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A carcinogênese é o processo que leva à formação do câncer.

As células cancerosas têm


quatro características que as distinguem das células normais:

Proliferação descontrolada
Diferenciação e perda de função
Poder de invasão
Capacidade de sofrer metástases

A carcinogênese pode ser classificada, segundo seu agente indutor, em química, física ou
viral.

Os tumores benignos são caracterizados por:


Apresentar células semelhantes às do tecido original
Crescer lentamente
Ser bem vascularizado
Comprimir os tecidos vizinhos, mas não os infiltra
Ser bem delimitado
Não recidivar após a sua remoção
Não se espalhar

As oito principais características dos tumores, de acordo com os princípios da


carcinogênese, são geralmente descritas como as seguintes:

1 - Proliferação celular descontrolada: Os tumores exibem um crescimento celular


desregulado, com células que se dividem de forma descontrolada e não respondem aos
sinais de regulação normais.

2 - Insensibilidade à sinais anti-proliferativos: As células tumorais podem não responder


adequadamente aos sinais que normalmente inibiriam a divisão celular, permitindo assim a
continuação do crescimento.

3 - Evasão da apoptose (morte celular programada): As células tumorais podem evitar a


morte celular programada, conhecida como apoptose, que normalmente elimina células
danificadas ou anormais.

4 - Capacidade de induzir angiogênese: Tumores desenvolvem a capacidade de estimular a


formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) para fornecer nutrientes e oxigênio,
permitindo o crescimento contínuo do tumor.

5 - Capacidade de invasão local e metastização: As células tumorais podem invadir e


destruir os tecidos circundantes e, em alguns casos, espalhar-se para outras partes do
corpo, formando metástases.

6 - Capacidade de evadir o sistema imunológico: Tumores podem desenvolver mecanismos


para evitar a detecção e destruição pelo sistema imunológico, permitindo assim a sua
sobrevivência e crescimento.
7 - Instabilidade genética: Tumores frequentemente exibem instabilidade genética, com
mutações genéticas que podem levar a uma maior diversidade celular e resistência a
tratamentos.

8 - Alteração do metabolismo celular: As células tumorais frequentemente alteram o seu


metabolismo para se adaptarem às suas necessidades de crescimento rápido, incluindo
mudanças no uso de nutrientes e na produção de energia.

METABOLISMO CÉLULAS TUMORAIS

O tipo de metabolismo das células tumorais é frequentemente caracterizado por um


fenômeno conhecido como "efeito Warburg". Este termo refere-se à preferência das células
tumorais por um metabolismo anaeróbico, mesmo em presença de oxigênio, em contraste
com o metabolismo aeróbico típico das células normais.

No metabolismo aeróbico, as células utilizam o oxigênio para produzir energia na forma de


ATP através da respiração celular, um processo eficiente que ocorre nas mitocôndrias. No
entanto, em muitos tipos de células tumorais, ocorre uma mudança para o metabolismo
anaeróbico, conhecido como glicólise aeróbica, onde a glicose é metabolizada em lactato,
mesmo na presença de oxigênio.

Este metabolismo anaeróbico fornece uma vantagem para as células tumorais em


ambientes de baixa oxigenação, como os encontrados no interior de tumores em
crescimento rápido. Além disso, a glicólise aeróbica fornece precursores metabólicos
necessários para a síntese de componentes celulares, como nucleotídeos e lipídios, que
são fundamentais para o crescimento e proliferação tumoral.

Assim, o metabolismo característico das células tumorais é frequentemente marcado por


uma maior dependência da glicólise aeróbica, mesmo em condições aeróbicas, em
comparação com as células normais. Essa peculiaridade metabólica é uma das
características distintivas do câncer e tem sido explorada como um alvo potencial para
terapias direcionadas ao câncer.

AGENTES CARCINÓGENOS

Agentes carcinógenos são substâncias ou agentes físicos, biológicos ou químicos que têm
a capacidade de causar câncer. Eles podem agir danificando o DNA das células,
interferindo nos processos celulares normais, promovendo a proliferação celular
descontrolada ou prejudicando o sistema imunológico, entre outros mecanismos. Existem
diferentes tipos de agentes carcinógenos, incluindo:

Carcinógenos químicos: São substâncias químicas que têm a capacidade de causar


câncer. Exemplos incluem compostos encontrados em produtos de tabaco, como o tabaco e
seus subprodutos, como a nicotina e o alcatrão. Além disso, poluentes ambientais, como
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), amianto, arsênico, formaldeído e muitos
produtos químicos industriais, também são conhecidos por serem carcinógenos.
Carcinógenos físicos: São agentes físicos que podem causar danos ao DNA das células,
levando ao câncer. Exemplos incluem radiação ionizante, como raios X e radiação gama, e
radiação ultravioleta (UV) do sol.

Carcinógenos biológicos: São agentes biológicos, como certos vírus, bactérias e


parasitas, que podem causar câncer. Exemplos incluem o vírus do papiloma humano (HPV),
que está associado ao câncer cervical, e o vírus da hepatite B e C, que podem levar ao
câncer de fígado.

Carcinógenos ocupacionais: São substâncias encontradas no local de trabalho que têm a


capacidade de causar câncer. Exemplos incluem asbestos (amianto), produtos químicos
como benzidina e formaldeído, e radiações ionizantes.

Carcinógenos alimentares: São substâncias presentes em certos alimentos que podem


aumentar o risco de câncer quando consumidas em grandes quantidades ou em certas
condições. Exemplos incluem aflatoxinas, encontradas em alimentos contaminados por
fungos, e certos aditivos alimentares.

É importante notar que a exposição a um carcinógeno nem sempre resultará no


desenvolvimento de câncer, e o risco de câncer associado a um determinado agente
carcinogênico pode depender de vários fatores, incluindo a dose, a duração da exposição e
a suscetibilidade genética.

o termo "carcinógeno" e "cancerígeno" são frequentemente usados de forma intercambiável


e têm o mesmo significado. Ambos se referem a uma substância ou agente que é capaz de
causar câncer em seres humanos ou em outros organismos vivos.

Portanto, se uma substância é descrita como carcinógena ou cancerígena, isso significa


que ela tem a capacidade de desencadear o desenvolvimento de câncer em células
expostas a ela. Essa exposição pode ocorrer de várias maneiras, como inalação, ingestão,
absorção cutânea ou exposição direta a agentes físicos, biológicos ou químicos que têm
propriedades carcinogênicas.

CANCER E SISTEMA IMUNOLÓGICO

O sistema imunológico desempenha um papel fundamental na detecção e eliminação de


células cancerígenas no organismo. A correlação entre o sistema imunológico e o câncer é
complexa e envolve vários aspectos:

Imunovigilância: O sistema imunológico está constantemente monitorando o corpo em


busca de células anormais ou cancerígenas. As células do sistema imunológico, como os
linfócitos T, são capazes de reconhecer e destruir células tumorais em estágios iniciais
antes que possam se proliferar e formar tumores.

Imunoedição: Este é um processo em que o sistema imunológico não apenas reconhece as


células cancerígenas, mas também exerce uma pressão seletiva sobre elas. Isso pode
resultar na eliminação das células tumorais, no equilíbrio entre o crescimento e a supressão
do tumor, ou até mesmo na promoção do crescimento tumoral por meio de mecanismos
imunossupressores.

Imunoescape: À medida que o câncer progride, as células tumorais podem desenvolver


estratégias para evadir o sistema imunológico. Isso pode incluir a downregulação de
moléculas de superfície celular envolvidas no reconhecimento pelos linfócitos T, a secreção
de substâncias supressoras imunossupressoras, ou a criação de um microambiente tumoral
que inibe a resposta imune.

Imunoterapia: Este é um campo em crescimento na pesquisa e no tratamento do câncer,


que envolve o uso de terapias que visam fortalecer ou direcionar o sistema imunológico
para atacar as células tumorais. Isso pode incluir terapias que aumentam a atividade dos
linfócitos T, bloqueiam os mecanismos de imunossupressão tumoral ou utilizam terapias
celulares, como terapias com células CAR-T, que envolvem a modificação de células
imunes para atacar especificamente o câncer.

Em resumo, o sistema imunológico desempenha um papel crucial na prevenção e no


controle do câncer, mas as células tumorais podem desenvolver mecanismos para evadir a
resposta imune. Compreender essa interação complexa entre o sistema imunológico e o
câncer é fundamental para o desenvolvimento de novas estratégias de tratamento e
imunoterapias mais eficazes.

PROCESSO DE METÁSTASE E INVASÃO

O processo de invasão e metástase dos tumores é complexo e envolve várias etapas. Vou
explicar detalhadamente cada uma dessas etapas:

Desprendimento das células tumorais primárias: O processo de invasão e metástase


começa quando as células tumorais primárias adquirem a capacidade de se desprender do
tumor original. Isso pode ocorrer devido a mudanças em moléculas de adesão celular e
interações com o microambiente tumoral.

Invasão local: As células tumorais desprendidas então invadem os tecidos circundantes.


Para fazer isso, as células tumorais devem atravessar a membrana basal e interagir com
células estromais, que são células que compõem o tecido conjuntivo. Elas usam enzimas
chamadas metaloproteinases da matriz (MMPs) para degradar a matriz extracelular e abrir
caminho para a invasão.

Intravasação: Uma vez que as células tumorais invadem os tecidos circundantes, elas
podem se mover em direção aos vasos sanguíneos ou linfáticos próximos. As células
tumorais que entram na corrente sanguínea ou linfática através desse processo são
chamadas de células intravasculares.

Transporte no sistema circulatório ou linfático: As células tumorais intravasculares podem


ser transportadas pelo sistema circulatório ou linfático para outras partes do corpo. Durante
esse transporte, as células tumorais enfrentam várias barreiras, como a força do fluxo
sanguíneo e a imunidade natural do organismo.

Extravasação: Uma vez que as células tumorais alcançam um novo local, elas devem sair
dos vasos sanguíneos ou linfáticos, um processo chamado de extravasação. Isso envolve a
aderência das células tumorais às paredes dos vasos sanguíneos ou linfáticos, seguida pela
penetração através das paredes e entrada nos tecidos circundantes.

Colonização e formação de micrometástases: Uma vez que as células tumorais extravasam


com sucesso, elas podem colonizar os tecidos circundantes e começar a se proliferar,
formando micrometástases. Essas micrometástases podem permanecer dormentes por um
período de tempo antes de começarem a crescer ativamente.

Crescimento e formação de metástases secundárias: As células tumorais que formam


micrometástases podem continuar a crescer e formar tumores secundários, conhecidos
como metástases. Essas metástases podem crescer em diferentes locais do corpo,
frequentemente em órgãos distantes do tumor original.

Cada uma dessas etapas do processo de invasão e metástase dos tumores é complexa e
envolve interações entre as células tumorais, células do hospedeiro, proteínas da matriz
extracelular e fatores do microambiente tumoral. Essa compreensão detalhada do processo
é crucial para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento do câncer que
visam interromper ou impedir a disseminação metastática das células tumorais.

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