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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO

GESTÃO AMBIENTAL INTEGRADA

Biodiversidade

Unidade II
A importância dos
indicadores para o gestor
Capítulo 1
A importância dos indicadores para
o gestor
Na Unidade I, abordamos o que significa biodiversidade. Apresentamos alguns padrões encontrados na
natureza de biodiversidade, de espécies em diferentes ecossistemas, bem como os fatores que podem
influenciar no aumento ou no decréscimo da biodiversidade. Foram apresentadas algumas hipóteses para
explicar a diferença da biodiversidade em áreas tropicais e temperadas.

Nesta unidade, falaremos sobre como mensurar a biodiversidade. Vimos que a biodiversidade é composta
por dois elementos: a riqueza de espécies (número de espécies) e a abundância (o número de indivíduos
de cada espécie). Abordaremos, então, técnicas de amostragem para se determinar a abundância de uma
determinada espécie em um ambiente, como também serão apresentados alguns índices de biodiversidade
utilizados em Ecologia para se mensurar a biodiversidade.

Quantificar a biodiversidade foi sempre um desejo dos ecólogos, principalmente em áreas de manejo e
conservação. Durante o tempo foram surgindo diferentes modelos matemáticos, coeficientes e índices para
que se pudesse mensurar a biodiversidade e ao mesmo tempo que esses valores pudessem ser comparados
temporalmente ou entre áreas diferentes.

Pode-se considerar que existem três principais razões que justificam o grande interesse demonstrado pelos
ecólogos na aplicação de meios eficazes para a quantificação da diversidade de espécies em comunidades
ecológicas (Magurran, 1988):

I Apesar da questão de a diversidade de espécies estar atualmente


na moda ela sempre foi um tema central em Ecologia e a
possibilidade de sua perda causa preocupações que extrapolam
os meios acadêmicos.

II As medidas de diversidade de espécies podem, em vários casos,


ser consideradas como indicadoras da qualidade ambiental de
sistemas ecológicos.

As medidas de diversidade de espécies podem ser utilizadas


II empiricamente como meio de comparação de diferentes
comunidades tendo, portanto, aplicação prática nos trabalhos
de monitoramento e manejo ambiental.
HAIR (1987) acrescenta que quando a diversidade de espécies é medida através de meios apropriados:

 Permite a síntese de uma grande quantidade de dados de número


de espécies e suas respectivas abundâncias relativas, na forma de
um valor matemático compreensível universalmente;

 Permite inferências sobre as relações da diversidade de espécies com


outras propriedades estruturais da comunidade, como produtividade,
estrutura trófica e condições ambientais;

 Permite a comparação de uma determinada comunidade com outras.


Capítulo 2
Como estimar a diversidade
de espécies?
É importante salientar que correta mensuração da diversidade de espécies é uma tarefa que exige a
observação de alguns princípios fundamentais, segundo HAIR (1987):

Definição da comunidade a ser estudada

A diversidade de espécies pode ser medida considerando-se, sempre, um grupo bem definido de
organismos, como, por exemplo:

 A comunidade de aves de uma floresta

 A comunidade de pequenos roedores de um campo

 A comunidade de pequenos marsupiais de uma floresta

 A comunidade de arbustos de um campo

 A comunidade de árvores de uma floresta

 A comunidade de formigas do solo de um campo

 A comunidade de formigas arborícolas de uma floresta.


Definição de limites temporais e espaciais para coleta de dados

KREBS (1989), constitui uma etapa de grande importância na quantificação da diversidade de espécies
pelas seguintes razões:

Uma amplitude de tempo de coleta com abrangência de um


I ano ou de, pelo menos, duas estações contrastantes (inverno e
verão ou seca e chuvosa) permite a detecção de espécies cuja
ocorrência na área estudada é influenciada pela sazonalidade;

II Uma definição clara da fronteira espacial da comunidade


estudada permite a comparação da diversidade de
espécies dessa comunidade com outras, e os resultados
dessas comparações podem ser aplicadas em práticas de
monitoramento, análise e manejo ambiental.

Estabelecimento da metodologia de amostragem

Quando se trabalha no sentido de acessar a diversidade de espécies de uma determinada comunidade,


raramente é possível ou mesmo desejável fazer o censo das espécies, uma vez que isso consome
tempo, dinheiro e pode trazer danos ou mesmo destruir os organismos que estão sendo estudados, se
for necessário que o registro das espécies seja realizado através de capturas ou através de métodos
destrutivos. Como os estudos da diversidade encerram muitos problemas, particularmente no aspecto
que se refere ao tamanho da amostra empregado no estudo, os ecólogos têm se empenhado no sentido
de desenvolver protocolos de amostragem mais adequados à aplicação das medidas de diversidade
(KREBS, 1989).

Uma amostragem correta é muito importante na mensuração da diversidade porque a grande maioria
dos índices de diversidade empregados apresenta dois componentes: primeiro, a riqueza de espécies,
que se refere ao número de espécies presentes na comunidade estudada e, em segundo, a abundância
relativa das espécies, que se refere à forma como os indivíduos encontram-se distribuídos entre as
diferentes espécies presentes na comunidade estudada (HELTSHE & FORRESTER, 1983). A riqueza de
espécies apresenta uma forte tendência de crescer com o aumento da área amostrada e com o aumento
do número de indivíduos coletados. Outrossim, quanto mais indivíduos são incluídos na amostra, maior
se torna a possibilidade de ocorrer espécies raras nessa amostra. Essas tendências deixam claro que
o valor final assumido pela grande maioria dos índices de diversidade, que levam em consideração a
riqueza e a abundância relativa das espécies, sofrem influência do tamanho da amostra e, assim, o
método e a intensidade de amostragem utilizados podem introduzir erros estatísticos e ecológicos nas
comparações da diversidade entre comunidades, quando a metodologia e a intensidade de amostragem
não são padronizados, particularmente nos aspectos que se referem ao tamanho da amostra, método
de coleta de dados e tempo de coleta de dados (BROWER & ZAR, 1984).

Não só em estudos de diversidade, mas em outros estudos ecológicos, não se constitui em tarefa muito
fácil garantir com segurança total que a amostra tomada em um estudo constitui uma fiel representante
da comunidade estudada. Apesar dessa dificuldade inerente no processo de amostragem, pelo menos
algumas premissas de fundamental importância devem ser observadas, para contribuir para minimizar
erros estatísticos e ecológicos no estudo da diversidade. As premissas que devem ser consideradas são
(BROWER & ZAR, 1984):
 Estabelecimento de um método de amostragem adaptado para
fornecer uma amostra aleatória da comunidade estudada

 Adaptação da mensuração da diversidade, levando em consideração


os padrões de distribuição espacial dos indivíduos na comunidade,
os quais podem se distribuir de forma aleatória (não muito comum),
uniforme (de ocorrência rara na natureza) e agregada (a mais comum);

 Realização da amostragem considerando área e época de


amostragem adequadas;

 Estabelecimento de uma amostragem suficientemente grande,


através da observação do ponto de estabilização da curva do coletor.

Identificação correta dos organismos coletados

A medida da diversidade exige a identificação correta dos organismos coletados na comunidade estudada,
sempre que possível em nível de espécie. Em uma dada comunidade estudada, cuja identificação dos
organismos não seja possível devido à falta de conhecimento ou outros fatores, a identificação em nível
de “morfoespécie” ou mesmo em níveis taxonômicos superiores pode ser aceita (BROWER & ZAR, 1984).

Nestes casos, é preferível a identificação em nível de “morfoespécie”, em detrimento da identificação em


níveis taxonômicos superiores.
Quantificação dos organismos coletados

A grande maioria dos métodos de medição da diversidade de espécies exige alguma forma de
quantificação da abundância relativa das espécies presentes na amostra da comunidade estudada. Essa
quantificação pode ser realizada das seguintes formas (HELTSHE & FORRESTER, 1983):

 Contagem do número de indivíduos de cada espécie;

 Determinação da biomassa de cada espécie;

 Contagem do número de registros de cada espécie.


Capítulo 3
Métodos de amostragem da riqueza
e diversidade vegetal e animal

A escolha de uma técnica de amostragem depende de vários fatores, tais como os objetivos do levantamento,
tipos de informações prévias disponíveis, características da área a ser estudada e parâmetros de interesse que
serão obtidos através das estimativas. A rigor, existem dois grandes grupos de amostragem: a amostragem
aleatória - que pode ser irrestrita ou restrita - e a amostragem não-aleatória - que pode ser sistemática ou
seletiva (ODUM, 1986).

Tipos de amostragens

É aquela em que todas as unidades de amostragem têm igual probabilidade de serem


sorteadas. A amostragem é chamada irrestrita uma vez que a primeira unidade da amostra,
Amostragem Aleatória Irrestrita
uma vez sorteada, pode tornar a sê-lo, tanto quanto as subsequentes. As unidades amostrais
podem ser todas de mesmo tamanho e de tamanhos e formas distintas (ODUM, 1986).

Consiste em estratificar uma determinada área florestal (população) em subpopulações


homogêneas (estratos), com base na interpretação de fotografias aéreas. É normalmente
Amostragem Aleatória
utilizada em extensas áreas florestais, como na Amazônia. Da mesma forma que a
Restrita ou Estratificada
amostragem irrestrita, as unidades amostrais podem ser todas de mesmo tamanho e de
tamanhos e formas distintas (ODUM, 1986).

Uma vez definidas as faixas a serem amostradas em uma determinada vegetação, é sorteada
apenas a primeira unidade de amostra. As demais se sucedem a intervalos constantes,
definidos em função das características da vegetação em estudo, preferivelmente
Amostragem Sistemática
atravessando toda a extensão da área inventariada. A amostragem aleatória pode ser feita
em faixas regulares e de comprimento uniforme ou em faixas de tamanho e forma variados
(ODUM, 1986).

É aquela em que a localização das unidades de amostra é estabelecida arbitrariamente. Este


critério arbitrário normalmente é baseado nas condições de acessibilidade ou na suposta
Amostragem Seletiva
acuidade do pesquisador em perceber que determinados locais da área são representativos
da população sob estudo (ODUM, 1986).
Capítulo 4
Distribuição Espacial

A distribuição espacial diz respeito ao arranjo das espécies vegetais em determinada área. LUDWIG & REYNOLDS
(1988) ressaltam que o estudo da distribuição espacial das espécies vegetais representa o primeiro passo para
o entendimento das florestas tropicais e para o estudo detalhado de seus componentes.

A distribuição espacial de espécies vegetais pode ser de três tipos (BEGON et al. 1996; LUDWIG & REYNOLDS, 1988):

Distribuição Espacial Aleatória

É aquela e que há probabilidade semelhante de um organismo


ocupar qualquer lugar no espaço.

Distribuição espacial regular (uniforme)

É aquela em que ocorre uma distribuição mais uniforme,


mantendo certa distância fixa entre os organismos. Diversos
autores têm constatado que esta distribuição é muito rara em
ambientes naturais.

Distribuição espacial agregada (agrupada)

É aquela em que os indivíduos encontram-se agrupados em


determinadas porções do ambiente ou a outros indivíduos. Sabe-
se que nas florestas tropicais a maioria das espécies, notadamente
as mais valiosas comercialmente, tem uma distribuição agregada

Fonte: https://pt.khanacademy.org/science/biology/ecology/population-ecology/a/population-size-
density-and-dispersal

4.1 Determinação do padrão espacial de populações


Diversos métodos já foram propostos para descrever o padrão espacial e definir o quanto este difere de uma
distribuição aleatória. Necessariamente, eles envolvem a amostragem por parcelas e a comparação dos dados
com o modelo matemático de distribuição de Poisson; ou, não utilizam unidades amostrais de área, porém
se baseiam em medidas de distância entre plantas ou de plantas a determinados pontos aleatoriamente
estabelecidos (LUDWIG & REYNOLDS, 1988).

Um método bastante simples avalia a razão (I) entre a variância (s2) e a média (x) estimada da distribuição
de indivíduos (abundância) de uma população, conforme equação abaixo, onde: xi é o n° de indivíduos em
cada parcela, x é a média do n° de indivíduos por unidade amostral e N é o n° de unidades amostrais (LUDWIG
& REYNOLDS, 1988):
Cálculo do tipo de distribuição espacial

Onde: Onde:

• D < 1 Indica uma distribuição uniforme • I.G < 0 = numa distribuição uniforme
• I.D ~ 1 Indica uma distribuição aleatória • I.G ~
= 0 = numa distribuição aleatória
• I.D >= 1 Indica uma distribuição em agregados • I.G > 0 = numa distribuição em agregados
Pielou, 1969 Ludwig & Reynolds, 1969

Alguns fatores podem influenciar no tipo de distribuição espacial, como, por exemplo, o tipo de solo,
o tipo e tamanho das sementes, o tipo de dispersão das sementes, e a dispersão de predadores
específicos das sementes (LUDWIG & REYNOLDS, 1988).

4.2 Os Métodos de detecção dos tipos de distribuição espacial


Segundo Silva & Lopes (1982), esses métodos podem ser genericamente divididos em 2 grandes grupos:

Método dos Quadrados (Parcelas)

São vários e baseiam-se na


premissa de que as árvores
ocorrem em grupos ou colônias,
e que o número de indivíduos por
grupo tem também uma outra
distribuição específica. Os dados
de campo consistem no número
de árvores por quadrado (Figura
1). Com relação à distribuição
aleatória, tais métodos já foram
extensivamente testados e
se revelaram basicamente
práticos e válidos. Entretanto,
os resultados são fortemente
influenciados pelo tamanho da
parcela (ODUM, 1986). Figura 1
Tipos de distribuição
Fonte: IFHT (2018), a partir de CEZAR (2018).
Método das Distâncias (Quadrantes)

Usa distâncias de plantas selecionadas para outra planta ou de pontos aleatórios para as plantas
adjacentes. Sua principal vantagem é evitar o efeito do tamanho da parcela (ODUM, 1986) (Figura 2).

Figura 2
Método das distâncias
Fonte: IFHT (2018), a partir de LIMA (2015).

As variáveis obtidas através desses dois métodos são:

Altura

Medida da base da árvore até a primeira bifurcação significativa.


Esta informação pode ser obtida através de qualquer instrumento
baseado em relações trigonométricas, e pode ser também
estimada com o auxílio de uma vara de tamanho determinado,
periodicamente aferida com um dos aparelhos de medição. Na
vegetação de cerrado, sempre que possível, deve-se medir a altura
da planta da base até a última bifurcação significativa.

Diâmetro

O diâmetro, tomado a 1,30 metros do solo, pode ser obtido


através de aparelhos ou de uma fita diamétrica. Na vegetação
de cerrado, essa circunferência é medida a 30 cm do solo.

Distância

Distância que vai do centro da amostra às árvores mais próximas.


Esta distância, medida com o auxílio de uma trena, é importante para
o cálculo da área que cada árvore ocupa dentro do espaço amostral.

Os conhecimentos gerados a partir dos estudos de ecologia vegetal são uma ferramenta importante
para o conhecimento dos recursos vegetais de uma dada área e sua posterior utilização sustentável e
conservação.

No caso de populações animais, além do método de quadrantes, pode-se utilizar o método de marcação
e recaptura para definir uma população, quando esta é uma população móvel (ex. roedores, insetos,
morcegos, etc.) (ODUM, 1986).
Método de marcação e recaptura (Índice de Lincoln)

O método consiste na seguinte fórmula (VANDERMEER, 1981):

 Os organismos são capturados em uma determinada área


geográfica (M);

 Os indivíduos capturados são marcados e soltos;

 Em uma outra oportunidade (N) indivíduos são capturados, incluindo


os indivíduos (R) marcados.

Então a população total do habitat pode ser estimada pela fórmula:

ATENÇÃO
Condições necessárias para aplicação do método:

 Os animais não serão afetados pelas marcas e as marcas não


serão perdidas;

 Os animais se “misturarão” completamente aos demais indivíduos


da população

 A população se amostrada “ao acaso” com relação aos indivíduos


marcados e não marcados
MATERIAL COMPLEMENTAR

Vamos apresentar alguns exemplos de trabalhos que utilizaram


alguns métodos apresentados até aqui, com o objetivo de enriquecer
o seu entendimento.

 Artigo 1: Densidade e tamanho populacional de primatas em


um fragmento florestal no sudeste do Brasil 1
(São Bernardo & Galetti, 2004)

 Artigo 2: Marcação-soltura-recaptura para determinar o tamanho


da população natural de Anopheles albitarsis l.s. (Diptera: Culicidae)2
(SANTOS & FORATTINI, 1999)

1 https://gai.ifht.net.br/pluginfile.php/6636/mod_folder/content/0/documentos/uni-
dade2/artigo-1.pdf

2 https://gai.ifht.net.br/pluginfile.php/6636/mod_folder/content/0/documentos/uni-
dade2/artigo-2.pdf
Capítulo 5
Descritores quantitativos em
estudos de diversidade

Ao longo dos anos, uma ampla variedade de índices destinados a medir a diversidade de espécies e seus
componentes (riqueza, abundância e equabilidade) em comunidades ecológicas vem sendo proposta. No presente
texto, serão apresentados e discutidos, quanto à aplicação, aqueles que vêm sendo mais amplamente difundidos
e empregados nas práticas de análise, monitoramento e manejo ambiental (PEREIRA & HENRIQUE, 1996).

A quantificação da diversidade de espécies em comunidades ecológicas é, normalmente, realizada considerando


três enfoques: primeiro, os modelos de distribuição; em segundo, os índices de diversidade e; em terceiro, os
estimadores de riqueza. Os índices de diversidade e os estimadores de riqueza mais amplamente empregados
em estudos de diversidade constituem o enfoque do presente texto (PEREIRA & HENRIQUE, 1996).

Índice de diversidade de espécies:

Para a determinação da diversidade de espécies de uma comunidade, existem diferentes índices de


diversidades, cada qual com particularidades em decorrência do tipo de amostragem, tipo de comunidade
e outras características da comunidade. Ou seja, a Biodiversidade não é apenas uma variável abstrata ou
qualitativa, mas sim pode ser medida e quantificada. Vamos apresentar apenas dois índices bem conhecidos e
utilizados para a sua apreciação, o índice de Diversidade de Simpson e o índice de Shannon-Wiener, que, embora
sejam pioneiros, são ainda muito utilizados em estudos de ecologia. Portanto, tratam-se de ferramentas para
que se possa gerir a biodiversidade de uma determinada área, podendo relacionar seus resultados ao longo
do tempo, isto é, se a diversidade está diminuindo ou aumentando, ou até mesmo variando qualquer elemento
componente dela (PEREIRA & HENRIQUE, 1996).

Índice de Diversidade de Simpson (DS)

O índice de diversidade de Simpson foi o primeiro usado em ecologia, tendo sido proposto como uma
medida de diversidade em 1949, no conceituado periódico científico Nature. Ele fornece a probabilidade
de que dois indivíduos tomados ao acaso de uma amostra com N indivíduos e S espécies sejam
pertencentes à mesma espécie. Assim, quanto maior o valor assumido pelo índice, menor é a diversidade
de espécies estimada para a amostra (Ludwig & Reynolds, 1988).

O índice de diversidade de Simpson, foi proposto para ser utilizado em casos nos quais se trabalha com
comunidades infinitas, isto é, onde o número total de indivíduos na amostra é diferente do número total
de indivíduos na comunidade.

Essa é a situação mais comum quando se trabalha com estimativas da diversidade. É importante
ressaltar que a utilização de DS é apropriada para estimar a diversidade quando os dados coletados
apresentam-se na forma de contagem de indivíduos. O índice de Simpson é dado pela fórmula da Figura 3.

Onde:

• Ds = Índice de Diversidade de Simpson


• Ni = Número de indivíduos da i-ésima espécie
na amostraI.
• N = número total de indivíduos na amostra

Figura 3
Cálculo do índice de Simpson

Um inconveniente matemático do índice de diversidade proposto por Simpson é que ele fornece uma medida
inversa da diversidade, isto é, quanto maior o valor assumido pelos índices, menor é a diversidade (HELTSHE
& FORRESTER, 1983). Para contornar esse inconveniente, alguns autores preferem apresentar esses índices
das seguintes maneiras (Figura 4):

OU

Figura 4
Formas de apresentação dos índices
Índice de Diversidade de Shannon-Wiener (H’)

O índice de diversidade de Shannon-Wiener é um dos mais amplamente empregados em ecologia de


comunidades (PEREIRA & HENRIQUE, 1996). Foi desenvolvido em 1949, a partir da teoria da informação
publicada em The mathematical theory of communication. Ele expressa o grau de incerteza que existe
em se predizer a qual espécie pertence um indivíduo escolhido ao acaso em uma comunidade contendo
“S” espécies e “N” indivíduos (Ludwig & Reynolds, 1988). Assim, quanto maior for essa incerteza, maior
será o valor do índice e maior será a diversidade da amostra. Numericamente, o índice de Shannon-
Wiener varia entre zero e valor máximo qualquer. O índice de Shannon-Wiener será igual a zero somente
quando houver uma única espécie na amostra e assumirá seu valor máximo, somente quando todas as
espécies existentes na amostra apresentarem o mesmo número de indivíduos. Na prática, os valores
assumidos pelo índice de Shannon-Wiener situam-se entre 1,5 e 3,5 e só raramente ultrapassam o valor
de 4,5 (MAGURRAN, 1988). É dado pela seguinte fórmula (Figura 5):

Onde:

• H’ = índice de diversidade de Shannon-Wiener


• ni = número de indivíduos da i-ésima espécie
na amostra
• N = número total de indivíduos na amostra
• ln = logarítimo neperiano (base e)

Figura 5
Fórmula do índice Shannon-Wiener
Capítulo 6

Problemas da Biodiversidade – Alvo


da Gestão Ambiental

Você pode ter achado estranho um monte de fórmula matemática numa disciplina de Biodiversidade e mais
especificamente num curso de MBA em Gestão ambiental. Mas, fica fácil agora entender como surgem
determinados termos como “redução da biodiversidade”, “modificação da biodiversidade” no processo de
Gestão ambiental, até mesmo essa terminologia fora aplicada em outras disciplinas deste curso. Isso porque
a Biodiversidade pode ser mensurada e analisada, permitindo fazer comparações com uma série histórica
temporal, ou comparações geográficas, ou seja, permitir saber qual área possui maior Biodiversidade. Como
Gestor do Ambiental deve-se conhecer ou até mesmo saber aplicar as ferramentas adequadas para se
detectar mudanças, variações, alterações na biodiversidade de uma área (HELTSHE & FORRESTER, 1983).

Imagine que você é um Gestor de uma Unidade de Conservação do tipo Reserva Biológica, cujo objetivo em
lei (Lei 9985/2000) é a preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites,
sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de
seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural,
a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. Certamente, você precisará de parâmetros para
traçar objetivos e metas para alcançar esses objetivos.

Então é possível trabalhar com esses dados para a construção de gráficos ou mapas, por exemplo, que
permitam visualizar e acompanhar a biodiversidade. Vejamos alguns exemplos (Figuras 6 e 7):

Figura 6
Gráfico de quantidade de ocorrências
Fonte: http://www.icmbio.gov.br/sisbio/
estatisticas.html
Figura 7
Alvos de conservação para atualização das
áreas prioritárias para biodiversidade - Mapa de
ambientes aquáticos (Amazônia)
Fonte: http://www.terrabrasilis.org.br/
ecotecadigital/pdf/mapa-de-ambientes-
aquaticos-amazonia-al.pdf

ATENÇÃO
Assista o vídeo a seguir. Ele vai te ajudar a esclarecer o cálculo:

Vídeo 1
Estimativa do crescimento populacional utilizando o método aritmético e o método geométrico
Fonte: https://www.youtube.com/embed/jpaaqDUVBC8
Outro exemplo é o Projeto Hidrelétrico Belo Monte (Brasil) que foi construído no Rio Xingú, município de Altamira,
no Pará. A barragem é a terceira maior do mundo e já devastou uma extensa área de floresta tropical brasileira.
O projeto vai deslocar mais de 20 mil pessoas, ameaçando a sobrevivência das tribos indígenas Kayapó, que
dependem do rio.

Figura 8
Projeto Hidrelétrico Belo Monte (Brasil)
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/usina-belo-monte.htm

Artigo publicado na Revista Forbes previa que Belo Monte não terá grandes benefícios econômicos se comparado
aos altos custos sociais e ambientais, tais como o desvio dos afluentes do Xingu, que impedirá a navegação e a
pesca local. Mas esta não é a única barragem no rio, o governo está planejando outras implementações locais.

O projeto é propriedade do consórcio Norte Energia, em sua maioria de propriedade do governo, a Vale também
tem cerca de 5% do mesmo e está sendo financiado pelo BNDES. Segundo os opositores do projeto, Belo Monte
será fonte de energia elétrica para as operações de mineração da Vale no Pará.

A violência também é uma característica deste conflito. Em 2014, 20 índios da Amazônia foram até o local da
barragem de Belo Monte para exigir compensação às comunidades indígenas. A polícia atirou neles com balas
de borracha e granadas de efeito moral, ferindo quatro deles (The Ecologist, 2014).

MATERIAL COMPLEMENTAR

Para você se aprofundar, deixo aqui a sugestão de leitura de um


trabalho da Universidade Federal de Lavras (UFLA):

 Artigo 1: Descritores quantitativos de riqueza e diversidade de


espécies1

1 http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:2ws_YJ_U40kJ:www.
acszanzini.net/wp-content/uploads/material/livros/Descritores%2520Quantitati-
vos%2520de%2520Riqueza%2520e%2520Diversidade%2520de%2520Esp%25C3%25A-
9cies.doc+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
Capítulo 7

Importância dos índices de diversidade

Você pode perceber que a biodiversidade pode ser mensurada e medida. Não é algo apenas conceitual e abstrato.
Pode ser utilizada como ferramenta para o manejo e a conservação de ecossistemas.

Há na literatura diferentes índices de diversidade que podem ser utilizados para determinar a diversidade em
uma comunidade biológica. Ecólogos estão interessados em medir a diversidade por diversas razões, sobretudo
por sua utilidade em Biologia da conservação e na avaliação ambiental (PEREIRA & HENRIQUE, 1996). Medidas
de diversidade de espécies são geralmente úteis para comparar padrões em diferentes locais ou em diferentes
gradientes, ou, ainda, em uma mesma área ao longo do tempo, como, por exemplo, ao longo de uma sucessão,
ou após um distúrbio. Além disso, a avaliação de espécies raras é útil para direcionar esforços de conservação. .

O interesse de ecólogos em explicar porque algumas áreas são mais ricas em espécies do que outras, ou porque
uma espécie é abundante em um local, mas rara em outro, tem estimulado pesquisas sobre diversidade de
habitats e largura de nicho. Nesses casos, as mesmas medidas para avaliação da diversidade de espécies podem
ser utilizadas.

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