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AGENTES CARCINOGÊNICOS E SUAS ENTENDA:

INTERAÇÕES CELULARES Antes de explicar o experimento é importante


entender 2 conceitos: Iniciador e Promotor. A
o O cirurgião londrino → Sir Percival Pott atribuiu primeira etapa consiste na iniciação, que consiste
corretamente o câncer de pele do escroto em de um fator iniciador ou carcinogênico que causa
limpadores de chaminé à exposição à crônica a dano ou mutação celular. A mutação dos ácidos
fuligem; nucleicos é o fenômeno central da etapa de
o Frente a isso: a empresa determinou que seus iniciação da carcinogênese. As células “iniciadas”
membros deveriam tomar banho diariamente permanecem latentes até que sobre elas atuem
→ com isso começaram a observar que houve agentes promotores.
uma diminuição desse tipo de câncer, pois a A segunda etapa (promoção) estimula o
maioria, como não tomavam banho, crescimento da célula que sofreu mutação, e pode
permaneciam com essa substância {contida na acontecer a qualquer momento, após a
fuligem} e isso causava o câncer de pele do transformação celular inicial. Os fatores de
escroto; promoção podem ser agentes químicos (como óleo
de cróton), processo inflamatório, hormônios,
CARCINOGÊNESE: fatores que atuam no crescimento celular normal.

Definição: Processo composto por várias etapas, EXPERIMENTO:


modulado por fatores endógenos e ambientais
{fatores predisponentes}, que podem gerar uma  Grupo 1 - utilizou apenas 1 iniciador, o qual vai
grande variedade de eventos genéticos {mutação causar uma mutação/dano no DNA, mas é
no gene, na proteína} e epigenéticos {fatores importante salientar que não é toda mutação
ambientais} → promovendo instabilidade que vai ser capaz de desenvolver um câncer,
genômica e, consequente, caso não tenha outros estímulos. Resultado: foi
desenvolvimento/progressão tumoral. observado que não houve desenvolvimento de
tumores.
Ou seja: não é algo que acontece repentinamente;  Grupo 2 - foi aplicado o iniciador e o promotor
{como hormônios, fatores de crescimento – Ex.
CARCINOGÊNESE É UM PROCESSO EM Óleo de cróton, o qual vai estar estimulando a
MÚLTIPLAS ETAPAS: mutação}. Resultado: houve o desenvolvimento
de tumores.
 Grupo 3 - utilizou o iniciador e esperou um
tempo, e depois aplicou o promotor. Resultado:
houve o desenvolvimento do tumor. Frente a
isso: concluiu-se que não importa quanto tempo
passe, a mutação vai continuar ali, visto que as
células já foram iniciadas a ter essa mutação, ou
seja: uma vez iniciada, é irreversível e possui
memória.
 Grupo 4 - houve uma mudança de ordem,
aplicou-se primeiro o promotor e depois o
iniciador e não houve desenvolvimento de
tumores, ou seja: há uma ordem, primeiro tem
que ter uma mutação no DNA {mediante o
iniciador} e depois vai poder desenvolver se tiver
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esses promotores, visto que os promotores não capacidade de não responder aos mecanismos
afetam o DNA diretamente e são reversíveis. de controle do organismo. A promoção só ocorre
 Grupo 5 - Utilizou apenas o promotor. Resultado: caso a célula tenha sido "iniciada" previamente.
não desenvolveu o tumor. 3) A progressão representa a etapa em que as
células malignas apresentam o fenótipo
EM SUMA: O iniciador vai culminar a uma característico, desenvolvem maior
mutação no DNA, mas é uma mutação que não é agressividade, crescimento rápido e potencial
capaz de estar formando um câncer, porém: ele de invasão e disseminação
precisa de promotores que é uma má
alimentação, fatores de crescimento, hormônios OBS: Sabe-se que o nosso corpo tem várias
para ele poder se desenvolver e existe uma proteínas e genes que são responsáveis pelo reparo
do nosso DNA, e esse reparo ocorre no ciclo celular.
ordem: primeiramente iniciador e depois
promotores para ocasionar num tumor. Entretanto, as vezes não é possível reparar →
consequentemente vai induzir a célula a sofrer
ETAPAS: apoptose. Na etapa de promoção ainda há chances
de acontecer a apoptose, e se não ocorrer, continua
o processo de proliferação, desenvolvendo a
metástase e o câncer.

 Quanto mais cedo se detectar essa


diferenciação mais eficaz o tratamento.

Gráfico:

Figura 7-42: Note que os promotores provocam a


expansão clonal da célula iniciada, produzindo assim
um clone pré-neoplásico. Mais proliferação, induzida
pelo promotor ou por outros fatores, provoca o
acúmulo de mutações adicionais e o surgimento do
tumor maligno.

Entenda:
A carcinogênese é o estudo do processo pelo qual as
células normais são transformadas em células
cancerosas. O processo de carcinogênese inicia-se ✓ Os cânceres associados a infância {de cunho
quando uma célula desenvolve e acumula várias genético} vão ter no máximo 1 mutação no DNA.
mutações genéticas que promovem sua ✓ Já os cânceres associados a fatores ambientais
proliferação descontrolada. Divide-se em 3 etapas: {como em adultos} vão ter diversas mutações,
Iniciação, promoção e progressão. mediante fatores como: HPV, H. pilory,
alimentação.
1) A iniciação representa a primeira etapa no ✓ OBS: Quando a mutação é menor, é mais fácil de
processo de carcinogênese e refere-se ao controlar a neoplasia, em contrapartida: muitas
momento em que, devido à ação de fatores mutações tornam-se mais difíceis.
carcinogênicos, ocorrem mutações no DNA
celular. Se forem irreversíveis essas mutações TIPOS DE AÇÕES:
poderão transformar a célula normal em célula
maligna, caso ocorram às alterações adicionais CARCINÓGENES DE AÇÃO DIRETA:
necessárias. As células "iniciadas"
permanecem latentes, até que sofram a ação ▪ Os agentes de ação direta não requerem a
dos agentes promotores. conversão metabólica para se tornarem
2) A promoção refere-se ao período em que a carcinogênicos.
célula que foi iniciada acumula novas alterações
e adquire vantagens proliferativas e
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▪ A maioria deles são carcinógenos fracos, mas OBS: Tem pessoas que possui maior
são importantes, visto que alguns são drogas susceptibilidade para a expressão genética
quimioterápicas para o câncer; desses fatores carcinogênicos,
▪ Ex: Agentes alquilantes – causam alterações na consequentemente tendo mais chances de
estrutura do DNA, mas curaram, controlaram ou resultar em câncer.
adiaram a recorrência com sucesso em certos
tipos de câncer, como: leucemia, linfomas e • A maioria dos carcinógenos conhecidos é
carcinoma de ovário; metabolizada por mono-oxigenases
▪ É importante salientar que esse mesmo dependentes de citocromo P-450. Assim, pode
carcinógeno que desenvolveu melhora nos ser possível avaliar o risco de câncer em um
pacientes, mais adiante, possivelmente pode dado indivíduo através de análise genética de
surgir um tipo de câncer mais agressivo do polimorfismo nos genes que codificam essas
{mediante o uso prolongado} → geralmente a enzimas.
leucemia mieloide aguda.
▪ O risco do câncer induzido é baixo, mas sua Tais como:
existência demanda o uso judicioso de tais 1) O metabolismo do benzopireno pelo produto do
agentes. gene P-450, CYP1A1, fornece um exemplo
instrutivo, visto que aproximadamente 10% da
EM SUMA: Os alquilantes são utilizados no
população branca que apresenta uma forma
tratamento de câncer, promovendo melhora, mas
altamente induzível dessa enzima, associada a
quando usado por longo período também pode
um risco aumentado de câncer de pulmão em
culminar no câncer mais severo.
fumantes. Ex: Pessoas que fumam pouco e têm
o genótipo susceptível CYP1A1 apresentam um
CARCINÓGENOS DE AÇÃO INDIRETA: risco sete vezes maior de desenvolver o câncer
o Requerem a conversão metabólica para um de pulmão, quando comparadas a fumantes
carcinógeno em sua forma final antes que eles sem o genótipo permissivo.
se tornem ativos. 2) Idade, sexo e estado nutricional também
o Um dos mais potentes carcinógenos químicos determinam a dose interna de toxinas
indiretos são os hidrocarbonetos policíclicos e produzidas e assim influenciam o risco de
estão presentes em combustíveis fósseis. desenvolvimento de câncer;
o Outros, por exemplo, o benzopireno e outros
carcinógenos, são formados na combustão de ALVOS MOLECULARES DOS CARCINOGÊNEOS
altas temperaturas do tabaco no fumo do QUÍMICOS
cigarro. Portanto: esses produtos estão
envolvidos na etiologia do câncer de pulmão em o Como a transformação maligna resulta de
fumantes de cigarro. mutações → não é surpresa que a maioria das
o Os hidrocarbonetos policíclicos, como já foi substâncias químicas iniciadoras sejam
mencionado acima, também podem ser mutagênicas.
produzidos a partir da gordura animal durante o o Assim, o DNA é o alvo primário para os
processo de assar as carnes e estão presentes em carcinógenos químicos, mas não há alteração
carnes e peixes defumados. isolada ou única associada à iniciação da
o Os principais produtos ativos em muitos carcinogênese química.
hidrocarbonetos são epóxidos, que formam o Apesar de qualquer gene poder se o alvo dos
adutos covalentes {junção de vários produtos, carcinógenos químicos, os oncogenes e genes
formando um} com moléculas na célula, supressores de tumor comumente mutados,
principalmente o DNA, mas também com RNA e como o RAS e o p53, são alvos particularmente
com proteínas. importantes.
o Ou seja: A ação desses hidrocarbonetos vão
Ex. de carcinogênese química é a Aflatoxina:
influenciar diretamente o DNA, o RNA, e as
proteínas → seja ativando, seja inibindo uma ✓ Produz uma substituição de arginina para
proteína; serina na proteína P53 {envolvida no processo
de apoptose} → o que resulta em carcinoma
hepatocelular;
✓ Em contraste as mutações no gene TP53 são
menos frequentes nos tumores de fígado em
áreas onde a contaminação por aflatoxina dos
alimentos não é um fator de risco {como
alimentos com conservantes};
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2) Indução da senescência celular, ou seja:


parando completamente o ciclo celular por meio
do seu envelhecimento.
3) Ou, em último caso, tem-se o mecanismo
protetor final que é a indução da apoptose, a fim
de matar a célula.

 No câncer: Quando ocorre uma mutação


pontual no gene TP53, a proteína P53 não
consegue ser produzida, consequentemente o
dano ocasionado na célula não leva a parada do
ciclo celular, culminando na multiplicação de
células danificadas. Além disso, não há indução
da senescência da célula, ou seja: ela vai
permanecer jovem e se multiplicando. Ademais,
também não ocorre a apoptose, ou seja: a célula
mutada não morre e começa continua se
multiplicando com tais erros.
TP53: GUARDIÃ DO GENOMA
CARCINOGÊNESE POR RADIAÇÃO:

 os raios UV derivados do sol causam incidência


aumentada de carcinoma de células
escamosas, carcinoma basocelular e
possivelmente de melanoma da pele.
 O grau de risco depende do tipo de raios UV, da
intensidade da exposição e da quantidade do
“manto protetor” que absorve luz, composto
pela melanina da pele.
o O que acontece? A carcinogenicidade da luz UVB
é atribuída à indução da formação de dímeros
de pirimidina no DNA. Esse tipo de dano ao DNA
é reparado pela via de reparo de excisão de
ENTENDA: nucleotídeos.
OBS: Essa excisão de nucleotídeos consiste na
 Na célula normal, a p53 é um freio, a qual está
retirada de nucleotídeos para que ocorra o
em pouca quantidade porque como a célula está
reparo. É importante frisar que nosso corpo por
normal, não requer grandes quantidades de
si só tem essa eficiência de fazer essa excisão
freios {p53}.
de nucleotídeos, entretanto devido a exposição
 A partir da proteína MDM2 ela faz
do sol, essa função fica comprometida.
ubiquitinização, ou seja: marcando a p53, para
que ela possa ser quebrada pelo proteassoma e RADIAÇÃO IONIZANTE:
destruída, por isso ela está em pouca
quantidade numa célula normal. Muitos indivíduos pioneiros no uso dos raios X
 Quando ocorre o estímulo, como numa hipóxia desenvolveram câncer de pele.
{célula está sofrendo um dano} precisa-se frear Ex1: Os mineiros de elementos radioativos
o crescimento dessa célula para poder apresentam um aumento de 10 x na incidência
consertá-la. Então, a célula normal, frente a de cânceres de pulmão, quando comparados ao
lesão ocasionada numa hipóxia libera p53, resto da população.
freando a célula. Ex2: Foi feito um acompanhamento dos
 Acúmulo da p53: Estratégias para frear a célula sobreviventes da bomba atômica enviada a
– Hiroshima e Nagasaki. Observou-se que
1) Libera/aumenta o P21, que é um inibidor de CDK, inicialmente houve um aumento marcante na
consequentemente parando o ciclo na fase G1. incidência de leucemias – principalmente nas
leucemias mieloides crônica e aguda – após um
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período médio de latência de cerca de 7 anos. E  A proteína E6 induz a expressão do TERT {que é
subsequentemente, a incidência de muitos um gene que está envolvido na expressão da
tumores sólidos com períodos latentes mais telomerase, a qual faz proliferação celular}.
longos (p. ex., câncer de mama, cólon, tireoide e  Além disso: essa E6 vai inibir/degradar a p53 e
pulmão) aumentou. da BAX {pró-apoptose}, na hora que tem um
Ex3: Exames de TC aumentou o risco de leucemia câncer; Portanto: a presença dessa proteína E6
e tumores cerebrais, principalmente em é indicativo de câncer.
crianças;  No caso da proteína E7 vai inibir a p21
{aumentando a proliferação celular},
CARCINOGÊNESE MICROBIANA culminando também no câncer.
 Ademais: A E7 também inibe a proteína da RB-
VÍRUS ONCOGÊNICOS DE RNA E2F, gerando instabilidade genômica.

 Vírus da leucemia de células T


humanas tipo 1
{HTLV-1} causa leucemia/linfoma
da célula T em adultos {ATLL}, que é
um tumor endêmico.
É importante salientar que o HTLV-
1 possui um tropismo para as
células T CD4+ e, portanto, esse
subconjunto de células T é o alvo
principal da transformação
neoplásica.

OBS: Diversos aspectos da atividade


transformadora do HTLV-1 são atribuídos ao Tax Figura 7-43: Efeito das proteínas E6 e E7 do HPV no ciclo
{que sai ativando outras vias} → interage com P13K celular. A E6 e a E7 aumentam a degradação de p53,
e estimula o AKT, consequentemente aumentando a provocando um bloqueio na apoptose e uma diminuição da
instabilidade genômica. atividade do inibidor de ciclo celular p21. A E7 se associa com
a p21 e evita sua inibição do complexo ciclina-CDK4; a E7
VÍRUS ONCOGÊNICOS DE DNA: pode se ligar a RB, removendo a restrição ao ciclo celular. O
Papilomavírus humanos: efeito global das proteínas E6 e E7 do HPV consiste no
Tem-se pelo menos 70 bloqueio da apoptose e na remoção das restrições à
tipos geneticamente proliferação celular
distintos de HPV;
Alguns tipos como o 1, 2, 4 EPIDEMIOLOGIA:
e 7 provocam o papiloma
escamoso benigno ✓ 50-80% das mulheres sexualmente ativas serão
{verrugas} em humanos; infectadas por um ou mais tipos de HPV em
algum momento de suas vidas;
Por outro lado, o HPV de alto risco, como o tipo ✓ Apenas 1% dessas mulheres infectadas
16 e 18 foram envolvidos na gênese de diversos desenvolverão câncer de colo útero, visto que na
cânceres, principalmente do carcinoma de maioria dos casos o sistema imunológico
células escamosas do colo do útero e da região combate;
anogenital; ✓ 500 mil novos casos de câncer de colo de colo de
Ademais: os tipos de HPV de alto risco útero são relatados, de forma mundial.
expressam proteínas oncogênicas que:
✓ inativam os supressores de tumor; UMA POSSÍVEL EVOLUÇÃO DO LINFOMA DE
✓ ativam ciclinas;
BURKITT INDUZIDO POR EPSTEIN-BARR {EBV}
✓ inibem a apoptose;
✓ e combatem a senescência celular. ENTENDA:
EFEITOS TRANSFORMADORES DAS  Tem-se uma infecção latente com HBV, frente a
PROTEÍNAS E6 E E7 DO HPV: isso: através de receptores como EBB-CD21 →
o vírus se conecta a esse receptor → essa
 O potencial oncogênico do HPV pode estar
ligação culmina em expansão policlonal das
relacionado ao produto de dois genes virais: E6
células B, logo: basicamente esse vírus afeta as
e E7, entenda:
células B.
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 Além disso: está presente também as células T ✓ Ação do vírus: O vírus Epstein-Barr {EBV} inibe a
citotóxicas e antígenos EBV na membrana morte celular programa e contribui para o
celular. desenvolvimento e manutenção do linfoma de
 Em suma: Esse vírus leva a ocorrência de Burkitt.
mutações que é a translocação de genes, ✓ Clinicamente: pode-se observar que este
aumentando o MYC → e na hora da linfoma ocorre especialmente em crianças, com
translocação/mutação começa a surgir células pico de incidência entre 3-8 anos e que o gênero
másculo é afetado cerca de 2x mais que o
neoplásicas → originando o linfoma de Burkitt. feminino;
 É importante ratificar que o caso do linfoma de ✓ Locais da lesão: geralmente na maxila,
Burkitt parece que o EBV não é diretamente mandíbula e abdome e quando envolve a
oncogênico, mas ao agir como um mitógeno cavidade oral, os sinais mais frequentes desta
policlonal das células B, ele dita estágio para a neoplasia são tumefação da região e
aquisição da translocação t (8;14) e de outras mobilidade dentária;
mutações, que, em última análise, liberam as ✓ Sintomas: são geralmente mínimos, consistindo
células da regulação normal do crescimento. em dor, sensibilidade e parestesia;
 Em indivíduos normais, a infecção por EBV é ✓ Tratamento: através de regime intensivo de
rapidamente controlada por respostas imunes quimioterapia, com taxas de sobrevida de 5
efetivas dirigidas contra antígenos virais anos entre 75% e 95% dependendo do estágio da
expressos na membrana celular. Dessa forma: a lesão na época do diagnóstico;
vasta maioria de indivíduos infectados ✓ Portanto: Trata-se de um tumor rara e
permanece assintomáticas ou desenvolve rapidamente progressivo que ocorre em um
mononucleose infecciosa autolimitada. estágio precoce de diferenciação da célula B;
 A título de curiosidade: Em regiões da África
onde o linfoma de Burkitt é endêmico, cofatores VÍRUS DA HEPATITE B E C: HBV / HBC
pouco compreendidos (p. ex., malária crônica)
podem favorecer a aquisição de eventos  Estudos epidemiológicos sugerem fortemente
genéticos (como a translocação t(8;14)) que uma associação próxima entre a infecção por
levam à transformação. Hepatite B e a ocorrência de câncer de fígado.
 Estima-se que 70% a 85% dos carcinomas
hepatocelulares em todo o mundo se devam à
infecção com Hepatite B e C.
 A hepatite B é endêmica nos países do Leste da
Ásia e da África → correspondentemente,
essas áreas possuem a maior incidência de
carcinoma hepatocelular;

HELICOBACTER PYLORI:
 A H. pylori adquiriu agora a dúbia distinção de
ser a primeira bactéria classificada como
carcinógeno.
 De fato, a infecção H. pylori é implicada tanto na
gênese do adenocarcinoma gástrico como de
linfomas gástricos.
 É importante salientar que: o cenário para o
desenvolvimento de adenocarcinoma gástrico é
semelhante ao do câncer de fígado induzido por
HBV e HCV.

 O que acontece? Envolve o aumento da


NO GERAL: proliferação de células epiteliais em um cenário
de inflamação crônica.
✓ Estudos sugerem fortemente a participação do
Como na hepatite viral, o meio inflamatório
vírus Epstein-Barr {EBV} na patogênese do
contém numerosos agentes genotóxicos, como
linfoma de Burkitt.
as espécies reativas de oxigênio.
✓ Sequências do DNA deste vírus podem ser
A sequência de alterações histopatológicas
evidenciadas nas células B e elevados títulos de
consiste no desenvolvimento inicial de
anticorpos contra o EBV são encontrados nos
inflamação crônica/gastrite, seguida por
pacientes portadores dessa patologia;
atrofia gástrica, metaplasia intestinal das
células de revestimento, displasia e câncer.
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OBS: Nas células epiteliais gástricas, o gene Vírus DNA Vírus das Hepatites
CagA também pode contribuir através de Oncogênicos: B e C:
estímulos das vias de fator de crescimento de - Cerca de 70-85% dos
forma desregulada; >> HPV: carcinomas
- O HPV está associado a hepatocelulares em todo
 Acredita-se que a infecção de H. pylori leve à verrugas benignas, assim o mundo se devem à
como ao câncer cervical. infecção por HBV ou HCV.
ativação de células T reativas à H. pylori, que por
sua vez causa proliferação de células B
- A oncogenicidade do
HPV está relacionada à - Os efeitos oncogênicos
policlonais que podem dar origem a um tumor de expressão de duas de HBV e HCV são
células B monoclonal {linfoma MALT} do oncoproteínas virais, E6 e multifatoriais, mas o
estômago, mediante acúmulos de mutações; E7; efeito dominante parece
- Elas se ligam a Rb e p53, ser a inflamação crônica
respectivamente, imunomediada, com lesão
neutralizando sua função. hepatocelular,
estimulação de
- E6 inibe a P53;
proliferação de
hepatócitos e produção
- E7 inibe a P21; de espécies reativas de
oxigênio que podem
>> EPSTEIN-BARR: danificar o DNA.

RESUMO: - O EBV {Vírus Epstein-


Barr} está implicado na H. pylori:
Carcinógenos Químicos: Carcinogênese por patogenia dos linfomas de - A infecção por H. pylori
-Os carcinógenos Radiação: Burkitt, linfomas em está implicada tanto no
químicos têm grupos de - A radiação ionizante pacientes adenocarcinoma gástrico
eletrófilos altamente causa quebra do imunossuprimidos como no linfoma MALT.
reativos que danificam (infecção por HIV ou - O mecanismo dos
cromossomo,
diretamente o DNA, receptores de transplante cânceres gástricos
translocações e, menos de órgão).
levando a mutações e induzidos por H. pylori é
frequentemente,
eventualmente ao câncer. - Certos produtos do gene multifatorial, incluindo
mutações pontuais, EBV contribuem para a
- Os agentes de ação inflamação crônica
levando ao dano oncogênese pela
direta não requerem imunomediada,
genético e à estimulação de uma via estimulação de
conversão metabólica
carcinogênese. de proliferação normal de proliferação de células
para se tornar
carcinogênicos, células B. gástricas e produção de
- Enquanto os agentes de - Os raios UV induzem a - O concomitante espécies reativas de
mutações. culminando comprometimento da oxigênio, como CagA,
ação indireta não são
em carcinomas de competência imune também pode contribuir
ativos até se converter em
permite a proliferação pela estimulação das vias
um carcinógeno final por células escamosas e
sustentada de células B, do fator de crescimento.
vias metabólicas melanomas da pele;
endógenas. levando eventualmente ao - Acredita-se que a
desenvolvimento de infecção por H. pylori leve
-Portanto, os Vírus RNA Oncogênicos: linfoma, com ocorrência a proliferações de células
polimorfismos de enzimas - O HTLV-I causa uma de mutações adicionais, B policlonais, e
endógenas, como o leucemia de células T como t(8;14), culminando eventualmente um tumor
citocromo P-450, podem {endêmica no Japão e na ativação do gene MYC. de células B monoclonais
influenciar a Caribe}; (linfoma MALT) emerge
carcinogênese.
- O genoma do HTLV-I como resultado de
codifica uma proteína acúmulo de mutações
- São exemplos de TAX interage com P13k e
carcinógenos humanos os estimula/aumenta a AKT,
agentes de ação direta (p. consequentemente EM SUMA: Tanto HBV
ex., agentes alquilantes estabelecendo circuitos como H. Pylori são
usados para de sinalização autócrinos infecções envolvidas
quimioterapia e envolvido e parácrinos que
no surgimento de com inflamação
estimulam a proliferação crônica.
leucemia mieloide aguda),
agentes de ação indireta de células T.
(p. ex., benzopireno, - Embora inicialmente
corantes azo, aflatoxina e essa proliferação seja
hidrocarbonetos policlonal, as células T
policíclicos – surge após o proliferantes estão em
processo de assar carne); risco maior de mutações
secundárias que levam,
consequentemente, a
uma leucemia
monoclonal.
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QUESTÕES
NORTEADORAS
01) A proteína E6 do vírus papiloma vírus humano
(HPV) é responsável pela inibição de:
a) RBE2F
b) P21
c) CDK4/Ciclina D
d) P53

02) Em qual infecção a inflamação parece ser o


fator dominante para o surgimento da
tumorigênese?
a) HTLV-1 e EBV
b) EBV e HPV
c) HPV e HBV
d) HBV e H. Pylori

3) Qual dos agentes carcinogênico que pode


surgir após o processo de assar ou grelhar?
a) Benzopireno
b) Agente Alquilante
c) Amina Aromática
d) Hidrocarbonetos policíclicos

4) Qual dos agentes apresenta ação direta e está


envolvido com o surgimento de leucemia
mieloide aguda
a) Benzopireno
b) Agente Alquilante
c) Amina Aromática
d) Hidrocarbonetos policíclicos

5) Qual molécula costuma ser ativada pela Tax


para aumento da sinalização pró-crescimento
do HTLV-1?
a) NF-KB
b) CDK
c) P16
d) AKT

Gabarito: D / D / D / B / D

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