pai sabe. Trocaríamos uma pedra por outra se nos mudássemos. Estou economizando,

no entanto, para presentear ele e minha mãe com férias.

— Para onde você quer enviá-los?

Ela mordeu o lábio.

— É um segredo?

Ela balançou a cabeça.

— Então onde?

— Eles assistem a muitos daqueles filmes antigos que vêm da Terra…

— Clone World. — Ele fez uma careta.

— Eu não queria te chatear. E não vou enviá-los para lá agora, depois do que você

me disse. Talvez eles possam visitar Jebler, embora eu economize muito mais nesse caso,

já que esse planeta é mais distante. Não oferece pacotes de desconto.

— Você fez muita pesquisa.

— Eu cresci ouvindo meu pai falar sobre o quanto ele queria ver as estrelas e visitar

outro mundo pelo menos uma vez antes de morrer. Tem sido um sonho de toda a vida

dele. Ele desce ao porto espacial para observar as naves decolarem e pousarem em seu

tempo livre. Ele fez amizade com a segurança, e eles vão deixá-lo dar uma espiada dentro

das embarcações quando uma está ancorada por qualquer período de tempo. É como eu

sabia sobre algumas das características dos aposentos do capitão na Morgan.


Blade assentiu. — No que você estava pensando quando entrei pela primeira vez?

— Ele perguntou, mudando abruptamente de assunto.

— Nada que vale a pena compartilhar.

— Discordo. — Blade sorriu. Isso mudou suas feições de apenas bonitas, para

dificultar a respiração dela. Ele era muito bonito.

— Eu estava apenas contemplando minha vida.

— Vou mantê-la segura, Hailey. Pare de se preocupar se você tem um futuro. Você

faz. Eu vou te levar para casa de alguma forma, em algum momento. Isso é uma

promessa.

— Eu estava pensando mais sobre o meu passado, — ela admitiu.

— E quanto a isso?

Ela decidiu mudar de assunto novamente. — Como é ser um clone?

Seu sorriso desapareceu. — Estou tão vivo quanto você. Sinto as mesmas emoções

que você. É isso que você quer saber?

— Eu não estava tentando te insultar. Eu só estou curiosa. Você é o primeiro que eu

conheço, e eu não sei muito sobre o seu tipo.

— O que você quer saber?

— Você come comida?

— É claro.

— Eu já sei que você dorme...


— Eu preciso de menos do que você, mas isso é genética.

— Mas você é basicamente humano?

— Basicamente. Fomos criados a partir de material genético humano e depois

manipulados dentro de um laboratório. Eles excluem quaisquer falhas hereditárias e,

para colocar em termos muito simples, eles nos ferram até que sejamos mais fortes e

saudáveis do que a maioria dos humanos. Nesse ponto, eles nos crescem em uma espécie

de útero artificial, embora muito maior que um real, já que nos fazem crescer até

chegarmos à idade que desejam. Depende do uso para o qual o clone foi criado. Clones

médicos, por exemplo, parecem mais velhos do que eu. Ouvi dizer que isso faz os

humanos se sentirem mais à vontade com seu conjunto de habilidades. Na idade

desejada, eles atrofiam o crescimento e o prendem.

— Como eles fizeram isso?

— Eles sequenciam as células para duplicar da mesma maneira, repetidamente.

Significa que eu não envelheço. Sem essas células sendo alimentadas por novas a cada

três meses, meu corpo começaria a se decompor. Eu morreria em questão de meses.

Também não é uma morte bonita. As lesões vão abrir e eu não vou curar. Meus órgãos

internos começarão a falhar. — Sua voz se aprofundou. — É assim que somos diferentes.

— Como você está vivo se você deixou o Clone World?


— Eu roubei plasma clone de transportes. Os piratas com quem eu morava tinham

muito disso por invadir essas mesmas naves espaciais. Eles me deram, já que é inútil para

os humanos. Eles só guardaram os mantimentos que roubaram de JDJ.

— Pensei que plasma fosse apenas sangue. Devemos doá-lo ao nosso hospital em

Prospect, para que tenhamos um bom suprimento à mão caso haja um acidente na mina

e muitos mineiros se machuquem. É obrigatório a cada seis meses para todos.

Ele balançou sua cabeça. — O plasma clone é diferente e foi criado para funcionar

apenas em nossos corpos.

Ela colocou os pés no chão, a preocupação a enchendo. Medo, também. Ela precisava

dele. Ele sabia como pilotar a nave em que eles estavam. — O que você vai fazer agora?

— Ela não queria que ele morresse nela.

— Eu tenho suprimento para um ano comigo. Tirei-o da outra nave antes de

desencaixá-la e deixá-la flutuando no espaço. Eu sempre carrego pelo menos isso para

onde quer que viajo por causa de como fiquei preso uma vez. É melhor estar preparado.

Big e eu conseguiremos mais se ele já não tiver um estoque. Existem vários transportes

mensais da JDJ Clone Corp, na Terra, para o Clone World. A CW suporta mais de

oitocentos clones, o que significa que eles precisam de remessas constantes. Cada

transporte carrega o suficiente para durar muito tempo.

Ela relaxou. — Bom. Quero dizer, que você vai ficar bem.
— Você poderia procurar meu esconderijo e destruí-lo. Preciso de uma infusão nos

próximos dias.

Ele a chocou novamente. Não estava ficando agradável. — Porque eu faria isso? Eu

lhe disse que não posso pilotar uma nave espacial e não sou tecnologicamente experiente.

Eu não quero te matar, Blade. Isso seria cometer suicídio, e eu não quero morrer. Alguém

já lhe disse que você é um pouco paranoico?

Ele sorriu. — Já fui acusado disso antes. Eu simplesmente não consigo entender como

você pode aceitar essa situação com tanta naturalidade.

— Eu não sou idiota. Eu preciso de você. Caso contrário, eu poderia muito bem me

trancar nos aposentos do capitão até ficar sem ar, comida ou água. Prefiro evitar isso. Eu

pensei que era assim que eu poderia sair antes de você me encontrar. Sou grata a você.

— Justo. Você tem alguma outra pergunta?

— Como você conseguiu seu nome?

— Sou muito bom em atirar facas e usá-las. O humano encarregado de supervisionar

os clones recém-despertos acreditava que eu estava com defeito. Acordei com alguma

fraqueza nos membros e cambaleei quando me levantei. Meu sistema nervoso não era

falho, era apenas uma falta de ingestão nutricional durante o transporte. Clones

defeituosos são destruídos e um substituto é enviado. Então eu peguei uma lâmina de

seu cinto para mostrar a ele que não havia nada de errado com meus reflexos. Joguei sua
faca e matei um inseto do outro lado da sala. Ele ficou impressionado o suficiente para

me reavaliar e me deu o nome de Blade.

— E seu amigo, Big?

— Ele é um pouco maior do que eu. Isso fez de mim o segundo mais alto em

segurança. O responsável deu uma olhada nele e disse, 'droga, ele é grande.' Ficou preso.

— Já pensou em mudar de nome?

— É o único que eu já conheci. Como você conseguiu seu nome?

— Meus pais escolheram quando eu nasci. Eles acharam bonito.

— Isso é. Já pensou em mudar?

Ela sorriu, divertida. — Ponto feito.

Ele se inclinou para frente e se levantou. — Está com fome? Estou morrendo de fome.

— Posso te fazer mais uma pergunta?

— Claro.

— Um...

— Basta perguntar, Hailey. Você não vai me ofender.

— É... é verdade que os clones são estéreis?

Seus lábios se separaram, fecharam e abriram novamente. — É verdade. Não

podemos reproduzir. Fomos projetados dessa forma. O que fez você fazer essa pergunta

em particular?

Ela baixou o olhar. — Nada. Apenas curiosa.


Blade não acreditou nela. Ele poderia adivinhar onde estão seus pensamentos, já que

ela mencionou sua esterilidade.

— Posso ser um clone, mas tenho todas as mesmas necessidades e partes sexuais que

qualquer outro homem. Dito isto, eu nunca forçaria meu caminho para sua cama. Eu não

sou um estuprador, então pare de se preocupar com isso. Não há necessidade de você se

preocupar com o fato de eu engravidá-la também. Você está segura.

— Não estou preocupada que você me ataque.

Ele fez uma pausa, estudando-a. — Bom. — Ele se virou e a deixou na sala de estar

para entrar na cozinha. A nave espacial estava bem abastecida e a carga cheia de

suprimentos, incluindo mais comida. Ele jogou fora todos os mantimentos dos armários

que já haviam sido abertos e removeu algumas das caixas lacradas para verificar o

estoque que restava.

Um leve ruído o alertou de que Hailey o seguira. Ele se virou, olhando para ela.

Ela ficou perto da porta. — Posso ajudar?

— Escolha algo que soe bem e eu hidrato.

Ela se aproximou dele e começou a ler os rótulos dos pacotes dentro da caixa que ele

abriu, removendo um. — Este.

Ele sorriu, pegando-o dela. — Gosto do bife e do molho com batatas também.
— Havia muitos deles na cozinha dentro dos aposentos do capitão. Nunca comi uma

comida de tanta qualidade. Não podíamos comprar essas coisas em casa. A carne é super

rara, já que a maior parte do nosso gado é para produzir laticínios e não para comer. Às

vezes, quando se morre de velhice ou por acidente, vendem essa carne. Mas é caro.

— O dono desta embarcação é rico. Há grandes caixotes de pacotes de comida no

porão de carga. Vamos comer bem por muito tempo.

— Isso é bom. — Ela sorriu de volta. — Não posso reclamar que estou sofrendo,

estando a bordo da Morgan.

Ele poderia se relacionar. A nave de luxo era muito maior e mais bonita do que sua

última nave, além disso, ele gostava de compartilhá-la com uma mulher. Hailey tinha

uma voz agradável e ele a achava muito atraente. Ele só esperava que ela falasse sério

quando disse que não o temia e não tinha planos de causar-lhe mal.

Ele prendeu o pacote no hidratante alimentar e apertou um botão. O saco inflado

como água quente misturada com o conteúdo. Demorou menos de um minuto para

terminar. Ele a removeu, abriu a tampa e despejou o conteúdo em um prato.

O cheiro de comida fez seu estômago roncar. Ele ficou muito tempo sem comer. Ele

pegou o prato, oferecendo-o a ela.

— Obrigada.

— De nada. — Ele pegou um pacote de comida para si e hidratou-o, muito consciente

de que ela se movia para a mesinha atrás dele.


Ele abriu uma das unidades de armazenamento a frio para retirar duas bebidas e

colocou uma perto dela. Ele pegou sua própria comida e dois jogos de talheres. Eles não

falaram quando ele se sentou em frente a ela e comeu sua própria refeição. Era um silêncio

confortável.

Ele terminou primeiro e se levantou, preparado para sair da área da cozinha, mas ela

falou, parando-o.

— Não vá.

Ele retomou seu lugar. — Você tem algo em mente?

Ela balançou a cabeça. — Eu estava meio que enlouquecendo por ficar sozinha por

tanto tempo. Eu não estou acostumada a isso. Eu moro com meus pais e quando não estou

com eles, estou ensinando meus alunos. Não sei como você vive no espaço o tempo todo.

— Fica muito solitário.

Ela parou de comer e olhou para ele. — Você fica sozinho?

— O tempo todo. Eu também me sentia assim quando estava com os piratas. Havia

mais de duzentas pessoas morando na plataforma, mas a maioria não falava comigo. Eles

não me viam como alguém que desejavam conhecer. Eu acredito que eles pensam que eu

sou mais um andróide carnudo do que uma pessoa real com sentimentos.

— Não te vejo assim.

— Estou feliz. Você tem mais perguntas sobre clones?

— Acho que você cobriu todas as coisas importantes.


— Bom. Eu quero que você fique à vontade comigo.

— Por que você não vive com outros clones se você está sozinho? Tipo Big?

— Eu fiz. Seis de nós escapamos juntos do Clone World e, a princípio, nos instalamos

no lugar que chamamos de lar. Nossa casa é espaçosa, mas começamos a discutir.

— Por quê?

— Você nunca tem desentendimentos com sua família?

Ela assentiu. — É claro.

— Então provavelmente é a mesma coisa. Nós colidimos. Assim como os humanos,

os clones fazem isso quando ficamos entediados ou frustrados. Então decidi sair e viajar

um pouco. Aprendi a me arrepender dessa decisão.

— Porque você sentiu falta deles?

— Sim.

— Por que você não voltou?

Ele suspirou. — Orgulho, a princípio. Somos competitivos por natureza. Eles nos

criaram para ser assim. Para ser o melhor. Pensei em adquirir muitos suprimentos e voltar

em algum momento, quando sentisse que poderia ter o suficiente para impressionar os

outros. Em vez disso, meu motor explodiu e fiquei preso no espaço. Os piratas me

encontraram e me capturaram.

— Bem, você vai voltar agora.

Ele assentiu. — Você estará mais segura lá.


— Lamento que você tenha perdido sua nave, Blade.

— Não lamente. A Morgan é uma nave impressionante e o porão de carga está cheio

de suprimentos. Não vou voltar para casa de mãos vazias. Mas sua segurança é minha

primeira preocupação, mesmo que esta seja uma embarcação de baixa qualidade e não

tenhamos nada. Meu orgulho não vale sua vida. Ficaremos lá um pouco até que Big e eu

tenhamos um plano para levá-la para casa, para sua família. Nós vamos, Hailey. É uma

promessa. Eu não quebro minha palavra.

— Obrigada.

— Poderemos enviar uma mensagem para sua família assim que chegarmos à base.

Big montou um sistema de retransmissão separado que embaralha a fonte de sinais de

transmissão, para evitar que eles sejam rastreados até sua localização.

Ela sorriu. — Obrigada. Eu sei que meus pais devem estar ficando loucos. Eu sou

tudo o que eles têm.

— Estaremos lá em dois dias.


Capítulo Quatro

Hailey procurou por Blade depois que ela acordou. Ela checou seu quarto primeiro.

Ele também não estava na sala de estar ou na cozinha. A porta da cabine se recusou a

permitir seu acesso, e a última vez que ela o encontrou lá, ele manteve a porta aberta. Ela

apertou o botão para alertá-lo de que estava lá, mas não houve resposta de dentro.

As outras portas do quarto da tripulação se abriram quando ela as acessou, mas

também estavam vazias. Ela finalmente se aproximou do porão de carga e encontrou a

porta já aberta. Ela se arrastou para frente lentamente, olhando para dentro.

A visão de Blade ajoelhado na frente de um painel de parede aberto a parou em seu

caminho. Ele havia tirado a camisa e parecia estar usando o material para limpar um

fluido escuro que se derramou no chão. Seus músculos se contraíram quando ele a soltou

e alcançou dentro da parede para puxar algo. O metal rangeu, então ele arrancou um

cano, colocando-o ao lado de sua perna.

— Oi.

Ele torceu a cabeça e encontrou seu olhar. — Bom dia.

Ela entrou no quarto. — O que você está fazendo?

— Estou consertando os danos causados nas portas de ancoragem. Elas só podem

ser abertas e fechadas manualmente agora. A hidráulica foi arruinada quando os piratas
abordaram à força. — Ele apontou para o cachimbo que havia removido. — Estou

substituindo.

— Posso ajudar?

Ele se levantou e a encarou. Uma substância parecida com graxa manchou seu peito

nu, onde parecia que ele havia sido respingado por ela, e ela deu uma olhada melhor em

suas mãos. Elas estavam cobertas pelo fluido escuro. Parte disso estava em seus braços

também.

— Não. É um trabalho confuso. Eu gosto muito do vestido que você está usando.

Azul claro é a sua cor.

Ela esperava que ele não percebesse que ela queria ficar bem para ele. — Obrigada.

A Sra. Redmore, a esposa do proprietário, não parece gostar muito de calças. A maioria

das roupas em seu armário são assim. Eu me sinto um pouco vestida demais. — Então

ela percebeu que ele poderia confundir suas palavras e rapidamente explicou. — Quero

dizer, as roupas dela são muito mais chiques do que eu normalmente uso.

Ele sorriu. — Bem, você está linda. Eu gostaria que você me fizesse companhia.

Escolha qualquer caixa e sente-se.

O elogio a fez sorrir. Ela encontrou um caixote perto dele e pulou nele, ficando

confortável. — Como você aprendeu a consertar coisas?

Ele se ajoelhou e concentrou sua atenção no painel aberto. — Meus deveres no Clone

World incluíam saber tudo sobre as embarcações que visitavam o resort. Eu procurava
frequentemente por clandestinos. E eles não apenas se esgueiraram a bordo. Às vezes, os

donos dessas naves tentavam contrabandear clones.

— Então você os procurou.

— Sim. — Ele se inclinou e pegou algo de uma caixa de ferramentas. — As coisas

precisam ser consertadas se você quebrar alguma coisa. Caso contrário, os hóspedes

ficam chateados se você os fizer deixar o planeta com problemas em seus transportes.

— Isso inclui hidráulica?

Ele riu. — Digamos apenas que nem todos os convidados receberam uma equipe de

segurança para revistar suas naves. Eu tive que forçar a abertura de algumas portas no

meu tempo. Supervisionei os reparos e tenho boa memória. Já vi isso acontecer centenas

de vezes.

Ela olhou nervosamente para as grandes portas a poucos metros à sua esquerda. —

Elas não vão abrir acidentalmente, vão? — Seria catastrófico. Eles seriam sugados para o

espaço e mortos.

— Não. Estamos a salvo. Desativei o painel e até fechei as blindagens secundárias

sobre esta seção, apenas por precaução.

— Essas são como portas extras para proteger a nave dos impactos de detritos

espaciais, certo?

— Sim. Todas as naves Varlius vêm equipados com elas. É também uma segurança

extra contra violações forçadas. Felizmente, a tripulação que morreu não sentiu que
precisava usá-las ou não estava ciente dessa opção. Conseguimos embarcar facilmente.

As blindagens secundárias só podem ser ativadas sem gravidade exterior. Sou grato por

isso.

— Por que você diz isso?

— Eu te disse. Tive que forçar minha entrada em alguns desses ônibus espaciais.

Teria sido muito mais difícil se a blindagem secundária protegesse todos os pontos de

entrada. CW não tem uma doca espacial. As naves devem pousar em um porto de

desembarque, o que significa que eles estão em uma atmosfera semelhante à da Terra

quando visitam, tornando os escudos secundários inúteis. Eu teria pedido a você que

deixasse o porão de carga e selado as portas da nave se estivéssemos em perigo de

descompressão. Eu não arriscaria sua vida.

— Por que consertá-lo?

— Eu gosto de tudo em um ônibus funcionando. Especialmente um tão bom como

este. Parece errado deixar assim. — Ele encolheu os ombros. — Além disso, eu tenho

algum tempo de inatividade. Eu gosto de me manter ocupado.

Hailey o observou trabalhar enquanto trocava o cano por outro e o enchia de fluido.

Seu corpo a fascinava. A visão disso também fez coisas engraçadas para seu estômago;

sentia um pouco de vibração cada vez que os músculos de Blade se flexionavam e se

moviam sob sua pele bronzeada. Ele era lindo e forte. Ela não conseguia desviar o olhar.
Ele finalmente terminou o reparo e fechou o painel. Ele usou sua camisa para limpar

mais a bagunça, então se levantou, sorrindo quando olhou para ela.

— Eu terminei. Eu vou limpar o resto disso mais tarde. Vou tomar banho.

— Você pode usar o meu, — ela desabafou. Calor rastejou em suas bochechas

quando ela percebeu como isso deve soar. — Quero dizer, tem vinte bicas... — Ela limpou

a garganta. — Você tem essas coisas em cima de você. Provavelmente vai limpar melhor

no meu.

— Eu apreciaria isso.

Ela deslizou para fora do caixote. — Está com fome? Eu poderia fazer algo para nós

enquanto você usa minha cabine. — De jeito nenhum ela entraria em seu quarto enquanto

ele tomava banho. Seria muito tentador para ela dar uma espiada para vê-lo totalmente

nu. Ela já estava muito curiosa sobre como ele seria.

— Seria ótimo. — Ele se aproximou um pouco mais, elevando-se sobre ela. — Por

que você está sendo tão legal comigo?

— Por que eu não seria?

Ele arqueou uma sobrancelha.

Porque você é o homem mais bonito que eu já vi. Mas ela não estava prestes a dizer isso a

ele. — Você salvou minha vida. — Ela deu de ombros. — E estamos nisso juntos. Não

vou envenená-lo, Sr. Paranoico.

Ele riu. — Eu agradeço. Obrigado.


Ela não sabia o que a possuía, mas estendeu a mão e tocou levemente um ponto

limpo na parte superior do peito com a ponta dos dedos. Sua pele estava firme e quente.

Ela gostava de tocá-lo. — Você fica muito melhor quando não está coberto de graxa.

Hailey se afastou rapidamente e saiu da área de carga. O calor aqueceu suas

bochechas. Ela não tinha certeza do que a tinha possuído para flertar com Blade.

Bem... havia sua aparência. Mas era uma ação que ela já lamentava. Sua mãe ficaria

horrorizada por ela tocar o peito nu de um homem. Simplesmente não era feito a menos

que uma mulher levasse a sério um homem, e mesmo assim, eles nunca tocavam em

qualquer lugar que as roupas geralmente cobriam.

Blade a fascinava, e ela teve que admitir a atração que sentia por ele. Ele não tinha

feito nada para machucá-la. O contrário, na verdade. Ela se sentia segura com ele. Pode

ser porque ele era um clone, tornando-o diferente de qualquer outro homem que ela já

conheceu.

Ela entrou na cozinha e escolheu as refeições, hidratando-as com água quente, depois

escolhendo duas bebidas. Ela arrumou a mesinha, tentando deixá-la bonita.

Foi quando ela congelou, percebendo que ela estava agindo como se isso fosse um

encontro, e ela o convidou para comer em sua casa. Exceto que seus pais não estavam lá

para ser acompanhantes. E ela não convidava homens para sua mesa. Sua mãe era quem

fazia isso, geralmente sem nem perguntar primeiro, tentando armar para ela.

— Merda, — ela murmurou.


— O que há de errado?

Ela pulou, assustada, e encarou Blade. Seu cabelo escuro estava molhado e penteado

para trás. Ele escolheu uma camiseta preta justa que revelava seus ombros largos e braços

musculosos. Também enfatizou sua cintura estreita e barriga lisa. As calças pretas

combinando eram do tipo que os homens dormiam.

— Foi um banho super-rápido.

Ele sorriu. — Eu estava motivado a me apressar. O que você escolheu para nós esta

manhã?

— Omeletes de queijo e carne com batatas. Espero que goste desses.

— Eu faço. Obrigado. — Ele se sentou ao lado de onde ela estava, pegou seus talheres

e colocou o guardanapo de pano sobre o colo.

Ela se sentou, percebendo o quão perto ele estava. — Não foi problema. Não é como

se eu realmente tivesse que cozinhar.

— Você pode fazer isso? Fazer refeições com ingredientes crus?

— É claro.

Ele arqueou as sobrancelhas, parecendo divertido. — Eu sinto muito. Eu não quis te

insultar. Parece que talvez eu tenha. Eu vivi no Clone World a maior parte da minha vida,

então não sei muito sobre humanos ou que tipos de habilidades são consideradas normais

para você.
— Bem, não posso falar por todos, mas em Prospect, não somos tão modernos quanto

outras colônias. Mencionei que cultivamos a maior parte de nossa comida. Existem

apenas alguns estabelecimentos de alimentação que vendem refeições na colônia.

Algumas pessoas contratam a esposa de outra pessoa para fazer porções extras do que

ela está servindo no jantar. Isso é o que a maioria dos homens solteiros fazem, se não

tiverem um membro da família para preparar as refeições para eles.

— Por que apenas homens solteiros?

— Bem, homens casados têm esposas, cujas mães as ensinaram a cozinhar. É... — Ela

suspirou. — É antiquado lá. Não é como se tivéssemos muita escolha. Os mineiros

ganham mais dinheiro, mas trabalham muitas horas para ganhar esse salário. As

mulheres não podem trabalhar nas minas até que estejam além da idade fértil. Caso

contrário, só nos oferecem empregos de baixa remuneração, se formos jovens e saudáveis,

e todas as tarefas domésticas são deixadas para nós. É apenas esperado.

— Que tipo de tarefas?

— Limpando, cozinhando, lavando roupa e criando qualquer criança. Mesmo os

homens que não trabalham nas minas esperam esse tipo de serviço das mulheres.

— Você não parece feliz com isso.

Ela debateu se deveria ser honesta ou não enquanto olhava em seus olhos azuis

escuros. Já havia causado discussões na mesa antes, geralmente com seus pais. Blade não

eram eles, no entanto. — Eu entendo que trabalhar em uma mina é fisicamente


desgastante, mas não acho justo que as mulheres façam todo o resto. Os homens deveriam

pelo menos ajudar. Eles têm dias de folga. Não é assim que funciona, no entanto. Meu

pai chega em casa e minha mãe o atende de pés e mãos. Nunca vi meu pai lavar a louça,

limpar a sujeira ou até mesmo se oferecer para levar o lixo para fora. Tudo recai sobre

minha mãe e eu.

— Isso não soa justo.

— É a mentalidade que todos em Prospect têm. — Ela deu uma mordida em sua

comida, surpresa por Blade ter concordado com ela. Isso a fez gostar ainda mais dele.

Nenhum homem de seu planeta jamais teria dito uma coisa dessas.

— Isso significa que um dia quando você se casar, você terá que estar com um

homem que não te ajuda?

Ela baixou o olhar. — Sim. — Ela largou o garfo, sentindo a necessidade de confessar.

— Eu estava namorando um colega professor. Meus pais têm me pressionado muito para

me casar, e minha mãe continuou convidando Jacob para jantar. Ele não era tão ruim

quanto alguns dos outros homens que tentaram me cortejar, e ele respeitava meus limites,

então eu continuei concordando em compartilhar as refeições com ele. Eu pensei que

talvez ele fosse diferente da maioria, já que ele é um colega de ensino.... mas ele não é. Ele

declarou abertamente o que esperava de mim como sua esposa.

— Você está noiva? — Sua voz se aprofundou.


Ela levantou a cabeça para encontrar seu olhar azul escuro preso nela. — Não. Jacob

mencionou casamento, mas continuo adiando. Eu não tenho sentimentos por ele. É só

que... meus pais vão empurrar outra pessoa para mim se eu me recusar a namorar mais

com ele. Jacob sempre foi muito respeitoso comigo. Outros homens não foram.

— O que exatamente isso significa? — Ele parecia zangado agora.

— Outros homens tentaram me tocar e me beijar, embora eu não quisesse. Jacob

sempre foi um perfeito cavalheiro. Eu nunca tive que me preocupar em ficar sozinha com

ele se meus pais saíssem da sala. Ele também nunca disse coisas grosseiras para mim. Eu

experimentei isso também. Alguns homens descreveram o que querem fazer comigo em

detalhes gráficos.

Blade definitivamente parecia zangado. Ele parou de comer, largou os talheres e

apertou as mãos na beirada da mesa. — Seu pai deu um soco neles?

Ela balançou a cabeça, surpresa com a pergunta. — Eu não queria ganhar a reputação

de causar problemas. Isso certamente aconteceria se meu pai batesse em qualquer um dos

meus pretendentes. A colônia é um lugar pequeno, Blade. Então eu nunca disse a ele.

Apenas me recusei a ver alguns homens novamente alegando que não éramos

compatíveis. Meus pais não querem que eu seja infeliz. Eles só querem me encontrar um

marido.

— E você quer voltar lá?

Ela deu de ombros. — É onde meus pais estão.


Ele abriu a boca para dizer algo, mas um bipe alto começou a soar, surpreendendo

os dois. Blade se levantou rápido e correu para longe. Hailey hesitou, então correu atrás

dele. Ele era muito rápido, mas ela imaginou que ele deveria estar indo para a cabine.

O barulho continuou. Era algum tipo de alarme. Ela se preocupou com o que isso

poderia significar, certa de que não poderia ser bom.

Ela alcançou a porta da cabine para encontrá-la aberta e Blade sentado, suas mãos

voando sobre os controles. Ela ofegou, parando atrás dele para agarrar as costas de sua

cadeira. Um espaço escuro e aberto encontrou seu olhar enquanto ela olhava pela grande

janela da frente.

— O que é isso? O que há de errado, Blade?

O bipe parou depois que ele estendeu a mão e apertou um interruptor. — Duas naves

estão se aproximando de nós rapidamente. — Ele fez uma pausa. — Merda.

— São as autoridades?

— Não. É a Dorby e a Rezzel.

— Não sei o que isso significa.

— São dois grandes cargueiros piratas. Eles transportam coisas de e para a Estação

Kellerton para a plataforma. Evitei a rota principal que eles normalmente tomam, mas

eles devem ter mudado de rumo para evitar o tráfego de transporte padrão.

— Eles vão nos atacar?


— Eles são piratas, e nós estamos em um ônibus de luxo. Somos um alvo muito

tentador para resistir. Aperte o cinto, Hailey.

Ela se moveu para o outro assento e se sentou, mexendo nos cintos. — Estou com

medo, — ela admitiu trêmula.

— Eles não vão querer nos explodir. Eles só vão tentar nos desabilitar. Essa é a boa

notícia. Nós também não somos impotentes. Essas naves Varlius têm armas. Vou tentar

fugir e vencê-los.

— Você acha que eles vão nos pegar?

— Eu não vou permitir que eles nos embarquem vivos.

Isso não ajudou a aliviar seu medo. Ela sentiu fortes vibrações sob seus pés descalços

tocando o chão, e até mesmo através da cadeira. As luzes do teto piscaram.

— O que está acontecendo?

— Alguma energia está sendo desviada para aumentar nossa velocidade. Está bem.

Podemos perder gravidade se os estabilizadores forem afetados. Apenas fique com o

cinto.

Ela viu algo aparecer no canto direito da janela. Sua boca se abriu quando ela

percebeu o que era.

Uma nave muito grande com um corpo comprido apareceu à distância. Em questão

de segundos, outra se seguiu.

Os cargueiros e o Morgan pareciam estar indo um para o outro.


— Estamos voando para eles?

— Temos que passar por eles. Eles simplesmente estavam vindo da direção que

precisamos ir.

As naves estavam ficando maiores e mais próximos. — Por que não podemos virar

para o outro lado e fugir?

— Tenho certeza de que eles já estão transmitindo nossa localização para todas as

naves piratas. Precisamos sair do Setor Nornor. Está cheio de piratas. Este é o caminho

mais curto.

Uma pequena luz vermelha saiu disparada de uma das outras naves. Ela não tinha

certeza do que era, mas Blade amaldiçoou e ela sentiu o chão e sua cadeira vibrarem com

força novamente.

Então as duas naves pareceram sumir de vista.

— Eles se foram?

— Não. Eles ainda estão lá. Você simplesmente não pode vê-los agora. Estou

tentando evitar que sejamos atingidos.

— Por eles?

— O Rezzel abriu fogo contra nós.

Ela queria gritar quando outra explosão de vermelho passou pela janela de

visualização da frente. Não bateu, mas chegou perto. Em vez disso, ela engasgou quando

seu corpo puxou para a esquerda antes de ouvir um som alto.


— Estamos fugindo deles agora?

— Não. Eu tive que me virar, já que as armas dos modelos Varlius estão localizadas

na parte de trás entre os propulsores. — Ele fez uma pausa. — Vamos... vamos.... Sim!

— O quê? — Ela torceu a cabeça, olhando para ele.

— Impacto. — Ele soltou um dos controles para socar o ar com um punho antes de

agarrá-lo novamente.

— Fomos atingidos!?

Ele virou a cabeça e lançou-lhe um sorriso atrevido. — Não nós. Eles. E não estou

apenas tentando desativá-los. Foi um golpe devastador. O Rezzel parou de perseguir. —

Ele olhou para frente novamente, seu foco na pequena tela no console na frente dele, que

ela não podia ver muito bem.

— E quanto a outra nave?

— Ainda perseguindo. Estou atirando neles agora.

Ela ouviu outro som sibilante. — É isso que é esse barulho?

— Sim.

Longos segundos se passaram. Ela não aguentava mais.

— Nós batemos neles?

— Eu os cortei, mas eles não estão desativados. Cargueiros são difíceis de destruir

por causa de seu tamanho enorme. Mas... o Dorby está interrompendo a perseguição.

— Por que você está franzindo a testa? — Isso soou como uma boa notícia para ela.
— Isso foi muito fácil.

Ela viu algo com o canto do olho e se virou. Ela viu as duas grandes naves novamente

no canto mais distante da janela. Elas estavam a uma certa distância agora, em vez de

voar perto um do outro como antes.

— Não, não foi, — ela protestou. — Meu coração está batendo forte e isso foi muito

assustador.

— O Dorby está indo em direção ao Rezzel. Talvez tenham sido criticamente atingidos.

É possível que eles abandonem a nave e precisem de ajuda para sobreviver. Isso, ou…

— Ou o quê?

Ele olhou para ela. — Ou há mais naves piratas por perto e eles pararam de atacar

porque outros nos alcançarão em breve. Os cargueiros são volumosos e mais difíceis de

manobrar para evitar serem alvejados. Lançadeiras e transportes menores serão mais

difíceis para mim.

Ela empurrou para trás em seu assento, seu olhar fixo cautelosamente nas duas naves

que passavam por eles. Eles mantiveram distância, e Blade estava certo – as duas naves

estavam se movendo uma ao lado da outra, provavelmente atracando para permitir que

as pessoas no cargueiro danificado alcançassem a outra.

— Não estou lendo nenhuma outra nave em scanners de longo alcance, mas eles

podem estar se escondendo atrás de um planeta ou outros obstáculos que os esconderão.

— O que nós fazemos?


— Estou ajustando o curso para nos dar uma almofada entre qualquer coisa grande

o suficiente para eles usarem como escudo. Devemos ter um aviso suficiente para agir, se

for esse o caso.

— Mas isso aconteceu tão rápido. Achei que sensores de longo alcance nos avisariam

se as naves estivessem a uma hora ou mais de distância?

— Eles normalmente fariam, mas você vê aquela lua? — Ele apontou para uma

grande lua branca surgindo na extrema direita.

— Sim.

— Eles provavelmente estavam viajando em um caminho que os bloqueou de nossos

sensores e não apareceram até passarem por aquela lua.

Ela olhou para a grande bola branca. — Você acha que mais deles estão do outro

lado?

— Nós vamos descobrir em breve. É uma coisa boa que acabamos de comer. Não

vou sair da cabine novamente até que estejamos longe do Setor Nornor. Eu quero estar

aqui no caso de sermos atacados novamente.

Ela virou a cabeça para estudá-lo. Ele relaxou em seu assento e realmente desafivelou

seus cintos.

— Estamos seguros agora?

— Sim.

Hailey temia que isso pudesse mudar a qualquer segundo.


Capítulo Cinco

Hailey levou duas bebidas de volta para a cabine. Blade estava falando sério sobre

ficar lá no caso de mais naves piratas tentarem atacar. Fazia quase uma hora desde que

eles passaram pela lua. Ela entrou na sala e caminhou ao lado dele, oferecendo-lhe uma

xícara.

Ele lhe deu um sorriso. — Obrigado.

— Me avise quando estiver com fome ou precisar de alguma coisa. — Ela espiou pela

janela da frente. Dois planetas estavam à vista. Ambos eram lindos à sua maneira, mas

agora ela também percebia que eles representavam perigo. Era possível que as naves

piratas estivessem usando esses globos como um lugar para se esconder atrás.

A sensação de perigo a deixou no limite. Também a fez repetir todos os

arrependimentos de sua vida se eles não sobrevivessem a outro ataque.

Ela tomou o outro assento, tomou um gole de chá, então o colocou em um porta-

copos preso ao lado do assento, seu olhar fixo em Blade. Ele continuou verificando os

sensores e ajustando seu curso. Ela não podia perder a tensão em seu corpo enquanto o

estudava de perto.

— Blade?

— Sim?
— Quando estivermos fora deste setor, estaremos seguros?

— Alguns podem decidir nos seguir. — Ele olhou em sua direção, preocupação

mostrando em seus olhos. — A boa notícia é que há menos planetas e luas no próximo

setor.

— Menos oportunidades para eles se aproximarem de nós, certo?

— Sim.

— Quanto tempo antes de sairmos dessa?

— Logo além daquele planeta verde.

Ela assentiu e ficou confortável.

O tempo passou, aproximadamente mais duas horas, e finalmente Blade se levantou.

Ele levantou os braços e se espreguiçou, fazendo seu peito arquear para frente e sua

bunda arredondada e firme se destacar um pouco. A atenção de Hailey se concentrou

principalmente na maneira como sua camiseta subia para revelar um flash de pele

dourada em sua barriga lisa. Ele tinha o melhor corpo que ela já tinha visto... e quanto

mais ela pensava sobre seus arrependimentos, mais ela queria tocá-lo.

— Estamos seguros por um tempo. — Ele baixou os braços e deu um passo mais

perto dela, de pé entre seus assentos. — Você está pronta para o almoço? — Ele estendeu

a mão grande para ela. — Eu vou prepará-lo.

Hailey estendeu a mão para ele e ele apertou a mão dela, gentilmente puxando-a

para ficar de pé. Ela inalou, amando seu perfume masculino. O olhar dela se bloqueou
com o dele. Ele tentou soltar a mão dela, mas ela se agarrou a ele, recusando-se a soltá-la.

Não só ele parecia praticamente perfeito, mas ele tinha acabado de se oferecer para fazer

o almoço dela. Ele definitivamente não era como qualquer outro homem que ela já

conheceu.

— Blade? Você vai me beijar?

Ela o surpreendeu. Não havia como perder o jeito que seus olhos se arregalaram um

pouco, e ele respirou fundo.

— Quero dizer, se você quiser, — ela apressou-se, baixando sua atenção para o centro

de seu peito. Ela tentou soltar a mão dele desta vez, e foi a vez de Blade de repente

aumentar seu aperto. Ela olhou para cima.

— Eu quero, — ele respondeu, sua voz mais profunda.

Ele a puxou para mais perto até que ela bateu contra sua frente. Lembrou-lhe que ele

era quase trinta centímetros mais alto que ela e era muito maior. Sua outra mão subiu e

ele deslizou a palma suavemente pela bochecha dela, enfiando os dedos em seu cabelo

solto. Ele abaixou a cabeça. Hailey fechou os olhos e inclinou mais o queixo.

O primeiro roçar de seus lábios contra os dela foi leve e curto. Seus dedos enrolaram

ao redor da parte de trás de sua cabeça antes de sua boca retornar. Na segunda vez, ele

moldou seus lábios aos dela. Foi bom. Ela ficou surpresa que seus lábios estivessem tão

macios quando a mão que ela pressionou em seu peito revelou exatamente o quão duro

e firme seu corpo era.


Ele se afastou apenas o suficiente para parar de tocar seus lábios, mas suas

respirações se combinaram. — Abra-se para mim, linda.

Ela deu um leve aceno de cabeça e sua boca voltou. O nervosismo atingiu Hailey. Ela

só tinha sido beijada profundamente duas vezes antes, e não foi agradável. Querer tentar

com Blade era uma prova do quanto ela gostava dele. Ela se preparou para esconder seu

desgosto, mas quando a língua dele invadiu sua boca... não foi nada desagradável. Em

vez disso, foi mais do que agradável.

Seu corpo respondeu de maneiras que ela nunca sentiu antes. Sua barriga vibrou e

seus seios começaram a doer. Ela gemeu contra a língua dele quando ele ficou mais

agressivo, soltando sua mão e envolvendo seu braço firmemente ao redor de sua cintura.

Ela percebeu que ele deve tê-la levantado do chão porquê de repente ela acabou deitada

principalmente contra o centro do console. Essa parte do painel estava ligeiramente

inclinada, mas ela não deslizou para cair no chão. Blade a manteve presa no lugar.

Ele puxou seu braço debaixo dela e enganchou sua coxa, levantando-a para seu lado.

Ela entendeu a dica, envolvendo as pernas ao redor dos quadris dele. Colocou seus

corpos intimamente juntos. Ela sentiu o cume duro de seu pênis esfregando contra sua

calcinha. De alguma forma seu vestido tinha sido empurrado para cima o suficiente para

que o material fino de sua calcinha e as calças que Blade usava fossem as únicas barreiras

entre eles.
Ele pressionou contra ela mais apertado, subindo direto contra seu clitóris. A fricção

a deixou louca com o prazer crescente, e ela gemeu mais alto, arranhando seus ombros.

Foi tão intenso, ela temeu mordê-lo e quebrou o beijo, arrancando sua boca da dele.

— Blade!

Ele se acalmou, seu olhar travando com o dela. — Eu vou fazer isso tão bom para

você, baby.

Então ele moveu seus quadris um pouco e a soltou para agarrar a frente do vestido,

rasgando-o.

Deveria tê-la alarmado quando ele descobriu seus seios, mas em vez disso teve o

efeito oposto. Ela olhou para baixo de seu corpo, vendo que seus mamilos não estavam

apenas em exibição, mas tensos. Blade abaixou a cabeça e sua boca quente se agarrou a

um, chupando.

— Oh estrelas! — Ela gritou, e seus dedos encontraram o caminho para o cabelo

sedoso dele.

Ele a beliscou com os dentes. A dor entre sua perna tornou-se dolorosa, mas ele

parecia de alguma forma saber, porque ele começou a moer lentamente seus quadris

contra sua boceta novamente.

Hailey jogou a cabeça para trás e bateu no console, mas se doeu, ela não percebeu ou

se importou. Tudo o que ela podia sentir era Blade fazendo coisas incríveis em seu corpo.

Ela nunca soube que poderia ser assim, ou que tal desejo de ser tocada existisse dentro
dela. Tudo de repente fez sentido porque o sexo parecia ser um grande negócio para

alguns.

Era. Com Blade.

Ele soltou um seio e foi para o outro. Ele também rasgou mais do vestido dela. Os

leves puxões e sons indicavam que ele não queria um pedaço de material em seu

caminho. Ele a beliscou com os dentes novamente, e acabou. Estrelas explodiram atrás de

seus olhos. Ela tinha certeza de que quase desmaiou com a intensidade.

— Você é tão fodidamente linda quando goza. — Seus lábios estavam contra sua

orelha agora. Seu peito coberto de regata pressionou contra seus seios nus, prendendo-a

firmemente ao console. Ele aliviou seus quadris para longe de sua calcinha ligeiramente,

então ela sentiu seus dedos deslizarem sob o tecido fino, sobre sua boceta muito molhada.

Ele puxou de repente. Ela sentiu e ouviu sua calcinha cedendo quando ele apenas

rasgou o centro.

Afundou em que ele terminou de desnudá-la. — Espere!

Blade levantou a cabeça, seu rosto pairando sobre o dela. — Eu não posso te deixar

grávida, baby. Deixe-me ter você. Por favor. — Algo quente, grosso e duro pressionou

contra sua coxa enquanto ele se ajustava.

— Eu nunca fiz isso antes, — ela desabafou. — Sou virgem.

Ele empurrou a cabeça para trás mais uma polegada. Seus olhos se arregalaram e sua

boca se abriu.
— Quero você. Quero fazer isso, — ela disse rapidamente. — Só... podemos fazer

isso em uma cama?

Ele continuou a olhar para ela.

— Sempre imaginei minha primeira vez em uma cama.

Ele baixou o olhar e a ergueu um pouco mais. Ela seguiu sua linha de visão, vendo

que ele havia rasgado o vestido até o fim. Estava preso sob suas costas, a única razão pela

qual ainda permanecia um pouco nela. Ela não podia ver o estado de sua calcinha com

seus quadris entre suas pernas separadas, mas ela sabia que elas estavam rasgadas

também.

— Foda-se, — ele grunhiu. Ele levantou a cabeça e seus olhos azuis escuros fixaram

os dela.

— Eu não quero parar. Eu só esperava que pudéssemos fazer isso em uma cama. —

Quando ele não respondeu imediatamente, ela ficou preocupada que ele estivesse

chateado com ela. Talvez até louco. Isso a deixou nervosa o suficiente para falar o que

pensava. — Fui avisada de que o sangramento acontece na primeira vez e não quero que

ele se espalhe pelo console. E é meio duro. Eu não percebi no começo, mas está cavando

em mim um pouco. Nós não temos que ter uma cama embora, — ela adicionou

rapidamente.

— Foda-se, — ele grunhiu novamente, de repente, colocando as mãos grandes na

cintura dela, cavando os dedos em sua carne, em seguida, afastando-se para ficar sobre
ela. Isso fez com que as pernas dela soltassem a cintura dele, e elas desceram quase até o

chão, mas foram mantidas afastadas, já que ele estava entre elas.

Ela olhou para baixo e era hora de sua boca se abrir.

Ele abriu as calças em algum momento, e ela olhou para o primeiro pênis real que

ela já viu. O dele parecia grande e grosso. Também estava muito duro e se projetava em

direção a ela.

Ele a segurou para impedi-la de escorregar do console. — Levanta-te bebê. Deixe-me

ajudá-la.

Ela lutou para fazê-lo. O vestido rasgado a atrapalhava um pouco. Uma vez que ela

ficou em pé descalça, ele soltou seus quadris e recuou, tentando fechar as calças. Ela

observou enquanto ele fazia uma careta e tentava se aconchegar de volta.

Lágrimas encheram seus olhos. — Eu arruinei nosso momento, não foi? Eu não

deveria ter dito nada. Eu não sei por que eu fiz. Eu sinto muito. — Ela agarrou

freneticamente pelas laterais do vestido, puxando-o sobre os seios e tentando encobrir.

Não estava funcionando.

*****

Blade se moveu quando viu as lágrimas escorrerem pelo rosto de Hailey enquanto

ela tentava desesperadamente colocar o vestido de volta. Ele apenas a pegou em seus

braços e girou, saindo da cabine. Não era confortável com uma ereção, e ele imaginou
que suas calças poderiam escorregar pelas coxas. Ele não conseguiu prendê-las

completamente.

— Eu sou o único que está arrependido, — ele cantarolou. — Você me deu dicas

suficientes sobre o quão atrasada sua colônia é. Eu deveria ter imaginado que era

possível. Nada está arruinado. Nada, — frisou. — Por favor, não chore. Você merece uma

cama. Estou nos levando para uma agora.

Ela colocou os braços em volta do pescoço dele, mas manteve a cabeça dobrada. Ele

se sentiu um completo idiota por quase levá-la no que equivalia a uma mesa inclinada

entre os dois controles do piloto. Ele também rasgou suas roupas para chegar em sua pele

macia, querendo tanto estar dentro dela.

Ele repetiu o que havia acontecido entre eles. O beijo de Hailey foi hesitante no início.

Ele apenas assumiu que ela era um pouco tímida porque ele era um clone. Como talvez

ela pensasse que ele beijaria de forma diferente do que um humano faria. Agora ele sabia

que era porque ela provavelmente não tinha muita experiência, já que ela nunca fez sexo.

Ele foi até a cabine do capitão. A cama ali era a mais bonita e a maior.

— Seu polegar está doendo? Você estava me agarrando e usando muito.

— Está bem. Nenhuma dor. A fita o mantém no lugar e é fino o suficiente para não

ser volumoso. Eu estava usando principalmente meus dedos quando estava tocando em

você.

— Tem certeza?
— Sim.

— Bom.

— Você está louco, — ela sussurrou.

— Comigo mesmo. Não você, — ele admitiu. — Nunca com você. — Ele foi até a

cama e sentou-se, mantendo-a em seus braços. — Olhe para mim, querida.

Ela fungou e levantou a cabeça.

Ele odiava ver as lágrimas ainda em seus olhos. — Eu machuquei você? Eu fui um

pouco rude. Eu só queria tanto você. Eu sinto muito.

— Você não me machucou.

Ele arqueou uma sobrancelha, sem saber se acreditava nela.

— Você não fez. Eu não deveria ter dito nada. Eu costumo chorar um pouco quando

estou realmente envergonhada.

— Não seja. Estou feliz que você disse alguma coisa. Foi o timing perfeito. Eu teria

me sentido pior se tivesse levado você assim. Agora que eu sei, vamos desacelerar as

coisas. Isso é.... se você ainda me querer.

— Eu faço. — Ela soltou seu pescoço e segurou seu rosto, se aproximando. Ela

lambeu os lábios e olhou para os dele.

Ele gemeu interiormente. Hailey era um pouco tentadora e ela nem sabia disso. Ele

se moveu e tomou sua boca. Ela abriu para ele imediatamente desta vez, deixando-o
entrar. Ele ajustou seu aperto sobre ela e cuidadosamente começou a remover os restos

do vestido.

Ela ajudou, balançando em seu colo. Seu pau duro foi beliscado um pouco, mas ele

já estava com dor de querer ela. Ele não conseguia se lembrar de uma vez que ele esteve

tão duro antes. A pequena e inocente professora da colônia Prospect o tinha amarrado

em nós. Ele também não se importou nem um pouco. Hailey poderia fazer qualquer coisa

com ele, e ele aproveitaria cada minuto disso.

Ele parou de beijá-la e insistiu para que ela se levantasse. Ela tinha um corpo lindo,

com pele pálida cremosa e curvas em todos os lugares certos. Seus mamilos rosados

estavam frisados. Era uma bela vista. Ele se encolheu interiormente, porém, enquanto a

ajudava a remover a calcinha rasgada. Ele tinha ido para ela como um animal, mas pelo

menos ele não viu nenhuma marca de arranhão, felizmente.

Ela corou quando suas roupas se foram, seu olhar se lançou para o dele e depois para

outra coisa, antes de voltar para ele. Era evidente que a nudez não era confortável para

ela.

Ele se levantou e tirou as calças, notando que ela parecia um pouco assustada, mas

ela se manteve firme. Isso o fez sorrir. Hailey era corajosa.

— Você é tão grande, — ela sussurrou.

Ele não tinha certeza do que dizer. Não havia como negar que ele tinha sido criado

dessa forma. — Vou ser gentil e ter certeza de que é bom para você, — assegurou. Ele não
podia prometer que não haveria dor se ela nunca tivesse feito sexo antes. Ele era maior

que o humano médio. Era possível que fosse um pouco desconfortável para ela. — Você

pode confiar em mim?

— Eu faço. — Ela não hesitou, segurando seu olhar agora.

Ele acenou para ela para a cama. — Deite-se, bebê. Eu vou fazer amor com você

corretamente desta vez. Eu me tenho totalmente no controle agora.

— Qual é a diferença?

— Estou prestes a mostrar a você. Deite-se no centro da cama, de costas.

Ela hesitou, mas depois subiu na cama. Ele abafou um gemido enquanto olhava para

sua bunda. Ela tinha um traseiro acolchoado e curvilíneo que ele queria agarrar. Ele

resistiu até que ela rolou e se acomodou na cama. Ele se moveu para o final do colchão e

a seguiu.

— Abra suas pernas para mim.

Suas bochechas ficaram muito rosadas, e ele a viu engolir em seco, mas ela o

obedeceu. Era sexy como o inferno. Ele se arrastou para mais perto e decidiu que a melhor

maneira de aliviar o medo dela seria distraí-la com prazer. Ele só precisava ignorar seu

pau latejante que queria desesperadamente a liberação.

Ele abaixou-se de bruços e segurou a parte interna das coxas dela, gentilmente

incitando-a a movê-las para onde ele queria. Hailey obedeceu. Ele notou que sua

respiração havia aumentado e ela se contorcia quase nervosa.


— Confie em mim, querida. Você é linda e perfeita.

— Mesmo lá embaixo?

Ele mal ouviu suas palavras sussurradas.

Ele sorriu e se aproximou. — Especialmente aqui embaixo. — Ele lambeu os lábios e a

abriu mais, expondo seu sexo à sua visão. Ela estava molhada e rosada. — Tão sexy.

— Você vai me examinar? Eu realmente nunca fiz sexo antes. Ouvi alguns maridos

verificarem se uma mulher não está mentindo sobre isso. Não que você vá se casar

comigo ou algo assim. — Sua voz saiu um pouco aguda e ela falou rapidamente. — Eu

não estou esperando isso de você, nem vou exigir que você se case comigo. Eu não quero

que você se preocupe….

Sua Hailey gostava de balbuciar quando estava nervosa. Essa peculiaridade adorável

o fez querê-la ainda mais.

Ele abaixou a boca e capturou seu clitóris. Ele tinha um pouco de experiência com

sexo oral. Alguns clones queriam experimentar essas coisas. Duas haviam lhe pedido

para ir atrás deles no passado. Ele se sentiu grato a ambas quando as palavras de Hailey

foram interrompidas abruptamente e ela engasgou. Seu corpo inteiro estremeceu sob ele,

e ele apertou suas coxas quando ela tentou fechá-las.

Ele brincou com ela, testando o que ela mais gostava enquanto lambia e chupava a

pequena protuberância acima de sua fenda. Seus gemidos e a maneira como ela enfiou

os dedos em seu cabelo eram ótimos indicadores. Ele realmente gostava quando ela
ofegava seu nome. Muito cedo, seu corpo ficou tenso sob ele e ela tentou se afastar. Ele

se recusou a deixá-la, saboreando quando ela gritou seu nome e gozou com força.

Ele soltou suas coxas e rastejou sobre ela. Um pouco de presunção o encheu quando

os olhos dela se abriram. O marrom parecia ainda mais claro do que o normal quando ela

estava saciada.

— Tão fodidamente linda, — ele murmurou, antes de beijá-la.

Ela acolheu sua boca. Ele segurou um de seus seios e beliscou levemente o mamilo

frisado. Ela gemeu contra sua língua e suas pernas trêmulas se levantaram, envolvendo

frouxamente ao redor de seus quadris. Ele lentamente construiu sua paixão de volta até

que ela estava esfregando sua boceta contra ele.

Ele se abaixou enquanto levantava os quadris e segurava a parte de baixo de seu pau,

usando a coroa para sentir o lugar certo. Ela estava tão molhada... ele sabia que ela estava

pronta para ele. Ele se preocupou com o quão pequena aquela pequena fenda dela

parecia, mas ele os alinhou e empurrou seus quadris para frente apenas o suficiente para

pressionar a ponta contra sua abertura.

Hailey afastou a boca da dele e cravou as unhas nos ombros dele. Ele abriu os olhos

e segurou o olhar dela, congelando no lugar. Ele esperou para ver se ela mudaria de ideia.

Ela puxou as pernas para cima, até que seus joelhos dobrados estavam quase nas

costelas dele.

Ele aceitaria isso como permissão.


— Eu vou ser o mais gentil possível, baby.

Ela assentiu e aliviou seu aperto com as unhas.

Ele empurrou para frente e cerrou os dentes ao sentir um pouco de resistência. Ela

estava apertada. Incrivelmente assim. Ele pressionou novamente e seu corpo cedeu,

levando-o. Ele a penetrou um pouco mais, liberando seu membro e apoiando seu corpo

ligeiramente acima dela. Ele se lançou para a boca dela e a beijou.

Blade de repente conheceu a verdadeira tortura. Seu corpo o incitou a empurrar

profundamente nela, querendo foder Hailey forte e rápido. Suas bolas estavam gritando

para liberar a pressão que já havia construído ali. Ele se concentrou em suas reações em

vez disso, certificando-se de ir devagar e gentil enquanto a rompia mais profundamente.

Até agora, ela não vacilou ou parou de beijá-lo de volta.

Ela estava tão quente, apertada e molhada. Ele recuou um pouco e empurrou de

volta. Ela se mexeu debaixo dele, e ele gemeu contra sua língua. Ele empurrou mais

fundo. Ele a sentiu ficar tensa e congelou.

Hailey quebrou o beijo. — Não pare. É um pouco desconfortável, mas não dói. Você

parece enorme.... mas eu quero você.

Ele abriu os olhos e olhou nos dela, sorrindo levemente. — Aqui vamos nós…

Ele puxou para fora, então empurrou nela ainda mais fundo. Sua relutância em

causar-lhe qualquer dor ajudou a impedi-lo de gozar.


Seu corpo estremeceu um pouco, mas ela não parecia estar sofrendo. Ele começou a

empurrar lentamente, deixando que ela tomasse mais dele a cada vez, até que ele estava

totalmente enfiado dentro dela. Ele parou lá por longos segundos para deixá-la se ajustar

ao seu tamanho. Então ele tomou sua boca, beijando-a novamente. Quando ele sentiu sua

boceta apertar ao redor dele, ele começou a balançar os quadris.

Hailey gemeu contra ele e ajustou as pernas, enterrando os calcanhares em sua

bunda. Ele acelerou o ritmo e sabia que ela estava gostando de tê-lo dentro dela por seus

sons e movimentos. Ele moveu seus quadris um pouco, testando-a. Ele sabia que tinha

encontrado o ângulo certo quando ela arranhou sua pele, então ele parou de segurar.

Blade sentiu quando ela atingiu o clímax, e ele deixou seus músculos internos

ordenhá-lo no esquecimento.

Então ele rolou, levando Hailey com ele, antes de cair em uma poça feliz de

satisfação.
Capítulo Seis

Blade tinha certeza de que ele havia mudado de curso o suficiente para que nenhum

dos piratas pudesse seguir a Morgan. Ele planejou isso antes de deixarem o Setor Nornor.

Eles assumiriam que ele voaria em linha reta em direção ao seu próximo local. Agora

mesmo, se ele acertasse, eles acreditariam que ele estava visitando a Estação Kellerton.

Era tentador entrar em contato com Big novamente, mas ele resistiu. Ele teve sorte

da última vez. Seu colega clone ficou muito chocado ao ouvi-lo para realmente procurar

respostas sobre o que exatamente aconteceu com ele e quem ele estava trazendo para

casa.

Ele tinha a sensação de que Big não ficaria satisfeito com Hailey. Não era porque ela

era uma humana. Big não gostaria que ela visitasse a base, apenas para ser devolvida à

sua colônia em algum momento. Arriscaria a todos se ela adivinhasse a localização

secreta e contasse a alguém. Sua única casa seria destruída se as autoridades ouvissem

falar de clones livres.

Uma leve dor começou em seu peito, pensando em desistir de Hailey. Tudo havia

mudado no dia anterior, quando ela lhe pediu para beijá-la e ele a carregou para a cama.

Eles fizeram amor, descansaram, e então ele a puxou para o chuveiro. Ele achou sua

timidez muito atraente e sexy. Ela corou quando ele se agachou para ensaboar seu corpo,
querendo tocar cada centímetro dela. Ele queria fazer amor com ela novamente, mas ela

admitiu um pouco de dor.

Tinha sido sua primeira vez, e ela não era um clone. Eles curavam mais rápido. Ele

preparou o jantar para ela, mas parou para beijá-la com frequência. Ela era viciante.

Ambos pareciam gostar de passar o tempo juntos.

Ela permitiu que ele dormisse com ela, também. Senti-la aninhada em seus braços,

com a cabeça apoiada em seu peito, tinha sido ainda mais viciante. Hailey se sentiu tão

bem, aconchegada contra ele. Ele não adormeceu rapidamente, como ela. Em vez disso,

ele apenas gostou do contentamento de tê-la perto.

Ele não queria deixá-la ir.

— Estou fodido, — ele suspirou.

Ela mencionou como não esperava que ele se casasse com ela, mas ele desejava poder

se tornar seu marido. Ele compartilharia votos com ela em um piscar de olhos. Não havia

nada que ele gostasse mais.

Mas Hailey nunca concordaria em ficar com ele. Tudo o que ela disse lhe garantiu

que seus pais significavam muito para ela desistir deles. E seria suicídio para ele tentar

viver em sua colônia. As autoridades portuárias o matariam assim que percebessem o

que ele era. O que seria quando eles ordenassem que ele colocasse uma de suas mãos em

um scanner enquanto descia de uma nave espacial. Ele não tinha sido impresso com chips

de dados sob a pele do jeito que os humanos eram.


Era um baita problema.

— Tão fodido. — Ele socou parte do console com o punho.

— O que há de errado? Mais piratas vão nos atacar? O que os sensores de longo

alcance estão lhe dizendo?

Ele torceu a cabeça, olhando para o foco de seus pensamentos. Hailey examinou

visualmente as janelas na frente da cabine. Ele viu um lampejo de medo e se levantou,

abrindo os braços. Ele só queria tocá-la. Segurá-la. Ele a puxou contra seu peito,

envolvendo seus braços ao redor dela.

— Tudo está bem. Me desculpe se eu te assustei. Eu estava pensando em outra coisa.

Ela o abraçou pela cintura. — Um biscoito por seus pensamentos.

Ele sorriu e olhou para ela, arqueando as sobrancelhas. — Eu nunca ouvi esse ditado

antes.

— É uma coisa do Prospect. — Ela sorriu. — Doces são o que negociamos para que

familiares e amigos nos digam algo que queremos saber ou nos façam um favor. Acho

que não temos biscoitos na cozinha. Eu não vi nenhum, mas eu poderia hidratar uma

torta. Estou tentando subornar você para me dizer o que o aborreceu. Você apertou os

controles e amaldiçoou.

Ele debateu sobre ser completamente honesto ou não.

— Você pode me dizer qualquer coisa.

— Eu não acho que você quer a verdade...


Que ele estava se apaixonando por ela. Inferno, talvez ele já tivesse. Não era apenas

o sexo. Hailey era doce, gentil e ele gostava de tudo nela.

Ela franziu a testa. — Somos parceiros, lembra? Estamos juntos. Há algo de errado

com a nave? Foi feito um alerta às autoridades sobre a Morgan? O que é isso?

A culpa veio à tona. — Não é nenhuma dessas coisas. Estamos seguros e tenho

certeza de que despistamos os piratas. Estou evitando todas as faixas de vôo comuns para

chegar onde estamos indo, e é remoto. Sinto-me seguro agora de que chegaremos lá sem

ter mais problemas.

— Então, o que é?

Ele a soltou, recuando antes de puxá-la para seu colo enquanto se sentava

novamente. Ela se acomodou nele para ficar confortável. Ele gostou que ela não

protestasse. — Eu prometi devolver você para seus pais.

Emoção que ele não podia ler encheu seus olhos. Seu corpo endureceu.

Ele explicou rapidamente antes que ela pudesse chegar à conclusão errada. — Eu vou

levar você de volta para eles. É só que vai me deixar triste quando eu fizer isso. Você

provavelmente não quer ouvir isso, Hailey.... mas eu tenho sentimentos por você. E é

mais do que apenas físico. Percebi o quanto vai doer quando eu não puder mais estar

com você.

— Oh. — Ela suspirou e enterrou o rosto em seu ombro. Suas mãos deslizaram para

cima e ela o abraçou em volta do pescoço.


Ele inclinou a cabeça, pressionando-a contra a dela. — Eu vou lidar com isso quando

chegar a hora. Eu nunca manteria você comigo contra a sua vontade. — Ele engoliu. —

Mesmo que eu desejasse que eu pudesse.

— Ah, Blade. Eu sei. — A palavra dela saiu abafada contra a camisa dele. — Eu

também tenho sentimentos por você, mas sou tudo que meus pais têm. Eles ficariam

devastados se eu não fosse para casa. Eu te disse que eles queriam ter mais filhos, mas

não podiam?

— Não.

— Houve um acidente na mina logo depois que eu nasci. Foi um desmoronamento,

e meu pai ficou preso. Sabe quando eu disse que mulheres grávidas não podem trabalhar

lá? Bem, acontece que se um homem tem alguma ferida aberta e fica exposto por um

longo período aos gases encontrados nas minas, ele também pode se tornar estéril. Papai

e sua equipe ficaram lá por três dias e meio antes de conseguirem desenterrá-los. Três de

seus dezesseis membros da tripulação foram cortados muito gravemente pela queda de

pedras. Ele incluído.

Ele acariciou suas costas. — Eu sinto muito.

— Eu também. Isso fez meus pais se agarrarem a mim, eu acho. Eu não posso te dizer

quantas vezes eles disseram que eu era tudo para eles. É por isso que eu nunca bati o pé

sobre eles convidarem homens para jantar. Eu odiava que eles interferissem na minha

vida assim, mas eu sei que eles só queriam que eu encontrasse um marido amoroso. —
Ela esfregou o rosto contra o peito dele. — Para ter o que eles têm. Além disso, eles

realmente querem netos.

Ele se encolheu. Filhos eram algo que ele nunca poderia dar a Hailey.

Ela deve ter sentido, porque levantou a cabeça. Ela estudou seus olhos, então

empalideceu. — Eu sinto muito.

— Não se desculpe, — disse ele. — Eu sou estéril. É um fato da vida. Seus pais nunca

iriam querer que você ficasse comigo, mesmo que fosse possível me mudar para Prospect.

O que não é.

Lágrimas encheram seus olhos.

— Não chore, bebê. Serei grato pelo tempo que temos juntos. Você é uma bênção

para mim. Nunca pensei que me sentiria assim por alguém.

— Eu também. — Lágrimas escorreram por suas bochechas.

Ele estendeu a mão para limpá-las. — Faremos o melhor com o tempo que tivermos.

Vamos apenas viver cada dia como se fosse o último. Vou levá-la para casa para seus

pais. Big vai me ajudar a descobrir a maneira mais segura de fazer isso. Ele é muito

inteligente. Nós também podemos chegar aos outros. Entre nós seis, vamos bolar um

plano. Você quer ouvir sobre os outros clones?

— Sim. Por favor.

Ela não protestou por ele mudar de assunto, que era exatamente o que ele estava

fazendo. — Big e eu trabalhamos juntos na segurança.


— Você me disse que ele é mais alto que você, e você nasceu no mesmo ano.

— Produzido, — ele gentilmente corrigiu. — Sim. Provavelmente somos mais como

irmãos porque dividimos muitos turnos juntos, e ele dormia no beliche acima do meu

nos dormitórios. Eu sempre podia falar com ele sobre qualquer coisa sem medo de que

ele me traísse.

— Clones traem uns aos outros?

— Geralmente não, mas alguns podem ficar assustados o suficiente para ir a um

oficial para nos denunciar se formos muito verbais sobre nossos ressentimentos. Se um

clone causar qualquer tipo de rebelião, todos os clones associados a ele são mortos.

Ela parecia horrorizada com a ideia.

— É para nos dissuadir de sequer considerar tal coisa. Os humanos veem a rebelião

como uma doença, ou pelo menos os responsáveis pelo Clone World o viam. Eles não

queriam que isso se espalhasse. Então, em teoria, um clone poderia dizer a um oficial se

eles acreditavam que outro clone estava pensando em causar problemas. Denunciar isso

garantiria que o Clone World não fosse... infectado e exterminado.

— Isso é horrível.

— Sim. Eu nunca me preocupei com Big, no entanto. Compartilhamos nossa

infelicidade e ressentimentos. Chegamos perto de Freak – que agora atende pelo nome

de Free – depois que acidentalmente testemunhamos algo que o teria matado. Nós não

informamos.
— O que ele fez?

— Ele tinha sentimentos por uma humana. Uma muito importante. Ela é parente do

dono do Clone World. Eles estavam de mãos dadas e ele a abraçou.

— Isso é um crime de morte? Ele a estava assediando? Ela não gostou dele de volta?

— Era óbvio que seus sentimentos eram mútuos. Esse era o problema. Uma coisa é

um humano que trabalha lá fazer sexo consensual com um clone talvez uma vez, mas

qualquer outra coisa é considerada perigosa. É contra a lei que um humano e um clone

formem laços emocionais um com o outro.

Ele queria dizer a ela que era a própria humana que os ajudou a escapar, mas ele já

havia compartilhado muito.

— De qualquer forma, ficaríamos de vigia para dar a eles alguns momentos

roubados.

— Isso foi doce de sua parte.

— Free queria desesperadamente escapar para poder ficar com ela. Ele chamou um

amigo dele em quem ele confiava, para ajudar a planejar nossa fuga. Figures trabalhava

com ele, e eram tão próximos quanto irmãos. Ele passa por Fig agora. Isso ainda nos

deixou precisando de mais dois clones.

— Por quê?

— É melhor que você não conheça todos os detalhes... mas basta dizer que tivemos

que ter seis clones para fazer o plano funcionar. Imediatamente pensamos em Ram. Meses
antes, aconteceu algo com ele que conseguimos encobrir. Ele nos devia por salvar sua

vida.

— Posso perguntar?

— Não é uma boa história.

— Eu gostaria de ouvir de qualquer maneira.

Ele assentiu e se acomodou mais confortavelmente no assento do piloto. — Ram era

um trabalhador de manutenção. Eles são altamente qualificados em consertar qualquer

coisa, desde motores mecânicos até substituir um cano vazando sob uma pia de hóspedes.

Ele foi chamado a um dos chalés porque o compactador de lixo parou de funcionar. Ele

chegou lá, mas antes de entrar, ouviu uma mulher soluçando e implorando para ser solta.

Ele anulou a fechadura com sua chave de acesso e correu para dentro. O convidado

humano tinha agendado uma massagem, e ele tinha um clone feminino preso no chão.

Ele estava rasgando suas roupas para atacá-la sexualmente. O homem puxou uma faca e

disse que cortaria a garganta dela se Ram não fosse embora.

Blade fez uma pausa, observando o rosto de Hailey. Ela olhou para ele em choque.

Ele suspirou. — Eu disse a você que não é uma boa história. Ram se recusou a sair,

então o idiota a soltou e tentou matá-lo. Ram se parece com alguém que esse título

poderia ser. Ele atacou o humano para derrubá-lo e arrancou a faca de sua mão.

Infelizmente, o humano bateu a cabeça em uma mesa no caminho para baixo. A


massagista correu para pedir ajuda. Foi Big e eu que respondemos.... Tem certeza de que

quer ouvir o resto? Você pode não gostar muito de mim depois.

— Diga-me.

— Nós encenamos para parecer um acidente. O convidado derramou óleo da mesa

de massagem, escorregou e infelizmente bateu a cabeça. Eles teriam matado Ram por

defender outro clone e por acidentalmente matar um humano com a intenção de

esfaqueá-lo até a morte.

Ele fechou a boca, esperando para ver como ela reagiria, esperando que ela não o

odiasse. Em sua experiência, os humanos tendiam a ficar juntos.

— Bom.

Ele não pôde deixar de franzir a testa. — Isso é tudo que você tem a dizer?

Ela assentiu. — Aquele homem parecia uma pessoa horrível. Também temos alguns

deles no Prospect, você sabe. Chamamos isso de justiça ao próximo.

Suas sobrancelhas se ergueram.

— Você me contou alguns de seus segredos sobre o Clone World. Então, vou

compartilhar um dos maiores sobre Prospect. Um estrangeiro foi morar com uma viúva

local cerca de oito anos atrás. Ele gostava de bater nela. Estou falando de ossos quebrados.

Ela tentou prendê-lo e exigiu que ele se mudasse. Mas ele era um comandante no porto,

então a autoridade portuária não faria nada. Somos considerados um bando de ninguéns

em um mundo de mineração de baixa qualidade. Meus pais e os outros a esconderam


dele, para mantê-la segura, mas ele enviou guardas do porto para procurá-la. É um lugar

pequeno, então é claro que eles finalmente a encontraram. Ele a prendeu e a levou de

volta para a casa dela... onde a espancou novamente.

— Ela é humana?

Hailey assentiu. — É claro. Todos nós somos em Prospect. De qualquer forma, todos

nós percebemos que não havia maneira legal de mantê-la a salvo dele. Ele era uma figura

de autoridade e estava usando sua posição da pior maneira. — Ela hesitou, de repente

incapaz de encontrar seus olhos.

— O que aconteceu? Eu não vou julgar.

Ela assentiu e encontrou seu olhar novamente. — Eles fizeram uma reunião secreta.

Meus pais me deixaram participar, embora eu tivesse apenas dezesseis anos na época.

Papai achava importante que eu soubesse que nossa comunidade se manteria unida e nos

protegeria. Justiça vizinha. Ele não poderia machucá-la novamente, já que ele estava

morto.

— As autoridades nunca perceberam?

Ela balançou a cabeça. — Ele foi servido com licor muito forte, em vez das coisas

diluídas que o bar normalmente vende. Mais de uma dúzia de testemunhas juraram que

ele estava tomando doses como um louco para explicar a quantidade de álcool em seu

sistema, se checassem. Aí falaram que ele ficou bravo porque tinha fila no banheiro. Ele

saiu pela porta dos fundos para mijar e caiu para a morte. O bar é construído à beira de
um penhasco. As autoridades basicamente consideraram que foi um acidente; um caso

de estupidez enquanto estava realmente bêbado.

— Acho que isso não era verdade?

— Ele teve alguma ajuda para sair pela porta dos fundos e andar muito perto da

borda.

Blade assentiu.

— Você está horrorizado?

— Não. Não parece que seu povo tivesse muita escolha se quisesse salvar aquela

viúva de possivelmente ser assassinada por seu agressor.

Ela assentiu. — Então, de volta ao assunto. Você só me contou sobre quatro de seus

colegas clones. Quem compõe seus seis?

— Rod. Ele era um amigo próximo de Ram e eles trabalharam juntos. Ele realmente

queria sair do Clone World, porque muitas das convidadas gostavam de assediá-lo.

— Por quê?

— Ele faz o resto de nós parecer pouco atraente.

Sua boca caiu aberta. — De jeito nenhum.

Ele riu. — Estou seguro com minha aparência, mas Rod é mais bonito do que eu. —

Seu humor se desvaneceu rapidamente. — Espero que ele não esteja lá quando

chegarmos.

— Por quê? Você não se dá bem com ele?


— Não. Eu só não quero que você fique tentada a me largar para ficar com ele.

Ela engasgou e então deu um leve soco no braço dele. — Nunca.

Ele sorriu. — É uma preocupação real. Se eu gostasse de homens, até eu iria querer

ele.

Ela se aconchegou mais perto. — Talvez eu devesse me preocupar com ele tentando

você então.

Ele a abraçou apertado e inalou seu perfume maravilhoso. — Eu só quero você,

Hailey. Estou muito atraído por todas as partes do seu corpo.

Ouviu-se um bip repentino. Ela endureceu em seus braços, mas Blade apenas se

inclinou para frente, olhando para a pequena tela.

— Estamos quase em casa. Preciso avisar Big que vamos aparecer nos sensores dele,

para que ele saiba que somos nós. Eu não podia dizer a ele o nome da nossa nave ou dar-

lhe uma descrição. Não seria inteligente fazer isso.

Hailey tentou sair do colo dele, mas ele a segurou lá. — Fique.

Ele a ajustou em seu colo para liberar as mãos e enviou um ping. Em segundos Big

respondeu abrindo um sinal.

— Pai, é seu filho mais esperto. Eu vou estar em casa em breve.

— Fico feliz em ouvir isso. — Alívio soou na voz de Big. — Eu não saberia se você

não tivesse me contatado.

— Isso deve mudar a qualquer minuto.


— A garota ainda está com você?

— Ela está bem aqui e pode ouvir você.

Silêncio atendeu a esse anúncio de Blade.

Ele suspirou. Big provavelmente ficou surpreso por ele ligar com alguém capaz de

ouvi-los falar. — Ela me conhece bem e está ansiosa para conhecê-lo, pai. Está bem.

— Você contou a ela sobre nossa família?

— Eu fiz, pai. É tudo de bom.

— Eu te vejo. — Big fez uma pausa. — Agradável…

Blade sorriu, tentando imaginar o rosto do outro clone enquanto lia o que os sensores

haviam captado. A Morgan era uma das melhores naves de luxo. — Sim. Isso é.

— Eu realmente vou querer ouvir tudo quando você chegar em casa.

— Vamos sentar e ter uma longa conversa. Eu vou pegar todos vocês.

— Apenas tenha cuidado ao entrar.

O aviso de Big deixou Blade tenso. — Você remodelou?

— Só um pouco, mas deve ficar tudo bem.

Hailey olhou para ele, franzindo a testa.

— Está tudo bem, — Blade sussurrou antes de levantar a voz para ser ouvido por

Big. — Eu vou tomar cuidado.

— Alguma surpresa esperada?

Big queria saber se havia uma chance de ele ser seguido.


— Altamente duvidoso.

— Bom. Vejo você em breve. — Big cortou a conexão.

Hailey franziu a testa novamente, olhando para as janelas. — Não vejo nada lá fora.

É uma nave negra?

— Vá colocar o cinto. Prefiro prevenir do que remediar. Big me avisou por um

motivo, mas ainda não vejo do que ele está falando.

Ela saiu do colo dele e tomou o outro assento, um olhar confuso em seu rosto.

Blade diminuiu sua velocidade antes de se virar para se dirigir a ela. — Vou ser

honesto com você, Hailey. Você não vai ficar comigo para sempre, então é melhor que

você não saiba onde estamos. Eu já tinha pintado as janelas antes de você entrar na cabine.

Há algo na nossa frente que você não pode ver. Estou usando sensores para voar.

Ela virou a cabeça, mas ele já tinha desviado o olhar, focado em voar em direção à

cratera que se abria na antiga base de mineração. Ele imediatamente viu o que Big o havia

alertado. Ele soltou uma risada.

— O quê?

— Big implementou alguns recursos de segurança desde a última vez que estive

aqui. — Ele diminuiu ainda mais a velocidade, vendo os grandes pedaços de rochas de

asteróides nos sensores, flutuando na abertura da cratera. Ele teve que passar por eles

com cuidado, passando por cima de um enorme, depois mergulhando antes de mudar

de curso para evitar o próximo. Ele a contornou e foi mais fundo na cratera.
— Então, você não confia em mim?

Ele não conseguia tirar o foco dos sensores. — Eu faço. Não é apenas minha vida em

risco, no entanto. Não parece certo mostrar a você onde estamos sem a permissão de Big

primeiro. É a casa dele mais do que a minha. Ele é o único que permaneceu aqui.

Blade manobrou em torno de outros grandes asteróides e viu a porta do

compartimento de ancoragem aberta. Era o maior que a estação ostentava. Ele entrou e

aterrissou. Assim que obteve a confirmação de que os pés de metal da nave estavam

magneticamente travados no convés, ele desligou os propulsores e começou a desligar os

motores. Levaria cerca de cinco minutos para a baía ser repressurizada e oxigenada.

Ele se levantou e olhou para Hailey, odiando ver a dor em seus olhos. Ele se agachou

ao lado de seu assento e segurou seu rosto. — Eu confio em você. É só que esse segredo

não é meu para compartilhar. Por favor acredite em mim.

Parte da dor deixou seus olhos, e ela deu um pequeno aceno de cabeça. — Você tem

certeza que seu Big não vai desgostar de mim porque eu sou humana?

— Big é um cara legal. Ele não vai se importar.... mas ele pode ficar um pouco

preocupado quando eu tiver que dizer a ele que você vai voltar para sua colônia. A

confiança é difícil para nós porque muitos humanos não veem clones da mesma forma

que veem outras pessoas. Estamos acostumados a ser maltratados.

— Eu vejo você, Blade. Você é um homem incrível.

— Obrigado, bebê.
Ele soltou seu rosto e alcançou seus cintos, desamarrando-a. — Você se importaria

de esperar a bordo enquanto eu falo com Big? Você pode vir comigo se quiser; só sei que

ele vai querer um relato detalhado do meu tempo com os piratas. Vou ser honesto,

algumas coisas eu não quero que você ouça. Piratas são pessoas terríveis. Estou pensando

em sair assim que a baía puder suportar vida, e falar com ele aqui. Então eu posso ir

buscá-la para conhecê-lo.

Ela o estudou, olhando profundamente em seus olhos. — O que faria você se sentir

mais confortável?

— Eu falando com Big sozinho no começo.

— Ok. Então eu vou esperar. Eu provavelmente deveria escovar meu cabelo e me

vestir melhor. Quero que minha primeira impressão seja boa.

Ele riu, endireitando-se e, em seguida, puxando-a para seus pés. — Você é linda. Não

tente parecer ainda melhor para outro cara. Vou ficar com ciúmes.

Ela sorriu. — Você iria?

— Definitivamente. Não vou demorar.

— Você está trazendo ele a bordo? Eu provavelmente deveria limpar um pouco a

sala de estar. Estávamos nos beijando esta manhã no sofá.

— Bom plano. Vou trazê-lo para lá quando terminarmos.

— Ok.
Ele hesitou. — Não fique nervosa. Big é um bom rapaz. Eu nunca deixaria ninguém

te machucar. Confie nisso.

— Eu faço.

Ele assentiu. — Estou indo para o porão de carga agora. É para lá que ele irá quando

puder entrar na baía. O painel vai me dizer quando é seguro abrir a porta e abaixar a

rampa. — Ele roçou um beijo sobre sua boca. — Você é perfeita como você é. Nada de

trocar de roupa.

Isso a fez rir. — Eu te ouvi.

— Bom. — Ele caminhou. — Minha.

— O quê?

Ele se virou e sorriu, apontando para ela. — Minha. Ouça isso também. — Então ele

girou, deixando rapidamente a cabine para ir para o elevador.

Seu humor morreu rapidamente. Hailey era dele... mas apenas por um tempo

limitado. Um dia em breve, ele teria que deixá-la ir.

Isso poderia matá-lo por dentro quando esse dia chegasse.


Capítulo Sete

A luz no painel piscou em verde e Blade digitou o código. As portas começaram a se

abrir e o motor da rampa ganhou vida. Ele se aproximou da abertura, avistando o clone

alto caminhando em sua direção do outro lado da baía. A visão o fez sorrir. Fazia muito

tempo desde que ele viu seu melhor amigo.

Big sorriu de volta e levantou o braço, acenando.

Assim que a rampa tocou o chão da baía, Blade desceu e correu para cumprimentar

seu amigo. Ambos abriram os braços e se abraçaram quando se encontraram. Homens

humanos podem achar estranho demonstrar afeto, mas não clones. Era tão raro alguém

se importar o suficiente para querer tocá-los.

— Achei que você estivesse morto, droga. — Big o apertou com mais força.

— Eu quase morri, muitas vezes. Vamos apenas dizer que nunca considerarei piratas

como parte da minha família.

Eles se soltaram, mas permaneceram próximos. Big o avaliou da cabeça aos pés. —

Você está inteiro.

— Ainda tenho todos os meus dedos das mãos e dos pés. Eles não roubaram

nenhuma parte do corpo. Apenas o meu tempo.

— O que diabos aconteceu? — Big olhou para a nave atrás dele.


— Um dos meus motores superaqueceu na minha nave e explodiu. O dano foi

extenso e até derrubou os sistemas secundários. Eu estava trabalhando para consertar as

comunicações primeiro, para pedir ajuda, mas os piratas me encontraram no pior

momento. Eles me pegaram completamente inconsciente. Em um minuto eu estava

substituindo fios fritos, e no próximo eu tinha armas apontadas para mim. A única razão

pela qual eles não me deixaram flutuar foi porque eu admiti que era um clone, na

esperança de que isso me desse mais tempo para escapar. Achei que eles iriam querer me

entregar às autoridades para uma recompensa. Em vez disso, eles me mantiveram. —

Blade deu de ombros. — Trabalho gratuito.

— Droga. Você não conseguiu ligar para nós em todo esse tempo?

— Mesmo se eu pudesse, as chances eram grandes demais para qualquer um de

vocês tentar me resgatar. Eles já tinham um clone. Eu não queria adicionar mais aos seus

números. Fui mantido em uma antiga estação rodoviária onde vivem mais de duzentos

piratas.

— Eu teria ido para você.

Blade assentiu, sentindo a emoção forte o suficiente para que ele tivesse que engolir

antes de falar. — Eu sei. É por isso que não tentei entrar em contato com você até que

estivesse em segurança.

— Como você fez isso? Você levou a mulher com você quando escapou dos piratas?
— O nome dela é Hailey. Ela é humana, se você não tivesse adivinhado pelo que eu

não disse. Pedi a ela que ficasse dentro da nave enquanto conversávamos. Ela é a razão

de eu estar em casa. A tripulação pirata que me manteve foi atrás daquela nave de luxo.

Ela voou para o território de caça deles, e o piloto não tentou nos repelir de forma alguma.

Atracamos nela e entramos. Você se lembra do fabricante desses modelos, não é?

— Varlius. Topo da linha.

— Exatamente. Eu sabia que algo estava muito errado no ônibus antes mesmo de

embarcarmos. O computador os teria alertado sobre nossa abordagem. Era meu trabalho

cuidar da tripulação. Os piratas me mandaram fazer isso – com uma arma que não

seguraria carga. Encontrei quatro humanos mortos com overdose de drogas, mas a cabine

do capitão estava selada. Não houve resposta quando tentei alcançar quem estava lá

dentro.

— Eles não vedam do lado de fora. Só de dentro.

Blade assentiu. — Eu sabia que alguém tinha que estar lá, mas imaginei que eles

poderiam ter tido uma overdose também. Então eu corri os códigos de substituição.

Hailey estava trancada lá. Aqueles quatro idiotas mortos a tinham arrebatado de um

planeta colônia. Ela é uma mulher linda…

Big fez uma careta. — Posso imaginar o motivo deles.

— Ela se trancou na cabine do capitão antes que eles pudessem machucá-la. Ela

estava lá há duas semanas quando a encontrei, com o polegar quebrado. Ela o quebrou
para escapar das algemas que eles a colocaram. Eu prestei ajuda, e agora seu ferimento

está quase completamente curado.

— Um kit médico Varlius a bordo?

Blade assentiu. — Eu matei a tripulação pirata comigo, já que não podia deixá-los

encontrá-la, e eu tinha uma carona intacta para fugir. Todas as outras naves que eles

atacaram enquanto eu fazia parte de sua tripulação lutaram bem e foram desativados

quando tive a chance de entrar nelas.

— Você disse a ela que você é um clone?

— Sim. Ela sabe que você também é.

Big cruzou os braços.

— Hailey é um amor. Ela é professora em uma pequena colônia de mineração. Eu

sou o primeiro e único clone que ela conheceu. Ela aceitou surpreendentemente bem.

Você vai gostar dela, Big. Dê uma chance a ela.

— Vocês são um casal?

— Por enquanto.

A boca de Big se apertou, mostrando seu desagrado. — O que isso significa? Você

está com ela apenas para sexo temporário? E você a trouxe aqui? O que você estava

pensando?

Seu próprio temperamento aumentou. — Eu não penso nela como algo temporário.

Eu adoraria que ela ficasse comigo para sempre, se fosse possível. Ela foi sequestrada de
sua casa e tem pais muito próximos em seu planeta. Prometi encontrar uma maneira de

devolvê-la a eles. — Sua raiva desapareceu tão rápido quanto aumentou. — Vai partir

meu coração deixá-la ir.... mas é melhor o meu do que o dela. Isso é o que aconteceria se

eu a mantivesse longe deles. Ela também passaria a me odiar.

As feições de Big se suavizaram e ele deixou cair as mãos para os lados. — Você a

ama.

— Eu faço.

— Ela sabe?

— Eu não disse isso a ela exatamente.

— Talvez ela fique se você fizer isso.

Blade sentiu um golpe em seu coração. — Você não a viu falar sobre sua mãe e seu

pai. Eu não posso fazê-la escolher entre eles e eu. Seria cruel.

— Droga.

— Eu preciso que você torne possível para ela contatá-los, para que eles saibam que

ela está viva. Eu não podia arriscar na nave espacial.

— O sistema de transmissão de seu planeta leria as assinaturas de computador

naquela nave. E você não o reprogramou.

— Eu entrei em contato com você logo depois que eu me afastei dos piratas.

— Esse vai ser um trabalho complicado que leva semanas.

— A menos que Fig ou Free estejam aqui. Eles estão?


— Não. Sou só eu. — Big fez uma pausa. — E outro clone. — Um sorriso se espalhou

por seu rosto. — Também o amor da minha vida.

Blade franziu a testa em confusão.

— Eu bati em um transporte de plasma e encontrei um robô de reparo – e atrás dele

estava Gemma. Minha desativação do transporte e acoplagem a ele fez com que sua

unidade de estase se abrisse.

— Quão desesperado você estava por plasma para atacar um transporte protegido?

— Essa e a coisa. Não tinha escolta.

— A JDJ Clone Corp não envia clones sem segurança extra.

— Eles fazem se ela for um clone criado ilegalmente com uma mente que não foi

apagada.

A boca de Blade caiu aberta. Ele estava muito surpreso para falar. Pelo menos no

início. Então a preocupação bateu. Clones não vazios eram ilegais por um motivo. —

Merda!

— Gemma é uma mulher forte. Ela é sã, Blade. Eu vou te contar tudo sobre ela mais

tarde. Ela está ansiosa para conhecê-lo. Pedi a ela que ficasse para trás enquanto

conversávamos, caso você surtasse quando eu te contar sobre suas origens. Eu também

não tinha certeza se era seguro já que você estava trazendo um humano aqui. Gemma

acordou pensando que era 2020. Eu sou a única pessoa que ela já viu. Eu não queria
sujeitá-la a preconceitos. Contar a ela sobre como os clones são tratados já foi difícil o

suficiente.

— Hailey não é assim.

— Bom. Eu gostaria de conhecê-la para ter certeza primeiro, antes de deixar Gemma

chegar perto dela. Sem ofensa. Considero Gemma minha esposa e farei qualquer coisa

para protegê-la. Ela já passou por muita coisa.

— Ela está se adaptando? — Parecia um feito incrível para Blade. A primeira dúzia

de clones acordados com as memórias de seus corpos de origem intactas se tornaram tão

horríveis que a Terra aprovou uma lei contra fazer isso novamente. Todos os doze

perderam suas mentes perfeitamente replicadas.

Big sorriu. — Sim. Eu tenho certeza disso. Como eu disse, Gemma é minha vida

agora. Eu a amo como você não pode imaginar.

— Eu acho que eu posso. — Ele pensou em Hailey. Eles tinham acabado de passar

alguns dias juntos, mas ele já queria que ela ficasse com ele.

Big provavelmente adivinhou seus pensamentos e estendeu a mão, apertando seu

braço. — Diga a ela que você a ama. Pode fazer uma enorme diferença. Isso aconteceu

com Gemma. Eu a deixei saber desde o início que pertenço a ela e estarei com ela pelo

resto de nossas vidas.


Ele apenas assentiu. Big não entendeu. Ele não apenas tiraria Hailey de sua família

se conseguisse convencê-la a ficar, mas ela estaria desistindo de ter filhos. Ela poderia tê-

los com outra pessoa se ele a devolvesse para sua casa.

— Apresente-me à sua humana.

— Prometa-me que você será educado. Ela não sabe onde estamos. Apaguei as

janelas principais enquanto voávamos.

— Obrigado. — Big hesitou. — Ela vai descobrir onde estamos se você deixá-la entrar

na estação.

— Eu confio nela.

— Eu não.

— Achei que é assim que você se sentiria.

O rosto de Big se encheu de arrependimento.

— Eu sei. Você não precisa dizer isso. Apenas um humano nos viu como dignos de

ser salvos do destino que nos foi entregue no Clone World. Hailey é uma estranha para

você, mas você aprenderá como ela é especial. Apenas dê uma chance a ela.

— Você a ama. Então é claro que eu vou.

Blade respirou fundo. — Vamos. — Ele se virou, subindo a rampa e entrando na

Morgan com Big nos calcanhares.

*****
— Este é um modelo muito legal, — uma voz masculina profunda disse e que não

pertencia a Blade.

Hailey se levantou da cadeira em que estava sentada, o olhar fixo na abertura do

corredor que levava ao elevador. Ela estava prestes a conhecer outro clone. Suas mãos

tremeram um pouco enquanto ela alisava a saia que usava, e ela respirou fundo algumas

vezes.

Sorrir? Não sorrir? Ela não tinha certeza.

Blade entrou primeiro, seguido por um homem um pouco mais alto que ele. Ambos

tinham a mesma construção. Grande e musculoso. O cara novo usava jeans e uma

camiseta. Ele tinha olhos azuis brilhantes e cabelos pretos mais longos e encaracolados.

Todos os clones devem ser bonitos, já que ele era bem igual em gostosura.

— Hailey, este é Big. — Blade veio para o lado dela e colocou o braço em volta dela.

— Oi, — ela desabafou. — É tão bom conhecê-lo. — Sua mão direita se contraiu, e

ela não tinha certeza se deveria se oferecer para apertar. Os clones podem não usar essa

saudação. Ela se arrependeu de não ter perguntado a Blade.

— Olá. — Big sorriu. — Estou feliz em conhecê-la, já que você é a razão pela qual eu

tenho meu melhor amigo de volta.

Ela franziu a testa. — Ele me resgatou. Não o contrário. — Ela virou a cabeça, dando

a Blade um olhar questionador. Tarde demais, ela se preocupou que ele pudesse ter

mentido para seu amigo. Nesse caso, ela acabou de expô-lo.


Blade sorriu. — Ele quer dizer que encontrar você e esta nave me afastou dos piratas

e me levou para casa.

— Oh. Certo. — Ela voltou sua atenção para Big. Ela se sentiu nervosa novamente,

sem saber o que dizer. Sua mãe lhe dizia para voltar às boas maneiras. Então foi isso que

ela fez. — Gostaria de comer ou beber algo, Sr. Big? A cozinha está bem abastecida. Eu

poderia listar as opções de refeições que temos.

Um sorriso se espalhou pelo rosto de Big.

Blade riu ao lado dela.

Ela olhou para ele novamente. — O que é engraçado?

— Ninguém nunca nos chamou de 'senhor' antes. É fofo, querida. Big está bem, mas

obrigado por se oferecer alimentá-lo.

Ela corou, sentindo-se um pouco envergonhada. — Desculpe.

— Nunca peça desculpas. — Blade piscou para ela.

— Eu estava dizendo a Blade que conheci o amor da minha vida enquanto ele estava

fora. O nome dela é Gemma. Acho que vocês duas se dariam bem, Hailey. Você gostaria

de conhece-la?

— Tem outra mulher aqui? — Essa notícia a empolgou. — Sim. Eu adoraria!

Big limpou a garganta. — Ela é um clone. Isso será um problema?

— Eu te disse que não seria, — Blade retrucou. — Pare com isso.

— Só preciso ter certeza.


Ela olhou entre eles, preocupada. Blade parecia querer acertar alguma coisa. Ele até

deu um passo ameaçador em direção ao amigo.

Hailey reagiu agarrando seu braço. — O que está acontecendo?

— Ele está com medo de que você seja má com Gemma porque ela é um clone. —

Blade não olhou para ela, mas ele parou em seu caminho, permitindo que ela o segurasse.

— Eu te disse que ela não é assim. Você não confia mais em mim?

— Você se foi há muito tempo. Eu não estou tentando ser um idiota, mas eu te falei

sobre o estado tênue de Gemma. Estou fazendo tudo o que posso para garantir que ela

não sofra contratempos. A última coisa que ela precisa é de um tapa verbal na cara sobre

sua nova vida.

Hailey de repente se lembrou de como Blade esperava que ela quisesse matá-lo, só

porque ele era um clone. — Vocês dois parem com isso. — Ela se moveu para ficar entre

eles, provavelmente não a coisa mais inteligente a fazer, considerando que eles eram

muito maiores do que ela, mas era melhor do que eles brigarem. Especialmente sobre ela.

Ela deu as costas para Blade, encarando Big. — Olha, você ainda não me conhece,

mas eu nunca machucaria os sentimentos de outra pessoa de propósito. Vejo três pessoas

nesta sala. Palavra-chave sendo pessoas. Eu não me importo se alguém nasceu ou cresceu.

— Ela fez uma pausa, notando que o olhar de Big suavizou enquanto ele a estudava. —

Eu vejo você como uma pessoa, — ela enfatizou. — Eu realmente gostaria de conhecer

Gemma. Fui agarrada por homens e levada à força de minha casa. Tenho saudades da
minha mãe e dos meus amigos. Falar com outra mulher seria muito bom depois de tudo

que passei. Novamente, palavra-chave sendo mulher. Eu vou vê-la como uma pessoa

também.

Blade pressionou contra suas costas e passou os braços ao redor de sua cintura. Ele

deu um beijo no topo de sua cabeça. — Eu te disse que minha Hailey é especial. Acabamos

com esse seu lado superprotetor, Big? Eu gostaria de conhecer Gemma também.

Big deu um passo à frente e estendeu a mão. — Você aceita minhas desculpas,

Hailey? Eu não queria ser um idiota superprotetor. Gemma também passou por algumas

coisas difíceis.

Hailey imediatamente apertou sua mão. — Totalmente compreensível, e estamos

bem.

Todos pareciam se acalmar naquele momento, e ela sentiu que as coisas não tinham

ido tão mal. Seu pior medo era que Big a odiasse por ser humana. Em vez disso, ele apenas

parecia desconfiado. Depois de tudo o que Blade havia dito a ela, ela podia entender isso.

Big bloqueou o corredor e encontrou seu olhar mais uma vez. — Há mais uma coisa

que precisamos discutir antes de você sair desta nave.

— Ok. — Ela esperou, notando que o aperto de Blade sobre ela aumentou e seu corpo

ficou tenso novamente.

— Você parece bem com nós sendo clones, mas outros humanos não são. Somos

odiados e temidos. O fato de ousarmos nos libertar, de não querer mais ser escravos, de
alguma forma faz os humanos acreditarem que somos uma séria ameaça. Só queremos

viver em paz.

Ela assentiu. — A paz é boa. Eu sou tudo para isso. Algumas pessoas são idiotas. Eu

não sou. Promessa.

— As autoridades ou um esquadrão de ataque seriam contratados pelo Clone World

para nos eliminar se descobrirem que ainda estamos vivos e onde estamos localizados.

Eles nos massacrariam só porque estamos respirando e não mais sob seu controle. Eu

preciso que você jure que nunca revelará nossa localização ou qualquer coisa sobre nós,

incluindo que você já nos conheceu.

Ela ofereceu a mão para ele novamente. — Juro. Um aperto de mão? No meu planeta,

isso é o mais sólido possível.

Ele estendeu a mão e pegou a mão dela novamente, gentilmente apertando-a. —

Obrigado.

— Lamento que as pessoas tenham sido tão terríveis com você. Não é justo ou certo.

Eu realmente quero dizer isso, Big. Blade é o melhor homem que eu já conheci na minha

vida. Eu nunca faria ou diria qualquer coisa para machucá-lo.

Big a soltou e sorriu. — É muito bom conhecê-la, Hailey.

Ela esperava que conhecer Gemma fosse mais tranquilo.

Blade pegou a mão dela e os três saíram da nave. O hangar, ela viu pela primeira

vez, estava completamente fechado. Provavelmente significava que eles não estavam em
um planeta. Caso contrário, provavelmente seria como o porto em seu próprio planeta.

Um campo aberto para ônibus e transportes para terra.

A próxima pista era o tamanho da sala fechada. A Morgan não era uma pequena nave

espacial. Ela tinha superado todas as outras naves de propriedade privada que visitaram

Prospect. Onde quer que estivessem, provavelmente não era outra nave. Uma estação?

Ela se lembrou de Blade mencionando onde os piratas o mantinham. Havia

supostamente muitas dessas estações de passagem abandonadas dos velhos tempos,

quando as viagens espaciais demoravam muito mais. Elas foram usadas para receber e

reabastecer naves, caso contrário todos teriam morrido. À medida que a tecnologia

avançava, elas não eram mais necessárias. Uma viagem que levara meses se transformou

em questão de semanas. Então dias.

Eles saíram em um corredor alto e largo. Placas de lojas chamaram sua atenção.

Abaixo deles havia lojas com as portas abertas. Uma olhada dentro deles mostrou

armários e prateleiras vazias.

Foi ainda mais estranho quando o corredor se alargou e ainda mais lojas foram

reveladas. Big os conduziu pelas lojas até um elevador. Ela apertou a mão de Blade um

pouco mais forte. Não era como o elevador da Morgan, que provavelmente comportaria

três pessoas, no máximo. O que ela pisou poderia acomodar cerca de vinte.

— Você está bem, Hailey?

Ela forçou um sorriso para Blade. — Sim. Só um pouco sobrecarregada.


Big franziu a testa. — Por quê? Você está segura aqui.

— Esta é a minha primeira vez no que quer que seja. Não que eu esteja pedindo dicas.

Eu não estou. É só que antes de ser sequestrada, eu nunca tinha saído do meu planeta.

Agora eu estive em uma nave espacial, e isso... — Ela respirou fundo. — É tão grande, e

não há janelas. Isso é inquietante para mim. Temos janelas em todos os cômodos de nossa

casa, exceto em nosso porão, onde armazenamos alimentos. Está embaixo da casa e

completamente fechado para ajudar a manter tudo frio.

— Querida, está tudo bem. — Blade a puxou contra seu lado, liberando sua mão para

colocar o braço em volta da cintura dela. — Você está sofrendo de claustrofobia?

— Não. Tudo é muito espaçoso para se sentir fechado. É apenas... estranho.

As portas do elevador se abriram e Big saiu para outro corredor largo. — Você pode

querer ativar todos os monitores em sua cabine, para dar a ela uma visão. Gemma e eu

preparamos a vizinha a nossa para você. Pertencia a alguém importante e tem quase as

mesmas características que a nossa casa.

— Obrigado. — Blade a levou para fora do elevador.

Big parou no corredor, observando-a. — Quanto você sabe sobre robôs e androides?

Temos uma abundância de ambos aqui. — Ele olhou para Blade. — Eles assustaram

Gemma no começo. Podemos desativá-los se isso deixar você mais confortável.

Hailey gostou que Big parecesse preocupado com ela. — Eu sou boa com ambos.

Temos muitos robôs transportando mercadorias de e para locais de trabalho no meu


planeta. Eu sei que eles têm bons sensores de segurança. Nunca houve um acidente em

que um deles tenha rolado em alguém ou alguma coisa.

— Bom. — Big virou-se e avançou.

Este corredor não era como os outros. Não havia lojas, mas grandes portas estavam

espaçadas em ambos os lados. As paredes também não eram de metal. Eles eram de um

cinza pálido.

Big colocou a mão em um bloco em um conjunto de portas duplas, e um lado se

abriu.

Ele entrou primeiro. — Bem-vinda a casa.

Era uma espaçosa sala de estar aberta com móveis agradáveis. Uma cozinha ficava à

direita, com uma longa ilha e bancos. Uma mulher bonita escorregou de um. Ela parecia

ter cerca de vinte anos, com cabelos loiros na altura dos ombros e olhos azuis pálidos. Big

foi imediatamente para o lado dela e eles deram as mãos.

— Gemma, eu gostaria que você conhecesse Blade e Hailey. — Ele sorriu.

— É tão bom finalmente conhecê-lo, Blade. Eu ouvi muito sobre você. — Ela voltou

sua atenção para Hailey. — Espero que você não se importe que eu estivesse esperando

em sua casa. Big disse que ficaria tudo bem. Ordenei que sua dama de prata ficasse no

armário.

— Dama de prata? — Hailey perguntou, confusa.


— É um andróide que vive na sua cozinha. — Gemma baixou a voz para um

sussurro. — Aparentemente, todos eles se chamam Magna. Se você disser o nome deles,

eles saem do armário, prontos para perguntar o que você quer comer. Eles são ótimos

cozinheiros, mas super esquisitos.

— Temos um andróide que cozinha? — Hailey achou isso muito legal, na verdade.

Gemma assentiu. — Selvagem, certo? Também limpa a cozinha e lava a louça.

Big limpou a garganta. — Hailey sabe sobre esses avanços.

— Eu não tenho um andróide em casa, — Hailey admitiu. — Somos uma colônia

muito pobre. A mineradora os tem, mas não pessoas comuns. Estou acostumado a fazer

todas as tarefas com minha mãe.

Blade deu a Gemma um aceno de cabeça. — Estou muito feliz que você entrou na

vida de Big, Gemma. Eu nunca o vi tão feliz antes.

— Obrigada. Não foi como se eu tivesse planejado nada disso, mas... — Gemma

lançou um olhar amoroso para Big. — Está ficando muito bom para mim. Tudo por causa

do meu pirata sexy. Tenho tanta sorte que ele me roubou e me trouxe aqui.

— Pirata? — Hailey se afastou de Blade, alarmada. — Eu pensei que você não fosse

realmente um pirata, apenas forçado a ficar com eles? Você mentiu para mim? Se ele é

um....

Blade estendeu a mão para ela e segurou levemente ambas as mãos. — Eu nunca

menti para você. Esses piratas me forçaram a trabalhar com eles. E eles atacam as pessoas.
Só roubamos plasma clone, porque precisamos dele para sobreviver. Os transportes que

buscamos são totalmente automatizados e todos enviados pela JDJ Clone Corp.

Ela estudou suas feições. Ele parecia sincero.

— Baby, eu te disse a verdade.

— Big me tirou de uma nave espacial que tinha esse robô estúpido no comando. Não

havia mais ninguém nele. Só eu, — acrescentou Gemma. — E ele ficou super surpreso

por eu estar lá. Mas eu sou ilegal, então é por isso que eu estava escondida com um monte

de bolsas de sangue em caixotes.

— Plasma, — Big corrigiu.

Hailey relaxou e deixou Blade puxá-la em seus braços. Ela enterrou o rosto em seu

peito. — Eu sinto muito. Eu sei que posso confiar em você. Eu faço.

Ele a abraçou. — Está bem. Você já passou por muita coisa.

— Não está bem, — ela murmurou em sua camisa. — Eu só entrei um pouco em

pânico porque se você tivesse mentido, talvez não estivesse falando sério sobre meus

pais.

— Seus pais?

Hailey virou a cabeça e abriu os olhos para olhar para Gemma. — Blade prometeu

me deixar ligar para eles para que eles saibam que estou viva, e para encontrar uma

maneira segura de me levar para casa com eles.

Gemma parecia atordoada. — Seus pais acham que você está morta?
Ela assentiu. — Fui agarrada na rua e sequestrada quando voltava da escola para

casa.

— Quantos anos você tem? — Gemma soltou Big e correu para frente, parando a

alguns metros de distância.

— Vinte e seis. Eu sou professora.

— Você parece um adulto, mas a coisa da escola me confundiu. — Gemma levantou

o queixo para olhar para Blade. — Você a deixou ligar para eles?

— Não era possível até chegarmos aqui.

Gemma virou-se para ela. — Há quanto tempo você foi sequestrada?

Hailey teve que pensar sobre isso. — Hum, cerca de dezessete dias atrás.

— Porra! — Gemma girou e marchou de volta para Big. — Eu sou uma mãe. Eu ficaria

louca se meu filho desaparecesse por tanto tempo. Por que estamos aqui conversando?

Leve essa jovem para a sua versão de telefone!

— Gemma... — Começou Big, tentando acalmá-la.

— Não. Você tem toda essa merda futurista. — Gemma colocou as mãos no peito

dele e empurrou. — Coloque em uso. Precisamos que seus pais saibam que ela está viva

e bem. Você não tem ideia de como é se preocupar quando não sabe onde seu filho está

ou o que está acontecendo com ele. Eu faço. Ela precisa ligar para eles, Big. Agora. Foda-

se!
— Tudo bem. Não chore. — Big segurou sua bochecha e usou a outra mão para

escovar o cabelo de Gemma para trás. — Vou levá-los para outra nave espacial Fig e Free

manipulando, caso precisemos entrar em contato com algum lugar que exija

autorizações. Sua assinatura de computador dirá que ela está usando um centro de

comunicações em um planeta no Setor Prigger. Eles vão rastrear o sinal dela, no entanto.

Teremos que mantê-lo curto.

— Não me fale sobre isso. Faça isso, — Gemma implorou. Ela olhou para Hailey, com

lágrimas nos olhos. — Os pais dela precisam saber.

Big se inclinou e a beijou. Então ele se endireitou e sacudiu a cabeça. — Vamos lá.

Blade o seguiu, puxando Hailey atrás dele. Eles deixaram a bela cabine e voltaram

para o corredor.

— Estou tão confusa, — admitiu Hailey. — Ela parece mais jovem do que eu. E eu

pensei que os clones eram estéreis?

— É complicado. — Blade encontrou seu olhar quando pararam para usar o

elevador. — Mas Gemma costumava ser humana.


Capítulo Oito

Hailey olhou para a pequena tela à sua frente. Eles estavam em uma pequena nave

com apenas um assento. Blade se agachou no espaço ao lado dela, e ela sabia que Big

pairava no espaço apertado atrás da cabine.

— Você precisa se lembrar de tudo o que eu disse a você. É muito importante. E

mantenha-o curto.

Ela assentiu. — Sem muita informação. Sem nomes.

— Eles vão acreditar que você está em Zelba se rastrearem o sinal, — afirmou Big. —

Temos um retransmissor lá, então a transmissão irá para Zelba e depois para o seu

planeta. É uma configuração de emergência, e vai explodir se as autoridades forem lá

procurar por você.

— Eu entendo. Podemos abrir as comunicações agora? — Ela só queria falar com

seus pais.

Blade estendeu a mão e bateu em uma das almofadas no console curvo. O coração

de Hailey disparou ao vê-lo acender para indicar que a transmissão estava ao vivo.

Longos segundos se passaram antes que uma voz familiar viesse dos alto-falantes.

— Olá?
— Pai! — As lágrimas a cegaram. — É Hailey. — Ela desejou poder vê-lo, mas o

vídeo não era possível.

— Hailey?! Klista, entre aqui! Hailey, é você mesmo? Onde você está, abóbora?

— Sou eu, pai. Fui sequestrada, mas fugi. Estou voltando para casa. Pode demorar

um pouco, mas não estou ferida.

— Hailey? — Os soluços de sua mãe a rasgaram ainda mais.

Blade estendeu a mão e pegou a mão dela. Ele se inclinou para mais perto. —

Pergunte a eles, — ele sussurrou.

— Eu amo muito vocês, — disse ela rapidamente, sabendo que não poderia demorar

na ligação. — Eu preciso que você confie em mim e ouça. Não tenho muito tempo para

falar com você. Não entre em contato com as autoridades nem conte a ninguém que eu

entrei em contato com você. Eu estou bem, porém, e eu vou voltar para você. Não sei

quanto tempo vai demorar, mas estou segura onde estou.

— Onde você está? Nós vamos buscá-la. — Sua mãe soluçou mais alto.

— Algum fora do mundo levou você? — Seu pai parecia louco. — Vou reunir todo

mundo e vamos pegar você, abóbora. Apenas me diga onde você está se escondendo.

Podemos mantê-la segura.

— Eu não estou onde você pode chegar até mim. Eu estou longe. — Ela não deveria

mencionar a Morgan. — Eu tenho que ver o espaço, pai. — Ela engasgou. — Eu amo muito

vocês, mas prometo que estou segura e bem.


Seu pai ofegou alto. — Você não está em Prospect?

— O quê? — Sua mãe parecia em pânico. — Você está no espaço sozinha?

Blade apertou sua mão e ela encontrou seus olhos. Ele assentiu. Era sua maneira de

lhe dar permissão para assegurar-lhes que ela tinha alguém com ela.

— Eu não estou sozinha. Fui salva por um homem maravilhoso. Ele está me

mantendo segura. Ele é como Stone Stern.

Blade empalideceu, olhando para ela com alarme.

— Personagem fictícia, — ela sussurrou suavemente. — Ele é um herói. Mamãe me

lia os livros quando criança. Confie em mim. — Ela levantou a voz. — Ouviu? Estou

segura e bem. Não quero vocês dois preocupados comigo. Vou voltar para casa o mais

rápido possível. Eu só precisava que você soubesse que estou bem.

— Quem é esse homem? Ele é o bastardo que levou você?

Seu pai ficou furioso. Ela precisava acalmá-lo antes que ele fizesse suposições. —

Não, ele não me levou. Ele me resgatou. Contei-lhe sobre a justiça do vizinho; é o quanto

eu confio nele. Ele não vai deixar nada acontecer comigo. Preciso ir agora. Esta

transmissão não pode ser rastreada. Não entre em contato com as autoridades ou

qualquer pessoa no porto. E não confie em nenhum fora do mundo.

— Eles fizeram algo com você, — seu pai gritou. — Eu sabia! Eles não levantariam

um dedo para nos ajudar a procurá-la quando você não voltou para casa. Encontramos
sua maleta no chão no caminho para o trabalho. Quase tivemos que causar um tumulto

para que as autoridades emitissem um alerta oficial para você!

Blade apontou para a tela. Doeu-lhe ter que dizer adeus, mas ela sabia que era hora.

— Eu amo muito vocês. Eu tenho que ir, mas vou voltar para casa quando puder.

Estou bem, estou segura e meu herói está cuidando de mim.

— Nós te amamos, abóbora! — Sua mãe chorou. — Tanto.

— Esse homem pode me ouvir?

— Sim pai. Ele pode.

— Você cuida da minha filha, ou eu te mato. Não a machuque!

Hailey se encolheu. — Pai, não o ameace. Ele é incrível, e ele nunca faria nada de

ruim para mim. Pergunte à mamãe sobre Stone Stern. Ele é igualzinho a ele. É uma

promessa do Puffin. Eu tenho que ir.

— Ainda não! — Sua mãe parecia desesperada.

— Eu amo muito vocês!

Blade estendeu a mão e encerrou o sinal. A luz se apagou e Hailey se virou, jogando-

se nos braços dele. Foi a vez dela de soluçar. Seus pais sabiam que ela estava viva, no

entanto. Tinha sido tão difícil ouvir como eles estavam chateados. Ela sentia muita falta

deles.

— Eu vou te levar de volta para eles, — Blade jurou baixinho em seu ouvido

enquanto a segurava.
Ela assentiu.

— O que significa a promessa de Puffin?

— O velho Puffin é conhecido por sempre ser brutalmente honesto. Ele sempre fala

direto, mesmo que machuque os sentimentos de alguém. Ele não podia mentir para salvar

sua vida. Quando alguém realmente significa alguma coisa, é uma promessa de Puffin.

Tornou-se um ditado com todos na colônia.

— Eu entendo. — Ele esfregou suas costas. — Fale-me sobre esse Stone Stern.

Isso a fez rir. — Eu te disse. Ele é um personagem fictício. É uma série de livros que

minha mãe lia para mim enquanto crescia. Uma amiga dela escreveu sete deles. Ela mora

em Prospect. — Hailey se recostou no banco, fungando. Suas perguntas a ajudaram a

ganhar o controle de suas emoções. — Stone era esse mineiro bonito que salvava pessoas

diferentes em cada história.

— Conte-me mais sobre ele.

Ela duvidava muito que Blade realmente quisesse ouvir, mas ambos sabiam por que

ele insistiu para que ela continuasse. Isso a fez apreciar que ele era tão sensível ao seu

estado de espírito. — Stone era apenas essa grande pessoa que sempre ajudava a todos,

e todas as mulheres que ele resgatou queriam se casar com ele. — Ela fez uma pausa,

percebendo o que ela disse. — Porque Stone era um cara tão bom. É o que eu quero dizer.

Minha mãe vai entender o que eu estava tentando dizer. Você é um herói, como Stone.
De repente, uma toalha de mão foi empurrada para eles sobre o encosto do banco, e

Hailey virou a cabeça. Big estendeu para ela. Ela pegou.

— Para assoar o nariz. Gemma chora às vezes também. Vocês dois devem voltar para

sua cabine e comer alguma coisa. Isso ajuda. — Ele se dirigiu a Blade. — Falaremos mais

tarde. Cuide dela. Eu vou deixar Gemma saber que Hailey falou com seus pais. Isso fará

com que ela se sinta melhor. — Ele fugiu, deixando-os sozinhos.

Hailey assoou o nariz e sorriu para Blade. — Ele é um cara legal também, não é?

— Sim.

— Eu poderia comer, — ela admitiu. — Estou curiosa sobre a dama de prata. Ela

realmente cozinhará para nós e limpará depois?

Ele sorriu. — Isso é o que a Magna está programada para fazer. Esses tipos de

vantagens são algumas das coisas que senti falta neste lugar.

— Você tinha um antes?

— Sim. — Ele se levantou e a ajudou a ficar de pé, afastando-se da cabine para deixá-

la sair do espaço estreito. — Você não fará nenhuma tarefa enquanto estivermos aqui.

Temos robôs nas cabines mais agradáveis que fazem tudo, desde lavanderia, troca de

roupa de cama e manutenção de superfícies limpas.

— E cozinhar. — Ela se sentiu mais leve por dentro, agora que tinha falado com seus

pais. A dor diminuiu em seu peito. — Este lugar já foi algum resort chiquê? Parece um

local de férias.
Ele endureceu e parou de se mover.

— Desculpe. Esqueça eu perguntei. É só que isso soa como amenidades para um

resort. Não estou tentando obter pistas para descobrir onde estamos.

— Eu sei. — Ele estendeu a mão para ela e sorriu. — Podemos fingir que é um resort.

— Eu sou a favor disso. Eu poderia tirar férias depois de tudo o que aconteceu. Você

também poderia. Somos um belo casal, não somos? Nós dois fomos sequestrados. Eu por

homens maus e você por piratas. Você estava pior, no entanto. Eu só fiquei presa na

cabine daquele capitão por duas semanas. — Ela apertou a mão dele, pronta para retornar

ao seu lar temporário.

*****

Hailey observou Magna guardar o último prato limpo. A refeição que a androide

preparou estava deliciosa. Ela podia entender por que Gemma a chamava de dama de

prata. O corpo dela parecia um humano, se eles tivessem pele de metal. Mas em vez de

pernas reais, ambos os membros inferiores pareciam fundidos, com rodas no lugar dos

pés. Ela se sentiu mimada por ser servida e não ter que levantar um dedo para desfrutar

de um bom jantar.

Blade havia saído minutos antes para passar algum tempo com Big. Ele se ofereceu

para levá-la com ele, mas ela não queria se intrometer para que ele alcançasse seu amigo.

Os amigos eram preciosos. Ela não tinha tantos em Prospect. Seus amigos de infância
mais próximos se casaram pouco depois da escola. Eles tiveram filhos e vidas ocupadas.

Isso não deixou tempo para sair com ela.

Uma campainha a fez se assustar. Ela virou a cabeça, procurando visualmente a

fonte. A cabine era muito melhor do que qualquer coisa que ela já tinha visto antes. A

casa em que ela foi criada era básica, sem quaisquer características extravagantes.

A campainha soou novamente. Hailey se levantou, sem saber de onde veio. —

Magna?

A andróide rolou para o outro lado do balcão e colocou as mãos prateadas na

superfície. — O que posso preparar para você?

A campainha veio novamente.

— Que barulho é esse?

O andróide apenas olhou para ela.

A porta da frente de repente se abriu e Hailey se virou. — Isso foi rápido.

Não era Blade retornando, no entanto. Gemma se inclinou um pouco e sorriu. — Oi.

Estou interrompendo? Você não atendeu a porta. Achei que você poderia estar ocupada,

mas então me perguntei se talvez você não tenha a menor noção quanto eu sobre todos

os sinos e assobios que este lugar tem.

— Sinos e assobios? Eu não percebi que era a porta me dizendo que alguém estava

do lado de fora. Entre.


A loira entrou, a porta selando em suas costas. — Desculpe invadir, mas Big disse

que estava se encontrando com Blade na sala de controle. — Ela fez uma pausa, olhando

para Magna. — Eles ainda me assustam um pouco, — ela sussurrou.

Hailey olhou para a androide — Obrigado, Magna. Você pode se recolher agora.

A andróide girou e um longo armário se abriu. Ela rolou para dentro e selou atrás

dela. Hailey encarou Gemma novamente. — Não estou acostumada com robôs tão

sofisticados. Os do meu planeta têm cabeças quadradas, dois braços e seus corpos são em

forma de caixa com grandes rolos para as pernas. Eles puxam trailers com suprimentos

presos a eles. Às vezes eles trabalham juntos em pares para transportar equipamentos

pesados.

— Isso soa pior do que o que eu vi aqui.

— Os robôs de trabalho não são prejudiciais. Eles têm sensores confiáveis. Ninguém

nunca foi ferido por um. Você quer se sentar? Você está com sede ou com fome?

— Estou bem. — Gemma caminhou até uma das cadeiras da sala e se sentou.

Hailey sentou-se à sua frente no sofá. Ela tinha tantas perguntas, mas não queria ser

rude. A breve explicação que Blade deu a ela sobre Gemma foi que ela era a cópia clonada

exata de uma mulher que uma vez viveu na Terra. Direto para cada memória. Ela não

podia nem imaginar como seria.

— Que tipo de professora você é?

— Leitura.
— Então, professora de inglês?

— Basicamente. Nós apenas chamamos isso de leitura porque se você pode fazer isso

bem, o resto se encaixa.

— As coisas com certeza mudaram desde o meu tempo.

Hailey assentiu, tentando evitar qualquer coisa que pudesse fazer a outra mulher

ficar chateada. — Obrigada por empurrar os caras para me deixar entrar em contato com

meus pais.

— Big disse que correu bem. Estou tão feliz. Eu criei dois meninos, e não importa

quantos anos você tem, seus pais sempre vão se preocupar com você.

Hailey se mexeu na cadeira e cruzou as mãos no colo. Gemma não parecia velha o

suficiente para que isso fosse possível. Foi estranho. Não que ela fosse admitir. — Meus

pais ficarão mais felizes quando eu estiver em casa.

Gemma se inclinou um pouco para frente. — Eu vi você com Blade. Mais

precisamente, eu vi o jeito que ele olha para você.

Hailey mordeu o lábio, sem saber ao certo onde a outra mulher estava tentando

chegar.

— Eu posso ser a nova dona de um corpo de clone, mas aqui em cima, ainda sou a

pessoa que costumava ser. — Gemma bateu na têmpora antes de se sentar novamente. —

Sou uma mãe com alguns anos de idade. Isso significa que eu tenho um pouco de

sabedoria e perspectivas.
— Perspectivas?

— Eu provavelmente não deveria usar um ditado tão obviamente desatualizado, já

que você não está familiarizada com ele. Na minha época, era usado para descrever

mulheres com corpos atraentes, com quem os homens queriam fazer sexo. De qualquer

forma, a questão é que Big compartilhou o que sabia sobre você e Blade. Não vou ser

intrometida pedindo detalhes íntimos, mas sei como é ser arrancada da vida que tive,

apenas para ter um clone sexy de repente em minha vida. Temos isso em comum, não é?

— Sim, suponho.

— Apenas as pessoas que importam para você ainda estão vivas. Todo mundo que

conheço já se foi.

Isso pareceu curioso a Hailey. E já que Gemma estava falando sobre isso... — Você

não foi clonado logo depois que você morreu?

— Não. Aquela empresa de roubo de corpos me manteve congelada por muito

tempo. O velho eu morreu há cento e vinte e um anos. Acordei como um clone pouco

antes de você conhecer Blade. Incrível, certo?

— Isso é louco.

Gemma sorriu. — Isso é.

— Sinto muito pelo que aconteceu com você.

— Fiquei com pena de mim no começo, mas não mais. A alternativa é que eu teria

permanecido morta. Ganhei uma segunda chance na vida com um corpo muito mais
jovem e saudável. Eu decidi ser extremamente grata. O melhor de tudo, eu tenho Big. —

Ela piscou. — Ele é como a mãe dos ganhos da loteria masculina.

Hailey percebeu que Gemma era de outra época, mesmo que ela não tivesse contado.

Ela não entendia alguns dos ditados que usava, mas conseguia entender a essência. —

Estou feliz por você. Big parece ser um cara muito legal, e ele é protetor com você.

— Estou loucamente apaixonada por ele. Eu caí rápido e forte. Big é irresistível. Ele

é o pacote completo. Sexy, atencioso, me ouve e é ótimo na cama. Homens como Big

amam profundamente e forte. Se eu fosse mais jovem, talvez não tivesse visto isso tão

rápido quanto vi. Quanto mais você vive, mais você aprende. Tente ver o pacote

completo, Hailey.

— O que isso significa?

— Blade pode não ter sido alguém que você planejou conhecer, mas você foi. Ele é

outro pacote total. O jeito que ele olha para você? — Ela estendeu a mão e bateu no peito.

— Você possui o coração daquele menino. O amor acontece rápido quando você encontra

a pessoa certa. Não seja cega para o que está bem na sua frente. Ele está apaixonado por

você. Agarre aquele homem e não o solte. Ele é um guardião.

— Eu acho que Blade tem sentimentos por mim, mas ele não está apaixonado. Acabei

de conhecê-lo há alguns dias.

— Ele já admitiu isso para Big. Eu não deveria te dizer isso, mas... a vida é curta,

Hailey. Pelo menos, é a menos que eles a transformem em um clone com suas memórias
intactas. Eu odiaria que você voltasse para onde você veio, apenas para perceber quando

é tarde demais que você também se apaixonou por ele. Eu vivi cinquenta e seis anos sem

conhecer o cara certo que me fazia feliz. Agarre Blade. Ele olha para você da mesma forma

que Big olha para mim. É raro e precioso. É possível que você também esteja se

apaixonando por ele? Seja honesta com você mesma.

Ela baixou o olhar, olhando para o tapete no chão, contemplando. Blade importava

para ela. Ela tinha sentimentos.... mas ela o amava? — Não tenho certeza.

— Tem alguém especial em casa? Algum homem por quem você tem sentimentos?

Hailey ergueu o olhar. — Não. — Isso, ela tinha certeza.

— Blade faz você sentir coisas que nunca sentiu antes?

Ela assentiu. — Eu dei a ele minha virgindade. — Ela corou e desviou o olhar.

— Você estava guardando para o casamento?

Hailey olhou para cima para encontrar Gemma apenas curiosa, não crítica. —

Espera-se que nos guardemos para fazer sexo com seu marido pela primeira vez. Minha

mãe vai ficar chateada quando eu contar a ela. — Ela engoliu. — Mas eu realmente o

queria.

— Foi apenas físico porque ele é tão bonito, ou você se sente realmente atraída pela

personalidade dele?

— Ele não é como qualquer cara que eu já conheci. Foram os dois.


Gemma escorregou para a beirada de seu assento. — Como você vai se sentir quando

voltar para sua antiga vida e nunca mais o ver? Eu pensaria nisso, se fosse você. Você tem

alguma ideia?

Hailey não gostou da ideia. Ela sentiria falta de Blade e suspeitaria que iria doer

muito. Nenhum homem jamais a fez sentir do jeito que ele fez. Mesmo que eles

estivessem juntos por apenas alguns dias. Ele era seu Stone Stern, e se ele fosse seu

pretendente em casa, ela concordaria em se casar com ele se ele pedisse.

Especialmente se ele estava apaixonado por ela.

— Ele realmente disse a Big que me ama?

— Sim. Por favor, não compartilhe que eu falei, mas nós, mulheres, precisamos

cuidar umas das outras. Os homens nem sempre são bons em compartilhar seus

sentimentos. Essa gostosura te ama. E eu não precisava de Big para me dizer isso. Eu vi

no jeito que Blade olhou para você.

Uma dor começou em seu peito. — Eu não posso ficar! Eu sou tudo que meus pais

têm. Eles ficariam devastados se me perdessem.

Gemma assentiu em solidariedade. — Você é uma boa filha.

O silêncio se estendeu entre elas por alguns minutos.

— Hailey?

Ela olhou para Gemma.


— Você me faz sentir tão dividida agora. A mãe em mim quer lhe dizer que você

deve ir para casa com sua família. Eu sei o quanto um pai ama um filho e o quanto doeria

perder você. Mas também tenho que lhe dizer que a única coisa que eu mais queria era

que meus filhos fossem felizes. Se você fosse um dos meus filhos nesta situação exata,

onde você tivesse que me escolher ou a pessoa por quem você se apaixonou, isso partiria

meu coração, mas eu diria para você ficar com Blade.

— Isso também vem da mulher que finalmente encontrou o verdadeiro amor com

um grande cara. Perdi meus pais quando tinha quarenta e poucos anos. Eles não tinham

a paz de espírito de saber que eu tinha encontrado o amor verdadeiro. Eu era uma mãe

divorciada de dois filhos, lutando sozinha enquanto eles estavam vivos. Estávamos perto.

Meu pai morreu primeiro e minha mãe um ano depois. Ela admitiu se preocupar sobre

como eu ficaria depois que ela se fosse. Eu odiava isso por nós dois.

Gemma suspirou, então se levantou. — Você está em uma situação muito difícil.

Desculpe-me por isso. Perguntei a Big se era possível Blade ir para casa com você, e ele

disse que não. Eu não conheço seus pais, mas talvez você devesse descobrir se Blade é

alguém que poderia te fazer feliz pelo resto de sua vida. Nesse caso, talvez você possa

perguntar a seus pais o que lhes dará maior paz de espírito. Ter você com eles, ou saber

que você está com um homem que você ama. De qualquer forma, estou aqui sempre que

quiser conversar. Eu vou sair agora, porém, porque acho que já disse o suficiente. — Ela

sorriu.
— Obrigada. Tenho muito em que pensar.

— Tenho a impressão de que levar você para casa será complicado, mas esses caras

são inteligentes e determinados. Você tem um pouco de tempo para descobrir as coisas,

mas eu queria que você tivesse todas as informações para tomar a melhor decisão

possível. É tudo o que você pode fazer na vida. — Hailey se levantou, mas Gemma acenou

para ela sentar. — Eu posso sair sozinha.

Assim que ela se foi, Hailey se enrolou no sofá e repetiu tudo o que Gemma havia

dito. Ela não tinha certeza de que estava apaixonada por Blade, mas se importava

profundamente com ele. Ela tinha uma suspeita de que estava chegando lá rápido.
Capítulo Nove

Blade entrou algumas horas depois. Ele veio direto para ela depois de um olhar para

seu rosto. — O que há de errado?

— Nada. Tudo.

— Sinto muito por ter ido embora por tanto tempo. Big queria me mostrar todos os

reparos que fez na minha ausência. Ele também tinha muitas perguntas para mim sobre

meu tempo vivendo com piratas.

Ela saiu do sofá e colocou os braços em volta dele. Ele não hesitou em abraçá-la de

volta.

Ele baixou o queixo para o topo de sua cabeça. — Eu sinto muito. Eu não pensei. Este

é um lugar novo para você, e eu a deixei sozinha por muito tempo.

— Não. Você não fez.

— O que há de errado? Você está cansada? Podemos ir para a cama. Você se

importaria se eu dividisse a cama com você? Eu sei que você é carinhosa, então não farei

mais do que te abraçar.

Ela inalou seu cheiro. Ele cheirava muito bem. A sensação de seus braços ao redor

dela e seu corpo firme pressionado contra o dela parecia certo.


Era tentador perguntar a ele se ele estava apaixonado por ela. Ela não o fez, no

entanto. Se ele dissesse sim, isso só tornaria as coisas mais difíceis. Não havia como negar

que parecia covarde.

— Bebê? — Ele se afastou. — Vou ficar com o outro quarto. Peço desculpas se te

deixei desconfortável. Essa não era minha intenção.

— Não. — Ela olhou em seus olhos azuis escuros. — Eu quero estar com você esta

noite. Durma comigo.

Ele sorriu. — Tem certeza?

— Sim. E também não estou mais dolorida. Você vai me beijar?

— Sempre. — Ele baixou a cabeça, e seus lábios encontraram os dela esperando.

Isso está certo. Ela sentiu isso no âmago de sua alma. Ninguém nunca a fez precisar

do jeito que Blade fez. Mas ela não queria pensar mais. Apenas sinta. Seus seios

começaram a doer e ela pulsava entre as pernas.

Ela quebrou o beijo e agarrou a mão dele, levando-o para o quarto. A cabine tinha

dois. Eles exploraram o local antes do jantar, e ela foi direto ao máster e o soltou, tirando

a roupa.

Blade se despiu rapidamente. — Você é tão bonita.

— Assim é você.

Ele riu. — Estou feliz que você me ache atraente.

— Você é isso e muito mais.


Seu humor desapareceu quando ele a agarrou, beijando-a novamente. Ela colocou os

braços em volta do pescoço dele e tentou escalar seu corpo mais alto. Ele a ajudou a

levantá-la, então ela mal percebeu que ele os aproximava da cama. Ele parou quando eles

chegaram e gentilmente a abaixou.

Hailey se sentiu frustrada quando eles pararam de se beijar. — Não pare.

— Eu não pretendo. De costas, querida. Eu quero provar você.

Ela praticamente se jogou na cama e rolou para o centro antes de se esticar. Blade

estava diante dela, nu, seu pênis duro. Ela lambeu os lábios. Ela queria saboreá-lo

também.

— Não me olhe assim, — ele gemeu, subindo na cama atrás dela. — Você não tem

ideia do que faz comigo.

— Diga-me.

— Eu vou te mostrar. Abra suas pernas.

Ela as separou e levantou os joelhos, preparando-se para envolver as pernas ao redor

da cintura dele quando ele subisse sobre ela. Ele não fez. As grandes mãos de Blade

seguraram a parte de trás de suas coxas e as afastaram ainda mais. Seus olhos

encontraram os dela.

— Isso é o quanto eu quero você.


Ele abaixou a cabeça entre suas coxas e seu hálito quente se espalhou sobre seu

clitóris. Ela respirou fundo enquanto sua língua lambia a carne sensível. Ele lambeu,

achatou sua língua contra ela, então esfregou contra ela rápido.

Hailey jogou a cabeça para trás e gritou. Seus olhos fechados, sua respiração

entrecortada. Prazer cru a percorreu. Ele foi impiedoso quando ela se debateu sob ele. Ela

atingiu o clímax com força suficiente para gritar seu nome.

O corpo inteiro de Hailey caiu na sequência. Blade subiu nela então e a prendeu

debaixo dele. Ele enganchou uma de suas pernas e a ergueu até o quadril, usando o braço

sob o joelho dela para prendê-la ali. Seu outro braço apoiou seu peso no lado oposto.

— É assim que você me faz sentir quando está nua e me olhando com desejo. Fora

de controle. E eu não quero que você pare nunca.

Ele a soltou e alcançou entre eles, esfregando lentamente a coroa de seu pênis contra

ela. Ela levantou as pernas e as envolveu ao redor da cintura dele. Ela passou as mãos

sobre o peito dele, amando a sensação de sua pele quente e firme, explorando até o topo

de seus ombros e depois para fora até seus braços.

Ele a penetrou devagar.

Hailey gemeu e cravou as unhas nele. Ela levantou os quadris, querendo mais dele.

Blade deu a ela empurrando mais fundo em sua boceta, fazendo-a tomar tudo dele de

uma vez. Era prazer com uma pontada de dor.


— Eu fui feito para você. — Ele começou a rolar os quadris lentamente, certificando-

se de que cada movimento arrastasse sua pélvis contra seu clitóris.

Ela gemeu seu nome e levantou a cabeça, querendo sua boca. Ele deu a ela, beijando-

a ardentemente. Ele manteve o ritmo constante, construindo o prazer até que ultrapassou

os dois.

O segundo clímax a invadiu. Blade bateu nela então, duro e rápido, extraindo seu

prazer até que ele a encheu com seu sêmen.

Ele os rolou, segurando-a com força. — Nós somos bons demais juntos.

Ela se agarrou a ele. — Por que você diz isso?

— Nós nos pegamos um ao outro rapidamente. Não sei se isso é bom ou não, mas

não me importo. O que quer que sejamos, é perfeito. O que você acha?

— Eu sou nova nisso. Foi tão rápido?

Ele riu e ajustou seus corpos mais confortavelmente na cama. Ele era forte o

suficiente para movê-la sem esforço. — Teremos que fazer muito mais, já que também

não tenho muita experiência.

— Você é muito bom nisso. Talvez bom demais.

— Eu li muitos livros sobre sexo. The Do's and Don'ts of Her Pleasure foi um dos meus

favoritos. Tinha fotos e diagramas. O que acabamos de fazer foi no capítulo seis. Eu

costumava patrulhar a biblioteca de hóspedes para pegar alguns livros e levá-los de volta

ao meu beliche para ler enquanto eu estava de folga.


— Deve ter sido um grande capítulo. Gostei muito do que você fez. Não temos livros

que cobrem sexo em nossas bibliotecas.

— Não?

— Nosso orçamento de livros da biblioteca vem da escola.

— Como você aprende sobre sexo, então?

— As mães conversam com as filhas. Os pais falam com seus filhos. — Ela riu de

repente. — Ela não me contou sobre sexo oral. Aprendi isso com minha amiga Susan, em

nosso último ano de escola. Ela tinha um namorado de fora do mundo que tinha feito isso

com ela, para levá-la a fazer sexo com ele. Achei nojento. É realmente, realmente não é.

— Não, não é.

Ela se aproximou dele e olhou em seus olhos. Ele olhou para ela como se tivesse

sentimentos por ela. Havia uma ternura ali. Isso a fez desejar algo que ela não poderia ter

– e um pedaço de seu coração se partiu.

Esse foi o exato segundo em que ela teve sua resposta. Ela sentiu isso até os ossos,

também. Não havia dúvida.

— O que há de errado? De repente você parece triste.

Lágrimas inundaram seus olhos. — Sou uma pessoa má.

Ele os rolou de volta, prendendo-a debaixo dele novamente. — Não, você não é. Por

favor, não diga que se arrepende do que acabamos de fazer.

— Nunca.
Ele usou os cotovelos para segurar seu peso, liberando as mãos para afastar o cabelo

dela do rosto com ternura. Ele se inclinou para perto. — Você não é uma pessoa ruim.

Por que você diria isso?

— Eu olho para você e quero ser egoísta.

— Como?

— Por que a vida tem que ser tão injusta às vezes?

— Não sei. O que há de errado, Hailey? Fale comigo.

— Eu não quero dizer adeus a você. — Ela engasgou. — Quero ouvir mais sobre os

capítulos que você lê e experimentar todas essas coisas com você. Mas não vamos ter esse

tipo de tempo juntos. Eu quero mais de nós, no entanto. Eu te amo, Blade. Eu me apaixonei

por você... e isso me torna uma pessoa ruim.

— Querida, eu também te amo. Não há nada de ruim nisso. É maravilhoso.

— Eu olho para você e quero ser tão egoísta, perguntando se você consideraria me

fazer sua esposa. Mas mataria meus pais. Que tipo de filha os abandonaria? Eu pedi para

você me beijar, e agora aqui estamos. Isso é tudo minha culpa. Eu nem te mereço. Eu sei

que você voltaria para casa comigo se pudesse, desistindo de tudo. Eu deveria ser capaz

de fazer o mesmo. Em vez disso, estou dividida.

Ele abaixou a testa até que a descansou contra a dela, então fechou os olhos.

— Eu machuquei você, não foi? Eu deveria ter ficado em silêncio. Eu sinto muito.
Ele levantou a cabeça e abriu os olhos. — Eu também quero ser egoísta. Se isso te faz

mal, eu sou pior.

— Isso não é verdade. Você é incrível.

— Você se sente mal porque para estar comigo, você teria que deixar seus pais. Mas

estar comigo na verdade significa ter que desistir de sua casa, sua família e maternidade

– mas ainda quero implorar para você ficar. Eu me casaria com você em um instante,

Hailey. Eu quero te manter aqui comigo. Eu faria qualquer coisa e tudo para compensar

você todos os dias, porque eu saberia que você perdeu muito para estar comigo. Não seria

possível, mas eu tentaria o meu melhor.

Lágrimas quentes escorreram por seu rosto.

Seus olhos lacrimejaram também. — Estou feliz que você me pediu para te beijar. Eu

não mudaria nada. Encontramos o amor, querida. Eu nunca pensei que faria. Cada

minuto que temos é precioso, e será o suficiente para durar pelo resto da minha vida.

Tem que ser. — Ele piscou rapidamente. — Você é perfeita, e eu amo tudo em você. É por

isso que vou deixar você ir para casa.

— Blade…

Ele os rolou novamente e a segurou com força. — Vai ficar tudo bem. Temos algum

tempo juntos. Vamos aproveitar ao máximo.

Ela chorou quando ele a abraçou. Ele continuou assegurando que ia ficar tudo bem....

mas ela sabia que não estava.


*****

Blade se sentiu estripado quando ele suavemente saiu de debaixo de Hailey. Ela

tinha adormecido, tendo se esgotado com suas lágrimas. Ele queria se enfurecer e gritar.

Se ele tivesse nascido em vez de produzido, ele poderia dar a ela tudo o que ela merecia.

Um homem que poderia ser pai de seus filhos e viver em seu mundo natal.

Ele se vestiu silenciosamente e fugiu do quarto, contornando a sala e saindo de sua

cabine. Ele andou pelo corredor, apenas tentando expulsar sua raiva sem quebrar os

punhos, batendo-os com sangue em uma parede. Hailey não precisava dessa culpa em

cima de tudo. Ele precisava pelo menos fingir ter sua merda enquanto ela estava com ele.

Ele finalmente se cansou o suficiente para encostar as costas na parede do corredor

e se agachar. Sua cabeça caiu, e ele deixou um pouco de sua dor vazar com suas lágrimas.

A porta perto dele se abriu, e ele virou a cabeça em direção a ela. Não foi Big quem

saiu. Gemma carregava um saco de pano vazio enquanto caminhava em direção ao

elevador.

— O que você está fazendo?

Ela guinchou e girou. Então ela agarrou seu peito. — Você quase me deu um ataque

cardíaco. — Ela caminhou em direção a ele e deixou cair a mão.

— Clones não têm problemas cardíacos.

Ela parou e realmente olhou para ele. — Parece que seu cachorro acabou de morrer.

As coisas estão indo mal, hein?


— Hailey disse que me ama.

Ela se inclinou e colocou o saco no chão, antes de sentar nele. — Isso te incomoda?

— Eu não posso mantê-la. Destruirei a vida dela se o fizer.

— Ela disse isso?

— Ela chorou até dormir em meus braços. Vou mandá-la para casa mesmo que ela

peça para ficar. Eu tenho que fazer o que é melhor para ela.

Gemma cruzou as pernas. — Erro número um. Nunca faça escolhas por uma mulher.

Ele a encarou. — Ela nunca vai se perdoar se tiver que abandonar seus pais para ficar

comigo. Não só isso, mas eu não posso nem dar bebês para substituir sua família. Isso é

outra coisa que eu tiraria dela. Ela encontrará outra pessoa para amar, e ele a deixará

manter sua família. Ele vai... — Ele teve dificuldade em dizer isso porque doeu. — Eles

vão ter filhos juntos. Isso a ajudará a se curar dessa dor.

— Você está partindo meu coração, Blade.

Ele desviou o olhar dela. — Eu quero matá-lo com minhas próprias mãos, e ela ainda

nem o conheceu.

Ambos permaneceram em silêncio por longos minutos. Ele imaginou que ela estava

sendo educada por não deixá-lo sozinho. Ele limpou a garganta. — Onde você estava

indo com um saco?

— Gosto da sensação do material. É macio. Encontrei em um dos armários. Vou

perguntar ao robô alfaiate se tem mais, e se posso mandar fazer algumas calças. As que
tenho são um pouco duras. — Gemma inclinou a cabeça. — Tem que haver uma solução

para você. Nós só precisamos descobrir isso.

— Não há uma. Seu planeta é uma colônia de mineração. Eles têm autoridades

portuárias que policiam todo o tráfego de entrada e saída, para evitar o roubo dos

minerais que coletam. Qualquer um que pousar lá será escaneado. Eles me matariam.

— Não há como se esgueirar por isso?

Ele balançou sua cabeça. — Eles poderão rastrear qualquer coisa que entre no

planeta. Uma nave que se desvie do curso para o porto de desembarque será abatida.

— Então, ir lá está fora.

— Sim.

— Hailey tem outra família além de seus pais?

— Não que tenha sido mencionada.

Gemma parecia estar pensando.

— Não há esperança.

— Nunca diga nunca. Se não conseguirmos levá-lo até lá, é possível pagar alguém

que possa passar por um exame de mão para ir até lá e sequestrar os pais dela?

Ele olhou para ela.

— O quê? Você acabou de passar muito tempo com piratas. Não me julgue por uma

sugestão drástica. Estou pensando fora da caixa. Eu também posso ter passado muito

tempo assistindo televisão na minha antiga vida. Pense nisso, no entanto. Você poderia
tê-los sequestrado e trazido para cá. Como pai, eu perdoaria isso, dadas as circunstâncias.

Fique com meu filho, ou nunca mais veja meu filho. Acéfalo. Deus sabe que este lugar é

grande o suficiente, e você pode bloquear partes da estação para impedir que eles

escapem se eles tentassem.

— Eu não estou sequestrando os pais dela!

Ela revirou os olhos. — Muito bem.

— Nada resolve o fato de eu ser estéril. Ela estaria desistindo da oportunidade de

experimentar a maternidade.

Gemma bufou e acenou com a mão. — Essa é a coisa mais fácil de consertar.

Ele olhou para ela novamente. — Não há como fazer nosso esperma viver.

— Eu não disse que o bebê seria biologicamente seu. Você poderia obter esperma de

outra pessoa.

— Eu não vou permitir que algum humano faça sexo com Hailey.

— Ela não precisa. Uma das sobrinhas de uma das minhas amigas engravidou

pedindo a um amigo dela que se masturbe em um copo, e ela se inseminou. Foram duas

tentativas, mas funcionou. Basta encontrar algum humano que você possa pagar para

desistir de seus bens, então você pode tentar isso. Eles são chamados de doadores de

esperma. É assim que algumas pessoas fazem quando não podem pagar por

procedimentos médicos caros e estão tendo problemas de fertilidade. Você realmente se


importa se o bebê é biologicamente seu? Eu teria adotado se não pudesse ter filhos. Não

teria importância para mim. Eu teria adorado ele como se fosse meu.

Ele franziu a testa. — Acho que devemos encontrar Big. Onde ele está?

— Programando robôs em outra cabine, para tê-lo pronto caso o Fig volte para casa.

— Vamos encontrá-lo. Você não deveria estar sozinha.

Ela estreitou os olhos para ele. — Por que não?

— Algumas de suas sugestões eram instáveis.

Ela desceu do chão e pegou seu saco. — Eu não sou maluca. Eu só penso fora da

caixa. Você deveria tentar em algum momento. Pelo menos estou lhe dando possíveis

soluções para seus problemas. O que você está fazendo, além de ficar de mau humor no

corredor? O que isso vai fazer por você? Nada. Agora, vou falar com um robô.

Ele a observou se afastar e entrar no elevador. Ele esperava que sua estabilidade

mental não estivesse falhando. Destruiria Big se isso acontecesse. Ele entrou novamente

em sua cabine e verificou Hailey. Ela dormia tranquilamente na cama.

Ele se encostou na parede, memorizando tudo sobre ela. Um dia em breve, ela teria

ido embora. A dor arranhou seu coração com o pensamento. Ele amava verdadeiramente

e profundamente Hailey. Perdê-la ia matá-lo.

Tem que haver uma solução. As palavras de Gemma o assombravam. Pense fora da

caixa…
Vinte minutos depois, ele teve uma ideia. Não foi tão ruim quanto sequestrar os pais

de Hailey, mas foi um segundo próximo. Seria arriscado, mas ele tinha tudo a perder se

pelo menos não tentasse.

Ele correu para fora de sua cabine.


Capítulo Dez

— Hailey?

As mãos de Blade acariciaram o cabelo de seu rosto. Ela abriu os olhos. Eles se

sentiam um pouco inchados, e ela rapidamente se lembrou do porquê. Ele se sentou na

beirada da cama, inclinando-se sobre ela. Ela lhe deu um pequeno sorriso.

— Acorda, linda.

Ela o deixou ajudá-la a se sentar. Ele lhe ofereceu um copo de suco de frutas. Estava

frio e delicioso. — Obrigada.

— De nada. Nós precisamos conversar.

Ela assentiu. — Sinto muito por ter desmoronado ontem à noite.

— Silêncio. — Ele se aproximou.

Ela estudou seu rosto. — Você parece cansado. Você não dormiu bem?

— Eu não dormi nada. Entrei em contato com Rod. Demorou horas para ele

responder aos meus pings, mas ele finalmente o fez.

— Rod? Oh. Um dos seus seis do Clone World. — Ela tomou outro gole de suco. —

Por quê?
— Eu precisava ver se ele poderia me fazer alguns favores. Enquanto todos nós

evitamos estações e colônias, ele é conhecido por visitar aquelas sem autoridades

portuárias. Ele é habilidoso em passar por ser humano, desde que não haja scanners.

— Isso soa perigoso.

— Isso é.

— Por que ele faria isso?

— Não temos certeza, mas ele tem. Rod até aceita empregos de alguns humanos. Por

isso pensei nele. Ele não só viaja para lugares onde nós não vamos, mas ele tem fundos.

Eu disse a ele o que eu poderia precisar, e ele concordou em fornecer as duas coisas para

mim.

Ela não estava acordada o suficiente para acompanhar. — Ambos quais coisas?

— Garantir transporte e financiamento. Ao lidar com humanos, os fundos são um

requisito.

Ela estendeu a mão e colocou o copo na mesa de cabeceira. — Você está me

mandando embora? É isso que você está dizendo? Rod conhece alguém que pode me

levar de volta a Prospect com segurança, e ele tem dinheiro para pagá-los? — Não chore.

Não chore, ela cantou silenciosamente. — Tão cedo? Achei que demoraria. Sinto muito

pelo que disse ontem à noite. — Ela agarrou a camisa dele. — Eu não estou pronta para

ir!

Ele cobriu a mão dela com a dele. — Nunca bebê. Não é isso.
O alívio que a atingiu foi forte.

— Eu tive essa ideia ontem à noite. A culpa é da Gemma, na verdade. Ela disse que

eu poderia contratar alguém para sequestrar seus pais de Prospect e trazê-los para você.

— O quê?

— Eu disse a Big que ele precisa ficar de olho nela. Ela pode estar lutando com sua

estabilidade mental. Eu nunca contrataria piratas para roubar seus pais. Isso me fez

pensar, no entanto. — Ele sorriu, e isso iluminou seu rosto.

Ela sorriu de volta, incapaz de evitar. — O que é?

— Eu te amo, Hailey. Você vale a pena correr riscos, e eu faria qualquer coisa por

você. Há algo que você precisa ouvir. Você é tão incrível... e eu tinha fé que eu não era o

único que se sentia assim.

Ele enfiou a mão no bolso da calça e tirou um pequeno gravador. Ele tocou.

— Não tenho muito tempo porque as transmissões podem ser rastreadas, mas

preciso falar com você. É sobre Hailey.

Era a voz de Blade. Ela agarrou sua camisa com mais força.

— Ela está bem?

Choque sacudiu através dela. Era o pai dela falando.

— Sim senhor. Fisicamente, ela é perfeita. Estou apaixonado pela sua filha, e ela está

apaixonada por mim. Eu trabalho em um local remoto, o zelador de um site classificado.

Eu gostaria de me casar com Hailey. Ontem à noite, eu a segurei enquanto ela chorava
até dormir porque seu coração está dividido entre nós. Sou um empregado contratado

que está preso a este trabalho por pelo menos trinta anos. Não posso mudar isso, ou

mudaria. É por isso que estou entrando em contato com você.

Ela o ouviu tomar uma respiração profunda e audível antes de continuar. — Hailey

disse que você sempre quis fazer uma viagem. Eu não sei como você se sente sobre deixar

Prospect para se mudar para outro lugar... mas há muito espaço aqui. Você pode se

aposentar das minas e sua esposa do ensino. Eu vou cuidar de vocês dois. Você não vai

sentir falta de comida ou boas condições de vida. Há apenas um punhado de pessoas

vivendo aqui, mas a mais importante será sua filha. Você vai considerar isso?

— Qual o seu nome? — Essa era a mãe de Hailey.

— Isso é confidencial, mas sua filha me contou tudo sobre Stone Stern, e ela diz que

eu sou como ele. Encontrei Hailey em uma situação ruim e a trouxe para casa comigo,

onde eu sabia que ela estaria segura. Por favor, deixe-me ser seu herói mais uma vez.

Concorde em se mudar para cá, para que possamos manter o coração dela inteiro,

reunindo nossa família. Tenho fundos disponíveis para enviar para você. Será mais do

que suficiente para você arrumar seus pertences e pegar um transporte para a Estação

Kellerton. Boas acomodações serão reservadas para você em seu nome, junto com um

grande armário de armazenamento para suas coisas, até que um dos meus colegas de

trabalho possa buscá-lo e levá-lo para Hailey.


— Por favor, considere isso. Nunca mais quero vê-la chorar como fez ontem à noite,

e se ela me deixar para ficar com você, serão vocês que a abraçarão à noite, ouvindo seus

soluços. Por favor

Seguiu-se o silêncio.

Hailey sentiu as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Oh, Blade... — Ela enterrou o

rosto em seu peito. — Obrigado por tentar. — Ela cheirou. — Eles têm amigos lá, e é tudo

o que eles conhecem. Papai fala sobre ir para o espaço, mas ele só queria tirar férias.

— Eu tive que chegar até eles e tentar. Enviei uma mensagem codificada para Rod,

perguntando se a Estação Kellerton era um lugar onde ele poderia entrar e sair para pegar

duas pessoas, se elas dissessem que sim. Ele disse que podia. Eles não têm autoridades

portuárias. Os piratas vão lá com frequência. Ele também disse que poderia facilmente

transferir fundos para seus pais, e ele tem mais do que o suficiente para pagar as despesas

de viagem deles.

— Isso foi tão legal da parte dele.

— Eu disse a ele o quanto você significa para mim. Ele exigiu respostas depois que

lhe pedi para transportar dois humanos para nossa casa. Ele até exigiu falar com Big

primeiro, para ter certeza de que eu tinha esclarecido com ele.

— Big concordou em deixar meus pais virem aqui? Ele é tão protetor com Gemma.

— Ela estava lá quando eu perguntei. Ele pode querer protegê-la, mas ela não parece

precisar disso. Quando ele apontou que os humanos podem ser cruéis com os clones, ela
riu e disse a ele que seu antigo trabalho a obrigava a lidar com centenas de humanos de

boca suja todos os dias.

— Eu ainda não quero ir para casa agora. — Ela puxou sua camisa. — Meus pais

podem esperar algumas semanas. Nós merecemos esse tempo juntos. Certo? Estas são as

nossas férias.

Ele se inclinou e a beijou. — Oh, nós merecemos muito mais do que isso.

— Não posso ficar meses. Isso só tornaria mais difícil. — Ela chorou novamente. —

Vai ser difícil dizer adeus, não importa o que aconteça.

— Não chore, bebê. Não acabou.

— Acabou sim. Meus pais desconectaram sem sequer se preocupar em responder.

Ele sorriu de repente. — Eles fizeram?

Ela olhou para a mão dele segurando o gravador, e ele acenou. Então ele piscou para

ela e seu sorriso se alargou. — Espere por isso. O sinal ainda estava ativo. Big ficaria bravo

se soubesse que fiquei alguns minutos a mais do que o planejado, mas podemos encontrar

outra estação de retransmissão de emergência em outro planeta se o sinal for rastreado.

Eu farei...

— Stone? — Esse era o pai dela.

Ela empurrou a cabeça para cima, olhando para o gravador.

— Sim senhor?

— Você realmente ama nossa filha? Você a trata bem?


— Ela é tudo para mim, e eu faria qualquer coisa e tudo para protegê-la de todo mal.

— A voz de Blade estava impregnada de sinceridade.

— Minha esposa diz que se você for o Stone para nossa Hailey, então vamos. Nossa

abóbora é nossa prioridade. Podemos arranjar outros empregos e amigos, mas só temos

uma filha. O que precisamos fazer de novo?

— Os fundos serão transferidos para o seu nome. Use-os para comprar passagens e

espaço de carga para seus pertences em um transporte para a Estação Kellerton. Você

precisa fazer o check-in no Bill's Hotel. Meu colega de trabalho vai encontrá-lo lá e trazê-

lo para nós. Obrigado. — A voz de Blade falhou. — Ela vai ficar tão feliz.

— Isso é tudo que importa. Estamos fazendo as malas. Diga à nossa filha que estamos

chegando.

— Obrigado, senhor. Eu já vou mandar esses fundos para você. Você deve vê-los

dentro de horas.

Blade bateu no gravador e o jogou na cama. — Você o ouviu. Eles estão vindo. Não

precisamos nos separar nunca.

— Blade! — Ela o puxou para mais perto e o beijou. — Eu te amo muito. Obrigada!

— Espero que você ainda possa dizer isso quando eles chegarem. Como você acha

que eles vão reagir quando descobrirem que sou um clone?

— Duvido que eles saibam a menos que você conte a eles. Eles vão insistir para que

nos casemos. Tudo bem?


— Eu quero ser seu marido, e você minha esposa. Não será legal porque não tenho

impressão de dados, mas poderíamos fazer uma cerimônia. Será real de todas as outras

maneiras. Você quer se casar comigo?

— Sim! Um milhão de vezes sim!

— Vou preparar uma bela cabine para eles com uma Magna.

— Minha mãe vai adorar isso. — Ela hesitou. — Devemos dizer aos meus pais que

você é um clone. Sempre fui honesta com eles, e tenho certeza de que, uma vez que o

conheçam, não se importarão. Você é um milhão de vezes melhor do que qualquer um

que eles convidaram para jantar. Também impedirá que eles nos assediem sobre

engravidar. É melhor apenas quebrá-los rapidamente.

— Sobre isso…

Ela esperou.

— Gemma mencionou algo, e perguntei a Rod se ele conhecia algum humano

decente que fosse saudável e possivelmente compartilhasse algum traço físico comigo. —

Ele estendeu a mão e tocou seu cabelo preto. — Expliquei o que precisava e por quê. Ele

disse que não deveria ser um problema obter e congelar para transporte. Você já ouviu

falar de um doador de esperma?

Ela assentiu. — Sim.


— Eu me recuso a remover a opção de você se tornar mãe só porque você está

comigo. Seria uma honra para mim ser pai de qualquer bebê que você carregasse, se você

escolher ter um. Ou quantos você quiser.

Ela se sentiu tomada pela emoção e se jogou nele. — Você é meu herói!

Blade a abraçou apertado. — Você me inspira, querida. Seremos felizes e

conseguiremos tudo o que queremos. Vou me certificar disso.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

Fim
Para quem chegou até aqui, o nosso muiiiito obrigado.

Esperamos que tenha gostado pois foi feito especialmente para você!

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