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Impacte das Alterações Climáticas nos Sistemas Marinhos e

Costeiros

RESUMO DA MATÉRIA DE IMPACTE DAS ALTERAÇÕES


CLIMÁTICAS

2020, FARO

BRUNO AGUIAR

1
ÍNDICE

1. Introdução ................................................................................................................................................................................ 5

2. Circulação Atmosférica ............................................................................................................................................................ 8

3. Circulação Global .................................................................................................................................................................... 9

4. As Evidências Das Alterações Climáticas .............................................................................................................................. 14

4.1. Fatores De Variabilidade Climática Natural ................................................................................................................. 15

4.2. Previsões Climáticas .................................................................................................................................................... 16

5. Arquivos Climáticos .............................................................................................................................................................. 16

5.1. Indicadores Paleoambientais (Proxies) .............................................................................................................................. 17

5.2. Indicadores Físicos: ...................................................................................................................................................... 19

5.2.1. Composição Do Sedimento: ......................................................................................................................................... 19

5.2.2. Textura: ............................................................................................................................................................. 19

5.2.3. Cor Do Sedimento ............................................................................................................................................. 19

5.2.4. Estrutura ............................................................................................................................................................ 20

6. Como Se Estuda O Clima Do Passado – Cronologia.............................................................................................................. 23

6.1. Métodos De Datação ............................................................................................................................................................. 23

6.2.1. A Evolução Dos Níveis De O2 Atmosférico E A Sua Relação Com O Processo De Terrestrialização ........................ 25

6.3. Eventos De Extinção .................................................................................................................................................... 26

6.3.1. Evolução Das Teorias De Extinção Ao Longo Do Tempo ................................................................................................. 26

6.3.2. Causas/Mecanismos Dos Eventos De Extinção (Câmbrico – Cretácico) ................................................................ 27

7. Clima Do Passado .................................................................................................................................................................. 30

7.1. Alternância Entre Períodos Glaciares E Interglaciares- Últimos 800 Mil Anos (Testemunhos De Gelo) .............................. 32

7.2. Estádios Isotópicos Marinhos (Mis) ............................................................................................................................. 33

7.3. Variações Do Clima E Do Nível Do Mar Durante Os Últimos 450 Mil Anos .............................................................. 33

7.4. Variação Do Clima E Do Nmm Durante O Último Período Glacial (18 A 80 Ml Anos) .............................................. 34

8. Variações Rápidas De Temperatura: Os Eventos De Heinrich............................................................................................... 34

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9. A Circulação Termoalina: Causa Ou Resposta ....................................................................................................................... 35

10. Último Máximo Glacial – 22 – 18 Ka ................................................................................................................................ 36

10.1. Eventos Rápidos.................................................................................................................................................................. 36

11. Resumo – Clima Do Passado ....................................................................................................................................... 37

12. Eventos De Bond .......................................................................................................................................................... 37

13. Variações Do Clima Durante O Holocénico: Evento Frio 8.2 Ka ...................................................................................... 38

13.1. Período Medieval Quente .................................................................................................................................................... 38

13.2. Pequena Idade Do Gelo........................................................................................................................................... 39

14. El Niño/La Niña – Enso ..................................................................................................................................................... 40

15. Exemplos Da Variação Do Clima Na Península Ibérica .................................................................................................... 42

15.1. Exemplos Da Variação Do Clima Na Península Ibérica – Guadiana ............................................................................ 43

16. Clima Atual ....................................................................................................................................................................... 44

16.1 Temperatura ......................................................................................................................................................................... 44

16.1.1. Temperatura Em Portugal ............................................................................................................................ 45

16.2. Precipitação............................................................................................................................................................. 45

16.2.1. Pecipitação Em Portugal .............................................................................................................................. 46

17. Subida Do Nível Médio Do Mar .................................................................................................................................................. 46

17.1. Snmm Em Portugal ............................................................................................................................................................. 47

18. Eventos Extremos ........................................................................................................................................................................ 47

18.1. Ondas De Calor ................................................................................................................................................................... 47

19. Recessão Dos Glaciares ............................................................................................................................................................... 48

20. Clima Do Futuro .......................................................................................................................................................................... 49

20.1. Cenários Futuros Do Ipcc .................................................................................................................................................... 50

20.2. Projeções Globais ................................................................................................................................................................ 52

20.3. Projeções Regionais ............................................................................................................................................................ 57

20.4. Incertezas Nas Projeções ........................................................................................................................................................... 59

21. Impacte Das Alterações Climáticas .............................................................................................................................................. 61

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21.1. Regiões Críticas Das Alterações Climáticas ........................................................................................................................ 62

21.2. Impactes De Maior Magnitude Nas Zonas Costeiras? ......................................................................................................... 64

21.2.1. Efeitos Na Aquacultura .............................................................................................................................................. 64

21.2.2. Produtividade Dos Oceanos........................................................................................................................................ 65

21.2.3. Risco De Transmissão De Doenças ............................................................................................................................ 65

21.2.4. Hab – Harmful Algae Blooms .................................................................................................................................... 66

21.2.5. Corais ......................................................................................................................................................................... 67

21.2.6. Biodiversidade............................................................................................................................................................ 69

21.2.7. Ecossistemas E Serviços Ecossistémicos.................................................................................................................... 71

21.2.7.1. Principais Pressões E Impactos Em Áreas De Sapal ................................................................................................ 71

21.2.8. Sociedade ................................................................................................................................................................... 74

21.2.9. Economia ................................................................................................................................................................... 74

22. Adaptações Às Alterações Climáticas .......................................................................................................................................... 75

22.1. Ciclo De Adaptação Às Alterações Climáticas ................................................................................................................... 77

Anexo 1 – Quadro Com As Definições De Adaptação....................................................................................................................... 84

Anexo 2 – Respostas Desenvolvimento ............................................................................................................................................. 85

Anexo 3 - Tabela De Correlação Cronoestratigráfica Global Para Os Últimos 2,7 Milhões De Anos, V. 2019 ................................. 90

Anexo 4 – Respostas Do Quis............................................................................................................................................................ 91

Anexo 5 – Quiz .................................................................................................................................................................................. 94

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1. INTRODUÇÃO

O que é o clima? O clima traduz a média estatística de uma determinada região


por um longo período de tempo de diversos parâmetros como:

• Temperatura;
• Humidade;
• Pressão Atmosférica;
• Vento;
• Precipitação.

O clima pode ser divido em diferentes áreas, como o clima global à larga escala,
o clima regional e o microclima. Para classificar o clima a OMM fixou períodos de 30
anos começando no primeiro ano de cada década. Sendo a classificação de Koppen uma
das mais usadas e divide o clima da terra em 5 regiões:

➢ A – Clima Tropical Húmido;


➢ B – Clima Seco;
➢ C – Clima Temperado com Inverno Suave;
➢ D – Clima Temperado com Inverno Rigoroso ou Clima Continental;
➢ E – Clima Polar.

Cada um destes climas divide-se em sub climas, tendo em conta a precipitação e


os seus regimes. O sistema climático é um sistema composto, fechado mas não isolado
(i.e., não há entrada ou saída de massa mas permite trocas de energia com o exterior, o
espaço), constituído por vários subsistemas limitados por participações permeáveis e
diatermias. Os subsistemas são a Atmosfera – invólucro gasoso que envolve o globo
terrestre, a Litosfera – massas de terra da superfície do globo, a Hidrosfera – água líquida
distribuída à superfície do globo, a Criosfera – grandes massas de gelo e depósitos de
neve, e a Biosfera – seres vivos. A entrada de energia no sistema climático tem,
predominantemente, origem solar e natureza radiante. A maior parte da energia emitida
pelo Sol provém da sua Fotosfera. O estado do tempo e o clima descrevem o mesmo
sistema, o Sistema climático, mas referem-se a escalas temporais diferentes. O clima de
uma região ou local é o conjunto das condições meteorológicas predominantes nessa
região ou local durante um longo intervalo de tempo, com uma duração mínima de três

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décadas. Os fatores climáticos são os elementos naturais e humanos capazes de
influenciar e alterar as características ou a dinâmica do clima, em escalas temporais e
espaciais diversas. O clima e a sua variabilidade são o resultado da ação conjunta de
fatores que podem ser externos ou internos ao sistema Climático. Entre os primeiros,
forçamentos normalmente associados a processos de interação com um ou mais
componentes do sistema climático, destacam-se fatores cósmicos como as variações da
orbita da Terra relacionados com a sua excentricidade, a inclinação e a oscilação do eixo
de rotação da terra, os efeitos relacionados com a variabilidade da atividade solar, os
processos tectónicos e as erupções vulcânicas. Entre os segundos, forçamentos internos
associados em grau diverso a processos de interação entre os diferentes componentes do
sistema climático, destacam-se as variações ocorridas no Alberto (refletividade) das
superfícies, na composição atmosférica e na nebulosidade, as correntes marítimas e a
proximidade do mar, a fisioterapia e a vegetação e, naturalmente, a latitude e a altitude.
As mudanças climáticas podem ainda terem causas induzidas pela atividade humana.

Todas estas interações


irão ter um impacto em todos
estes parâmetros do clima que por
sua vez devido a estas pressões
internas ou externas o clima irá
responder de uma determinada
forma a estas interações.

A Atmosfera é essencialmente composta por Azoto (~78%), Oxigénio (~20%) e


Argon (~0.9%). Há diversos gases com concentração variável, mas que são extremamente
importantes: são eles o dióxido de carbono, o Nitrogénio e o vapor de água. O efeito de
estufa é uma das mais importantes consequências do processo de interação entre a
radiação e a matéria, que tem lugar na propagação de radiação eletromagnética na
atmosfera. A absorção e emissão são processos fundamentais dessa interação, contudo
existe outro processo de interação, não envolvendo diretamente trocas de energia, que é
extremamente importante no balanço energético da Terra e no estabelecimento das
propriedades óticas da atmosfera: o processo de dispersão da luz. O dióxido de carbono
é um gás de estufa que desempenha um papel fundamental no balanço energético, o
nitrogénio é responsável pelo aumento da temperatura na estratosfera. Absorve radiação
ultravioleta e forma-se essencialmente por foto-dissociação do oxigénio. O vapor de água

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muda de estado libertando ou absorvendo calor latente e tem por isso muita importância
nos processos termodinâmicos da atmosfera. Outro componente importante da atmosfera
são os aerossóis, pelo papel que exercem na formação das nuvens e nos fenómenos óticos
da atmosfera.

As primeiras observações diretas da atmosfera


acima da superfície da Terra, mostraram que a pressão
decresce muito rapidamente (exponencialmente) com a
altitude enquanto que a temperatura tende a decrescer
quase linearmente, a uma taxa de cerca de 6,5ºC por
Km. De ponto de vista da estrutura vertical da atmosfera
podemos dividi-la em diferentes níveis:

• Troposfera;
• Estratosfera;
• Mesosfera;
• Termosfera.

A troposfera é a camada
junto ao solo, tem uma
composição homogénea e uma
espessura média de cerca de 10-12
km. É nesta camada que ocorrem
todos os fenómenos atmosféricos,
nesta camada a temperatura
diminui em altitude. Portanto é
possível observar um decréscimo
de temperatura com a vertical. Por
volta dos 12 km (Tropopausa)
encontramos uma zona quase
isotérmica seguida de uma
camada em que a temperatura
cresce com a altitude até atingir um máximo por volta dos 50 km, na Estratopausa. Entre
50 e os 90 km encontramos uma nova camada em que há decréscimo de temperatura com
a altitude, atingindo um mínimo por volta dos 90 km, na Mesopausa.

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Acima dos 90 km camadas definidas pelo perfil vertical de temperatura com
altitude. As diferentes camadas definidas pelo perfil vertical de temperatura são
designadas, por Troposfera (0-12 km), Estratosfera (12-50 km), Mesosfera (50-80 km) e
Termosfera (acima dos 80 km).

2. Circulação Atmosférica

O equador é mias quente que os polos porque recebe mais radiação solar. Além disso,
devido às diferenças de calor específico entre a terra e o mar, as massas continentais
aquecem mais do que as massas oceânicas. A Atmosfera trabalha constantemente para
homogeneizar as temperaturas, transportando massas de ar quente do equador para os
polos e massas de ar frio dos polos para o equador. Durante o transporte entre o equador
e os polos, o ar é redirecionado devido ao movimento de rotação da Terra, abrandando
devido ao atrito da superfície da terra e do mar, e sempre confinado na atmosfera devido
à ação da gravidade. O movimento do ar pode ser estudado recorrendo às leis da dinâmica,
aplicadas a um fluido. No caso de uma partícula material, ou um corpo rígido, o ponto de
partida é a 2ª Lei de Newton

→ →
𝐹 = 𝑚𝑎

Em que F é a resultante de todas as forças externas aplicadas sobre a partícula, m



a sua massa e 𝑎 a aceleração. A mesma lei pode ser aplicada a um fluido, desde que se
considere aquele dividido em elementos de volume de muito pequenas dimensões, sendo
cada um desses elementos caracterizado por um único valor de todas as variáveis
→ →
relevantes nomeadamente 𝐹 e 𝑎 . Verifica-se que as principais forças envolvidas no
movimento vertical de uma partícula – a força da gravidade e a força do gradiente de
pressão e ainda se pode compreender que existe um equilíbrio entre o peso e a impulsão.
Para além destas duas forças, três outras precisam de ser consideradas: a força de atrito,
a força centrífuga e a força de Coriolis. A força de Coriolis é uma consequência mais
subtil da rotação da Terra e é muito mais importante em Meteorologia. Portanto quando
um objeto se desloca em relação à superfície da Terra o seu movimento em relação às
estrelas fixas vai ser a soma do seu movimento em relação à Terra com o próprio
movimento da superfície da Terra no espaço.

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É comum estudar e fazer previsões sobre as correntes oceânicas e sobre os ventos
assumindo que a força de Coriolis é equilibrada por forças horizontais resultantes de
gradientes de pressão. Tais movimentos ou fluxos são descritos como geostróficos.

Sob a influência da gravidade, o ar exerce uma força descendente a que se chama


pressão atmosférica. O vento é ar em movimento que se desloca devido
fundamentalmente a diferenças de pressão, mais precisamente, devido a gradientes
horizontais de pressão. Por outro lado, a pressão atmosférica diminui exponencialmente
com a altitude. Esta pressão atmosférica é medida em milibares (mb) e ao nível do mar
tem o valor médio aproximado de 1013 mb, contudo este valor perante a superfície
terrestre pode ter variações devido à circulação global da atmosfera. As isóbaras são
linhas que unem pontos de igual pressão, e a respetiva distância entre as isobáras
representa gradientes de pressão que são proporcionais à intensidade do vento. Em vez
do milibar pode-se usar outras unidades de pressão, nomeadamente a atmosfera e o
hectopascal (1 atm=1012,25 hPa= 1012,25 mb).

3. Circulação Global

Apesar da relativa escassez de informação disponível na época, foi possível construir uma
carta de circulação atmosférica média à superfície que ainda hoje se pode aceitar, em
primeira aproximação: uma circulação quase simétrica em relação ao equador; nas
latitudes médias e elevadas, em ambos os hemisférios, o vento dominante é de Oeste,
observando-se ventos de Leste na zona interrompidas – a cintura dos ventos alísios. Como
seria de esperar, devido à
condição de quase-geostrófico,
o padrão de circulação descrito
está associado a uma
distribuição correspondente da
pressão à superfície: grandes
sistemas de altas pressões nas
zonas subtropicais, originando
ventos de Leste na zona
equatorial e ventos de oeste nas
latitudes médias, cintura de
baixas pressões equatoriais,

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associada à convergência dos ventos alísios dos dois hemisférios, zona de baixas pressões
nas latitudes médias e elevadas e, finalmente, regiões anticiclónicas polares.

Para além dos padrões de vento e de pressão à superfície, dois outros ingredientes
são fundamentais para compreender a circulação global observada: as distribuições de
temperatura e de nebulosidade/precipitação. Sendo que as a temperatura e humidade estão
associadas à formação de massas de ar, portanto todos estes fatores referidos acima vão
influenciar para a irregular aquecimento da superfície terrestre, criando uma fonte quente
e duas fontes frias permanentemente mantidas pelo balanço radioativo, e o movimento da
atmosfera. O efeito do atrito, faz-se sentir fundamentalmente na baixa Troposfera, nas
primeiras centenas de metros acima da superfície. A sua presença implica, a convergência
de ar sobre as depressões, junto da superfície, e a divergência nos anticiclones.

Sabe-se que estes sistemas perduram durante dias ou semanas, o que mostra que
o campo de convergência e divergência horizontal da massa é compensado. Como se dá
essa compensação? A única forma possível é a existência de movimento vertical. Assim,
o ar que converge à superfície sobre uma depressão é retirado para as camadas superiores
e aí exportado para fora. O efeito do atrito permite uma característica fundamental do
tempo meteorológico associado aos grandes sistemas de pressão. O anticiclone, zonas de
divergência horizontal de ar à superfície, são normalmente zonas de subsistência
(descida) de ar, em que, devido ao aquecimento adiabático de ar das camadas superiores,
se observa frequentemente céu limpo ou pouco nublado. Nas depressões, devido à
convergência horizontal por atrito, é favorecido o movimento ascendente, justificando
condições de nebulosidade e até de precipitação.

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Em algumas zonas do planeta existem condições favoráveis ao estacionamento
prolongado de grandes quantidades de ar sobre superfícies relativamente homogéneas.
Nessas zonas, pode ser atingido o equilíbrio térmico – por troca de calor e humidade entre
a atmosfera e a superfície – dando origem à formação de massas de ar, cujas
características termodinâmicas dependem das características da superfície subsidência.
Pode-se concluir que a cintura de anticiclones subtropicais e a zona polar são regiões
fundamentais para a formação de massas de ar.

• Massa de ar Tropical Maritima, quente e húmida com uma região de formação nos
Oceanos subtropicais;
• Massa de ar Tropical Continental, quente e seca, com uma região de formação nos
continentes subtropicais;
• Massa de ar Polar Marítima, fria e húmida, com uma região de formação nos Oceanos
polares;
• Massa de ar Polar Continental, fria e seca, com uma região de formação nos
continentes nas latitudes elevadas.

Quando o gradiente horizontal de temperatura /humilde atinge valores e. Muitos


elevados, a superfície frontal polar torna-se instável, dando origem a grandes
perturbações que crescem e se deslocam ao longo dessa superfície, alterando
completamente o estado do tempo nas regiões afectadas. Este tipo de instabilidade é
designado em meteorologia por instabilidade baroclínica e é responsável pelos sistemas
activos que afetam as latitudes médias.

A energia disponível na zona da superfície frontal resulta essencialmente da


diferença de densidades entre o ar polar e ar tropical. Essa diferença de densidades vai
favorecer um processo de circulação no plano vertical, com movimentação do ar tropical
sobre o ar polar. O ar tropical mais quente, tem grande capacidade de retenção de vapor
de água. A sua subida tem implicações consideráveis: por um lado, vai ocorrer
arrefecimento adiabático implicando condensação, isto é formação de nuvens e,
eventualmente precipitação; por outro lado, a manutenção de uma corrente ascendente
favorece a ciclogénese, isto é a criação de uma zona depressionária em que o ar roda no
sentido ciclónico. Em geral as perturbações frontais deslocam-se de Oeste para Leste.

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A variação da insolação (ou radiação) com a latitude origina um défice de energia
nos polos e um excesso no equador. Há, portanto, uma transferência de energia das
latitudes mais baixas (equatoriais) para as latitudes mais altas (polares). Esta transferência
é feita pelo oceano e pela atmosfera, mas principalmente pela atmosfera. No entanto, o
balanço total é zero, ou seja, em termos globais existe um equilíbrio no sistema Terra-
Oceano-atmosfera. O efeito de estufa é uma das mais importantes consequências do
processo de interação entre a radiação e a matéria que tem lugar na propagação de
radiação eletromagnética na atmosfera. O transporte horizontal (advecção de calor)
ocorre quer na forma de calor latente que na forma de calor sensível. A magnitude deste
transporte varia com a latitude e com a estação do ano. A radiação total é superior nos
oceanos em comparação com o s continentes devido à elevada absorção de calor por parte
do mar.

A relação entre a temperatura e radiação é de proporcionalidade direta como se


pode ver no gráfico que compara a evolução da temperatura média global na terra com a
evolução da atividade solar desde o século XIX. É possível destacar que a variação da
radiação solar depende de vários fatores, como a inclinação dos raios solares (ângulo de
incidência – sendo que menor o ângulo formado entre os raios solares e a superfície
terrestre), a duração do dia natural, a duração da insolação e o relevo. A exposição solar
e a inclinação das vertentes influenciam a quantidade de radiação solar uma vez que as
encostas viradas para sul recebem os raios solares com maior ângulo de incidência
(Vertentes Soalheiras), as vertentes viradas a norte os raios solares incidem mais
obliquamente e a insolação é menor (Vertentes umbrais). Enquanto na temperatura são
diferentes os fatores que influenciam, como, a latitude (a temperatura aumenta à medida
que esta aumenta), o relevo (Diminuição da temperatura com a altitude), proximidade ou

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afastamento em relação ao oceano (Continentalidade – Os oceanos têm uma grande
inércia térmica, demoram muito tempo a aquecer, mas também perdem a energia
acumulada de uma forma gradual, por esta razão todos os locais que se situam no litoral
beneficiam desta estabilização da temperatura), esta é o principal componente que mais
influencia a amplitude térmica anual.

Isotérmicas – Linhas que unem lugares com a mesma temperatura média.

Estás linhas de inverno dispõem-se obliquamente em relação à linha de costa,


observando-se uma diminuição da temperatura média de sudoeste para noroeste,
enquanto no verão estas linhas evidenciam um aumento dos valores do litoral para o
interior. Por exemplo ao compararmos o mapa global das temperaturas em janeiro e em
julho verificamos que existe um movimento anual das isotérmicas na direção norte-sul.
O deslocamento é mais evidente nas latitudes médias. Existe, pois, uma oscilação norte-
sul das isotérmicas e da zona intertropical de convergência ITCZ – Intertropical
Convergence Zone. Esta zona é conhecida também como a zona de calmaria devido ao
seu clima monótono e quase sem vento, pois é a área onde os ventos alísios convergem
de nordeste e sudeste, que por sua vez é determinada pelas estações do ano.

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4. AS EVIDÊNCIAS DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

O Aquecimento do sistema
climático é uma realidade pois é evidente
o aumento global da temperatura do ar e
dos oceanos, a subida do nível médio
global do mar e a redução da cobertura de
gelo e de neve. Estas evidencias durante
um longo espaço de tempo foram
atribuídas a causas naturais, contudo
devido às várias evidências científicas,
existe hoje um consenso sobre a forte
contribuição da atividade humana para as
alterações climáticas registadas nas
últimas décadas. Esta influência antropogénica deriva, principalmente, das alterações na
exploração e uso da terra (desflorestação, urbanização, desertificação, irrigação) e da
crescente combustão de combustíveis fósseis, com consequências diretas nos equilíbrios
radioativo e energético terrestres, às escalas local, regional e global. A gama de
temperaturas medidas à superfície da terra tornaram-na habitável tal e qual a conhecemos
devido ao efeito de estufa natural da atmosfera, resultante das propriedades radiativas dos
seus componentes, em particular daqueles que são responsáveis por uma absorção seletiva
de comprimentos de onda como são o CO2, o vapor de água, o ozono, o metano, etc...
Todavia, a atividade humana tem vindo a aumentar drasticamente as emissões dos gases
com efeito de estufa (GEE) nos últimos 150 anos.

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4.1. FATORES DE VARIABILIDADE CLIMÁTICA NATURAL

Os principais fatores de variabilidade climática de origem natural são:

1. Variações da atividade solar;


2. Variações nos parâmetros orbitais da Terra (Teoria de Milankovitch);
3. Impactos Cósmicos;
4. Atividade Vulcânica;
5. Tectónica de placas;

Sendo que o mais importante destes factores corresponde às oscilações dos


parâmetros orbitais da Terra, responsáveis pelo ciclo de glaciações que existe desde o
Quaternário no HN. A teoria de Milankovitch é baseada nas variações cíclicas destes 3
elementos que ocasionam variações da quantidade de energia solar que chega a Terra
desencadeando a entrada numa era glaciar ou interglaciar:

➢ Excentricidade da Órbita – A forma da órbita da Terra ao redor do sol varia entre


uma elipse e uma forma mais circular;
➢ Obliquidade do Eixo de Rotação – O eixo da Terra é inclinado em relação ao sol
em aproximadamente 23º. Esta inclinação oscila entre 22.5º e 24.5º (quando a
inclinação é maior as estações são mais extremas – os invernos são mais frios e
os verões mais quentes. E quando a inclinação é menor as estações são mais
suaves)
➢ Precessão – Conforme a terra gira em torno do seu eixo, o eixo também oscila
entre um sentido apontando para a estrela do Norte, e outro apontando para a
estrela Veja.

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4.2. PREVISÕES CLIMÁTICAS

As previsões do IPCC para o aumento de temperatura na Terra, baseadas nas hipóteses


de emissões de gases e modelos socioeconómicos para os vários cenários (A2, A1B, B1
e C3).

• A2 – A população aumenta à taxa actual e o desenvolvimento económico e


tecnológico é heterogéneo preservando as identidades nacionais. O aumento
global é de 4º em 2100;
• A1B – A população aumenta à taxa actual até 2050, mas depois diminui. O uso
de energias renováveis e combustíveis fósseis é equilibrado. O aumento global é
de 2.5º em 2100;
• B1 – Igual a A1B, mas há consenso mundial na redução de emissões de gases de
estufa. O aumento global é de menos de 2º em 2100;
• C3 – Mesmo que as emissões de gases de estufa se mantivessem aos níveis do ano
2000, o tempo de residência do CO2 na atmosfera implica que ainda assim haveria
um ligeiro aumento de temperatura ao longo deste século.

5. ARQUIVOS CLIMÁTICOS

Os arquivos climáticos podem ser


estuados a partir dos sedimentos sejam eles Sedimento e solo: têm partículas, têm matéria orgânica,
não são consolidados.
provenientes do meio marinho ou de lagos e
Grande diferença:
estuários, das rochas, do gelo continental: teor
o sedimento tem como origem o transporte
de CO2 na atmosfera: são as bolhas de ar (principalmente pela água, mas também pelo vento e
gelo) sendo depositado, sedimentado num local final→
mantidas no gelo que são analisadas e implica uma degradação na idade (quanto mais
profundo o sedimento, mais velho e quanto mais à
superfície, mais novo). Acumula também restos da
permitem reconstituir a composição coluna de água que permite obter informações sobre
essa coluna
atmosférica. Gelo continental por precipitação
o solo é alteração de rocha in situ que se
(montanhas ou zonas polares). A acumulação degrada/transforma, que acumula matéria orgânica da
vegetação ou dos seres vivos à sua volta. A parte do solo
de gelo também pode ter camadas anuais. Dos mais recente é a que está em profundidade (porque se
degrada pela rocha e a parte externa na rocha é a que
dados históricos do oceano, da arte, de degrada primeiro e é a mais recente). Ele é mais
desenvolvido à superfície. Não se consegue utilizar com
uma escala temporal. Desenvolve-se devido a alterações
informação instrumental (medição de de condições de humidade e temperatura da superfície
em profundidade.
temperatura, pluviosidade, …).
Taxa de sedimentação numa bacia oceânica→ maior e
mais rápida na margem (do continente e pela maior
produtividade primária)

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Através dos Anéis das árvores (dendrocronologia) - cada 2 anéis de árvores é 1 ano
– pode-se retirar informações sobre:

• luminosidade;
• humidade/temperatura;
• pluviosidade;
• qualidade do solo;
• nutrientes;
• sismos

Através das estalagmites: forma de


crescimento como os anéis de árvores (o
mais recente está por fora e o mais velho
está por dentro). Esta relacionado com a
água do solo- inf sobre condições
pluviosidade- cavidades cársicas. O
conjunto de construções por precipitação
carbonatada nas cavidades cársicas são os
espeleotemas (vários tipos). Dos corais (de
recife ou de profundidade): os de
profundidade (água fria) são utilizados
para caracterização da evolução das
condições das nossas águas profundas para
perceber circulação termohalina.

5.1. INDICADORES PALEOAMBIENTAIS (Proxies)

Existem diversas formas de reconstrução do clima como os anéis das arvores onde
cada anel corresponde a um ano de crescimento, o registo climático em bolhas de ar
aprisionadas no gelo, nas calotes polares que através desta forma é possível recolher
informação direta sobre a concentração dos gases de estufa. A análise de grãos de pólen
aprisionados em sedimentos que refletem a vegetação existente, as estalactites e
estalagmites que contêm depósitos minerais.

17
O registo do crescimento dos corais e da sua composição química que por sua vez
permitem a reconstrução do clima com uma resolução mensal. E por fim a analise do
registo fóssil que fornece indícios sobre a fauna e a flora e as condições ambientais da
respetiva época.

Na seguinte tabela é possível observar as


diferentes formas de arquivos/proxies como
indicadores climáticos do passado. Só através
destas formas é possível compreender o
funcionamento do planeta terra no passado e
como o clima deste funcionou à centena de
milhares de anos atrás. Todos estes proxies são
provenientes de diferentes locais, como tal é
necessário compreender de onde são
provenientes estes registos históricos, e estes
podem ser obtidos através de museus, de
bibliotecas, dos registos provenientes das
diferentes localidades do mundo.

Porque é que é importante estudar o clima do passado?

Para se poder compreender as diversas alterações que o clima sofreu ao longo dos
milhares de anos e com base nessa informação do passado existem muitos modelos de
como o clima pode divergir no futuro. Os dados de paleoclimatologia são derivados de
fontes naturais, como anéis de árvores, núcleos de gelo, corais e sedimentos oceânicos e
dos lagos. Esses dados climáticos proxy estendem o arquivo de informações
meteorológicas e climáticas de centenas de milhões de anos. Existem diversas causas que
podem causar mudanças do paleoclima, sendo que essas podem ser: mudanças na
produção solar, mudanças na órbita da terra, mudanças na distribuição dos continentes e
mudanças na concentração de GEE na atmosfera. Estas mudanças são caracterizadas por
serem de Longo prazo e médio prazo.

18
Os Proxies paleoclimáticos são materiais biológicos, físicos e químicos que ficam
preservados no registo geológico (arquivos paleoclimáticos).

5.2. INDICADORES FÍSICOS:


1 proxy sozinho dá-nos alguma

• Composição do sedimento; informação, mas não é muito


fidedigna. Para conseguirmos aferir
• Textura;
com maior exatidão as alterações que
• Estrutura;
ocorreram ao longo do tempo temos
• Cor;
que utilizar mais proxies
• Densidade;
• Propriedades magnéticas.

5.2.1. Composição do sedimento:

Composta por minerais e fosseis preservados no arquivo climático. Podem fornecer


informação sobre:

• Salinidade;
• Temperatura;
• Cobertura do gelo;
• Níveis de oxigénio;
• Disponibilidade de nutrientes;
• Origem das partículas (continental/marinho).

5.2.2. Textura:

Tamanho e forma das partículas que compõem o sedimento. Informações sobre:

• Transporte sedimentar;
• Distância à fonte sedimentar;
• Energia do ambiente.

5.2.3. Cor do sedimento

Informação sobre: composição e fontes do sedimento.

19
5.2.4. Estrutura

Forma e espessura das camadas de sedimento. Informação sobre:

• Ambiente deposicional (continental/marinho);


• Direção do vento;
• Períodos de maior pluviosidade;
• Sismos e Tsunamis.

20
Proxy/Indicador De onde provem o registo/arquivo? Como é interpretado o proxy em termos de variáveis climáticas? Até que idade o registo/arquivo pode ir?

Pólen Lagos, Pântanos, Arbustos, Árvores que por sua vez são
Dá-nos informação sobre as espécies daquela época e a diferente vegetação, a
transportados pelos rios e depositam-se no fundo do leito Dezenas de milhares de anos.
precipitação e a temperatura daquelas épocas.
(palinologia) dos rios.

Anéis de árvores Dá-nos informação sobre as diferentes condições de vida, ou seja, boas condições
Árvores. No interior das árvores no entanto não é
de “vida” a árvore progride mais ao longo do seu tempo de vida, ao contrário se
necessário cortar a arvore ao meio para poder obter esta Centenas de Milhares de Anos.
tivermos climas mais adversos (mais frio, menos água) a árvore não progride. Dá-
(dendrocronologia) informação.
nos indicações então do tipo de clima existente naquela época.

São isótopos estáveis que varia entre o isótopo mais leve que é o (O16) e o isótopo
(O18) e a relação entre estes dois isótopos traduz-se através da evaporação e da
condensação, ou seja, o isótopo mais leve evapora mais rápido por isso quando se
tem mais calor o O16 aumenta mais portanto quando se tem valores mais
Podem ser extraídos através de todas as moléculas que pequenos tem-se períodos mais quentes, quando temos valores em que o O18 está
possuam oxigénio (Água, Carbonato de Cálcio de alguns em maior abundância temos valores maiores de δO18 temos períodos mais frios.
organismos). Isótopos são átomos do mesmo elemento,
como carbono (C) ou oxigénio (O), que possuem números
Permite-nos obter um período
diferentes de neutrões, com pesos atómicos ligeiramente
Isótopos de oxigénio temporal/climatologico maior. Centenas de Milhões de Anos.
diferentes.

δO18 consiste na divisão entre o


Proporções de isótopos estáveis do mesmo elemento
O18/O16.
podem ser medidas arquivos paleoclimáticos para inferir
uma ampla gama de informações sobre o clima passado.
Como é possível observar no gráfico os
períodos glaciares ocorrem quando
δO18 = O18/O16 tem valores mais
elevados.

Se tivermos climas mais húmidos existe mais água, que por sua vez existe mais
gotejamento, que acaba por dar um maior crescimento às estalagmites e às
Calcite de
Em grutas com calcite. estalactites. Durante climas mais secos existe menos água, à menos gotejamento Milhões de Anos.
espeleotemas
e as estalagmites e as estalactites crescem menos. Dando-nos assim bandas de
crescimento que nos permite observar se estas cresceram muito ou pouco.

Períodos mais chuvosos, ou que há mais disponibilidade de água transportam mais


sedimentos que por sua vez são arrastados para as ribeiras das ribeiras para os rios
Varvas (Arquivos Deposição de sedimento em zonas calmas como lagos
e por sua vez para o mar. No verão como praticamente não chove não há material
Sedimentares em (deposição sazonal), ou seja, tendo em conta o volume de Milhões de Anos.
a chegar a estas zonas. Nas zonas glaciares nos períodos mais quentes existe um
Lagos) precipitação.
derretimento das camadas de gelo, que por sua vez irão transportar os sedimentos
outrora apressado até ao mar.

21
A datação do gelo funciona de forma a visualizar as alturas que nevam mais ou
neva menos, pode-se ainda fazer a reconstrução isotópica, analisando os isótopos
do gelo (isótopos de oxigénio) obtendo informações sobre a temperatura no
tempo.
Bolhas de ar no gelo Nas zonas polares (Antártica, Ártico e Gronelândia). Centenas de Milhões de Anos
As bolhas de ar ficam aprisionadas no gelo e estas são “microrepresentantes” da
atmosfera que havia naquela altura. Através da analise dessas bolhas de ar
(isótopos de Carbono) consegue-se reconstruir a variação do CO2 na atmosfera,
e verificar-se que até houve períodos mais quentes dos atuais.

São cadeias de matéria mais densa ou menos denso, que


As alquenonas são biomarcadores produzidos por algas marinhas. A sua estrutura
maioritariamente são produzidas por fitoplâncton. Podem
Alquenonas molecular está relacionada com a temperatura da água em que as algas cresceram. Milhões de Anos.
ser preservados em sedimentos e rochas após a
Em temperaturas mais elevadas são produzidas mais alquenonas saturadas.
desintegração do próprio organismo.

Microfósseis podem ser organismos inteiros ou partes


deles, como por exemplo carapaças ou placas, que se
preservaram por processos geológicos. Os que formam
carapaças são separados pelo tipo de composição química. Registam nas suas conchas carbonatadas as alterações ambientais, preservando
Microfósseis
Podem ser carbonáticos, cuja carapaça é formada por essa informação após a sua morte, conhecendo a distribuição e abundância das
carbono (C) e oxigénio (C) associado a um outro elemento espécies e a sua relação com o ambiente podem ser usados como indicadores
(micropaleontologia) principalmente ao cálcio (Ca); ou silicosos, compostos por ambientais a diferentes escalas temporais.
elementos de silício (Si) e oxigénio (O).

Os corais funcionam normalmente como as árvores, em que se houver boas


Corais (Arquivos Os corais ocorrem normalmente em zonas mais temperadas condições para a sua produção acabam por crescer mais e desenvolver-se mais, e
Centenas de milhares de anos.
Marinhos) e a poucas profundidades. se houver condições não favoráveis à sua proliferação como águas mais quentes
ou acidificação dos oceanos, estes não se desenvolvem tanto.

22
6. COMO SE ESTUDA O CLIMA DO PASSADO – CRONOLOGIA

6.1. MÉTODOS DE DATAÇÃO

Datação relativa: conseguimos identificar quais as posições mais antigas e as mais


recentes. Através do conhecimento que temos à cerca das camadas, do ambiente em que
se depositarem, dos organismos que ocorrem através dos Proxies que identificamos
conseguimos obter idades relativas, relativamente à sequência que estamos a analisar.

Datação absoluta: obtemos idades com um valor de erro. O valor de erro é maior
para as idades mais antigas. Consoante o material que temos e os métodos disponíveis
para datar, obtemos um valor mais próximo da idade desse registo.

Figura 2 - Classificação dos métodos de datação de acordo com o método/ técnica utilizado para datar as
sequências.

Figura 1 - Comparação entre métodos de datação mais usados.

23
6.2. A EVOLUÇÃO DOS NÍVEIS DE CO2 E O2 ATMOSFÉRICO AO
LONGO DO FANEROZOICO

Desde câmbrico até ao cenozoico- altura de mais registo fóssil com qual possamos
comparar a nível da Terra. A linha azul horizontal tracejada é o nível de oxigénio atual -
21 %

Parte verde + escura: onde


começou a haver grandes alterações ao
nível do oxigénio atmosférico e grande
diminuição do CO2 - associado à
terrestrialização (quando algas e plantas
começaram a tomar os continentes).

Zona a verde claro: 2 picos de


CO2 e O2 muito semelhantes (silúrico e
devónico): adaptação da atmosfera terrestre - tanto no processo de terrestrialização
(fotossíntese a debitar mais oxigénio) e a nível do CO2 devido à formação de vulcanismo
(co2 não diminuiu nessa época).

24
Setas vermelhas: indicam os dois maiores momentos de extinção em massa que
se conhecem no registo geológico. À esquerda no fim do ordovícico (nível baixo de
oxigénio e elevado de dióxido de carbono - maioria do oxigénio concentrado a nível dos
oceanos em gelo- glaciação) e à direita entre o pérmico e triássico (grandes níveis de
oxigénio - grande concentração de plantas terrestres). No pérmico também há camadas
de carvão (30m de espessura).

Carbónico - grandes concentrações de carbono - responsáveis pela revolução


industrial. Depositadas nessa altura.

6.2.1. A Evolução Dos Níveis De O2 Atmosférico E A Sua Relação Com O Processo


De Terrestrialização

Outro proxy que está a ser utilizado em alguns estudos para inferir o nível do
oxigénio ao longo do tempo geológico é o estudo de pedaços de carvão (charcoal) -
pequenas quantidades de matéria orgânica queimada (pode não ser carvão por si só. São
achados nos sedimentos. Só começou a formar-se esta matéria queimada aquando da
terrestrialização.).

Eles utilizam, quer a evolução a


nível das plantas, desde o silúrico (plantas
simples) até à formação e diversificação ao
longo do tempo geológico (silúrico até
pérmico), quer a quantidade de carvão e
tipo de carvão que analisam - possibilidade
de fazer curva com os níveis de oxigénio
que existiam nessa altura.

Atualmente sabe-se que para a existência de fogo e para a sua alimentação tem
que haver um intervalo de oxigénio entre os 13-35%. Acima dos 35%, os fogos que se
formam não se conseguem extinguir (apenas quando oxigénio se queimar todo).

Com base nos estudos feitos, viram que a percentagem de oxigénio ao longo do
tempo geológico bate certo com os outros Proxies que existem para a determinação do
oxigénio à superfície da Terra, nomeadamente os isótopos estáveis de oxigénio.

25
Quanto mais antigo o sedimento a utilizar - margem de erro aumenta - para termos
mais certezas e confirmações do que poderá ter passado é a conjugação dos diferentes
Proxies. Ou datações técnicas em várias zonas do planeta para termos uma ideia do
global.

6.3. EVENTOS DE EXTINÇÃO

Já se reconhecem diversos eventos de extinção desde o câmbrico até ao cenozoico.


Os grandes 5 eventos são eventos em massa (ordovício; fim do pérmico; fim do devónico;
fim do triássico; fim do cretácico. Compreensão do contexto e natureza das alterações
ambientais associadas a eventos de extinção (marinhos e continentais)

Dados:

• Geocronologia;
• Geoquímica;
• Mineralogia;
• Paleontologia;
• Sedimentologia;
• Estratigrafia;
• Paleomagnetismo;
• Vulcanologia;
• Geofísica.

6.3.1. EVOLUÇÃO DAS TEORIAS DE EXTINÇÃO AO LONGO DO


TEMPO

Extinção associada a alterações do nível medio da água do mar:

• As extinções marinhas estão relacionadas com a perda de habitat nos oceanos


durante regressões generalizadas do nível médio do mar;
Por definição, uma extinção em massa tem de ter efeitos a nível global (tanto no
nível oceânico como no nível continental). Na seguinte figura as curvas para o lado direito
representam transgressões e a vermelho: as grandes extinções.

26
6.3.2. CAUSAS/MECANISMOS DOS EVENTOS DE EXTINÇÃO
(CÂMBRICO – CRETÁCICO)

As causa com origem terrestre para os eventos de extinção nestes determinados períodos
foram:

• Anoxia marinha;
• Acidificação dos oceanos;
Modificações na atmosfera; vulcanismo e
• Modificações na atmosfera impacto meteoritos→ promovem todas as
(aquecimento/arrefecimento global); outras causas. Destabilização a nível global

• Envenenamento por metais tóxicos;


• Vulcanismo (pode afetar atmosfera, oceanos e continentes).

Enquanto, as causas de origem extraterrestre são:

• Impacto meteoritos;
• Raios gama (ainda em desenvolvimento- difícil arranjar Proxies a nível
sedimentar).

27
Ainda existem causas que podem vir a alterar/afetar ambas as biosferas de forma
catastrófica, que promovem a desestabilização a nível global:

• Vulcanismo;
• Impactos dos Meteoritos.

A coincidência temporal entre vulcanismo em grande escala - Grandes Províncias


Ígneas (Large Igneous Provinces - LIP) - e eventos de extinção não prova a causalidade
dos eventos de extinção, no entanto, a frequência da sua ocorrência é alta o suficiente
para não ser uma mera coincidência. Muitas das extinções promovidas pelo vulcanismo
são acompanhadas de grandes excursões negativas isotópicas de carbono, suportando esta
hipótese. A maioria das crises bióticas pós-silúricas afetaram tanto a biosfera marinha
como a biosfera continental, sugerindo que os processos atmosféricos são cruciais para a
ocorrência de extinções globais.

Mecanismos de morte promovidos pelo vulcanismo e capazes de afetar a atmosfera:

• Acidificação oceanos;
• Envenenamento por metais pesados;
• Ocorrência de chuvas ácidas;
• Danos da camada de ozono- aumento da radiação UV-B;
• Escurecimento vulcânico, arrefecimento e shutdown fotossintético.

Tectónica de placas - promotora da formação de LIP’s (Pangea)

Mecanismos de morte promovidos pelos impactos de meteoritos e capazes de afetar a


atmosfera, são idênticos aos do vulcanismo

As maiores ameaças à biodiversidade na atualidade:

• Mudanças climáticas induzidas pelo aumento de CO2- aquecimento global;


• Acidificação oceanos;
• Anoxia oceanos;
• (Perda habitat).

28
Uma das maiores fraquezas na compreensão de cenários de extinção corresponde
à falta de conhecimento dos efeitos dos múltiplos processos de stresse ambiental
implicados nas extinções. Os 3 mecanismos causadores de mortes conhecidos nos
ecossistemas atuais:

• Elevado CO2/reduzido pH;


• Stress térmico;
• Desoxigenação.

Causas: chuvas-ácidas; envenenamento por metal tóxico (mercúrio-Hg); danos


UV-B, anoxia marinha; aquecimento global (+10 Graus).

Figura 3 – Causas para as extinções em massas nos diversos ecossistemas.

29
7. CLIMA DO PASSADO

Como é que o clima variou durante o quaternário e quais foram os fatores externos
que levam à alteração do clima. Como é que isso fica registado nos registos que podemos
observar. Relativamente aos fatores que alteram e influenciam o clima na terra ao longo
do tempo:

• O sistema solar no contexto da Galáxia;


• A Deriva dos continentes;
• A orogenia - Processos tectónicos que afetaram a crusta terrestre ao longo dos
tempos geológicos e que ocorreram em períodos determinados, dando origem
ao aparecimento das grandes cadeias de montanhas (como os Himalaias).
Atualmente considera-se que durante o Fanerozóico ocorreram três orogenias
principais: Caledónica (que terá terminado há cerca de 400 milhões de anos),
Hercínica (cessado há 245 milhões de anos) e Alpina (que se terá iniciado há
cerca de 200 milhões de anos e que ainda se encontra ativa). Esta última foi a
responsável pelo aparecimento das cadeias montanhosas dos Alpes e dos
Pirinéus.;
• A isostasia - Este processo resulta da flutuação das placas tectónicas sobre o
material mais denso da astenosfera, cujo equilíbrio depende das suas
densidades relativas e do peso da placa. Tal equilíbrio implica que um aumento
do peso da placa (por espessamento ou por deposição de sedimentos, água ou
gelo sobre a sua superfície) leva ao seu afundamento, ocorrendo,
inversamente, uma subida (em geral chamada reemergência ou rebound),
quando o peso diminui.
• Variações na atmosfera;
• Excentricidade da órbita;
• Obliquidade do eixo;
• Circulação Oceânica;
• Radiação Solar;
• Atividade Vulcânica.

30
Existem causas externas/forçamentos externos, onde se tem as alterações na
tectónica de placas, as alterações na órbita da terra e as alterações na intensidade da
radiação solar, que depois tudo isto interfere nas interações internas que existem dentro
da terra e que afetam os diferentes compartimentos ambientais (atmosfera; biosfera;
criosfera; litosfera; hidrosfera) que por sua vez afeta a sua interação entre eles, e depois
vai haver como resultados as respostas internas/variações climáticas como, alterações na
atmosfera, criosfera, biosfera, hidrosfera e litosfera. Estas são as alterações que por sua
vez, vão ser usadas para analisar nos registos que se tem para as variações climáticas ao
longo do tempo.

O período que vai ser analisado, maioritariamente vai ser o período Quaternário
(2,7 Milhões de Anos), pois trata-se de um período para recente o que facilita a sua
análise.

Tabela de correlação cronostratigráfica global para os últimos 2,7 milhões de anos:

Cada variação nos isótopos são considerados, Estádios Isotópicos Marinhos (MIS),

Consegue-se ter a variação dos isótopos de oxigénio obtidos em cores do oceano.


E através da análise que os isótopos variam ao longo do tempo, conseguindo-se definir
os estados isotópicos marinhos, ou seja, que cada variação seja considerada um estádio
isotópico marinho. Estes foram numerados com valores pares – períodos glaciares – ou
seja, os períodos em que se teve mais frio na terra e os valores ímpares – períodos
interglaciares, ou seja, períodos onde houve condições mais amenas na terra. (ANEXO 3

31
- TABELA DE CORRELAÇÃO CRONOESTRATIGRÁFICA GLOBAL PARA OS
ÚLTIMOS 2,7 MILHÕES DE ANOS, V. 2019)

7.1. ALTERNÂNCIA ENTRE PERÍODOS GLACIARES E


INTERGLACIARES-
ÚLTIMOS 800 MIL ANOS
(TESTEMUNHOS DE GELO)

Variação do C02. A
concentração de CO2 analisando as
bolhas de ar no core de gelo varia ao
longo do tempo. Períodos mais quentes
a amarelo - concentração de CO2 mais elevada - períodos interglaciares. Períodos mais
frios a azul - concentrações de CO2 mais baixa - períodos glaciares. Portanto a
alternância entre períodos glaciares e os interglaciares permitem observar a variação de
concentração de CO2 na atmosfera através de testemunhos de bolhas de ar aprisionadas
no gelo.

Hoje: CO2 está nos 400/410 ppm.

Ciclicidade de 100000 anos, com sobreposição de pequenos ciclos de 41000 anos


e 21000 anos. Estas alternâncias permitem-nos observar que estas variações são
influenciadas pela teoria de Milankovich. Estes parâmetros são:

• A precessão do eixo da terra;


• O eixo de inclinação da terra (no verão e inverno) - obliquidade;
• Excentricidade (quando a terra dá a volta ao sol se está mais próxima ou mais
afastada);
• A força solar (insolação) e estádios de glaciação.

O volume total de gelo e o clima variam de acordo com o padrão de insolação.

32
Durante os períodos glaciares: menor excentricidade; eixo da terra é menor, e a
largura entre o sol e a terra aumenta no verão. Menos contraste sazonal. Durante os
períodos interglaciares: maior excentricidade (terra aproxima-se mais e afasta-se mais
do sol na sua volta ao sol); o eixo da terra é maior (mais inclinado); a distância da terra
ao sol é maior no inverno. Verão mais quente e inverno mais frio.

7.2. ESTÁDIOS ISOTÓPICOS MARINHOS (MIS)


Alternância de períodos Paleoclimáticos quentes e frios, deduzidos de dados de
isótopos de oxigénio em sedimentos marinhos. Quais são as implicações que as
variações de temperatura têm? Alteração nível medio do mar, concentração de CO2 na
atmosfera; etc. Neste caso, os valores pares significam os períodos glaciares os valores
ímpares os valores interglaciares.

7.3. VARIAÇÕES DO CLIMA E DO NÍVEL DO MAR DURANTE OS


ÚLTIMOS 450 MIL ANOS
O que se tem observado ultimamente é, relativamente, a variação da insolação, a
concentração de CO2 na atmosfera e a variação do nível do mar, é que quando existem
temperaturas mais elevadas tem-se os valores de CO2 e do nível médio do mar mais
elevados. O nível do mar → nos períodos mais frios, o nível medio do mar estava a 80-
120 metros abaixo do zero hidrográfico.

33
7.4. VARIAÇÃO DO CLIMA E DO NMM DURANTE O ÚLTIMO
PERÍODO GLACIAL (18 A 80 ML ANOS)

Maior variação da temperatura,


com períodos de aquecimento abrupto
e gradual arrefecimento, conhecidos
como ciclos de Dansgaard-
Oescheger ou D-O. Variação de
temperatura não constante. Destaca-se
ainda que dentro do último período
glacial existiam períodos mais frios
como períodos mais quentes
destacados como eventos D-O. São
nestes eventos que ocorre um aquecimento e arrefecimento abruptos.

Dentro das glaciações o clima não foi uniforme. Ocorreram mais de 20 flutuações
climáticas rápidas durante o último período glacial.

A dinâmica existente entre a atmosfera-gelo-oceano nos mares do Norte, criou oscilações


que exibem transições abruptas entre condições interestadiais com temperaturas mais
amenas (quentes) e condições estadiais com frio intenso.

8. VARIAÇÕES RÁPIDAS DE TEMPERATURA: Os Eventos de


Heinrich

Durante estas variações de temperatura rápida podem ocorrer ainda os


eventos Heinrich, estes eventos são um fenómeno natural que se caracteriza
pelo desprendimento de blocos de gelo (icebergs), esses icebers possuem
partículas de sedimento agregadas, e á medida que estes se despredem da
calote e se dispersam no oceano, acabam por libertar sedimentos para o
fundo. A instabilidade do manto de gelo leva à libertação de icebergs. Estes transportam
sedimentos grosseiros que são depositados longe das margens continentais. Quando
vamos colher o core de sedimento, colhemos o registo do fundo do mar e conseguimos
então identificar estas camadas de sedimentos que são sedimentos diferentes e identificar

34
quando houve períodos em que houve uma variação maior de temperatura e libertação
destes glaciares e assim, relacionar com o clima.

O derretimento dos icebergs


libertou grandes quantidades
de água doce (o gelo é água
doce, que é menos densa que a
água salgada e por isso fica à
superfície) no atlântico norte.
A entrada de grandes
quantidades de água doce e fria
pode ter alterado a densidade
da água, levando a mudanças
no padrão de circulação termohalina do oceano (responsável pelo controlo térmico no
planeta→ se isto mudar→ termohalina diminui velocidade→ períodos mais frios→
alteração do clima. Estes icebergs libertam grandes quantidades de água doce, e
normalmente a água doce é menos densa do que a água salgada como é possível observar
na seguinte imagem. Como é menos densa fica á superfície e a água salgada em baixo,
assim estas trocas podem alterar todo o padrão de circulação termohalina no oceano,
porque ao estarmos a introduzir mais água fria.

9. A CIRCULAÇÃO TERMOALINA: CAUSA OU RESPOSTA

Quando se tem a libertação de grandes


quantidades de água fria e doce vai alterar a densidade
da água e vai levar a que haja alterações nos padrões
de termohalina. Esta é responsável pelo controlo
térmico de todo o planeta e havendo circulações na
corrente termohalina vai haver consequências também
no clima. Durante os eventos de Heinrich a formação
de água profunda no norte do atlântico parou/reduziu
muito, porque foi durante este evento que houve a
libertação de grandes quantidades de água doce que
reduziram a circulação do atlântico norte. Durante as

35
fases estadiais que não são eventos de Heinrich, o local de convecção para a formação de
água profunda glacial migrou para sul.

Durante os interestadiais a convecção da água profunda ocorria nos mares nórdicos,


tal como hoje. De um modo geral: a corrente quente que chega ao polo Norte arrefece
com o frio e a água do polo norte. Redistribui esse calor pelo resto do mundo, chega ao
pacifico e vai aquecer e transporta esse calor pelo Mediterrâneo. Quando há a descarga
de icebergs, essa zona como fica mais fria, a corrente não consegue passar, e diminui a
velocidade.

10. ÚLTIMO MÁXIMO GLACIAL – 22 – 18 ka

Toda a faixa do HN estaria congelada, a temperatura média seria de 5ºC abaixo da


atual, o nível do mar estava a 130 m abaixo do nível atual, grandes extensões de gelo com
espessura de 2-3 Km e o CO2 com valores de 200 ppm. O oceano ártico e grande parte
da América do Norte estavam cobertos por gelo, e na europa, grande parte da europa do
Norte e da Ásia estariam cobertos por gelo.

10.1. EVENTOS RÁPIDOS


A Terra estava em uma era glacial de gelo
há apenas 12.000 anos. No auge deste período
terrestre, todo o Canadá, norte dos EUA, Europa
Ocidental, Himalaia, Montanhas Rochosas e
Andes estavam todos cobertos por um manto de
gelo. O nível do mar estava 121 metros mais
baixo que expôs milhões de milhas de terra hoje
cobertas de mar. Um total de cerca de 7 milhões
de metros cúbicos de terra pré-histórica estava
coberta de gelo glacial. Uma grande parte disso
estava sobre o Canadá e o norte dos EUA.
O grande problema enfrentado pelos cientistas é explicar para onde foi todo o gelo
do planeta médio. Inicialmente, pensou-se que desapareceu ao longo de dezenas de
milhares de anos em um lento derretimento gradual. No entanto, novas evidências
revelaram que o colapso das geleiras pré-históricas ocorreu em apenas 4000 anos.

36
Estudos agora revelam que o Canadá Ocidental estava livre de gelo há cerca de
14.000 anos. Isso coloca o derretimento do manto de gelo para um tempo mais cedo do
que os Dryas Mais Jovens. Esss derretimento ocorreu durante a última Era Glacial de
15.000 a 13.000 anos atrás, onde um grande manto de gelo chamado capato de gelo
cordilleran cobriu a maior parte da América do Norte canadense, mergulhando em partes
dos EUA.
À medida que o gelo derretia, formava lagos como o Lago Missoula, onde a água
era mantida por uma parede de gelo de 610 metros.

11. RESUMO – CLIMA DO PASSADO

Existe uma alternância entre os períodos glaciares e interglaciares e essa Ciclicidade


de 100 000 anos, com sobreposição de pequenos ciclos de 41 000 anos e 21 000 anos
estava relacionado com os ciclos de Milankovitch que estão relacionados com os
parâmetros orbitais. No último período glacial (18 a 80 mil anos) ocorreu uma variação
maior de temperatura, com períodos de aquecimento abrupto – condições interestadiais –
e gradual arrefecimento – condições estadiais – conhecidos como ciclos de Dansgaard-
Oeschger ou D-O. Ocorreram ainda variações rápidas de temperatura, os eventos de
Heinrich caracterizados por descargas maciças de icebergs, que acabam por coincidir
com fases frias dos ciclos Dansgaard-Oeschger. Durante os eventos de Heinrich a
formação de água profunda no Atlântico Norte parou/reduziu muito, o que levou a
mudanças no padrão de circulação termohalina no oceano. Por fim passando para uma
escala temporal mais pequena com fim no último máximo glaciar, observou-se um
período de aquecimento rápido denominado por Bolling-Allerod (14 700-12 800 anos) e
depois relacionado com as descargas de água doce provenientes dos degeleos, houve uma
redução ou até mesmo paragem total da circulação termohalina do Atlântico Norte,
causando um novo período frio, Younger Dryas (12 800-11 600 anos). Quando se
compara o registo que se dos cores de gelo, quer na Gronelândia quer na Antártida, vimos
que maior parte dos eventos só são registados no hemisfério norte.

12. EVENTOS DE BOND

Nos últimos 11.500 anos temos o aumento da temperatura, e durante esse período
também foram identificados os eventos Bold (no Atlântico Norte- 8 flutuações climáticas
com ciclos de 1470+-500 anos, durante o holocénico), em que foram determinados,

37
através de poeiras de grãos de hematite, que foram encontradas amostras e encontraram-
se esses ciclos de flutuações.

13. VARIAÇÕES DO CLIMA DURANTE O HOLOCÉNICO: Evento


Frio 8.2 ka

Mesmo durante este período mais


quente também tivemos oscilações de
períodos que estiveram mais frios.
Período de arrefecimento rápido de 1 a
3 graus, com duração de 160 anos,
registado no hemisfério norte. Causado
pela libertação rápida de água doce,
proveniente do degelo na América do
Norte, que levou ao enfraquecimento
da circulação termohalina e à redução
no transporte de calor. Nos últimos 2000 anos existe uma maior facilidade nos dados
adquiridos pois é muito mais fácil ter um testemunho de sedimentos onde a sua análise
vai ter valores simbólicos sobre estes últimos anos com grande resolução.

13.1. PERÍODO MEDIEVAL QUENTE

Este período foi registado


entre os anos de 900 a 1300 EC,
quando as temperaturas globais
estavam aparentemente um pouco
mais quentes do que atualmente. Na
europa, as colheitas de cereais
floresceram, as árvores alpinas
subiram em latitude, foram
cultivadas uvas no norte de
Inglaterra. Surgiram novas cidades e a população mais que duplicou. E os vikings
aproveitaram a melhoria climática para colonizar a Groenlândia. Todo o norte da Europa,
como gelo retraiu havia mais espaço, as culturas como tinham condições favoráveis ao
seu desenvolvimento foi possível serem cultivadas em latitudes superiores.

38
13.2. PEQUENA IDADE DO GELO

Período de
condições mais frias na
Europa e América do
Norte (1 a 2ºC)
registado entre 1300 a
1850 EC. O mar báltico
congelou, assim como
muitos dos rios e lagos
da europa. O gelo
compactado expandiu-
se para o sul, no Atlântico, impossibilitando o transporte para a Islândia e a Groenlândia
por meses a fio, levando ao declínio dos Vikings. Os invernos eram muito frios e os verões
eram geralmente frescos e húmidos, o que provocou redução das colheitas, fome e
declínio da população. A causa exata da pequena idade do gelo é desconhecida, mas há
uma coincidência entre o período mínimo de manchas solares (mínimo de Maunder) e o
período da pequena idade do gelo. Ou seja, durante um determinado período pode-se
observar que a atividade solar também foi inferior, sendo que esses valores são
trabalhados através de modelos onde é necessária uma compreensão da variação temporal
da radiação cósmica e da atividade solar durante o Holoceno que será essencial para
estudos da relação solar-terrestre. Radionuclídeos produzidos por raios cósmicos, como
10Ser e 14C que são armazenados em núcleos polares de gelo e anéis de árvores,
oferecem a oportunidade única de reconstruir a história da radiação cósmica e da atividade
solar ao longo de muitos milênios. Outra das causas da Pequena Idade do Gelo poderá
estar relacionada com a Oscilação do Atlântico Norte (NAO) que durante este período foi
mais persistente em modo negativo. A NAO é um sistema de pressões atmosféricas que
oscilam entre os Açores e a Islândia, influenciando o clima do Atlântico Norte. A NAO
é o modo dominante de variabilidade climática de inverno na região do Atlântico Norte
que vai da América do Norte central à Europa e muito ao norte da Ásia. A NAO é uma
instabilidade em larga escala na forma de massa atmosférica entre a alta subtropical e a
baixa polar. O índice correspondente varia de ano para ano, mas também apresenta
tendência a permanecer em uma fase por intervalos que duram vários anos. A NÃO possui
duas fases, a fase positiva ou a negativa.

39
A fase do índice NAO positivo mostra um centro de alta pressão subtropical mais
forte do que o habitual e uma baixa na Islândia mais profunda do que o normal. O aumento
da diferença de pressão resulta em tempestades de inverno cada vez mais fortes cruzando
o Oceano Atlântico em uma trilha mais ao norte. Isso resulta em invernos quentes e
húmidos na Europa e em invernos frios e secos no norte do Canadá e da Groenlândia O
leste dos EUA experimenta condições de inverno suaves e húmidas. A NAO negativa
mostra uma fraca alta subtropical e uma fraca baixa pressão na Islândia. O gradiente de
pressão reduzido resulta em tempestades de inverno cada vez mais fracas cruzando em
uma via mais oeste-leste. Eles trazem ar húmido para o Mediterrâneo e ar frio para o norte
da Europa. A costa leste dos EUA experimenta mais focos de ar frio e, portanto, condições
climáticas de neve. A Groenlândia, no entanto, terá temperaturas mais amenas no inverno.

14. EL NIÑO/LA NIÑA – ENSO

Este fenómeno pode afetar os vários ecossistemas em todo o globo mudando o


curso de cheias, secas e ondas de calor. No oceano pacífico onde ocorrem os trade winds
que empurram águas quentes da superfície nas suas direções acumulando as águas mais
quentes na Ásia e Ásia-Austrália, enquanto no outro lado do oceano na América Central
e Sul as águas mais frias substituem este “buraco” com a entrada de águas vindas do fundo
do oceano (upwelling). Esta situação faz com que haja uma variação da temperatura das
águas, que por sua vez com o aumento da temperatura nas águas da Ásia leva a um
aumento extra da temperatura do ar levando este a subir com mais vigor, que significa
que este lado do pacífico acaba por ter uma zona irregular em termos de condições

40
meteorológicas. Durante um fenómeno de El Nino, as águas superficiais no Oceano
Pacifico central e oriental tornam-se significativamente mais quentes do que o habitual.
Essa mudança está intimamente ligada à atmosfera e aos ventos que sopram sobre o vasto
pacífico, os ventos que sopram das Américas em direção à Ásia trocam as suas direções
e podem-se transformar em ventos de oeste, permitindo assim que grandes massas de
água morna deslizem do Pacífico Ocidental para as Américas. O afloramento costeiro é
reduzido o que traz consequências para o ecossistema. Conceptualmente o fenómeno El
Nino consiste no aquecimento anómalo das águas superficiais do sector centro-leste do
Oceano Pacífico, predominantemente na sua faixa equatorial. É considerado que existe
EL Niño quando a temperatura da água na região 3.4 é 0.5 graus superior à média durante
pelo menos 5 meses consecutivos.

Portanto em condições normais aos ventos alísios sopram entre um centro de altas
pressões na costa sul americana e um centro de baixas pressões situado na Indonésia.
Durante a fase de desenvolvimento do El Nino este padrão inverte-se, os ventos alísios
enfraquecem e a água quente desloca-se na direção da América, em pulsos chamados
ondas de Kelvin. Esta alteração dos ventos leva à produção de chuva torrenciais na costa
do Peru e secas na austrália. Por outro lado, a profundidade da termodinâmica aumenta
no Pacífico tropical oriental, chegando a suprimir o fenómeno de upwelling junto à costa
do Peru. O fenómeno La Niña é oposto ao El Niño e corresponde ao arrefecimento
anómalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Central e Oriental.

Os episódios do El nino geram alterações de grande escala nos ventos


atmosféricos em todo o pacifico tropical, reduzindo os ventos alísios. Essas condições
refletem uma força reduzida na circulação equatorial de Walker. Este fenómeno contribui
ainda para anomalias de temperatura e precipitação em grande escala em todo o mundo,
com a maioria das regiões afetadas experimentando condições anormalmente quentes
durante dezembro-fevereiro.

41
Quando temos ventos predominantes par aleste, temos a deslocação das massas de ar
quentes mais para o lado da Austrália e movimentos de upwelling → interfere com a
circulação mais chuva na zona central americana → La Niña. Anomalias negativas

El Niño é ao contrário → ventos essencialmente de oeste para este, as massas quentes são
empurradas para o continente americano, deixamos de ter upwelling, há convecção e a
circulação depois altera-se. Anomalias positivas.

15. EXEMPLOS DA
VARIAÇÃO DO CLIMA NA
PENÍNSULA IBÉRICA

Foram analisadas as espécies de


foraminíferos, foram avaliados indicadores
químicos, granulometria do sedimento,
rácio de elementos (cada um dos elementos
é indicador sobre input eólico), nível de
indicador para input fluvial (rio), anomalia
de temperatura e eventos NAO. A tabela
acima é para o norte da Península ibérica - mesmo neste local, os períodos áridos, húmidos
e quentes não são coincidentes. As incertezas são enormes - dependem dos proxies
utilizados, do local onde é feita a recolha e o clima não é consensual. As incertezas
também podem estar relacionadas com o microclima e vegetação.

42
15.1. EXEMPLOS DA VARIAÇÃO DO CLIMA NA PENÍNSULA
IBÉRICA – GUADIANA

Neste exemplo foi colhido um core de


sedimentos no rio guadiana, e o que se
tentou fazer com base nos
foraminíferos, sedimentos, geoquímica,
foi identificar períodos como períodos
mais secos (Barras Amarelo) com
menor input de sedimentos no rio, e
mais hidrodinâmicos, e períodos em que
houve maior input de sedimentos no rio,
ou seja, períodos mais húmidos ou mais
chuvosos, e o que se analisou é que estes
alteram-se ao longo do tempo e que o aporte de sedimentos para o rio guadiana esteve
relacionados com a NAO. Portanto conclui-se que os eventos de inundação registados
num núcleo sedimentar marinho pouco profundo nos últimos 5800 anos, as entradas de
sedimentos de granulometria fina sob condições de cheias e humidade, houve uma baixa
entrada de sedimentos terrígenos em condições secas, a NAO influenciou o fornecimento
de sedimentos durante os últimos 500 anos em escalas centenárias e houve um aumento
dos eventos de inundação durante a LIA ao longo da margem da Península Ibérica
Atlântica.

43
16. CLIMA ATUAL

GEE uma parte do efeito de estufa é positivo,


pois sem esta camada protetora que é o efeito
de estufa, a temperatura à superfície da terra
seria negativa, e desta forma nunca haverias
as condições necessárias para a sobrevivência
da vida em si. Existem diversos gases na
atmosfera, tais como, dióxido de carbono,
óxido nitroso, sendo que o CO2 não resulta
apenas de fontes antrópicas, mas sim de
fontes naturais também, tais como os vulcões,
incêndios florestais, etc.
Repara-se que a partir da revolução industrial (uso de maquinaria e produção em
massa) há um grande pico. Sempre houve oscilações relacionadas com os períodos de
aquecimento, arrefecimento. A concentração que temos hoje é a maior já registada nos
últimos 800Ma. As abundâncias médias globais dos principais gases de efeito de estufa
de longa duração e bem misturados. (NOAA, desde 1979).
Não é apenas o CO2 que é
nocivo para a atmosfera, mas
também o óxido nitroso e o
metano. Em Portugal só a partir
da década de 90 é que houve um
crescimento das emissões de
CO2, pois só a partir daí se
começou a utilizar maquinarias
e a capacidade industrial
aumentou cada vez mais.

16.1 TEMPERATURA

As temperaturas em regime continental em 2018 em comparação com a média


1981-2010. Lugares que são até 7 ⁰C mais frios do que a média são tons de azul
→anomalias, sendo que a vermelho corresponde também a anomalias de 7ºC acima da
média. A temperatura dos oceanos é possível reter que existe um aquecimento junto à

44
Antártida, alguns aquecimentos
pontuais no pacifico e no indico e
uma zona junto à Groenlândia em
que houve um arrefecimento, isto
pode ser justificado através do
degelo da Gronelândia que
transporta grandes quantidades de
água doce a baixas temperaturas.

Desde 1960 a 2015 a europa tem vindo a demonstrar grandes aquecimentos


acentuados em determinadas partes da europa, como o sul da europa ou até mesmo a zona
central. Em particular 2018 e 2019 foram anos particularmente muito quentes, em que
houve uma anomalia de +1.2ºC.

16.1.1. TEMPERATURA EM PORTUGAL

A tendência de crescimento de temperatura e tal anomalia tendo como referência


a média (linha do meio) não é tão acentuada como poderíamos esperar, mas há diferença
de mais de 1 grau, que para nós tem impactos negativos, principalmente na zona interior.
Obviamente que com o aumento da temperatura irá sempre haver impactes na agricultura,
mais propriamente na irrigação (água). De acordo com os modelos climáticos a nível
europeu irá haver uma maior necessidade água (irrigação) em zonas interiores.

16.2. PRECIPITAÇÃO

Em termos de precipitação é possível observar que desde 1960 tem ocorrido


alterações no regime global, em que existe uma tendência de decréscimo, ou seja, existe
uma tendência para redução de mm/década. E o que se verifica em termos de verão há
uma quebra bastante acentuada no Sul da Europa, na realidade o que se observa é que
existe um aumento em algumas latitudes mais a norte, enquanto nas regiões mais a Sul
observa-se um decréscimo.

45
16.2.1. PECIPITAÇÃO EM PORTUGAL

Em Portugal, não existe um padrão muito específico, no que toca à precipitação, tendo o
período em questão (1960-2000), ou seja, até que haja registo a evolução anual da
precipitação não têm um decréscimo assim tão acentuado.

PORTUGAL – 2018

• 3 tornados;
• Passagem da tempestade subtropical Leslie em Portugal continental, outubro;
• Tempo extremamente quente e extremamente seco em agosto e setembro;
• Situação de seca meteorológica nos meses de janeiro e fevereiro;
• Episódios de tempo adverso em março (chuva e vento) que contribuiu para o fim
da situação de seca severa (2º março mais chuvoso desde 1931;
• Episódios de precipitação intensa norte e centro, novembro.

Pergunta: isto são alterações climáticas ou é variabilidade climática? Variabilidade


climática natural, mas potenciado pelas alterações climáticas.

Qual é o efeito das alterações climáticas na variabilidade climática? É a potenciação


do efeito (na atmosfera; no oceano, nomeadamente a subida do nível médio do mar;
alteração dos regimes de tempestades, por exemplo associa-se muito ao maior número de
tempestades, de secas, de fogos, …).

17. SUBIDA DO NÍVEL MÉDIO DO MAR

Porque é que a subida do nível


medio do mar é negativa? Por causa do
gerenciamento das populações que vivem
perto da costa. A subida do nível medio do
mar significa que o plano da água sobe, que
só é importante se tivermos pessoas a viver
na costa, os ecossistemas também podem
sofrer, mas têm métodos de adaptação (ex:
zona de sapal migra, as espécies migram,
adaptam-se).

46
A taxa media de subida do nível do mar nas
últimas duas décadas e meia é de 3,1 ± 0,4 mm/ano, IPCC→ Painel Global das

mas a taxa está a acelerar. O que observamos é que, Alterações Climáticas: são eles

em média, temos uma subida de cerca de 3 mm por que fazem os relatórios, que

ano. É diferente quando temos mar aberto ou bacias estudam o que aconteceu em

confinadas. a forma como as bacias respondem à termos climáticos no passado e

subida do nível do mar é completamente diferente. aquilo que vai acontecer no

No entanto, esta distância não é assim tao grande. futuro. Tentam perceber de que

Toda a variabilidade é um todo, mas tem de ser vista forma evoluiu o clima que

de uma maneira regional. sustentam o muito que vão ser


as alterações climáticas no
17.1. SNMM em Portugal futuro.

Tendência de subida do nível do mar com taxas medias próximas dos 2 mm/ano.
+/- de acordo com os 3mm da média global.

18. EVENTOS EXTREMOS

Importância que os
eventos extremos têm termos
de ocorrência. Gráfico
abaixo: podemos perceber
como se justifica que nesse
período estejamos a observar
um momento progressivo do
número de eventos. Em que
as barras a amarelo
representam os eventos climatológicos, a azul os hidrológicos, a verde os meteorológicos
e a vermelho os eventos geofísicos, sendo assim possível observar o aumento acentuado
em termos percentuais do número de eventos hidrológicos (inundações) ou dos
meteorológicos (tempestades tropicais).

18.1. ONDAS DE CALOR

As ondas de calor em 2019, afetaram milhares de pessoas na europa central, devido às


elevadas temperaturas como em Paris (40ºC) ou em Londres 37ºC.

47
19. RECESSÃO DOS GLACIARES

Recessão que se tem vindo a acentuar nos últimos 25 anos. Pequena idade do gelo: criação
de gelo em vários locais, mas com o aquecimento de toda a massa de gelo se começou a
perder. No mapa abaixo a escala: para a direita→ recessão ou afinamento; para a
esquerda→ espessamento da massa glaciar. Em locais como os Andes da América do Sul
e o Himalaia na Ásia, o desaparecimento dos glaciares nessas regiões tem o potencial de
afetar o suprimento de água nessas áreas.

O gelo do mar do Ártico está a


diminuir com uma taxa de 12.85%
por década, em relação à média de
1981 a 2010. A Antártica é a
maior massa de gelo conhecida. A
maior parte do gelo de água doce
do mundo está contida nesta
calote. Tal como outras massas de
gelo ela sofre de períodos ao longo
do ano (sazonalidade) em que
congela ou degela, sendo este
fenómeno sazonal, tendo a ver com as diferentes épocas do ano (verão e inverno). O
exemplo mais dramático de recessão neste local é a perda de grandes secções da
plataforma de gelo Larsen, na península Antártica.

48
20. CLIMA DO FUTURO

Objetivos: perceber as alterações climáticas previstas para o futuro (cenários); entender


a variabilidade das alterações climáticas a diferentes escalas espaciais.

Cenários climáticos (ou projeções) → Cenários são combinações plausíveis de


variáveis, consistentes com o que sabemos sobre mudanças climáticas induzidas pelo
homem. Os cenários ajudam-nos a entender os impactos das mudanças climáticas e a
determinar as principais vulnerabilidades; são previsões de um modelo, dependentes dos
cenários de emissão de gases de efeito de estufa (GEE). São várias opções de acontecer
que são contempladas. Assentam num modelo, que por sua vez, se sustentam com base
em cenários de emissão.

Porque é que os usamos? Não temos a certeza exata como o clima regional mudará.
Podem ser usados para avaliar e identificar estratégias de mitigação, adaptação.

Evolução nos últimos anos, assumindo uma integração faseada dos


reservatórios/variáveis ambientais. Desde o último seculo que se têm utilizado os
cenários. Houve um potencial crescendo de reservatórios ou variáveis acopladas a esses
modelos climáticas. Geralmente não existe um único cenário ou se existir um único
cenário ele não é muito útil porque assume uma verdade absoluta. Se os cenários são

49
opções resultantes de uma só simulação ou múltiplas simulações é porque constrangi-mos
as variáveis de entrada nesses modelos. É necessário ter diferentes opções que saiam
dessas soluções computacionais.

Por isso, eles não são previsões do futuro, mas sim diferentes projeções do que pode
acontecer ao criar descrições plausíveis, coerentes e internamente consistentes de
possíveis futuros das alterações climáticas. Podem também constituir descrições
plausíveis, coerentes e internamente consistentes para certos objetivos. Portanto, os
cenários de mudanças climáticas podem vir em duas formas diferentes: projeções “o que
pode acontecer?” e caminhos orientados a objetivos “o que deve acontecer?”, dependendo
do tipo de pergunta que pretendem responder.

Escalas (os cenários climáticos precisam de estar numa escala necessária para a analise):
→espacial: ex, ao nível da bacia hidrográfica;

→ temporal: por mês/diariamente;

E por sua vez a sua construção acaba por às vezes, dependendo do tipo de cenário
climático que se esta a atentar projetar, pode ser construído com base no clima passado –
análogos; análogos espaciais; mudanças arbitrarias; modelos climáticos.

20.1. CENÁRIOS FUTUROS DO IPCC

Até 2010 a maioria das projeções usava dados históricos associados às emissões. → SREs
- Special on SREs - Special on Report Emissions Scenarios 2000 - São cenários de
referência, que não levam em consideração nenhuma medida atual ou futura para limitar
as emissões de gases de efeito de estufa (GEE). Independentes da socioeconómia daquele

50
momento, não tinham qualquer tipo de medida de acordos (não havia tentativa de redução
das emissões que estavam a ser lançadas na época no futuro).

Com a assinatura do protocolo de Quioto surgem os RCPs – Representative


Concentration Pathways AR5, 2014-2015, estes referem-se a patamares de concentração
de gases estufa (e não de emissões) que se prolongam até 2100, para os quais os modelos
produzem cenários. Cenários muito mais mastigados→ expõem diferentes trajetórias que
são espectáveis para essas variáveis mesmo à 50 ou 100 anos, mas incluindo determinado
tipo de compromissos. em baixo: compromissos de temperatura.

O Acordo de Paris foi um passo histórico nos esforços globais para combater as alterações
climáticas. Os países concordaram em tomar medidas para manter o aumento da
temperatura média global bem abaixo dos 2 °C e prosseguir os esforços para limitar o
aquecimento a 1,5 °C.

São cenários desde o mais otimista


(RCP 2.6) até ao mais pessimista
(RCP 8.5), todos como forma de
previsão até 2100. Sendo que no
mais otimista estabelece-se que
apenas iremos ter um acréscimo de
1.5 ºC e que vamos estabelecer um
compromisso grande de Figura 4 – Cenários do IPCC.

decréscimo acentuado de emissões. Sendo que o mais pessimista (RCP 8.5) assume que
a humanidade não irá cumprir qualquer tipo de acordo para baixar as emissões de CO2 e
que irá continuar a poluir como foi feito até aos dias de hoje. Estes cenários, desde 2014,
ditam os modelos climáticos/previsões climáticas e a análise do impacte das alterações
climáticas.

51
As alterações Climáticas são alterações do clima, sendo positivas ou negativas. Os
impactes das alterações climáticas podem ser positivos como negativos, e estes estão
diretamente relacionados com o homem, sendo que a humanidade irá ser afetada
diretamente por tais impactes, como foi referido acima, por exemplo para as espécies
invasoras as alterações climáticas e os seus impactes acabam por ser benéficos para essas
espécies.

20.2. PROJEÇÕES GLOBAIS

• Changes in the mountain cryosphere (SROCC)

Glaciares mais pequenos (na Europa, na África Oriental, nos Andes tropicais e na
Indonésia), devem perder mais de 80% da sua atual massa de gelo até 2100, se as emissões
continuarem a aumentar. À medida que os glaciares derretem e a cobertura de neve
diminui, espécies vegetais e animais adaptadas a climas mais quente terão tendência para
migrar. As espécies mais adaptadas ao frio e à neve diminuem em número e correm o
risco de extinção Impactes: A recessão da criosfera continuará a afetar negativamente as
atividades recreativas, o turismo e os bens culturais.

• Mudanças nas regiões Polares

As camadas de gelo da Gronelândia e da Antártica continuarão a derreter,


comprometendo o planeta a um aumento global do nível do mar a longo prazo. O gelo
marinho do Ártico continuará a diminuir anualmente de espessura. O permafrost está a
descongelar, com o potencial de adicionar mais gases de efeito estufa à atmosfera. Se as
emissões continuarem a aumentar significativamente, cerca de 70% do permafrost junto
à superfície poderá ser perdido. Impactes: Os povos indígenas do Ártico já estão
ajustando as suas atividades de migração e caça à sazonalidade e às condições atuais de
gelo e neve. O sucesso desta adaptação irá depender de financiamento, capacidades e
apoio institucional.

52
• Gases de Efeito Estufa: CO2

Existe uma grade


evidência do cenário
RCP 8.5, e a gravidade
associada a este
cenário. Pois este acaba
por ser um cenário
bastante pessimista
com diversos impactes
associados. Para além
do CO2 é necessário ter
em conta outros gases
efeito de estufa, como o
metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). O cenário pessimista demonstra uma Duplicação
da concentração de GEE na atmosfera.

• Acidificação do Oceano

Diminuição do pH dos
oceanos→ reservatório de
dióxido de carbono. Nem todas as
zonas reagem da mesma forma.
Dissolve as carapaças de alguns
organismos. Diferenças não
homogéneas pelo globo desde
1990. 0.5 é muito em relação aos organismos com exoesqueleto de cálcio. Nem todas as
zonas do oceano reagem da mesma forma.

• Aumento da Temperatura do Mar

Os oceanos continuarão a aquecer


durante o seculo XXI. O calor penetrará
da superfície para o oceano profundo e
irá afetar a circulação do oceano.

53
• Aumento da Temperatura nos Continentes

Variabilidade climática anual registada em termos sazonais, ou seja, a variabilidade que


é esperada para meses mais quentes ou meses mais frios.

• Precipitação

Existem elevados
contrastes entre a
Europa do Norte e a
Europa do Sul. A
figura seguinte
evidencia onde se
localizará as
maiores perdas em
termos de
precipitação como
também um aumento da mesma. Os cenários são sempre projetados de acordo com a
perspetiva para o nível de emissões – Cenários RCPs.

54
• Subida no Nível Médio do Mar e Eventos Extremos

O nível do mar continuará a subir: → 30-60 cm até 2100, mesmo que as emissões de
gases de efeito de estufa sejam acentuadamente reduzidas e o aquecimento global seja
limitado a abaixo de 2⁰C. E 60-10 cm se as emissões de gases de efeito de estufa
continuarem a aumentar consideravelmente. Durante o século 20, o nível médio global
do mar aumentou cerca de 15 cm. Atualmente, o nível do mar está a subir mais de duas
vezes mais rápido e irá acelerar ainda mais, chegando a 1,10m em 2100, se as emissões
não forem drasticamente reduzidas. Impactes: Eventos extremos do nível do mar que
agora ocorrem raramente durante a maré alta e tempestades intensas irão tornar-se mais
comuns. A futura subida do nível do mar global (SNMM) será controlada principalmente
pela expansão térmica da água oceânica e pela perda em massa dos glaciares, calotes de
gelo e camadas de gelo. As mudanças no armazenamento de água terrestre, através do
esgotamento das águas subterrâneas e da apreensão dos reservatórios, podem ter
influenciado a mudança do nível do mar do século XX, mas espera-se que sejam
contribuintes relativamente menores em comparação com outros fatores do século atual.

AS MUDANÇAS NO NÍVEL DO MAR NAS ZONAS COSTEIRAS SÃO MUITO


RELEVANTES PARA A SOCIEDADE?

Grande parte da população vive nas zonas costeiras (70%), são afetadas pelo aumento do
nível do mar, podendo essas zonas ficar submersas. Parte Direta → Inundações, perdas
económicas (habitação); Parte indireta→ afetação de recursos, de sistemas marinhos e
costeiros que diretamente são a base de sustentação da sociedade humana. As subidas do
nível medio do mar são variáveis regionalmente (espacialmente). Subida do nível medio
do mar→ probabilidade de frequências de eventos de inundação.

• Ocorrência de Eventos Extremos

É muito difícil prever a ocorrência


de eventos extremos e por isso é que
não há mapas de previsão para 2100,
pode se considerar a variável que
menos se consegue aplicar os RCPs
e perspetivar com base no passado.
Observando o padrão dos últimos
anos consegue-se compreender que
irá ocorrer ao longo dos anos, uma
amplificação das suas consequências e um aumento de ocorrências. A maioria dos eventos

55
climáticos extremos de 2016 foi causa ou exacerbada pelas mudanças climáticas
induzidas pelo homem. A ocorrência de eventos extremos tem por base a:

-Frequência: Os acontecimentos estão a ocorrer com mais frequência do que no passado?

-Intensidade: Os eventos estão a tornar-se mais graves, com potencial para efeitos mais
prejudiciais?

-Duração: Os eventos duram mais tempo do que "a norma"?

-Tempo: Os eventos que ocorrem mais cedo ou mais tarde na estação ou no ano do que
costumavam ocorrer?

É possível observar na
seguinte imagem o aumento
dos eventos extremos
derivado às alterações
climáticas que por sua vez,
irá fazer com que haja um
aumento de todos os
eventos climáticos tais
como, inundações, ventos
extremos, precipitações, etc.

Os ventos extremos e as secas extremas são outros fatores indiretos, sendo que o segundo
está relacionado com as ondas de calor que se fazem sentir no sul da Europa devido a
temperaturas extremas tendo em conta os diversos cenários RCPs. A Organização
Mundial de Saúde prevê que com o aumento dos eventos extremos e por sua vez o
aumento de secas extremas/ondas de calor, que haja um número de mortes adicionais por
ano entre 2030 e 2050 de 250 000.

56
• Futuro gelo, neve e permafrost

No futuro espera-se que o gelo do mar continue a derreter, os glaciares (Antártica e


Gronelândia) continuarão em recessão, a cobertura de neve continuará também a derreter.
Prevê-se que a cobertura de neve no hemisfério norte diminua em aproximadamente 15%
até 2100. Permafrost a derreter→ libertação de CO2 + CH4 (retém 3x mais calor que o
CO2) → CO2 Clima futuro → emissões não contabilizadas → CO2.

20.3. PROJEÇÕES REGIONAIS

• Temperatura em Portugal

A variabilidade climática em
termos de temperatura nível de
Portugal é bastante variável.

Esquerda: atual / simulação de


controlo (1961-1990) Direita:
projeção de acordo com cenário de
emissões A2 (2071-2100). Espera-
se que até 2100 existe um aumento
das temperaturas tanto a nível das
temperaturas mínimas no Inverno

57
como no Verão, ou seja, as mudanças climáticas em termos sazonais em Portugal espera-
se que venham a intensificar com o passar dos anos.

• Precipitação em Portugal

A nível do Algarve e mesmo em


perspetivas continentais os regimes
de precipitação/pluviosidade
venham a ter uma redução de 40%
por ano, sendo que mais
especificamente na região do
Algarve, Monchique seja a amais
afetada com esta redução no regime
de precipitação.

• Secas Extremas Algarve

Aumenta do Barlavento
para o Sotavento, mas
também do litoral para o
interior. Como é possível
observar na seguinte
imagem é possível virmos
a ter com o pior cenário
mais 6-12 meses de seca
(RCP 8.5). Sendo que na
atualidade a região do
Algarve tem entre 1 a 5
meses de secas. Estas secas extremas são acompanhadas pela ocorrência de eventos
extremos como ondas calor, sendo que as zonas do interior são as que tão mais propensas
a estes eventos extremos.

58
Além dos eventos debatidos acima, é possível observar ainda outras efeitos a nível de
projeções regionais tais como, a disponibilidade hídrica pois é importante para o consumo
e sendo que estas vêm de aquíferos (fontes subterrâneas) e ribeiras e riachos (fontes
superficiais), ambas de elevada importância para consumo humano e agrícola e como
fonte de sedimentos para a costa pois caso não haja transporte sedimentar para a costa
proveniente dos rios haverá mais vulnerabilidade por parte das costa à erosão costeira;
aridez dos solos (indireto das condições de temperatura e vegetação); variabilidade
cobertura vegetal; Níveis de poluição da água e do ar; Doenças transmitidas por vetores
(invasões por insetos por exemplo).

• Subida do Nível Médio do Mar Regional

Tendências futuras próximas dos 2


mm/ano. A novidade é que o ritmo
de subida do nível do mar pode ser
mais rápido do que o esperado.

20.4. INCERTEZAS NAS PROJEÇÕES

Erros de medição resultantes de instrumentos de observação imperfeitos e/ou


processamento de dados. Erros de agregação resultantes da cobertura incompleta de
dados temporais e/ou espaciais. Variabilidade natural resultante de processos naturais
imprevisíveis no sistema climático (ex, variabilidade atmosférica e oceânica),
influenciando o sistema climático (ex futuras erupções vulcânicas) e/ou em sistemas
sociais e ambientais sensíveis ao clima (ex., dinâmica do ecossistema). Limitações dos
modelos (ex., de modelos climáticos e de impacto climático). As trajetórias futuras das
emissões (de gases de efeito estufa e aerossóis) determinam a magnitude e a taxa das
mudanças climáticas futuras Desenvolvimento futuro de fatores não climáticos
(socioeconômicos, demográficos, tecnológicos e ambientais). Mudanças futuras nas
preferências sociais e prioridades políticas determinam a importância atribuída a um
determinado impacto climático (ex., uma perda local ou regional de biodiversidade).

59
Figura 5 - Este gráfico mostra como várias fontes de incerteza (em laranja) influenciam
diferentes tipos de afirmações (em preto), com as da esquerda relacionadas com o
passado e as da direita relacionadas com o futuro.

Uma vez que somos nós, os seres


humanos, que conduzimos as alterações
climáticas, também podemos agir para
reduzir o impacto das nossas atividades
no clima (mitigação), bem como o
impacto das alterações climáticas sobre
nós (adaptação).

60
21. IMPACTE DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Quando falamos em impactos devemos ter em conta os riscos climáticos. Avalia a junção
das esferas de perigo, vulnerabilidade e impactos e a sua associação às causas e depois
como os processos socio- económicos vão responder. Vulnerabilidade implica sempre a
presença de processos socio- económicos, que tenham humanos presentes. O risco
climático é o risco resultante das alterações climáticas e tem que ter uma probabilidade
associada e tem em conta um perigo/ameaça tendo em conta um determinado agente
forçador (Ex: Tempestades). Sendo que para haver vulnerabilidade implica obviamente
que haja presença de fatores socioeconómicos como vidas humanas.

O risco de impactos relacionados com o clima resulta da interação de perigos relacionados


com o clima (incluindo acontecimentos e tendências perigosas) com a vulnerabilidade e
exposição de sistemas humanos e naturais. As alterações tanto no sistema climático
(esquerda) como nos processos socioeconómicos, incluindo adaptação e mitigação
(direita), são impulsionadores de perigos, exposição e vulnerabilidade.

O processo de litoralização tem originado situações de desequilíbrio, que se manifestam


na erosão costeira generalizada, em muitos casos com destruição de habitats, perda de
biodiversidade, diminuição da qualidade da paisagem e alteração da quantidade e da
qualidade da água. Aumenta a perigosidade associada aos riscos identificados e também
a vulnerabilidade dos elementos expostos. a Suscetibilidade está associada à Incidência

61
espacial do perigo. Representa a propensão para uma área ser afetada por um determinado
perigo, em tempo indeterminado, sendo avaliada através dos fatores de predisposição para
a ocorrência dos processos ou ações, não contemplando o seu período de retorno ou a
probabilidade de ocorrência. O que permite que a análise da suscetibilidade tenha em
conta elementos recentes, dados relacionáveis e interdependências específicas que não
dependem apenas da quantificação de frequências e probabilidades associadas.

21.1. REGIÕES CRÍTICAS DAS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Todas as regiões europeias são vulneráveis às alterações climáticas, mas algumas sofrerão
impactes mais negativos do que outras: heterogeneidade. Os impactes também vão ser
um pouco dispares dependendo do recetor e do próprio agente forçador que está naquela
determinada zona a operar.

A Europa do Sul/Sudoeste e sudeste deverá ser uma região crítica, prevendo-se que
enfrente o maior número de impactes adversos (aumentos do calor extremo e diminuição
da precipitação e dos caudais dos rios, aumentando assim o risco de secas mais severas,
menores rendimentos de culturas, perda de biodiversidade e incêndios florestais). Os
ecossistemas e as atividades humanas no Ártico serão também fortemente afetados devido
ao aumento, particularmente rápido das temperaturas do ar e do mar e á consequente fusão
do gelo terrestre e marinho.

Embora algumas regiões possam também sofrer impactes positivos, tais como a melhoria
das condições para a agricultura em partes do norte da Europa, a maior parte das regiões
e setores será afetada negativamente.

Assim, considerando os principais riscos físicos identificados para a zona costeira:

a) Inundações e galgamentos costeiros - Inundação da faixa terrestre adjacente à


linha de costa decorrente de tempestades marinhas. Corresponde às áreas de: •
Inundação pelas águas do mar durante temporais; - Atingidas pelo espraio das
ondas de tempestade; - Galgamento de elementos morfológicos naturais e
estruturas existentes na orla costeira. As inundações e galgamentos costeiros
afetam praias, dunas costeiras, arribas, barreiras detríticas (restingas, barreiras
soldadas e ilhas-barreira), tômbolos, sapais, faixa terrestre de protecção costeira,
águas de transição e respetivos leitos e faixas de protecção, bem como estruturas

62
e infraestruturas existentes na orla costeira que reforçam a suscetibilidade ao
avanço do mar.
b) Erosão costeira: destruição de praias e sistemas dunares – Diminuição do volume
de areia na praia e dunas adjacentes, com progressão para o interior e para sotamar
do movimento dominante de deriva de uma berma erosiva. Considera-se praia a
acumulação de sedimentos litorais não consolidados (geralmente areia ou
cascalho) relacionada com os processos da dinâmica marinha no litoral; enquanto
as dunas são sistemas que traduzem acumulações eólicas de areias marinhas,
sendo que as dunas costeiras constituem ecossistemas específicos pela
composição vegetal adaptada ao ambiente salino e à estabilização da mobilidade
das areias.
c) Cheias e inundações – As inundações são normalmente analisadas nos contextos
das bacias hidrográficas e das zonas ribeirinhas dos principais leitos fluviais. No
entanto, nas cidades costeiras, confluem os diversos fatores de risco, em condições
de sobredimensionamento, agravado pelas limitações de drenagem dos rios e pela
invasão dos plainos inferiores pelas águas do mar. As inundações são um
fenómeno hidrológico extremo, de frequência variável, natural ou induzido pela
ação humana, que consiste na submersão de terrenos usualmente emersos. As
inundações englobam as cheias (transbordo de um curso de água relativamente ao
seu leito ordinário, que podem ser rápidas ou lentas); a subida da toalha freática
acima da superfície topográfica; e as cheias devidas à sobrecarga dos sistemas de
drenagem artificiais dos aglomerados urbanos.

Nessa medida, é
desejável que,
quando possível,
sejam seguidas as
metodologias de
avaliação de risco
que contemplem a
estimativa das perdas
absolutas e os custos
da recuperação e da

63
reconstrução, de acordo com a expressão:

R=PxC

Em que:

R = Risco; P = Probabilidade de ocorrer um determinado evento perigoso; C =


Consequências ou danos que são o produto da vulnerabilidade pelo valor das perdas.

21.2. Impactes de maior magnitude nas zonas costeiras?

70% da população mundial vive a 60km da costa. são zonas com maior vulnerabilidade
e zonas onde se têm que investir mais dinheiro. USD 70 biliões a serem gastos em
adaptação nas zonas costeiras ate 2100 (OECD).

21.2.1. EFEITOS NA AQUACULTURA

Um dos principais setores que é mais impactado pela subida, não só do nível médio do
mar, mas principalmente com o aumento da temperatura, da acidificação, diminuição dos
padrões de precipitação ou alterações nos padrões de circulação oceânica. Pode haver
potenciações ou inibições em zonas costeiras muito localizadas, confinadas (estuários ou

64
rias), principalmente a ver com a atuação de tempestades. Essas perspetivas do clima
futuro vão reverter-se em impactos, em termos de espécies: espécies que são produzidas,
em termos de eficiência/custos: infraestruturas, segurança, em termos de perdas de stocks
e em termos de custos de adaptação.

21.2.2. PRODUTIVIDADE DOS OCEANOS

Relacionado com os aumentos de temperatura que temos vindo a discutir, com algumas
variabilidades nos padrões de circulação oceânica. Mudanças muito drásticas têm
implicações a nível de estratificação, de plâncton que são os principais drivers da
produtividade no oceano. Distribuição global dos impactos ambientais cumulativos índice
de impacto cumulativo de mudanças igualmente ponderadas em SST, CHL e correntes
oceânicas. O aumento da temperatura ou da entrada de água doce nas camadas superiores
do oceano resulta numa
maior estratificação de
densidade. As cores
representam um índice
adimensional de impacto
global (índice de Impacto
Cumulativo) variando de 0 a
1 (alteração máxima),
fornecendo uma medida de heterogeneidade espacial na magnitude das mudanças
ambientais e destacando as áreas marinhas que sofreram as maiores alterações nas suas
condições ambientais.

21.2.3. RISCO DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS

Risco emergente de transmissão de doenças. Vibrião (tipo de bactéria) em altas latitudes


em resposta ao aquecimento do Oceano (CEFAS). Sendo que este aumento tem haver
com os padrões de circulação oceânica e temperatura.

65
21.2.4. HAB – Harmful
Algae Blooms

Relacionado com a
circulação oceânica e com o
aumento de temperatura, pois
o aumento da temperatura
pode permitir aparecimentos
de blooms e também
fenómenos de upwelling.
Temperaturas mais quentes
impedem que a água se misture, permitindo que as algas cresçam mais espessas e mais
rápidas.

Proliferação de algas em lagos, estuários e rios costeiros: As algas verde-azuladas, que


causam blooms nocivos em lagos e estuários, são favorecidas tanto pelo aumento de
nutrientes quanto pela temperatura da água. Os Lagos com água mais quente terão
densidades mais altas de espécies de peixes que comem zooplâncton, os animais
microscópicos que normalmente se alimentam e controlam as algas. Um tipo específico
de zooplâncton (Daphnia), que é muito eficaz no controle de algas, é mais suscetível de
ser comido por peixes e também é altamente sensível ao aquecimento da água. A
eutrofização reduz a capacidade do zooplâncton de controlar as algas, porque leva ao
domínio das algas verde/azuladas, mais difíceis de se alimentar e digerir. Havendo
excesso de nutrientes e pouca renovação na circulação vai haver aumento de estratificação
a nível de nutrientes o que leva à saturação das camadas superficiais (não passa matéria
orgânica nem oxigénio às camadas mais profundas) o que aumenta a eutrofização. Como
resultado, as mudanças climáticas e a eutrofização juntas limitarão a capacidade do
zooplâncton de controlar as algas, reforçando o potencial de blooms prejudiciais para o
consumo de água e propagação de doenças.

HAB’s produzem biotoxinas potentes que se concentram nos tecidos de moluscos


bivalves e, quando consumidas por seres humanos, podem resultar em síndromes de
envenenamento.

66
21.2.5. CORAIS

O efeito mais conhecido do aquecimento


global nos recifes é o branqueamento de
corais, que é um colapso na relação
simbiótica entre o animal de coral e as algas
unicelulares que vivem nos tecidos dos
corais. Oceanos mais quentes fazem com
que as algas (zooxantelas) que vivem em
simbiose com os corais abandonem o seu
anfitrião (chegam ao tipping point com uma
determinada temperatura). As algas
fornecem nutrição e cor aos corais. Sem
elas, os corais branqueiam.

27% dos recifes em todo o mundo são


considerados efetivamente perdidos por meio de uma combinação de efeitos
antropogénicos e extensos episódios de branqueamento de corais.

O efeito mais direto do aumento das concentrações de CO2 nos recifes de coral envolve
mudanças na química dos carbonatos da superfície do oceano. Importância dos corais:
habitat de diversificadas espécies; barreira para atenuação de tempestades (utilização de
meios naturais para proteção e desenvolvimento de técnicas para dar resposta às
alterações climáticas).

Tabela 1 – Impacte nos corais devido ás Alterações Climáticas.

CO2 - Alterações Mecanismo Efeitos nos Corais


A dissolução de CO2 resulta numa Uma redução da disponibilidade de
Química da Água do Mar diminuição do pH, numa redução na ferro (CO32-) causando uma redução das
concentração de iões de carbonato taxas de calcificação nos corais e algas
(CO32-) dos recifes
Aumento da temperatura máxima anual
Temperatura da Água do Mar O aumento dos GEE leva a um aumento
à superfície do mar de 1-2ºC provoca o
da temperatura superficial da água
branqueamento do coral
Efeitos largamente desconhecidos;
O Aquecimento global leva a um degelo
alguns recifes podem beneficiar; outros
SNMM das calotes polares e glaciares, o que
podem sofrer se as cheias costeiras
leva a uma expansão térmica dos
causarem um aumento de nutrientes ou
oceanos, aumento o nível médio do mar
de sedimentos.
Alguns Modelos climáticos indicam que
Frequência de Tempestade e respetiva existe um aumento da frequência de Efeitos não conhecidos; algumas
tempestades e a sua intensidade, levando espécies podem beneficiar enquanto
Intensidade
a uma mudança nos padrões de outras podem sofrer com essa mudança
tempestades.

67
Um aumento da distribuição de
poeiras/sedimentos com conteúdo de Aumento da produção de fitoplâncton
Deposição de Sedimentos ferro, pode aumentar a proliferação de que por sua vez leva a uma
fitoplâncton e macroalgas e estratificação da coluna de água.
possivelmente de outras patogéneses.

Sobrelevação do plano de água acaba por afetar o mecanismo de crescimento dos corais
devido à diminuição da exposição solar e disponibilidade de nutrientes que determina que
as suas taxas de crescimento não sejam as mesmas que se conhecem numa situação de
pré subida do nível do mar. Os efeitos combinados do aumento da temperatura da
superfície do mar e da acidez do oceano provavelmente significam que os corais em
alguns lugares não crescem rápido o suficiente para manter suas posições na coluna de
água, em resposta ao nível do mar projetado. Alguns recifes de coral podem "afogar-se"
à medida que o nível do mar sobe, mas novas áreas também podem ser colonizadas, onde
as condições para o crescimento dos corais podem permanecer favoráveis→ identificação
de aspetos positivos! Cada vez mais têm aparecido trabalhos científicos para inferir qual
é precisamente a influencia do nível medio do mar. todos diziam que o seu acréscimo
acabava por não ser ao mesmo ritmo que o crescimento da própria comunidade e por isso
seriam prejudicados.

Como os corais, existem outros ecossistemas que são de elevada importância para o ser
humano e com a degradação dos mesmos é necessário recorrer a alternativas, alternativas
essas que sejam tanto benéficas para o homem como para a biodiversidade. Assim se
coloca as Nature Based Solutions - Soluções inspiradas e apoiadas pela natureza, que são
rentáveis, proporcionam simultaneamente benefícios ambientais, sociais e económicos e
ajudam a construir a resiliência. Tais soluções trazem mais, e mais diversificadas,
características e processos naturais às cidades, paisagens e paisagens marinhas, através
de intervenções locais adaptadas, eficientes em termos de recursos. Um exemplo disso é
o Blue Carbon - O carbono azul é o carbono armazenado nos ecossistemas costeiros e
marinhos. A Iniciativa do Carbono Azul centra-se atualmente no carbono nos
ecossistemas costeiros - mangues, sapais e ervas marinhas. Estes ecossistemas sequestram
e armazenam grandes quantidades de carbono azul, tanto nas plantas como nos
sedimentos abaixo. Por exemplo, mais de 95% do carbono nos prados de ervas marinhas
é armazenado nos solos. A exploração deste é importante porque, quando protegidos ou
restaurados, os ecossistemas de carbono azul sequestram e armazenam carbono. Quando
degradados ou destruídos, estes ecossistemas emitem o carbono que armazenaram
durante séculos na atmosfera e nos oceanos e tornam-se fontes de gases com efeito de

68
estufa. Especialistas estimam que cerca de 1,02 mil milhões de toneladas de dióxido de
carbono são libertadas anualmente de ecossistemas costeiros degradados, o que equivale
a 19% das emissões da desflorestação tropical a nível mundial. Os Mangais, pântanos e
ervas marinhas são críticos ao longo da costa mundial, apoiando a qualidade da água
costeira, a pesca saudável, e a protecção costeira contra inundações e tempestades. Por
exemplo, estima-se que os mangais valham pelo menos 1,6 mil milhões de dólares por
ano em serviços ecossistémicos que apoiam os meios de subsistência costeiros e as
populações humanas em todo o mundo.

21.2.6. BIODIVERSIDADE

Perspetivas de habitats que já estão em perigo e sob pressão. Permite perceber quais os
dois ecossistemas mais afetados (zonas pantanosas e as dunas) e as espécies mais afetadas
em resposta aos impactes das alterações climáticas (plantas, moluscos e repteis).
Tabela 2 - As principais ameaças diretas relacionadas com o clima aos principais ecossistemas marinhos até ao ano
2025, e algumas consequências.

ECOSSISTEMAS AMEAÇAS CONSEQUÊNCIAS


Subida do nível do mar; Progressão de terra ou perda de habitat;
Aumento da temperatura e do CO2 alteração da produtividade.
[atm]; Alteração das taxas de crescimento; alteração
Pântanos salgados/Mangais fotossintética; aumento das espécies
Aumento da Frequência de
Tempestades Danos físicos; canais de asfixia ou inundação;
alterações da salinidade
Progressão do nível do mar/modificação da
bacia;
Subida do nível do mar;
Flutuação da afluência de água doce traz
Aumento da Frequência de flutuações na entrada de nutrientes e
Estuários Tempestades; sedimentos;
Aumento de Temperaturas; Aumento do stress de dessecação na maré
Mitigação: Inundado por Barragens baixa;
Perda do Ecossistema.
Limites superiores e próximos da costa
afetados negativamente;
Aumento da frequência de Branqueamento; contração do intervalo de
Tempestades distribuição; sobrecrescimento por algas;
Recifes de Corais Aumento da Temperatura Reduzir a calcificação e o comprometimento
Aumento da acidez das águas da estrutura esquelética;
Afogamento de recifes; perda de habitat;
Aumento do SNMM
abandono humano de atóis de inundação pode
reduzir a pressão da pesca.
Aumento da frequência de Mudanças na estrutura da praia; perda de
Costas Arenosas habitats e competição entre espécies.
Tempestades
Mudança na produtividade; mudança de gama
de espécies
Aumento da frequência de
Perda de habitat; mudança do transporte de
Tempestades areia
Planícies de Ervas Marinhas Aumento da Temperatura Tensão metabólica; mudanças de alcance;
Aumento da acidez das águas Aumento da carga de nutrientes; diminuição da
Aumento do SNMM clareza da água; aumento do
escoamento/sedimentação
Distribuição das espécies de peixe nos canais;
Pelágicos Aumento da Temperatura calendário dos picos de produção; mudanças de
regime; redução da produção de peixe
Aumento do CO2 [atm] Aumento da produção primária
Aumento da acidez Calcificação tábua alterada
Ambientes Polares Limitação de nutrientes e aumento do controlo
Alteração da
circulação/upwelling/estratificação ascendente nas cadeias alimentares

69
Aumento da frequência de Aumento da disponibilidade e produção de
tempestades nutrientes
Expansão de zonas mortas anóxicas
Diminuição de O2
Perda de gelo marinho; aumento da produção
Aumento da Temperatura primária e respostas tróficas associadas;
impactos fisiológicos que conduzem a
mudanças/extinções na gama de espécies
Perda de Habitat; crescente migração vertical
Redução do gelo Condições de carbonato de detrimento para o
Aumento da acidez plâncton, e consequências da teia alimentar
Mar Profundo Aumento da temperatura e na Mudanças no fluxo de carbono da composição
disponibilidade de nutrientes da comunidade de impacto de superfície em
águas profundas
Diminuição nos níveis de O2
Expansão de zonas mortas anóxicas

Qual é o seu problema: competição e predação. Soluções: alteração dos seus padrões de
migração. Maior número de espécies invasoras→ centralizadas na europa, porquê?
Devido às influências de El Niño, entre outros e temperatura.

70
21.2.7. ECOSSISTEMAS E SERVIÇOS ECOSSISTÉMICOS

Produção→ alimento→ mar dá alimentos→ florestas dão lenha

Regulação→ estuários→ regulação do clima→ regulação de cheias (diques naturais)

Culturais→ como exploramos e metemos dentro de categorias Suporte→ formação de


solo, ciclos de nutrientes e produtividade primaria.

Ainda há conhecimento limitado sobre os efeitos combinados das mudanças climáticas e


outras pressões nos ecossistemas e sua capacidade de fornecer serviços. A importância
relativa das mudanças climáticas em comparação com outras pressões depende do setor
ambiental (terrestre, de água doce, marinha) e da região geográfica.

21.2.7.1. PRINCIPAIS PRESSÕES E IMPACTOS EM ÁREAS DE SAPAL

1. Mudança de habitat

2. mudanças climáticas, incluindo mudanças na média eventos climáticos e extremos,


bem como concentração de CO2 atmosférico;

3. dispersão de espécies exóticas invasoras;

71
4. exploração e gestão, incluindo uso da terra intensificação, agricultura insustentável,
consumo de recursos naturais e adaptação tecnológica;

5. poluição e enriquecimento de nutrientes, incluindo deposição atmosférica, uso de


fertilizantes e pesticidas, irrigação e acidificação do solo, massas de água doce e marés.

Principais serviços ecossistémicos associados a estas zonas (SAPAIS DE MARÉ):


regulação, alimento, suporte, culturais. Principais impactes se tivermos aumento
drástico de CO2: Alteração das propriedades de fotossíntese da própria planta. Em
termos da subida do nível médio do mar: recúo dos sapais ficando sujeitos a outras
condições (exposição, salinidade) → adaptam-se.

72
Os sapais marítimos localizados nas zonas costeiras abrigadas da agitação das ondas e
constituídos por vasas progressivamente colonizadas por vegetação halófita. Se a subida
do nível do mar for lenta, os sapais podem adaptar-se, por sedimentação mineral e
orgânica, migrando para terra sem perderem a sua extensão. É lógico que, na fase de
regressão, o recuo acentuado só será possível se não houver falésias ou proteções
humanas que a impossibilitem. A adaptação dos sapais estuarinos, de qualquer forma,
terá de contar com a afirmação recente de um enorme potencial de incremento de
tempestades, alta ondulação e inundações frequentes que podem causar redução drástica
da área intermareal e perda de habitat associado nos estuários desenvolvidos, além da
possível introdução de efeitos em cascata nos processos físicos e ecológicos.

No sapal, observa-se o zonamento da vegetação em função das características peculiares


de cada espécie e das condições edáficas que vão variando com a diminuição da cota dos
fundos do estuário, a redução do período de submersão e, logicamente, dos graus de
salinidade. É comum, por isso, distinguir três zonas ou faixas nos terrenos do sapal: 1. O
Sapal Baixo, a margem húmida ou limite inferior, onde as planícies e os bancos lodosos
são cortados por canais; 2. O Sapal Médio, uma zona com período reduzido de submersão,
normalmente declivosa, na qual a deposição é predominantemente lateral; 3. O Sapal
Alto, o limite superior ou margem seca, que ocupa os níveis da preia-mar de marés-mortas
até à maior preia-mar de marés-vivas. Além disso, em termos de sustentabilidade,
colocam-se outras perspetivas de risco: sendo o desenvolvimento dos ambientes das terras
húmidas costeiras controlado pela mudança do balanço entre o regime marel, o vento e a
ondulação, o abastecimento sedimentar, o nível relativo do mar e a vegetação adaptada,
o acréscimo do sapal pode ser “excedente” ou “vegetativo”, assim consiga ele ser,
respetivamente, superior ou inferior à subida do nível do mar. Mais uma vez, há forças
de equilíbrio que fazem com que a sedimentação orgânica seja aumentada ao máximo
com os “inputs” dos fluxos de maré, embora deva ter-se em atenção que as proporções de
acreção possam ser altamente variáveis sobre as superfícies vasosas e que a subida do
nível do mar também pode levar a mudanças nas margens das terras húmidas.
Efetivamente, os sapais superiores correm o risco de ver destruída a sua rica flora e eles
próprios desaparecerem debaixo da regressão das barreiras para montante, além do
incremento dos processos de eutrofização, com a inevitável redução dos recursos
aproveitáveis, concretizando-se a colmatação das áreas lodosas superiores porque estas
vão ficando progressivamente afastadas do principal sistema dos canais de maré.

73
21.2.8. SOCIEDADE

Os impactes das alterações climáticas estão relacionados com o bem-estar humano, como
doenças causadas pela diminuição da qualidade do ar, doenças transmitidas por insetos,
alimentos e água (Malária, Dengue), doenças causadas pela diminuição da qualidade de
água para consumo, mortes por aumento de temperatura (ou diminuição), mortes
causadas por doenças infeciosas, que irão desenvolver impactes sociodemográficos como
a migração, impactes psicológicos. Os ciclos de transmissão de doenças transmitidas por
vetores são sensíveis a fatores climáticos, mas os riscos de doenças também são afetados
por fatores como uso da terra, controlo de vetores, comportamento humano, movimentos
populacionais e capacidades de saúde pública.

21.2.9. ECONOMIA

Os danos patrimoniais, para as infraestruturas e para a saúde humana representam pesados


encargos para a sociedade e economia. Nem todas as regiões vão ser afetadas da mesma
forma (tem muito a ver com poder de compra, de adaptação, etc). Perdas na ordem dos
biliões e triliões.

Setor energia: O aumento da temperatura, a mudança dos padrões de precipitação e


possíveis aumentos na severidade e frequência das tempestades podem ter também um
impacte nos geradores de eletricidade renováveis e convencionais. Consumos de energia
dispares daqueles que estamos a ter. As infraestruturas de transporte de energia estão
expostas a riscos substanciais devido ao aumento da frequência e magnitude de eventos
extremos induzidos pelas mudanças climáticas. Setor turismo: As reduções
generalizadas na cobertura de neve projetadas ao longo deste século XXI irão afetar
negativamente a indústria de desportos de inverno em muitas regiões. Regiões próximas
ao limite de elevação baixo para desportos de inverno serão as mais sensíveis ao
aquecimento projetado. Impactes: turismo de neve; ecoturismo; turismo citadino;
afluência turística a praias e zonas costeiras.

PRINCIPAIS IMPACTES ANTRÓPICOS

De facto, há muitos e variados tipos de impactes antrópicos que alteram as relações entre
sistemas e dinâmicas naturais, alguns deles com efeitos prolongados e que se expressam
acentuadamente na zona costeira:

74
• Perda de habitats e áreas essenciais dos ambientes estuarinos e lagunares
costeiros, devido à recuperação de terras para a agricultura;
• Incremento da deposição e colmatação sedimentar pré-oceânica, devido a
desflorestações das bacias hidrográficas;
• Redução da capacidade de carga, devido ao controlo e regularização de caudais
fluviais e aos sistemas de barragens e comportas no conjunto das redes
hidrográficas;
• Destruição de habitats ribeirinhos, devido ao aperto de leitos e à construção de
estruturas e enrocamentos de protecção pesada contra a erosão;
• Artificialização do litoral pela construção de barreiras de protecção contra vagas
de tempestade;
• Poluição intensa da coluna de água devido a dragagens e terraplanagens que
permitem a navegação e a instalação de equipamentos portuários de apoio;
• Alterações físicas por motivos estéticos ou uso recreativo;
• Introdução de espécies exóticas, quer da flora quer da fauna, que se revelam
infestantes e dominadoras;
• Sobrexploração, contaminação e retraimento das águas subterrâneas;
• Promoção da intrusão salina nos aquíferos costeiros;
• Introdução de desperdícios, derrames, lixos e outros resíduos, nutrientes e
pesticidas que têm efeitos devastadores em todos os ambientes naturais, muito
especialmente nos meios aquáticos de transição que funcionam como receptores
terminais de poluentes;
• Alterações no traçado de canais, controlo de fluxos e constrições físicas nos
sectores distais que afetam os prismas mareais, as velocidades das correntes e a
localização das deposições;
• Invasão urbana, densificação de núcleos e equipamentos turísticos e degradação
da paisagem litoral, chegando a destruir o cordão dunar.

22. ADAPTAÇÕES ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

A mitigação→ redução da mudança climática - envolve a redução do fluxo de gases de


efeito estufa que aprisionam o calor na atmosfera, reduzindo as fontes desses gases (por
exemplo, a queima de combustíveis fósseis para eletricidade, calor ou transporte) ou
melhorando os “sumidouros” que acumulam e armazenam esses gases (como oceanos,

75
florestas, sapais e solo). Implica a medidas mais pró-ativas que tem a ver com poluentes
na atmosfera, todo o tipo de medidas que lidam com poluentes atmosféricos.

A adaptação→ adaptação à mudança climática - envolve a adaptação ao clima futuro,


real ou esperado. O objetivo é reduzir a vulnerabilidade aos efeitos nocivos das mudanças
climáticas. Também inclui aproveitar ao máximo todas as oportunidades potenciais
benéficas associadas às mudanças climáticas.

Def.. Adaptação significa antecipar os efeitos adversos das mudanças climáticas e tomar
as medidas apropriadas para evitar ou minimizar os danos que elas podem causar ou
aproveitar as oportunidades que possam surgir.

Exemplos: Usar os recursos hídricos de forma mais eficiente; adaptar os edifícios às


condições climáticas futuras e a eventos climáticos extremos; Construir defesas contra
enchentes; Desenvolvimento de culturas tolerantes à seca; Reservar corredores terrestres
para ajudar as espécies a migrar.

76
22.1. CICLO DE ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Tem em conta a parte de observação e aprendizagem, em termos de ações tendo depois o


planeamento e ação, contemplando também o ajuste das nossas ações para que melhor
consigamos minimizar os efeitos das alterações climáticas. Quando nos ajustamos
estamos a acompanhar a variabilidade do processo.

Porque devemos adaptarmo-nos às alterações climáticas? A mudança climática é


inevitável → caso contrário, os impactes negativos serão elevados (ex: subida do nível
do mar e eventos climáticos extremos) → a adaptação é essencial para limitar os impactes
negativos e aproveitar todas as oportunidades positivas.

Existem várias razões para começar imediatamente o processo de adaptação às alterações


climáticas:

- No curto prazo as alterações climáticas não podem ser evitadas. Algum aquecimento
global é inevitável devido aos gases de efeito de estufa já presentes na atmosfera. Os
efeitos desse aquecimento já se fazem sentir e este é um processo que irá continuar nos
próximos anos.

- Tomar decisões com base no clima histórico já não é apropriado. Muitos dos critérios
utilizados nos processos de decisão foram desenvolvidos com base na nossa experiência
com o clima atual e passado. Estes critérios influenciam decisões desde o
dimensionamento de estruturas de protecção costeira ou contra cheias até à seleção de
culturas agrícolas adequadas a cada região. Um clima diferente do atual pode tornar
muitos desses critérios desadequados.

- A adaptação planeada é mais eficaz do que a tomada de medidas reactivas em situação


de emergência. Muitos dos impactes previsíveis de um clima alterado resultarão de uma
provável maior frequência e intensidade de eventos meteorológicos extremos, como
ondas de calor, incêndios descontrolados, seca extrema, e cheias. Estes eventos são, pela
sua natureza, difíceis de prever. Não estar preparado - reduzindo exposição a riscos ou
aumentando a capacidade de resposta durante os eventos - poderá resultar em graves
perdas de bens materiais e naturais, em descontinuação temporária de serviços públicos
essenciais (água e eletricidade), ou até em perda de vidas.

77
- De forma crescente Governos, Seguradoras e Investidores vão exigir que os riscos
climáticos sejam considerados nos processos de decisão. Mesmo que hoje se considere
que a exposição de um determinado sector ou empresa a riscos climáticos não é

significativa, poderá vir a ser necessário responder de forma estruturada a questões de


entidades públicas ou financeiras. Em muitos sectores já é prática corrente implementar
programas de minimização de todos os riscos previsíveis. As alterações climáticas são
hoje um risco que deve ser incorporado nesses processos.

- A adaptação pode proporcionar benefícios locais imediatos. Estes benefícios decorrem


da implementação de medidas de adaptação que nos tornem mais aptos a viver e trabalhar
com a variabilidade climática e eventos extremos. Em sentido contrário, não adaptar pode
resultar em perda de oportunidades e receitas que surjam através de mudanças de
preferências dos consumidores e de mudanças nos mercados.

Integração da adaptação no ordenamento do Território

Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (em revisão), têm já em


linha de conta as alterações climáticas, nomeadamente a necessidade de monitorização e
adaptação aos riscos acrescidos para as populações, a biodiversidade e os ecossistemas.
Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve, em vigor não aborda a questão

78
da vulnerabilidade climática. Atualmente, a revisão do PROT Algarve ainda não se
iniciou. No entanto, terá de ocorrer até 2020 (esperado, mas ainda não aconteceu).

Plano de Ordenamento da Orla Costeira (em revisão), abrangem uma área de intervenção
de 500 metros (podendo ir até 1000 metros quando se justifique a necessidade de proteger
os sistemas biofísicos costeiros) e uma faixa marítima de 30 metros referenciada ao zero
hidrográfico.

As acções devem adaptar-se às condições particulares de cada sector costeiro, tal como
prevê o programa EUROSION, da Comissão Europeia, que contempla algumas opções
políticas possíveis para enfrentar a erosão costeira, incluindo o avanço para o mar, ou, no
oposto, nada fazer para contrariar as inundações, deixando ao critério de cada um o risco
de permanecer ou abandonar os bens imóveis.

A discussão de alternativas centra-se na compatibilização de medidas de protecção pesada


com a alimentação artificial de praias, ou a restauração de dunas, o que implica um
conhecimento profundo das dinâmicas oceanográficas e atmosféricas (eólicas) e das

79
espécies e associações vegetais mais apropriadas a cada caso. Isto apesar de se constatar
que a alimentação artificial de praias é muito dispendiosa e tem um carácter temporário
indiscutível. Face aos sintomas de subida do nível do mar e o incremento das vagas de
tempestade, surgem obras litorais para controlar os seus efeitos, mas, elas próprias, têm
provocado impactes importantes. Há, no entanto, alternativas eficazes às intervenções que
vêm sendo efetuadas, principalmente no que respeita às obras de tipo esporão e
enrocamentos frontais, como é o caso, por exemplo, dos quebra-mares submersos que
dominam a energia das grandes vagas mas deixam passar as pequenas ondas e evitam a
interrupção da transferência sedimentar no litoral.

Exemplo 1 medidas - alimentação artificial de praias. Esta é uma técnica de


proteção/defesa costeira e de regeneração de praias considerada ambientalmente
aceitável. Tempo de vida de uma alimentação artificial depende da quantidade de areia
colocada inicialmente (depende do dinheiro) e da variabilidade do fenómeno natural a
que estamos sujeitos.

O Sand Motor é uma 'mega alimentação’ efetuada na costa do Mar do Norte, Holanda)
→ projeto piloto inovador para testar o aumento da alimentação regular de areia ao longo
da costa holandesa.

Exemplo 2 medidas- proteção com estruturas fixas Molhos, quebra-mares;

Exemplo 3 medidas- recuperação do cordão dunar (nature-Based solutions);

Reconstrução dunar contribuindo para a proteção a riscos costeiros, e recuperação do


património natural na zona costeira na perspetiva de garantir a sua sustentabilidade
ecológica, ambiental e social.

Exemplo 4 medidas- recuperação de zonas de sapal (nature-based solutions). Construção


de sapais→ planeta e biodiversidade: para capturar carbono, por um lado estamos a
proteger a biodiversidade, mas por outro lado também estamos a captar dióxido de
carbono. No entanto, os sapais podem ser construídos como uma forma de amortização
de tempestades em zonas costeiras e aí já é para benefício do homem.

80
Plano Intermunicipal de adaptação às alterações climáticas da associação de
municípios do Algarve (PIAAC-AMAL)

Objetivos:

• Melhorar o nível de conhecimento sobre o sistema climático do Algarve, e as relações


diretas e indiretas que o clima e as suas alterações têm nos setores considerados

• Reduzir a vulnerabilidade do Algarve aos impactes das alterações climáticas

• Integrar a adaptação às alterações climáticas em políticas setoriais e nos instrumentos


de gestão do território

• Promover a adaptação com base na evidência demostrada por estudos científicos e boas
práticas

• Promover o envolvimento e potenciar sinergias entre as várias partes interessadas no


processo de adaptação às alterações climáticas

81
RECUO DA OCUPAÇÃO

MEDIDAS: Retirada e recolocação da ocupação para zonas sem risco; Renaturalização


de áreas desocupadas, após retirada da ocupação; Sensibilização da população sobre os
riscos costeiros; Alimentação artificial de praias e dunas e Monitorização da evolução da
linha de costa.

PROTEÇÃO

MEDIDAS: Proteção combinada: remodelação de esporões e execução de alimentação


artificial de praias; Proteção rígida com paredões; Proteção com alimentação artificial;
Proteção de dunas; Sustentação de arribas; Derrocadas controladas de arribas;
Delimitação de faixas de risco; Sistemas de alerta; Sensibilização da população sobre
riscos costeiros; Monitorização da evolução.

ACOMODAÇÃO

MEDIDAS: Delimitação de faixas de risco; Sistemas de alerta e evacuação de pessoas;


Sensibilização da população sobre riscos costeiros; Sobrelevação de edificações
(concessões); Monitorização da evolução da linha de costa.

→DIFERENÇA ENTRE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO

A mitigação→ redução da mudança climática - envolve a redução do fluxo de gases de


efeito estufa que aprisionam o calor na atmosfera, reduzindo as fontes desses gases (por
exemplo, a queima de combustíveis fósseis para eletricidade, calor ou transporte) ou
melhorando os “sumidouros” que acumulam e armazenam esses gases (como oceanos,
florestas e solo).

A adaptação→ adaptação à mudança climática - envolve a adaptação ao clima futuro,


real ou esperado. O objetivo é reduzir a vulnerabilidade aos efeitos nocivos das mudanças
climáticas. Também inclui aproveitar ao máximo todas as oportunidades potenciais
benéficas associadas às mudanças climáticas.

82
A mitigação e a prevenção de impactes deve começar a montante, na preservação
dos espaços naturais e acomodação de atividades ligadas ao mar, com relevo para os
seguintes objetivos: Manter em estado próximo do natural a maior parte das zonas
húmidas, estuarinas e lagunares; Impedir a ocupação com habitação nas áreas delimitadas
de protecção; Condicionar as captações de água subterrânea muito próximo do litoral, de
modo a evitar a intrusão salina; Condicionar a implantação de estações depuradoras,
incluindo de explorações agrícolas e pecuárias, em áreas de aquacultura, salicultura e
captação de espécies para consumo humano; Condicionar as instalações industriais em
áreas de drenagem para as águas de transição, sobretudo nos sectores com menor
escoamento e renovação mareal (caso das lagoas costeiras); Controlar as movimentações
de terras, nomeadamente de areias, devendo ser eliminadas as extrações em praias e em
dunas; Recolocar no trânsito litoral os sedimentos retirados pela dragagem de canais de
acesso aos portos, acompanhado por sistema de monitorização físico-química; Facilitar a
transposição de areias nas barras portuárias para sotamar das correntes de deriva
sedimentar, sobretudo quando se verifica saturação artificial a barlamar; Limitar a
construção de estradas marginais e a intensidade de tráfego, procurando que os acessos
se façam perpendicularmente à linha da costa; Localizar o estacionamento de apoio atrás
das zonas de praias e de dunas; Impedir a abertura de novas vias em terreno escarpado
próximo do mar, em arribas, em cordões dunares e em zonas lagunares; Abdicar do
reforço das defesas costeiras, quando não for essencial para a protecção das comunidades,
optando por desviar vias e transferir construções em zonas de risco.

83
ANEXO 1 – QUADRO COM AS DEFINIÇÕES DE ADAPTAÇÃO

Definições Adotadas no Documento com base no IPCC (2014)


Os efeitos do clima extremo e dos acontecimentos
climáticos e das alterações climáticas nos sistemas
naturais e humanos. Os impactes referem-se também às
consequências e aos resultados.
Impacte
Nota: Os impactes múltiplos que ocorrem ao mesmo
tempo ou em cascata são denotados aqui como múltiplos
impactos.
A ocorrência potencial de um evento físico ou tendência
ou tendências físicas naturais ou induzidas pelo homem
que podem causar impactos adversos nos sistemas
Perigo naturais e humanos.
Nota: Os perigos múltiplos que ocorrem ao mesmo
tempo ou em cascata são considerados como multi-
perigos.
Pessoas, meios de subsistência, espécies ou
ecossistemas, funções ambientais, serviços e recursos,
Exposição infraestruturas ou bens económicos, sociais ou culturais
e atividades conexas que possam ser negativamente
afetadas.
A propensão ou predisposição dos elementos expostos a
Vulnerabilidade serem afetados/sensibilidade ou suscetibilidade adversas
ao dano e falta de capacidade de adaptação.
A capacidade dos sistemas sociais, económicos e
ambientais para fazer face a um evento ou tendência
perigosos ou perturbação, resposta ou reorganização,
Resiliência
mantendo a sua função essencial, identidade e estrutura
e capacidade de adaptação, aprendizagem e
transformação.
O potencial para as consequências em que algo de valor
está em jogo e onde o resultado é incerto/probabilidade
de ocorrência de eventos ou tendências perigosas
Risco multiplicadas pelos impactos se estes eventos ou
tendências ocorrerem. O risco resulta da interação de
perigo, exposição e vulnerabilidade e este refere-se aos
riscos dos impactos das alterações climáticas.
O processo de ajustamento ao clima real ou esperado e
Adaptação
os seus efeitos.

84
ANEXO 2 – RESPOSTAS DESENVOLVIMENTO

A. Padrões espaciais das mudanças climáticas


1. Com base em observações e projeções, em que regiões da Terra os efeitos das
mudanças climáticas são mais fortes? Explicar.
Com base nas projeções e observações feitas compreende-se que, os países mais
vulneráveis no mundo às alterações climáticas, são os países em desenvolvimento. Se
tivermos em conta apenas os países de rendimento elevado, da OCDE, os países
considerados mais vulneráveis às alterações climáticas são Portugal, o Japão e a Grécia.
Este índice analisa a vulnerabilidade em termos de condições meteorológicas extremas,
aumento do nível do mar e perdas na produtividade agrícola, interligando os impactos
com a capacidade de lidar com esses efeitos (quer em termos de capacidade preventiva
quer nos instrumentos de resposta). No seio dos países em desenvolvimento, as
consequências mais nefastas são sentidas pelos Pequenos Estados Insulares em
Desenvolvimento (PEID) e pelos Países Menos Avançados (PMA), onde frequentemente
a vulnerabilidade das condições ambientais se junta a uma fragilidade na capacidade de
resposta, em termos sociais, tecnológicos e financeiros. Estes são também os países com
menores responsabilidades nas alterações climáticas, quer em termos históricos quer no
contexto atual.

B. Feedbacks
2. O que são ciclos ENSO? Como é que eles afetam o clima?
As componentes oceânicas do ENOS, El Niño e a La Niña, representam as variações
quasi-periódicas (de 2 a 7 anos) da temperatura das águas superficiais do Pacífico tropical
oriental. A componente atmosférica, Oscilação Sul, reflete as flutuações mensais ou
sazonais na diferença de pressão de ar no Pacífico ocidental. As duas variações estão
acopladas: a fase oceânica quente (El Niño) acompanha a alta pressão superficial do ar,
enquanto a fase fria (La Niña) acompanha a baixa pressão superficial do ar. Portanto, os
oceanos são os maiores reservatórios de calor na Terra. A troca de calor entre os oceanos
e a atmosfera impulsiona os ventos e a circulação atmosférica em todo o mundo. Os
ventos, por sua vez, geram as correntes oceânicas superficiais e a circulação termohalina.
Assim, a imensa quantidade de calor dos oceanos e a estreita relação com atmosfera
corrobora o efeito extremamente importante dos oceanos sobre o clima global.

85
3. Descreva os feedbacks mais importantes no ciclo do carbono e explique como eles
afetam a acumulação de CO2 na atmosfera e o aquecimento global.
A análise dos feedbacks físicos nos modelos e das observações continua a ser uma
estrutura potente que fornece restrições sobre o futuro aquecimento transitório para
diferentes cenários, sobre a sensibilidade climática e juntamente com estimativas dos
feedbacks do ciclo do carbono (ver EFT.5), determina as emissões de GEE que são
compatíveis com a estabilização do clima ou com alvos. Os feedbacks também irão
desempenhar um papel importante na determinação de futuras alterações climáticas. Na
verdade, as alterações climáticas podem induzir modificações nos ciclos da água, do
carbono e noutros ciclos biogeoquímicos que podem reforçar (feedback positivos) ou
enfraquecer (feedback negativo) o aumento da temperatura esperado. Sabe-se que os
feedbacks do albedo da neve e do gelo são positivos. É extremamente provável que o
feedback combinado do vapor de água e do gradiente seja positivo e, agora,
razoavelmente bem quantificado, enquanto os feedbacks de nuvens continuam a
apresentar grandes incertezas. Em particular, os feedbacks do ciclo do carbono nos
oceanos são positivos nos modelos. O ciclo de carbono consiste na transferência do
dióxido de carbono (CO2), via combustão, respiração ou reações químicas para a
atmosfera ou para o mar e a sua reintegração na matéria orgânica, via assimilação
fotossintética. O ciclo global do carbono tem sido alterado pelas emissões antropogénicas
de CO2 resultantes de alterações de uso do solo, nomeadamente desflorestação, e da
queima de combustíveis fósseis, que só são parcialmente compensadas pela absorção
pelos oceanos e pela vegetação terrestre, levando à acumulação de CO2 na atmosfera.
Esta acumulação de gases com efeito de estufa (GEE) na atmosfera está na origem de
uma alteração do balanço radiativo terrestre. A consequência é um aumento das
temperaturas médias à superfície. Note-se que sem a protecção oferecida pelos GEE, a
temperatura média da atmosfera seria próxima dos -18ºC em lugar dos atuais 15ºC.
Feedback positivo– uma resposta do sistema que o mantém se movimentando no mesmo
sentido, amplificando a perturbação inicial ou forçando o sistema. Exemplo: quando a
neve derrete, o solo mais escuro abaixo absorve mais da energia do sol, provocando mais
derretimento da neve.
Feedback negativo – uma resposta do sistema que equilibra ou reverte uma perturbação
inicial no sistema. Exemplo: o termostato da sua casa aciona o aquecedor quando está
muito frio. Quando a casa esquenta, o termostato desliga o aquecedor, mantendo
uma temperatura constante.

86
A resposta do ciclo do carbono ao clima futuro e às alterações no CO2 pode ser vista
como dois feedbacks fortes e opostos. O feedback concentração-carbono determina as
alterações no armazenamento devido ao elevado CO2 e o feedback clima-carbono
determina as alterações no armazenamento do carbono devido às alterações no clima. Há
uma confiança alta de que o aumento do CO2atmosférico irá originar um aumento na
absorção de carbono pela terra e pelo oceano, mas numa quantidade incerta. Os modelos
concordam com o sinal positivo da resposta da terra e do oceano ao CO2 crescente, mas
apresentam apenas uma concordância média e baixa para a magnitude da absorção de
carbono pelo oceano e pela terra, respetivamente (EFT.7, Figura 2). As futuras alterações
climáticas vão diminuir a absorção de carbono pela terra e pelo oceano em comparação
com o caso de clima constante (confiança média). Isto é apoiado por observações e
modelação paleoclimáticos que indicam que há um feedback positivo entre o clima e o
ciclo do carbono em escalas centenárias a milenares. Os modelos concordam com o sinal,
globalmente negativo, da resposta da terra e do oceano às alterações climáticas, mas
mostram uma concordância baixa sobre a magnitude desta resposta, especialmente para
a terra.
C. Subida do nível médio do mar
4. Qual é a estimativa de taxa de subida do nível médio do mar para o final deste
século (pode basear-se nas projeções do IPCC)? Identifique e explique os
mecanismos relacionados com essa subida. Espera-se um crescimento dos oceanos
entre 20 e 30 cm até 2050 e de 43 a 50 cm até 2100, desde que diminuam as emissões de
CO2 e o termômetro terrestre fique abaixo de 2 ºC com relação à temperatura do final do
século XIX, tal como pretendem os Acordos de Paris. Porém, se as tentativas de conter o
aquecimento global fracassarem e vier a acontecer o temido degelo em massa da
Antártida, as previsões para 2100 situam a subida do nível do mar entre 84 cm e mais de
2 metros no pior das hipóteses. A SNMM está associada ao derretimento das calotes
polares, ao aquecimento dos oceanos e à elevada fonte de emissão de GEE. Devido à
expansão térmica resultante do aumento da temperatura do ar e das águas oceânicas e à
fusão de gelos dos glaciares de montanha e das regiões polares. A subida do nível do mar
irá afetar particularmente as regiões costeiras, onde se concentram, frequentemente,
importantes atividades económicas. As consequências principais desta subida são a perda
de território, decorrente de erosão ou inundação de zonas costeiras, a submersão ou
afetação de infraestruturas e a intrusão salina, afetando a qualidade das águas
subterrâneas, a agricultura e os ecossistemas costeiros e estuarinos.

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D. Impactes biofísicos vs. socioeconómicos
5. Quais são os impactes biofísicos das alterações climáticas? Como é que esses
impactes biofísicos afetam o sistema socioeconômico nas zonas costeiras? O turismo
é uma atividade de natureza profundamente transversal que é influenciada por uma grande
diversidade de fatores específicos de diversos sectores socioecónomicos e sistemas
biofísicos vulneráveis às alterações climáticas. Refira-se, a título de exemplo, o impacto
que poderá ter sobre o turismo uma potencial intensificação de doenças infeciosas
transmitidas por vetores e provocadas pelas alterações climáticas. Outro exemplo é o
impacto sobre o turismo de uma potencial degradação ambiental e descaracterização da
paisagem provocada pela mudança climática.

E. Mitigação vs. adaptação


6. Defina os termos “mitigação” e “adaptação” como estratégias de resposta às
alterações climáticas; dê um exemplo de cada um, qual a melhor estratégia?
A adaptação consiste em lidar com os impactos dos eventos extremos inevitáveis, bem
como os seus custos ambientais, económicos e sociais. Enquanto a definição de mitigação
consiste em combater as causas e minimizar os possíveis impactos das mudanças
climáticas.

7. O que é um “refugiado climático”? De que maneira os refugiados climáticos são


considerados pelas Nações Unidas diferentes ou similares a outros refugiados? Quais
são as regiões com maior probabilidade de produzir refugiados climáticos e porquê?
Os refugiados climáticos podem ser considerados, como pessoas que têm que deixar o
seu habitat natural, imediatamente ou num futuro próximo, devido a alterações bruscas
ou graduais no seu ambiente natural e relacionados com pelo menos um dos três impactos
das mudanças climáticas (aumento no nível das águas do mar, eventos climáticos
extremos, e a seca/escassez de água. Uma das consequências mais óbvias (e tantas vezes
referida) deste aumento de temperatura será, portanto, a subida de nível das águas do mar
(provocada pelo derretimento de grandes porções de gelo na Antártida) e,
consequentemente, a ocorrência de cheias, inundações e mesmo total desaparecimento de
alguns locais do planeta. A juntar-se a este cenário, já de si negativo, importa referir que
eventuais desastres ambientais do futuro (direta ou indiretamente relacionados com o
aquecimento global) podem incluir secas, a desertificação e desflorestação de diversas

88
zonas, entre outros (Allison et. al., 2009). Ainda que evitando alarmismos desnecessários,
não deixa de ser legítimo ver nos impactos de futuras alterações climáticas um dos
maiores desafios que a humanidade irá enfrentar nos próximos tempos. Contudo, não se
deve pensar que estas alterações terão o mesmo tipo de consequências para todas as
comunidades do planeta. Num contexto como o atual, serão, naturalmente, os países
menos desenvolvidos os que mais sofrerão o impacto das alterações climáticas, o que em
parte se deve à fragilidade das suas infraestruturas e ao fracasso das instituições políticas
(muitas vezes inexistentes) em tentar auxiliar as populações afetadas (IPCC, 2014).
A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio de seus organismos e agências
especializadas, admite que os "refugiados ambientais" fazem parte de uma categoria em
franca expansão e que necessitam de assistência. Os discursos ora apresentados mostram,
portanto, a resistência liderada pelo ACNUR, em não assumir o encargo da proteção dos
“refugiados ambientais”. Nessa linha, verifica-se também a tentativa de dissociar as
dimensões ambientais das discussões futuras sobre refugiados, por meio da mudança do
foco de atuação de agências e programas da ONU, reforçando-se o discurso da limitação
dos respectivos mandatos. Além disso, a clara indisposição política de parte dos membros
da comunidade internacional – em geral dos países de destino dos solicitantes de refúgio
– também reforça o cenário desfavorável ao reconhecimento dos “refugiados ambientais”
a partir da mudança do Direito Internacional dos Refugiados.

89
ANEXO 3 - TABELA DE CORRELAÇÃO CRONOESTRATIGRÁFICA
GLOBAL PARA OS ÚLTIMOS 2,7 MILHÕES DE ANOS, V. 2019

90
ANEXO 4 – RESPOSTAS DO QUIS
1. Nenhum lugar na Terra está mais frio hoje do que há 100 anos atrás.
A. Verdadeiro
B. Falso

2. Qual dos seguintes gases não retém o calor?


A. Dióxido de carbono
B. Azoto
C. Vapor de água
D. Metano

3. À medida que a temperatura média global aumenta,


A. A precipitação média aumenta
B. A precipitação média diminui
C. A precipitação média permanece inalterada

4. Onde ocorreram alguns dos impactes mais intensos do aquecimento global?


A. Nos trópicos
B. Nas latitudes a Norte
C. Os impactes do aquecimento global são distribuídos igualmente por todo o planeta.

5. Comparado a outros gases de efeito estufa, o dióxido de carbono é o mais eficaz para
reter o calor próximo da superfície da Terra.
A. Verdadeiro
B. Falso

6. Alguns tipos de poluição na atmosfera podem levar à diminuição da temperatura do


planeta, através da redução da quantidade de radiação solar que atinge a superfície da
Terra.
A. Verdadeiro
B. Falso

7. A Terra já esteve mais quente no passado do que é hoje.


A. Verdadeiro
B. Falso

8. Se se removesse o efeito estufa natural da atmosfera e tudo o resto permanecesse o


mesmo, a temperatura da Terra seria:
A. 6 a 11 ° C mais quente
B. 17 a 22 ° C mais quente
C. 6 a 11 ° C mais fria
D. 28 a 33 ° C mais fria

9. Como é que os cientistas colhem evidências sobre o clima?


A. Usando imagens de satélite
B. Efetuando medições da temperatura da superfície da terra, concentração de dióxido de
carbono e nível médio do mar
C. Interpretando registos de anéis de árvores (proxies), cores gelo, cores de sedimento, e
registos históricos

91
D. Todas as opções de resposta são corretas

10. O nível médio do mar permaneceu bastante constante ao longo da história da Terra.
A. Verdadeiro
B. Falso

11. O desgelo dos glaciares pode aumentar o nível médio do mar em vários metros.
A. Verdadeiro
B. Falso

12. Além do desgelo das camadas de gelo terrestres, quais desses fatores contribuíram
para a elevação do nível médio do mar nos últimos 100 anos?
A. Aquecimento das águas superficiais dos oceanos
B. Derretimento do gelo do mar
C. Aumento do escoamento dos rios

13. El Niño é o resultado do aquecimento global.


A. Verdadeiro
B. Falso

14. O nível médio do mar nunca foi tão alto quanto é hoje.
A. Verdadeiro
B. Falso

15. O que causa a acidificação dos oceanos?


A. Chuva ácida
B. Níveis crescentes de oxigênio na atmosfera
C. Níveis crescentes de dióxido de carbono na atmosfera
D. Despejo de produtos químicos tóxicos no oceano

16. Os recifes de coral saudáveis contribuem para as economias locais, por exemplo
através do turismo subaquático; algumas propriedades
A. Protegem as margens adjacentes da ação das ondas
B. Auxiliam na fixação de carbono e azoto
C. Ajudam na remoção de nutrientes
D. Todas as opções de resposta são corretas

17. De que forma a saúde humana pode ser afetada pelas mudanças climáticas?
A. Aumento de doenças respiratórias e cardiovasculares
B. Aumento de doenças transmitidas por alimentos e pela água
C. Pode causar ou piorar algumas doenças mentais
D. Todas as opções de resposta são corretas

18. Quem são os mais vulneráveis às alterações climáticas?


A. Crianças
B. Comunidades carenciadas
C. Idosos
D. Todas as opções de resposta são corretas

92
19. Quais são os possíveis efeitos das alterações climáticas nas espécies vegetais e
animais?
A. Alteração na composição de espécies dos biomas
B. Mudança de habitats
C. Perigo e extinção de espécies
D. Todas as opções de resposta são corretas

20. Águas superficiais mais quentes nos lagos e nos oceanos podem:
A. Estimular a proliferação de algas tóxicas
B. Tornar os peixes letárgicos
C. Impedir o crescimento das plantas
D. Manter mais oxigênio dissolvido na água

21. Qual das seguintes formas de gestão é mais eficaz para manter a diversidade
ecológica, aquando o combate às alterações climáticas?
A. Proteger individualmente espécies em todo o mundo
B. Proteger ecossistemas altamente diversificados
C. Proteger áreas economicamente benéficas para as pessoas
D. Proteger ecossistemas de baixa diversidade

22. Qual das alternativas a seguir mais contribuiu para a subida do nível médio do mar?
A. Derretimento do gelo marinho do Ártico
B: Derretimento do gelo terrestre na Groenlândia e Antártica
C. Derretimento dos glaciares nos Himalaias
D. Derretimento dos glaciares no Alasca

23. Nos últimos 30 anos, o gelo marinho que cobre o Oceano Ártico no final do verão:
A. Cobre mais área do que há 30 anos
B. Recuou, mas recuperou para onde estava há 30 anos
C. Desapareceu completamente no verão
D. Cobre menos área do que há 30 anos

24. O Albedo é uma medida da refletividade da superfície. O albedo polar é importante


porque:
A. Reflete gases de efeito estufa, e baixa a temperatura do planeta
B. Absorve a radiação solar, que derrete a neve
C. Reflete a radiação solar de volta para o espaço, resfriando e baixa a temperatura do
planeta
D. Absorve gases de efeito estufa, retirando-os da circulação

25. Porque é que a corrente Circumpolar Antártica é importante para a regulação do


clima?
A. Redistribui a temperatura e a salinidade nos oceanos
B. Permite trocas gasosas de dióxido de carbono com a atmosfera
C. Permite as baixas temperaturas na Antártica
D. Todas as opções de resposta são corretas

93
ANEXO 5 – QUIZ

QUIZ: SUBIDA DO NÍVEL DO MAR


1. O nível médio do mar permaneceu constante ao longo da história da Terra.
A. Verdadeiro
B. Falso

R: Falso

Ao longo de longos períodos geológicos, alterações na forma das bacias oceânicas e na


distribuição terra/mar afetam o nível do mar. Durante os últimos ciclos da era glaciar de
alguns milhões de anos, o nível do mar variou em mais de cem metros.

2. O derretimento do gelo marinho pode aumentar nível médio do mar em


vários metros.
A. Verdadeiro
B. Falso

R: Falso

O derretimento do gelo marinho não pode elevar o nível global do mar, uma vez que o
gelo já está a flutuar. (Pense num cubo de gelo a derreter num copo cheio de água.) No
entanto, o gelo do mar Ártico está a desbastar e a média de Verão a longo prazo diminuiu
34 por cento desde 1979. O gelo dos glaciares e das placas de gelo, que se formam em
terra, acrescenta água ao oceano terrestre quando derrete e contribui para a subida do
nível do mar.

3. Além do degelo das camadas de gelo terrestres, qual destes fatores mais
contribui para a subida do nível do mar nos últimos 100 anos?
A. Aquecimento das águas superficiais dos oceanos
B. Derretimento do gelo do mar
C. Aumento do escoamento dos rios

R: Aquecimento das águas superficiais dos oceanos.

À medida que o oceano aquece, expande-se e o nível do mar sobe, representando cerca
de um terço da subida do nível do mar de aproximadamente 20 centímetros observada no
século passado. A água libertada pelo derretimento das camadas de gelo terrestres
contribui para os outros dois terços da subida do nível do mar.

94
4. Que percentagem de calor proveniente do aquecimento global foi absorvida
pelo oceano nos últimos 40 anos?
A. 11%
B. 35%
C. 93%

R: 93%

A água resiste às mudanças de temperatura; é lenta a aquecer e lenta a arrefecer. Em


termos científicos, a água tem uma elevada capacidade térmica. Isto significa que, até
agora, o oceano da Terra tem sido capaz de absorver e reter a maior parte do calor da
atmosfera terrestre.

5. O El Niño é o resultado do aquecimento global.


A. Verdadeiro
B. Falso

R: Falso

El Niño é um fenómeno natural do sistema terrestre e não está diretamente associado a,


ou causado pelo aquecimento global. El Niño, marcado por episódios de água quente no
Pacífico Oriental, está associado a mudanças regionais e globais nos padrões de
precipitação e circulação oceânica e tem vindo a ocorrer há centenas de anos ou mais. No
entanto, as alterações climáticas podem estar a influenciar a sua frequência e intensidade.
As observações mostram que El Niño, La Niña e El Niño-Oscilação do Sul (ENSO) -
anos neutros - todos apresentam uma tendência de aquecimento a longo prazo até ao
presente.

6. A gama de temperaturas normal para a água da superfície do oceano é:


A. -2ºC a 40ºC
B. -2ºC a 35ºC
C. -5ºC a 50ºC
D. 4.5ºC a 18ºC

R: -2ºC a 35ºC

A água muito fria e muito salgada afunda-se em águas profundas nas regiões polares da
Terra, enquanto que a água quente tende a permanecer à superfície em águas tropicais. A

95
água doce congela a 0°C, mas a água do mar congela a temperaturas mais frias porque
contém sal.

7. O nível médio do mar nunca foi tão alto como é hoje.


A. Verdadeiro
B. Falso

R: Falso

Comparado com o atual, o nível do mar era três a seis metros mais alto durante o último
período interglacial (o intervalo quente entre as idades do gelo) há cerca de 125.000 anos.

8. Que percentagem da população mundial vive num raio de 100 quilómetros


da linha de costa?
A. 39%
B. 60%
C. 70%

R: 39%

Segundo o World Resources Institute, em 1995, 2,2 mil milhões de pessoas, ou 39 por
cento da população mundial, viviam em ou num raio de 100 quilómetros de uma orla
marítima. Estudos recentes revelam que até 600 milhões de pessoas vivem em Zonas
Costeiras de Baixa Elevação e 200 milhões de pessoas vivem dentro de planícies de
inundação costeiras.

9. Durante a última era do gelo (há cerca de 18.000 anos), quando as camadas
de gelo estavam na sua máxima extensão, o nível do mar estava:
A. Cerca de 120 metros mais baixo do que atualmente
B. Cerca de 120 metros mais alto do que atualmente
C. Mais ou menos o mesmo nível que hoje

R: Cerca de 120 metros mais baixo do que atualmente.

Durante a última era glacial, uma porção significativa da água da Terra foi congelada em
grandes camadas de gelo que se estendiam para longe dos pólos Norte e Sul, tal como
hoje, mas cobriam uma área muito maior. Na realidade, grande parte da América do Norte

96
estava coberta por gelo nessa altura. Porque tanta água estava fechada dentro dos
glaciares, o nível do mar estava mais baixo.

QUIZ: AQUECIMENTO GLOBAL


10. A subida do nível médio do mar contribui para inundações mais frequentes
em quais destas zonas costeiras?
A. Veneza, Itália
B. Tuvalu
C. Bangladeche
D. Todas as anteriores

R: Todas as anteriores.

Tuvalu, uma pequena nação insular no Oceano Pacífico, está apenas 4,5 metros acima do
nível do mar no seu ponto mais alto. A subida do nível do mar e as marés altas podem
submergir totalmente. O Bangladesh é afetado por inundações monsoonais anuais, para
além da subida do nível do mar. Veneza torna-se inundada porque a terra está a afundar-
se gradualmente cerca de 10 centímetros por ano, um efeito exacerbado pela subida do
nível do mar.

11. Nenhum lugar na Terra está mais frio hoje do que há 100 anos.
A. Verdadeiro
B. Falso

R: Falso

Embora a maioria dos locais do planeta tenha registado um aumento das temperaturas
desde 1900, as mudanças nos padrões globais de circulação oceânica e atmosférica
criaram diminuições de temperatura em pequena escala em algumas regiões locais.

12. Qual dos seguintes gases não retém o calor?


A. Dióxido de Carbono (CO2)
B. Azoto (N)
C. Vapor de água
D. Metano (CH4)

R: Azoto

97
Os gases com efeito de estufa que absorvem e emitem radiação dentro da gama do
infravermelho térmico. O vapor de água, dióxido de carbono e metano são os gases com
efeito de estufa mais abundantes da Terra. O azoto, que constitui 80% da atmosfera da
Terra, não é um gás com efeito de estufa. Isto porque as suas moléculas, que contêm dois
átomos do mesmo elemento (nitrogénio), não são afetadas pela luz infravermelha.

13. À medida que a temperatura média global aumenta,


A. A precipitação média aumenta
B. A precipitação média diminui
C. A precipitação média permanece inalterada

R: A precipitação média aumenta

Temperaturas mais elevadas dão origem a um ciclo da água mais ativo, o que significa
evaporação e precipitação mais rápidas e maiores e eventos meteorológicos mais
extremos.

14. Onde ocorrem alguns dos impactes mais intensos do aquecimento global?
A. Nos trópicos
B. Nas latitudes a Norte
C. Os impactes do aquecimento global são distribuídos igualmente por todo o planeta

R: Nas latitudes a Norte.

Algumas das regiões de maior aquecimento do planeta incluem o Alasca, a Gronelândia


e a Sibéria. Estes ambientes árticos são altamente sensíveis mesmo a pequenos aumentos
de temperatura, que podem derreter o gelo marinho, as camadas de gelo e o permafrost,
e levar a mudanças na refletância da Terra ("albedo").

15. Comparado a outros gases de efeito estufa, o dióxido de carbono é o mais


eficaz para reter o calor próximo da superfície da Terra.
A. Verdadeiro
B. Falso

R: Falso

98
O vapor de água tem na realidade mais poder de retenção de calor do que o dióxido de
carbono. É também mais abundante. Mas o dióxido de carbono e o vapor de água
interagem de formas cruciais: Mais dióxido de carbono significa que a atmosfera fica
mais quente, o que depois cria mais vapor de água, o que aprisiona o calor e aquece ainda
mais a atmosfera.

16. Alguns tipos de poluição na atmosfera podem levar à diminuição da


temperatura do planeta, através da redução da quantidade de radiação solar
que atinge a superfície da Terra.
A. Verdadeiro
B. Falso

R: Verdadeiro

A poluição do ar pode tomar a forma de partículas finas chamadas "aerossóis", que


absorvem e espalham a radiação solar. Tanto os aerossóis naturais como os artificiais, tais
como pó, sal marinho, fuligem e sulfatos, afetam o clima ao refletirem a radiação que é
transmitida através da atmosfera.

17. A Terra já esteve mais quente no passado do que é hoje.


A. Verdadeiro
B. Falso

R: Verdadeiro

As temperaturas globais durante alguns dos últimos períodos interglaciais ultrapassaram


as temperaturas médias que observamos hoje, embora fosse necessário recuar mais de três
milhões de anos para encontrar um período que fosse claramente mais quente do que hoje.
As temperaturas na década mais recente ultrapassaram agora o calor do anterior período
interglacial Eemian.

18. Se se removesse o efeito estufa natural da atmosfera e tudo o resto


permanecesse o mesmo, a temperatura da Terra seria:
A. 6 a 11ºC mais quente
B. 17 a 22ºC mais quente

99
C. 6 a 11ºC mais fria
D. 28 a 33ºC mais fria

R: 28 a 33ºC mais fria

O efeito de estufa é um processo físico natural que aquece a superfície terrestre com a
energia da atmosfera. Sem o efeito, a temperatura média da superfície da Terra estaria
bem abaixo do congelamento.

19. Como é que os cientistas colhem evidências sobre o clima?


A. Usando imagens de satélite
B. Efetuando medições da temperatura da superfície da terra, concentração de dióxido
de carbono e nível médio do mar
C. Interpretando registos de anéis de árvores (proxies), cores gelo, cores de sedimento,
e registos históricos
D. Todas as opções de resposta são corretas

R: Todas as opções de resposta são corretas.

Durante as últimas décadas, os cientistas têm tido o benefício de dados de satélite globais.
Temos medições terrestres precisas que remontam a pouco mais de um século. Os
métodos "Proxy", como a análise do anel de árvores e do núcleo de gelo, são utilizados
para reconstruir os registos climáticos antes do surgimento dos instrumentos modernos.

QUIZ: O CARBONO E O CLIMA


20. Os incêndios libertam o carbono armazenado nas plantas, pelo que a medição
da extensão e gravidade dos incêndios florestais em todo o mundo é um
ingrediente importante na compreensão do ciclo do carbono.
A. Verdadeiro
B. Falso

R: Verdadeiro

Utilizando satélites da NASA como o Landsat, as pessoas podem estudar a gravidade,


tamanho e localização dos incêndios florestais a partir do espaço, e podemos estimar
quanto carbono é libertado para a atmosfera à medida que os incêndios ardem.

21. As plantas utilizam dióxido de carbono e água para fazer os seus próprios
alimentos através do processo de fotossíntese. Quando fazem muitas

100
fotossínteses, as plantas refletem fortemente a luz em qual dos seguintes
comprimentos de onda?
A. Visível
B. Ultravioleta
C. Quase infravermelho
D. Todas estão corretas

R: Quase infravermelho

Plantas como árvores, gramíneas e culturas que são fotossintetizadas refletem-se


fortemente na luz infravermelha (luz com comprimentos de onda mais longos do que os
da luz visível). Não podemos ver luz infravermelha, mas instrumentos em satélites como
o satélite Landsat podem. Medindo com precisão a quantidade de luz infravermelha
refletida pelas plantas, podemos ter um controlo sobre a saúde dessa vegetação.

22. Que papel desempenham os oceanos no ciclo do carbono?


A. São umas das principais fontes de dióxido de carbono
B. Trata-se de um absorvedor de dióxido de carbono
C. Tanto A como B
D. Nem A nem B

R: A superfície dos oceanos liberta dióxido de carbono para o ar e absorve-o ou armazena-


o. Um terço de todo o dióxido de carbono emitido pela humanidade foi absorvido pelos
oceanos do mundo. Isto está a torná-los mais ácidos do que têm sido durante dezenas de
milhões de anos. A água do mar mais ácida tem efeitos negativos nos recifes de coral,
retardando o seu crescimento e branqueando-os. Um oceano mais ácido está a afetar o
plâncton (que fornece metade do oxigénio que respiramos) e muitos organismos
marinhos. Devido ao aquecimento global, a capacidade de fornecer oxigénio e suportar
as cadeias alimentares do oceano diminuiu 6 por cento nos últimos 30 anos. Além disso,
à medida que os oceanos aquecem (como resultado do aquecimento global), são menos
capazes de armazenar carbono; por conseguinte, emitem mais dióxido de carbono de volta
para a atmosfera, onde provoca um maior aquecimento.

23. O dióxido de carbono é uma molécula composta por um átomo de carbono e


dois átomos de oxigénio (CO2). Que átomo, carbono ou oxigénio, tem a maior
massa atómica?
A. Carbono
B. Oxigénio

101
C. Os seus pesos atómicos são os mesmos

R: Oxigénio

O oxigénio tem uma massa atómica de 16 enquanto que o carbono tem uma massa
atómica de 12. A massa atómica de um elemento é a massa média dos protões, neutrões
e eletrões num átomo desse elemento quando este se encontra em repouso.

24. Porque é que os níveis de dióxido de carbono na atmosfera caem durante o


Verão no Hemisfério Norte?
A. Mais pessoas vivem em altas latitudes no Hemisfério Norte e queimam menos
combustível fóssil e lenha para aquecimento no Verão.
B. O Hemisfério Norte é coberto por uma quantidade significativa de vegetação. Durante
o Verão, esta vegetação absorve mais dióxido de carbono, e durante o Inverno, quando
se decompõe, liberta mais dióxido de carbono.
C. As pessoas no Hemisfério Norte conduzem mais no Verão, libertando assim mais
dióxido de carbono na atmosfera.

R: B

Em contraste com o Hemisfério Norte, o Hemisfério Sul é coberto por mais oceano do
que vegetação.

25. As pessoas têm-se preocupado com o aumento do dióxido de carbono na


nossa atmosfera, o resultado da atividade humana, desde que período de
tempo?
A. Século 18
B. Século 19
C. Século 20
D. Século 21

R: Século 19

A ideia do aquecimento global remonta aos vitorianos. Em 1896, Svante Arrhenius


publicou um artigo que foi o primeiro a medir como o dióxido de carbono contribui para
o efeito de estufa. O dióxido de carbono aquece a Terra ao apanhar calor perto da
superfície, um pouco como se estivesse a envolver o planeta num cobertor extra.
Arrhenius foi também o primeiro a especular se as alterações na quantidade de dióxido
de carbono na atmosfera contribuíram para variações a longo prazo no clima da Terra.

102
Mais tarde, estabeleceu a ligação entre a queima de combustíveis fósseis e o aquecimento
global, uma ligação a que estamos claramente a assistir hoje.

26. O dióxido de carbono não é o único composto que contém carbono na


atmosfera que os investigadores estão a estudar. Para que mais estão os
cientistas a olhar?
A. Monóxido de Carbono
B. Metano
C. Carbono preto (fuligem)
D. Todas as anteriores

R: Todas as anteriores

O dióxido de carbono não é o único composto que contém carbono na atmosfera que afeta
o nosso clima. O metano (que vem do gado, fugas de sistemas de gás natural e zonas
húmidas) é um potente gás com efeito de estufa que retém o calor. O monóxido de
carbono (que provém de aquecedores e geradores não ventilados e outros equipamentos
movidos a gasolina) afeta os níveis de metano, dióxido de carbono e ozono na atmosfera.
Como o monóxido de carbono se mantém no ar durante cerca de um mês, pode percorrer
longas distâncias, o que o torna útil para estudar a forma como a poluição atmosférica se
move em todo o mundo. O carbono preto (fuligem) é o subproduto da queima de
combustíveis como o petróleo e o carvão. Quando o carbono negro assenta no gelo e na
neve no Ártico e na Antárctica ou em glaciares de montanha, escurece a superfície da
neve, acelerando o derretimento e reduzindo a disponibilidade de água doce.

27. Qual destes aumenta o nível de dióxido de carbono na nossa atmosfera?


A. Conduzir um carro
B. Viajar de avião
C. Cortar árvores
D. Todas as anteriores

R: Todas as anteriores

Cada vez que conduzimos um carro, fazemos um voo ou cortamos árvores ou limpamos
terra de vegetação, adicionamos dióxido de carbono à atmosfera.

103
28. As plantas em terra absorveram aproximadamente metade do dióxido de
carbono que os humanos colocaram na atmosfera durante as últimas
décadas.
A. Verdadeiro
B. Falso

R: Falso

As plantas absorveram cerca de um quarto, não metade, do dióxido de carbono que


bombeámos para o nosso ar durante as últimas décadas. Quando as plantas têm água e
azoto suficientes, tendem a crescer mais se houver muito dióxido de carbono no ar. À
medida que adicionamos mais dióxido de carbono ao ar (através da queima de
combustíveis fósseis, corte de árvores, etc.), o possível crescimento adicional pela
vegetação pode ajudar a contrariar alguns dos nossos impactos. Contudo, podemos não
poder contar com plantas para continuar a absorver dióxido de carbono adicional, porque
as plantas têm limites para a quantidade que podem crescer. Além disso, à medida que o
planeta aquece (resultado das nossas emissões de carbono), veremos mais seca em muitos
lugares, e isto afeta a quantidade de água disponível para o crescimento das plantas.

QUIZ: O AR QUE RESPIRAMOS


29. Quais são algumas formas de poluição atmosférica?
A. Fumo
B. Haze ou smog
C. Poeira
D. Todas as anteriores

R: Todas as anteriores

A poluição do ar inclui fumo, fuligem, monóxido de carbono, dióxido de enxofre, poeira


e tudo o que não seja saudável para a vida na Terra. A maioria destes poluentes resulta da
queima de biomassa (material biológico geralmente proveniente de plantas) ou de
combustíveis fósseis (carvão e gasolina).

30. O ozono é bom ou mau para os seres humanos?


A. Bom
B. Mau
C. Ambos
D. Nenhum

R: Ambos

104
O ozono é um gás feito de três átomos de oxigénio e ocorre tanto na atmosfera superior
da Terra como ao nível do solo. Pode ser bom ou mau para nós, dependendo de onde é
encontrado. Quando está dentro ou acima da estratosfera (a atmosfera superior que vai de
5 a 11 milhas acima), o ozono forma um protetor solar crucial - a camada de ozono - que
nos protege dos raios ultravioletas nocivos do sol. Mas o ozono também pode atuar como
poluente ao nível do solo, formado quando a poluição (digamos, dos automóveis) reage
com a luz solar. Um ingrediente principal do smog é o ozono, que queima os pulmões
quando inalado e pode desencadear ataques de asma. A NASA monitoriza a camada de
ozono e o ozono de nível inferior utilizando satélites e instrumentos em aviões e no solo.

31. Durante quanto tempo é que o pó e a fuligem (soot) permanecem geralmente


no ar?
A. 1 dia
B. 10 dias
C. 20 dias
D. 1 mês

R: 10 dias

Em média, este é o tempo que demora para o pó, fuligem e produtos químicos solúveis
em água serem lavados da atmosfera através da queda de chuva.

32. A qualidade do ar nos EUA é melhor ou pior, em média, do que há 20 anos?


A. Melhor
B. Pior
C. O mesmo

R: Melhor

Nos Estados Unidos, a qualidade do ar é impulsionada por seis poluentes principais:


chumbo, monóxido de carbono, ozono, dióxido de enxofre, óxidos de azoto e partículas
menores que 2,5 microns. A boa notícia é que as concentrações destes poluentes
diminuíram nas últimas duas décadas, em grande parte graças às Emendas à Lei do Ar
Limpo de 1990 que permitiram reduzir as emissões da indústria. A redução da poluição
proveniente de fontes móveis (por exemplo, automóveis) também tem sido substancial.

105
33. A que distância pode a poluição atmosférica viajar da sua fonte?
A. 1 bloco
B. 1 milha
C. Para o próximo estado ou grande região
D. Em todo o mundo

R: Em todo o mundo.

Do espaço, podemos ver a poluição a mover-se através dos oceanos de um continente


para outro. Por exemplo, grandes quantidades de aerossóis industriais (partículas
microscópicas suspensas na atmosfera) e fumo de eventos como madeira ou queima de
vegetação podem viajar de um lado para o outro do globo.

34. Que tipo de poluição não é bombeada diretamente de automóveis e camiões?


A. Compostos orgânicos voláteis
B. Monóxido de carbono
C. Ozono troposférico
D. Dióxido de nitrogénio

R: Ozono troposférico.

O ozono ao nível do solo (em oposição ao ozono na camada de ozono no alto da


atmosfera) é um poluente que queima os pulmões quando inalado. O ozono à superfície
da Terra é um ingrediente principal do smog, mas não é emitido diretamente dos gases de
escape dos automóveis. Forma-se quando a poluição proveniente de veículos, fábricas e
outras fontes reage à luz solar. A ensolarada Califórnia tem as condições perfeitas para a
formação de níveis insalubres de ozono.

35. Quais são as fontes de dióxido de azoto?


A. Escape do carro
B. Relâmpago
C. Fábricas
D. Desintegração de plantas
E. Todas as anteriores

R: Todas as anteriores.

Enquanto o dióxido de azoto é produzido naturalmente por raios e processos bacterianos


envolvidos no crescimento e decadência das plantas, as fontes mais fortes são as
produzidas pelo homem, a partir da queima de combustíveis fósseis como o carvão e o

106
gás. Do espaço podemos ver que o dióxido de nitrogénio se acumula principalmente em
torno de grandes cidades e zonas industrializadas.

36. Que tipo de poluição atmosférica é mais difícil de medir a partir do espaço?
A. Dióxido de enxofre
B. Ozono troposférico
C. Compostos orgânicos voláteis~
D. Dióxido de nitrogénio

R: Ozono troposférico

Os satélites da NASA têm vindo a medir a quantidade de ozono na nossa atmosfera há


mais de 30 anos. No entanto, uma vez que a maior parte do ozono existe em níveis
elevados na estratosfera, é difícil medir com precisão os níveis de ozono na troposfera, a
camada da atmosfera mais próxima da superfície onde vivemos e respiramos. Os
poluentes na troposfera medidos pelo satélite Aura incluem dióxido de enxofre, dióxido
de azoto e alguns compostos orgânicos voláteis (como o formaldeído).

37. Nos 10.000 anos anteriores à Revolução Industrial de 1751, os níveis de


dióxido de carbono no ar aumentaram menos de 10%. Desde então, subiram:
A. 21%
B. 46%
C. 62%

R: 46%

Entre 1751-2018, os seres humanos adicionaram aproximadamente 800 mil milhões de


toneladas de carbono à atmosfera sob a forma de dióxido de carbono. Em 2018, 89% de
todo o dióxido de carbono produzido pelo homem teve origem na queima de carvão, gás
natural, petróleo e gasolina.

107
QUIZ: GELO E GLACIARES
38. Que proporção da água doce do mundo é armazenada nos glaciares e nas
calotas de gelo?
A. 32%
B. 47%
C. 69%

R: 69%

O oceano salgado contém mais de 97% de toda a água da Terra, o que significa que a
água doce é relativamente escassa. Cerca de 70 por cento da água doce da Terra é mantida
em calotas de gelo e glaciares. O resto da água doce do planeta reside em lagos (27%),
pântanos (3%) e rios (menos de 1%).

39. Durante a última era glaciar, os glaciares cobriam quase um terço de toda a
terra. Que percentagem da terra está hoje coberta por gelo glacial?
A. 5-6
B. 10-11
C. 19-20

R: 10-11

10 a 11% da terra está hoje coberta por gelo. A grande maioria do gelo da Terra encontra-
se na Antártida. Tem uma camada de gelo com mais de 1,8 quilómetros (1,1 milhas) de
espessura em média, e pode ter mais de 4 quilómetros (2,5 milhas) de espessura em alguns
locais.

40. Qual é o único continente na Terra que atualmente não tem glaciares?
A. Austrália
B. América do Sul
C. Africa

R: Austrália

Não existem atualmente glaciares na Austrália continental. No entanto, durante a última


era glaciar, que terminou há 10.000 anos, o Monte Kosciuszko tinha um pequeno glaciar
e a Tasmânia tinha muitos glaciares. A Ilha do Sul da Nova Zelândia ainda tem milhares
de glaciares.

108
41. Atualmente só existem glaciares nas latitudes mais elevadas; não existem
glaciares nos trópicos da Terra.
A. Verdadeiro
B. Falso

R: Falso

Como os glaciares são feitos de gelo, estão normalmente associados a regiões frias como
a Islândia, Canadá e Alasca, mas os glaciares tropicais também existem nas cadeias
montanhosas equatoriais da Terra onde a elevação é suficientemente alta e fria para a
acumulação de gelo. Os glaciares tropicais podem ser encontrados no topo das montanhas
na Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, África Oriental e Indonésia.

42. Qual dos seguintes está a perder mais gelo todos os anos?
A. O manto de gelo da Groenlândia
B. O manto de gelo da Antártica
C. A soma de todos os glaciares de montanha do Mundo

R: O manto de gelo da Groenlândia

As placas de gelo são grandes glaciares que cobrem grande parte da Gronelândia e
Antárctica. Os glaciares de montanha, mais pequenos que os lençóis de gelo, fluem de
zonas alpinas altas. Embora a Antárctica detenha a maioria do gelo da Terra, a
Gronelândia, que contém apenas 10%, perde a maior parte do gelo todos os anos. Se todos
os 2,9 milhões de quilómetros cúbicos (0,7 milhões de milhas cúbicas) do manto de gelo
da Gronelândia derreterem, o nível do mar subiria 7,2 metros (23,6 pés).

43. Quanto gelo, em média, se está a perder todos os anos de todos os glaciares
de montanha em todo o mundo juntos?
A. Cerca de 84 milhões de toneladas
B. Cerca de 84 mil milhões de toneladas
C. Os glaciares de montanha em todo o mundo estão de facto a aumentar, não a diminuir
de tamanho

R: Cerca de 84 mil milhões de toneladas

Em elevações elevadas, a neve acumula-se para formar glaciares, que fluem para baixo,
estendem-se em áreas quentes e derretem. Uma "linha de equilíbrio" separa as áreas que

109
derretem no Verão das áreas que permanecem cobertas de gelo durante todo o ano. Se
derreter mais gelo do que se acumula, o glaciar retira-se. Sessenta e sete mil milhões de
toneladas de gelo do Alasca e 17 mil milhões de toneladas de outros glaciares de
montanha são perdidas anualmente em todo o mundo.

44. Nos últimos 100 anos, aproximadamente quanto gelo se perdeu de todos os
glaciares de montanha do mundo mais os lençóis de gelo da Gronelândia e da
Antárctica combinados?
A. 30 a 50 milhões de toneladas
B. 30 a 50 mil milhões de toneladas
C. 30 a 50 biliões de toneladas

R: C

Cerca de 30 a 50 biliões de toneladas de gelo foram perdidas ao longo do último século


em todo o mundo. Isto é equivalente à água contida em cerca de 16 biliões de piscinas de
tamanho olímpico. Causou um aumento médio de 17 centímetros nos oceanos do mundo.
Se todo o gelo do mundo derretesse, os mares subiriam cerca de 70 metros (230 pés).

45. Será que os icebergs contribuem para a subida do nível do mar?


A. Sim
B. Não

R: Não

Não, o nível do mar não sobe quando o gelo marinho derrete. Os Icebergs e a água do
mar congelada derretem com temperaturas de aquecimento, mas não provocam a subida
do nível do mar porque já se encontram na água. O volume de água que eles deslocam
como gelo é o mesmo que o volume de água que acrescentam ao oceano quando derretem.

46. De onde vêm os icebergs realmente enormes?


A. O oceano Ártico
B. O Oceano Sul em torno da Antártica
C. O Atlântico Norte perto da Groenlândia

R: B

110
A Antárctica é uma massa de terra continental rodeada por plataformas de gelo que fluem
para o oceano. Embora os icebergs de todo o mundo tenham formas e tamanhos
diferentes, os icebergs tabulares (grandes massas de gelo de ponta plana) partem das
prateleiras de gelo da Antárctica no Oceano Sul e são arrastados pelos ventos e correntes.
Muitos destes são enormes em tamanho, até 80 quilómetros (50 milhas) de comprimento.

QUIZ: ENERGIA
47. A principal fonte de energia no sistema climática da Terra é:
A. Atividade industrial
B. Atividade geotérmica
C. O Sol
D. Clima

R: O Sol

48. Qual dos seguintes gases não retém o calor?


A. Dióxido de carbono
B. Azoto
C. Vapor de água
D. Metano

R: B

49. Como é que o sol produz energia?


A. Fusão nuclear (fusão de átomos para formar um átomo maior)
B. Fissão nuclear (divisão de átomos para formar átomos mais pequenos)

R: A

QUIZ: SALINIDADE
50. A salinidade é uma medida de que propriedade da água do mar?
A. Temperatura
B. Salinidade
C. Densidade
D. Concentração de oxigénio

R: Salinidade

111
A salinidade é a concentração de sais dissolvidos na água. É um termo geral utilizado
para descrever os níveis de diferentes sais, tais como cloreto de sódio, magnésio, cálcio,
potássio e sulfato.

51. Em média, quanto sal existe em 1.000 pounds de água do mar?


A. 0,35
B. 3.5
C. 35
D. 350

R: 35

Em média, há cerca de 35 pounds de sal dissolvido em 1.000 libras de água do mar. Os


oceanógrafos usam o termo "partes por mil" quando se referem à salinidade.

52. Que oceano é o mais salgado?


A. Atlântico
B. Pacifico
C. Ártico
D. Indico

R: Atlântico

As águas superficiais no Atlântico têm a salinidade mais elevada, mais de 37 partes por
mil em algumas áreas. Isto porque, em média, há mais evaporação do que a precipitação
combinada e o escoamento fluvial para o Oceano Atlântico, mantendo uma salinidade
mais elevada do que nas outras bacias.

53. A variação da salinidade em todo o oceano é muito pequena.


A. Verdadeiro
B. Falso

R: Verdadeiro

Embora a salinidade oceânica varie de lugar para lugar, a variabilidade do sal dissolvido
é muito pequena: de cerca de 32 partes por mil a cerca de 37 partes por mil. No entanto,
esta pequena variação pode ter uma influência maciça na circulação oceânica.

112
54. Para além da água, quais são os dois elementos mais abundantes na água do
mar?
A. Cálcio e iodo
B. Potássio e magnésio
C. Sódio e cloreto
D. Nenhuma das anteriores~

R: Sódio e cloreto

Mais de 30 elementos, iões e compostos estão presentes na água do mar. O cloreto e o


sódio são os mais abundantes. Outros sais incluem sulfatos, magnésio, cálcio e potássio.

55. A água perto do fundo do mar é mais salgada do que a água à superfície do
mar.
A. Verdadeiro
B. Falso

R: Verdadeiro

Por exemplo, água muito fria e muito salgada forma-se em regiões polares todos os
Invernos. Esta água fria e salgada é mais densa, pelo que se afunda em direção ao fundo
do mar.

56. O que faz com que a água do mar se torne menos salgada?
A. Derretimento do gelo marinho
B. Afluência fluvial
C. Chuva
D. Todas as anteriores

R: Todas as anteriores

Cada um destes processos pode trazer água doce para uma bacia oceânica e diluir a
concentração de sal.

57. As alterações nos padrões de salinidade oceânica podem indicar alterações:


A. Circulação oceânica
B. O ciclo da água da Terra
C. Clima
D. Todas as anteriores

113
R: Todas as anteriores

A salinidade está ligada a muitos processos que ocorrem no oceano. As correntes ditadas
pela densidade são afetadas por alterações na salinidade e temperatura. A chuva
acrescenta água doce ao oceano, enquanto que a evaporação "subtrai" água doce do
oceano. O derretimento de glaciares e icebergs com o aquecimento do clima adiciona
água doce aos nossos mares salgados.

58. As alterações climáticas estão a acrescentar sal ao oceano.


A. Verdadeiro
B. Falso

R: Falso

Durante os últimos 200 milhões de anos, a quantidade de sal no oceano tem sido
relativamente constante. O que torna a água do mar mais ou menos salgada é a adição
(precipitação) ou remoção (evaporação) da água.

59. Ao longo dos próximos 100 anos, a salinidade oceânica será provável:
A. Aumento
B. Diminuir
C. Permanecer constante
D. Os cientistas não sabem

R: D

O instrumento Aquarius da NASA irá medir a concentração de sal na superfície do oceano


- e a forma como isto muda no globo terrestre - para melhorar a nossa compreensão do
oceano e do clima da Terra.

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