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DEFINIÇÃO

Desenvolvimento do câncer de mama e estudo dos fatores de risco para o surgimento do


câncer.

PROPÓSITO
Compreender o desenvolvimento do câncer de mama e sua epidemiologia. Conhecer os
estágios da oncogênese e os fatores de risco.

OBJETIVOS

MÓDULO 1
Reconhecer o processo de formação e desenvolvimento de células carcinogênicas

MÓDULO 2
Identificar os elementos de risco para o desenvolvimento tumoral
INTRODUÇÃO

Os organismos são constituídos por células agrupadas de acordo com suas especificidades
funcionais e, desta maneira, formam os tecidos, e esses formam os órgãos. As células
saudáveis fragmentam-se, maturam-se e morrem, recomeçando o mesmo processo a cada
novo ciclo de vida. O câncer desenvolve-se quando células não saudáveis deixam de cumprir
esse ciclo natural e com isso surgem as mutações, que podem acarretar um ou em vários
danos genéticos em uma única estrutura.

O ácido desoxirribonucleico (DNA) é todo segmentado por genes que possuem a tarefa de
controlar as funções normais das células. Quando danificada, a célula pode perder o controle
de sua parte reprodutiva, passando a gerar descendentes atípicos. Em consonância a isso, se
os mecanismos imunológicos e de reparação falharem, as células recém-produzidas se
tornarão cada vez mais anormais e, com isso, poderá, eventualmente, surgir uma massa
tumoral.

As células tumorais possuem a particularidade de se dividirem mais rapidamente que as


normais e, em geral, sem nenhuma organização. Em virtude disso, as recém-formadas vão se
empilhando umas sobre as outras, originando um novo tecido, agora, denominado câncer.

O câncer de mama (CA de mama) é uma enfermidade que afeta os seios, em alguns casos,
com o aparecimento de um granuloma ou caroço, sendo este característico para a confirmação
da malignidade tumoral. Possui individualidades que o discriminam do tecido normal, como
transtorno no amadurecimento e supressão da inibição por contato, o que resulta em uma
expansão celular incoerente e desequilibrada. Isso compromete a estabilidade habitual do
organismo, resultando no surgimento de sintomas, ablações/mutilações e, ainda mais, podendo
levar o indivíduo a óbito.

O CA de mama é um câncer com múltiplos fatores de risco, resultado do surgimento e


desenvolvimento singular das células mamárias. Apesar de sua incidência aumentar
proporcionalmente à idade, pode acontecer no decorrer do período de vida classificado como
tipo esporádico (90% a 95% dos casos) e, em pouquíssimos casos, por transmissão genética,
classificado como familial (10% a 5%).

MÓDULO 1
Reconhecer o processo de formação e desenvolvimento de células carcinogênicas
INTRODUÇÃO
Oncogênese, carcinogênese ou tumorigênese são nomes distintos para um mesmo
fenômeno, onde células normais e saudáveis conseguem se transmutar, gerando células
modificadas. Essas células possuem alta capacidade proliferativa, originando, no decorrer
dessas reproduções, um aglomerado de células tumorais.

Os corpos estão em constante exposição aos diferentes coeficientes cancerígenos com


habilidades suplementares e/ou pluralizadas. A propensão particular ou predisposição genética
tem uma conduta muito importante e categórica na resolução final. No entanto, não existe
forma de determinar o nível de controle desses agentes, tampouco qual será a resposta do
indivíduo.

COEFICIENTES CANCERÍGENOS
Agentes que podem desencadear o câncer.

Carcinogênese.

Mesmo não havendo exposições aos agentes tumorais, as células passam por um processo
automático e simples de transmutação, porém não resultando em mudanças na progressão
natural da célula como um todo. Essas ocorrências podem aparecer como degenerações
oxidativas, falhas nas atividades das polimerases e das recombinases e ainda fazer a
diminuição e recombinação de cromossomos. Vale considerar também a guarda imunológica
como forma de retificação (Correção do erro na célula ou nas partículas.)
(supressão) (Eliminação do conjunto de células ou partículas mutadas.) das células ou
partículas mutadas.
O processamento celular simples de transmutação espontânea é capaz de condicionar uma
flutuação do genoma (Oscilação na quantidade de genomas.) , seja para mais ou para menos.
Essa instabilidade tem potencial crítico nos fenômenos iniciais da oncogênese, como efeito de
aneuploidia, que são as diversas variações cromossômicas que se denotam pelo incremento
ou redução de um cromossomo e alargamento dos genes.

Exemplos de variações de aneuploidia.

Em suma, a oncogênese pode ter seu processo introdutório promovido naturalmente ou


estimulado pelos agentes químicos, físicos ou biológicos. Quando combinados, é detectado,
nas partículas celulares, o estímulo às alterações:

MUTAGÊNICAS
Havendo exposição das células, elas poderão desenvolver a capacidade de gerar
transmutações.

EPIGENÉTICAS
Toda e qualquer alteração na sequência do genoma de DNA que será perpetuada nos
próximos ciclos.

A distribuição geográfica, a ocorrência e o comportamento de determinados tipos de cânceres


possuem associação com diversos fatores, como sexo, idade, raça, propensão genética e
exposição aos agentes carcinógenos. Desses citados, os ambientais exercem maior
importância. Os agentes tumorais químicos, por exemplo os encontrados na composição do
cigarro e na combustão de gases tóxicos, são indutores claros de tumores malignos. Também
são agentes tumorais os vírus de DNA, como do herpes ou papiloma e vírus de RNA, que são
tendentes como agentes cancerosos em animais, no entanto podem ter igual responsabilidade
em alguns cânceres de humanos.
PONTOS DE CHECAGEM DO CICLOCELULAR

O câncer é uma doença genética, pois o fenótipo de malignidade é decorrente das


deformações no próprio gene e irão se perpetuar nas células filhas. Diariamente, o organismo
divide milhares de células e, durante o cumprimento do seu ciclo de reprodução, estamos
vulneráveis aos efeitos dos inúmeros modificadores cancerosos ambientais. Contudo, o
surgimento e a maturação de uma célula transmutada é um evento relativamente raro. Isso
acontece devido à obrigatoriedade de quebra de várias barreiras fisiológicas até se tornar
completamente maligna.

Para fazer esse controle, existem 3 pontos de checagem durante a divisão da célula, sendo
dois deles no final das fases G1 e G2 e outro durante a fase M. Essa verificação é feita através
de informações coletadas do meio interno e referências do espaço onde se encontra, assim a
célula mantém sua multiplicação ou não. No que se refere à proliferação de células normais e
saudáveis, as fases são cumpridas de forma regular e pausada. O que se diferencia
completamente quando as células são mutadas é que as fases são ultrapassadas rapidamente,
o que impede a verificação nesses pontos.

FASE G1
A fase G1 é aquela em que a célula amplia seu tamanho e se estrutura para sintetizar
proteínas e, posteriormente, o DNA. Nesta fase, a célula está mais vulnerável a sofrer
mutações pelas condições ambientais, que, quando não são propícias, tem seu processo de
divisão interrompido. Entretanto, se o processo cruzar o ponto de restrição, a multiplicação
celular continuará, independentemente das condições ambientais.

O primeiro estágio de checagem é ao final da fase G1, quando a célula define se continua
ou interrompe sua reprodução, visto que, após esse ponto, ela ingressará na fase S, estágio
de síntese de DNA.
Isso tornará qualquer dano irreversível, ou seja, os erros serão perpetuados nas novas
células. Fatores como tamanho, nutrientes, retornos positivos e, principalmente, unidade do
DNA são criteriosamente analisados nessa checagem. Caso alguma dessas respostas não
seja conveniente, a célula alcança seu potencial de diferenciação extremo e pode entrar em
um período de repouso, a fase G0. As que estiverem destinadas e aptas para reprodução
serão encaminhadas, caso contrário ficam retidas neste ponto.

FASE G2
Para a comprovação de que as células estão sem nenhum dano, é feita uma nova checagem
ao final da fase G2, onde será reavaliada a unidade do DNA e de sua duplicação. Caso seja
encontrado algum dado incorreto na fita do genoma, o ciclo é pausado para que os reparos
sejam realizados. No caso de um erro irrecuperável, a célula pode sofrer uma morte
programada, a apoptose, assegurando dessa maneira a não disseminação do problema.

FASE M
A última verificação é durante a fase M, também chamada de ponto de checagem do fuso.
Nessa fase, a célula faz uma análise completa das cromátides para examinar se estão ligadas
aos microtúbulos do fuso de forma correta. Devido à separação das fitas filhas na anáfase da
fase M, o procedimento não segue até que todos os cromossomos estejam fixados ao fuso por,
pelo menos, dois filamentos opostos da célula.

CROMÁTIDES
Fitas que são conectadas pelos centrômeros e formam o DNA.

MICROTÚBULOS DO FUSO

Estruturas provisórias formadas por pequenos túbulos.

Podemos compreender melhor essas frases na imagem a seguir:


Pontos de checagem do ciclo celular.

REGULADORES/MEDIADORES CELULARES
Cada pequeno tumor é um conjunto individual e peculiar de alterações cromossômicas,
portanto, temos para cada câncer o envolvimento de diferentes e recorrentes transmutações.
São encontradas mutações em duas classes genéticas mediadoras do processo de vida
celular:

MEDIADORES ONCOGÊNICOS OU DOMINANTES


Atuam na promoção cancerígena

MEDIADORES ANTIONCOGÊNICOS OU RECESSIVOS


Os reguladores existentes no gene exercem importante ativação no desenvolvimento
carcinogênico.

As partes indutoras do câncer são denominadas oncogenes e essas mesmas partes em sua
forma saudável são denominadas proto-oncogenes.

Entende-se que um proto-oncogene pode se transmutar até se tornar um oncogene e ter sua
atividade proliferativa bastante aumentada. Assim, variações nos proto-oncogenes ou nos
antioncogenes podem suscitar a progressão de células com crescimento inadequado.

A transmutação de um oncogene acontece por sucessivas modificações. Podemos citar como


exemplo a alteração em uma sequência de aminoácidos formadora de proteínas ou a
amplificação dessa produção, na qual a célula ganha cópias extras de genes, passando a
sintetizar proteínas além do normal. Isso acontece porque as proteínas possuem sinais fatoriais
de crescimento compilados aos proto-oncogenes e quando solicitadas são encaminhadas para
o progresso do ciclo celular.
No entanto, ao estarem superativadas em decorrência de alguma alteração, permanecem em
constante transmissão, mesmo não sendo necessário. Isso é comumente visto nas células
tumorais e, nos casos mais incomuns, um erro facilmente reparável no genoma do DNA pode
realizar uma série de conexões impróprias com um proto- ncogene, e gerar associações de
proteínas com atividades desreguladas.

PROTO-ONCOGENES
Gene normal que se torna carcinogênico através da ação de agentes promotores.

Transmutação.

Os oncogenes fazem um conjunto denominado de oncoproteínas, atuantes ativamente na


transdução dos sinais no decorrer das fases celulares. É possível encontrar 4 conjuntos
associados à multiplicação celular e proliferação tumoral: o elemento de crescimento e seu
respectivo receptor e as proteínas incluídas na transdução dos sinais e as reguladoras
nucleares.

SAIBA MAIS
No caso dos antioncogenes ou supressores tumorais, as proteínas são codificadas e objetivam
a coibição do desenvolvimento e multiplicação das células transmutadas. A maneira como
esses genes atuam ainda é pouco conhecida, mas estudos evidenciam que seja de forma
similar à oncogene, onde sinais que prejudicam a divisão celular são originados no meio
externo e os receptores proteicos do citoplasma e do núcleo são utilizados para a realização
dos efeitos.

ESTÁGIOS DA ONCOGÊNESE
A oncogênese ou o processo de formação do câncer é efeito decorrente da ação dos agentes
carcinogênicos. Estes são os principais envolvidos nos estágios de iniciação, promoção e
progressão do tumor. Contudo, não são atuantes solitários; a tumorigênese é consequência da
associação do intervalo e da frequência de exposição a esses agentes, além da interação entre
eles.

Não existe definição de tempo para cada estágio, pois isso varia de acordo com a intensidade
dos estímulos cancerosos, ação dos agentes carcinogênicos iniciadores e aceleradores e ainda
com a localização inicial do câncer.

Estágio 1 – Iniciação.

A “iniciação” reproduz o primeiro estágio da carcinogênese e remete ao período de


transmutação do DNA pela ação dos agentes carcinogênicos iniciadores. Entretanto, nessa
etapa, as células alteradas estão incubadas, ou seja, existem, mas estão inativadas, até que
passem pela ação promotora.

Estágio 2 – Promoção.

O segundo estágio, a “promoção”, remonta à etapa em que a célula já alterada passa a sofrer
continuamente com os agentes carcinogênicos promotores. Começa a acumular mutações e
alcança vantagens proliferativas e aptidão de ignorar e burlar os mecanismos de checagem do
ciclo celular.
Estágio 3 – Progressão.

Na “progressão”, acontece a multiplicação irreversível e descontrolada das células tumorais.


Nessa terceira etapa, as células apresentam maior agressividade, com grande potencial de
invasão e espalhamento para tecidos adjacentes e distantes, além de surgirem as primeiras
demonstrações clínicas da doença.

AGENTES CARCINOGÊNICOS INICIADORES E


PROMOTORES

A carcinogênese, como já visto, pode ser iniciada de maneira espontânea ou pela ação de 1 ou
vários agentes carcinogênicos. É possível segregar os agentes carcinogênicos em:

CARCINOGÊNICOS FÍSICOS
Temos como principais agentes carcinogênicos físicos as energias ionizante e solar, por terem
alto poder de indução às transmutações cromossômicas. Essas modificações podem ser
resultantes de algum efeito direto da radiação ou indireto, entreposto pela ação dos radicais
livres da água ou do oxigênio.

As radiações ionizantes são todas cancerígenas, sendo as particuladas, como alfa e nêutrons,
mais indutoras, se comparadas às radiações eletromagnéticas X e gama. Isso acontece devido
aos poderes de ionização e à penetrabilidade que possuem.

A radiação ultravioleta (RUV) natural é oriunda do sol, com tipagem A e B. Em decorrência da


constante degradação da camada de ozônio, o tipo B passou a ter uma grande ação
influenciadora na incidência de câncer de pele em indivíduos expostos a altas doses em longos
períodos.

CARCINOGÊNICOS QUÍMICOS
Os agentes carcinogênicos químicos estão dispostos no ambiente em que vivemos, associados
às práticas laborais, alimentares, ocupacionais e sociais. São compreendidos pelo combo dos
processos que acontecem nos estágios de “iniciação” e “promoção” da oncogênese. Nessas
etapas, a célula pode ter a inibição do seu fator de crescimento e assim a evolução para um
tumor maligno dependerá de uma exposição intensa e frequente.
CARCINOGÊNICOS BIOLÓGICOS
Os agentes carcinogênicos biológicos são os diversos vírus de DNA e RNA – retrovírus – que
causam cânceres em animais e foram encontrados em alguns oncogenes humanos. Os vírus
atuam incorporando dados genéticos de um DNA em uma outra célula, com atuação
hospedeira, e assim inicia-se a síntese de um material viral. Neste momento, os agentes
antioncogênicos podem ser desativados pela própria proteína modificada, tornando a célula
incapaz de programar sua inutilidade reprodutiva e/ou morte.

É importante falar que esses dois últimos agentes, quando em ações isoladas, não possuem
capacidade de transmutação gênica. Isso quer dizer que as consequências podem ser evitadas
e até revertidas, se suspendida a exposição química ou detecção precoce da alteração
biológica.

EPIDEMIOLOGIA
Epidemiologia é a parte da Medicina que estuda as condições que definem a regularidade e
disposição das doenças no coletivo humano. Ao contrário da clínica, que analisa a enfermidade
já instalada no indivíduo, a epidemiologia faz uma averiguação dos problemas de saúde no
contexto ampliado dos conjuntos populacionais, ora em grupos reduzidos, ora em grandes
multidões. O conceito de epidemiologia no Brasil vem sofrendo com um vertiginoso
crescimento, pois existem duas vertentes concomitantes nesse processo.

EPIDEMIOLOGIA CIENTÍFICA
No âmbito de epidemiologia como disciplina científica, encontramos o estudo de saúde-doença
e seus promotores. Essa modalidade produz teorias e apreciação de dados coletados, gerando

assim conhecimento teórico. Na eventualidade de haver algum erro, esse será identificado
apenas na forma abstrata e metodológica, sendo sua retificação parte inerente do processo de
construção da ciência.
EPIDEMIOLOGIA OCUPACIONAL
No caso da epidemiologia no campo ocupacional, atuante na saúde coletiva, temos o
desenvolvimento de inovações e táticas de prevenção, criando informações e modificando os
conhecimentos estratégicos para idealização da prática. Ao contrário da primeira vertente, os
erros existentes nesse modelo são quantificados em vidas com sofrimento e dor e ainda em
gastos sociais e econômicos.

O câncer é responsável pelo maior e principal problema de saúde pública nas sociedades em
geral. Está entre as quatro doenças que mais causam mortes prematuras mundialmente, sendo
responsável por mais de seis milhões de óbitos por ano. Apesar da grande incidência nos
países de primeiro mundo, aproximadamente 5,5 milhões de diagnósticos positivos anuais
acontecem nos países subdesenvolvidos. O número de novos casos e morbimortalidade em
decorrência de tumores em geral está sofrendo uma constante elevação. No ano 2000, foram
diagnosticados 42 mil novos casos e para 2020 espera-se mais de 15 milhões.

SAIBA MAIS

Parte disso é devido ao aumento da qualidade de vida, o que faz aumentar a expectativa de
vida, ou seja, mais idosos no quantitativo populacional. Esse crescente nível de
envelhecimento público tornou mais comum a ocorrência de doenças crônico-degenerativas,
em particular, as cardiovasculares e o próprio câncer.

O avanço populacional resulta em mudanças no arranjo demográfico e exposições aos


diferentes fatores modificadores externos. Os modificadores são aqueles, principalmente,
relacionados aos níveis sociais e econômicos. Pode ser percebida uma notável transição nos
principais tipos de tumores de indivíduos que vivem em países desenvolvidos.
Há um progressivo número de cânceres associados à melhoria econômica e uma acentuada
redução de casos relacionados às infecções. Isso acontece porque o desenvolvimento
socioeconômico causa mudanças em hábitos e ações cotidianas, como a regularização das
condições de trabalho, a alimentação e o consumo, uma vez que são pertinentes ao processo
de urbanização e industrialização.

Essa reorganização econômica mundial fomentou uma significativa mudança no arquétipo


saúde-doença, chamada de transição epidemiológica. Essa transição é caracterizada pela
variação do perfil de mortalidade, com a redução da taxa de doenças infecciosas e,
simultaneamente, o agravo de outras patologias. Esse fato expõe a necessidade de
investimentos na promoção da saúde, objetivando a redução dos padrões de exposição aos
agentes modificadores carcinogênicos.

A distribuição epidemiológica do câncer no Brasil vive um processo contínuo de mudança. Da


mesma maneira que é possível identificar um crescimento na quantidade de casos
relacionados à melhoria da qualidade de vida, como cânceres de mama, próstata e cólon,
também existe o aumento acentuado de tumores, normalmente, coesos com a classe
subdesenvolvida.

EXEMPLO

Colo de útero, pênis, estômago e boca podem ser destacados. Essas ocorrências
são consequências do incremento às exposições aos agentes modificadores e às
variações intrínsecas nas condições de vida.

No Brasil, os tumores mais frequentemente diagnosticados são o de próstata, na população


masculina, e o de mama, na feminina. Apresenta prevalência coerente com países em
desenvolvimento, onde a incidência de tumores em mulheres é 25% maior do que em homens.
Há indícios epidemiológicos a partir dos quais se conclui que o processo de industrialização
tem relação direta com a incidência e ainda se associa o risco aumentado de adoecimento ao
alto status social e econômico. Fatores como nuliparidade, menarca precoce, obesidade e
consumo de álcool e tabaco podem ser destacados.

Estudos realizados durante a década de 1990 afirmavam que o acometimento pelo câncer de
mama crescia cerca de 3% ao ano. No entanto, para o triênio que estamos vivendo (2020-
2022), essa variação teve um grande aumento. São aguardados aproximadamente 66 mil
novos casos por ano do triênio, correspondendo ao risco presumido de 61,61 casos em 100 mil
mulheres, sendo o tipo histológico carcinoma epitelial de lesões in situ ou invasoras o mais
comum diagnosticado.

SAIBA MAIS
Os índices se justificam, em parte, pelo intenso processo de conscientização e pela melhoria
na divulgação dos programas de rastreamento, além do avanço e maior disposição de
equipamentos de diagnóstico.

MÓDULO 2

Identificar os elementos de risco para o desenvolvimento tumoral

INTRODUÇÃO
Os efeitos etiológicos da carcinogênese não são conhecidos em sua totalidade, mas existem
diversos fatores de risco que ampliam as possibilidades de desenvolvê-la.

Esses fatores de risco, quando atuam de forma isolada, não possuem a capacidade de
provocar o desencadeamento do tumor.
Todavia, quando são aplicados em conjunto, apresentam um grande aumento nas chances
de evolução. Existem aqueles que podem ser evitados, como o alcoolismo e o tabagismo, e
aqueles como idade, altura e raça, que são
intrínsecos ao indivíduo.

No que tange ao câncer de mama, existem muitos fatores de risco, no entanto não existe uma
regra em que indivíduos expostos obrigatoriamente desenvolverão o carcinoma. Fatores como
sexo, idade, predisposição genética, histórico pregresso de algum tumor e história reprodutiva
são apontados como risco crescente para o desenvolvimento tumoral. A mera realidade de
pertencer ao sexo feminino já acentua bastante essa probabilidade e, embora a doença
também atinja o sexo masculino, é 100 vezes mais frequente em mulheres. Logicamente,
devido à maior concentração de tecido mamário e à exposição ao hormônio estrogênio.

Fatores de risco.

IDADE
O evento do envelhecimento é impossível de ser estudado, pois é um fenômeno que engloba
últiplos processos moleculares bastante dependentes do estilo de vida do indivíduo.
Inclusive, são relacionados com o aparecimento de mutações somáticas e expressões
incorretas do genoma. Dentre os vários fatores, a idade está intimamente relacionada ao câncer
de mama, seja em razão das mudanças que acontecem no decorrer da vida da mulher seja em
virtude da ação de hormônios que induzem o aumento ou a diminuição de ocorrência do câncer.
Estudos apontam que mais de 70% dos casos acontecem em mulheres com mais de 50 anos e
apenas 2% em mulheres com menos de 30 anos. A evolução do câncer de mama é variável de
pessoa para pessoa, mas correlacionada com a idade e maturidade sexual. Há indícios que
apresentam associação com a prolongada e ativa vida ovariana e a produção de hormônios,
em especial, o estrogênio.

Mulheres que tiveram a menarca (primeira menstruação) muito cedo, antes dos 12 anos,
apresentam um risco aumentado quando comparadas àquelas que menstruaram após os 12
anos.

A mesma relação é encontrada em mulheres que entraram no período de menopausa após os


54 anos. Esse grupo tem em média 30% mais chances de desenvolverem o câncer que as
mulheres que pararam de menstruar na faixa dos 45 anos.

SAIBA MAIS
Na comparação de mulheres no pré e pós-menopausa, não existe diferenças relevantes para o
surgimento do tumor. Além disso, outra importante relação está na vida reprodutiva da mulher,
pois, quanto mais idade tiver na gestação do primeiro filho, maior será a possibilidade de
evolução do carcinoma. Além disso, a nuliparidade (nunca ter tido filhos) colabora bastante
para a incidência do tumor, sugestionando mais uma vez condição direta com a exposição ao
estrogênio.
PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA
O histórico familiar é um importante fator a ser analisado. Mulheres cuja mãe, irmã ou prima
desenvolveram câncer de mama possuem grande possibilidade de sofrerem com a doença.

Lembramos que predisposição genética não é certeza que o tumor se desenvolverá e, como já
dito, outros fatores podem contribuir para isso.

A maioria dos casos é classificada como “familial”, isto é, existe uma grande incidência do
tumor de mama na família, porém não há padronização identificável no gene.

Podem ser também “esporádicos”, que é quando a ocorrência no meio familiar é menor em
comparação com a população geral.

Aproximadamente 90% dos casos de hereditariedade são acarretados pelas transmutações


nos mediadores tumorais dos genes BRCA1 e BRCA2, sendo que ambos podem ser herdados
pelo pai ou pela mãe. Esse alto índice é devido às funções desses genes na célula, que é o
reparo do DNA danificado e a programação para a apoptose.

RAÇA
Mulheres de qualquer raça podem apresentar alguma transmutação celular, ou seja, todas são
propensas ao desenvolvimento tumoral. Características próprias da raça auxiliam na
segregação populacional e, desse modo, é possível estudar os riscos propensos ao surgimento
do câncer. No entanto, há comprovações de que algumas raças tenham maior predisposição
que outras, sendo resultado das diferenças nos genomas.
Além dessas distinções genéticas, alguns estudos apontam que as condições socioeconômicas
estão intimamente relacionadas com a incidência do câncer. O acometimento em mulheres
brancas é maior, porém a taxa de cura é menor e o índice de mortalidade é maior em mulheres
negras. Infelizmente, com isso, é observado que mulheres brancas têm maior acesso aos
exames preventivos e a tratamentos precoces do que as negras.

NUTRIÇÃO
É através dos nutrientes que o corpo absorve a energia para a prática de funções básicas,
todavia não são todos benéficos à saúde. O consumo de algumas comidas é variável de
acordo com a cultura popular local.

Há sinais que apontam alimentos com conservantes e gordurosos como contribuintes de alto
risco ao câncer de mama. Ademais, proteínas animais, principalmente as originadas de
animais acercados, são enriquecidas com o hormônio estrogênio artificial, que será absorvido
pelos receptores das mamas e causará uma aumentada proliferação celular. Essas proteínas
animais quando expostas a altas temperaturas para preparo liberam substâncias
heterocíclicas, com capacidade de causar danos ao DNA. É estimado que o consumo
frequente dessas proteínas, em especial a da carne vermelha, acentue em até 70% o risco de
desenvolver um tumor.

Essas informações tornam-se mais evidentes quando comparadas às incidências de câncer de


mama em mulheres ocidentais e orientais. O índice de acometimento nas ocidentais é bem
mais alto e isso se justifica pela alimentação abundante em gorduras e proteína animal, o que
desencadeia o ganho de peso, maior metabolização e elevados níveis de esteroides.
OBESIDADE
O excesso de peso corporal tem relação com várias doenças, incluindo o carcinoma de mama.
Pode ser consequência de propensão genética ou por conduta comportamental, porém, nas
duas condições, a obesidade pode ser revertida, evitando assim o desencadeamento de vários
problemas. A obesidade é responsável por elevar os níveis de hormônios sexuais endógenos

circulantes e IGF (hormônio somatomedina) , sendo este responsável, juntamente com a


insulina, por estimular a multiplicação das células mamárias. Além disso, células adiposas são
depósitos de toxinas que implicarão em um desenvolvimento errôneo do tecido.

Com o passar dos anos, a mulher começa a aumentar o nível de gordura corporal, mais
exatamente na região abdominal, e isso acontece por causa das variações nos níveis dos
hormônios sexuais, principalmente na fase da menopausa. No entanto, existe uma
singularidade que precisa ser cuidadosamente observada:

Os casos de mulheres na fase de pré-menopausa não possuem relação de aumento de peso


com a mortalidade em circunstâncias do câncer de mama, o que é completamente contrário
nos casos de mulheres no pós-menopausa.

O risco não é apenas para mulheres maduras, pois o ganho exagerado de peso, desde a
adolescência até a vida adulta, apresenta grande contribuição para a ocorrência de tumores
severos. Engordar, quando próximo aos 30 anos, aumenta em níveis considerados a
possibilidade de a doença levar a óbito.
ESTATURA

É um assunto controverso se há relação ou não com o tumor de mama. Contudo, é preciso


enfatizar que a estatura é conduzida pela secreção espontânea dos hormônios somatotróficos
ou hormônios do crescimento (GH) . Ele tem dependência com os níveis de esteroides
sexuais (androgênio e estrogênio) .
O GH age ta mbém como estimulante de outros hormônio que atuam no desenvolvimento de
tecidos e na produção e multiplicação de DNA. Dessa maneira, ele pode contribuir para o
desencadeamento do tumor de mama.

USO DE ANTICONCEPCIONAL
A contribuição do uso de pílulas anticoncepcionais, com o intuito de prevenção de gravidez, é
bastante eficaz. Seu uso pode estar correlacionado aos casos de câncer de mama em
mulheres jovens. Após 10 anos à interrupção, o risco ao carcinoma mamário permanece o
mesmo e não há indícios de relação com efeito cumulativo. Apesar disso, há vertentes que
afirmam que os contraceptivos orais apresentam apenas benefícios à saúde da mulher, como
proteção à gravidez indesejada, regulagem do ciclo menstrual e diminuições consideráveis no
risco de câncer de ovário e endométrio.

ABORTO
É um tópico que gera conflitos entre estudiosos, pois há suposições que afirmam e outras que
dizem não ter relação alguma com o câncer de mama. Contudo, outras pesquisas apontam um
aumento sutil na incidência em mulheres que não tiveram filhos e tenham sofrido aborto até a
9ª semana de gestação. Há ainda uma diferença de 20% a mais de acometimento entre
mulheres que nunca abortaram e as que pariram no mínimo 1 filho.

TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL –TRH

É a terapia com o objetivo de reduzir os problemas que surgem na fase pós-menopausa,


proporcionando diversas melhorias na qualidade de vida física e psicológica da mulher.
Contudo, seu uso está associado ao surgimento de tumores de mama, principalmente quando
trabalhado em combinação de TRH com estrógeno e progesterona. O uso prolongado (mais de
10 anos) apresenta um crescimento de 2% por ano ao risco, principalmente em tumores
específicos, como lobular e o invasivo ductal.

PÓS-MENOPAUSA
Fase da vida da mulher em que são reduzidos consideravelmente os níveis dos hormônios
estrogênio e progesterona.

TRH
Sigla do inglês que significa hormônio liberador de tireotrofina, que é o responsável por
estimular a hipófise.

TABAGISMO

Dados indicam que as mortes por câncer poderiam ser reduzidas em 20% se não houvesse o
consumo exacerbado de cigarro. Afirma-se também que pacientes que tenham propensão
familiar em desenvolver algum tipo câncer têm o risco ainda mais acentuado.

Outra grande influência do tabaco no tumor de mama é o acometimento de mulheres que


fumaram durante o período de gravidez, pois, nessa fase, o tecido apresenta acelerada
evolução e proliferação de células mamárias. Além disso, o fumo exerce papel semelhante ao
hormônio estrógeno, pois restringe os receptores, detendo assim o desenvolvimento celular
normal.
ALCOOLISMO
A ingestão de bebida alcóolica restringe a habilidade do corpo em usar ácido fólico, o que
prejudica a síntese do genoma. Isso acontece porque o álcool consumido, ao ser metabolizado
pelo organismo, é convertido em acetaldeído, substância que afeta o nível de radicais livres.

Esse descontrole provoca maiores concentrações de receptores de estrógeno nas células


mamárias.

O risco de evolução do câncer aumenta na proporção do consumo, além de patologias


hepáticas, pois o fígado fica inviabilizado de remover o estrogênio da circulação sanguínea,
causando uma possível saturação. Essas consequências são ainda mais evidentes em
mulheres na faixa etária dos 30 anos, devido à taxa hormonal estar alta.

PESTICIDAS/PRAGUICIDAS
A exposição a esses elementos pode acontecer diariamente e de modo imperceptível, pois são
encontrados em alimentos que consumimos rotineiramente.

EXEMPLO
É possível encontrar na carne vermelha, no leite e nos vegetais em geral o organoclorado
(DDT), substância que fica armazenada nos tecidos adiposos e capaz de inibir os receptores
estrogênicos.
Conforme Timonthy J. Smith (1998), em A Revolução Antienvelhecimento – Um programa
radical de rejuvenescimento , foram realizadas análises de massas tumorais e nelas foram
encontradas o DDT. É preciso ter atenção com essas substâncias, pois não são secretadas
pelo organismo; elas se infiltram e permanecem, causando mutações genéticas.

ATIVIDADES LABORAIS
A função profissional está sendo cada vez mais correlacionada ao desenvolvimento de
tumores. Em determinadas profissões, a exposição aos mediadores carcinogênicos é
intrínseca, como os profissionais que trabalham com radiações ionizantes, campos
eletromagnéticos ou compostos químicos.

Há relações do acometimento do câncer de mama em mulheres que trabalham em turno


noturno. Isso se deve ao fato da produção de melatonina, hormônio sintetizado na glândula
pineal durante a noite, ser baixa, pois encontra-se exposta à luz nesse período. Existe uma
relação indireta entre o desenvolvimento do câncer de mama e os níveis de melatonina, ou
seja, mulheres que apresentam câncer de mama possuem taxa baixa do hormônio.

A radiação ionizante é considerada como fator de risco, pois possui a capacidade de gerar
transmutações genicas. A exposição às diferentes radiações do tipo ionizante acontece
rotineiramente.

EXEMPLO
Raios cósmicos, raios solares, radiações naturais, dentre outros.
Mulheres que trabalham como comissárias de bordo estão mais expostas à radiação cósmica e
apresentam 50% mais chances de desenvolverem algum tipo de câncer. Essas chances
aumentam devido às mutações epigenéticas, que são expressões do genoma com bases
nitrogenadas modificadas, alterando a sequência do DNA.

Além das radiações naturais, existem exposições às radiações artificiais, comumente durante
as realizações de exames de radiodiagnóstico. Essa radiação causa ionização direta ou
indireta, através de moléculas de água, no gene, causando quebras e posteriores mutações.

SAIBA MAIS
Há um estudo de que adolescentes do sexo feminino expostas ao tratamento com radiação
ionizante (radioterapia de feixe externo) para câncer de pele apresentaram, na fase adulta,
câncer de mama. Isso enfatiza, além da relação com a radiação ionizante, o risco maior em
mulheres de idade madura. (LUNDELL; MATTSSON; HAKULINEN; HOLM, 1996)

NÍVEL SOCIOECONÔMICO
Entra como um fator quando analisado que mulheres com níveis educacional e econômico
mais baixos são pouco instruídas quando comparadas às mulheres de classes elevadas. No
caso, mulheres da periferia e de baixa renda não possuem amplo acesso aos exames
preventivos e tratamentos, o que acentua o índice de mortalidade pela doença entre a
população carente.
A alta mortalidade causada pelo câncer de mama poderia ser facilmente evitada com trabalhos
educacionais e preventivos, objetivando a promoção da necessidade de realizar os exames e
apresentando que a eficácia dos tratamentos contra o câncer está intimamente relacionada ao
diagnóstico precoce.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na leitura deste conteúdo, você foi apresentado ao conceito completo do processo


carcinogênico, entendendo cada fase individualizada e a forma como a célula em transmutação
se comporta durante esse fenômeno.

Também foram abordados valores epidemiológicos, onde ficou enfatizado o processo de


ransição dos novos casos diagnosticados. Sendo este aumento consequência do agravo às
exposições aos diversos agentes modificadores carcinogênicos, ou fatores de risco.

Com o término deste tema, é possível reconhecer quesitos que podem agir como
modificadores celulares. Uma vez conhecido o fator e estudada a sua causa, este pode ser
evitado ou revertido. No entanto, para alguns com o fator já intrínseco, podemos identificar o
dano precocemente, maximizando os casos de cura. Você é capaz de realizar essa
identificação e ainda, como profissional da saúde, sugerir mudanças nos hábitos cotidianos
eatuar na conscientização do autocuidado e na importância do diagnóstico precoce.

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