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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURICIO DE NASSAU

DISCIPLINA CUIDADO INTEGRAL AO ADULTO 1

ALTERAÇÕES ONCOLÓGICAS – ASPECTOS CLÍNICOS,


EPIDEMIOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS QUE
FUNDAMENTAM O CUIDAR:
CÂNCER E QUIMIOTERAPIA

PROF.ª MS. JOYCE SANTANA


 Câncer é um termo que abrange mais de 100
diferentes tipos de doenças malignas que têm em
comum o crescimento desordenado de células,
que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos a
distância. 
Conceito  Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a
ser muito agressivas e incontroláveis,
determinando a formação de tumores, que podem
espalhar-se para outras regiões do corpo.
Etiologia
 Estágio de iniciação: os genes sofrem ação dos
agentes cancerígenos, que provocam modificações
em alguns de seus genes. Nessa fase, as células se
Estágios da encontram geneticamente alteradas, porém ainda
não é possível se detectar um tumor clinicamente.
carcinogênese Elas encontram-se "preparadas", ou seja,
"iniciadas" para a ação de um segundo grupo de
agentes que atuará no próximo estágio.
 Estágio de promoção: as células geneticamente
alteradas, ou seja, "iniciadas", sofrem o efeito dos
agentes cancerígenos classificados como
oncopromotores. A célula iniciada é transformada
em célula maligna, de forma lenta e gradual.
Estágios da
 Alguns componentes da alimentação e a exposição
carcinogênese excessiva e prolongada a hormônios são exemplos
de fatores que promovem a transformação de
células iniciadas em malignas.
 Estágio de progressão: se caracteriza pela
multiplicação descontrolada e irreversível das
células alteradas. Nesse estágio, o câncer já está
instalado, evoluindo até o surgimento das
primeiras manifestações clínicas da doença.
Estágios da  Os fatores que promovem a iniciação ou
carcinogênese progressão da carcinogênese são chamados
agentes oncoaceleradores ou carcinógenos.
 O fumo é um agente carcinógeno completo, pois
possui componentes que atuam nos três estágios
da carcinogênese.
Epidemiologia
Incidência estimada conforme a localização primária do
tumor e sexo.

Epidemiologia
Mortalidade conforme a localização primária do tumor e sexo.

Epidemiologia
Mortalidade conforme a localização primária do tumor e sexo.

Epidemiologia
Alimentação

Agentes
Idade
Infecciosos

FATORES DE CÂNCER

RISCO Genética
Fatores
Ocupacionais

Radiação
Sedentarismo
Solar
 Triagem: O câncer é suspeito com base nos
sintomas, nos resultados de um exame físico e, por
vezes, nos resultados de testes de triagem que
dependem da localização e queixas apresentadas
pelo cliente
 Diagnóstico:
 Radiografia, ultrassonografia ou tomografia
DIAGNÓSTICO computadorizada (TC), pode ser realizado.
 Biópsia de tecidos ou do sangue.
 Marcadores tumorais: a medição dos níveis dos
marcadores tumorais no sangue (substâncias
secretadas na corrente sanguínea por certos
tumores) pode fornecer evidências adicionais a
favor ou contra o diagnóstico de câncer. 
 Estadiamento: ajuda a determinar a sua extensão
em termos de localização, tamanho, invasão de
estruturas próximas e disseminação para outras
partes do corpo.
 Gradação: A gradação é a medida da rapidez com
que o câncer está crescendo ou se espalhando
(chamado agressividade). O grau do câncer pode
DIAGNÓSTICO ajudar os médicos a determinar o prognóstico.
 O grau é determinado pelo exame da amostra
de tecido obtida durante uma biópsia. O grau
se baseia no grau de anormalidade da
aparência das células cancerosas em um
exame microscópico. Células com aparência
mais anormal são mais agressivas.
 Carcinoma
 Sarcomas
TIPOS  Leucemia
 Linfoma
 O tratamento do câncer é feito por meio de uma
ou várias modalidades combinadas. A principal é a
cirurgia, que pode ser empregada em conjunto
com radioterapia, quimioterapia ou transplante de
medula óssea.
TRATAMENTO  O médico vai escolher o tratamento mais
adequado de acordo com a localização, o tipo do
câncer e a extensão da doença.
 Todas as modalidades de tratamento são
oferecidas pelo SUS.
 Consiste na retirada do tumor através de
operações no corpo do paciente.
 O ato cirúrgico pode ter finalidade curativa,
sobretudo quando há detecção precoce do tumor e
é possível sua retirada total; ou finalidade paliativa,
quando o objetivo é de reduzir a quantidade de
TRATAMENTO células tumorais ou de controlar sintomas que
comprometam a qualidade da sobrevivência do
CIRURGIA paciente.
 Alguns exemplos de tratamentos paliativos são: a
descompressão de estruturas vitais, o controle de
hemorragias e perfurações, o desvio de trânsitos
aéreo, digestivo e urinário, o controle da dor e a
retirada de uma lesão de difícil convivência.
QUIMIOTERAPIA

 A quimioterapia é o método que utiliza compostos


químicos, chamados quimioterápicos, no
TRATAMENTO tratamento de doenças causadas por agentes
biológicos. Quando aplicada ao câncer, a
quimioterapia é chamada de quimioterapia
antineoplásica ou quimioterapia antiblástica.
Tratamento
QUIMIOTERAPIA
 1946 - O primeiro quimioterápico antineoplásico
foi desenvolvido a partir do gás mostarda, usado
nas duas Guerras Mundiais como arma química.
Após a exposição de soldados a este agente,
observou-se que eles desenvolveram hipoplasia
Quimioterapia medular e linfóide, o que levou ao seu uso no
tratamento dos linfomas malignos.
HISTÓRICO  Nas décadas de 60 e 70 inicia-se a era da
quimioterapia científica, com o conhecimento da
cinética celular e da ação farmacológica das
drogas.
 Introdução da poliquimioterapia.
 Afetam tanto as células normais como as
neoplásicas;
 Maior dano às células malignas;
 Diferenças quantitativas entre os processos
metabólicos dessas duas populações celulares;

MECANISMO  Crescimento das células malignas e os das células

DE AÇÃO normais;
 Ação nas enzimas, que são responsáveis pela
maioria das funções celulares;
 Afeta a função e a proliferação tanto das células
normais como das neoplásicas.
QUIMIOTERAPIA

Vias de
administração
 Ciclo-inespecíficos - Aqueles que atuam nas
células que estão ou não no ciclo proliferativo,
como, por exemplo, a mostarda nitrogenada.
Classificação das  Ciclo-específicos - atuam somente nas células que
drogas se encontram em proliferação, como é o caso da
antineoplásicas ciclofosfamida.
 Fase-específicos - Aqueles que atuam em
determinadas fases do ciclo celular
INIBIDORES DE MICROTÚBULOS
 São quimioterápicos que interferem nas estruturas
responsáveis pela divisão do material genético
durante a divisão celular.

QUI MIOTERAPIA  Incluem grupos de drogas como os taxanos e os


alcaloides da vinca. Os taxanos, como o paclitaxel
e o docetaxel, têm sido usados no tratamento do
MECANISMO DE câncer de cabeça e pescoço, pulmão, mama,
AÇÃO estômago, ovário, próstata, entre outros.
 Os alcaloides da vinca, como a vincristina, a
vimblastina e a vinorelbina, têm sido usados no
tratamento dos cânceres de pulmão e mama, além
dos linfomas.
AGENTES ALQUILANTES
 São agentes que se ligam ao DNA ou promovem a
ligação de substâncias tóxicas ao DNA, levando à morte
celular por dano ao material genético.
 Incluem o grupo de drogas formado pelas platinas
QUI MIOTERAPIA (carboplatina, cisplatina e oxaliplatina). As platinas são
usadas no tratamento da maioria das neoplasias
malignas, incluindo cânceres de cabeça e pescoço,
pulmão, trato gastrointestinal e aparelho ginecológico.
MECANISMO DE
AÇÃO  Os agentes alquilantes incluem ainda muitos outros
quimioterápicos, como a ciclofosfamida, a ifosfamida e
a temozolomida, usadas no tratamento de diversos
tumores, incluindo o câncer de mama, os tumores
cerebrais, as leucemias e os linfomas.
ANTIMETABÓLITOS
 Impedem a incorporação desses elementos ao DNA,
bloqueando a duplicação do material genético e,
consequentemente, a divisão da célula.
 Incluem análogos de purina (fludarabina,
QUI MIOTERAPIA mercaptopurina e cladribina), que são usados no
tratamento de neoplasias hematológicas.
 Incluem também os análogos de pirimidina
MECANISMO DE (gencitabina, citarabina e 5-fluorouracil), que são
AÇÃO usados para o tratamento da maioria dos tumores
sólidos e das neoplasias hematológicas.
 Finalmente, os antimetabólitos incluem os análogos do
ácido fólico (metotrexato, raltitrexede e pemetrexede),
usados para o tratamento do câncer de pulmão, mama
e cólon, além das neoplasias hematológicas.
OUTRAS CLASSES
 Incluem drogas como o etoposídeo, a doxorrubicina, o
irinotecano e topotecano, que bloqueiam a ação de uma
QUI MIOTERAPIA substância responsável pela manutenção da estrutura
do DNA.
 Assim, causam a morte celular por dano ao material
MECANISMO DE genético. São usados para o tratamento do câncer do
AÇÃO cérebro, mama, cólon e sarcomas, assim como de
neoplasias hematológicas.
 Curativa - quando é usada com o objetivo de se
conseguir o controle completo do tumor
 Adjuvante - quando se segue à cirurgia curativa,
tendo o objetivo de esterilizar células residuais
locais ou circulantes, diminuindo a incidência de
Tipos e finalidades metástases à distância.
da quimioterapia
 Neoadjuvante ou prévia - quando indicada para se
obter a redução parcial do tumor, visando a
permitir uma complementação terapêutica com a
cirurgia e/ou radioterapia.
 Paliativa - não tem finalidade curativa. Usada com
a finalidade de melhorar a qualidade da sobrevida
do paciente.
TOXICIDADE
 Método capaz de destruir células tumorais
empregando feixe de radiações ionizantes.
 Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada em
RADIOTERAPIA um determinado tempo, a um volume de tecido
que engloba o tumor, buscando erradicar todas as
CONCEITO células tumorais, com o menor dano possível às
células normais circunvizinhas, à custa das quais se
fará a regeneração da área irradiada.
Divide-se em dois tipos:
 TELETERAPIA: Fonte de radiação está fora do
RADIOTERAPIA corpo (cerca de 1 metro do paciente);

CLASSIFICAÇÃO  BRAQUITERAPIA: Fonte está em contato ou


dentro do tumor.
RADIOTERAPIA

ETAPAS
RADIOTERAPIA

ETAPAS
RADIOTERAPIA

ETAPAS
 Dependendo do tumor e da anatomia do paciente
podem ser utilizados diversos dispositivos (cateteres,
aplicadores) para o tratamento, sendo que alguns
necessitam de sedação.
RADIOTERAPIA
 A fonte de radiação sai do aparelho, percorre cateteres
BRAQUITERAPIA que são ligados aos aplicadores e irradia próximo a área
a ser tratada, depois a fonte retorna ao aparelho
fazendo o mesmo trajeto.
Dependem da localização do tumor, do volume do
tecido irradiado, da energia utilizada, da dose total e
do estado geral do paciente .

RADIOTERAPIA  Reações Agudas – Alterações da integridade da pele


(RADIODERMITE), fadiga, ansiedade, esofagite,
náuseas vômitos, diarréia e alopécia;
 Reações
TOXICIDADE Intermediárias – Anemias,
trombocitopenias, leucopenia, desidratação, fibrose,
epilação e esterilidade;
 Reações Tardias – Alterações na microcirculação e no
tecido fibroso.
 Consiste na substituição de uma medula óssea doente
ou deficitária por células normais de medula óssea,
com o objetivo de reconstituição de uma medula
saudável.
 O transplante pode ser autogênico, quando a medula
vem do próprio paciente.
TRANSPLANTE DE
MEDULA ÓSSEA  No transplante alogênico a medula vem de um
doador.
 O transplante também pode ser feito a partir de
células precursoras de medula óssea, obtidas do
sangue circulante de um doador ou do sangue de
cordão umbilical.
 O processo tem início com testes específicos de
compatibilidade, onde são analisados amostras do
sangue do receptor e do doador para que se tenha
a total compatibilidade entre as partes e a medula
não seja rejeitada pelo receptor.
TRANSPLANTE DE
MEDULA ÓSSEA  A partir disto, o doador é submetido a um
procedimento feito em centro cirúrgico, sob
anestesia, e tem duração de aproximadamente
COMO É FEITO?
duas horas. São realizadas múltiplas punções, com
agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é
aspirada a medula.
 Para receber o transplante, o paciente é submetido
a um tratamento que ataca as células doentes e
destrói a própria medula. Então, ele recebe a
TRANSPLANTE DE
medula sadia como se fosse uma transfusão de
MEDULA ÓSSEA
sangue. Uma vez na corrente sanguínea, as células
da nova medula circulam e vão se alojar na medula
COMO É FEITO? óssea, onde se desenvolvem.
OUTRAS
TERAPIAS Iodoterapia Hormonioterapia Imunoterapia

ADJUVANTES
 “Cuidado Paliativo é a abordagem que promove
qualidade de vida de pacientes e seus familiares
diante de doenças que ameaçam a continuidade
da vida, através de prevenção e alívio do
sofrimento. Requer a identificação precoce,
CUIDADOS avaliação e tratamento impecável da dor e outros
PALIATIVOS problemas de natureza física, psicossocial e
espiritual.”

OMS, 2002.
 Iniciar o mais precocemente possível o
acompanhamento em cuidados paliativos junto a
tratamentos modificadores da doença.
CUIDADOS  Reafirmar a vida e sua importância.
PALIATIVOS  Compreender a morte como processo natural sem
antecipar nem postergá-la.
PRINCÍPIOS  Promover avaliação, reavaliação e alívio impecável
da dor e de outros sintomas geradores de
desconforto.
 Perceber o indivíduo em toda sua completude,
incluindo aspectos psicossociais e espirituais no
seu cuidado.
 Oferecer o melhor suporte ao paciente focando na
melhora da qualidade de vida, influenciando
CUIDADOS positivamente no curso da doença quando houver

PALIATIVOS possibilidade e auxiliando-o a viver tão ativamente


quanto possível até a sua morte.
 Compreender os familiares e entes queridos como
PRINCÍPIOS parte importante do processo, oferecendo-lhes
suporte e amparo durante o adoecimento do
paciente e também no processo de luto após o
óbito do paciente.
CUIDADOS
PALIATIVOS
 O cuidado paliativo visa oferecer cuidados adequados e
dignos aos pacientes com e sem possibilidade curativa.
 Melhor planejamento prévio de cuidados, melhora da
qualidade de vida, redução de sintomas desagradáveis,
maior satisfação dos pacientes e do núcleo cuidador e
CUIDADOS menor utilização do sistema de saúde(KAVALIERATOS
et al., 2016).
PALIATIVOS  Em 31 de outubro de 2018, o Ministério da Saúde
publicou a resolução no 41, que normatiza a oferta de
cuidados paliativos como parte dos cuidados
continuados integrados no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS) (MINISTERIO DA SAUDE, 2018).
 Em 2006, o Conselho Federal de Medicina (CFM)
publicou a resolução 1.805, que diz: “E permitido ao
medico limitar ou suspender procedimentos e
CUIDADOS tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase
PALIATIVOS terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada
a vontade da pessoa ou de seu representante legal”
ASPECTOS LEGAIS (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2006), que
equivale, portanto, a permissão de realização da
ortotanásia.
 Apenas em 2010 a RESOLUÇÃO 1.805/2006 DO
CFM foi validada pela justiça.
“Capítulo I – Princípios Fundamentais
CUIDADOS (...) XXII - Nas situações clinicas irreversíveis e
PALIATIVOS terminais, o medico evitara a realização de
procedimentos diagnósticos e terapêuticos
ASPECTOS LEGAIS desnecessários e propiciara aos pacientes sob
sua atenção todos os cuidados paliativos
apropriados” (p.17 – grifo nosso).
 ORIENTAÇÕES VOLTADAS:
 Rotinas hospitalares: procedimentos a serem realizados,
conduta cirúrgica, as alterações e sintomatologia no pós-
operatório.
 Contribui para diminuir o stress; identificar e intervir nos
aspectos prejudiciais; nas possíveis alterações presentes na auto-
imagem e auto-estima;
 Facilitar e/ou possibilitar a recuperação física, emocional e social
ASSISTÊNCIA DE do cliente;

ENFERMAGEM AO  Permitir decisões no tratamento, exposição dos medos, anseios,


dúvidas e expectativas e para o autocuidado;
PACIENTE  Facilitar o acesso entre a equipe multidisciplinar;
ONCOLÓGICO  Discutir sobre o retorno às atividades e convívio social, enfatizar
a importância do seguimento; abordar a possibilidade de
reconstrução;
 Pretendem, também, dar estímulo para que readquiram a
autoconfiança e mantenham a moral elevada, pensando na
reabilitação

 CUIDADO VOLTADO PARA MELHORIA DAS NECESSIDADES


HUMANAS BÁSICAS
OBRIGADA!

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