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Pesquisas:

quimioterapia e radioterapia

I. Fundamentos da Quimioterapia e Radioterapia

(Roberto)

A radioterapia e a quimioterapia são duas abordagens fundamentais no tratamento


do câncer, com bases científicas distintas, mas igualmente cruciais na luta contra
essa doença debilitante.

A radioterapia é um método que se baseia na utilização de radiações ionizantes,


como raios-X e feixes de partículas, para danificar as células cancerosas. Seu
fundamento reside na capacidade de radiações de alta energia penetrarem nos
tecidos afetados, causando danos ao material genético das células tumorais. Esse
dano impossibilita a replicação celular e, eventualmente, leva à morte das células
cancerosas. Importante notar que a radioterapia é altamente direcionada, visando
minimizar o impacto nas células saudáveis circundantes. Além disso, é
frequentemente utilizada em combinação com cirurgia e quimioterapia, dependendo
do estágio e da localização do câncer.

Já a quimioterapia é um método sistêmico, no qual fármacos são administrados


para combater as células cancerosas em todo o corpo. A sua base reside na ação
de agentes químicos que interrompem o ciclo de crescimento das células
cancerosas, inibindo a sua proliferação. A quimioterapia é eficaz em diferentes tipos
de câncer, mas a sua administração pode ter efeitos colaterais significativos devido
à sua ação sistêmica, afetando também células saudáveis. Avanços recentes na
pesquisa têm permitido o desenvolvimento de terapias mais direcionadas, visando
especificamente as células cancerosas, minimizando os efeitos adversos.

Ambas as terapias desempenham papéis essenciais no tratamento do câncer,


muitas vezes complementando-se para maximizar a eficácia do tratamento. A
escolha entre radioterapia e quimioterapia depende da natureza do câncer, do
estágio da doença e da saúde geral do paciente. Essas terapias exemplificam o
compromisso constante da medicina em desenvolver abordagens inovadoras e
eficazes na luta contra o câncer, preservando ao máximo a qualidade de vida dos
pacientes.

(Ana Flávia)

Os principais efeitos colaterais da radioterapia são:


Vermelhidão, ressecamento, bolhas, coceira ou descamação da pele;
Cansaço e falta de energia que não melhora mesmo com o repouso;
Boca seca e feridas na gengiva;
Problemas para engolir;
Náuseas e vômitos;
Diarreia;
Inchaço;
Problemas urinários e na bexiga;
Queda de cabelo, especialmente quando aplicada na região da cabeça;
Ausência de menstruação, secura vaginal e infertilidade em mulheres, quando
aplicada na região da pélvis;
Impotência sexual e infertilidade em homens, quando aplicada na região da pélvis.
De forma geral, essas reações começam durante a 2ª ou 3ª semana de tratamento,
podendo durar até várias semanas após a última aplicação. Além disso, os efeitos
colaterais são mais graves quando a radioterapia é feita juntamente com a
quimioterapia.

(Syelle)
II. Câncer e o Sistema Imune

A. Resposta imune ao câncer


Papel do sistema imunológico na defesa contra o câncer.
Inibição da resposta imune pelo câncer.

Resposta Imune ao Câncer:


O sistema imunológico é a defesa natural do corpo contra ameaças, como bactérias,
vírus e células anormais, incluindo as células cancerosas. Quando o sistema
imunológico reconhece uma célula cancerosa como estranha, ele inicia uma
resposta imune para combatê-la. Esta resposta é crucial para a prevenção e o
controle do câncer.

· Reconhecimento do Câncer: O sistema imunológico possui células, como linfócitos


T e células natural killer (NK), que podem identificar células cancerosas com base
em certas moléculas na superfície delas, como antígenos.

· Resposta Imune Específica: Os linfócitos T, por exemplo, podem reconhecer


antígenos específicos nas células cancerosas e direcionar uma resposta imune
direcionada a essas células.

· Ataque às Células Cancerosas: Uma vez identificadas, as células imunes podem


destruir as células cancerosas, matando-as ou inibindo seu crescimento.

· Memória Imunológica: O sistema imunológico também é capaz de criar uma


"memória" de células cancerosas, o que significa que, se o câncer voltar, o sistema
imunológico pode responder mais rapidamente.

Papel do Sistema Imunológico na Defesa contra o Câncer:


O sistema imunológico desempenha um papel crucial na defesa contra o câncer.
Quando ele funciona adequadamente, pode prevenir o desenvolvimento do câncer
ou ajudar a controlar seu crescimento. No entanto, quando o sistema imunológico
falha em reconhecer ou combater o câncer, a doença pode progredir.

Exemplo - Imunoterapia:
A imunoterapia é uma abordagem de tratamento que visa fortalecer o sistema
imunológico para combater o câncer. Ela envolve a administração de medicamentos
que estimulam o sistema imunológico a reconhecer e atacar as células cancerosas.
Isso tem sido eficaz em vários tipos de câncer, como o melanoma.

Inibição da Resposta Imune pelo Câncer:


O câncer tem várias estratégias para evitar a detecção e a destruição pelo sistema
imunológico. Isso pode permitir que as células cancerosas crescem e se espalhem
sem serem controladas. Dentre elas:

· Evasão Imunológica: O câncer pode diminuir a expressão de antígenos em sua


superfície, dificultando a identificação pelas células imunes.

· Supressão Imunológica: Células cancerosas podem secretar substâncias que


inibem a função das células imunológicas, tornando-as menos eficazes no combate
ao câncer.
· Imunossupressão no Microambiente Tumoral: O ambiente ao redor do tumor pode
ser supressor do sistema imunológico, criando um "escudo" protetor que impede as
células imunes de alcançar as células cancerosas.

Exemplo - Checkpoint Imunológico:


Algumas células cancerosas expressam proteínas de "checkpoint" que desativam as
células imunes quando se ligam a elas. Isso pode ser bloqueado com
medicamentos, como o pembrolizumabe, para permitir que as células imunes
continuem combatendo o câncer.

REFERÊNCIAS
"Princípios de Imunologia," de Abul K. Abbas e Andrew H. Lichtman
"Cancer Immunology: A Translational Medicine Context," de George Coukos e Sacha
Gnjatic

B. Imunossupressão causada pelo tratamento


Efeitos da quimioterapia no sistema imune.
Radioterapia e a resposta imune.

· Imunossupressão Causada pelo Tratamento: Enquanto o tratamento do câncer


tem como objetivo eliminar as células cancerosas, ele também pode afetar o
sistema imunológico, levando à imunossupressão, o enfraquecimento da resposta
imune. Isso pode ter consequências importantes para a saúde do paciente. Vamos
explorar em detalhes os efeitos da quimioterapia e radioterapia no sistema
imunológico:
· Efeitos da Quimioterapia no Sistema Imune: Supressão das Células Sanguíneas: A
quimioterapia pode afetar a medula óssea, onde as células sanguíneas, incluindo os
leucócitos (células brancas do sangue) são produzidas. Como resultado, os níveis
de leucócitos, particularmente os neutrófilos, podem diminuir, enfraquecendo a
capacidade do corpo de combater infecções.
· Danos às Células Imunes: Alguns medicamentos de quimioterapia podem causar
danos diretos às células imunes, comprometendo sua função. As células T, por
exemplo, podem ser afetadas negativamente.
· Mudanças no Microambiente Tumoral: A quimioterapia também pode afetar o
ambiente ao redor do tumor. Isso pode reduzir a inflamação, tornando-o menos
suscetível à detecção pelo sistema imunológico.
· Tempo de Recuperação: Após o término da quimioterapia, o sistema imunológico
geralmente se recupera gradualmente. No entanto, esse período de recuperação
pode deixar o paciente vulnerável a infecções.

Radioterapia e a Resposta Imune:


A radioterapia é outra abordagem comum para o tratamento do câncer que envolve
o uso de radiações ionizantes para destruir as células cancerosas, a qual pode
causar a morte das células cancerosas, liberando antígenos específicos do tumor.
Isso pode aumentar o reconhecimento pelo sistema imunológico, desencadeando
uma resposta imune.
· Inflamação Local: A radiação pode induzir inflamação na área tratada, atraindo
células imunes para o local do tumor e promovendo uma resposta imune.
· Efeitos Sistêmicos: A radiação também pode afetar o sistema imunológico de
forma sistêmica. Além de atacar o tumor localmente, pode estimular o sistema
imunológico a combater células cancerosas em outras partes do corpo.

REFERÊNCIAS
Artigo Científico: "The Impact of Chemotherapy on the Immune System: A
Systematic Review" de D. I. Guimaraes et al.
Universidade: A Universidade de Texas MD Anderson Cancer Center tem pesquisas
abrangentes sobre a relação entre radioterapia e imunidade antitumoral.

(Syelle)
III. Impacto no Sistema Hematológico

O sistema hematológico desempenha um papel vital na nossa saúde, uma vez que é
responsável pela produção e manutenção das células sanguíneas. A quimioterapia e
a radioterapia, embora sejam tratamentos essenciais no combate ao câncer, podem
afetar significativamente esse sistema, resultando em uma série de desafios que os
pacientes enfrentam durante o tratamento. Vamos explorar cada um dos tópicos de
forma mais detalhada:

A. Quimioterapia e a Hematopoiese:
· Efeitos nas Células-Tronco Hematopoiéticas: A quimioterapia, enquanto alveja as
células cancerosas, também impacta as células-tronco hematopoiéticas, localizadas
na medula óssea. Essas células são responsáveis pela produção de todas as células
sanguíneas, incluindo glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas.
· Consequências: A ação da quimioterapia nas células-tronco hematopoiéticas pode
levar a uma redução na produção de células sanguíneas normais.
Isso pode resultar em anemia, que causa fadiga e fraqueza devido à redução dos
glóbulos vermelhos. A neutropenia, que é uma diminuição dos glóbulos brancos
(neutrófilos), enfraquece a capacidade do sistema imunológico de combater
infecções. A trombocitopenia, ou redução das plaquetas, pode levar a sangramentos
anormais e hematomas.
Exemplo: Se um paciente tratado com quimioterapia desenvolve neutropenia, ele se
torna mais suscetível a infecções, e uma infecção comum, como um resfriado, pode
se tornar grave.

Referências:
"The Biology of Cancer" de Robert Weinberg.
"Chemotherapy and Radiation for Dummies" de Alan P. Lyss.

B. Radioterapia e o Sistema Hematológico:


· Radiossensibilidade das Células Sanguíneas: A radioterapia utiliza radiações
ionizantes para danificar o DNA das células, e as células sanguíneas são
especialmente sensíveis a esse dano. Elas podem ser afetadas tanto diretamente,
quando estão no campo de radiação, quanto indiretamente, por meio da exposição
sistêmica.
· Consequências: A radiação pode levar à destruição de células sanguíneas,
resultando em anemia, neutropenia e trombocitopenia. Além disso, a medula óssea,
responsável pela produção de células sanguíneas, pode ser prejudicada pela
radiação.
· Exemplo: Após radioterapia na região da pelve, um paciente pode desenvolver
anemia devido à exposição da medula óssea à radiação.

Referências:
"Principles and Practice of Radiation Therapy" de Charles M. Washington e Dennis T.
Leaver.

C. Cárie de Radiação:
· O que é Cárie de Radiação: A cárie de radiação, conhecida como mucosite oral, é
uma condição dolorosa que afeta a boca e a garganta de pacientes submetidos à
radioterapia na região da cabeça e pescoço.
· Mecanismo de Desenvolvimento: A radiação prejudica as células da mucosa oral e
inibe sua capacidade de regeneração, levando a feridas dolorosas e inflamação na
boca e garganta.
·Fatores de Risco: A intensidade e a duração da radiação são fatores de risco, assim
como a sensibilidade individual. Pacientes que fumam ou têm má higiene oral estão
mais predispostos.
· Consequências: A cárie de radiação pode causar dor intensa, dificuldade na
alimentação e fala, além de aumentar o risco de infecções.
· Estratégias de Prevenção e Tratamento: Antes do tratamento, os pacientes passam
por cuidados odontológicos para resolver problemas dentários pré-existentes.
Durante o tratamento, é essencial manter uma higiene oral rigorosa e usar
enxaguantes bucais específicos. Em casos graves, a suspensão temporária da
radioterapia pode ser necessária para permitir a recuperação.

Referências:
"Cancer and Radiation Therapy" de Gokula K. Bupathi.

D. Osteorradionecrose:
A osteorradionecrose é uma complicação rara que pode ocorrer após radioterapia,
principalmente em ossos como a mandíbula.
· Mecanismo: A radiação prejudica o suprimento sanguíneo dos ossos,
enfraquecendo-os e tornando-os vulneráveis a infecções.
· Consequências: Pode causar dor, inchaço, feridas não cicatrizantes e, em casos
graves, fraturas ósseas.
· Prevenção e Tratamento: A prevenção envolve cuidados odontológicos antes da
radioterapia e evitar procedimentos dentários invasivos após o tratamento.
· Exemplo: Após radioterapia na região da mandíbula, um paciente pode desenvolver
osteorradionecrose, levando a dor e complicações graves na mandíbula.

Referências:
"Harrison's Principles of Internal Medicine" de J. Larry Jameson, et al.

(Marcus Vinícius)

IV. Considerações odontológicas


·Avaliação bucal periódica para controle da placa bacteriana e aplicação tópica de
flúor gel (Xerostomia: fluoreto neutro; em presença de salivação: fluoreto fosfato
acidulado).
·Orientação para manutenção da higiene bucal rigorosa, com uso de dentifrício
fluoretado e fio dental.

·Manutenção do bochecho com flúor três vezes ao dia, dependendo da xerostomia e


higiene bucal do paciente.

·Realização de raspagem supra gengival e, quando necessário, raspagem


subgengival, em que se faz necessária a cobertura antibiótica.

·Indicação de bochechos com solução de clorexidina, após a terapia periodontal.

·Avaliação radiográfica dos dentes indicados.

·Tratamento conservador indicado: expectante, restaurador, endodôntico.

·Restaurações definitivas das lesões cariosas que surgirem. Nos casos em que o
paciente apresentar xerostomia utilizar o cimento ionômero de vidro. Pode ser feito
bochechos diários com solução de flúor a 0,05%. Realizar, também, controle
mecânico da placa bacteriana e avaliação da dieta.

Os primeiros efeitos da radioterapia e da quimioterapia antineoplásica acontecem


sobre as células do epitélio oral, as quais sofrem rápida proliferação. O tamanho
destes efeitos depende de muitos fatores relacionados ao tratamento, ao paciente e
ao tumor. No que se trata do paciente, interferem nesse processo o seu estado geral
de saúde, presença de comorbidades, sexo, estado nutricional, idade, fatores sociais
e psicológicos, além de hábitos deletérios, patologias orofaciais preexistentes, os
cuidados com a higiene oral e a assistência recebida antes, durante e após o
tratamento oncológico. Mediante o fato de que a quimioterapia e a radioterapia
provocam distúrbios na integridade e função da cavidade oral, ocasionando o
desenvolvimento de complicações orais (CORRÊA& ALVES, 2018).

Essas alterações na integridade bucal devem-se a veracidade de que à radioterapia e


quimioterapia não são capazes de destruir as células tumorais sem lesionar células
normais. Esses efeitos geralmente variam a cada paciente dependendo das
variantes do tratamento, do tumor e do paciente. A radioterapia e a quimioterapia
são comumente indicadas para estas neoplasias malignas, posteriormente ou
previamente à intervenção cirúrgica ou até mesmo em ambos os momentos. A
escolha está na dependência do estadiamento da neoplasia, localização e estado
geral do indivíduo (PAIVAet al., 2010).

O dentista desempenha um papel fundamental nas equipes multidisciplinares, pois


o cuidado com pacientes com câncer requer conhecimento prévio de todos os
efeitos colaterais que eventualmente podem acometer a boca. O profissional ao
controlar reações adversas pode proporcionar aos pacientes uma melhor qualidade
de vida e com um acompanhamento de um cirurgião-dentista reduz o risco de
complicações orais durante o tratamento (CARDOSOet al., 2004).

O tratamento oncológico pode provocar reações adversas na cavidade oral, e é


comum, em pacientes oncológicos submetidos ao tratamento antineoplásico, o
desenvolvimento de patologias orais agudas ou tardias (EMERINet al., 2018). Dentre
essas complicações bucais, encontram-se a mucosite, xerostomia, disgeusia, as
infecções fúngicas, bacterianas e virais, cárie de radiação, trismo,
osteorradionecrose e neurotoxicidade.

O objetivo do presente estudo foi desenvolver uma revisão de literatura ao qual se


refere a complicações orais geradas em prol do tratamento oncológico, e a
importância da atuação do cirurgião-dentista nesse contexto.

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