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CÂNCER NA INFÂNCIA
O QUE É CÂNCER?
Desenvolvimento normal de células
Todas as células do nosso corpo se originam de células primordiais (células tronco), com isso uma célula pode
dar origem a várias células de qualquer tecido. Porém, em um determinado momento, passa a ser comprometer
com uma linhagem – exemplo: células do sistema esquelético, músculo, hepáticas, neurônios, etc, se tornando
cada vez mais específicas.
Para que a divisão celular ocorra, a célula responde a estímulos internos e estímulos externos, ou seja, há uma
estimulação da própria célula em se dividir enquanto obedece a necessidades daquele momento. Também é
importante que o surgimento de uma célula estimule o crescimento de outras, como o acontece na formação
do fígado – ao formar hepatócitos, é preciso também formar vasos sanguíneos para que haja irrigação.
Todo esse processo é extremamente complexo e variado, com necessidade de um grande controle de
qualidade, pois as células que não apresentam um desenvolvimento correto devem ser descartadas. Isso é
feito através de um controle interno da própria célula, causando uma autodestruição, chamada de apoptose.
Quando isso não ocorre, o próprio sistema imunológico percebe o desenvolvimento inadequado daquela
célula, gerando sua destruição. Esse processo também é empregado no processo de senescência da célula,
ou seja, no processo que envolve o seu desenvolvimento, maturação, envelhecimento e morte.
Quando esses mecanismos não funcionam adequadamente, é possível o desenvolvimento de algum tipo de
câncer.
O câncer em crianças e adolescentes depende de muitos fatores para se desenvolver, possivelmente uma
mistura de fatores infecciosos, ambientais e constitucionais. O peso de cada um desses fatores depende de
cada doença.
Na grande maioria das vezes, não é possível determinar o motivo pelo qual uma criança ou adolescente
desenvolveu a doença.
MECANISMOS DE CARCINOGÊNESE
Stem cell = célula tronco. O ideal é que tenha
o seu desenvolvimento normal para uma
célula diferenciada.
Outros eventos têm que acontecer para que a célula progrida para uma célula mais agressiva com capacidade
de se tornar uma célula metastática, completamento distinta da célula que deveria ser, mas ainda mantendo
característica do tecido em que deveria se encontrar (por exemplo, uma célula metastática devido leucemia
mantém características de uma célula do sangue).
Um câncer pode surgir em qualquer local do corpo e pode acometer virtualmente qualquer tecido. Todo câncer
influenciam o ambiente em sua volta, alterando o microambiente que está ao seu redor, alterando o
funcionamento de células normais e de vasos sanguíneos, adequando o novo ambiente às suas necessidades.
O erro genético acarreta na perda da capacidade de responder a estímulos de regulação da divisão celular,
maturação e morte celular.
Doenças malignas são causadas por mecanismos variados, que podem estar associados a inativação de genes
supressores de tumor, ativação de oncogenes e instabilidade genômica.
Ativação de oncogenes
Geram aumento de produção de fatores de crescimento, que geram autoestimulação com estímulos de
multiplicação e um estímulo descontrolado de vias intermediárias das células, que controlam a proliferação
celular, que se torna aumentada e descontrolada. A partir disso há uma proliferação clonal a partir de uma
célula, caracterizando um câncer.
São genes que atuam na inibição da proliferação celular. As proteínas que seriam codificadas por esses genes
muitas vezes trabalham nas mesmas vias reguladoras que estimulam os oncogenes – ou seja, em um
desenvolvimento normal há um equilíbrio entre forças inibitórias e estimuladoras da divisão celular. Em
desiquilíbrio há desenvolvimento de câncer.
Instabilidade genômica
Toda a informação genética está dentro do núcleo da célula, que é sujeito a instabilidade, ou seja, está sujeito
a muitas quebras. A célula tenta reunir o DNA, porém, esse processo pode levar a erros. Por ser um processo
frequente, em uma célula com maior instabilidade pode haver mais erros, podendo desencadear um câncer.
Ou seja, há uma tendência a mutações no DNA, o que aumenta o risco de câncer. É o fator mais importante na
gênese do câncer. O genoma se torna mais instável durante a divisão celular.
→ Controle de fidelidade da duplicação do DNA na fase S (é a fase de síntese do material genética, em que
ele também é duplicado)
→ Segregação cromossômica precisa durante a mitose
→ Correção de qualquer erro esporádico do DNA
→ Coordenação do ciclo de divisão celular
Há pontos de checagem (checkpoints), em que é feito um inventário da divisão celular, verificando se há algum
dano. Se for passível de correção será corrigido. Se não for possível de corrigir haverá desencadeamento do
processo de apoptose. A problema de uma instabilidade é que isso se perde, com isso há formação de DNA
defeituoso, com aumento do risco de câncer.
Câncer na criança é hereditário? A resposta mais correta é depende – a grande maioria não. Câncer na
infância é genética, sendo que apenas 10% dos casos apresentam algum fator predisponente conhecido. Esses
fatores podem ser: síndromes familiares, doenças predisponentes (doenças que acarretam imunodeficiência,
como HIV, hepatite B e C, EBV), radiação ionizada.
- Ataxia telangiectasia
- Síndrome de Li-Fraumeni
- Xeroma pigmentoso
- Síndrome de Beckwith-Wiedemann
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- Esclerose tuberosa
- Síndrome de Down – apresenta mutações do fator GATA 1 (cromossomo X), que é necessário para
proliferação e diferenciação normais, o que, portanto, predispõe a câncer. Isso acontece por um efeito cascata
na repressão de vários genes (GATA2, Ikaro, MYB, MYC).
Possuem crescimento geralmente lento e expansivo, podendo desencadear efeito de massa. Há uma clara
divisão entre a lesão e o tecido normal. Não se disseminam (ausência de metástase). Possui baixa incidência
de atipias celulares, ou seja, há células mais diferenciadas (parecidas com o tecido de origem). Há baixa
atividade mitótica (divisão celular). Possui baixo índice de necrose, já que o crescimento é lento.
Nem todo tumor é câncer (um tumor pode surgir por um processo inflamatório, sem presença de câncer) e nem
todo câncer forma tumores (a leucemia, por exemplo, é um tumor líquido, que não necessariamente forma
tumor).
Tumores malignos apresentam crescimento invasivo – não só crescem e comprimem o tecido adjacente,
como também invade e destrói esses tecidos. Nem sempre a divisão entre lesão e tecido normal é clara, com
limites poucos nítidos, muitas vezes com invasão e destruição do tecido adjacente – com isso as cirurgias se
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tornam muito amplas e por isso são contraindicadas no momento do diagnóstico inicial. Costumam ter
crescimento mais rápido, com característica mais agressiva.
POR QUE DEVEMOS NOS PREOCUPAR COM UMA DOENÇA TÃO RARA?
É a segunda causa de morte entre crianças e adolescentes (1 a 29 anos), sendo a primeira causa acidentes. O
quadro da próxima página mostra o quanto o câncer é importante como causa de morte em crianças e
adolescentes da nossa região.
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Conclusão – o câncer na infância é raro, com enorme variedade de tipos. Por isso, é de extrema importância
que portadores de neoplasias sejam tratados em locais de referência, onde é possível uma avaliação
diagnóstica adequada e um tratamento correto com reais chances de cura (visando a menor porcentagem de
sequelas). As crianças devem ser inseridas em protocolos nacionais e internacionais.
Lembrar que todo sinal e sintomas ocorre em função da situação básica da doença – a localização da doença
e o que ela está provocando vai desencadear uma alteração naquela região.
No câncer há uma substituição do tecido normal, a curto ou a longo prazo, com comprometimento da função
do órgão. Com a evolução há compressão de estruturas adjacentes, comprometendo o seu funcionamento e
gerando dor.
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Sintomas gerais – febre, perda de peso (por consumo), fadiga, cefaleia, gânglios, dor abdominal, dor em
membros, náuseas e vômitos.
Identificar esses sinais e sintomas não é o suficiente. O mais importante é acompanhar o paciente. Situações
extremamente agudas, com febre e linfonodomegalia quase nunca correspondem a câncer.
Sinais de alerta
Febre prolongada sem causa aparente / linfonodomegalia de evolução arrastada – na grande maioria das
vezes são doenças infecciosas sem diagnóstico, mas podem ser câncer.
Dor inespecífica e crônica – dor desencadeada por câncer, tem, por via de regra, caráter progressivo.
Cefaleia – critérios de elevada suspeita para tumor de SNC – cefelia com menos de 6 meses de duração,
associada a náuseas e vômitos matinais, ausência de febre e outros sinais sugestivos de compressão.
Palidez / cansaço / febre prolongada ou não, sem foco aparente / infecções recorrentes nos últimos 30 dias /
anorexia / equimoses e petéquias / linfadenopatia / hepatoesplenomegalia / dor óssea (pode ser generalizada,
mas geralmente é localizada nos MMII, podendo estar associada a claudicação – não confundir com dor de
crescimento) / irritabilidade / sinais neurológicos (se infiltração do SNC).
A leucemia pode se apresentar de forma muito variada, com poucos sintomas ou nenhum.
Linfadenopatia (localizada ou generalizada) / sintomas B = febre, sudorese noturna, perda de peso / palidez /
cansaço / equimoses ou petéquias / náuseas e vômitos / massa abdominal / hepato e/ou esplenomegalia / dor
abdominal.
Cefaleia persistente (de forma progressiva e geralmente matinal, com melhora após náuseas e vômitos) /
náuseas e vômitos em jato / alterações neurológicas = marcha, equilíbrio e coordenação, alterações visuais,
acuidade ou diplopia, alterações em pares cranianos, gerando sinais motores ou sensoriais / queda do
rendimento escolar / alterações da personalidade / torcicolo (principalmente em criança muito pequena) /
estrabismo / convulsões / sinais de hipertensão intracraniana = aumento da circunferência craniana, elevação
da fontanela, irritabilidade, náuseas, vômitos, cefaleia.
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Massa abdominal ou cervical / anorexia / parada do crescimento podo-estatural / dor óssea / palidez / proptose
ocular (metástase) linfadenopatia / irritabilidade e queda do estado geral / claudicação / dor lombar / dor
abdominal.
É uma doença muito agressiva, principalmente na faixa etária de 3 a 6 anos. Pode acontecer desde o
nascimento, mas até os 18 meses possui melhor prognóstico. É mais frequente entre 3 e 6 anos.
Sinais de alerta que podem sugerir tumores renais (nefroblastoma ou tumor de Wilms)
Massa abdominal detectada pela mãe, geralmente sem outras alterações. Raramente há febre, vômitos,
hematúria, constipação, hipertensão.
É uma doença rara, que acomete 2 a 3% dentre os cânceres infantis. Pode ser diagnosticado pelo pediatra ou
neonatologista. A conduta precoce é determinante para evitar sequelas, já que em casos de demora do
diagnóstico a criança pode até perder o olho. O tratamento pode ser feito com radioterapia, quimioterapia e até
enucleação se necessário.
É o tumor primário de osso mais comum da adolescência. É mais comum em fêmur e úmero.
Dor óssea localizada / massa palpável / aumento do volume local ou deformidade / fratura patológica.
Dor óssea localizada / massa palpável / aumento do volume local ou deformidade / fratura patológica / massa
em partes moles / febre / alterações esfincterianas quando há lesões na coluna.
É o tumor de partes moles mais frequente na criança e no adolescente, correspondendo a 6 a 7% dos tumores
da infância.
Massa palpável / massa periocular (diagnóstico diferencial com celulite periorbital) alterações desencadeadas
pela compressão local de estruturas adjacentes / linfonodos regionais proeminentes (por disseminação
linfática local).
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O mais comum é o coriocarcinoma. Pode surgir em qualquer local do corpo, sendo mais comum no eixo
corporal. Possuem aumento de marcadores tumorais, como B-HCG e alfa-fetoproteína.
Massa palpável (é mais comum na região sacrococcígea, podendo inclusive comprimir bexiga e reto, e gerar
alterações neurológicas – esfíncter. Também pode se apresentar como massa gonadal, nos meninos no
testículo e nas meninas no ovário) / alterações respiratórias se tumores do mediastino / distensão abdominal /
alterações neurológicas se localização em SNC.
Linfodenomegalia cervical / obstrução nasal persistente / cefaleia / disfagia / febre / alteração de pares
cranianos.
Recomendações clínicas
Combinações entre os sintomas abaixo deve ser solicitado um hemograma – suspeita de leucemia e linfomas:
Se linfadenomegalia (particularmente nódulos acima de 3cm de diâmetro) que permanecem por mais de 6
semanas associados aos sintomas abaixo deve ser solicitado hemograma e raio-x de tórax – suspeita de
leucemias e linfomas, que podem cursam com aumento de mediastino:
→ Febre
→ Sudorese noturna
→ Perda de peso
→ Hepatoesplenomegalia
→ Ortopneia
Se cefaleia de início abrupto, geralmente progressiva, que desperta a criança ou são mais frequentes pela
manhã associada a náuseas e vômitos, que provocam melhora da cefaleia deve ser pedido TC de crânio com
contraste – suspeita de tumores de SNC.
Se massa abdominal ou hepato/esplenomegalia associada aos sintomas abaixo deve ser solicitado USG –
suspeita de neuroblastoma:
→ Anorexia
→ Vômitos
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→ Febre
→ Dor
→ Queda do estado geral
Se dor óssea localizada, persistente, que acorda a criança, que não responde de modo adequado a AINE e
estão associados a aumento de volume – solicitar hemograma, PCR, RX (duas incidências). Lembrar que o
diagnóstico diferencial pode ser osteomielite, por isso o hemograma pode ajudar – lembrar que uma evolução
mais prolongada remete a osteossarcoma.
Se dor lombar persistente de início abrupto – solicitar hemograma, USG, TC/RNM de coluna.
Se massas comprometendo partes moles, particularmente com tamanho > 2cm – solicitar hemograma, USG,
RNM.
Se suspeita de tumor e dificuldade de realização de exames complementares, entrar em contato com o GACC
SJC – (12) 3949-6020.
→ Paciente – estado clínico, presença de comorbidade, avaliação laboratorial, avaliação por imagem,
localização do tumor e disseminação
→ Célula tumoral – morfologia por microscopia ótica, avaliação fenotípica (características do tecido
tumoral), avaliação citogenética (alterações específicas do DNA)
Hemograma – determinação do número de leucócitos (< 50.000 – alto risco) e blastos no sangue periférico.
Mielograma – definição diagnóstica (comprovação de proliferação neoplásica por células de provável origem
hematopoiéticas ou não). Determinação do percentual de infiltração medular (importância prognóstica nos
linfomas). Mostra a presença de uma leucemia aguda.
Imunofenotipagem – determinação da linhagem celular (linfoide x mieloide, fenótipo misto, linhagem mista).
Mostra qual a linhagem da leucemia (B, T ou mieloide).
Biópsia – definição da natureza e das características celulares (presença de atipias, anaplasias) da lesão –
muitas vezes com a importância prognóstica isolada.
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O conjunto de todas essas informações provenientes das análises do paciente e da célula tumoral darão o
diagnóstico final: situação clínica do paciente, tipo histológico, estadiamento, classificação de risco final. Com
isso, o paciente poderá ser adequadamente tratado, mantendo suas chances de cura e com menores
consequências (sequelas terapêuticas).
PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO
A possibilidade de cura das doenças neoplásicas vem mudando substancialmente nos últimos 50 anos, devido
a introdução de agentes quimioterápicos. De modo geral o tratamento envolve quimioterapia, radioterapia e
cirurgia – depende do tipo de tumor, estadiamento e localização.
Quimioterapia
Atua em todo o organismo, sendo um tratamento sistêmico – a grande maioria dos tumores da infância são
doenças sistêmicas. Pode ser usada como única forma terapêutica, como nas leucemias. Em tumores sólidos,
pode ser utilizada antes da cirurgia/radioterapia, para diminuir o tamanho da massa, diminuindo os riscos do
procedimento – quimioterapia neoadjuvante. Também pode ser usada após a cirurgia/radioterapia, para
eliminar as células remanescentes – quimioterapia adjuvante.
A escolha das drogas obedece a critérios específicos e bem estudados: eficácia terapêutica, efeitos colaterais
a curto e a longo prazo, estadiamento da doença, status clínico do paciente.
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Os ciclos são montados de modo específico, utilizando uma ou mais drogas (usadas em fases), que podem ser
administradas de várias formas. Tudo isso é importante porque afeta como a quimioterapia vai agir no
organismo. O intervalo entre os ciclos também é pré-determinado, pensando na recuperação do paciente,
variando de dias a semanas. Quando maior o efeito antineoplásico, menor os efeitos colaterais.
É importante que o paciente seja tratado através de protocolos terapêuticos, o que possibilita a análise dos
resultados possibilitando melhorias e aumentando as possibilidades de cura.
Existem mais de 100 tipos de drogas antineoplásicas diferentes. Elas são distintas na sua composição química,
modo de ação, efetividade sobre os diferentes tumores e efeitos colaterais – essas informações são uteis para
se determinar o modo de utilizar cada medicamento. Assim, é possível montar esquemas de mais de uma droga
aumentando o efeito terapêutico, sem aumentar os efeitos colaterais.
O efeito terapêutico é muito próximo do efeito tóxico. Isso gera uma gama de efeitos colaterais, muitas vezes
muito intensos. Além disso, a ação medicamentosa não distingue células tumorais de células normais, atuando
em ambas. Estão surgindo terapias-alvo, com efeito muito mais específico na célula tumoral, com menor efeito
colateral.
De modo geral, a recuperação das células normais é mais rápida e eficaz que as doentes, por isso o efeito
terapêutico é mais intenso nas células tumorais. Por isso, é necessário um período de recuperação entre os
ciclos de quimioterapia.
O efeito terapêutico das drogas antineoplásicas, ocorre destruindo células tumorais ao bloquear a sua
capacidade de se dividir.
Antibióticos antineoplásicos – interação com o DNA levando a ruptura da estrutura. Inibem topoisomerase I e
II. Produzem radicais livres intracelulares. São eles: bleomicina, doxorrubicina, dactinomicina, daunorrubicina.
Agentes hormonais – glicorticoides = inibição da mitose, síntese de RNA e proteínas em linfócitos. São eles:
prednisona, dexametasona, tamoxifeno – são usados especificamente para leucemias.
Radioterapia
É uma modalidade de tratamento loco regional, ou seja, age apenas onde está sendo feita. Envolve a
administração de radiação ionizada na forma de raios X ou raios Gama. O sucesso do tratamento depende da
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relação entre a sensibilidade à radiação da célula tumoral e do tecido normal adjacente – deve ser levada em
consideração a lesão ao tecido normal para indicar a radioterapia.
Raio-X tórax = 0,7 mGy ou 0,008 Gy. A TC é 10x mais intensa com o raio-x.
Os aparelhos modernos de radioterapia emitem energia através da aceleração de partículas (elétrons). São
equipamentos de raio X de alta voltagem.
Tipos de radioterapia
Convencional – são aparelhos que fazer investigação do campo a ser irradiado através da radioterapia 2D.
Conformacional – o campo a ser irradiado é 3D. O raio terapêutico é moldado de forma mais detalhada através
de múltiplos arcos e ângulos.
Modulação de intensidade (IMRT) – o raio terapêutico é modulado de modo ainda mais detalhado, assim como
sua intensidade.
Tomográfica e estereotática – utilizada para lesões pequenas (até 4cm), utilizando-se doses elevadas de
radioterapia aplicadas em um único dia.
Radiocirurgia – raio terapêutico fornecido através de múltiplos arcos não coplanares com centro sobre a lesão.
São doses elevadas com reduzido efeito adjacente. Usado para lesões pequenas de até 3cm.
Ocorre de forma direta – gera uma quebra da dupla hélice do DNA, de modo irreversível, fazendo com que a
célula morra. Mas também pode acontecer de forma indireta, através da formação de radicais livres,
provenientes da quebra pela radiação intracelular.
Forma de administração
A maioria dos casos é feito de forma externa, pela teleterapia. Alguns casos podem ser feito de forma interna,
pela braquiterapia, de forma a implantar pequenas sementes radioativas no tecido a ser tratado.
Campo de tratamento
→ Dose total para destruição do tumor, levando-se em consideração a dose total que os tecidos
adjacentes podem receber
→ Determinação da movimentação do órgão – o posicionamento pode variar conforme a respiração
→ Fracionamento das doses possíveis por dias de tratamento – em geral de 1,8 a 2Gy/dia, 5 dias por
semana até a complementação da dose final
NEUTROPENIA FEBRIL
Definições
Neutrófilos < 500/mm³ ou entre 500-1000/mm³ com tendência à queda + temperatura axilar > ou = 38,3° ou
> ou = 38° por 1h.
A rapidez e a duração da queda interferem no risco – queda muito acentuada e duração muito longa mostra
maior risco.
O paciente com câncer possui diversos fatores de risco para a infecção – efeito colateral de quimio,
radioterapia, corticoide, perda do apetite, emagrecimento, queda do estado geral, perda da barreira
imunológica, perda da barreira mecânica, perda de reflexo de tosse e espirro, alteração da flora normal (por
muito contato com o ambiente hospitalar). A granulocitopenia é o fator mais importante.
A febre não é o único de infecção – porém, quando for devido a infecção é um sinal de alerta muito grande, pois
há quase uma exclusividade desse sinal. O processo inflamatório causado pela liberação de citocinas, IL-1 e
IL-6, TNF e a própria terapia com quimio, radioterapia e corticoide pode levar a febre. O próprio tumor pode
causar febre.
Particularmente a infecção bacteriana pode ser rapidamente fatal em 24 a 48h. Por isso, é uma emergência
clínica.
Agentes etiológicos
Gram negativos – E. coli, K. pneumoniae, P. aeruginosa, ESBL. Na grande maioria das vezes, são provenientes
do TGI – fatores de risco para translocação bacteriana: hipotensão, terapia com antibióticos, obstrução
intestinal, drogas citotóxicas, alimentação parenteral.
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Anaeróbios – pouco comum, em gengivites necrotiazntes, celulite perianal, diarreia com C. difficile.
A gravidade dessas infecções depende do tipo de tumor, mas também de outros parâmetros:
→ Baixo risco – QT convencional, tumores sólidos, previsão de duração de neutropenia < 7 dias
→ Risco intermediário – transplantes autólogos, linfomas, mielomas múltiplos, LLC, uso de análogos de
purina, previsão de duração de neutropenia entre 7-10 dias.
→ Alto risco – transplantes alogênicos, leucemias agudas (indução e consolidação), utilização de
alemtuzumab, previsão de duração da neutropenia > 10 dias
Terapêutica empírica
Avaliação
O tratamento pode ser feito de forma ambulatorial se a família estiver motivada aos cuidados e a equipe segura.
A família deve ter acesso à instituição para comunicação se piora do quadro e condições de transporte caso
seja necessário retorno ao hospital.
História e exame clínico completo – mucosa oral, anal e genital, busca de lesões cutâneas, avaliação do sítio
de inserção do cateter.
Laboratorial – hemograma completo (repetir a cada 48h), hemocultura (2 amostras periféricas ou 1 amostra
periférica + 1 amostra do cateter central), cultura de qualquer outro sítio possivelmente envolvido na infecção,
RX de tórax PA e perfil.
Esquemas iniciais
Utilização de vancomicina se paciente com risco de infecção por gram positivo – história prévia de infecção,
evidencia clínica de infecção por cateter, hipotensão ou acometimento cardiovascular.
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Antifúngico – se persistência do quadro febril por mais de 5-7 dias ou nos casos de neutropenia prolongada
(aplasias), considerar antifúngicos mais precoce.